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DISTÂNCIA
RITMO E MOVIMENTO
LERRINE SCHILDBERG
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RITMO E MOVIMENTO
LERRINE SHILDBERG
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FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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RITMO E MOVIMENTO
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
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Lerrine Schildberg
Lerrine é graduada em Educação Física (2006) , Pedagogia (2015) e Artes Visuais (2020)
e mestra em Desenvolvimento Humano. A acadêmica possui especialização latu sensu
em: Educação Especial e inclusiva (2019) / Educação e cidadania (2018) / Ginástica Rítmica
(2011) e Dança e consciência corporal (2008) e formação técnica em balé clássico (2000).
Atualmente Lerrine é professora titular de cadeira na instituição de nível superior Escola
Superior de Cruzeiro ´Prefeito Amilton Vieira Mendes´ (Cruzeiro - SP). A docente é profes-
sora colaboradora do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa Extensão e Pós-Graduação LTDA e
na presente instituição atua como professora em cursos de pós-graduação situados em
todo território nacional.
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LEGENDA DE
Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a
seguir:
FIQUE ATENTO
São os conceitos, definições ou afirmações importantes
aos quais você precisa ficar atento.
VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.
FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.
GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
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SUMÁRIO UNIDADE 1
A DANÇA E ATIVIDADES RÍTMICAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
1.1 Que dança é essa? Conceituando a dança e atividades rítmicas na Educação Física .................8
1.2 Nas andanças do estudo filosófico e sociológico da dança .........................................................................11
1.3 Atividades rítmicas: Uma educação pra lá de física...........................................................................................12
1.4 A evolução da dança, ritmo e movimento e suas múltiplas linguagens ...........................................14
FIXANDO O CONTEÚDO ..............................................................................................................................................................16
UNIDADE 2
O PAPEL DO CORPO E MOVIMENTO NA DANÇA: REFLEXÕES E IMPLICAÇÕES
UNIDADE 3
RITMO: UM UNIVERSO EM MÚLTIPLAS DIMENSÕES NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
3.1 O ritmo e seu conceito plural ..........................................................................................................................................36
3.2 Sobre o conceito de ‘‘Rítmica’’: o diálogo entre ritmo e a dança no contexto da Educação
Física .........................................................................................................................................................................................................38
3.3 O ritmo: elementos constituintes e propriedades ............................................................................................41
3.4 A composição da estrutura musical em uma aula de dança e ginástica ........................................42
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................44
UNIDADE 4
CIDADANIA CORPORAL: DIVERSIDADE CULTURAL E DANÇA
UNIDADE 5
A EXPERIÊNCIA DANÇANTE E FUNDAMENTOS EM DANÇA
5.1 Desenvolvimento motor e dança ..................................................................................................................................66
5.2 Elementos que compõem a dança .............................................................................................................................67
5.3 Dança: A importância da criatividade e improvisação ...................................................................................71
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................74
UNIDADE 6
ATRIBUTOS NECESSÁRIOS PARA A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO E APRENDIZAGEM EM DANÇA
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UNIDADE 1
A unidade I apresenta a dança e atividades rítmicas no contexto da educação física.
O conceito dessa proposta como ferramenta de ensino e aprendizagem ,bem
CONFIRA NO LIVRO
UNIDADE 2
Entender o como o corpo se projeta nas atividades rítmicas e dança é de suma
importância para o profissional de educação física. É nesse sentido que a unidade II
conceitua o corpo e movimento. Do mesmo modo as possibilidades expressivas da
linguagem corporal no ensino e aprendizagem da dança.
UNIDADE 3
É muito importante compreender o ritmo e suas implicações abrangentes que
envolvem esse conceito. E nesse sentido, a unidade III irá apresentar o ritmo inserido
em uma concepção plural e abrangente, bem como suas propriedades no ensino e
prática da educação física em todos os contextos.
UNIDADE 4
A Educação física é uma área de conhecimento que deve contribuir para uma
sociedade mais justa e menos desigual. E nesse sentido a dança é uma possibilidade
de promover o desdobramento de questões importantes como a equidade social.
Por meio de danças afro-brasileiras e indígenas os participantes podem refletir
sobre a importância da memória e identidade Brasileira.
UNIDADE 5
Para que as propostas que envolvem a dança e improvisação é necessário um
conhecimento do corpo , seus componentes e possibilidades. Desse modo, essa
unidade apresenta aspectos relacionados ao desenvolvimento corporal, elementos
fundamentais no desenvolvimento de um trabalho efetivo em dança e atividades
rítmicas.
UNIDADE 6
Quais são os campos de atuação possíveis para um profissional que pretende
incorporar a dança como método de ensino? E como elaborar uma boa aula e
eventos de dança? São assuntos abordados na unidade 6.
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01
A DANÇA E ATIVIDADES RÍTMICAS UNIDADE
NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
FÍSICA
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O arauto entra em cena!!! Anuncia a todos que a
Dança é Arte. Revela aos dançarinos que sua Dan-
ça contempla na Educação Física. Declara aos es-
portistas que podem dançar. Apresenta aos artis-
tas uma nova possibilidade de expressão. E tudo
isso se dá no palco da Educação !!! Nista – Picolo
prefácio in Milani (2015).
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que pudessem cumprir as exigências das Forças Públicas daquele período.
FIQUE ATENTO
Quadra ou o ginásio são espaços tradicionais. A prática das atividades rítmicas e expressivas
pode ser desenvolvida nesses e em outros espaços como por exemplo: espaços verdes, salas
amplas, pátios. Aproveite esses lugares para promover uma aula bem gostosa e divertida!
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Figura 1: Organograma que sintetiza a história da Educação Física e seu contexto histórico
Fonte: Elaborado pela Autora (2021)
A Educação Física timidamente está encontrando sua identidade, a qual busca aten-
der o princípio pautado na pluralidade social. De acordo com a imagem apresentada aci-
ma é possível compreender que essa área de conhecimento passou por profundas trans-
formações histórico-sociais, o que resulta diretamente na construção de sua identidade.
E as atividades de natureza rítmico corporais aos poucos está conquistando seu es-
paço, devido a sua importância, assim como as demais modalidades presentes nos currí-
culos da Educação Física. Corroborando com essa reflexão: “A Educação Física, como área
de conhecimento, caminha buscando novos rumos, buscando sua identidade, para que,
assim, possa contribuir para um novo pensar e para novas formas de agir e de se movimen-
tar ” (VERDERI 2009, p.110).
Com base nesses argumentos é que se percebe a procura para uma Educação Física
diversa e multidimensional que não valoriza apenas a denominada inteligência corporal.
Como podemos perceber pelas reflexões apresentadas “Os conteúdos de Educação Física,
de acordo com o documento devem abranger uma enorme gama de conhecimentos pro-
duzidos pela cultura corporal e também conteúdos que contemplem as áreas diversifica-
das ” (FERREIRA, 2009, p. 11).
As habilidades desenvolvidas pelos seres humanos podem ser atributos amplos e
complexos. Neste contexto, é que o pesquisador Howard Gardner que no início dos anos
80 na universidade de Harvard concluiu em seus estudos que a Inteligência humana é
composta por nove fatores sendo eles consideradas inteligências: Espacial-visual, verbo-
-linguística, interpessoal, intrapessoal, interpessoal, naturalista, corporal-sinestésica, mu-
sical e lógico-matemática. considera a dança e atividades corporais como uma forma de
inteligência e a dança nesse contexto pode ser considerada uma inteligência corporal-ci-
nestésica, (GARDNER, 1995).
Uma aptidão capaz de promover a capacidade de reflexão acerca e um meio de
resolução de adversidades por meio do domínio dos movimentos. Ao observar o desen-
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volvimento de uma aula de que envolve os princípios relacionados ao ritmo, corpo e movi-
mento percebe-se que, para que ela de fato se consolide com sucesso, é necessário que se
desenvolvam capacidades rítmicas, visuais, cognitivas, psicomotoras, expressivas, verbais e
sociais. Sendo assim, as atividades relacionadas ao estudo e prática da dança, ritmo e mo-
vimento são uma possibilidade de desbravar esse amplo universo que é a Educação Física.
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Neste período os primitivos por meio desta arte registravam tudo o que fazia senti-
do e era relevante em seu cotidiano. Nos períodos Mesolíticos e Paleolíticos (9000 e 8000
a.C) a dança era relacionada diretamente à sobrevivência. Muitas definições se aventuram
a conceituar a dança, no entanto, por meio de pressupostos antropológicos e históricos
estudiosos evidenciam que a dança é uma expressão de cunho sociocultural e expressivo
da sociedade. Essa modalidade é considerada também uma linguagem artística e inserida
no contexto da educação física é uma possibilidade de externar sentimentos e emoções e
um caminho para o entendimento das possibilidades e limites do nosso corpo.
As atividades rítmicas e a dança estão relacionadas com a humanidade desde o iní-
cio da trajetória humana. Conforme apresenta Schildberg (2018, p. 28) “À luz da perspectiva
etimológica, a palavra dança, deriva de ‘tanz’, raiz provinda de ‘tan’ o qual em sânscrito
significa ‘fusão’”. Com base nessa propositura pode-se compreender a multidimensionali-
dade pretendida por essa forma de expressão. Nem todo movimento pode ser considerado
como dança, ações como caminhar, subir um degrau em uma escada. As ações desenvol-
vidas em nosso cotidiano como por exemplo: trocar uma lâmpada; você precisa pensar em
ações corporais específicas como estender o corpo e os membros superiores. Essa ação de
realizar essa movimentação intencional não pode ser considerada dança, pois nela existe
uma razão utilitária e funcional, a de cumprir uma exigência prática. As ações pertinentes a
dança possui motivação expressiva, cujo movimento e ritmicidade são ações importantes
com fins na própria ação de dançar. Essa ação transcendental e simbólica é também uma
dinâmica intencional, cujo objetivo tem finalidades expressivas e sociais, motivadas pelo
satisfação do gesto significativo.
Figura 2: registro do homem primitivo executando movimentos Figura 3: Imagem do homem primitivo se movimentando do
corporais Rio Grande do Norte e da Paraíba há uma região chamada
Disponível em : https://bit.ly/3gBG852 . Acesso em: 10 jan. 2020. Seridó.
Disponível em : https://bit.ly/3wBg8vP . Acesso em 18 jan. 2021.
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Jaques-Dalcroze, é uma educação musical por de uma expressão corporal e uma educa-
ção corporal através de uma vivência musical” (ARTAXO; MONTEIRO, 2008, p.14).
Essa possibilidade de método pedagógico alia a percepção corporal a princípios mu-
sicais. A finalidade desta concepção é promover o diálogo entre ritmo e movimento e nes-
te contexto apresentam-se às atividades rítmicas como parte integrante dos conteúdos
propostos pela educação física. Com isso nota-se a sua importância nas aulas de Educação
Física.
