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Curso Livre de Graduação – Bacharelado Disciplina: Direito Eclesiástico FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

CURSO LIVRE DE GRADUAÇÃO


BACHARELADO

DISCIPLINA: A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO

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A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO

O estudo da verdade redentiva é muito importante, tendo a ver com o


destino eterno da alma do homem; por causa de sua importância, tanto
para a glória de Deus quanto para a esperança do homem, esse assunto
há muito é alvo dos esforços malignos de Satanás, com o resultado de que
é muitas vezes enfeitado com idéias carnais e errôneas. Em nenhuma
parte da verdade redentiva tal fato é mais relevante do que com relação à
expiação. A expiação de Cristo é há muito um assunto de interesse intenso
nas fileiras cristãs, e é assim que tem de ser, pois ao lidar com a obra
redentiva de Cristo, o destino eterno da alma depende de entendermos
corretamente essa questão. Esse é um assunto complexo e é fácil omitir
um de seus importantes aspectos ou se confundir com teorias e raciocínio
humano. Bem se disse que:
A expiação é um grande assunto com muitos lados. Pode-se abordá-la a
partir de muitos ângulos. É fácil ser parcial e incompleto ao lidar com o

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material do Novo Testamento. Deve-se tomar cuidado para que se incluam


todos os aspectos vitais do assunto. — E. Y. Mullins, The Christian Religion
In Its Doctrinal Expression (A Religião Cristã em Sua Expressão
Doutrinária), p. 311. Judson Press, Philadelphia, 1932.
Talvez uma coisa que tenha levado a mais teorias errôneas acerca da
expiação do que qualquer outra coisa é uma perspectiva falha sobre o
pecado; pois não dá para se entender de modo correto a expiação sem
que se tenha uma perspectiva correta sobre o pecado. Enquanto uma
pessoa tiver uma opinião fraca sobre o pecado, sua opinião acerca da
expiação de Cristo será de modo correspondente fraca e falha. Se o
homem jamais tivesse pecado, não haveria necessidade alguma de uma
expiação de espécie alguma; por outro lado, se a queda do homem não lhe
fez mais mal do que uma ferida superficial no joelho ou uma unha
encravada, espiritualmente falando, então é claro, a expiação necessária
para consertar esse prejuízo naturalmente não seria muito importante. O
Dr. J. M. Pendleton diz:

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Se o pecado não tivesse existido, não teria havido nenhuma expiação. Se


não tivesse havido expiação, saberíamos bem menos de todos atributos
divinos do que sabemos hoje, e conseqüentemente muito menos do
caráter divino. Assim parece que a existência do pecado, a coisa
abominável que Deus odeia, foi de tal forma anulada a ponto de dar ao
universo perspectivas mais sublimes e abrangentes da perfeição de Deus.
Essa é a maravilha das maravilhas. — Christian Doctrines (Doutrinas
Cristãs), p. 237. American Baptist Publication Society, Phila¬delphia, 1878.
Quando consideramos a partir do ponto de vista humano, o pecado é a
maior calamidade que poderia sobrevir à humanidade. Por isso, este
capítulo trabalhará de acordo com as seguintes premissas:
(1). Que a raça humana inteira estava verdadeiramente em Adão — na sua
semente — e quando ele foi colocado no jardim do Éden, foi uma
representação federal, ou seja, ele representou a todos.
(2). Que Adão pegou deliberada, consciente e rebeldemente do fruto
proibido no jardim, e que seu ato não foi inconseqüente, mas foi rebelião

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absoluta contra a vontade claramente revelada de Deus, e foi de fato o


homem declarando sua independência de Deus.
(3). Que esse ato estava carregado das conseqüências mais horrendas,
pois trouxe um estado de apostasia em toda as raças, de modo que desde
esse tempo em diante todos os filhos de Adão nasceriam no mundo com
uma aversão a Deus e uma vontade inclinada para com o pecado.
(4). Que essa condição, sendo forjada na própria constituição natural do
homem não dá para modificar nem remediar, mediante nenhuma
sabedoria, obra ou vontade interna do próprio homem.
(5). Que esse estado de depravação se estende totalmente a todas as
faculdades do homem, colocando-as debaixo do domínio do pecado, de
modo que “Não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3:10,12). O que
se quer dizer com depravação total não é que toda pessoa já é tão má
quanto possa ser, mas apenas que por natureza não há nada de bom nela.

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(6). Portanto, que a vontade, intelecto e emoções do homem estão


completamente num estado de escravidão pecaminosa da qual eles não
podem se libertar e nem podem funcionar de um modo espiritual a não ser
se a graça de Deus entrar em atividade.
(7). Portanto, que a única solução possível para esse estado horrível do
homem está num plano que foi originado, operado e comprado divinamente
para remover a pecaminosidade do homem e para recriá-lo em santidade.
Esse plano divino conhecemos pelo nome de expiação.
A expiação tem muitas facetas e aspectos; alguns dos termos utilizados
são sinônimos da palavra “expiação”, enquanto outros expressam um lado
distinto da obra redentiva de Cristo. Por exemplo, considerando-se quanto
aos resultados para Deus, podem ser usadas as palavras
“apaziguamento”, “reparação”, “propiciação”, “reconciliação” ou
“satisfação”. Considerando-se a partir do lado humano dos resultados,
podem ser usadas as palavras “salvação” ou “perdão”. Considerando-se a
partir do lado legal podem ser usadas as palavras “justificação” ou

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“absolvição”. Considerando-se a partir de uma transação comercial, podem


ser usadas as palavras “pagamento de resgate” ou “redenção”. Não seria
possível nos aprofundarmos num estudo de cada uma dessas palavras,
mas confiamos em que no andamento desse estudo, veremos que todas
essas palavras se ajustam em seu devido lugar.

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A PREMISSA DA EXPIAÇÃO

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte
de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela
sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação”
(Romanos 5:10-11).
Esse é o único lugar no Novo Testamento em que se vê a palavra inglesa
atone¬ment (expiação), e mesmo aí a palavra grega assim traduzida é a
forma substantiva do verbo que se traduz “reconciliado” duas vezes no
versículo 10, de modo que talvez a melhor tradução aí teria sido
“reconciliação”. No Antigo Testamento, a palavra inglesa atone¬ment
aparece mais de setenta vezes, e é a tradução da palavra hebraica kaphar.
Essa mesma palavra hebraica é também traduzida “reconciliar”,
“reconciliação”, “ser misericordioso”, “purificar”, “pacificar”, “apaziguar” e
“absolver”, o que dá uma idéia geral do que se quer dizer com a palavra. A

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primeira vez em que aparece na Bíblia é em Gênesis 6:14, onde é


traduzida “betumarás por dentro e por fora com betume”, o que mostra que
o significado da palavra é “cobrir por completo”.
Com o uso da palavra premissa no título desta seção, nossa intenção é
estabelecer o sentido básico da expiação, pois só dá para entender de
modo correto quando se usam termos devidamente definidos. Portanto,
notamos:
I. O SIGNIFICADO DA EXPIAÇÃO.
Nos escritos teológicos a palavra expiação tem uma ampla definição, mas
para os propósitos de nosso estudo presente, limitar-nos-emos a usarmos
o termo no sentido bíblico de reconciliação. T.P. Simmons diz acerca da
palavra grega traduzida “reconciliação” (katallage):
De acordo com o uso do grego, a palavra “expiação” pode ser usada com o
sentido de provisão da base objetiva da salvação, na qual temos uma
expiação em potencial, ou com o sentido da própria realização da

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salvação, na qual temos uma expiação real na aplicação dos benefícios da


morte de Cristo e na oferta de Seu sangue no templo celestial. —
¬Systematic Study of Bible Doctrine (Estudo Sistemático da Doutrina da
Bíblia), p. 241. Associated Publishers, Day¬tona Beach, Florida, 1969.
Contudo, com o termo “expiação potencial” não devemos entender de
modo errado que a palavra chega a ser usada na Bíblia de tal modo que
contradiga seu próprio sentido intrínseco, pois uma expiação que não expia
não é expiação, e uma reconciliação que não reconcilia não é
reconciliação, e uma cobertura que não cobre não é cobertura. Não cremos
que essa palavra chega a ser usada na Bíblia de um modo abstrato, mas
que sempre se refere à aplicação real dos benefícios salvadores da obra
redentiva de Cristo, mas vamos considerar isso com mais profundidade
quando formos considerar a extensão da expiação.
A doutrina da expiação tem suas raízes no Antigo Testamento onde é
muitas vezes apresentada simbolicamente, e embora planejemos dedicar

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uma seção inteira à expiação conforme prefiguram os sacrifícios levíticos,


será bom observar de passagem como se usa a palavra ali.
Conforme já mencionamos, a palavra hebraica kaphar aparece primeiro em
Gênesis 6:14, onde é usada num sentido puramente físico, e tem o
significado de “cobrir por completo”. O próximo lugar em que essa palavra
aparece é em Gênesis 32:20: “E direis também: Eis que o teu servo Jacó
vem atrás de nós. Porque dizia: Eu o aplacarei com o presente, que vai
adiante de mim, e depois verei a sua face; porventura ele me aceitará”.
Essa passagem mostra ainda o sentido dessa palavra, que tem a ver com
o apaziguamento ou reconciliação de alguém que foi ofendido. São muitas
as vezes em que essa palavra aparece em Êxodo, Levítico e Números,
mas citamos Êxodo 30:16 para revelar mais o significado da palavra: “E
tomarás o dinheiro das expiações dos filhos de Israel, e o darás ao serviço
da tenda da congregação; e será para memória aos filhos de Israel diante
do SENHOR, para fazer expiação por vossas almas”.

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Embora reconheçamos que esse sentido tenha a ver com uma expiação
típica, porém deve-se também reconhecer que o propósito da
representação apontava para o propósito da expiação verdadeira, e assim
esse sentido é importante aqui. Seu propósito era “fazer expiação” pela
alma, e assim se não cumprisse esse propósito, não era expiação. Por
isso, Hebreus 2:17 diz acerca da verdadeira expiação de Cristo: “Por isso
convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os
pecados do povo”.
O texto com o qual começamos esta seção revela muito mais sobre o que
é a expiação e o que ela faz. Note as seguintes coisas nessa passagem:
(1). Tem relação com alguns que no passado haviam sido inimigos, mas
que agora estão reconciliados. (2). Realizou-se a reconciliação “pela morte
de seu Filho”, e não por qualquer coisa que o homem pudesse fazer, pois
foi realizada enquanto ainda éramos inimigos de Deus. (3). O resultado
dessa reconciliação é que aqueles que são reconciliados com Deus serão

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salvos pela vida de Cristo; isto é, ser-lhes-á imputada a vida justa dEle. (4).
Não só é essa reconciliação realizada pela morte de Cristo, mas é também
recebida mediante Cristo, de modo que o homem não fez nada em parte
alguma da expiação, mas é totalmente obra de Deus. 2 Coríntios 5:18-19
dá prova disso: “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo
mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é,
Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando
os seus pecados; e pós em nós a palavra da reconciliação”. O único lugar
em que há ações humanas nesse assunto é no serviço que o homem
presta depois de sua salvação. Nessas passagens, é evidente que a
expiação de Cristo é a obra redentiva de Deus em favor do homem
pecador. Portanto, J. M. Pendleton define a expiação como segue:
É óbvio que a expiação é aquilo que conserta um dano, dá satisfação, faz
reparação. Com essa perspectiva da importância do termo, vamos
considerar a expiação de Cristo. O que é? É a expiação do pecado
mediante a satisfação prestada à lei e justiça de Deus mediante a

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obediência e morte de Cristo. —Christian Doctrines (Doutrinas Cristãs), p.


223. American Baptist Publication Society, Philadelphia, 1878.
E. G. Robinson dá uma definição de certo modo mais abrangente acerca
da expiação quando diz:
A palavra expiação é usada com grande extensão de significado; para
denotar o que os estudiosos queriam dizer com satisfação e o que as
Escrituras querem dizer com propiciação e reconciliação; uma palavra que
tem dois lados, representando, com relação a Deus, a expiação da culpa,
e, com relação ao homem, sua reconciliação com Deus. Por ser uma
reconciliação, deve-se entender o termo, quando empregado para designar
o ofício sacerdotal de Cristo, como incluindo, como seu sacerdócio, tudo o
que ele realizou por nós em sua vida bem como tudo o que ele conquistou
para nós em sua morte. A expiação de Cristo foi sua inteira obra objetiva
na terra, garantindo naqueles que crêem nele sua renovação subjetiva, e
assim a salvação final deles. — Christian Theology (Teologia Cristã), p.
255. Press of E. R. Andrews, Rochester, N. Y, 1894.

