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Instrumentos de Medidas
Lauro S. C. Neto*
Rodrigo R. S. Nascimento†
Departamento de Fı́sica; Universidade do Estado de Santa Catarina;
Centro de Ciências Tecnológicas; Joinville 89219-710, Santa Catarina, Brasil
Março de 2014
Resumo
Neste trabalho analisamos do ponto de vista experimental, dois tipos bem
conhecidos de circuitos elétricos, um circuito composto por resistores
em associação em série e outro composto por resistores em associação
mista. Obtemos os valores de corrente, diferença de potencial e resistência
elétrica de cada circuito utilizando um multı́metro digital. Ao final de
todo o processo, comparamos os valores obtido experimentalmente com
os valores previstos teóricamente, afim de verificar e por em prática os
conhecimentos adquiridos no decorrer das disciplinas envolvidas.
Lista de ilustrações
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Instrumentos de Medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1 Galvanômetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Voltı́metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Amperı́metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4 Ohmı́metro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.1 Materiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2 Circuito com Resistores em Série . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.1 Medida da Diferença de Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.2.2 Medidas da Corrente Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3.3 Circuito com Resistores em Associação Mista . . . . . . . . . . 11
3.3.1 Medida da Diferença de Potencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.3.2 Medidas da Corrente Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4 Discussão dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.1 Circuito com Resistores em Série . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.2 Circuito com Resistores em Associação Mista . . . . . . . . . . 13
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
A Demonstrações Matemáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
A.1 Diferença de Potencial de um Circuito em Série . . . . . . . . 16
A.2 Diferença de Potencial de um Circuito Misto . . . . . . . . . . 17
A.3 Corrente em um Circuito em Série . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A.4 Corrente em um Circuito Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Instrumentos de Medidas 3
1 Introdução
A ligação de componentes elétrônicos tal como resistores, capacitores e
indutores, de modo a formarem um caminho fechado para a corrente elétrica,
denomina-se circuito elétrico. A corrente em um circuito fechado pode produzir
vários efeitos: Luz, aquecimento, movimento, sons e etc, dependendo dos seus
componentes.
Circuitos são amplamente utilizados em aparelhos eletrônicos e de fun-
damental importância para a manutenção da vida moderna, de maneira que,
este simples relatório não seria fácilmente produzido sem o uso de um grande
número de circuitos que é encontrado em qualquer micro-computador. Outra
aplicação importante dos circuitos elétricos, é dada pela técnica de processa-
mento de sinais. Os sinais a serem processados nada mais são do que essenci-
almente tensões elétricas variáveis no tempo, que podem ser produzidas por
um microfone, por exemplo, ou em diversos tipos de transdutores usados para
medir pressões, temperaturas e várias outras propriedades fı́sicas.
Neste trabalho, trataremos de dois tipos bem elementares de circuitos,
analisando suas propriedades do ponto de vista experimental, discutiremos
seus aspectos mais fundamentais, bem como a forma de obter as suas medições.
Na sequência, introduziremos um breve histórico dos aparelhos usados
para medir grandezas fı́sicas associadas aos circuitos elétricos estudados, e
finalizaremos pondo em prática os conceitos envolvidos nestes instrumentos.
2 Instrumentos de Medidas
2.1 Galvanômetro
Os primeiros instrumentos para medir correntes elétricas apareceram
ainda em 1820 (USP, 2013), ano em que Öersted, fı́sico dinamarquês, mostrou
que elas podem provocar efeitos magnéticos, e eram conhecidos como galvanô-
metros de tangente. Consistia de uma bobina formada por várias voltas de fio,
que tinha que ser alinhada para que o campo magnético produzido no seu
centro estivesse na direção perpendicular ao campo terrestre. Uma bússola
era posicionada no centro da espira. Tem-se então dois campos magnéticos
perpendiculares, e a agulha da bússola vai apontar na direção da resultante;
a razão entre os dois campos é dada pela tangente do ângulo que a agulha
faz com o norte. Sabia-se que o campo magnético produzido é proporcional a
corrente; portanto a corrente é proporcional a tangente do ângulo, daı́ o nome
do aparelho.
Décadas mais tarde, em 1882, Jacques Arsène d’Ansorval, biofı́sico
francês, propôs um novo mecanismo, que tinha a vantagem de não depender
do campo terrestre e poderia ser usado em qualquer orientação (USP, 2013).
