Você está na página 1de 188

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA
ESPECIALIZAÇÃO EM MICROBIOLOGIA APLICADA

Flávio José de Assis Barony

DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA O CUMPRIMENTO DO


EMENTÁRIO DA DISCIPLINA DE LABORATÓRIO DE
MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL EM UMA ESCOLA TÉCNICA
FEDERAL

Belo Horizonte - MG, Brasil


Dezembro de 2018
Flávio José de Assis Barony

DESAFIOS E POSSIBILIDADES PARA O CUMPRIMENTO DO


EMENTÁRIO DA DISCIPLINA DE LABORATÓRIO DE
MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL EM UMA ESCOLA TÉCNICA
FEDERAL

Monografia apresentada ao Programa de Pós-graduação


em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Minas Gerais, como pré-requisito
para a obtenção do Grau de Especialista de Microbiologia
Aplicada.

Orientador:
Marco Aurélio Soares

Belo Horizonte - MG, Brasil


Dezembro de 2018
DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus, em primeiro lugar e sempre! Pois ter a oportunidade de cursar


uma pós-graduação em uma das 500 melhores Universidades do mundo e entre as
20 melhores da América Latina é um privilégio!
Agradeço o apoio da minha esposa e filhos pelo entendimento que tiveram na minha
ausência para cursar esta pós-graduação, bem como de todos os familiares e
amigos devido à ausência em vários momentos.
Agradeço aos nobres professores da minha trajetória acadêmica, pois certamente o
aprendizado com cada um deles me possibilitou chegar até aqui...
Agradeço ao CEFET campus Timóteo pela oportunidade de desenvolver este TCC
no meu ambiente de trabalho e ao IFMG/GV por permitir a realização desta atividade
em paralelo a outras demandas de rotina.
Agradeço aos professores desta significativa Especialização Lato sensu, em
especial, o meu orientador e prof. Marco Aurélio Soares.
EPÍGRAFE

“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma
que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.

Parte-se do princípio que “ensinar exige a corporeificação das palavras pelo


exemplo”.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua


própria produção ou a sua construção”.

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”.

Paulo Freire (1921 – 1997)


RESUMO

Do ponto de vista histórico, as instituições Educacionais Brasileiras são mais


recentes do que quando comparadas a países de primeiro mundo. Ainda assim, não
há dúvidas sobre as ilhas de excelência em ensino, pesquisa e extensão dispostos
nos mais diversos pontos do território Brasileiro. Todavia, a difusão da informação
pela educação enfrenta diversas barreiras também históricas: qualidade física dos
prédios escolares, falta de incentivo à qualificação, baixos salários dos profissionais,
estudantes com defasagem de aprendizado e até mesmo constantes mudanças na
legislação educacional. Entre as dificuldades a serem superadas consta o ensino da
Microbiologia nos mais diversos níveis de ensino. O presente trabalho tem por
objetivo geral elencar os desafios e possibilidades para o cumprimento do Ementário
da disciplina de Laboratório de Microbiologia Industrial, do 1°Ano do Curso Técnico
em Química – Integrado (Ensino Médio), em uma instituição de ensino público
Federal. A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica sobre os dados da
educação brasileira e com enfoque no Ensino da Microbiologia. Como resultado foi
elaborado o “Roteiro de Aulas Práticas” estritamente conforme o ementário, com o
detalhamento de 30 atividades exequíveis e condizentes à estrutura existente e/ou
possível de ser adquirida ao longo do ano letivo de 2018. Além disso, o valor
aproximado para implementação de um laboratório de nível médio técnico
profissionalizante é de R$153.980,90, com 79 itens elencados entre os
equipamentos, vidrarias e reagentes, ou seja, sem mensurar a edificação. Foi
considerado que os reagentes terão durabilidade de aproximadamente 3 anos
letivos para as atividades de ensino. Por fim, infere-se que houve considerável
aprendizado a partir das adaptações e/ou materiais alternativos propostos no
“Roteiro de Aula Prática”, mas há limitações por se tratar de ensino técnico
profissionalizante, haja vista que no mercado de trabalho o estudante egresso
vivenciará produtos e processos normalmente normatizados e especificados para as
mais diversas atividades microbiológicas e biotecnológicas.

Palavras-chave: aula prática, educação profissional, formação continuada,


microbiologia, técnico em química.
ABSTRACT

From a historic point of view, the Brazilian Educational Institutions are more recente if
they are compared to first world countries’s. But there are no doubts about “istands”
of excellence concerned to learning, search and extensions which are presented in a
variety of different places in Brazilian territory. However information spreading by
means of education faces several historic barriers: the building physical qualities,
lach of incentive to quality, profesional’s low salaries, students who demonstrate
gaps on learning and even constant changes on educational legislation. Among the
difficulties to be overcome there is also Microbiology Teaching in the most varied
levels of learning. The present paper presents as its general objetctive listing the
challanges and possibilities aimed at fulfiling the “Industrial Microbiology Laboratory”
ementary, in the First Year of Chemistry Technician Course – Integrated – at a
Federal Public Institution the bibliographic revision of the Brazilian education data
highing Microbiology Teaching has been the adapted methodology here. As a result
a Guide for Practical Classes has been elaborated and has algo been strictl, based
on the ementary. This Guide offers the detailing of 30 achievable and consistent to
the existing and/or possible to be acquired along 2018 activities. Besides that, the
average amount to implement a “Technical Vocational mid-level Laboratory” is
around R$153.980,90, which accounts for 79 items such as equipments, glassware
and reagents. It means that edification has not been mensured. It has been
considered that the reagents will last for around 3 school Years for the teaching
activities. Finally it ean be said there was considerable learning from the adapted
and/or proposed alternative materials in the “Guide for Practical Activities”, however
there were limitations due to the fact that it was thi “Vocational Technical Teaching”
under studying. It must be taken into consideration for instance, that student egress
will get in touch with normalized and specified products and processes for the most
variety kinds of Microbiological and Biotechnology activities in the workmarket.

Key words: practical class, professional education, continuing education,


microbiology, Chemistry Technician.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

Anvisa Agência de Vigilância Sanitária


Funarbe Fundação Arthur Bernardes
CEFET Centro Federal de Formação Tecnológica
IFs Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia
IFMG Instituto Federal de Minas Gerais
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
MEC Ministério da Educação
µL Microlitro
PPC Projeto Pedagógico de Curso
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UFV Universidade Federal de Viçosa
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 10

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................... 12

2.1 A Educação Brasileira ................................................................................................................. 12

2.2 O quantitativo de estudantes do Ensino Médio no Brasil........................................................... 13

2.3 O PPC e o ementário .................................................................................................................. 14

2.4 O Ensino Profissionalizante no Brasil e a convergência do curso técnico de química com a


microbiologia ................................................................................................................................... 15

2.5 O Ensino da Microbiologia nos diferentes níveis de Ensino ....................................................... 18

2.6 Práticas alternativas para Microbiologia .................................................................................... 20

3 OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 23

3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................ 23

3.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 23

4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................................... 24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................... 25

5.1 Diagnóstico da estrutura do Laboratório de Microbiologia ........................................................ 25

5.2 Roteiros de aula prática conforme ementário ............................................................................ 26

5.3 Custos para instalação do Laboratório de Microbiologia Industrial ........................................... 31

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................... 37

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 38

8 ANEXOS ............................................................................................................................................. 46

ANEXO 1 – CONTEÚDO DO EMENTÁRIO DA DISCIPLINA MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL (AULA


TEÓRICA) .......................................................................................................................................... 46

ANEXO 2 – CONTEÚDO DO EMENTÁRIO DA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA


INDUSTRIAL (AULA PRÁTICA) ........................................................................................................... 47

9 APÊNDICES ........................................................................................................................................ 48

APÊNDICE 1 – LISTA DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DISPONIBILIZADOS OU NÃO NO


LABORATÓRIO, ALÉM DOS CUSTOS CONFORME COTAÇÃO (DEZEMBRO/2018) .............................. 48
APÊNDICE 2 – ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA CONFORME CONTEÚDO DO
EMENTÁRIO (VERSÃO DO PROFESSOR) ............................................................................................ 51

UNIDADE 1: SEGURANÇA NO LABORATÓRIO ....................................................................................... 57

1.1 - REGRAS BÁSICAS .......................................................................................................................... 57

1.2 - PRINCIPAIS VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS DO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA .................... 60

1.3 – MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ................................................................................ 66

UNIDADE 2: MICROSCÓPIA ÓTICA ....................................................................................................... 69

2.1 - MICROSCOPIA .............................................................................................................................. 69

2.2 - AULAS EXTRAS DESTA UNIDADE .................................................................................................. 74

2.2.1 - Microscópio com o seu celular .............................................................................................. 75

2.2.2 - Aplicativos para aulas de Microbiologia ................................................................................ 75

2.2.3 - Coleta de amostras................................................................................................................ 76

2.2.4 - Preparação de lâminas .......................................................................................................... 77

UNIDADE 3: EXPERIMENTO COM CÉLULAS .......................................................................................... 79

3.1 – OSMOSE ...................................................................................................................................... 79

3.2 - EXTRAÇÃO DO DNA VEGETAL ...................................................................................................... 87

3.3 – AULA EXTRA: VISUALIZAÇÃO DE FUNGOS DISCUTIDOS EM AULA TEÓRICA ................................ 93

UNIDADE 4: TÉCNICAS DE ESTERELIZAÇÃO .......................................................................................... 94

4.1 - TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO ....................................................................................................... 94

UNIDADE 5: PREPARO DE MEIO DE CULTURA .................................................................................... 102

5.1 - MEIOS DE CULTURA ................................................................................................................... 102

5.2 – AULA INTEGRADA: ESTERILIZAÇÃO, MEIO DE CULTURA E CÉLULAS .......................................... 104

5.3 – DILUIÇÃO SERIADA .................................................................................................................... 109

5.4 - MEIOS DE CULTURA ................................................................................................................... 110

UNIDADE 6: OBSERVAÇÃO DE MICRORGANISMOS ............................................................................ 113

6.1 - OBSERVAÇÃO DE PROTOZOÁRIOS ............................................................................................. 113

6.2 - PLAQUEAMENTO BACTERIANO E AVERIGUAÇÃO DA PRESENÇA DE MICRORGANISMOS .......... 115

6.3 - IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA E COLORAÇÃO GRAM.................................................................. 117


6.4 - IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS ...................................................................................................... 119

6.5 – REVISÃO GERAL A PARTIR DE NOVAS AULAS ............................................................................ 120

6.5.1 – Antibiograma ...................................................................................................................... 121

6.5.2 – Bioprospecção de fungos.................................................................................................... 123

6.5.3 – Teste de Rugai para identificação presuntiva de Enterobactérias ...................................... 127

UNIDADE 7: EXPERIMENTOS COM ENZIMOLOGIA ............................................................................. 132

7.1 – ESTUDO DA ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DE ENZIMAS PRESENTES EM FRUTOS .......................... 132

7.2 – UM ESTUDO SOBRE OXIDAÇÃO ENZIMÁTICA............................................................................ 138

7.3 – CATALISANDO A HIDRÓLISE DA UREIA EM URINA ..................................................................... 141

UNIDADE 8: PREPARO E ANÁLISE DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS ....................................................... 147

8.1 – PREPARO DE IOGURTE .............................................................................................................. 147

8.2 – PREPARO DE DERIVADOS LÁCTEOS ........................................................................................... 151

8.3 – INVESTIGANDO COMPONENTES PRESENTES NO LEITE ............................................................. 158

8.4 – TESTES DE QUALIDADE DO LEITE ............................................................................................... 164

8.5 – ANÁLISE QUALITATIVA DE PROTEÍNAS EM ALIMENTOS COM ÍON CÚPRICO............................. 169

UNIDADE 9: FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA ........................................................................................... 173

9.1 – A QUÍMICA DA PRODUÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS .............................................................. 173

9.1.1 – Produção de vinho .............................................................................................................. 173

9.1.2 – Experimento básico e visual sobre fermentação ................................................................ 178

9.2 – AULAS EXTRAS: A QUÍMICA E A FERMENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS E


NÃO ALCOÓLICAS ............................................................................................................................... 179

9.2.1 – Cultivo de Leveduras para produção de cerveja ................................................................. 179

9.2.2 – Bebidas fermentadoras e ação probiótica .......................................................................... 182

APÊNCIDE I – MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ................................................................. 185

APÊNDICE 3 – ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA CONFORME CONTEÚDO DO


EMENTÁRIO (VERSÃO DO ESTUDANTE) ......................................................................................... 186

APÊNDICE 4 – NOVO LAYOUT DO LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL...................... 187


10

1 INTRODUÇÃO

“O que os olhos não veem o coração não sente” é um ditado popular que
pode ser aludido ao ensino da Microbiologia e que ainda soa antagônico se
contextualizado com um dos maiores educadores do mundo, Paulo Freire, que
defendia a máxima de “educar com o coração”. Assim, educar com o coração se é
impossível visualizar “a olho nu” o mundo microbiano e acrescido das inúmeras
limitações nas mais diversas instituições de ensino do país, as quais estão sob as
mais diferentes realidades estruturais, torna-se um desafio a ser superado.
No âmbito geral, os dados sobre o rendimento dos estudantes brasileiros não
são satisfatórios em todos os níveis, em especial, no ensino médio, os quais são
publicados pelos mais diversos órgãos nacionais e internacionais. Problemas
estruturais como baixa qualidade das salas de aula (por vezes até a ausência de
espaço físico com as mínimas condições climáticas e sanitárias), salários
desestimulantes, estudantes desinteressados, problemas sociais e familiares
assumidos pela escola, professores sem a formação adequada (quase 20% dos
docentes brasileiros não tem Ensino Superior), e tantos outros configuram alguns os
percalços educacionais do país.
Problemas estes isolados ou associados podem comprometer o itinerário
formativo do estudante, pois nem sempre é possível cumprir o ementário
estabelecido no PPC (Projeto Pedagógico de Curso). O ementário por vezes não é
cumprido na sua integralidade pelos motivos já elencados, mas a depender das
especificidades pode estar relacionado aos desafios do processo de ensino-
aprendizagem de cada disciplina, como é o caso da Microbiologia.
No rol dos problemas relacionados ao ensino da Microbiologia nos mais
diversos níveis de ensino, a ausência de aulas e/ou atividades práticas dos
conteúdos previstos no ementário é um problema significativo, principalmente nas
aulas de Ciências e Biologia, as quais normalmente abarcam este conteúdo
específico de forma mais intensa.
No tocante às escolas Técnicas Federais, as quais se apresentam como
vocação a formação técnica profissional, o quadro geral é mais satisfatório. A partir
da análise da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os resultados se
equiparam aos melhores países do mundo, mas ainda assim muitos percalços são
11

enfrentados, sobretudo, após a ampla expansão ocorrida a partir da década


passada, onde os campi passarão de aproximadamente 140 para 644 em 2016.
Muitas vezes os cursos profissionalizantes não apresentam a devida
estrutura, inclusive nos cursos que adotam o conteúdo de Microbiologia como um
dos componentes da matriz curricular.
No Centro Federal de Formação Tecnológica (CEFET MG), campus Timóteo,
a disciplina de “Microbiologia Industrial” e a disciplina de “Laboratório de
Microbiologia Industrial” fazem parte da matriz curricular do Curso Técnico Integrado
em Química como componente curricular do 1° Ano, após alteração no PPC (Projeto
Pedagógico de Curso). Nos anos de 2017 e 2018 ainda foi ofertada para o 3° Ano. O
ementário foi elaborado por profissionais devidamente capacitados e engloba um
considerável espectro de atuação da Microbiologia, todavia, a estrutura laboratorial
não contempla o desejado para o nível de qualificação profissional almejado, o que
requer grandes desafios para cumprir o ementário, sendo necessário adotar
materiais alternativos para aulas práticas e até mesmo empréstimo em outros campi.
As visitas técnicas também contribuem para a formação dos estudantes,
obrigatoriamente.
No CEFET – campus Timóteo, a instituição desenvolve atividades no
município há 19 anos e passou a ter sede própria e ampliada a partir de 2012. O
contingente de 600 estudantes está distribuído em 3 cursos de Ensino Técnico
Integrado e Subsequente (Edificações, Sistemas de Informação, Química e
Metalurgia), além de 2 cursos superiores (Sistemas de Informação e Engenharia
Metalúrgica). Há ainda cursos na modalidade EaD (Meio Ambiente e Eletrônica).
O PPC do curso Técnico de Química Integrado apresenta duas disciplinas da
área da microbiologia, ambas no 1° Ano e com até 40 estudantes matriculados. A
disciplina “Microbiologia Industrial” apresenta carga horária de duas (02) aulas
teóricas por semana e sem divisão da turma. O ementário desta disciplina consta no
anexo 1. Já a disciplina “Laboratório de Microbiologia Industrial” tem carga horária
de duas (02) aulas semanais e os estudantes são divididos em duas turmas (Turma
1 e Turma 2). O ementário consta no anexo 2.
Posto isto, o presente TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) apresentará os
desafios e soluções a serem adotadas para o cumprimento do ementário da
Disciplina do “Laboratório de Microbiologia Industrial” em um campus de uma Escola
Técnica Federal.
12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Educação Brasileira

Há abundante literatura publicada quanto ao pífio rendimento da educação


brasileira quando medida por organizações internacionais, como o Pisa (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), que é coordenado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na classificação sobre
“Desempenho dos Brasileiros em Ciências”, o Brasil ocupa a antepenúltima
classificação quando comparado aos países membros da OCDE, com forte
desigualdade entre as redes de ensino (PISA, 2015). A pontuação da Rede
Municipal, Estadual, Particular e Federal foi, respectivamente, 329, 394, 487 e 517
pontos, sendo que as Redes Particular e Federal não se diferenciaram
estatisticamente. Há forte diferença também entre os estudantes dos Estados da
federação, conforme o mesmo documento.
Por outro lado, os índices oficiais apontam aumento do número de crianças
matriculadas. Na faixa etária de 4 a 5 anos, o índice é de 90,5% crianças
matriculadas, ante 61% em 2001. No ensino médio (faixa etária de 15 a 17 anos) o
resultado é bem inferior quanto ao número de matrículas, com apenas 67%
atualmente, com leve evolução em relação a 2012, onde havia 61%. Concluintes do
Ensino Médio aos 19 anos passou de 51,7% em 2012 para 59,3% em 2017. Em
números absolutos são quase 3 milhões em idade escolar e que não estão
matriculados. Questões sociais de vulnerabilidade, como renda, acesso ao
saneamento básico, violência e outros mais ainda impedem o país de atingir
números superiores estabelecidos pelo PNE (Plano Nacional de Educação). Todos
os dados estão disponíveis em órgãos governamentais ou da sociedade civil sobre o
PNE, como o anuário da Educação (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2018; PNE, 2018).
Em relação ao analfabetismo, o Brasil saiu da faixa de 65% de analfabetos
em 1900 para 13,6% em 2000; e mais recente, em 2012, alcançou 8,7% na faixa
etária da população de 15-17 anos. À titulo de comparação do espaço ainda a ser
alcançado, países como Noruega, Austrália, Áustria e Espanha apresentam taxa de
0,0%, conforme dados da Pnud (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) e citado pelo Mapa do Analfabetismo do INEP (INEP, 2004; IBGE,
2018).
13

Todos os estudos apontam para o drástico resultado alcançado no Ensino


Médio, e tais números são reforçados por diversos trabalhos os quais fazem críticas
a este nível de Ensino.
Na ótica da legislação, a educação Brasileira está sob a égide da Lei n.°
9394/1996, conhecida por LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), a qual
“estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, perfazendo os níveis de
ensino em dois grandes grupos. O primeiro nível formado pela Educação Básica,
compreendida pela educação infantil, ensino fundamental (I e II) e ensino médio; e o
segundo nível, que é a educação superior e agrupa a graduação e pós-graduação
(BRASIL, 1996).
A Lei passou por diversas mudanças ao longo dos anos, culminando mais
recentemente pela Reforma do Ensino Médio (BRASIL, 2017; MEC, 2018). O
denominado “novo Ensino Médio” promove alterações como a redução da carga
horária das disciplinas do núcleo comum de 2400h para 1800h; itinerários formativos
em 4 eixos e em função do interesse e/ou habilidade do estudante; e incentivo a
adoção de escolas em tempo integral.
Corrobora no sentido de medidas que visaram a alteração na legislação
educacional, sobretudo no Ensino Médio, diversos trabalhos acadêmicos dos mais
variados segmentos, que não poupam críticas ao modelo histórico até então
existente. Fundamentam-se nos resultados ruins mensurados pelos órgãos de
controle e já apresentados, além de outros desafios a serem suplantados (ZIBAS,
1992; ZIBAS, 2005; KRAWCZYK, 2011; COSTA, 2013).

2.2 O quantitativo de estudantes do Ensino Médio no Brasil

Conforme os dados do censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais Anísio Teixeira (INEP, 2018), dos 48 milhões de matrículas em 2017,
7,9 milhões são referentes ao Ensino Médio. A matrícula no ensino médio está
dividida em 84,8% na Rede Estadual, 12,2% na Rede Privada, 0,6% na Rede
Municipal e 2,4% na Rede Federal. Apenas 554.000 estudantes cursam o Ensino
Médio integrado à Educação Profissionalizante. A Educação Básica conta com
2.192.224 docentes em 184.000 estabelecimentos de Ensino, sendo que 28.558
14

destas contam com a oferta do Ensino Médio. O Laboratório de Ciências, que no


caso é o propenso a desenvolver atividades práticas de microbiologia, está presente
em 45% delas. Os dados são para zona urbana e rural de todo o Brasil.
Vale destacar que a Rede Federal é composta por: Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia; Centros Federais de Educação Tecnológica;
Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais; Universidade Tecnológica
Federal do Paraná e; Colégio Pedro II.
Especificamente sobre a Rede Federal e no tocante as informações
amplamente divulgadas pela mídia em geral, há uma série de interesses e
contradições nas informações, o que por vezes, culmina em dificuldade de
levantamento de alguns dados. Esta omissão já foi amplamente divulgada pela
mídia. Em contrapartida, os estudantes da Rede Federal logram resultados em
destaque no cenário nacional e internacional nos mais diversos exames, como no
Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e Pisa (Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes), com resultados compatíveis aos estudantes de países de
primeiro mundo (IFMG, 2016; O GLOBO, 2016).
Todavia, em 2018 foi criada a Plataforma Nilo Peçanha (PNP), a qual abarca
dados exclusivos da Rede Federal de Ensino e que possibilitou a análise mais
aprofundada da Rede Federal de Formação Profissional. Inclusive os dados
informados por esta plataforma diferem do INEP quando comparados em um mesmo
período. À titulo de exemplo, o número de matrículas é de 1.031.798 (PNP, 2018).

2.3 O PPC e o ementário

Como mecanismo operacional para canalizar todas as legislações e diretrizes


a serem cumpridas para se obter êxito em um determinado curso, tem-se instituído
em todos os cursos o Projeto Pedagógico de Curso (PPC).
Sua estrutura básica consiste em registrar os objetivos do curso, o perfil do
egresso, a matriz curricular, o ementário, carga horária, normas para estágio e/ou
TCC, diagnosticar a infraestrutura física e humana, dentre outros tópicos. Conforme
Raposo e Maciel (2005) é fundamental a interação professor-professor para que se
tenha um PPC bem consolidado e condizente aos objetivos do curso. Já para Veiga
15

(2003) a discussão sobre a elaboração do PPC no sentido de atribuir o êxito ou o


erro do curso é de toda a comunidade acadêmica, a qual deverá ser a protagonista
da construção do projeto, e recomenda ainda romper com a visão meramente
burocrática, vindo a ter uma visão emancipatória e democrática com agregação da
inovação para construção do PPC.
Assim, o ementário de uma dada disciplina, como um dos itens fundamentais
a serem previstos no PPC, deve contemplar o objeto alvo da formação desejada
para os estudantes, onde se faz a apresentação clara e objetiva do que se vai
estudar, bem como ainda articular a contribuição desta com a área de conhecimento
do curso.

2.4 O Ensino Profissionalizante no Brasil e a convergência do curso técnico de


química com a microbiologia

Houve nos meados da virada do século duas regulamentações que foram


decisivas na estagnação e na expansão das escolas técnicas federais. O decreto n°.
2.208/97 coibia a integração do ensino médio com a formação técnica, ao passo que
por força de outro decreto, no caso, o n.°5.154/04, houve a liberação desta fusão
formativa (BRASIL, 1997; BRASIL, 2004).
A Rede Federal Técnica saiu da inércia no tocante ao número de campi
somente a partir do início do atual século, quando as 140 escolas técnicas federais
construídas entre 1909 a 2002 entraram na fase de expansão, atingindo 644 campi
em todo o país entre 2003 a 2018 (MEC, 2018).
Assim, a proposta dos IFs (Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia) no ano de 2008, em especial, perpassa pelo trabalho como “atividade
criativa fundamental da vida humana e em sua forma histórica, como forma de
produção. Essa compreensão é válida para qualquer atividade de Ensino, Extensão
ou Pesquisa” (PACHECO, 2009).
À título de comparação, o modelo de educação da Finlândia, referência
mundial em qualidade educacional, tem forte atuação no Ensino Médio com as
unidades da Vocational Upper Secondary School, equivalente ao Ensino Técnico
Integrado adotado pelo modelo brasileiro, atinge a 41,5% dos jovens matriculados
16

nessa faixa etária, graças ao vultoso investimento ao longo do tempo (ARAÚJO e


SILVA, 2017). A se adotar este modelo como norteador de políticas educacionais no
Brasil, percebe-se que há grande necessidade de investimentos, haja vista a baixa
fração da população que tem acesso a este modelo (menos de 10%).
Todavia, construir um curso Técnico que seja realmente “integrado” é uma
tarefa árdua e que envolve muito mais do que a livre cátedra. Conforme Machado
(2009), a construção do currículo integrado “exige uma mudança de postura
pedagógica; do modo de agir não só dos professores como também dos alunos, e
uma ruptura com um modelo cultural que hierarquiza os conhecimentos”. Araújo e
Frigotto (2015) destacam que a “articulação entre trabalho e ensino deve servir
para formar homens onilaterais, ou seja, promover e desenvolver amplas
capacidades humanas, intelectuais e práticas.” Esta compreensão é uma visão
Marxista, no sentido do homem se superar e buscar minimizar as desigualdades
pela educação.
Logo, para nortear a construção da integração, foi publicada as Diretrizes
Curriculares para o Ensino Médio, estabelecidas pela Secretaria de Educação
Básica do MEC, com destaque para os objetivos, a carga horária, o estágio e outras
orientações norteadoras (MEC, 2012).
Mesmo com todos os esforços, a formação integrada ainda oferta poucas
vagas mediante a demanda, conforme os dados já mencionados no presente
trabalho.
No que se refere ao quantitativo de cursos técnicos disponíveis, na Rede
Federal são ofertados 227 cursos Técnicos nas mais diferentes áreas do
conhecimento. Especificamente quanto ao curso Técnico Integrado de Química, é
ofertado por 65 campi, totalizando mais de 11.500 matrículas, com 3,3% destes
matriculados no CEFET – Centro Federal de Formação Tecnológica (PNP, 2018).
Todavia, a Microbiologia não é exclusividade curso supracitado, haja vista que o
“Laboratório de Microbiologia” está presente como exigência mínima em outros 16
cursos (Técnico em Farmácia, Técnico em Biotecnologia, Técnico em Análises
Clínicas e outros), além da possibilidade de perpassar por diversos outros cursos
técnicos (Agroecologia, Cozinha e outros), pois estes requerem Laboratório de
Biologia, Biologia Aquática, Alimentos e outros com a interface microbiológica (MEC,
2014).
17

Em pesquisa aleatória no site de pesquisa Google, buscou-se o PPC (Projeto


Pedagógico de Curso) de 5 instituições da Rede Federal nas 5 diferentes regiões do
país, sendo que para todos estes pesquisados e que ofertam o curso de Química, a
disciplina de Microbiologia consta como componente da matriz curricular de todos,
com aula prática ou não inserida na matriz, e com o número de duas (02) a quatro
(04) aulas (IFSP, 2015; IFPE, 2014; IFG, 2015; IFAM, 2015; IFSC, 2018). Posto isto,
é notória a importância do conteúdo da Microbiologia para a formação do Técnico
em Química.
Corrobora nesta convergência o exposto pelo Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos (MEC, 2014), o qual menciona que o técnico em química deverá
desenvolver a habilidade de trabalhar com amostragens microbiológicas e em
laboratórios afins, como aqueles relacionados a microbiologia dos alimentos em
indústrias e até mesmo no laboratório de tratamento de efluentes. O referido
documento ainda menciona a necessidade da instituição adotar dentro da
infraestrutura mínima para oferta do curso o Laboratório de Microbiologia.
Rebouças et al. (2005) reforça a necessidade de vincular a Química com
outras área do conhecimento, entre elas a Biologia, que obviamente ancora a
Microbiologia, pois há carência de profissional com formação técnica conectada às
demandas da sociedade e das empresas.
Nesta toada da abordagem “prática e integrada”, a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional menciona que os cursos devem primar por superar a
organização curricular por disciplinas estanques e promover a interdisciplinaridade,
sendo que a “educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho” (BRASIL, 1996).
Com a consolidação da Rede Federal a partir da criação dos Institutos
Federais, potencializa-se a o cumprimento do objetivo anteposto referente a atuação
no ambiente de trabalho, haja vista os IF’s terem como premissa a atuação no
tocante a estimular o desenvolvimento da economia local e regional com a atuação
da tríade ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2008).
Ademais, embora tratar-se de norma legislativa recente e pouco estudada,
cabe ressaltar que a Microbiologia, como uma das áreas da Biologia, não recebeu
amplo destaque no BNCC (Base Nacional Curricular Comum) (BRASIL, 2018),
18

embora a Microbiologia tenha se mostrado cada vez mais relacionada com questões
de saúde, alimentos, meio ambiente, entre outras.
Os dados do Censo Escolar ratificam a tratativa secundária a qual a
Microbiologia está inserida. De acordo com o Censo Escolar 2018, o item
“Laboratório de Ciências” está presente em apenas 44,1% das escolas do Ensino
Médio, sendo que a distribuição é muito oscilante entre as dependências
administrativas. No caso, está presente em 83,4% das escolas Federais, 37,5% das
escolas Estaduais, 28,8% das escolas Municipais e 57,2% das escolas Privadas
(INEP, 2019a). Apesar dos dados computados serem notadamente reconhecidos
como norteador de políticas públicas, cabe ressaltar que pode ocorrer certa
subjetividade no preenchimento do Censo Escolar por parte dos estabelecimentos
de ensino, em especial, quanto o aspecto qualitativo do que há de forma estruturada
no laboratório de ciências. Neste sentido, Soares Neto et al. (2013) criaram um
indicador para realizar a análise comparativa de infraestrutura das escolas
brasileiras a partir dos dados do Censo Escolar de 2011. Os autores propuseram 4
categorias: Elementar, Básica, Adequada e Avançada. Apenas 0,6% das escolas
Brasileiras se enquadram no padrão “avançado”, sendo que 52% das escolas
Federais atendem a este critério. Acrescenta-se que a base de dados do INEP leva
em consideração até mesmo questões como esgotamento sanitário, energia elétrica
e outros no cômputo dos dados estruturais de uma escola.

