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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

CONCEITO
O Controle de Constitucionalidade nada mais é do que um instrumento para curar
defeitos do nosso ordenamento jurídico. O nosso sistema jurídico é um grande
sistema, onde as normas devem estar em consonância uma com as outras; acontece
que, muitas vezes irão existir normas em desacordo com alguma outra, em especial,
com a Constituição Federal, tornando essa determinada lei em inconstitucional, e é
justamente por essa razão, que existe o controle de constitucionalidade.

CLASSIFICAÇÕES
A inconstitucionalidade pode ser por ação ou por omissão.
A inconstitucionalidade por ação pode ser material ou formal, e até mesmo por vício
de decoro parlamentar.
A inconstitucionalidade por ação material é quando determinada lei tem sua matéria
em desacordo com a Constituição, ou seja, a lei propriamente dita atinge a
Constituição. Enquanto que a inconstitucionalidade por ação formal é aquela lei que
teve seu procedimento em desacordo com a Constituição, ou seja, não é a lei
propriamente dita que atinge a Constituição, mas sim o procedimento pela qual ela foi
aprovada.
Nada impede que as duas estejam presentes ao mesmo tempo, as duas produzem a
nulidade do ato, as duas são graves.
A inconstitucionalidade por omissão surgiu com a atual Constituição.
Alguns dispositivos da Constituição não são dotados de plena eficácia, isto é,
dependem de alguma legislação infraconstitucional para que produzam todos os
efeitos esperados. E quando o legislador não cumprir com seu dever legal de elaborar
essa norma infraconstitucional, estaremos diante de uma inconstitucionalidade por
omissão.
(obs.: normas constitucionais de eficácia contida são autoaplicáveis, são restringíveis e
possuem aplicabilidade direta, imediata e possivelmente não-integral – Em regra,
sempre que houver expressões como “salvo disposição em lei” será norma de eficácia
contida -. Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que dependem de
regulamentação futura para produzirem todos os seus efeitos – Em regra, sempre que
tiver expressões como “a lei disporá” será norma de eficácia limitada).
O controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo.
O controle preventivo é exercido antes da lei se tornar uma lei, ou seja, ocorre quando
o projeto de lei está transitando no Congresso Nacional. Esse controle é exercido
especificamente pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), e quando aprovada
pelo Congresso Nacional também é exercido pelo Presidente da República (em
projetos de lei ordinária ou complementar).
O controle repressivo é exercido após a aprovação do projeto de lei, ou seja, quando a
lei de fato está em vigência. Em regra, é exercido pelo Poder Judiciário.
O controle repressivo pode ser difuso ou concentrado.
O controle difuso pode ser exercido por todo e qualquer juiz, todos os juízes,
independente da área de atuação tem competência para analisar a constitucionalidade
da lei. Esse controle surgiu nos Estados Unidos.
O controle concentrado pode ser exercido por um único órgão, o STF. Esse controle
surgiu na Europa, por Hans Kelsen.
Em relação à posição da questão constitucional o controle pode ser abstrato/direto ou
concreto/incidental.
No controle abstrato/direto não há um caso concreto, não há partes; apenas
pergunta-se ao órgão competente se determinada lei ou ato normativo é ou não é
constitucional. No Brasil, este controle é exercido de forma concentrada, ou seja,
apenas um órgão tem competência para julgar.
No controle concreto/incidental há um caso concreto, como o próprio nome já diz, e
dentro das causas de pedir estará a questão da inconstitucionalidade da lei, de modo
que, incidentalmente, ou seja, separadamente, será julgada essa questão, e
dependendo do julgamento sobre a constitucionalidade, levar-se-á a questão para ao
processo principal, e só então o julgamento será dado como procedente ou
improcedente. No Brasil, este controle é exercido de forma difusa, ou seja, todos os
magistrados são competentes para julgar.
Em resumo, pode-se dizer que no controle abstrato ou direito o controle de
constitucionalidade é o pedido, e no controle concreto ou incidental o controle de
constitucionalidade é uma das causas do pedido.

CONTROLE DIFUSO
Objeto→ Toda e qualquer norma editada após a CF/88.
Competência→ Todo e qualquer magistrado tem competência.
Legitimidade→ Toda e qualquer pessoa física ou jurídica, desde que tenha capacidade.
Quórum→ Se for em 1º instância, é o juiz, obviamente. Se for em uma corte existe o
princípio da cláusula de reserva de plenário, previsto no art. 97, CF. Isso quer dizer
que toda vez que o controle de constitucionalidade for para a 2º instância, somente
com a maioria absoluta dos votos, poderá o órgão especial ou o plenário declarar a
inconstitucionalidade da lei. Existe esse princípio porque toda vez que um processo
chega à segunda instância, quem recebe o recurso é um órgão fracionário (uma
câmara do tribunal), que é formada por poucos ministros, logo, se esses ministros
acharem que a lei é realmente inconstitucional, deverão remeter ao pleno ou ao órgão
especial do tribunal, pois eles não detêm competência para declarar lei
inconstitucional, mas apenas para julgar constitucional. Existem duas exceções a essa
regra, o órgão fracionário poderá julgar uma lei inconstitucional quando o próprio
pleno ou órgão especial já tiver se manifestado sobre o assunto ou quando o STF já
tiver se manifestado sobre o assunto.
Efeitos→ O ato declarado inconstitucional equivale à nulidade da norma impugnada. O
efeito é ex tunc, ou seja, é como se fosse que essa lei nunca esteve no ordenamento
jurídico, pois os efeitos da decisão retroagem. E também é inter partes, o que significa
dizer que a sentença da inconstitucionalidade da norma vale apenas para as partes do
determinado processo. Existe uma exceção, segundo o art. 52, X, CF, quando o STF
estiver julgando um controle difuso, poderá enviar um oficio ao Senado Federal,
propondo que o Senado suspenda a execução dessa lei, e caso o Senado faça isso,
automaticamente o efeito passará a ser erga omnes, ou seja, para todos.

