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1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
ISBN 978-65-5646-407-7
ISBN Digital 978-65-5646-406-0
1. Urbanismo. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 710
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
O Planejamento Urbano e suas Interfaces............................... 7
CAPÍTULO 2
Os Instrumentos do Planejamento Urbano............................. 53
CAPÍTULO 3
O Planejamento e o Urbanismo Contemporâneo.................... 93
APRESENTAÇÃO
Caro estudante! Seja muito bem-vindo à disciplina de Planejamento Urbano
do Programa de Pós-Graduação lato sensu da UNIASSELVI. Será um prazer
dialogarmos sobre essa temática que é extremamente importante para as
cidades onde vivemos. As abordagens deste livro irão lhe auxiliar a desenvolver
habilidades que serão fundamentais para a aplicação no mercado de trabalho!
Por fim, o terceiro capítulo irá lhe instigar e promover o debate acerca
dos desafios urbanos a partir de trabalhos já realizados no âmbito nacional e
internacional, a fim de capacitá-lo para o pensamento crítico e a prática de técnicas
para a análise do espaço urbano. Na prática, você poderá analisar a viabilidade
e o estudo de projetos urbanos bem-sucedidos, captar as melhores estratégias
para o desenvolvimento urbano local e auxiliar na solução de problemas urbanos
a partir de princípios sustentáveis.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O presente capítulo irá abordar as definições de planejamento urbano a partir
de uma breve história do urbanismo. É preciso entender o planejamento urbano
sob a perspectiva de uma disciplina que visa encontrar soluções para a melhoria
das cidades e que esses recursos perpassam de uma forma transdisciplinar, isto
é, requer decisões conjuntas a partir de diferentes atores da sociedade.
Nesse sentido, o presente capítulo buscará lhe situar sobre o que essa
disciplina do Planejamento Urbano quer dizer a partir de um passo a passo
sistemático com inúmeras provocações ao longo do texto que lhe farão refletir
sobre a cidade contemporânea.
Vamos lá?
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Planejamento Urbano
2 A NECESSIDADE DO
PLANEJAMENTO
Você tem alguma ideia de como surgiu o termo “planejamento urbano” e
como ele é tratado nos dias de hoje? Iremos abordar esse conceito com você! Mas
antes disso, é preciso desmembrar essas palavras e entender, separadamente, o
que cada uma delas significa. Vamos nessa?
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
todo esse processo, pela qual relacionaremos nos próximos capítulos. Assim, o
planejamento urbano volta-se para a garantia do desenvolvimento ordenado das
comunidades pertencentes à cidade.
Esperamos que você tenha entendido! Agora que entendemos o que significa
esse termo, iremos tratar sobre a relação do planejamento com as cidades.
Estudaremos como surgiu a preocupação com a organização do espaço urbano e
quais as implicações nas mais diferentes cidades do mundo.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Com o passar do tempo, essa tipologia “aberta” de cidade foi trocada por
regiões cercadas. Há cerca de 2000 a.C., as cidades sumerianas – localizada
na região sul da Mesopotâmia – resumiam-se em construções muito próximas
de dezenas de milhares de habitantes, mas também verticais no formato de
pirâmide, os chamados zigurates (BENEVOLO, 1997). A Figura 2 demonstra como
era evidente a distinção de classes, em que os mais pobres já viviam em áreas
compactas e aglomeradas mais distante da região central dotada de armazéns,
lojas, laboratórios dentre outros serviços.
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Planejamento Urbano
E aí... o que você está achando? Conseguiu captar a ideia desse panorama
histórico que trouxemos para você? Julgamos extremamente necessário para
que você consiga compreender a real noção de planejamento urbano que
abordaremos neste livro.
Agora, daremos um salto na cronologia histórica para lhe mostrar como todo
esse processo desencadeou em mudanças extremamente desafiadoras e que
nos perseguem até os dias de hoje! Vamos lá?
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Fazendo uma analogia para que você entenda: era como se um estádio de
futebol com capacidade de 100 mil pessoas passasse a receber 375 mil naquele
mesmo espaço ao longo de vários anos. Ou seja: a capacidade de absorção da
população nas cidades já estava esgotava!!!
Para deixar ainda mais ilustrativo esse crescimento, o gráfico a seguir retrata,
em percentagem, o quanto o processo de urbanização impactou no mundo, entre
os anos 1500-2016. Também é possível fazer uma relação com o crescimento
populacional do Brasil e do Reino Unido.
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
• 1º PERÍODO (1928-1933)
O ponto de partida dos congressos, dado na Suíça (CIAM I), teve como
discussão principal as técnicas construtivas modernas (como o uso do
concreto armado), a padronização da construção, a economia e o urbanismo.
Posteriormente, no CIAM II, foram abordados os padrões mínimos da habitação,
sob orientação do arquiteto Ernst May, o qual sustentava a ideia de que as
unidades habitacionais deveriam possuir “a máxima função com o mínimo de
forma” (GURGEL, 2021, s.p.).