2.5 O Ensino da Microbiologia nos diferentes níveis de Ensino

A Microbiologia é uma ciência derivada da Biologia, que tem por fundamento


o estudo dos principais grupos microbianos (fungos, bactérias, protozoários, vírus,
algas, dentre outros), e que despertam interesse em função do seu nicho ecológico
contribuir de alguma forma com a sociedade e a natureza (SILVA e SOUZA, 2013).
As primeiras contribuições de impacto datam do século VXIII, com a descoberta da
varíola e ao longo deste ínterim houve grandes avanços, e no século atual o avanço
da microbiologia chegou até a Indústria 4.0, pois é uma das vertentes desta
revolução a partir da aplicação da Biologia Sintética, a qual é conceituada como o
uso da engenharia genética para “criar novos sistemas biológicos a partir de partes
19

biológicas, normalmente a partir da junção de organismos diferentes, conhecidos por


‘tijolos biológicos” (MADIGAN, et al., 2016).
Do ponto de vista ainda conceitual, a Microbiologia é a ciência que estuda as
“formas de vida diminutas individualmente muito pequenas para serem vistas a olho
nu, os quais estão inclusos as bactérias, fungos (leveduras e fungos filamentosos),
protozoários e algas microscópicas, além de vírus” (TORTORA et al., 2012).
Estratégias das mais diversas para o Ensino da Microbiologia são utilizadas
em todos os níveis de Ensino, dado o desafio cotidiano relatado por diversos
autores. À título de exemplo, na Educação Básica, Barbosa e Oliveira (2015)
trabalharam com estudantes do Ensino Fundamental e relatam o uso de ferramentas
alternativas como desenvolvimento de vídeo didático, cultivo em placa com gelatina
e caldo de carne, e por fim a aplicação de questionário diagnóstico. No Ensino
Médio, Boas e Moreira (2012) avaliaram os livros didáticos utilizados por 334
estudantes, e concluíram que não há abordagem adequada sobre a importância da
microbiologia agrícola e ambiental, o que possibilita uma ampla oportunidade para
intervenções diversas, como palestras, workshops e aulas práticas. No Ensino
Superior, Coswosk e Giusta (2015) relatam êxito na abordagem de um curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas, onde os 46 participantes perceberam a
viabilidade da aplicação da ferramenta utilizada pelos autores nas suas respectivas
aulas. Há ainda iniciativas como o projeto proposto por Guimarães et al. (2016),
onde desenvolveram aulas práticas, seminários e oficinas com estudantes de todos
os níveis de ensino e com foco na microbiologia do cotidiano universitário e da
iniciação científica.
Faz-se pertinente mencionar que os desafios para o ensino da Microbiologia
não são exclusivos da educação brasileira e são enfrentados ao longo do tempo
também em outros países. Outras instituições e sistemas de ensino, como na
Inglaterra, demostram a falta de atividades experimentais nos laboratórios de
Ciências. Os autores extraíram os dados do Ministério da Educação do supracitado
país (GARDINER e FARRAGHER, 1999). A baixa atratividade pelo conteúdo da
Microbiologia e o papel marginal desta no âmbito dos currículos acadêmicos foram
retratados por Caine et al. (2015), os quais vieram a desenvolver uma plataforma
digital com a finalidade de expandir e tornar atrativo o ensino de Microbiologia. A
mesma interatividade digital foi desenvolvida por CRIPPEN et al. (2013) nos EUA, onde
20

35 professores de 15 Estados utilizaram a plataforma para ensino de Ciências, inclusive uso


de microscópios.
A interlocução entre a abordagem teórica e prática é discutida por alguns
autores. Smaniotto (2015) obteve como resultado do seu trabalho sobre a prática
profissional de do curso técnico de química do Instituto Federal Farroupilha que os
temas são estudados, por vezes, de forma “superficial e sem contemplar a esperada
dimensão dialógica entre formas diversificadas de conhecimento e ação”, mesmo
que previstas no PPC (Projeto Pedagógico do Curso).
Nesta toada da abordagem “prática e integrada”, a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional menciona que os cursos devem primar por superar a
organização curricular por disciplinas estanques e promover a interdisciplinaridade,
sendo que a “educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada, em instituições
especializadas ou no ambiente de trabalho” (BRASIL, 1996).
Com a consolidação da Rede Federal a partir da criação dos Institutos
Federais, potencializa-se a o cumprimento do objetivo anteposto referente a atuação
no ambiente de trabalho, haja vista os IF’s terem como premissa a atuação no
tocante a estimular o desenvolvimento da economia local e regional com a atuação
da tríade ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2008).

2.6 Práticas alternativas para Microbiologia

O contexto educacional no atual século, sobretudo, com o advento da Internet


e da alta velocidade do fluxo das informações suscitam uma série de novos estudos
sobre uma nova abordagem em sala de aula.
O uso das redes sociais, a capacitação dos profissionais, a aprendizagem
móvel, a metodologia ativa, o uso de aplicativos, entre outras, compõem o rol de
mudanças no cenário escolar (SANDE e SANDE, 2018; CAMARGO e DAROS,
2018; BERGMANN e SAMS, 2018).
O uso das redes sociais, a capacitação dos profissionais, a aprendizagem
móvel, a metodologia ativa, o uso de aplicativos, entre outras, compõem o rol de
mudanças no cenário escolar (SANDE e SANDE, 2018; CAMARGO e DAROS,
2018; BERGMANN e SAMS, 2018).
21

Apesar de todas as mudanças que naturalmente tendem a permear o


ambiente escolar, a ampla menção encontrada na literatura sobre práticas
alternativas para a Microbiologia conjectura intrinsecamente que há percalços a
serem superados para cumprimento da proposta estabelecida via PPC, sobretudo,
nas escolas públicas.
Métodos diversos são utilizados pelos docentes para promover a explicação
de fenômenos a partir do uso de materiais alternativos e/ou formas de apreender a
atenção dos estudantes para a Microbiologia, haja vista haver uma lacuna entre o
que é exposto durante a explicação de um determinado conteúdo e a sua
visualização/percepção por parte de quem nunca vivenciou a Microbiologia
(POETINI, 2016, MEIRA et al., 2016).
Sande e Sande (2018) utilizaram o aplicativo de celular Kahoot para estimular
e fixar o conteúdo mais essencial da disciplina de Microbiologia Industrial. Conforme
os autores, a percepção dos estudantes é positiva por criar um ambiente de
“competição como estímulo para o aprendizado”, com maior fixação do conteúdo.
Barbosa e Barbosa (2010) elencam em seu trabalho a utilização de materiais
alternativos para aulas práticas de microbiologia, como panela de pressão em
substituição a autoclave para esterilização por calor úmido, caixa de papelão
acoplada a uma lâmpada com termostato a 37°C para simular uma estufa e corante
de roupas para técnica de Gram.
Na falta de estrutura física adequada, o suporte oriundo de grandes centros
acadêmicos pode ser uma boa alternativa de disseminação. Bôas et al., (2015)
desenvolveu um projeto de Microbiologia do solo na Universidade Federal de
Lavras, o qual contemplou a realização de diversas atividades práticas com
estudantes do ensino médio de escolas da rede pública e privada do município. Os
autores acrescentaram que os livros didáticos, em especial de Biologia, não
abordavam o viés da microbiologia do solo. Cooperação semelhante ocorreu na
Universidade do Estado da Bahia, sendo os estudantes do curso de graduação
responsáveis pela condução de aulas práticas/experimentais com estudantes da
rede pública Estadual. O projeto contou com a utilização de meios de cultura e
visualização ao microscópio, e tinha por objetivo também suprir a carência desta
temática na rede Estadual de ensino (ROMEIRO et al., 2016). Já a Universidade
Estadual de Londrina (UEL) e o Instituto Federal do Paraná (IFPR) desenvolveram
um projeto de extensão voltado para o ensino médio e técnico, e para tal foram
22

realizadas diversas atividades práticas. O questionário aplicada anteriormente à


atividade e após a realização desta demonstrou a evolução da compreensão do
conteúdo, o que ratifica a importância das aulas práticas para compreensão e
capacitação técnica dos estudantes (KIMURA et al., 2013).
Em que pesem todos os esforços e alternativas empreendidas no sentido de
contribuir com aulas atrativas de Microbiologia, não diferentemente importante tem-
se o papel do docente responsável pela disciplina. O docente tem o papel peculiar
de vislumbrar os cenários possíveis para agregar valor à sua aula e assim mediar os
esforços em busca de opções metodológicas para suprir eventual carência estrutural
e/ou profissional. No contingente de artigos relacionados a este assunto, há uma
infinidade de opções, desde as abordagens já elencadas no presente trabalho, como
também outras, que adotaram Blog, Laboratório Virtual e até mesmo a
contextualização da Microbiologia no Enem, que certamente tal incremento
contribuiu de alguma forma com a formação dos estudantes por ele assistidos (LEAL
e SEPEL, 2017; SILVA, 2015; SODRÉ NETO e MEDEIROS, 2018).
Destarte, como já demonstrado, vários autores desenvolvem trabalhos na
perspectiva de tornar as aulas de Microbiologia mais atrativas ou com o foco na
formação docente e formação continuada. Moresco et al. (2017) realizaram
experimentos evolvendo conhecimentos de microbiologia para 15 docentes de
Ciências, os quais foram contemplados com um kit com material necessário para
realização de experimentos nas escolas e com a cartilha de orientação. A partir dos
dados coletados pelos autores, percebeu-se que a “maioria dos docentes não realiza
aulas experimentais de microbiologia devido à falta de material, conhecimento e
tempo para preparo e execução”. Bôas et al., (2018) constatou em seu trabalho de
levantamento de dados sobre a atuação docente na disciplina de Microbiologia, que
estes não foram qualificados para o uso de recursos audiovisuais, e embora os
estudantes entendam que esta ferramenta possa facilitar o aprendizado, preferem
aulas expostas em data show.
Por fim, é pertinente mencionar que para a existência desta perspicácia
educativa por parte do Educador, a formação continuada e/ou a formação com vistas
à realidade da docência em Microbiologia é um dos desafios existentes, pois
raramente são encontrados esforços governamentais que incentivem esta política,
ainda mais em área tão específica, como a microbiologia. Porém, como citado por
Moresco et al. (2017), a formação continuada é fundamental para suprir a lacuna
23

didática e os “obstáculos inerentes ao próprio processo de construção dessa


disciplina”.

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Elaborar roteiros de aulas práticas da disciplina “Laboratório de Microbiologia


Industrial” conforme ementário estabelecido no PPC do curso Técnico de Química,
no CEFET campus Timóteo.

3.2 Objetivos Específicos

a) Apresentar os desafios do ensino de Microbiologia nos níveis de ensino;


b) Estimar o custo para a implantação do laboratório de Microbiologia conforme
ementário.
24

4 MATERIAL E MÉTODOS

A disciplina do “Laboratório de Microbiologia Industrial” é o objeto alvo desta


proposta, que é a elaboração dos roteiros de aulas práticas para todos os itens do
ementário. Os roteiros serão divididos em dois formatos: a) formato para o professor,
o qual contemplará a explicação detalhada do roteiro, exercícios com respostas e
atividades complementares propostas; b) formato para o estudante, o qual constará
o roteiro da atividade, sem respostas e explicações contidas no roteiro do professor.
Complementarmente, serão discutidos os desafios e possibilidades para o
cumprimento do ementário estabelecido no PPC, que foi revisado pelo corpo
acadêmico do CEFETMG campus Timóteo, em 2016. Será utilizada a pesquisa
bibliográfica para realizar esta proposta nas bases de dados Google Acadêmico,
Periódicos Capes e outros materiais disponibilizados pelas Universidades, de forma
a serem adequados ao Ensino Médio Técnico.
Já para mensuração dos custos para a devida estruturação de um laboratório
de nível técnico para Microbiologia, dar-se-á a partir do levantamento de preços no
mercado e a partir dos materiais e equipamentos mencionados nos roteiros de aula
prática, bem como a partir do diagnóstico da estrutura já existente no campus.
Já a identificação do risco microbiológico e principais sinalizações de riscos
aos usuários, além de novo layout para o laboratório, serão norteadas a partir da
norma vigente, no caso, elaborada pela Comissão de Biossegurança do Ministério
da Saúde e instituída pela Portaria n°. 2349/2017 (BRASIL, 2017).
25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Diagnóstico da estrutura do Laboratório de Microbiologia

A disciplina de Microbiologia no CEFET campus Timóteo é contemplada com


2 aulas teóricas e 2 aulas práticas semanais, denominadas “Microbiologia Industrial”
e “Laboratório de Microbiologia Industrial”, respectivamente.
O campus dispõe de 4 laboratórios (A, B, C, D) com dimensões de 6 x 8m,
com bancada central, pias nas extremidades, armários e ar condicionado (figura 1).
O laboratório “C” é utilizado para as aulas de microbiologia, mas não é de uso
exclusivo, haja vista ser utilizado por outras disciplinas da área de Química.
Percebe-se que do ponto de vista da estrutura física, as instalações são de forma
geral adequada.

Figura 1 – Laboratório utilizado para aulas de Microbiologia

Fonte: autor (2018)

Já em relação aos equipamentos, vidrarias e reagentes há séria limitação,


sobretudo, quanto aos microscópios. Há 3 equipamentos destes, sendo que apenas
um (01) encontra-se em condições de uso. A estufa bacteriológica está danificada,
bem como uma (01) das duas autoclaves existentes. Há 8 meios de cultura
disponíveis, mas todos com data de vencimento superada por até 4 anos. Tubos de
ensaio e placas de Petri não chegam a 10 unidades.
Os principais equipamentos e insumos existentes no laboratório estão listados
no apêndice 1, mas embora não exista todos os equipamentos e/ou insumos
desejados para o cumprimento de algum roteiro de aula prática, entende-se que é
possível fazê-lo de forma parcial ou adequá-lo de alguma forma, cumprindo assim a
26

proposta da compreensão do conteúdo. Adicionalmente e especificamente quanto a


compra pública, esta deve ser realizada em conjunto entre campi ou instituições,
haja vista que em muitos casos há a venda mínima de determinados itens, que
podem ser excessivos para o uso de um único laboratório, além de ser possível
reduzir o custo da compra. À título de exemplo, Pipeta Pasteur são vendidas em
sacos com 500 unidades.
Assim posto, embora com estrutura física favorável ao desenvolvimento das
aulas, há sérias limitações para que se atinja, na devida profundidade conceitual e
demonstrativa, a proposta do ementário. Como já discutido, estas limitações ocorrem
em toda a educação brasileira, mas há possibilidades tangíveis para superar estes
obstáculos, como aulas com metodologia e uso de insumos alternativos, empréstimo
de equipamentos e até mesmo meios para buscar recursos financeiros para compra
de equipamentos, principalmente via edital de pesquisa, apesar das limitações
econômicas atuais no Brasil.

5.2 Roteiros de aula prática conforme ementário

A partir do diagnóstico da estrutura física e laboratorial existente, e com o


ementário da disciplina do Laboratório de Microbiologia Industrial (anexo 2),
procedeu-se a elaboração de cada um dos roteiros de aulas práticas conforme o
ementário. Assim, foi elaborado o roteiro para o “professor”, o qual dispõe de
material explicativo, exercícios propostos com respostas e atividades
complementares. O formato padrão de cada roteiro de aula é dividido em: título,
objetivos, método, duração das aulas, abordagem conceitual, exercícios e
referências bibliográficas. Figuras e/ou tabelas ilustram e elucidam o roteiro,
conforme consta no apêndice 2. Já o roteiro com formato para os “estudantes” é
similar ao roteiro do formato do “professor”, mas sem algumas explicações
explícitas, de forma a não induzir o estudante, bem como a ausência das respostas
dos exercícios. O formato “estudante” consta no apêndice 3.
Foram elaborados 30 roteiros de aulas práticas, os quais juntamente com
atividades de duas visitas técnicas (Laticínios Funarbe da Universidade Federal de
Viçosa e Laboratório de Microbiologia do curso de Biomedicina da Universidade
27

Única – campus Ipatinga) e uma palestra com colaborador externo, no caso,


bioquímico do hospital da cidade para demonstrar a rotina do laboratório e
diagnóstico microbiológico, haja vista o impedimento da visita in loco por questões
de segurança impostas pelos laboratórios consultados.
No tocante aos roteiros de aula prática estes cumpriram com o objetivo de
cada conteúdo abordado, em menor ou maior grau de qualidade, em função de
todas as limitações já elencadas. Todavia, vale ressaltar que a formulação destes
roteiros é de fundamental aplicação para aulas nos anos letivos vindouros, os quais
devem ser aperfeiçoados à medida do possível e, ainda, podem ser utilizados por
outros cursos técnicos com abordagem correlata. O roteiro de aula é importante para
cumprir o planejamento e oferecer um direcionamento ao conteúdo abordado, que
conforme diversos autores compreender uma etapa essencial do êxito acadêmico
(QUADROS e MORTIMER, 2016; MARINHO et al., 2015).
Sobre a realização de palestras e visitas técnicas, em especial este último,
diversos autores destacam que se trata de realização fundamental para a formação
profissional do Ensino Médio, pois é o momento de contato direto com o trabalho
que poderão desenvolver no futuro. É também um momento de divulgação da
pesquisa e com conotação social, principalmente quando há visitas em laboratórios
de pesquisa científica (HARRISON e LIMA, 2010; WATANABE e KAWAMURA,
2015).
Assim, os conjuntos das atividades desenvolvidas, em especial, os roteiros de
aula prática, perfizeram todo o ementário. Abaixo são apresentadas as figuras 2 a 9,
as quais contemplam alguma das atividades práticas que foram realizadas conforme
o roteiro e as visitas técnicas.

Figura 2 – Atividade de extração do DNA da cebola

Fonte: autor (2018)


28

Figura 3 – Efeito osmótico em sangue bovino

Fonte: autor (2018)

Figura 4 – Preparação do iogurte de Kefir

Fonte: autor (2018)

Figura 5 – Cultivo de amostra de compostagem de resíduo doméstico em placa de


Petri com Meio de cultura Ágar-Ágar

Fonte: autor (2018)


29

Figura 6 – Oxidação enzimática de alimentos

Fonte: autor (2018)

Figura 7 – Preparação de queijo com uso do Coalho

Fonte: autor (2018)

Figura 8 – Visita na Fábrica de Laticínios Funarbe - UFV

Fonte: autor (2018)


30

Figura 9 – Visita no Laboratório de Microbiologia da Universidade Única – campus Ipatinga

Fonte: autor (2018)

Outra ação proposta foi a alteração do layout do Laboratório com vistas a


otimizar a realização da análises e segurança dos envolvidos. O apêndice 4
apresenta o novo layout e a disposição dos equipamentos. A sala tem 48m2, com
uma bancada central e pias dispostas nas extremidades da bancada. Há ainda 3
salas de apoio, as quais foram adequadas para 3 finalidades: a) pesagem com
balança de precisão (já adotado anteriormente); b) alimentos; c) microscopia e
reagentes.
A norma Brasileira instituída pela portaria da Anvisa (Agência de Vigilância
Sanitária) classifica os laboratórios em 4 graus de risco de Biossegurança, variável
em função das atividades empenhadas (BRASIL, 2010). Sangioni et al. (2013) em
trabalho realizado sobre os laboratórios de microbiologia e parasitologia nas
universidades brasileiras, sugere que medidas de segurança devem ser priorizadas
nos laboratórios, haja vista a necessidade para adequação dos procedimentos
operacionais para a manipulação de agentes biológicos patogênicos em função das
novas tecnologias, de forma a garantir a segurança dos profissionais, acadêmicos e
até do meio ambiente.
Assim, somadas às condições físicas e de planejamento do conteúdo, não
menos importante é a formação docente ou a formação continuada para alguns
casos. É inegável que a habilidade para contornar os desafios impostos para o
Ensino da Microbiologia perpassa pelo conhecimento e esmero para realização de
todas as atividades. Uma das formas de agregar valor a estas aulas é a formação
continuada nas suas mais variadas formas. A literatura é farta quanto a atribuição de
atribuir aos coordenadores pedagógicos o protagonismo na formação continuada,
mas normalmente não é o que ocorre (ALMEIDA e PLACCO, 2014). Já para Ferrari
31

Júnior e Rink (2018) a formação continuada por meio de cursos EaD (Ensino à
Distância) oferece a vantagem de compartilhar o conhecimento com docentes de
Escolas Profissionais de Nível Técnico em função da facilidade de gestão do tempo,
todavia, há limitações quanto ao suporte dos tutores.
Por fim, o exposto no presente trabalho está longe de esgotar as
possibilidades e oportunidades concernentes à curva de aprendizado que dar-se-á
doravante à ministração das aulas da disciplina de Laboratório de Microbiologia
Industrial.

5.3 Custos para instalação do Laboratório de Microbiologia Industrial

As atividades práticas em Microbiologia são fundamentais para a


compreensão dos fenômenos existentes, mas também em função do público, que
por natureza da jovialidade, apresentam muitas curiosidade e ansiedade, até mesmo
pela visão abstrata que os estudantes apresentam sobre os microrganismos, além
da percepção mais estritamente deletéria destes (ANTUNES et al., 2012).
Notadamente, os custos para realização das aulas práticas de Microbiologia
apresentaram considerada elevação dos preços, até mesmo porque muitos dos
produtos comercializados são via comércio internacional, como meios de cultura e
até equipamentos, assim, até oscilações cambiais interferem nos valores
(BARBOSA e BARBOSA, 2010).
Desta forma, o emprego de materiais alternativos emerge como alternativa
para compreensão dos processos microbiológicos. Vários autores
Em que pesem as mais diversas alternativas para fins didáticos a partir do
uso de métodos e materiais alternativos para as aulas de Microbiologia, há de se
considerar 2 aspectos importantes: a) o conceito da Ciência como algo reprodutível
e confiável; b) o contexto do mundo do trabalho, o qual o estudante egresso
provavelmente estará inserido em uma empresa que utiliza a tecnologia aceita e
válida, ou seja, meios de cultura, equipamentos e protocolos consagrados.
Sob esta ótica, embora os materiais alternativos possibilitem a compreensão
dos fenômenos, o manuseio das técnicas e equipamentos clássicos (vidrarias,
autoclave, meios de cultura, assepsia laboratorial e outras) capacita o estudante
32

para a realidade de mercado. A própria LDB, no artigo 36, elenca que “a oferta de
formação com ênfase técnica e profissional considerará a inclusão de vivências
práticas de trabalho no setor produtivo ou em ambientes de simulação, inclusive por
meio de parcerias” (BRASIL, 1996).
Apesar da vocação da formação técnica, nem sempre os egressos culminam
imediatamente no mercado de trabalho. Estudos para acompanhamento do egresso
são por vezes limitados, pois nem sempre é possível estabelecer o vínculo
institucional e assim averiguar a atuação. Ainda assim, no Instituto Federal de Minas
Gerais, campus Governador Valadares, o acompanhamento de duas turmas de dois
cursos Técnicos Integrados finalizados em 2016 (Técnico em Meio Ambiente e
Técnico em Segurança do Trabalho), com 25 e 27 estudantes, respectivamente,
chegou ao resultado expresso nas tabelas 1 e 2 abaixo. É possível inferir o alto
aproveitamento em instituições Federais e por vezes a aprovação em até 2
instituições, e nos mais diferentes cursos, ou seja, não seguiram a verticalização ou
Área Acadêmica cursada no Ensino Médio. Neste recorte observa-se ainda que
nenhum estudante ingressou no mercado de trabalho, 29 foram aprovados em
Universidades Federais e/ou particulares, 9 estudantes foram aprovados em
Universidades Particulares, 11 estudantes não foram aprovados nos cursos
desejados e 5 estudantes seguem sem informações.
33

Tabela 1 – Dados dos egressos de 2016 do Curso Técnico de Meio Ambiente

APROVAÇÃO
ENSINO FUNDAMENTAL UNIVERSITÁRIA CURSO SUPERIOR
Maior parte Escola Pública NÃO
Maior parte Escola Pública IFMG / UVV / UNIVALE Eng. de Produção / Eng. Civil
Somente Escola Pública IFES - VITÓRIA Letras
Maior parte Escola Pública UNIFEI Engenharia Mecânica
Somente Escola Pública NÃO
Somente Escola Pública UNIVALE Arquitetura e Urbanismo
Somente Escola Pública NÃO
Maior parte Escola Particular UNIFEI Engenharia Mecânica
Somente Escola Particular FADIVALE Direito
Somente Escola Particular NÃO
Somente Escola Pública UFVJM / IFMG Agronomia
Somente Escola Pública NÃO
Somente Escola Pública NÃO
Somente Escola Pública --
Maior parte Escola Particular PITÁGORAS Engenharia Mecânica
Somente Escola Pública UFJF - Juiz de Fora Nutrição
Somente Escola Pública NÃO
Maior parte Escola Pública UFJF - Juiz de Fora Direito
Somente Escola Particular UFPEL Antropologia
Somente Escola Particular UFES Engenharia de Petróleo
Somente Escola Particular UNIPAMPA Relações Públicas
Somente Escola Pública UFJF / UNIVALE Nutrição e Direito
Somente Escola Pública UFJF - Juiz de Fora Ciências Econômicas
Somente Escola Particular UNIFEI / UFES Eng. Mecânica/Eng. Computação
Somente Escola Pública NÃO
Fonte: IFMG GV (adaptado), 2019
34

Tabela 2 – Dados dos egressos de 2016 do Curso Técnico de Segurança do Trabalho

ENSINO FUNDAMENTAL APROV. UNIVERSIDADE CURSO


Somente Escola Particular UFJF - GV Odontologia
Somente Escola Particular UNIFEI Engenharia Elétrica
Maior parte Escola Particular UNIVALE Engenharia Civil e Ambiental
Somente Escola Pública UFF Matemática
Somente Escola Pública ---
Somente Escola Particular UFES Sistema de Informação
Somente Escola Pública MULTIVIX Odontologia
Somente Escola Pública IF SUDESTE RIO POMBA Ciência da Computação
Maior parte Escola Pública UFJF-GV / UNIVALE-PROUNI Contábeis/Eng. Civil e Amb.
Maior parte Escola Particular IFMG - VALADARES Engenharia de Produção
Somente Escola Particular UFOP Sistemas de Informação
Somente Escola Particular UNIVALE / UFJF - GV Odontologia
Somente Escola Pública UFBA Letras
Somente Escola Particular PITÁGORAS Engenharia Mecânica
Somente Escola Pública UFMG Matemática
Somente Escola Pública NÃO
Maior Parte Escola Particular UFJF - GV Ciências Econômicas
Somente Escola Particular UFG / UNB Med. Veterinária e Biomedicina
Somente Escola Pública PITÁGORAS Arquitetura e Urbanismo
Somente Escola Particular NÃO
Somente Escola Pública UFTM Ciências Biológicas
Somente Escola Particular ---
Somente Escola Pública UFLA Engenharia
Somente Escola Pública ---
Maior Parte Escola Pública UFJF - Juiz de Fora Psicologia
Maior Parte Escola Pública UNIVALE Engenharia Civil
Somente Escola Particular NÃO
Somente Escola Particular --- -
Fonte: IFMG GV (adaptado), 2019

Outros trabalhos também retratam a dificuldade de obter dados atualizados


dos egressos, todavia, ainda assim apresentam números interessantes para análise.
É o caso do trabalho de Sampaio e Almeida (2013), envolvendo 144 estudantes
formados entre 2005 e 2006 na modalidade subsequente (estudantes que já
concluíram o ensino médio), onde 61% estão no mercado de trabalho na área
vinculado ao curso de formação técnica, mas no bojo da formação oferecida estes
estudantes também anseiam pela preparação para a sequência acadêmica de nível
superior.
35

No tocante aos desafios orçamentários a serem superados pelas instituições


de ensino, a formação de estudantes a partir de uma realidade de ensino laboratorial
mais aproximada da realidade seria o ideal. Contudo, ao menos nas Escolas
Técnicas o acesso a recursos financeiros para compra de equipamentos dar-se de
diferentes formas, como por meio de licitação ou nos editais de pesquisa para
financiamento de projetos, que podem variar de acordo com a disponibilidade
orçamentária. No ano de 2014 o valor de cada projeto contemplado chegava a
R$25.000,00, todavia, a crise financeira limitou ainda mais a publicação desta
modalidade de edital (CEFETMG, 2014). Há ainda editais que são regularmente
publicados por agências de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais – FAPEMIG (FAPEMIG, 2019). A submissão de projetos
para obtenção destes recursos deve ser fomentada na instituição escolar.
A partir do ementário e do roteiro de aulas práticas, foi relacionado os
principais materiais permanentes e de consumo para o Laboratório de Microbiologia
Industrial, considerado para nível de Biossegurança 2 e para a formação técnica
pretendida, de forma a se obter o custo aproximado para a instalação e utilização
para 3 anos letivos de atividades de Ensino. Para tal, foi desconsiderado os custos
com a estrutura física (obra civil). Com o orçamento realizado em empresas
renomadas no Brasil e com expertise na venda de produtos laboratoriais, chegou-se
ao valor de R$153.980,90, sendo que o detalhamento consta no apêndice 1. Vale
destacar que o custo inicial é elevado, mas para fins estritamente didáticos os
insumos como um todo podem ter durabilidade de 2 ou 3 anos, como por exemplo
os meios de cultura. Não obstante, o laboratório em questão tem a finalidade de
formação técnica profissional, o que culminará em custo superior em detrimento de
um laboratório de microbiologia com finalidade apenas didática, para o mesmo nível
de ensino ou não.
A proposta de se estabelecer o padrão de “Laboratório de Microbiologia”
corrobora com o estudo proposto por Soares Neto et al.(2013), pois minimiza a
avaliação dos dados censitários do INEP, por exemplo, quando no ato de obtenção
dos dados em cada estabelecimento escolar. O glossário do Censo Escolar 2018
define “laboratório de ciências” como (INEP, 2019b):

“Espaço com características e equipamentos próprios, destinado à


demonstração ou realização de exames, análises, simulações, testes, ensaios,
36

medições, entre outros, que contribuem para investigações científicas e atividades


experimentais nas diversas áreas: física, química, biologia”.

