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HIDROLOGIA – AULA 2

- NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE


NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

O planeta terra

A Terra possui características únicas entre os planetas do sistema solar e, talvez, entre os
corpos celestes do universo. As mais importantes são a abundância da água em estado
líquido e a atmosfera rica em oxigênio. Para entender a forma pela qual as características
do planeta afetam os diversos processos do ciclo hidrológico, é necessário considerar a
forma e os movimentos da Terra, bem como a composição de sua atmosfera.
NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

O planeta terra

• Volume de 1.083x109 km3


• Raio equatorial de 6.378,16 km
• Superfície constituída por 71% de área oceânica e 29% de área continental

A aceleração gravitacional exercida pela Terra varia de acordo com a


localidade e altitude, possuindo os valores ao nível do mar de 9,780 m/s2 sobre
o Equador e 9,831 m/s2 sobre os polos.

Para efeito de cálculos hidrológicos, essas diferenças são ignoradas e


costuma-se adotar o valor de 9,81 m/s2 para a aceleração da gravidade.
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O planeta terra

A Terra e sua atmosfera constituem um gigantesco sistema termodinâmico, cuja fonte


de energia predominante é a radiação proveniente do Sol. O planeta executa diversos
movimentos que afetam a distribuição da energia radiante do Sol ao largo de sua
superfície, dando origem ao dia e à noite, às diversas estações do ano, às correntes
atmosféricas e oceânicas, bem como aos diversos padrões climáticos existentes.
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A atmosfera terrestre
A atmosfera constitui uma película gasosa que envolve a Terra, sujeita a
importantes variações de temperatura, pressão e outras grandezas influentes
sobre os processos hidro-meteorológicos.

Mais da metade da massa atmosférica encontra-se abaixo da altitude 6 km,


90% dessa massa está abaixo de 15 km, 95% abaixo de 20 km e cerca de
99,9% abaixo dos primeiros 50 km. Em consequência, a pressão atmosférica
decresce exponencialmente com a altitude.

Em termos médios, a pressão atmosférica a 5 km de altitude é a metade de


seu valor ao nível do mar, decrescendo a cerca de 1/10 desse valor à altitude
de 15 km.
NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE
NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

A atmosfera terrestre
A atmosfera é constituída por uma complexa mistura de gases, sólidos
particulados em suspensão, partículas carregadas eletricamente e vapor
d’água. Na troposfera, 1 m3 de ar seco contem de 76 a 78% de nitrogênio, de
20 a 21% de oxigênio, cerca de 0,9% de argônio, 0,03% de dióxido de
carbono, além de concentrações ínfimas de alguns gases nobres.

O conteúdo de vapor d’água pode variar de 0,02% sobre os desertos até


valores próximos de 4% sobre as regiões tropicais úmidas. Essa composição do
ar atmosférico é relativamente uniforme até o final da mesosfera. Na
termosfera, as proporções de oxigênio e nitrogênio diminuem
consideravelmente, indo a dar lugar a gases leves, como o hidrogênio e o
hélio, nos altos níveis da atmosfera.
https://www.youtube.com/watch?v=sVBMRFOiVBg
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A radiação na atmosfera
Todas as trocas de energia entre a Terra e o restante do universo ocorrem por
transferência de radiação eletromagnética. Quase a totalidade da energia
que mantém o ciclo hidrológico e a circulação atmosférica provém da
radiação solar.

Sol é uma esfera de plasma, de diâmetro aproximado de 1,4 milhões de


quilômetros, composta por 70% de hidrogênio, 29% de hélio e 1% de outros
gases. As moléculas desses gases estão sujeitas a temperaturas que variam
desde 14.000.000° K, no núcleo do Sol, até 5000° K nas superfícies mais
externas.
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A radiação na atmosfera
Ao atravessar a atmosfera terrestre, a radiação solar é atenuada através de
três processos:
• Difusão
• Absorção
• Reflexão e absorção

O primeiro é a difusão da radiação pelas moléculas dos diversos gases e


partículas em suspensão presentes na atmosfera. Dessa forma, na faixa da luz
visível do espectro solar, a cor azul é mais eficientemente difundida do que a
vermelha pelo fato de possuir um comprimento de onda menor. Esse fato
explica a coloração azulada do céu (Tubelis & Nascimento, 1980).
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A radiação na atmosfera
O segundo processo de atenuação corresponde à absorção seletiva da
radiação solar incidente, conforme seus respectivos comprimentos de onda,
por parte de alguns gases atmosféricos. Os principais absorvedores são o
oxigênio, o ozônio, o dióxido de carbono e o vapor d’água. A radiação
ultravioleta, por exemplo, é absorvida pelo ozônio existente na estratosfera,
filtrando-a e assim evitando os efeitos nocivos advindos da exposição de seres
humanos, animais e plantas a esses comprimentos de onda.