Talvez você esteja pensando: por que estou estudando sobre a habitação, se
o foco dessa disciplina é o planejamento urbano? Não deveríamos estar pensando
a partir de um ponto de vista mais amplo?
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
• 2º PERÍODO (1933-1947)
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
• 3º PERÍODO (1947-1956)
Por outro lado, o CIAM VIII voltou-se à análise da Carta de Atenas. Verificou-
se que a carta fracassou em definir apenas quatro pontos para delimitar as funções
da cidade. Era necessário dar destaque ao centro, o “coração da cidade” como
o quinto ponto. Sob um ponto de vista mais humano, o pedestre passou a ser
entendido como um dos estruturadores do espaço urbano. Nos mesmos moldes,
o CIAM IX considerou a importância do indivíduo no processo de construção do
espaço. Com a temática “habitat humano” sustentou-se a ideia de que deveria
haver uma relação entre os habitantes de uma família e de uma sociedade. Por
consequência, a Carta de Atenas foi mais uma vez criticada por não levar em
consideração a identidade e as relações entre o bairro e a residência, isto é, era
preciso predominar as relações humanas sobre funcionais descritas na Carta de
Atenas.
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
Segundo Le Corbusier (1933, s.p.), "A cidade de hoje é uma coisa morta,
porque seu planejamento não é na proporção geométrica. O resultado de um lay-
out verdadeiramente geométrico é a repetição, o resultado da repetição é um
padrão. A forma perfeita”.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
a) ( ) I e IV estão incorretas.
b) ( ) III e V estão corretas.
c) ( ) II e IV estão incorretas.
d) ( ) I, II e V estão corretas.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
De uma forma resumida, o que autor quer dizer é que existem várias formas
de encarar o planejamento urbano. Inclusive, faremos uma analogia para que
você compreenda melhor. Quando decidimos realizar um curso de pós-graduação
no Brasil, podemos optar por duas modalidades: a pós-graduação stricto sensu e
a lato sensu. Você sabe a diferença de cada uma delas?
Outra vertente citada pelo autor e que complementa o Plano Diretor de uma
cidade foi o Zoneamento. Trata-se de um instrumento do planejamento urbano
e que visa definir, a partir de critérios, a ordenação e o controle do uso do solo
urbano. É essa ferramenta que define qual a localidade da cidade poderá ter uma
maior área construída, quais os limites de altura poderão construir etc. (BRASIL,
2001).
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Planejamento Urbano
Mas agora, iremos abordar cada passo dado em prol do planejamento urbano
no Brasil, segundo a prof. Dra. Maria Cristina da Silva Leme e embasamentos de
Villaça (1999). Para que fique mais claro e objetivo para você, apresentaremos
uma síntese que resume essas fases e o seu período de duração:
Essa fase foi totalmente proveniente dos planos europeus, em que se tinha
como foco o alargamento de vias, a retirada de pessoas de baixa renda dos
centros das cidades, o desenvolvimento de uma infraestrutura e o embelezamento
de áreas verdes, como praças e parques. Era um plano voltado à reorganização
de áreas muito pontuais sem abranger toda a cidade.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
Um dos exemplos que pode ser mencionado e que foi originado nessa fase
foi o Plano Doxiadis, o qual envolveu inúmeras diretrizes adaptadas às diferentes
realizadas da cidade do Rio de Janeiro.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Pois bem! Como foi visto até o momento, as fases aqui discriminadas
apresentam um panorama de como as cidades eram pensadas ao longo do último
século.
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Planejamento Urbano
Vale lembrar aqui, que mesmo com essas normativas, muitos indivíduos
não as seguem ou procuram burlá-las a fim de suprir os próprios interesses. Por
isso, devemos pensar sobre como ocorre um desenvolvimento urbano na nossa
cidade.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Para finalizar, deixamos a você uma outra questão para reflexão e que
também é uma provocação da prof. Dra. Maria Cristina da Silva Leme: enquanto
profissionais e cidadãos que somos, como podemos fazer para que os planos
sejam efetivamente cumpridos e que garantam uma melhor equidade na
ocupação do solo urbano?
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Planejamento Urbano
Agora que você teve uma fundamentação mais ampla de como funcionou
e ainda funciona o universo do planejamento urbano, vale a pena relembrar e
reforçar alguns conceitos tratados na primeira parte deste capítulo.
Pois bem, talvez agora fique ainda mais claro para você que o urbanismo
se trata do estudo da relação entre a sociedade e os espaços construídos e não
construídos, no que se refere a sua ocupação, organização e intervenção. Dentro
dele está o planejamento urbano, técnica responsável por encontrar soluções
práticas para os problemas da cidade. Portanto, o Urbanismo se resume ao
estudo da cidade, tendo como técnica o planejamento urbano que visa solucionar
os problemas urbanos.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Para que isso ocorra de uma maneira efetiva é necessário que É necessário que
exista uma gestão integrada da cidade para o alcance de um espaço exista uma gestão
urbano de qualidade (NOVAES, 2021). É necessário que exista uma integrada da cidade
gestão integrada da cidade para o alcance de um espaço urbano de para o alcance de
qualidade. um espaço urbano
de qualidade.