Assim, a partir de uma estrutura padronizada, torna-se os dados coletados


mais fidedignos quanto o significado da escola dispor ou não de um “laboratório de
ciências” com a devida infraestrutura adequada. O MEC (Ministério da Educação)
disponibiliza o modelo de 27 laboratórios para os mais distintos cursos técnicos,
todavia, não há menção para o laboratório de Microbiologia, mas os laboratórios de
Biologia, Análises Química e Química são os mais correlatos (MEC, 2019), apesar
da relação de equipamentos, insumos e vidrarias ser bem inferior ao mencionado no
apêndice 1, com vistas ao cumprimento do ementário.
37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar dos percalços do cotidiano escolar, foi possível cumprir todo o


ementário da Disciplina a partir dos 30 roteiros de aulas práticas, pois há uma gama
de possibilidades de atividades práticas disponíveis para ser ajustada a cada
realidade escolar, o que no presente caso certamente contribuiu para a
compreensão dos conceitos e das técnicas laboratoriais de Microbiologia.
Em que pesem as mais diversas possibilidades didáticas para fins de
demonstração dos conceitos e compreensão dos temas abordados, o nível de
formação profissional técnica requer o uso dos materiais mais próximos possíveis à
realidade do mundo do trabalho do profissional da área técnica de microbiologia, de
forma que o estudante tenha maior compreensão da realidade e produtividade no
mercado, e que por isto, justifica-se a necessidade do investimento mensurado
(R$153.980,90). Ademais, os custos para infraestrutura laboratorial da disciplina de
Laboratório de Microbiologia Industrial não são tão expressivos diante do ganho de
qualificação profissional proposta para o Ensino Técnico Profissionalizante.
Não menos importante, a formação continuada é de suma importância para
que os desafios sejam superados dentro das realidades das escolas públicas do
Brasil, em especial.
Por fim, cabe salientar que o presente roteiro com está longe de esgotar as
possibilidades de aprofundamento conceitual e/ou mesmo representar uma forma
singular de desenvolver os conteúdos propostos, haja vista existir uma gama de
experimentos correlatos para cada um dos itens do ementário em análise.
38

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. Formação continuada de professores no contexto de
trabalho: do prescrito ao executado. Revista @mbienteeducação. Universidade Cidade de
São Paulo. 2014. Disponível em: <
http://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/ambienteeducacao/article/view/497/473 >. Acesso:
12 Dez. 2018.
ARAÚJO, A. C.; SILVA, C. N. N. ENSINO MÉDIO INTEGRADO NO BRASIL:
FUNDAMENTOS, PRÁTICAS E DESAFIOS. Adilson César Araújo e Cláudio Nei
Nascimento da Silva (orgs.) – Brasília: Ed. IFB, 2017. 569 p. Disponível em: <
http://www.anped.org.br/sites/default/files/images/livro_completo_ensino_medio_integrado_-
_13_10_2017.pdf >. Acesso: 27 Nov. 2018.
ARAÚJO, R. M. L.; FRIGOTTO, G. Práticas pedagógicas e ensino integrado. Revista
Educação em Questão. 2015. Disponível em: <
https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/7956/5723 >. Acesso: 27 Nov.
2018.
BARBOSA, F. H. F.; BARBOSA, L. P. J. Alternativas metodológicas em Microbiologia -
viabilizando atividades práticas. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA, V. 10,
n. 2. 2010. Disponível em: < http://www.redalyc.org/html/500/50016922015/ >. Acesso: 04
Nov. 2018.
BARBOSA, F. G.; OLIVEIRA, N. C. Estratégias para o Ensino de Microbiologia: uma
Experiência com Alunos do Ensino Fundamental em uma Escola de Anápolis-GO. Revista
de Ensino, Educação e Ciências Humanas. Londrina-PR. 2015. Disponível em: <
http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/ensino/article/view/326/304 >. Acesso: 18 Nov.
2018.
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de
aprendizagem. Tradução: Afonso Celso da Cunha Serra. 1ª ed. Rio de Janeiro - RJ: LTC.
104p. 2018.
BÔAS, R. C. V.; et al.. ATIVIDADES LABORATORIAIS DE MICROBIOLOGIA DO SOLO:
UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE BIOLOGIA NO NÍVEL MÉDIO. Revista Ciências e
Ideias. 2015. Disponível em: <
http://revistascientificas.ifrj.edu.br:8080/revista/index.php/reci/article/view/375/342 >. Acesso:
28 Nov. 2018.
BÔAS, R. C. V.; NASCIMENTO JÚNIOR, A. F.; MOREIRA, F. M. S. Utilização de recursos
audiovisuais como estratégia de ensino de Microbiologia do Solo nos ensinos fundamental II
e Médio. Revista Práxis, v. 10, n. 19. 2018. Disponível em: <
http://revistas.unifoa.edu.br/index.php/praxis/article/view/691/1803 >. Acesso: 27 MNov.
2018.
39

BRASIL. LEI Nº 11.892, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2008. Institui a Rede Federal de


Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11892.htm >. Acesso: 25 Out.
2018.
BRASIL. DECRETO Nº 2.208, DE 17 DE ABRIL DE 1997. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2208.htm >. Acesso em: 18 Nov. 2018.
BRASIL. Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004. Regulamenta o § 2º do art. 36 e os
artigos 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Regulamenta a Educação
Profissional. 2004. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2004/Decreto/D5154.htm >. Acesso: 18 Nov. 2018.
BRASIL. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Diário Oficial [da União], Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm >. Acesso em: 25 Out. 2018.
BRASIL. Nova Lei do Ensino Médio. Lei n.°13415/2017. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm >. Acesso em: 15
Nov. 2018.
BRASIL. Classificação de risco dos agentes biológicos. Ministério da Saúde. Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia.
2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 44p. Disponível em: <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/classificacao_risco_agentes_biologicos_2ed.pdf
>. Acesso: 18 de Nov. 2018.
BRASIL. Aprova a Classificação de Risco dos Agentes Biológicos elaborada em 2017,
pela Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS), do Ministério da Saúde. PORTARIA
Nº 2.349, DE 14 DE SETEMBRO DE 2017. 2017. Disponível em: <
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2349_22_09_2017.html >. Acesso: 13
Dez. 2018.
CAINE, M.; et al. BiOutils: an interface to connect university laboratories with microbiology
classes in schools. FEMS Microbiology Letters, Vol. 362, 2015. Disponível em: <
https://academic.oup.com/femsle/article/362/20/fnv171/544527 >. Acesso: 23 Fev. 2019.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para
fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre – RS: Penso. 123p. 2018.
CEFET MG. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Edital de Pesquisa
interno. Disponível em: < http://www.dppg.cefetmg.br/wp-
content/uploads/sites/164/2018/04/PROPESQ-No.-185-14-2015-2016.pdf >. Acesso: 01 Fev.
2019.
40

COSTA, G. L. M. O ensino médio no Brasil: desafios à matrícula e ao trabalho docente.


Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília – DF. 2013. Disponível em: <
http://www.emaberto.inep.gov.br/index.php/rbep/article/viewFile/395/384 >. Acesso: 26 Nov.
2018.
COSWOSK, E. D.; GIUSTA, A. S (in memoriam). PRÁTICAS INVESTIGATIVAS NO
ENSINO DE MICROBIOLOGIA: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA INICIAÇÃO À
PESQUISA. Revista Investigações em Ensino de Ciências. 2015. Disponível em: <
https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/41/19 >. Acesso: 18 Nov. 2018.
CRIPPEN, L. M.; ARCHAMBAULT, L. M.; KERN, C. L. The Nature of Laboratory Learning
Experiences in Secondary Science Online. Research in Science Education, vol. 43, 2013.
Disponível em: < https://link.springer.com/article/10.1007/s11165-012-9301-6 >. Acesso: 25
Fev. 2019.
FAPEMIG. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Edital de Pesquisa
com recursos financeiros e possibilidade para aquisição de equipamentos. Disponível em: <
https://fapemig.br/pt/chamadas_abertas_oportunidades_fapemig/ >. Acesso: 02 Fev. 2019.
FERRARI JÚNIOR, J. RINK J. A FORMAÇÃO CONTINUADA EAD PARA A EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO: UM OLHAR PARA AS CONCEPÇÕES DE
DOCENTES. Congresso Internacional de Educação e Tecnologias. Encontro de
pesquisadores de Educação à Distância. 2018. Disponível em: <
http://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2018/article/view/569/98 >. Acesso: 13 Dez.
2018.
GARDINER, P, G.; FARRAGHER, P. The Quantity and Quality of Biology Laboratory Work in
British Columbia High Schools. Biology Lab. Work in British Columbia. 1999. Disponível
em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/j.1949-8594.1999.tb17474.x >. Acesso:
23 Fev. 2019.
GUIMARÃES, V. B. S.; et al.. DA ESCOLA À UNIVERSIDADE: AÇÕES EDUCATIVAS DO
PROJETO MICROBIOTA - EXPLORANDO UM MUNDO INVISÍVEL. Revista Expressa
Extensão. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas – RS. 2016. Disponível em: <
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/expressaextensao/article/view/7893/7025 >.
Acesso: 18 de nov. 2018.
HARRISON, K. M. P.; LIMA, A. P. Visitas Técnicas: interação escola-empresa. Curitiba:
Editora CRV, 2010, 265p. BAKHTINIANA, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 166-168. 2010 (fragmento
de texto). Disponível em: <
file:///C:/Users/flaviobarony/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bb
we/TempState/Downloads/3379-7654-2-PB%20(2).pdf >. Acesso: 12 Dez. 2018.
41

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil em Síntese. 2018. Disponível


em: < https://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao/taxa-de-analfabetismo-das-pessoas-de-
15-anos-ou-mais.html >. Acesso: 15 Nov. 2018.
IFAM –Instituto Federal do Amazonas. Curso Técnico de Nível Médio Integrado de Química.
2015. Disponível em: <
http://www2.ifam.edu.br/campus/cmc/arquivos/cursos/tecnico/quimica/disciplinas-e-carga-
horaria-integrado >. Acesso: 03 Nov. 2018.
IFMG – Instituto Federal de Minas Gerais. Institutos federais alcançam média similar à de
países desenvolvidos em exame internacional. 2016. Disponível em: <
https://www2.ifmg.edu.br/portal/noticias/alunos-de-institutos-federais-alcancam-media-de-
paises-desenvolvidos-em-exame-internacional >. Acesso: 29 Out. 2018.
IFSC – Instituto Federal de Santa Catarina. Matriz curricular do Curso Técnico Integrado de
Química. 2018. Disponível em: <
https://sig.ifsc.edu.br/sigaa/link/public/curso/curriculo/3564230 >. Acesso: 03 Nov. 2018.
IFSP – Instituto Federal de São Paulo. PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO TÉCNICO
INTEGRADO EM QUIMICA. Campus Suzano – SP. 2015. Disponível em: <
http://szn.ifsp.edu.br/portal2/arquivos/artigos/374/ppc_quimica_integrado.pdf >. Acesso: 03
Nov. 2018.
IFPE - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLÓGICA DE
PERNAMBUCO – CAMPUS RECIFE. PLANO DO CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA
INTEGRADO. 2014. Disponível em: <
https://portal.ifpe.edu.br/campus/recife/cursos/tecnicos/integrados/quimica/projeto-
pedagogico/ppc-quimica-integrado_2014-recife.pdf >. Acesso: 03 Nov. 2018.
IFG – Instituto Federal de Goiás – campus Itumbiara. Curso Técnico Integrado em Química.
2015. Disponível em: < http://cursos.ifg.edu.br/info/tecint/tecnico-quimica/CP-ITU >. Acesso:
03 Nov. 2018.
INEP. Mapa do Analfabetismo no Brasil. 2004. Disponível em: <
http://portal.inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-
/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/485756 >. Acesso: 15 Nov. 2018.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo
Escolar 2017: notas estatísticas. 2018. Disponível em: <
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2018/notas_
estatisticas_Censo_Escolar_2017.pdf >. Acesso: 29 out. 2018.
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Censo
Escolar 2018: notas estatísticas. 2019a. Disponível em: <
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2018/notas_
estatisticas_censo_escolar_2018.pdf >. Acesso: 22 Fev. 2019.
42

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Resumo


Técnico: Censo da Educação Básica 2018 [recurso eletrônico]. – Brasília: 2019b. Disponível
em: < http://portal.inep.gov.br/informacao-da-publicacao/-
/asset_publisher/6JYIsGMAMkW1/document/id/6386080 >. Acesso: 22 Fev. 2019.
KIMURA, A. H. et al.. MICROBIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO E TÉCNICO:
CONTRIBUIÇÃO DA EXTENSÃO AO ENSINO E APLICAÇÃO DA CIÊNCIA. Revista
Conexão UEPG. 2013. Disponível em: <
http://177.101.17.124/index.php/conexao/article/view/5516/3664 >. Acesso: 28 Nov. 2018.
LEAL, A. J.; SEPEL, L. M. A INCLUSÃO DIGITAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS:
ANALISANDO LABORATÓRIOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM. Tear: revista de
Educação, Ciência e Tecnologia. 2017. Disponível em: <
https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/tear/article/view/2225/1576 >. Acesso: 28 Nov. 2018.
MACHADO, L. R. S. Ensino médio e técnico com currículos integrados: propostas de
ação didática para uma relação não fantasiosa. In: JAQUELINE MOLL & Colaboradores.
(Org.). Educação profissional e tecnológica no Brasil contemporâneo: Desafios, tensões e
possibilidades. 1ª ed. Porto Alegre, RS: ARTMED EDITORA S.A., 2009. Capítulo
disponibilizado na Internet. Disponível em: < http://www.mestradoemgsedl.com.br/wp-
content/uploads/2010/06/Ensino-Médio-e-Técnico-com-Currículos-Integrados-propostas-de-
ação-didática-para-uma-relação-não-fantasiosa.pdf >. Acesso: 27 Nov. 2018.
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et al.
Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
MARINHO, J. C. B.; SILVA, G. R.; SILVA, J. A. Planejamento Cooperativo como método de
investigação da sala de aula. REVISTA ELETRÔNICA DE EDUCAÇÃO. São Carlos (SP):
Universidade Federal de São Carlos. 2015. Disponível em: <
http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/968 >. Acesso: 12 Dez. 2018.
MEC - Ministério da Educação. Catálogo Nacional de cursos Técnicos. Atualizado pela
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE DEZEMBRO DE 2014. 3ª edição. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/observatorio-da-educacao/30000-uncategorised/52031-catalogo-
nacional-de-cursos-tecnicos >. Acesso: 26 Nov. 2018.
MEC - Ministério da Educação. Portal da Rede Federal de Educação Profissional, Científica
e Tecnológica. Expansão da Rede Federal. 2018. Disponível em: <
http://redefederal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal >. Acesso: 29 Out. 2018.
MEC - Ministério da Educação. Novo Ensino Médio – DÚVIDAS. 2018. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361#nem_01 >. Acesso: 26 Nov.
2018.
MEC. Ministério da Educação. Modelos de Laboratório. 2019. Disponível em: <
http://portal.mec.gov.br/forum-nacional-de-educacao-superior/292-programas-e-acoes-
43

1921564125/brasil-profissionalizado-1679083084/13790-laboratorios >. Acesso: 25 Fev.


2019.
MEIRA, I. A.; et al. ENSINO-APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE PRÁTICAS LABORATORIAIS
DE MICROBIOLOGIA. Ciência & Tecnologia: FATEC-JB, Jaboticabal, v. 8, 2016.
Disponível em: < http://www.citec.fatecjab.edu.br/index.php/files/article/view/659/pdf_1 >.
Acesso: 04 Nov. 2018.
MORESCO, T. R. et al.. Ensino de microbiologia experimental para Educação Básica no
contexto da formação continuada. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias.
2017. Disponível em: <
http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen16/REEC_16_3_2_ex1156.pdf >. Acesso: 18 nov.
2018.
KRAWCZYK, N. REFLEXÃO SOBRE ALGUNS DESAFIOS DO ENSINO MÉDIO NO
BRASIL HOJE. Caderno de Pesquisa – Fundação Carlos Chagas. 2011. Disponível em:
< http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/70/86 >. Acesso: 26 Nov. 2018.
O GLOBO. Jornal. O GLOBO. Governo exclui 96% dos institutos federais em divulgação do
Enem por escola. Reportagem. 2016. Disponível em: <
https://g1.globo.com/educacao/noticia/governo-exclui-96-dos-institutos-federais-em-
divulgacao-do-enem-por-escola.ghtml >. Acesso: 29 Out. 2018.
PACHECO, E. M. Os Institutos Federais – Uma Revolução na Educação Profissional e
Tecnológica. Natal: IFRN, 2010.
PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Resultados de Ciências –
equipe nacional – seminário. 2015. Disponível em: <
http://portal.inep.gov.br/web/guest/acoes-internacionais/pisa/resultados >. Acesso: 22 Nov.
2018.
PNE – Plano Nacional da Educação. O Observatório do PNE. 2018. Disponível em: <
http://www.observatoriodopne.org.br/home/11/22/#a-plataforma >. Acesso: 15 Nov. 2018.
PNP – Plataforma Nilo Peçanha. Estatísticas Oficiais da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica. Ano Base 2017. Versão 2 – edição 2018. Disponível
em: < https://www.plataformanilopecanha.org/ >. Acesso: 29 Out. 2018.
POETINI, F. P. MEIOS DE CULTURA ALTERNATIVOS À ATIVIDADES PRÁTICAS PARA
O ENSINO DE MICROBIOLOGIA. Trabalho de Conclusão de Curso e requisito parcial para
a obtenção do título de graduado em Ciências da Natureza - Licenciatura. Uruguaiana –
2016. Disponível em: < http://dspace.unipampa.edu.br/bitstream/riu/1706/1/Filipe-Bastos-
Poetini.pdf >. Acesso: 01 Nov. 2018.
QUADROS, A. L.; MORTIMER, E. F. FORMADORES DE PROFESSORES: ANÁLISE DE
ESTRATÉGIA QUE OS TORNAM BEM SUCEDIDOS JUNTO AOS ESTUDANTES. Revista
44

Investigações em Ensino de Ciências – V21, 2016. Disponível em: <


https://www.if.ufrgs.br/cref/ojs/index.php/ienci/article/view/16/2 >. Acesso: 12 Dez. 2018.
RAPOSO, M.; MACIEL, D. A. As Interações Professor-Professor na Co-Construção dos
Projetos Pedagógicos na Escola. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa. Instituto de
Psicologia da Universidade de Brasília. 2005. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/%0D/ptp/v21n3/a07v21n3.pdf >. Acesso: 25 Nov. 2018.
REBOUÇAS, M. V.; PINTO. A. C.; ANDRADE, J. B. QUAL É O PERFIL DO PROFISSIONAL
DE QUÍMICA QUE ESTÁ SENDO FORMADO? ESSE É O PERFIL DE QUE A SOCIEDADE
NECESSITA? Revista Quim. Nova, Vol. 28, Suplemento. 2005. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v28s0/26769.pdf >. Acesso em: 09 Out. 2018.
ROMEIRO, S. S.; SOUSA, L .F.; OLIVEIRA, L. S. MICROBIOLOGIA: UMA ABORDAGEM
ATRAVÉS DE AULAS PRÁTICAS/EXPERIMENTAIS. I CONGRESSO BRASILEIRO DE
MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, AGRÍCOLA E AMBIENTAL (CBMAAA) – UNESP.
2016. Disponível em: < http://www.citec.fatecjab.edu.br/index.php/files/article/view/657/pdf >.
Acesso: 28 Nov. 2018.
SAMPAIO, R. L.; ALMEIDA, A. R. S. TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO TÉCNICA: UM
ESTUDO DE CASO COM OS EGRESSOS DO INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA. Revista
e-Curriculum, PUC São Paulo, v.11. 2013. Disponível em: <
https://www.redalyc.org/html/766/76628121018/ >. Acesso: 25 Fev. 2019.
SANDE, D.; SANDE, D. USO DO KAHOOT COMO FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO E
ENSINO APRENDIZAGEM NO ENSINO DE MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL. Revista
Holos. 2018. Disponível em: <
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/6300 >. Acesso: 18 Nov. 2018.
SANGIONI, L. A.; et al. Princípios de biossegurança aplicados aos laboratórios de ensino
universitário de microbiologia e parasitologia. Revista Ciência Rural, 2013. Disponível em:
< http://www.scielo.br/pdf/cr/v43n1/a0313cr4897.pdf >. Acesso: 18 de Nov. 2018.
SILVA, E. J. I. A. O uso do blog no ensino e aprendizagem da microbiologia. 2015. 61 f.
Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) - Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2015. Disponível em: < http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/17776 >.
Acesso: 18 Nov. 2018.
SILVA, E. R.; SOUZA, A. S. Introdução ao Estudo da Microbiologia: Teoria e Prática.
Brasília - DF: Editora do IFB. 67 p. 2013. Disponível em: <
http://revistaeixo.ifb.edu.br/index.php/editoraifb/article/view/173/74 >. Acesso: 11 Out. 2018.
SMANIOTTO, C. L. D. INTERLOCUÇÃO DE SABERES NA PRÁTICA PROFISSIONAL
INTEGRADA DE UM CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO.
DISSERTAÇÃO. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul –
UNIJUÍ. 2015. Disponível em: <
45

http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/4984/Carmen%20Lo
urdes%20Didonet%20Smaniotto.pdf?sequence=1 >. Acesso: 15 Out. 2018.
SOARES NETO, J. J.; JESUS, G. R.; KARINO, C. A.; ANDRADE, D. F. UMA ESCALA
PARA MEDIR A INFRAESTRUTURA ESCOLAR. Revista Estudos em Avaliação Escolar,
Fundação Carlos Chagas. Disponível em: <
http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/1903/1887 >. Acesso: 21 Fev.
2019.
SODRÉ NETO, L.; MEDEIROS, A. D. CONSIDERAÇÕES SOBRE CONTEXTUALIZAÇÃO E
INTERDISCIPLINARIDADE NA ABORDAGEM DA MICROBIOLOGIA NO NOVO EXAME
NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM). Revista Ciências & Ideias. 2018. Disponível em:
< http://revistascientificas.ifrj.edu.br:8080/revista/index.php/reci/article/view/888 >. Acesso:
28 Nov. 2018.
TODOS PELA EDUCAÇÃO. Anuário Brasileiro da Educação Básica. 2018. Disponível em: <
https://todospelaeducacao.org.br/_uploads/20180824-
Anuario_Educacao_2018_atualizado_WEB.pdf?utm_source=conteudoSite >. Acesso: 25
Nov. 2018.
VEIGA, I. P. A. INOVAÇÕES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: UMA RELAÇÃO
REGULATÓRIA OU EMANCIPATÓRIA? Caderno Cedes. Campinas – SP. 2003. Disponível
em: < http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v23n61/a02v2361 >. Acesso: 25 Nov. 2018.
WATANABE, G.; KAWAMURA, M. R. D. Um Sentido Social para a Divulgação Científica:
Perspectivas Educacionais em Visitas a Laboratórios Científicos. ALEXANDRIA: Revista de
Educação em Ciência e Tecnologia, v.8, n.1. 2015. Disponível em: <
https://periodicos.ufsc.br/index.php/alexandria/article/view/1982-5153.2015v8n1p209/29306
>. Acesso: 12 Dez. 2018.
ZIBAS, D. L. Ser ou não ser: o debate sobre o Ensino Médio. Caderno de Pesquisa –
Fundação Carlos Chagas. 1992. Disponível em: <
http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/1003/1012 >. Acesso: 26 Nov.
2018.
ZIBAS, D. L. REFUNDAR O ENSINO MÉDIO? ALGUNS ANTECEDENTES E ATUAIS
DESDOBRAMENTOS DAS POLÍTICAS DOS ANOS DE 1990. Revista Educação e
Sociedade. Campinas – SP. 2005. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/%0D/es/v26n92/v26n92a16.pdf >. Acesso: 26 Nov. 2018.
46

8 ANEXOS

ANEXO 1 – CONTEÚDO DO EMENTÁRIO DA DISCIPLINA MICROBIOLOGIA


INDUSTRIAL (AULA TEÓRICA)

UNIDADE 1 – Microbiologia básica


1.1. Histórico. Reinos microbianos 1.2. Protozoários e algas: características,
morfologia, reprodução, ocorrência, classificação, nutrição, ecologia. Principais usos
industriais e problemas causados 1.3. Fungos: características, morfologia,
reprodução, ocorrência, classificação, nutrição, ecologia. Principais usos industriais
e problemas causados 1.4. Bactérias: características, morfologia, reprodução,
ocorrência, classificação, nutrição, ecologia. Principais usos industriais e problemas
causados 1.5. Vírus: características, morfologia, reprodução, classificação. Principais
aplicações e problemas causados
UNIDADE 2 – Elementos de Bioquímica geral e biossíntese de macromoléculas
2.1. Principais macromoléculas bioquímicas: proteínas, enzimas, glicídeos, lipídeos
e ácidos nucleicos 2.2. A biossíntese das macromoléculas
UNIDADE 3 – Crescimento microbiano
3.1. Definição. Fatores controladores. Exigências de crescimento 3.2. Formulação de
meio de cultura. Cultura pura. Estado físico da cultura 3.3. Medidas de crescimento
microbiano 3.4. Curva e equação dos crescimentos descontínuos e contínuos 3.5.
Cinética de enzimas. Equação de Michaelis-Menten
UNIDADE 4 – Morte microbiana
4.1. Definição. Mecanismos e agentes de esterilização 4.2. Esterilização de meios
de cultura 4.3. Esterilização de equipamentos e vidrarias 4.4. Esterilização de ar
UNIDADE 5 – Importância da Microbiologia Industrial, da Engenharia
Bioquímica e da Biotecnologia
5.1. Apresentação de uma indústria de base microbiológica 5.2. Principais produtos
de origem microbiológica 5.3. Avanços mais recentes no campo da biotecnologia
UNIDADE 6 – Produção de alguns gêneros alimentícios e fármacos
6.1. Produção de etanol, cerveja, vinhos e vinagre 6.2. Produção de derivados do
leite 6.3. Produção de antibióticos 6.4. Produção de hormônios
UNIDADE 7 – Tratamento de efluentes orgânicos com uso de microrganismos
47

7.1. Tratamento aeróbico: lagoas de estabilização, filtros biológicos e lodos ativados


7.2. Tratamento anaeróbico de efluentes orgânicos com uso de microrganismos.
Biodigestores

ANEXO 2 – CONTEÚDO DO EMENTÁRIO DA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE


MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL (AULA PRÁTICA)

UNIDADE 1 – Segurança em laboratório


UNIDADE 2 – Microscopia ótica
UNIDADE 3 – Experimentos com células
3.1. Compreendendo a osmose 3.2. Extração de DNA Vegetal
UNIDADE 4 – Técnicas de esterilização
UNIDADE 5 – Preparo de meios de cultura
UNIDADE 6 – Observação de micro-organismos
6.1. Observação de protozoários 6.2. Plaqueamento bacteriano e averiguação da
presença de micro-organismos no ambiente 6.3. Identificação bacteriana e coloração
de Gram 6.4. Identificação de fungos
UNIDADE 7 – Experimentos com enzimologia
7.1. Estudo da atividade proteolítica de enzimas presentes em frutos 7.2. Um estudo
sobre oxidação enzimática 7.3. Catalisando a hidrólise da ureia em urina
UNIDADE 8 – Preparo e análise de produtos alimentícios
8.1. Preparo de iogurte 8.2. Preparo de derivados lácteos 8.3. Investigando
componentes presentes no leite 8.4. Testes de qualidade do leite 8.5. Análise
qualitativa de proteínas em alimentos com íon cúprico
UNIDADE 9 – Fermentação alcoólica
9.1. A química da produção de bebidas alcoólicas
48

9 APÊNDICES

APÊNDICE 1 – LISTA DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DISPONIBILIZADOS


OU NÃO NO LABORATÓRIO, ALÉM DOS CUSTOS CONFORME COTAÇÃO
(DEZEMBRO/2018)

SUGESTÃO DE MATERIAIS PARA DISCIPLINA DE Presente


LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL no
laborató-
rio? Sim
Item Descrição Quant. Unidade Custo Custo total ou não?
unidade aprox.