As propostas relacionadas ao ritmo, corpo e movimento tornaram-se mais conheci-
dos e utilizado e após a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais dos anos 1997
a 1999. Esse documento de abrangência nacional, que tinham por finalidade orientar os
profissionais de educação física no que diz respeito as manifestações da cultura corporal
do movimento e também promover a democratização da educação.
A atividade rítmica deve ser apresentada de forma lúdica e pedagógica para o públi-
co infantil. A atividade pode ser desenvolvida propiciando atividades naturais e espontâne-
as como um andar lento ou acelerado e pode ou não ser acompanhado de música. Assim,
entende-se:
[...] que a disciplina Rítmica torna-se importante no
contexto geral na área de Educação Física, pois con-
tribui com a formação do profissional ao mostrar-lhe
as diferentes percepções e aplicações do ritmo nos
movimentos em geral .Acreditamos que, ao buscar
atingir os objetivos dessa disciplina, o aprofundamen-
to das questões relativas à atividade rítmica e suas re-
lações com a formação integral do ser humano por
inteiro (aspectos motor, físico, emocional e cognitivo),
com certeza, se fará presente (SOUZA JR, 2002, p. 2).
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Posteriormente no ano de 2017 foi homologada a Base Nacional Curricular Comum.
A BNCC que é um documento orientador que tem como objetivo direcionar o docente
em sua práxis pedagógica . Este material apresenta o que se espera que os alunos desen-
volvam ao longo do processo de educação. A BNCC expõe por meio habilidades e compe-
tências conteúdos necessários para que o aprendizado seja desenvolvido na escola. Em
relação ao estudo das atividades relacionadas ao ritmo e movimento a BNCC apresenta
em formato de unidade temática o objeto de conhecimento denominado como dança:
Por sua vez, a unidade temática Danças explora o
conjunto das práticas corporais caracterizadas por
movimentos rítmicos, organizados em passos e evo-
luções específicas, muitas vezes também integradas
a coreografias. As danças podem ser realizadas de
forma individual, em duplas ou em grupos, sendo es-
sas duas últimas as formas mais comuns. Diferentes
de outras práticas corporais rítmico-expressivas, elas
se desenvolvem em codificações particulares, histori-
camente constituídas, que permitem identificar mo-
vimentos e ritmos musicais peculiares associados a
cada uma delas (BRASIL, 2017, p. 216).
FIQUE ATENTO
A linguagem corporal é uma forma de transmissão de mensagens. Assim como a linguarem
oral é transmitida pela fala, o corpo também é um instrumento capaz de promover a comu-
nicação.
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[...] executar uma seqüência mímica ou bater numa
bola de tênis não é resolver uma equação matemá-
tica. E, no entanto, a capacidade de usar o próprio
corpo para expressar uma emoção (como na dança),
jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo
produto [...] é uma evidência dos aspectos cognitivos
do uso do corpo.
VAMOS PENSAR?
Será que para ministrar aulas de atividades rítmicas e expressivas é necessário possuir forma-
ção em dança?
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FIXANDO O CONTEÚDO
1. Questão 35 – ENADE 2004
Nos últimos 20 anos a Educação Física passou por transformações significativas no que
se refere ao seu planejamento pedagógico. Muitas mudanças foram sugeridas, muitos
debates ocorreram e hoje é possível afirmar que existe um conjunto de conhecimentos
possível de ser identificado como conteúdo da Educação Física Escolar. Nesse sentido,
levando em consideração a síntese das muitas concepções já publicadas, podemos afirmar
que são conteúdos gerais:
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maneira equilibrada e adequada. Assim, não se trata de uma estrutura estática ou infexível,
mas sim de uma forma de organizar o conjunto de conhecimentos abordado, segundo
os diferentes enfoques que podem ser dados. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA que
define estes blocos.
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Compreende-se que as Atividades Rítmicas e Expressivas enquanto conhecimento
da Educação Física deve enfatizar movimento com sons e música, para inspirar
vivencias e experiências diversas, no sentido de possibilitar a ________________________ e
a ____________________________, desenvolvendo de forma simultânea o domínio motor,
cognitivo e afetivo-social. (PIZZATO s/d). Assinale a alternativa que completa correta e
respectivamente as lacunas.
Analise os itens abaixo de acordo com Lomakine (2007), ao tratar da dança no contexto da
escola:
1. É possível trabalhar a dança na escola desde que o professor seja bailarino ou tenha
participado de aulas de dança.
2. O lugar da dança na escola é assegurado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs).
3. O prazer que o movimento expressivo proporciona alivia o estresse diário e a tensão da
escola.
4. É fundamental que a proposta metodológica e os conteúdos de dança na escola
permitam aos alunos dançar, apreciar e contextualizar dança.
a) 1, 2, 3 e 4.
b) 1, 2 e 3 apenas.
c) 2 e 4 apenas.
d) 2, 3 e 4.
e) 3 e 4 apenas.
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Estão corretos somente os itens
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.
a) Imprescindível, tendo em vista que além de ser parte dos conteúdos da educação física
é também um agente capaz de desenvolver o desenvolvimento global do indivíduo.
b) Dispensável, quando o foco for o aspecto biopsicossocial.
c) Fundamental apenas se o foco for condicionamento físico.
d) é Opcional, pois é uma aula direcionada apenas ao gênero feminino.
e) Algo fora do contexto nas atividades relacionadas a Educação Física.
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02
O PAPEL DO CORPO E MOVIMENTO UNIDADE
NA DANÇA: REFLEXÕES E
IMPLICAÇÕES
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A Filosofia pensa, a literatura escreve e a dança
pensa e escreve com o corpo (Maykira).
Vamos refletir com base nesta imagem que demonstra o quanto os seres huma-
nos podem apresentar diferenças, e essas mesmas também auxiliam na constituição da
personalidade de cada um. A partir dessas indagações que podem parecer bizarras ou
até constrangedoras é que iniciamos a unidade dois, levando em consideração o CORPO,
que é o elemento central no contexto que permeia o ensino e prática da educação física.
Na primeira unidade pudemos compreender um pouco sobre as atividades rítmicas, bem
como seu papel no contexto da educação física. Por meio de um percurso neste universo
amplo e cheio de possibilidades.
As relações entre compreender o corpo mediante a uma perspectiva global esbarra-
-se em diversas questões, dentre elas, algumas construídas culturalmente. Por essa razão,
cabe aos estudiosos que pretendem trabalhar com o movimento, não desmerecer o estu-
do e aprofundamento desta temática, com vistas a desvelar e aprofundar os fundamentos
que permeiam este assunto.
Devemos considerar o corpo em uma perspectiva: biológica, social e psíquica Pen-
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sar em um corpo somente biológico é reduzir o potencial atribuído à profissão Educação
Física. A propósito, o vocábulo Educação Física, enfatiza a ideia de uma área de conheci-
mento que valoriza aspectos biológicos. E esse assunto é pauta de discussões acadêmicas
(DAOLIO, 1995).
Vale ressaltar que a Educação Física é fundamentada em princípios que necessitam
de uma ressignificação e entendimento e também de uma melhor compreensão para que
possamos inserir o aluno em um universo capaz de promover o desenvolvimento de forma
global e eficaz. E assim instituir a democracia pedagógica e também por que não, corpo-
ral?
O conceito de corpo durante muito tempo foi sustentado em uma perspectiva dual.
Quem nunca ouviu por exemplo a expressão: “Você vai se dedicar de corpo e alma em sua
profissão”? Vamos refletir sobre essa frase? alma X corpo; corpo X mente; sujeito X objetivo.
Todas essas relações acontecem de forma articulada. Isto é, nós pensamos, nos movimen-
tamos, sentimos e repetimos padrões de comportamentos.
O Corpo é o sujeito e objeto de nossas ações e emoções e também nossa forma de
ser e estarmos no mundo. “ O corpo é nosso ancoradouro em um mundo” (MERLEAU-
-PONTY, 1996, p. 200).
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E neste contexto, corrobora a autora Schildberg (2018, p. 60):
VAMOS PENSAR?
Quais são os limites do nosso corpo? Qual o ideal de corpo perfeito? Quais linguagens são pos-
síveis por intermédio do movimento humano? Assista a resposta para essas indagações em
https://bit.ly/3q7DPJM. Acesso em: 27 maio 2021.
Cada indivíduo possui a sua história de vida e a forma com que ele se comporta e se
percebe é que constitui sua personalidade. Segundo Rudolf Laban, um dos maiores pes-
quisadores acerca dos estudos do corpo em movimento.
É importante ressaltar que os documentos que norteiam e respaldam a prática pe-
dagógica do profissional de educação física valorizam a experiência corporal como um
fator unificado e capaz de desenvolver diversas questões que não se resumem apenas a
prática corporal.
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senvolver autonomia para apropriação e utilização
da cultura corporal de movimento em diversas fi-
nalidades humanas, favorecendo sua participação
de forma confiante e autoral na sociedade. É funda-
mental frisar que a Educação Física oferece uma sé-
rie de possibilidades para enriquecer a experiência
das crianças, jovens e adultos na Educação Básica,
permitindo o acesso a um vasto universo cultural.
Esse universo compreende saberes corporais, expe-
riências estéticas, emotivas, lúdicas e agonistas, que
se inscrevem, mas não se restringem, à racionalida-
de típica dos saberes científicos que, comumente,
orienta as práticas pedagógicas na escola. Experi-
mentar e analisar as diferentes formas de expressão
que não se alicerçam apenas nessa racionalidade
é uma das potencialidades desse componente na
Educação Básica. Para além da vivência, a experiên-
cia efetiva das práticas corporais oportuniza aos alu-
nos participar, de forma autônoma, em contextos
de lazer e saúde ( BRASIL, 2018.p. 213)
Como podemos perceber nos textos apresentados acima a Educação Física é uma prá-
tica dinâmica capaz de colaborar no processo de formação dos indivíduos. Neste contexto,
compreender o papel que o movimento humano a partir das proposituras constituídas por
essa área de conhecimento, denominada como desenvolvimentista, é fundamental. Sen-
do assim, os estudos que implicam em desvelar aspectos relacionados ao desenvolvimen-
to humano, bem como suas implicações são de suma importância para que o profissional
da área consiga efetivar um trabalho bem-sucedido. A mobilidade inicia-se desde a fecun-
dação do óvulo e a partir daí desencadeia um processo complexo e dinâmico denominado
movimento.
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Segundo dicionário Cegalla (2005), “movimento é o deslocamento de um corpo, ou par-
te dele, no espaço; série de atividades organizadas com um fim comum; atividade, ação”.
Mas será que esse conceito se resume apenas a nos deslocarmos de um lado para o outro
em um determinado espaço de forma intencional? E quando estamos imóveis corporal-
mente falando. Não existe uma série de atividades acontecendo em nosso corpo? Feche
os olhos e note uma série de funções vitais em pleno funcionamento. Esses conhecidos
como movimentos involuntários como os peristálticos realizados pelo sistema digestivo, a
respiração, o funcionamento do sistema cardiovascular também são elementos dignos da
atenção de um profissional de Educação Física.