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
Antes de ir para o próximo exemplo, queremos lhe mostrar que, ao longo dos
últimos anos, esse tripé sofreu uma alteração bastante significativa. A partir de
agora, é necessário que a dimensão cultural seja associada à social, econômica e
ambiental de forma igualitária. Vejamos:
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Esses dois exemplos não fazem sentido. Sabe por quê? É preciso levar em
conta o desenvolvimento local no que diz respeito às questões social, econômica,
ambiental e também cultural. É preciso estar ciente de que não existem modelos.
Deve-se analisar a realidade local de cada cidade para que sejam tomadas as
decisões que respondam às necessidades da população. E a questão cultural faz
muita diferença nesse processo.
Traremos algumas questões aqui de exemplos que você já leu neste capítulo.
Vamos ver se você vai lembrar:
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Planejamento Urbano
Na sua opinião, o que você acha que gerou esse afastamento de uma
área aparentemente planejada, com uma infraestrutura toda nova e destinada à
população local? Se você pensou que faltou a interação com a população, você
ACERTOU!
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Seguindo nesse caso hipotético que trouxemos, o que faltou incluir no parque
foram quadras de esporte para que a população utilizasse com maior frequência,
tendo em vista que existe uma escola próxima e que não possui infraestrutura
para a prática de esportes.
Como falamos, esse é um caso hipotético para que você observe como
todas as dimensões andam interligadas. E é um compromisso integrado entre
a gestão pública, a gestão privada, a participação da universidade por meio de
pesquisadores e a população local. Esses quatro setores que se relacionam em
prol de ambientes de inovação são chamados de Quádrupla Hélice.
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Planejamento Urbano
Portanto, vê-se que uma coisa está ligada à outra. E na complexidade em que
vivemos, principalmente nas cidades grandes, torna-se cada vez mais necessário
olhar para todas essas implicações quando se tenta resolver um problema.
• DIFICULDADES URBANAS
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
Outra dificuldade que é muito presente nas grandes cidades diz respeito
ao trânsito e ao congestionamento, principalmente em horários de grande
movimento. Falha bastante gritante tanto nos sistemas de mobilidade individual
como na superlotação do transporte público.
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Planejamento Urbano
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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Planejamento Urbano
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Conforme observamos neste capítulo, as cidades mais antigas possuíam
problemas muito parecidos com os que temos hoje. A única diferença é que os
processos de urbanização se intensificaram, tornando ainda mais emergente a
necessidade de discussão em prol da busca de soluções concretas e efetivas.
REFERÊNCIAS
ANGELIDOU, M. Smart cities: A conjuncture of four forces.
Cities, v. 47, p. 95-106, 2012. Disponível em: https://doi.
org/10.1016/j.cities.2015.05.004. Acesso em: 20 mar. 2021.
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Capítulo 1 O PLANEJAMENTO URBANO E SUAS INTERFACES
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C APÍTULO 2
OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO
URBANO
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem o objetivo de levar até você as formas legais de aplicar
o planejamento urbano nas mais diferentes cidades. Para isso, é necessário
compreender a legislação federal e as leis criadas especificamente para cada
município.
Mas o que isso tem a ver com o planejamento urbano? Absolutamente tudo!
É cada vez mais necessário aliar as decisões projetuais nos setores da habitação,
saneamento básico, resíduos sólidos e mobilidade urbana às reais necessidades
da população e sempre visando reduzir ao máximo os impactos gerados pelas
novas ações e propostas. Estes objetivos, acordados em nível mundial, fazem
parte da Agenda 2030 que visa universalizar, integrar e “não deixar ninguém para
trás” no desenvolvimento sustentável da sociedade.
Todos eles foram criados a partir do Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), Lei
que estabelece as diretrizes da política urbana no Brasil. É a partir dele que saem
planos diretores para fomentar o desenvolvimento das nossas cidades, visando
atender às necessidades da população.
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Planejamento Urbano
2 O PLANEJAMENTO URBANO E
SUAS FERRAMENTAS
Muitos pensam que as cidades crescem de maneira descontrolada, sem o
mínimo de regramento. No entanto, poucos sabem que existem regulamentações
para diferentes casos que veremos na sequência. Mas antes, precisamos lembrar
que a cidade por si só é muito complexa. E quando falamos em complexo não é
no sentido “difícil” de ser, mas por ser um território delimitado que possui inúmeros
sistemas trabalhando simultaneamente e interdependente.
Nos dias de hoje, em que a nova condição de mundo está voltada à grande
velocidade das informações a partir da globalização, torna-se necessário nos
adequarmos e pensarmos em como estabelecer novos paradigmas nessa
condição sistêmica.
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Vamos dar um exemplo para que você consiga compreender essas ideias.