1 Agar Bacteriológico 1 frasco 696,00 696,00 sim


500g
2 Agar Batata Dextrose 1 pote 350,00 350,00 não
3 Ágar Manitol 1 pote 370,00 370,00 não
4 Ágar nutriente 1 pote 320,00 320,00 não
5 Agitador magnético com 2 unidade 1.950,00 3.900,00 sim
aquecimento
6 Água peptonada tamponada 1 frasco 147,00 147,00 não
500 g
7 Alça de Drigalsky 1 saco com 72,00 72,00 não
100
8 Alça microbiológica descartável 1 pacote 27,00 27,00 não
com 100
9 Álcool 10 frasco 5 60,00 600,00 sim
L
10 Aparelho de atividade de água 1 unidade - não
11 Armários 3 unidade 550,00 1.650,00 sim
12 Autoclave 1 unidade 11.230,0 11.230,00 sim
0
13 Balança de precisão 2 unidade 6.200,00 12.400,00 não
14 Banho Maria 1 unidade 1.800,00 1.800,00 sim
15 Bastão de vidro 10 unidade 3,00 30,00 sim
16 Béquer (vários volumes) 30 unidade 15,00 450,00 sim
17 Bico de Bunsen + Tela de arame 5 unidade 104,00 520,00 não
com tripé
18 Bomba à vácuo 1 unidade 3.920,00 3.920,00 sim
19 Câmara de Macmaster 2 unidade 11,45 22,90 não
20 Câmara de Neubauer 4 unidade 122,00 488,00 não
21 Câmara de Sedgewick Rafter 2 unidade 603,00 1.206,00 não
22 Câmara escura para análise de 1 unidade 1.550,00 1.550,00 não
E. coli
23 Capela com luz UV 1 unidade 4.450,00 4.450,00 não
24 Cartela para análise de E. coli 1 caixa 1.350,00 1.350,00 não
com 100
25 centrífuga 1 unidade 3.124,00 3.124,00 sim
26 Conjunto de filtração Milipore 2 unidade 695,00 1.390,00 não
com garra/base/copo
27 Corante azul de algodão (aula de 1 frasco 563,00 563,00 não
fungo) 500g
49

28 Dessecador 1 unidade 481,00 481,00 sim


29 Destilador 5 L 1 unidade 1.890,00 1.890,00 não
30 Disco para antibiograma 3 vidro 14,00 42,00 não
31 Estufa para vidraria 100 L 1 unidade 3.935,00 3.935,00 sim
32 Estojo metálico para esterilização 1 unidade 120,00 120,00 sim
de pipetas
33 Estufa bacteriológica 85 L 1 unidade 2.890,00 2.890,00 sim
34 Estufa DBO 1 unidade 1.500,00 1.500,00 sim
35 Fita de autoclavagem 1 unidade 32,00 32,00 não
36 Frasco de vidro para coleta de 20 unidade 18,00 360,00 sim
amostra de água/esgoto
37 Geladeira 2 unidade 1.900,00 3.800,00 sim
38 Isca para agitador Magnético 3 unidade 23,00 69,00 sim
(barra magnética)
39 Kit de filtração 2 unidade 890,00 1.780,00 não
40 Kit de Gram 1 unidade 89,00 89,00 sim
41 Kit de prova bioquímica - Kit de 1 caixa 92,00 92,00 não
Rugai com Lisina
42 Kit para análise leite (antibiótico, 1 unidade 650,00 650,00 não
acidez...)
43 Kit para DQO Hach 1 caixa 650,00 650,00 não
21258.25 para 600 mg/L de com 25
DQO
44 Kitazato 2 unidade 149,00 298,00 sim
45 Lactofenol (aula de fungo) 1 unidade 232,00 232,00 não
46 Lâminas 1 caixa 320,00 320,00 sim
com 100
47 Lamínulas 1 caixa 12,00 12,00 sim
com 50
48 Liquidificador 1 unidade 120,00 120,00 sim
49 Luvas descartáveis 10 unidade 20,00 200,00 sim
50 Meios e reagentes diversos (para 10 unidade 10,00 100,00 não
cerveja e outros)
51 Membrana filtrante 1 caixa 596,00 596,00 não
com 100
52 Microondas 1 unidade 450,00 450,00 sim
53 Micropipeta 100 a 1000 2 unidade 1.000,00 2.000,00 não
microlitros
54 microscópios 6 individual 4.000,00 24.000,00 não
55 Mufla 997°C 1 unidade 2.120,00 2.120,00 sim
56 Ocular digital para microscópio 2 unidade 1.020,00 2.040,00 não
(lente digital)
57 Óleo de imersão 1 unidade 32,00 32,00 sim
58 Pêra de borracha 30 unidade 17,00 510,00 não
59 Pipeta Pasteur 1 saco com 122,00 122,00 não
100
60 Pipetador Pi-pump 5 unidade 18,00 90,00 não
61 Pipetas (1 mL, 2 mL, 5 ml, 10 mL 30 unidade 32,00 960,00 sim
e 20 mL)
62 pissetas para água destilada, 10 unidade 6,00 60,00 sim
álcool 70 e outros
63 placas de petri tamanho 90 x 15 30 caixa 30,00 900,00 sim
com 10
50

64 Ponteira 1 saco com 200,00 200,00 não


100
65 Reagentes para DBO 1 vários 1.800,00 1.800,00 não
66 Sachê para análise de E. coli 1 caixa 2.000,00 2.000,00 não
com 200
67 Seladora para análise de E. coli 1 unidade 18.500,0 18.500,00 não
0
68 Silica para dessecador 5000g 1 unidade 357,00 357,00 não
69 swab 1 caixa 999,00 999,00 não
com 50
70 Termômetro com haste para leira 2 unidade 230,00 460,00 não
de compostagem
71 Teste de Rugai (kit) e Tiras de 2 caixas 100,00 200,00 não
Oxidase
72 Tubo de Duhran 1 saco com 72,00 72,00 sim
100
73 Tubo de ensaio com tampa (ver 100 caixa 5,00 500,00 não
tubo da centrífuga)
74 Tubo Falcon 8 unidade 42,00 336,00 não
75 Tubos de Eppendorf 1 saco com 44,00 44,00 não
100
76 Verde Malaquita - colorção de 1 pote 25,00 25,00 sim
Bartolomeu -
esporos de Bacillus sp.
77 Vidrarias em geral (vidro de 200 unidade 20,00 4.000,00 não
relógio, Béquer e outros)
78 Vidrarias e equipamentos para 1 vários 16.000,0 16.000,00 não
análise de DBO 0
79 Vortex 2 unidade 1.160,00 2.320,00 não
TOTAL 153.980,90

Observações:

a) Cotações via consulta ao site de 3 empresas renomadas;


b) A indicação "sim" não significa que existe o quantitativo desejado atualmente.
51

APÊNDICE 2 – ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS DE MICROBIOLOGIA


CONFORME CONTEÚDO DO EMENTÁRIO (VERSÃO DO PROFESSOR)
52

ROTEIRO DE AULAS PRÁTICAS DE


MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL NO CURSO TÉCNICO
INTEGRADO DE QUÍMICA – CEFET – CAMPUS
TIMÓTEO

Professor responsável: Flávio Barony

Técnica de Laboratório: Luana Lacerda

Timóteo – Dezembro de 2018


53

Prefácio

“Eis o meu segredo. Ele é muito simples: somente vemos bem com o
coração. O essencial é invisível aos olhos”.

O pequeno texto acima foi extraído da obra “O pequeno príncipe”, de Antoine


de Saint-Exupéry (1900-1944), mas que pode ser imediatamente aplicado à
Microbiologia, no sentido de despertá-lo para a essência da vida, ou seja, os
constituintes celulares e/ou aqueles seres vivos que não conseguimos visualizá-lo a
olho nu, mas assim como os “sentimentos”, sabemos da sua existência e da sua
essência para a vida.

Microbiologia é apenas um termo operacional para designar diferentes grupos


de seres vivos (bactérias, fungos e outros grupos taxonômicos). Os números são
impressionantes, mas apenas à título de exemplo, o corpo humano tem 10 vezes
mais bactérias do que células! Estima-se que aproximadamente apenas 10% dos
microrganismos existentes no planeta foram identificados, ou seja, há uma enorme
lacuna e conhecimento a ser preenchida. Já parou para pensar nisso? Nem todos os
microrganismos são seres que causam danos ao homem, aliás, muito pelo contrário,
a fração patogênica é bem inferior se comparada aos microrganismos que são
essenciais para o Meio Ambiente, os seres vivos em geral, e claro, o homem!

O presente roteiro de aula prática visa desmistificar o “bom” e o “ruim” na


microbiologia, mas principalmente cumprir com a ementa estabelecida para a
disciplina de “Laboratório de Microbiologia Industrial”, que faz parte da matriz
curricular do 1°Ano do Curso Técnico Integrado de Química do CEFET, campus
Timóteo. Notadamente, os roteiros podem ser contextualizados para atividades em
outros cursos Técnicos.

Pressupõe-se que a fundamentação da formação técnica está nas habilidades


em operacionalizar os equipamentos do laboratório, com domínio de técnicas de
segurança, biossegurança, assepsia e manuseio de material, de forma que a partir
da imersão do estudante nas mais diferentes áreas da microbiologia que vier a
ocupar (análises clínicas, alimentos, fármacos, biotecnologia e demais áreas) este
venha a ter condições de se desenvolver em cada uma dessas especialidades a
partir dos elementos aqui apresentados.
54

Assim, você, estudante do 1° Ano, adolescente e com toda jornada de vida


pela frente, deve entender que este roteiro está longe de esgotar o assunto
“microbiologia”, mas espera-se que venha a cumprir com a sua formação técnica e
humana quando egresso do curso de Química.

Bom trabalho e sucessos!

Timóteo – Janeiro de 2019


55

SUMÁRIO (seguir a paginação do sumário do corpo do TCC)


UNIDADE 1: SEGURANÇA NO LABORATÓRIO
1.1 - REGRAS BÁSICAS
1.2 - PRINCIPAIS VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS DO LABORATÓRIO DE
MICROBIOLOGIA
1.3 – MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA
UNIDADE 2: MICROSCÓPIA ÓTICA
2.1 - MICROSCOPIA
2.2 - AULAS EXTRAS DESTA UNIDADE
2.2.1 - Microscópio com o seu celular
2.2.2 - Aplicativos para aulas de Microbiologia
2.2.3 - Coleta de amostras
2.2.4 - Preparação de lâminas
UNIDADE 3: EXPERIMENTO COM CÉLULAS
3.1 – OSMOSE
3.2 - EXTRAÇÃO DO DNA VEGETAL
3.3 – AULA EXTRA: VISUALIZAÇÃO DE FUNGOS DISCUTIDOS EM AULA
TEÓRICA
UNIDADE 4: TÉCNICAS DE ESTERELIZAÇÃO
4.1 - TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO
UNIDADE 5: PREPARO DE MEIO DE CULTURA
5.1 - MEIOS DE CULTURA
5.2 – AULA INTEGRADA: ESTERILIZAÇÃO, MEIO DE CULTURA E CÉLULAS 44
5.3 – DILUIÇÃO SERIADA
5.4 - MEIOS DE CULTURA
UNIDADE 6: OBSERVAÇÃO DE MICRORGANISMOS
6.1 - OBSERVAÇÃO DE PROTOZOÁRIOS
6.2 - PLAQUEAMENTO BACTERIANO E AVERIGUAÇÃO DA PRESENÇA DE
MICRORGANISMOS
6.3 - IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA E COLORAÇÃO GRAM
6.4 - IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS
6.5 – REVISÃO GERAL A PARTIR DE NOVAS AULAS
6.5.1 – Antibiograma
6.5.2 – Bioprospecção de fungos
56

6.5.3 – Teste de Rugai para identificação presuntiva de Enterobactérias


UNIDADE 7: EXPERIMENTOS COM ENZIMOLOGIA
7.1 – ESTUDO DA ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DE ENZIMAS PRESENTES EM
FRUTOS
7.2 – UM ESTUDO SOBRE OXIDAÇÃO ENZIMÁTICA
7.3 – CATALISANDO A HIDRÓLISE DA UREIA EM URINA
UNIDADE 8: PREPARO E ANÁLISE DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
8.1 – PREPARO DE IOGURTE
8.2 – PREPARO DE DERIVADOS LÁCTEOS
8.3 – INVESTIGANDO COMPONENTES PRESENTES NO LEITE
8.4 – TESTES DE QUALIDADE DO LEITE
8.5 – ANÁLISE QUALITATIVA DE PROTEÍNAS EM ALIMENTOS COM ÍON
CÚPRICO
UNIDADE 9: FERMENTAÇÃO ALCOÓLICA
9.1 – A QUÍMICA DA PRODUÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
9.1.1 – Produção de vinho
9.1.2 – Experimento básico e visual sobre fermentação
9.2 – AULAS EXTRAS: A QUÍMICA E A FERMENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE
BEBIDAS ALCOÓLICAS E NÃO ALCOÓLICAS
9.2.1 – Cultivo de Leveduras para produção de cerveja
9.2.2 – Bebidas fermentadoras e ação probiótica
APÊNCIDE I – MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA
57

UNIDADE 1: SEGURANÇA NO LABORATÓRIO

Objetivos

* Conhecer as principais normas e riscos inerentes ao da disciplina de Microbiologia


Industrial;

* Conhecer as principais vidrarias e equipamentos.

Duração: 4 aulas

Método

Aula expositiva a partir da demonstração quanto ao uso de EPIs


(equipamento de proteção individual) e as principais vidrarias e equipamentos
disponíveis.

Visita guiada no laboratório.

Manipulação de vidrarias, em especial, transferência de líquido (água) com o


uso da Pera de borracha e pipeta graduada.

1.1 - REGRAS BÁSICAS

A lista abaixo elenca as principais recomendações de segurança no


laboratório. São regras gerais, mas que em função da especificidade do laboratório
que você vir a utilizar algum dia no seu trabalho ou na continuidade dos seus
estudos, exigirá procedimentos específicos. A NR 32 (Norma Regulamentadora) do
Ministério do Trabalho e Emprego é uma das que abrange os cuidados em
laboratório, mas outras NR’s abarcam também os cuidados neste tipo de ambiente.

1) Estudantes que apresentem restrição de uso do laboratório em função de “estado


de saúde” devem procurar o professor responsável para fins de encaminhamentos
junto à coordenação do curso;

2) Siga o horário de aula da sua turma (sem trocas de horários);

3) Venha para o laboratório portando apenas o material essencial para as aulas;

4) Siga estritamente o roteiro das aulas e sempre faça os “relatórios de aula prática”;

5) O laboratório é de uso exclusivo para as atividades de Microbiologia, sendo


vedado o uso de outros materiais, salvo sob orientação do professor ou técnico de
laboratório;
58

6) É proibido o uso de aparelhos de som, fone de ouvidos e outros que venham a


perturbar o ambiente de aula;

7) Será permitido o uso do celular em alguns casos específicos, como para retirar
fotos de etapas da atividade prática. Não deixe o celular sobre a bancada e o
mantenha sempre junto aos seus objetos;

8) É proibida a ingestão de alimentos e medicamentos dentro do laboratório;

9) O uso de jalecos é obrigatório durante as aulas;

10) Jamais fume na área do laboratório (risco de explosão e outros);

11) É proibida a manipulação de lentes de contato no laboratório;

12) É vedado o uso de pulseiras, adornos, roupas folgadas, cabelo longo e solto,
bonés e outras vestimentas que possam colocar em risco o estudante e/ou pessoas
próximas;

13) Utilize os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) ou EPC (Equipamento de


Proteção Coletiva) conforme recomendação;

14) Certifique da voltagem dos equipamentos antes de liga-los aos interruptores de


energia (pode vir a danificar o equipamento);

15) Certifique que ao final da aula os equipamentos estão em condições de guarda-


los ou de mantê-los ligados, quando for o caso;

16) Mantenha o ambiente limpo e organizado, e se não for possível lavar o material
a ser utilizado, ao menos deixe-o próximo à pia;

17) Não cheire e nem toque em nenhum material existente no laboratório (riscos de
queimaduras e outros acidentes);

18) Nunca pipetar líquido com a boca;

19) Mantenha o material de uso devidamente identificado, principalmente os meios


de cultura e outros reagentes;

20) Não retire material do laboratório sem autorização do responsável;

21) Sempre limpe a bancada com “álcool 70” antes e ao final da atividade
microbiológica;
59

22) Fazer o correto descarte do material autoclavado, nunca o deixando sobre as


bancadas, piso ou demais locais inapropriados;

23) Não toque nas maçanetas das portas, puxadores de gavetas e outros pontos de
uso coletivo com luvas contaminadas (risco de transmissão de doenças
parasitárias);

24) Relatar ao docente ou técnico de laboratório qualquer anormalidade, como


derramamento de meio de cultura;

25) Jamais utilize a geladeira ou outros compartimentos para guardar alimentos para
consumo humano;

26) Jamais utilize vidrarias com avarias em sua superfície (trincas, por exemplo);

27) Em caso de limpeza de vidrarias, tenha cuidado para não se cortar durante a
limpeza com água e sabão;

28) Deixar o material contaminado (lâminas, pipetas) após o uso em recipientes


contendo desinfetantes;

29) Equipamentos que utilizam calor, pressão ou gás devem ter OPERAÇÃO
ASSISTIDA durante todo o procedimento, sem JAMAIS desviar a sua atenção para
outras atividades em paralelo;

30) Colocar vidrarias aquecidas sobre meios isolantes (pano, por exemplo), e não
diretamente sobre a bancada ou superfícies frias, sob o risco de vir a trincar ou
quebrar;

31) Em caso de mal estar, dirija-se ao ambiente externo, desde que previamente
acompanhado e sob a orientação do docente ou técnico responsável;

32) Mantenha comportamento condizente com o ambiente de laboratório, sem


agitação, correria e outros desta natureza;

33) O professor ou técnico responsável tem autonomia para solicitar a saída do


estudante que vir a burlar os procedimentos de segurança;

34) Em caso de acidente (corte, queimaduras, tontura e outros), fique calmo e


procure ajuda imediatamente, via professor ou técnico do laboratório.

LEMBRE-SE: laboratório de microbiologia é um ambiente que requer “limpeza”!


60

1.2 - PRINCIPAIS VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS DO LABORATÓRIO DE


MICROBIOLOGIA

O termo “vidraria” é uma denominação genérica para boa parte dos


equipamentos utilizados em laboratório, mas que nem sempre são de vidro,
podendo ser também de porcelana, por exemplo.
A grande vantagem de se utilizar o vidro em laboratório e a capacidade de
resistir ao frio e calor extremos. Ademais, por ser transparente e inerte, facilitam a
observação do material em estudo e apresenta baixa probabilidade de reagir a
produtos químicos, respectivamente (PROLAB, 2014).
O laboratório de Microbiologia utiliza a maior parte das vidrarias e
equipamentos que comumente se utiliza no laboratório de Química, solos ou outro,
mas com o viés indispensável da assepsia (higienização dos equipamentos).
O quadro 1 abaixo apresenta algumas vidrarias e equipamentos comumente
utilizados em um laboratório de Microbiologia.

Quadro 1 – Principais vidrarias e equipamentos do laboratório de Microbiologia


Vidraria Finalidade Vidraria Finalidade
Almofariz com pistilo: Balão de fundo chato:
Usado na trituração e Utilizado como recipiente
pulverização de sólidos para conter líquidos ou
soluções, ou mesmo,
fazer reações com
desprendimento de gases.

Balão volumétrico: BECKER: É de uso geral


Possui volume definido em laboratório. Serve para
e é utilizado para o fazer reações entre
preparo de soluções soluções, dissolver
em laboratório substâncias sólidas,
efetuar reações de
precipitação e aquecer
líquidos.
61

Bureta: instrumento Cadinho: Peça


utilizado em titulações geralmente de porcelana
para medidas precisas cuja utilidade é aquecer
de líquidos. A bureta é substâncias a seco e com
ideal para análises grande intensidade, por
volumétricas porque isto pode ser levado
possui graduação em diretamente ao Bico de
seu comprimento para Bunsen.
facilitar a leitura de
volume escoado.

Cápsula de Condensador:
Porcelana: Peça de Utilizado na destilação,
porcelana usada para tem como finalidade
evaporar líquidos das condensar vapores
soluções gerados pelo aquecimento
de líquidos

Dessecador: Erlenmeyer:
Usado para guardar Utilizado em titulações,
substâncias em aquecimento de líquidos e
atmosfera com baixo para dissolver substâncias
índice de umidade e proceder reações entre
soluções

Funil de Buchner: Funil de separação:


Utilizado em filtrações Utilizado na separação de
a vácuo. Pode ser líquidos não miscíveis e
usado com a função de na extração líquido/líquido
FILTRO em conjunto
com o Kitassato.

Funil de haste longa: KITASSATO:


Usado na filtração e Utilizado em conjunto com
para retenção de o FUNIL DE BUCHNER
partículas sólidas. Não em FILTRAÇÕES a vácuo
deve ser aquecido.
62

Pipeta graduada: Pipeta volumétrica:


Utilizada para medir Usada para medir e
pequenos volumes. transferir volume de
Mede volumes líquidos. Não pode ser
variáveis. Não pode ser aquecida, pois possui
aquecida grande precisão de
medida.

Proveta ou cilindro Tubo de ensaio:


graduado: Empregado para fazer
Serve para medir e reações em pequena
transferir volumes de escala, principalmente em
líquidos. Não pode ser testes de reação em geral.
aquecida Pode ser aquecido com
movimentos circulares e
com cuidado diretamente
sob a chama do Bico de
Bünsen.
Vidro de relógio:
Peça de Vidro de forma
côncava usada em
análises e
evaporações. Não
pode ser aquecida
diretamente

OUTROS EQUIPAMENTOS DE INTERESSE


Equipamento Finalidade Equipamento Finalidade
Anel ou argola: Autoclave: Utilizado para
Usado como suporte esterilização de produtos,
do funil na filtração tanto material “limpo” a ser
utilizado, mas como
também material a ser
descartado (antes de
envio para o lixo
“comum”).
63

Analisador de Alça microbiológica:


Atividade de Água: utilizada para inoculação
Utilizado para de microrganismos em
prevenção da meios de cultura e rotinas
proliferação de bacteriologia em geral.
microbiana, oxidação e
demais reações não Ver também: Alça de
desejáveis, garantindo Flambagem e Alça
qualidade e vida de Drigalski
prateleira de produtos
alimentícios,
farmacêuticos e
cosméticos.
Agitador Magnético: Banho Maria: Utilizado
utilizado para mistura em laboratórios para
de líquidos ou aquecer substâncias
amostras. Utiliza uma líquidas e sólidas que não
“isca” para agitação. podem ser expostas
Alguns veem com diretamente no fogo e que
chapa aquecedora precisam ser aquecidas
lenta e uniformemente.
Balança digital: Bico de Bünsen:
Para a medida de É a fonte de aquecimento
massa de sólidos e mais utilizada em
líquidos não voláteis laboratório. Mas
com grande precisão contemporaneamente tem
sido substituído pelas
mantas e chapas de
aquecimento
Capela: Ideal para Estante para tubo de
eliminar vapores ensaio:
tóxicos e odores É usada para suporte de
durante a manipulação os tubos de ensaio.
de reagentes em
laboratórios
Estufa de Estufa bacteriológica:
esterilização: utilizada utilizada para cultivo e
para secar material. preparo de reagentes,
normalmente com
temperatura constante
(36°C).
Forno micro-ondas: Geladeira: conservação
Utilizado com meio de reagentes ou meios de
alternativo ao cultura que requerem
aquecimento (avaliar temperatura baixa e sob
se haverá danos à controle uniforme.
amostra em estudo)
64

Garra do Lamínula: proteger a


Condensador: Usada objetiva do microscópio do
para prender o material da lâmina.
condensador à haste
do suporte ou outras Lâmina: acondiciona o
peças como balões, material a ser examinado
erlenmeyers e outros. no microscópio.

Microscópio: utilizado Óleo de imersão: permitir


para ampliar a imagem melhor resolução da
dos microrganismos imagem do microscópio
sob identificação. quando se utiliza a
“objetiva de 100”. O óleo
minimiza a dispersão da
luz
Membrana filtrante: Mufla: Forno Mufla é
filtração de amostras utilizado em laboratórios
de pequeno porte para o processo de
(porosidade de 0,45 calcinação. Pode chegar a
µm). 1000°C.

Pera de borracha ou Pipeta automática:


Pipetador de 3 vias: utilizado para medição e
Também chamadas de transferência de pequenos
pipetadores por três volumes líquidos. É um
vias, as pêras de instrumento que utiliza
sucção são utilizadas ponteiras descartáveis.
para auxiliar na sucção
de líquidos em pipetas.

Pipetador Pi-pump:
faz a sucção do líquido
ou transferência por
meio de uma roldana, o
que facilita o manuseio
Pipeta Pasteur: é Placa de Petri: recipiente
usada para estéril, constituído por
transferência de uma base e tampa, ideal
líquidos em geral para crescimento da
através de aspiração e amostra em condições
dispensação feita controladas.
através do bulbo para
sucção. Geralmente
feita de plástico, ela
não possui precisão
como outros tipos de
pipeta
65

Pinça de madeira: Pinça metálica: Usada


Usada para prender o para manipular objetos
tubo de ensaio durante aquecidos
o aquecimento

Pisseta ou frasco Suporte universal:


lavador: Usada para Utilizado em operações
lavagens de materiais como: Filtração, Suporte
ou recipientes através para Condensador,
de jatos de água, álcool Bureta, Sistemas de
ou outros solventes Destilação etc. Serve
também para sustentar
peças em geral
Tela de amianto: Tripé: Sustentáculo para
Suporte para as peças efetuar aquecimentos de
a serem aquecidas. A soluções em vidrarias
função do amianto é diversas de laboratório. É
distribuir utilizado em conjunto com
uniformemente o calor a tela de amianto
recebido pelo bico de
bunsen
Vidro Cristal: vidro de Vidro âmbar: é o vidro
alta qualidade e escurecido, utilizado na
transparência, maioria das vezes para
geralmente diminuir o efeito da luz no
denominado vidro boro armazenamento de
que possui maios compostos fotossensíveis
resistência a choques
térmicos, mecânicos e
químicos
Vortex: utilizado para a
agitação e
homogeneização de
líquidos contidos em
pequenos tubos ou
frascos

ALGUNS CONCEITOS E REAGENTES DE INTERESSE


Água deionizada: A Água Destilada: não Ágar Bacteriológico: Ágar: substância em
deionização (ou contém elementos é um ágar purificado gel colocada na placa
desmineralização) é orgânicos. A parte no qual impurezas, de Petri que suporta e
um processo de inorgânica fica no pigmentos e sais foram propicia o crescimento
remoção de íons resíduo da destilação. removidos ou dos microrganismos.
(cátions/ânions) Assim, a água reduzidos ao mínimo.
através de um destilada quase É um extrato
66

sistema de resinas sempre é pura. A hidrossolúvel extraído


trocadoras de íons. água destilada é de algas vermelhas e
estéril enquanto pode ser utilizado
estiver protegida do ar como agente
ambiente. solidificante em meio
de cultura
bacteriológico ou para
determinar motilidade
e crescimento de
anaeróbios e
microaerófilos.
Inóculo: quando os Meio de cultura: Cultura: quando Incubação: processo
microrganismos de base que oferece microrganismos de laboratório, por
interesse são nutrientes, crescem e se meio do qual se
colocados em um favorecendo o multiplicam no meio. cultivam
meio de cultura para crescimento de microrganismos com o
iniciar o crescimento determinado fim de estudar ou
microrganismo. facilitar o seu
desenvolvimento.

Fonte: Adaptado de Salvatori et al., (2013) e UNESP (2013)

1.3 – MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA

Todas as aulas práticas deverão ser acompanhadas do respectivo relatório. O


modelo de relatório é apresentado no Apêndice I. Abaixo é apresentada a estrutura
do relatório. O mesmo deve ser entregue preferencialmente ao final de cada aula.

1 – Título: Aborda o número da aula e o assunto abordado. Ex: Aula 4 – O uso do


Microscópio.

2 – Introdução: Um breve parágrafo sobre a contextualização do assunto da aula.


São as informações mais relevantes sobre o assunto abordado.

3 – Objetivos: Descrever o objetivo da aula, podendo existir “um” objetivo geral e


outros objetivos específicos.

4 – Material e Métodos: Relacionar os materiais utilizados e em linhas gerais o


passo a passo da prática.

5 – Resultados: apresentar os números finais da aula ou informações gerais


extraídas. Pode utilizar ilustrações (desenhos e gráficos manuscritos) e até
fotografias da aula (caso disponha de tempo para impressão). Deve relatar a
interpretação dos resultados.
67

6 – Conclusão: deve ser diretamente ligado ao objetivo, ou seja, se foi alcançado


ou não.

7 – Bibliografia: Citar a bibliografia utilizada.

Exercícios

1) Por que se utiliza o vidro no laboratório em detrimento de outros materiais, mesmo


sabendo-se dos riscos relacionados a quebras e/ou acidentes com este tipo de
material?

2) Quais os cuidados para preservar a durabilidade das peras de borracha?

3) Qual a importância prática do conhecimento das vidrarias no dia a dia do


laboratório?

4) Um estudante pretender preparar uma solução de 300 mL de água com 10g de


açúcar. Qual a melhor vidraria a ser utilizada para esta preparação? Justifique.

5) Quais são os principais riscos relacionados no laboratório do campus e quais


medidas devem ser adotadas para preveni-los?

6) Manuseio:

a) Faça a transferência de 1 mL (água) do Béquer para 5 tubos de ensaio com o uso


da Pera de Borracha e Pipeta.

b) Coloque a lamínula sobre a lâmina com o uso da pinça (faça a flambagem em


chama).

c) Use o pipetador para fazer a transferência indicada na letra “a”.

Referências

SALVATORI, R. U. Laboratório de Microbiologia: normas gerais, instruções de


trabalho e procedimentos operacionais padrões. Org. Rosângela Uhrig Salvatori,
Greice Aline Kaisecamp Wolf, Fabíola Dresch e Andreia Aparecida Guimarães
Strohschoen - Lajeado: Ed. da Univates, 2013. 72 p.

UNESP. Universidade Estadual Paulista. Guia para utilização de laboratórios


químicos e biológicos. Elaborado por: Sandra Mara Vieira de Camargo Gavetti.
68

2013. Disponível em: <


https://www.sorocaba.unesp.br/Home/CIPA/Treinamento_para_utilizacao_de_laborat
orios_quimicos_e_biologicos_leitura.pdf >. Acesso: 13 de Fev. 2019.
69

UNIDADE 2: MICROSCÓPIA ÓTICA

Objetivos:
* Conhecer os tipos de microscópicos;
* Conhecer os componentes do microscópio óptico;
* Visualizar lâminas temporárias e permanentes
Duração: 4 aulas
Método
Aula expositiva.
Manuseio das lâminas e visualização ao microscópio.

2.1 - MICROSCOPIA

Uma grande ansiedade das aulas de microbiologia é a possibilidade de


visualização das imagens microscópicas. O olho humano tem poder de resolução na
faixa de 0,1 a 0,2 mm.
A microscopia óptica (MO) refere-se ao uso de qualquer tipo de microscópio
que utilize luz para observar amostras. Ele aumenta as imagens através da luz, que
após incidir sobre a amostra, passa pelas lentes objetivas (que formam e aumentam
a imagem) e oculares (que aumentam a imagem).
O Poder de resolução é a capacidade de distinguir dois pontos muito
próximos um do outro, sendo que os microscópios ópticos têm um limite de
resolução da ordem de 0,2 µm. Isso significa que dois pontos separados por uma
distância de pelo menos 0,2 µm são visualizados. Todavia, faz-se necessária que a
amostra seja suficientemente fina para que os raios luminosos a atravessem, bem
como índices de refração ou coloração diferentes do meio que a circundam.
O índice de refração é a medida de capacidade de curvatura da luz em um
meio. O índice de refração é alterado por coloração (conteúdo de outras unidades da
disciplina).
Para preservar a direção da luz na maior ampliação utiliza-se o óleo de
imersão, pois possui o mesmo índice de refração que o vidro.

