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Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia - CCET


Disciplina: Experimental de Física I
Turma: 1
Professor(a): Luciana Alencar

Ana Beatriz Alves Braga

Relatório sobre elaboração de gráficos

São Luís
2021

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Sumário

1 Objetivo 3
2 Resumo 3
3 Introdução teórica 3
3.1 Definição e a importância de gráficos na física experimental 3
3.2 Elaboração de gráficos 3
3.3 Coeficiente angular e linear 4
3.4 Linearização de dados 5
4 Procedimento experimental 5
5 Resultados 7
6 Conclusão 9
7 Referências 9

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1 Objetivo
Este relatório tem como objetivo discutir e ressaltar a importância e utilidade
da elaboração de gráficos na física experimental, através de uma forma prática
utilizando programas de análise de dados e plotagem de gráficos (Tracker e Origin,
respectivamente).

2 Resumo
Neste relatório fizemos uma breve apresentação sobre gráficos. Na parte
experimental, utilizamos um exemplo de movimento de queda livre para a
elaboração de gráficos e analisamos os dados pelo programa Tracker, então,
utilizamos outro programa para plotar gráficos sobre o mesmo movimento e fizemos
os ajustes lineares. E por fim, apresentamos uma breve discussão sobre os
resultados obtidos.

3 Introdução teórica

3.1 Definição e a importância de gráficos na física experimental

Gráficos servem para visualizar padrões nas medidas e como se relacionam


duas ou mais grandezas físicas. Ademais, os gráficos são uma ótima opção para
analisar um conjunto de dados experimentais e resumir os resultados, tornando mais
fácil sua visualização e compreensão, ou seja, se em um determinado experimento
físico é obtido 1000 valores é mais interessante para o físico apresentar esses
valores em um gráfico do que em uma tabela (que seria muito longa e de difícil
leitura) por exemplo.

O gráfico mostra prováveis erros experimentais e permite realizar


interpolações e extrapolações de modo visível e fácil. Dessa forma, a confecção de
gráficos é muito utilizada na física experimental para a análise de dados e amostra
de resultados.

3.2 Elaboração de gráficos

Nesse viés, é importante que seja feita uma elaboração correta dos gráficos
para que ele possa ser compreendido e efetivamente útil. Logo, têm-se algumas
regras para a elaboração de um bom gráficos:

● Um título e legenda do gráfico que permita qualquer pessoa que o leia


entenda sobre o que se trata;

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● Explicitar o nome das grandezas nos eixos, com as unidades entre
parênteses. Exemplo: Velocidade (m/s);
● Determina a variável independente no eixo das abscissas e a variável no eixo
das ordenadas.
● Deve-se escolher escalas convenientes tais que facilitem tanto a construção
quanto a leitura dos gráficos.

Por exemplo, nesse gráfico ao lado, a escala está


desproporcional. Se fosse feito um ajuste nas
medidas de forma que os pontos do gráfico
ficassem distribuído por toda a área do gráfico
seria melhor para a leitura e apresentação do
gráfico.

3.3 Coeficiente angular e linear

Estamos interessados em funções lineares, ou seja, funções onde o gráfico é


um reta devido a maior facilidade tanto na construção quanto na leitura e
interpretação. Dessa forma, podemos usar a forma inclinação-intersecção da
equação de uma reta para escrever uma fórmula para a função, como: 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏,
onde 𝑎 é o coeficiente angular e 𝑏 é o coeficiente linear.

O coeficiente linear (𝑏) é a intersecção com o eixo y. Já o coeficiente angular


(𝑎) é a medida que define a declividade de uma reta em relação ao eixo x, o
coeficiente angular possui o mesmo valor da tangente do ângulo formado pela reta
com o eixo das abscissas no sentido anti-horário. Como mostra o exemplo a seguir:

No gráfico ao lado, o coeficiente linear (𝑏) é 0,


pois a reta intercepta o eixo y na origem. Como
não é fornecido o ângulo da reta com o eixo x,
um jeito de descobrir o coeficiente angular (𝑎) é
usando dois pontos experimentais e calculando
a razão entre Δy e Δx. Dessa forma, utilizando
os pontos (1,2) e (2,4) temos que o coeficiente
∆𝑦 4−2
angular dessa reta é: 𝑎 = ∆𝑥
= 2−1
= 2.

