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Vitoria Emanuelle Motta da Silva

A Advocacia e sua História

Nova Iguaçu
2022
Vitoria Emanuelle Motta da silva

Advocacia e sua História

Trabalho de AP1 apresentado a


universidade UNIGRANRIO de Nova
Iguaçu, como parte dos requisitos para a
primeira avaliação do semestre.

Orientadora: Prof. Lorena Braga

Nova Iguaçu
2022

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1. Introdução

O presente trabalho tem como finalidade a descrição dos períodos histórico, no


que diz respeito à origem e a História da advocacia no Brasil e no mundo.
Tendo em vista que a advocacia, profissão regulamentada prevista na lei
8.906/1994 brasileira, é uma das profissões mais antigas da história, foi construída e
moldada ao longo dos séculos, por culturas e povos diferentes até chegar na atual
data. Diante a relevância da profissão que é responsável pela garantia da justiça e
da busca pelos direitos da sociedade, é importante conhecer um pouco do seu
surgimento e seu contexto histórico não só no Brasil, mas como também no mundo.
Apesar de não se saber com exatidão, o momento deste surgimento, o tema
ganha ainda mais importância, dado que esta profissão se iniciou organizadamente
com os Romanos, ganhando cada vez mais prerrogativas e espaço desde então.
Veremos então que o direito e os deveres do ser humano, mais que pede o
surgimento desta profissão e que é exercida de diferentes maneiras ao longo das
épocas em que foi se desenvolvendo.

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2. Origem do termo “advogado”

A palavra “Advogado” deriva-se do latim, “ad vocatus” que significa, ad = para


junto, e vocatus = chamado, ou seja, “aquele que foi chamado para socorrer
outro perante a justiça”, significa também “patrono”, “defensor” ou “intercessor”. No
Direito Romano, designava a terceira pessoa que o litigante chamava perante o
Juízo para falar a seu favor ou defender o seu interesse perante o juiz.

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3. O contexto histórico do surgimento da advocacia.

Apesar de não ter uma data específica do surgimento da advocacia,


conseguimos identificar em épocas distintas os históricos de sua origem e o
exercício da profissão, que provam que o ato de lutar na defesa de pessoas, direitos,
bens e interesses, mostra ser uma necessidade do ser humano desde o surgimento
da humanidade. Visto a isto, o Autor Rui Barbosa sita várias pessoas que fizeram
exercício da advocacia já na bíblia, entre eles, em um de seus livros mais antigos.
Êxodo conta a história do Profeta Moises que assumiu a liderança dos Hebreus,
povo de Israel, contra o Faraó Ramsés, com o objetivo libertá-los da escravidão do
Egito e irem a caminho de Canaã, a terra que lhes foi prometida. Podemos assim
dizer que foi um grande defensor dos direitos humanos.

Outrossim, há quem considera apenas dados históricos mais remotos,


conhecidos e comprovados, visto por este ponto, alguns estudiosos do tema
afirmam que muito provavelmente o exercício da advocacia teria se iniciado na
Suméria, três milênios antes de Cristo. Contudo, veja que Atenas, situada na Grécia
antiga, é considerada o berço da advocacia, pelo fato de lá terem surgido grandes
oradores como Demóstenes que é considerado o primeiro advogado da Grécia;
Péricles, político em Atena; Isócrates, considerado o pai da oratória e Temístocles,
político e general em Atena. Sólon, o então governado de Atenas nos anos de 638
a.C. a 558 a.C., foi o primeiro, que se tem notícia, a regulamentar a profissão,
porém, como todo acesso à educação desta época era restrito a homens livres, com
o ensino do direito não seria diferente, por tanto excluía desta as mulheres, os
escravos e os infames.

Apensar de as origens históricas da advocacia serem situadas em Atenas, na


Grécia, foi em Roma que a profissão adquiriu individualidade e autonomia, como
mencionado pelo autor Luiz Lima Langaro. Os “Patronus”, homens de profundo
saber jurídico eram responsáveis por defender os direitos dos seus protegidos, e os
“Oratores” que tinham a função de instruir a parte de uma lide sobre questões de
direito dão origem ao “advocatus que até então era uma prática social. Com isso, o
Imperador Justiniano, por intermédio do Código Theodasiano, constituiu-se a
primeira Ordem de Advogados no Império Romano do Oriente que tinha os
seguintes requisitos:

[...] ter aprovação em exame de jurisprudência, ter


boa reputação, não ter mancha de infâmia,
comprometer-se a defender quem o pretor em caso
de necessidade designasse, advogar sem
falsidade, não pactuar quota litis, não abandonar a
defesa, uma vez aceita.

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( Madrigal,
2017)

Ainda assim, com toda a prática jurídica e de defesa constada até aqui não era
regulamentada. Só passou a exigir as matrículas de inscrição e juramento especial
perante o parlamento Frances após as ordenações Filipinas. Somente em 1822 com
o retorno da monarquia na França que foi assegurado a independência plena da
Ordem dos Advogados.

