Fazer download em pdf
Fazer download em pdf
Você está na página 1de 18
Universidade de Coimbra Faculdade de Economia Centro de Estudos Sociais Programa de Mestrado e Doutoramento “Pés-Coloni, e Cidadania Global” jismos Lourengo Cardoso O branco “invisivel”: um estudo sobre a emergéncia da branquitude nas pesquisas sobre as relacées raciais no Brasil (Periodo: 1957 - 2007) Dissertagao apresentada como requisito para obtengao do titulo de Mestre em sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra/Centro Estudos Sociais sob a orientacao do Professor Doutor Boaventura de Sousa Santos Coimbra Maio/2008 indice Prefacio 21 PARTE I - PESQUISADOR BRANCO: “OBJETO” NEGRO REBELADO Capitulo 1: As relagdes raciais no Brasil 1. Prdlogo 2. Raga, negro e branco sem aspas 2. 1 Os termos raga, negro, racismo e étnico/racial na producao académica brasileira 3. A idéia de raga na sociedade brasileira. 3.1 A ideologia do branqueamento.. 3. 1. 2 Embranquecer é enegrecer. 3. 1.3 A raca € inferior, portanto embranquece 4. 0 mito da democracia racial 4.1 0 preconceito de raga existe... 4.1.1 Preconceito, discriminagao e desigualdade racial no Brasil ...........:::+ssss00 4.1.2.0 persistente racismo no Brasil... 5. Epilogo Capitulo 2: O negro rebelado e 0 movimento negro 1. Prélogo: 0 negro rebelado ... 2. Frente Negra Brasileira. 3. O Teatro Experimental do Negr 4, Movimento Negro Unificado .. 5. Zumbi 300 anos e a elaboragao de politicas anti-racistas. 74 6. 0 movimento negro na produgio académica brasileira 6.1 Género € raca..... 6.2 Movimento negro: forga versus fragilidade. 7. Epilogo .. Capitulo 3: O Estado brasileiro e o combate ao racismo 1. Prélogo .. . 2. O Estado brasileiro alterna perfodos de democracia com periods de ditadUta..n..0m 91 3. Conselho de Participagdo ¢ Desenvolvimento da Comunidade Negra ....essssssssessseese 95 4, Secretaria Especial de Politicas de Promogio da Igualdade Racial 5. Politicas de agao afirmativa. 6. As ages afirmativas na produgao académica brasileira .. 7. Debate nacional sobre as politicas de ago afirmativa 8. A discriminagao “justa” uma forma emancipatéria de utilizar a raga 107 PARTE II - “PROVINCIALIZAR” O BRANCO Capitulo 4: Os principais temas sobre as relagoes raciais 1. Procedimentos metodolégicos 15 2. Hipéteses de trabalho ... 118 3. Auto-reflexao. 118 3.1 Negro: usos & sentidos.. 123 4, Quadro geral da produgo académica brasileira sobre relagdes raciais 127 5. Os temas apontados pela pesquisa dos resumos de teses e dissertades (Universidade de So Paulo: 1957-2006) 136 6. Breves consideragies finais......sscssesreetemeneninneniatieistneieintienetnenennesss 143 Capitulo 5: A produgao académica nas cinco regiées 1. A pesquisa no Brasil 147 2. Resultados e discussao_ 155 3. Apontamentos da pesquisa . 160 4. Epflogo 169 Capitulo 6: A branquitude no Brasil 1, Prdlogo .. 173 2. A branquitude nos Estados Unidos. 174 3. O conflito do branco anti-racista some evnnnsennnnnsennnnsi wo TS 4. A branquitude acritica: a superioridade racial e a pureza nacional 178 5. Branquitude: privilégio & diferencas 180 6. A branquitude como “propriedade” e outros “ganhos materiais’ 183 7. O branco como grupo minoritério: a branquitude na Africa do Sul 184 8. A branquitude no Brasil... 188 8.1 0 branco “invisivel"? 190 8.2 A “patologia social do ‘branco’ brasileiro”: um artigo pioneiro 191 9. A branquitude implicita ¢ intelectuais “brancos” ou nao negros . 