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Faculdade de Ciências Sociais

Departamento de Ciências da Educação


Mestrado em Educação Pré-escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico
2.º Ciclo (2021/2022) – 2.º Semestre
Unidade curricular: Didática do Estudo do Meio
Docente: Rogéria Soares
Discentes: Carolina Madruga, n.º 2011412
Joana Alves, n.º 2066416
Márcia Freitas n.º 2013812

CARATERIZAÇÃO DO MEIO SOCIAL E EDUCATIVO DA EDUCAÇÃO PRÉ-


ESCOLAR E DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO
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Resumo

O presente trabalho tem como objetivo caraterizar o meio social, o entorno onde a
instituição encontra-se inserida, como também os recursos físicos e humanos da mesma.
Na prática pedagógica II, referindo outros pontos, iremos abordar a importância do meio
social da Escola Básica do 1º Ciclo com Pré-Escolar da Achada e da Escola Básica do
1º Ciclo com Pré-escolar e Creche de Nazaré, ambas situadas no Concelho do Funchal,
com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos. Nos pontos mencionados
anteriormente, procurámos explicar o que é essencial o meio a abranger, isto é, os
aspetos físicos e humanos devem ser considerados na caraterização o meio e o quê,
possivelmente, é destacado como pertinente no meio em que uma instituição educativa
encontra-se inserida, como também na mesma como um todo, na sala de aula e na
equipa educativa. Constatámos, da mesma forma que, ao consultarmos os documentos
como o Projeto Educativo da Escola, Projeto Curricular de Turma e a realização de
entrevistas à equipa educativa e outros atores educativos, é um ponto fundamental para
o conhecimento global de todo o meio social envolvente da instituição. Desta forma, é
benéfico haver uma boa relação entre professor-aluno e escola-família. Tendo por base
os pontos referidos anteriormente, iremos apresentar uma atividade relacionada com o
meio social da referida instituição educacional, possível de ser realizada nas valências
acima citadas, tendo em conta a utilização de uma metodologia ativa. Neste contexto, a
presente pesquisa interliga todos os aspetos do meio social com o desenvolvimento e
com a aprendizagem das crianças.

Palavras-Chave: Meio Social, Instituição Educativa, Sala de Aula, Aprendizagem


Significativa, Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico.
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Abstract

The present work aims to characterize the social environment, the environment
where the institution is integrated, as well as its human and human resources. In
pedagogical practice II, referring to other points, we will address the importance of the
social environment of the 1st Cycle Basic School with Pre-School da Achada and the
1st Cycle Basic School with Pre-school and Nursery in Nazaré, located in the
Municipality of Funchal, with personalities between 7 and 9 years old. In the points
mentioned above, we tried to explain what is the environment to be covered, that is, the
physical and human aspects must be considered in the characterization of the
environment and what, possibly, is highlighted as pertinent in the environment in which
an educational institution is located. integrated, but also in it as a whole, in the
classroom and in the educational team. In the same way, we found that, when consulting
the Educational Project of the School, the Curricular Project Turma and the carrying out
of documents of interviews with the educational team and other educational agents, it is
a fundamental point for the global knowledge of the surrounding social environment of
the institution. In this way, a good relationship between teacher-student and school-
family is beneficial. Based on the relevant points mentioned, we will kind of present
with an institution mentioned above an educational institution, possible of an active
methodology in the assignments. In this context, the present research links all aspects of
the social environment with children's development and learning.

Keywords: Social Environment, Educational Institution, Classroom, Learning


Significant, Pre-School Education and 1st Cycle of Basic Education.
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Capa
Capa de rosto

Resumo

Abstract

Sumário

Índice de Figuras

Índice de Gráficos

Índice de Siglas

1. Consideraçoes iniciais
2. A educação Pré-escolar e a caraterização do Meio social
- aspetos Físicos
- Aspetos Humanos
- Atividade

3. O 1.º Ciclo do Ensino Básico e a Caraterização do Meio Social

- aspetos físicos

- aspetos humanos

- atividade

4. Considerações Finais
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Índice de figuras

Figura 1..............................................................................................................................9
Figura 1..............................................................................................................................9
Figura 2............................................................................................................................10
Figura 3 - Área da Biblioteca..........................................................................................10
Figura 3 - Área da Biblioteca..........................................................................................10
Figura 4 - Área de Expressão Plástica.............................................................................11
Figura 4 - Área de Expressão Plástica.............................................................................11
Figura 5 - Área dos Jogos................................................................................................11
Figura 5 - Área dos Jogos................................................................................................11
Figura 6 - Área do acolhimento.......................................................................................11
Figura 6 - Área do acolhimento.......................................................................................11
Figura 7 - Área da garagem.............................................................................................12
Figura 7 - Área da garagem.............................................................................................12
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Índice de Siglas

AE – Aprendizagens Essenciais
EB – Ensino Básico
EB1/PE – Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-escolar
LBSE – Lei de Bases do Sistema Educativo
ME – Ministério da Educação
OCEPE – Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar
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1. Considerações Iniciais
No âmbito curricular de Didática do Estudo do Meio na vertente do meio social,
lecionada no 1º ano de Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do
ensino básico, foi proposto a elaboração de um trabalho escrito para um debate sobre a
caraterização das escolas, da turma e da equipa pedagógica das instituições escolares
onde realizamos o estágio no Pré-Escolar e no 1º Ciclo.
Assim sendo, para facilitar a exposição dos conteúdos previstos, foi decidido a
divisão do presente trabalho em quatro partes.
Na primeira parte, será explorada as considerações iniciais.
Na segunda parte, a educação Pré-Escolar e a caraterização do meio social,
nomeadamente os aspetos físicos e os aspetos humanos.
A terceira parte, refere-se ao primeiro ciclo do ensino básico e a sua caraterização
a nível do meio social, designadamente os aspetos físicos e humanos, bem como uma
atividade sobre a realização da visita de estudo ao jardim botânico.
A quarta parte, remete-se as nossas considerações finais sobre as duas instituições
escolares.
Ao longo da prática pedagógica II, constatamos que as atividades devem
estimular o debate, através das reflexões, pois permitem melhorar o relacionamento dos
alunos e a capacidade de expressão. Assim, as atividades promovem ainda a resolução
de problemas, designadamente as discussões em grupo.
Contudo, as escolas e os professores têm um papel importante no processo de
aprendizagem. Todavia, o aluno deve ser o centro no processo de aprendizagem.
Tendo por base o que acima referimos, o presente trabalho irá compilar e
partilhar as caraterísticas nas diferentes instituições escolares.
No que concerne, a visita de estudo iremos debater o porquê de o jardim botânico
ser importante para o meio social.
Para findar, será apresentada as considerações finais do trabalho, bem como os
conhecimentos adquiridos e consolidados.
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2. A Educação Pré-Escolar e a Caraterização do Meio Social

