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SACI PERERE Vocé sabe quem é 0 Saci Perere? Diz a lenda que é um menino esperto e muito arteiro, usa um capuz vermelho em sua cabeca e fuma um cachimbo de barro e vive pulando por todo lado com uma perna s6. Esse moleque, nao consegue ficar quieto, apronta muitas “artes”. Ao entrar nas casas, assusta as pessoas, esconde objetos e apronta a maior bagunga. Na cozinha, faz uma chama de fogao se acender sozinha, derruba as panelas, troca o sal pelo acticar, entre outras traquinagens. Gosta de andar a cavalo, mas também de dar né na crina e no rabo deles, choca os ovos das galinhas, azeda o leite das vacas, assusta toda a bicharada, nao deixa ninguém quieto. O tinico meio de controlar o Saci Perere, segundo a lenda, é tirando-Ihe 0 gorro e prendendo-o em uma garrafa. Para isso é necessdrio jogar uma peneira em um redemoinho, que é por onde ele se locomove. S6 dessa forma se pega um Saci. Uma vez preso e sem 0 gorro, que Ihe dé poderes, ele fard tudo que for ordenado. BIBLIOGRAFIA: Texto criado com base no folclore brasileiro. MULA SEM CABECA Nas noites escuras, nas estradas desertas que cortam o interior, muita gente jd deu de cara com uma mula preta, com o pescoco terminando numa grande lingua de fogo. Em uma das muitas verses dessa lenda, tudo comegou quando um homem seguiu sua esposa até o cemitério e a surpreendeu enquanto ela violava uma sepultura. Com um grito horrendo, a mulher se transformou na Mula sem Cabeca e fugiu a galope, soltando chamas e coices. Originaria do folclore portugués e espanhol, a Mula sem Cabeca é um dos mitos mais conhecidos do folclore brasileiro, e também um dos mais temidos. VITORIA REGIA Conta a lenda que uma bela fndia chamada Naia apaixonou-se por Jaci (a Lua), que brilhava no céu a iluminar as noites. Nos contos dos pajés e caciques, Jaci de quando em quando descia a Terra para buscar alguma virgem e transforma-la em estrela do céu para lhe fazer companhia. Nai, ouvindo aquilo, quis também virar estrela para brilhar ao lado de Jaci. Durante o dia, bravos guerreiros tentavam cortejar Naid, mas era tudo em vao, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar, quando saia para admirar Jaci, que parecia ignorar a pobre Naid. Mas ela esperava sua subida e sua descida no horizonte e, ja quase de manhazinha, safa correndo em sentido oposto ao Sol para tentar alcangar a Lua. Corria e corria até cair de cansaco no meio da mata. Noite apés noite, a tentativa de Naid se repetia. Até que ela adoeceu. De tanto ser ignorada por Jaci, a moca comegou a definhar. Mesmo doente, nao havia uma noite que nao fugisse para ir em busca da Lua. Numa dessas vezes, a india caiu cansada a beira de um igarapé. Quando acordou, teve um susto e quase nao acreditou: o reflexo da Lua nas aguas claras do igarapé a fizeram exultar de felicidade! Finalmente ela estava ali, bem préxima de suas maos. Naid nao teve duividas: mergulhou nas aguas profundas e acabou se afogando. Jaci, vendo o sacrificio da india, resolveu transforma-la numa estrela incomum. O destino de Naid nao estava no céu, mas nas aguas, a refletir 0 clarao do luar. Naid virou a Vitéria Régia, a grande flor amazénica das aguas calmas, a estrela das aguas, tao linda quanto as estrelas do céu e com um perfume inconfundivel. E que sé abre suas pétalas ao luar. CURIPIRA O Curupira é um ser de cabelos vermelhos, corpo peludo, dentes verdes e pés virados. Um duende brasileiro. Seria uma criatura horripilante se nao fosse bonzinho. Ele protege os animais da floresta de cacadores maldosos que matam os seus filhotes. $6 tolera cacadores que cacam por necessidade. Grita, assobia, imita os bichos para atrapalhar os homens que 0 seguem até se perderem para sempre no mato. Certo dia o Curupira encontrou um indio cacador dormindo na floresta. A criatura tinha muita fome e decidiu comer 0 coracao do homem, que parecia apetitoso. O indio acordou apavorado, mas fingiu nao ter medo. Como se fosse muito natural, o Curupira pediu um pedaco do coracao do homem. O indio, que nao era tolo, pediu para o Curupira fechar os olhos e tirou duma bolsa um coragao de macaco. O Curupira comeu, gostou e pediu mais. O cagador, vendo a ingenuidade do outro, pediu em troca um pedaco do coracao do duende. Nao tendo visto 0 indio sofrer nada e acreditando que tinha comido 0 seu coracao, o Curupira, que nao era l4 muito esperto, enfiou a faca no seu proprio peito e caiu morto. O indio fugiu e jurou nao voltar mais a floresta. Um ano se passou quando Jacira, filha do indio, muito vaidosa, pediu ao pai um colar diferente. O cacador lembrou-se que o Curupira tinha dentes verdes que brilhavam como esmeraldas. Voltou a floresta e achou o esqueleto encoberto pelo mato. Quando o indio tentou arrancar os dentes da criatura, o Curupira voltou a vida, recompondo todo 0 corpo num passe de magica. O COISA-FEIA agradeceu ao homem por té-lo ressuscitado. Coitado, nao sabia de nada e resolveu retribuir a bondade, dando um arco com flechas mégicas. Era s6 apontar para uma ave ou um animal e atirar. Nunca erraria 0 alvo. No entanto, avisou que se apontasse para um bando de bichos, acabaria morto por eles. O indio tornou-se o maior cacador de todos os tempos. Um dia, esquecendo a recomendagao do Curupira, atirou num bando de passaros, s6 para ver se acertava em mais de um ao mesmo. tempo, exibindo-se para os amigos. Um passaro morreu, mas 08 outros atacaram-no. O pobre indio ficou entio todo despedacado. Era a cabeca para um lado e as pernas para outro. O Curupira viu tudo e, com pena, remontou o indio com uma cera encantada. Como nada é tao simples nesta vida, aconselhou o homem a nao comer ou beber nada muito quente, senao derreteria para sempre. Essa era a Ultima vez que poderia ajuda-lo. Um dia, a mulher do indio serviu-Ihe um prato tao apetitoso que o guloso comeu tudo superquente e super-rapido. Coitado, derreteu todinho. Moral da histéria: Se alguém mata um bichinho indefeso, acaba encontrando o Curupira, ou seja, cedo ou tarde acaba por se dar muito mal.

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