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Interdisciplinar

Engenharias II
Saúde Coletiva
Administração Pública e de Empresas,
Ciências Contábeis e Turismo
Enfermagem

Análise Comparativa das Propriedades Mecânicas e Físicas em Painéis Isotérmicos


PIR e Lã de Rocha
Comparative Analysis of Mechanical and Physical Properties in Isothermal PIR and Rock Wool Panels

________________________________________ Resumo
Aline Gomes Santana1 O Brasil é um país de clima Tropical e possui regiões onde as temperaturas
alineg.santana@outlook.com podem chegar a 38º C, como é o caso do Tocantins. Pensando em amenizar as
altas temperaturas que o país recebe durante o ano, o setor de construção civil
Bárbara Correia Nolêto1 passou a buscar materiais que, com características isolantes, pudessem, além
barbara.noleto@hotmail.com de proteger as estruturas, isolá-las termicamente, mantendo o ambiente interno
mais ameno em relação ao externo. Existem hoje no mercado diversos tipos de
Anderson Gomes Vieira2* materiais com essas características, uns mais utilizados e mais conhecidos do
andersongomesvieira@mail.uft.edu.br que outros, como: o EPS conhecido como Isopor®, o LDR (Lã de Rocha), entre
________________________________________ outros. Este trabalho tem como objetivo comparar as propriedades físicas e
*Autor correspondente mecânicas dos materiais Polisocianurato (PIR) e Lã de Rocha (LDR), por meio
1Centro Universitário Tocantinense Presidente
do ensaio de compressão, condutividade térmica e ignitabilidade. Os
Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, resultados dos ensaios mostram que quanto a compressão, o material PIR se
Brasil sobressaiu suportando grande quantidade de carga, na condutividade térmica
2Universidade Federal do Norte do Tocantins –
os dois materiais cumpriram bem às suas finalidades e quanto a ignitabilidade
UFNT, Araguaína/TO, Brasil
o LDR se destacou por comprovar ser incombustível. Constatou-se que os
materiais possuem algumas semelhanças nos resultados e que sua escolha se
Como referenciar esse artigo:
deve ao local de aplicação.
SANTANA, A.G.; NOLÊTO, B.C.; VIERIA,
Palavras-chave: PIR, LDR, Compressão, Ignitabilidade e Condutividade
A.G. Análise Comparativa das Propriedades
térmica.
Mecânicas e Físicas em Painéis Isotérmicos
PIR e Lã De Rocha. Revista Científica do Abstract
ITPAC, V.15, n.1, pub.1, fevereiro de 2022. Brazil is a country characterized by a tropical climate; there are regions where
DOI: 10.29327/231587.15.1-1 temperatures can reach over 38°C; it is the case of the Tocantins state. Thinking
about attenuate the high temperatures that the country receives throughout the
________________________________________ year, the construction sector started to look for materials that, with insulating
EDITORA CHEFE: characteristics, could, besides protecting the structures, thermally insulate
Dra. Daniele Gomes Carvalho them, keeping the internal environment milder in relation to the external. There
EDITORAÇÃO: are several types of materials that have these features in today's marketplace,
Esp. Josias Pimentel de Abreu e Eduardo some of which are better used and better known than others, such as: PS
Henrique Silva Melo (polystyrene) known as Isopor®, Rockwool, and others. This work aims to
compare the physical and mechanical properties of Polyisocyanurate (PIR) and
________________________________________ Rockwool materials, through compression, thermal conductivity and
RCITPAC, V.15, n.1, pub.1, fevereiro de ignitability tests. The results of the tests show that in terms of compression, the
2022 PIR material stood out supporting a large amount of load; in thermal
ISSN: 1983-6708 conductivity, the two materials fulfilled their purposes well, and the
________________________________________ ignitability Rockwool stood out for proving to be incombustible. It was found
that the materials present certain similarities in the results and that the choice
between them is due to the location of application.
Keywords: PIR, Rockwool, Compression, Ignitability and Thermal
Conductivity.
Santana, et. al ISSN 1983-6708