Informações importantes
a) Microscópio óptico apresenta ampliação de 60 a 1000 x (ondas luminosas)
b) Microscópio eletrônico de varredura: 20 a 100.000 x;
70

c) Microscópio eletrônico de transmissão (feixe de elétrons): 1000 a 500.000 x;


d) Unidade de medida mais adotada no microscópio: é o Micrômetro (µm), que é
10-3 mm;
e) Menor objeto visto com perfeição ao microscópio de luz: 0,2µm, sendo que
0,2µm x 1000= 0,2mm.

Partes do microscópio óptico típico


1) Base: é o suporte do microscópio, peça que sustenta todas as outras.
2) Braço ou estativa: é a peça que liga a base até a parte superior do microscópio e
onde se deve segurar o microscópio para ser transportado.
3) Fonte de luz ou Iluminador: normalmente uma lâmpada ou, em modelos mais
antigos, um espelho, que se apoia na base do microscópio. No caso da fonte de luz
ser uma lâmpada, pode-se observar, ao lado da estativa ou da base do microscópio,
o interruptor da lâmpada e o regulador da intensidade luminosa.
4) Lente condensadora (Condensador): de forma circular e situado entre a platina e
a base, o condensador converge os raios luminosos provindos da lâmpada e projeta-
os como um cone de luz sobre o material que está sendo examinado.
5) Diafragma (Filtro de luz): fica abaixo da lente condensadora e se liga a uma
alavanca que permite sua abertura ou fechamento, levando ao controle da
passagem total ou parcial da luz.
6) Platina: é uma placa de metal com um orifício no centro, por onde passam os
raios luminosos. O objeto que vai ser observado é colocado sobre uma lâmina de
vidro e esta, sobre a platina, exatamente em cima do orifício.
7) Charriot: Localizado acessória e superficialmente à platina, é formado por uma
presilha, dois botões giratórios e dois trilhos que têm a função de movimentar a
lâmina no plano e assim permitir a observação de toda a sua área.
8) Lentes objetivas: são lentes que projetam uma imagem aumentada e invertida do
objeto nas oculares e inserem-se no revólver, através de rosca. Toda objetiva traz
gravado o número do aumento que proporciona. A objetiva de 100X é também
chamada objetiva de imersão e é somente utilizada com óleo especial, o qual
permite maior refração da luz para dentro da objetiva, corrigindo a pouca
luminosidade nas observações feitas em grandes aumentos. Após o uso, o óleo é
removido com xilol, éter ou benzina, embebido em papel especial ou algodão.
71

9) Revólver: peça encontrada abaixo do canhão na qual se inserem as lentes


objetivas. É dotado de um movimento de rotação que permite posicionar a objetiva
desejada para a observação do material a ser analisado.
10) Canhão: parte mais superior do microscópio, contém um conjunto de espelhos
que projetam a imagem em direção às oculares nele encaixadas.
11) Lente ocular: aumenta a imagem do objeto após o aumento já proporcionado
pela objetiva. É através desta lente que o observador vê a imagem do objeto (daí o
nome ocular, uma vez que o olho do observador está colocado à frente dela). Toda
ocular traz gravado o número de aumentos que proporciona. Par saber-se em que
aumento vemos um objeto ao microscópio, basta multiplicar o número do aumento
dado pela objetiva pelo número do aumento dado pela ocular. Por exemplo, se a
objetiva usada aumenta 5X e a ocular aumenta 10X, o objeto está sendo observado
com um aumento total de 50X.
12) Macrométrico e micrométrico (ajuste grosso e fino, respectivamente): na parte
lateral da estativa existem 2 parafusos encaixados um no outro. O maior deles é o
macrométrico, que permite grandes avanços ou recuos da platina em direção à
objetiva, enquanto o micrométrico permite pequenos avanços ou recuos. Esse
movimento da platina leva à focalização do material observado em diferentes
aumentos.

Figura 1 – Partes do Microscópio Óptico


Fonte: Tortora et al., 2012.
72

Observação da amostra

Siga as normas de uso do microscópio descritas a seguir para proceder à


observação nos aumentos de 4X, 10X, 40X e 100X. Observe na figura a seguir a
distância entre lâmina e objetivas durante a observação (figura 2):

Figura 2 – Distância entre a Lente Objetiva e a lâmina. Fonte: IFSC, 2017.

1) Coloque a lâmina sobre a platina, segurando-a com uma das mãos e abrindo a
presilha com a outra. Procure colocar a amostra o mais centralizado possível em
relação ao feixe de luz;
2) Gire o revólver, encaixando a objetiva de menor aumento (4X ou 10X). Sempre
use da menor para a maior;
3) Acenda a luz do microscópio (acione primeiramente o interruptor e em seguida o
regulador de intensidade) e centralize o material na platina utilizando o charriot. Faça
isso olhando lateralmente, o que facilita a operação.
4) Movimentando o macrométrico, levante a platina até o ponto máximo, sem que a
lâmina encoste na objetiva.
5) Ajuste a distância interpupilar.
6) Olhe através das oculares e, utilizando o macrométrico, desça lentamente a
platina até que se possa visualizar o material a ser analisado.
7) Acerte o ponto exato do foco com o micrométrico e, caso seja necessário,
proceda ao ajuste de dioptria: tape um dos olhos, focalize com o micrométrico,
troque o olho tapado e ajuste o foco no anel existente (se houver) na base da ocular
correspondente ao olho aberto.
8) Corrija a intensidade de luz e abertura do diafragma para evitar ofuscamento e
permitir a percepção de profundidade de campo e o contraste desejados.
9) Observe o material atentamente trabalhando o foco fino com o micrométrico.
73

10) Gire o revólver para passar para a próxima objetiva de maior aumento,
lembrando sempre de regular a intensidade de luz e a abertura do diafragma, bem
como de corrigir a focalização com o micrométrico. Não utilizar o macrométrico para
a focalização a partir desta etapa. Somente o micrométrico.
11) Realize a observação nas objetivas de 10X e 40X.
12) Para utilizar a objetiva de 100X é imprescindível o uso do óleo de imersão sobre
a lâmina: gire o revólver de modo a deixar a lâmina entre as objetivas de 40X e
100X.
13) Encoste o conta-gotas contendo o óleo de imersão na lâmina, exatamente sobre
a amostra. Não é necessário apertar o bulbo do conta gotas. Uma pequena gota de
óleo é suficiente para a observação.
14) Atentamente, gire o revólver para encaixar a objetiva de 100X e ajuste o foco
com o micrométrico. Uma vez utilizado o óleo de imersão na objetiva de 100X,
jamais retorne para as outras objetivas (que não necessitam de óleo), pois o óleo
suja as lentes e interfere na visualização.
15) Após a visualização na objetiva de 100X, o óleo de imersão deve ser removido
da objetiva logo após o uso com um pedaço de algodão embebido em solução de
limpeza (éter/etanol).
16) Anote qual é a abertura numérica (AN) de cada lente objetiva.
17) Terminada a observação, encaixe a objetiva de menor aumento, abaixe
totalmente a platina, deixe a intensidade de luz no mínimo e desligue-a, retire a
lâmina, limpe o microscópio, cubra-o com a capa e guarde-o.
18) Como conduta de boas práticas de laboratório, guarde todo o material utilizado
durante a aula e limpe a bancada com álcool 70%, deixando-a limpa.

Caracterização das lentes objetivas

Figura 3: Informações básicas nas lentes objetivas. Fonte: IFSC, 2017.


74

Para realização de cálculos:

Ampliação total = ampliação da ocular x ampliação da objetiva.

Limite de resolução (LR) = k x λ / AN, onde:


k = 0,61 (constante)
λ = 0,55 (em µm, é o comprimento de onda que corresponde à radiação na banda do
amarelo-verde e para a qual o olho humano apresenta maior sensibilidade).

Exercícios
1) Preencha a tabela.
Microscópio (Marca e
modelo, se disponíveis)
Ampliação da ocular
Ampliação das objetivas 4x 10x 40x 100x
Ampliação total
Abertura numérica
Limite de resolução

2) Faça a visualização da lâmina entregue pelo professor utilizando todas as


objetivas, mas em apenas 2 minutos.
3) Faça o desenho da estrutura visualizada.

Referências
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
Instituto de Física de São Carlos. Universidade de São Paulo. Bacharelado em
Ciências Físicas e Biomoleculares Microbiologia. Guia disponível na internet. 2017.
Disponível em: <
http://biologia.ifsc.usp.br/micro/roteiro/roteiro01.pdf >. Acesso: 19 Jan. 2018.
USP – Universidade de São Paulo. Site. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2845663/mod_resource/content/2/Pratica2.p
df >. Acesso: 13 Fev. 2019.

2.2 - AULAS EXTRAS DESTA UNIDADE

As aulas extras visam oferecer o conteúdo complementar, que pode ser


utilizado ao longo do ano, como por exemplo, em alguma Mostra Acadêmica.
75

2.2.1 - Microscópio com o seu celular


Inúmeros vídeos disponíveis na Internet ensinam a fazer um “microscópio
caseiro” a partir do seu smartphone. Embora com limitações para visualização a
nível celular, estruturas do tecido vegetal e de pequenos animais podem ser
observadas com maior nitidez para estudos, pois a imagem pode ser ampliada em
mais de 100 vezes.
Faça você mesmo e experimente outras opções também!

Materiais
3 parafusos de 4 ½” x 5/16”
9 porcas de 5/16”
2 porcas de orelhas de 5/16” (porca “borboleta”)
5 arruelas de 5/16”
1 plataforma de madeira para a base de 2 cm x 18 cm x 18 cm
1 plataforma de acrílico para o celular de 0,3 cm x 18 cm x 18 cm
1 plataforma de acrílico para os objetos de 0,3 cm x 7,6 cm x 18 cm
1 Lente de laser de caneta (ou duas lentes, se quiser aumentar a ampliação)
Lanterna ou LED (necessário para visualizar amostras de contraluz)

Ferramentas
Broca para perfurar e Régua

Referências

http://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/Inovacao/noticia/2014/10/aprenda-como-
transformar-seu-smartphone-em-um-microscopio-caseiro.html

2.2.2 - Aplicativos para aulas de Microbiologia


A internet oferece uma série de ferramentas que podem aprofundar o
conhecimento. Entre elas, tem o MOL – Microscopia Online – produzido pela USP –
Universidade de São Paulo. São visualizações de histologia.
Link: http://mol.icb.usp.br/

Há também aplicativos disponíveis para o celular. Alguns estão listados


abaixo:

Guia de parasitologia (versão com custos):


https://play.google.com/store/apps/details?id=com.tadeurocha.appparasito&hl=pt-br
76

Células procariontes (Unicamp):


https://www2.ib.unicamp.br/lte/bdc_uploads/materiais/versaoOnline/versaoOnline805
_pt/S_2_1_9_Lam_cel_proc/Microscopio.swf

Bacteriologia
https://play.google.com/store/apps/details?id=BacteriologiaFree.Doctor

Microbiologia
https://play.google.com/store/apps/details?id=com.andromo.dev474745.app459179&
hl=pt_BR

2.2.3 - Coleta de amostras


Uma importante etapa no dia a dia do laboratório é a preparação de amostras
para análises. Obviamente que em função do que se está analisando, há uma série
de peculiaridades. Elencamos algumas regras básicas para você seguir, sendo:

- Procure fazer amostras em duplicata, principalmente em experimentos científicos;


- Sempre utilize material autoclavado para fins de manuseio da amostra, pois caso
contrário poderá indicar “falso resultado”;
- Não deixar objetos pessoais sobre a bancada e higienizar a bancada com Álcool
70 antes e ao fim das atividades;
- Proceder a manipulação de vidrarias e materiais diversos próximo a chama ou na
capela (uso do exaustor e raio UV, quando couber);
- O USO DE LUVAS ESTÉREIS DURANTE A ATIVIDADE É INDISPENSÁVEL, bem
como outros mais quando necessário (óculos de segurança, máscara facial,
calçados fechados e jaleco).

Referências

ANA – Agência Nacional das Águas. Guia nacional de coleta e preservação de


amostras: água, sedimento, comunidades aquáticas e efluentes líquidos.
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo; Organizadores: Carlos Jesus
Brandão et al.. São Paulo: CETESB; Brasília: ANA, 2011. 326p. Disponível em: <
http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/GuiaNacionalDeC
oleta.pdf >. Acesso: 17 Jan. 2018.
77

Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Procedimentos Laboratoriais:


da Requisição do Exame à Análise Microbiológica. Módulo III. 45 p. Disponível
em: <
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_3_2004.pdf >.
Acesso: 17 Jan. 2018.

2.2.4 - Preparação de lâminas


A preparação de lâminas microscópicas visa a melhor identificação das
estruturas quando sob investigação/visualização. Existem 2 tipos de lâminas: 1)
lâminas preparadas à fresco; 2) lâminas permanentes. Neste primeiro momento
daremos ênfase a lâminas à fresco, que fundamenta-se na observação de
microrganismos vivos (bactérias, protozoários, fungos e leveduras) em suspensão
do material biológico entre lâminas e lamínulas, onde se pode observar as formas e
os movimentos dos mesmos. A seguir são apresentadas duas preparações de
lâminas.

a) Preparação de lâminas para primeira aula de microscopia


1) Cortar um pedaço de jornal de aproximadamente 1 cm;
2) Limpar bem uma lâmina e, com um conta-gotas pingar, sobre ela, uma gota
de água;
3) Sobre a gota colocar o pedaço de jornal e esperar alguns segundos;
4) Sobre o jornal colocar uma lamínula limpa;
5) Se houver bolhas de ar pressionar levemente a lamínula com uma pinça;
6) Levar a lâmina preparada ao microscópio;
7) Iniciar a observação em menor aumento.

b) Preparação de lâminas em geral. OBS.: Outras preparações e com mais


detalhes técnicos ocorrerão nas aulas seguintes e nos próximos bimestres.

A preparação de lâminas nem sempre é uma atividade simples, todavia, é


possível alcançar bons resultados para observar diversas estruturas, como
cloroplastos em células de (planta de aquário). Neste roteiro, o foco será a
preparação microbiológica. Assim, tem-se como sugestões:
78

1) Células da boca:
a. Raspe levemente o interior da boca com um cotonete;
b. Passe o material coletado sobre uma lâmina (25 * 75mm);
c. Coloque uma gota de corante azul de metileno;
d. Cubra o material com a lamínula.

2) Observação do micélio do fungo:


a. Colocar uma gota de água (ou corante) na lâmina (25 * 75mm);
b. Pegar parte do micélio com alça de repicagem ou fita colante
(durex);
c. Colocar o micélio sobre a lâmina;
d. Colocar a lamínula (não usar lamínula quando usar durex);
e. Observar nos aumentos de 40x e 100x (400x se for necessário).

Lembre-se de que, para observar uma estrutura no microscópio, deve haver


passagem do feixe de luz. Assim sendo, materiais muito grossos são impossíveis de
serem visualizados, sendo necessária a realização de cortes.

Referências

MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et


al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
79

UNIDADE 3: EXPERIMENTO COM CÉLULAS

3.1 – OSMOSE

Objetivos
* Conhecer os processos de difusão e as principais características;
* Desenvolver algumas atividades práticas e observar o efeito osmótico;
* Conceituar os tipos de osmose e as possíveis aplicações na indústria.
Duração: 4 aulas

Breve conceituação sobre Osmose

A membrana controla a atividade na periferia celular, ou seja, controla o fluxo


de moléculas e íons, além das reações químicas que produzirão o metabolismo.
Logo, as células vivas mantêm gradientes de concentração do meio intracelular e
extracelular por meio de suas membranas. Assim, gradientes diferentes ocorrem
para proteínas, K, Na e Cl, por exemplo.
Muitas das proteínas da membrana são enzimas e estas funcionam como
receptores para as mensagens químicas vindas de outra célula ou do meio externo.
A membrana atua na atividade celular em: Compartimentalização, base para
atividade biológica, barreira seletiva, transporte, resposta a sinais externos,
interações entre células e energia.
A membrana é um mosaico fluído de fosfolipídeos e proteínas, sendo que as
moléculas de fosfolipídio formam a bicamada. Colesterol e proteínas estão
inseridos na camada fosfolipídica.
Os principais mecanismos para atravessar a membrana são relacionados
abaixo:
1. Transporte Passivo
Difusão
Osmose (água)
Difusão facilitada
2. Transporte ativo
3. Endocitose
4. Exocitose
5. Canais Iônicos
80

Na prática de hoje abordaremos a Osmose, que é um processo de Transporte


Passivo, ou seja, sem gasto de energia.
Logo, a osmose se dá pela difusão da á água através de uma membrana
semipermeável, de forma que a água se mova de uma área de menor concentração
de soluto para uma de maior concentração. A figura abaixo ilustra esta situação.

Figura 1 – Representação da Osmose. “Clusters” são aglomerados Fonte:


http://www2.iq.usp.br/docente/henning/Disciplinas/Bioquimica%20QBQ230N/aula_transporte.pdf

A água se difundiu pela membrana por alguns mecanismos, sendo:


a) Difusão direta através da membrana (atuação entre o citoplasma a
membrana);
b) Por pequenos espaços criados momentaneamente por dois fosfolipídeos
adjacentes;
c) Por poros formados por proteínas permeáveis a água (aquaporinas).

Existem 3 classificações no processo de osmose e que são de interesse,


sendo:
Meio isotônico: quando dois meios possuem a mesma concentração de espécies
químicas.
Meio hipotônico: quando a concentração do soluto é menor que a concentração do
solvente.
Meio Hipertônico: quando a concentração do soluto é maior que a concentração do
solvente.
81

Assim, em função da variação da concentração, poderá ocorrer alteração na


forma da célula, a chamada tonicidade. Objetivamente, tonicidade é a capacidade de
uma solução reduzir ou aumentar o volume celular.
Mas afinal, qual a importância da osmose para os seres vivos em geral?
(adaptado de Mundo Educação e Tortora et al., 2012)
O nosso sangue apresenta uma pressão osmótica de cerca de 7,8 atm, sendo
que as hemácias ou glóbulos vermelhos também. Isso permite a passagem fácil de
moléculas de água para dentro e para fora das hemácias. É por isso que o soro
fisiológico e as injeções intravenosas devem possuir a mesma pressão do sangue.
Dessa forma, dizemos que o soro e os glóbulos vermelhos são isotônicos.
Outro exemplo é a ascensão da seiva nas plantas. As raízes das árvores
funcionam como uma membrana semipermeável permitindo a passagem de água,
ureia e outras substâncias, mas impedindo a passagem de íons sódio, glicose e
outros. Como a solução que está dentro da raiz da planta é mais concentrada que a
da terra, ocorre a passagem de água pela raiz para dentro da planta. Para que essa
água suba e atinja todas as regiões da planta, a pressão osmótica pode atingir
valores de 50 atm.
Para complementar esse assunto no âmbito dos vegetais, procure estudar
sobre capilaridade, que é tendência que os líquidos apresentam de subir em tubos
capilares ou de fluir através de corpos porosos, causada pela tensão superficial.
Podemos dizer que a capilaridade é o processo em que ocorre a condução de um
líquido por tubos muito finos. Isto se deve às propriedades de coesão e adesão da
água, que respectivamente são, a união entre as moléculas de água, e a força entre
um líquido e a superfície de um sólido.
E nas bactérias, o que pode ocorrer?
Alguns antibióticos (como a penicilina) danificam a parede celular bacteriana,
induzindo o rompimento ou a lise celular. Normalmente isso ocorre porque o
citoplasma bacteriano tem uma concentração muito alta de solutos, que quando a
parede é enfraquecida, água adicional entra na célula por osmose, o que leva a sua
ruptura. As bactérias gram-negativas apresentam paredes celulares mais fracas.

E nos animais, quais as implicações da Osmose?


Os animais aquáticos de água doce têm um grande problema para resolver,
que é a chamada osmorregulação. Como a concentração de sais no fluído da
82

célula é maior é maior que no ambiente de água doce (isto é, os fluídos são
hipertônicos), então a água doce tende a entrar na célula por osmose. Os animais
de água doce, sejam os protozoários ou peixes com as suas guelras, necessitam de
um mecanismo para excretar a água (são os vacúolos contráteis nos protozoários e
rins nos peixes). Por isto a dificuldade de espécies de água doce “invadir” ambientes
marinhos. Já os animais marinhos são hipotônicos (corpo tem conteúdo salino
inferior ao do mar), desenvolveram um metabolismo que implica na excreção do sal
e retenção da água no corpo celular (ODUM, 2004).

E quais são as possibilidades para o uso dos conhecimentos sobre


Osmose?
Em uma rápida busca nos sites de pesquisa científica, você verá o uso da
Osmose em tratamento de águas residuárias, dessalinização da água do mar,
cultivo por meio de hidroponia, tratamento de água na indústria farmacêutica, e
outras mais.
E o que vem a ser osmose reversa ou osmose inversa?
Como não é o tema desta aula, seremos sucintos.
Ocorre quando aplica-se um gradiente superior a pressão osmótica for
aplicado do lado da solução mais concentrada, de forma que haverá o fluxo da água
do lado mais concentrado para o mais diluído, fenômeno este chamado de osmose
reversa. Cabe destacar que a passagem da água se dá por meio de uma membrana
semipermeável, da solução concentrada para diluída, mas que na verdade se dá da
solução de maior energia para menor energia, de forma similar a que ocorre com a
osmose (METCAL e EDDY, 2016).

São propostas 5 práticas.


Prática 1: osmose com as folhas de alface
Primeira parte:
Materiais: Alface fresca; Água; 1 prato ou vasilha; Geladeira.
Passo a passo:
1 – Colocar a folha de alface em uma vasilha sem tampa na geladeira por 24h. A
folha perde água na geladeira devido ao fluxo do ar frio e seco no seu interior.
2 – Decorridas as 24h, colocar a mesma folha de alface em uma vasilha com água
(levemente submergida) e aguardar por 3h.
83

Exercício:
1 – Registre em seu caderno ou relatório o que aconteceu com a folha de alface.
Quais seriam os motivos para este comportamento?

Segunda parte:
Materiais: Alface fresca; Água; 1 prato ou vasilha; geladeira; 1 colher; Sal de
cozinha
Passo a passo:
1 - Coloque uma folha de alface em um recipiente e adicione sal (aproximadamente
uma colher de chá).
2 – Aguardar por aproximadamente 3h, até que a folha perca fique aparentemente
murcha.

Exercício
1 – Anote no seu caderno o relatório o que ocorreu. Qual seria a explicação para
este fenômeno?

Prática 2: osmose com células da folha de Elodea


A Elodea é uma planta ornamental usada em aquários e que pode ser
facilmente adquirida em lojas especializadas. É uma monocotiledônea da família
Hydrocharitaceae.

Materiais: Folhas de Elodea, microscópio, pipeta Pasteur, lâmina, lamínula, NaCl e


papel de filtro.
Passo a passo:
1 - Com uma pinça de ponta fina, coletar um pedaço com cerca de 0,5 cm da folha
de Elodea.
2 - Colocar o pedaço de folha sobre a lâmina. Usando a Pipeta Pasteur ou conta-
gotas, pingue uma gota de água sobre o mesmo. Cobrir a preparação com uma
lamínula.
3 – Pressione levemente a lamínula para retirar as bolhas de ar.
4 – Observar ao microscópio seguindo os cuidados observados na aula 2.
5 – Usando o frasco contendo a solução de NaCl pingue em um dos lados da
lamínula uma gota da solução. Encostar um pedaço de papel de filtro do lado oposto
84

ao que foi pingada a solução de NaCl de forma a substituir a água pelo cloreto de
sódio.
6 – Observar novamente ao microscópio e registrar.

OBS.: Colocar sal de cozinha (NaCl) em água destilada até que deixe de formar
uma solução.
OBS.: Para uso da objetiva de 100x, use o óleo de imersão, pois ele possui interface
líquida no mesmo índice de refração da objetiva. A sua utilização impedirá que os
raios luminosos não se dispersem ao atravessarem o conjunto lâmina-óleo,
permitindo a entrada de um grande cone de luz na objetiva, o que melhora a
visualização do material. Pingue uma pequena gota do óleo em cima da lamínula
somente quando for visualizar com a objetiva de 100x. Atente-se quanto aos
cuidados de segurança mencionados na aula 2 (risco de quebra da lâmina e
lamínula).

Exercícios
1 - Por que podemos ver facilmente os cloroplastos, mas não o complexo de Golgi, o
retículo endoplasmático ou as mitocôndrias?
2 – Quais estruturas celulares foram observadas?
3 - Qual a evidência observável de que ocorreu perda de água do interior da célula
para o meio externo quando a Elodea foi colocada em uma solução concentrada de
cloreto de sódio?
4 - A solução de NaCl é hipotônica ou hipertônica em relação ao meio interno da
célula?
5 - É possível prever o que ocorrerá com as células da Elodea se forem retiradas da
solução de cloreto de sódio e colocadas novamente em água? Justificar a sua
resposta e lembre-se da variável “tempo”.

Prática 3: osmose com sangue de boi

Breve introdução: A hemácia contém um pigmento de coloração vermelha


chamada hemoglobina, que é uma proteína presente nos eritrócitos (hemácias),
constituindo aproximadamente 35% de seu peso. Tem a função de transportar o
85

oxigênio, levando-o dos pulmões aos tecidos de todo o corpo. Além disso tem a
função de transportar nutrientes para as células e recolher as suas excretas.

Materiais: 12 tubos de ensaio para centrífuga; 2 pipetas de 5mL; 1 litro de solução


de NaCl a 1,0% ; sangue: 1,5 ml por bateria de 12 tubos ; 1 litro de água destilada; 2
suportes para tubos de ensaio e caneta para escrever em vidro.

Etapa 1:
Passo a passo:
1 - Prepare os 12 tubos de ensaio de acordo com a tabela abaixo, numerando-os
com caneta. Para colocar as duas substâncias nos tubos utilizem duas pipetas
individualizadas.

Tabela 1 – Identificação dos tubos


água
Frasco NaCl 1% destilada concentração (%)
1 10 ml 0,0 ml
2 8,5 ml 1,5 ml
3 7,5 ml 2,5 ml
4 6,5 ml 3,5 ml
5 6,0 ml 4,0 ml
6 5,5 ml 4,5 ml
7 5,0 ml 5,0 ml
8 4,5 ml 5,5 ml
9 4,0 ml 6,0 ml
10 3,5 ml 6,5 ml
11 3,0 ml 7,0 ml
12 2,5 ml 7,5 ml

2 - Pingue 2 gotas de sangue em cada tubo. Agite levemente.


3 - Observe atentamente os 12 tubos e após 10 minutos descreva o observado.
4 - Agite seguidamente os 12 tubos, para manter homogênea a suspensão.

Exercícios
1) Observe para responder: Há diferenças entre os níveis de turbidez nos tubos,
isto é, quanto cada solução está límpida ou turva? O que isto significa? Levante
especulações, inclusive em relação ao tempo de coleta da amostra de sangue
(efeito da coagulação)
86

Etapa 2:
Passo a passo:
1 – Com os 12 tubos já preparados e observados, coloque-os na centrífuga por 5
minutos a 2500 rpm.

Exercício
1) Que relação pode ser estabelecida entre a cor da solução com o tamanho do
depósito no fundo de cada tubo? Discuta os resultados.

Prática 4: osmose com açúcar e saco celofane


Materiais: 2 béqueres; 1 saco de celofane (que é uma membrana seletivamente
permeável e preenchido com solução de sacarose a 20% - açúcar de mesa); rolha
de borracha, água destilada, tubo de vidro e anel de borracha.
Passo a passo
1 – Coloque a sacarose dentro do saco celofane (já diluída).
2 – Transpasse o tubo de vidro pela rolha de borracha e fixe-a (vendando-a) com o
anel de borracha.
3 – Submerja em um béquer com água destilada, procurando centralizar o saco de
celofane no mesmo. O nível da água destilada deverá ser imediatamente superior ao
da rolha de borracha. Observe a figura abaixo quanto ao comportamento esperado.

Figura 2 – Osmose. Fonte: Tortora et al. (2012).

Exercício
1 - Explique a osmose ocorrida neste experimento.
87

Prática 5: vidrarias, guardanapo e água com corante (para fenômeno da


capilaridade)

Materiais: 2 béqueres de 200 mL, água destilada com corante e guardanapo.


Passo a passo:
1 – Coloque a água destilada em um dos béqueres.
2 – Dobre o papel toalha em camadas, até tornar a forma de um “canudo”.
3 – Com os béqueres paralelos, dobre o papel toalha ao meio e submerja no béquer
com o líquido, deixando a outra metade para dentro do béquer vazio.
4 – Observe o que acontecerá decorrido 1h.
5 – Você pode colocar algum objeto sob um dos béqueres e observar o
comportamento do líquido após algumas horas.

Exercício
1 – Observe os fatos relevantes no seu relatório e explique o motivo da transferência
do líquido pelo guardanapo.

Referências
Biblioteca Digital de Ciências da Unicamp. Aula 1: Osmose em célula vegetal
observada ao microscópio óptico. 2011. Disponível em: <
https://www2.ib.unicamp.br/lte/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=1102#.WsQ1JU
xFzIU >. Acesso: 22 jan. 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.

3.2 - EXTRAÇÃO DO DNA VEGETAL

Objetivos
* Compreender o DNA como chave da vida
* Compreender as reações que permitiram visualizar o aglomerado (nuvem) da fita
de DNA
Duração: 4 aulas
88

O DNA
O DNA, molécula de Ácido Desoxirribonucleico, teve estudos consagrados
com James Watson e Francis Crick, em 1953, vindo a descobrir a estrutura de dupla
hélice das duas longas fitas de DNA que se enrolam.
Há ferramentas modernas para identificação do DNA, a saber: PCR (Reação
em cadeia da polimerase) que permite ampliar regiões específicas da fita de DNA; e
a eletroforese em gel, que permite separar e analisar macromoléculas (DNA, RNA e
proteínas) e seus fragmentos baseando-se no tamanho e polaridade delas. Logo, ao
final deste experimento será possível visualizar milhares de fitas de DNA juntas.
Para visualização do DNA vegetal é preciso dissociar o tecido da planta,
romper a parede celular e as membranas plasmática e nuclear, remover as
proteínas e isolar o DNA. O procedimento para extração do DNA em células animais
é basicamente o mesmo.
Destaca-se que a totalidade do DNA extraído será composta por várias
réplicas das mesmas moléculas, uma vez que inúmeras células do mesmo
organismo serão degradadas para que possamos visualizar o DNA.
Cabe ressaltar que estudos de DNA passam necessariamente pela
necessidade do ISOLAMENTO da molécula.

