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Índice
1. Introdução 03
1.1. Sobre o Comitê 03
1.2. Apresentação dos diretores 04
2. O ECOSOC 05
3.Radioatividade e energia 05
3.1. O uso da radioatividade 06
3.2. O uso da energia nuclear 06
3.3. Outros tipos de energia 08
3.3.1. Combustíveis fósseis 08
3.3.2. Energias renováveis 08
3.4. Os impactos da radioatividade 10
3.4.1. Os impactos da radiação em humanos 10
3.5. Impactos da energia nuclear 11
3.6. Ações internacionais a respeito do uso de energia nuclear 12
4. Contexto histórico – A Guerra Fria (1947-1991) 13
4.1. O bloco Capitalista durante a Guerra Fria 16
4.1.1. Os Estados Unidos durante os Governos Truman e Eisenhower 17
4.1.2. John F. Kennedy e Lyndon Johnson 17
4.1.3. Guerra do Vietnã (1959-1975) 18
4.1.4. Anos 70 - Instabilidade e a Crise do petróleo 19
4.1.5. Ronald Reagan 21
4.2. O bloco Socialista durante a Guerra Fria 22
4.2.1. A Revolução de Outubro e a futura URSS 23
4.2.2. Desestalinização 24
4.2.3. Crise Soviética 25
4.2.4. A Primavera de Praga 26
4.2.5. Atuação da URSS em relação ao desastre de Chernobyl 26
5. Acidentes anteriores ao de Chernobyl 27
5.1. O acidente de Chalk River (Canadá, 1952) 27
5.2. O incêndio de Windscale (Inglaterra, 1957) 28
5.3. O desastre de Kyshtym (URSS, 1957) 29
5.4. O acidente de SL-1 (EUA, 1961) 31
5.5. O acidente em Three Mile Island (EUA, 1979) 32
6. O Acidente de Chernobyl 34
6.1. As causas do Acidente 36
6.2. Cronologia do Acidente 36
6.2.1. Antes da explosão do Reator 4 37
6.2.2. Depois da explosão do Reator 4 40
7. Impactos do Acidente 40
7.1. Impactos sociopolíticos 41
7.2. Impactos econômicos 41
7.3. Impactos ambientais 42
7.4. Impactos biológicos 43
8. Dossiês 45
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1. Introdução
“Não havia nenhuma maneira que poderiam ter sabido naquela manhã Que
eles acordaram num dia fatídico
O vento assassino desceu sem um aviso
E ninguém teve a chance de fugir
Os bombeiros foram corajosos, lutavam com honra
Mas o fogo era mais do que parecia ser
E, um por um, eles caíram ao lado de seus companheiros
As vítimas de um inimigo que não se podia ver
Mamãe, onde você está - Papai, onde você foi
E onde estão todas as crianças que costumavam jogar aqui
Só Deus sabe
O que eles viram desafiou todas as explicações
Alguém disse que as árvores estavam vermelhas
Eles disseram que a luz veio da radiação
Mas talvez sejam os espíritos dos mortos
Se foram as casas, os jardins e os parques infantis
Se foram as almas que fizeram suas vidas aqui
Eles dizem que este lugar será sempre uma cidade fantasma Será
por pelo menos 600 anos”
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uma época em que o homem acreditava poder dominar a natureza e não tinha a menor
consciência sobre a importância do meio ambiente, do qual o próprio ser humano é parte,
e que era capaz de ir às últimas consequências em nome do poder?
É nesse contexto, em pleno final da Guerra Fria, quando a União Soviética atravessava
uma profunda crise político-econômica, quando o mundo capitalista colhia os efeitos de
duas desastrosas crises do petróleo e a Ucrânia mostrava uma situação de impactos
humanos, ambientais e sociais de urgência, que os senhores delegados se reunirão para
discutir essa importante temática. Um comitê em que os senhores decidirão os rumos da
humanidade, que terão o poder de lutar por um planeta com mais paz e harmonia, ou
aproximá-lo de uma inevitável futura catástrofe. A decisão está em suas mãos, o mundo
inteiro espera atentamente pelo que os senhores decidirão nessa reunião
Julia Diniz
Oioi, delegados e delegadas, sejam muito bem vindos ao comitê! Sou a Júlia Diniz, tenho
17 anos e estou no 3º ano do ensino médio. Essa é a segunda vez que eu participo de uma
simulação e a primeira como diretora. Meu outro contato foi como delegada, na 9ONU de
2018 e eu devo muito a esse projeto pela oportunidade de ter contato com o ambiente
enriquecedor e único que é o mundo da simulação.
Estou muito animada para ser diretora e podem ter certeza que vou fazer de tudo para que
a experiência de vocês seja inesquecível!
Gabriela Salles
Olá senhoras e senhores delegados! Meu nome é Gabriela, mas podem me chamar de
Gabi, tenho 15 anos e estou no 1° ano do ensino médio. Esse ano participei da minha
primeira simulação, nesse mesmo comitê e me senti muito honrada de participar mais
uma vez, agora como diretora. Por isso tenho bem menos experiência do que os demais
diretores, mas espero aprender muito com eles e com vocês também! Me apaixonei pelo
projeto e acredito que aprendi muito com toda a preparação e a simulação. A 9ONU é
uma enorme oportunidade de aprendizado de várias áreas como por exemplo a oratória.
Espero que possamos aprender muito e ter uma simulação divertida e proveitosa.
Agradeço pela oportunidade e boa sorte a todos!
Jose Henrique
Olá senhores delegados! Sejam muito bem-vindos ao comitê de Chernobyl na 9ª ONU de
2021. O meu nome é José Henrique, eu tenho 16 anos (mas já terei 17 na simulação), estou
no 2º ano do Ensino Médio e eu serei um dos diretores que acompanhará vocês durante
nossos dois dias de simulação. Em 2019 eu fiz parte desse mesmo comitê como Alemanha
Oriental e a experiência foi um divisor de águas para mim, já que me encontrei no mundo
das MUNs e continuei participando de outras simulações de todo o Brasil. Chernobyl
ultrapassa os quesitos ambientais e econômicos, atingindo questões políticas, militares e
sociais delineadas nos moldes da Guerra Fria, o que demonstra a importância de
discutirmos e debatermos sobre o tema. Essa será a minha primeira simulação como
diretor, estou ansioso para conhecer todos vocês e moderar o debate. Por fim eu agradeço
a confiança dos senhores delegados ao escolherem participar de Chernobyl e espero que
também tenham uma ótima experiência.
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Natalia Maria
.Olá Delegados! É com muita satisfação que eu os dou boas-vindas a este comitê. Sou
Natália Maria Carvalho Ribeiro, tenho 16 anos e curso o 2° ano do Ensino Médio aqui no
Santo Antônio. Sendo minha segunda vez como diretora, fico muito honrada de ser
chamada para compor a mesa este ano. Em minha primeira experiência de simulação, eu
me apaixonei completamente com o modelo de debate e vi o quanto cresci como pessoa
enquanto simulava. Não só trabalha suas habilidades de retórica e argumentação, mas
também te faz sentir como parte de algo especial, uma família, que está ali
compartilhando experiências, alegrias e medos com você. Assim, espero que possamos
vivenciar isto juntos nessa simulação, e seja tão bom e proveitoso quanto foi pra mim.
Obrigada pela oportunidade!
Arthur Buzelin
Ei gente, eu sou o Arthur Buzelin do 3A. Eu tenho 17 anos, quero cursar ciencia da
computação e minha cor favorita é roxo, acho que foi suficiente. Essa é minha segunda
vez sendo diretor de chernobyl e eu espero que vocês possam aproveitar muito o comitê,
é uma experiencia incrivel e eu tenho certeza que vocês irão amar <3.
Arthur Pedro
Ei pessoal, aqui é o Arthur Pedro! Tenho 15 anos, estou cursando o 1° ano do ensino
médio e pretendo estudar jornalismo. Essa 9ONU será minha terceira simulação, porém
a primeira como diretor. Sendo diretor de primeira viagem, estou muito feliz de ter sido
chamado para compor a mesa desse ano, e espero poder ajudar e aprender com vocês
nessa experiência incrível, para que seja tão boa quanto foi a minha! Boa sorte para todos
e aproveitem :)
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2. O. ECOSOC
O ECOSOC, Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, criado em 1946,
é um dos 6 principais órgãos da ONU e examina questões globais que não se enquadrem
na segurança internacional. Além de ser responsável por coordenar o trabalho econômico
e social da Organização e também os órgãos especializados da ONU, desenvolve
pesquisas e relatórios que englobam essas esferas, analisando as questões sobre a ótica de
um desenvolvimento sustentável (ou sustentado). É conhecido por prezar a cooperação e
a diplomacia, focando na multilateralidade nas interações entre os países-membros,
promover o respeito aos direitos humanos e coordenar ações humanitárias. Por ser
recomendatório, cabe a ele fazer recomendações à Assembleia Geral e às agências
especializadas e preparar minutas para discussão nestas Casas. Apesar de seu caráter
recomendatório, por ser um dos órgãos principais, é de competência do ECOSOC
delimitar sua própria decisão sobre um tema a menos que a Assembleia Geral já tenha
deliberado sobre a matéria previamente.
3. Radioatividade e energia
O acidente de Chernobyl foi resultado de um mal funcionamento da usina nuclear de
Chernobyl, unidade de produção de energia da região. Assim como qualquer forma de
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produção elétrica, a energia nuclear possui vantagens e desvantagens para o meio
ambiente para as comunidades ao seu redor. Nessa parte do guia iremos tratar sobre estas
vantagens e desvantagens de diversas formas de produção de energia, incluindo a nuclear.
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átomos menores e mais estáveis, conhecidos como produtos de fissão, e liberando energia
cinética1, raios gamas 2, além de outros nêutrons livres.
Com esta liberação de nêutrons livres a reação em cadeia pode ocorrer, uma vez que
estes nêutrons podem induzir a fissão nuclear de outros átomos e assim em diante,
liberando cada vez mais energia cinética, convertida posteriormente em energia térmica 34.
No entanto, em uma usina nuclear se deseja que a reação de fissão seja controlada, para
que não haja riscos de explosões ou derretimentos (devido ao calor que a reação libera) e,
por isso, se utilizam os materiais de controle. Estes consistem em materiais que interferem
no processo da reação em cadeia ao absorverem parte dos nêutrons liberados, impedindo
que estes de induzir a fissão de outros átomos. Estes materiais podem estar presentes na
forma de barras de controle que são inseridas ou removidas da região onde ocorre a reação,
controlando assim o número de nêutrons utilizáveis, além de poderem estar presentes em
outros componentes do reator, como o agente refrigerante, cuja função primaria é captar
a energia térmica produzida pela reação para que esta possa ser utilizada.
Uma vez que o reator está atuando
7
adequadamente ele pode ser utilizado na produção de
eletricidade. O calor captado pelo agente refrigerante,
então, é utilizado para ferver água de forma a produzir
vapor, que atua movendo uma turbina 4, que, por sua
vez, gera eletricidade que pode ser empregada para
diversos fins.
A energia nuclear
possui diversas
vantagens enquanto
fonte de energia,
uma vez que se
trata de uma
energia altamente
concentrada, ou
seja, de alta
produtividade, e de
alto rendimento,
além de possuir
reservas de combustível muito maiores do que as reservas de combustível fóssil e não
necessitar de condições ambientais especificas para ser produzida, o que a torna muito
valorizada em países como o Japão, que possui poucos recursos. Somado a estas
vantagens, a energia nuclear também não contribui para o efeito estufa, e abre a
possibilidade de maior independência energética para os países importadores de petróleo
e gás natural.