2.1. Caraterização do Infantário O Carrocel


De forma a situar o espaço onde decorreu o processo de prática pedagógica do
estágio, achei por bem referir que o Infantário “O Carrocel” situa-se nos arredores do
centro da cidade do Funchal, aproximadamente a três quilómetros de distância. Esta
instituição é de natureza pública, insere-se no Bairro social da Nazaré, na freguesia de
S. Martinho, no Funchal. Foi construída em 1988 e engloba duas valências: creche e
jardim de infância. O Infantário abrange diversos estatutos sociais, incluindo crianças
do bairro social da Nazaré, apesar da grande maioria ser proveniente de outras zonas do
Funchal ou ainda de outros concelhos.
A instituição funciona desde as oito horas da manhã até às dezoito horas e trinta
minutos. A nível de instalações – condições interiores – o infantário dispõe de uma boa
luminosidade, sendo arejado, eletrificado, possuindo água potável, nomeadamente
quente e fria, apresenta boas condições de higiene, mobiliário e material tendo em conta
a faixa etária das crianças, notando-se uma recente manutenção. A nível das condições
exteriores, apresenta arredores a descoberto, ajardinados e pavimentados. Numa maior
zona lúdica pavimentada adequadamente com “Tartan”, encontram-se diversos
aparelhos fixos destinados à atividade física e lúdica. Nesta área encontramos um
escorrega, um carrocel, dois balancés, um labirinto, mesas e bancos de jardim. Também
ainda encontramos um pequeno castelo rodeado de jardim e algumas árvores que se
encontra em manutenção. As condições de trabalho são boas, permitindo a realização
frequente de trabalho de equipa. A relação entre a escola e a família, tem evoluído com
o passar do tempo, sendo que os pais, de uma forma geral, demonstram estar mais
despertos para o trabalho desenvolvido junto dos seus filhos.
O infantário “O Carrocel” é constituído por duas valências: creche e jardim de
infância, ambas apoiadas pelos serviços de apoio, distribuídos uniformemente por um
único piso pelos corredores que estabelecem esta fácil relação. Estes são: cozinha, copa,
lavandaria, refeitório, sala parque, sala polivalente, biblioteca/ sala de reuniões e de
apoio pedagógico, gabinete da encarregada de serviços gerais, sala de descanso de
pessoal, despensas de apoio à cozinha, despensas de apoio ao material de desgaste, casa
de banho (para adultos e para crianças), gabinete da diretora, gabinete da assistente
técnica, sala de isolamento. Podemos ainda referir que a alimentação é concessionada a
uma firma ITAU e confecionada nas instalações do Infantário. Na valência creche,
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temos cinco salas: a Sala Verde (Berçário – 3 A), a Sala Rosa (Berçário 3 B), a Sala
Azul (Transição), a Sala Amarela (3 anos A) e a Sala Vermelha (3 anos B). Na valência
jardim de infância, temos três salas: a Sala Branca (quatro anos B), a Sala Violeta
(quatro anos B) e a Sala Laranja (cinco anos). Podemos considerar que qualquer um dos
espaços apresenta material e equipamento adequado, de forma a corresponder com os
interesses e necessidades das crianças com qualidade.

2.1.1. Caraterização da Sala Violeta


Organização do espaço
A sala violeta apresenta uma boa organização, com uma janela que permite a
entrada de luz natural, sendo um espaço luminoso e amplo. Cumpre todas as normas de
segurança e higiene.
A sala está dividida por pequenas áreas, sendo estas a área da casinha, a área da
biblioteca, a área de expressão plástica, a área da garagem, a área dos jogos e a área do
acolhimento (tapete), proporcionando às crianças autonomia e organização.
No que diz respeito à área da casinha (figura 1) esta tem como objetivos
possibilitar a oportunidade de brincar ao faz de conta, permite manifestações
sentimentais, relacionar-se com os outros através de acordos e manifestações e fomenta
o diálogo. Figura 1
Área da Casinha

Relativamente à área da biblioteca (figura 2) esta estimula a exploração de


imagens, desenvolve as bases para a expressão verbal, criatividade, imaginação e
concentração e estimula as crianças a folhear livros e revistas, adquirindo hábitos de
leitura.

Figura 2
Área da Biblioteca
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No que concerne à área de expressão


plástica (figura 3) esta promove a criação livre, a experimentação de diferentes técnicas
e materiais, promove momentos ricos de imaginação e criatividade e desenvolve o
controlo óculo manual e a motricidade fina.
Figura 3
Área de Expressão plástica

A área dos jogos (figura 4) tem como objetivos estimar a atenção, fomentar a
destreza óculo manual e desenvolver a motricidade fina, o conhecimento das formas e
cores e o raciocínio lógico matemático.
Figura 4
Área dos jogos
Figura 4 - Área de Expressão Plástica

Figura 5 - Área de Expressão Plástica


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A área do acolhimento (tapete) (figura 5) é um espaço de acolhimento, cantar os


bons dias, entre outras canções, de diálogo, de ler e recontar histórias e de sensibilização
para as atividades.
Figura 5
Área do acolhimento

Por fim, a área da garagem (figura 6) possui uma estrutura de madeira


constituída por rés do chão e dois andares superiores, sendo o último um terraço, ligado
por rampas de acesso, imitando um parque de estacionamento. Esta estrutura, quando
necessário, é movida para a zona central da sala. Também ali se apresentam diversos
carrinhos com várias cores e tamanhos, disponíveis às crianças. Só usam este espaço
com um máximo de três crianças.
Figura 6
Área da garagem

A sala violeta é caraterizada por uma decoração simples e agradável. A


decoração da sala está em constante mudança e podemos observar os trabalhos
realizados expostos nas paredes desta.
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Na sala violeta encontramos uma equipa de trabalho composta por duas


educadoras e uma Técnica de Apoio à Infância.
Às educadoras cabe a responsabilidade do trabalho pedagógico, sendo que a
Técnica de Apoio à Infância cabe o papel de apoio às atividades com as crianças, à
manutenção dos materiais da sala e a atenção às 18 crianças.
Além disso, é essencial referir que a organização da sala vai ao encontro dos
princípios defendidos pelas OCEPE e pode ser alterada e reorganizada ao longo do ano,
sempre que seja necessário e tendo em conta as necessidades das crianças.
Concluindo, é crucial a existência de um trabalho de equipa no infantário, com
vista à organização do espaço e do tempo adequados às necessidades e interesses das
crianças, uma vez que estas são o principal agente no processo educativo. Neste sentido,
cabe à comunidade educativa desenvolver um ambiente adequado e harmonioso, rico
em novas oportunidades educativas, capazes de promover um desenvolvimento pleno de
cada criança.