194 10. Epflogo: a emergéncia da branquitude 198 Concluséo O pesquisador sob suspeita: auto-reflexdes fins wosrennnnnnnnnnnnee 204 Provincializar 0 branco. 207 O branco “invisivel” por interesse e ignordncia .. 210 Bibliografia geral .. 211 Apéndice 229 Prefacio Nesta ertagdo, parti da seguinte hipétese: 0 branco enquanto tema, nos estudos sobre as relages raciais no Brasil, € praticamente uma auséncia. Apés a pesquisa que realizei nos resumos de tes: € dissertagdes das universidades brasileiras, principalmente da Universidade de Sao Paulo, pude perceber que o branco enquanto tema nao se encontrava completamente ausente. Na realidade, depois de um perfodo de auséncia — de 1957 & 2002 -, branquitude tornou-se um tema emergente. © termos “ausente” ¢ “emergente” serdo empregados no decorrer desta dissertagdo com o sentido que Ihes di Boaventura de Sousa Santos quando propugna uma sociologia das auséncias ¢ das emergéncias (Santos, 2006c: 86-125). Foi com base nesse referencial te6rico que desenvolvi a minha hipétese central de trabalho. Esta dissertagdo esté dividida em duas partes. Na primeira parte, com base em fontes secundarias, apresento os principais temas em discusso no Ambito das relagdes raciais: raga, movimento negro, racismo, politicas de ago afirmativa, entre outros. Na segunda parte, concentrar-me-ei em apresentar os detalhes da pesquisa realizada. Farei a exposigao dos dados levantados junto & Universidade de Sao Paulo ¢ junto a outras vinte e nove universidades nas cincos regiées brasileiras: Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. No levantamento bibliogréfico encontrei apenas dois trabalhos semelhantes a pesquisa que realizei. Os livros Cem anos e mais de bibliografia sobre 0 negro no Brasil organizado por Kabengele Munanga (org., 2002), e Teses e dissertagées sobre desigualdades educacionais ¢ agdo afirmativa (2006) de autoria de André Brandao. A publicagio de Munanga consistiu em uma exposigdo extensa da bibliografia sobre o negro na sociedade brasileira, porém, sem aspiragdo de analisé-la (Munanga [org.], 2002: 1-3). No que diz respeito ao trabalho de Brando, resume-se a uma exposigao de quarenta e nove resumos, de cinquenta e uma teses € dissertagdes de dezoito universidades de quatro regides brasileiras que séo: Nordeste, Centro-Oeste, Sul ¢ Sudeste ficando de fora a regiéo norte do Brasil (Brandao, 2006: 5-40). O trabalho que apresento aqui se distingue por duas razGes principais: (1) procura ser mais completo estendendo a andlise para alcangar as cinco regides brasileiras; ¢ (2) € um trabalho analitico que relaciona os dados levantados sobre as teses e dissertacdes com 0s temas em debate sobre as relagdes raciais nomeadamente o tema da branquitude. Na trajetéria da minha dissertagdo, pude primeiramente perceber que os textos académicos publicados e consolidados sobre as relagdes raciais levam a supor que a 2 O branco “invisivel” branquitude seria uma auséncia no estudo sobre a tematica racial na sociedade brasileira, sobretudo se a andlise se restringir A quantidade de textos publicados com este tema. Com a intengao de testar melhor a hipétese dessa suposta auséncia, direcionei a pesquisa para as teses e dissertagGes. A andlise desta produgdo académica pode trazer mais elementos que 0 Ievantamento da literatura consolidada uma vez que, em sua maioria, estes textos ainda nao foram publicados. Apesar da minha intengao, ao realizar