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Atualidades

Profe. Carla Kurz


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Tópicos relevantes e atuais sobre segurança pública

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A prioridade das políticas públicas de prevenção à
violência

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Quais políticas públicas podem ser feitas?
(1) iluminar as áreas problemáticas;
(2) ocupá-las com ações agregadoras, lúdicas ou de lazer;
(3) reaproveitar os espaços públicos, reformando-os para inundar os bairros
populares com áreas para esporte e para atividades culturais: artísticas, festivas,
musicais;
(4) urbanizar os territórios para reduzir o isolamento;
(5) apoiar a construção de redes locais;
(6) implementar políticas integradas que focalizem os três domínios fundamentais
para a vida social: a casa, a rua – ou a comunidade e o bairro – e a escola, inclusive
seu desdobramento profissionalizante, que conduz ao trabalho.

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Metas:

(a) promoção da segurança alimentar, acompanhada de educação nutricional;


(b) garantia das condições básicas de saúde, o que envolve saneamento e habitação;
(c) garantia de renda mínima;
(d) redução da violência doméstica contra mulheres e crianças, e proteção às vítimas
(reeducação dos agressores);

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Metas:

(e) combate ao trabalho infantil e a toda forma de exploração e abuso da integridade


das crianças – física, moral e emocional –;
(f) qualificação do atendimento escolar, com redução da evasão;
(g) oferta de oportunidades de retorno à educação fundamental e secundária, via
supletivo em formatos compactados e criativos;
(h) oferta de cursos profissionalizantes, com flexibilidade compatível com a
plasticidade da nova realidade do mundo do trabalho, mesmo informal;

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Metas:

(i) conscientização sobre as responsabilidades da paternidade e da maternidade,


(j) difusão de informações sobre drogadição e oferta de tratamento
para os dependentes;
l) difusão de informações sobre sexualidade, contracepção e prevenção das doenças
sexualmente transmissíveis, particularmente a AIDS.

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A experiência internacional

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TOME NOTA

A redução da criminalidade depende de uma feliz combinação entre tendências


demográficas, a mobilização de um amplo espectro de agências públicas (e entidades
da sociedade civil) e focused policing (expressão traduzível por “policiamento
focalizado”.

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Na Inglaterra, nos Estados Unidos e na Holanda, as seguintes iniciativas se
mostraram extremamente eficientes na redução dos fatores de risco que tendem a
promover a delinquência:
1) uso de programas de estímulo a habilidades sociais e de aprendizado das crianças, nos
períodos anteriores e posteriores ao horário escolar, sobretudo em áreas urbanas pobres;
2) visitas a famílias vulneráveis para promover a capacidade dos pais no exercício da
paternidade e da maternidade, em todas as suas dimensões, afetivas, educativas e psicológicas;
3) todo tipo de apoio e assistência aos pais;
4) estímulo ao desenvolvimento de habilidades sociais e de aprendizado das crianças através de
visitas a suas casas, ou via promoção de atividades recreacionais e culturais bem estruturadas;
5) oferta de incentivos financeiros e educacionais para que os estudantes completem o segundo
grau;

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6) investimento no reforço da autoestima e na integração social das crianças e dos jovens em
idade escolar, através de programas de vizinhança que proporcionem experiências de
pertencimento e troca;
7) oferta, no emprego, de oportunidades e de treinamento;
8) organização de atividades na escola e depois da escola, voltadas para a cultura da paz;
9) trabalho com as famílias dos transgressores primários visando reduzir a disfunção familiar;
10) tratamento de transgressores que apresentem problemas de drogadicção;

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11) responsabilização dos jovens por práticas de “vandalismo”;
12) responsabilização dos proprietários de estabelecimentos onde ocorrem atos de
violência;
13) iluminação das ruas;
14) aumento do número de profissionais que trabalham com vigilância pública

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Para que um programa se realize, é necessário que o processo
transite entre os seguintes estágios:

• diagnóstico das dinâmicas criminais;


• elaboração de um plano de ação;
• avaliação;
• monitoramento;
• projetos piloto