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3.3. Outros tipos de energia
É importante, também, que tratemos de outras formas de energia, uma vez que estas
compõe um dos aspectos importantes da discussão, a necessidade de energia.
5 Processo de queima
9
A energia hidrelétrica consiste no processo
de obtenção de energia com base nos recursos
hídricos da região. Este processo se dá,
geralmente, por meio da construção de uma
barragem, que permite se controlar o fluxo de
água que passa por determinada região. Esta água
retida, então, é liberada de forma controlada e
usada para rodar uma turbina, que produz energia
elétrica que é distribuída posteriormente. A água
empregada, posteriormente, é reencaminhada
para seu curso natural, permitindo a continuidade do ciclo da água e a renovação dos
recursos utilizados.
6 Materiais que possuem pouca tendência de conduzir eletricidade, o suficiente para não se tratarem de
materiais isolantes (material que não conduz eletricidade) porém não tanta a ponto de ser considerado
um condutor
7 Elétrons não ligados a algum núcleo atômico
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No entanto, estas formas de produção de energia dependem muito das condições
naturais de cada região, não sendo possíveis de empregar em qualquer local. Além disso,
todas necessitam de grande investimento financeiro para o desenvolvimento tecnológico
necessário e demandam uma grande área territorial, seja para zonas de alagamento, no
caso da hidrelétrica, seja para a produção de quantidades rentáveis de energia, como no
caso da solar e da eólica que dependem da criação de grandes parques de produção de
energia
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3.4.1. Os impactos da radiação em humanos
O contato humano com a radiação em excesso e sem o uso de equipamentos de proteção
é prejudicial à saúde, podendo levar a diversas enfermidades. Isso pode ser visto, por
exemplo, ao se analisar casos de cientistas que trabalhavam com radiação 8: Wilhelm
Roentgen, descobridor dos raios-X, morreu de câncer no intestino em 1923 e Marie Curie,
cientista pioneira no ramo da radioatividade, morreu de leucemia em 1934.
A radiação pode causar danos em nível celular, gerando sua morte ou a modificação do
material genético, e, dependendo do número de células afetadas, causar a morte de um
órgão. A modificação intensa do DNA leva, muitas vezes ao câncer. Além disso, se as
células afetadas pela radiação forem aquelas que passam a informação para os
descendentes (esperma ou óvulo), desordens genéticas podem surgir, assim afetando
diversas gerações.
Os efeitos decorrentes da radiação podem ser imediatos ou tardios, dependendo da dose
de radiação à qual a pessoa é exposta. Doses muito pequenas de radiação podem não ter
significância, como por exemplo um exame de raio X.
8Isso é observável, principalmente, com pioneiros no ramo da radiação. Como os efeitos prejudiciais
dessa à saúde humana ainda não eram completamente conhecidos, muitas vezes não se usavam os
equipamentos de proteção adequados.
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de carbono. Quanto a emissões totais de gases do efeito estufa por unidade de energia
gerada, tem valores de emissão comparáveis ou menores do que a energia renovável.
Apesar de não ser renovável, essa fonte produz muita energia com pouca matéria,
ou seja, ela é de alto rendimento. Além disso, a usina nuclear apresenta baixo impacto
ambiental durante sua instalação e seu funcionamento é independe do clima, sendo
favorável à sua eficiência.
Embora esse tipo de energia seja constantemente associado a acidentes nucleares,
a usina, na verdade, diminui a chance de acidentes. Porém, quando acontecem, os
acidentes podem ser catastróficos, gerando diversos prejuízos econômicos e ambientais.
Para manter uma usina nuclear funcionando, é preciso arcar com altos custos de
construção e manutenção, visto que a energia vem da fissão de um material extremamente
perigoso, que geralmente é o urânio. Usinas nucleares normalmente têm altos custos de
capital para a construção da usina, mas baixos custos de combustível. Assim, é exigido
que o país que for construi-la tenha acesso a extensos fundos, pelo menos durante sua
construção.
A produção de energia nuclear gera resíduos radioativos, que podem ser
extremamente prejudiciais à saúde. Esse resíduo radioativo pode ser dividido em alto nível
e baixo nível:
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3.6. Ações internacionais a respeito do uso de energia nuclear
Em 1953, em um a Assembleia Geral da ONU, o Presidente Dwight D. Eisenhower,
dos Estados Unidos, propôs a criação de um órgão para regular incentivar e auxiliar a
pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação prática da energia atômica para usos pacíficos
em todo o mundo.
Em 1954, os Estados Unidos propuseram à Assembleia Geral a criação de uma
agência internacional para assumir o controle de material físsil, que poderia ser usado
tanto para energia nuclear quanto para armas nucleares. Esta agência estabeleceria uma
espécie de "banco nuclear". A URSS deixou claro que rejeitaria qualquer custodia
internacional de matéria físsil a não ser que os Estados Unidos concordassem a um
desarmamento. Apesar disso, a União Soviética estava aberta à criação de uma câmara de
compensação para transações nucleares.
Em 1955, as Nações Unidas realizaram a primeira Conferência Internacional sobre
os Usos Pacíficos da Energia Atômica, em Genebra, na Suíça. Em julho do mesmo ano, o
Conselho da Organização para a Cooperação Econômica Europeia estabeleceu o Comitê
Diretor para Energia Nuclear e encarregou-o da criação da Agência Europeia de Energia
Nuclear. A Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM) foi fundada pelo
Tratado de Roma em 25 de Março de 1957 e entrou em funcionamento em 1 de Janeiro
de 1958.
A EURATOM, por ser uma organização supranacional, tem determinados poderes
legislativos. O tratado também prevê uma agência central de abastecimento, criando assim
o monopólio de todo o material físsil produzido ou importado para a Comunidade. O
tratado também prevê uma agência central de abastecimento, criando assim o monopólio
de todo o material físsil produzido ou importado para a Comunidade. A EURATOM é
proprietária dessas matérias, associando sua função a esse fato. O Tratado de Roma previa
ainda a criação das denominadas "empresas comuns", que têm certas obrigações para com
a Comunidade, mas também tem certos privilégios, entre os quais os privilégios fiscais de
que não podiam beneficiar ao abrigo da legislação nacional. Uma atividade específica da
Comunidade é o intercâmbio de informações, incluindo até patentes secretas. Um
dispositivo legal para cooperação técnica dentro da Comunidade que eu acho de especial
interesse é o chamado "Contrato de Associação".
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), fundada em 1957, foi
concebida como um meio de garantir o fornecimento adequado e igual de material nuclear
aos Estados Membros e como um instrumento para salvaguardar os usos pacíficos da
energia nuclear. O primeiro propósito perdeu importância quando as fontes de urânio se
mostraram abundantes. Não obstante, promovendo projetos de assistência e
desenvolvendo normas para as normas de saúde e segurança, a Agência contribuiu para o
desenvolvimento da energia nuclear nos seus Estados-Membros e para o desenvolvimento
da legislação nuclear.
•••
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esteve dividido sob o comando de duas grandes potências, os Estados Unidos e a URSS,
enquanto os outros países viram-se obrigados a aliar-se a um dos dois lados.
A disputa entre as duas potências não constituiu um conflito bélico direto, no
entanto, houve uma série de conflitos armados em países da África, Ásia e América,
consequentes de tal bipolaridade. Tanto os EUA quanto a URSS tentaram afirmar-se
como potências através da expansão de sua influência política e de diversas disputas,
como a corrida armamentista, corrida espacial e corrida nuclear, as quais serão detalhadas
posteriormente. Enquanto a URSS demonstrou como objetivo o expansionismo territorial,
sob a justificativa revolucionária e anti-imperialista, os EUA desejavam aumentar sua
influência política e conter tanto a União Soviética quanto a ideologia comunista. Foi
devido à existência desses dois pontos a serem combatidos que o Estado norte-americano
se viu diversas vezes em contradição, como se pôde ver na Iugoslávia, Vietnã e Caribe.
A Iugoslávia9 de Josip Broz Tito era um Estado socialista, no entanto, rompeu com o
governo soviético por não desejarem subordinar-se ao stalinismo, dessa maneira, obteve
apoio norte-americano. No Vietnã e Caribe, houve a instalação de governos socialistas
apoiados pelos soviéticos, entretanto, é contestável se deter a influência soviética nessas
áreas era realmente necessário para os objetivos norte- americanos.
Os estudos acadêmicos sobre o que originou a divisão mundial durante a pós
Segunda Guerra não chegam a consenso, havendo, na época, duas diferentes correntes
que tentam explicar tal evolução, sendo elas:
9País socialista no sudeste da Europa formado pelas atuais Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia, Macedônia
e Montenegro. Extinta após a Guerra Fria.
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marxista e quem seguiria um regime capitalista . Esta demonstra um sentimento em
comum entre as duas potências de que havia uma necessidade mútua de união para a paz,
fato que levou o presidente americano Franklin Delano Roosevelt a reconhecer e permitir
a consolidação soviética no Leste Europeu, onde o Exército vermelho e os partidos
comunistas constituíram a maior resistência à ocupação nazista. A URSS consentiu em
entrar na Guerra da Manchúria, como forma de auxiliar os EUA a conter o expansionismo
japonês no Pacífico.
Cinco meses depois, a Conferência de Potsdam, que foi o encontro dos líderes
dos países vitoriosos da segunda guerra mundial para decidir como seria administrada a
Alemanha, e decidir outros assuntos
de pós-guerra. Marcou um
enrijecimento da Inglaterra e EUA
(agora sob comando de Truman) no
que tange à relação com os
soviéticos. Os Estados Unidos, após
anunciarem o sucesso no
desenvolvimento da bomba
nuclear, sentiram-se
confiantes para imporem- se sobre a
URSS, e, dessa maneira, exigiram a
realização de eleições livres no leste
europeu. Como forma de evitar o
desequilíbrio da balança de poder,
dividiram a Alemanha e a capital
Berlim em 4 zonas de influência, entre EUA, França, Reino Unido e URSS, além de um
ressarcimento financeiro da Alemanha para os vencedores.
As tensões se intensificaram após a Conferência de Potsdam, quando Stalin
recusou-se a realizar eleições livres na Polônia e os EUA recusaram-se a fornecer
mantimentos e empréstimos aos soviéticos.
A Guerra Fria teve seu início de facto após a Doutrina Truman. O Plano
Marshall, expressão de tal discurso, consistiu em uma ajuda financeira aos países
europeus após a Segunda Guerra, para que estes pudessem se reconstruir, mas o real
objetivo do EUA era: primeiramente impedir o avanço do comunismo, remover
barreiras comerciais e modernizar a indústria, além de com este “empréstimo” ele
lucrar muito devido a dívida gerada. A URSS viu tal financiamento como forma de os
EUA consolidarem seu domínio sobre o continente, e, junto aos países do bloco
socialista, boicotou tal ajuda. Para administrar o Plano Marshall, surgem Organização
Europeia de Cooperação Econômica e o Benelux, que, em conjunto com a CECA 9,
forma, em 1957, a Comunidade Econômica Europeia, embrião da atual União Europeia.
Militarmente, a disputa se acirrou com a criação da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), em 1949, aliança militar de autodefesa do bloco capitalista
que consiste em um sistema de defesa coletivo em que os membros concordam em
defender uns aos outros em caso de um ataque de qualquer entidade externa,
respondida pela URSS com o Pacto de Varsóvia (1955).
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O mundo dividido pela Guerra Fria. Em azul
escuro, os países membros da OTAN. Em azul claro,
outros países do bloco capitalista. Em vinho, países
membros do Pacto de Varsóvia. Em vermelho,
países socialistas alinhados com a URSS. Em rosa,
países socialistas não alinhados com a Urss ou
países alinhados com a URSS, mas não socialistas.