O terceiro processo de atenuação é a reflexão e absorção da radiação solar


pelas nuvens e pela superfície terrestre.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

A água ocorre na atmosfera em seus três estados físicos. O vapor d’água é


invisível e não deve ser confundido com nuvens ou neblina, as quais contem
gotículas de água em suspensão. O vapor d’água tem a capacidade de
absorver tanto a radiação solar de ondas curtas quanto a radiação terrestre
de ondas longas. Dessa forma, o vapor d’água tem o importante papel de
regulação da temperatura do ar e de manutenção do equilíbrio energético
global da Terra. Se não existisse o vapor d’água atmosférico, o nosso planeta
seria impróprio à vida humana, com temperaturas muito abaixo de zero grau
célsius.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

Na atmosfera terrestre, a pressão exercida pelo vapor d’água recebe o nome


de pressão ou tensão de vapor. Geralmente, a pressão de vapor é denotada
por “e”, sendo expressa em unidades como milibares (mb) ou cm ou mm de
mercúrio (cm/mm de Hg), constituindo-se em uma medida do conteúdo de
vapor d’água do ar atmosférico.

Sob pressão constante, a quantidade máxima de vapor d’água que um dado


volume de ar atmosférico pode conter depende somente da temperatura.
Nessas condições, a pressão exercida pelo vapor d’água é chamada de
pressão de vapor de saturação (ou saturante) e seu valor varia com a
temperatura do ar.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

A curva da pressão de vapor de saturação es, em mb, em função da


temperatura T, em °C, acha-se ilustrada na figura abaixo:
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O Vapor d’Água na Atmosfera

observe que se uma parcela de ar,


inicialmente à temperatura T e pressão de
vapor “e”, sofrer um resfriamento sob
pressão constante até a temperatura T0, ela
estará então saturada de vapor d’água.

Qualquer resfriamento adicional provocará


a condensação do vapor d’água presente
na parcela. A essa temperatura T0, dá-se o
nome de temperatura do ponto de orvalho.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

Por outro lado observe que, mantida a


temperatura inicial T, a parcela de ar
apresenta um “déficit de saturação”,
correspondente à diferença (E-e) entre
as pressões de vapor saturante e inicial.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

Define-se a umidade relativa do ar, denotada por U, como sendo a


proporção, expressa em porcentagem, entre a quantidade de vapor d’água
efetivamente presente no ar e aquela em condições de saturação:

A umidade relativa varia com o tempo, localidade, altitude e temperatura,


desde valores próximos de zero, nas áreas polares secas e frias, até cerca de
100% em áreas úmidas. Para um dado local, a umidade relativa pode
aumentar seja através do resfriamento sob pressão constante (T T0), ou
através de evaporação adicional sob temperatura constante (e E), ou
mesmo através da combinação dos dois processos.
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O Vapor d’Água na Atmosfera

A umidade relativa pode ser medida através de aparelhos chamados


psicrômetros.

Pesquisar: Funcionamento de um psicrômetro.


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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico

O processo de condensação corresponde à passagem do vapor d’água à


fase líquida, com liberação de calor latente de vaporização (583,2 cal/g a
25°). Quando a mudança de estado ocorre diretamente para a fase sólida,
tem-se o processo de sublimação, com liberação dos calores latentes de
fusão (80 cal/g) e vaporização. Esses dois processos geram a formação de
nuvens, névoas, orvalho e geada.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


Uma massa de ar pode ser levada às (ou mantida em) condições de
saturação através de seu resfriamento ou através do aumento de seu
conteúdo de vapor d’água.

O principal processo de formação de nuvens é o resfriamento por expansão


adiabática, isto é sem troca de calor com o ambiente, associado à ascensão
de uma massa de ar na atmosfera. Como a pressão atmosférica decresce
com a altitude, a ascensão de uma massa de ar na atmosfera ocorre com a
expansão de seu volume. Sendo o ar um mau condutor de calor e devido à
grande velocidade com que o processo ocorre, a expansão se dá de forma
adiabática com redução de energia interna e temperatura da massa de ar.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


Esse resfriamento reduz a capacidade de retenção de vapor d’água na
massa de ar, podendo atingir, eventualmente, a pressão de vapor de
saturação. Nessas condições a condensação inicia-se, propiciando a
formação de nuvens e outras formas de nebulosidade (Tubelis & Nascimento,
1980).

A ascensão de massas de ar na atmosfera pode ser causada pelo:

• relevo
• convecção térmica
• encontro com outra massa de ar de diferente densidade.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


No primeiro caso (Relevo), o vento pode empurrar uma massa de ar sobre a
encosta de uma serra, fazendo com que aquela sofra um deslocamento
vertical e expansão de volume.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


O segundo processo de ascensão de massas de ar é o da convecção
térmica. Esse processo inicia-se com o aquecimento desigual de camadas
superficiais de solo em locais próximos. O ar em contato com o solo mais
aquecido também se aquece, nesse caso por condução térmica, e, em
consequência, expande-se, eleva-se e é substituído por ar mais denso. Aí
está o início do processo de convecção, através do qual a coluna de ar vai
sendo aquecida como um todo, criando células de circulação ascensional.