Muita atenção
Com a aplicação desses materiais, há a formação de uma fração superior na
fase alcoólica, de aspecto gelatinoso, mais denso e com abundantes bolhas de ar.
Essa fração é usualmente apontada como sendo DNA, correspondendo na realidade
à fração de pectina. Uma forma fácil de distinguir em uma extração a fração
correspondente ao DNA daquela de pectina é reparar na consistência da camada
onde ela se apresenta. O DNA precipita com o álcool e fica na parte inferior da fase
alcoólica, logo acima da fase aquosa. A pectina fica na superfície da fase alcoólica,
apresenta consistência gelatinosa e abundante bolhas de ar. O DNA precipitado
forma um emaranhado de filamentos muito finos, semelhantes a fios de algodão, e
com aspecto de “nuvem”. Ao tentar “pescar” o DNA com uma pipeta de Pasteur ou
bastão de vidro, este gruda e apresenta aspecto de filamentos muito finos que não
se desagregam, enquanto a pectina apresenta uma consistência de geleia que
goteja e se desmancha.
89

Para evidenciar a fração contendo pectina, é possível conseguir sua


dissolução mediante a adição da enzima pectinase, o qual degrada a pectina em
solução (Rodrigues e cols., 2009).

Método
Materiais utilizados
- 1/3 de banana e/ou 02 morangos e/ou ¼ de cebola grande;
- 01 faca de cozinha;
- 02 copos de Becker ou potinho graduado;
- 01 coador de chá ou peneira
- 01 pilão ou saco para macerar;
- 02 tubos de 50 mL com tampa;
- 01 colher de chá;
- 01 pote plástico grande para manter o álcool gelado;
- gelo;
- água quente (65°C);
- 01 pano de limpeza;
- álcool etílico 90° gelado (a temperatura de 10°C);
- solução de lise (água+ detergente + sal de cozinha).
- balança de precisão

Passo a passo:
Observações:
 É aconselhável realizar a prática, antes da aula, para ajustar as quantidades
relativas de tecidos a partir dos quais o DNA será extraído e a relação entre
os volumes do macerado e do álcool;
 É aconselhável usar água quente na mistura com sal e detergente (cerca de
65°C), uma vez que o tempo de incubação está reduzido.

Banana ou cebola
1 – Ligar o banho Maria a 65°C.
2 – Colocar água em 2/3 do béquer e adicionar 6 ml de detergente e 4 g de sal, sem
fazer demasiada agitação (misturar suavemente sem promover espuma).
3 – Cortar a cebola em pedacinhos e adicionar no béquer (item 2).
90

4 – Tampe o béquer com filme plástico e coloque no banho Maria (65°C) por 15
minutos.
5 – Filtrar com filtro de papel até atingir a metade de um novo béquer.
6 – Tampe o béquer com filme plástico e coloque em uma bacia com gelo por 5
minutos.
7 – Retire o béquer da bacia e adicione lentamente o álcool (que estava no
congelador), escorrendo pela parede de béquer.
8 – Deixe descansar por 5 minutos e o DNA surgirá na interface entre a água e o
álcool.
9 – Com o auxílio de um palito faça a “coleta” do DNA (formato de “nuvem”)

Morango
1 – Esmagar o morango no saco plástico (retirar apenas as folhas do ápice e cortar
em pedaços) e adicioná-lo em um béquer de 200 ml.
2 – Adicionar 50 ml de água.
3 – Adicionar 6 ml de detergente e 4g de sal.
4 – Misturar e aguardar em repouso por 10 minutos em Banho Maria.
5 – Filtrar a solução em outro béquer (antes de passar para o passo 6 você pode
manter no béquer ou passar para um tubo de ensaio).
6 – A partir da quantidade de “suco de morango” obtida adicione a mesma
quantidade de álcool gelado.
7 – Observar a formação da “nuvem” de DNA formada na interface da água com o
álcool.

O quadro abaixo apresenta as interações de cada um dos materiais utilizados:

Quadro 1 – Finalidade dos materiais utilizados


MATERIAL FINALIDADE
Maceração A cebola (morango ou banana) deve ser macerada para que a parede
celular (estrutura espessa é rígida presente em células vegetais) seja
rompida.
A aplicação de força mecânica pode também romper a membrana
plasmática de algumas poucas células, embora esta estrutura deva ser
desestruturada quimicamente. Além disso, o maceramento dissocia os
tecidos, permitindo que a solução de lise (detergente + sal) aja sobre
um número maior de células, liberando um grande número de moléculas
de DNA. Assim, a cebola (morango ou banana) deve ser muito bem
macerada para garantir um bom rendimento do experimento.
91

Peneirar Peneirando o material é possível separar restos de estruturas celulares


da solução contendo DNA de outras moléculas.

Banho Maria O aumento da temperatura promove uma maior agitação molecular, o


que ajuda o detergente a desestabilizar as membranas lipídicas. Além
disso, a alta temperatura inativa as enzimas que podem degradar o
DNA (DNAases).

Detergente As membranas plasmática e nuclear são compostas principalmente por


lipídios. A função do detergente é desestruturar as moléculas de lipídio
das membranas biológicas. Dessa maneira, as membranas sofrem
ruptura e todo conteúdo celular- inclusive o DNA- fica disperso na
solução.

Sal de Cozinha A adição do sal (NaCl) no início da experiência proporciona um


ambiente favorável para a extração, pois o sal, depois de dissolvido na
água, se dissocia e contribui com íons positivos que neutralizam a carga
negativa do grupo fosfato do DNA. As moléculas de DNA passam a não
sofrer repulsão de cargas entre si, o que favorece sua aglomeração.

Álcool O álcool desidrata o DNA, de forma que este não mais fica dissolvido no
meio aquoso. Além disso, o DNA tende a não ser solúvel em álcool e,
deste modo, suas moléculas se agrupam. Como o DNA tem menor
densidade que os outros constituintes celulares, ele surge na superfície
do extrato (sobrenadante na solução de álcool etílico, que tem o
aspecto de uma “nuvem”). Quanto mais gelado o álcool, menos solúvel
será o DNA.

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2015); Projetos educacionais;


http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/siteprojeto/2003/2_extracao_DNA_cebola_com_pla
no.pdf

DNA humano da bochecha


E o DNA humano, seria possível visualizar? Uma prática comum é utilizada
nos laboratórios para ensino de Biologia. Abaixo segue o protocolo:

Materiais: detergente, sal de cozinha, álcool etílico 90° gelado (a temperatura de


10°C); copo, colher, béquer e balança de precisão (ou siga as instruções usando a
colher como medida), corante azul, copo com água e bastão de vidro
Passo a passo
1 – adicionar uma colher de sopa de sal em um copo de 200 ml com água e misture
bem
92

2 – Separe 4 colheres da água com sal em outro copo para fazer o bochecho
3 – Bochechar por 1 minuto e devolve-la no copo
4 – adicionar uma gota de detergente e misturar vagarosamente com o bastão de
vidro, de forma a não gerar espuma (misturar por 10 s aproximadamente)
5 – Separar meio copo com álcool e adicionar 3 gotas de corante (misturar
vagarosamente)
6 – adicionar lentamente o álcool no copo com água/saliva, lentamente, pela parede
do copo e aguardar 2 minutos.
7 – verificar se houve a formação da “nuvem” do DNA. Usar o bastão de vidro para
remoção.

Exercícios
1. Por que o material precisa ser macerado para isolar o DNA?
2. Qual o papel do detergente presente na solução de lise no processo de extração
do DNA?
3. De que é composta a molécula de DNA?
4. Visto que o DNA não é solúvel em álcool, o que ocorre com suas moléculas
quando colocadas neste meio?
5. Por que você não pode ver a dupla hélice do DNA extraído?
6. Considerando os procedimentos da extração do DNA genômico, você espera
obtê-lo sem quebras mecânicas e/ou químicas?
7. O DNA humano foi mais facilmente visualizado que o DNA vegetal? Comente.

Referências
SILVA, A. T. et al. CONTRIBUIÇÕES DA ATIVIDADE PRÁTICA PARA O ENSINO E
A APRENDIZAGEM DE BIOLOGIA: EXPERIÊNCIA COM A EXTRAÇÃO DO DNA
DO MORANGO. I Congresso de Inovação Pedagógica em Arapiraca:
Perspectivas atuais dos profissionais da Educação. 2015. Disponível em: <
http://www.seer.ufal.br/index.php/cipar/article/view/1886 >. Acesso: 19 Mar. 2018.
FURLAN, C. M. et al. Extração de DNA Vegetal: O que Estamos Realmente
Ensinando em Sala de Aula? Revista QUÍMICA NOVA NA ESCOLA. Vol. 33, N° 1,
FEVEREIRO 2011. Disponível em: < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc33_1/05-
RSA6409.pdf >. Acesso: 18 mar. 2018.
93

3.3 – AULA EXTRA: VISUALIZAÇÃO DE FUNGOS DISCUTIDOS EM AULA


TEÓRICA

Objetivo
* Comentar as características gerais do Reino Fungi;
* Observar as estruturas dos fungos filamentosos;
* Treinar a visualização de lâminas ao microscópio.
Duração: 2 aulas (mas o material deverá ser previamente preparado)

Método
Materiais
- uma laranja - uma fatia de pão - recipiente de plástico com tampa e
que caiba a laranja - um prato e um pires - alguns palitos de dente limpo
- um pouco de água - microscópio, lâmina e lamínula

Passo a passo:
1 – Coloque a laranja dentro do recipiente e tampe. Coloque o pedaço de pão
umedecido no prato e tampe-o com o pires. Em um outro recipiente, dividido ao
meio, coloque o pão e a laranja, porém expostos ao ambiente e sem umedece-los.
2 – Guarde os dois tratamentos sobre a bancada por 7 dias.
3 – Retire uma amostra da região do “mofo” com o palito de dente (use a alça
flambada, caso disponha deste recurso) e faça a preparação da lâmina, como já
apresentado na Unidade 2 deste Roteiro.
4 – Observe ao microscópio.

Exercícios
1 - Responda: por que foi necessário umedecer o pão? E ainda, qual ou quais
estruturas você conseguiu identificar?
2 – Os fungos foram facilmente visíveis nas 3 amostras após 1 semana? Justifique
relatando as principais possibilidades para explicar os resultados alcançados.

Referências
USP – Universidade de São Paulo. Aula prática de Microbiologia. Com adaptações.
Disponível em: < http://www.ib.usp.br/inter/0410113/downloads/asco2014.pdf >.
Acesso: 27 de Fev. 2019.
94

UNIDADE 4: TÉCNICAS DE ESTERELIZAÇÃO

4.1 - TÉCNICAS DE ESTERILIZAÇÃO

Objetivo
* Conhecer as principais técnicas de esterilização dos microrganismos;
* Diferenciar os termos “limpeza”, “assepsia”, “esterilização” e outros;
* Conhecer a operação da Autoclave, bem como os riscos relacionados.
Duração: 4 aulas
Breve conceituação
O crescimento de microrganismos em uma rotina laboratorial deve ser
controlado ou inibido, a depender da situação de trabalho.
São condições que afetam a sobrevivência dos microrganismos, dentre
outras:
a) Tamanho da população na amostra
b) Tempo de exposição a um agente microbiocida
c) Temperatura a qual o microrganismo é exposto
d) Local em que o microrganismo se encontra na vidraria ou objeto
e) Características do microrganismo
f) Condições ambientais (temperatura, pH, predação, competição e outras)

Alguns conceitos:
a) Desinfecção é a inativação ou redução do número de microrganismos
presente em um meio, não implicando na sua eliminação total. Visa eliminar o
potencial infeccioso ou patógeno existente. Um exemplo clássico é a adição
de Cloro no processo de tratamento de água.
b) Assepsia é o impedimento da entrada de microrganismo na área de trabalho.
c) Esterilização é a eliminação de toda e qualquer forma de vida presente em
um determinado material, ambiente ou meio de cultivo (removem por
completo).
d) Sanitização é o tratamento que induz à diminuição da vida dos
microrganismos. Muito aplicado na indústria de alimentos e itens de saúde
pública.
95

e) Antissépticos são biocidas que destroem ou inibem o crescimento de


microrganismos em tecidos vivos (assepsia das mãos, região da aplicação de
injeções e outros)
f) Desinfetantes são semelhantes ao antisséptico, mas usado em objetos e
superfícies inanimadas.
g) Preservação é a prevenção da multiplicação de microrganismos em produtos
formulados, como alimentos e fármacos.
h) Limpeza é o procedimento de remoção de resíduos diversos de objetos, e
deve ser precedida de desinfecção e esterilização.
OBS.: microrganismos, em especial bactérias na fase esporulada, podem resistir a
temperaturas altas (superiores a 100°C).

Alguns meios para esterilização são amplamente empregados, sendo:


Meios físicos:
a) Calor seco: - Estufa - Flambagem
b) Calor úmido: Fervura – Autoclave
c) Radiações - Raios alfa - Raios gama - Raios x
Meios químicos: Desinfetantes
Outros agentes:
Formaldeído e iodo, ambos associados ao álcool;
Flambagem no bico de Bunsen ou vela (calor chega a 1000°C)

A incineração de alças bacteriológicas e pinças é uma boa opção via bico de


Bunsen. Pode ser associado ao uso do álcool posterior ao uso e LONGE DA
CHAMA, principalmente nos casos onde posso ocorrer liberação de gases ou outras
partículas.
A radiação ultravioleta (onda de 100 a 400 nm) deve ser comedida, haja vista
ser prejudicial a tecidos humanos, podendo causar câncer, rugas na pele e até
queimadura.

Preparo de materiais para esterilização


1 – preparo de tubos de ensaio com tampas
a) Esvaziar o conteúdo do tubo e colocar de molho em solução de hipoclorito de
sódio a 2% e detergente neutro por no mínimo 24 horas;
96

b) Lavar com detergente, enxaguar aproximadamente 10 vezes, lavar mais uma


vez com água deionizada e levar para secar em estufa a 100°C;
c) As tampas devem seguir o mesmo procedimento que o tubo, mas em estufa a
50°C;
d) Para esterilização: colocar a tampa nos tubos ou rolha nos que não tem a
rosca/tampa. Nos tubos com rosca, manter a tampa levemente sobre o tubo
para permitir a troca do ar com o ambiente da autoclave ou estufa. Se
direcionada para a estufa, embrulhar em papel Kraft em grupos de três ou
cinco. Esterilizar em autoclave a 121 °C, por 30 min, ou em estufa a 180 °C,
por 2 horas. Identificar com nome, volume e data de esterilização.

2 – Preparo e esterilização das pinças


a) Lavar em água corrente com detergente, embrulhar em papel Kraft ou papel
alumínio;
b) Esterilizar em autoclave a 121 °C, por 30 min, ou em estufa a 180 °C, por 2
horas;
c) Identificar com nome, data de esterilização e prova de esterilização.

3 - Ponteiras descartáveis usadas


a) Esterilizar em autoclave a 121+/-1 °C, por 30 minutos e descartar.

4 - Utilização de estufas para incubação


a) Colocar termômetro no seu interior para confirmação da temperatura
estabelecida no painel do equipamento. A temperatura dependerá do material
incubado, mas deve oscilar em mais ou menos 1°C.

5 - Acondicionamento de material analítico


a) Placas que se destinam à cultura de bactérias são incubadas invertidas. Isso
é importante porque a evaporação do Ágar pode formar gotículas e
comprometer o crescimento do microrganismo, além de dificultar a sua
“fixação” no meio de cultura;
b) Não sobrepor mais que cinco placas para garantir uma uniformidade de
distribuição de temperatura.
97

6 – Limpeza do laboratório
a) Fazer a limpeza com pano levemente umedecido e se possível com
detergente;
b) Remover todo o remanescente de espuma e umidade sobre a bancada e
somente depois aplicar álcool 70.

7 - Preparação de placas de Petri e pipetas para esterilização


a) Embrulhar 4 ou 5 unidades no máximo em papel Kraft;
b) A temperatura em estufa é de 170°C por 2h;
c) O papel que protege o material adquire cor parda, não devendo escurecer em
demasia e nem se tornar quebradiço.
OBS.: caso seja possível, pode ser utilizado Bacillus subtillus para a
verificação da eficiência do processo de esterilização.

8 – Forno micro-ondas: usar detergente neutro e álcool 70.

9 – Geladeira
a) A limpeza é feita mensalmente com água e detergente neutro;
b) Após a limpeza, é feita a desinfecção com álcool 70%;
c) O ideal é a utilização de duas geladeiras no laboratório, sendo uma para
material para novas análises (meios de cultura, reagentes e outros materiais
pertinentes às análises) e outra com exclusividade para material contaminado
e cepas.

10 – Autoclave
a) É um aparelho utilizado nos processos de esterilização a vapor e pressão,
sendo empregados para materiais destinados a análises, meios de cultura e
materiais contaminados para descarte;
b) Para limpeza usar detergente neutro, esponja, jarra, água potável, água
deionizada ou destilada;
c) Materiais limpos e materiais contaminados são autoclavados em ciclos
separados;
d) O material limpo é esterilizado em autoclave à temperatura de 121 °C, com
tolerância de 1 °C, por 15 minutos;
98

e) A esterilização em excesso de meios de cultura pode alterar características


bioquímicas, propriedades nutritivas e deteriorar a qualidade do meio.
Duas opções para avaliar a qualidade do ciclo da autoclave:
a) Utilizar, a cada ciclo, fitas para autoclave que são esterilizadas junto com o
material. Se ao final do ciclo perceber que houve o desenvolvimento de listras
mais escuras na fita, é porque a temperatura de esterilização atingida;
b) Avaliar a eficiência das esterilizações através do controle de eficiência
biológica: Utilizar esporos de Bacillus stearothermophylus. Devido à
termorresistência dos esporos, estes somente são destruídos a uma
temperatura de 120+/-1 °C, por 15 minutos, com 1 atm de pressão.

Utilização dos bioindicadores


As ampolas são colocadas junto com o material a esterilizar, acondicionadas
em tubo de ensaio para evitar que, no caso de rompimento de uma ampola haja
contaminação. Após o ciclo da autoclave, as ampolas são incubadas a 55 °C, por
24/48 horas. Incubar junto uma ampola que não tenha sido esterilizada como prova
de controle. Se a esterilização for eficiente não há crescimento de Bacillus
stearothermophylus e a coloração violeta da ampola permanece inalterada.
Em caso de esterilização ineficiente, o crescimento dos bacilos é observado
pela turvação do caldo e acidificação por fermentação dos açúcares e sua cor muda
de violeta para amarelo. A ampola controle também muda de coloração passando de
violeta para amarelo.
Pode-se usar como bioindicador o Bacilo subtilis.
Ambos não são patogênicos, mas este último é um dos mais resistentes ao
calor.
11 - Agitador de tubos
a) O agitador de tubos de ensaio é um aparelho importante no processo de
análises microbiológicas, já que garante a homogeneização do conteúdo dos
tubos de ensaio através de agitação circular;
b) Antes e depois do uso, o agitador deve ser limpo com algodão embebido em
álcool 70%.

12 - Contador de colônias
99

a) O contador de colônias é um utensílio que auxilia na contagem das colônias


de microrganismos cultivadas nas placas de petri, através de sua observação
na lupa, e com iluminação;
b) Depois do uso, o equipamento deve ser limpo com algodão embebido em
álcool 70%.

13 - Pesagem de amostras
a) A pesagem correta das amostras é de suma importância para a inocuidade da
amostra e sua proporcionalidade em relação ao diluente;
b) Desinfetar com algodão e álcool 70% e ligar a balança;
c) Ligar a chama ou utilizar a capela de fluxo laminar.

Preparação do álcool 70
O grau Gay Lussac ou º GL representa o volume de soluto presente em 100
volumes da solução (soluto + solvente, etanol + água), a 20 º C.
A solução alcoólica apresenta boa ação germicida na concentração de 70%.
Quando puro, o álcool é menos eficaz que quando misturado à água, pois esta
facilita a desnaturação da proteína, ligada a ação antimicrobiana do álcool. Quando
associado a algum emoliente (abrandar, como a água), o álcool tem sua atividade
bactericida prolongada, por meio do retardamento da sua evaporação, com
diminuição também do ressecamento e irritação provocadas na pele pelo uso
repetido.
O processo de diluição de soluções de álcool é simples e pode ser feito
seguindo a seguinte fórmula:
Cf Vf = CiVi
Onde,
C i = Concentração inicial (concentração do álcool na solução pura)
Vi = Volume inicial (volume do álcool na solução pura)
Cf = Concentração final (Concentração desejada)
Vf= Volume final (Volume desejado)

Se o álcool adquirido tiver concentração igual a 96%, o cálculo para diluição


deverá ser feito da seguinte forma:
100

(concen. desejada %) X (vol. desejado ml) / concen. álcool na solução pura % =


volume de solução pura ml
Exemplo: Concentração desejada = 70%
Volume desejado = 1 litro (1000 ml)
Concentração de álcool na solução pura = 96%

70% X 1000 ml / 96% = 729,16


Assim: O volume de álcool puro a ser utilizado será de 729,16 ml,
completando-se o volume com água destilada até atingir 1000 ml, isto é, acrescentar
270,83 ml de água.
OBS.: Devido à volatilidade do álcool, é importante manter a pisseta sempre
fechada (inclusive o esguicho) podendo colocar um papel alumínio na sua
extremidade.

Exercícios
1 – Elenque passo a passo para operação da autoclave
2 – Quais são os principais riscos para operação da autoclave?
3 – Diferencie esterilização de desinfecção.
4 – Quais os fatores que podem interferir na sobrevivência dos microrganismos em
termos de vidrarias e ambiente laboratorial?
5 – Por que usualmente se utiliza o Álcool 70 em detrimento de outras
concentrações?

Referências
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.

SALVATORI, R. U. Laboratório de Microbiologia: normas gerais, instruções de


trabalho e procedimentos operacionais padrões. Org. Rosângela Uhrig Salvatori,
Greice Aline Kaisecamp Wolf, Fabíola Dresch e Andreia Aparecida Guimarães
Strohschoen - Lajeado: Ed. da Univates, 2013. 72 p.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo


Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
101

USP – Universidade de São Paulo. Instituto de Ciências Biomédicas. POPs de


rotina de laboratório. Disponível em: <
http://www.icb.usp.br/cibio/index.php?option=com_content&view=article&id=60&Itemi
d=58 >. Acesso: 27 Fev. 2019.
102

UNIDADE 5: PREPARO DE MEIO DE CULTURA

5.1 - MEIOS DE CULTURA

Objetivos
* Desenvolver habilidade em manuseio de vidrarias;
* Compreender a necessidade nutricional dos microrganismos em função das
características do Meio de Cultura;
* Conhecer os principais Meios de Cultura comerciáveis.
Duração: 4 aulas

Os meios de cultura para cultivo de microrganismos


Meios de cultura é um conjunto de substâncias formuladas com a finalidade
de fornecer nutrientes para que os microrganismos se multipliquem. Após o
desenvolvimento (normalmente em placa de Petri ou tubos de ensaio), dar-se as
etapas seguintes, como a identificação dos grupos presentes. Como vimos, a
identificação pode ser morfológica, mas dada a magnitude de seres vivos e os
avanços da ciência, associado ainda a eventuais alterações de natureza
taxonômica, a biologia molecular é a mais utilizada para fins de confirmação
taxonômica.
Os meios de cultura devem apresentar:
a) Meio isotônico, ou seja, concentração de cloreto de sódio idêntica à fisiológica
(relacionado ao processo osmótico);
b) Esterilização (normalmente no ato de preparação do meio de cultura);
c) Nutrientes para o metabolismo microbiano (concentração de carbono,
nitrogênio e sais minerais).

Em relação ao estado físico, podem ser líquidos (denominados de caldo), ou


gelificados, produzidos com o acréscimo de ágar ao meio líquido. Pode ter origem
natural, sintético ou semissintético. O Ágar, meio de cultura amplamente utilizado,
tem como fonte as Algas.
Os meios de cultura são classificados conforme a sua aplicação, conforme
exposto abaixo:
103

a) Meio de Enriquecimento: são preparações normalmente líquidas que


promovem o aumento do número de bactérias. Alguns exemplos são: Caldo
Brain Heart Infusion e o Caldo Tetrationato
b) Meio de Transporte: não possuem nutrientes, apenas um agente redutor.
Previne desidratação e oxidação enzimática dos patógenos presentes. Tem
essa finalidade o Caldo Tioglicolato.
c) Meio Seletivo: são exemplos o Ágar Manitol Salgado e Agar SS, utilizados
para selecionar as espécies que serão isoladas e impedir o crescimento de
germes.
d) Meio Diferencial: promove uma mudança na coloração das colônias de
bactérias, possibilitando a distinção de vários gêneros e espécies de
microrganismos. Exemplos: Ágar Eosin Methilene Blue e Ágar Hektoen.
e) Meio Indicador: possibilita a análise das propriedades bioquímicas dos
microrganismos, facilitando sua identificação. Utiliza-se o Ágar Triple Sugar
Iron (TSI) e Ágar Citrato de Simmons para essa função.

Existe uma infinidade de meios de cultura no mercado. Do ponto de vista


microbiológico, nem todos os microrganismos são facilmente cultiváveis em meio de
cultura. A escolha do meio de cultura dependerá do que se deseja investigar. Pode-
se ainda adicionar ao meio de cultura algum antibiótico, quando há a necessidade
de restringir o crescimento de bactérias, por exemplo, em uma determinada amostra.
Alguns meios de cultura disponíveis são:
a) Ágar: tem várias aplicações no laboratório de microbiologia e pode ser
utilizado para isolamento de culturas puras.
b) Ágar Sabouraud de dextrose: favorece o crescimento de diversos fungos.
Pode incubar à temperatura ambiente. Em alguns casos (a depender do alvo
do estudo), incubar por até 40 dias.
c) Caldo BHI - BRAIN HEART INFUSION (ou cérebro e coração): Meio para
cultivo de estreptococcos, pneumococos, meningococos, enterobactérias, não
fermentadores, leveduras e fungos. Para teste bacteriológico incubar a 35°C
por 24h, já para fungos aguardar por 5 dias;
d) Meio Stuart: para conservação de microrganismos patogênicos como
Pneumococcus, Salmonella spp., Shigella spp. entre outros.
104

Método
1) Para a nossa aula utilizaremos o Ágar Sabouraud. Preparar 330 ml,
adicionando 22g e misturar no agitador magnético a 50°C;
2) Levar para esterilização na autoclave;
3) Verter nas placas de Petri, próximo à chama e com os cuidados de assepsia
de praxe;
4) Deve-se observar há distribuição homogênea do meio de cultura na placa e
na altura de 4 mm;
5) Ao resfriar (normalmente abaixo de 45°C), o Ágar solidifica na Placa de Petri;
6) Em seguida deverá armazenar as placas de Petri na geladeira para uso
posterior (incubação).

As colônias crescerão tanto na superfície como também no interior do Ágar,


como será observado em outras aulas.
Para que o crescimento seja preferencialmente na superfície, ao fazer a
semeadura deve-se espalhar a amostra com bastão de vidro em “L”, pois assim
minimiza acúmulo da alíquota e consequentemente falhas na contagem. É o
chamado método do espalhamento da Placa.

Exercícios
1 – Há diferença quando se utiliza as expressões “Ágar” e “Caldo”?
2 – Por que o Ágar se solidifica abaixo de 45°C?
3 – Qual a composição básica do Ágar? E de outros meios de cultura?

Referências
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.

5.2 – AULA INTEGRADA: ESTERILIZAÇÃO, MEIO DE CULTURA E CÉLULAS

Objetivos
* Conhecer os procedimentos de esterilização mais adotados;
105

* Utilizar meios de cultura alternativos;


* visualização de células ao microscópio após cultivo em placa de Petri
Duração: 2 aulas
OBS.: Seguir orientação quanto ao uso de cada equipamento, em especial, da
autoclave.
Seguir rigorosamente, até por questões de segurança, o protocolo de cada
item desta unidade.

Esterilização de vidrarias para próximas aulas práticas e teste de


contaminação de superfícies diversas com meio de cultura alternativo
Além da preparação das vidrarias (esterilização), esta aula tem por objetivo o
teste com meio de cultura alternativo para posterior visualização no microscópio.
Como dito anteriormente, o conteúdo das aulas 1 e 2 são constantemente
retomados, seja por meio do manuseio das vidrarias ou a partir do uso do
microscópio.

Limpeza de provetas, frascos de Erlenmeyer e béqueres


Lavar com água e detergente, utilizando esponja e escovete. Caso os
materiais apresentem incrustações ou resíduos gordurosos, proceder à imersão
destes em solução de hipoclorito de sódio a 2% (água sanitária) e detergente neutro.
Enxaguar dez vezes (é apenas uma referência) com água corrente, enchendo e
esvaziando totalmente a vidraria. Utilizar no último enxágue, água destilada ou
deionizada. Deixar drenar a água das vidrarias e secar em estufa a 100 °C.

Preparo
 Colocar tampão de algodão hidrófobo e gaze no bocal dos frascos
erlenmeyer. Cobrir com folha de alumínio ou papel Kraft e fixar com barbante,
atilho ou fita adesiva tipo crepe;
 Cobrir os bocais das provetas e dos béqueres com folha de alumínio ou papel
Kraft e fixar com fita adesiva tipo crepe, atilho ou barbante;
 Esterilizar em autoclave a 121 °C, por 30 min.;
 No caso de pipetas, indicado estufa a 170 °C – 180 °C por 2 horas, sendo a
pipeta colocado dentro da cápsula de inox;
106

 Identificar o material com data de esterilização e prova de esterilização,


colocando-os em armário reservado para uso microbiológico.
Observação: Frascos destinados ao preparo de meios de cultura, que são
submetidos à esterilização por autoclave no momento do preparo do meio,
dispensam esterilização prévia.