Imagem do gráfico retirada de: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/matematica/funcao-linear

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3.4 Linearização de dados

Como visto, a apresentação de gráficos é de extrema utilidade para análise de


fenômenos físicos, mas, nem todos os processos físicos produzem uma curva linear
do tipo 𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑥, que torna mais fácil a extração de informações.

Dessa forma, usa-se a técnica de linearização de dados, que quando usada


faz com que os dados finais obtidos, quando graficados forneçam uma linha reta,
fácil de ser analisada. Então, a técnica consiste em fazer mudanças de variáveis na
equação não linear obtida até que se torne uma equação linear, logo, o gráfico
dessas novas variáveis é uma reta.

Um exemplo fácil dessa técnica é a linearização da equação a seguir:


𝑛
𝑦 = 𝐾𝑅 , onde K é uma constante. Agora, fazemos a mudança de variável
𝑛 𝑛
substituindo 𝑅 por 𝑥, ou seja, 𝑥 = 𝑅 . Então temos: 𝑦 = 𝐾𝑥, que é uma equação do
tipo 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏, 𝑏 = 0, e ao plotar o gráfico 𝑦 × 𝑥 representa o mesmo que plotar o
𝑛
gráfico 𝑦 × 𝑅 .

Ademais, foram desenvolvidos modelos não-lineares que se tornam lineares


depois de uma transformação com logaritmos naturais 𝑙𝑛, como mostra a tabela a
seguir:

Tipo Equação Transformação Variável x variável y

Linear 𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑥 𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑥 𝑥 𝑦

Exponencial 𝑦 = 𝑎𝑒
𝑏𝑥 𝑙𝑛(𝑦) = 𝑙𝑛(𝑎) + 𝑏𝑥 𝑥 𝑙𝑛(𝑦)

Logarítmica 𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑙𝑛(𝑥) 𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑙𝑛(𝑥) 𝑙𝑛(𝑥) 𝑦

Potência 𝑦 = 𝑎𝑥
𝑏 𝑙𝑛(𝑦) = 𝑙𝑛(𝑎) + 𝑏𝑙𝑛9𝑥) 𝑙𝑛(𝑥) 𝑙𝑛(𝑦)
Tabela retirada de: https://blog.ufes.br/joserafael/files/2015/03/Fisica-Experimental-I_novo.pdf

Na tabela acima, vemos que as três últimas linhas são três funções não
lineares que sofreram transformações das variáveis x e y para serem funções
lineares semelhantes à da primeira linha da tabela.

4 Procedimento experimental
Para a parte experimental do relatório, utilizamos o programa Tracker para
obter dados do movimento de queda livre e a partir desses dados, fazer a
elaboração de gráfico e o cálculo dos parâmetros do coeficiente angular e linear
como previamente visto.

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Primeiramente, foi necessário fazer um vídeo do movimento de queda livre,
em que usamos uma bola de meia como objeto de estudo e derrubamos de um
altura h. Dessa forma, o vídeo ficou assim: vídeo queda livre.

Em seguida, o vídeo foi importado para o programa Tracker, onde definimos o


eixo da coordenada (x,y) e um bastão de medição (que demos o valor de 1,2m pois
a altura definida foi previamente medida com uma fita métrica). Então, definimos os
pontos que correspondem ao movimento frame por frame e automaticamente o
programa foi armazenando os dados e mostrando em uma tabela ao lado do vídeo e
plotando gráficos. Após realizar esses passos, o vídeo ficou assim: vídeo queda livre
analisado no Tracker. Os dados obtidos no programa serão expostos na seção 5
Resultados.

Após isso, colocamos em prática a técnica de linearização de dados visto que


o gráfico obtido no Tracker foi uma parábola como esperado para um corpo em
queda livre. Dessa forma, podemos supor que a equação que melhor descreve o
2
comportamento da altura em função do tempo é: ℎ(𝑡) = 𝐴 + 𝐵𝑡 .
2 2
Para linearizar essa equação, vamos substituir 𝑡 por 𝑥, ou seja, 𝑥 = 𝑡 . Então,
a equação fica da seguinte forma: ℎ(𝑡) = 𝐴 + 𝐵𝑥, que é uma equação linear.

