Mensagem - Estrutura

Fernando Pessoa
Contextualização histórica e literária:
A escrita de Mensagem ocupou quase toda a vida de Fernando Pessoa – de 1913
a 1934, período de crescente crise nacional.
1928 – António de Oliveira Salazar é chamado ao poder na qualidade de
ministro das Finanças.
1932 – Salazar torna-se presidente do Conselho.
1933 – Inicia-se o Estado Novo, regime autoritário caracterizado pela repressão
e restrição das liberdades fundamentais.
1934 – Publicação de Mensagem, com a epígrafe “Benedictus Dominus Deus
Noster Qui Dedit Nobis Signum”, o que significa “Bendito sejas Deus nosso Senhor,
que nos deu sinal”, expressão latina comum em obras rosa-crucianas – um aviso e um
anúncio ao leitor: Mensagem é uma obra de símbolos.
Interpretação do título:
I) Mens agitat mores – Eneida de Virgílio - A mente move a matéria
• A nossa força de vontade, os nossos sonhos conseguem mudar o
mundo e as mentalidades.
• Objetivo de Fernando Pessoa: mudar as mentalidades de um Portugal
no poder de Salazar; mover as mentes através da poesia, transformar
a sua pátria.
• Se Portugal, na era dos descobrimentos alcançou fins marcáveis,
agora está apenas adormecido, é necessário acordá-lo.
• Figuras presentes nos poemas representa, exemplos de “Se já fomos,
podemos ser outra vez”.
II) Palavra “Mensagem” – 8 letras
• 8 – Número de pontas da estrela Rosa-cruz, estrela dos Templários.
Mesmo número de letras da palavra “Portugal” (título inicial).
Número que representa a harmonia.
Estrutura da obra:
Parte I – Brasão: Figuras que contribuíram para o crescimento de Portugal como
nação.
− Nascimento da pátria – Pai
− Belle sine Bello: “Guerra sem guerra”. Referência à energia do desejo e do sonho da
nação, não na guerra, mas sim no espírito guerreiro em vencer as batalhas,
alcançando o 5º Império.
• Os Campos: Sítios onde se deram as batalhas que deram a Portugal a sua
identidade.
 • Os Castelos: Sete castelos, sete figuras que nos deram nacionalidade na defesa
da pátria.
• As Quinas: Cinco figuras que se sacrificaram pela pátria, heróis sagrados em
honra e em desgraça – 5 chagas de Cristo.
• A Coroa: Nuno Alvares Pereira – Figura importante que permitiu o inicio da
dinastia de Avis.
• O Timbre: Grifo – leão + águia.
Infante D. Henrique – (cabeça do Grifo) O mentor dos
descobrimentos, a cabeça pensante, planeador dos descobrimentos,
criador de civilização.
D. João O Segundo e Afonso de Albuquerque – (asas do Grifo)
Concretizadores dos descobrimentos.
− 5 Subpartes: 3+2. Número da união, da harmonia e do equilíbrio. Símbolo do
Homem e do Universo, da ordem, da perfeição e dos cinco sentidos. Representa o
ser humano, soma dos 2 braços com as 2 pernas e com (1) o tronco. Sendo nessas 5
partes que Cristo foi atingido e sacrificado, as 5 chagas de Cristo.

Parte II – Mar Português: Poemas inspirados no sonho marítimo e na obra das

descobertas. Referência a personalidades e acontecimentos dos Descobrimentos que
exigiram uma luta contra o desconhecido.
− Realização em vida – Filho
− “Possessio maris”: “Posse do mar”. Coragem, o sonho de ir mais além, coragem em
enfrentar os mares e lutar contra o desconhecido. Vitória do querer e da sabedoria
sobre a ignorância. Pouca referência ao império físico e bens materiais.
• Vivência nos mares.
o Mostrengo e Adamastor – equivalência.
− 12 Poemas: Número do povo de Deus, do povo eleito: os 12 filhos ou as 12 tribos
de Israel, os 12 discípulos de Cristo.

Parte III – O Encoberto: Sebastianismo, esoterismo. Retrato de um país no nevoeiro,

na noite. Poemas que apresentam a imagem de um Império moribundo, com a esperança
de que a morte tenha o poder da regeneração, capaz de provocar o nascimento de um
novo império civilizacional, sábio, para além do material.
− Morte/Renascimento/Decadência (com a possibilidade e esperança de reviver) –
Espírito Santo
− “Pax in Excelsis”: Paz nas alturas/ Suprema paz. Mensagem de paz e fraternidade, o
desejado: a paz universal no Quinto Império.
• Os Símbolos: Grandes mitos portugueses.
• Os Avisos: Bandarra (profeta), Padre António Vieira, Fernando Pessoa –
esperança, crença no 5º Império*
*1º Império – Império Romano; 2º Império – Império Grego; 3º Império –
Império da Igreja; 4º Império – Império da Europa; 5º Império – Império da
intelectualidade, da sabedoria.
 • Os Tempos: 5 tempos
− 3 Subpartes: Número que expressa uma ordem intelectual e espiritual, uma união
entre Deus, o Universo e o Homem, representando a perfeição, a totalidade. Deus é
uma das três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; as fases de existência: nascimento,
vida e morte.