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O FOCO CRISTOCÊNTRICO DE TODA A ESCRITURA SAGRADA

A Bíblia é incomparável na literatura humana. Não há sequer um segundo livro como este, no
qual o Criador do Céu e da Terra revelou-Se e revelou a Sua vontade à humanidade através de
promessas e cumprimentos, como esboçados no Velho e no Novo Testamento. A Bíblia é
basicamente um livro espiritual porque Deus que é Espírito, revelou-Se nela. O homem,
originalmente criado à imagem e semelhança de Deus, destituiu-se Dele pela futilidade dos
pensamentos e desconfiança de Sua Palavra revelada.
Paulo descreve a destituição mental, moral e religiosa do homem caído: obscurecidos de
entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do
seu coração (Efésios 4:18; cf. também 2:1-3). Não é de se admirar que Jesus Cristo tenha
salientado para Nicodemos, um dos principais intérpretes das Escrituras Hebraicas em
Jerusalém, que "se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus" – isto é, não
pode compreender a natureza ou partilhar as bênçãos do reino de Deus (João 3:3).
Cristo explicou que o novo nascimento não é resultado de realizações do próprio homem, mas
um ato sobrenatural e um dom de Deus: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido
do Espírito é espírito" (João 3:6).
Assim, Cristo ensinou que a experiência do renascimento pelo Espírito Santo é uma condição
essencial para a compreensão do Velho Testamento em seu verdadeiro propósito espiritual,
em sua mensagem teológica de salvação e para entender o reino de Deus. Pedro relembra-nos
que as profecias das Escrituras hebraicas se originaram, não na própria presciência ou
invenção do profeta, mas "homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo" (2 Pedro 1:21). Assim, as profecias do Velho Testamento possuem um propósito moral:
salvação através do Messias. Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis
bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e
a estrela da alva nasça em vosso coração (2 Pedro 1:19; ênfase acrescentada).
A Brilhante Estrela da Manhã é Cristo (Apocalipse 22:16). Este foco cristológico da Bíblia
hebraica em suas duas dimensões de um Messias-Servo sofredor e de um Messias real
exaltado, não está óbvio ou claro para a mente natural, como a rejeição de Jesus pelos líderes
judeus o demonstrou.
Não se deve, por isso concluir que o Velho Testamento não revela suficientemente a verdade
sobre o sofrimento e a morte expiatória do Messias ou que Cristo proclamou um Reino e um
Messias que era completamente diferente daquele que os judeus esperavam. O problema
não estava num suposto obscurantismo ou incompreensibilidade da revelação divina das
Escrituras hebraicas, mas na teimosia da mente não espiritual. Jesus reprovou mesmo aos
Seus próprios seguidores: Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo
o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na
sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a
seu respeito constava em todas as Escrituras. Essa explicação do Velho Testamento pelo
Cristo ressurreto trouxe uma nova visão da verdade messiânica à mente judaica que resultou
em um renovado amor por Deus. Os discípulos testificaram, "E disseram um ao outro:
Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos
expunha as Escrituras?" (Lucas 24:32; ênfase acrescentada). Cristo "lhes abriu o
entendimento para compreenderem as Escrituras" (Lucas 24:45; ênfase acrescentada).

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