2.1.2. Caraterização da Equipa Pedagógica


Na sala violeta encontramos uma equipa de trabalho composta por duas
educadoras e uma Técnica de Apoio à Infância.
Às educadoras cabe a responsabilidade do trabalho pedagógico, sendo que a
Técnica de Apoio à Infância cabe o papel de apoio às atividades com as crianças, à
manutenção dos materiais da sala e a atenção às 18 crianças.
Além disso, é essencial referir que a organização da sala vai ao encontro dos
princípios defendidos pelas OCEPE e pode ser alterada e reorganizada ao longo do ano,
sempre que seja necessário e tendo em conta as necessidades das crianças.

2.1.3. Caraterização do grupo


O grupo de crianças com o qual realizei a minha Prática Pedagógica I é
composto por 18 crianças, uma delas com NEE, dos quais 11 são do género feminino e
7 do género masculino, cuja idade varia entre os 4 e os 5 anos.
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Gráfico 1
Género das crianças da Sala Violeta

Género das crianças

7%

11%

Feminino Masculino

Este é um grupo que se manteve, com a mesma organização, desde o início do


ano letivo, mantendo não só uma boa relação entre si, mas também uma relação muito
próxima com os adultos, resultando sempre num diálogo aberto e sincero com a equipa
da sala. No grupo existe uma criança com necessidades educativas especiais, com o
atraso no desenvolvimento cognitivo e psicomotor.
O grupo revela maior segurança e confiança. São mais autónomos, capazes de
tomar pequenas decisões e expressam iniciativa.
É um grupo muito participativo e interessado, adere com entusiasmo às
propostas apresentadas. Demonstram empenho e concentração nas atividades realizadas,
no entanto, continua a haver um pequeno grupo que se distrai com facilidade no tapete o
que prejudica as suas aprendizagens e por vezes as dos colegas.
No grupo é conhecida a autonomia das crianças em tarefas diárias, tais como a
higiene e a alimentação. O comportamento do grupo é no geral positivo, no entanto, há
um pequeno grupo de crianças que apesar de conhecerem as regras demonstram
dificuldade em cumpri-las, prejudicando por vezes o decorrer das atividades, bem como
o bem-estar do grupo.
O grupo desenvolve atividades de música, ginástica, canto, expressão plástica e
expressão dramática. Uma das áreas que verifiquei haver um maior interesse por parte
das crianças é a expressão plástica, gostando de manipular diversos materiais. Também
verifiquei que em relação ao jogo dramático é uma área preferida pela maioria, fazem
imitações espontâneas e orientadas. Gostam de brincar na área da casinha onde brincam
ao faz de conta e representam diferentes papéis do dia a dia. Gostam de diferentes tipos
de música, exploram e identificam diferentes sons. São capazes de reproduzir
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integralmente algumas canções e de reconhecer várias melodias. Dançam livremente


fazendo pequenas coreografias e jogos musicais. Participam com entusiamo e empenho
às diferentes propostas. De um modo geral, o grupo apresenta grandes potencialidades
em todas as áreas.
O grupo tem uma boa capacidade de socialização/comunicação e concentração.
Na maioria são observadores, curiosos e interessados em aprender.

3. A importância dos aspetos físicos e humanos de uma Instituição


Educacional – Pré-Escolar

3.1. Organização do Ambiente Educativo na Pré-Escolar


Os espaços educativos são contextos que exercem determinadas funções,
acertando para isso de tempos e espaços próprios e em que se estabelecem diferentes
relações entre os vários agentes educativos.
A organização dinâmica destes contextos educativos pode ser vista segundo uma
perspetiva sistémica e ecológica. Esta abordagem estabelece no pressuposto de que o
desenvolvimento humano constitui um processo dinâmico de relação com o meio, em
que a criança é inserida, mas também influencia o meio em que vive.
Para os agentes educativos compreender melhor o meio, importa considerá-lo os
diferentes sistemas que desempenham funções específicas e que, estando em
interconexão, se apresentam como dinâmicos e em evolução. Assim, as crianças em
desenvolvimento interagem com diferentes ambientes que estão eles próprios em
evolução.
Neste sentido, é importante distinguir os sistemas restritos e imediatos, com
caraterísticas físicas e materiais particulares:
– A casa;
- A sala de jardim de infância;
- A rua;
Em que há uma interação direta entre atores que aí desempenham diferentes
papéis:
– Pai ou mãe;
- Filho/a;
- Docente;
- Aluno/a; etc;
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Estes diferentes papéis desenvolvem formas de relação interpessoal, implicando-


se em atividades específicas que se realizam em espaços e tempos próprios. São estes
exemplos destes sistemas restritos, com particular importância para a educação da
criança, o meio familiar e o contexto de educação pré-escolar.
As relações que se estabelecem entre estes e outros sistemas limitados formam
um outro tipo de sistema com caraterísticas e finalidades próprias (as relações entre
famílias e o contexto de educação de infância). No entanto, estes sistemas são
englobados por sistemas sociais mais alargados que exercem uma influência sobre eles
(por exemplo, a organização da educação de infância no sistema educativo e no sistema
social influenciam o funcionamento dos jardins de infância).
Estas interações podem ser representadas de forma esquemática:

Figura 7
Organização do Ambiente Educativo (OCEP)

