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Leandro Feitosa Andrade (Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde); Sérgio Flávio Barbosa
(Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde)
Lei Maria da Penha; Homem autor de violência contra mulher; Grupo de reflexão
ST 42 – Gênero, violência e direitos humanos
Em atenção à efetivação da Lei Maria da Penha na cidade de São Caetano, região da grande
São Paulo, desde final de 2006, vem ocorrendo o primeiro trabalho no estado de São Paulo, quiçá
no Brasil, com homens autores de violência contra mulheres. O texto apresenta: 1) uma breve
panorâmica da violência contra a mulher e a lei Maria da Penha; 2) uma reflexão conceitual; 3) a
proposta do grupo de reflexão com homens autores de agressão; 4) o trabalho realizado na cidade de
São Caetano do Sul e 5) os principais resultados e desafios para operados da lei, facilitadores e
participantes dos grupos de reflexão.
Considerações finais
Este projeto de intervenção e educação com homens autores de violência contra a mulher foi
pioneiro no Brasil. O trabalho com homens mostrou-se necessário para romper com o ciclo da
violência contra as mulheres. As feministas a muito “meteram a mão na colher” nas desigualdades
entre homens e mulheres nos espaços privado e público; agora é a vez dos homens fazerem a sua
parte. A participação de homens feministas na luta contra a violência significa uma nova fase no
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trabalho de responsabilização dos homens. Significa, também, mobilizar um processo de mudança
na socialização masculina que passa fundamentalmente pela diminuição da rivalidade e busca da
supremacia patriarcal. A proposta do grupo de reflexão para homens em geral e, em especial, para
autores de agressão contra as mulheres, rompe estereótipos, pois, redistribuindo papéis, elabora
perdas e vence resistências às mudanças nas relações de gênero.
É consenso para facilitadores, participantes, operadores da lei e simpatizantes a grande
expectativa de concretização e multiplicação da proposta do grupo de reflexão. Todos consideram
importante um trabalho preventivo e educativo com os homens autores de violência contra as
mulheres e com a sociedade em geral. A proposta, como um todo, busca a construção de relações
mais comprometidas, saudáveis, prazerosas, onde todos – homens e mulheres – vislumbrem e
participem da erradicação da violência em todas as suas formas de expressão.
Referências bibliográficas
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MURARO, Rosa Marie. A mulher no terceiro milênio: uma história da mulher através dos tempos e
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SAFFIOTI, Heleieth I. B. O poder do macho. São Paulo : Moderna, 1987.
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SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica In Revista Educação e Realidade.
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GIFFIN, Karen. A inserção dos homens nos estudos de gênero: Contribuições de um sujeito
histórico. Ciência & Saúde Coletiva, vol. 10, n. 1, p. 47-57, 2005.
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Artigo 35. “A União, Distrito Federal, Estados e Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas
competências: ... V – centros de reabilitação para os agressores.” A Lei também altera o art. 152 da Lei n° 7.210, de 11
de julho de 1984 (Lei de Execução Penal) que possibilita ao juiz determinar o comparecimento obrigatório do homem
autor da agressão a programas de “recuperação” e “reeducação”
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Campanha Brasileira do Laço Branco: Homens pelo fim da violência contra a mulher foi lançada oficialmente em
2001 (www.lacobranco.org.br). É conduzida por grupos de homens comprometidos com a eliminação da violência
contra a mulher. A Campanha faz parte do movimento internacional originado na década de 1990 no Canadá
(www.whiteribbon.ca).
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A participação de mulheres nos grupos de reflexão foi avaliado, pelos facilitadores e pelos participantes, como
negativa. O grupo tem a função de se constituir como um espaço, antes de tudo, de acolhida. A presença de mulheres é
vista pelos participantes como ameaça, que gera aumento de resistência, confrontos, chacotas e desvio da proposta.
Com certeza o pressuposto é questionável, ainda estamos em fase de avaliação que será alvo de futura publicação.