Em cinza, países neutros.
Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos, a Europa Ocidental e seus aliados adotaram um
modelo de produção econômica baseado no capitalismo. No entanto, desde a crise de
1929, na qual as ideias do liberalismo clássico foram enfraquecidas, o capitalismo
praticado foi baseado nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes, que previa
uma maior participação do Estado na economia para garantir o pleno emprego e a
superação de momentos de crise. O estado, principalmente nos países europeus, adotou
uma postura voltada à garantia de direitos sociais, como moradia, educação, saúde,
distribuição de renda, direitos trabalhistas, etc., o denominado Welfare State (Estado de
Bem-estar social). Para isso, aumentou consideravelmente sua intervenção na economia,
tanto na produção de empresas estatais quanto na cobrança de mais impostos. A produção
industrial esteve baseada em um modo de produção fordista, que mecanizou e fragmentou
a produção dos trabalhadores, aumentando a produtividade e, ao mesmo tempo,
reduzindo o poder do trabalhador de controlar seu ritmo de trabalho.
O modelo econômico adotado apresentou resultados positivos, o que serviu de
propaganda para o bloco capitalista. Entre 1945 e 1970, o mundo capitalista viveu a
denominada “Era do Ouro”, como definido pelo historiador Eric Hobsbawn. Essa
época foi marcada por uma maior integração global e crescimento econômico
extremamente acelerado e que atingisse grande parte da população, e não apenas as
camadas mais altas, como ocorria anteriormente, fato que não ocorreu tão fortemente
nos EUA, onde prevaleceu uma forte desigualdade entre brancos e negros. Apesar de
ter atingido em maior escala os países desenvolvidos, alguns países subdesenvolvidos,
vide Brasil, México e Argentina, conseguiram se industrializar por meio de medidas
protecionistas e intervenção estatal, e não houve crises de fome endêmica, salvo em
casos de guerra. A produção industrial quadruplicou e o comércio de manufaturados
aumentou em dez vezes. Foram adotadas inúmeras medidas para impedir a formação
de monopólios, como combate a cartéis e trustes. Não obstante, acelerou-se a
devastação ambiental, baseada na ideologia de domínio da natureza pelo homem.
Houve possibilidade de os Estados Unidos venderem seus excedentes globalmente e
obterem abundância de matéria-prima. Atrelado a isso, houve uma intensa produção
de conhecimentos científicos, que atingiram, em maior grau, o mundo desenvolvido.
Os Estados Unidos consolidaram-se como potência hegemônica devido ao plano
Marshall, instalação de multinacionais e à Conferência de Bretton Woods 10, que tornou o
dólar moeda internacional e criou o FMI e o Banco Mundial. Foi devido a essa hegemonia
que, segundo estudos, entre 20 e 30 milhões de pessoas morreram de causas diretamente
10
Conferência realizada em 1944 objetivando decidir os rumos da economia mundial no pós Segunda
Guerra.
17
ligadas ao governo, como operações militares e guerras, fora as mortes geradas pelas
ditaduras implantadas em alguns países alinhados.
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iniciou o apoio à luta pelos direitos civis dos negros, ao proibir a discriminação racial no
acesso a serviços de saúde e educação.
Após a morte de Kennedy, Johnson assume a presidência em 1963 e é eleito em 1964.
Foi em seu governo que houve intensificação do movimento pelos direitos civis dos
negros, que tiveram inúmeros resultados positivos, como a Lei dos Direitos Civis de 1964,
que findou os sistemas estaduais de segregação racial. Foi também responsável pelo início
da Great Society e da “Guerra contra a Pobreza”, programas responsáveis por distribuição
de renda e acesso a serviços como saúde e educação, beneficiando pobres e pessoas de
classe média. Diplomaticamente, manteve-se a posição rígida na Guerra do Vietnã e
houve apoio o golpe militar no Brasil, que usou do pretexto de combate ao comunismo
para derrubar o governo João Goulart, o qual pretendia realizar reformas populares
(agrária, urbana, educacional, etc.), conhecidas como reformas de base, além de ter um
projeto econômico mais nacionalista. Com a justificativa do possível alinhamento do
presidente com a URSS, mas pretendendo manter seus interesses e, dessa maneira,
combater um presidente que privilegiava mais os interesses nacionais e populares, apoiou
um golpe de estado que instalou um governo militar ditatorial, impopular e que atendesse
aos interesses norte-americanos.
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mutações genéticas. A imagem dos Estados Unidos foi ainda mais manchada devido aos
maus tratos contra civis vietnamitas em busca de guerrilheiros vietcongs.
A contestação da guerra entre a população dos EUA foi extremamente forte,
principalmente entre grupos pacifistas. Contestava-se os claros crimes de guerra
cometidos pelo exército, o gasto excessivo com uma guerra em uma região de importância
estratégica contestável e o fato de os EUA estarem perdendo a guerra, fato que ocorreu
devido ao maior conhecimento dos guerrilheiros sobre as condições naturais locais.
Sob a presidência de Richard Nixon, os Estados Unidos retiraram-se da guerra,
em 1973, aceitando dar apenas apoio logístico ao exército sul-vietnamita, promovendo a
“vietnamização”, ou seja, melhorar a força militar do Vietnã do sul para que eles
pudessem deter os vietcongs. No entanto, tornou-se inviável financeiramente a
manutenção desse apoio, com isso, em 1975, a potência capitalista retira-se
completamente do Vietnã, dando vitória ao
Vietnã do norte.
Tal conflito serviu de propaganda ao
bloco socialista devido à atitude agressiva
norte-americana e sua subsequente derrota.
Influenciou diretamente o imaginário da
população estado-unidense, que
teve vergonha de admitir a derrota da
grande potência perante uma nação
subdesenvolvida e com pouco apoio
soviético.
Movimentos pacifistas nos EUA contra a guerra
20
11 de setembro de 1973, matam o presidente chileno, instalando, no lugar, o ditador
Pinochet, que tornou o Chile o primeiro país neoliberal no mundo.
Os anos 70 foram marcados por 2 graves crises que abalaram o mundo capitalista,
a crise do petróleo de 1973 e a de 1979. Os Estados Unidos tinham uma forte dependência
de petróleo como fonte de energia, o que tornava a produção interna insuficiente. O
Oriente Médio, devido aos baixos custos e abundância de tal riqueza, tornou-se a principal
região de exploração do petróleo, inicialmente realizada pelo cartel Sete Irmãs, formado
por empresas norte-americanas, britânicas e holandesas. Em 1960, os países árabes
tentaram quebrar o monopólio desse cartel, criando a OPEP, organização que controlaria
os preços de petróleo mundialmente, beneficiando as empresas árabes.
Em 1973, ocorre a primeira crise, quando o Egito e a Síria atacam Israel no feriado
judeu de Yom Kippur, e, em resposta, os Estados Unidos enviam apoio militar a Israel,
gerando uma guerra entre árabes e israelenses. Em resposta ao apoio ocidental a Israel
durante a guerra, a OPEP quadruplica ao preço do barril de petróleo no mercado
internacional. A segunda crise, em 1979, foi resultado da Revolução Islâmica ocorrida no
Irã. O aiatolá (líder religioso) Khomeini subiu ao poder, derrubando o governo pró-
ocidental de Mohamed Reza Pahvali, instalando uma teocracia islâmica, que pretendia
quebrar a hegemonia bipolar dos EUA e URSS. Temendo o desequilíbrio da balança de
poder, os EUA estimulam a invasão do Irã pelo Iraque, sob justificativa de disputa de
fronteira. Inicia-se, dessa maneira, a Guerra Irã-Iraque, que reduz drasticamente a
produção petrolífera.
As duas crises trouxeram severas
consequências para as economias
capitalistas. Nos Estados Unidos, os
efeitos foram mais sentidos nas regiões em
que não havia produção de petróleo.
Houve intenso racionamento dos
combustíveis, o que estagnou a atividade
dos caminhoneiros e causou conflitos em
postos de gasolina; um crescente
desemprego, gerado pela ineficiência
produtiva devido à falta desse tipo de
21
A falta de gasolina nos postos e o limite
de velocidade, efeitos da crise do petróleo
A crise do petróleo
ascendeu um debate nos Estados
Unidos sobre o uso de novas fontes
de energia. Painéis de energia solar,
etanol, fogão a lenha, energia
nuclear, etc., foram formas de
energia que o mundo adotou para
suprir a dependência de petróleo, a
qual é, ainda, extremamente forte.
Na economia, Reagan
adotou a ideologia neoliberal,
comungada pela primeira-
ministra britânica Margareth
Thatcher. Essa ideologia
previa o fim do protecionismo
econômico mundial e da
intervenção do estado na
Margareth Tatcher
22
economia, reduzindo, por exemplo, empresas estatais, impostos, leis trabalhistas,
programas sociais, etc. Tal ideologia passou a ter forte apelo devido às crises do petróleo
e aos altos gastos dos Estados europeus, tanto militarmente quanto em programas sociais.
Reagan promoveu, em 1982, um elevado corte de impostos, no entanto, a Guerra Fria
exigia muito dinheiro para suas operações militares. Com isso, aumentou os juros para
conseguir empréstimos, causando uma recessão econômica, em 1982, a qual só foi
superada pela retomada da produção de petróleo no Oriente Médio. Após essa época, para
evitar outra crise, Reagan promoveu um massivo corte nos gastos sociais, o que foi
responsável pelo crescimento da pobreza e do abandono dos menos favorecidos. O
cinturão da ferrugem, por exemplo, foi sucateado, sendo que os trabalhadores das
indústrias dessa região tiveram uma elevada redução em seus salários.
Portanto, os Estados Unidos encontram-se, no contexto em que o comitê se passa,
hostis à URSS e ao comunismo, além de poucos dispostos a arcarem com muitos gastos,
dada sua ideologia neoliberal e os altos gastos militares.
23
4.2.1.A Revolução de Outubro e a futura URSS
24
comunista para o resto do mundo. Stálin vence a disputa e em 1929 Trotsky é expulso da
URSS, criticando amargamente, em seu exílio, as condutas de seu opositor até 1940,
quando é assassinado por ordens de Joseph Stálin.
A partir de 1928, comandada por Stálin, a URSS aboliu a NEP e passou a
direcionar sua economia pelos planos quinquenais, os quais visavam o estabelecimento
de prioridades para a produção agrícola e industrial de
cinco em cinco anos. A política econômica de Joseph
efetivou a coletivização das propriedades agrárias, as
tornando estatais, conhecidas como sovkhozes, ou
kolkhozes (cooperativas).
Stalin priorizou, através dos planos quinquenais,
o desenvolvimento das indústrias de base (mineração,
máquinas e energia), através de investimentos em
tecnologia e educação. Em uma visão política, Stálin é
caracterizado por seu governo ditatorial o qual se opunha
aos ideais libertários e igualitários do socialismo teórico.
A política externa, para a URSS, nesse período era favorável. Stálin recebeu apoio
internacional de diversos partidos comunistas espalhados pelo mundo e demonstrou
possuir reconhecimento político das nações capitalistas após a entrada da União Soviética
na Liga das Nações em 1934. Seu governo também foi admirado por tornar a URSS uma
potência mundial e obter a erradicação do analfabetismo, qualificando a mão de obra,
logo, apesar de suas diversas desqualificações, Stálin aumentou progressivamente a
qualidade de vida soviética.