Se o nível de condensação for atingido, inicia-se então a formação de


nuvens, cujo desenvolvimento pode produzir as chamadas precipitações
convectivas.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico


O terceiro processo de ascensão ocorre quando massas de ar, de diferentes
densidades, encontram-se ao longo de suas trajetórias de deslocamento.
Esse processo de ascensão é chamado frontal, por estar associado ao
deslocamento de frentes frias ou frentes quentes. Uma massa de ar de maior
densidade é geralmente caracterizada por baixa temperatura e baixa
umidade relativa.

Nestes casos, é o ar quente, por ser menos denso, que se eleva por sobre a
superfície frontal. Nesse processo, o ar quente e úmido sofre expansão
adiabática, podendo ocorrer condensação do vapor d’água, formação de
nuvens e precipitações frontais.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico

Os fenômenos frontais podem causar instabilidade ao longo de uma grande faixa


territorial, a qual pode estender-se por centenas e até milhares de quilômetros. Caso a
frente mantenha-se estacionária sobre uma região, a instabilidade pode originar
precipitações contínuas de vários dias de duração.
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A Condensação do Vapor d’Água Atmosférico

A figura abaixo mostra uma extensa faixa de


nebulosidade sobre a região sudeste do Brasil,
captada em 03 de Janeiro de 1997 pelo satélite
meteorológico Meteosat 5, causada por
fenômenos frontais estacionários, ocorridos entre
o fim de 1996 e o início de 1997, os quais
provocaram precipitações generalizadas sobre
grande parte do estado de Minas Gerais e
enchentes catastróficas em várias bacias dos rios
São Francisco, Grande e Doce.
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A Circulação Geral na Atmosfera


Se a Terra não executasse o movimento de rotação e se tivesse uma
superfície homogênea, seria estabelecida uma circulação puramente
térmica na atmosfera tal como a apresentada na figura a seguir:
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A Circulação Geral na Atmosfera


A rotação da Terra modifica substancialmente a circulação puramente
térmica, dando origem ao modelo da figura a seguir
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A Circulação Geral na Atmosfera


O modelo de circulação descrito, apesar de idealizado para uma superfície
homogênea e sem consideração dos balanços locais de radiação, permite
identificar as grandes regiões climáticas da Terra.

Em torno da latitude 30°, a confluência de ar descendente cria uma zona de


alta pressão, com pouca nebulosidade e precipitação, definindo a região
seca subtropical.

Próximo a 60° S, o encontro dos ventos tropicais de oeste com os ventos


polares de leste cria a chamada frente polar, na qual a ascensão de ar
tropical sobre ar polar propicia condições para a formação de nebulosidade
e precipitações.
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As Massas de Ar
Conforme se originam nos centros de alta e baixa pressão, as massas de ar
adquirem características próprias de densidade, temperatura e umidade. De
acordo com suas respectivas latitudes de origem, as massas de ar podem ser
classificadas em Árticas (A), Antárticas (A), Polares (P), Tropicais (T) e
Equatoriais (E). Além disso, distinguem-se as massas formadas sobre uma área
continental (c) ou sobre uma área marítima (m).

O mapa a seguir mostra o domínio geográfico dessas massas de ar, durante


o mês de Janeiro, na América do Sul, conforme Tubelis & Nascimento (1980).
NOÇÕES SOBRE A ATMOSFERA TERRESTRE

As Massas de Ar

O avanço (ou a estacionariedade) das


frentes polares sobre o continente sul
americano depende das posições relativas
e das características de pressão e
temperatura das massas Pm, Tm, Tc e Ec.

As características e a movimentação das


massas de ar constituem objeto das
previsões e estudos meteorológicos, cuja
complexidade não permitem que façam
parte dessas notas de aula.
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EXERCICIOS PROPOSTOS

a) Pesquise sobre os aparelhos destinados a medir os elementos do balanço anual de radiação do


slide 12, após isto redija um pequeno texto sobre o tema (mínimo de 1 página).

b) Pesquisar sobre o funcionamento de um psicrômetro, redigindo um pequeno texto sobre o seu


funcionamento e principais fórmulas para determinação da umidade relativa do ar.

c) Assista ao documentário “DE ONDE VEM A ÁGUA ?”:


https://www.youtube.com/watch?v=lKm-Nfg-l4k&t=9s

Os itens “a” e “b” devem ser entregues em meio digital através da plataforma SIGUEMA até o dia
06/09/2022.
Obrigado pela atenção

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