Calculamos os valores de 𝑥 a partir dos dados obtidos no Tracker e


obtivemos:

t(s) h(m) 𝑥=t²(s²)

0,267 1,462 0,071289

0,300 1,413 0,09

0,333 1,388 0,110889

0,367 1,339 0,134689

0,400 1,257 0,16

0,433 1,195 0,187489

0,467 1,072 0,218089

0,500 0,956 0,25

0,533 0,804 0,284089

0,567 0,644 0,321489

0,600 0,483 0,36

0,633 0,294 0,400689

6
0,667 0,113 0,444889

0,700 -0,101 0,49

0,733 -0,319 0,537289

0,767 -0,549 0,588289

Após calcular os valores de 𝑥, colocamos os dados no programa origin (mas


pode ser qualquer programa para a elaboração do gráfico) para plotar os gráficos de
h em função de t e h em função de x, e fizemos o ajuste linear em ambos os gráficos
para melhor comparação.

Por fim, a partir do gráfico de h em função de x calculamos o coeficiente linear


e o coeficiente angular.

5 Resultados
Os dados obtidos no Tracker foram:

7
Então, ao plotarmos os gráficos h em função do tempo e h em função de
2
𝑥 = 𝑡 obtivemos os seguintes resultados (nessa parte também fizemos o ajuste
linear dos gráficos como mostra a legenda):

Neste gráfico, percebe-se a


parábola que descreve o movimento
da bolinha com o tempo.

Este segundo gráfico mostra o


movimento da bolinha em função de
x, ou seja, após a linearização do
gráfico.

Dessa forma, podemos calcular os coeficientes angular e linear da seguinte


forma:

Utilizando os pontos (0,25; 0,956) e (0,36; 0,483), pontos retirados dos dados
obtidos anteriormente, e temos o seguinte:

∆𝑦 0,25 −0,36 0,11


𝑎= ∆𝑥
= 0,956−0,483
=− 0,473
≃− 0, 233

Substituindo o coeficiente angular na equação da reta conseguimos encontrar


o coeficiente linear sem precisar estender nossa reta no gráfico visto que o
movimento não mostra a intercepção no eixo y. Nessa parte utilizamos o ponto (0,36;
0,483) e obtivemos:

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𝑎𝑥 −0,233×0,36
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 → 𝑏 = 𝑦
→𝑏 = 0,483
=− 0, 08388

Através dos resultados expostos, percebemos que de fato utilizar gráficos


para mostrar dados é muito mais fácil e interessante do que uma tabela, isso
torna-se claro ao compararmos a tabela de dados exposta na parte experimental do
relatório com os gráficos mostrados anteriormente. Ademais, a partir do experimento
vemos de forma prática a utilidade da linearização de dados e como ajuda na leitura
e compreensão de gráficos.

6 Conclusão

Desse modo, percebe-se que programas do tipo usado no relatório são ótimos
ajudantes para análises de movimentos e que ajudam a diminuir possíveis erros do
ser humano na elaboração de gráficos, visto que são muito úteis na hora de
armazenar e organizar dados experimentais. Assim, após o experimento percebe-se
a utilidade dos gráficos e de uma elaboração coerente para o uso eficiente deles na
física experimental.

7 Referências

● Apostila Introdução à construção de gráficos. Universidade Estadual do


Centro-Oeste, Departamento de Física CEDETEG. Disponível em:
Construção de gráficos. Acesso em 14 de novembro de 2021.
● Carlos H. B. Cruz, Hugo L. Fragnito, Ivan F. Costa, Bernardo A. Mello. Guia
para Física Experimental Caderno de Laboratório, Gráficos e Erros Instituto
de Física, Unicamp. IFGW, Unicamp, 1997.
● GUSEV, Gennady. Interpretação gráfica de dados. Disponível em:
http://macbeth.if.usp.br/~gusev/Graficos.pdf. Acesso em 14 de novembro de
2021.
● PROVETI, José Rafael Cápua. Física Experimental I. Disponível em:
https://blog.ufes.br/joserafael/files/2015/03/Fisica-Experimental-I_novo.pdf.
Acesso em: 14 de novembro de 2021.
● STEWART, James. Cálculo Volume 1, 7° edição. Editora Trilha.
● Linearização de gráficos, Física Básica Experimental I. Departamento de
Física, UFPR. Disponível em:
http://fisica.ufpr.br/graff/linearizacao%20grafica.pdf. Acesso em 14 de
novembro de 2021.

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