1. INTRODUÇÃO determinada época do ano, tornando o uso de equipamentos


para climatização indispensável e, consequentemente o alto
A ideia de mercado da utilização de isolamento valor em gastos de energia. Os painéis por não fazerem troca
térmico nas construções não é algo novo, surgiu da de calor entre o interior e o exterior da estrutura permitem que
necessidade de países que possuem invernos rigorosos, conter os climatizadores se esforcem menos
os altos gastos de energia com equipamentos para Este trabalho tem por objetivos analisar e comparar as
aquecimento nas residências e locais públicos. Em Boston e propriedades físicas e mecânicas dos painéis isotérmicos PIR e
Nova York, as primeiras construções a utilizarem esse tipo de Lã de Rocha.
revestimento datam acerca de 1840, mas por necessidades
diferentes, como minimizar impactos causados por incêndios, 2. REFERENCIAL TEÓRICO
que eram comuns naquela época devido às construções serem
em sua maioria feitas de madeira (ZANONI e SANCHÉZ, 2.1 Contexto Histórico
2012).
No Brasil a ideia se difundiu com o mesmo conceito, Segundo Pfeil (2009), o primeiro material siderúrgico
utilizado na construção foi o ferro fundido, entre 1780 e 1820,
porém no sentido de amenizar as altas temperaturas que o país
recebe durante o ano, e economizar gastos com climatização. para construção de pontes em arco ou treliças com elementos
em ferro fundido trabalhando em compressão.
Esse mercado surgiu no país ainda na década de 1980, a
princípio apenas com a utilização das chamadas telhas A primeira ponte de ferro fundido que se tem
sanduíche, usadas para cobertura de edifícios industriais, conhecimento foi a de Coalbrookale, sobre o rio Severn, na
Inglaterra, um arco com vão de 30 metros. Com o passar dos
comerciais e institucionais. Hoje, 40 anos depois, além das
telhas, é possível ter esse tipo de isolamento na vedação anos, a utilização do aço como um material de construção
começa a ganhar espaço, e os vãos das construções aumentam
interna e externa, são os chamados painéis isotérmicos e
podem ser fabricados com núcleo de diferentes materiais. cada vez mais de tamanho, como por exemplo, a ponte
suspensa de Menai, no país de Gales, construída em 1819-1826
Segundo Isoeste (2018), os painéis isotérmicos são
com um vão de 175 metros (PFEIL 2009).
compostos por duas chapas de aço pré-pintado, perfiladas e
intercaladas por uma camada de espuma rígida de PIR ou No Brasil, a primeira ponte construída com a
utilização de ferro fundido foi a ponte sobre o rio Paraíba do
PUR. Esse material proporciona uma elevada resistência
mecânica e um excelente isolamento térmico. Sul, no estado do Rio de Janeiro (Figura. 1a e 1b), inaugurada
em 1857 e possuía vãos de 30 metros, vencidos por arcos
Para análise comparativa dos materiais, serão levados em
consideração dois materiais, utilizados na construção civil atirantados, constituída de ferro fundido e ferro forjado.
O aço em si, já era utilizado desde a antiguidade,
como isolantes térmicos, o PIR (Poliisocianurato) e LDR (Lã de
porém devido à falta de produção industrial do mesmo, este
Rocha) também conhecido por suas características de
isolamento acústico. não era considerado um produto disponível para as obras de
grande porte, que necessitavam de uma grande demanda
Por se tratar de um produto versátil, o PIR se adapta
a qualquer tipo de projeto, sendo muito utilizado em câmaras desse material.
Tudo mudou quando em 1856 o inglês Henry
frigoríficas, aviários, cozinhas industriais, indústrias, ou seja,
locais onde se é necessário um controle maior de temperatura. Bessemer inventou um forno que permitia a produção do aço
Na construção civil esses painéis podem ser utilizados em em larga escala, permitindo que o aço ganhasse espaço, e que
pontes, conseguissem alcançar vãos maiores, como por
fachadas e fechamentos laterais de prédios comerciais,
shoppings, galerias, hospitais e outros. exemplo, a ponte Firth of Forth na Escócia, construída em 1890
e que possuía 521 metros de vão, o que lhe concedeu o prêmio
A Lã de Rocha (LDR) pode ser apresentada em forma
de recorde mundial naquela época (PFEIL, 2009).
de manta ou placa, é fabricada através de fibras minerais de
rochas basálticas (vulcânicas), que aquecidas em altas
temperaturas são transformadas em filamentos que permitem
a fabricação de produtos leves, flexíveis ou até mesmo rígidos
dependendo do grau de compactação que esse material poderá
sofrer. É um material com grandes características termo
acústicas, e assim como o PIR será o foco de pesquisa e análise
no presente trabalho.
Além de proporcionar um bom isolamento térmico e
reduzir o gasto de energia elétrica com o uso de
climatizadores, os painéis isotérmicos possuem muitas outras
vantagens, como a rápida e fácil montagem sem geração de
resíduos, a redução do peso da edificação, retardação de
chamas e a sustentabilidade, por não levar água em nenhuma
etapa desde sua fabricação e serem totalmente recicláveis.
O Tocantins está localizado numa região de clima
tropical, onde as temperaturas podem chegar a 38ºC em (a)

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(b)

Figura 1. Ponte sobre o rio Paraíba do Sul, Estado do Rio de Janeiro.