O planejamento catalão para os Jogos Olímpicos de 1922, bastante promissor
em Barcelona, foi cobiçado por diferentes cidades que sucederam às edições
dos jogos. Intitulado “modelo Barcelona”, muitos queriam copiar as estratégias
desenvolvidas naquela localidade, esquecendo que as culturas, a localização, as
formas de apropriação são completamente diferentes. A cidade do Rio de Janeiro,
por exemplo, foi uma das cidades-sede a “vender” essa ideia, mas que resultou
em inúmeros problemas na cidade, como a remoção de moradores próximos
às áreas de intervenções e a posterior subutilização das instalações olímpicas
(BERTUZZI, 2020).
Voltamos a frisar que a cidade está sendo cada vez mais complexa, exigindo
a todo o momento processos retroativos de causa e efeito por meio dos seus
planejadores. O que planejarmos para hoje, pode não ser o ideal para o amanhã.
É necessário que haja mecanismos que possibilitem a interatividade, a busca pelo
entendimento de diferentes frentes, visões distintas para que sejam debatidas as
melhores soluções de cidade.
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Planejamento Urbano
Lembrando que não devemos buscar uma única solução para tudo, mas
várias soluções que abarquem a diversidade que existe no território urbano.
E você sabe de que forma podemos fazer isso? Aliando a engrenagem urbana
brasileira (legislação e instrumentos do desenvolvimento urbano) a um processo
de governança local a partir de ecossistemas de inovação. A Figura 1 apresenta os
regramentos existentes e que norteiam o desenvolvimento das cidades. Apesar de
cada um possuir os seus objetivos próprios, eles fazem parte de um “todo”, que é
a cidade. Como falamos anteriormente, as leis e os instrumentos de planejamento
urbano são interdependentes, sendo que um precisa do outro para a manutenção
de uma cidade! Lembre-se sempre da gestão integrada. Ah! E fique tranquilo, pois
iremos abordar cada um destes planos e leis neste capítulo. Está preparado?
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
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Planejamento Urbano
Foi a partir daí que surgiram outros regramentos, como o Estatuto da Cidade,
em 2001. Essa lei visou normatizar mecanismos e procedimentos que visassem
promover a ordenação e o controle do uso do solo urbano, a fim de evitar decisões
especulativas e gestões inadequadas do território (CIDADES SUSTENTÁVEIS,
2021).
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Para dar andamento aos avanços das políticas públicas das últimas duas
décadas, foi criada em 2005, a Lei de Habitação, a qual criou o Sistema Nacional
de Habitação de Interesse Social, o Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social (FNHIS) e o Conselho Gestor do FNHIS (BRASIL, 2005). Essa lei visou
implementar políticas públicas que promovessem moradia digna à população de
baixa renda, como forma de reduzir o déficit habitacional existente no país.
Após a instauração dessa lei, dentre as inúmeras melhorias nesse setor, foi
facilitada a aquisição/melhoria de unidades habitacionais nas áreas urbanas e
rurais e a criação de equipamentos comunitários caracterizados como áreas de
interesse social. E tudo isso deveria ser coordenado pelo Ministério das Cidades
em conjunto com os demais agentes formadores do Conselho Gestor.
Mesmo com esses avanços em prol das cidades, esse foi o primeiro passo
de muitos que ainda precisam ser dados. O fato de uma lei entrar em vigor não
resolve os problemas que vivemos na sociedade. Ainda há muito a ser feito,
principalmente quando verificamos as estatísticas: Segundo a Fundação José
Pinheiro (2021), o número registrado no Brasil, em 2019, chegou a 5,877 milhões
de moradias faltantes no país. Trata-se, infelizmente, de uma situação bastante
alarmante.
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Planejamento Urbano
Visualizando isso, o que de fato é possível fazer para tentar reduzir essas
distinções sociais? Uma das formas é promover debates sobre as condições
atuais de acesso à terra. Devido aos custos de implantação – que em geral são
mais altos em áreas centrais da cidade – há a promoção de uma locação de
empreendimentos de baixa renda em áreas afastadas, dificultando o acesso a
serviços situados em grande parte no centro da cidade.
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
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Planejamento Urbano
nº 12.305 definiu que todos os materiais utilizados nas mais diversas atividades
humanas e que fosse descartado seria compreendido como resíduo sólido. Tal
regramento incide sobre a necessidade de se gerir esses resíduos de forma
integrada, transferindo responsabilidades aos geradores de resíduos e ao poder
público, a fim de evitar que houvessem danos ambientais e à saúde da própria
população (BRASIL, 2010).
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
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Planejamento Urbano
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
São Paulo, por exemplo, é considerada uma metrópole por ser conhecida
com o a capital financeira do país em que o Brasil inteiro está interligado. Se
realizarmos uma viagem de avião de Porto Alegre/RS para Campo Grande/MS
precisaremos fazer uma parada em São Paulo para, só depois, seguir viagem
para o destino final. Assim, a cidade paulista detém alto poder de integração
territorial do país. Consegue perceber a importância dessa cidade para todo o
Brasil?