essa pesquisa, ter sido refletir sobre 0 aleance da preocupagao acerca do tema branquitude na produgdo académica brasileira em todas as reas, somente encontrei produgdes nos seguintes campos: Ciéncias Humanas, Ciéncias Sociais Aplicadas, Saude e Linguistica, Letras e Artes. A branquitude refere-se & identidade racial do branco. Ruth Frankenberg, umas das principais estudiosas desse tema, define-a “como um lugar estrutural de onde o sujeito branco vé os outros, e a si mesmo, em uma posigio de poder, em uma geografia social de raga, € como lugar confortével e do qual se pode atribuir ao outro aquilo que nao se atribui a si mesmo” (Frankenberg apud Piza, 2002: 71; Frankenberg, 1999b: 43-51; 2004: 307-338). Os estudos sobre a branquitude problematizam o branco enquanto tema. Esse fato € relevante porque, ao contribuir para que se problematize tanto o branco quanto o negro, pode repercutir no maior aprofundamento dos estudos sobre as relagdes raciais no Brasil (Ramos, 1995[1957]c: 163-211). A branquitude enquanto tema seré detalhada no Capitulo 6 [A branquitude no Brasil]. Esta disserta (4 estruturada em seis capftulos, mais introdugio conclusiio, em que desenvolverei a hipstese central que sustenta que a branquitude seria uma emergéncia nas pesquisas sobre as relagdes raciais ¢ outras cinco hipéteses que serio apresentadas no Capitulo 4. No Capitulo 1, com base na literatura sobre as relagdes raciais tratarei detalhadamente do conceito de raga, considerada como categoria analitica e de luta. Seré apontado quando a idéia de raga surge no contexto brasilero, serdo detalhadas as ideologias do branqueamento ¢ 0 mito da democracia racial finalizando com uma discussao detalhada sobre 0 racismo no Brasil a0 mencionar as distingGes entre os conceitos preconceito, preconceito de raga, discriminagio racial e desigualdades raciais. No Capitulo 2, o principal tema abordado seré o movimento negro comecando pelo resgate da rebeldia escravizada no perfodo colonial ¢ a sua conflituosa inserg40 no mundo do mercado de trabalho. Serdo também apresentadas trés importantes organizagdes negras que so a Frente Negra Brasileira; 0 Teatro Experimental do Negro e 0 Movimento Negro Unificado. rambém serd abordado papel da mulher negra na produgio das pesquisas e, por fim, seré realizada uma reflexao apontando as forcas e as fragilidades do movimento, @ Prefécio No Capitulo 3, seré tratado o papel do movimento negro articulado com Estado brasileiro, abordarei o Conselho de Participagio da Comunidade Negra; a Secretaria Especial da Igualdade Racial. O principal enfoque, desse capitulo, sera a abordagem das politicas de agio afirmativa. No Capitulo 4, sera apresentada a pesquisa, os procedimentos metodolgicos adotados € as hipéteses de trabalho. Serdio apontados os principais temas sobre as relagdes raciais no Brasil com énfase na Universidade de Sao Paulo, além de realizar uma auto-reflexao sobre a pesquisa No Capitulo 5, prosseguirei com a apresentagao da pesquisa preocupado em perceber as diferengas regionais dos dados levantados, Os resultados sdo apresentados nas cinco regides brasileiras: Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Neste capitulo serio refletidas outras hipéteses secundarias que nao esto relacionadas com as hipéteses principais desta dissertagao, No capitulo 6, 0 tema principal € a branquitude no Brasil, sero abordados a branquitude nos EUA; 0 conflito do branco