Estatuto do conhecimento
científico
(De acordo com as
Aprendizagens Essenciais)
ADAPTADO
Disciplina: Filosofia
Ano: 11.º Ano
Prof.ª Graça Paulo
2.3. A racionalidade científica e a
questão da objetividade
2. A Filosofia na cidade
História da ciência
O critério da
falsificabilidade pressupõe Nenhuma teoria, mesmo
que a todo o momento as aquela que é corroborada,
teorias possam ser é completamente definitiva
refutadas. e verdadeira.
A ciência avança por meio de tentativas e erros
Parte de problemas. P1
A construção de teorias
Ao contrário da tradição A produção científicas está sempre
positivista, Kuhn não vê o científica dependente de um
cientista como um sujeito depende de conjunto de factos, de
neutro ou isolado, mas sim um crenças e conhecimentos,
condicionado e paradigma regras, técnicas e valores
contextualizado. científico. compartilhados e aceites
pela maioria dos cientistas.
Revolução
Fase de mudança e aceitação de um novo paradigma pela comunidade científica.
científica
Nova ciência Paradigma: conjunto de crenças, regras, técnicas e valores compartilhados e aceites por uma
normal (novo comunidade científica e que orientam a sua atividade. Corresponde a um modo de fazer ciência,
paradigma) de perceber, abordar e resolver problemas, que se institui no seio dessa comunidade.
Dois momentos fundamentais de
progresso no interior da ciência
Kuhn exemplifica com as imagens da psicologia da forma (Gestalt): estas imagens ilustram a
inesperada e total mutação de formas que ocorre de um paradigma para outro.
Três conceções de espaço que suportam três geometrias diferentes: todas podem ser
verdadeiras, pois funcionam em paradigmas distintos (a de Euclides é a que está subjacente à
física newtoniana; a de Riemann está subjacente à física einsteiniana).
O progresso científico não pode ser entendido como um processo contínuo e cumulativo de
teorias ou paradigmas cada vez melhores em direção a uma meta ou fim.
Se não podemos afirmar que um paradigma é melhor que o antecessor, também não podemos
afirmar que o novo paradigma descreve melhor a realidade que o antecessor.
Na obra A Tensão Essencial, Kuhn define os critérios a partir dos quais, regra geral, os
cientistas escolhem determinadas teorias e abandonam outras.
A escolha entre teorias rivais obedece a critérios objetivos e subjetivos.
CRITÉRIOS
Objetivos Subjetivos
Característica
segundo a qual Sobriedade e
uma teoria é Ausência de elegância na
capaz de fazer contradições forma como a Capacidade da
Abrangência da
previsões internas e teoria explica os teoria para
teoria
corretas. Quanto compatibilidade fenómenos; uma impulsionar a
relativamente à
mais exata for da teoria com teoria é simples investigação
diversidade de
uma teoria, mais outras teorias se não depende científica em
fenómenos que é
perto ela está do aceites dentro de muitas leis direção a novas
capaz de explicar.
que é possível do paradigma para explicar os descobertas.
observar ou dos vigente. fenómenos
resultados da observados.
experimentação.
Critérios objetivos
Critérios subjetivos
Incomensurabilidade Críticas à conceção Adoção de um novo
dos paradigmas kuhniana de ciência paradigma
Alguns críticos acusam Kuhn de ser Este processo traduz a ideia de que a
relativista: as explicações da ciência atividade científica é irracional (o que
encontram-se num plano idêntico ao de põe em causa o valor da ciência).
outras explicações do mundo.
2.3.2. A questão da objetividade
científica
Objetividade do conhecimento científico
Dá-nos informações do
objeto e não do sujeito: o A informação «pesado» ou «leve» depende do sujeito que a
computador pesa 20 quilos afirma, mais do que do objeto. A proposição dá-nos mais
independentemente dos informações sobre as características do sujeito (ser forte ou
sujeitos e pesa o mesmo para não) do que sobre as características do objeto.
todos os sujeitos.
Conhecimento objetivo
A investigação científica
O interesse que o A escolha dos modelos e
está dependente de
cientista demonstra por teorias científicas pode
financiamento:
determinados factos, em ser orientada por
determinadas
vez de outros, pode ser o critérios estéticos
investigações podem ser
resultado da sua enraizados na respetiva
patrocinadas porque
ideologia. tradição cultural.
interessam e outras não.
A validação das teorias obedece ao critério A escolha e avaliação das teorias dependem
da falsificabilidade. de fatores objetivos e subjetivos.
O
conhecimento
O conteúdo das teorias ou conjeturas, científico é
obedecendo a princípios lógicos, garante o A verdade é relativa ao paradigma vigente;
objetivo?
rigor e a objetividade com que o só pode ser entendida dentro dos limites
conhecimento científico descreve e explica a que ele impõe.
realidade.
Tanto Popper como Kuhn compreendem que a ciência não é o tipo de conhecimento absolutamente certo e
indubitável. Segundo Popper, a ciência evolui progressivamente em direção à verdade, através da eliminação
de erros ou da refutação de teorias; para Kuhn, ela evolui dentro de cada paradigma e também nas mudanças
de paradigma. No entanto, não podemos dizer que se aproxima da verdade.
Crítica à perspetiva de Popper
Verdade certa,
Objetividade Neutralidade necessária e Demonstração
universal
A matéria do trabalho científico – os factos – é suscetível de uma descrição exata e de uma explicação rigorosa.
perfeitamente
puramente racional isolado do mundo objetivo e imparcial
nas suas conclusões
A objetividade passa a ser O cientista não apresenta Não existe uma verdade
entendida como uma racionalidade pura e absolutamente certa,
intersubjetividade. neutral. universal e necessária.