(a) Vista geral; (b) Detalhe do meio do vão dos arcos atirantados. Figura 2. Estação ferroviária em Bananal, São Paulo, 1889. Foto: Ralph
Fonte: PFEIL (2009). M. Giesbrecht.
Fonte: ZANONI; SANCHÉZ (2012).
Com a crescente utilização do aço na construção civil,
e tendo conhecimento cada vez mais das suas propriedades, Danly criou um sistema formado por painéis de
como a sua resistência a altas temperaturas e chapas metálicas dupla, formando entre si um espaço de ar de
consequentemente ao fogo, este material começou a ser 26 cm de espessura, gerando uma estrutura resistente e rígida,
empregado como revestimento de fachada, em formas de fixadas aos perfis metálicos por meio de parafusos. Assim
chapas, a fim de proteger as estruturas e isolá-las esses painéis pré-fabricados deixavam de ser elementos de
termicamente. vedação dependentes da estrutura e se tornavam elementos
A princípio as chapas eram de superfície lisa, mas não estruturais. Nas juntas dos painéis, as chapas perfuradas
se mostrava eficiente, pois devido às diferenças de largura não possibilitavam a entrada de ar do meio externo para dentro das
se adaptava a qualquer vão. Segundo SILVA (1988), com o edificações, o sistema era capaz de controlar a ventilação dos
método de ondular as chapas, o problema pôde ser resolvido: ambientes e ainda proporcionava um isolamento térmico
o comprimento das ondas era pequeno e a união das chapas necessário (SILVA, 1988).
podia ser feita em qualquer vão permitindo a utilização das Com o intuito de isolar termicamente as construções
chapas sem divisas, como se fosse uma superfície contínua. e diminuir o tempo de execução, as construções já no século
As chapas onduladas de ferro fundido foram os XX receberam a ideia de um revestimento externo que
materiais com maior predomínio nas construções do século trabalhava também como elementos estruturais, onde a
XIX, esse material quando galvanizado possuía grande montagem do sistema depende de menor tempo de efetivação
resistência mecânica e à corrosão, e foi bastante disseminado e de menores gastos, mantendo assim um acabamento
pelo mundo, oriundo dos países produtores como a Inglaterra compatível com os sistemas tradicionais e garantindo uma
(ZANONI e SANCHÉZ, 2012). vida útil das fachadas.
O emprego de coberturas e estruturas metálicas já Nos Estados Unidos, mais precisamente em Nova
estava bastante reconhecido, porém os países produtores York, as fachadas dos prédios que utilizavam esse novo
precisavam produzir novas ideias para o consumo do ferro nas conceito, de chapas como revestimento externo; tinham
construções, pois o problema das juntas e fechamentos ainda aparência de pedras, inclusive eram pintadas para imitar
existia. As chapas onduladas sofriam também grande pedras e tornar o material mais nobre.
resistência popular, por não satisfazer os consumidores, O sistema Fillod, um modelo mais moderno de
devido à sua falta de estética, além de não conseguir isolar as fachada, baseava-se em montantes duplos de tubo de aço e
edificações termicamente, o que era um grande problema nos suas junções e formações.
países com clima tropical. Hoje, com toda tecnologia disponível e com avanços
Embora reconhecessem as vantagens da utilização do em pesquisas e inovações para a área da construção civil,
ferro nas construções, os construtores ainda preferiam a houve um aumento nos tipos e especificações dos painéis
utilização dos materiais tradicionais como o tijolo para as metálicos, e foram, então, divididos em dois grupos: os painéis
vedações (ZANONI e SANCHÉZ, 2012). perfilados (uma única chapa) e os painéis compostos, mais
O Brasil possuía algumas edificações totalmente pré- conhecidos por painéis sanduíche.
fabricadas que foram importadas da Europa, dentre elas se Dentro do grupo dos painéis compostos, existem os
destaca o sistema construtivo de Danly, representado na fabricados com alumínio (ACM – aluminium composit
Figura 2, patenteado pelo belga Joseph Danly ainda no século material), cobre (CCM – copper composit material) e o aço inox
XIX. (SCM - stainless steel composit material).

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2.2 Tipos de Revestimentos Os painéis sanduíches constituem em duas chapas


metálicas ligadas por um material leve como espumas rígidas
2.2.1 Painéis de Vedação e lã mineral, normalmente possuindo características isolantes
termo acústica. Apresentam maior rigidez e resistência
A Indústria da construção civil no Brasil ainda é quando comparado aos painéis perfilados. Estes painéis são os
muito inerte a inovações, utilizando-se da alvenaria mais utilizados atualmente na construção civil (SILVA e
tradicional como forma mais usual de vedação nas SILVA, 2004).
construções, alternativa essa que além de gerar alto nível de Observa-se na Figura 4 que a chapa metálica possui
rejeitos, retrabalho e atrasos nas obras, já estão sendo uma espuma na camada central, que trabalha como função
ultrapassadas por novas técnicas de construção (KRÜGER, térmica e acústica, onde ao instalar não é necessário o
2000; SILVA e SILVA, 2004). desmonte, somente posicionar esse perfil e fixá-lo através de
A busca por novas alternativas para a construção civil parafusos na haste metálica externa ao edifício ou
se deu pela necessidade de novas técnicas que propiciassem empreendimento onde está sendo inserido. O seu uso garante
uma racionalização nos processos construtivos, como a maior praticidade e menor tempo de instalação, porém torna-
velocidade de execução das obras, diminuição de rejeitos nos se necessária mão de obra especializada e, por isso, pode ser
canteiros e redução de custos. Em vários países da América do visto como uma desvantagem na utilização dos mesmos.
Norte e da Europa, é muito comum a utilização de painéis pré-
fabricados nas suas edificações.
Os painéis de vedação se sobressaem sobre a
alvenaria tradicional devido a vários quesitos, como o
aumento da produtividade devido à redução de prazos e de
custos, a redução dos resíduos gerados na obra, a organização
do canteiro, a facilidade de instalação e manutenção dos
painéis e aumento da área útil da edificação (SILVA e SILVA, Figura 4. Painel metálico sanduíche.
2004). Fonte: PERFILNORTE (2016).
Estes painéis podem ser feitos em diversos materiais,
como: cimento reforçado com fibra de vidro, gesso acartonado, O isolamento térmico feito com o uso desse material
concreto e metal; cada um possui características e utilizações é geralmente composto por duas chapas de aço pré-pintado,
distintas. intercaladas por uma “espuma” rígida. Essa espuma pode ser
de diferentes tipos, entre eles estão: Lã de Rocha (LDR),
2.2.2 Painéis Metálicos Poliuretano Expandido (EPS) o Isopor, PUR (Poliuretano), PIR
(Poliisocianurato), ou outro material que possua
Dentre as diversas variações dos painéis de vedação, condutividade térmica menor que 0,06 W/mºC
existem também os painéis metálicos, que consistem em (condutividade máxima para um material ser considerado
lâminas metálicas. São considerados revestimentos leves, que isolante) (ZANONI e SANCHÉZ, 2012).
propiciam uma redução no peso final da edificação, e não As “chapas sanduíche” ou painéis térmicos, como são
interferem na estabilidade da estrutura. Os painéis metálicos conhecidos, recobrem toda a fachada da edificação através de
são divididos em duas categorias, os painéis perfilados e uma camada contínua e com espessura já dimensionada, essa
painéis sanduíches. espessura mínima é capaz de obter um isolamento térmico
Os painéis perfilados consistem em chapas perfiladas bem elevado, comprovando o seu diferencial em relação à
feitas de aço galvanizado ou alumínio de 3 a 6 mm de alvenaria (ISOESTE, 2018).
espessura, até 1,2 m de largura e até 20 m de comprimento, O EPS (Poliestireno expandido) é uma espuma
montadas sobre perfis metálicos, que necessitam de um desenvolvida por meio de derivados do petróleo,
revestimento interno, como outra placa metálica ou painéis de popularmente conhecida como isopor. O EPS é obtido através
gesso acartonado, vide Figura 3. São utilizados apenas em do processo de polimerização do estireno em água, resultando
edificações mais baixas, porém para vedação externa, em um plástico rígido. Os painéis são constituídos de duas
necessitam de no mínimo um metro e meio de nível da rua, por chapas de aço com o núcleo em poliestireno expandido.
não atenderem as exigências mínimas de resistência de Entre suas vantagens estão o bom isolamento térmico, baixa
impactos (SILVA e SILVA, 2004). absorção de água e umidade, facilidade na instalação e
sustentabilidade. Por outro lado, o uso desse tipo de material
é restrito, não podendo ser utilizado em locais expostos a
temperaturas maiores que 80ºC, pois seu núcleo começa a se
degradar causando desestabilidade da estrutura e riscos de
incêndio. Outra desvantagem é quanto às fiações elétricas da
edificação, que nos painéis de EPS não podem passar por
Figura 3. Painel metálico perfilado.
dentro da estrutura devido ao risco de superaquecimento
Fonte: ALAÇO (2015). seguido de incêndio, a não ser que a fiação passe por um