Para a abordagem sistémica e ecológica constitui, assim, uma perspetiva de


compreensão da realidade que permite adequar, de forma dinâmica, o contexto do
estabelecimento educativo às caraterísticas e necessidades das crianças e adultos,
tornando-se, ainda, um instrumento de análise para que o/a educador/a possa adaptar a
sua intervenção às crianças e ao meio social em que trabalha, possibilita:
 “Compreender melhor cada criança, ao conhecer os sistemas em que esta
cresce e se desenvolve, de forma a respeitar as suas características
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pessoais, cultura e saberes já adquiridos, apoiando a sua maneira de se


relacionar com os outros e com o meio social e físico”;
 “contribuir para a dinâmica do contexto de educação pré-escolar na sua
interação interna (relações entre crianças e crianças e adultos) e na
interação que estabelece com outros sistemas que também influenciam a
educação das crianças (relação com as famílias) e ainda com o meio social
envolvente e a sociedade em geral, de modo a que esse contexto se
organize para responder melhor às suas caraterísticas e necessidades;”
 “Perspetivar o processo educativo de forma integrada, tendo em conta que
a criança constrói o seu desenvolvimento e aprendizagem, de forma
articulada, em interação com os outros e com o meio”;
 “Permitir a utilização e gestão integrada dos recursos do estabelecimento
educativo e de recursos que, existindo no meio social envolvente, podem
ser dinamizados”;
 “Acentuar a importância das interações e relações entre os sistemas que
têm uma influência direta ou indireta na educação das crianças, de modo a
tirar proveito das suas potencialidades e ultrapassar as suas limitações,
para alargar e diversificar oportunidades educativas das crianças e apoiar
o trabalho dos adultos.”
Assim, tendo em conta os diferentes sistemas em interação, é fulcral analisar
algumas caraterísticas pertinentes para a organização do ambiente educativo na
educação pré-escolar:
 Organização do estabelecimento educativo;
 Organização do ambiente educativo da sala;
 Organização do grupo;
 Organização do espaço;
 Organização do tempo;
 Relações entre os diferentes intervenientes.
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Planificação de atividade

Contextualização: A planificação que se segue vem dar seguimento à atividade a ser realizada no Jardim Botânico, serve para promover
os valores centrais a partilha, solidariedade e cooperação. Com base nestes valores procuraremos organizar as vivências das crianças
relevando o valor da partilha. Desta forma, a atividade proposta na planificação decorre desta vivência central, considerando os
objetivos pretendidos, as aprendizagens a promover com as crianças do grupo e os recursos necessários para tal. Serão também tidas
em conta estratégias de promoção de uma boa relação e interação com as crianças e equipas da sala, visando o conhecimento mútuo.
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4. O 1.º Ciclo do Ensino Básico e a Caraterização do Meio Social

4.1. Caraterização 4do Meio Envolvente


A escola da EB1/ PE da Achada situa-se na estrada Dr. João Abel de
Freitas, numa área urbana da Freguesia de São Roque, no concelho do Funchal.
Sinteticamente, esta é uma freguesia que possui uma área de 7,52 Km, sendo de
referir que se encontra restringida pelas freguesias de Santo António, São Pedro,
Imaculado Coração de Maria e Monte.
A partir das informações presentes no site da Junta de Freguesia de São
Roque, a freguesia integra 14 sítios, sendo estes Achada, Muro da Coelha,
Conceição, Fundoa, Igreja Velha, Calhau, Igreja Nova, Alegria, Bugiaria,
Lombo Segundo, Lombo de João Boieiro entre outros.
No que concerne às instituições e infraestruturas, esta é uma freguesia rica
em património e com grande desenvolvimento socioeconómico e cultural. De
acordo com o Projeto Educativo da Escola Básica do 1ºCiclo com Pré-Escolar
(PEEB1/PE) da Achada, essas instituições e infraestruturas encontram-se
divididas em diversas áreas, sendo de destacar a Educação, a Saúde, a Cultura, a
Religião, o Desporto, o Lazer, o Comércio e os Serviços.
Desta forma, compreende-se que esta freguesia dispõe de um conjunto
diversificado de instituições e serviços que se encontram à disposição, não só a
nível da comunidade local, como também de toda a comunidade que pertence ao
concelho do Funchal e arredores.

4.1.1. Instituição Educativa: Escola Básica do 1ºCiclo com Pré-Escolar da Achada


A escola da Achada é um estabelecimento educativo de natureza pública
com valência para EPE e para o Ensino do 1CEB, visto que surgiu com o
principal objetivo de apoiar, educativamente, a população que reside no sítio da
Achada.
Segundo, o Projeto Educativo da escola, o estabelecimento em questão é
composto por um único edifício de dois pisos. Salienta-se que ambos os pisos
possuem um conjunto de espaços físicos que são necessários para o
desenvolvimento e para a aprendizagem de todas as crianças e alunos.
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O edifício localiza-se no meio de habitações, este incorpora um parque de


estacionamento destinado a todos os profissionais e uma área apropriada para a
circulação de automóveis, uma situação que permite aos encarregados de
educação, deixar os seus educandos sem aglomeração no trânsito.
A escola EB1/PE da Achada, apresenta condições para as crianças com
mobilidade reduzida, pois possui um conjunto de rampas e casas de banho
apropriadas.
Em geral, é um estabelecimento educativo que possui um espaço amplo,
acolhedor e com vários equipamentos e instalações adequadas às crianças e aos
alunos que se encontram matriculados.

4.1.2.O Grupo de Alunos do 2ºB


Silva e Lopes (2015) esclarecem que a identificação das caraterísticas, das
necessidades e dos interesses, não só da comunidade educativa, como também
de cada aluno, constitui uma estratégia fundamental para a criação de um
conjunto de estratégias que permitam assegurar um processo de aprendizagem
de ensino e aprendizagem diversificado e significativa, a aprendizagem e o
desenvolvimento integral de todos os elementos do grupo.
No que concerne à prática pedagógica em questão, o grupo do 2ºB era
composto por 19 alunos com idades compreendidas entre os 7 e 8 anos, dos
quais 10 eram do género masculino e 9 do género feminino.
Com base na prática pedagógica desenvolvida com os alunos do 2ºB pude
constatar que se tratava de um grupo ativo, recetivo e participativo à
concretização de atividades e tarefas nunca antes realizadas. Era um grupo
afetuoso, no qual havia uma entreajuda entre eles. Para além disso, caraterizam-
se por ser um grupo sociáveis, pois estabeleciam relações com outras crianças de
outras salas e tinham uma boa relação com os adultos. Perante algumas situações
de conflito, tornava-se necessária a presença de um adulto para as gerir e mediar.
Acerca da dinâmica dentro da sala de aula, o grupo apresentava diferentes
ritmos de aprendizagem, mas era possível constatar uma atitude de entusiasmo e
empenho para com a aprendizagem. É, de destacar que dois alunos eram
acompanhados pela professora do Ensino Especial, sendo que um deles faz
programa de primeiro ano em todas as curriculares, bem como as suas fichas de
avaliação são adaptadas.
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Na área do Português, este era um grupo bastante comunicativo e