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Para que um programa se realize, é necessário que o processo transite entre os
seguintes estágios:

o diagnóstico das dinâmicas criminais e dos fatores de risco (seja de vitimização, seja
de atração para o crime), local e geral, sensível às variações ditadas pelas circunstâncias e
as conjunturas;
a elaboração de um plano de ação, capaz de formular uma agenda, identificar
prioridades e recursos, e estipular metas; sua implementação (que importa em
tarefas de coordenação e de garantia do cumprimento de metas e cronogramas);
sua avaliação (não só dos resultados, também do processo), seguida do
monitoramento, que significa a correção de rumo ditada pela constatação dos erros.
É conveniente implantar projetos piloto e observá-los, criticamente, como
experimentos-demonstração. É irracional implantar programas ou políticas sem definir
critérios, métodos e mecanismos de avaliação e monitoramento.

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Confira quanto algumas unidades federativas gastaram em 2017 por
cada um de seus presos:
• Paraná: o custo mensal de um preso no Paraná aumentou 12,5% em relação ao valor do
início do mesmo ano, chegando a R$ 3.016,40. O valor disponibilizado pelo estado foi de
R$ 620,6 milhões no ano, 22% a menos do que o necessário para arcar com todos os
custos do sistema.

• Bahia: segundo o secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização da Bahia,


Nestor Duarte Neto, o custo de um preso no estado é cerca de R$ 3 mil.

• Pernambuco: o custo de um preso fica em torno de R$ 3,5 mil ao mês.

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São Paulo: é o estado com maior população carcerária no país, apresentando um
custo médio de R$ 1.450 por preso.

Amazonas: o custo de um preso supera a média nacional, chegando a R$ 4.112, sem


levar em conta os investimentos realizados pelo próprio estado. Os presídios no
Amazonas são administrados pela empresa Umanizzare e seus gastos superam até
mesmo os das unidades penitenciárias federais.

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A problemática das drogas

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Traficante ou usuário?

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LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006

Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve


medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

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O que ocasionou, então, o crescimento de prisões?

Na opinião do advogado criminalista Cristiano Maronna, secretário executivo do


Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e presidente da Plataforma Brasileira de
Política de Drogas, a falta de definição precisa sobre o que é o uso e o que é o tráfico
de drogas, bem como uma aplicação que ele considera desfuncional da norma.

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“O Artigo 33 que trata do tráfico coloca como uma das condutas punidas a cessão
gratuita de drogas de uma pessoa a outra. Isso não é tráfico, o tráfico envolve lucro.
Outra coisa é que não se exige prova. A pessoa flagrada com determinada
quantidade é presumida como traficante. Isso é inaceitável, porque o que se espera é
que o Estado prove que aquela pessoa, de fato, trafica drogas, por meio, por
exemplo, do extrato bancário ou por meio de uma investigação, com testemunhas
etc. Nada disso é exigido, como regra, para uma pessoa ser condenada por tráfico”.

Cristiano Maronna

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"Para quem tem carteira de trabalho assinada, provar que não é traficante não é tão
difícil". "Para jovens, negros, moradores de comunidades e desempregados, essa
prova é mais difícil. Então, é muito comum que usuários negros, pobres e favelados
sejam processados e condenados como se traficantes fossem”.

Cristiano Maronna

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Criação do Sistema Único de Segurança Pública nos
estados

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LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018.

Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 da
Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de
Segurança Pública (Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001,
e a Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa
Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio
de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com a sociedade.

Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos, compreendendo a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada um.

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O que o SUSP mudou?

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Dois anos depois

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Atlas de Violência 2020

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Segundo o estudo, as maiores taxas de homicídio estão nos estados
de:
• Roraima (71,8%),
• Ceará (54%),
• Pará (53,2%),
• Rio Grande do Norte (52,5%), Amapá (51,4%) e Sergipe (49,7%). Os estados com menores
taxas estão Mato Grosso do Sul (20,8%), Piauí (19%), Distrito Federal (17,8%), Mina Gerais
(16%), Santa Catarina (11,9%) e São Paulo (8,2%).

