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NotasDeAulaGAAL Parte 5
NotasDeAulaGAAL Parte 5
Sumário
1 Tipos especiais de matrizes 2
Discente,
Este documento está sendo criado ao longo do período 2021/2 e contempla os conteúdos da disciplina
MA71B - Geometria Analítica e Álgebra Linear. Entretanto, é importante que você tenha contato com
outras fontes. Neste sentido, sempre que possível e/ou achar necessário, você pode recorrer a outras
referências indicadas no plano de ensino da disciplina. Caso encontre erros neste documento, por favor,
reporte-os à professora. Bons estudos!
1
Álgebra Matricial
Uma matriz é uma tabela de elementos indexados por linhas e colunas. No contexto da Álgebra Linear,
matrizes são geralmente denotadas por letras maiúsculas e o número de linhas e colunas das mesmas são
indicados por números inteiros não negativos. Diz-se que uma matriz A com m linhas e n colunas é m × n
(lê-se m por n), sempre nesta ordem: linhas e colunas. Pode-se dizer ainda que uma matriz m × n é da
ordem m × n.
Os elementos de uma matriz, também chamados de entradas, podem ser números reais, números
complexos, funções, vetores, etc. Mas todas as entradas sempre têm a mesma natureza. Aqui, a menos
que se diga o contrário, os elementos das matrizes são números reais. Em geral, o elemento que fica na
i-ésima linha e j-ésima coluna de uma matriz é denotado por uma letra minúscula com subscritos ij (aij ,
por exemplo).
Uma matriz de m linhas e n colunas é representada por:
a11 a12 ... a1n a11 a12 ... a1n
a21 a22 ... a2n a21 a22 ... a2n
A=
.. .. ou A = ..
.. .. , com cada aij ∈ R, 1 ≤ i ≤ m, 1 ≤ j ≤ n
..
. .... . . .
... .
am1 am2 . . . amn am1 am2 . . . amn
A fim de simplificar a notação, usa-se o símbolo ∀, que significa ”para todo”. Assim, para dizer que as
entradas de uma matriz A m × n são números reais, pode-se escrever aij ∈ R ∀ i, j (lê-se: aij pertencem
aos reais para todo i e j), ficando-se subentendido que os índices i e j variam nos limites 1 ≤ i ≤ m e
1 ≤ j ≤ n. Quando se quiser explicitar a ordem da matriz, também pode-se escrever Am×n . Exemplos de
matrizes são:
2
−1 0 5 −2
−3
" #
1 2 3 3 4 7 0 h i h i
B= , C= , D= 1 0 , 0 ,
E= F = 0 (1)
2 3 1 2 9 1 1
5
3 4 2 −9
6
Definição 1.2. Matriz Quadrada é uma matriz cujo número de linhas é igual ao número de colunas. Se,
por exemplo, Am×m , diz-se que A é de ordem m.
2
Numa matriz quadrada de ordem n, os elementos aii , i = 1, . . . , n, ou seja, na i-ésima linha e coluna,
são chamados de elementos da diagonal principal, ou simplesmente diagonal, da matriz. A matriz C em
(1) é uma matriz quadrada de ordem 4 e os elementos da sua diagonal são: c11 = −1, c22 = 4, c33 = 1 e
c44 = −9.
Definição 1.3. Matriz Diagonal é uma matriz quadrada tal que aij = 0 para i 6= j, isto é, os elementos
que não estão na diagonal são nulos.
As matrizes D, W e T em (2) são exemplos de matrizes diagonais.
−1 0 0 0
0 0 0 0 " #
4 0 0 0 0
D= , W = 0 1 0 , T = (2)
0 0 0 0 0 0
0 0 −π
0 0 0 −9
Definição 1.4. Uma matriz Identidade de ordem n é uma matriz quadrada tal que aii = 1 e aij = 0
∀i 6= j. Notação: I.
Assim como no caso da matriz nula, o tamanho da matriz identidade depende do contexto onde a
mesma está sendo utilizada. Em (3) exibem-se matrizes identidades de diferentes tamanhos.
