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Como estudar redação para concursos?

• Nos últimos concursos temos visto como a redação (prova discursiva) tem feito muita diferença na
nota final do candidato e realmente tem colocado muita gente na fila da classificação ou tirado
dela.

• Leitura diária e constante é fundamental: jornais (físicos ou online, livros em geral, revistas
informativas, enfim, ficar por dentro dos acontecimentos, aumentar vocabulário e conhecimento é
imprescindível para o sucesso da escrita.

• Estudar gramática – uso da linguagem culta adequada é o diferencial de redações com notas
acima da média.
Cronometrar a redação

• Sabemos que os concursos estipulam um tempo de 60 minutos


para uma redação de 30 linhas. Parece que o tempo é suficiente,
mas para quem não treinou isso é pouquíssimo.
• Por isso, é importante você cronometrar cada redação que
treinar.
Criar tópicos

• O estudo de redação para algumas bancas deve ser bem específico, por
exemplo, nas redações para a banca CESPE, o candidato deve seguir o roteiro
estipulado pela banca, o que nós chamamos de tópicos.

• Se o candidato desviar desses tópicos, certamente sua nota será muito baixa.

• Veja um exemplo deste tipo de estrutura na prova da Polícia Rodoviária Federal


2019:
Resumo da abordagem da discursiva com tópicos:

a) Há apresentação de tópicos que devem ser respondidos cada um em um parágrafo


distinto;
b) Pode haver um ou mais parágrafos em resposta a um só tópico, mas evite um só
parágrafo para responder a dois ou mais tópicos;
c) Não há obrigatoriedade de introdução e conclusão, quando os tópicos forem muito
extensos, tendo em vista que eles podem tirar espaço de argumentação para uma boa
resposta; mas o fato de se inserir uma introdução ou conclusão breves, por exemplo, não
implica perda de ponto;
d) É preciso sempre abordar a resposta a cada tópico apresentando uma prova
concreta, com fatos, exemplos, fundamentação legal ou doutrinária, por exemplo;
e) Fique de olho no tópico de maior valor, para que este seja ainda mais bem
estruturado;

f) Não há necessidade de título;

g) Siga fielmente a ordenação dos tópicos;

h) Cada palavra-chave deve estar bem nítida na introdução dos parágrafos de


desenvolvimento, a fim de transmitir clareza para o examinador sobre o que você
está argumentando.
Quanto ao desenvolvimento do tema, o candidato deve, a partir dos textos motivadores,
abordar o tema e os aspectos propostos, de maneira clara e coerente, empregando os
mecanismos de coesão textual.

A abordagem dada ao tema pode variar, mas o candidato deve demonstrar conhecer a
atualidade do tema das infrações nas rodovias, que vitimam inúmeras pessoas, além dos
próprios ilícitos cometidos.

Com relação ao aspecto 1, espera-se que o candidato aborde medidas que podem ser
implementadas ou que já são adotadas pela Polícia Rodoviária Federal no combate às
infrações nas rodovias, como o aumento de efetivo, a ampliação do uso de equipamentos
eletrônicos, o incremento de operações integradas no combate aos ilícitos, as campanhas
institucionais, entre outras.
No aspecto 2, espera-se que o candidato aborde ações que podem ser feitas pela
sociedade para diminuição das infrações, como campanhas de iniciativa privada para
aumento da conscientização da conduta a ser praticada, palestras em entidades
privadas com ampla divulgação, envolvimento com escolas públicas e privadas em
busca da conscientização da sociedade, entre outras.

No que se refere aspecto 3, espera-se que o candidato aborde atitudes que o


indivíduo pode realizar para combater as infrações, como a própria conscientização
da conduta correta a ser praticada, a participação de atividades educativas de
trânsito, o envolvimento em atividades de ajuda a vítimas de trânsito, entre outras.
1º TÓPICO DA QUESTÃO
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) realiza, dentro da sua esfera de competência, o
patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Lançando mão do seu poder de polícia – para
combater as infrações de trânsito –, o órgão verifica e fiscaliza, entre outras coisas, o índice de
alcoolemia dos motoristas, o limite de velocidade dos veículos, bem como o transporte de
cargas e mercadorias na malha viária sob sua responsabilidade. Além da fiscalização, ações
educativas da PRF também contribuem para combater essas transgressões. Campanhas
publicitárias, palestras em escolas e operações em período de férias, entre outras medidas,
favorecem a formação de uma “consciência cidadã” no trânsito, a exemplo da ‘Operação
Integrada Rodovida’, cujo resultado a cada ano aponta diminuição nos índices de acidentes e
mortes em rodovias federais.
2º TÓPICO DA QUESTÃO

A sociedade, por seu turno, no cumprimento à legislação de trânsito,


na implementação da direção defensiva – para um trânsito mais
seguro – e, entre outras ações, no respeito à faixa de pedestres, aos
ciclistas e motociclistas, igualmente coopera no combate às infrações
de trânsito. E ainda denunciar às autoridades policiais irregularidades
nesse sentido, sem dúvida, também auxilia no aperfeiçoamento do
trabalho das forças públicas e colabora para a cidadania no trânsito.
3º TÓPICO DA QUESTÃO