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Planejamento Urbano
Por outro lado, o fato de promover a extensão dos prazos pode contribuir para a
negligência no desenvolvimento de soluções a serem tomadas em prol do bem
comum.
Plano Diretor
Etapas Funções Regras
Identificar a realidade e Incentivar o cresci- É obrigatória a criação do Plano
os problemas da cidade mento e o desen- Diretor a municípios com mais
(junto à população) volvimento local de 20.000 habitantes
Definir temas e objeti- Garantir o atendi- É obrigatória a criação do Plano
vos a serem trabalha- mento às necessi- Diretor a municípios integrantes
dos dades da população de regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas
Escrever a proposta de Garantir que a pro- É obrigatória a criação do Plano
Plano Diretor priedade urbana Diretor a municípios de áreas
esteja vinculada às de interesse turístico
funções anteriores
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
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Planejamento Urbano
Para fazer jus a que é determinado em Lei, existem vários instrumentos que
visam vincular as decisões legislativas à realidade da cidade:
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Regulação do Uso e
Ocupação do Solo
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Planejamento Urbano
Instrumento Objetivos
• Estabelece diretrizes para as zonas delimitadas
no espaço urbano. Ex.: zona urbana, zona rural,
zona central, zonas periféricas etc.
• Trata-se do alicerce em que serão amparados to-
dos os outros instrumentos de regulação urbana.
• O macrozoneamento não é focalizado, ele se
trata de uma subdivisão mais ampla da cidade,
Macrozoneamento não interferindo diretamente nas normas de ocu-
pação dos lotes.
• É a partir desse instrumento que é estabelecido o
direito de construir na cidade.
FONTE: Adaptado de Brasil (2001) e Oliveira (2012)
Instrumento Objetivos
• Áreas destinadas à moradia popular, com boa in-
fraestrutura, a partir do Plano Diretor da cidade (Habi-
tação de Interesse Social).
• A implantação de ZEIS serve para possibilitar a regu-
larização de áreas ocupadas, cortiços, loteamentos
clandestinos.
Zonas Especiais
de Interesse So-
cial (ZEIS)
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
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Planejamento Urbano
Instrumento Objetivos
• Áreas destinadas à requalificação urbana ou
implantação de projetos, como parques, revi-
Operações Urbanas talização de ruas etc.
• Utiliza regras específicas para o uso e ocu-
pação do solo em prol da melhoria do espaço
urbano.
FONTE: Adaptado de Brasil (2001) e Oliveira (2012)
Instrumento Objetivos
• Áreas da cidade em que o Poder Público tem
preferência no processo de compra e ven-
da, caso necessário.
• Essas áreas já devem estar estipuladas pre-
viamente no Plano Diretor da Cidade.
Direito de Preempção
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Consórcio Imo-
biliário
FONTE: Adaptado de Brasil (2001), Oliveira (2012) e Versa (2021)
Instrumento Objetivos
Usucapião Especial de • Indivíduo que possuir como sua área edifica-
Imóvel Urbano/ Con- da de até 250m² e que a utiliza por cinco anos
cessão de Uso Especial (ininterruptamente) para fins de moradia e que
não seja proprietário de outro imóvel urbano
para fins de moradia ou rural.
FONTE: Adaptado de Brasil (1988), Brasil (2001) e Canário (2021)
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Planejamento Urbano
Instrumento Objetivos
Usucapião Urbano Coleti- • População de baixa renda que estiver ocu-
vo/ Concessão Coletiva de pando áreas urbanas de, no mínimo, 250m²
Uso Especial para fins de e que a utiliza por cinco anos (ininterrupta-
moradia mente) para fins de moradia e que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
FONTE: Adaptado de Brasil (1988), Brasil (2001) e Canário (2021)
Instrumento Objetivos
Concessão de Direito • Direito aplicável a terrenos públicos ou partic-
ulares para fins de urbanização, edificação e
Real de Uso outras utilizações de interesse social.
FONTE: Adaptado de Brasil (1988), Brasil (2001) e Canário (2021)
Instrumento Objetivos
• Solicitadas pelo poder público para a discussão de
projetos e planos urbanos de grande relevância
para a cidade.
• Pode ocorrer de duas formas: Referendo (o resulta-
do da votação ORIENTA a decisão dos governantes)
e Plebiscito (o resultado da votação vale como DE-
CISÃO FINAL).
Debates, Audiências
e Consultas Públicas
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Instrumento Objetivos
Conferências sobre • Trata-se de eventos e encontros periódicos
Assuntos de Interesses entre o poder público e a sociedade civil
Urbanos representada por diferentes setores da comu-
nidade.
• Um dos exemplos de conferência é o proces-
so de revisão de Planos Diretores, em que a
participação da sociedade nas decisões é
obrigatória.
Instrumento Objetivos
Conselho de Desenvolvi- • Órgão colegiado que abrange os diferentes
mento Urbano setores da sociedade civil e o poder público.
• Possuem a incumbência de acompanhar e
fiscalizar as ações oriundas do planejamento
territorial.