expressivo, todavia tinham muitas dificuldades na construção de texto e em
expor as suas ideias. Em geral, a maior parte dos alunos apresentava uma boa
pronúncia e articulação das palavras, com a exceção dos dois casos referidos
anteriormente. A nível da leitura e da escrita, constatou-se que o grupo já
conseguia ler e escrever. Saliento que, os alunos demonstravam interesse em
ouvir histórias.
No que concerne, à área da Matemática, os alunos do 2ºB conseguiam
reconhecer, identificar e reproduzir todos os números, bem como são capazes de
efetuar e resolver operações que envolvessem a adição, a subtração a
multiplicação e a divisão. Além disso, este era um grupo capaz de identificar,
reconhecer e reproduzir figuras geométricas e os poliedros.
Relativamente, a área do Estudo do Meio, os alunos demonstram alguma
curiosidade para o meio que o rodeia, esta atitude acaba por desencadear a
vontade de enriquecer e assimilar todos os conhecimentos que já tinham sido
adquiridos. Embora, o grupo não tenha muito presente o espírito crítico, porque
não fazem muitas questões.
No que diz respeito à área de Expressão Física-Motora, os vários
elementos do grupo tinham uma boa coordenação motora. Também expunham
um conjunto de competências e capacidades que se encontravam adequadas à
faixa etária dos mesmos, designadamente a nível da flexibilidade, resistência, à
velocidade de reação e controlo de postura e da orientação espacial.
No âmbito da Expressão Plástica, os alunos mostravam interesse em
explorar atividades relacionadas com o desenho, recorte e pintura, sendo de
salientar que alguns alunos realizavam ilustrações com bastante rigor e
pormenor.
Para findar, pude concluir que os alunos do 2ºB apresentavam níveis de
desenvolvimento e de aprendizagens adequados à faixa etária de todos os
elementos do grupo.

4.1.3. Caraterização da Equipa Pedagógica


A equipa pedagógica da turma do 2ºB era composta por uma professora
cooperante, uma professora de apoio que ficava das 8:00h até às 10:00h ou das
10:30 até às 13:00, sendo que esta dava apoio a mais uma sala de segundo ano e,
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por isso, não tinha um horário fixo. Também tinha a professora do ensino
especial que ajudava os alunos com menos facilidades de aprendizagem.

4.2. A Importância das Metodologias Ativas


As metodologias ativas de aprendizagem sugerem uma atuação centrada
no aluno. Isto é, os próprios alunos devem assumir um papel ativo e responsável
pela sua aprendizagem. Deste modo, as atividades devem estimular o debate,
através de estudos de caso e reflexões, que permitirão melhorar o
relacionamento interpessoal dos alunos e a capacidade de expressão. As
atividades a ser promovidas devem ainda possibilitar a resolução de problemas,
as discussões em grupo e outras tarefas que promovam o pensamento crítico.
Assim, nas metodologias ativas, os alunos tornam-se protagonistas da sua
aprendizagem, enquanto o professor apenas assume o papel de mediador e
facilitador do conhecimento.
O princípio de uma aprendizagem ativa, centrada no aluno, gerou
interesse na educação a partir do final da década de 1970 e o início da década de
1980. Este termo foi desenvolvido segundo o conceito criado na década de 1940
pelo inglês Reginald “Reg” William Revans, sendo que este é considerado um
pioneiro da aprendizagem ativa.
Posto isto, apesar das metodologias ativas já serem abordadas e discutidas
há algum tempo, só conseguiram uma maior ênfase nas últimas décadas, na
medida em que se tornou necessário estimular a autonomia e o protagonismo dos
alunos no seu papel de aprendizagem.
A metodologia ativa é importante, pois os alunos aprendem mais quando
participam no seu processo de aprendizagem. Ou seja, nestas metodologias, o
aluno é colocado em posição ativa o que incentiva o cérebro a estimular redes
cognitivas e sensoriais, assim, processando e armazenando o conhecimento com
mais eficiência.
Os benefícios das metodologias ativas são:
 Retenção de conhecimento aprimorada;
 Estímulo ao pensamento crítico;
 Maior motivação para aprender;
 Engajamento em sala de aula;
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 Estímulo à autonomia;
 Desenvolvimento da autoconfiança;
 Resolução simplificada de problemas.

5. O Espaço Educativo
De acordo com Zabalza (2001), citado por Neves (2014), o espaço
educativo é onde se constrói relações que possibilitam a criação de situações
pedagógicas, o que leva à aprendizagem por parte dos alunos. Deste modo, para
além da sala de aula, existem também outros espaços onde podem ocorrer
aprendizagens por parte dos alunos. Todos estes espaços educativos são
importantes, pois são onde se desenvolvem ações que visam o desenvolvimento
completo do aluno e a formação de cidadãos responsáveis e conscientes
(Zabalza, 2001, citado por Neves, 2014). Assim sendo, podemos afirmar,
segundo Pimenta (2002) citado por Neves (2014), que as práticas educativas
acontecem
em vários lugares, em muitas instâncias formais, não-formais, informais (…),
acontecem nas famílias, nos locais de trabalho, na cidade e na rua, nos meios de
comunicação e nas escolas e não se reduz somente ao docente nas escolas.
Em relação ao espaço formal, este é estruturado e situa-se em instituições
próprias, como por exemplo escolas e universidades. Desta forma, os espaços
educativos formais são aqueles onde acontece o ato educativo, isto é onde
aprendemos, convivemos, ensinamos, do qual saímos para vivenciar outras
realidades e onde acontece realmente o ensino e a aprendizagem (Brandão,
2007, citado por Neves, 2014). Entende-se que todo o espaço de uma escola é:
salas de aula, biblioteca, salas de estudo, salas de laboratório, etc.
No que diz respeito à sala de aula, Nóvoa (2005), citado por Neves
(2014), afirma que a consolidação das formas de organização escolar que se
mantêm na sua generalidade até hoje, datam do último terço do século XIX e
refere os diferentes elementos e sua evolução, nomeadamente:
 Alunos agrupados em classes graduadas, com uma composição homogénea e um
número de efetivos pouco variáveis;
 Professores atuando a título individual, com perfil de generalistas (ensino
primário) ou de especialistas (ensino secundário);
24