A Constituição de 1988 consagrou a profissão do Advogado como


indispensável à administração da justiça nos seguintes termos:

Art. 133 – O Advogado é indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei.

3.1 A criação dos Honorários

No princípio, o exercício da advocacia era uma honra e não podia ser


remunerado, porém, visto que assumiu uma posição importante aos olhos da
civilização romana, com o passar do tempo, isso foi se modificando. Os beneficiários
do trabalho dos advogados, ofereciam uma recompensa, chamando-a de
Honorarium, palavra quem vem de honor, honra. no êxito de suas causas. Assim,
durante o governo do decênviro romano Cláudio, em 451 a.C., surgiram os
“honorários”, os “tributos de honra”. Hoje temos o Estatuto da Advocacia garantir o
pagamento dos honorários que dispõe no artigo 25 do estatuto da OAB.

3.2 As mulheres na advocacia

Inicialmente, enquanto os homens exerciam a profissão de advogado, as


mulheres cabiam muito mais as tarefas ligadas à realidade doméstica do que à
intelectual. A Profissão só passou a ser exercida também por mulheres, notáveis na
época do Imperador Augusto, quando Roma deixou de ser uma cidade para se
tornar um império em 117 a.C.
O assunto passou a ser visto como de extrema importância, em razão disto que
em 2016 o estatuto da OAB trouxe dentro do art. 7º, o art. 7-A da lei 13.363/2016,
que regula especificamente os direitos da mulher advogada.

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4. Origem da advocacia no Brasil.

No Brasil, a advocacia veio através das ordenações Filipinas editada pela


coroa Portuguesa, em Portugal. Nessa época só tinha acesso ao ensino de direito
famílias da corte, tendo em vista as ordenações Filipinas destacava que para se
tornar Bacharel em Direito, deveriam que cursar que perdurava durante 8 anos e em
seguida ter a aprovação para atuar na Casa de Suplicação, para isso teriam que se
deslocar para Portugal para estudar na universidade de Coimbra e somente famílias
que possuíam riquezas conseguiam fazer tal deslocamento.

Com a declaração da independência em 1822, foi preciso romper com aquela


cultura jurídica do Brasil colonial. Dom Pedro l, visando obter uma nova identidade
que desvinculava o Brasil de Portugal e definindo assim a sua cultura, para
finalmente o Brasil obtivesse um quadro político liderado pelo império e
independente, sancionou a lei de 11 de agosto 1827, que constituiu dois cursos de
Direito no Brasil e que após intensos debates pela escolha das cidades onde se
instalariam as universidades, concluiu-se que uma delas seria em São Paulo e a
outra em Olinda.
Considerando que a advocacia era, naquela época e atualmente, uma
profissão renomada e quem estudava Direito era visto como pessoas de grandes
“status” pela sociedade, Dom Pedro l criou condições de formação dentro do
território brasileiro facilitando a formação de novos graduandos, mas que não
deixariam de ser pessoas vindas de famílias nobres, contudo pessoas idôneas,
poderiam exercer a profissão mesmo não sendo da corte, como especificava o
termo de Alvará Régio de 24 de julho de 1713. Daí então, os advogados passaram a
fazer parte da elite burocrática brasileira.

4.1 A criação dos institutos organizados da profissão.

Com o objetivo de organizar-se como Estado soberano, em 1843 foi criada a


IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros, que passou a organizar a classe dos
advogados e contribuir com a formulação de projetos da sociedade brasileira bem,
entretanto sua finalidade era a criação da Ordem dos Advogados. Tratava-se de um
órgão governamental, por isso contribuía por meio de seus integrantes na
elaboração das leis que regeriam o país. Era também consultado pelo Imperador e
seus auxiliares de direito bem como os Tribunais, para auxilia-los com seu parecer,
nas mais importantes decisões judiciais.
Em seguida, Levy Carneiro, presidente do IAB, foi o mentor da criação da OAB
– Ordem de Advogados Brasileiros pelo artigo 17 do Decreto 19.408. Por motivo do
disparado crescimento de profissionais no ramo do Direito. Passou então a fiscalizar,

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em favor da classe, condutas éticas e sociais, passando a vigora em novembro de
1933 o Código de Ética da Ordem.

A publicação da Lei n° 8.906, de 04 de julho de 1994, que disciplina sobre o


Estatuto da Advocacia e a OAB Lei 8.906/94 delineou novos rumos para a profissão
da advocacia e contemplou as figuras do advogado empregado e do advogado
empregador, sem, entretanto, remover a independência profissional, a obediência às
suas prerrogativas e aos princípios éticos, fundamentos essenciais do exercício da
advocacia, além disso, dando destaque a missão do advogado.