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O texto que usamos no começo desta seção conecta a expiação com a


morte de Cristo; sim, a reconciliação é manifestada como conseqüência
natural da morte de Cristo, e isso é verdadeira com relação à maioria das
referências à morte de Cristo, pois sem a remissão sendo o propósito de
Deus, a morte de Cristo foi algo trágico e inútil. Não só isso, mas as
Escrituras declaram que isso foi o único modo que Deus poderia de forma
coerente redimir a humanidade. “Logo, a lei é contra as promessas de
Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse
vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei” (Gálatas 3:21). Mas na
medida em que Deus achou por bem dar Seu próprio Filho para morrer por
nós, temos de presumir que esse não é só o melhor e mais sábio plano
para a redenção do homem, mas que esse é também o plano mais bem
adequado para glorificar a Deus.
O pecado é antagônico à natureza de Deus. Assim, a expiação que tem de
remover o impedimento entre Deus e o homem tem de ser algo que
ministrará à natureza divina, e que satisfará a santidade divina e

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possibilitará, sem violar Sua própria natureza, que Deus perdoe o pecador.
— T. T. Shields, The Doctrines of Grace (As Doutrinas da Graça), p. 98.
Pub¬lisher, sem data.
Não dá para compreender de modo correto o sentido da expiação, a não
ser que a vejamos como evidência do amor inigualável de Deus por nós,
conforme está escrito: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o
dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele
te daria água viva” (João 4:10). A expiação não é baseada em qualquer
coisa vista ou antevista no homem, mas exclusivamente nos propósitos de
Deus e Seu amor por suas criaturas indignas. A expiação significa que o
coração de amor de Deus estava tão cheio que Ele pagou o preço supremo
para que Ele pudesse reconciliar consigo aqueles que eram feios, indignos
e até indesejados de Seu amor. “Mas Deus prova o seu amor para
conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”
(Romanos 5:8). Quem pode sondar o amor de Deus? “Ninguém tem maior
amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João

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15:13). Mas se essa é a regra mediante a qual se mede o supremo amor


humano, quanto é a medida do amor supremo que Cristo, a própria jóia
celestial, morreu por Seus inimigos mais amargos?
II. OS ELEMENTOS DA EXPIAÇÃO.
Com isso se quer dizer os diferentes atos redentivos que fazem parte, e
compõem a expiação. Sabemos, é claro, que o evangelho tem como suas
bases três fatos: (1). A vida sem pecado de Jesus pela qual Ele
constantemente honrava a Deus e Sua Lei, e manifestava com isso que a
Lei não tinha reivindicações sobre ele para exigir Sua morte pelo pecado.
(2). Sua morte na cruz, apesar de Sua vida sem pecado, pela qual Ele
sofreu a pena do pecado no lugar do pecador culpado. (3). Sua
ressurreição para a vida de novo depois de três dias e três noites no
túmulo, após o que Ele subiu de volta ao Céu ali para fazer uma oferta de
Seu próprio sangue sobre o verdadeiro altar no céu, e para apresentar sua
própria justiça imaculada a Deus no lugar da injustiça do pecador. Contudo,
embora esses elementos façam parte da expiação não são os elementos

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aos quais nos referimos principalmente, mas estão incluídos nesses


elementos.
É bom declarar neste ponto que esses elementos são muitas vezes
mencionados como a “satisfação de Cristo”, que é um termo de
importância semelhante à palavra “expiação”, mas é talvez não tanto
restritivo em sentido como deve. Poderia ser uma palavra melhor para se
usar neste estudo não fosse pelo fato de que tantas pessoas entendem
errado o significado da palavra, e pensam que significa em vez disso a
satisfação de Cristo consigo mesmo.
O primeiro elemento da expiação que queremos considerar é a
propiciação, acerca da qual lemos: “E ele é a propiciação pelos nossos
pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o
mundo” (1 João 2:2). “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado
a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10). Nesses dois exemplos, a
palavra grega é hilasmos. “Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé

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no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos, sob a paciência de Deus” (Romanos 3:25). “E sobre a
arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais
coisas não falaremos agora particularmente” (Hebreus 9:5). Nesses dois
textos, a palavra “propiciação” e “propiciatório” são ambas traduções da
palavra grega hilasterion, uma palavra de importância semelhante à
palavra hilasmos acima.
O último texto é importante nesse assunto porque mostra que o
propiciatório no Tabernáculo e Templo tinha o significado típico de
prefigurar a obra redentiva de Cristo numa de suas fases. Mas o
tabernáculo era muito mais do que só o propiciatório. Assim também a obra
redentiva de Cristo é muito mais do que só a propiciação. Se compararmos
esses quatro textos, conseguiremos entender melhor o que essa palavra
quer dizer. Note: (1). Que todas essas palavras tinham a ver com o
pecado. (2). Que a propiciação é a provisão de Deus para o pecado. (3).
Que Deus nos proveu propiciação por causa de seu amor por nós. (4). Que

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essa propiciação deveria ser apenas mediante fé no sangue dele, de modo


que não se aplica a ninguém, a não ser aos crentes. Teremos ainda mais a
dizer sobre a frase “e não somente pelos nossos, mas também pelos de
todo o mundo” (1 João 2:2), sob a terceira divisão deste estudo. (5). Que
essa propiciação é a declaração da justiça de Deus para a remissão de
pecados que são passados. (6). A propiciação não é um ato de dívida para
muitos, mas só vem na longanimidade de Deus. Alvah Hovey observa
acerca da palavra “propiciar”:
Nos escritores clássicos, inclusive Josefo, esse verbo significa apaziguar
ou tornar propício, quer por sacrifício, ou presente, ou canção; e é quase
sempre dirigido a um deus… Com a conexão em que se empregam essas
palavras, é óbvio que Deus era imaginado como propício por intermédio da
morte de Cristo; ou que o exercício de sua graça para com os culpados era
garantido por essa morte. — Manual of Systematic Theology (Manual de
Teologia Sistemática), pp. 211 212. American Baptist Publication Society,
Philadelphia, 1880.

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No Tabernáculo o propiciatório não proporcionava perdão a qualquer um;


pois exigia-se a aplicação anual do sangue pelo sumo sacerdote antes da
declaração do perdão. Assim também na expiação antitípica, não é
suficiente que Cristo tenha morrido uma morte vicária pelos pecadores,
mas tem de haver a aplicação individual dos benefícios da crucificação
para os eleitos antes que eles sejam reconciliados com Deus. Daí, parece
que a palavra “propiciação” tem a ver com a morte sacrificial de Cristo, no
que se refere ao resultado geral — o apaziguamento de Deus pelos
pecados do homem.
Mas outro elemento na expiação ou satisfação de Cristo é a
“reconciliação”, que é uma tradução da palavra grega katallage. Aparece
só quatro vezes no Novo Testamento, a saber, Romanos 5:11; 11:15; 2
Coríntios 5:18,19. A forma verbal é katallasso, que aparece só em
Romanos 5:10 (duas vezes); 1 Coríntios 7:11; 2 Coríntios 5:18, 19,20. Essa
palavra sugere o resultado da obra redentora de Cristo em sua relação
tanto com Deus quanto com o homem; eles são “reconciliados”. Alguns

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negam que Deus precisasse se “reconciliar”, e que essa reconciliação


tenha a ver apenas com o homem. A. W. Pink bem disse acerca disso:
Entretanto, embora as Escrituras falem de reconciliação, não de Deus com
o homem, porém do homem com Deus, e reconciliação apenas mediante o
sangue da cruz (Colossenses 1:20); mas disserta, na linguagem mais clara
e forte, um real e eficaz “sacrifício”, “expiação”, e “propiciação”, oferecidos
a Deus pelo Senhor Jesus; todos esses termos expressam ou indicam uma
satisfação real prestada a Deus pelos pecados e foi tal satisfação, sem a
qual não poderia haver perdão algum. De modo especial, é necessário ter
isso em mente, pois os socinianos e outros heréticos que negam ou
explicam de modo errado a expiação, insistem muito nessa questão, que
as Escrituras não falam de um Deus reconciliado. Portanto, embora não
creiamos que a expiação produziu uma mudança na mente de Deus, a
ponto de desviá-Lo de ódio para amor, pois Ele amou os eleitos com um
amor eterno (Jeremias 31:3), ou que foi um preço pago para conquistar
Seu favor, porém houve um sacrifício oferecido, uma propiciação feita, por

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meio da qual o pecado foi perdoado, apagado e exterminado para sempre.


— The Doctrine of Reconcili¬ation (A Doutrina da Reconciliação), pp. 3 4.
Associated Publishers and Authors, Inc., Grand Rapids, Michigan, 1971.
O próprio sentido da palavra “reconciliação” torna óbvio que a expiação
não é algo abstrato que se possa aceitar ou não, mas que é a aplicação
real da obra salvadora de Cristo na alma, pois como é que alguma pessoa
pode se reconciliar com Deus sem, ao mesmo tempo, ser salva; por outro
lado, é de igual forma absurdo pensar numa pessoa sendo salva sem ser
reconciliada com Deus. É verdade que a Palavra diz que fomos
reconciliados com Deus quando ainda éramos inimigos (Romanos 5:10),
mas também nos diz que Cristo matou toda inimizade enquanto estava na
cruz (Efésios 2:16). É por isso que a expiação de Cristo é limitada, e não
se pode compreendê-la de outra forma, mas esse é o assunto da nossa
próxima divisão.
“Redenção” é outro elemento da expiação; a palavra “redimir” tem muito do
mesmo sentido da palavra “libertar”, mas é mais específica porque

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apresenta o modo preciso de libertação. As palavras hebraicas mais


comuns para “redimir” são goel, geullah, e padah (e seus derivados).; as
palavras gregas usadas são agorazo, exagorazo, lutroo, apolutrosis (e
seus derivados).
A idéia básica de todas essas palavras é “comprar”, “remir, por compra, do
mercado de escravo”, “redimir pagando um preço”, “libertar pagando um
resgate”. O substantivo grego mais comum é apolutrosis, que aparece dez
vezes no Novo Testamento, das quais os seguintes são exemplos: “Em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas,
segundo as riquezas da sua graça” (Efésios 1:7). “E por isso é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados
recebam a promessa da herança eterna” (Hebreus 9:15). A palavra
“remissão” contém três idéias principais quanto ao que ocorre numa
pessoa que é redimida. (1). A remissão é um pagamento de resgate. Esse
é o significado raiz de algumas das palavras traduzidas “redimir” (1

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Timóteo 2:6). (2). A remissão é um resgate (Tito 2:14; Gálatas 1:4). Na


última passagem, a palavra traduzida “livrar” é em outros lugares traduzida
“resgatar”. (3). A remissão é uma soltura. Essa idéia é inerente no
significado raiz das palavras gregas lutron, lutroo, lutrosis. Esse elemento
da expiação fala do seu resultado em sua relação ao pecado. John Gill diz
acerca da remissão:
Ora, todas essas perspectivas acerca da remissão indicam claramente
para nós as seguintes coisas com relação à remissão do povo do Senhor.
1. Que essas coisas são anteriores à remissão deles, e que isso supõe,
num estado de cativeiro e escravidão; eles são pecadores em Adão, e por
transgressões reais; e assim entram nas mãos da justiça vingativa,
ofendida pelo pecado; e que não absolverá os culpados sem que lhe seja
dada satisfação; que é mediante o pagamento de um preço: a remissão por
Cristo nada é mais ou menos do que comprar seu povo das mãos da
justiça, em que eles são mantidos por causa do pecado; e essa remissão
se faz com o preço de seu sangue. Portanto, esse preço de remissão é

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pago nas mãos da justiça em favor deles; daí, as Escrituras dizem que eles
estão redimidos, ou comprados a Deus por seu sangue (Apocalipse 5:9). 2.
…Que a remissão por Cristo é um livramento de tudo isso. É uma remissão
do pecado; de todas as iniqüidades, originais e reais (Salmo 130:8. Tito
2:14), da justiça vingadora, por causa do pecado; da culpa do pecado… 3.
Que a remissão por Cristo é tal livramento, libertando as pessoas
completamente; os que estão mortos para o pecado mediante Cristo são
libertos do poder condenador dela, e de seu domínio e tirania; e embora
ainda não libertos da sua existência; mas, em pouco tempo, serão. — Body
of Div¬inity (Corpo da Divindade), Book VI, ch. I, pp. 456, 457. Turner
Lassetter, Atlanta, 1950,
III. A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO.
A perspectiva correta da extensão da expiação é necessariamente decidida
pelo fato de se temos uma perspectiva correta acerca do significado da
expiação, pois se alguém crê que a expiação é um sacrifício que foi feito
por todo membro da raça caída de Adão, então no próprio sentido da

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palavra reconciliação, ele tem que crer que todos serão salvos finalmente,
ou então terá dificuldade de escapar dos argumentos dos universalistas.
Não desejamos que nos entendam mal nessa questão; certamente cremos
que um sacrifício adequado foi oferecido por Cristo para pagar pela
redenção de todo pecador que já se arrependeu ou que irá se arrepender e
confiar em Cristo. Também não cremos que terão pecadores que
desejarão ser salvos, mas que não poderão, por não ter sangue suficiente
derramado para sua redenção. Mas em concordância com a maioria dos
batistas eruditos do passado, cremos que a expiação foi particular, isto é,
que o sangue de Cristo foi derramado com indivíduos particulares em
mente que receberiam a obra redentiva de Cristo. David Benedict, o
historiador batista do passado, cuja confiabilidade de sua história jamais foi
questionada pela maioria dos batistas, escrevendo em 1813 diz:
Houve diferentes compreensões acerca da doutrina da expiação. As
antigas igrejas de modo bem uniforme sustentavam que essa doutrina era
particular, isto é, que Cristo morreu somente pelos eleitos, e que em seu

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sofrimento assombroso, pelo qual não houve respeito algum, e pelo qual
nenhuma provisão foi feita a ninguém mais da arruinada raça de Adão.
Essa doutrina era chamada de calvinismo estrito ou plano de Gillite.
Contudo, sempre houve alguns que achavam esse ensino forte demais
para engolir. Mesmo assim, esses irmãos, não reconhecendo qualquer
mérito na criatura, e sustentando que a salvação era somente pela graça,
eram denominados arminianos, pois achava-se que não poderia haver
meio termo entre os sistemas de João de Genebra e Tiago de Amsterdã.
— General History of The Baptist Denomination (História Geral das
Denominações Batistas), Vol. 2, p. 456. Manning and Loring, Boston, 1813.
Continuando, ele mostra que muitos desertaram o calvinismo modificado
de Andrew Fuller no começo do século dezenove. Contudo, até mesmo
esse calvinismo modificado de Andrew Fuller, conforme é apresentado em
sua obra Gospel Worthy of all Acceptation (Evangelho Digno de Toda a
Aceitação), é forte demais em seu tratamento da questão da expiação para
a maioria dos batistas modernos, e muitos o difamariam como