Já para Laban (1990, p. 85), um dos maiores pesquisadores da arte do movimento
humano afirma que “todo movimento ocorre quando o corpo, ou partes dele passa de
uma posição espacial para outra. Por conseguinte, cada movimento se pode explicar par-
cialmente mediante essas mudanças espaciais de posição”. E a definição de movimento
não se esgota, segundo Wallon (1995) que aborda a teoria da psicogênese da pessoa com-
pleta, sendo assim ele acredita que o desenvolvimento do indivíduo acontece por diversos
meios, sendo eles considerados como: cognitivos, afetivos e motores, a questão da afeti-
vidade é enfatizada e segundo o referido autor está diretamente relacionada com o mo-
vimento. Para esse estudioso o movimento possui uma função expressiva. O movimento
para Wallon (1995) transcende a condição fisiológica e anatômica. Para complementar as
ideias do autor:
Percebe-se por meio dessa citação a complexidade que permeia o conceito de mo-
vimento, bem como as exigências psíquicas e físicas que podem ser exteriorizadas por
meio do movimento corporal. Sendo assim, tendo em vista o desenvolvimento da lingua-
gem o movimento antecede esse princípio. Já o autor Jean Piaget em suas pesquisas re-
lacionadas com a teoria desenvolvimentista evidencia em seus estudos que o processo de
maturação do indivíduo relaciona-se diretamente com uma lógica relacionada a estágios
de desenvolvimento. Sendo assim Piaget defende a ideia de que essas fases influenciam
diretamente no processo evolução do sujeito. O autor classificou os estágios de desenvol-
vimento da seguinte forma: sensório motor, pré-operacional, operações concretas e ope-
rações formais. Ao analisar a relação entre as teorias de Piaget e o ensino de atividades
relacionadas a dança, ritmo e movimento sugere-se proporcionar atividades naturais com
ênfase na espontaneidade, na exploração de diversos gêneros rítmicos, do espaço em que
a atividade está sendo desenvolvida e nas mais variadas formas de movimentos, planos e
eixos (NANNI, 2003) .
O autor Vygotsky em sua teoria sociointeracionista defende o ponto de vista de que
o desenvolvimento do indivíduo acontece por meio das interações sociais e culturais. As
proposições de Vygotsky defendem a ideia de um desenvolvimento variável dependente
e determinante a conexão com fatores e estímulos externos. Sendo assim é importante
proporcionar ao indivíduo experiências que possibilitem o desenvolvimento das relações
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sociais, e a dança é um veículo capaz de promover o relacionamento interpessoal, bem
como o enriquecimento cultural.
Logo, o autor Gallahue (2005) em suas pesquisas no âmbito aprendizagem motora
considerou que o desenvolvimento humano se divide em quatro estágios, os quais obede-
cem a uma sequência que se fundamentam na idade cronológica. Nesse contexto, a me-
diação do profissional que trabalha com o desenvolvimento e prática das atividades que
envolvem o ritmo e movimento por meio de estímulos direcionados e bem definidos são
fundamentais para o processo de desenvolvimento humano. A partir do conhecimento
dessas teorias é possível elaborar vivências adequadas e coerentes a cada etapa.
FIQUE ATENTO
Vamos pensar, reflita sobre a importância de dominar o equilíbrio postural na prática do sla-
ckline, que é uma fita elástica estendida entre dois pontos fixos, o que permite ao indivíduo
andar e fazer manobras sobre ela. Essa modalidade esporte iniciou-se em meados dos anos
80 nos espaços de escalada de Yosemite, nos EUA. O esporte surgiu quando os esportistas
passavam o tempo em buscando novas possibilidades de escalada e nos tempos vagos es-
tendia as suas fitas de escalada por meio de equipamentos improvisados com o objetivo de
equilibrar e caminhar sobre as fitas.
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Figura 9: Ampulheta invertida de Gallahue
Disponível em: https://bit.ly/3gD0bQh . Acesso em: 18 maio 2021.
27
Neste item discutiremos um pouco sobre a expressividade e consciência corporal.
Contudo, vale ressaltar que é complexo conceituar a expressividade, devido à amplitude de
fatores que estão atrelados a essa definição.
FIQUE ATENTO
A expressividade é o ato de exteriorizar por meio do veículo corporal: sentimentos, emoções,
visões, críticas, concepções. Deste modo, a ação corporal expressiva é um modo de represen-
tação por meio da gestualidade.
Não há como abordar os estudos em dança, ritmo e movimento sem reportar a ex-
pressividade e linguagem do movimento. Um trabalho significativo em dança deve con-
siderar a capacidade expressiva como um agente importante no processo de ensino e
aprendizagem do conteúdo dança. Como vimos nos capítulos anteriores, a Educação Fí-
sica é uma área do conhecimento pautada em raízes que enxergavam o corpo como um
instrumento de trabalho. O enfoque na expressão não era prioridade, contudo, os estudos
sobre o corpo e sua potencialidade expressiva paulatinamente está conquistando seu lu-
gar de fala. A linguagem do movimento é complexa e pode dizer muito sobre a vida de um
indivíduo, como discorre Ponty:
Um movimento é aprendido quando o corpo o com-
preendeu, quer dizer, quando ele o incorporou ao seu
‘mundo’, e mover o seu corpo é visar as coisas através
dele, é deixá-lo corresponder à sua solicitação, que se
exerce sobre ele sem nenhuma representação. Por-
tanto, a motricidade não é como uma serva da cons-
ciência, que transporta o corpo ao ponto do espaço
que nós previamente nos representamos (MERLEAU-
-PONTY, 1994, p. 193).
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indivíduo a construção de sua identidade, tal como
a composição de sua história de vida (SCHILDBERG,
2018, p. 61).
Com base nas ideias aqui apresentadas pela autora, o trânsito entre o corpo e o gesto
expressivo favorece a formação da personalidade do indivíduo. Sendo assim, é possível per-
ceber a complexidade imbuída na comunicação e expressão corporal. Por meio das habili-
dades desenvolvidas pelo corpo, elementos simbólicos podem estabelecer a comunicação
entre o indivíduo, o mundo e a cultura na qual faz parte.
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FIXANDO O CONTEÚDO
a) Neurociência.
b) Complexidade.
c) Utilidade.
d) Cultura corporal.
e) Cultura.
Wallon considera que a gênese, a origem, a inteligência é orgânica e social, por isso sua
teoria é centrada na psicogênese da pessoa completa. Assim como Piaget propôs estágios
de desenvolvimento, Wallon também propôs estágios com suas especificidades. Vejamos
estes estágios e suas principais características. O estágio personalismo é descrito como:
a) Este estágio ocorre durante o primeiro ano de vida. O que é marcante neste estágio é a
predominância da emoção, principal meio de interação com o meio.
b) Ocorre entre os 3 anos e os 6 anos, caracteriza-se pela formação da personalidade e da
consciência de si. Marcado por grande interesse nas relações sociais e período de grande
movimento afetivo.
c) Este estágio ocorre dos 6 anos aos 12 anos mais ou menos, é caracterizado por grande
avanço na inteligência.
d) Este estágio é marcado pela crise ocasionada pela puberdade, onde a “tranquilidade”
afetiva é rompida.
e) Inicia-se no final do primeiro ano de vida e vai até por volta dos 3 anos. Marcado por
grande atividade motora, por meio da qual a criança explora o mundo físico.
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( ) Somente a partir da década de 1980, com o incremento do debate acadêmico na
Educação Física, o predomínio biológico passou a ser questionado, realçando a questão
sociocultural na Educação Física.
( ) Os profissionais formados até essa época - e, infelizmente, ainda hoje, em alguns cursos
- não tiveram acesso à discussão da área e dos seus temas nas dimensões socioculturais.
( ) A utilização de ciências nas discussões da Educação Física, apenas contribui para a
estagnação da devida ciência, perdendo seu verdadeiro foco que é o esporte de alto
rendimento.
( ) A educação física se mostra como área exclusivamente biológica e não como uma área
que pode ser explicada pelas ciências humanas.
a) V,V,F,F.
b) F,F,V,V.
c) V,F,F,V.
d) Nenhuma das alternativas.
e) todas estão corretas.
31
(2005) pensaram uma forma de classificar as habilidades motoras adquiridas pelas pessoas,
representada por meio da ampulheta na figura a seguir:
a) IV, apenas.
b) I E II, apenas.
c) II E III, apenas.
d) I, III E IV , apenas.
e) I, II, III E IV .
a) O movimento humano se limita as práticas corporais que devem ser definidas no início
do ano em planejamento fechado.
b) O movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e não se limita a um
deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal ou de um corpo todo.
32
c) Os conhecimentos adquiridos nos anos iniciais são considerados essenciais e só são
reforçados nos anos finais do Ensino Fundamental.
d) Aos estudantes cabe realizar as atividades propostas, pelos professores conforme BNCC,
sem interferir e ou trazer a sua bagagem cultural, desde a Educação Infantil até o final do
Ensino Médio.
e) Nenhuma das alternativas.
a) o corpo que aparece na mídia não influencia a concepção de corporeidade que circula
no contexto dos grupos e classes sociais fora da mídia.
b) o consumismo voltado ao corpo não se resume apenas ao consumo dos produtos
consumidos, mas à efetivação dos valores que reproduzem a estrutura de um sistema
social que oculta a dominação que exerce sobre esse mesmo corpo.
c) o consumo de mercadorias organizado pela mídia e associado ao corpo nada mais é que
um produto natural das relações entre o desejo e sua satisfação.
d) a publicidade ligada à boa forma física objetiva o consumo não alienado de produtos
que garantam a saúde e o bem-estar individual.
e) a mídia é uma aliada na educação do corpo, ainda mais quando operacionalizada pelos
objetivos da publicidade
Enquanto componente curricular da Educação Básica, a Educação Física tem como uma de
suas finalidades introduzir e integrar o aluno na cultura corporal e, assim, instrumentalizá-
lo para que possa ter capacidade crítica e autonomia em produzi-la, reproduzi-la e
transformá-la. Nesse sentido, a Educação Física cumpre um papel fundamental para a
formação cidadã dos educandos. Sobre a relação Educação Física e cidadania, assinale a
alternativa correta.
33
e) A Educação Física, enquanto campo disciplinar, pode contribuir para uma formação
cidadã ao proporcionar frequentemente aos alunos ordem e unidade nas práticas corporais
escolares, com a finalidade de melhorar a capacidade crítica dos alunos.
34
03
RITMO: UM UNIVERSO EM MÚLTIPLAS UNIDADE
DIMENSÕES NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO FÍSICA
35
MARIO QUINTANA – RITMO
Na porta
A varredeira varre o cisco
varre o cisco
varre o cisco
Na pia
a menininha escova os dentes
escova os dentes
escova os dentes
No arroio
a lavadeira bate roupa
bate roupa
bate roupa
até que enfim
se desenrola
toda a corda
e o mundo gira imóvel como um pião!