4.2 Função do advogado

A Constituição de 1988 consagrou a profissão do Advogado como


indispensável à administração da justiça nos seguintes termos:

Art. 133 – O Advogado é indispensável à


administração da justiça, sendo inviolável por
seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei.

Ou seja, para garantir os direitos fundamentais da sociedade é necessária a função


social do advogado, ele sempre cuidará para que o direito não seja lesado, e a
sociedade necessita ter profissionais que possam contar.
O Estatuto da OAB trás o art. 8º, que diz sobre os requisitos para se inscrever como
advogado. Apesar de ser uma profissão livre, existem requisitos a serem cumpridos
e há Incompatibilidade e impedimentos de atividades com a advocacia que estão
dispostos no artigo 28 e 29 do Estatuto, que prevê:

I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do


Poder Legislativo e seus substitutos legais;
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do
Ministério Público, dos tribunais e conselhos de
contas, dos juizados especiais, da justiça de paz,
juízes classistas, bem como de todos os que exerçam
função de julgamento em órgãos de deliberação
coletiva da administração pública direta e indireta; 
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em
Órgãos da Administração Pública direta ou indireta,
em suas fundações e em suas empresas controladas
ou concessionárias de serviço público;

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IV - ocupantes de cargos ou funções vinculadas direta
ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário
e os que exercem serviços notariais e de registro;
V - ocupantes de cargos ou funções vinculadas direta
ou indiretamente a atividade policial de qualquer
natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham
competência de lançamento, arrecadação ou
fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em
instituições financeiras, inclusive privadas.
§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o
ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo
temporariamente.
§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que
não detenham poder de decisão relevante sobre
interesses de terceiro, a juízo do conselho competente
da OAB, bem como a administração acadêmica
diretamente relacionada ao magistério jurídico.
Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais,
Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da
Administração Pública direta, indireta e fundacional
são exclusivamente legitimados para o exercício da
advocacia vinculada à função que exerçam, durante o
período da investidura. (BRASIL, 1994)

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Conclusão

Estando diante da história profissões mais antigas da sociedade, pudemos ver


como foi o desenvolvimento da profissão e as dificuldades da população que não
fazia parte da corte e nem de famílias ricas para ocupar a área do direito durante
tantos séculos seguido, é impossível não perceber e falar sobre a importância que
tem por sua atuação engloba quase todas as áreas das relações humanas, onde é
essencial para a construção e a convivência em sociedade. De fato, fica claro como
alguns dos temas abordados neste trabalho, como a atuação da mulher na
profissão, que ainda há muito o que ser discutido e moldado dentro da profissão,
foram séculos de mudanças para que finalmente a mulher conseguisse direitos
igualitário ao dos homens não só dentro desta profissão, mas como também na
legislação.
Cabe ressaltar a relevância do início da remuneração dos atuantes desta área
pelos trabalhos prestados à sociedade, que mesmo sendo um trabalho social em
seu surgimento, sempre foi reconhecido como uma honra defender e lutar pelos
direitos do ser humano, visto que com a quantidade da demanda dos trabalhos
crescendo, os honorários tornaram-se se extrema importância visto que muitos dos
profissionais dedicavam a vida a isto, sendo indispensável a gratificação pelos
trabalhos prestados.
Ademais, não poderia deixar de citar a criação de um órgão, cujo objetivo
sempre foi representa a classe profissional dos advogados, fiscalizando e orientando
o exercício da profissão, de modo a garantir que este se dê de forma ética, visto que
a ética é a citada profissão andam lado a lado, bem como a dignidade, a
honestidade e a boa-fé. contudo, mais do que um conselho profissional, a OAB
possui atuação na área dos direitos humanos e na democracia. Tanto que ganhou
papel de destaque na constituição, além da importante participação no ingresso na
carreira, com a realização do Exame de Ordem, que é tão essencial para a Justiça.

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Referência bibliográfica:

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<https://alexismadrigal.jusbrasil.com.br/artigos/464883420/origens-historicas-da-
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<https://blog.grancursosonline.com.br/como-surgiu-o-advogado-e-advocacia/>
acessado em 03 de setembro de 2022

Gusmão, Jorda’Anna Maria Lopes. O surgimento da advocacia, disponível em


<https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/o-surgimento-da-
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<https://jus.com.br/artigos/64507/advogado-a-historia-da-profissao> acessado em 07
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Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, VADE MECUM,


Editora Saraiva, 31ª edição, 2021.

BRASIL, Constituição do Brasil. VADE MECUM, Editora Saraiva, 31ª edição, 2021

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acessado em 07 de setembro de 2022.

Cané, Flávia Isis Fortunato, advocacia: a história da profissão mais antiga do


mundo, disponível em < http://www.brasilescola.com> acessado em 07 de setembro
de 2022.

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