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hipercalvinismo. Assim, os batistas modernos se afastaram muito das


posições do passado.
Nosso Senhor mesmo disse: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que
vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). E de novo:
“Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna
a todos quantos lhe deste” (João 17:2). E há muitas outras passagens que
também mostram que havia um pacto de graça feito no qual um número de
pessoas específico foi dado a Cristo para ser redimido, e Ele chamará a
todas elas no devido tempo, e as justificará e glorificará, das quais
nenhuma se perderá no fim. Esses dois textos apresentam com clareza o
que os teólogos do passado chamavam de graça irresistível — pois todos
os que são dados a Cristo “virão a ele” — e de redenção particular — pois
Cristo dá vida somente àqueles a quem o Pai Lhe deu no pacto da
redenção.
É nesse ponto, porém, que confrontamos de frente ao preconceito mais
forte, e este escritor confessa que ele outrora tinha o máximo de

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preconceito nessa questão até que Deus em Sua graça revelou a verdade
a ele. Muitas pessoas dizem, da extensão da expiação: “Olha, creio na
frase ‘Quem quer que’, ao que dizemos de coração: ‘Amém’”, mas isso não
toca na principal questão aqui, pois as Escrituras representam o homem
natural como sendo incapaz de querer aquilo que é bom pelas seguintes
razões: (1). Ele está em escravidão a Satanás (2 Timóteo 2:25 26), e dessa
escravidão só Deus em Sua graça pode resgatá-lo. (2). Ele é totalmente
depravado, e não pode fazer bem algum (Romanos 3:9 12). (3). As coisas
espirituais são tolice para ele, e assim ele as rejeita totalmente, até que a
graça mude a atitude dele (1 Coríntios 2:14). (4). Ele não pode se sujeitar à
lei de Deus, nem pode agradar a Deus enquanto sua natureza carnal o
controla (Romanos 8:7 8). Não só isso, mas (5). As Escrituras declaram
que até mesmo as pessoas mais religiosas da terra por natureza não
conseguem ir até ele, para que ele lhes dê vida, conforme está escrito em
João 5:40, e assim o homem não tem desejo algum de ser salvo.

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Mas alguns farão a objeção de que a expiação é para o mundo inteiro, e


assim deve significar para cada ser humano. Prontamente admitimos que
as Escrituras falam de “reconciliando consigo o mundo”, mas sustentar que
a palavra “mundo” significa “cada criatura humana” em todo caso é revelar
ignorância ou cegueira preconceituosa. Este escritor certa vez ouvir outro
pregador, ao tentar derrubar a doutrina da expiação limitada, dizer: “A
palavra ‘mundo’ significa mundo”, porém essa declaração não significa
praticamente nada, pois jamais definimos o sentido de uma palavra com a
mesma palavra. Essa reconciliação do mundo é efetuada “não lhes
imputando os seus pecados” (2 Coríntios 5:19), de modo que seja o que for
este mundo, é um mundo que foi aceito aos olhos de Deus, pois nenhum
pecado lhe é imputado. Será que esse “mundo” pode ser qualquer outra
coisa além do “mundo” dos eleitos?
A palavra “mundo” (grego kosmos) se usa em pelo menos treze
significados diferentes no Novo Testamento. Portanto, o contexto tem de
decidir em cada caso a que se refere a palavra. Veja o Apêndice II:

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“Estudando a Palavra ‘Mundo’”. Todas essas coisas tornam tolice da pior


espécie sustentar que a palavra “mundo”, onde tem relação com expiação,
tem de se referir a toda a humanidade; e isso se torna ainda mais óbvio
quando consideramos que a “expiação” significa reconciliação, mas só um
universalista afirmará que toda a humanidade acabará se reconciliando
com Deus. Ainda que não houvesse outros fatos a considerar senão o
sentido de “expiação” (que não é o caso), isso bastaria para restringir a
expiação apenas aos salvos, pois como pode alguém se reconciliar com
Deus e não ser salvo? Ou como pode alguém ser salvo e não ser
reconciliado com Deus?
Se voltarmos ao Antigo Testamento, onde a doutrina da expiação tem suas
raízes, veremos essa mesma verdade, pois jamais encontraremos uma
expiação que realmente não expie. Freqüentemente, lemos a declaração:
“E o sacerdote por eles fará propiciação, e lhes será perdoado o pecado”
(Levítico 4:20, 26,31,35; 5:10,13,18; 6:7, etc.). Aliás, não parece haver um
único exemplo em que uma expiação foi feita em que não haja perdão, de

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modo que os fatos das Escrituras nos compelem a crer que quando se faz
a expiação, é também aplicada, e o perdão é garantido, e se não houver
perdão, então obviamente não houve expiação por esse indivíduo.
Alexander Carson bem diz:
Há muitos que reivindicam pela expiação de Cristo. Mas o fato é que eles a
negam tanto quanto os opositores públicos. Eles supõem que é uma
expiação condicional, eficaz apenas para aqueles que cumprem certos
termos. É evidente, porém, que uma expiação condicional não é expiação
no devido sentido da palavra; pois uma expiação tem de expiar os
pecados, exatamente como um pagamento cancela uma dívida. Onde,
então, houve uma expiação real, nunca mais se poderão punir os pecados
já expiados, assim como também não se cobra uma segunda vez uma
dívida já paga. Seria injusto da parte de Deus cobrar a dívida na conta do
homem, uma dívida que foi inteiramente paga pelp fiador do homem. Pode-
se alegar que um homem pode pagar as dívidas de outro homem sob
certas condições; e que se essas condições não forem cumpridas, a dívida

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ainda poderá ser cobrada do devedor. Mas é evidente que, em tal caso, a
garantia realmente não paga a dívida até que se cumpram as condições,
ou se ele a pagou condicionalmente, ele é reembolsado antes que seja
cobrada do devedor. Em todo caso assim, a dívida não é realmente paga.
Mas Jesus pagou a dívida. Ele já fez expiação; e se aqueles pelos quais
ele morreu não são absolvidos, a dívida é cobrada uma segunda vez. Ele
jamais poderá ser reembolsado. — The Doctrine of the Atonement (A
Doutrina da Expiação), pp. 94 95. Edward H. Fletcher, New York, 1853.
Aqueles que defendem uma expiação geral sem dúvida têm essa posição
porque acham que estão lutando por uma esperança e certeza maior de
salvação para todos os homens, porém se a expiação for geral o suficiente
para incluir qualquer pessoa que não for salva no final, então é uma
expiação falsa, pois de fato não faz expiação alguma por eles. Preferimos
acreditar que Cristo morreu para redimir cada um daqueles que o Pai Lhe
deu na aliança da redenção, e que, como conseqüência disso, todos eles
certamente serão levados a se arrepender, confiar e ser salvos. Não

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podemos ver o sentido de Cristo derramando desnecessariamente seu


sangue ou sofrendo desnecessariamente. Em muitos exemplos, os
homens rejeitam a doutrina da expiação limitada porque não compreendem
o que é; num número menor de casos, os homens a rejeitam porque eles
não estão dispostos a admitir que Deus tem o direito soberano de fazer
com Suas criaturas conforme quiser, e salvar quem quiser.
Quando se considera essa questão do ponto de vida de sua posição como
propiciação, a expiação tem de ser limitada aos crentes, pois se Deus se
reconciliou com todos os homens sem exceção, então não pode haver
razão para eles irem para o inferno, pois Sua ira para com eles foi
apaziguada, que é o significado da palavra “propiciação”. Veja também o
Capítulo Treze, Ponto II, sobre a extensão da salvação. A mesma coisa é
verdade se a consideramos a partir do aspecto da expiação em sua
posição de reconciliação. Se há ainda algum pecado cobrado de algum
homem, ele não experimentou a expiação, que tira todo o pecado, e ele
está ainda perdido e a caminho do inferno. Se uma expiação foi feita para

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ele pessoalmente, então Deus se apaziguou e ele se reconciliou com


Deus, ou pelo menos estará nessa condição em algum momento de sua
vida. Não há alternativa para esses dois fatos; para ser coerente, temos de
escolher uma ou outra dessas alternativas.

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A EXPIAÇÃO PROPOSTA
Tendo considerado as premissas básicas envolvidas na definição da
expiação, é-nos agora conveniente voltar à eternidade passada e
considerar a intenção original da expiação, e ver como a sabedoria divina
se revelou na expiação do começo ao fim. Samuel Baird bem disse que:
Seria tolice ou loucura extrema um indivíduo gastar suor e dinheiro na
construção de uma vasta e complicada obra mecânica sem ter
estabelecido antecipadamente a função específica que essa obra deverá
realizar. Poderia se fazer a mesma cobrança de uma situação em que
alguém tivesse um propósito em vista e procedesse, sem considerar
cuidadosamente como adaptar seus meios para a finalidade proposta; ou
se ele fizesse um plano conveniente e o colocasse nas mãos de um
superintendente, enquanto operários individuais tivessem permissão de
agir de modo independente desse plano, e usar tais materiais e obra para
tal modelo conforme achassem melhor ou gostassem... Esses princípios se
aplicam às obras de Deus, bem como às obras dos homens. — The Elohim

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Revealed (A Revelação de Elohim), p. 82. Lindsay and Blakiston,


Philadel¬phia, 1860.
Contudo, essa perspectiva do programa divino para a redenção do homem
pecador está tão longe dos planos que a mente rebelde do homem auto-
suficiente faz que a maioria das pessoas nestes dias maus em que
vivemos hoje veio a ignorar completamente, de modo que é bem raro
ouvirmos uma pregação sobre o assunto do propósito e preparação divina
da expiação. De modo oposto, em todo o mundo os púlpitos estão cheios
de homens que aos domingos falam das responsabilidades do homem, e
de sua capacidade de cumpri-las, mas raramente alguém faz a importante
pergunta: “E para estas coisas quem é idôneo?” (2 Coríntios 2:16). Pois se
por apenas um momento parássemos para pensar com seriedade nas
Escrituras que apresentam a condição caída e totalmente depravada do
homem, então seríamos compelidos a dizer com Paulo: “Não que sejamos
capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a
nossa capacidade vem de Deus” (2 Coríntios 3:5).

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Esse grande assunto da proposta da expiação necessariamente nos


conduz de volta à grande sala divina de reuniões na eternidade, e à aliança
entre as Pessoas da Divindade em que a aliança da redenção foi
concebida e decidida. Esse é um aspecto da expiação interessante e
vastamente importante, mas quem já ouviu falar desse assunto pregado ou
ensinado nesses dias de infidelidade e apostasia da verdade? A aliança da
redenção é a própria base da esperança do homem na salvação da ira
futura, e para comunhão com Deus por toda a eternidade sem fim, pois
mediante essa aliança, o Deus soberano tem se comprometido e se
obrigado a passar certos benefícios maravilhosos para Suas criaturas
indignas, conforme está escrito: “A mim, o mínimo de todos os santos, me
foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho,
as riquezas incompreensíveis de Cristo, E demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus,
que tudo criou por meio de Jesus Cristo; Para que agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades
nos céus, Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso

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Senhor, No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé


nele” (Efésios 3:8-12).
Pode-se notar as seguintes coisas nesse texto: (1) O processo do
raciocínio natural não leva a entender a obra redentiva de Cristo, pois essa
obra é um mistério que esteve escondido até que Deus quis revelá-la.
Deus vem progressivamente revelando-a em toda a história do homem. (2)
É hoje a vontade de Deus que essa obra seja revelada aos poderes
angélicos das regiões celestiais mediante a pregação e práticas das
igrejas. (3) Esse programa redentivo é uma manifestação da sabedoria de
Deus que alcança todas as necessidades humanas. (4) Essas coisas se
baseiam no propósito eterno de Deus que foi designado em Cristo antes
que o mundo começasse. (5) É só em Cristo assim revelado que temos
ousadia e acesso em confiança através dEle em fé. Podemos admirar a
obra expiatória de Cristo de longe, mas ninguém realmente pode se
beneficiar dessa obra exceto pela fé nEle.