4.2.2. Desestalinização
A desestalinização ocorreu na Era Khrushchov após a morte de Stálin, entre 1953
e 1965. Nikita Khrushchov, Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista
da União Soviética, denunciava o regime autoritário de Stálin e seu culto à personalidade
(uma estratégia de propaganda política a qual tenta propagar pontos positivos, reais ou
supostos, quanto ao governante). O novo governante provocou a libertação de diversos
prisioneiros políticos dos Gulags, campos de trabalho forçado construídos por Stálin os
quais abrigavam prisioneiros políticos, criminosos e opositores no geral.
Nessa época ocorreu mudanças nas relações internacionais. A URSS deixou de
lado a inimizade com a Coreia do Sul e se aproximou da Iugoslávia. No apogeu da Guerra
Fria, ocorreu a criação do Pacto de Varsóvia entre os países socialistas do Leste Europeu
e a União Soviética, o qual garantia uma aliança militar, ou seja, uma ajuda mútua caso
acontecesse alguma agressão militar nos territórios participantes do pacto e a legitimidade
do exército socialista percorrer e se estabelecer em tais territórios,
Khrushchov ficou conhecido, durante a Guerra Fria, como um líder político de
comportamento grosseiro perante as autoridades de outros países. A Era de Khrushchov,
contudo, foi marcada por tal guerra e, consequentemente, por eventos como a construção
do Muro de Berlim pela Alemanha Oriental (socialista) e a Crise dos Mísseis de Cuba
que geraram uma crise na política externa da URSS. A tensão e a rivalidade entre a União
Soviética e os Estados Unidos eram altas e alimentavam um desenvolvimento tecnólogo
(armamentista e espacial) de competição que visava sempre demonstrar qual sistema
econômico era o mais propiciador de avanços.
25
“A União Soviética faz
mísseis como fábrica de
salsicha” - Trecho de um
discurso de Khrushchov
26
Este movimento reformista contou com a participação de grande parte da
população, principalmente de intelectuais e operários, causando grande impacto sobre a
URSS. A União Soviética viu
nesse movimento a possibilidade
de desequilíbrio na dominação
socialista no Leste Europeu em
plena Guerra Fria e, por tal
motivo, agiu de maneira rápida e
agressiva. Apesar de ter sido um
movimento falho, a Primavera de
Praga demonstrou que nem toda a
população do Leste Europeu
concordava com a dominação
soviética a qual demonstrava Foto da Primavera de Praga sinais de desgaste.
•••
27
5. Acidentes anteriores ao de Chernobyl
5.1. O acidente de Chalk River (Canadá,
1952)
O primeiro acidente
nuclear significativo da história
ocorreu no Laboratório Nuclear
de Chalk River 11 em
Ontario, Canada em 12 de dezembro de
1952. Após uma cadeia de erros humanos, o
reator nuclear NRX, que no momento dos
erros estava passando por um teste de
funcionamento em condições de baixa energia, se superaqueceu, o que, agravado
por erros de execução no processo de desligamento emergencial, fez com que os
mecanismos de resfriamento do reator sofressem danos. Com o sobreaquecimento se
agravando, o reator explodiu, danificando sua estrutura e liberando radiação na atmosfera
e água contaminada em um dos andares abaixo do reator. Pela instalação em que o reator
se localizava ser distante de áreas habitadas, as descargas radioativas na atmosfera não
acarretaram danos a civis. A água contaminada foi transportada para uma área perto do
Rio Ottawa onde foi descontaminada antes de liberada no rio.
A descontaminação foi efetiva e nunca foram encontradas medições de radiação
no Rio Ottawa acima das permitidas para água potável. Nos esforços de limpeza e
reconstrução da área do acidente, foram empregados militares canadenses e
estadunidenses, que, segundo a AECl 12, nunca receberam doses de radiação acima das
permitidas na época.
Em 1958, após a reconstrução do reator que em 1952 originou o acidente, ocorreu
na mesma instalação nuclear outra ocorrência. Após componentes do reator NRU se
superaquecerem e romperem dentro do núcleo do reator, um incêndio se iniciou, e
combustível radioativo foi despejado em uma área de manutenção. O combustível, através
do sistema de ventilação, acabou contaminando outras áreas do prédio além de áreas a
favor do vento em relação à posição do reator. O fogo, que já havia se espalhado para a
área de manutenção, foi extinto por uma equipe de cientistas e o Exército foi novamente
acionado para a limpeza da área.
Considerando os dois acidentes, foram empregados mais de mil militares, além de
voluntários, e esses alegadamente não foram expostos a níveis de radiação prejudiciais, e
não sofreram danos à saúde nos eventos. No entanto, deve-se considerar que não foram
conduzidos estudos médicos para checar a taxa de incidência de câncer nesse grupo com
o passar dos anos. Há relatos, como o do ex-militar envolvido na descontaminação após
o acidente de 1958, Bjarnie Hannibal Paulson, em que se afirma que os equipamentos de
proteção e as medidas de segurança não foram completamente efetivos, e que as doses de
raios-alfa recebidas desencadearam quadros de câncer posteriormente.
28
5.2. O incêndio de Windscale (Inglaterra, 1957)
29
parâmetros permitidos. A preocupação seguinte tangendo a saúde da população civil era
a possibilidade de o leite produzido em áreas próximas nos dias seguintes ao acidente
estar contaminado com iodo-131, radioativo. Foi, portanto, proibida a produção e venda
de leite num raio de 500 km2 em torno do reator. Mesmo sendo um assunto controverso,
estima-se que a radiação tenha causado em torno de 100 mortes no Reino Unido, mas que
estas não podem, pela quantidade, serem distinguidas das mortes em circunstâncias
normais.
O primeiro ministro, Harold Macmillan temeu que, se divulgadas as reais causas
do acidente, erros imprudentes na construção e no treinamento do pessoal envolvido
ligados à pressa em se desenvolver o projeto nuclear e construir a bomba de hidrogênio,
e que já haviam sido indicado previamente por cientistas, a confiança pública e os seus
planos de uma aliança nuclear junto ao presidente americano Eisenhower, que apenas
esperavam aprovação do Congresso, podiam ser permanentemente abalados e os seus
esforços para uma aliança se provariam inúteis. Assim, o relatório 13 da comissão
indiciada para análise do acidente foi censurado, só indo a público em 1988, e o noticiado
foi que o acidente teria sido de pequena magnitude e causado por um erro de julgamento
cometido pelos operadores de Windscale.
13“The Penney Report”, ou “Report of the Commitee of Inquiry established by the United
Kingdom Atomic Energy Authority (UKAEA)”
30
estrutura originou diversas descargas de radiação no período de 1949 a 1952, e estima-se
que por volta de 17,000 trabalhadores e moradores de vilas próximas tenham recebido
doses de radiação acima do adequado, o que levou a aumentos nas taxas de câncer,
deformidades e mortes por exposição aguda à radiação nessa população.
Foi então planejada uma solução simples para o descarte do lixo, mas que também
oferecia riscos devido a sua simplicidade, que posteriormente levaram ao desastre em
questão. Foram construídos grandes tanques de aço enterrados a uma distância de quase
8 metros da superfície, equipados com resfriadores de ar responsáveis por manter a
temperatura do lixo radioativo que passaria a ser descartado nos tanques em uma faixa de
segurança.
Em 1956 detectou-se que a temperatura de um dos contêineres estava subindo,
mas devido a uma fraca estrutura de manutenção e a dificuldade de rastrear a origem do
problema pela equipe de engenheiros, fez com que nenhuma medida fosse tomada a
respeito da situação constatada. No dia 29 de setembro de 1957, as temperaturas que já
vinham subindo por mais de um ano atingiram um ponto crítico. O sistema de
resfriamento de um dos tanques falhou e as substâncias radioativas atingiram a
temperatura de 350°C, o que levou à combustão do material e uma explosão equivalente
à de 70 toneladas de TNT. Grandes doses de radiação foram expelidas na atmosfera, junto
à quantidades significativas de césio-137 e estrôncio-90, isótopos extremamente danosos
ao meio ambiente e à saúde humana, com um tempo de sobrevida no meio externo
considerável.
A nuvem radioativa formada começou a se dirigir na direção norte e nordeste,
segundo o vento, afetando uma área de aproximadamente 1000km², conhecida como
numa região atualmente conhecida como EURT 14. 63% da área afetada era usada na
agricultura, 20% era composta por florestas e 23 comunidades rurais se localizavam na
região. As autoridades demoraram para iniciar a evacuação da população nesse raio que
ofertava extremo risco à saúde, e só após 1 semana, as vilas começaram a ser evacuadas,
não sendo os moradores informados do motivo pelo qual estavam sendo realocados. Por
volta de 11,000 pessoas foram evacuadas nos 2 anos seguintes ao acidente, sendo que os
que se voluntariavam ou não aceitavam deixar suas terras, eram usados nos esforços de
destruir as lavouras contaminadas e desmatar as áreas afetadas. Graves danos à saúde dos
que residiam ou ajudaram na limpeza da área foram observados, tanto pelo nível de
radiação no meio externo, quanto pela ingestão de alimentos e leite contaminados por
isótopos radioativos. Quanto ao meio ambiente, esforços foram tomados na área do EURT,
em uma tentativa de diminuir os danos à flora e fauna da região, através de medidas como
a retirada de camadas do solo que tinham sido mais contaminadas, o uso de fertilizantes
e plantações especiais, entre outros. A utilização do território nesta área foi
temporariamente banida, mas em 1961 começaram-se a retomada de algumas atividades
nas terras.
O acidente foi mantido em sigilo até que, em 1980, um cientista soviético
dissidente, Zhores Medvedev, publicou um livro nos Estados Unidos sobre o evento,
reportando o ocorrido. Seus relatos foram subestimados pela comunidade científica
americana, que não relacionava os níveis alarmantes de radiação na região a um evento
único e sim pelo funcionamento de Mayak durante os anos, e pelo Governo dos EUA,
que mesmo, através da CIA, tendo conhecimento do ocorrido, temia que se divulgada a
extensão do desastre, seus próprios planos nucleares seriam colocados em xeque. Em
1988, foram divulgadas fotos da área de Kyshtym e da planta nuclear, mas somente em
31
1989 a URSS reconheceu o ocorrido, levando a público informações sobre o acidente,
considerado o acidente nuclear mais grave antes de Chernobyl.
32
aproximadamente 10 centímetros. No entanto, por um motivo desconhecido16, a haste foi
estendida por mais de 50 centímetros, o que causou novas cadeias de eventos de fissão e
fez com que o reator entrasse em criticidade imediata. Nos próximos 4 milissegundos
após a extensão excessiva da haste, foi liberado calor suficiente para que fizesse a água
do reator vaporizar. A quantidade concentrada de vapor do reator gerou uma explosão e
toda a carcaça deste foi arremessada a mais de 1 metro de altura. As hastes de controle e
outras peças foram arremessadas com força suficiente para se alojarem no teto da
estrutura que abrigava o reator.
O operador do reator, o membro do Exército John Byrnes e seu estagiário, Richard
McKinley foram imediatamente arremessados pela explosão, matando Byrnes e ferindo
gravemente Mckinley, que viria a falecer no dia seguinte pelos ferimentos sofridos e a
radiação recebida. O terceiro técnico, o supervisor de turno Richard Legg, que foi o que
estendeu a haste e que estava acima da carcaça do reator, foi empalado e preso ao teto
pelas peças que lá se alojaram, morrendo no mesmo instante.
Um alarme de emergência foi automaticamente emitido para os serviços de atendimento
mais próximos, e as equipes de resgate corajosamente se expuseram a altas doses de
radiação num esforço para salvar os técnicos, que infelizmente foram vítimas fatais do
acidente.