 Espaços estruturados de ação escolar, induzindo uma pedagogia construída


essencialmente no interior da sala de aula;
 Horários escolares rigidamente estabelecidos, que impõem um controlo social do
tempo escolar.
Em relação, aos espaços não formais, estes podem ser instituições e não
instituições. Assim sendo, nas instituições estão incluídos os espaços que são
regulamentados e que possuem uma equipe técnica responsável pelas atividades
oferecidas, tais como: os Museus, os Centros de Ciência, os Parques Ecológicos,
os Parques Zoo botânicos, os Jardins Botânicos, os Planetários, os Institutos de
Pesquisa, os Aquários, os Jardins Zoológicos, as Bibliotecas, entre outros.
Relativamente, às não instituições, estas são os ambientes naturais ou urbanos
que não possuem estrutura institucional, apesar de permitirem a realização de
práticas educativas (Jacobucci, 2008, citado por Neves, 2014).
Posto isto, os espaços não-formais devem ser uma alternativa à prática
pedagógica das escolas, dado que estes espaços representam uma oportunidade
para o processo ensino-aprendizagem dos estudantes, uma vez que tanto os
espaços formais e não-formais têm o papel de educar (Pimenta, 2002, citado por
Neves 2014). Deste modo, os espaços não formais são todos aqueles locais que
podem presentear atividades que possibilitam aos alunos desenvolverem-se
socialmente, em que a educação acontece de forma recreativa e mais
diferenciada da educação escolar, que corresponde ao espaço mais formal e mais
regulamentado.
Assim sendo, os centros de ciências e os museus despertam a curiosidade
dos alunos. Ou seja, estes espaços presenteiam a oportunidade de consolidar
algumas das necessidades da escola, como por exemplo a falta de laboratórios,
de recursos audiovisuais, entre outros, conhecidos por despertar as
aprendizagens dos alunos. Isto é, estes espaços educativos distinguem-se do
espaço escolar por apresentarem produtos da experiência social e cultural de um
determinado local de forma lúdica e interativa, assim como, dependendo do
espaço, favorecem ao aluno o contato direto com materiais, peças, relíquias,
pinturas e esculturas que na sala de aula são apenas visualizados por meio virtual
ou até mesmo nem são visualizados.
Por fim, relativamente aos espaços informais, estes são os espaços onde
existiu possibilidades educativas no decorrer da vida dos indivíduos, o que torna
25

o seu caráter permanente. Estes espaços são por exemplo: a casa do aluno, a rua
ou o café por onde passa todos os dias, o próprio supermercado que vai com os
pais, o cinema e teatro, entres outros. Deste modo, nestes espaços os indivíduos
adquirem e reúnem conhecimentos espontâneos ou naturais (Afonso, 1992,
citado por Neves, 2014), oferecendo a troca de saberes. Ou seja, os alunos
vivenciam e experienciam várias aprendizagens nesses meios informais, sendo
que ao levá-las para a sala de aula, os conhecimentos preexistentes podem ser
aprofundados e, deste modo, as suas dúvidas esclarecidas.
Portanto, como podemos constatar, os diferentes espaços educativos
auxiliam no desenvolvimento cognitivo, dado que levam os alunos a estabelecer
relações com as diferentes áreas do conhecimento, bem como contribuem para
que as aprendizagens sejam significativas.

5.1. Organização do espaço educativo formal – a sala de aula


A organização do espaço educativo tem um papel decisivo, pois
possibilita a estruturação de todos os elementos que diretamente afetam a
aprendizagem dos alunos. Assim sendo, o espaço da sala de aula deve ser
organizado de forma a regular a prática pedagógica. Segundo Zabalza (2001),
citado por Neves (2014), “O ambiente é um educador à disposição tanto da
criança, como do adulto. Mas só será isso se estiver organizado de um certo
modo. Só será isso se estiver equipado de uma determinada maneira” (p. 6).
Deste modo, quando refletimos sobre como deverá ser a organização da
sala de aula, importa ter em conta as seguintes questões:
 Qual o espaço que temos disponível?;
 Quais são as atividades a desenvolver?;
 Quais são as necessidades que existem no espaço para determinadas atividades?;
 Qual é a melhor gestão do espaço disponível para a realização das atividades
escolhidas?.
No que diz respeito à disposição das cadeiras e das mesas, este fator é
importante, uma vez que são fundamentais para contribuir com a aprendizagem
de forma significativa (Freitas, 2008, citado por Neves, 2014). Isto é, a sua
disposição deve alterar de acordo com a aula planeada pelo professor, tendo em
conta os seus objetivos e a questão da interação com o outro e com os espaços.
26

Deste modo, devemos planificar e gerir os espaços, pois o ambiente de sala de


aula é um fator essencial que pode facilitar ou inibir as aprendizagens, pelo que
deve estar organizado tendo em conta a atividade que se será desenvolvida
(Zabalza, 2001, citado por Neves, 2014).
Neste sentido, a organização do espaço da sala de aula reflete a ação
pedagógica do professor, pelo que o mesmo deve avaliar a sua forma de ensino,
como por exemplo questionar-se se vai usar atividades em pequenos grupos, se
gosta de ajudar todos os alunos ao mesmo tempo, se leciona de forma expositiva
na maior parte do tempo, entre outras (Arends, 2008, citado por Neves, 2014).
Posto isto, de acordo com Neves (2014), Arends (2008) define três tipos
de ensino que condicionam a organização do espaço em sala de aula, sendo estes
os seguintes: o modelo de ensino expositivo, o modelo de instrução direta e o
modelo de aprendizagem cooperativa.
Relativamente ao modelo de ensino expositivo, este favorece a explicação
dos conteúdos e informações aos alunos, requer um ambiente muito estruturado,
caraterizado por um professor que tem o papel de orador e os alunos com o
papel de ouvintes. Assim sendo, neste modelo é necessário uma planificação e
uma gestão do espaço de acordo com uma aula expositiva, sendo que os
professores optam por colocar as mesas e as cadeiras em filas e colunas (Figura
8). É de referir que durante a nossa prática pedagógica, foi possível observarmos
que este modelo está ainda muito presente nas salas de aula, tal como mostra o
exemplo da Figura 9.

Figura 8
Disposição das mesas e cadeiras em filas e colunas (Arends, 2008, citado por Neves, 2014)

Figura 9
Disposição das mesas e cadeiras em uma sala de 1.ª Ciclo
27

No que diz respeito ao modelo de instrução direta, este refere-se à


abordagem do ensino de competências básicas e de conteúdos sequenciados, em
que os objetivos das aulas são muito orientados. Para este modelo, os ambientes
Figura 10
Disposição das mesas e cadeiras em linhas horizontais (Arends, 2008, citado por Neves, 2014)

de aprendizagem requeridos
devem ser firmemente
estruturados pelo professor e
orientados para a tarefa.
Deste modo, as cadeiras e as
mesas podem estar em filas colocadas em linhas horizontais (Figura 10).