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Os propósitos da expiação são muitas vezes mencionados como a aliança


de Deus, mas a palavra grega diatheke, da qual a palavra “aliança” é a
tradução mais comum, é erroneamente traduzida “testamento” treze das
trinta e três vezes em que aparece no Novo Testamento, e assim o
significado é de certo modo obscurecido. Os textos seguintes assim
mostram o relacionamento entre a aliança e a obra redentiva de Cristo:
“Bendito o Senhor Deus de Israel, Porque visitou e remiu o seu povo, E nos
levantou uma salvação poderosa Na casa de Davi seu servo. Como falou
pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo; Para nos
livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; Para
manifestar misericórdia a nossos pais, E lembrar-se da sua santa aliança,
E do juramento que jurou a Abraão nosso pai” (Lucas 1:68-73). “Vós sois
os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo
a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que
nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas
maldades” (Atos 3:25-26). “E assim todo o Israel será salvo, como está

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escrito: De Sião virá o Libertador, E desviará de Jacó as impiedades. E


esta será a minha aliança com eles, Quando eu tirar os seus pecados”
(Romanos 11:26-27).
Há numerosas outras referências à aliança, e faremos menção de algumas
mais tarde neste estudo, mas essas referências são suficientes por
enquanto para mostrar que o programa redentivo de Cristo é resultado da
aliança de Deus que data desde a eternidade passada. A palavra “aliança”
é usada de várias diferentes maneiras, e com diferentes nuanças de
sentido, de modo que nosso dever inicial será apurar esses diferentes usos
da palavra. John Gill dá o seguinte resumo:
1. Às vezes, é usada para uma lei, preceito e mandamento (Números
18:19; Jeremias 34:13 14; Deuteronômio 4:13). 2. Uma aliança, quando
atribuída a Deus, é muitas vezes nada mais do que uma mera promessa
(Isaías 59:21; Efésios 2:12). 3. Muitas vezes lemos acerca de alianças de
Deus só de um lado (Jeremias 33:20; Gênesis 9:9 17). 4. Uma aliança feita
entre um homem e homem é por estipulação e re-estipulação, em que eles

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fazem promessas mútuas, ou condições, para serem cumpridas por eles


(Gênesis 26:28; 1 Samuel 20:15 16, 42; 23:18). 5. Não se pode fazer tal
aliança, falando devidamente, entre Deus e o homem; pois o que é que o
homem pode re-estipular diante de Deus, o que está no poder dele fazer
ou lhe dar, e as coisas em que Deus não tem direito prévio? 6. A aliança da
graça feita entre Deus e Cristo, e com os eleitos nele, como Cabeça e
Representante deles, é uma aliança adequada, consistindo de estipulação
e re-estipulação; Deus o Pai nessa aliança estipula com Seu Filho, que ele
fará tal e tal obra e serviço, com a condição de que ele promete conferir
tais e tais honras e benefícios a ele, e aos eleitos nele; e Cristo o Filho de
Deus re-estipula e concorda em fazer tudo o que é proposto e prescrito, e
com a realização, espera e reivindica o cumprimento das promessas;
nessa aliança há engajamento mútuo no qual cada parte entra, sobre a
qual estipulam e re-estipulam, que tornam uma devida aliança formal
(Isaías 49:1 6; 53:10 12; Salmo 40:6 8; João 17:4 5). — Condensado de
Body of Divinity (Corpo de Divindade), Book II, Capítulo VII, pp. 215 216.
Turner Lassetter, Atlanta, 1950.

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Os homens desejam encontrar várias alianças nas Escrituras, mas na


verdade, Deus considera apenas duas delas — a aliança das obras e a
aliança da graça, e Sara, Agar e seus filhos tipificavam essas duas
alianças. “Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava,
e outro da livre. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne,
mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria;
porque estas são as duas alianças; uma, do monte Sinai, gerando filhos
para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia,
que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus
filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre; a qual é mãe de todos nós”
(Gálatas 4:22-26)
Essas duas alianças correspondem a dois planos únicos de salvação que
chegaram a ser propostos; um pela graça, e o outro pelas obras; qualquer
outro plano que se possa propor será uma mistura desses planos, com um
ou o outro predominando nas proporções. Assim, esses dois planos

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correspondem aos dois Adãos, os cabeças que representam os dois tipos


de pessoas.
A aliança entre Deus o Pai, e a segunda pessoa da Trindade, é uma
segunda e nova aliança. A primeira aliança foi entre Deus, e o primeiro
Adão, como representante de toda a humanidade, ou seja, a cabeça
pública deles. Essa aliança entre Deus e o último Adão (o Redentor dos
homens, a segunda cabeça pública) é uma segunda e nova aliança. E essa
coloca o alicerce da aliança entre Deus e o homem, da qual estamos agora
falando, e realmente a sugere, como vimos observando.
Mas essa aliança, entre Deus o Redentor, e aqueles que crêem nele, é
chamada expressamente de uma nova aliança, como é uma aliança de
graça, e nisso distinta da aliança das obras, sob a qual toda a humanidade
estava, antecedendo a redenção que Cristo realizou: essa aliança foi
revelada e mantida em vista em grande parte debaixo da dispensação de
Moisés. — Samuel Hopkins, The System of Doctrines (O Sistema de

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Doutrinas), Vol. II, p. 100. Isaiah Thomas and Ebenezer T. Andrews,


Boston, 1793.
No momento, nosso principal interesse será considerar essa aliança da
graça que existe desde que o tempo começou, e notar quais são suas
propriedades, e com que e com quem tem a ver.
I. O PROPÓSITO DA EXPIAÇÃO.
“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição
recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como
de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro
tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado
nestes últimos tempos por amor de vós; E por ele credes em Deus, que o
ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e
esperança estivessem em Deus” (1 Pedro 1:18-21) “…o Cordeiro que foi
morto desde a fundação do mundo” (Apocalipse 13:8). “…embora as suas
obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo” (Hebreus 4:3).

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“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem


conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos
que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também
glorificou” (Romanos 8:29-30). “Mas devemos sempre dar graças a Deus
por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o
princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade” (2
Tessalonicenses 2:13). “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus
Cristo” (1 Pedro 1:2)
Esses textos, e outros de importância semelhante, enfatizam o fato de que
a obra redentiva de Cristo foi concluía na mente de Deus desde a fundação
do mundo, e assim é evidente que Deus tinha o propósito de redimir o
homem caído desde que o homem começou sua existência. E. G.
Robinson diz acerca disso:

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A morte de Cristo em expiação pelo pecado se fez necessária ao ter sido


incluída no plano original da criação. A queda do homem e a conseqüente
pecaminosidade da raça eram tão distintas para a mente divina antes da
criação do homem quanto eram depois. Portanto, temos de concluir que
Deus criou conscientemente o homem para um destino de pecado e ruína
sem esperança, ou que na mente de Deus a morte expiatória e mediatário
de Cristo estava desde a eternidade como um pensamento central e
provisão essencial no propósito eterno da própria criação. Daí as
declarações apostólicas de uma eleição dos redimidos “antes da fundação
do mundo” (Efésios 1:4; 1 Pedro 1:20; Apocalipse 13:8). — Christian
Theology (Teologia Cristã), pp. 289 290. Press of E. R. Andrews,
Rochester, 1894.
A própria menção das palavras “conhecido antes”, “dantes conhecido”,
“predestinar”, “elegido desde o princípio” e “eleitos” todas salientam a
intenção e o preparo de um plano redentivo para o homem que antecede à
criação do homem, e assim, conseqüentemente, sem relação com o

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caráter ou obras do homem. A negligência de levar em consideração essa


intenção e planejamento da expiação antes do tempo já levou a muitos
erros, pois um número grande de teólogos supõe que a expiação foi algum
plano emergencial inventado depois do fato da queda do homem para
satisfazer as exigências do pecado. Mas toda a Criação, Providência e
Redenção eram partes do plano original de Deus para revelar Sua graça e
bondade e glorificar a Si mesmo. A Criação foi o preparo de um lugar para
revelar Sua glória, e a preparação de um povo para glorificá-Lo; a
providência foi a operação de todos os detalhes de modo que todas as
coisas cooperassem para essa finalidade; e o plano da redenção foi a
exibição real no palco do mundo, da graça e bondade de Deu que Lhe
deram o direito ao louvor, honra e glória de todos os seres criados.
Não recebemos muitas informações acerca do que aconteceu nos
conselhos divinos na eternidade passada quando o propósito da expiação
estava sendo decidido, mas referência ao “sangue da aliança eterna”
(Hebreus 13:20), torna evidente que a aliança da redenção antedata a todo

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o tempo. Contudo, se isso é verdade, então nada tem a ver com o homem,
e torna óbvio que o homem não foi uma das partes que fez a aliança
original. Portanto, ele não teve parte alguma no momento de determinar os
termos da aliança. Em outras palavras, essa aliança era horizontal — entre
a Trindade de Deus — e não vertical — entre Deus e o homem. John Gill
define uma aliança de Deus assim:
Uma aliança, quando atribuída a Deus, é muitas vezes nada mais do que
uma mera promessa (Isaías 59:21). Daí lemos de alianças da promessa,
ou alianças promissórias (Efésios 2:12), e, aliás, a aliança da graça, com
respeito aos eleitos, nada mais é do que uma promessa gratuita de vida
eterna e salvação mediante Jesus Cristo, a qual inclui todas as outras
promessas de bênçãos de graça consigo: “E esta é a promessa que ele
nos fez [a grandiosa promessa abrangente]: a vida eterna” (1 João 2:25), e
que é absoluta e incondicional, com respeito a eles; quaisquer que sejam
as condições que essa aliança tenha, cabe só a Cristo a realização; ele e

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sua obra são suas únicas condições. — Body of Divinity (Corpo da


Divindade), Livro III Capítulo VII, p. 215. Turner Lassetter, Atlanta, 1950.
Sabemos do conselho da Trindade na eternidade passada principalmente a
partir de algumas indicações casuais desse conselho e a partir dos
resultados desse conselho, a aliança eterna de graça e a obra redentiva
que resultam dele. Se for verdade que “Conhecidas são a Deus, desde o
princípio do mundo, todas as suas obras” (Atos 15:18), então parece
igualmente certo que tem de haver um plano específico planejado desde o
início ao qual todas as coisas tinham de ser colocadas em harmonia. Que
tal fato é verdade em todas as esferas da Criação, Providência e Redenção
é certo a partir do contexto em que o Salmo 33:9 11 aparece e ao qual se
refere quando diz: “Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu. O
SENHOR desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos.
O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu
coração de geração em geração” (Salmos 33:9-11)

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Mas o que é mais importante na questão da expiação são as referências


seguintes: “Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e
te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios” (Isaías
42:6). “Assim diz o SENHOR: No tempo aceitável te ouvi e no dia da
salvação te ajudei, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, para
restaurares a terra, e dar-lhes em herança as herdades assoladas” (Isaías
49:8). Cristo é aí chamado de aliança do povo porque Ele é o “mensageiro
da aliança” (Malaquias 3:1), e é sobre Ele que estão firmadas as condições
para cumprir a aliança da redenção. Deve-se admitir que Cristo não
realizou mais do que foi proposto que Ele realizaria no programa redentivo
de modo que o que foi registrado de Seus atos na expiação tem de ser
sustentado como o que foi proposto, conforme diz John Gill:
Como o resumo do evangelho, que nada mais é do que um transcrito da
aliança da graça, é a salvação de pecadores perdidos mediante Cristo;
assim a aliança, da qual o evangelho é cópia, tem a ver principalmente
com o evangelho, e o evangelho é o resultado dessa aliança: daí Cristo, o

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Realizador da aliança, tem o nome de Jesus, porque ele empreendeu


salvar, e veio para salvar, e salvou seu povo de seus pecados, em
conseqüência dos compromissos de sua aliança. — Body of Divin¬ity
(Corpo da Divindade), Livro III Capítulo VIII, p. 219. Turner Lassetter,
Atlanta, 1950.
A. W. Pink também comenta acerca do propósito de Deus na aliança
eterna:
Uma aliança é um acordo mútuo entre duas partes em que se propõe certo
trabalho e se promete em troca uma recompensa adequada. Na aliança
eterna as duas partes eram o Pai e o Filho. A tarefa designada ao Filho era
que Ele deveria se encarnar, prestar à lei uma obediência perfeita em seus
pensamentos, palavras e ações, e então sofrer sua pena em favor de Seu
povo culpado, com isso oferecendo ao Deus ofendido (considerado como
Governador e Juiz) uma expiação adequada, satisfazendo Sua justiça,
engrandecendo Sua santidade e introduzindo uma justiça eterna. A
recompensa prometida era que Deus ressuscitaria dos mortos o Fiador e

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Pastor de Seu povo, exaltando-O à Sua direita bem acima de todas as


criaturas, conformando-os à imagem de Seu Filho, e tendo-os consigo na
glória para todo o sempre. — Gleanings From Paul (Coletâneas de Paulo),
pp. 43 44. Moody Press, Chicago, 1967.
Sendo pois a aliança da graça o propósito de Deus de cumprir uma
redenção do pecado para o homem caído, cabe-nos em seguida notar:
II. A PROMESSA DA EXPIAÇÃO.
Adão foi o primeiro pecador, mas ele pecou também na posição como
representante. Portanto, foi inteiramente natural que a primeira promessa
da expiação lhe fosse dada. Por isso, está escrito que o Senhor disse à
serpente na presença de Adão e Eva: “E porei inimizade entre ti e a
mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e
tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15). Entretanto, não só foi dada essa
promessa, que incorporava a expiação, mas também a expiação era de
forma descritiva representada diante dos olhos de Adão e Eva quando “fez
o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”

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(Gênesis 3:21). Aí se descreve a expiação de modo belo em que: (1) A


nudez representa o estado espiritual do pecador diante de Deus —
desprovido de qualquer cobertura de justiça, e incapaz de prover tal
cobertura para seus pecados. (2) Deus cuidou desse assunto todo; o
homem nada fez para remediar sua situação. (3) Essas vestes de pele
exigiam a morte de animais e o derramamento de seu sangue a fim de
cobrir esse casal culpado, e tudo isso prefigura a crucificação do imaculado
Cristo para que pudéssemos ser purificados de nossos pecados, e para
que Sua justiça fosse imputada ao homem culpado, de modo que ele
possa ficar na presença de Deus, plenamente aceito. Que Adão e Eva
entendiam o aspecto espiritual disso parece certo quando percebemos que
Abel tinha consciência da necessidade de um cordeiro morto para um
sacrifício expiatório, e ele só podia ter essa consciência como resultado
dos ensinos de seus pais ou de uma revelação direta de Deus, o que é
menos provável. Ele não poderia ter tido a fé, que Hebreus 11:4 elogia
nele, sem entender o sentido desse sacrifício.