anti-racista e a branquitude acritica ~ referente & branquitude expressa em grupos neozistas, ou grupos xenéfobos. Também seré abordada em detalhe a branquitude no Brasil. A idéia de que o branco nao se enxerga como ser racial serd questionada c se perceberd que a branquitude ja havia sendo abordada no Brasil de maneira implicita, isto é, com as pesquisas realizadas em populagGes brasileiras de origem italina alema, sem necessariamente classificar essas produgées como temitica racial. Na conclusao, refletirei sobre a relevancia da emergéncia da branquitude nas pesquisas sobre relagdes raciais no Brasil (Ganley, 2003: 12-30; Sovik, 2004b: 315-325), Iustifico a primeira parte do titulo desta dissertagdo [0 branco “invistvel” da seguinte ‘maneira: a suposta “invisibilidade”, que nio significa auséncia de privilégios; destacando-a pretendo suscitar a reflexo sobre as consequéncias dessa ficticia nvisibilidade”, porque contribui para a manutencdo dos privilégios que os brancos obtém devido ao racismo (Frankenberg; 2004: 307-338). Ao questionar essa “invisibilidade”, objetivo seguir na dire¢do da aboligdo do racismo (Santos, 2002b: 352; Guimaraes, 2003b: 251-268). Esta dissertagdo também possui como referencial teérico estudos conhecidos como pés-coloniais. Considera-se 0 livro Orientalismo de Edward Said 0 marco fundacional da 6tica pés-colonial. Essa perspectiva teria comecado a ser esbogada por Frantz Fanon ao procurar descrever a modernidade pelo ponto de vista do negro ¢ do colonizado (Costa, 2006: 85), Santos aponta que o viés marcadamente culturalista dessa linha de estudos pode levar ao ocultamento da materialidade das relagGes hist6ricas, sociais ¢ politicas (Santos, 2006f: 35). 2 O branco “invisivel” Esse autor também chamaré a atengdo para pecularidades do colonialismo de matriz portuguesa, que resultaria em andlises nos respectivos territ6rios pés-coloniais, que podem destoar das teorias hegem@nicas com base no colonialismo briténico. No decorrer desta dissertagdo dialoguei com autores como Frantz Fanon, Albert Memmi, Paul Gilroy ¢ Stuart Hall que so referéncias das linhas das teorias pés-coloniais também dos estudos culturais. Um dos didlogos centrais com esses autores refletem-se na idéia de raga. Nos capitulos 1 ¢ 3, detalho essas discussdes, somente adianto que esses autores foram relevantes para chamar a atengdo para a critica ¢ auto-critica da utilizagdo da idéia de raga, mesmo quando se trata de uma utilizagao politica que seria o caso do “essencialismo estratégico”, abordado especialmente em minha auto-reflexao no Capitulo 4. on Pesquisador branco: “objeto” negro rebelado essencialista. Além disso, mesmo que a raga seja uma idéia que 0 opressor criou a meu respeito, ainda estou convencido de que, no Brasil, a raga é uma idéia importante na luta contra o racismo. Lutar pela aboligao do ra 12-116; Gomes, 2006a: 1-79). smo é uma maneira emancipatéria da utilizagao do conceito raga (Santos, 2002b: Muitos movimentos sociais, em sua luta, utilizam a identidade coletiva de maneira emancipatéria. No caso particular do movimento negro brasileiro, no debate acerca das politicas de ago afirmativa ~ tema que seré abordado no Capitulo 3 -, a utilizagdo do conceito raga como construto social é um exemplo do uso de determinados conceitos em uma perspectiva emancipatéria. Refiro-me & emancipacdo com o mesmo sentido que propugna Gomes: ‘A emancipagio entendida como transformagéo social e cultural, como libertacio do ser hhumano, esteve presente nas ages da comunidade negra organizada, com todas as tenses € contradigbes préprias desse processo, tanto no perfodo da escravidio, quanto na pés- aboligio e a partir do advento da Republica (Gomes, 2006a: 7) 2. 