Por fim, no que concerne ao modelo de ensino de aprendizagem


cooperativa/colaborativa, este modelo para além de ajudar os alunos na
aprendizagem de conteúdos e competências escolares, contempla metas e
objetivos sociais e de relações humanas, surgindo a necessidade de atribuir uma
atenção especial ao uso do espaço na sala de aula e ao mobiliário movível. Deste
modo, durante a aprendizagem cooperativa, o professor utiliza duas disposições
para a organização do espaço (mesas e cadeiras em grupos) (Figura 11). Por

Figura 11
Disposição das mesas e cadeiras em grupos (Arends, 2008, citado por Neves, 2014)
28

exemplo, durante a nossa prática pedagógica no 1.º Ciclo conseguimos


implementar este modelo, tal como é apresentado na Figura 12.

Figura 12
Disposição das mesas e cadeiras em grupos em uma sala de 1.º Ciclo

Posto isto, a partir dos modelos mencionados acima, tal como podemos
verificar, tanto o modelo expositivo como o da instrução direta, é um ensino em
que se privilegia a transmissão de conhecimentos e em que o professor é o
centro e não o aluno. Ou seja, o professor limita-se a expor os conteúdos
programados e os alunos somente absorvem esses conteúdos ou até mesmo só
uma parte dele. Como podemos observar nas Figuras 8, 9 e 10, a discussão e as
atividades em pequenos grupos não é possível concretizar, dado que não
possibilitam o ensino centrado nos alunos e na interação dos mesmos.
29

Em contrapartida, a partir do modelo de aprendizagem cooperativa,


podemos constatar que o modo de organização do espaço em sala de aula,
privilegia uma maior interação entre os alunos, sendo que o ensino é mais
autónomo por parte dos alunos. Isto é, o professor apenas gere e organiza os
grupos com o trabalho pretendido para a sua aula.
Segundo Arends (2008), citado por Neves (2014), é necessário promover
o diálogo ou a discussão/debate na sala de aula. Deste modo, a discussão “é uma
estratégia de ensino específico que pode ser utilizado por si só ou com uma série
de modelos distintos” (Arends, 2008, citado por Neves, 2014, p. 8). É através do
diálogo e da discussão, que os alunos têm a possibilidade de apresentarem o seu
pensamento e os professores de retificarem ou aprofundarem alguns raciocínios
dos alunos. Assim sendo, para promover a discussão, a disposição das mesas e
cadeiras em U (Figura 6) ou em círculo (Figura 7), são uma excelente forma
para o fazer, uma vez que permite que os alunos se vejam uns aos outros, o que é
fundamental para a interação verbal. Tendo em conta os benefícios destas
disposições, consideramos essencial fazê-lo durante a nossa prática pedagógica,
tal como apresentamos na Figuras 15 e 16.

Figura 13
Disposição das mesas e cadeiras em U (Arends, 2008, citado por Neves, 2014)

Figura 14
Disposição das mesas e cadeiras em círculo (Arends, 2008, citado por Neves, 2014)
30

Figura 15
Disposição das mesas e cadeiras em U em uma sala de 1.º Ciclo

Figura 16
Alunos do 1.º Ciclo reunidos em círculo em um momento de aprendizagem
31

Em relação à reunião dos alunos em círculo, apesar do espaço da sala não


permitir a disposição das mesas e cadeiras em círculo, o facto dos alunos formarem um
círculo durante o momento de aprendizagem melhorou a interação livre entre si, dado
que permitiu-lhes minimizar a distância emocional e física, tal como é suposto
acontecer quando as mesas e as cadeiras assim se posicionam.
Portanto, tendo em conta as várias disposições acima mencionadas, o
professor, ao pensar na organização da sala de aula, deve ter em conta que os
alunos precisam trabalhar de forma autónoma e em grupo, pois assim gera ações
de interação, colaboração e permite simultaneamente a orientação por parte do
professor.
Hohman & Banet (1997), citado por Neves (2014), consideram que os
alunos precisam de espaço para: manipular objetos e materiais; fazer
explorações; criar e resolver problemas; exibir os seus trabalhos; entres outros.
Para além disso, o apoio dos adultos nos mesmos objetivos e interesses dos
alunos, são essenciais para atingir aprendizagens significativas. Em relação às
paredes e os placards, ambos constituem um espaço vantajoso e de grandes
potencialidades, onde são fixados cartazes realizados pelos alunos e/ou
professores.
Deste modo, não existe uma única forma de organizar o espaço da sala
de aula, nem nenhuma é certa ou errada, contudo, de acordo com o momento e
aquilo que se pretende para uma aula em específico, poderá ser necessário o uso
de formas diversas de organização que deem resposta ao que o professor
pretende em sala de aula. Assim sendo, o professor precisa saber exatamente
qual é a intencionalidade da sua ação para que possa definir as melhores
estratégias, tendo em conta a questão da organização do espaço em sala de aula,
32

como também dos recursos que pretende usar, com o propósito de diversificar as
suas aulas e enriquece-las (Zabalza, 2001, & Piletti, 2006, citado por Neves,
2014).

1.2 A importância dos recursos físicos no desenvolvimento e


aprendizagem das crianças
Os recursos são “todos os materiais utilizados como auxilio no ensino-
aprendizagem do conteúdo proposto para ser aplicado pelo professor aos seus
alunos” (Souza, 2007, citado por Neves, 2014, p. 11). Ou seja, é todo o material
que pode ser manipulado e trabalhado pelo aluno para alcançar aprendizagens.
Assim sendo, os recursos físicos da escolas são os “recursos humanos e
materiais que o professor utiliza para auxiliar e facilitar a aprendizagem,
podendo ser também chamados de recursos didácticos, meios auxiliares, meios
didácticos, materiais didácticos” (Karling, 1991, citado por Neves, 2014, p. 11).
Deste modo, os recursos didáticos são essenciais para promover o
desenvolvimento do processo cognitivo, assim como para servir de apoio ao
professor durante as aulas, dado que estimula o interesse e capta a atenção dos
alunos.
Neste sentido, no ponto de vista de Graells (2000) citado por Neves
(2014), os recursos didáticos podem ser classificados como: materiais
convencionais (livros, fotocópias, revistas, jornais, documentos escritos; quadro
de ardósia ou magnético; jogos didáticos e puzzles; materiais manipulativos;
materiais de laboratório); materiais audiovisuais (diapositivos, acetatos,
fotografias; Cd's, cassetes, discos, programas de rádio, filmes, vídeos, programas
de televisão); e, por fim, novas tecnologias (computador e programas
informáticos educativos - jogos, enciclopédias, simulações- ; internet -páginas
web, blogs, passeios virtuais, webquests, emails, fóruns, chats- ; televisão/
vídeos interativos.; quadro interativo).
Borrás (2001), citado por Neves (2014), refere que o vídeo e os cartazes
são uma ótima ferramenta de aprendizagem, na medida em que o vídeo serve
para motivar os alunos, pois enquanto visualizam o filme podem tirar notas e a
sua atenção é captada. Já os cartazes servem “como ponto de referência e como
33

