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Arvo Pärt
Pós-modernismo na música
Tintinnabuli
Für Alina
A primeira obra que vamos abordar, Für Alina, foi a obra que estreou o estilo tintinnabuli,
em fevereiro de 1976, depois do longo período de crise criativa que marcou a vida e obra do
compositor. Esta obra foi escrita para a filha de amigos próximos de Arvo e Nora Pärt, Alina,
que fora deixada em Inglaterra, enquanto a sua mãe ficou na União Soviética.
Um dos elementos mais importantes desta obra é o silêncio acústico, das ressonâncias, que
deixam espaço para a contemplação da pureza que este estilo composicional transmite. A
indicação para o instrumentista transmite a informação de que a obra deve ser tocada de
forma calma e elevada, ouvindo o seu interior.
Aqui, Pärt usa a técnica/estilo do tintinnabuli na sua forma mais simples, tendo a mão
direita do pianista uma melodia em si menor, e a mão esquerda a voz do tintinnabuli, que
consiste no contraponto de uma nota da melodia com a nota imediatamente abaixo (neste
caso) do acorde/tríade da harmonia escolhida.
Na imagem em cima, vemos o respetivo contraponto de tintinnabuli (notas com haste para
baixo), à voz da melodia (notas com haste para cima).
A obra tem uma particularidade interessante visto que começa por realizar a melodia
apenas com as primeiras cinco notas (si, dó, ré, mi e fá#), deixando o uso das notas sol e lá
para a parte central, pois este é o único ponto onde o contraponto é, de forma intervalar, mais
tenso (nota sol da melodia com o fá# do tintinnabuli). À medida que a obra chega ao fim, Pärt
volta a filtrar as notas da melodia até repousar na nota si.
Cantus in memory of Benjamin Britten
Arvo Pärt teve conhecimento da morte de Benjamin Britten no dia 5 de dezembro de 1976.
A sua relação com a música de Britten era especial, pois, mesmo nunca o tendo conhecido
pessoalmente, revelava uma grande admiração por ele, comparando a sua pureza musical com
as baladas de Machaut. Pärt estava já a realizar uma obra de caráter elegíaco para orquestra,
que decidiu mediante este acontecimento, dedicar a Benjamin Britten.
Cantus in Memory of Benjamin Britten para orquestra de cordas e sino tubular, começa
com três apontamentos dos sinos e, posteriormente, os violinos que começam a tocar num
registo agudo. Cada naipe, à exceção das violas, toca em divise a 2, sendo que os primeiros
tocam uma melodia descendente que se vai repetindo ao longo do tempo e os segundos a voz
do tintinnabuli correspondente. As relações entre os naipes são distintas de um ponto de vista
temporal. As suas entradas são em cânone e tocam ao dobro da duração. Este cânone termina
com uma estabilização num acorde de lá menor, porém com uma sonoridade bastante densa,
quer ao nível da dinâmica, quer do registo.
A obra foi estreada a 7 de abril de 1977 pela Orquestra Sinfónica Nacional Estoniana
dirigida pelo maestro Eri Klas. Pärt teve a possibilidade de ver a sua obra estreada pela
Orquestra Sinfónica da BBC, em 1978, mas as autoridades soviéticas não permitiram que o
compositor viajasse para Inglaterra. O maestro, em jeito de protesto, recusou realizar a obra
sem a presença do compositor. Em 1979, Pärt consegue viajar para Inglaterra e vê a sua obra
tocada pela Orquestra Sinfónica da BBC, pelo mesmo maestro.
Spiegel im Spiegel
A terceira obra em que este trabalho se foca é Spiegel im Spiegel. Esta é uma das obras
mais conhecidas e apresentadas do compositor e é uma das últimas composições antes do
compositor partir da Estónia. Foi uma encomenda do violinista russo Vladimir Spivakov, em
1978, e foi estreada em dezembro do mesmo ano no Conservatório de Moscovo.
Nas palavras do compositor, o retorno à nota lá é um returning home after being away. O
piano acompanha o instrumento melódico usando uma fórmula que se baseia nas notas do
tintinnabuli:
Soprano, Contratenor
Stabat Mater 1985 (alto), tenor, violino, viola e
violoncelo
Bibliografia/Webgrafia
Kramer, J. (2002). The Nature and Origins of Musical Postmodernism. New York:
Routledge;
Maas, S. & Sholl, R. (Eds.) (2017). Contemporary Music and Spirituality. New York:
Routledge;