FONTE: Adaptado de Brasil (2001), Oliveira (2012) e Canário (2021)
Instrumento Objetivos
• Serve para medir o efeito de grandes em-
preendimentos em uma determinada região,
como o adensamento construtivo, áreas des-
matadas, impactos na renda da população etc.
Estudo de Impacto de Viz-
• Tal instrumento precisa estar alinhado com a
inhança (EIV)
população dos bairros próximos a esses em-
preendimentos, a fim de evitar incômodos
gerados por construções em desacordo com a
legislação vigente.
• Caso haja descumprimentos na lei, os propri-
etários desses empreendimentos deverão re-
alizar compensações ou contrapartidas nas
áreas em que os impactos irão incidir.
FONTE: Adaptado de Brasil (2001), Oliveira (2012) e Canário (2021)
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Planejamento Urbano
Instrumento Objetivos
• Baseada em assembleias realizadas em dif-
erentes regiões da cidade a fim de captar as
prioridades de investimento público.
• Cada localidade é representada por “delega-
Gestão Participativa do
dos” que serão responsáveis por votar nas as-
Orçamento
sembleias que podem ser temáticas (com foco
na educação, saúde, habitação etc.) ou por
agrupamento urbano (idosos, jovens etc.).
FONTE: Adaptado de Brasil (2001), Oliveira (2012) e Canário (2021)
Instrumento Objetivos
Iniciativa Popular de Pro- • Reunião de um grande número de assinatu-
jetos de Lei ras a partir da sociedade civil para a proposição
de planos e projetos que poderá tramitar em
órgãos legislativos.
FONTE: Adaptado de Brasil (2001), Oliveira (2012) e Canário (2021)
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Como pudemos ver, existem vários instrumentos que, aliados aos Planos
Diretores, definem os índices urbanísticos para o ordenamento de uma cidade.
Dentre os seus principais objetivos estão o controle do aumento das cidades,
redução dos conflitos entre os usos e as atividades, o controle da mobilidade,
proteção de áreas verdes a fim de evitar a ocupação urbana e a manutenção dos
custos da propriedade (JUERGENSMEYER; ROBERT, 2003).
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Planejamento Urbano
A figura anterior esclarece de uma forma muito didática como isso funciona.
Enquanto o parcelamento do solo se limita unicamente à divisão territorial do solo
(sentido macro), uma área ainda não construída, o uso se refere à distribuição
das funções na cidade (residencial, comercial, industrial) a partir da localização
definida pelo zoneamento urbano da cidade. Por fim, a ocupação é compreendida
em um sentido mais micro, olhando diretamente para os critérios construtivos que
devem ser seguidos pelo empreendimento.
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Representa a soma da
Área metragem de todos os
construída pavimentos construídos em
um lote.
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Planejamento Urbano
É a porcentagem de
Taxa de Perme- área do lote que deve
abilidade (TP) permitir a infiltração
da água.
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
Trata-se da metragem
Índice de Áreas
destinada às áreas ar-
Verdes
borizadas no terreno.
Todas essas definições devem estar muito claras no dia a dia do planejador
urbano. É importante saber distinguir as suas características para que erros sejam
evitados, por exemplo, confundir Taxa de Ocupação (TO) com Coeficiente de
Aproveitamento (CA). Ou então não saber discernir área construída de área útil
construída.
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Planejamento Urbano
Como vimos antes, uma das formas de promover essa equidade social no
espaço urbano é aplicando o IPTU progressivo no tempo, diretriz evidenciada no
Estatuto da Cidade e que promove esse aumento de imposto a edificações já
existentes e não aproveitados (BRASIL, 2001).
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
E para que toda a cidade tente seguir uma organização territorial coerente,
existe o zoneamento. Tal instrumento faz parte do plano diretor de uma cidade
e visa distinguir a cidade a partir de agrupamentos, as chamadas zonas. Essa
separação funcional do território visa determinar em qual localidade poderá
existir uma densidade construtiva maior (construir mais) ou menor (construir
menos). Além disso, é por meio do zoneamento urbano que são definidos os usos
permitidos para determinadas localidades. Por exemplo: nas áreas centrais da
cidade há uma tendência para o uso misto (residencial e comercial), enquanto em
áreas mais afastadas, para os usos industriais.
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Planejamento Urbano
2) Relacione as colunas:
( ) Altura máxima permitida em
1. Coeficiente de Aproveitamento (CA)
uma determinada localização.
2. Afastamento
( ) Área de projeção horizontal
3. Taxa de Ocupação (TO)
sobre o lote.
4. Gabarito
( ) Relação entre a área total
construída e a área do lote.
( ) Recuo obrigatório que o lote
deve possuir.
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Capítulo 2 OS INSTRUMENTOS DO PLANEJAMENTO URBANO
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Como pôde ser visto neste capítulo, abordamos as legislações que permeiam
o campo do planejamento urbano, sobre as estratégias atuais e as formas legais
de intervenção nas cidades.