chamada contínua de atenção, uma vez que os alunos o podem consultar sempre
que desejem ou necessitem” (Borrás, 2001, citado por Neves, 2014, p. 12).
No que diz respeito aos jogos didáticos, os mesmos são ferramentas
educacionais eficazes, pois os seus objetivos são o de auxiliar a criança a
adquirir um melhor desempenho nas suas aprendizagens através da utilização de
uma metodologia espontânea, divertida e recreativa. Deste modo, o lúdico age
como uma forma de comunicação das crianças, transformando a aprendizagem
numa forma de ver o mundo e respeitando os raciocínios próprios (Haigh, 2010,
citado por Neves, 2014).
Em relação ao quadro interativo, este é essencial para os professores que
querem envolver os seus alunos numa aprendizagem com recurso à tecnologia.
Assim sendo, o quadro interativo é um meio de combinar essas qualidades,
oferecendo experiências de aprendizagem (Educare, 2005, citado por Neves,
2014).
Posto isto, independentemente do modo como os recursos se designam, o
que realmente importa é que a sua seleção e utilização, quando adequada,
pensada de forma intencional, planificada e refletida, ocorra com eficácia nos
processos de ensino-aprendizagem, pois são uma mais-valia para o sucesso das
aprendizagens dos alunos. Assim sendo, a utilização de qualquer material
pedagógico necessita de ser pensada e refletida, quer quanto à sua adequação, às
características particulares de cada criança ou
grupo de crianças, seus interesses, conhecimentos prévios e vivências, quer quanto à
natureza específica das competências e dos saberes curriculares visados. Deste modo, é
importante que os recursos didáticos sejam adequadamente selecionados, construídos e
explorados de forma a promoverem aprendizagens ativas e significativas (Graells, 2000,
citado por Neves, 2014).
34

Guião da Visita de Estudo


11.3 Guião da Visita de Estudo

Visita ao
Jardim Botânico
35

__ de _____ de 20__

Este guião pertence a:

________________________________Turma: _____

Professores:
36

Partida da escola: _____h_____

Entrada no Jardim: _____h_____

Saída do Jardim: _____h_____

O
Chegada à escola: _____h_____

Jardim Botânico
O Jardim Botânico da Madeira é um dos Jardins mais
emblemáticos da nossa ilha. É um local de visita obrigatória e os
350 000 visitantes anuais são a prova disso.
O Jardim apresenta-se com uma área de 35 000 m2 e mais de
2000 plantas exóticas provenientes de todo o Mundo, algumas
delas em vias de extinção. Conta ainda com um Museu de
História Natural (com 15 000 exemplares), o “Loiro Parque”
(com cerca de 500 aves exóticas de 60 espécies diferentes como
Papagaios e Araras), um herbário (com 24 000 exemplares de
plantas), e por fim um miradouro onde poderá contemplar uma
magnífica vista sobre a cidade do Funchal. O Jardim Botânico
dista apenas 3 km da cidade do Funchal e pode fazer o percurso
até lá através de um teleférico.

Inauguração:30 de abril de 1960 (62 anos)


37
38

Boa visita!

1.ª Etapa

1- Assinala, de acordo com a tua observação, qual é a estação do ano


que cada planta se encontra.

Vinhático
39

Outono Inverno

Primavera Verão

Castanheiro

Outono Inverno
40

Primavera Verão

2.ª Etapa

2 – Identifica o nome das seguintes plantas e suas as partes constituintes.

Nome: _________________________

Nome: _________________________
41

Nome: _________________________
42

Conclusão
A realização do presente trabalho foi importante, pois permitiu
aprofundarmos os nossos conhecimentos acerca da caraterização do meio social,
nomeadamente a importância que o mesmo tem para o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças. Além disso, permitiu dissertar e refletir sobre os
aspetos físicos e os aspetos humanos das instituições educativas que tivemos a
oportunidade de estagiar, assim como de idealizar e elaborar uma atividade
sobre o meio social, mais precisamente no Jardim Botânico.
Neste sentido, para a realização deste trabalho foi essencial efetuarmos
uma pesquisa teórica acerca da importância da caraterização do meio social, bem
como das instituições onde desenvolvemos a nossa prática pedagógica, quer na
pré-escolar, quer no 1.º Ciclo.
A proposta desta temática foi interessante, na medida em que é
fundamental para a nossa prática pedagógica, uma vez que para planearmos
devemos ter conta os recursos existentes na escola, o seu meio envolvente, o
contexto familiar das crianças, a caraterização do grupo ou da turma, entre
outros, para que seja possível concretizar a ação pedagógica com sucesso.
É de referir ainda que, infelizmente, deparamos ao longo da nossa prática
que muitas vezes o professor está limitado quanto aos recursos existentes, o que
leva a desistirem de adaptar as suas práticas de acordo com aquilo que é possível
e a adotarem um ensino expositivo ao recorrerem somente aos manuais.
Constatamos ainda que os professores não costumam alterar a organização das
salas de modo a atender as atividades planeadas e a facilitar a aprendizagem
significativa dos alunos, uma vez que ainda tendem a ter um ensino de caráter
transmissivo, em que os alunos ouvem e memorizam os conteúdos de forma
abstrata, sendo que a disposição da mesas e cadeiras continua a ser em filas e
colunas.
Em suma, consideramos que o conhecimento do meio cultural,
geográfico, histórico e socioeconómico, é imprescindível para qualquer pessoa
da educação, especialmente para os professores, cujo papel é de promover e
aprofundar os conhecimentos preexistentes de cada aluno, de modo a contribuir
para o seu futuro e o desenvolvimento das suas aprendizagens.
43

Referencias

Neves, M. (2014). Organização do espaço educativo: «quebrar» a rotina, Dissertação de


Mestrado em 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico. Instituto Piaget.
44

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