Olá aluno, o que você achou deste poema de Mário Quintana? Essas proposições
abordam conteúdos importantes e têm tudo a ver com aquilo que iremos discutir neste
capítulo. O conceito de ritmo está mais presente em nossas vidas do que podemos ima-
ginar, para tanto, iremos abordá-lo para que possamos compreender a sua importância,
sobretudo, para o ensino e prática da dança no contexto da Educação Física.
Nos capítulos anteriores discutimos sobre a história das atividades rítmico corporais,
em uma perspectiva filosófica e sociológica. Posteriormente o corpo inserido em um con-
texto social, conhecemos também um pouco sobre as teorias desenvolvimentistas e a sua
relação com a dança inserida no contexto da educação física.
Neste capítulo iremos explorar o ritmo, elemento imprescindível e central na prática
de atividades relacionadas às atividades rítmicas e dançantes. Bem como, iremos suscitar
a reflexão sobre esse conceito e a pluralidade de ideias relacionadas a este tema.
36
interno, diversas atividades estão acontecendo em pleno e abrupto processo, em um de-
terminado ritmo para que você possa subsistir? Do mesmo modo, a partir do momento
que alguma função sofre uma desestabilização todo um organismo pode ser prejudicado.
Podemos considerar que essa instabilidade é similar a quebra de um padrão rítmico e har-
mônico do organismo.
VAMOS PENSAR?
Assista ao vídeo que apresenta o funcionamento de um coração humano e obser-
ve a complexidade que abarca o conceito de ritmo que não é restrito apenas aos
conceitos musicais. Observe que tudo acontece em perfeita harmonia a qual pode-
mos definir como ritmo. Neste caso biológico. Disponível em: https://bit.ly/2SCur4U .
Acesso em: 18 maio 2021.
Como é possível verificar por meio deste diagrama o ritmo está diretamente asso-
ciado a tudo na vida do ser humano. E para os profissionais que pretendem dedicar-se a
pesquisar e a trabalhar com práticas corpóreas o entendimento sobre a sua importância
é fundamental. Desde o alto rendimento, podemos mencionar por exemplo: economia de
energia, menos despendido de energia. Em uma perspectiva relacionada a prática que
37
tem como objetivo proporcionar o bem-estar e qualidade de vida: Desenvolvimento da la-
teralidade, coordenação ampla, memória, criatividade consciência corporal, dentre outras
possibilidades.
Nesse sentido a autora Lerrine Schildberg em sua dissertação de mestrado corrobo-
ra:
Com relação ao conceito etimológico, a palavra ritmo
é de origem grega rhythmós (grifo da autora). Este
vocábulo se reporta a um formato de organização e
padronização. No entanto, essa concepção está in-
terligada a diversas perspectivas, não se restringindo
apenas à fenomenologia musical. O ritmo está pre-
sente em diversos contextos, não se restringindo ape-
nas a conceitos musicais (SCHILDBERG, 2018, p.58).
FIQUE ATENTO
Os PCNs (Parâmetros curriculares nacionais, 1998) é um documento importante no
contexto histórico do conceito de atividades rítmicas e expressivas , Se você quiser
saber mais sobre esse material acesse : http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
fisica.pdf . Acesso em: 18 maio 2021
38
A partir daí este tema vem conquistando seu espaço e respeito nos estudos e vivên-
cias propostas pelos profissionais da área. Como é possível observar, o bloco atividades rít-
micas e expressivas apresentam as práticas de origem brasileira como uma possibilidade
de trabalho pedagógico eficaz e significativo:
Em princípio, é relevante sublinhar que todas as práti-
cas da cultura corporal de movimento, mais ou menos
explicitamente, possuem expressividade e ritmo. Em
relação à expressão, essas práticas se constituem em
códigos simbólicos, por meio dos quais a vivência in-
dividual do ser humano, em interação com os valores
e conceitos do ambiente sociocultural, produz a pos-
sibilidade de comunicação por gestos e posturas. Em
relação ao ritmo, desde a respiração até a execução
de movimentos mais complexos, se requer um ajuste
com referência no espaço e no tempo, envolvendo,
portanto, um ritmo ou uma pulsação. Este bloco de
conteúdos inclui as manifestações da cultura corpo-
ral que têm como característica comum a intenção
explícita de expressão e comunicação por meio dos
gestos na presença de ritmos, sons e da música na
construção da expressão corporal. Trata-se especifi-
camente das danças, mímicas e brincadeiras canta-
das. Nessas atividades rítmicas e expressivas encon-
tram-se mais subsídios para enriquecer o processo
de informação e formação dos códigos corporais de
comunicação dos indivíduos e do grupo. Num país
em que pulsam a capoeira, o samba, o bumba-meu-
-boi, o maracatu, o frevo, o afoxé, a catira, o baião, o
xote, o xaxado, entre muitas outras manifestações, é
surpreendente o fato de a Educação Física, durante
muito tempo, ter desconsiderado essas produções
da cultura popular como objeto de ensino e aprendi-
zagem. A diversidade cultural que caracteriza o país
tem na dança uma de suas expressões mais signifi-
cativas, constituindo um amplo leque de possibilida-
des de aprendizagem. Todas as culturas têm algum
tipo de manifestação rítmica e expressiva. No Brasil
existe uma riqueza muito grande dessas manifesta-
ções. Danças trazidas pelos africanos na colonização,
danças relativas aos mais diversos rituais, danças que
os imigrantes trouxeram em sua bagagem, danças
que foram aprendidas com os vizinhos de fronteira,
danças que se vêem pela televisão. As danças foram
e são criadas a todo tempo: inúmeras influências são
incorporadas e as danças transformam-se, multipli-
cam-se. Algumas preservaram suas características e
39
pouco se transformaram com o passar do tempo,
como os forrós que acontecem nas zonas rurais, sob
a luz de um lampião, ao som de uma sanfona. Ou-
tras recebem múltiplas influências, incorporam-nas,
transformando-as em novas manifestações, como
os forrós do Nordeste, que incorporaram os ritmos
caribenhos, resultando na lambada (BRASIL, 1998, p.
71,72).
GLOSSÁRIO
Multidimensional: algo que possui diversas dimensões, capacidade abrangente, múltiplos as-
pectos.
40
Neste contexto de diversidade de propostas, apresenta-se a ideia e o conceito de
rítmica idealizada por Émilie Dalcroze que é considerada como “uma educação musical
através de uma experiência corporal e uma educação corporal através de uma vivencia
musical”. ( ARTAXO ; MONTEIRO, 2008, p. 14).
O referido autor acredita que o corpo nessa perspectiva, torna-se elemento central
no processo de ensino e aprendizagem da teoria musical. A partir da interação ativa do in-
divíduo, consideram-se as individualidades, o ritmo de assimilação, a criatividade e poten-
cial imaginário. Dalcroze acreditava que as experiências corporais são fundamentais para o
processo de compreensão do ritmo. Em sua concepção é impossível dissociar a o ritmo do
corpo, desta maneira o desenvolvimento da corporalidade aliada ao ritmo são os eixos das
vivências pedagógicas relativas a este método.
O autor, ao observar o comportamento infantil em sua forma espontânea como: o
correr, saltar, andar, encontrou possibilidades pedagógicas para que o ensino e prática da
teoria musical pudesse ser compreendida de maneira significativa e abrangente. Em uma
proposta didática pautada na corporeidade, as ideias que permeiam as atividades rítmicas
são pautadas em consonância com o ritmo e o movimento corporal.
Essa proposta é capaz de promover o desenvolvimento de forma significativa, enfa-
tizando questões como: o corpo, movimento, coordenação motora ampla, percepção rít-
mica, velocidade de reação, desenvolvimento da memória. A educação rítmica favorece
a integração de elementos afetivos, cognitivos, corporais e sensoriais e a imersão em um
uma proposta cultural que são elementos enfatizados na produção do conhecimento das
atividades rítmicas no contexto da educação física.
41
de e combinações da qualidade sonora.
• Melodia – Associação de sons organizados de forma a produzir um sentido ao ouvinte.
• Ritmo musical- fluxo de tempos fracos e fortes que se agrupam os tempos musicais
em relação a acentuação e duração musical.
• Harmonia – É a combinação síncrona de notas musicais de forma coesa.
• Duração – É o tempo de elaboração do som em um determinado período.
(ARTAXO; MONTEIRO, 2008).
Por que 5 , 6 , 7 e 8 ?
• Frase musical- É a ideia de início e fim, junção de notas musicais que dão sentido à
composição. Em dança, ou em modalidades fitness, utilizar uma contagem para iniciar
os movimentos e dar continuidade aos mesmos é uma prática que visa organizar uma
aula. Por que contar em 8? A contagem desencadeia-se em 1,2,3,4 5, 6, 7 e 8, sendo sem-
pre dividida em múltiplos de oito; este sistema nada mais é do que uma forma de orga-
nização. Ao terminar um bloco de oito tempos, inicia-se novamente um grupamento de
oito tempos. Essa organização se dá pelo fato de que esse processo auxilia na memori-
zação da composição das coreografias e as contagens dos tempos rítmicos!
• Bloco/ período musical – Como podemos observar cada frase musical é disposta por
oito tempos. Sendo assim, cada bloco musical é composto por quatro ciclos de oito
tempos musicais (32 tempos).
• Mapeamento musical - O mapeamento musical é um elemento fundamental para
quem pretende materializar um trabalho com dança e ginástica. Pensar na composição
de uma aula ou uma sequência coreográfica e a maneira que o estímulo sonoro e qual
é o mais adequado à realidade de cada proposta é de suma importância para o sucesso
42
de um programa. Analisar a intensidade, estilo, as subdivisões em como a música se
apresenta, se possui uma introdução, quantas frases tem a primeira parte, a segun-
da, como acontece o desfecho , ou se será utilizada música ou um instrumento para o
desenvolvimento das propostas são de suma importância para o bom andamento de
propostas em danças e atividades rítmicas.
Vale ressaltar que não existe uma regra ou um modelo padrão para o desenvolvi-
mento de um mapeamento musical. Haja vista que as músicas não seguem um modelo
pré-determinado e não necessariamente o profissional poderá trabalhar com música. O
professor pode desenvolver suas propostas por meio de outros acompanhamentos rítmi-
cos como: marcação com os pés, palmas, voz, instrumentos alternativos como sucatas que
podem tornar-se instrumentos de percussão e também instrumentos musicais propria-
mente ditos.
O quadro acima representa um exemplo que
pode ser adotado, como já mencionado, não existe
um padrão engessado a ser seguido. Cada profis-
sional pode empregar um modelo que lhe for mais
adequado. Entretanto, é importante enfatizar os cui-
dados com a segurança e bem-estar dos praticantes
para que as vivências sejam bem sucedidas.
43
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Estado de Santa Catarina Prefeitura de Princesa Edital de Processo Seletivo nº 01/2020
( ADAPTADO) O ensino de atividades rítmicas no ambiente escolar pode contribuir na
ampliação da comunicação e apreensão do mundo por parte do aluno à medida que:
a) V-V-F.
b) V-F-V.
c) F-V-V.
d) V-V-V.
e) F-F-F.
