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ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA


CURSO DE AGRONOMIA
Disciplina de INTRODUÇÃO À AGRONOMIA

Algumas considerações sobre a Capacidade de uso


das terras, o Solo, os tipos de Erosão e sua origem
De quem é o solo? - O solo é um recurso natural que deve ser utilizado
como patrimônio da coletividade, independentemente de seu uso ou
posse. É muito instável quando modificado, tipo após desmatamento.
Exceto no cultivo hidropônico e/ou vertical, é indispensável para o cultivo
agrícola.
Por que se deve fazer a Conservação do Solo e da Água? - O objetivo é
manter e recuperar as condições físicas, químicas e biológicas,
estabelecendo critérios para uso e manejo das terras, de forma a não
comprometer a sua capacidade produtiva.
A regra básica, normal, é que a água seja infiltrada e armazenada no local
em que precipita, salvo exceções de solos rasos, e ou com pedregosidade
e nascentes ocasionais/sazonais.
A cobertura do solo com palhada e solos com elevados teores de matéria
orgânica são fatores de mitigação do processo erosivo, quando não de
impedimento e controle deste.
O uso indiscriminado das terras sem levar em consideração suas
potencialidades e os graus de sensibilidade dos agroecossistemas é uma
das principais causas da degradação dos solos, da erosão e da perda de
sua capacidade produtiva (PEREIRA, 2002).

O uso adequado das terras, de acordo com a sua capacidade de uso é o


primeiro passo em direção à agricultura correta. Para isso, deve-se
empregar cada parcela de terra de acordo com a sua capacidade de
sustentação e produtividade econômica, de forma que os recursos
naturais sejam colocados à disposição do homem para seu melhor uso e
benefício, procurando, ao mesmo tempo, preservar esses recursos para
gerações futuras (LEPSCH et al. 1991).

O sistema de capacidade de uso desenvolvido por LEPSCH ET AL., 1991)


um dos mais adotados no Brasil. Neste sistema consideram-se
informações básicas existentes do tipo de solo, relevo, uso e clima.
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Este sistema está estrutura em grupos, classes, subclasses e unidades. Os


grupos constituem categorias de nível mais elevado, estabelecidos com
base na maior ou menor intensidade de uso das terras, designada, em
ordem decrescente, pelas letras A, B e C.
Grupo A: considera as terras próprias para lavouras, pastagens e/ou reflorestamento
abrangendo quatro classes:

 Classe I: Terras passíveis de cultivos intensivos e sem problemas especiais de conservação


e/ou melhoramentos químicos.
 Classe II: Terras com pequenas limitações, com problemas simples de conservação e/ou
melhoramentos químicos.
 Classe III: Terras com limitações tais que reduzem a escolha dos cultivos e/ou necessitam
de práticas complexas de conservação e/ou melhoramentos químicos.
 Classe IV: Terras com limitações severas para cultivos intensivos, cultivadas com lavouras
anuais ocasionalmente e com cultivos perenes protetoras quanto a conservação do solo.

Portanto, as, culturas anuais são indicadas para as classes I a III, sendo possível na classe
IV desde que ocasionalmente como na implantação de culturas perenes, ou na reforma das
pastagens, culturas perenes e semiperene (café, fruticultura, cana-de-açúcar) podem
englobar até a classe IV.

Grupo B: inclui as terras impróprias para lavouras, mas adaptáveis para pastagens,
silvicultura e refúgio da vida silvestre:

 Classe V: Terras sem práticas especiais de conservação, mas com outras limitações porque
possuem risco de inundação frequente devido ao encharcamento.
 Pastagens e reflorestamento são seus principais usos após a drenagem.
 Classe VI: Terras com limitações tão severas quanto a degradação que são impróprias para
cultivos, por isso pastagens e reflorestamento são os usos recomendados.
 Classe VII: Terras com limitações com problemas complexos de conservação de solos e
impróprias para culturas, pastagens e reflorestamentos são os usos indicados.

Portanto, as terras da classe V possui limitação de excesso de água, as de classes VI e VII


erosão e/ou baixa fertilidade natural são os principais problemas e nessas condições não
são recomendadas para culturais anuais, mas podem ser adaptadas para pastagens e
reflorestamento.

Grupo C: engloba terras impróprias para exploração econômica, servindo para


recreação:

Classe VIII: Terras impróprias para lavouras, pastagens e reflorestamento servindo apenas
para a fauna e flora.
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As figuras 2 a 5 ilustram exemplos de paisagens e solos enquadrados nas classes de


capacidade de uso de I a VIII.

Na figura 2, a classe I pode ser representada pelo Latossolo Vermelho eutrófico típico
textura argilosa num local com declividade de 0-3%, ao contrário da classe IIe onde o
mesmo ocorre em local com declividade de 3-6%.