1 0 0 ... 0
0 1 0 ... 0
" # 1 0 0
1 0
I = ... .. . . ..
h i
I= , I= 1 , I = 0 1 0 , . ··· (3)
0 1 . .
0 0 1 0
0 ··· 1 0
0 0 ··· 0 1
Definição 1.5. Matriz Triangular Superior de ordem n é uma matriz quadrada tal que aij = 0 ∀i > j.
Definição 1.6. Matriz Triangular Inferior de ordem n é uma matriz quadrada tal que aij = 0 ∀i < j.
As matrizes T e E em (4) são exemplos de matrizes triangulares superiores, enquanto A e B são
exemplos de matrizes triangulares inferiores.
3 3 3 5 0 0
1 √
" # " #
1 2 1 0
T = , E = 0 1
2 , A= , B = 2 3 0
(4)
0 0 2 −9
0 0 −0.4 7 3 −6
Definição 1.7. Uma matriz com apenas uma linha, ou seja, 1 × n é dita ser uma matriz linha.
Definição 1.8. Uma matriz com apenas uma coluna, ou seja, n × 1 é dita ser uma matriz coluna.
As matrizes D e E em (1) são exemplos de matrizes linha e coluna, respectivamente.
3
2.1 Multiplicação de uma matriz por um escalar
Definição 2.2. Seja A = [aij ]m×n uma matriz e α ∈ R um escalar. Então a multiplicação de α por A
resulta em uma matriz m × n tal que αA = [α aij ]m×n , isto é, multiplica-se cada elemento de A por α.
Exemplo 2.1. Seja
" #
2 −1
A=
0 4
Então
" # " #
1 1 − 12 −4 2
A= e − 2A =
2 0 2 0 −8
E + F = G
2 −8 −6
1
+
3
= 4
21 −1 20
Exemplo 2.3. Não é possível somar as matrizes B e C em (1), pois tais matrizes têm ordens diferentes.
A B D
Alimento I 4 3 0
Alimento II 5 0 1
4
A operação que fornece a quantidade ingerida de cada vitamina é o produto:
" #
h i 4 3 0 h i h i
CV = 5 2 = 5 × 4 + 2 × 5 5 × 3 + 2 × 0 5 × 0 + 2 × 1 = 30 15 2 (6)
5 0 1
Portanto, a pessoa vai ingerir 30 unidades da vitamina A, 15 da vitamina B e 2 da D. Nota-se que o
produto em (6) foi realizado de modo que cada entrada da matriz resultante é obtida a partir de uma
linha da primeira matriz e uma coluna da segunda. Além disso, o resultado do produto é uma matriz
com o número de linhas de C e o número de colunas de V . Para os casos mais gerais da multiplicação de
matrizes arbitrárias, tem-se a próxima definição.
Definição 2.4. Sejam Am×n e Bn×r duas matrizes tais que o número de colunas de A é igual ao número
de linhas de B. Então a multiplicação das duas matrizes, denotada por AB, é uma matriz m × r tal que
AB = [cij ]m×r onde
n
X
cij = aik bkj = ai1 b1j + ai2 b2j + · · · + ain bnj
k=1
Assim, o elemento cij é obtido multiplicando os elementos da i-ésima linha da primeira matriz pelos
elementos correspondentes da j-ésima coluna da segunda matriz e somando estes produtos. É importante
observar que para que o produto seja possível, o número de colunas da primeira matriz deve ser igual ao
número de linhas da segunda matriz. Além disso, a matriz resultante terá o mesmo número de linhas da
primeira matriz e o mesmo número de colunas da segunda matriz.