A radiação emitida pelo acidente não causou maiores danos à população devido à
localização afastada da instalação nuclear, no entanto, as equipes de descontaminação
compostas por centenas de pessoas, foram expostas a níveis perigosos de radiação.
O acontecido, além de mudar o design dos reatores montados posteriormente a
fim de evitar ocorrências, iniciou novos procedimentos de segurança que evitem a
possibilidade de uma criticidade imediata, como a movimentação das hastes, que passou
a ser completamente computadorizada. A energia nuclear, antes vista como uma fonte
revolucionária, que forneceria energia limpa praticamente ilimitada e a baixos custos, foi
transformada em uma preocupação pública, e o programa nuclear dos Estados Unidos foi
atingido por uma onda de ceticismo por parte da população, sendo abalado por diversas
manifestações que expunham os riscos que eram gerados pelo uso da radioatividade em
campos pacíficos.
16Especula-se que o técnico não tinha conhecimento adequado sobre o funcionamento da estrutura, ou
que o metal da haste estava corroído, fazendo necessário mais esforço para realizar o procedimento, o
que pode ter induzido o erro. Há uma terceira teoria, explorada em filmes e livros, de que o técnico
responsável pelo procedimento, causou o acidente propositalmente por estar envolvido em um
escândalo conjugal, mas que se provou falsa após a descoberta de que o supervisor que estendeu a
haste e não o outro técnico.
33
5.5. O acidente em Three Mile Island (EUA, 1979)
do reator era a quantidade total de água de resfriamento do sistema. Na verdade, a subida no nível da
água era perfeitamente normal considerando que havia uma abertura na parte superior deste 19 Os
operadores acreditavam que a estrutura ainda estava completamente coberta por água, o que preveniria
um superaquecimento
34
Há mais de 2 horas do início da cadeia desastrosa de eventos na instalação, um
alarme de radiação dispara na área de contenção, fazendo com que os operadores
finalmente percebessem a extensão da gravidade dos eventos que ocorriam. Suspeitando
que talvez tivessem causado uma transferência de radiação pela válvula de alívio, que já
tinha antes do acidente altas taxas de vazamento, os operadores fecharam uma válvula de
bloqueio entre o pressurizador e a válvula de alívio, cessando de vez a perda de líquido
de resfriamento, já contaminado. No entanto, com o fechamento da válvula, a
transferência de calor entre o núcleo e o meio se encerra também, causando com que o
primeiro se aquecesse ainda mais, aumentando também a pressão no sistema primário de
resfriamento. Os controladores inicializam então uma das bombas primárias responsáveis
por enviar água resfriada no gerador de vapor diretamente no combustível extremamente
quente. Isso gera uma dispersão do combustível quente acima do nível da água na carcaça
do reator. Depois de um tempo, a vaporização da água no combustível eleva a pressão no
sistema primário a níveis extremamente perigosos, obrigando os controladores a
reabrirem a válvula de bloqueio, reiniciando o vazamento de água resfriadora, nesse ponto
ainda mais radioativa, e disparando mais alarmes de radiação.
A água vazando para o reservatório de contenção é automaticamente bombeada
para tanques de armazenamento localizados em um prédio secundário, cujas estruturas
não eram herméticas. Os tanques então transbordam, criando uma fonte de vapor
radioativo que possivelmente escaparia da instalação nuclear. Um estado de emergência
é nesse momento disparado, 3 horas e 20 minutos após o início do acidente. A área de
contenção é isolada, encerrando a transferência do reservatório para o prédio auxiliar.
Os operadores da planta reiniciam o sistema de resfriamento a uma baixa potência,
causando um novo choque entre a água fria e o vapor aquecido, retornando o sistema à
vazão usual. O núcleo é finalmente, após 4 horas após o início dos eventos, resfriado,
retornando à temperatura adequada. Nas próximas 12 horas, a tensão não diminuiria,
sendo que o processo de retirar a maior parte do hidrogênio e dos demais gases de fissão,
alternadamente abrindo e fechando a válvula de alívio e reiniciando bombas primárias e
injeções de segurança, que impediam o sistema primário de se preencher completamente
e supostamente poderiam gerar uma explosão massiva19. Às 20:00 do dia 28 de março de
1979, uma quarta-feira, o acidente tinha enfim chegado ao seu desfecho. A descarga de
radiação na atmosfera foi insuficiente para causar maiores danos à saúde ou ao meio
ambiente, sendo impossível correlacionar casos de câncer ao acidente, e tendo sido
necessário apenas isolar a localização da planta em si.
Analisando o quadro geral do ocorrido, nota-se que as causas principais do
acidente foram erros humanos derivados do treinamento inadequado da equipe, falhas nos
componentes e deficiências no desenho da estrutura da planta nuclear, além dos
protocolos de segurança falhos, que não levavam em conta medidas a longo prazo. A
confiança pública no uso pacífico da radioatividade e no campo da energia nuclear foi
profundamente abalada, em grande parte porque as informações repassadas aos cidadãos
minimizavam inicialmente a gravidade das ocorrências, gerando uma impressão na
população de que a NRC21 não era capaz de fiscalizar e manter o funcionamento de
reatores com segurança, além de que estavam tentando encobrir seus erros, ameaçando a
já instável situação econômica do setor. Um ano após o acidente, uma pesquisa
independente apresentou os resultados de que apenas 42% dos entrevistados conseguiam
ver, no futuro, a operação de um reator nuclear de forma segura.
19 Foi posteriormente descoberto que o risco de explosão era quase nulo visto que não havia quantidade
significativa de oxigênio no sistema. 21 Nuclear Regulatory Commision
35
O acidente em Three Mile Island gerou, por final, maior conhecimento sobre a
energia nuclear e um enrijecimento das normas que englobam o campo nos Estados
Unidos. Os designs das instalações nucleares se tornaram mais detalhados, sendo gerados
vários estudos sobre qual seria a configuração mais segura de um projeto nuclear. As
especificações requeridas para operadores de usinas se tornaram mais exigentes, os
treinamentos passaram a ser mais específicos, e as condições de trabalho, englobando o
equipamento e instrumentos de controle, melhoraram. Os protocolos de segurança se
tornaram mais eficazes, prevendo medidas para situações diversas, e a operação da NRC
modificou-se, assumindo um caráter muito mais assertivo, além de que no final do ano
de 1979, foi criada a INPO20, que seria responsável por identificar e fiscalizar problemas
e defeitos na construção e no funcionamento de instalações nucleares. Todas essas
medidas buscavam reconquistar a confiança dos cidadãos estadunidenses no setor da
energia nuclear
•••
6. Acidente de Chernobyl
O Acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 26 de abril de 1986 devido a uma
explosão no Reator N°4 da Usina Nuclear de Chernobyl (Pripyat, Ucrânia), afetou a vida
de milhares de pessoas irremediavelmente, sendo considerado o pior acidente nuclear da
história mundial.
Os quatro reatores de água pressurizada de Chernobyl, do projeto soviético
RBMK (Reactor Bolsho Moshchnosty Kanalny), eram, segundo o próprio nome, reatores
de canal de alta potência. Muito diferentes dos reatores comerciais normalmente usados
ao redor do mundo, eram capazes de produzir tanto plutônio quanto energia, em um dos
modelos de produção de menor custo existentes. Empregavam um sistema de
funcionamento único, com um moderador de grafite e água como líquido refrigerante.
Como desvantagem, os reatores desse modelo eram extremamente instáveis em baixa
potência, devido ao projeto das hastes de controle e a outros fatores, como o “coeficiente
positivo de vácuo” (positive void coefficient). Se perdessem água de resfriamento, a
produção de energia e as reações em cadeia eram aceleradas, o que oferecia um grande
perigo.
No dia 25 de Abril de 1986, estava previsto o desligamento do reator para uma
manutenção de rotina. Resolveu-se então, aproveitar as circunstâncias do desligamento e
testar se o resfriamento do núcleo do reator continuaria acontecendo de forma adequada
em caso de perda de energia na estação até que a fonte de energia emergencial a diesel se
tornasse operativa. O mesmo teste já havia sido aplicado no ano anterior, em 1985, mas
como não foram obtidos os resultados necessários, decidiu-se realizar novamente este,
numa nova tentativa. Antes do teste, a equipe encarregada deste ordenou o desligamento
do sistema de resfriamento central emergencial do reator, responsável por fornecer água
para a refrigeração do reator no caso de algum incidente. Essa ação, mesmo não afetando
significantemente a cadeia de eventos subsequente, reflete a negligência dos técnicos em
relação à obediência aos procedimentos de segurança recomendados. Com o
prosseguimento dos eventos, o controlador de rede se negou a permitir um desligamento
adicional do reator, argumentando que a energia era necessária para o funcionamento da
rede.
36
No entanto, com a insistência dos técnicos da equipe, por volta de 23h ele
concordou com uma nova redução de potência. O reator, que deveria ser estabilizado na
faixa de no mínimo 700 MWt, provavelmente devido a erros operacionais, se encontrava
na faixa dos 30 MWtb por volta de 00h30 do dia 26 de abril. Devido a um conjunto de
circunstâncias não previstas, as tentativas de reestabelecer a potência originalmente
planejada não deram resultados. Nesse processo, várias das hastes de controle foram
retiradas, e às 01h03 o reator se estabilizou na faixa dos 200MWt. Mesmo esse não sendo
o patamar adequado de energia, foi decidida pela equipe a continuação do teste, que
efetivamente iniciou-se às 01h23. As válvulas de parada da turbina de desaceleração
foram fechadas e as bombas acionadas por esta começaram a decair, o que, junto à vazão
reduzida e à entrada de água no núcleo em uma temperatura um pouco acima da ideal,
causou a formação de vácuos na parte inferior do reator. Isso, junto à combustão completa
do xenônio, é considerado como a explicação mais plausível para o subsequente aumento
de energia.
Esse aumento pode ser alternativamente explicado pela inserção das hastes de
controle após o pressionamento do botão de desligamento emergencial (scram button).
Após 43 segundos do início do teste, sinais na sala de controle indicavam que o reator já
atingia o poder de 530 MWt e continuava a subir descontroladamente. Conjuntos de
combustível do reator se romperam, levando a um aumento na geração de vapor, o que,
consequentemente, levou a um aumento ainda maior na potência. Nesse momento, a
situação passou a apresentar grande risco haja vista que danos em apenas três desses
conjuntos teriam sido suficientes para um grande acidente. A ruptura desses elementos
aumentou tanto a pressão no reator que a placa de suporte deste se soltou, esmagando as
hastes de controle que, no momento, estavam apenas parcialmente inseridas. O circuito
de resfriamento do núcleo se despressurizou e a situação, depois de 1 minuto do início
dos testes, já estava crítica, como indicado no registro operacional do engenheiro-chefe
de Controle do Reator na data. Duas explosões se seguiram, a primeira gerada pelo vapor
acumulado após a ruptura dos conjuntos de combustível e dos danos às hastes de controle.
Após cerca de 3 segundos, a segunda explosão, possivelmente causada pelo acumulo de
hidrogênio derivado de reações entre o vapor e zircônio, foi sentida. Materiais estruturais,
o moderador de grafite e combustível foram ejetados, sendo acompanhados pelo início de
uma série de incêndios. O núcleo do reator, já destruído, ficou exposto à atmosfera. Em
Chernobyl, não existiam estruturas de contenção maciças como era o padrão em outras
usinas ao redor do mundo. Sem elas, radiação escapou para o ambiente em grandes escalas.
O acidente foi decorrente de um conjunto de falhas no cumprimento de normas
básicas de segurança que, junto a problemas estruturais nas hastes de controle devido à
construção apressada do reator, agravaram os erros operacionais ocorridos durante o teste.