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processo de blindagem para evitar qualquer contato (NOVAIS


et al, 2014).
O PUR (Poliuretano) é um tipo de plástico termofixo
(plásticos cuja rigidez não se altera com a temperatura),
bastante resistente ao fogo, com alto poder de estanqueidade e
isolação térmica. Material com alta densidade e que serve de
base para a produção do PIR (ISOESTE, 2018).

2.2.3 Painel isotérmico tipo PIR

O PIR (Poliisocianurato) é basicamente o PUR


modificado, com um maior índice de isocianato, acima da
quantidade estabelecida, o excesso desse material reage
produzindo cadeias mais fortes caracterizando uma espuma
mais estável e com maiores vantagens de utilização, como por Figura 6. Parafuso tipo auto brocante.
Fonte: ISOESTE (2018).
exemplo, maior resistência à compressão e ao fogo. Este
material chama bastante atenção por possuir propriedades
2.2.3.1 Vantagens
termoisolantes e mecânicas que lhe garante resistência a
temperaturas mais intensas e não produz fumaça quando em
O painel isotérmico tipo PIR possui baixo índice de
contato com o fogo, é um material considerado ecologicamente
condutibilidade térmica, menor que 0,06 W/mºC
correto, assim como o PUR, por ser livre de HCFC, vide Figura
(condutividade máxima para um material ser considerado
5 (ISOESTE, 2018).
isolante), o que lhe permite grande resistência ao fogo, é um
produto livre de fumaça quando em contato direto com o
mesmo, e não produz HCFC (Hidrofluorcarboneto).
Este material com espessura de projeto mínima é
capaz de obter isolamento térmico bem elevado, comprovando
o seu diferencial em relação à alvenaria, onde, com a mesma, a
espessura necessária para atingir o mesmo isolamento térmico
chega a ser quase 30 vezes maior, se comparado ao painel
térmico tipo PIR e 15 vezes maior comparado ao painel com Lã
de Rocha, como detalhado na figura 7 (ISOESTE, 2018).

Espessura de parede necessária para atingir o mesmo nível de


isolamento térmico

Figura 5. Painéis térmicos tipo PIR.


Fonte: ISOESTE (2018).
1360 mm
tijolo
O núcleo de PIR possui densidade média de 38 a 42 maciço

Kg/m³ e condutividade térmica de 0,22 W/m.k, o painel 760mm blocos de concreto

fabricado pela empresa ISOESTE vem de fábrica com as 260mm madeira pinus

seguintes dimensões: 120mm fibra de madeira

100mm cortiça
Tabela 1. Dimensões previstas por fábrica. 90mm lã de rocha ou fibra de vidro

80mm poliestireno expandido


Espessura Isolante Largura Comprimento
50mm espuma de PUR ou PIR

50, 70 ou 1000 mm 1100 mm Até 10m


Figura 7. Comparação entre espessuras de parede de alvenaria e
Fonte: ISOESTE (2018). painéis.
Fonte: ISOESTE (2018).
O revestimento externo do painel é feito por aço pré-
pintado, podendo ser nervurado ou do tipo microfiso e o Por não ser necessária a utilização de água na sua
revestimento interno pode ser feito pelo aço pré-pintado ou instalação e nem na produção, é considerado uma construção
galvalume. Os encaixes entre um painel e outro, são feitos por seca. São painéis que chegam prontos para instalação, o que
parafusos escondidos tipo auto brocante, como mostra a proporciona um canteiro de obras limpo, livre de entulhos e de
Figura 6. desperdício de materiais. Trabalham tanto como revestimento