Na figura 3, IIIe representa o Argissolo eutrófico típico abrupto textura arenosa/média


quando ocorre num local com declividade de 6 a 12%, o mesmo solo enquadra-se como IVe
se ocorrer onde o declive varia de 12 a 20%.

Por outro lado, na figura 4 o Gleissolo Háplico eutrófico típico textura muito argilosa
enquadra na capacidade de uso Va, o Neossolo Litólico eutrófico típico no relevo com
declividade de 6-12% enquadra-se como VIe.

Finalmente, na figura 5, o Neossolo Litólico eutrófico típico enquadra-se na capacidade


de uso VIIe onde a declividade varia de 12-20%, esse mesmo solo como enquadra-se como
VIII no relevo com declividade acima de 20% .

Figura 2. Classes de capacidade de uso I e IIe.


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Figura 3. Classes de capacidade de uso IIIe, e IVe.

Figura 4. Classes de capacidade de uso Va e VIe.

Figura 5. Classes de capacidade de uso VIIe, e VIII.


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FRANÇA (1980), recomenda o estudo da capacidade de uso das terras baseado em mapas
pedológicos detalhados, semi detalhados ou reconhecimento de alta intensidade) e não
nos generalizados (exploratório, reconhecimento de baixa e média intensidade).

DEMÈTRIO destaca que no cálculo da nota agronômica de uma propriedade agrícola


visando saber o valor da terra nua pelo método comparativo, é fundamental associar o
conhecimento da capacidade de uso das terras com a localização e qualidade das estradas
de acesso a propriedade.

LEPSCH et al ,1983) consideram como “melhoramentos menores” os de fácil alcance aos


agricultores tais como a aplicação de corretivos, fertilizantes, como “melhoramentos
maiores” a construção de “polders” para controle de inundações como exigidos nos
projetos caros financiados por órgãos governamentais.Na classificação da capacidade de
uso, os autores lembram que sempre deve-se considerar o nível de manejo médio ou alto,
quando baixo não justifica uma adequada conservação dos solos.

Fonte: http://www.pedologiafacil.com.br/enquetes/enq47.php
Respeitando a capacidade de uso das terras e outras medidas
de proteção do solo, a exemplo da manutenção da palhada na
superfície, certamente o solo estará resguardando dos efeitos
danosos da erosão, aumentando a disponibilidade de água e
nutrientes, estimulando sua atividade biológica e criando
condições adequadas para o desenvolvimento das plantas.

Erosão é o processo de desprendimento e arraste acelerado das partículas


do solo causado pela água e pelo vento e principal causa da queda
quantitativa e qualitativa na produtividade e produção agrícola. É uma
ameaça constante à Agricultura Sustentável.
Fatores que causam a EROSÃO
• Retirada da cobertura florestal
• Manejo intensivo e/ou inadequado do solo
• Cultivo “morro abaixo”
• Queimadas intensas
• Superpastejo
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Tipos de Erosão:
1) Geológica
2) Eólica
3) Hídrica
i) Laminar (ou lavagem superficial ou entre sulcos): remoção uniforme de
uma camada superior de todo o terreno. Podem ser Ligeira (< 25% hor. A)
Moderada (25 a 75%) e Severa (> 75% A; ap. B)
ii) Em sulcos: resulta de irregularidades na superfície do solo devido à
concentração da enxurrada em determinados locais. Frequência
ocasionais frequentes muito frequentes Profundidade superficiais rasos
profundos muito profundos (voçorocas)
iii) Voçorocas (boçorocas ou ravinas) = terra rasgada: “forma espetacular
da erosão”. Vales de erosão onde a remoção é rápida a ponto de não
permitir o desenvolvimento da vegetação. ravina – processos erosivos de
origem geomorfológica, constituindo a rede natural de drenagem das
águas voçoroca – processos erosivos acelerados Sulcos e voçorocas
dificultam ou impedem o trabalho das máquinas agrícolas.

IMPORTANTE:
A erosão hídrica é, na maior parte do planeta, a mais importante forma de
erosão e é causada pela chuva e pelo escoamento superficial, sendo
afetada por um grande número de agentes naturais e antropogênicos.
Pode ser expressa como a relação existente entre a erosividade da chuva
(fator ativo) e a erodibilidade do solo (fator passivo)

Laminar (+sulco)
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tipo Sulcos

Voçorocas

IMPORTANTE SABER E LEMBRAR:


O impacto das gotas de chuva nos agregados dos solos (descoberto) é o
fator gerador do processo erosivo. Além de causar a ruptura dos
agregados, as partículas menores preenchem os orifícios do solo, selam a
superfície e favorecem o escoamento das águas. O tamanho, a forma e o
formato dessas gotas é que irão desagregar mais ou menos o solo.
DETALHE: Quanto maior o nível de matéria orgânica no solo e de palhada
na superfície (cobertura do solo) menor será a susceptibilidade deste à
erosão.

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