Individualmente, não ingerir bebida alcoólica antes de dirigir, fazer


manutenção periódica do seu veículo, usar cinto de segurança, respeitar a
sinalização, bem assim não usar telefone celular enquanto dirige são
algumas atitudes que o cidadão pode executar para diminuição das
infrações de trânsito. Se é de todos o direito de ir e vir (liberdade de
locomoção), também é de todos o dever de cumprir a legislação de trânsito,
para não fazer uma “ultrapassagem errada” e “acabar na contramão”.
Já as redações para a banca FCC (Fundação Carlos Chagas) apresentam dois tipos de

cobrança:

a) discursiva-estudo de caso

b) discursiva-redação dissertativa

A discursiva-estudo de caso basicamente tem uma estrutura bem parecida com a do

CESPE, como se pode observar na prova de Analista Técnico da São Paulo Parcerias:

Veja somente a questão:


QUESTÃO 1

Considere hipoteticamente que o Município de São Paulo pretenda implementar novo


modal de transporte coletivo urbano em determinado trecho da cidade, na forma de um
Veículo Leve sobre Trilhos – VLT, operado pela iniciativa privada. A premissa adotada
na modelagem é de não alocação de recursos orçamentários, devendo o privado
encarregar-se da construção da via e das estações, aquisição dos veículos e dos
sistemas operacionais e de sinalização, remunerando-se, exclusivamente, pela tarifa
cobrada do usuário, razão pela qual pretende-se adotar a concessão comum, regida
pela Lei Federal no 8.987/1995.
Considerando a legislação aplicável, responda, fundamentadamente, às seguintes
indagações:
a. Afigura-se juridicamente viável, em tal modalidade contratual, a
imputação ao concessionário da obrigação de realizar obras públicas,
como as vias permanentes e as estações, preliminarmente à
operação do serviço público de transporte propriamente dito? Em
caso positivo, os custos correspondentes podem ser considerados
para efeito de fixação da tarifa? Em caso negativo, qual modalidade
contratual viabilizaria tal modelagem?
b. Considerando o modelo contratual adotado, quais as consequências da superveniência,
no curso da execução do contrato, de alterações nas condições vigentes no momento da
formulação da proposta e das variáveis consideradas no plano de negócios do
concessionário, mais especificamente: alteração da tributação; ocorrência de eventos que
caracterizem caso fortuito ou força maior, bem como não realização da demanda de
passageiros projetada pelo concessionário, com a consequente frustração da receita tarifária
estimada?

c. Em que situações e sob quais condições afigura-se juridicamente viável a retomada, pelo
Município, do serviço concedido antes do termo final da concessão?

Assim, a forma de abordagem deste tipo de questão é a mesma que abordamos


anteriormente por tópicos.
Já a discursiva-redação não apresenta tópicos e a cobrança de
conteúdo é bem aprofundada, com temas um pouco mais subjetivos,
muitas vezes com assuntos ligados à cultura, às artes, ao campo
filosófico etc. Mas isso não é uma constante.

A forma de abordagem deste tipo de texto é a mesma que fazemos


em discursivas das bancas Cesgranrio, Funiversa, Consulplan, Funrio
e tantas outras que cobram temas da atualidade e não inserem os
tópicos.

Resumo da abordagem da discursiva sem tópicos:


a) Como não há tópicos a serem respondidos ou seguidos, é você quem insere as
ideias a serem argumentadas ao longo do desenvolvimento;

b) Há introdução, argumentações e conclusão;

c) Pode haver título;

d) A introdução já indica os argumentos (apenas indica, não os desenvolve);

e) Cada parágrafo de desenvolvimento deve apresentar o conectivo inicial, a


palavra-chave do argumento e sua análise, por meio de explicações, comparações,
fatos, causas, consequências, isto é, tudo que servirá para comprovar a sua ideia;
f) o segundo argumento deve ser iniciado por algum dos conectivos,
pois ajuda muito na nota do candidato;

g) conclua o texto, inserindo uma observação final ou alguma possível


solução para o problema;

i) não deixe de iniciar o parágrafo de conclusão com algum conectivo


que transmita o fechamento do texto, como “Portanto”, “Por fim”, “Por
conclusão” etc.
https://www.youtube.com/watch?v=ry3E91NlyNg&t=85s

15:34
24:32
Leia, a seguir, texto de Raphael que recebeu nota 1000 no
Enem 2015, sob o tema “A persistência da violência contra a
mulher no Brasil”.

TESE (apresentação do tema+ relação histórica+ ponto de vista)

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao


XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher
era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a
Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto
conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com
isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica
excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país,
seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de
mentalidade social.
ARGUMENTO 1

É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação


estejam entre as causas do problema. De acordo com
Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio
da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira
análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a
mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria
da Penha tenha sido um grande progresso em relação à
proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos
crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a
denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a
importância do reforço da prática da regulamentação como
forma de combate à problemática.
ARGUMENTO 2

Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da


violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma
maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade,
generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento,
observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na
teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma
família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por
conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do
pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a
geração, funciona como forte base dessa forma de agressão,
agravando o problema no Brasil.
CONCLUSÃO

Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a


mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia
das leis e da permanência do machismo como intenso fato
social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve
elaborar um plano de implementação de novas delegacias
especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera
estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que
mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência
nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de
estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no
equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será
gradativamente minimizado no país.

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