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de vedação quanto estrutural, e, por isso, dispensam: chapisco, incombustível, resistente a água, possui sua estrutura estável e
reboco e emboço, diminuindo o peso próprio das edificações. não corrosiva, tem proteção contra sais e ácidos e, por isso, é
Os painéis térmicos promovem uma construção considerado um material imputrescível.
sustentável, pois, além de não haver desperdício de material, Promove uma construção com pouco resíduo, pouco
não utilizar água em nenhuma etapa, ser uma construção com desperdício de materiais e, portanto, sustentável em relação à
alta produtividade e proporcionar ambientes agradáveis, que construção feita com alvenaria tradicional.
tenham temperaturas mais amenas; esse material pode ainda
ser reutilizado. 2.2.4.2 Desvantagens

2.2.3.2 Desvantagens A Lã de Rocha é fabricada a partir da extração de


rochas basálticas, a extração desses recursos não renováveis é
A construção civil ainda é uma “indústria” uma das causas da degradação ambiental, e vai contra as leis
totalmente inerte a inovações, por isso, a disseminação desse de sustentabilidade, mesmo essa promovendo uma construção
material no país ainda é escassa em relação ao seu grande enxuta.
potencial. O uso desses painéis exige utilização de EPI’s
Devido à falta de disseminação e conhecimento, específicos sempre que manuseados em locais fechados, ou
ainda é considerado um material caro na construção civil. com pouca ventilação, para evitar sensibilidade nos olhos e
nariz. A falta de proteção pode causar inflamações, problemas
2.2.4 Painéis Lã de Rocha (LDR) brônquicos e no sistema respiratório.

A Lã de Rocha é um material fibroso inorgânico 3 METODOLOGIA


produzido a partir de rocha basáltica e de outros minerais.
Após o aquecimento dos minerais a 1500ºC, estes por meio de 3.1 Corpos de Prova
centrifugação são modificados em finos filamentos, que por
sua vez ao serem aglomerados com resinas especiais permitem Com a finalidade de obter os objetivos propostos,
a produção de materiais leves, flexíveis e com espessura foram confeccionados corpos de prova dos dois materiais
controlada. Podendo ser moldadas e compactadas devido a escolhidos; PIR (Poliisocianurato) e LDR (Lã de Rocha).
sua elasticidade, torna mais fácil o manuseio e o transporte Como o material possui uma superfície de aço, foi
(ROCKFIBRAS, 2012; HABIB, 2014; SILVA, 2016). Este necessário a utilização de uma serra policorte e a ajuda de uma
material é empregado como núcleo na confecção de painéis segueta para fazer os cortes dos corpos de prova, vide figura
térmicos, como mostra a Figura 8. 9.

Figura 8. Painel tipo Lã de Rocha.


Fonte: ISOESTE (2018).

Por possuir características de isolamento térmico, Figura 9. Corte dos corpos de prova utilizando a serra policorte.
acústico, proteção contra chamas, resistência à água e ser Fonte: Autor (2019)
quimicamente inerte, a lã de rocha é muito utilizada não só na
construção civil, mas também na indústria automotiva, Foram cortados 12 corpos de prova, 6 de cada
eletroeletrônica e em muitas outras áreas (RODRIGUES et al, material onde: 4 de cada foram utilizados nos ensaios de
2012). condutividade térmica e ignitabilidade e 2 no ensaio de
compressão, com dimensões diferentes, como mostra a figura
2.2.4.1 Vantagens 10.
O corte das placas foi realizado no laboratório de
O painel isotérmico LDR (Lã de Rocha), além de materiais de construção do UNITPAC, assim como os ensaios
conferir um isolamento térmico também tem características para verificação das suas propriedades físicas e mecânicas.
termo acústicas e assim como o painel tipo PIR também não
produz fumaça quando em contato direto com o fogo, é

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Foram submetidos ao ensaio dois corpos de prova de


cada um dos materiais em estudo, conforme as dimensões
mostradas na tabela 2.

Tabela 2. Dimensões dos corpos de prova utilizados no ensaio de


compressão.

Corpos de Comprimento Espessura Largura


prova (mm) (mm) (mm)

IR 2 150 50 80

LDR 2 146 100 60e


Figura 10. Corpos de prova (a) corpos de prova do material LDR, (b)
corpos de prova do material PIR. Fonte: Autor (2019)
Fonte: Autor (2019)
Os corpos de prova podem ser observados na figura
3.2 Caracterização dos Painéis Isotérmicos 12, para ambos os materiais onde em (a) observa-se o material
LDR e em (b) o material PIR.
Com o propósito de analisar as propriedades físicas e
mecânicas dos painéis isotérmicos com núcleo de PIR e LDR,
foram executados os seguintes ensaios: resistência à
compressão, verificação da ignitabilidade dos materiais e
condutividade térmica.

3.2.1 Resistência à Compressão

Com o intuito de determinar a resistência de


compressão dos painéis isotérmicos, o ensaio foi realizado
conforme os critérios estabelecidos pela Norma ASTM C364 /
364M – (Standard Test Method for Edgewise Compressive
Strength of Sandwich Constructions).
O ensaio foi realizado com a utilização da prensa
hidráulica manual da marca CONTENCO, vide figura 11, (a)
onde foi aplicada carga até o momento do abaulamento do
material. A placas usadas para uniformização da carga no
momento da aplicação possuem 10 Kg e foram adicionadas
tanto na parte superior quando na inferior da prensa.