44
Cultura Corporal, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) apresentam orientações
importantes. Tendo em vista tais proposições, pode-se afirmar o seguinte:
a) A Educação Física escolar deve garantir o acesso dos alunos às práticas da cultura
corporal, contribuir para a construção de um estilo pessoal de praticá-las e oferecer-lhes
instrumentos para que sejam capazes de apreciá-las criticamente.
b) A Educação Física escolar deve separar claramente o que está relacionado aos
conhecimentos historicamente acumulados e socialmente transmitidos, das habilidades
motoras trabalhadas.
c) A Educação Física escolar deve oferecer melhores oportunidades para aqueles que
já desenvolveram seu potencial, para que, assim, recebam uma boa avaliação de sua
produtividade.
d) A Educação Física escolar deve enfatizar a aptidão física para o rendimento, visando
padronizar as atividades, de modo que todo o grupo se desenvolva no mesmo ritmo.
e) A Educação Física deve preocupar-se com os espaços próprios para prática de suas
atividades, despertando o interesse pela competição.
a) Catira.
b) Baião.
c) Frevo.
d) Quadrilha.
e) Samba de roda.
Em 1997, a Dança foi incluída nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ganhando
assim reconhecimento como forma de conhecimento a ser ensinado na escola, tanto na
área de Educação Física quanto de Artes. Em relação a dança, analise:
I. Entende-se que o seu ensino envolve muitos elementos que podem ser desenvolvidos
dentro e fora da escola como forma significativa de conhecimento para formação do
ser humano é que se compreende a necessidade de ensiná-la nas aulas de Educação
Física.
II. Por meio da dança é possível exteriorizar ideias e emoções, possibilitando no seu ensino
discutir e problematizar a sua pluralidade cultural, fazendo relação com diferentes
contextos.
III. A dança quando ensinada no contexto escolar, tem o objetivo de auxiliar o
45
desenvolvimento corporal, em sua totalidade.
Dos itens:
46
Assinale a alternativa que apresenta V para afirmações verdadeiras e F para as afirmações
falsas respectivamente.
a) F-V-F-V-V-V-F-V-F.
b) V-F-V-F-F-F-V-F-V.
c) F-V-F-V-V-V-F-V-V.
d) V-F-V-V-V-V-F-V-F.
e) V-V-V-V-V-V-V-V-F.
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e III.
e) II e II.
47
04
CIDADANIA CORPORAL: UNIDADE
DIVERSIDADE CULTURAL E DANÇA
48
4.1 DANÇAS POPULARES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA:
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL, RELACÕES ÉTNICO-RACIAIS
E PLURALIDADE CULTURAL
“ Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantos quilos de medo
Com quantos quilos de medo
Se faz uma tradição
Oh, senhor cidadão
Eu quero saber, eu quero saber
Com quantas mortes no peito
Com quantas mortes no peito
Se faz a seriedade?”( Tom Zé)
Essas perguntas logo abaixo remetem a um conceito muito importante a ser desbra-
vado pela Educação Física. Esse componente curricular possui a função social e pedagó-
gica de promover vivências e experiências corporais que explorem a cultura que indivíduo
faz parte. Seja ele em um contexto regional e mais amplo, como por exemplo, a cultura
proveniente de outros países.
Observe a imagem abaixo de uma artista famosa do nosso país, Tarsila do Amaral.
A obra representa a diversidade racial e cultural dos trabalhadores imigrantes que vieram
para São Paulo em busca de sustento nas indústrias que iniciavam suas atividades no Es-
tado.
FIQUE ATENTO
Qual a relação podemos fazer dessa imagem com o nosso país?
Como a Educação Física pode contribuir no que diz respeito a ações que combatam o racis-
mo?
Como a dança no contexto da Educação Física pode promover a igualdade e democracia?
49
Como já visto anteriormente, a Educação Física é uma área de conhecimento cuja
perspectiva propõe-se a qualificar o indivíduo para a proposta de uma concepção diversifi-
cada e plural. Nesse contexto diverso e multidimensional apresentam-se as manifestações
da cultura popular brasileira, neste caso em especial: As danças Populares Brasileiras.
FIQUE ATENTO
Esse artigo dos autores : Silvia Pavesi Sborquia e Marcos Garcia Neira abordam
As Danças Folclóricas e Populares no Currículo da Educação Física.Essa pesquisa
desenvolvida por estudiosos respeitados no contexto da Educação Física apresen-
ta a dança como uma forma de estratégia pedagógica na escola. Pautados nas
propostas elencadas pela perspectiva pós-crítica, o objetivo é suscitar a reflexão
acerca da importância da dança popular e os estudos relativos a cultura como estratégia
de prática pedagógica na escola. Disponível em: https://bit.ly/3cRDm9q . Acesso em: 29 maio
2021.
Neste capítulo iremos discutir sobre as relações que abrangem as danças de matri-
zes étnico-raciais e suas implicações no contexto da educação física. Haja vista que o Brasil
é constituído de uma base híbrida e plural, e o pertencimento a uma etnia e a participação
em um grupo social nos envolvem em determinadas manifestações culturais. Sendo as-
sim, o profissional do lócus da Educação Física deve ter a responsabilidade em instruir-se
acerca das estruturas que alicerçam a estrutura do nosso país, pois essas questões refle-
tem diretamente em sua prática pedagógica.
50
poligamia) possuem uma lógica no interior das so-
ciedades que as adotam, são funcionais para a sua
existência (CANCLINI, 1982, p. 19).
Após anos de lutas e negligências para com a população afro brasileira e indígena,
políticas públicas foram promulgadas com vistas as restituir as possibilidades de atuação
ativa e direitos que lhes foram reprimidos no decorrer do processo de colonização Brasi-
leira. No contexto educativo em 2003 a lei 10.639 que tinha como objetivo a valorização,
bem como a implantação de ações que valorizassem a cultura afro brasileira na escola, foi
considerada um marco para os movimentos sociais. Quando se aborda a temática cultura
popular e a educação é importante salientar que essa iniciativa pode adquirir conceitos
distintos.
A Educação Básica é um direito previsto pela Constituição Federal (1988) e pela Lei
de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDB) e colabora de forma significativa no
processo de desenvolvimento humano, pois, é uma instituição que promove o desenvol-
vimento cognitivo, social, motor e cultural, é um espaço de desenvolvimento de saberes
múltiplos.
Em uma sociedade como a brasileira, estabelecida em parâmetros regidos pela de-
sigualdade social mais do que uma conquista a promulgação das leis 10.639/ 03 ( BRASIL,
2003) e 11.654/ 08 ( BRASIL, 2008).
51
FIQUE ATENTO
Plano nacional de implementação das diretrizes curriculares nacionais para educa-
ção das relações etnicorraciais e para o ensino de história e cultura afrobrasileira e
africana. Disponível em: https://bit.ly/3gBUPEU . Acesso em 20 abr. 2021.
Estas leis alteram as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional com a finalida-
de de tornar obrigatória a inserção das culturas afro-brasileiras e indígenas nas instituições
de ensino dos níveis fundamental e médio no Brasil, resultado de enfrentamentos e rein-
vindicações sociais, mais do que uma conquista essa publicação representa uma forma de
reparação às injustiças, redução da invisibilidade e exclusão e danos causados pelo despre-
zo a cultura negra e indígena, desde a época da colonização. Sendo assim, as promulga-
ções relativas à tentativa de promover a valorização da cultura afro brasileira e indígena são
uma maneira de democratizar o ensino e prática no nosso caso em e nesse contexto a lei
10.639/03 apresenta a alteração que inclui a obrigatoreidade em inserir a temática história
e cultura afro-brasileira no Ensino Fundamental e Médio destinado as disciplinas: Educa-
ção Artística e de Literatura e História Brasileiras:
52
cação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)”
“Art. 79-A. (VETADO)”
“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Ne-
gra’.”
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
blicação.
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independên-
cia e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA - Cristovam Ricardo Ca-
valcanti Buarque ( BRASIL, 2003)
53
As leis por meio de resoluções relacionadas às práticas corporais gradativamente de-
veriam sair do papel e adquirir um formato corporal, por meio de iniciativas educacionais
no âmbito da cultura corporal do movimento. Entretanto, ressalta-se que essas atividades
ainda são inferiores quando comparadas às de natureza esportivista, devido à construção
histórico-social pautada na valorização de culturas consideradas hegemônicas na socieda-
de brasileira as quais durante muito tempo foram consideradas preponderantes.
As relações de poder interferem diretamente na prática pedagógica, pois as estru-
turas construídas ao longo dos anos refletem no ensino e prática da Educação Física no
Brasil, que foi construída em estruturas tradicionais. A Educação Física carrega consigo a
responsabilidade social de construir novos caminhos em sua proposta pedagógica, inseri-
da neste contexto, refletindo também no ensino e prática do exercício da Educação Física
principalmente na escola.
54
Por meio das competências contidas na BNCC no que diz respeito ao contexto da
Educação Física, percebe-se a importância em promover um ensino direcionado para a
valorização da diversidade e cultura, “Reconhecer as práticas corporais como elementos
constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos” (BRASIL, 2018, p. 223).
Nas habilidades propostas para o ensino e prática da dança na escola a BNCC reitera
o ensino e prática das danças populares de matrizes indígenas e africanas, bem como a
necessidade em se discutir essas questões nas aulas de Educação Física.
(EF35EF09) Experimentar, recriar e fruir danças po-
pulares do Brasil e do mundo e danças de matriz
indígena e africana, valorizando e respeitando os di-
ferentes sentidos e significados dessas danças em
suas culturas de origem.
(EF35EF10) Comparar e identificar os elementos
constitutivos comuns e diferentes (ritmo, espaço,
55
gestos) em danças populares do Brasil e do mundo
e danças de matriz indígena e africana.
(EF35EF11) Formular e utilizar estratégias para a exe-
cução de elementos constitutivos das danças popu-
lares do Brasil e do mundo, e das danças de matriz
indígena e africana.
(EF35EF12) Identificar situações de injustiça e pre-
conceito geradas e/ou presentes no contexto das
danças e demais práticas corporais e discutir alter-
nativas para superá-las (BRASIL, 2018, p. 229).
56
Em uma sociedade que considera o movimento corporal como sinal de desordem
e inadequação, em que o corpo foi alvo até o século XVIII de punições e censura, a gestu-
alidade, ao longo dos anos sempre foi tratada com repressão e disciplina. Nesse contexto
a voz do corpo é silenciada e com o decorrer dos anos esse silêncio torna-se cada vez mais
uma prisão em si. Dessa forma a escola, local que deveria ser de emancipação e liberdade
na verdade é um local de domesticação dos corpos e indústria de cidadãos obedientes.