1 Os termos raca, negro, racismo e étnico/racial na produgao académica brasileira A pesquisa realizada, a ser apresentada na Parte II, mostra que o conceito raga — como construto social ~ é utilizado, de longa data, nas produgGes sobre relages raciais. A primeira dissertagdo encontrada com utilizagdo desse termo aparece no ano de 1957. De todos os termos, raga é 0 de utilizagdo com registro mais antigo nas teses € dissertagdes. As categorias negro, racismo e étnico/racial sio utilizadas de forma recorrente, Adiante, na Tabela 1, sistematizo 0 momento em que os temos raga, negro, racismo ¢ étnico-racial aparecem nas teses e dissertagdes das universidades pablicas brasileiras. A tabela agrupa as universidades de acordo com regido do Brasil a que pertencem. Na regido norte ndo foi encontrado registro de utilizagao do termo étnico/racial. ‘Tabela 1 — Quadro geral da emergéncia de quatro termos fundamentais na produgao académica sobre relagGes raciais no Brasil Termo Universidade ‘Aparece em Subarea 1) UFMG (Sudeste; Mestrado, Ciencias i Rage Humana) 1997 Educagio 2) UFRI (Sudeste; Mestrado; Ciéncias Socials — as [racial] Aplicadas) agi 3) UFSCAR (Sudeste; Mestrado, Ciencias — en Humanas) a 4) UNICAMP (Sudeste; Mestrado, Linguistica, Letras ¢ Artes) 2008 Letras 32 Termo Universidade ‘Aparece em Subarea S) USP (Sudeste; Mestrado; Cigneias Humanas) 1957, (Giéncias Socials 6) UFRGS (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 1999 Histéria 7) UFSC (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 1995 Educagao 8) UFMS (Centro-Oeste; Mestrado, Ciéncias HB Bducagto Humanas) 9) UNB (Ceniro-Oeste; Mestrado; Ciéncias a ra ‘Humanas) 10) UFPA (Norte, Mestrado; Ciéncias Humanas) 2004 ‘Antropologia TI) UFBA (Nordeste; Mestrado; Ciéncias a ns ‘Humanas) 12) UFCE (Nordeste; Mestrado; (Saide 1995 Medicina DRC) pees Ciéncias as Sociologia ere ee ear Giéncias FB eras Termo Universidade ‘Aparece em Subdrea 1) UERI (Sudeste; Mestrado, Linguistica, Letras] 99 an Negro Artes) 2) UFES (Sudeste; Mestrado, Linguistica, Letras =D Tama ¢ Artes) 3) UFMG (Sudeste; Mestrado, Linguistica, Letras a Tama ¢ Artes) 4) UERI (Sudeste; aa Linguistica, Letrase | 97g Tan 5) UFSCAR (Sudeste; Mestrado; Ciéncias a Bducagio ‘Humanas) 6 UNICAMP (Sudeste; Doutorado; Ciéncias Pan Giana Humanas) 7) USP (Sudeste; Doutorado; Ciéncias Humanas) 1961 (Ciéncias Socials 8) UFRGS (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 1987 Educagio 9) UFSC (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 1991 Historia 10) UFMTT (Centro-Oeste; Mestrado; Ciéncias aa ere ‘Humanas) a ae eee ae aes FB Bducagio fumanas) 12) UNB (Centro-Oeste; Mestrado; Ciéncias a as ‘Humanas) 13) UFPA (Norte; Mestrado; Ciéncias Sociais 003 : "Aplicadas 2003 Direito 14) UFBA (Nordeste; Mestrado; Ciéncias an Giese Grats ‘Humanas) 15) UFCE (Nordeste; Mestrado; (Satie) 1995) Medicina 16) UFPB (Nordeste; Mestrado; Ciéncias| ‘Humanas) 1985 Sociologia 17) UFPE (Nordeste, Mestrado; Ciéncias HB ae ‘Humanas) 18) UFSE (Nordeste; Mestrado; Ciéncias aS rar ‘Humanas) 19) UFMA (Nordeste; Mestrado; Cigncias Sociais | j 999 Politicas Paiblicas Aplicadas) (Servigo