(b)

Figura 12. (a) corpo de prova do material LDR, (b) corpo de prova do
material PIR.
Fonte: Autor (2019)

3.2.2 Condutividade Térmica

Com a finalidade de avaliar a condutividade térmica


dos materiais estudados, o ensaio foi realizado conforme o
Figura 11. Prensa hidráulica manual. artigo NAVROSKI (2010), onde o mesmo utilizava uma caixa
Fonte: Autor (2019) de compensado como objeto de ensaio a fim de comparar as

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temperaturas dentro e fora da mesma, com e sem revestimento 3.2.3 Ignitabilidade


de isolamento; seguindo este mesmo ensaio foi construída
uma caixa de compensado nas dimensões 150 x 150 x 30 mm, O método de ensaio referido na norma BS EN ISO
com um orifício na tampa, de diâmetro suficiente apenas para 11925-2: 2010, é utilizado para determinar a ignitabilidade dos
a entrada do sensor do termômetro, como mostra a figura 13. materiais, quando este é exposto à chama de queimador
padrão.
O ensaio foi realizado com a ajuda de um suporte,
onde o corpo de prova ficou fixado a fim de estar seguro e
firme para aplicação da chama do queimador, chama esta,
aplicada a partir de uma vela. Este processo se repetiu para os
4 (quatro) corpos de prova, de ambos os materiais, onde foram
subdivididos em: 2 (dois) corpos de prova onde a chama foi
aplicada diretamente na superfície (placa de aço que protege o
núcleo) e 2 (dois) corpos de prova, onde a aplicação da chama
foi feita diretamente no núcleo do painel.
As figuras 15a e 15b, detalham o posicionamento da
chama nos corpos de prova de LDR e do mesmo quando fixado
ao suporte. É possível notar que a fixação da haste no núcleo
dependeu apenas da introdução da mesma no núcleo já que
este é macio e permite a perfuração com facilidade. Ambos os
materiais foram fixados de forma a manter a chama rente à
Figura 13. Caixa confeccionada em compensado, com orifício para a superfície analisada.
entrada do termômetro.
Fonte: Autor (2019)

Após a confecção da caixa, e o corte dos corpos de


prova, a caixa foi colocada na estufa, com temperatura
controlada de 50 °C, e aferida a temperatura do interior da
caixa a cada cinco minutos, finalizando a leitura após 60
minutos. Posteriormente, foram feitas as mesmas aferições
com a caixa revestida de PIR e LDR. A caixa foi revestida com
os dois tipos de materiais, a fim de comparar ao final das
medições qual material possui maior capacidade de
isolamento térmico. A forma como a caixa foi revestida
utilizando ambos os materiais, pode ser visualizado na figura
14.
(a) (b)

Figura 15. (a) Chama do queimador em contato direto com a


superfície do painel, (b) Chama do queimador em contato
direto com o núcleo do painel.
Fonte: Autor (2019),

Os corpos de prova utilizados possuem as dimensões


mostradas na tabela 3.

Tabela 3. Dimensões dos corpos de prova para o ensaio de


ignitabilidade.
Corpos de Comprimento Espessura Largura
prova (mm) (mm) (mm)
PIR 4 150 50 32
LDR 4 150 100 32
Fonte: Autor (2019)

Figura 14. Caixa de compensado revestida com PIR.


Estes mesmos corpos de prova foram utilizados tanto
Fonte: Autor (2019)
no ensaio de condutividade térmica quanto no de
ignitabilidade, são, portanto, quatro corpos de prova de PIR e
quatro corpos de prova de LDR, vide figura 16.

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(a)
(b)

Figura 17. Corpos de prova (a) corpo de prova do material PIR logo
após aplicação da carga, (b) comparação dos corpos antes e depois da
realização do ensaio.
Fonte: Autor (2019)

(a) Este comportamento se deve ao fato de o material


possuir formação polimérica, onde o mesmo é capaz de
absorver grandes tensões e sofrer grandes deformações devido
as suas cadeias alongadas e a baixa energia de ligação entre
cadeias.
A figura 18 mostra o painel de LDR submetido ao
ensaio de compressão no momento do acoplamento, antes
mesmo de aplicação da carga de compressão.

(b)
Figura 16. Corpos de prova ensaiados (a) corpos de prova de PIR, (b)
corpos de prova de LDR.
Fonte: Autor (2019)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Ensaio de Resistência à Compressão


Figura 18. Desintegração do núcleo do corpo de prova de LDR assim
Para a realização do ensaio, dois corpos de prova de que posicionado o peso de 10 Kg da prensa.
cada material foram submetidos à tensão de compressão Fonte: Autor (2019)
máxima, em uma prensa hidráulica manual, figuras 17 e 18.
O objetivo deste ensaio foi confrontar a maior tensão Os corpos de prova de LDR, por possuir consistência
suportada pelo material até sua ruptura bem como avaliar a fibrosa, apresentaram comportamento diferente do PIR, já que
deformação sofrida pelo mesmo no ato da aplicação de carga. seu rompimento se deu com cargas inferiores. Os corpos de
A carga foi aplicada na superfície de cada corpo de prova romperam apenas com a carga do equipamento de 10
prova, de forma manual e contínua. O corpo de prova do Kg o que equivale 98,1N, já que houve a laceração da fibra e
material PIR, apresentou boa resistência à compressão, desintegração da placa. Após o início do ensaio, foi possível
suportando uma grande quantidade de carga e reduzindo visualizar perda de material e desintegração do mesmo ainda
grande parte da sua seção inicial. com pouca aplicação de força.
Após o término do ensaio, foi possível observar que o Na tabela 4 é possível observar a carga aplicada em
material teve recuperação elástica a partir da remoção da compressão.
carga, porém ainda apresentou grande deformação plástica,
como pode ser vista na comparação da figura 17 onde (a) Tabela 4. Resultados obtidos no ensaio de Resistência à Compressão.
apresenta o corpo no ato da compressão e (b) apresenta a Corpos de prova 1 Corpos de prova 2
PIR 18011,16 KN 12860,91KN
comparação do corpo após o ensaio e o corpo não ensaiado,
LDR 98,1 N 98,1 N
quando se observa da esquerda para a direita respectivamente.
Fonte: Autor (2019)