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"Um elemento central para a gente entender a violência letal no Brasil é a
desigualdade racial. Se alguém tem alguma dúvida sobre o racismo no país, é só
olhar os números da violência porque traduzem muito bem o racismo nosso de cada
dia”.

diretora executiva do FBSP, Samira Bueno, uma das pesquisadoras que elaborou o
documento.

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"Todas essas ações [do poder público] que, de algum modo, atuam na prevenção à
violência têm sido capazes, apesar da magnitude do fenômeno [da violência], de
prevenir a morte de pessoas não negras, de proteger as vidas de não negros. Porém,
quando a gente olha especificamente para a taxa de homicídio da população negra,
no mesmo período, no mesmo país, cresceu 11,5%. É como se a gente estivesse
falando de países diferentes, territórios diferentes, tamanha a disparidade quando a
gente olha para o fenômeno da violência, segmentando entre negros e não negros”.

diretora executiva do FBSP, Samira Bueno, uma das pesquisadoras que elaborou o
documento.

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Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil

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Homicídio é a principal causa de morte entre homens jovens

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Violência doméstica e de gênero

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LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a


mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre
a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução
Penal; e dá outras providências.

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A lei, que classifica como violência doméstica e familiar “qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que cause à mulher morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou
psicológico e dano moral ou patrimonial”, trouxe avanços e diferenças de
perspectivas sobre violência contra a mulher, diz a pesquisadora do Fórum Brasileiro
de Segurança Pública e mestranda em Teoria do Estado e Direito Constitucional na
PUC/Rio Amanda Pimentel.

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Mudanças ao longo de 14 anos

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LEI Nº 13.505, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2017.

Acrescenta dispositivos à Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria


da Penha), para dispor sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica
e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e
prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino.

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LEI Nº 13.772, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2018.

Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e o


Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para reconhecer que
a violação da intimidade da mulher configura violência doméstica e familiar e para
criminalizar o registro não autorizado de conteúdo com cena de nudez ou ato sexual
ou libidinoso de caráter íntimo e privado.

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LEI Nº 13.641, DE 3 DE ABRIL DE 2018.

Altera a Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para tipificar o
crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência.

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LEI Nº 13.984, DE 3 DE ABRIL DE 2020

Altera o art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da


Penha), para estabelecer como medidas protetivas de urgência frequência do
agressor a centro de educação e de reabilitação e acompanhamento psicossocial.

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DADOS:

O Brasil ocupa hoje a 5ª posição no ranking mundial em feminicídio, assassinato de


uma mulher pela condição de ser mulher, segundo dados do Mapa da Violência 2015
- ONU.

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TOME NOTA:

A violência praticada contra a mulher, nas diferentes formas como se apresenta hoje,
no Brasil e no mundo, em especial aquela que ocorre no ambiente doméstico e
familiar, é, sobretudo, consequência da evolução histórica de hábitos culturais
fundamentados em discursos patriarcais. Assim inferem muitos profissionais de
diferentes áreas de atuação, bem como acadêmicos e agentes políticos que atuam no
combate à violência doméstica e de gênero.

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TOME NOTA:

Nestes contextos, de práticas e hábitos culturais construídos ao longo das incontáveis


mudanças de gerações, a condição social da mulher sempre foi de submissão e
subjugação familiar ao homem. Muitas formas de violência doméstica contra a
mulher são consequência da incompreensão da atual condição feminina, portadora
dos mesmos direitos conferidos aos homens.

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TOME NOTA:

Com direitos e deveres estabelecidos, como na Constituição Federal/88, nas


Legislações Complementares e também nos Tratados Internacionais e Convenções, a
busca pela efetiva igualdade entre os gêneros e pela erradicação de todas as formas
de violência contra a mulher tem se apresentado como a grande mudança de
paradigma.

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Consequências da violência doméstica

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No plano individual, a violência pode levar à morte da vítima e frequentemente
produz lesões, cicatrizes deformantes, mutilações, doenças crônicas, depressão,
apatia, baixa auto-estima, ansiedade, distúrbios do sono, pânico etc.

No plano econômico, a violência consome parte das riquezas do país, por meio de
aposentadorias precoces, faltas e atrasos ao trabalho, baixa produtividade, consultas
médicas etc.

No plano social, ela leva, muitas vezes, à delinquência juvenil, ao comportamento


violento por parte de crianças e adolescentes, vítimas e testemunhas, ao abandono
da casa e da família, trocadas pela vida nas ruas, à depressão e ao baixo rendimento
escolar.

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FEMINICÍDIO

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“Os dados mostram que houve um aumento no feminicídio em 2020, comparado aos
seis primeiros meses do ano passado. Eles também mostram que há uma reprodução
nas formas de desigualdades que já acometem a vida das mulheres, 73% das vítimas
de homicídio são mulheres negras”.

pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo


(NEV-USP), Giane Silvestre

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LEI Nº 13.104, DE 9 DE MARÇO DE 2015.

Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,


para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e
o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos
crimes hediondos.

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Destaque para alguns pontos importantes da Lei:

I - prevê o feminicídio como qualificador do crime de homicídio quando é praticado contra a


mulher por razões da condição do sexo feminino;

II - considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolver: a)


violência doméstica e familiar contra a mulher; b) ou menosprezo e discriminação contra a
mulher;

III - prevê causas de aumento da pena de 1/3 até a metade se o crime for praticado: a) durante
a gestação ou nos três meses posteriores ao parto; b) contra menor de 14 anos, maior de 60 ou
pessoa com deficiência; c) na presença de descendente ou ascendente da vítima;

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Destaque para alguns pontos importantes da Lei:

IV - considera-se crime hediondo.

Lei nº 13.104, de 09/03/2015 - Altera o art. 121 do Código Penal, para prever o Feminicídio
como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da lei de Crimes Hediondos,
para incluir o Feminicídio no rol dos crimes hediondos

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Sistema Penitenciário

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O perfil da população da carcerária

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• Jovem
• Negro
• Baixa escolaridade
• Morador de periferia.

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"Não se constrói políticas públicas consistentes sem que tenhamos dados, sem que
tenhamos evidências, sem que tenhamos a condição de construir essas políticas
públicas com base em dados reais e quanto mais próximos esses dados do momento
contemporâneo, tanto melhor”, disse Moro."

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DADOS

• População carcerária triplicou em 20 anos no Brasil;


• Até junho de 2019, a população carcerária no Brasil era de 773.151 presos, número
que triplicou desde 2000, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional
(Depen);
• A taxa de encarceramento a cada 100 mil habitantes passou de 137, em 2000, para
367,91 até junho de 2019;
• Em 1990, essa taxa era de 61 pessoas presas a cada 100 mil habitantes.
• O déficit de vagas no sistema prisional – a diferença entre o número de presos e o
número de vagas – passou de 97 mil vagas em 2000 para 312,1 mil no ano passado.

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• Segundo o Depen, a maior parte das pessoas que estavam presas até junho de
2019 cometeu crimes relacionados à lei de drogas (39,4%);
• Apenas 11,31% são presos por crimes contra a pessoa, como homicídio, aborto,
ameaça, violência doméstica e auxílio a suicídio, entre outros;
• Atualmente, há 14,4 mil presos em delegacias em todo o Brasil. O governo
pretende zerar esse número até o final de 2022, além de criar 100 mil novas vagas.

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• As operações da Polícia Federal, no primeiro semestre do ano, resultaram
na apreensão de 206 toneladas de maconha,;
• 44 toneladas de cocaína;
• 66 mil comprimidos de ecstasy;
• 127 mil unidades de metanfetamina;
• Além disso, a Polícia Federal apreendeu mais de R$ 24 milhões em bens do
tráfico.
• O trabalho da Polícia Rodoviária Federal nas rodovias brasileiras resultou na
apreensão de mais de 284 toneladas de maconha;
• 14 toneladas de cocaína no primeiro semestre deste ano.

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• Os registros de novas armas de fogo concedidos pela Polícia Federal nos seis primeiros meses
deste ano chegaram a 89% do total de 2019. Até junho de 2020, haviam sido 73.985 registros.
Nos 12 meses de 2019, foram 82.663.

• Em 31 de maio de 2020, outra pesquisa do Datafolha, mostrou que 72% discordam da


afirmação de Bolsonaro de que era preciso armar a população

OBSERVAÇÃO: O registro é o documento, com validade de dez anos, que autoriza o


proprietário de arma de fogo a mantê-la exclusivamente no interior de sua residência ou no
seu local de trabalho. É diferente do porte de arma (direito de andar armado).

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Cite

Constituição Federal:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.

Por que é importante citá-la?

Assim como saúde e educação, segurança é um direito de todos nós. É dever de um Estado
democrático garantir a proteção e integridade de cidadãos. Esse acordo tácito entre
governantes e governados é o que chamamos de contrato social. Ele está estabelecido em
nossa Constituição no artigo 144 e é fundamental lembrar disso na redação

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Outras citações para o discurso de autoridade

“Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e
inspirar esperança onde há desespero.” Nelson Mandela

“A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas
destruidora.” Benedetto Croce

“Frágeis usam a violência, e os fortes, as ideias.” Augusto Cury

“A violência é sempre terrível, mesmo quando a causa é justa.” Friedrich Schiller

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Causas da violência

• a desigualdade social;
• pouco investimento em moradia, educação e emprego;
• combate falho às facções do crime organizado;
• baixa remuneração dos agentes policiais.

ATENÇÃO: A baixíssima remuneração dos agentes policiais, sejam eles civis ou


militares, o resultado é a liderança do Brasil no ranking das polícias que mais matam
— e morrem — do mundo. Pouco preparo, estrutura precária e baixos salários levam
a um cenário caótico para os órgãos de segurança pública.

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Consequências da violência

• baixa qualidade de vida dos cidadãos;


• altas taxas de assassinatos;
• perturba a imagem do país no cenário internacional;
• gera insatisfação popular com o serviço de segurança pública.

Ideia extra: A falta de segurança e violência fera altos custos de ações paliativas por
parte do governo, além de reduzir os lucros sobre o turismo. Afinal de contas, um
país violento atrai muito menos turistas, perdendo oportunidades de renda.

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30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente

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De olho na dica:

• Quando uma criança realiza um ato infracional, ela está sujeita a receber
apenas medidas protetivas.
• Já o adolescente pode receber as medidas de proteção, bem como as
socioeducativas.
• Quando um adulto comete um crime, ele será responsabilizado com base
no Código Penal.

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Quer entender melhor?

Não se pode confundir inimputabilidade com impunidade, pois serão


tomadas medidas especificas para os menores de 18 anos que cometem
algum ato infracional.

• Para os menores de 12 anos incompletos são tomadas apenas medidas


de proteção, art. 101 do ECA.
• Para os adolescentes entre 12 a 18 anos medidas de proteção ou se
necessário medidas socioeducativas, art. 112 do ECA.
• E excepcionalmente os jovens entre 18 a 21 anos, medidas
socioeducativas.

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Atenção

• Medidas socioeducativas: responsabilizar é diferente de punir;


• A criança comete sempre desvio de conduta, mesmo que este ato seja
crime ou contravenção.

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O que são medidas socioeducativas?

• As medidas socioeducativas são as sanções judiciais aplicadas aos


adolescentes que desempenham uma conduta que pode ser descrita
como crime ou contravenção penal, o ato infracional.

• Essas disposições estão elencadas no Artigo 112 do Estatuto da Criança e


do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990).

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Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)

• A Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012, instituiu o SINASE e


regulamentou a execução das medidas destinadas aos adolescentes que
pratiquem ato infracional.

• Conforme o § 1º do artigo 1º desse aparato legal, entende-se por SINASE


o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a
execução de medidas socioeducativas. Inclui-se nele, por adesão, os
sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos,
políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em
conflito com a lei.

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Quais são os objetivos das medidas socioeducativas?

• A responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do


ato infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação;
• A integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais
e sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de
atendimento; e
• A desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da
sentença como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição
de direitos, observados os limites previstos em lei.

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Como as medidas socioeducativas atuam?

• Responsabilização;
• Educação;
• Proteção Integral.

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Redução da maioridade penal

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Argumentos para quem é a favor da redução da maioridade penal

1. Adolescentes de 16 e 17 anos já têm discernimento o suficiente para responder por seus


atos.
Esse argumento pode aparecer de formas diferentes. Algumas apontam, por exemplo, que
jovens de 16 anos já podem votar, então por que não poderiam responder criminalmente,
como qualquer adulto? No geral, o argumento se pauta na crença de que adolescentes
já possuem a mesma responsabilidade pelos seus próprios atos que os adultos.

2. A maior parte da população é a favor


O Datafolha divulgou uma pesquisa em que 87% dos entrevistados afirmaram ser a favor da
redução da maioridade penal. Apesar de que a visão da maioria não é necessariamente a
visão correta, é sempre importante considerar a opinião popular em temas que afetam o
cotidiano.

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3. Com a consciência de que não podem ser presos, adolescentes sentem
maior liberdade para cometer crimes
Em uma matéria divulgada pelo portal R7, em 2014, um garoto que, na
véspera de seu aniversário de 18 anos, matou sua namorada, filmou e exibiu
o vídeo para seus amigos. Prender jovens de 16 e 17 anos evitaria muitos crimes.

4. Muitos países desenvolvidos adotam maioridade penal abaixo de 18


anos
Nos Estados Unidos, a maioria dos estados submetem jovens a processos
criminais como adultos a partir dos 12 anos de idade. Outros exemplos: na
Nova Zelândia, a maioridade começa aos 17 anos; na Escócia aos 16; na
Suíça, aos 15.

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5. As medidas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) são insuficientes
O ECA prevê punição máxima de três anos de internação para todos os menores infratores,
mesmo aqueles que tenham cometido crimes hediondos. A falta de uma punição mais
severa para esses casos causa indignação em parte da população.

6. Menores infratores chegam aos 18 anos sem ser considerados reincidentes


Como não podem ser condenados como os adultos, os menores infratores ficam com a ficha
limpa quando atingem a maioridade, o que é visto como uma falha do sistema.

7. A redução da maioridade penal diminuiria o aliciamento de menores para o tráfico de


drogas
Hoje em dia, como são inimputáveis, os menores são atraídos para o mundo do tráfico para
fazer serviços e cometer delitos a partir do comando de criminosos. Sem a maioridade
penal, o aliciamento de menores perde o sentido.

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Argumento para quem é contra a redução da maioridade pena

1. É mais eficiente educar do que punir


Educação de qualidade é uma ferramenta muito mais eficiente para resolver o
problema da criminalidade entre os jovens do que o investimento em mais prisões para
esses mesmos jovens. O problema de criminalidade entre menores só irá ser
resolvido de forma efetiva quando o problema da educação for superado.

2. O sistema prisional brasileiro não contribui para a reinserção dos jovens na


sociedade
O índice de reincidência nas prisões brasileiras é relativamente alto. Não há estrutura
para recuperar os presidiários. Por isso, é provável que os jovens saiam de lá mais
perigosos do que quando entraram.

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3. Prender menores agravaria ainda mais a crise do sistema prisional
Com mais de 600 mil presos ocupando algo como 350 mil vagas, a superlotação dos presídios
aumentaria ainda mais com redução da maioridade penal para 16 anos.

4. Crianças e adolescentes estão em um patamar de desenvolvimento psicológico diferente dos


adultos
Diversas entidades de Psicologia posicionaram-se contra a redução, por entender que a
adolescência é uma fase de transição e maturação do indivíduo e que, por isso, indivíduos
nessa fase da vida devem ser protegidos por meio de políticas de promoção de
saúde, educação e lazer.