57
Compreender a arte, o corpo, o ritmo, a voz, a experimentação, bem como as possibi-
lidades mediante a um país pautado em uma perspectiva eurocêntrica é um desafio para
o profissional de Educação Física e atrever-se a inserir essa temática em suas aulas, sem
dúvidas, é uma forma de dar voz a todos os corpos, e não só aos afro descendentes que
tem o direito de ter a reinvindicação de ter a sua cultura como parte fundamental na cons-
trução de uma sociedade democrática; o corpo, nessas propostas não reproduzem gestos
mecânicos, mas sim instrumentalizam um conhecimento que só é possível por meio de vi-
vências de natureza ancestral, desta forma, é possível promover a discussão racial no chão
da educação formal.
FIQUE ATENTO
Esse vídeo mostra um pouco da trajetória de um Mestre da cultura tradicional local,
da região do Vale do Paraíba Paulista. Rei do Congo e líder de uma Companhia da
dança Moçambique Esse Mestre desenvolve um trabalho educativo nas escolas do
Vale. https://bit.ly/3xAxOrx . Acesso em: 20 abr. 2021.
58
4.6 DANÇAS DE MATRIZES INDÍGENAS E EDUCAÇÃO FÍSICA
VAMOS PENSAR?
Vamos assistir a uma dança indígena?
Se atente para:
• A marcação rítmica por eles desenvolvida;
• A fluência dos movimentos;
• O processo coreográfico;
• Expressão facial e corporal.
Dança Toré : https://bit.ly/3iSUIX2 . Acesso em : 15 abr. 2021
• Kuarup: originária das sociedades do alto Xingu. É praticada por todos os integrantes
da tribo. É uma dança que tem como objetivo homenagear aos antepassados.
• Toré: É uma dança considerada lúdica por utilizar brincadeiras, lutas e instrumentos
como chocalhos que são confeccionados de elementos naturais como: sementes, caba-
ças e pedras . Esse estilo de expressão pode sofrer pequenas alterações de acordo com
a tribo a qual a desenvolve como os: Xukuru-Kariri, Kariri-Xocó, Potiguara , Xocó, Truká ,
Funil-ô Pankakarú, e os Pankararé.
• Acyigua: Essa dança é desenvolvida pelo Pajé de tradição das tribos Guaranis com o ob-
jetivo de prestar homenagens aos guerreiros indígenas mortos em batalhas.
• Atiaru: Tem o objetivo de afugentar os maus espíritos e evocar os bons.
59
FIQUE ATENTO
Alguns instrumentos musicais e adereços que os indígenas utilizam para desenvolver os pro-
cessos coreográficos:
Tambor d’água que é uma espécie de instrumento de percussão, bastões rítmicos - denomi-
nados (Waranga, Tacapú ,Taquara, Karutan), são Chocalhos (auáiú, , Mussurunas-maracás,
guararás, , Katukinaru (Katukina), Acompanhados de objetos simbólicos, talismãs e orna-
mentárias características como penas, colares de peças naturais e pinturas corporais feitos
com materiais provenientes da natureza.
A fluência dos movimentos nas danças indígena, geralmente, fazem alusão a ele-
mentos da natureza, como expõe (SILVA, 2018, p. 11):
Os povos indígenas mantêm as suas crenças e ritu-
ais por meio das forças da natureza e dos espíritos
ancestrais nas suas práticas cerimoniais. A memória
cultural e a tradição oral contribuem para organizar
a vida e a convivência entre as comunidades indíge-
nas, consolidando as suas relações e dando conti-
nuidade à existência, preservando o conhecimento
e a cultura. Esse mecanismo de resistência fortale-
ce a identidade étnico-racial e resgata amplamente
sua condição humana, tão subalternizada e violen-
tada desde a colonização portuguesa.
Acima foi apresentado alguns exemplos de danças que foram instituídas no Brasil.
É muito importante e urgente que o profissional que se propõe a adentrar no território da
Educação Física se aproprie da identidade que compõe a área. Independente do caminho
que deseje percorrer em sua trajetória profissional, a diversidade está presente em nosso
dia a dia. Esse movimento vem crescendo no contexto da Educação Física, principalmente
depois da década de 80 que, como já vimos anteriormente, foi quando essa área de atua-
ção ganhou uma nova roupagem, devido às propostas relacionadas à cultura corporal do
movimento, não obstante, os documentos que respaldam a atuação do profissional da
área.
VAMOS PENSAR?
Eu convido você a pesquisar outras danças de matrizes indígenas de origem Brasileira, va-
mos pesquisar? De quais regiões são? Quais objetivos das mesmas? Qual a ornamentária e
instrumentos rítmicos são utilizados? Vamos reproduzi-las?
60
FIXANDO O CONTEÚDO
1. As danças populares são formas de expressar a
I. Para que os projetos sociais em educação física, esporte e lazer obtenham êxito e
cumpram seu papel transformador nas comunidades consideradas vulneráveis, é
necessário que sejam desenvolvidos com a supervisão do governo.
II. A implantação de projetos de educação física, esporte e lazer, de caráter social, deve
ser considerada na elaboração de políticas públicas em áreas de vulnerabilidade social.
III. A visão reducionista das comunidades socialmente vulneráveis favorece a existência de
programas sociais que encontram na educação física, no esporte e no lazer o remédio
para as mazelas da sociedade.
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações
e demais espaços destinados às manifestações
artísticoculturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
61
§ 1.º O poder público, com a colaboração da
comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação.
§ 2.º Cabem à administração pública, na forma da
lei, a gestão da documentação governamental e as
providências para franquear sua consulta a quantos
dela necessitem.
§ 3.º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4.º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural
serão punidos, na forma da lei.
§ 5.º Ficam tombados todos os documentos e os
sítios detentores de reminiscências históricas dos
antigos quilombos”.
62
II. No mamulengo, os bonecos são os próprios agentes da ação dramática, e não simples
adereços cenográficos.
III. No mamulengo, os atores interagem com o público de forma a transportá-lo para a
mágica representação cênica.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
a) Aprender a aprender.
b) Saber lidar com a informação cada vez mais disponível.
c) Desenvolver dependência para tomar decisões.
d) Atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais.
e) Aplicar conhecimentos para resolver problemas.
“Os rumos pedagógicos em relação a ele (esporte) não devem estar ligados à transformação do
Brasil em uma nação olímpica, mas sim permitir a todos os escolares a realização de atividades
corporais e o conhecimento de um bem cultural construído pela humanidade ao longo do tempo.
Um desses propósitos deve o ser o da análise de como o esporte em nosso país vem sendo
coisificado por empresários de crianças, por ‘peneiras’ excludentes em todas as regiões do país [...]
e até a inclusão nas mentes infantis da ascensão social via esporte”.
José Ricardo da Silva Ramos. Jornal do Brasil, 17 out. 2001
A partir desse texto, pode-se afirmar, quanto à prática da Educação Física e do Esporte na
escola, que
a) a escola não é espaço exclusivamente para instrução escolar, pois deve proporcionar
uma formação geral contemplando elementos como a cidadania e o autoconhecimento
da condição sociocultural do aluno na sociedade.
b) a escola deve proporcionar uma formação esportiva e cultural condizente com a
promoção de uma saúde produtiva para que os alunos possam se inserir no mercado de
trabalho.
c) a escola tem o papel de descobrir talentos e incentivar vocações em todas as áreas,
inclusive na Educação Física e no Esporte, provendo o nascimento de futuros ídolos
nacionais.
d) os profissionais das diversas áreas participam intensamente do processo de construção
63
de uma Educação Física para além do esporte de performance e profissionalizante, inclusive
em suas especificidades.
e) é função social da escola oferecer a prática de atividades físicas e esportivas para
formação de atletas de alto nível, promovendo a mobilidade social.
Marque a alternativa com dados coerentes para dar sentido ao enunciado, conforme
institui a Lei nº 10.639/03.
8. O professor de uma Escola Municipal propõe como uma das avaliações bimestrais, um
festival de dança, em que os alunos irão construir um trabalho criativo, em grupo. Essa
proposta, numa perspectiva social, tem como objetivo resolver:
64
05
A EXPERIÊNCIA DANÇANTE E UNIDADE
FUNDAMENTOS EM DANÇA
65
“ O homem se movimenta a fim de satisfazer uma
necessidade. Com sua movimentação, tem por
objetivo atingir algo que lhe é valioso. E fácil per-
ceber o objetivo do movimento de uma pessoa, se
dirigido para algum objetivo tangível. Entretanto,
há também valores intangíveis que inspiram movi-
mento” (Rudolf Laban).
VAMOS PENSAR?
Vamos analisar essa imagem acima?
O que as bailarinas precisam para equilibrar-se em meia ponta?
Para realizar giros no eixo de quais atributos físicos as bailarinas precisam?
Qual a importância do diálogo entre membros superiores e inferiores no desenvolvimento
das composições coreográficas?
E a importância em compreender o processo de desenvolvimento da coordenação motora
no exercício e prática da dança?
66
análise fisiológica e anatômica do praticante, bem como da movimentação a ser desen-
volvida é fundamental. Até mesmo para que se possa explorar mais os movimentos, tema
esse já abordado no capítulo; por meio do reconhecimento das possibilidades de movi-
mentos articulares, planos, eixos e ações corporais ( NANNI, 2008).
67
tivo (GALVÂO, 1995, p. 10).
68
Figura 18: Possibilidade de ações articulares
Fonte: Organograma elaborado pela Autora (2021).
Como já podemos observar nosso corpo é rico em possibilidades que não não são
devidamente exploradas. Com essas informações vamos lançar um desafio.
• DESAFIO CORPORAL
Para que você leitor (a) descubra e explore os movimentos articulares que são possí-
veis a serem desempenhados.
1. Fique em pé em uma posição neutra, comece movimentado da região céfalo caudal (da
cabeça para os pés): Cabeça, ombros, cotovelos, punhos, quadril, joelhos e tornozelos.
2. Experimente as possibilidades de movimentos de cada articulação do seu corpo de for-
ma fragmentada, utilize o diagrama disponibilizado acima, explore todas as possibilida-
des.
3. Após realizar de forma fragmentada a atividade uma: cabeça e cotovelos, punhos e
quadril, ombros, joelhos e tornozelos.
4. Agora você vai movimentar todas as articulações em conjunto. Utilizando todas as pos-
sibilidades de ações corporais.
A imagem do boneco articular, muito utilizado nas aulas de anatomia demonstram
as articulações do nosso corpo:
69
Quais foram as sensações experimentadas?
Você acha que utiliza todas as potencialidades do
seu corpo? Anote todas as observações impor-
tantes. Após realizada essa atividade que pode
ser aplicada em suas aulas em diversos contextos.
Rudolf Laban o artista do movimento e
suas contribuições para o ensino da dança
Rudolf Von Laban, mais conhecido como
Laban, nascido em 15 de dezembro de 1879 em
Pressburg, Áustria-Hungria, hoje Bratislava- Eslo-
váquia. Coreógrafo e bailarino, foi um dos gran-
des pensadores da dança do século XX. Laban,
empenhou-se em estruturar uma metodologia
Figura 20: Laban, apresentando uma de suas propostas, de- de análise do movimento que pudessem ser uti-
nominadas como Labanotation lizadas em diversas perspectivas. As propostas de
Disponível em: https://bit.ly/3gJZh4x . Acesso em: 25 mar.