O galvanômetro d’Ansorval é baseado na deflexão de uma espira móvel devido
ao campo magnético de um ı́mã fixo instalado no aparelho. Outra grande
vantagem era a escala linear: o ângulo de deflexão era diretamente proporcional
à corrente percorrida. Por esses motivos o galvanômetro d’Ansorval é muito
Instrumentos de Medidas 4
𝜏 = 𝐶𝑛𝐵𝐼𝑔 (2.1)
2.2 Voltı́metro
Os voltı́metros analógicos são instrumentos de medida de tensão que
utilizam um galvanômetro como sensor (USP, 2013). Para poder medir tensões
maiores do que a tensão do fundo de escala do galvanômetro, é necessário usar
um divisor de tensão, que é nada mais que um resistor 𝑅 colocado em série,
como na Figura 2.2. Note que, com o resistor 𝑅, a tensão entre os terminais
fica dividida entre o resistor e o galvanômetro, por isso o nome “divisor de
tensão”.
Se entre os terminais da Figura 2.2 for aplicada uma tensão 𝑉 , a
corrente através do galvanômetro será dada por:
𝑉
𝑉 = (𝑅 + 𝑅𝑔 )𝐼𝑔 ∴ 𝐼𝑔 = (2.4)
𝑅 + 𝑅𝑔
Pela expressão (2.4) vemos que a corrente que flui através do galvanô-
metro é proporcional à tensão aplicada nos terminais do voltı́metro. Logo,
conhecendo 𝑅 e 𝑅𝑔 é possı́vel determinar a correspondência entre 𝐼𝑔 e 𝑉 (fa-
tor de escala), ou seja, temos um instrumento cuja deflexão do galvanômetro
reflete uma medida de tensão.
2.3 Amperı́metro
Amperı́metros são instrumentos de medidas de corrente que também
utilizam um galvanômetro como sensor (USP, 2013). Para permitir a medida
de corrente maiores sque a corrente de fundo de escala, é necessário usar
um divisor de corrente, que é nada mais que uma resistência 𝑅′ em paralelo
(Resistência de Shunt), como na Figura 2.3. A corrente 𝐼 que entra é dividida
entre a resistência 𝑅′ e o galvanômetro, por isso o nome de divisor de corrente.
𝐼 = 𝐼𝑔 + 𝐼 ′ (2.7)
𝑅′
𝐼𝑔 = 𝐼 (2.9)
𝑅′ + 𝑅𝑔
2.4 Ohmı́metro
Em princı́pio, a medida da resistência elétrica de um dado elemento
pode ser obtida simplesmente pela razão entre a tensão em seus terminais e
a corrente que o atravessa (USP, 2013). Sendo assim, é natural pensar que
um instrumento capaz de medir resistência elétrica seja uma “combinação”
de um voltı́metro, um amperı́metro e uma fonte de tensão para estabelecer
a corrente. Como podemos ver na Figura 2.4a, um ohmı́metro é constituı́do
destes elementos.
Para utilizar o circuito acima como ohmı́metro é necessário calibrá-lo,
o que pode ser feito de modo análogo aos casos anteriores. Se desejarmos medir
a resistência de um resistor 𝑅𝑥 , devemos conectá-lo ao ohmı́metro conforme
mostrado na Figura 2.4b. Das leis de Kirchhof se obtém as seguintes equações
(a) (b)
𝑅′ (𝑅𝑔 + 𝑅′′ )
𝑅1/2 = (2.16)
𝑅′ + 𝑅𝑔 + 𝑅′′
𝑉𝑏
𝐼𝑔𝑚𝑎𝑥 = , para 𝑅𝑥 → 0 (2.17a)
𝑅𝑔 + 𝑅′′
e
𝐼𝑔𝑚𝑖𝑛 = 0, para 𝑅𝑥 → ∞ (2.17b)
Logo, quanto maior for o valor de 𝑅𝑥 menor será a corrente no gal-
vanômetro: a escala do ohmı́metro é invertida. O parâmetro 𝑅1/2 é conhecido
como fator de escala do ohmı́metro e, como pode ser verificado na Eq. (2.15),
corresponde ao valor de 𝑅𝑥 para o qual a corrente no galvanômetro é metade
de seu valor em curto (quando 𝑅𝑥 = 0). Portanto, a corrente no galvanômetro
e o valor da resistência 𝑅𝑥 estão univocamente relacionados através da Equa-
ção 2.15, o que significa que podemos determinar 𝑅𝑥 através de uma leitura
de 𝐼𝑔 .
O valor de 𝑅′′ deve ser ajustado para que a deflexão do ponteiro do
galvanômetro seja máxima quando 𝑅𝑥 = 0 (terminais do galvanômetro em
curto). Isso pode ser feito observando a Eq. (2.17a). Por exemplo, se tivermos
um galvanômetro com 𝑅𝑔 = 1𝑘Ω e fundo de escala 50𝜇𝐴, e usarmos uma pilha
de 1, 5𝑉 como 𝑉𝑏 , deverı́amos usar 𝑅′′ = 29𝑘Ω. Nos multı́metros analógicos
comerciais, esse ajuste pode ser feito externamente através de um cursor.