Como o teste era considerado pela equipe como de pequena escala e ligado à parte não
nuclear da estação, o que se provou inverídico, foi realizado sem a troca de informações
e cooperação entre a equipe
encarregada de realizá-lo e os
profissionais ligados à manutenção e
segurança na planta nuclear. As
precauções e procedimentos de
segurança incluídos no protocolo da
operação eram inadequados e
insuficientes, e os operadores não
foram alertados do potencial perigo e
dos riscos que o teste apresentava.
37
Trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl
38
O Reator 4 depois da explosão
“Pela atenção dos moradores de Pripyat! A Câmara Municipal informa que devido ao
acidente na usina de Chernobyl, na cidade de Pripyat, as condições radioativas nas
proximidades estão se deteriorando. O Partido Comunista, seus funcionários e as forças
armadas estão tomando as medidas necessárias para combater isso. No entanto, com o
objetivo de manter as pessoas tão seguras e saudáveis quanto possível, sendo as crianças
a principal prioridade, temos de evacuar temporariamente os cidadãos nas cidades mais
próximas do Oblast de Kiev. Por essas razões, a partir de 27 de abril de 1986, às 14h,
cada prédio poderá ter um ônibus à sua disposição, supervisionado pela polícia e pelos
funcionários municipais. É altamente aconselhável levar seus documentos, alguns
pertences pessoais vitais e uma certa quantidade de comida, para o caso, com você. Os
executivos seniores das instalações públicas e industriais da cidade decidiram sobre a lista
de funcionários que precisavam permanecer no Pripyat para manter essas instalações em
bom estado de funcionamento. Todas as casas serão guardadas pela polícia durante o
período de evacuação. Camaradas, deixando suas residências temporariamente por favor,
certifique-se de ter desligado as luzes, equipamentos elétricos e água e feche as janelas.
Por favor, mantenha a calma e a ordem no processo desta evacuação a curto prazo.”
39
Daqueles que tentaram voltar mais tarde, tendo percebido que Pripyat estava
perdido para sempre, para buscar pertences de afeto, alguns tiveram sucesso, mas muitos
mais encontraram edifícios com alarme e militares armados.
O governo criou uma zona de
exclusão em um raio de 30 quilômetros em
torno do reator que explodiu, afetando a cidade
de Chernobyl e pequenas comunidades. 130 mil
pessoas tiveram que se mudar. Toda essa área
foi abandonada e se tornará inabitável para o ser
humano por algumas décadas.
Evacuação da cidade de Pripyat
Os moradores tinham sido expostos a doses altas de radiação que poderiam alterar
a composição do sangue e provocar diversos tipos de câncer. Enquanto isso, o vento
começou a levar nuvens de partículas e poeira radioativas para o norte da Europa,
afetando uma região de mais de mil quilômetros. Florestas vizinhas foram queimadas por
causa da radiação, que também provocou uma queda acentuada na vida selvagem.
O reator continuava a queimar. Uma operação militar gigantesca foi montada para
apagar o incêndio. A solução foi despejar, com a ajuda de helicópteros, toneladas de
chumbo e areia para tentar conter o fogo, evitando que a radioatividade se espalhasse
ainda mais. Apenas no dia 6 de maio, o fogo foi controlado.
Helicópteros jogando toneladas de material para
tentar conter o fogo no Reator 4
“Medidas estão sendo tomadas para eliminar as consequências do acidente. A ajuda está
sendo dada aos afetados. Uma comissão do governo foi criada”.
Trecho dos noticiários da TV de Moscou
40
No dia 29 de abril, a primeira informação real no mundo ocidental ocorreu na
manhã de terça-feira, quando um poderoso satélite de reconhecimento americano
forneceu aos analistas de Washington fotos de Chernobyl. Ficaram chocados ao ver o
teto estourado acima do reator e a massa incandescente ainda fumegando. As primeiras
fotos soviéticas do acidente de Chernobyl foram censuradas pela remoção da fumaça
antes de serem impressas nos jornais. Autoridades polonesas decidem distribuir
comprimidos de iodo no nordeste do país para bebês e crianças para protegê-los do
câncer de tireoide.
No dia 1 de maio, o vento mudou de direção e agora está soprando na direção da
capital ucraniana, Kiev. Desfiles anuais do 1º de Maio realizados em Kiev e na capital
de Belarus, Minsk, para enfatizar que tudo estava “normal”.
Construção do Sarcófago no
Reator 4
•••
7. Os impactos do acidente
O acidente teve uma repercussão em escala global, causando grandes impactos
sociais, econômicos e, principalmente, ambientais.
O ex-presidente, Mikhail Gorbachev destacou que o preço da catástrofe "foi
incrivelmente alto, não só em relação a perdas humanas, mas também no âmbito
econômico".
41
7.1. Impactos sociopolíticos
Muito mais do que apenas pelos efeitos causados devido às descargas de radiação
na atmosfera, o acidente de Chernobyl é marcante pelos impactos sociopolíticos que
desencadeou.
Na esfera política, o acidente trouxe à tona movimentos de cunho ambientalista
que contestavam os planos de Moscou para a expansão do poder nuclear, tanto para fins
pacíficos quanto em armamentos, na próxima década. Grande parte da população passou
a questionar o uso da energia nuclear, colocando o segmento em xeque. Também levou,
principalmente em áreas próximas a Chernobyl, a uma desconfiança dos cidadãos
soviéticos em relação ao regime de Gorbachev e sobre sua capacidade de realmente
proteger a URSS e responder ao acidente, o que se deve em grande parte pelo seu extenso
silêncio após o ocorrido, só se pronunciando dia 28 de março. Enquanto entre o povo,
deixado no escuro, sem informações concretas, espalhavam-se rumores de que a radiação
era contagiosa e de que beber álcool protegia da contaminação, Gorbachev, em seu
discurso, era omisso em relação a Chernobyl, dirigindo sua fala para a questão das armas
nucleares. O acidente fez também com que, mesmo com a política da glasnost, o regime
voltasse a políticas secretas, o que foi posteriormente duramente repreendido tanto pelo
povo soviético quanto pelas civilizações ocidentais, que acusavam Gorbachev de
esconder e atrasar a transmissão de informações cruciais. Um dos grandes exemplos do
caráter secreto em que as informações eram tratadas foi o fato de que os mais de dois
milhões de habitantes da cidade de Kiev, a pouco mais de 100km do sítio do reator, só
foram informados sobre o risco que corriam 9 dias depois do acidente, enquanto as
famílias de membros do alto-escalão já haviam sido há muito evacuadas para outras áreas,
muitas vezes em outros países. Devido aos gastos decorrentes do acidente, Gorbachev
não conseguiu também cumprir com muitas de suas propostas, como programas sociais
incluindo melhores moradias e atendimento de saúde, o que aumentou o já existente
descontentamento com seu regime, que teve sua legitimidade questionada por alguns.
Já na esfera social, os maiores impactos de Chernobyl atingiram os cidadãos
evacuados de áreas próximas a Pripyat. Como não foram repassadas ao povo informações
adequadas sobre os reais perigos da radiação, pôde-se notar entre a população uma espécie
de radiofobia, ou seja, um pavor em relação a radiação, o que agravou o preconceito
sofrido pelos que foram realocados. Mesmo que, em alguns casos, recebessem casas
novas e pudessem escolher a localidade em que passariam a viver, a experiência ainda
representava um grande trauma. Na maioria dos casos, no entanto, os realocados iam para
a cidade em que fossem selecionados pelo governo, muitas vezes não tendo condições
básicas de moradia, e não conseguindo recuperar sua antiga condição econômica. Há
diversos relatos em que se percebe que o processo de evacuação não foi organizado e
calmo como noticiado pelo governo. Neste, é possível tomar conhecimento de casos em
que famílias foram separadas e nunca mais conseguiram se localizar tendo até mesmo
ocorrido eventos nos quais crianças foram separadas de seus pais e esses não puderam
sequer saber para qual localização seus filhos seriam enviados. Os que passaram pelo
processo da evacuação sofriam, na maioria das vezes, preconceito quando chegavam ao
locar designado, sendo vistos por alguns como um risco, sendo marginalizados na
sociedade. Em Omsk, por exemplo, onde um grande número de pessoas foi realocado,
circulavam piadas ofensivas que refletiam o sentimento dos habitantes em relação aos
recém-chegados, que colateralmente, agravaram o problema já existente das faltas de
moradias na cidade
42
“Você vive como uma pessoa normal. Uma pessoa comum. Assim, como todo mundo à
sua volta: vai ao trabalho e volta para casa. Recebe um salário médio. Uma vez por ano,
você sai de férias. Você tem mulher. Filhos. É uma pessoa normal! E de repente, de um
dia para o outro, você se torna um homem de Chernobyl. Um animal raro! Uma coisa que
interessa a todo mundo, mas que ninguém conhece. Você quer ser como todas as pessoas,
mas isso não é mais possível. Não há como voltar ao mundo anterior. Você passa a ser
olhado de forma diferente. As pessoas lhe perguntam: ‘Lá foi tão terrível assim? Como
foi o incêndio da central? O que você viu? ’. Ou, por exemplo: ‘ Você pode ter filhos? A
sua mulher o abandonou? ’. Nos primeiros tempos, todos nós nos tornamos raridades em
exposição. A própria expressão ‘homem de Chernobyl’ até hoje funciona como sinal
acústico. Todos giram a cabeça na sua direção. ‘Você é de lá! ’ Esse foi o sentimento dos
primeiros dias. Nós perdemos não a cidade, mas a nossa vida inteira”.
43
arvores começaram a adquirir uma coloração avermelhada após o acidente e morreram
devido a contaminação radioativa.
Fungos, enquanto agentes decompositores também foram extremamente afetados
pela radiação, concentrando altíssimas quantidades de radiação em seu organismo, o que
pode ser extremamente prejudicial a eles e quem se alimenta deles. Em ambientes
aquáticos as algas também foram bastante afetadas, aumentando ainda mais a
contaminação de espécies deste ambiente.
44
continuidade do projeto nuclear em todos os países. O preço de diversas commodities
presentes na pauta de exportação soviética decaiu, com destaque para grãos, carne e
algodão. Muitos economistas nesse momento preveem uma crise tão forte quanto ao
choque do petróleo de 1973. Se muitos países europeus pensavam em reduzir a queima
de combustíveis fósseis e substituí-la por energia nuclear devido à crise do petróleo, a
nova instabilidade prevista traria a desesperada discussão sobre outros tipos de energia,
ou, de imediato, abalaria a produção mundial, visto que a eficiência da energia nuclear no
processo produtivo seria subitamente perdida. Um efeito mais grave ainda seria o
aumento do preço de quaisquer fontes de energia, visto que a demanda energética seria
aumentada para contornar a crise. Caso esse aumento de preços ocorresse, haveria um
aumento da inflação nos países capitalistas, dessa maneira, a solução imediata seria
aumentar as taxas de juros, o que tornaria inviável para muitas empresas contraírem
empréstimos bancários para suas atividades e investimentos, e até para famílias pegarem
empréstimos para financiar a casa própria. Em resumo, seria uma reação em cadeia. No
ano em que esse comitê se passa (1986), os economistas do mundo fazem todas essas
previsões e estão desesperados para adotar soluções de como revertê-las.
Vale ressaltar que, na época do desastre, a gestão Reagan nos EUA, em parceria
com Israel, planejava um “Plano Marshall para o Oriente”, que consistiria em financiar
estados árabes que tivessem uma posição moderado no conflito Israel-Palestina (vide
Arábia Saudita, Catar, Omã e Emirados Árabes), no intuito de conseguir um retorno
financeiro para investir no combate ao terrorismo na Líbia, além de aumentar o acesso ao
petróleo da região, evitando que, futuramente, houvesse um novo embargo como o de 73.