Complexo, não? Isso tudo faz parte de uma cidade! Não basta projetar
a inclusão de uma rua sem levar em consideração a incidência de todos
esses instrumentos no município. Por isso falamos tanto da gestão integrada,
comunitária, sustentável. É preciso pensar no hoje, mas prevendo as implicações
de amanhã, tanto nos campos social, econômico, ambiental e cultural de uma
sociedade.
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Planejamento Urbano
REFERÊNCIAS
ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020. 2020. Disponível
em: https://abrelpe.org.br/panorama/. Acesso em: 28 abr. 2021.
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C APÍTULO 3
O PLANEJAMENTO E O URBANISMO
CONTEMPORÂNEO
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Capítulo 3 O PLANEJAMENTO E O URBANISMO CONTEMPORÂNEO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Após verificarmos toda essa carga teórica que sustenta a disciplina de
planejamento urbano, verificamos que é necessária a compreensão de que
a cidade é um local complexo, dotada de leis e instrumentos que norteiam as
decisões urbanas e, mais do que isso, precisam estar vinculadas a uma gestão
integrada, multidisciplinar.
Neste capítulo, portanto, veremos como tudo isso se aplica na prática das
cidades. A partir de alguns exemplos, veremos diferentes formas de planejar a
cidade sob a ótica de diferentes localidades, tanto nacionais quanto internacionais.
Veremos como o Estatuto vem sendo aplicado em algumas situações a fim de
facilitar o seu entendimento sobre essa lei que rege o espaço urbano.
Vale destacar que é importantíssimo olhar para os lugares que “deram certo”,
mas entender que não podemos replicá-los de modo literal (como modelos), isso
porque cada realidade, cada território possui a sua particularidade. Veremos os
pontos positivos, negativos, e sempre evidenciando a importância de o planejador
estar em completa sintonia com os demais agentes que devem fazer parte de
todo o processo.
2 OS DESAFIOS URBANOS DA
ATUALIDADE
Como pudemos verificar nas laudas anteriores, para que o planejamento
urbano aconteça é necessário seguir as legislações e os instrumentos que
direcionam as mais diferentes ações. Uma das leis que estão vinculadas a
essa lógica urbana é o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), em que sustenta
um planejamento urbano com a participação direta da sociedade a partir de um
melhor desempenho no corpo técnico-administrativo das gestões municipais a
partir de uma estrutura integrada sustentada pelo plano diretor.
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Planejamento Urbano
Mas como realizar tudo isso na prática? E como fazer isso a partir de um
processo de planejamento participativo? Desenvolvendo um diagnóstico da
situação urbana do município a fim de descobrir os principais desafios a serem
enfrentados na cidade. Após, deve-se verificar junto à estrutura administrativa
municipal, a disponibilidade técnica disponível para a resolução desses desafios.
Por fim, deve-se consultar o acervo tecnológico da prefeitura a fim de verificar as
possíveis adequações e/ou modificações nas bases cartográficas e informações
do cadastro imobiliário.
Mas o que são essas bases cartográficas no âmbito urbano? São formas
de captação da imagem da cidade com o intuito de fornecer informações para as
projeções urbanas, como o lançamento de infraestruturas e cobranças de IPTU.
Segundo Teixeira (2000), a cartografia urbana apresenta os traçados urbanos
da cidade ou de partes dela, podendo ser observadas as estruturas existentes
como quarteirões, a localização das edificações e demais características físicas
pertencentes ao meio urbano. Tal conceito reforça o que Harley (1990) já dizia,
que as bases cartográficas tratam de uma representação gráfica de aspectos do
mundo real.
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A solução:
Uma das formas de se resolver ou ao menos amenizar tal situação, seria simpli-
ficar o trabalho da avaliação dos processos, tendo em vista que já existe profis-
sional(is) habilitado(s) para responder por inconformidades na legislação. Desse
modo, será que precisaria de uma análise bastante morosa por parte da prefei-
tura?
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A solução:
Um exemplo que é fruto de uma gestão integrada foi a requalificação da Rua
14 de Julho, na cidade de Campo Grande/MS. A partir de um estudo desen-
volvido em parceria com a Prefeitura Municipal e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), as alterações propostas para a área visaram captar as
percepções de empresários e consumidores da Rua 14 de Julho (CG NOTÍCIAS,
2021). Em pesquisa recente, 93% da população e dos comerciantes aprovaram
as mudanças realizadas na área. Consequência de um trabalho em conjunto, a
partir da criação de ecossistemas que promoveram métodos interativos de coop-
eração para que o resultado pudesse ir de encontro com as necessidades locais.
Ao olhar para este exemplo, podemos lembrar os conceitos que estudamos nos
outros capítulos deste livro: a gestão integrada a partir das dimensões social,
econômica, ambiental e cultural. É preciso que haja um processo interativo entre
os envolvidos. Não somente sob a perspectiva da consulta, do “sim” ou “não”,
mas da investigação dos anseios dos indivíduos que realmente irão usufruir do
espaço urbano. Recentemente, a cidade tem sido entendida como um processo,
algo não estático, e que precisa de modos de interação constantes. Isso sustenta
conceitos novos de “co-cidade”, “cidade compartilhada” e “cidades inteligentes”.