Preparo das pipetas


 Retirar o algodão do bocal de cada pipeta com estilete de ponta fina ou
agulha histológica;
 Imergir as pipetas em solução de hipoclorito de sódio a 2% (água sanitária) e
detergente por 24 horas;
 Enxaguar em água corrente. Se necessário, imergir em solução de hexano
alcalino até total eliminação dos resíduos. Enxaguar, tantas vezes quantas
forem necessárias, até a eliminação completa dos resíduos. Enxaguar com
água destilada ou deionizada. Secar em estufa a 100 °C;
 Colocar algodão hidrófobo no bocal das pipetas. Acondicionar em porta-
pipetas ou embrulhar em grupos em papel Kraft ou ainda usar a cápsula de
inox para fins de esterilização na estufa;
 Identificar o material com nome, quantidade, volume da vidraria e data de
esterilização. Esterilizar em estufa a 170 °C, por 2 horas;
 Não é recomendável o uso da autoclave por poder acumular gotículas no
interior da pipeta e ser um meio propício a desenvolvimento de
microrganismos;
 Identificar o material com data de esterilização.

Preparo de tubos de ensaio


Esvaziar o conteúdo do tubo e colocar de molho em solução de hipoclorito de
sódio a 2% (água sanitária) e detergente neutro por no mínimo 24 horas.
Lavar com água e detergente, utilizando escovetes e esponjas para retirar
resíduos internos. Enxaguar em água corrente. Colocar, se necessário, os tubos em
recipiente contendo solução hexano alcalino até total eliminação dos resíduos.
Enxaguar dez vezes em água corrente (valor de referência), enchendo e esvaziando
totalmente os tubos. Utilizar no último enxágue, água destilada ou deionizada.
107

Deixar escorrer bem toda a água, colocar os tubos para secar em estufa a 100 ºC.

Tampas
Imergir em solução de hipoclorito de sódio a 2% (água sanitária) e detergente
neutro por no mínimo 24 horas.
Lavar com água e detergente. Enxaguar dez vezes em água corrente (valor
de referência). Utilizar no último enxágue, água destilada ou deionizada. Deixar
escorrer a água e secar em estufa a 50 °C.
Atenção: Limpar geladeira, forno micro-ondas e centrífuga usando pano
úmido com detergente neutro e depois álcool 70.

Considerações sobre o armazenamento


a) Placas de Petri: devem ser acondicionadas em estojos porta placas de
alumínio ou aço inoxidável, em grupos de mesma dimensão, ou embrulhadas em
papel Kraft em grupos de até dez placas;
b) Pipetas: Preencher o bocal com algodão e acondicionar em estojos porta
pipetas de alumínio ou aço inoxidável, em grupos de mesmo volume com as pontas
para baixo, na extremidade oposta à tampa do estojo. Proteger o fundo dos estojos
com um chumaço de algodão ou gaze para evitar danos nas pontas das pipetas.
Pode-se também embrulhar as pipetas individualmente em papel Kraft, lembrando-
se de identificar a extremidade do embrulho que deve ser aberta no momento da
análise, e anotar externamente o volume da pipeta;
c) Tubos de ensaio vazios: tampar com tampão de algodão ou de gaze, ou
ainda com as respectivas tampas no caso dos tubos rosqueáveis. Acondicionar em
grupos de 4 a 6 tubos de mesmo tamanho e volume, embrulhar com papel Kraft e
vedar com fita crepe especial;
d) Frascos de homogeneização e outros frascos vazios tampados com
tampão de algodão, gaze ou tampa própria: Cobrir a tampa ou o tampão com papel
Kraft;
e) Espátulas, pinças, tesouras e demais utensílios: embrulhar individualmente
com papel Kraft, lembrando-se de identificar a extremidade do embrulho que deve
ser aberta no momento da análise.
108

Preparo de meio de cultura de baixo custo (utilização posterior do


microscópio)
Materiais: 3 pacotes de gelatina incolor, 1 sachê de caldo de carne, 5 placas de
Petri, 1 colher de chá de açúcar, e 300 mL de água destilada.

Método
 Aqueça a água e dissolva a gelatina na água. Para uma boa homogeneização
utilize a isca magnética (“peixinho”) na chapa aquecedora;
 Acrescente açúcar ainda sob agitação
 Em Placas de Petri previamente limpas com álcool, distribua o líquido perto
da chama do bico de Bulsen ou lamparina para evitar a contaminação pelo ar.
Espere o meio de cultura esfriar e leve-o a geladeira para se solidificar. No caso do
meio de cultura de gelatina, teste essa receita antes de aplicá-la em sala de aula
para saber se será necessário modificar a quantidade de água. O ideal é que a
gelatina não derreta mesmo na temperatura ambiente, e para tal recomenda-se
volume de água destilada inferior ao recomendado no rótulo do produto. Não aqueça
demasiadamente a água, pois poderá comprometer a gelificação da gelatina/meio
de cultura.
ATENÇÃO: os meios de cultura apresentados não foram esterilizados. O
ideal é levar o meio de cultura preparado no Erlemeyer na autoclave e após esfriar
distribuir nas placas de Petri, em seguida deixar na geladeira por 24h.

Procedimento após preparação do meio de cultura alternativo


 Passe o cotonete (por ora umedecido em água destilada) em superfícies
diversas e distribua lentamente sobre a superfície da placa de Petri com o meio de
cultura endurecido. Utilize alça microbiológica para esgotar o material na placa, o
distribuindo em forma de estria;
 Coloque a placa na posição invertida (observar se haverá gotículas de
condensação), identificada e à temperatura ambiente (foto período);
 Observe após 1 semana.

Exercícios
1 – Qual a importância da correta esterilização das vidrarias?
109

2 – O que vem a ser meio de cultura? Qual o motivo de utilizar meio de cultura
alternativo em detrimento dos que estão disponíveis no mercado?
3 – O que foi possível observar na placa após 1 semana? É possível identificar as
espécies? Quais as limitações para esta identificação?
4 – Qual a correta posição da placa de Petri ao ser incubada? Justifique.
5 – O que vem a ser inóculo?
6 – Quais são os principais cuidados operacionais a serem seguidos durante o
manuseio das vidrarias e preservação dos microrganismos?

Referências
Biblioteca Digital de Ciências da Unicamp. Aula 1: Hipóteses sobre a origem da
vida e a vida primitiva. Disponível em: <
https://www.bdc.ib.unicamp.br/bdc/visualizarMaterial.php?idMaterial=1451#.WsLhwk
xFzIV>. Acesso: 22 jan. 2018.
SALVATORI, R. U. Laboratório de Microbiologia: normas gerais, instruções de
trabalho e procedimentos operacionais padrões. Org. Rosângela Uhrig Salvatori,
Greice Aline Kaisecamp Wolf, Fabíola Dresch e Andreia Aparecida Guimarães
Strohschoen - Lajeado: Ed. da Univates, 2013. 72 p. Disponível em: <
https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/18/pdf_18.pdf >. Acesso:
25 Fev. 2019.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
UFTP - Universidade Federal Tecnológica do Paraná. Disponível em: <
http://paginapessoal.utfpr.edu.br/geraldo/microbiologia-pratica >. Acesso: 22 jan.
2018.

5.3 – DILUIÇÃO SERIADA

Objetivos
* Desenvolver a habilidade quanto o manuseio de vidrarias;
* Compreender a necessidade da diluição seriada para contagem de
microrganismos.
Duração: 2 aulas
110

Finalidade da diluição seriada


A diluição seriada tem a finalidade de facilitar a contagem dos
microrganismos. Veja o exemplo: se em 1 ml de leite tem 10.000 microrganismos,
teoricamente se este 1ml fosse semeado na placa de Petri, teríamos então 10.000
colônias, o que seria incontável. Agora se 1 ml for introduzido em um tubo de ensaio
com 9 ml de água estéril, teoricamente teremos 1000 bactérias (diluição 10 -2), e
assim sucessivamente. Embora subjetivo, acredita-se que a contagem de 30 a 300
colônias seja a mais “aceitável”.
Para reduzir o consumo de material esterilizado, comece a semeadura em
Placas de Petri pela menor maior diluição, ou seja, crescente (10 -5, 10-4, 10-3...).
A figura 1 ilustra o método de diluição seriada (TORTORA et al., 2012).

Figura 1 – Exemplo de diluição seriada e inoculação na placa de Petri


correspondente. Fonte: Tortora et al. (2012)

5.4 - MEIOS DE CULTURA

Objetivos
* Realizar a técnica de microcultivo a partir de uma cultura pré-estabelecida;
* Desenvolver a habilidade em manuseio de vidrarias, operação da autoclave e
outros procedimentos corriqueiros.
Duração: 4 aulas

Aprofundando os conceitos sobre Meio de Cultura


Ainda sobre o processo de investigação, após o processo de cultivo
inicialmente escolhido, dar-se o processo do micro cultivo, que consiste em
111

selecionar colônias para nova incubação e assim facilitar a identificação dos


microrganismos.
O procedimento é será como exposto na figura 2 abaixo. Insere um tubo de
vidro em formato de “V” na Placa de Petri (no nosso caso utilizaremos o palito para
churrasco). Em seguida coloca-se a lâmina com Ágar (um quadrado de 1 cm) e
sobre ele é semeado a colônia segregada (mais facilmente isolada da placa
anterior). Em seguida coloca-se a lamínula por cima. Na extremidade da placa
coloca um pedaço de algodão umedecido (fonte de umidade) e deixa a placa
incubada. Vale ressaltar que todo o material deverá ser autoclavado antes da
semeadura (muito cuidado ao transportar esta placa de Petri).

Figura 2 – Arranjo da placa de Petri para fins do micro cultivo. Fonte: própria.

Decorrido 1 semana, procede a coleta da amostra para análise morfológica ao


microscópio óptico.

Algumas considerações
a) Os objetivos desta aula são: esterilizar vidrarias e meio de cultura (fiz para a
primeira turma, mas esta deve preparar os materiais para as turmas seguintes);
conhecer as finalidades dos meios de cultura, fazer a inoculação para fins de micro
cultivo; realizar a diluição seriada;
b) Ficar atento aos cuidados de assepsia em todas as fases da análise;
c) Ao final de cada aula proceder a limpeza e esterilização dos materiais para a
turma seguinte (devido limitação de vidrarias não fizemos a preparação para todas
as turmas no dia anterior).

Resumo das etapas


112

a) Pesar 5g de solo e adicionar em Erlenmeyer com 45 ml de água destilada


esterilizada (diluição 10-1);
b) Fazer a diluição 10-2, 10-3 e 10-4 nos tubos de vidro que já estão com 9ml de
água destilada esterilizada. Para tal, fazer a transferência de 1ml entre os tubos,
após agitação (o correto é uma pipeta para cada transferência). Sempre agitar o
tubo de ensaio antes da transferência;
c) Colocar uma alíquota de 0,1 ml de cada tubo em cada uma das placas de
Petri correspondentes (lembre-se de identificar os tubos e placas de Petri com a
diluição e nome). Usar a alça de Drigalski para distribuir a alíquota (nós usaremos a
alça de repicagem ou alça de semeadura). Proceder a incubação (em estufa a
37°C);
d) Na semana seguinte, para fins de micro cultivo, selecionar a placa de Petri
com a colônia mais “facilmente” isolada de fungos. Fazer a coleta com a alça e
semear na nova Placa de Petri (com Ágar sobre a lâmina). Proceder a incubação
novamente (em estufa a 37°C);
e) Na semana seguinte fazer a identificação morfológica de estruturas fúngicas
(no microscópio).
f) Em caso de bactérias é possível fazer a contagem das colônias em termos de
UFC (Unidade Formadora de Colônia) e aplicar na fórmula abaixo, mas como foi
dito, temos limitações para visualização de bactérias.
UFC/g= n° colônias x fator de diluição / volume da alíquota

Exercícios
1) Qual a finalidade do meio de cultura?
2) Quais são os principais tipos de meio de cultura no que se refere ao
microrganismo alvo?
3) Qual ou quais as vantagens e desvantagens da classificação morfológica de
espécies?
4) Por que deve-se fazer a diluição seriada? Aplica-se a todas as amostras das
mais diferentes matrizes? Justifique.

Referências
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
113

UNIDADE 6: OBSERVAÇÃO DE MICRORGANISMOS

6.1 - OBSERVAÇÃO DE PROTOZOÁRIOS

Objetivos
* Visualizar protozoários ao microscópio óptico;
* Preservar os protozoários em microambientes no laboratório.
Duração: 4 aulas
Os protozoários: “pequenos animáculos?”
Os protozoários agrupam uma gama de seres vivos, com diversas
características, ao ponto de alguns biólogos vir a chamar o Reino Protista de “lixão
da biologia”, numa alusão em que se direciona a este Reino o que a taxonomia não
consegue êxito em classificar. A palavra “Protozoário” tem origem grega e quer dizer
“primeiros animáculos”, assim classificados nos primórdios da taxonomia.
Os protozoários apresentam as seguintes características gerais (TORTORA
et al., 2012):
 Animais unicelulares, com características variando desde espécies
microscópicas na sua maioria, e espécies maiores chegando a algumas dezenas de
milímetros, como os grandes esporozoários;
 O microrganismo Paramecium é utilizado para diferentes experimentos, bem
como é citado para exemplificar os tipos de reprodução;
 A Ameba e outros tipos de protozoários, como os que possuem flagelos
(flagelados) e os que possuem cílios (ciliados), também são alvo de profunda
pesquisa científica;
 Constituem a maior e mais complexa população da terra e estão adaptados a
uma infinidade de ambientes, sendo alguns parasitas;
 Alguns são patogênicos, como os causadores da doença de Chagas e da
toxoplasmose;
 Há espécies de vida livre.

Materiais
Conta-gotas; Recipiente para cultivo; Algumas folhas de alface; Lâminas;
Lamínulas; Microscópio; Clara de ovo.

Método
114

Vários métodos estão disponíveis, inclusive os mais avançados (USP, 2018).


Adotaremos dos métodos abaixo (REGINA et al., 2015; MEC, 2015):
a) Visualização do protozoário Paramecium em lâmina permanente (estojo com
lâminas proveniente de outro campus);
b) Coleta de água em um curso d’água do município, o qual recebe esgoto in
natura. Você já aprendeu a preparar a lâmina nas nossas aulas iniciais (veja
protocolo);
c) Realizar o cultivo conforme procedimento abaixo:
a. Colocar água e algumas folhas de alface no recipiente e deixar em
repouso por uma semana sobre a bancada do laboratório;
b. Decorrido uma semana, retirar uma alíquota com a pipeta e colocar
sobre a lâmina e cobrir com a lamínula;
c. Observar os protozoários ao microscópio (observar ilustração no
laboratório). Dica: adicionar uma gota da clara de ovo sobre a lâmina
(antes de colocar a lamínula), pois facilita o acompanhamento do
movimento destes microrganismos.

Exercícios
1) Faça um desenho esquemático sobre o que foi possível visualizar ao
microscópio.
2) Morfologicamente foi possível perceber espécies diferentes? Justifique.
3) Existe alguma estrutura de locomoção presente nos protozoários? Cite-as.

Referências
MEC. Ministério da Educação. Portal do Professor. Protozoários: Reino Protista.
Disponível em: <
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1884 >. Acesso: 20
jun. 2018.
PEREIRA, S. G.; FONSECA, G. A. G.; FELIZ, G. P. et. al. MANUAL DE AULAS
PRÁTICAS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA – COMPÊNDIO. Faculdade Cidade de
João Pinheiro. 150p. 2015. Disponível em: <
http://fcjp.edu.br/pdf/20150619104130fc.pdf >. Acesso: 20 jun. 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
115

USP. Instituto de Medicina Tropical. Disponível em: <


http://www.imt.usp.br/pesquisa/laboratorios/protozoologia/ >. Acesso: 20 Jun. 2018.

6.2 - PLAQUEAMENTO BACTERIANO E AVERIGUAÇÃO DA PRESENÇA DE


MICRORGANISMOS

Objetivos
* Realizar as duas formas de plaqueamento;
* Aprimorar os cuidados de assepsia durante a manipulação das vidrarias e
amostras.
Duração: 4 aulas

Conceitos iniciais
Existem 2 tipos de plaqueamento: plaqueamento em profundidade e
plaqueamento por semeadura em superfície. A seguir tem-se as características
entre eles:
a) Plaqueamento por profundidade (ou pour plate) consiste em adicionar a
amostra diluída, distribuir o meio de cultura em placa de Petri esterilizada até
atingir a altura padrão de 3 a 4 mm (em placa de 90 mm de diâmetro é
adicionado 15 mL a 20 mL de ágar). Em seguida homogeneizar fazendo
movimentos em círculos. Aguardar o resfriamento e solidificação antes da
incubação invertida da placa;
b) Plaqueamento por semeadura em superfície consiste em distribuir o meio de
cultura fundido em placa de Petri esterilizada até que se obtenha uma
camada de no mínimo 3 mm a 4 mm (em (placa de 90 mm de diâmetro é
adicionado 15 mL a 20 mL de ágar). Após o resfriamento e solidificação do
meio na placa de Petri, adicionar uma alíquota da amostra (que pode também
ter passado por diluição seriada), e assim distribui a amostra por toda a placa
com a alça de Drigalsky, proporcionando completa absorção da amostra no
Agar.

Materiais
Solo, microscópio, placa de Petri, Meio de cultura TSA, autoclave, banho Maria,
Pipeta, agitador magnético.
116

Método: adaptado de Tortora et al. (2012) e ABDI (2015):


1) Preparar a diluição 1:10 a partir de 5 g de solo em 45 ml de água destilada;
2) Fazer a diluição seriada 10-2, 10-3 e 10-4;
3) A partir de cada diluição, fazer a inoculação em profundidade e em superfície,
com uma placa de Petri para cada;
4) Deixar em estufa a 35°C por 72h;
5) Após a incubação, contar as colônias em placa de Petri contendo de 30 a 300
colônias. O resultado do número de colônias obtido (média aritmética das duplicatas
das diluições analisadas) deve ser multiplicado pela diluição da respectiva placa,
expressando os resultados em Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por grama
ou mililitro. Se não houver nenhum crescimento nas placas inoculadas, o resultado
será expresso em menor que 10, multiplicado pela recíproca da menor diluição
inoculada e validada.

Exercícios
1) Quais foram as placas que apresentam maior crescimento, de profundidade
ou superfície? Quais fatores poderiam proporcionar diferentes taxas de crescimento
para uma mesma diluição quando comparados os tipos de plaqueamento?
2) Qual o motivo de se utilizar 5 g de solo como amostra inicial?
3) Quais os principais cuidados devem ser adotados para evitar os riscos de
contaminação das amostras?

Referências
ABDI – Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial. GUIA DE
MICROBIOLOGIA. CONTROLE MICROBIOLÓGICO NA INDÚSTRIA DE HIGIENE
PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS. PROCEDIMENTOS, PARÂMETROS,
ORIENTAÇÕES E METODOLOGIAS ANALÍTICAS. Parceria Sebrae. 1ªed. 2015.
Disponível em: < https://abihpec.org.br/guia-
microbiologia/files/assets/common/downloads/Guia%20de%20Microbiologia.pdf >.
Acesso: 22 Jun. 2018.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
117

6.3 - IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA E COLORAÇÃO GRAM

Objetivos
* Aprimorar os cuidados de assepsia durante a manipulação das vidrarias e
amostras;
* Identificar grupos bacterianos ao microscópio a partir da técnica de Gram.
Duração: 4 aulas
A Técnica de Gram
A técnica de Gram foi idealizada por Hans Christian Gram em 1884. Os
corantes aplicados visam facilitar a identificação e observação de estruturas
celulares.
Os corantes podem ser compostos com íon positivo e íon negativo. O íon que
dá cor é chamado de radical cromóforo.
Os corantes conhecidos como básicos tem a cor do seu íon positivo,
enquanto que os ácidos tem a cor do íon negativo. A célula bacteriana é levemente
negativa, portanto, atrai corantes básicos. Os corantes básicos mais comuns são:
cristal violeta, azul de metileno e safranina.
As principais colorações são divididas em 3 grupos:
1) Coloração simples: tornar a forma e estrutura básica da célula mais
visível;
2) Coloração diferencial: coloração em função dos diferentes tipos de
bactérias;
3) Coloração especial: utilizada para identificar partes específicas dos
microrganismos, como esporos, flagelos e ainda revelar a presença de
cápsulas.

Já o lugol tem a finalidade de “realçar” a bactéria que apresenta-se Gram


Positiva. O lugol é misturado ao Iodo, e com facilidade entram na parede celular,
todavia, quando juntos apresentam dificuldade para sair. Assim, em caso de bactéria
Gram positiva, elas tendem a permanecer com a cor roxa/violeta. Na camada Gram
negativa o Álcool rompe a camada lipopolissacarídica e o material é removido
através da fina camada de peptideoglicano, que não consegue reter o complexo
(lugol).
118

Método
1) Identificar a lâmina;
2) Pingar solução salina;
3) Colocar a cultura com alça bacteriológica e realizar a técnica de esfregaço;
4) Secar por aproximadamente 30 s;
5) Passar 4 vezes ao fogo (Bico de Bunsen), sem contato da chama diretamente
com a lâmina;
6) Cobrir a lâmina com Cristal Violeta e deixar por 1 minuto;
7) Lavar;
8) Aplicar Lugol por 1 minuto, cobrindo totalmente a lâmina;
9) Lavar;
10) Tombar e adicionar descorante por 10 a 20 s (opções: Acetona ou Álcool
concentrado);
11) Lavar em seguida;
12) Aplicar Fucsina ou Safranina por 30 s e lavar em seguida;
13) Secar por baixo e passar ao fogo rapidamente.

Exercícios
1) Qual a importância e/ou aplicação para se fazer o teste de Christian Gram?
(vale lembrar que a Técnica foi desenvolvida por Gram ainda no século XIX).
2) Todas as bactérias são Gram-positivas e/ou Gram-negativas? Justifique.
3) Há possibilidades para contornar as variações durante o experimento? (por
exemplo, como padronizar a dosagem de reagentes entre as pessoas que realizam
a técnica?)
Ver site sobre a Color Gram - https://www.youtube.com/watch?v=BdE47TTue9I
4) Para fins de identificação, qual seria a melhor indicação para obter a amostra
a cor submetida ao teste de Gram?
5) Quais os cuidados que devem ser adotados para evitar variações analíticas
em função dos materiais/reagentes a serem utilizados?

Referências
Biomerieux - https://www.youtube.com/watch?v=BdE47TTue9I
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
119

6.4 - IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS

Objetivos
* Aprimorar os cuidados de assepsia durante a manipulação das vidrarias e
amostras;
* Verificar estruturas dos fungos filamentosos.
Duração: 4 aulas
Os fungos
A identificação dos fungos é baseada quase principalmente em sua
morfologia, que pode ser do ponto de vista macro ou microscópico.
Macroscopicamente os fungos podem apresentar vários tipos morfológicos
com colônias filamentosas, bolores e cremosas (leveduras) e com os mais diversos
tipos de pigmentos.
As principais características dos fungos são (TORTORA et al., 2012):
 A hifa é a estrutura em destaque dos fungos filamentosos e o seu conjunto é
denominado micélio. O micélio pode ser diferenciado em vegetativo (exerce as
funções de assimilação de alimentos e fixação em substratos), e em reprodutivo
(quando atua na reprodução dos fungos);
 Morfologicamente podem apresentar: a) Unicelular: Células arredondadas,
ovóides ou alongadas, podendo se reproduzir por brotamento, cissiparidade ou por
outro processo, e neste grupo tem-se as leveduras; b). Filamentoso: com ou sem
septos, que são estruturas que dividem as hifas. As hifas podem se diferenciar em
estruturas variadas, recebendo denominações diversas: rizóides, artrósporos
anastomoses, etc.

Método
a) Fazer a diluição 1:10 do composto (resíduo orgânico em processo de
maturação – compostagem);
b) Fazer a diluição seriada 10-2, 10-3 e 10-4;
c) Inocular em Placa de Petri com Meio de Cultura Sabouraud uma alíquota de
0,1 ml, na parte central da placa;
d) Incubar a 28°C por uma semana e paralelamente pelo mesmo período em
temperatura ambiente (observar se há efeito do fotoperíodo);
e) Proceder a técnica de microcultivo (tema de outra aula);
120

f) Decorrida uma semana do tópico acima, fazer a preparação da lâmina para


observação das estruturas (esporos de reprodução, hifas).

Exercícios
1) Em quais placas foi observado o maior crescimento?
2) O meio de cultura utilizado foi apropriado? Justifique.
3) Fale dos tipos morfológicos de fungos.
4) Os fungos devem ser consumidos para fins da alimentação humana?
Justifique. (obs.: pesquise sobre fungos alucinógenos)

Referências
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
USP. Universidade de São Paulo. Apostila das Aulas Práticas Microbiologia Básica
para Farmácia. 2017. Disponível em: <
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4101474/mod_resource/content/1/Apostila-
Praticas-BMM0160-DIURNO.pdf >. Acesso em 29 jun. 2018.

6.5 – REVISÃO GERAL A PARTIR DE NOVAS AULAS

O presente subitem tem por finalidade rever todos os conteúdos abordados


até então de forma aplicada em diferentes práticas. Embora o Laboratório de
Microbiologia Industrial seja assunto extremamente amplo, o domínio de técnicas
como: segurança, identificação de vidrarias e equipamentos, visualização ao
microscópio, identificação e preparo de meios de cultura, cultivo de microrganismos
e por fim, os cuidados de assepsia que perpassam por todas as práticas, são
técnicas fundamentais para domínio por parte dos que trabalham na área da
Microbiologia.
Assim, espera-se que as atividades a seguir venham a ratificar as técnicas e
os conhecimentos até então apresentados.
121

6.5.1 – Antibiograma
Objetivos
* Conhecer os procedimentos para os testes de antibiograma;
* Compreender a interpretar o resultado obtido no teste.
Duração: 4 aulas

Antibiograma
O antibiograma é a “análise que indica a sensibilidade de um microrganismo
isolado clinicamente aos antibióticos de uso corrente” (MADIGAN et al., 2016).
O procedimento padrão consiste em distribuir discos de papel de filtro sobre o
meio de cultura, e que estes sejam embebidos com o antibiótico a ser utilizado,
podendo simultaneamente testar vários tipos de antibióticos.
Quando o antibiótico tem efeito inibitório sobre o crescimento microbiano,
forma-se um halo no entorno da colônia, conforme mostra a figura 1. Para se
determinar a concentração ideal a ser utilizada, são realizados vários testes com
diferentes concentrações e/ou tipos de antibióticos. A menor concentração que
resultou na inibição total do crescimento (observada na placa de Petri, em tubos de
ensaio ou placa de microtubos) representa a Concentração Inibitória Mínima (CIM).

Figura 1 – Discos dispostos sobre a placa e a formação do Halo no entorno de colônias

Fonte: Madigan et al. (2016)

Outra opção para realização do Antibiograma é a fita E-test. A grande


vantagem da fita E-test é a possibilidade de diferentes concentrações ao longo da
fita.
122

Em casos clínicos, a escolha do antibiótico deve levar em consideração


alguns preceitos, tais como:
a) Paciente (idoso, criança...);
b) O tipo de microrganismo;
c) O sítio (bexiga, rins, cérebro...);
d) O tipo de droga (antibiótico).
A escolha mais assertiva possível contribuirá para a reversão do quadro
clínico do paciente.

Método
O procedimento metodológico laboratorial, principalmente para fins de
pesquisa, utiliza microrganismos cultivados/preservados em laboratório e a partir de
diferentes concentrações, realizam-se diferentes modelos experimentais
(delineamentos). Para fins didáticos e devido a algumas limitações no Laboratório
(leia sobre níveis de biossegurança), serão utilizadas placas de Petri preparadas
previamente com microrganismos dispostos no solo e/ou outros ambientes.

Prática 1: teste com discos


a) Após a repicagem em placa de Petri, dispor os discos de antibióticos
disponíveis em 5 pontos distintos, mantendo-os uniformemente distantes entre si e
da parede da placa. Deixar os discos pressionados sobre o Meio de Cultura. OBS.:
Espalhar sobre o ágar formando um tapete. Primeiro espalha na direção superior,
depois na inferior e em seguida transversalmente, nas duas direções. Utilize a Alça
de Drigalski ou o Swab também no contorno da placa;
b) Pode-se utilizar o gabarito para distribuir os discos de antibióticos sobre o
meio de cultura;
c) Não permitir intervalo superior a 15 min. entre inocular a bactéria e inserir os
discos;
d) Para disposição dos discos, usar a pinça para retira-los do vidro (fazer
flambagem da pinça);
e) Inocular e avaliar após 48h.
f) Medir o halo formado (ou não) no entorno dos discos.

Exercícios
123

1 – O que vem a ser CIM?


2 – O que vem a ser o Halo de Inibição? Como pode ser medido?
3 – Quais as diferenças entre os Discos e a Fita E-test para fins de Antibiograma?
4 – Além da eficiência a ser diagnosticada através de um antibiograma, do ponto de
vista clínico quais são outros fatores a serem observados? Por que?

Referências
BARONY, F. J. A. Acervo particular: Anotações de aula do curso de Especialização
em Microbiologia Aplicada – ICB: Instituto de Ciências Biológicas. UFMG:
Universidade Federal de Minas Gerais. 2018.
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.

6.5.2 – Bioprospecção de fungos


Objetivos
* Conhecer os procedimentos para identificar novos microrganismos e/ou
substâncias de interesse;
* Compreender a aplicação da biotecnologia.
Duração: 4 aulas

A Bioprospecção: “tentativa e erro a partir da intuição...”


A bioprospecção consiste na busca sistemática por diferentes organismos,
genes, compostos e processos produzidos por um ser vivo que apresentem
potencial econômico e, eventualmente, possam levar ao desenvolvimento de um
produto.
Os fungos são os microrganismos mais utilizados pela indústria para
produção de diversos produtos como enzimas, antimicrobianos, biocombustíveis,
corantes, pigmentos e extratos. Esses microrganismos estão amplamente
distribuídos na natureza podendo serem encontrados nos mais diversos hábitats
como solo, água, rochas, em regiões de nevadas e tropicais, além de estarem
presentes também no interior de plantas, peixes, insetos e animais.
124

Um dos potenciais são os produtos gerados durante o metabolismo


secundário dos fungos, que possuem grande interesse e aplicação nas áreas da
medicina, indústria e agricultura. Diante disso, diversos estudos buscam conhecer
estes produtos para sua aplicação biotecnológica.
Vale ressaltar a intuição do pesquisador, como no caso hipotético a seguir:
* Um pesquisador precisa aumentar o processo de degradação da matéria
orgânica de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). Aí ele pode chegar a
seguinte especulação: Se em um ambiente rico em matéria orgânica (um lago ou
pântano, por exemplo) existir uma espécie com resistente e com alto potencial de
degradação, seria possível inserí-la em uma ETE? Ou ainda, seria possível extrair
algum gene e modificar algum outro organismo? Ou ainda, neste ambiente (pântano)
há grande produção de uma enzima que pode auxiliar em um determinado processo
qualquer? A partir desta “intuição”, o pesquisador deve-se debruçar por uma longa
jornada até obter a resposta. Assim acontece também com os remédios, por isto o
controle sobre o uso dos antibióticos (pesquisar sobre resistência a antibióticos e
dificuldades para obtenção de novas drogas).