Social) 1) UERI (Sudeste; Mestrado; Ciéneias Humanas) 2005. (Gigncias Socials 33 Pesquisador brani 2 “objeto” negro rebelado Termo Universidade ‘Aparece em Subarea Racismo 2) UFMG (Sudeste; Mestrado; Ciéncias a arene ‘Humanas) 3) UFRI (Sudeste; Doutorado; Ciéncias Soci a ‘Aplicadas) 2000 Comunicagio 4) UFSCAR Sree Giéncias aa Edwcagio S)UNICAME(Sudesay HEE Giéncias pane Pern ©) USP (Sudeste; Mestrado; Ciéneias Humanas) 1991 Educagio 7) UFRGS (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 2001 Educagao | 8) UFSC (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 1997 Historia 9) UNB (Ceniro-Oeste; Mestrado; Ciéncias Tan “Antropotogia Humanas) 10) UFPA (Norte, Mestrado; Ciéncias Humanas) 2006 Ciéncias Sociais 11) UFBA’ Res Ciéncias a Gansta 12) UFCE (Nordeste; Mestrado; Linguistica; Letras e Artes) 2004 pees BOE as a Seas 2006 Ciéncia Politica Termo Universidade ‘Aparece em Subarea 1) UFMG (Sudeste; Mestrado, Cigncias eH Educagdo Humanas) 2) UFRI (Sudeste; Mestrado; Ciéncias Humanas) 2002 Educagio 3) UFSCAR (Sudeste; Mestrado; Ciéncias aa Bducagio ‘Humanas) 4) UNICAMP (Sudeste; Doutorado; Cigncias ai Bducagio [Etnia Humanas) e |S) USP (Sudeste; Doutorado; Giéncias Humanas) 1986 ‘Antropologia raga] ul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 2001 Educagio SC (Sul; Mestrado; Ciéncias Humanas) 2000 ‘Antropologia cei oe are arm ‘Antropologia fumanas) 10) UFBA. (Rondese; Mesto: Ciéncias 1990 Ciencias Sociais 11) UFCE Rordese; Mestad: Cigncias 1995 Bducagio DYURPB Words Mest; Géncias 1995 Sociologia 13) UPMA (Nordeste; Mestrado; Cigncias Sociais |; 999 Politicas pablicas| Aplicadas) (Servigo Social) Abaixo, os grificos 1, 2, 3 ¢ 4 apontam a emergéncia dos termos: raga, negro, racismo ¢ étnico-racial nos estudos sobre as relagdes raciais no Brasil (Santos, 2006c: 86-125), 6 ag ra oEe 1 SE e [| % | we GLE ‘aisopng | L00¢— 2561 L sanava svavixos = . ow |e | m 1 a [© | | « on eens | o00c— 1561 | ap nes au | oo | ow |—— 1 rn uu casas | cove 0002 ee ee ee ee mi a asvens | 9o0c-co0c | oes 27 rnp tomeuen ay s | oa | oo a u | | asses | cooe-scot | ap org ap esspe3 apEpIsUDAUA (p sD a |x | « |— 7 a | a s ans | ooc—raot | sen sp more pennant a 0 9 9 9 asspng | sooc— 6661 | oMardsy op Texpag apeprss9aquyy (Z a 7 eee —| s | o se assens | cone—<66t | >P ont op enPeiy Crane aN Oust | P| opens ones soavanyaat | ISTHE Son ro somtvayar | od. | oaopraa | savarswaamsa ; SOWTVIOL | yrs Sod. | SOmivavarsod v VIOL VZaILYN, OVSVALNIINOD AG SVRAY arsapng :ouroy stersea saoSepoa aaqos eajopsesq eoqugpere ovsnpoad ep [e103 oxpend — | PGE, Super soodepar se o1qos semTDy Sted pu 5 oe steysea saoSepoa aaqos eajopsesq eoquapese ovsnpoad ep [e103 oxpend — 7 EPPGET, & SE m= 9 z ST WF @ TS [9000 = E867 € SaLavd sya vixos em 87 ¥ an @ I 6 uu lia ins ques ap Terepad 9002-1661 | Peprsroatun (¢ TAS op aurea si Ie 6 ’ I 9 o or Ins - ong op rez0pa 9002 €861 | spepissoatun (7 aera sea (ee |e | a = ins == op rexopaut apepissoatun (TE s THAIN *OdSId | ope:0mnog | opensoyy stsos | opnes ‘pugly | SOGVsNVAST | TISVEE sow sn sowivaval | od | odoyaaa | aavaiswaaina -asaa soaivioL | oyi9aa soa'l | SOHIVaVaL soa . Mion | Oynvs OVO VALLNADNOD 4a SvaRAy t soy ‘ODUBAq 0 , Ae lel 5 - a ue er 9 oT e ws 18 onus | 9002- #461 O Sanava svd VINos 9 | ae rn , a0 | ERISEIG OP ue el o 91 za lp SL onusy | 9002-#261 | speprssoatuy (p J amo |S THS OP OSs035) 0 0 7 € € anuay | $00¢- 000 | orev oP rex9pag