Com a catástrofe de Chernobyl e seu consequente aumento por demanda energética, os
EUA viu-se mais desesperado em fazer o mundo aprovar tal plano, visando agora, mais
do que nunca, uma obtenção rápida e farta de petróleo que pudesse suprir a necessidade
americana.
Por fim, é importante frisar que os países do Terceiro Mundo, endividados, tinham
agora maior pressão para pagarem suas dívidas, visto que o Primeiro Mundo necessitava
de dinheiro para evitar a crise. O FMI passava agora a ser credor de muitos países do
bloco socialista, que necessitavam de empréstimos para solucionar os prejuízos do
acidente e iniciar sua transição para a economia capitalista.
45
número chega a quase 600.000, mas apenas um pequeno número destes outros recebeu
frações de radiação que gerassem riscos à saúde. Considerando o grupo geral dos
liquidadores, o principal efeito na saúde foi a duplicação na taxa de susceptibilidade a
casos de leucemia.
Ainda em 1986, logo após o acidente, 116.000 cidadãos foram evacuados de suas
moradias, sendo que nos anos subsequentes, outras 230.000 pessoas foram realocadas
para áreas não contaminadas. Entres essas, observa-se a prevalência de distúrbios
psicológicos associados ao preconceito que sofreram e à imagem que desenvolveram de
si próprios, sendo percebidos como “pessoas contaminadas” ou como os “homens de
Chernobyl” ou ainda “os expostos”. Nos anos seguintes ao acidente, espalharam-se boatos
e informações não condizentes com a realidade, além de rumores associando quaisquer
problemas de saúde à radiação de Chernobyl, espalhando um grande temor na sociedade
em relação ao acidente e aos afetados por ele, seja os liquidadores, os moradores de áreas
próximas ou os que foram evacuados.
Até hoje, na Federação Russa, na Ucrânia e em Belarus, vivem cerca de 5 milhões
de pessoas em áreas contaminadas de baixo risco. Em localidades consideradas críticas
pela contaminação por césio, vivem por volta de 270.000, que recebem continuamente
radiação em níveis maiores do que em áreas não afetadas.
Na tabela ao lado, mostra-se o nível de
exposição à radiação em sievert21 acumulados em
20 anos (1986-2016). Para fins de observação, os
liquidadores mais expostos receberam nesse
período aproximadamente 100 mSV, o
equivalente a pouco mais de 9 tomografias de
corpo inteiro.
Apenas os liquidadores e os residentes de
áreas de risco (SCZs) receberam doses
consideravelmente acima aos níveis de radiação
normalmente recebidos por qualquer um em sua
vida habitual.
Por fim, a ocorrência de problemas de
saúde nas populações afetadas por Chernobyl,
especificamente os moradores de áreas
contaminadas e os que foram evacuados, é
percebida principalmente por um aumento
significativo nos casos de câncer de tireoide
daqueles que eram crianças e adolescentes
residentes de áreas próximas ao reator na época do
acidente. Isso foi em parte, influenciado pelo iodo
radioativo depositado no leite e ingerido pelas crianças, o que agravado pela deficiência
de iodo na dieta dessa região, fez com que o isótopo radioativo se acumulasse na tireoide.
Se a ingestão do leite não tivesse ocorrido nos meses seguintes ao do acidente, o aumento
de casos de câncer de tireoide provavelmente não ocorreria. Na Rússia, Belarus e Ucrânia,
foram diagnosticados 5.000 casos dessa doença nesse grupo.
21 Sievert é uma unidade de medida que leva em conta a quantidade de radiação ionizante absorvida, o
tipo de radiação e a susceptibilidade dos diversos órgãos e tecidos ao dano. No caso específico de
Chernobyl, a quantidade de radiação absorvida, medida em Grays (Gy) é semelhante à radiação
efetivamente recebida, medida em sieverts (Sv)
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Em todos os indivíduos expostos, observa-se também um aumento na prevalência
de catarata e mortes por problemas cardiovasculares, além de impactos na saúde mental
desses indivíduos.
Nos 3 grupos que mais receberam radiação, os liquidadores, os evacuados e os
moradores de áreas estritas, estima-se, segundo diversos estudos, aproximadamente 4.000
casos extra de câncer associados ao acidente, o que corresponde a um aumento de
aproximadamente 4% na prevalência de câncer em indivíduos desse grupo.
•••
8. Dossiês
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República Democrática da Alemanha (Alemanha Oriental) (Pró URSS) A
Alemanha Oriental era, inicialmente, a zona do
território alemão derrotado e ocupado pós Segunda
Guerra que coube à URSS, tornando-se uma república
independente em 1949. Juntamente com a
Checoslováquia, era um dos países mais ricos da região,
com um crescimento anual de 5%, apesar das
consequências do pós-guerra, com uma crescente
indústria automobilística, cinematográfica e siderúrgica, além do turismo, impulsionado
pela reconstrução e conservação de monumentos antigos históricos, datados, por
exemplo, do antigo Império Saxão. Foi um dos países do bloco Oriental que não
apresentou desabastecimento, visto que havia relações comerciais mais abertas com
países do ocidente, até mesmo a Alemanha Ocidental, além de portos e ferrovias terem
sido construídos e ampliados faculitando o escoamento de manufaturas. Havia, porém,
forte combate ao capitalismo através da adoção de diversas medidas, como o subsídio
de preços, o fechamento de muitas lojas e entidades privadas e a criação de empresas
coletivas. A energia vinha majoritariamente da compra do petróleo soviético por um
preço mais baixo do que o preço de mercado, fato que cessou durante a crise soviética
de 1980, o que gerou desabastecimento energético no país. Possuía algumas usinas
nucleares de baixa potência e com perceptíveis falhas de segurança, além de poucas
minas de carvão, e, no momento do comitê, planeja construir a usina de Stendal, a qual
seria a maior fonte de energia nuclear nas duas Alemanhas. Assinou um tratado com a
Alemanha Ocidental comprometendo-se a não produzir nem permitir a entrada de armas
nucleares no país, além de ter ratificado o Tratado de Não Proliferação. Portanto, a nação
é contra o armamento nuclear em quaisquer circunstâncias.
48
Os custos estatais com saúde aumentaram devido a doenças decorrentes da radiação, além
de que o medo da radiação e seu efeito em futuras gestações levou a uma diminuição da
taxa de natalidade do país.
O Brasil, com seu PIB per capita de cerca de U$1640,00, é uma república da
América do Sul. No Brasil predominam formas de produção de energia elétrica de
diversas naturezas, com destaque para a energia hidrelétrica amplamente utilizada no
país devido à gigantesca disponibilidade de recursos hídricos. Com os problemas
associados ao petróleo também ocorreu um crescimento rápido do uso da biomassa
como forma de energia, devido a incentivos governamentais e a disponibilidade de
recursos com a agricultura extensiva da região. Recentemente o Brasil revelou-se um
dos detentores de métodos para a produção de energia nuclear. Recém-saído de um
regime militar, o país neste período ainda passa por um estado de transição entre
regimes políticos.
República Socialista da Checoslováquia (Pró URSS)
49
Posteriormente, houve instalação da usina de Tremlin, próxima à fronteira com a
Áustria, gerando conflito com a nação vizinha, visto que a usina apresentava um design
semelhante ao usado em Chernobyl, tendo sido submetida à adaptações isoladas para
garantir a segurança dos trabalhadores. Já a usina de Dukovany, recém-inaugurada
(1985), possui uma alta capacidade energética e grande confiabilidade, fato que levou o
governo a estimar que, até os anos 2000, a energia nuclear poderia suprir cerca de 30%
da demanda local. O acidente nuclear de Chernobyl acentuou fortemente a discussão
sobre o uso de energia nuclear no país, um ano depois da construção de sua mais
poderosa usina. Tal fato ocorre devido aos impactos do acidente no país: houve uma alta
concentração no ar de elementos radiativos, a qual apenas voltou ao nível adequado nos
anos 90; um crescimento de 2% ao ano nos casos de câncer de tireoide, taxa superior a
de outros países contaminados no leste europeu, visto que o impacto de Chernobyl
localmente somou-se à herança do KS 150, além de diversos casos de leucemia
registrados; houve relatos de contaminação em alimentos como a famosa carne de javali;
e diminuiu-se a compra de produtos agrários vindos da URSS. Quanto às armas
nucleares, o próprio presidente tcheco afirma que o exército soviético, ao ocupar a nação
em 1968, instalou tal armamento em 3 bases militares secretas soviéticas no território
checo. O exército checo nunca teve acesso a tal armamento, que estava no local devido à
proximidade do país com a Europa Ocidental. A população local, com um ideal
altamente ligado aos movimentos em prol do combate ao autoritarismo e à intervenção
soviética, condena o uso de tal armamento, e o Estado ratificou o acordo de não
proliferação, em 1968. Apesar de apoiar os acordos feitos pelas grandes potências, como
o SALT I e II, é fiel à URSS ao alegar que as atuais propostas dos EUA representam
uma armadilha para deter o pesado armamento soviético sem desarmar o ocidente.
Busca, portanto, a existência de um acordo que seja benéfico à todas as nações.
50
República de Cuba (Pró URSS)
51
diálogo político com os EUA ao desaprovar o reaquecimento da corrida armamentista.
Com o potencial bélico aprimorado podia-se reforçar a doutrina Truman, que adotava
medidas intervencionistas, principalmente contra governos considerados
antidemocráticos, citando o próprio ex-presidente Harry Truman: “A fim de garantir o
desenvolvimento pacífico das nações, sem exercer pressão, os Estados Unidos assumiram
a maior parte na criação das Nações Unidas. Mas só concretizaremos nossas metas se
estivermos dispostos a ajudar povos soberanos na manutenção de suas instituições livres
e de sua integridade nacional contra imposições de regimes autoritários”. Os Estados
Unidos foram pioneiros no desenvolvimento de energia nuclear e apoiam maior
desenvolvimento desta forma de energia. A Segunda Guerra Mundial trouxe custos
inesperadamente altos no programa de armas nucleares (American Manhattan Project), o
que resultou em enorme pressão sobre as autoridades federais para desenvolver uma
indústria civil de energia nuclear que poderia ajudar a justificar as consideráveis despesas
do governo. Pesquisas sobre os usos pacíficos de materiais nucleares começaram nos
Estados Unidos sob os auspícios da Comissão de Energia Atômica, criada pela Lei de
Energia Atômica dos Estados Unidos de 1946. No que se trata do acidente nuclear de
Chernobyl, o vice-secretário de imprensa do presidente estadunidense, Ronald Reagan,
se pronunciou dizendo que os Estados Unidos tinham conhecimento especializado do
equipamento envolvido, níveis de radiação e dificuldades para acabar com os incêndios
contínuos na usina de Chernobyl. Além de prometer assistência humanitária e técnica ao
governo soviético, sua declaração também aumentou a pressão sobre Gorbatchev para
continuar a apoiar a glasnost, tornando-se mais aberta com as comunicações com o
Ocidente. Apesar disso, os Estados Unidos e a União Soviética não estavam do mesmo
lado. As narrativas soviéticas e ocidentais sobre tragédia diferiram drasticamente, pois
cada lado buscava uma vantagem estratégica. Enquanto os repórteres soviéticos tentavam
minimizar o incidente e desviar a sua gravidade com críticas aos Estados Unidos, mesmo
quando os seus próprios camaradas absorviam involuntariamente a radiação, os serviços
noticiosos ocidentais aproveitaram a oportunidade para envergonhar os soviéticos pelo
incidente. Apesar de toda a busca por superioridade, nenhum dos lados estava favorável
a conflitos diretos.