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A tabela 5 por sua vez indica as tensões máximas de A figura 19, mostra a variação de temperatura dos
compressão suportada pelos materiais ensaiados, os valores três materiais em estudo, a partir dos dados obtidos e
presentes na tabela 4 foram convertidos utilizando a equação demonstrados na tabela 5.
a seguir:

𝐹
𝑇= (1)
𝐴

O cálculo da tensão equação 1, corresponde a razão


entre a carga de compressão (F) dada em KN e a área da seção
do corpo de prova, em mm², onde a carga foi aplicada.
Os valores encontrados a partir da utilização da
equação de tensão, estão dispostos na tabela 5.

Tabela 5. Tensões obtidas no ensaio de Resistência à Compressão.


Corpos de prova 1 Corpos de prova 2
PIR 1500,93 KPa 1071,74 KPa
LDR 10,9 KPa 10,9 KPa
Fonte: Autor (2019)

Foi possível observar que o PIR possui resistência à


compressão superior ao apresentado pelo material LDR. Este
comportamento é observado também quando se compara os Figura 19. Variação de temperatura dos três materiais
valores apresentados pelo fabricante de ambos os materiais. estudados.
A tensão máxima apresentada pelo material LDR de Fonte: Autor (2019)
10,9 KPa está inferior ao apresentado pelo fabricante, pois esta
se desintegrou com uma pequena aplicação de carga, o que Pode-se observar que o isolamento térmico na caixa
pode ser entendido como uma possível interferência do corte de compensado, foi bastante baixo, em menos de 10 minutos o
no núcleo, já que este é formado de lã de rocha com fácil interior da caixa apresentou 40°C e após 35 minutos
degradação ao toque. apresentou 48ºC, o que mostra que ao final do ensaio a mesma
apresentou equilíbrio com o ambiente externo de 50°C.
4.2 Ensaio de Condutividade Térmica É possível visualizar nas caixas revestidas de ambos
os materiais, um crescimento linear, ou seja, houve troca de
Como já descrito anteriormente na metodologia, os temperatura entre o interior da caixa e a estufa, porém, de
materiais foram investigados quanto a sua condutividade forma contínua e lenta, onde a temperatura de estabilidade
térmica através da exposição controlada de temperatura à 50 interna foi aproximadamente 3ºC menor do que a estipulada
ºC, onde a caixa de compensado, considerado o material na estufa, promovendo um ganho de isolamento térmico e
padrão, foi avaliada sem e com revestimento durante 1h em comprovando a proposta inicial do material.
intervalos de 5 minutos. Ao se comparar o LDR e o PIR observa-se que o PIR
A tabela 6 mostra os resultados obtidos através das obteve uma estabilidade térmica aproximadamente com 45
leituras de temperaturas no interior das caixas. minutos de exposição, pois a variação térmica a partir deste
ponto foi inferior a 1ºC e com 60 minutos de exposição obteve-
Tabela 6. Temperatura (°C) no interior das caixas a cada cinco minutos se 3,2ºC abaixo da temperatura estipulada para o ambiente
de medição. externo, que era 50ºC
Temperatura Interna (°C)
Intervalo Vale ressaltar que ambos os materiais se mostraram
Caixa de Caixa revestida Caixa revestida
(min) satisfatórios quanto ao quesito conforto térmico, pois houve a
Compensado de PIR de LDR
redução da temperatura interna, o que era desejável.
0 32 30,5 30
5 37,9 32,8 32,5
10 41,4 34,2 34,3 4.3 Ensaio de Ignitabilidade
15 43,3 36,5 36,5
20 45,1 37,6 38,8 Foram utilizados quatro corpos de prova de cada
25 46,2 40,3 40,3 material para a execução do ensaio, no qual os mesmos ficaram
30 47,1 41,9 41,4 fixados a partir de um suporte e em contato com a chama
35 47,9 43,2 42,2
proveniente de uma vela durante 60 (sessenta) segundos.
40 48,4 44,3 43,5
Nos corpos de prova sujeitados à chama diretamente
45 48,9 45,2 44,8
50 49,2 45,9 45,5
na superfície, não houve nenhuma deterioração da estrutura,
55 49,5 46,3 46,4 tampouco propagação de chama e fumaça, pôde-se observar
60 49,9 46,8 47,1 também que apenas a pintura em poliéster sofreu danos,
Fonte: Autor, 2019

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modificando assim sua tonalidade, tanto nos corpos de prova


de PIR quanto no LDR (Figura 20).
Após o término do ensaio, com a chama aplicada na
superfície, foi aferida a temperatura dos corpos diretamente no
local de aplicação da chama e a 2 cm a partir da chapa metálica,
ou seja, no núcleo, onde é possível notar uma variação de
temperatura entre superfície e núcleo de aproximadamente
56°C para o PIR, e 44°C para o LDR.