apeprsiaamun (€ ansoy aD 0 0 € U z € Gnusy | 9002-1002 | ore op rex9pau “ apepissaauy (7 a ee ee cc ce 0) cans | S¥I°D 2 eIpar — -onusg apeprsiaanuy (1 s THAIN soupy say | seurungy “OdSId | epee | opensow | Secta apnes | oven: | tp. | SOGVINVAST | TISVHE SOW ° ® ° |‘sowivaval | oa | oaoyaaa | aavatsaaaina “asm aqtvio1 | oyroaH sod'l | soHIvavaLL soa F social Raeraras OVS VaLLNAONOD a svaRIy aysaQ-osquay :0¥ oy steysea saoSepoa aaqos eajoysesq eoquapere ovsnpoad ep [e103 oxpend — ¢ PGE, Super soodepar se o1qos semTDy Sted pu 5 zl CL = r r 9 SHON | 9007 — 6661 L Sauvd Svd VINOS ‘SUBUEDOL, wo oo | | oo oo po | ooo es ap apeprssaattin (L ‘eIUOPHO au0N, ep resopart apeprszoatan (9 #deury op (ex0paq eN (00e apepissoarun (S HHUREION 9p TeAOPIT SHON apepiszoatun (p ‘vata OP EOP ON | 9002-6661 | Spepissastun (¢ seuOTeUTy BUON | ween op rexpag, apepss9aran (7 SPY OP TesOpaT | EE EN ope pyssoatun (rt SHAY sepeoyde souy | seasuny Noasta | Pec | opensoyy | SENAY | stesos | opnes | asenoas | Sm axvart | TSW nee “ seu eonsindury °) | ‘sotvava. | od | odopata | aavaiswHaina “soa, | SOmTvavaT Soa soa'vioL | oyisay soa Pore erates OVSVAULNSDNOD aa svaUy auON :0NFioy steysea saoSepoa aaqos eajopsesq eoquapere ovsnpoad ep [e103 oxpend — p PPE, ‘ODUBAq 0 ,ARZEPUTAOLY,, eel =o a = 8 Zo ig iz SHOPION | 9OOT-EROT 6 SHLAA SVAVNOS SHON OP — ro ee ae 1 awopioy | p02 | apurig org op feiopog apepisiontuin (6 Swap ~ UUELEY OP TEIBDS I 1 ° s s nsep10N | 4002-6661 | onodtun te adiFiog op [espe — a == _— aisapio| z z 1 I z pion | 007 spepanaur te ve | cwemenee | wewene | cnnewene |orweneoe [oon | cosmos | neonees | cnenneone oop IE OP THAD HSePION apepisioatun (9 OonquIUtag ’ ° | orereeees | snemeenee | sneer | setemneee |g s awsopi0N | 9007-861 op te12p2d apepisioutun (¢ ee) bomee oop - wgreIeg ep TeBPA 6 0 6 1 8 6 ns9p10n | gooz-sest | ene IE2.) OP [eropa, 0 1 a ee z + L awsopion | sooc-seot | ov OUP MPs : ~ eige Wp (elope wee | og pa asap - ve 8 ee z L ze ir PrN | sooc~eset | Se TeOBETY SP PRO ae = == aisapio| 1 1 1 1 PIN | 9007 sperasnti C1 STAN ceummy | PEGE coon “Oust | opesmoct | opemow | RUBEN | soos. | apes Seow. | SOaVINVAaT | TISVAa pone 29 | seiouery 80 | ‘sommvavaz | oa | oaopraa | savatswaatna soa | SOHIVaVaL Soa soa7vLoL | oyioaa Recon ‘VZaINLYN OVSVELNADNOD Ad SVAN agsopsoN :oeroy stepea saosepaa aaqos esyopsesq voqurgpese oxsnpoad ep [e103 ospend - § EPC, Super soodepar se o1qos semTDy Sted pu 5 A branquitude no Brasil Tabela 1 - O tema branquitude brasileira nas publicagdes rg Ratoria Edigao Titulo Material 1 | Alberto Guerreiro Ramos | 1957 | ;Patologia social do “branco’ | 5, brasileiro’ 7 3000 | Branco no Brasil? Ninguém sabe, | — 15.75 ninguém vi ith Piza ea 5 "Porta de vidror entrada para a 3 2002 | pranquitude” Livro TA experiéncia da branquitude 4 | CésarRossatto.e Verdnica | 599, | diamte de conflitos raciais:estudos | 1.5 Gesser de realidades brasileiras e| estadunidenses” “Pactos narcisicos no _racismo: F noo2 | branquitude © poder nas | Tese de organizagées empresarias no| doutorado Maria Aparecida da Silva Poder piblico 7 Bento don | Branqueamentobranguitde no) 5 Brasil 7 soo | Branquitude 0 Tado.ocuto do] 155 discurso sobre 0 negro “Aqui ninguém — € — branco: 8 2004 | hegemonia branca e media no| Livro Liv Sovik. Brasil” > dood | We are Famiye Whiteness in the | psig brazilian media A Tabela | mostra que foram encontradas nove publicagdes: sete artigos publicados em