" 3 −2 #
−2 1 3
Exemplo 2.4. Sejam A = e B = 2 4 . Então o produto AB é possível, uma vez que A
4 1 6
1 −3
tem 3 colunas e B tem 3 linhas. O resultado é uma matriz 2 × 2:
" 3 −2 " # # " #
−2 1 3 −2 × 3 + 1 × 2 + 3 × 1 −2 × (−2) + 1 × 4 + 3 × (−3) −1 −1
AB = 2 4 = =
4 1 6 4×3+1×2+6×1 4 × (−2) + 1 × 4 + 6 × (−3) 20 −22
1 −3
Além disso, BA também é possível, resultando numa matriz 3 × 3:
3 −2 " # 3 × (−2) + (−2) × 4 3 × 1 + (−2) × 1 3 × 3 + (−2) × 6 −14 1 −3
−2 1 3
BA = 2 4
= 2 × (−2) + 4 × 4
2×1+4×1 2 × 3 + 4 × 6 = 12
6 30
4 1 6
1 −3 1 × (−2) + (−3) × 4 1 × 1 + (−3) × 1 1 × 3 + (−3) × 6 −14 −2 −15
1 " # 2
3 4
Exemplo 2.5. Sejam C e D dadas por C = e D = 4 5. Não é possível calcular CD, uma
1 2
3 6
vez que o número de colunas de C (2) é diferente do número de linhas de D (3). Entretanto, é possível
efetuar o produto DC, resultando em:
1 2 " # 1×3+2×1 1×4+2×2 5 8
3 4
DC = 4 5 = 4 × 3 + 5 × 1 4 × 4 + 5 × 2 = 17 26
1 2
3 6 3×3+6×1 3×4+6×2 15 24
" # " #
1 1 1 1
Exemplo 2.6. Sejam E = eF = . Então
0 0 2 2
" #" # " # " #" # " #
1 1 1 1 3 3 1 1 1 1 1 1
EF = = e FE = =
0 0 2 2 0 0 2 2 0 0 2 2
É importante observar que neste caso, mesmo sendo possível calcular os dois produtos, EF e F E, os
resultados são diferentes, ou seja, EF 6= F E.
5
Os Exemplos 2.4, 2.5 e 2.6 mostram que o produto entre duas matrizes não é comutativo, ou seja,
em muitos casos AB 6= BA. Neste sentido, algumas operações entre matrizes não satisfazem as mesmas
regras que operações entre números reais. Outra característica importante do produto entre matrizes é
que AB = 0 não implica necessariamente que A = 0 ou B = 0. Por exemplo, sejam
1 −1 1 1 2 3
A = −3 2 −1 e B = 2 4 6
−2 1 0 1 2 3
Então,
1 −1 1 1 2 3 0 0 0
AB = −3 2 −1 2 4 6 = 0 0 0
−2 1 0 1 2 3 0 0 0
ou seja, A 6= 0 e B 6= 0, mas AB = 0.
A próxima operação a ser definida é a que gera uma nova matriz cujas colunas são as linhas da matriz
original.
Definição 2.5. Seja A uma matriz m × n. A transposta de A, denotada por AT , é uma n × m definida
por:
aTji = aij , j = 1, . . . , n, i = 1, . . . , m
2. (A + B) + C = A + (B + C);
3. A + 0 = A;
4. Para cada matriz A, existe uma única matriz E, tal que A + E = 0. E = −A.;
5. α (βA) = (αβ) A;
6. (α + β) A = αA + βA;
7. α (A + B) = αA + αB.
Existem também propriedades importantes em relação às operações com matrizes e suas transpostas:
6
Teorema 2.8. Cada uma das afirmações a seguir é valida qualquer que seja o escalar α e quaisquer que
sejam as matrizes A e B para as quais as operações indicadas estão bem definidas.
1. (AT )T = A;
2. (αA)T = αAT ;
3. (A + B)T = AT + B T ;
4. (AB)T = B T AT .
Por fim, um teorema com as propriedades da multiplicação entre matrizes.
Teorema 2.9. Cada uma das afirmações a seguir é valida quaisquer que sejam os escalares α e β e
quaisquer que sejam as matrizes A, B e C para as quais as operações indicadas estão bem definidas.
1. A (B + C) = AB + AC;
2. (A + B) C = AC + BC;
3. (AB) C = A (BC);
4. α (AB) = (αA) B = A (αB);
5. IA = AI = A;
6. A0 = 0 e 0A = 0.
Exercício 2.1:
Simplifique as expressões considerando A, B, C e D matrizes quadradas.
a)
b)
7
Exercício 2.2:
a) B T AT ? b) A(CB T )T ?
Resposta do exercício 2.2: