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DIP TEÓRICAS

28/09

4 pontos do programa:

 Introdução- evolução histórica do DIP; sistemática do DIP


 Matéria das fontes- como nascem normas internacionais, quais são as fontes, como se
relaciona direito internacional com o direito interno
 Sujeitos- quem é quem no direito internacional, os estados, a pessoa humana, as
organizações internacionais
 Regulação material (aspetos mais importantes) - Segurança coletiva; direito
internacional dos direitos humanos (proteção de migrantes e refugiados); ambiente e
alterações climáticas

Avaliação:

 60% aulas práticas (participação espontânea; trabalho escrito-30%, até 10 páginas,


escolher entre 25 temas, entrega do trabalho dia 15/11);
 40% frequência

Bibliografia:

 DIP e ordem jurídica global do século XXI- introdução e fontes


 Ordem jurídica global do seculo XXI, … - Sujeitos
 DI e o uso da força no século XXI- Uso da força, …
 Coletânea- Carta nações unidas, Estatuto tribunal de justiça, convenção de Viena,
declaração universal dos direitos do homem, pactos de 1966, convenção internacional
do direito dos homens
 Textos direito internacional público- aafdl

Parte histórica sai sempre nas provas. Direito dos tratados também, normalmente é um caso
prático.

Ponto 5 do programa não vai dar nas teóricas, mas pode sair em avaliação.

30/09

DIP é uma expressão de uma ordem jurídica própria, com o próprio sistema de fontes,
imputação de direitos e deveres, próprios mecanismos de aplicação e garantias, não é um
ramo do direito. Não é comparável ao direito interno, que é uma realidade normativa distinta.
DIP tem uma identidade própria

Definição de DIP: conjunto de regras e princípios definidos no quadro da ordem jurídica global
que visam regular a existência e funcionamento da comunidade internacional. Esta definição
engloba elementos fundamentais:

 Estamos perante uma disciplina jurídica, é um conjunto de regras e princípios; é um


estado normativo.
 Génese- regras e princípios nascem no contexto da ordem jurídica global.
 Objeto- regular a existência e o funcionamento da comunidade internacional; regular
as interações entre sujeitos internacionais.
 Função- dar enquadramento normativo às situações de facto de interesse nacional.
 DIP é o estatuto jurídico da comunidade internacional

Comunidade internacional: prof podia ter usado a expressão sociedade internacional. No


entanto, no direito internacional não é a mesma coisa. Quando a prof diz comunidade está a
fazer com propriedade, intenção. Em linguagem comum, os conceitos são equivalentes. Mas,
numa perspetiva técnico-jurídica, teremos de utilizar a expressão comunidade internacional.

Os diferentes agregados humanos e a forma como se relacionam entre si pode seguir dois
modelos- o societário ou o comunitário. Que tipo de relações os estados estavam dispostos a
usar entre si?

 No societário as relações são relações entre iguais, baseado na igualdade e na


cooperação, na livre vontade. Num modelo tipicamente societário, todos têm igual
valor, independentemente do número de habitantes, etc… o que se traduz em todos
os países terem o direito de veto. Os elementos integrantes do conjunto mantêm
plenamente a sua liberdade e as relações entre eles são relações entre iguais, de
coordenação, cooperação. São baseadas no consentimento.
 No comunitário as relações pressupõem limitações da autonomia decisória, que levam
a criação de regras que impõem deveres que não são necessariamente para todos.
Estamos num quadro de subordinação. Neste modelo, é uma organização que limita a
soberania, que eram objeto de decisões de maioria. os membros integrantes do
conjunto aceitam limitações da sua esfera de decisão. Passa a existir entre eles,
através de um tratado ou constituição ou, nas famílias, o casamento, com base num
pacto inicial, a aceitação de limitações de infra e supra ordenação. Com base nos
interesses de cada um, entendem que é mais favorável limitar a sua liberdade para
alcançar objetivos maiores do que o estrito interesse de cada um. O interesse coletivo
sobrepõe-se ao interesse individual, com base no exercício da autovinculação.

DIP É SOCIETÁRIO OU COMUNITÁRIO?

Ao olhar para a carta das nações unidas nº2, é estabelecido o principio da igualdade soberana
entre os estados.

No entanto, a própria carta estabelece diferenças:

 O conselho de segurança tem 15 membros, logo nem todos fazem parte do conselho-
tem 10 não permanentes, que de 2 em 2 anos são renovados; e tem 5 permanentes-
EUA, Rússia, Reino Unido, França e China, que para alem de serem permanentes,
estatuto do qual nunca vão abdicar, tem nas suas mãos uma arma importante e eficaz
que se chama direito de veto- qualquer um destes membros permanentes tem o
direito de impedir deliberações- isto explica nunca ter sido aprovado uma resolução
sobre a Síria, pois a Rússia e china vetam; resolução condenatória de Israel vetada por
EUA, etc…
 Logo DIP é baseado na cooperação, mas na parte dos conflitos internacionais, temos
um elemento comunitário. é um direito de origem societária, baseado na ideia de
cooperação, mas, com a evolução especialmente após a CNU, aponta no sentido da
prevalência de um modelo comunitário, de maior aprofundamento da integração nas
relações entre estados, que envolvem limitações de soberania e liberdade para definir
princípios fundamentais: PAZ E DIGNIDADE HUMANA
Não há alternativa ao multilateralismo- quem acha que é ineficaz, ainda há pior- o
unilateralismo, que é a afirmação de um ou dois estados sobre os demais.

 “Enquanto que o forte faz o que quer, o fraco faz o que…” - relações de força e não do
dever ser.
 DIP é a afirmação de uma normatividade de um conjunto de regras que se impõem a
todos, independentemente da sua força.

DIP é direito de uma organização social. A sociedade internacional é uma organização de


natureza social. Será que esse direito internacional é cumprido porque os destinatários o
aceitam, ou se é cumprido/deve ser acatado mesmo que os destinatários não o queiram? Após
análise, entende-se que os estados (sujeitos principais do direito internacional) cumprem
porque devem e não porque querem. Uma superpotência que segue as regras, fá-lo porque
pensa que lhe traz benefícios em termos de reputação, não porque compreende que não há
outro caminho e que a regra é imperativa.

7/10

IMPERATIVIDADE DO DIREITO INTERNACIONAL


IUS COGENS

No DIP, há um conjunto de regras que são mais imperativas que as demais - ius cogens - na
medida em que a sua imperatividade se impõe aos estados, sobre obrigações erga omnes. A
existência de regras de ius cogens no panorama internacional não é consensual.

Estes são assinados pelos estados porque tinham essa vontade, e os acordos são para serem
cumpridos (pacta sunt servanda). Não é um principio novo! Com a força do costume
(expressão da vontade dos estados, reiterada e continuada), a partir da DUDH, vemos no DI a
afirmação de regras imperativas. Pacta sunt servanda: um estado só está sujeito a este princípio se o
tiver retificado.

Fonte de direitos e obrigações, objeto de retificação não são práticas reiteradas com convicção
de obrigação - por exemplo, a proibição da tortura. A França continua a não aceitar a ius
cogens. Para além de esse conceito não ser consensual, menos consensual é as regras que a
ele pertencem.

Identificar as regras que terão o atributo de ius cogens é muito controverso, mas há algumas
que geram pouca controvérsia. Exemplos de Ius cogens:

 Proibição da tortura
 Respeito da dignidade da vida humana
 Respeito pelas fronteiras internacionalmente reconhecidas
 Proibição do uso da força- quem recorre a este principio viola o DIP. E o que acontece
a quem o viola? Nada

As regras não têm consequências: há um problema de efetividade, há regras que estão


desmuniciadas de efetividade, impedidas de usarem a sua aplicação coativa - NÃO É POSSÍVEL!

Há normas jurídicas no DIP que não são passivas de aplicação retroativa. Por exemplo, no
domínio dos conflitos armados. Existe uma infração, mas não é possível aplicar uma sanção.
A carta das nações unidas prevê sanções militares, económicas…, mas raramente isso
acontece, por causa do funcionamento do conselho de segurança. Depende de uma decisão
exclusiva do conselho de segurança, que bloqueia as decisões. Se for um dos 5 membros, ou
um dos seus aliados, também é difícil que se aplique uma sanção. Ficam sempre impedidas
pelo veto- artigo 27º, h) CNU.

O DIP, do ponto de vista da justificação normativa, tem um fundamento contratual, racional e


humanista:

 Elemento contratual: sem DIP não existia sociedade internacional. Onde há homem
sociedade, onde há sociedade há direito, onde há direito há sociedade. A alternativa a
uma sociedade internacional seria a anarquia.
o A vida em sociedade exige um custo. No caso dos estados, eles têm a pagar a
limitação da sua soberania, a sociedade internacional não é compatível com a
existência de soberanias absolutas. O direito traz-nos a segurança da
previsibilidade
o Quem vive em estado de natureza, é todos contra todos, e os poderosos
prevalecem sobre os demais.
o A existência da comunidade internacional depende da existência do direito.
 Elemento racional
 Elemento humanista: os dois grandes fundamentos axiológicos são a dignidade da
pessoa humana e a paz e segurança internacional

Os princípios gerais são todos importantes, mas há um que se destaca, o principio da


proporcionalidade, e que se destaca em todas as áreas jurídicas.

Principio da humanidade e o principio da proporcionalidade- adequação dos meios aos fins.

PORQUE O DIREITO INTERNACIONAL TEM MÁ FAMA?

Pensadores disto partem de um equívoco, a comparação direta entre DIP e direito interno. E
do desconhecimento da evolução histórica do DIP.

 Comparação entre direito internacional e direito interno

Pensadores dizem que como pode ser direito se não legislador, polícia, juiz? Prof diz que não
se pode comparar realidades incomparáveis.

O problema é a criação de expetativas elevadas, desproporcionais, a uma certa realidade.

Há legislador, mas não é um legislador como no direito interno. No interno, está concentrado
no governo e parlamento. O direito internacional é de natureza descentralizada: existem
fóruns internacionais com a função de preparação de normas internacionais, há vários
legisladores.

Não há polícia. Do ponto de vista jurídico, essa função devia ser exercida pela ONU. Na prática
o policia são as potências mundiais- hoje em dia, serão vários países, dependendo da região,
EUA, Rússia, China, e são esses que acabam por ter função policial. Policia em termos de
conflitos internacionais, autoridade que exerce um poder contra os estados.
Juiz- tem juiz, tem tribunais, tribunal internacional da justiça, tribunais arbitrais, etc… - o
problema é que são de jurisdição facultativa, não obrigatória. EUA, China só aceitam a
jurisdição em determinadas situações.

Logo DIP tem legislador, polícia, e tem juiz, de acordo com as especificidades próprias do
Direito internacional

 Desconhecimento da evolução histórica do direito internacional

É importante estudar a parte histórica consultando a cronologia do direito internacional. Ver


no Oxford law… Ler manual, prof não vai dar em aula.

PERÍODOS DE FORMAÇÃO DO DIP:

 Antiguidade clássica até Paz de Vestefália


 Paz de Vestefália até 1815
 Período moderno- 1815 ate 1945
 1945 até atualidade

12/10

NÃO HOUVE AULA

Períodos na evolução histórica do DIP

Período Clássico (1648-1815) Paz de Vestef

Inicia-se com a Paz de Vestefália, uma série de tratados que encerraram a Guerra dos Trinta
Anos e que também reconheceram oficialmente as Províncias Unidas e a Confederação Suíça.
Assinado em 24 de outubro de 1648, em Osnabruque, entre Fernando III (imperador romano-
germânico), os demais príncipes alemães, o Reino de França e a Suécia. Teve o intuito de por
fim ao conflito entre estas últimas potências e o Sacro Império Romano-Germânico. Portugal,
até 1640, estava do lado de Espanha por estar no domínio Filipino; após o fim deste domínio,
passa a estar no lado oposto e vencedor.

Qual é o significado dessa série de tratados, designados de Paz de Vestefália? Em suma, um


novo modelo de coexistência dos Estados. O seu pressuposto é o Estado soberano, que tem
poderes supremos na ordem jurídica interna e independente na relação com os demais.

 Respeito pelas fronteiras dos Estados


 Igualdade soberana dos estados (CNU) - existem diferenças, mas são iguais no
panorama político; no panorama jurídico, no plano do dever ser, todos os estados são
iguais.
 Tolerância religiosa
 Pacta sunt servanta - os estados, firmando pactos e tratados, devem respeitá-los.
 Limitação de guerra: existência de uma ideia de guerra justa. Os estados podem
recorrer à guerra, em determinadas circunstâncias, desde que de uma forma justa,
proporcional à ofensa prestada.

mecanismo de apoio a uma política internacional dos Estados europeus de respeito pelos
compromissos e pelos factos. Assim surge a expressão international law.

Período Moderno (1815-1945)


Ocorre, novamente, por sequência de um grande conflito. As guerras são devastadoras em
termos sociais, culturais e humanos, mas acabam por criar um quadro propicio à demanda
instante e necessária de novas soluções, de outros instrumentos normativos que possam
garantir a paz e a prosperidade entre nações.

Congresso de Viena

Conferência entre embaixadores das grandes potências europeias entre setembro de 1814 e
junho de 1815. A sua intenção era de redesenhar o mapa político do continente europeu após
derrota da França de Napoleão na primavera anterior.

Deste congresso surge um novo quadro normativo baseado na ideia que ficou conhecida como
o conserto europeu - ideia de concertação dos estados europeus em torno do objetivo de
garantia de paz. Apesar de já existir na Paz de Vestefália, surgem novos mecanismos:

 Institucionalização da forma como os estados estão dispostos a cooperar entre si:


surge a formação de entidades propulsoras das organizações internacionais que vão
surgir em forma no século XX (organizações com alguma autoridade administrativa).
 Afirmação da negociação diplomática e sistema de consultas entre as potências. Não
existem, ainda, organizações internacionais formadas, mas existe uma vontade
embrionária, através das consultas reciprocas entre as grandes nações, procurar
resolver as diferenças entre elas e mediar os conflitos entre as mesmas. Mas não vai
impedir guerras.

Sociedade das Nações

Apesar de não ter sido suficiente para por fim ao dogma da soberania dos estados e não ter
instituído mecanismos coercivos relativamente aos Estados, a criação da Sociedade das Nações
foi muito importante.

Vai paralisar e desaparecer em 1939. Foi importante em termos de lançamento de um modelo


institucional de cooperação relativamente ao que seria consagrado na CNU, mas a SDN não
conseguiu: não teve força jurídica e política para impedir a ascensão dos estados totalitários
(Alemanha, Itália e Japão), não tendo autoridade para impedir a 2a GM.

A Paz de Vestefália, apesar da sua força e avanço, não impediu a 2a GM.

Com o fim dessa guerra, abre-se a oportunidade para os estados, não num contexto europeu
(apesar de ser um projeto maioritariamente europeu). As nações apercebem-se da
necessidade de celebração de um pacto eficaz que possa impedir a deflagração de uma nova
Guerra e a manutenção de paz. Sentem a necessidade de criar uma organização
institucionalizada que começa a ser pensada ainda no decorrer da guerra que, por iniciativa
anglo-americana, começa a ser pensada e, com a celebração da Carta em vigor em 1945,
entra-se no período seguinte.

Período Contemporâneo (1945-atual)

Tem início com a celebração da CNU, em 1945.

 Existe uma convicção utópica de que é possível instituir um governo mundial, devendo
a CNU servir como Carta Constitucional da nova comunidade internacional, iniciando-
se uma nova forma jurídica mundial, de que não se pode abrir a mão a dois valores
fundamentais, estruturantes e fundadores:
 - paz: CNU

 - Dignidade da pessoa humana: DUDH

Quando passamos do período moderno para o contemporâneo, constituímos uma rutura ética
e normativa, visto que passamos de um modelo de sociedade de estados para um modelo que
pretende ser de comunidade de estados. O modelo estabelecido em 1945, ainda que centrado
no Estado, acaba com a ideia de monopólio do Estado como sujeito internacional (subjetivação
internacional do indivíduo como condição necessária para a garantia dos direitos humanos).

14/10

Caso relacionado com o acórdão do TC da Polónia - recusa do primado da UE

 Proferido no dia 7 de outubro, publicado a dia 12 do mesmo mês: passou a vincular


que o TC declarou que a Polónia não está sujeita as regras do DI, que a constituição
polaca é a fonte que se encontra no topo do ordenamento jurídico, estando, inclusive,
acima das regras da UE. (Nota: não é inesperado)

Links: https://www.publico.pt/2021/10/13/mundo/analise/choque-soberanias-polonia-uniao-
europeia-1980810 https://www.publico.pt/2021/10/12/mundo/noticia/passa-polonia-uniao-
europeia-1980723 https://www.publico.pt/2021/10/11/opiniao/opiniao/populistas-nao-sao-
imbativeis-leste-algo-novo-1980557

Esta situação não é especifica da Polónia. Já se registou em vários locais, por exemplo: TC
espanhol, francês, alemão. No alemão, ocorrido no ano passado, foi declarado que a
constituição alemã deve prevalecer quando os tratados não deviam ser interpretado para dar
ao BCE determinados poderes.

O caso polaco está relacionado com a separação de poderes, nomeadamente com a


independência dos tribunais.

Estado de direito: (1) separação de poderes e (2) direitos fundamentais.

No caso da Polónia, está diretamente em causa a violação de separação de poderes (governo


conservador nos costumes e o problema com o órgão executivo, o tribunal).

O que desencadeou esta questão? O problema da falta de garantias da independência do


poder judicial. O governo polaco começou a adotar medidas no sentido de condicionar os
tribunais, mais precisamente, quem exerce esse poder, tomando medidas sobre:

 Antecipação da idade da aposentação (para garantir que os mais velhos se retiravam)


 Estatuto disciplinar: uma das características é não ser responsável pelo que faz no
exercício das suas funções, excepto algumas situações. O Governo alterou,
responsabilizando-os.
A UE declarou tratados de incumprimento e sanções disciplinares por estas medidas, a partir
de 2020. Para além disso, suspendeu a bazuca polaca, aprovou um mecanismo de apreciação
das legislações das práticas de todos os estados no que toca aos princípios do Estado de
Direito, de forma a garantir que os países cumpram com o paradigma europeu (aqueles que
não o cumprem, não são beneficiados com os fundos comunitários - afeta diretamente a
Polónia e Hungria).

Desta forma, percebemos que este acórdão é uma estratégia por parte do governo da Polónia
visto que a maioria dos juizes são afetos ao Governo conservador e nacionalista.

Este acórdão diz que os tratados não prevêem, expressamente, o princípio dos primados.
Assim, o TC se dispõe a interpretar o art 1 e 19 do TUE, num sentido que legitima a prevalência
da constituição da Polónia em determinadas matérias, nomeadamente a da organização
jurídica.

 Segundo MLD, o TC até tem alguma razão porque as limitações à soberania dos
estados tem de estar contratualmente definidas.
 Em 1927, o antigo Tribunal Internacional emitiu um parecer que afirma que as
limitações à soberania dos estados teriam de ser expressamente contratados - para
alguns, essa argumentação é ainda válida nos dias de hoje (positivismo jurídico).

O princípio do primado, ou seja, a ideia de que o DI prevalece sobre o DINT, mesmo sobre as
constituições, não se encontra nos tratados - é apenas declarado pelo TJ. É a ideia de aceitar,
desde que a regra não se encontre nos tratados. Este principio foi remetido para uma
declaração anexa, que não tem o valor juridico das regras que se destina a interpretar.

Em suma, o que está em causa é uma aplicação extensiva da jurisprudência do TJ face à


limitação de soberania, que tem sido contestada - ‘’erupção da soberania’’. Os estados
apercebem-se de que não aceitaram a limitação de soberania que o princípio do primado
reclama, pelo que reclamam dessa soberania.

Para além desse problema jurídico, existe um problema político:

 A UE é uma manifestação de organização em forma de comunidade, em que os


Estados aceitam a limitação e o respeito por regras em nome de um bem comum. Fora
disso, existe um ideal de cooperação de sociedade, e não de modelo comunitário.
Segundo a Polónia, o poder judicial já vai para além do modelo comunitário, entrando
neste ideal de apenas cooperação.

Por fim, existe também um problema de legitimidade:

 O governo polaco foi eleito com maioria absoluta


 O ‘’governo’’ europeu é designado, não eleito - legitimidade teocratica

Nota: apesar do que a Polónia fez, também a UE viola o princípio, visto que prometeu cumpri-
la e defendê-la.

Suma: a UE está a tornar-se numa espécie de ‘’não compressor’’ (?) onde passa por cima da
soberania de todos, algo q não foi expressamente aceite, no sentido de criar uma espécie de
Estado Federal, como antes tentou fazer (em 2005). MLD acha inaceitável, já q a UE usa a seu
favor argumento económicos e não argumentos lógicos e sólidos, com base nos tratados. Acha
q o problema deve se resolver atraves de mecanismos jurídicos e não de ameaças jurídicas.

19/10

FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

FONTE- formas relevantes de revelação de normas jurídicas. Podem ser escritas (lei) ou não
escritas (costume).

Características das fontes de DIP:

 Pluralidade das fontes;


 Fragmentação das fontes;
 Sobreposição das fontes- pode gerar conflitos entre as diferentes normas que
potencialmente regulam aquela matéria e estão em colisão- remete para o problema
da interpretação das normas e da hierarquia entre as normas.

Tudo isto gera alguma incerteza. Dose de incerteza que acompanha o processo técnico jurídico
da descoberta da aplicação da norma ao caso.

Questão de saber se alguma prática pode ser considerada costume- trabalho da comissão de
direito internacional- órgão subsidiário formada por peritos cujo trabalho é codificar as normas
internacionais e assim contribuir para o aprofundamento do DIP. Tentam mitigar a incerteza
que existe no DIP.

 Resolução 73/2003, 2019?: determinação do direito internacional costumeiro.

O DIP começou por ser de base costumeira, até ao seculo XIX. A partir dos finais do seculo XIX,
inicia-se uma viragem no sentido da contratualização das relações internacionais- costume
substituído em grande medida pelos tratados. Aconteceu devido a uma banalização das
convenções internacionais, que proporcionam a realização dos tratados, e o dip evoluiu para
uma realidade mais multilateral e institucionalizada que necessitava de algo q tivesse uma
natureza mais clara e determinada, que foi conseguido pela substituição do costume pelos
tratados.

QUAIS SÃO AS FONTES- No DIP há normas escritas (tratados) e normas costumeiras (prática
geral comum aceite como tal). Mas há mais fontes- Artigo 38º do estatuto do tribunal
internacional de justiça. Artigo tem lacunas e anatomismos, mas nada que não se resolva
através de uma interpretação atualista, teleológica e sistemática:

 “Princípios gerais de direito reconhecido pelas nações civilizadas” - expressão infeliz,


anatomismo, sentido de discriminação. Prof utilizaria a expressão “estados
democráticos de direito”
 Este artigo serve-nos de base. Está numa convenção internacional, mas devido à sua
aplicação ao longo de mais de um século, terá hoje a utilização como norma
costumeira.
 Jurisprudência e Doutrina (fontes não formais);
 Equidade (em termos de rigor jurídico, é uma forma de Justiça do caso concreto, não é
uma fonte). Então porque está no artigo 38º?
o Artigo 38º tem como destinatário o tribunal. Elucidava o tribunal sobre as
fontes que deviam considerar sobre os litígios concretos que lhes eram
apresentados, e vai fazer por onde decrescente:
 1 lugar deve procurar com base em convenções internacionais; se não
existirem, passa para o costume; depois princípios gerais de direito;
depois a jurisprudência; depois a opinião dos doutores, doutrina; e nº2
permite a utilização da equidade
 Do artigo não retiramos hierarquia de normas e de fontes. Não podemos dizer que
fonte hierarquicamente mais importante é o tratado a partir do artigo 38, pois o que
ele enumera é uma precedência de apreciação.

Prof defende que no DIP não existe hierarquia de fontes, existe hierarquia de normas. O 38º
não nos permite retirar essa hierarquização.

FONTES TIPIFICADAS (estão no 38º)

Convenção internacional: é um contrato.

Convenção de Viena sobre o direito dos tratados:

 Convenção de 1969- regula todos os aspetos relacionados… celebrados entre estados.


o Artigo 2º, definições: “o tratado designa um acordo internacional…
o Critérios para ser um tratado: Acordo de vontades entre estados; acordo
escrito; regido pelo DIP, e não pelo direito interno por uma das partes (é
possível, mas se assim for não é um tratado, é apenas um contrato)
 Convenção de 1986- praticamente igual, mas há diferenças impostas por uma das
partes não ser um estado, mas sim uma organização internacional.

Classificação dos tratados:

Artigo 26º- pacta sunt servanda, os tratados têm de ser respeitados.

3 classificações:

 Tratado de … a tratado de lei: 1º estabelece regime geral, q as vezes ao geral que não é
diretamente aplicado; o 2º estabelece leis para o regime entre as partes.
 Trtados bilaterais e trataods multilaterais: 1º tem 2 partes; 2º tem mais de 2 partes. Há
diferenças (depois vamos ver)
 Acordos solenes e acordos sobre forma simplificada: 1º exigem retificação; 2º torna-se
vinculativos com a mera assinatura da pessoa que está a representar o estado

21/10

COSTUME

Prática à qual anda associada a convicção de obrigatoriedade.

 Elemento material- prática


 Elemento psicológico- convicção da obrigatoriedade
 Diferente do USO pois existe a prática, mas não existe a convicção de obrigatoriedade
NO DIP só a corrente positivista exclui a importância do costume. Quer a voluntarista quer a
objetivista reconhecem a importância do costume.

Comportamento imputável aos estados, e por vezes às organizações internacionais.


Importante a ação e a inação.

Artigo 32º- o costume é uma prática geral.

 Geral significa alargada- é necessário ser uma pratica alagada/seguida pela


generalidade dos estados.
 Tem de ser uma prática repetida, reiterada. Não se define um mínimo de atos para se
formar um costume.

Costume pode ser utilizado no exercício da função legislativa, judicial, executiva.

A doutrina também pode ser um instrumento auxiliar para fazer alguma luz para saber se há
ou não um costume.

Figura do objetor persistente: define a posição de um estado que de forma consistente se


opõe a uma determinada conduta e à transformação de essa conduta numa norma
costumeira- artigo 15º. Invocado durante o processo de formação da norma; se a norma já
existir, a rejeição já não produz efeitos, tem de invocar durante o processo.

 A oposição não impede a formação da norma. Mas torna a norma inoponivel ao


objetor; exceto em relação às normas do ius cogens, não consegue nem travar a
formação nem que seja inoponivel ao estado opositor.

Dto costumeiro… - Existirá a figura do costume bilateral? Só é utilizado por dois estados, q
criaram o costume (p.ex entre Portugal e Espanha?) O TIJ num caso entre Portugal e a União
Indiana aceitou a figura do costume bilateral, proposta por Galvão Telles- reconhece através
de uma resolução esta figura, apenas exclui a formação de um costume unilateral, tem de ser
mais de um estado.

Relação do costume e tratados: pag 133; pag 175 e seguintes

Positivistas- prevalece sempre ao tratado

… - prevalece sempre o tratado

Relação entre tratado e costume- regra da igualdade, PROF. Segue a regra de norma posterior
revoga norma anterior, nenhuma se sobrepõe à outra

 Mas se o costume estive revestido de IUS COGENS, não pode ser alterado por uma
norma de tratado, apenas por uma nova norma costumeira revestida de ius cogens

Artigo 2/7º CNU: Principio da proibição da ingerência dos assuntos internos.

 PROF defende q esta norma caducou por desuso.


 Assuntos internos são assuntos que só podem ser decididos por entidades internas,
logo a comunidade internacional não poderia tomar decisão. Mas hoje em dia quase
todos os assuntos são de interesse internacional.
o Quais eram os assuntos internos- forma de governo; relação entre estado e
cidadãos;

26/10

Princípios gerais de direito

São critérios de integração de lacunas

Principio da proporcionalidade (justa medida), da boa-fé, da humanidade são princípios gerais


na ordem interna e na ordem internacional

Estes princípios gerais do direito não são meramente indicativos, são vinculativos, geradores
de direitos e obrigações

Doutrina e Jurisprudência

Doutrina não cria normas, mas podem ajudar na identificação das normas. EX- identificação
das normas de Ius cogens, se há muita doutrina a defender que determinada norma é de ius
cogens

Ingerência humanitária- conjunto de autores defende que há uma exceção ao principio do uso
da força, e é uma situação em que a doutrina pode influenciar

Jurisprudência

Dos tribunais internacionais

Dos tribunais nacionais, também pode ser invocada

Efeitos erga omnes do caso julgado- invocar julgamentos anteriores em casos materialmente
idênticos

Decisões do TIJ funcionam como precedente- clarificação de normas

Artigo 38/2º- Equidade

Equidade não é forma de revelação de normas, é a justiça do caso concreto.

Quando tribunal está investido no poder de julgar segundo a equidade, o tribunal tem o poder
de procurar a solução mais justa e equilibrada, estando desobrigado de aplicar a norma
existente. Essa decisão esgota-se no caso concreto

Não tem relevância pratica, nunca foi utilizada a equidade.

Outra dimensão da equidade:

No sentido dos princípios equitativos. Todos os tribunais estão obrigados a procurar as


soluções mais equilibradas, procurar a interpretação das normas mais ponderada e equilibrada
para o litigio concreto.
Há outras fontes além das elencadas no 38º

Atos unilaterais

Atos adotados por um sujeito internacional.

Ex- resoluções do conselho de segurança da justiça

Atos podem ser:

 Aplicativos
 Normativos- definem regras gerais e abstratas

Hierarquia das fontes

Prof diz que não há hierarquia de fontes- Principio de equivalência/paridade.

Mas há hierarquia de normas. Figura do Ius Cogens

Há dois patamares:

O soft law- jurista quando não esta seguro da existência da norma, diz q pelo menos há soft
law, quase direito. O direito indicativo.

EX-Declarações politicas de um estado em cimeiras internacionais, há já uma normatividade


emergente.

É visível a importância no soft law das comunidades epistemológicas, o conjunto dos cientistas
das mais diversas áreas. São eles que elaboram estudos, produzem conhecimento,
conhecimento esse que vai apoiar o decisor politico no sentido de dar consistência e rigidez
jurídica às simples intenções de vontade

O hard law

Conjunto de regras do dever ser.

 Normas imputativas comuns


 Normas imputativas qualificadas- conceito de ius cogens tal como está no artigo 53
CVDT

Normas insuscetíveis de derrogação, as normas do ius cogens. Normas fundamentais, que não
poem ser dispensadas porque delas dependem a solidez básica do sistema.

Como identificar norma de ius cogens?

 Forma como a norma é aceite em termos internacionais, aceitação universal


 Correspondência com os valores fundamentais:
o Dignidade da pessoa humana
o Paz
o Estado de direito- no sentido do respeito pelo direito existente e vinculativo; e
da condenação dos golpes
Superioridade das normas internacionais pode ser:

 implícita- resulta do seu conteúdo e aceitação universal;


 Expressa- artigo 103º da carta conjugado com o artigo 2/6º

28/10

Ponto 5, direito dos tratados- prof não vai dar nas aulas teóricas

Ponto 6- vinculação internacional do estado português

Todas as constituições têm artigos dedicados às relações entre direito interno e internacional,
especialmente no que toca a como é q um estado se vincula a uma convenção internacional-
que só vinculam as partes contratantes; como é que um estado se torna uma parte
contratante? Resposta na convenção de Viena e resulta do que está previsto na constituição
dos estados- predominam qual é o processo, quem é competente para negociar, aprovar,
assinar ou ratificar, quem interpreta, quem fiscaliza a constituição dessas convenções, a partir
de qd produzem efeitos na ordem jurídica interna; todos são aspetos relevantes que devem
estar previstos na respetiva constituição.

 Há Diferenças de estado para estado: 2 fatores


o *Relação que a constituição espelha entre direito interno e internacional
o Sistema de governo:
 Presidencialista- poderes do PR são mais alargados
 Parlamentar- órgão principal o parlamento
 Semipresidencial- repartição de competências entre os 3 órgãos
principais:
 governo é responsável pela negociação, e pode ser
competente p aprovar;
 AR aprova;
 PR tem o direito a ser informado, dever de lealdade do
governo em manter o PR informado sobre o que acontece, e
PR tem o poder fundamental de assinar os acordos, ou
ratificar os tratados, sendo que se pode recusar, daí que seja
importante ele ser mantido devidamente informado.
 Potenciais intervenientes (não são necessários que
intervenham)
o TC na fiscalização preventiva, se for suscitada- 278º e
279º;
o Corpo eleitoral, através do referendo, em Portugal não
é obrigatório, é facultativo, pode ser convocado- se for
convocado, que tem de ser antes da aprovação da AR,
sendo facultativo, se mais de metade do eleitorado
tiver participado, inviabiliza e é vinculativo, não pode
seguir em frente; Em Portugal nunca se realizou em
matéria internacional (115º CRP), já esteve perto duas
vezes, mas TC chumbou a questão nas duas vezes, por
serem muito complexas, o eleitor medio não estaria
em condições de se pronunciar; criou-se o artigo 295º
numa revisão constitucional, (que é uma exceção ao
artigo 115º) criou-se de modo a viabilizar os
referendos sobre tratados europeus, por exemplo a
fazer perguntas diretas sobre o tratado em vez de
perguntar sobre as matérias, como por exemplo
permitiu fazer perguntas do estilo concorda ou não
com o tratado de Madrid? 115º- não permite a
realização de referendos sobre tratados, apenas sobre
matérias, não de tratados especificados

*Existem constituições que são mais internacionalistas do que outras. Há uma pré compressão
q o poder constituinte acolhe.

No caso da CRP de 1976 foi tomada a opção, intencional, de ser uma constituição
internacionalista, humanista e mais tarde, com as revisões, europeísta.

 Internacionalista- Grua de abertura ao direito internacional quase total. Artigo 7º e 8º-


articulação entre direito interno e direito internacional
o Artigo 7/1º- abertura aos valores internacionais. Deve haver interpretação
atualista destes valores
o Artigo 8º- relevância mais técnico jurídica- é a clausula de receção e eficácia
das normas internacionais e europeias no direito interno
 1- Direito internacional geral ou comum
 2- Direito internacional convencional- convenções internacionais
 3-
 4- Consagra o principio do primado do direito da união europeia
 Humanista
 Europeísta

Um estado, nos termos dos artigos 26 e 46 da CVDT, não pode invocar a sua constituição para
não respeitar uma convenção que o vincula. Nenhum estado não é obrigado a ratificar e a
aprovar; caso o ratifique e aprove, depois disso está vinculado, e não pode invocar o acima
descrito para não respeitar uma convenção à qual está vinculado (salvo se for uma violação
manifesta de uma disposição fundamental da sua constituição).

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SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL

Páginas 19-77- ordem jurídica global do século XXI


Personalidade jurídica internacional- Suscetibilidade de ser titular de direitos e estar sujeito a
deveres

Capacidade jurídica internacional- medida de direitos de que se é titular e de deveres a que se


está sujeito

Estado e o indivíduo:

 são sujeitos do direito internacional, tem ambos personalidade jurídica, suscetibilidade


de ter direitos e estar sujeitos a deveres;
 mas em relação à capacidade jurídica, só o estado tem capacidade jurídica plena, de
ser titular de tudo o que não é proibido no DIP, ter todos os direitos e estar sujeitos a
todos os deveres, tem capacidade jurídica plena, tem a competência das competências
(ou seja, quem pode definir o âmbito da sua própria competência)

Estado soberano- estado que tem condições p ser independente perante os outros; mas
também tem dimensão interna- o estado tem de exercer o poder supremo em relações a
todos os outros poderes internos

Estado pode fazer tudo o que não é proibido no DIP; os indivíduos não

Individuo:

Titular de direitos-

Sujeito a deveres- estão impedidos de adotar comportamentos que possam ser enquadrados
como crimes internacionais

Mas não é o individuo que determina os direitos e deveres, são as convenções internacionais

Elenco dos sujeitos do DIP

Generalidade da doutrina admite que há uma pluralidade de sujeitos do DIP, mas a divergência
encontra-se na delimitação mais ou menos abrangente:

 Estados
 Organizações governamentais
 Indivíduos

Atores

São entidades que tem influência e impacto no quadro internacional, mas não tem o estatuto
jurídico que tem os sujeitos. EX:

 organizações não governamentais


 Empresas internacionais (Google, Amazon, etc…)
Duas correntes doutrinárias:

Uma mais dogmática, que defende um elemento mais restrito de DIP- estados, organizações
internacionais, individuo, e admite o estatuo especial de movimentos de independência
internacional

Uma doutrina anglo-saxónica, mais flexível e pragmática. É sujeito quem está em condições de
exercer direitos (por exemplo, que tem participação em grandes eventos internacionais, por
exemplo, a cop26- de acordo com esta doutrina, todas as instituições lá representados tem
personalidade jurídica emergente). Logo, as organizações não governamentais, empresas
internacionais e outras realidades intermédias são sujeitos de DIP

Regente não é puramente dogmática

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Prerrogativas associadas ao sujeito internacional: 3 poderes associados originariamente

 Ius belli- poder de fazer guerra


 Ius legationis- direito de receber e enviar delegações diplomáticas
 Ius tratuum- direito de participar nas negociações e de celebrar tratados internacionais

Na atualidade, mantém-se o ius legationis e o ius tratuum; o estado perdeu o ius belli- CNU
estabelece a proibição do uso da força (exceto em casos de legitima defesa)

Em contrapartida, estados tem outras prerrogativas (e outros sujeitos também):

1. Direito de reclamação internacional:

Inclui o direito de recurso aos tribunais internacionais; direito de apresentar queixas aos
órgãos existentes no DIP (Multiplicação das entidades que não são tribunais, nomeadamente
comités- são expressão do multilateralismo, de dar espaço publico aos indivíduos, e da
vontade de compensar o facto de não existir um juiz internacional competente para julgar
determinadas matérias)

Questão de saber em que momento surge um sujeito de direito internacional

1. Quando pudemos dizer que existe um Estado, o que é um Estado, os


elementos da estadualidade?

Por norma são entidades que pretendem a sua independência. E o seu estatuto de estado
depende do reconhecimento, e de quem faz esse reconhecimento. Não basta a proclamação
de independência.

EX do Kosovo: proclamou a sua independência da Sérvia, e é reconhecido por um numero


muito elevado de estados- mas, por exemplo, Espanha não reconhece o Kosovo por causa da
questão da Catalunha.
O problema do Kosovo é que o estado do qual se separou não o reconhece, e dois dos
membros permanentes do conselho de segurança também não os reconhecem- Rússia (q
também tem problemas cessionistas) e a China.

EX da Palestina: reconhecida por mais de 130 países. Grande maioria que reconhece. Mas
porque é que então não é membro da ONU? Porque EUA vetam, conselho de segurança tem
de dar parecer favorável e qualquer um pode vetar.

Estes exemplos mostram o carater volúvel do reconhecimento. Pode ser definido como um ato
jurídico unilateral de natureza discricionária por via do qual um estado ou outro sujeito de
direito internacional reconhece a existência de uma determinada situação de facto, através do
qual reconhece a existência de um estado.

Convenção de Montego Bay, de 1933:

Artigo 3º, remete para o reconhecimento declarativo- a existência de um novo estado não
depende do reconhecimento de outro. Então o que é preciso para ser um Estado? Convenção
diz os elementos necessários:

Artigo 1º, conjunto de elementos necessários e cumulativos: território, população, governo e


estar em condições de estabelecer relações internacionais com os demais.

Podem então distinguir-se dois momentos:

 A criação- pode nascer por independência; separação conflituosa (Jugoslávia, grande


guerra que deu origem a vários países); separação amigável (Checoslováquia, deu
origem à Republica Checa e Eslováquia, foi separação amigável)
o Tem de se verificar se estão reunidos os pressupostos da estadualidade
 O reconhecimento por parte dos outros estados- por norma segue-se um de dois
critérios:
o Da efetividade- são os mais pragmáticos.
o Da legitimidade- UE, por exemplo, definiu o critério da legitimidade.
 Governo talibã conquistou o território- controlam o território,
comunidade internacional deve reconhecer este governo? Remete
para o problema dos critérios. Há grave problema de legitimidade e de
legalidade, por causa por exemplo dos direitos das mulheres
o Comunidade internacional pode proibir o reconhecimento- artigo 41/2º
 Nenhum estado deve reconhecer como licita uma situação criada por
uma violação grave nem prestar nenhuma ajuda ou assistência dessa
manutenção??
 Daí que a comunidade internacional se deva abster de
reconhecer o governo talibã
o Prof defende critérios de apreciação de proteção de direitos humanos, dos
pressupostos do estado de direito. Tem o risco da subjectivização,
instrumentalização- reconhece-se um, mas outros não
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ONU

Teoria dos poderes implícitos

 nasceu no dc norte americano, com objetivo de adaptar a letra da constituição às


necessidades de novos poderes por parte do poder federal; foi passando para outros
ramos
 Definição- Concretização da ideia de que quem pode o mais, pode o menos; se
determinada entidade pode exercer certos poderes, expressos e tipificados no seu
estatuto jurídico, também pode exercer os que não estando expressos, mas que estão
pressupostos para o exercício das suas funções; esta teoria evita revisões dos
estatutos jurídicos, que muitas vezes são difíceis
 Permite uma expansão das competências das organizações internacionais

CNU não tem referencia as forças de manutenção da paz nem aos capacetes azuis; foi um
exercício da teoria dos poderes implícitos

ONU

Criada em 1945, origem está na CNU;

4º- processo de adesão, não é fácil pois prevê que seja a AG a aprovar o pedido de admissão;
mas tem de haver recomendação favorável do CS, o que é difícil, pois basta um dos 5 membros
permanentes vete para que esse estado não possa integrar as NU

 Kosovo- não é membro porque Rússia veta


 Palestina- não é membro porque EUA veta

Há vários requisitos, um deles é que os Estados tem de ser amantes da paz- proibição do uso
da força

Estatuo jurídico da ONU é a Carta- que pode ser considerada a constituição mundial

CNU é tratado internacional

 Do ponto de vista funcional, do seu conteúdo, a carta tem uma função equivalente à
da constituição
 2 disposições que apontam p relevância constitucional q se impõem a vontade de
todos os estados, artigos extravagantes no contexo do tratado internacional
o 2/6º
o 103º- estas obrigações da CNU impõem-se a todas as demais; também se
aplica aos não membros, conjugando com o 2/6º
o Logo, temos uma autoridade constitucional
 Daí que se diga que CNU pode ser considerada uma constituição mundial

ONU conhece nos dias de hoje o nível mais baixo de reputação


O problema reputacional prende-se com a falta de efetividade da sua atuação; a falta de
autoridade par impor um principio da proibição do uso da força e para sancionar os que se
desviam dessa regra

ONU tem vários planos de atuação:

 Segurança coletiva
 Proteção dos direitos humanos
 Desenvolvimento humano- cabe quase tudo

ONU foi importante em vários momentos

Anos 60, apoiou movimentos de descolonização

Queda do muro de Berlim, complicou situação da ONU- capitulo pós-guerra, fria, perante
colapso da URSS, emerge uma única super potencia, teve de se adequar a esta nova realidade

Complicou-se ainda mais com o ataque às torres gémeas; começa o declínio da ONU no campo
dos conflitos armados

Depois entrou-se na fase dos unilateralismos multipolares- varias potencias a reivindicar uma
força própria, e atuar de forma crescentemente unilateral- EUA, China, India, Rússia, Paquistão

CNU prevê processo de revisão- nunca foi objeto de uma revisão profunda; Aspetos que são
apontados que devem ser objeto de revisão:

 composição do CS- alargamento do nº membros permanentes ou acaba com membros


permanentes; e acabar com direito de veto
 O problema é que a revisão só entra em vigor com o consentimento de todos os
membros do CS

Como se exerce o veto- artigo 27º

Para questões q não são de procedimento, exige-se voto favorável de 9 membros, incluindo os
votos de todos os membros permanentes

 Duplo veto- estratégia de funcionamento que permite aos membros permanentes


conservar o seu poder- qualificação da questão não é questão de procedimento, logo
podem impedir o abuso da qualificação…; primeiro o veto na qualificação da matéria
para garantir que o veto pode ser exercido posteriormente

Artigo 27º não se aplica diretamente ao capitulo VII

Artigo 27- é necessário voto favorável, positivo; qual é o valor da abstenção? Não é sinonimo
de veto, logo viabiliza as decisões

Também há o veto implícito


Órgãos principais da ONU- AG, CS E SG

AG- 965 membros

 Competência de todas as matérias, exceto as do CS

CS- órgão restrito, 15 membros- 10 não permanentes (alteram de acordo com critérios
definidos de equidade geográfica); 5 permanentes

 Órgão competente para a manutenção da paz


 Capitulo VI e VII

Artigo 12º- CS conflitos internacionais; AG tudo o resto

23/11

Principio soberano dos estados- decide quem entra, quem permanece e quem pode ser
expulso dos estados

Grande passo dado com a convenção de genebra de 1951 sobre o estatuto dos refugiados

Criou figura universal do refugiado- quem pode ser refugiado, q requisitos tem de cumprir,
estados passam a ter restrições ao principio da soberania, de modo a receber estas pessoas,
que devem ser protegidas.

Divisão entre migrantes refugiados, e os outros migrantes

 Sisitema limitativo, não é fácil fazer a fronteira


 Conceitro de refugiado muito restrita, deixa de fora muitas situações q podiam ser
visas como dignas de proteção

Convenção de Genebra

Refugiado é quem se encontre fora do seu país, por ter receio fundado de perseguição, por
motivos taxativos: a raça; religião; nacionalidade; opiniões politicas; pertencer a grupo social
especifico

Elementos desta definição:

1. Receio fundado- tem de provar o motivo pelo qual saiu do seu território
2. Perseguição- ação humana, intencional, disciriminatoria, atentoria de direitos
fundamentais, que vise aquela pessoa e que se direcione à mesma;
3. E essa perseguição tem de ser feita por um dos motivos taxativos
 Pertença a grupo social próprio- conceito vago; grupo social é conjunto de pessoas
vista de maneira diferente pela sociedade

Só preenchendo estes elementos é que alguém se pode considerar refugiados

Imigrantes forçados não são refugiados, como os refugiados de guerra


Artigo 33º Convenção de genebra, um dos principais direitos, non refolement (não repulsão):
uma pessoa não pode ser devolvida a um país em que possa ser alvo de perseguição e
discriminação

Quem cometeu atos contrários à carta das nações unidas, crimes graves, q não sejam políticos,
etc... apesar de ter recebido o estatuto de refugiado, pode não entrar no país

Com o passar do tempo, pretendeu-se alagar este conceito para abranger mais situações:

 Imigrantes forçados devido a guerra ou conflito

Tribunal europeu dos direitos humanos- pegou no artigo 33º da convenção e alargou o seu
âmbito, também não se pode enviar outras pessoas que não refugiados para o seu país de
origem, se essa pessoa sofrer tratamentos humanos degradantes nesse país- proíbe-se no
artigo 19º da carta dos direitos fundamentais da europa- Q pessoas são essas, que tem direito
a pedir sair do seu país, e pedir proteção:

 migrantes de guerra;
 Que vivem em regimes ditatoriais que impõe clima de terror e opressão

Esta proteção é absoluta

Ninguém pode ser devolvido se no seu país de origem forem alvo de tortura, mesmo que
sejam terroristas, de acoro com o tribunal europeu dos direitos humanos

Ficam de fora de proteção os refugiados climáticos e refugiados económicos (por exemplo,


pessoas com fome) pois até agora o DIP não tem regulada estas circunstâncias

25/11

O problema climático como uma situação necessariamente internacional- artigo 2/7º CNU

O ambiente enquanto preocupação conjunta da humanidade

O ambiente enquanto bem jurídico publico- insuscetível de apropriação individual

Conflito entre proteção ambiental e soberania e territorialidade

 A sobre-exploração de recursos naturais

Subjetividade internacional

Há estados q deixarão de ter território, e qual vai ser a solução? Vai impedir a soberania do
Estado; e quais vão ser os deveres da comunidade internacional caso os Estados deixem de ter
território?

Estados darem parte do seu território; construção ilhas artificias… são algumas das soluções
que possivelmente podem funcionar

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