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Quando lemos acerca de Abraão, vemos a repetição da promessa, mas


dessa vez se declara que o evangelho é as boas novas da expiação: “Ora,
tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios,
anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão
benditas em ti” (Gálatas 3:8). É verdade que aí de novo não vemos a
expiação definida como hoje a entendemos; mas é óbvio que Abraão
entendia que havia muito mais envolvido aí do que o mero nascimento de
Isaque, caso contrário Abraão não poderia ser usado como um protótipo e
exemplo dos crentes, como é o caso em Gálatas 3:6 9. Abraão deve ter
entendido essa profecia como se referindo à vinda do Messias, pois, a
partir de sua época, aparece mais e mais uma expectação da vinda do
Messias.
A menção clara mais antiga acerca do Messias se encontra na oração de
Ana em que ela diz: “Os que contendem com o SENHOR serão
quebrantados, desde os céus trovejará sobre eles; o SENHOR julgará as
extremidades da terra; e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu

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ungido” (1 Samuel 2:10). A palavra salientada aí é o significado de ambos


os termos “Messias” e “Cristo”, e embora não insistamos em que Ana nem
qualquer um dos outros santos do Antigo Testamento tivessem tão clara
perspectiva da obra expiatória de Cristo como hoje temos, porém é
evidente que eles associavam a vinda do “Ungido” à salvação (1 Samuel
2:1).
Um número muito grande de pessoas presume que os profetas do Antigo
Testamento profetizavam só acerca de problemas locais, políticos e
sociais, mas lemos que o ministério deles lidava com a vinda de Cristo e
Sua obra redentiva: “A este dão testemunho todos os profetas, de que
todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome”
(Atos 10:43). “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam
apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério
pela presença do Senhor, E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi
pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da
restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus

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santos profetas, desde o princípio” (Atos 3:19-21). “Sim, e todos os


profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também
predisseram estes dias” (Atos 3:24)
Todos esses textos nos deixam pouco espaço para questionar que Deus
havia revelado a Israel que Ele tinha proposto um sacrifício expiatório pelos
pecados dos homens, mas, ao mesmo tempo, temos a revelação de que
geralmente as pessoas não entendiam e criam nessa promessa, pois só
uns poucos raros realmente estavam esperando e aguardando o Salvador
quando Ele nasceu. Um deles foi Simeão: “Havia em Jerusalém um
homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus,
esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E
fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter
visto o Cristo do Senhor” (Lucas 2:25-26). Há também Ana, sobre quem
está escrito: “E sobrevindo na mesma hora, ela dava graças a Deus, e
falava dele a todos os que esperavam a redenção em Jerusalém” (Lucas
2:38)

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A declaração inspirada de Pedro é que os profetas do passado “inquiriram


e trataram diligentemente [os quais] profetizaram da graça que vos foi
dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo,
que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a
Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir” (1 Pedro 1:10-
11). Bem disse Samuel Baird:
Contudo, quaisquer sombras que estivessem na mente deles, quaisquer
mistérios que permanecessem escondidos do entendimento deles, o
assunto inteiro hoje permanece revelado a nós, na luz mais clara do
cumprimento, e das interpretações inspiradas que o Novo Testamento
supre para as revelações do Antigo Testamento. Deus assim nos permite
contemplar uma cena e, observando-a, somos chamados a tirar nossos
calçados, em temor e reverência de adoração. O lugar em que estamos é
santo. É a sala da presença de Deus, a sala do conselho da bendita
Trindade. — The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), p. 553.
Lindsay and Blakiston, Philadelphia, 1860.

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É difícil entendermos como as pessoas do passado não conseguiam


compreender tais declarações gloriosamente claras como essas que se
encontram em Isaías 53:4-6: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as
nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por
causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair
sobre ele a iniqüidade de nós todos”. No entanto, estamos no lado
realizado dessa mensagem, e o efetuar sempre torna mais fácil entender
qualquer coisa. Sem dúvida havia alguns na época do Antigo Testamento
que de fato tinham discernimento para entender o significado dessas
profecias, e provavelmente eles eram mais numerosos do que aqueles que
compreendem corretamente algumas das profecias não cumpridas nos
capítulos 40 48 de Ezequiel. Portanto, bem fazemos em não criticá-los até

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que saibamos como está nosso discernimento espiritual quando estivermos


diante do Senhor.
Os fatos são evidentes de que Deus propôs na eternidade passada realizar
uma expiação para suas criaturas caídas e pecadoras, e que Ele deu uma
revelação (que estava em constante expansão) acerca desse fato para
Suas criaturas, de modo que na época do nascimento de Cristo, o fato de
que Alguém especial estava para nascer no mundo era conhecido até
mesmo na Pérsia, de modo que homens sábios vieram do Oriente para
procurá-Lo. Esses fatos nos conduzem a considerar ainda outra faceta
importante dessa questão, que é:
III. A EXPIAÇÃO E A PROVIDÊNCIA.
Todas as doutrinas são inter-relacionadas, mas há um relacionamento de
modo especial íntimo entre essas duas doutrinas, pois não basta que Deus
tenha como propósito efetuar a expiação; Ele tem também de fazer todas
as coisas cooperarem de modo que a expiação se cumpra. Se Deus
tivesse apenas tencionado e prometido a expiação, mas não tivesse

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trabalhado de modo eficaz para cumpri-la, a malícia de Satanás e a


depravação da humanidade caída teriam operado sua derrota no próprio
início da história da raça humana. O que Deus tenciona fazer em Seu
“determinado conselho”, Ele cumpre; isso descreve a providência.
O plano que foi formado nos conselhos da eternidade se realizou no
tempo, pela administração do governo providencial. Esse governo é
conduzido por dois meios; em parte por meio das leis naturais e causas
secundárias, e em parte por meio da intervenção direta de Deus. —
Samuel Baird, The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), p. 100.
Lindsay and Blakiston, Philadelphia, 1860.
Durante os séculos houve muitas tentativas de frustrar os propósitos
redentivos de Deus e destituir a expiação, pois a partir do momento que
Deus prometeu que a semente da mulher um dia feriria a cabeça da
semente da serpente, o diabo começou a olhar com desconfiança para
todos os homens que vieram a nascer no mundo. Talvez Eva achasse que
essa promessa se cumpriu quando Caim nasceu, pois alguns traduzem

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Gênesis 4:1 assim: “Tive um homem, o próprio Jeová”. Contudo, à medida


que Caim cresceu e se desenvolveu, ficou cada vez mais óbvio que ele
não era o homem que o Senhor havia escolhido para redimir os homens;
mas Abel, quando cresceu, começou a manifestar mais e mais piedade e
amor a Deus, e assim Satanás moveu Caim a assassiná-lo. Mas esse
assassinato não frustrou o programa redentivo de Deus, porém apenas
revelou mais a malignidade de Satanás.
Na época de Abraão, quando a promessa do evangelho foi renovada,
Satanás de novo se esforçou para frustrar a expiação substituindo uma de
suas próprias no lugar da semente prometida, e assim Abraão e Sara, em
sua indisposição de aguardar o Senhor cumprir a promessa, agiram por
conta própria e o resultado foi que nasceu Ismael. Quantas vezes pessoas
bem-intencionadas repetem esse mesmo erro em sua tentativa de salvar
um amado antes que o Senhor tenha começado a operar eficazmente no
indivíduo. Paulo diz que Sara e Agar e seus respectivos filhos são uma
alegoria que ensina como é fácil gerar semente humana em vez de

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semente da espécie prometida. Num excelente estudo acerca desse


assunto, J. B. Moody diz:
Agora perceba: Deus só permitiu que Sara concebesse depois que
evidente que os meios naturais eram totalmente insuficientes. A lição é
esta: a fraqueza dos meios humanos tem de ser suplementada com o
poder dos meios divinos, de modo que a Aliança da Graça não pode
produzir, exceto no mesmo modo. Nenhuma quantidade de manipulações,
maquinário, métodos e meios humanos podem produzir Isaques, mas
muitíssimos Ismaels. Observe de novo que Sara era a mais velha e a única
esposa real, e que Agar era uma substituta planejada pelo coração
humano. Foi uma tentativa de ajudar o Todo-poderoso a sair de Sua
aparente conflito. Sempre foi assim. Os propagadores humanos da
“semente da promessa” se cansam de esperar a lenta Aliança da Graça, e
recorrem à Aliança das Obras da fecunda Agar, que dá fruto com facilidade
de sua própria espécie. — The Exceeding Riches of the Manifold Grace of

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God (As Riquezas Excedentes da Multiforme Graça de Deus), pp. 135-


¬136. Hall Moody Institute, Martin, Tennessee, no date.
As relações providenciais de Deus mantiveram a salvo o plano de
redenção, e no devido tempo Isaque nasceu, e mediante ele Jacó, os doze
filhos e por fim a nação de Israel. Mas Satanás não tinha terminado, e
tentou de novo corromper o meio da expiação. Ele tentou destruir a nação
de Israel durante sua escravidão no Egito, colocando na mente de faraó a
idéia de que todas as crianças hebréias do sexo masculino fossem mortas
logo que nascessem. Talvez ele achasse que o Redentor prometido estava
para nascer naquela época. Mediante as relações providenciais de Deus,
frustrou-se também esse ataque, assim como também foram frustradas as
tentativas de corromper totalmente Israel mediante adoração falsa durante
o tempo dos reis de Israel e de Judá. A mesma coisa é verdade acerca do
cativeiro dos judeus na Babilônia. Todos esses acontecimentos foram
tentativas de Satanás de perverter, corromper e destruir de tal maneira o
canal mediante o qual viria Aquele que feriria a cabeça da semente da

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serpente, e com isso frustraria o plano de Deus para a redenção do


homem, pois a expiação dos pecados dos homens está intimamente ligada
à destruição do poder de Satanás, conforme revela Hebreus 2:14.
À medida que se aproximava o tempo do cumprimento da promessa de
Deus, vemos a providência de Deus operando de duas maneiras: primeira,
foi pela providência do Senhor que o capricho de um governante romano
enviou José e Maria ao lugar em que o Messias deveria nascer (Lucas 2:1
7). E segunda, foi pela providência protetora do Senhor que quando
Herodes, por ciúmes por seu trono, ordenou que todos os bebês na região
de Belém fossem mortos, ele não teve condições de realizar seu intento,
porque o bebê Jesus já havia sido levado em segurança para o Egito
(Mateus 2:13 23).
Satanás se esforçou para desviar Jesus da cruz numa última tentativa de
frustrar a obra redentiva de Cristo tentando-O para buscar as coisas boas e
certas do jeito errado e pelos motivos errados (Mateus 4:10-11).
Naturalmente, essas tentações fracassaram, e Jesus acabou cumprindo o

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plano redentivo exatamente do jeito que foi ordenado desde o começo.


Todos esses acontecimentos estão diante de nós, para admirarmos e
louvarmos a Deus, já que somos participantes dos benditos frutos disso.
Bem declarou Samuel Baird que:
Propondo tais finalidades como temos assim mostrado, Deus no começo
formou um plano perfeito para a realização de seu propósito; um plano,
perfeito em que se adapta com precisão à finalidade para a qual foi
proposta; e perfeito na totalidade e adaptação de todos os mínimos
detalhes para seu ofício especial, e na inteira simetria e harmonia do todo.
— The Elohim Revealed (A Revelação de Elohim), p. 86. Lindsay and
Blakiston, Philadel¬phia, 1860.
Samuel Hopkins também fala acerca da perfeição do plano da redenção e
de sua adaptação maravilhosa quando diz:
A Aliança da Graça, quando a compreendemos no sentido mais extenso,
abrange todos os desígnios e transações com respeito à redenção do
homem mediante Jesus Cristo, em oposição à aliança das obras, ou lei de

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obras, sob a qual o homem foi criado primeiro; e o mesmo se aplica ao


evangelho, quando o consideramos em sua origem, e a forma em que é
administrado, e seus efeitos. — Nessa perspectiva, a Aliança da Graça
abrange o propósito eterno de Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo, para
redimir o homem, determinando seu modo, e tudo o que tem relação com
esse propósito, e entrando num acordo ou aliança mútua; na qual a
participação de cada Pessoa, em distinção das outras, foi decretada e
realizada voluntariamente. — System of Doctrines (Sistema de Doutrinas),
Vol. II, p. 95. Isaiah Thomas and Ebenezer T. And¬rews, Boston, 1793.
“Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em
todos os abismos” (Salmos 135:6). Como temos de ser gratos que Ele se
agradou e propus a realizar uma redenção do pecado para o homem mau
e inútil, e que fomos feitos pela graça participantes desse plano remidor.
“De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por
nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis
com Deus” (2 Coríntios 5:20)

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A EXPIAÇÃO PREFIGURADA
“Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como
ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo
(grego: tupos = tipo) que tinha visto” (Atos 7:44). “Os quais servem de
exemplo e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi
avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze
tudo conforme o modelo (grego: tupos = tipo) que no monte se te mostrou”
(Hebreus 8:5).
Esses dois textos salientam o fato de que o tabernáculo era um tipo das
coisas celestiais, que foram reveladas a Moisés para que ele as copiasse.
A importância desses tipos está implícita em que durante a construção do
tabernáculo Moisés era constantemente admoestado a restringir-se
completamente ao modelo. Apenas em Êxodo capítulos 39 e 40 faz-se
referência dezesseis vezes a eles fazendo coisas “como o Senhor tinha
ordenado a Moisés”, ou uma declaração equivalente. A razão para essa
precisão quanto ao modo como cada coisa era feita e usada não é difícil de

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discernir, pois o livro de Hebreus exibe o fato de que o Tabernáculo e seus


sacrifícios, cultos e dias santos eram prefigurações do Messias e Sua obra
redentiva: “Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho
do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o
primeiro tabernáculo, Que é uma alegoria para o tempo presente, em que
se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem
aperfeiçoar aquele que faz o serviço; Consistindo somente em comidas, e
bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo
da correção. Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um
maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta
criação” (Hebreus 9:8-11).
As pessoas que viviam na época do Antigo Testamento não ouviam
pregações claras sobre o plano da redenção, mas desde seu cumprimento,
a pregação tem sido clara. Contudo, a eles foi dado o plano redentor
através de representações nítidas no tabernáculo e no templo, e enquanto
havia muitos que viam nos rituais nada mais do que forma externa, do

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mesmo modo como muitos hoje nada vêem na adoração a não ser sua
forma exterior, porém há pouca dúvida de que muitos tinham um
discernimento espiritual por meio do qual eles entendiam a importância
espiritual dessas coisas. Afinal, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento
declaram que ninguém entende as coisas espirituais mediante seus
capacidades intelectuais, mas apenas conforme o Senhor lhe revela
(Deuteronômio 29:4; Isaías 29:10; Romanos 11:7?10; 1 Coríntios 2:12?14).
Assim tudo depende, não na base da capacidade intelectual do homem,
mas em vez disso nas revelações de Deus e no discernimento que Ele dá
ao homem.
Em vista do fato de que a revelação que Deus deu de Si mesmo é uma
revelação progressiva, é inteiramente natural supor que as revelações mais
antigas seriam mais simples e mais visíveis do que as revelações mais
complexas que vieram mais tarde. É a esse fato que nos referimos ao falar
da prefiguração da expiação; a verdade da redenção foi representada de

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forma pictórica aos homens nos rituais e sacrifícios do tabernáculo. J. R.