livros, um artigo publicado em um periddico cientifico e uma tese de doutorado defendida na Universidade de So Paulo. Essa tabela revela que a primeira publicagao que abordou 0 branco enquanto tema foi do socidlogo Alberto Guerreiro Ramos em 1957, esse mesmo texto foi republicado em 1995. Os artigos de Edith Piza sero tratados logo adiante. O artigo de César Rossatto e Verdnica Gesser aborda o tema branquitude no Brasil e nos Estados Unidos, © eixo de argumentagio desses autores é a importincia do conceito branquitude na luta anti- racista e, nesse Ambito, destacam o papel da educagdo e a aplicagdo de uma pedagogia que colabore com a supressio das hierarquias raciais (Rossatto ¢ Gesser: 2001: 11-37). Os artigos de Liv Sovik sio os textos mais recentes sobre a branquitude no Brasil. Enquanto pesquisadora da érea da comunicagao social, Sovik refletiré sobre o papel da mfdia para o estimulo dos esterestipos favordveis ao branco e depreciativos ao negro. Demonstra que a comunicacao social é uma érea imprescindivel para a pesquisa cientifica brasileira sobre a branquitude, Essa autora também vai criticar o argumento de que debater a branquitude no 189 A branquitude no Brasil Tabela 3— O tema branquitude implicita nas producdes académicas brasileiras Universidade [ Ano | Grau | Subérea ‘Titulos ‘Autoria ‘Os “Auslanddeutsche” no Brasil. As| 4, Monica 1) UERJ setéria | O!0Rias Alemis no contexto das Relagdes (Sudeste) | 2002 | M_ | Mst6#9 | Brasil-Alemanha. Um olhar sobre 0 Vale do | e108 Itajai-Agu (1937-1945). Contes, crimes eresisténcia wm andise | UFR | 509, 4 | pst | 209 alemaes e tento-descendentes através de | De¥ (Sudeste) processos criminais (Juiz de Fora -| oe 1858/1921). aero Augusto 3)UERGS | 599, | yy _| Comuni- | 0 desenho de humor no resgate da Franke (Sul) cago | identidade cultural andlise de personagens | Bier Hike 4) UFRGS . istoria | A WaietGria de uma lideranga étnica: J. | Roselane Gay | 700 | P| Historia | ays Fricdrichs (1869-1950), Kleber da Silva ‘A cultara popular e as atividades ritmicas: | _Célia 2002 | M_ | PAUCAS# | um estudo de caso em uma comunidade de | Guimar (Sul) fisica raiz étnica germanica. es Peri . 5 Marcia HUFSC | yoq4 | yy | Ciéncias | Representagdes sociais e etnia: um retrato | -Mic (Sul) Humanas | interdisciplinar de Escola Agricola. S Souza Alemies em Lages: uma trajetiria de | BI. 2001 | M | Histéria | conflitos © aliancas guardadas pela aos memon Castello O aspect mais relevante que pretendo demonstrar com a Tabela 3 é que a branquitude vem sendo estudada de maneira implicita na academia brasileira desde 2001, esse € um dado novo que a pesquisa apontou, Considero que 0 estudo sobre a branquitude nestes casos & implicito porque problematiza certos grupos brancos sem localizé-los no quadro geral das relagdes raciais e, portanto, sem problematizar sua pertenga étnica ¢ racial Nas tabelas 4 ¢ 5 apresento os intelectuais de prestigio sobre a temética racial que defenderam textos académicos na USP. Em primeiro lugar, mostro a produgdo académica de intelectuais expressivos que se autodefinem como negros, de modo geral. Em segundo lugar, indico a produgao académica de intelectuais que nao definem a sua identidade racial, porém, definem 0 “outro”, negro, como seu objeto de pesquisa preferencial. Denominarei esses intelectuais de ndo negros, ou branco entre aspas, porque seria mais aconselhével perguntar 195

Você também pode gostar