2021. Laban enfatizam a potencialidade expressiva do
movimento e é mais enfatizada no âmbito da dança moderna e contemporânea.
Um dos seus métodos de trabalho denominado como Labanotation (notação Laban
em português) enfatizam as formas geométricas, as quais possibilitam a exploração de
movimentos nos planos espaciais, duração, intensidade, direções, entre outros. Seus estu-
dos no âmbito da análise do movimento humano, bem como propostas direcionadas ao
âmbito educacional, considerou que a arte do movimento deve acima de tudo fazer senti-
do para quem pratica e favorecer o bem-estar ao dançar.
FIQUE ATENTO
70
Figura 21: Fatores de movimentos propostos por Laban
Fonte: Organograma criado pela autora (2021)
VAMOS PENSAR?
Vamos analisar? Quando você se locomove até algum espaço em sua casa, precisamos
conectar um movimento ao outro (fluência) em um determinado tempo, no espaço , tudo
isso em uma intensidade ao executar a ação (peso). Cada indivíduo possui a sua forma de
operar suas questões substanciais , de comportar-se perante suas necessidades, no entanto,
todo ser humano usufrui desses elementos, não é mesmo?
Segundo Laban o movimento é uma arte e a arte do movimento, modo pelo qual
ele se refere em suas propostas. As ações do nosso cotidiano podem ser consideradas uma
dança. O legado deixado por Laban são indispensáveis para profissionais que pretendem
desenvolver propostas em dança.
71
a de relacionar, ordenar, configurar, significar.(OS-
TROWER, 1997, p.9)
72
FIQUE ATENTO
Vamos assistir a uma vivência da técnica de contato improvisação?
https://bit.ly/3wKlLYY
Acesso em 10 abr. 2021.
Essa proposta pode ser desenvolvida em diversos contextos, haja vista que pode ser
uma atividade de natureza estética e educativa. Diante dos argumentos aqui apresenta-
dos é que podemos asseverar que a prática da técnica de contato improvisação favorece
aos participantes com a possibilidade de desenvolver diversas capacidades: físicas , cogni-
tivas, bem como sociais e colaborativas por meio dos jogos e estratégias de construção de
movimentos por meio do improviso e transformação da utilização da dinâmica corporal.
É evidente que a dança é um veículo poderoso de transformação social e a impro-
visação é mais um caminho para quem pretende desenvolver uma atividade eficaz e a
instituição de comunicação com o outro. E o aspecto social e criativo são dimensões que
precisam ser explanadas. Esses desafios corporais, elementos característicos do processo
de improvisação são essenciais no processo de desenvolvimento humano.
73
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Como uma prática corporal, a dança pode estar na escola, de acordo com os pressupostos
educacionais, e ser adaptada conforme as necessidades e características do contexto
escolar. Sobre o conteúdo dança, analise as proposições a seguir:
I. Considerando que a dança pode ser tematizada como conteúdo de educação física
escolar para que os alunos possam usá-la como linguagem, visando à articulação
de suas próprias idéias, deve-se pôr ênfase nos seguintes aspectos: experimentação,
criação e apreciação.
II. Para Laban, o valor educacional da dança pode ser atribuído à universalização das
formas de movimento que esta manifestação domina.
III. As danças de rua e as danças folclóricas, apesar de fazerem parte de um conteúdo
relevante para a formação dos alunos, não devem ser introduzidas nas aulas de educação
física, pois muitos professores não possuem conhecimento adequado desses temas.
IV. Entre as atividades rítmicas e expressivas a serem incluídas nas aulas de Educação Física,
os PCN sugerem o resgate de todos os tipos de manifestações folclóricas brasileiras,
excluindo-se, no entanto, as danças provenientes de outras culturas.
V. O jogo, o esporte e a dança têm em comum a representação corporal, com características
lúdicas de diversas culturas humanas.
a) III e IV.
b) I, II, IV e V.
c) I, II e V.
d) II, III e IV.
e) III, IV e V.
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
74
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
I. Os alunos têm seus próprios repertórios de dança (culturais e pessoais) que podem
dialogar com repertórios de outros tempos/espaços (épocas e culturas).
II. A improvisação possibilita uma combinação diferente, mais espontânea e criativa de
movimentos, ampliando o diálogo corporal dos alunos.
III. A composição coreográfica não tem relação alguma com a improvisação ou com as
danças de repertório. Ela se configura como um processo isolado e específico.
IV. Os balés são as únicas danças de repertório e, nesse sentido, situam-se como base para
outros processos.
V. O saber-improvisar se adquire, pois é uma das modalidades da “experiência da dança”.
Improvisar é se dedicar a esquecer, para se dar a chance de ver surgirem as múltiplas
possibilidades da mobilidade.
75
a) Apenas as proposições II e IV são verdadeiras.
b) Apenas as proposições I, II e V são verdadeiras.
c) Apenas as proposições I, III e V são verdadeiras.
d) Apenas as proposições III e IV são verdadeiras.
e) Nenhuma das alternativas.
6. Como uma prática corporal, a dança pode estar na escola de acordo com os pressupostos
educacionais e ser adaptada conforme as necessidades e características do contexto
escolar. Segundo Gaspari (2005), para ser desenvolvida como um conteúdo da Educação
Física Escolar, espera-se, EXCETO:
7. Enade 2017
Um professor de educação física decide trabalhar com a sua turma o tema danças. Para
isso, pede que os alunos perguntem para seus pais as origens de seus avós ou bisavós
e que pesquisem em vídeos disponibilizados na internet as danças disponibilizadas as
danças praticadas no local em que seus avós e bisavós nasceram. Uma vez realizada a
pesquisa, nas aula seguintes, os alunos se apresentaram vestidos com os trajes típicos e
ensinam aos colegas os movimentos e coreografias visualizadas. O professor estimula a
comparação dos gestos presentes nas danças provenientes de diferentes localidades e
tenta relacioná-los com a cultura à qual estão associados. Considerando que o professor
76
trabalha sob a perspectiva crítico-emancipatória, fundamentada na ação comunicativa,
assinale a opção que corresponde à estratégia pedagógica correta a ser adotada pelo
docente após a realização da atividade mencionada no texto.
a) Avaliar o desempenho dos alunos nas diferentes danças e atribuir conceito máximo aos
que tenham constituído a indumentária mais representativa da cultura pesquisada.
b) Avaliar o desempenho motor dos alunos nas diferentes danças e atribuir conceito
máximo aos que tenham realizado os movimentos mais complexos.
c) Solicitar aos alunos que escolham uma das danças, entre as apresentadas por outros
colegas, para que realizem nova pesquisa corrigindo os erros dos colegas em suas pesquisas
originais.
d) Submeter os alunos a uma prova escrita com enfoque nos conhecimentos acerca dos
locais e culturas representados nas danças.
e) Dialogar com a turma acerca da vivência, pedindo aos alunos que exponham o que
aprenderam e surgiram modificações para novas experiências.
77
06
ATRIBUTOS NECESSÁRIOS PARA A UNIDADE
ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO E
APRENDIZAGEM EM DANÇA
78
6.1 O PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA E OS CAMPOS DE
ATUAÇÃO EM DANÇA
FIQUE ATENTO
Para que essas e outras perguntas sejam respondidas é importante que se reflita sobre a im-
portância do planejar as atividades que envolvem a dança e atividades rítmicas. Independen-
te do contexto que estão sendo desenvolvidas as práticas precisam ser pensadas de acordo
com a realidade dos participantes. Isso implica em atentar-se a: a faixa-etária, público alvo,
objetivos das experiências a serem desenvolvidas, contexto em que as vivências estão sendo
produzidas, coerência das propostas, bem como a análise se elas estão sendo satisfatórias.
Processo esse denominado com avaliação, pois sim! Avalia-se o desenvolvimento das ativida-
des em dança.
Como podemos observar ao longo deste material, a dança faz parte da construção
história da humanidade. Essa forma de manifestação artística e educativa mais do que
uma atividade física é também uma forma de expressão indispensável ao ser humano.
Embora a dança (temática presente em espaços como: escolas, espaços de lazer, clubes,
escolas acadêmicas para fins de formação técnica, casas de recuperação e repouso, dentre
outros), esteja inserida com um componente curricular a ser abordado pela Educação
Física, são áreas distintas de conhecimento e possuem especificidades.
A dança ainda é pouco adotada como ferramenta pedagógica pelos profissionais da
área. Muitos sãos os argumentos, dentre eles: a insegurança, falta de um espaço adequado
para o desenvolvimento das propostas, e a formação rasa vivenciada na faculdade e a falta
de um conhecimento prévio. No entanto, percebe-se a urgência em inserir essa temática
com responsabilidade em diversos contextos da Educação Física.
Como vimos anteriormente a Dança está presente em documentos oficiais que
norteiam a prática e exercício da profissão e gradativamente essa temática vem adquirindo
mais representatividade na área. Ressalta-se também o processo de reformulação
curricular ocorrida nas últimas décadas, as quais inseriram propostas de natureza crítica e
reflexiva, que não consideram mais uma formação meramente generalista e esportivista.
No ano de 2002 o CONFEF (Conselho Nacional de Educação Física), órgão responsável por
regulamentar o exercício da profissão no Brasil, deliberou na resolução 046/ 2002 apresente
em seu primeiro artigo:
79
O Profissional de Educação Física é especialista em
atividades físicas, nas suas diversas manifestações -
ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas,
capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas,
expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recrea-
ção, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal,
ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral
e do cotidiano e outras práticas corporais -, tendo
como propósito prestar serviços que favoreçam o de-
senvolvimento da educação e da saúde, contribuin-
do para a capacitação e/ ou restabelecimento de ní-
veis adequados de desempenho e condicionamento
fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à conse-
cução do bem-estar e da qualidade de vida, da cons-
ciência, da expressão e estética do movimento, da
prevenção de doenças, de acidentes, de problemas
posturais, da compensação de distúrbios funcionais,
contribuindo ainda, para consecução da autonomia,
da auto-estima, da cooperação, da solidariedade, da
integração, da cidadania, das relações sociais e a pre-
servação do meio ambiente, observados os preceitos
de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e
ética no atendimento individual e coletivo (BRASIL,
2002 p.1).
80
BUSQUE POR MAIS
Livro: Educação Física Escolar : saberes, práticas pedagógicas e formação
Esse livro aborda conteúdos da cultura corporal do movimento e a importância
em se discutir determinados assuntos, dos 13 artigos apresentados a dança . O
livro pretende desbravar assuntos pertinentes com vistas e enriquecer a prática
pedagógica e formação acadêmica disponível em biblioteca pearson em : https://
bit.ly/3gVixv3 Acesso em 14. Abr.2021.