5. A redução da maioridade penal afetaria principalmente jovens em condições sociais


vulneráveis
A tendência é que jovens negros, pobres e moradores das periferias das grandes cidades
brasileiras sejam afetados pela redução. Esse já é o perfil predominante dos presos no
Brasil.
115
6. Tendência mundial é de maioridade penal aos 18 anos
Apesar de que muitos países adotam idades menores para que jovens
respondam criminalmente, estes são minoria: estudo da Consultoria
Legislativa da Câmara dos Deputados revela que, de um total 57 países
analisados, 61% deles estabelecem a maioridade penal aos 18 anos.

7. A Constituição preferiu proteger os menores de 18 anos da prisão – e isso


não poderia ser mudado
O artigo 228 da Constituição de 1988 diz que os menores de 18 anos são
penalmente inimputáveis, ou seja, não podem ser condenados a prisão como
os adultos. Existe um debate se esse dispositivo seria ou não cláusula pétrea –
trecho da Constituição que não pode ser mexido.

116
117
Atos infracionais

• Ato infracional somente pode ser praticado por adolescente, são fatos
análogos a crimes ou contravenções.
• É o que dispõe o artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente .
• ECA , art. 103 . "Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal “.

118
O adolescente que pratica este tipo de conduta está sujeito as medidas de previstas no artigo 112,
do mesmo dispositivo.

Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá


Art. 112.
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

I - advertência;

II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI .


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Mudanças

• Reconhecimento de direitos: garantir que as crianças e adolescentes


brasileiros, até então reconhecidos como meros objetos de intervenção da família
e do Estado, passem a ser levados a sério e tratados como sujeitos autônomos.
Hoje as crianças são vistas como cidadãos em desenvolvimento e que precisam
de proteção.
• Ensino: todo jovem tem direito a escola gratuita. E os pais são obrigados a
matricular os filhos na escola.
• Lazer: toda criança tem o direito de brincar, praticar esportes e se divertir
• Saúde: crianças e adolescentes têm prioridade no recebimento de socorro
médico, devem ser vacinados gratuitamente.

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• Políticas públicas de atendimento à infância e juventude:
estabeleceu uma maior participação da sociedade civil, poderes públicos e dos
municípios em ações de proteção e assistência social.
• Proteção contra a violência: reconheceu a proteção contra a
discriminação, violência, abuso sexual e proibição de castigos imoderados e crueis
• Proibição do trabalho infantil: determinação da proibição de trabalho
infantil e proteção ao trabalho do adolescente. A única exceção é dada aos
aprendizes, que podem trabalhar a partir dos 14 anos com carga horária reduzida

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• Conselho Tutelar: para cumprir e fiscalizar os direitos previstos pelo ECA, foi
criado o Conselho Tutelar, órgão municipal formado por membros da sociedade
civil. Atualmente 98% dos municípios contam com o apoio de conselheiros.
• Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente: foram criados os
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, que existem nas esferas
municipal, estadual e nacional e têm como atribuição o monitoramento e a
proposição de políticas públicas.
• Novas regras para o adolescente infrator: foram definidas medidas
socioeducativas para infratores entre 12 e 18 anos que precisam cumprir pena em
unidades que visam à reeducação e a reintegração do jovem.

126
Segurança pública brasileira: desafios e propostas de melhorias

127
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio (…)

128
129
130
131
132
O que é e qual a função da Segurança Pública?

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134
Cenário atual da segurança pública brasileira

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137
Como o papel da polícia influencia esse cenário?

138
139
140
141
142
143
144
Principais desafios encontrados na segurança pública no Brasil

145
146
Desarticulação de facções criminosas

147
148
149
O adequado funcionamento de parcerias entre órgãos

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151
Corrupção nos meios governamentais

152
153
Ações e estratégias necessárias para a implementação da
segurança pública de qualidade

154
155
Entender que os fenômenos criminológicos são reflexos do
quadro político

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157
Reinserção social de encarcerados

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159
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Reestruturação de políticas de drogas

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