(a) (b)

Figura 21. (a) material PIR sendo incinerado, (b) retração do material
após o ensaio.
Fonte: Autor (2019)

A figura 22 mostra o corpo de LDR após retirada da


chama e o ponto centralizado escurecido é o ponto onde a
(a) (b)
chama ficou em contato. Observa-se nesta imagem que o calor
Figura 20. Corpo de prova ensaiados (a) corpo de prova de PIR após
percolou o corpo até a metade do seu comprimento, porém não
ensaio, (b) corpo de prova de LDR após o ensaio.
Fonte: Autor (2019) interferiu em sua integridade e não houve retração do
material.
Os valores obtidos no ensaio, tanto para confirmação
de ignição do corpo de prova ensaiado, quanto a temperatura
do mesmo após o fim do ensaio, podem ser visualizados na
tabela 7.

Tabela 7. Resultados obtidos no ensaio com chama incendendo na


superfície.
Temperatura °C
Material Corpo de Prova Ignição
Superfície Núcleo
1 Não 98 58
PIR
2 Não 112 40
1 Não 85 50
LDR
2 Não 98 48
Fonte: Autor (2019)

Para os corpos de prova submetidos à chama


diretamente no núcleo, houve rápida propagação desta no PIR
que, em menos de 20 segundos incinerou por completo o corpo
de prova. Ao final da queima pode-se observar que houve a Figura 22. Corpo de Prova de LDR, após o ensaio de ignitabilidade,
retração do material no ponto de contato direto com a chama, com o núcleo em contato com a chama da vela.
de acordo com a figura 21 onde em (a) mostra-se o material no Fonte: Autor (2019)
momento de queima e em (b) mostra-se o material após a
queima com uma comparação do ponto de retração. Como Em relação a ignitabilidade o LDR mostrou-se mais
houve a incineração dos corpos não foi possível medir a adequado a aplicações em áreas de risco ao fogo e mostrou-se
temperatura interna e externa. condizente com as especificações do fabricante de ser um
O painel com núcleo de Lã de rocha (LDR), material incomburente, porém para revestimentos externos
demostrou um ótimo desempenho quanto à ignitabilidade, que é a principal proposta do painel de PIR, este mostra-se com
não propagando fumaça nem fogo, comprovando ser um boa integridade após a chama pois não houve a desintegração
material incombustível. Permaneceu íntegro durante todo o do material.
tempo de aplicação, apenas apresentando coloração O PIR, por sua vez, se mostrou eficaz ao ser utilizado
escurecida ao final do tempo estipulado de submissão a como revestimento, no qual o fabricante orienta a não
chama. utilização de fiações elétricas embutidas no painel, e quando
necessário, essas instalações serem realizadas através de

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shafts, evitando assim riscos de incêndios por curto circuito De acordo com os ensaios de ignitabilidade, foi
dentro do painel. Em sua utilização como revestimento possível comprovar o êxito do material LDR em ser
interno, com os devidos cuidados recomendados pelo incombustível, ideal para ser utilizado em ambientes com
fabricante, o painel de PIR pode evitar que o fogo de um maior incidência de fogo, enquanto que o PIR mostrou ser um
ambiente se propague para outro, devido sua resistente material capaz de propagar chamas em pouco tempo, isso
superfície em aço, permitindo a fuga de pessoas do ambiente quando a chama foi disposta diretamente no seu núcleo, em
sem comprometer a estrutura. relação à superfície do painel, o mesmo se mostrou resistente
e capaz de suportar o fogo e com isso, ser capaz de retardar a
5. CONCLUSÃO propagação de chamas de um ambiente a outro, permitindo a
fuga de pessoas.
A partir dos ensaios realizados, pôde-se observar, que Para a escolha do melhor material, deve ser levado
ambos os materiais utilizados apresentaram bons resultados, em consideração o ambiente em que ele será utilizado, pois
tornando-os bastante similares. ambos os materiais no quesito isolamento térmico, obtiveram
O painel isotérmico PIR, apresentou maior resistência resultados semelhantes e corroboram com a proposta
à compressão em relação ao painel isotérmico LDR, onde este apresentada pelo fabricante. Para locais propícios a ocorrência
com pouca aplicação de carga apresentou desintegração do de incêndios, como: usinas termoelétricas e indústrias
núcleo. O material PIR suportou aproximadamente 1300 KPa, farmoquímicas, o ideal é a utilização de painéis Lã de Rocha,
comprovando ser um material de boa resistência à compressão devido sua característica de ser incombustível; já para locais
e capaz de suportar grandes cargas. como: shoppings, armazéns, frigoríficos ou até mesmo
Em relação à condutividade térmica, os valores residências, cabe a utilização dos painéis PIR, pois além de
quanto ao isolamento foram relativamente os mesmos, proporcionar conforto térmico, reduzindo gastos com
comprovando que os materiais cumprem sua proposta de climatização, permite ganho de área útil na edificação.
maneira eficiente. A caixinha revestida de PIR, atingiu o
equilíbrio aos 45 minutos, com um diferencial de temperatura
de 3°C, confirmando sua enorme eficácia. O que difere um
material do outro é sua espessura, pois o material PIR com a
metade da espessura do LDR, foi capaz de isolar igualmente.
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REFERÊNCIAS

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subjected to direct impingement of flame -- Part 2: Single-flame source test, 2010

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