Graves diz acerca da Dispensação Judaica:
Não era um sistema de Ritualismo, embora impusesse muitos ritos,
sacrifícios e cerimonialismo. Em parte alguma ensinava que se poderia
obter a salvação dos pecados mediante a obediência a esses ritos, ou que
se deveria obter a remissão ou circuncisão espiritual em conexão com
esses ritos; mas que eles eram apenas tipos e figuras que apontavam para
Cristo, e das quais Cristo era a essência. No começo a nação inteira dos
judeus entendia claramente isso, e todos os que eram justificados eram
justificados pela mesma fé que Abraão tinha. Eles aguardavam, com a
ajuda dos tipos, Cristo como o Grande Arquétipo, exatamente como
olhamos (vendo em todo o passado através das ordenanças da igreja
cristã) para Cristo como a essência, e, crendo, somos justificados. — The
Seven Dispensations (As Sete Dispensações), p. 219. Baptist Sunday
School Committee, Texarkana, 1928.

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Esses sacrifícios e serviços típicos deixaram de existir hoje, pois todos se


cumpriram na morte sacrificial de Cristo. Esses sacrifícios e serviços eram
“sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Colossenses 2:17).
Portanto, não se aplicam aos crentes de hoje, exceto no sentido de que
podemos vê-los prefigurando a expiação de Cristo. Até certo ponto, eles
também, como Abraão, ouviram de antemão a pregação do evangelho, e
muitos deles tinham a mesma fé salvadora que ele tinha. Consideraremos
essa prefiguração da expiação a partir de três pontos de vista.
I. A EXPIAÇÃO PREFIGURADA NOS SACRIFÍCIOS.
Quase desde a abertura do livro de Gênesis vemos um sistema de
sacrifícios que os homens ofereciam a Deus a fim de aplacar a ira dEle por
seus pecados, e até hoje em terras em que a religião cristã não tem grande
influência há ainda o costume de se oferecer sacrifícios aos deuses locais.
É natural à própria natureza do homem a disposição de adorar algo, e
embora a queda tenha pervertido a adoração pelo homem, ele ainda sente
a necessidade de algum tipo de sacrifício expiatório. Os primeiros

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sacrifícios que o homem fez dos quais temos registro são quando Caim e
Abel trouxeram seus sacrifícios ao Senhor (Gênesis 4), mas o ato de imolar
animais a fim de se fazer vestes de pele para Adão e Eva em Gênesis 3:21
era, como dissemos antes, um ensino da expiação de sangue. Essa foi,
assim cremos, a fonte de conhecimento que, em grande parte, Caim e Abel
tinham acerca da adoração; eles haviam aprendido com seus pais a adorar
a Deus por meio de um sacrifício sanguinoso, mas Caim, como tantas
pessoas hoje, não queria confessar que precisava de um sacrifício
expiatório, e assim trouxe uma oferta de gratidão das obras de suas
próprias mãos. A instituição original do sistema sacrificial era de Deus, e
tinha como objetivo servir de símbolo até que se cumprisse em Cristo.
Presumo que o rito sacrificial foi ordenado por Deus logo após a queda do
homem. Lemos que Abel ofereceu a Deus um sacrifício mais excelente do
que Caim. Ele colocou no altar um dos primogênitos de seu rebanho. Ele
se aproximou de Deus por meio de sangue. Abraão ofereceu sacrifícios, e
Jó fez a mesma coisa. No monte Sinai, houve um aumento do sistema

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sacrificial. Muitas adições lhe foram acrescentadas, e fez-se provisão para


maior regularidade e solenidade em suas ofertas. Agora, todos os
sacrifícios das eras patriarcais e judaicas prefiguravam o único Sacrifício
na cruz. Todo altar enviava seu sangue e fumaça na direção do Calvário.
As muitas vítimas apontavam para uma única vítima. Os muitos sacrifícios
chamavam a atenção para o único sacrifício a ser oferecido “na
consumação dos séculos” (Hebreus 9:26). Os rios de sangue animal
tipificavam o sangue do Emanuel. Deve ter havido essa referência
antecipatória da morte expiatória de Cristo, pois caso contrário todos os
regulamentos sacrificiais teriam sido sem significado. Nessa referência aos
sacrifícios houve uma significância nítida. A Epístola aos Hebreus prova
suficientemente desse ponto de vista do assunto. — J. M. Pendleton,
Christian Doctrines (Doutrinas Cristãs), p. 238. American Baptist
Publication Society. Philadelphia, 1878.
Conforme foi declarado na citação acima, o sistema sacrificial era mais
simplificado antes da entrega da lei de Moisés, após o que o sistema foi

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ampliado e se tornou mais detalhado. Havia cinco grandes ofertas


ordenadas sob a administração mosaica, e Levítico capítulo de 1 a 5
descreve com detalhes essas ofertas. As cinco eram a oferta queimada, a
oferta de alimentos, a oferta do sacrifício pacífico, a oferta da expiação do
pecado e a oferta da expiação da culpa. Se perguntassem o motivo por
que havia necessidade de mais de uma oferta sacrificial, cremos que a
resposta está em duas coisas: as necessidades do homem são múltiplas
porque o pecado operou imenso mal. E segundo, várias ofertas são
necessárias para que tipifiquem de modo adequado tudo o que Cristo
realizou com Sua obra expiatória.
Todas as ofertas não eram de uma espécie. Algumas delas tinham a
intenção de expressar, como suas idéias principais, a entrega perfeita da
alma a Deus; outras tinham como intenção expressar a feliz comunhão
com Deus e sinceras ações de graça. Mas havia uma categoria de
sacrifício — uma categoria separada em dois grupos — que tinha como
objetivo específico fazer expiação por certos tipos de crimes contra a lei de

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Moisés. O infrator trazia seu sacrifício ao sacerdote, e a oferta do sacrifício


garantia o perdão. — R. W. Dale, The Atonement (A Expiação), pp. 84?85.
Congregational Union of England and Wales, London, 1896.
I. M. Haldeman resume o que descreve cada uma dessas ofertas:
Na oferta queimada temos Cristo se entregando para Deus como sacrifício
de cheiro suave: “Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em
oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5:2).
Na oferta da expiação do pecado temos Cristo se entregando por nós. “O
qual se deu a si mesmo por nós” (Tito 2:14). “O qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20).
Na oferta do sacrifício pacífico temos Cristo nos reconciliando e nos
trazendo a Deus. “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e
inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos
reconciliou No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos
apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis” (Colossenses 1:21-22).

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Na oferta da expiação da culpa temos Cristo fazendo provisão em Sua


morte por nossos fracassos quando Ele recebe nossas confissões,
trazendo-nos absolvição, completo perdão e purificação. “Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos
purificar de toda a injustiça” (1 João 1:9).
A oferta de alimentos era a oferta sem sangue. Apresenta a nós todos os
símbolos da pessoa e caráter de nosso Senhor Jesus Cristo. Era composta
de farinha fina. Era farinha que havia sido moída de modo completo, sem
nenhuma pelota. Não havia nenhuma irregularidade nessa farinha. Mostra
a humanidade perfeita e equilibrada do Senhor. — Tabernacle, Priesthood
and Offerings (Tabernáculo, Sacerdócio e Ofertas), pp. 322?323, 324.
Fleming H. Revell Company, New York, 1925.
A oferta queimada poderia ser qualquer um de vários animais, ou até
mesmo de pombos, de modo que ninguém era impedido de ofertar por
causa de pobreza, mas a oferta tinha de ser feita de certa maneira para
que a representação não fosse distorcida. Conforme mostra Levítico 1:3?4,

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a oferta tinha de ser sem mancha, tinha de ser oferecida voluntariamente,


tinha de ser oferecida à entrada do tabernáculo e o ofertante tinha de
colocar a mão na cabeça da oferta para mostrar sua ligação com ela. No
caso de ofertas menores, como ovelhas ou pombas, esses requisitos
diferiam. Contudo, cada uma delas se chama “oferta queimada, de cheiro
suave ao SENHOR” (Levítico 1:9,13,17). Como tal, descrevia a devoção
absoluta de Cristo à vontade de Seu Pai. “…Cristo vos amou, e se
entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro
suave” (Efésios 5:2). Esse versículo revela que essa oferta se cumpriu na
obra redentiva de Cristo. Sua devoção à vontade do Pai é revelada em
vários lugares. “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou”
(João 4:34). “Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia,
não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39). “Então
disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para
fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hebreus 10:7). A expiação não só foi
decidida e decretada por Deus o Pai, mas também foi a missão voluntária
do Filho por causa de Sua grande devoção a Seu Pai.

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A oferta de alimento era a oferta de farinha assada num dos vários modos,
mas na medida em que era sem sangue, não tem relação direta com a
expiação. Contudo, conforme declara a citação acima do Dr. Haldeman,
apresenta a humanidade sem pecado de Jesus, e essa foi uma base
necessária para Sua expiação vicária, pois nenhuma pessoa pecadora
poderia ter morrido vicariamente na cruz.
A oferta de alimento… apresenta, de um modo bem distinto, “o Homem
Cristo Jesus”. Como a oferta queimada tipifica Cristo na morte, a oferta de
alimento O tipifica na vida. Em nenhum dos dois casos há a questão de se
levar pecados… Mas na oferta de alimentos, não há nem mesmo a
questão de derramamento de sangue. Vemos simplesmente, nessa
situação, um lindo tipo de Cristo conforme Ele viveu, andou e serviu aqui
na terra. — C. H. MacIntosh, Notes On Leviticus (Notas acerca de
Levítico), p. 48. Fleming H. Revell, Chicago, 1877.
Jesus muitas vezes se referia a Si como o “pão da vida” (João
6:27,32?33,35,48?58), e por outras declarações semelhantes. O fato de

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que a oferta de alimentos devia ser sem fermento (Levítico 2:11) descrevia
a ausência de pecado em Jesus, pois Ele “se ofereceu a si mesmo
imaculado a Deus” (Hebreus 9:14), e Ele era “imaculado” (1 Pedro 1:19). A
colocação de óleo na oferta de alimento tipificava a unção de Jesus com o
Espírito Santo (Mateus 3:16; Atos 10:38; Hebreus 1:9; Isaías 61:1). Todas
essas características eram necessárias para provar que Jesus era ideal
para ser o sacrifício expiatório para os pecados do homem.
Levítico 3 apresenta a oferta de sacrifício pacífico, que descreve mais o
resultado da obra expiatória de Cristo do que a própria obra. A oferta
poderia ser um macho ou fêmea, ou um boi, ovelha ou bode, mas tinha de
ser sem mancha. O ofertante tinha de se associar a essa oferta colocando
sua mão sobre a cabeça dela, então depois que a oferta era feita tanto o
ofertante quanto o sacerdote recebiam uma parte do animal para comer. I.
M. Haldeman diz:
Sua característica peculiar é que o ofertante e o sacerdote cada um
recebia uma parte dela. Devia ser comida diante do Senhor. Comer diante

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do Senhor é ter comunhão com o Senhor. É um quadro de Deus e o


pecador em paz um com o outro, todas as questões entre eles
perfeitamente resolvidas. É paz na base de um sacrifício mutuamente
aceito. É um quadro de reconciliação. Pela morte da cruz nosso Senhor
Jesus Cristo satisfez a lei, o governo e a natureza divina. Em virtude dessa
satisfação Ele reconciliou o mundo a Si; conforme está escrito: “Deus
estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os
seus pecados” (2 Coríntios 5:19). — Tabernacle, Priesthood and Offerings
(Tabernáculo, Sacerdócio e Ofertas), p. 355. Fleming H. Revell Company,
New York, 1925.
O ato de comer esse sacrifício descreve o ato de se apropriar da paz de
Deus, mas não só a apropriação que ocorre pela fé no momento da
salvação, porém em vez disso aquela constante apropriação dela em
nossas vidas diárias, conforme está escrito: “Tendo sido, pois, justificados
pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual
também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos

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gloriamos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5:1-2). Alguns


manuscritos requerem que essa passagem seja traduzida assim
“…tenhamos paz”, que frisa o fato de que temos de nos apropriar dessa
paz diariamente.
A paz nos foi comprada pela obra redentiva de Cristo conforme declaram
muitas passagens das Escrituras (Efésios 2:14-18; Colossenses 1:20-22; 1
Pedro 5:14; Lucas 7:50; Atos 10:36), mas, para que possamos gozá-la de
modo pessoal, temos de nos apropriar dessa paz pela fé de maneira
pessoal dia a dia como está escrito: “Tu conservarás em paz aquele cuja
mente está firme em ti; porque ele confia em ti” (Isaías 26:3).
A oferta da expiação do pecado e a oferta da expiação da culpa lidam mais
especificamente com a expiação. Portanto, a maioria das referências à
expiação tem a ver com essas duas ofertas em Levítico 4 e 5. A diferença
entre essas duas ofertas é que a oferta da expiação do pecado era suprida
para lidar com a natureza pecadora, ou princípio de pecado, enquanto a
oferta da expiação da culpa era para lidar com os pecados da natureza, ou

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práticas de pecado; ou, para explicar de outro jeito, a oferta da expiação do


pecado era para lidar com a raiz do pecado enquanto a oferta da expiação
da culpa era para lidar com o fruto do pecado.
A oferta da expiação do pecado devia ser feita para todas as classes de
pessoas, e detalham-se quatro exemplos específicos (Levítico
4:3,13,22,27), pois embora haja diferença no grau de pecado em diferentes
pessoas, não há diferenças no fato do pecado, pois está escrito: “Já dantes
demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do
pecado” (Romanos 3:9). “Porque todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus” (Romanos 3:23). “Porque Deus encerrou a todos debaixo
da desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Romanos 11:32).
No caso de um sacerdote pecando ou a congregação inteira pecando, o
touro era levado para fora do acampamento e queimado, e assim uma
expiação era feita e seus pecados eram perdoados (Levítico 4:20-21). Não
ficamos em dúvida quanto ao sentido típico disso, pois lemos: “Porque os
corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo

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sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. E por isso


também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu
fora da porta” (Hebreus 13:11-12).
A oferta da expiação da culpa é o assunto de Levítico 5, e apresenta a
provisão do Senhor para lidar com os frutos do pecado, onde vários
exemplos dessa provisão são dados nos versículos l?5. Neste capítulo,
repete-se quatro vezes a declaração de que quando um homem oferecer
uma oferta, o sacerdote fará expiação pelo seu pecado, e lhe será
perdoado, o que mostra que o Senhor fez um sacrifício adequado, não só
pelos pecados cometidos até o tempo da salvação, mas todos os pecados
subseqüentes também. Entretanto, é claro, assim como o homem em
Levítico 5 tinha de trazer sua oferta, e com isso confessar seu pecado
antes que ele pudesse receber a garantia do perdão, assim também ocorre
no perdão antitípico, pois 1 João 1:7-10: “Mas, se andarmos na luz, como
ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não

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temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.


Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não
pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós”.
Dá para se observar aqui como em Levítico 5 que o sangue que
inicialmente purifica na salvação continua a purificar os pecados após a
salvação, e aqui mais do que em qualquer das outras ofertas vemos a
suficiência da expiação e a conexão da expiação com perdão (veja Levítico
5:10,13,16,18).
As ofertas do Antigo Testamento eram apenas típicas. Portanto, não
tinham nenhuma real eficácia de expiação em si; eram simplesmente lições
práticas que antecipavam o real sacrifício expiatório dAquele que viria.
A relação que os escritores do Novo Testamento em toda parte
reconhecem como subsistindo entre os sacrifícios judaicos e a morte de
Cristo com clareza requerem que estimemos a morte de Cristo como
vicária. Muitos dos sacrifícios judaicos eram inquestionavelmente

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expiatórios e vicários, no sentido de que seu ofertante, colocando as mãos


sobre a cabeça das vítimas, os apresentava a Deus como substitutos das
penalidades que ele mesmos merecia (Levítico 1:4; 4:1?13; 7:7; 16:5,9,10,
21, 22; 23:27,28; Êxodo capítulo 12; Deuteronômio 16:5, 6; compare 9:13,
22). Mas os sacrifícios expiavam, no sentido de satisfazer as penalidades
do pecado, apenas para aqueles que tinham atendido a imposição exigida
de mãos sobre as vítimas que eles ofereciam; e mesmo então, as
penalidades removidas eram somente aquelas que tinham a ver com a vida
externa, e jamais com a vida interna da alma. O que os sacrifícios judaicos,
continuamente repetidos, assim realizavam cerimonialmente e
externamente para o judeu, o sacrifício de Cristo, oferecido uma só vez por
todos, realiza de fato dentro do coração do cristão. O primeiro foi
meramente um tipo do segundo (Hebreus 9:9,26; 10:1,4; 1 Coríntios 5:7;
Efésios 5:2; Gálatas 3:23, 24; Hebreus 10:5,7,12). — E. G. Robinson,
Christian Theology (Teologia Cristã), pp. 270-271. Press of E. R. Andrews,
Rochester, New York, 1894.

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Poderia-se dizer muito mais acerca das ofertas no Antigo Testamento, mas
isso tomaria muito tempo e espaço, e nosso interesse principal é mostrar
que essas ofertas prefiguravam a obra redentiva de Cristo, e cremos que já
mostramos esse fato suficientemente. Portanto, passamos a notar:
II. A EXPIAÇÃO PREFIGURADA NOS CULTOS.
Com isso queremos dizer que todos os utensílios, materiais e pessoas
envolvidas na adoração do tabernáculo de algum modo tipificavam a obra
redentiva do Senhor Jesus Cristo. É a isso que se refere Salmo 29:9
quando diz, “…no seu templo cada um fala da sua glória”, que também
pode ser traduzido: “…todo pedaço do templo expressa glória”. A palavra
“glória” é usada acerca da obra redentiva de Cristo em Romanos 9:22-24:
“E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu
poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a
perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória
nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais
somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas

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também dentre os gentios?” O próprio Jesus disse: “E a vida eterna é esta:


que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a
quem enviaste. Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me
deste a fazer” (João 17:3-4).
A obra sacerdotal de Cristo foi prefigurada em Aarão, e naqueles que o
sucederam como sumo sacerdote, conforme está escrito: “Ora, a suma do
que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado
nos céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do
verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem. Porque
todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; por
isso era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer.
Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo
ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, Os quais servem de
exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hebreus 8:1-5). A. W. Pink
observa acerca dessa passagem:

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O céu é aí chamado de “o Santuário” porque é ali que realmente habita e


de fato reside tudo o que foi tipicamente prefigurado nos lugares santos do
tabernáculo de Israel… Foi um tempo de alegria para Israel quando Aarão
entrou no santo dos santos, pois ele carregava consigo o sangue que fazia
expiação por todos os pecados deles. Assim a presença de Cristo no céu,
defendendo a eficácia de Seu sangue meritório, deveria encher o coração
de Seu povo de alegria inexprimível: cf. João 14:28. — Exposition of
Hebrews (Exposições de Hebreus), Vol. I, p. 430. Baker Book House,
Grand Rapids, 1954.
Em todo o livro de Hebreus, que é um comentário e explicação divina do
sistema mosaico, Cristo é tanto comparado quanto contrastado com os
sumos sacerdotes levíticos: comparado à medida que O tipificavam, e
contrastado à medida que Ele é o “melhor sacerdote”, a garantia de uma
“melhor aliança”, o mediador de uma “melhor aliança que está confirmada
em melhores promessas”, porque foi realizada com “sacrifícios melhores”
do que os sacrifícios mosaicos (Hebreus 7:22; 8:6; 9:23).

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Os utensílios do Tabernáculo também tipificavam a obra redentiva do


Senhor Jesus Cristo, e de fato todos os materiais que entraram na
composição de sua construção também tipificavam, mas para que não
tornemos este presente capítulo desnecessariamente longo: confinaremos
nossos comentários aos utensílios do Tabernáculo. Havia sete peças de
utensílios no Tabernáculo e pátio adjacente, e esses eram, enumerando-os
de dentro para fora: A Arca da Aliança, o Propiciatório cobrindo a Arca, o
Altar de Incenso, a Mesa da Proposição, o Candelabro, a Pia de Cobre e o
Altar de Cobre. Não só cada um desses utensílios individualmente
tipificava a obra redentiva de Cristo, mas até mesmo também sua ordem
no Tabernáculo era importante, pois formavam uma cruz, e cada um
estava em seu lugar lógico no que se referia à verdade redentiva que cada
um representava.
Com relação ao caminho para o homem se aproximar, a ordem dos
utensílios é inversa da ordem dada acima. A primeira coisa que chamava a
atenção quando se entrava na entrada do pátio era o Altar de Cobre. Era

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ali que os sacrifícios eram trazidos para serem oferecidos pelos pecados;
aí era feita a oferta queimada; Êxodo 27:1-8 a descreve. Esse altar era
feito de tábuas cobertas de cobre; o cobre simboliza o juízo enquanto as
tábuas simbolizam a humanidade do Senhor Jesus; assim, o cobre
simboliza Jesus levando o juízo do pecado em Seu próprio corpo na
madeira da cruz. I. M. Haldeman diz:
O Altar de Cobre permanecia diante da entrada do Tabernáculo. A Cruz de
Cristo permanece diante da entrada do Céu. Só com o sangue do Altar de
Cobre poderia se entrar no Tabernáculo. Só por meio da cruz como um
altar de sacrifício alguém pode entrar no superior Tabernáculo Santo, no
próprio Céu… Assim como uma tentativa de passar pelo Altar de Cobre
sem ter uma vítima sacrificial ali seria zombar desse Altar, assim também
qualquer tentativa de desprezar a Cruz como o Altar de um sacrifício penal,
e todo esforço para se aproximar de Deus com palavras meramente boas
elogiando a vida bela de Cristo, zombaria terrivelmente de Sua cruz e
poderia bem fazer recair a indignação e o anátema de Deus. —

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Tabernacle, Priesthood and Offerings (Tabernáculo, Sacerdócio e Ofertas),


p. 244. Fleming H. Revell Company, New York, 1925.
O item seguinte dos utensílios era a Pia de Cobre. Esse também era de
cobre e simboliza juízo, mas nesse caso, o cobre era polido até ter o brilho
de um espelho; aliás, foi feito de espelhos de cobre doados pelas mulheres
de Israel (Êxodo 38:8). Foi feito a fim de reservar água para a lavagem dos
sacerdotes. Sua posição atrás do Altar de Cobre fala daquilo que ocorre
depois da regeneração. Fala do cristão julgando a si mesmo enquanto se
olha no espelho da Palavra de Deus, vê suas falhas e é purificado pela
força de Cristo. “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor,
é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;
Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como
era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso
persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal
será bem-aventurado no seu feito” (Tiago 1:23-25). “Cristo amou a igreja, e
a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a

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lavagem da água, pela palavra” (Efésios 5:25-26). “Disse-lhe Jesus: Aquele


que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo
está limpo. Ora vós estais limpos, mas não todos” (João 13:10). O Altar de
Cobre simbolizava a provisão de Cristo para purificar os pecados
cometidos após a regeneração. Simboliza a purificação mencionada em 1
João 1:7? 10.
O Candelabro de Ouro era de uma peça inteira de ouro batido, e seu peso
era de um talento (Êxodo 37:24), ou aproximadamente 43kg. Simbolizava
Cristo, não só como a “Luz do mundo”, mas também como a “verdadeira
Luz” (João 1:9), “uma Luz para os Gentios” (Isaías 42:6), pois não
podemos ter a luz espiritual necessária para ter comunhão com o Pai
exceto como a achamos nAquele que veio para declará-Lo (João 1:18).
Esse candelabro devia iluminar a escuridão do Santo Lugar de modo que
os sacerdotes pudessem ter comunhão em volta da Mesa da Proposição;
assim temos de andar “na luz, como Ele na luz está” se quisermos ter
comunhão (1 João 1:5?7).