81
• O professor mediador
Um professor constitui-se pela representatividade que pode manifestar ao desenvolver
um trabalho significativo na vida de quem participa de suas aulas. Para que isso aconteça
é necessário que ele se atente a aspectos de extrema importância ao exercer a arte da
docência. Nossa preocupação deve transitar por aspectos metodológicos, pedagógicos e
humanos. Não devemos considerar que os futuros alunos que irão ser abordados sejam
meros receptores e reprodutores de informações, no caso da Educação Física em específico
os reprodutores gestuais.
Em um mercado de trabalho, cuja concorrência é cada vez mais acirrada, o professor
deve se atrever em apresentar o diferente e inovador em suas propostas, bem como
considerar um ensino cuja formação deve levar em consideração que o ser humano deve
ser entendido como integral. (VERDERI, 2009).
Nós profissionais/ futuros de Educação física devemos refletir sobre o nosso papel
e compromisso educacional. Sobretudo a responsabilidade social que assumimos ao nos
comprometermos com a mediação e não com uma transmissão desvinculada de seriedade
dos saberes relacionados a prática corporal.
82
divididas em 3 fases: Introdução/ Aquecimento, parte principal e volta à calma/ parte final,
a duração da aula pode variar de 45 a 60 minutos, lembrando que depende dos objetivos
e projetos ( NANNI, 2008).
FIQUE ATENTO
Importante: exemplo de atividades que podem ser ministradas nas etapas das aulas:
Introdução/Aquecimento: Exercícios de alongamento e aquecimento articular, práticas respi-
ratórias, deslocamentos de baixo impacto, favorecer um ambiente descontraído, preparação
do corpo para a atividade.
Parte principal: Nesse momento se aplica o conteúdo estrutural da aula, as práticas podem
aumentar a intensidade e impacto.
Volta à calma/ parte final: Essa etapa consiste em diminuir a frequência de atividades por
meio de atividades de baixo impacto, com ênfase em alongamentos , relaxamento e respira-
ção. Momento de estimular e reforçar o aluno.
Assim como na estruturação de uma aula, não existe um modelo ideal de plano
de aula e sim aquele que atende às necessidades da realidade de cada profissional. No
entanto, é importante organizar a sua proposta de aula, de forma a melhorar a qualidade
de trabalho docente.
83
Delimitar os objetivos e a partir deles elaborar propostas que sejam condizentes com
o contexto, com vistas a promover o bem-estar dos participantes de forma generalizada
é a finalidade de uma preparação, além de nos fornecer elementos necessários para que
possamos considerar se nossas propostas estão tendo o êxito esperado, por meio do
processo de avaliação.
Mostras – Sem fins competitivos, uma mostra de dança tem a finalidade de promo-
ver a socialização e interação social, troca de experiências entre os participantes. Dessa
forma, uma mostra de dança propõe-se a estimular a apreciação cultural.
Festivais competitivos, campeonatos – Esse tipo de evento tem como objetivo
apresentar a qualidade técnica dos participantes. Sendo assim, um festival fundamentado
em regras e normativas tem como objetivo promover a disputa entre os concorrentes.
Eventos acadêmicos - Denominados como: congresso, simpósios, colóquios, dentre
outros, tem como meta promover a discussão sobre assuntos em comum. Por meio da
apresentação de trabalhos, projetos, painéis, relatos de experiências entre outros. Esse tipo
de evento de natureza científica, cuja finalidade é de dividir o conhecimento entre os par-
ticipantes.
Danças sociais: Os bailes e confraternizações dançantes – São eventos que ocor-
rem em locais pré determinados, são caracterizados por promover o lazer e recreação en-
tre os participantes. Os integrantes que participam desse tipo de evento se reúnem para
dançar por diversão, a proposta é de um evento alegre e espontâneo. Diferentemente dos
eventos competitivos que possuem regras e normas, nesse tipo de evento é possível im-
provisar.
84
Figura 25: Eventos
FIQUE ATENTO
Os profissionais podem fundamentar um projeto interdisciplinar buscando associações en-
tre as áreas de conhecimento. Por exemplo: um projeto em que toda a comunidade escolar
(professores, equipe gestora, alunos, pais) se unem para desenvolver um projeto local, com o
objetivo de explorar coletivamente em uma perspectiva interdisciplinar um assunto específico
como por exemplo a sustentabilidade. Após a seleção do tema os participantes deverão traçar
estratégias, objetivos e intervenções de modo a demonstrar por meio de um evento artístico
propostas que dialoguem com o tema. Nesse contexto, todas as disciplinas e envolvidos de-
vem realizar uma pesquisa de elementos importantes os quais deverão compor o projeto.
85
No caso de eventos escolares é interessante promover o diálogo entre as demais
disciplinas do currículo escolar em uma perspectiva interdisciplinar. O profissional de
Educação Física pode elaborar uma proposta cujos temas poderão se associar com as
demais disciplinas como: Língua Portuquesa, Matemática, Artes visuais, entre outras.
86
Parabéns ! Você chegou ao final de mais uma disciplina!
Neste material você foi convidado(a) a refletir acerca da sua opção profissional. Haja
vista que ao optar por um curso tão cheio de possibilidades é necessário que se experimente
e conheça um pouco de cada assunto. Para que você possa escolher o âmbito que mais lhe
agrada. E nesse contexto de possibilidades, a importância da dança e atividades rítmicas no
contexto da Educação Física e suas implicações. Você pode perceber que esses elementos
fazem parte da história da humanidade e da constituição e desenvolvimento da natureza
não só humana! Vimos também o aspecto plural que envolve esse tipo de atividade e a
importância em valorizar a diversidade e o respeito às diferenças que reverberam em nosso
país tão repleto de manifestações culturais. Por fim a importância em estruturar uma
vivência em dança a atividades rítmicas em diversos contextos e a proposta e o estímulo
para que você possa desenvolver atividades criativas e inovadoras para o desenvolvimento
de propostas que promovam o desenvolvimento pleno do aprendizado da dança e
atividades rítmicas.
Esperamos que você tenha aproveitado e descoberto elementos importantes para
sua trajetória acadêmica.
87
FIXANDO O CONTEÚDO
1. Concurso IFTO Professor de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - Área: Educação
Física 2019:
Na perspectiva da diversidade e da multiplicidade de propostas e ações que caracterizam o
mundo contemporâneo, seria interessante lançarmos um olhar mais crítico sobre a dança
na escola. Atentos ao fato de que a escola deve dialogar com a sociedade em transformação,
ela é um lugar privilegiado para que o ensino de dança se processe com qualidade,
compromisso e responsabilidade. Sobre o ensino da dança nas aulas de Educação Física
do Ensino Médio é correto afirmar:
2. Concurso Professor de Educação Física 2018 - Colégio Pedro II (Colégio Pedro II) /
ADAPTADO.
O professor Paulo trabalhou a temática dança nas turmas de 9o ano do ensino fundamental
e perguntou aos estudantes o que eles sabiam sobre o assunto, sobre a história e o que
assistiam na mídia. Nas aulas seguintes, foram apresentadas diversas reportagens, textos e
vídeos relacionados às questões de moda, política, gênero e padrão corporal. Foi realizada
uma parceria com professores das disciplinas História e Sociologia para aprofundar as
questões. No decorrer do trimestre, foram feitas muitas discussões, gerando belos trabalhos
sobre os assuntos refletidos nas aulas.
Assinale a alternativa que, com base nos estudos culturais, corresponde ao princípio no
qual o trabalho foi realizado.
88
a) Tematização.
b) Mapeamento.
c) Ressignificação.
d) Ancoragem social.
e) Nenhumas das alternativas.
3. Concurso SEE Professor II - Área Educação Física 2012- Fundação para o Vestibular
da Universidade Estadual Paulista (VUNESP).
Ao ensinar conteúdos de dança nas aulas de Educação Física, o professor utiliza aspectos
artísticos como fundamento para seu trabalho. Segundo Lomakine (in Scarpato, 2007),
entende-se por artístico tudo aquilo que desenvolve
4. ENADE 2007
89
5. ENADE 2011
Considerando que, para desenvolver cada operação didática inerente ao ato de planejar,
executar e avaliar, o professor precisa dominar certos conhecimentos didáticos, avalie quais
afirmações abaixo se referem a conhecimentos e domínios esperados do professor.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.
a) Ao resgatar, através do ensino, as danças populares de nossa cultura (frevo, coco, ciranda),
estaremos resgatando o que dizem ser a “cultura e identidade brasileiras”.
b) Aprender danças populares de diversas regiões do Brasil, assim como danças populares
de outros países, permite aos alunos a descoberta de outros modos de ver, pensar e agir
corporalmente em sociedade, que muitas vezes são desconhecidos por eles.
c) Uma postura crítica em relação às danças que aprendemos e/ou criamos a partir da
tradição dos povos possibilita um outro tipo de olhar, um olhar não complacente e ingênuo
frente às contribuições das etnias e culturas que formam o povo brasileiro.
d) O conhecimento das danças populares nos permite perceber, nos processos pessoais e
coletivos de criação em dança, que histórias carregamos, que povos representamos, que
escolhas fazemos em relação às nossas vivências e atitudes em uma sociedade global.
e) Nenhuma das alternativas .
90
7. ENADE 2011
Uma experiência pedagógica de criação significativa para os alunos nas aulas em que é trabalhado
o conteúdo dança na educação física escolar pode aliar texto e improvisação de movimentos. Os
estudantes trazem contos, poemas, letras de música e os desenvolvem em oficinas. Por exemplo,
pode-se pedir que eles redijam sobre alguém de sua família ou algo próximo a eles. Dessa forma,
subjetividade e memórias podem aflorar, uma vez que esse tipo de trabalho estimula os educandos
a fazer pontes entre essas histórias e textos pessoais com seu trabalho corporal. Durante o tempo
em que estão sozinhos para improvisar, envolvidos sinestesicamente, os alunos criam frases, gestos,
sequências de movimento ou sentimentos e sensações que os textos revelam, que as imagens
proporcionam, estabelecendo.
LARA, L. M.; VIEIRA, A. P. Em foco... O corpo que dança: experiências docentes e intersubjetividades desafiadas.
In: LARA, L. M. (Org.). Abordagens Socioculturais em Educação Física. Maringá: EDUEM, 2010.
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
91
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 C
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 B
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 C
UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 D
UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 D
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 A
92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARTAXO, I; MONTEIRO, G. A. Ritmo e movimento: teoria e prática. 4. ed. São Paulo: Phorte,
2008.
BRASIL. Base Nacional Curricular Comum (BNNC). Educação É a base. Brasília: MEC, 2017.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase. Acesso em: 18 jan. 2021.
BRASIL/MEC. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, DF: 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Lei 11.645, de 10 de março de 2008 .Acesso 10.mar 2021 .Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm.
CEGALLA,D,P. Dicionário Cegalla Língua Portuguesa. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 2005.
93
DARIDO, S.C. A educação física na escola e a formação do cidadão. Rio Claro. São Paulo,
2003.
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