Método
Os materiais utilizados são: tubo Falcon, espátula, bico de Bunsen, Meio de
cultura Ágar Batata e alça de repicagem.
O passo a passo segue exposto em duas partes.
Parte 1:
a) Foram cultivados fungos em placa com ágar batata, por 15 dias, pois é
quando atinge o metabolismo secundário;
b) Cortar o ágar com o fungo em pedados pequenos (fatiar o meio de cultura
para aumentar a superfície de contato) e colocar dentro do tubo Falcon;
c) Usar etanol como solvente para captar as macromoléculas e micromoléculas,
pois tem compostos secundários dentro da célula e no meio extracelular (figura 1). O
etanol é empregado por ser de baixo custo e menos tóxico, além da capacidade de
absorver um espectro maior de moléculas. A desvantagem é que não selecionam
compostos, e por isto o filtrado pode estar “sujo/contaminado” por açúcares, ácido
graxo...). O Dicloro Metano pode substituir o Etanol, mas tem custo muito mais
elevado, é tóxico e a comercialização é regulada pela Polícia Federal. O ideal é
deixar o Etanol em contato com o material do tubo Falcon por 4 a 5 dias;
125

d) Decorridos os dias acima, filtrar o material em filtro de papel para ficar livre de
esporo, micélio e outras partes indesejáveis. Para filtrar, dobrar o papel de filtro ao
meio por 3 vezes, até fazer um cone e inseri-lo no tubo falcon (figura 2);
e) O líquido obtido deve ser reservado e o restante descartado. Obs.: O Speed
Vac é o equipamento que acelera a remoção do etanol. É uma centrífuga à vácuo.
Normalmente são necessários 2 dias de acompanhamento do equipamento no
laboratório. O líquido tem que ser concentrado para poder ser usado no disco (do
jeito que está na foto e se aplicado no disco, o efeito é do etanol e não da
substância). OBS.: liofilizador é outro equipamento. OBS.: O material a ser obtido é
semelhante ao da figura 3, mas no presente roteiro não será realizada a
evaporação do etanol, de forma que o efeito do disco está mais pertinente ao Etanol
do que a viabilidade da Bioprospecção.

Figura 1 – Corte do meio de cultura da placa de Petri e introdução no tubo Falcon com
Etanol (à direita) e após 5 dias o material filtrado (à esquerda)

Fonte: Própria (2018)

Figura 2 – Filtro de papel (à esquerda) e momento da filtração (à direita)

Fonte: Própria (2018)


126

Figura 3 – Material (substância) obtida após a evaporação do etanol

Fonte: Própria (2018)

Parte 2:
a) Aplicar uma alçada da cultura (inoculação) de um cultivo já pré-existente em
salina e, posteriormente, 100 µL da solução foi plaqueada em Meio Mueller Hinton
(usar a Alça de Drigalski);
b) Após esse procedimento, colocar 3 discos de papel filtro na placa e 1 disco de
antibiótico (o Cloranfenicol, por exemplo);
c) Preparar o extrato na concentração de 500 µg/m (ou outra dentro das
possibilidades analíticas do Laboratório) e fazer a diluição seriada, transferindo
100µL nas diluições 10-2, 10-3 e 10-4;
d) Ao final, utilizar 10µL de cada diluição sobre os 3 discos de papel de filtro para
avaliar a ação do extrato como antibiótico (ATENTAR PARA A OBSERVAÇÃO DO
FINAL DA INTRODUÇÃO SOBRE ESTE ASSUNTO). Vale destacar também que até
a forma de extração de um produto bioativo pode alterar as suas propriedades de
interesse;
e) A distribuição dos discos na placa, bem como os resultados da ação das
diferentes concentrações do extrato, pode ser observada após 2 dias.

Exercícios
1 – O que vem a ser metabolismo secundário dos fungos? Por que torna-se mais
interessante nesta fase para fins de bioprospecção?
127

2 – Quais as principais dificuldades para encontrar novas substâncias e/ou


microrganismos de interesse biotecnológico?
3 – O extrato encontrado apresentou atividade antimicrobiana? Justifique a partir das
limitações elencadas.

Referências
BARONY, F. J. A. Acervo particular: Anotações de aula do curso de Especialização
em Microbiologia Aplicada – ICB: Instituto de Ciências Biológicas. UFMG:
Universidade Federal de Minas Gerais. 2018.
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
SACCARO JUNIOR, N. L. A regulamentação de acesso a recursos genéticos e
repartição de benefícios: disputas dentro e fora do Brasil. Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada: Brasília, 2011. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
753X2011000100013 >. Acesso: 17 Abr. 2019.
SCHULZ, B.; BOYLE, C.; DRAEGER, S.; RÖMMERT, A.; KROHN, K. Endophytic
fungi: a source of novel biologically active secondary metabolites. Mycological
Research, v.106, p. 996–1004. 2002. Disponível em: <
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0953756208601501 >. Acesso
em: 17 Abr. 2019.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.

6.5.3 – Teste de Rugai para identificação presuntiva de Enterobactérias


Objetivos
* Conhecer um dos procedimentos bioquímicos para identificação clínica com
resposta rápida;
* Compreender a aplicação da biotecnologia.
Duração: 4 aulas
Princípio do teste de Rugai
O teste de Rugai pode ser empregado para fins de confirmação bioquímica do
teste de Gram, entre outras aplicações e vantagens clínicas, como a celeridade
128

quanto a confirmação do agente microbiano, o que do ponto de vista da saúde é de


extrema relevância.
O método é antigo na medicina, conforme citação a seguir. Rugai é um meio
utilizado para identificação presuntiva de enterobactérias, víbrios e aeromonas. Este
meio permite a leitura, num só tubo, das seguintes reações: Motilidade, Lisina
descarboxilase, Fermentação de glicose e sacarose, Produção de gás-glicose, ácido
sulfídrico, Indol, Urease e L-triptofanodesaminase (LTD) (Pessoa et al., 1972).
Uma das microbiotas clássicas das bactérias gram-negativas é o trato
urinário, o que é um fato normal do ponto de vista da saúde, embora a urina seja
estéril e vem a adquirir microrganismos no contato com a pele no momento final da
excreção. Assim, a urina coletada diretamente na bexiga apresenta concentração
menor de micróbios comparativamente com a urina coletada ao final do canal da
uretra.
Os principais microrganismos do na vagina são os Lactobacilos, que produz
ácido lático e mantem o pH na faixa de 3,8 a 4,5, inibindo o crescimento microbiano;
e que além disso produz peróxido de hidrogênio, que também inibe o crescimento de
outras bactérias.
Outros microrganismos como Estreptococos, vários anaeróbios e gram-
negativos, e até o fungo leguriforme Candida albicans faz parte da microbiota norma
de 10 a 25% das mulheres. Já a uretra masculina é estéril, exceto em caso de
contaminação microbiana próxima à abertura externa.
Ainda assim, mesmo que no sistema urinário normalmente contenha poucos
micróbios, há vulnerabilidade a infecções oportunistas que podem desencadear uma
série de problemas. São as chamadas Infecções do Trato Urinário (ITU).
Normalmente a infecção tem origem em uma inflamação da uretra, ou uretrite. O
grande perigo da infecção do trato urinário inferior é o fato delas poderem migrar
para os ureteres e afetar os rins, causando pielonefrite. As principais doenças
relacionadas Cistite, Pielonefrite e Leptospirose, como descritas no quadro 1 abaixo.
129

Quadro 1 – Dados gerais sobre ITU


Doença Patógeno Sintomas Diagnóstico Tratamento
Cistite (infecção Escherichia coli, Dificuldade e dor >100 UFC/mL Trimetropim-
da bexiga) Staphylococcus ao urinar de patógenos sulfametoxazol
saprophyticus potenciais e
Teste LE+
Pielonefrite Principalmente Febre, dor nas >104 UFC/mL e Cefalosporina
(infecção renal) E. coli costas e nos teste de LE+
flancos
Leptospirose Leptospira Insuficiência Teste sorológico Doxiciclina
(infecção renal) interrogans renal com
possível
complicação,
além de febre e
dor muscular
Fonte: Tortora et al., (2012). UFC: Unidade Formadora de Colônia. LE+: Esterase
Leucocitária positito, que é uma enzima produzida pelos neutrófilos, a qual indica infecção ativa

Características do Tubo de Rugai

Figura 1 – Composição do Tubo de Rugai

Fonte: Biomedicinabrasil.com (2019)


130

Figura 2 - Interpretação do resultado do tubo de Rugai

Fonte: Biomedicinabrasil.com (2019)

Método

Os materiais necessários são: Tubos Rugai; Alça de platina e Bico de


Bunsen. Em aula anterior deve-se isolar cultura de Gram-negativa (em meio de
cultura como o Ágar MacConkey).
O passo a passo deve seguir o exposto abaixo:
a) A semeadura deverá ocorrer no meio Rugai com alça de platina chegando até
o fundo do tubo, e ao retirar a mesma, realizar estrias na parte inclinada do meio;
b) O tubo deve ser tapado com o seu próprio tampão de algodão e incubado em
37ºC por 24 horas;
c) Após a incubação proceder a identificação comparando o tubo com a tabela
de interpretação das reações.
OBS.: informações completas sobre a metodologia e interpretação dos
resultados devem ser estudadas nos links abaixo:
http://www.interlabdist.com.br/dados/produtos/bula/doc/1369748cfd665ecc37.pdf
http://www.mbiolog.com.br/website/wp-content/uploads/2019/02/Bula-Meio-de-
Rugai-e-Araujo-Modificado-por-Pessoa-e-Silva.pdf
http://www.interlabdist.com.br/dados/produtos/bula/doc/1369748cfd665ecc37.pdf

Exercícios
131

1 – Quais as vantagens do ponto de vista clínico do Teste de Rugai (prova


bioquímica)?
2 – O teste possibilita a comprovação de espécies gram-positivas e gram-negativas?
Justifique.

Referências
BARONY, F. J. A. Acervo particular: Anotações de aula do curso de Especialização
em Microbiologia Aplicada – ICB: Instituto de Ciências Biológicas. UFMG:
Universidade Federal de Minas Gerais. 2018.
MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; DUNLAP, P.V.; CLARK, D.P. Microbiologia de
Brock. 12. ed., Porto Alegre: Artmed, 2010. 1160 p.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed,
10ª ed, 2012.
Pessoa Gil Vilat Alvares – Meios de Rugai e Lisina – motilidade combinados em um
só tubo. Rev. Inst. Adolfo Lutz, v. 32. 1972. Disponível em: <
http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/rial/70/rial_321-
2_1972/n372.pdf >. Acesso: 18 Abr. 2019.
132

UNIDADE 7: EXPERIMENTOS COM ENZIMOLOGIA

7.1 – ESTUDO DA ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DE ENZIMAS PRESENTES EM


FRUTOS

Objetivos
* Verificar o efeito das enzimas sobre a preservação dos alimentos;
* Compreender a atuação das enzimas sobre a velocidade das reações químicas.
Duração: 2 aulas
Breve conceituação
As proteínas são uma sequência de dezenas ou centenas de aminoácidos
ligados por meio de ligações peptídicas.
As principais funções das proteínas são: função estrutural e enzimas. No que
tange a atividade enzimática, ou catalizadores biológicos, consiste em acelerar a
velocidade de uma reação química mediante a diminuição da energia de ativação da
reação, mas com a peculiaridade de não ser consumida durante este processo.
O catalisador biológico corresponde a uma substância que diminui a energia
de ativação de uma reação. Já energia de ativação é a quantidade de energia
necessária para conduzir todas as moléculas de uma reação química a um estado
reativo (ex. O2 e H2 dentro de uma garrafa lacrada não formaria considerável
formação de água por falta de energia de ativação). O gráfico 1 abaixo ilustra os
conceitos até então abordados (MADIGAN, et al., 2016):

Gráfico 1 – energia de ativação e catálise.

Fonte: Tortora et al., (2012).


133

Lembrete: a enzima combina com o reagente (substrato), formando um


complexo enzima-substrato. Com a reação (formação do produto) este é liberado e a
enzima retorna ao seu estado original, ou seja, em teoria todas as enzimas exigem
uma ação reversível. Toda a reação pode durar milissegundos.
A porção do substrato onde a enzima se liga é chamado de sítio ativo.
Todavia, toda esta atividade é diretamente afetada por fatores como pH e
temperatura.
Algumas enzimas tem a capacidade de quebrar as cadeias proteicas, são as
chamadas proteases. Aliás, o nome da enzima normalmente deriva do substrato
sobre o qual ela atua (lipase, lactase, polimerase e assim por diante).
A protease é uma reação de hidrólise da cadeia polipeptídica (substrato), na
qual aminoácidos e cadeias polipeptídicas menores podem ser gerados como
produtos imediatos da reação.
“As enzimas proteolíticas são encontradas tanto em animais como em
vegetais. Em animais, elas participam de importantes processos biológicos,
entre os quais: a digestão proteica, a coagulação sanguínea, a morte celular e
a diferenciação de tecidos. Sua atuação no processo digestivo, por exemplo,
é essencial para o processo de absorção, pois hidrolisam as proteínas
provenientes da alimentação para que seus aminoácidos (monômeros)
possam ser absorvidos e reaproveitados pelo organismo. Do mesmo modo,
vários processos proteolíticos são importantes durante o mecanismo invasivo
de tumores, assim como ao longo do ciclo infeccioso de um grande número
de vírus e microrganismos patogênicos. Até mesmo as proteínas que
constituem as nossas células são constantemente degradadas por complexos
de proteases e, seus constituintes, reaproveitados pelo organismo” (LIMA et
al., 2008).

“Em vegetais, as enzimas proteolíticas estão envolvidas nos processos de


amadurecimento, de germinação, de diferenciação e morfogênese, de morte celular,
de resposta de defesa de plantas a processos de estresse oxidativo, entre outros.
Algumas enzimas envolvidas no amadurecimento de frutos, como a ficina (figo), a
papaína (mamão) e a bromelina (abacaxi), podem ser extraídas em grandes
quantidades e representam por isso uma significativa importância econômica” (LIMA
et al., 2008).
134

“As enzimas proteolíticas possuem também uma vasta aplicação


comercial/industrial, estando entre os três maiores grupos de enzimas industriais e
sendo responsáveis por 60% da venda internacional de enzimas. Na indústria
alimentícia, as enzimas proteolíticas são largamente utilizadas para o amaciamento
de carne e clarificação da cerveja — além do amaciamento de couro. Já na indústria
farmacêutica, essas enzimas proteolíticas são empregadas em medicamentos para
distúrbios de digestibilidade, tendo também ação antiinflamatória, antimucolítica e
cicatrizante. Destaca-se ainda a utilização de enzimas proteolíticas em diversas
receitas caseiras, sendo comum a utilização de leite de mamão e suco de abacaxi
para amaciamento de carnes, além daquelas que recomendam o cozimento de
carnes juntamente com pedaços dessas frutas. Não por acaso, o abacaxi é servido
como sobremesa após uma refeição repleta de carnes, como no caso dos
churrascos” (LIMA et al., 2008).

A gelatina usada neste experimento é um “produto comercial obtido a partir da


hidrólise parcial do colágeno. O colágeno é uma proteína presente em tecidos
conjuntivos, como os tendões e as cartilagens, na matriz orgânica dos ossos e na
córnea dos olhos. Quando hidratada, a gelatina forma uma estrutura definida como
gel” (LIMA et al., 2008).
Nesse experimento, portanto, foi estudada a atividade de enzimas
proteolíticas presente em alguns frutos, utilizando a gelatina como modelo proteico
de substrato. O princípio desse método consiste em monitorar a gelificação,
processo que depende da integridade das cadeias poliméricas da proteína. Caso
haja alguma fragmentação nas cadeias poliméricas, a formação do gel ficará
comprometida, uma vez que o processo de gelificação, conforme o descrito acima,
não ocorrerá.

Método
Os materiais para o experimento são: Abacaxi, Mamão, Morango, Amaciante
para carnes, Peneira, Liquidificador (ou mixer), Microondas (pode ser substituído por
aquecimento a lamparina), Geladeira (pode ser substituído por banho de gelo),
Gelatina sem sabor, Tubos de ensaio, Pipetas volumétricas (pode ser substituído por
seringas graduadas), Espátula, Faca, Bastão de vidro, Béquer 500 ml, Canudos
plásticos (para refrigerantes), Caneta utilizada para marcar transparências de
retroprojetor.
135

O passo a passo deve seguir o exposto abaixo:


1) Preparar o suco das frutas previamente picadas, utilizando o liquidificador e
um pouco de água. O suco deve ser peneirado e reservado
2) Em seguida, dissolver aos poucos o pó da gelatina em 200mL de água fria e
colocar essa solução no forno de micro-ondas por 30s, em potência alta
3) Preparar, então, a sequência de tubos de ensaios descrita na Tabela 1
abaixo. OBS.: controle negativo, produzido apenas com gelatina e água, já o
controle positivo, feito com amaciante de carne que contém a enzima proteolítica
papaína que hidrolisa a gelatina.
4) A ocorrência ou não da proteólise será avaliada por meio da gelificação,
observada indiretamente mediante a viscosidade do meio, esta monitorada pela
introdução de canudos plásticos nos tubos de ensaio. Para avaliar a viscosidade
inicial do meio (antes da gelificação), introduz em cada tubo de ensaio um canudo
plástico. Com uma caneta, anota-se no próprio tubo até onde os canudos se
inseriram. Feito isso, retirar os canudos e deixar os tubos à temperatura ambiente
por 10 min. Depois desse período, os tubos deverão ser colocados na geladeira
onde permanecerão por mais 20 min para que ocorra a gelificação. Os tubos
deverão ser preparados em duplicata.
5) Após esse período, deve-se avaliar a gelificação, colocando novamente os
canudos plásticos dentro dos tubos de ensaio e anotar, com uma caneta, até onde
estes se inseriram no interior dos tubos.

Tabela 1 – Delineamento do experimento


Tubo Composição Teste
1 10mL gelatina + 3mL de água Controle negativo
2 10mL gelatina + 3mL de suco de mamão Mamão
3 10mL gelatina + 3mL de suco de morango Morango
4 10mL gelatina + 3mL de suco de abacaxi Abacaxi
5 10mL gelatina + ponta de espátula para amaciante de carne Controle positivo
dissolvida em 3 mL de água

Exercícios
1) Quais as frutas utilizadas no experimento que apresentam enzima
proteolítica? Como é possível chegar a essa conclusão?
136

2) Quais variações poderiam ser feitas nesse experimento para evidenciar ainda
mais o efeito da enzima? (sugestão: relacione tais variações com os fatores que
afetam atividade enzimática).
3) Qual seria o resultado esperado caso fosse utilizado suco de figo no
experimento? Explique.
4) Além das descritas no texto, para quais outros fins essas enzimas
proteolíticas poderiam também ser utilizadas?
5) Explique por que um fruto possui enzimas proteolíticas (relacionar com
processo de amadurecimento).
6) CAIU NO ENEM. ENEM (2005) A obesidade, que nos países desenvolvidos já
é tratada como epidemia, começa a preocupar especialistas no Brasil. Os últimos
dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada entre 2002 e 2003 pelo
IBGE, mostram que 40,6% da população brasileira estão acima do peso, ou seja,
38,8 milhões de adultos. Desse total, 10,5 milhões são considerados obesos. Várias
são as dietas e os remédios que prometem um emagrecimento rápido e sem riscos.
Há alguns anos foi lançado no mercado brasileiro um remédio de ação diferente dos
demais, pois inibe a ação das lipases, enzimas que aceleram a reação de quebra de
gorduras. Sem serem quebradas elas não são absorvidas pelo intestino, e parte das
gorduras ingeridas é eliminada com as fezes. Como os lipídios são altamente
energéticos, a pessoa tende a emagrecer. No entanto, esse remédio apresenta
algumas contraindicações, pois a gordura não absorvida lubrifica o intestino,
causando desagradáveis diarreias. Além do mais, podem ocorrer casos de baixa
absorção de vitaminas lipossolúveis, como as A, D, E e K, pois

(A) essas vitaminas, por serem mais energéticas que as demais, precisam de lipídios
para sua absorção. (B) a ausência dos lipídios torna a absorção dessas vitaminas
desnecessária.
(C) essas vitaminas reagem com o remédio, transformando-se em outras vitaminas.
(D) as lipases também desdobram as vitaminas para que essas sejam absorvidas.
X (E) essas vitaminas se dissolvem nos lipídios e só são absorvidas junto com eles.

7) ENEM (2002). O milho verde recém-colhido tem um sabor adocicado. Já o


milho verde comprado na feira, um ou dois dias depois de colhido, não é mais tão
137

doce, pois cerca de 50% dos carboidratos responsáveis pelo sabor adocicado são
convertidos em amido nas primeiras 24 horas.
Para preservar o sabor do milho verde pode-se usar o seguinte procedimento em
três etapas:
1- descascar e mergulhar as espigas em Água fervente por alguns minutos;
2- resfriá-las em Água corrente;
3- conservá-las na geladeira.

A preservação do sabor original do milho verde pelo procedimento descrito


pode ser explicada pelo seguinte argumento:
(A) O choque térmico converte as proteínas do milho em amido até a saturação; este
ocupa o lugar do amido que seria formado espontaneamente.
(B) A Água fervente e o resfriamento impermeabilizam a casca dos grãos de milho,
impedindo a difusão de oxigênio e a oxidação da glicose.
X (C) As enzimas responsáveis pela conversão desses carboidratos em amido são
desnaturadas pelo tratamento com Água quente.
(D) Microrganismos que, ao retirarem nutrientes dos grãos, convertem esses
carboidratos em amido, são destruídos pelo aquecimento.
(E) O aquecimento desidrata os grãos de milho, alterando o meio de dissolução
onde ocorreria espontaneamente a transformação desses carboidratos em amido.

Referências
CASTRO, R. J. S.; FREITAS, A. C.; PINTO, G. A. S. DETERMINAÇÃO DA
ATIVIDADE PROTEOLÍTICA EM EXTRATOS ENZIMÁTICOS OBTIDOS POR
MÚLTIPLAS EXTRAÇÕES E PRODUÇÃO DE PROTEASE DURANTE
REINCUBAÇÃO DE FARELO DE TRIGO EM FERMENTAÇÃO SEMI-SÓLIDA.
COBEQ – XVIII Congresso de Engenhara Química. 2010.
LIMA, S. L. T.; et al. Estudo da Atividade Proteolítica de Enzimas Presentes em
Frutos. Revista Química Nova Escola, n° 28. 2008.
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.
138

7.2 – UM ESTUDO SOBRE OXIDAÇÃO ENZIMÁTICA

Objetivos
* Verificar o efeito das enzimas sobre a preservação dos alimentos;
* Entender o efeito de agentes inibidores da degradação dos alimentos;
* Interpretar as informações básicas contidas em rótulos de alimentos.
Duração: 2 aulas

Breve introdução conceitual

“A reação de escurecimento em frutas, vegetais e sucos de frutas é


um dos principais problemas na indústria de alimentos. A ação da polifenol
oxidase, enzima que provoca a oxidação dos compostos fenólicos naturais
presentes nos alimentos, causa a formação de pigmentos escuros”
(CARVALHO et al., 2005), normalmente provoca mudanças indesejáveis nos
produtos, as chamadas propriedades organolépticas (percebidas pelos
sentidos humanos, como a cor, o odor, o sabor), o que diminui a vida útil e
valor de mercado.

As reações de oxidação-redução ou oxi-redução ocorrem nas mais diversas


situações. As reações de oxi-redução envolvem perda e ganho de elétrons, de forma
que as espécies que ganham elétrons sofrem redução e as que perdem, sofrem
oxidação. A equação abaixo exemplifica um processo redox:

No caso, o cobre sofre oxidação, perdendo 2 elétrons que são transferidos ao


oxigênio, que é então reduzido, formando óxido de cobre(II). O oxigênio é o agente
oxidante da reação e o cobre, o agente redutor.
A oxidação enzimática de compostos fenólicos naturais na presença da
enzima polifenol oxidase (PFO) e oxigênio molecular, formando quinona, leva ao
escurecimento de frutas, legumes, tubérculos, entre outros. “As quinonas podem
sofrer polimerização, formando pigmentos escuros insolúveis, denominados
melaninas, ou podem reagir não enzimaticamente com outros compostos fenólicos,
aminoácidos e proteínas, formando também as melaninas”, conforme citado por
Carvalho et al., 2005 apud Araújo, 1995. A reação de polimerização tende a unir
espécies chamadas monoméricas, formando cadeias maiores, os polímeros. No
139

caso de escurecimento das frutas, a melanina é resultante do processo de


polimerização das espécies monoméricas, como por exemplo, as quinonas.
Três (03) componentes participam da reação de escurecimento enzimático
ocorra: enzima, substrato e oxigênio. Se o processo industrial, por exemplo, inibir a
ação de um destes 3 componentes (por meio de agentes redutores, diminuição de
temperatura ou redução de pH), a velocidade de reação diminui significativamente.
Sendo o escurecimento enzimático uma reação oxidativa, ele pode ser retardado
utilizando-se agentes químicos que sejam capazes de bloquear a reação
(CARVALHO et al., 2005).
A utilização de substâncias ácidas em tecidos vegetais é uma possiblidade
para inibir esta reação. Os ácidos normalmente utilizados estão entre aqueles de
ocorrência natural, como cítrico, ascórbico e málico. “O pH ótimo de atuação da PFO
está entre 6 e 7, e abaixo de 3 não há nenhuma atividade enzimática. A vitamina C
(ácido ascórbico) é utilizada para a prevenção do escurecimento em frutas e
vegetais, pois na presença desse ácido, os compostos do tipo o-quinona são
reduzidos para a forma fenólica” (CARVALHO et al., 2005).

Para pensar: você observa o rótulo dos alimentos?


São propostas em estudo pela Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária):
a) Classificação por letra (“a” a “e”) e em cores, no que refere ao grau do produto
quanto a ser “saudável”;
b) Selo de advertência (sobre sódio, por exemplo);
c) Veja mais em: https://saude.abril.com.br/alimentacao/o-rotulo-dos-alimentos-
vai-mudar/ ou http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-
autorizacoes/alimentos/produtos/rotulagem

OBS.: Sigla INS: International Number System


140

Método
Os materiais necessários são: Banana caturra; maçã; pêra; Prato; conta-
gotas; faca e copos descartáveis; limão Taiti e Vitamina C (adquirida nas farmácias)
O passo a passo seguirá o exposto abaixo, sendo:
1) Dissolver a solução de vitamina C (ácido ascórbico), sendo: 1 g de vitamina C
em 40 mL de água;
2) Preparar um suco de limão concentrado, ou seja, sem água;
3) Cortar as frutas em 3 fatias de cada fruta de mais ou menos 5 mm de
espessura e colocar nos pratos. Usar uma das fatias como testemunha;
4) Nas outras duas fatias, adicionar com um conta-gotas o suco de limão ou a
solução de vitamina C (até o total recobrimento da superfície), respectivamente;
5) Aguardar aproximadamente 20 minutos para a observação do fenômeno de
escurecimento;
6) Explicar o processo de inibição enzimática ocorrido nas fatias das frutas
contendo suco de limão e vitamina C e o escurecimento enzimático ocorrido na fatia
sem as soluções dos antioxidantes.

Exercícios (já com as respostas)


1) Quais os principais efeitos deletérios no caso do escurecimento precoce dos
alimentos?
Riscos de toxidade, perda das características organolépticas, prejuízo
econômico, em especial, para as industrias.
2) Qual foi o efeito promovido pelo limão ou ácido ascórbico e que inibiu o
escurecimento dos alimentos?
Em geral, sua ação dá-se pela redução do pH do tecido, diminuindo assim a
velocidade da reação de escurecimento.
3) Quais as vantagens e as desvantagens de se utilizar antioxidantes (ou
conservantes) nos alimentos?
A grande vantagem é a preservação do alimento, inibindo a sua depreciação,
seja por carga microbiológica ou por processo de oxi-redução. A desvantagem é que
por vezes ocorre a alteração do sabor do produto (palmito, por exemplo, tem sabor
bem distinto entre o in natura e o industrializado). Há casos onde apontam para
riscos à saúde sob condições específicas, mas demandam novas pesquisas e
estudos.
141

4) Por que, nas saladas de frutas, a banana e a maçã não escurecem tão
rapidamente como acontece quando expostas ao ar?

Neste caso, pode ser em função das frutas ácidas, como o limão ou o
abacaxi. Quando a maçã entra em contato com o ácido desses alimentos, o
processo de oxidação é interrompido, afinal as enzimas de escurecimento são
desativadas. O mesmo processo é valido para bananas, abacates e batatas.
5) Podemos dizer que um alimento com escurecimento está em fase de
putrefação?
Putrefação é a ação de microrganismos que se proliferam e, em contato com
o ar e a umidade se decompõem, ou seja, apodrecem o alimento.
6) Pode ocorrer o escurecimento não enzimático dos alimentos?
Normalmente envolvem açúcares ou compostos relacionados com açúcares.

Referências
ARAÚJO, M.A. Química de alimentos. Teoria e prática. Viçosa: Imprensa
Universitária da Universidade Federal de Viçosa, 1995. p. 247.
CARVALHO, L. C.; LUPETTI, K. O.; FILHO, O. F. Um estudo sobre oxidação
enzimática e a prevenção do escurecimento de frutas no Ensino Médio. Química
Nova Escola. 2005.
CLERICI, M. T. P. S.; et al. Escurecimento enzimático: uma aula prática. Revista de
Ensino de Bioquímica. 2014.
MADIGAN, M. T.; et al. Microbiologia de Brock. Tradução: Alice Freitas Versiani et
al. Editora Artmed, 14ªed. 1006 p. 2016.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Tradução: Aristóbolo
Mendes da Silva et al.. Porto Alegre: Artmed, 10ª ed, 2012. 934p.

7.3 – CATALISANDO A HIDRÓLISE DA UREIA EM URINA

Objetivos
* Ilustrar a hidrólise da ureia em urina catalisada pela urea