52
já havia realizado cerca de 146 testes com bombas atômicas, sendo que 27 deles foram
realizados na Árgelia e a outra parte foi realizada na Polinésia Francesa, no Oceano
Pacífico. Tanto na Argélia quanto na Polinésia Francesa, há pedidos de indenização há
muito tempo exigidos daqueles que alegam ter sofrido danos causados pelo programa de
testes nucleares da França. O governo da França negou consistentemente, desde o final
da década de 1960, que o dano a militares e civis tivesse sido causado por seus testes
nucleares. A França apresenta uma extrema dependência na energia nuclear. A indústria
de energia nuclear francesa foi chamada de "uma história de sucesso" que colocou a nação
"à frente do mundo" em termos de fornecimento de energia barata com baixas emissões
de gás carbônico. Como resultado direto da crise do petróleo de 1973, em 6 de março de
1974, o primeiro-ministro Pierre Messmer anunciou inesperadamente o que ficou
conhecido como o "Plano Messmer", um enorme programa de energia nuclear destinado
a gerar toda a eletricidade da França a partir da energia nuclear. Na época da crise do
petróleo, a maior parte da eletricidade da França vinha do petróleo estrangeiro. A energia
nuclear permitiu à França compensar sua falta de recursos energéticos nativos aplicando
seus pontos fortes em engenharia pesada. A situação foi resumida em um slogan: "Na
França, não temos petróleo, mas temos idéias". O plano previa a construção de cerca de
80 centrais nucleares até 1985 e um total de 170 instalações em 2000. O trabalho nas três
primeiras fábricas, em Tricastin, Gravelines e Dampierre, começou no mesmo ano.
Électricité de France (EDF), substancialmente detida pelo governo francês, é a principal
empresa de geração e distribuição de eletricidade da França, administra as usinas
nucleares do país.
República Popular da Hungria (Pró URSS)
` A República Popular da Hungria, fazendo fronteira a leste com a RSS da Ucrânia, com
a Iugoslávia a sudoeste, com a Tchecoslováquia a norte e a oeste com a Áustria, foi um
dos Estados de maior influência socialista em todo o período da Guerra Fria, tendo sido
criada em 1949. Economicamente, seguia o diretório soviético, com destaque para o fato
de que não acompanhou o favorável crescimento econômico no pós-guerra
experienciado por parte do bloco capitalista, apesar dos investimentos na indústria
automobilística, com índices de inflação crescentes que impediam a aquisição de
produtos manufaturados. Com poucas reservas de minerais em seu território, a Hungria
é dependente de outros países do bloco em relação a importações de petróleo e gás natural.
Em status ativo de operação desde 1982, a Central Nuclear de Paks, com 3 reatores
nucleares já em funcionamento e 1 em construção, é a única usina nuclear do país,
responsável por aproximadamente 30% da produção de energia nacional. Por volta de
1974 chegaram na Hungria as primeiras armas nucleares soviéticas a serem armazenadas
no país, sendo que durante os próximos anos seriam lá mantidos mísseis balísticos e seus
lançadores, além de ogivas nucleares. A presença de armamento soviético no território
húngaro não era um segredo, tendo este sido expostos em comemorações públicas no
ano de 1975.
53
República da Índia (Pró URSS)
54
Reino da Noruega (Pró EUA)
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Socialista Federativa da Iugoslávia. Ao contrário de alguns estados da Europa Oriental e
Central, que dependiam fortemente da União Soviética para sua libertação da Alemanha
nazista, a Iugoslávia emergiu após a guerra com um partido comunista forte e
independente, a Liga dos Comunistas da Iugoslávia. Nos anos imediatamente seguintes à
guerra, começaram a surgir tensões entre os governos soviético e iugoslavo. O líder
soviético, Josef Stalin, queria coesão e subordinação dentro do bloco comunista, mas o
presidente Tito tentou reconstruir a Iugoslávia em grande parte independente da
supervisão de Stalin. No final da década de 1940, o presidente da Iugoslávia, Josip Broz
Tito, ordenou o estabelecimento de um programa nuclear, considerando o
desenvolvimento da energia nuclear como fundamental para o desenvolvimento
econômico geral. Naquela época, nem os Estados Unidos nem a União Soviética estavam
dispostos a compartilhar seu conhecimento ou tecnologia nuclear.
Com isso, a Iugoslávia foi forçada produzir o seu próprio conhecimento e teconologia.
A pesquisa inicial da Iugoslávia beneficiou-se da colaboração com a Noruega.
Considerações de segurança foram um fator na decisão inicial de Tito de buscar uma
capacidade de armas nucleares. Temendo a retaliação de Stalin após a divisão entre os
dois países, Tito poderia ter pensado que um dissuasor nuclear desencorajaria uma
invasão soviética. Segurança, no entanto, não foi a única razão, e nem a mais importante.
Considerando a posição da Iugoslávia na época, o desejo de status internacional poderia
ter sido o fator decisivo. Na década de 1960, o presidente Tito encerrou o programa de
armas nucleares pela falta de resultados do programa e o grande gasto com as pesquisas
nucleares, que estava comprometendo a economia do país. No entanto, em 1974, depois
que a Índia, no qual a Iugoslávia competiu pela liderança do Movimento dos Países Não-
Alinhados (NAM), testou uma arma nuclear, o programa de armas da Iugoslávia foi
revivido novamente, embora a Iugoslávia se tornasse parte ao Tratado de Não-
Proliferação de Armas Nucleares (TNP) em 1970. Após a morte de
Tito, em 1980, a Iugoslávia continuou seu desenvolvimento de armas nucleares. Em
1981, sua primeira e única usina nuclear, a Nuklearna Elektrana Krsko (NEK), tornou-
se operacional. Em 1986, o Acidente de Chernobyl fez com que com que se encerrasse
essencialmente toda a investigação relacionada com a energia nuclear na Iugoslávia. O
programa nuclear da Iugoslávia não atingiu tanto sucesso e começou a se tornar mal
sucedido, por causa da falta de entusiasmo entre cientistas nucleares e recursos
financeiros insuficientes.
O Japão é um país formado por diversas ilhas, localizado na Ásia. Desde 1947, é
uma monarquia constitucional unitária com um imperador e um parlamento. Possui uma
das maiores populações do mundo, e é uma das maiores economias do mundo. Isso ocorre,
porque após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão passou por décadas de
recuperação. Com isso, teve um crescimento econômico espetacular até se tornar a
segunda maior economia do mundo, devido a investimentos do setor privado na
construção de novas fábricas e equipamentos e ao senso coletivo de trabalho, que deram
ao país uma alta taxa de crescimento média anual. Isso ocorre por uma série de fatores.
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Um deles, geopolítico, foi o medo de que o Socialismo avançasse sobre este país
completamente arrasado pela guerra. Outro fator, cultural, foi o investimento em
educação que formou e preencheu vagas no campo tecnológico. Desde o bombardeio de
Hiroshima e Nagasaki, o país tem sido um firme defensor dos sentimentos anti-nucleares.
Sua Constituição pós-guerra proíbe o estabelecimento de forças militares ofensivas e, em
1967, adotou os Três Princípios Não-Nucleares, excluindo a produção, posse ou
introdução de armas nucleares. Apesar disso, a ideia de que poderia se tornar uma
potência nuclear persistiu.
57
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte (Pró EUA)
58
Confederação Suíça (Neutro)
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opinião pública desfavorável e à repercussão negativa no setor nuclear do acidente de
Chernobyl.
A União Soviética (1922-1991) foi o primeiro país socialista do mundo. Com os planos
quinquenais stalinistas, o país, majoritariamente agrário, converteu-se em uma grande
potência industrial tendo crescimento até mesmo durante a era 1928-1940, uma das
maiores crises no mundo capitalista. Por conta da vitória na Segunda Guerra, os soviéticos
expandem seu poderio sobre o leste europeu, América e África, sob viés anti- imperialista.
Destacaram-se, em sua economia, as indústrias de petróleo, aço, automotiva, aeroespacial,
etc., sempre de acordo com as demandas da corrida armamentista e espacial. A era
60
soviética foi, até os anos 70, caracterizada por alta produtividade, taxas de desemprego
mínimas, investimentos no setor educacional, e por um programa habitacional de
construção de casas estatais. A catástrofe econômica inicia-se apenas nos anos 70, devido
aos altos gastos militares, mas foi controlada devido à crise do petróleo, detendo o país
inúmeras reservas petrolíferas concentradas nas regiões siberianas e do leste russo e sendo
sua economia beneficiada pelo aumento do preço de tal recurso. A crise foi novamente
iniciada no princípio dos anos 80 devido à catástrofe soviética na guerra do Afeganistão,
sendo a situação agravada pela queda dos preços do petróleo e gás. Tal fato gerou um
desabastecimento de produtos que levou o presidente Gorbatchev a iniciar uma abertura
econômica, a Perestroika, que não cessou a crise. A produção de energia elétrica sempre
foi de grande importância aos dirigentes locais, sendo fortemente destacada por Stalin e
Lênin, ocorrendo inicialmente em hidroelétricas e termoelétricas, essas movidas
inicialmente por gás e petróleo e depois por carvão. Com o Plano de Energia da URSS
determinou-se o início da produção de energia nuclear e o aprimoramento das usinas já
existentes. Um grande problema enfrentado pelos soviéticos foi o transporte de energia,
visto que 80% de seus recursos estão presentes em regiões desabitadas, além das grandes
distâncias entre minas de carvão registradas no território dificultar seu escoamento e
distribuição. A produção de energia nuclear se inicia nos anos 50 em resposta ao Projeto
Manhattan após o teste bem sucedido do primeiro dispositivo nuclear (RDS-1) testado
em 1949. O auge do programa bélico nuclear ocorre com a fabricação da bomba de
hidrogênio Tsar, a mais poderosa da história. Entre 1949 e 1990, a URSS testou 969
dispositivos nucleares que acarretaram grandes danos às áreas próximas e a seus
moradores, incluindo 214 bombas nucleares ao ar livre. A maioria destes testes, para
descobrir o potencial de dano duradouro das armas, ocorreu no Local de Testes de
Semipalatinsk (STS), no Cazaquistão, com aproximadamente 460 armas testadas, e expôs
centenas de milhares de cidadãos aos efeitos nocivos, sendo registrado um aumento de
50% de mutações em certas estruturas gênicas de residentes próximos ao local, levando
o STS a ser considerado um dos lugares mais contaminados do planeta.
Na Rússia, na península de Kola, elementos de combustível nuclear gastos geram
preocupação para a comunidade científica, contrariando o governo que afirma que
são seguros. No Quirguistão, os níveis de radiação são acentuados devido à
mineração de recursos como o urânio e o tório, realizada displicentemente. Quanto
ao acidente nuclear de Chernobyl, as ações do governo Gorbatchev já foram citadas
ao longo do guia. Por não confiar nos projetos de desarmamento que o Ocidente
propôs e receber uma negativa a seu projeto, a URSS manteve programas para
expandir seu arsenal, armando diversos países do bloco socialista. Mesmo não
concordando com a proposta do START I, estratégia do presidente Reagan para
desarmar o país, não obstante, assinou todos os recentes tratados de não proliferação,
vide SALT I e II. Deverá propor, no comitê, uma nova solução conciliatória.
FONTES
https://www.lemonde.fr/revision-du-bac/annales-bac/histoire-terminale/la-guerre-froide-
1947-1991_t-hrde78.html
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