FONTE: Adaptado de Brasil (2021) e O Globo (2021)
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a) ( ) I e II estão incorretas.
b) ( ) Apenas a alternativa V está correta.
c) ( ) I, II e IV estão corretas.
d) ( ) III e V estão corretas.
e) ( ) II e IV estão incorretas.
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Além disso, Ghidini (2009) também destaca outras táticas que foram inseridas
no meio urbano em prol da mobilidade urbana sustentável: uso da bicicleta,
sinalização preferencial para os ônibus, aumento da quantidade de ônibus que
alcançassem as mais diferentes regiões da cidade, entre outros.
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COMISSÃO DE SEMINÁRIO
PLANO PLANEJAMENTO CURITIBA DO IPPUC PLANO
AGACHE DE CURITIBA AMANHÃ (1965) DIRETOR
(1941-1943) (1954) (1965) (1966)
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Além disso, pode-se dizer que Curitiba já apostava em uma gestão integrada
que promovia várias diretrizes urbanas, baseando-se nas três funções básicas
que se resumem em Uso do Solo, Transporte Coletivo e Sistema Viário:
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A imagem anterior mostra que Curitiba ficou em primeiro lugar no eixo temático
“Urbanismo”, o qual o resultado se origina da análise considera vários indicadores
(Figura 8). Dentre os motivos que fizeram Curitiba estar nessa posição, destacam-
se: o atendimento urbano de água e esgoto em 100% da cidade; o investimento
ser de R$ 655,00 por habitante em urbanismo; 100% da população viver em área
de médio e alto adensamento (URBAN SYSTEMS, 2021a).
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Todas essas avaliações são para dizer “esta cidade possui condições que
garantam o bem-estar humano”.
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Bem, esperamos que você tenha compreendido até aqui que o planejamento
urbano se faz a partir de visões múltiplas da realidade local. E devido à celeridade
com que as coisas vêm acontecendo, precisamos estar cada vez mais preparados
para enfrentar os problemas e promover as soluções oportunas.
Atualmente, tudo isso que discutimos neste livro sobre o planejamento das
cidades já é evidenciado na Nova Agenda Urbana. Este documento foi adotado
na Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano
Sustentável (Habitat III), realizado na cidade do Quito, capital do Equador. Trata-
se de uma visão compartilhada em prol de um futuro melhor e mais sustentável em
defesa dos direitos e da igualdade aos benefícios e oportunidades nos sistemas
urbanos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2019).
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Capítulo 3 O PLANEJAMENTO E O URBANISMO CONTEMPORÂNEO
Mas como fazer isso? Parece muito amplo... É para isso que existem as
metas, que servem para dar direção às ações que, ao final, alcançarão o objetivo
11 das ODS! Vamos conferir cada uma delas no Quadro 11?
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3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Pudemos verificar neste capítulo que os desafios urbanos da sociedade
estão diretamente ligados às relações entre as legislações, seus instrumentos e
a participação de um corpo técnico-administrativo em conjunto com a sociedade.
Mas para que isso ocorra de fato é necessário realizar diagnósticos das mais
diferentes situações urbanas que existem na cidade para que as melhores
soluções sejam tomadas.
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Mas para que tudo isso corra, é preciso que os gestores municipais saibam a
importância do planejamento e consigam construir soluções de forma conjunta com
a sociedade. Desse modo, fica mais fácil aplicar legislações que, muitas vezes,
se limitam ao que está escrito no “papel” e não se pratica. Um dos exemplos que
trouxemos foi a relação de alguns itens do Estatuto da Cidade. Se bem elaborado,
é possível sim colocar em prática ações de proteção e preservação do meio
ambiente, o estudo prévio de empreendimentos que poderão causar impactos
negativos à população, a urbanização de áreas ocupadas pela população de
baixa renda, a simplificação da legislação de parcelamento e a integração
efetiva da população nos processos decisórios. É necessário incorporar todas
essas questões às reais necessidades urbanas a partir das visões de todos os
envolvidos.
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REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASÍLIA. ‘Nosso governo já legalizou lotes para 225
mil famílias em todo o DF’. 2021. Disponível em: https://www.
agenciabrasilia.df.gov.br/2021/05/07/nosso-governo-ja-legalizou-lotes-
para-225-mil-familias-em-todo-o-df/. Acesso em: 28 maio 2021.
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Capítulo 3 O PLANEJAMENTO E O URBANISMO CONTEMPORÂNEO
GEHL, J. Cidades para pessoas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2014. 280 p.
HARLEY, J. B. Text and Context in the interpretation of early maps. In: Buisseret,
David (ed.). From Sea Charts to Satellite Images – Interpreting North American
History through Maps. Chicago: The University of Chicago Press, 1990. p. 3-4.
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