Feito isso, 𝑅′ pode ser escolhido para determinar o valor de 𝑅1/2 ,
definindo o fator de escala do ohmı́metro. A escolha adequada de 𝑅1/2 define
a precisão do ohmı́metro; a medida é mais precisa se 𝑅1/2 e 𝑅𝑥 forem da mesma
ordem de grandeza. Isso é fácil de perceber pela Eq. (2.15): se 𝑅𝑥 = 10𝑅1/2 , a
corrente no galvanômetro é 10% do valor máximo; se 𝑅𝑥 = 𝑅1/2 /10, ela é 90%
do valor máximo. É conveniente que a leitura não esteja nem muito próximo
do zero nem do valor máximo, e para isso 𝑅𝑥 e 𝑅1/2 devem ser da mesma
ordem de grandeza.
Procedimento Experimental 9
3 Procedimento Experimental
Nesta secção apresentaremos a montagem e os principais componentes
dos dois circuitos, bem como o procedimento para obter as medidas que os
caracterizam.
3.1 Materiais
1. Fonte de Tensão
∙ 𝑅1 = (68, 0 ± 5%)Ω
∙ 𝑅2 = (100, 0 ± 5%)Ω
∙ 𝑅3 = (470 ± 5%)Ω
4. Chave Conectora
5. Mesa de Testes
6. Fios Elétricos
∙ 𝑅1 = (67, 4 ± 0, 1)Ω
∙ 𝑅2 = (99, 9 ± 0, 1)Ω
∙ 𝑅3 = (469 ± 1)Ω
𝐷𝐷𝑃 𝑉 (𝑉 𝑜𝑙𝑡)
𝑉12 1, 06 ± 0, 01
𝑉13 2, 64 ± 0, 01
𝑉14 10, 07 ± 0, 01
𝑉23 1, 57 ± 0, 01
𝑉24 9, 00 ± 0, 01
𝑉34 7, 33 ± 0, 01
Tabela 3.1 – Valores das diferenças de potenciais em cada segmento com seus
respectivos erros.
𝐷𝐷𝑃 𝑉 (𝑉 𝑜𝑙𝑡)
𝑉14 9, 95 ± 0, 05
𝑉23 4, 00 ± 0, 02
𝑉24 9, 94 ± 0, 05
𝑉34 5, 93 ± 0, 03
indicados em curto-circuito.
o fato a ser observado aqui é que como o circuito apresenta uma liga-
ção em parelelo a corrente que o atravessa varia de acordo com a resistência
equivalente envolvida.
Referências
A Demonstrações Matemáticas
A.1 Diferença de Potencial de um Circuito em Série
Para deduzir as expressões que permitem calcular a diferença de po-
tencial de um associação de resistores em série, precisamos usar a Lei de Ohm
que é dada pela seguinte expressão
𝑉𝑎𝑏 = 𝑅𝐼 (A.1)
Exemplo A.1. A Figura 3.1, ilustra uma associação em série de três resistores
de resistências distintas 𝑅1 , 𝑅2 e 𝑅3 . Se estes resistores estão submetidos a
uma diferença de potencial 𝜀 que faz passar por eles uma corrente 𝐼, então, a
resistência equivalente 𝑅𝑒𝑞 entre os terminais 1 e 4 é dada por
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 (A.2)
Exemplo A.2. Considerando ainda o circuito da Figura 3.1, 𝑉24 é dado por
𝑅24
𝑉24 = 𝜀 (A.7)
𝑅𝑒𝑞
Demonstrações Matemáticas 17
mas
𝑅24 = 𝑅2 + 𝑅3 (A.8a)
𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 (A.8b)
(𝑅2 + 𝑅3 )
𝑉24 = 𝜀 (A.9)
𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3
Procedendo-se desta forma, demonstra-se todas as combinações de re-
sistores para este circuito.
𝑉34 = 𝑅2 𝐼24
𝑅2
= 𝜀 (A.11)
𝑅1 + 𝑅2
Os demais cálculos de diferença de potencial para este circuito, deduzem-se
analogamente ao que foi explicito logo acima.
sendo assim, qualquer combinação neste circuito que for dado unicamente pela
alteração da resistência equivalente, resultará num aumento ou diminuição da
corrente, ou seja, se adicionarmos mais um resistor de resistência 𝑅𝑛 a um
Demonstrações Matemáticas 18