CONTROLE CONCENTRADO
No Brasil, ele é exercido de modo direto e de forma abstrata. A questão aqui é
meramente de direito.
É julgado por um único tribunal, o STF, mas há, de forma excepcional, casos em que o
TJ julga o controle concentrado.
Os legitimados são restritos, são eles aqueles previstos no art. 103, CF.
A competência para julgar ADI por ação, ADI por omissão, ADC ou ADECON e ADPF
sempre será do STF.
Diferenças entre ADI e ADC
A ADI é a ação direta de inconstitucionalidade, que tem por objeto lei federal, estadual
ou distrital posterior à CF/88. A ADC é a ação declaratória de constitucionalidade, e
tem por objeto lei ou ato normativo exclusivamente federal e após a CF/88.

Uma é praticamente o oposto à outra. Por exemplo, uma norma FEDERAL pode ser
objeto tanto de ADI como de ADC, mas a decisão procedente em uma ADI seria o
mesmo que dizer que ela é improcedente em uma ADC, isso recebe o nome de efeito
dúplice ou caráter ambivalente das ações (em se tratando de lei federal).
Esquematizando:

ADI x ADC
Procedente = Improcedente
Improcedente = Procedente
ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
Objeto→ leis e atos normativos federais, estaduais e distritais editados após a CF/88,
nunca leis municipais.
Competência→ STF
Legitimados ativos→ apenas aqueles dos art. 103, CF, entre eles alguns detêm
capacidade universal, que podem propor uma ADI a hora que bem entenderem, e
outros capacidade especial, que para propor uma ADI devem demonstrar pertinência
temática, ou seja, devem demonstrar interesse.
Capacidade Universal: O Presidente, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do
Senado Federal, Partido Político com representação no Congresso Nacional,
Procurador Geral da República e Conselho Federal da OAB
Capacidade Especial: Governador de Estado, Mesa da Assembleia Legislativa ou da
Câmara Legislativa do DF, Entidade de Classe de âmbito Nacional e a Confederação
Sindical.
Quórum→ Maioria absoluta de seus membros, ou seja, pelo menos 6 ministros devem
votar a favor da inconstitucionalidade. Se aplica o art. 97, CF (Princípio da clausula de
reserva de plenário).
Efeitos da decisão→ erga omnes (p/ todos), efeito vinculante (a todo o judiciário e a
toda administração pública federal). Em regra, o efeito é ex tunc, de acordo com o art.
27 da Lei 9868/99, se houver segurança jurídica ou interesse social, o efeito poderá ser
ex nunc, pro futuro ou até retrospectiva, desde que tenha aprovação por 2/3 dos
membros do STF, isso se chama modulação dos efeitos em Controle Concentrado de
Constitucionalidade.

ADI por Omissão


Se dá quando ocorre a falta de norma regulamentadora de dispositivo constitucional
de eficácia limitada.
A inconstitucionalidade por omissão é sanável por duas ações distintas, uma em
controle difuso e outro em controle concentrado.
Em controle difuso é o remédio “mandado de injunção”.
Em controle concentrado é a ADI por omissão.
A medida cautelar é possível em ADI por omissão, desde 2011.
Efeitos da decisão: Efeito mandamental, ou seja, o STF expede um ofício ao órgão
administrativo (no prazo de 30 dias ou tempo razoável) ou órgão legislativo (sem
prazo), para a edição da lei ou do ato.
ADC ou ADECON
Tem como objeto lei ou ato normativo federal posterior à CF/88.
Deve haver controvérsia judicial para que seja empregada.
Competência do STF
Os legitimados são aqueles do art. 103, CF
Efeitos→ erma omnes, efeito vinculante ao poder judiciário e administrativo. Em regra,
os efeitos são ex tunc, mas com a possibilidade da modulação dos efeitos temporais,
assim como na ADI.
Obs.: Ato normativo: é um ato que ao ingressar na ordem jurídica inove para todos.

ADPF – Arguição de descumprimento de preceito fundamental


Não está prevista na lei 9868/99, como a ADI, ADI por omissão e ADC. Está prevista na
lei 9882/99.
Tem como objeto: leis e atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais,
inclusive anteriores à Constituição Federal de 1988, que ofenda ou ofereça risco a
preceito fundamental.
A ADPF é o controle de constitucionalidade com maior amplitude se comparada às
demais.
Vige o princípio da subsidiariedade, ou seja, quando não couber nenhum outro
controle, caberá a ADPF.
Competência→ STF
Os legitimados são aqueles do art. 103, porém, é mais correto dizer que os legitimados
estão elencados na lei 9882/99, a qual remete à constituição.
Efeitos da ADPF: Erga Omnes, vinculante, em regra ex tunc, porém cabe a modulação
dos efeitos, podendo ser ex nunc, pro futuro ou retrospectiva.

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