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A Mesa da Proposição, como o Candelabro e o Altar de Incenso, estava no


Santo Lugar. Era feita de madeira coberta de ouro puro, tinha uma coroa
ao seu redor, e tinha doze pães em cima. Uma mesa sugere duas coisas:
(1) Sustento (2) Comunhão. A Mesa da Proposição tipificava o Deus-
homem (ouro e madeira unidos), mas na medida em que tinha uma coroa
ao seu redor, se refere a Ele em Seu estado glorificado (Hebreus 2:9). Ele
não só é Aquele que nos salva, mas também Aquele que sustenta nossa
vida espiritual porque Ele é o “Pão da Vida” e aqueles que se alimentam
dEle nunca terão fome (João 6:52-58); mas Ele também nos mantém num
estado de comunhão com Seu Pai (Hebreus 7:25).
O Altar de Incenso era também feito da madeira coberta de ouro puro e
tinha uma coroa ao redor de seu topo. Portanto, tem muito do mesmo
simbolismo da Mesa da Proposição. De todas as mobílias, era a mais
próxima do Santo dos Santos, estando muito próxima a cortina que
separava o Santo Lugar do Santíssimo. Devia ter uma nuvem de incenso
perpétuo subindo desse altar, no qual se aspergia o sangue da expiação

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no Dia da Expiação que era guardado a cada ano. Era quadrado, como era
o altar de cobre, que fala de universalidade, e assim tinha um simbolismo
tão extenso quanto tinha o Altar de Cobre. Portanto, esse altar simbolizava
o Deus-homem em Seu estado glorificado no céu, não só como os
sacrifícios expiatórios, mas também como Aquele que fazia constante
intercessão pelos santos. O incenso fala de oração e louvor (Salmo 141:2;
Apocalipse 5:8), e Cristo como mediador ora por eles, mas apenas eles, os
quais estão incluídos na expiação (João 17:9). Mas a conexão desse altar
com o Altar de Cobre — o sacrifício era oferecido no Altar de Cobre, mas o
sangue era aplicado ao Altar de Incenso, e o fogo do Altar de Incenso era
tirado do Altar de Cobre (Levítico 16:12?13) — mostra que não se pode
separar a obra da mediação de Cristo de Sua obra expiatória. Depois de
citar Hebreus 9: 24, I. M. Haldeman diz:
Aqui está a verdade gloriosa — Ele está no Céu como o representante do
crente. Assim como Ele o representou na cruz e sofreu por ele, assim
também Ele está no Céu vivendo por ele. Assim como Ele se fez o pecado

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do crente na cruz, assim também Ele é a justiça do crente no Céu. Assim


como Ele é nossa justiça no Céu e foi aceito à direita do Pai, sentando-se
ali como Seu amado Filho, assim também é verdade que Deus o Pai nos
vê assentados com Ele e como propriedade e filhos aceitos por Ele.
Portanto, está escrito: “E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Efésios 2:6). Dívida
paga, recibo vivo concedido, levado ao Céu, sentado à direita de Deus, tão
perto de Deus que mais próximo não podemos estar, pois na pessoa de
Seu Filho — nós estamos tão perto quanto Ele. Poderíamos pedir mais
para nos fazer sentir seguros? Humanamente falando, eu devia dizer:
“Não!” Mas Ele fez muito mais por nós. Aqui está a declaração crucial: “e
também intercede por nós” (Romanos 8:34) — Tabernacle, Priest and
Offerings (Tabernáculo, Sacerdote e Ofertas) p. 231. Fleming H. Revell
Company, New York, 1925.
A Arca da Aliança era também de madeira coberta de ouro, e também tinha
uma coroa ao seu redor, de modo que simbolizava Cristo em Seu estado

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glorificado, assim como o Altar de Incenso e a Mesa da Proposição. O


cumprimento desses símbolos vem declarado em Filipenses 2:6-11. A Arca
continha temporariamente o vaso de ouro do maná, a vara de Aarão que
brotou, e as duas tábuas de pedra (Hebreus 9:4). Só as duas tábuas de
pedra que continham a Lei eram deixadas permanentemente na Arca (1
Reis 8:9). O vaso de ouro do maná fala de Cristo como o “pão da vida”
(João 6:48?51), e na medida em que o vaso continha só uma ómer (Êxodo
16:33), que era a quantidade para um homem (Êxodo 16:16), mostra que o
homem é tratado individualmente na redenção. A vara de Aarão que brotou
havia sido colocada na Arca como testemunho contra Coré e os outros
rebeldes que tentaram se exaltar para entrar no sacerdócio; essa vara foi
colocada na Arca para dar prova de que “E ninguém toma para si esta
honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão. Assim também
Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas
aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei” (Hebreus 5:4-5). As
duas tábuas da lei foram postas na arca de madeira (Deuteronômio 10:1,2)

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para frisar que Cristo guardava a lei de modo perfeito em Sua humanidade
(Salmo 40:6-8; João 6:38; 8:29).
O Propiciatório cobria a Arca, e é sempre associado com a Arca. Era feito
totalmente de ouro: assim como era o Candelabro, essas duas peças eram
as únicas duas peças da mobília que eram exclusivamente de ouro. Essa
totalidade de ouro fala de deidade pura. O Propiciatório, sendo uma
cobertura da Arca e tudo o que ela continha, fala de expiação, pois o
sentido raiz da palavra hebraica traduzida “expiar” é “cobrir”. Em Hebreus
9:5 se menciona o propiciatório, e a palavra grega é hilasterion, que é
usada também em Romanos 3:25 acerca de Cristo como o sacrifício
expiatório. Em 1 João 2:2 e 4:10, uma forma levemente diferente da
palavra é utilizada (grego hilasmon), que vê Cristo como o próprio
sacrifício. O Propiciatório era onde Deus prometia se encontrar com os
israelitas (Êxodo 25:22); era a habitação de Deus (Salmo 80:1); e Seu
trono (Salmo 99:1); mas era um trono aspergido com sangue, e o único
lugar em que um homem pecador poderia se encontrar com Deus; era um

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emblema ideal de Cristo, o único mediador entre Deus e o homem (1


Timóteo 2:5). O Antítipo disso se acha em Apocalipse 5:6: “E olhei, e eis
que estava no meio do trono… um Cordeiro, como havendo sido morto”.
Como o Propiciatório simboliza nosso Senhor Jesus Cristo (assim as
Escrituras declaram) e o Propiciatório que estava sobre a Arca da Aliança
que simboliza o trono de Deus (assim declaram as Escrituras) e como se
poderia ver o Propiciatório só depois que se havia oferecido o sacrifício no
dia da expiação, então se tem um perfeito quadro pictorial de nosso Senhor
depois que Ele se ofereceu na cruz como um sacrifício pelo pecado, depois
que Ele ressuscitou dos mortos, subiu ao Céu e sentou-se no trono de
Deus. O Tipo e o antítipo estão completos. — I. M. Haldeman, Tabernacle
Priesthood and Offerings (Tabernáculo, Sacerdócio e Ofertas), p. 178.
Fleming H. Revell Company, New York, 1925.
Todas as mobílias do Tabernáculo simbolizavam algum aspecto da pessoa
ou obra de Cristo, e assim todas tinham relação com a expiação direta ou
indiretamente, e assim encontravam seu cumprimento em Cristo. Portanto,

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deixaram de vigorar quando se cumpriram. O que A. A. Hodge diz acerca


dos sacrifícios poderia se dizer de modo geral acerca do sistema inteiro do
Tabernáculo. Ele diz:
Os sacrifícios de touros e bodes eram como notas promissórias, que eram
aceitas pelo seu valor representativo até o dia do acerto. Mas o sacrifício
de Cristo era o ouro que absolutamente extinguia toda dívida por seu valor
intrínseco. Daí, quando Cristo morreu, mãos sobrenaturais rasgaram de
cima até embaixo o véu que separava o homem de Deus. Quando a
expiação verdadeira foi consumada, o sistema simbólico inteiro que a
representava se tornou funetum?officio, e foi abolido. Logo depois disso, o
templo foi totalmente demolido, e a realização dos rituais se tornou
impossível. — Popular Lectures (Palestras Particulares), p. 247 (citado in
A. H. Strong, Systematic Theology (Teologia Sistemática), p. 728. Fleming
H. Revell Company, New York, 1954.).
Mas não só a expiação foi prefigurada nos sacrifícios e nos cultos do
Tabernáculo, mas também estava prefigurada nas sete grandes festas

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anuais que o Senhor havia ordenado que Israel guardasse; daí temos de
considerar:
III. A EXPIAÇÃO PREFIGURADA NOS SÁBADOS.
Essas festas são declaradas e delineadas em Levítico 23, e se contarmos
os Sábados semanais, vemos que Israel tinha oito “dias santos”. Este
capítulo é bem duro com aqueles legalistas que dizem que o sétimo dia da
semana é o único sábado, pois vemos vários exemplos em que dois dias
consecutivos eram chamados de Sábado, e em que no curso de doze dias
poderia haver cinco dias chamados de Sábado. No sétimo mês dos
calendários judaicos vemos no mínimo oito Sábados, ou uma média de
dois por semana. Temos de nos lembrar de que os judeus guardavam o
mês lunar de vinte oito dias cada, e eles tinham seu próprio jeito de findar o
ano de modo que ocorresse bem de acordo com a rotação solar. Há muitos
Sábados diferentes no Antigo Testamento. B. H. Carroll os enumera como
segue:

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(1) O Sábado semanal (2) O Sábado lunar ou mensal (3) Os Sábados


anuais — aqueles sábados ligados ao Dia da Expiação, a festa das
semanas, o Pentecoste, as Trombetas e Colheitas, e vários outros
Sábados anuais (4) Então o Sábado da terra, ou todo sétimo ano (5) Então
o Sábado do ano do Jubileu, ou todo ano cinqüenta. Esse é um ciclo
sabático. Cada um é um sábado de um certo período. — An Interpretation
of the English Bible (A Bíblia em Inglês Interpretada), Vol. II, p. 364.
Broadman Press, Nashville, Tennessee, 1947.
Esses “Sábados” eram, conforme Colossenses 2:17 nos diz, “sombras das
coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”, e assim simbolizavam coisas que
Cristo cumpriu em Seu ministério de redenção. Aí, contrasta-se a sombra
com o corpo ou essência que lança a sombra, e nos mostra que essas
coisas eram símbolos. Deve-se observar que a palavra “Sábado” aí está no
plural e tem referência não meramente ao sábado semanal, mas em vez
disso a todos os Sábados ou dias de descanso que eram guardados.

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A Festa da Páscoa era a primeira dessas sete grandes festas anuais, e


comemorava o livramento de Israel da escravidão do Egito conforme a
ordem de Êxodo 12. Foi no dia catorze do primeiro mês do ano judaico
(Êxodo 12:18; Levítico 23:5), que corresponderia mais ou menos ao
primeiro dia de abril de nossos calendários de hoje. Não ficamos em dúvida
quanto ao significado desse símbolo, pois lemos em linguagem extraída
dessa festa: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma
nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa
páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7). Portanto, essa festa
descrevia a obra redentiva de Cristo como o Cordeiro da páscoa.
A festa dos Pães Ázimos estava em imediata conexão com a Páscoa, pois
essa festa começava no dia seguinte após a Páscoa, e de fato completa o
símbolo que a Páscoa representa, pois o pão ázimo descreve Cristo sem
pecado como um cordeiro sacrificial. A festa dos Pães Ázimos é
semelhante à Ceia do Senhor em que ambas comemoram a mesma coisa;
a festa dos Pães Ázimos aponta para Cristo no futuro, enquanto a Ceia do

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Senhor aponta para Ele no passado (Veja Êxodo 12:14-20 e 1 Coríntios


5:6-8). Vale notar que Levítico 23 ordena nove vezes que não se deve
fazer nenhum trabalho servil nesses dias de festa, o que mostra que as
coisas descritas eram coisas nas quais não havia participação dos atos do
homem, mas que Deus era o realizador. A redenção é apenas pela graça,
e até mesmo os símbolos devem representar disso.
A Festa das Primícias ocorria no começo da colheita, e era, primeiramente,
um reconhecimento da generosidade de Deus ao lhes dar as colheitas,
mas também testificava simbolicamente de Cristo “as primícias dos que
dormem” (1 Coríntios 15:20). O tempo da oferta do molho das primícias era
no dia depois do sábado (Levítico 23:10, 11), e essa festa se cumpriu em
Mateus 28:1 e Marcos 16:1-6. Cristo sendo “as primícias dos que dormem”
torna óbvio que ninguém jamais ressuscitou dos mortos antes dEle, e é
esse assunto que Pedro discute em Atos 2:29, 34?36. Todo judeu ortodoxo
cria numa ressurreição dos mortos, mas eles não haviam ouvido de uma
ressurreição de entre os mortos, que só tem a ver com Cristo e os crentes.

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Na Festa das Primícias comemora-se a ressurreição de Cristo que


completa a obra redentiva, e garante a ressurreição de todos os que estão
incluídos na aliança da redenção.
A Festa do Pentecoste, ou Colheita, ocorria cinqüenta dias após a
apresentação do molho das primícias, quando uma nova oferta de
alimentos era apresentada ao Senhor. O cumprimento dessa festa em Atos
2 acentua o fato de que simbolizava o resultado da obra redentiva de Cristo
em vez da própria obra; e até os pães utilizados nessa festa acentuam a
mesma coisa, pois eram assados com fermento (Levítico 23:17), que
tipifica o pecado, ao passo que a Festa dos Pães Ázimos representava a
vida sem pecado de Cristo. Os dois pães representam o fato de que os
salvos vêm de entre tanto os judeus quanto os gentios.
A Festa das Trombetas era o quinto dos grandes dias de festa, e caía no
primeiro dia do sétimo mês. No Novo Testamento, a palavra “trombeta” é
muitas vezes associada com a volta de Cristo (Mateus 24:31; 1 Coríntios
15:52; 1 Tessalonicenses 4:16). Não só isso, mas nessas passagens que

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falam da volta de Cristo, se revela o caráter festivo de alegria, consolo e


ações de graças (1 Coríntios 15:57; 1 Tessalonicenses 4:18). Se Deus lida
com o homem na base de uma “semana” de epócas, consistindo
aproximadamente de mil anos cada, conforme parece ser verdade, então
essa festa é fiel ao modelo. Todas as festas estão na ordem cronológica
certa até agora, e também parece que estamos agora bem no anoitecer do
dia de sexta-feira do mundo, de modo que o próximo grande evento é o
toque da trombeta anunciando o segundo advento do Senhor, e o sétimo
“dia” do mundo.
A Festa da Expiação vinha apenas dez dias depois da Festa das
Trombetas, e diferia de todas as outras festas em que era um dia de aflição
da alma e luto, ao passo que as outras festas eram ocasiões de grande
alegria. Não é sem motivo que está assim ordenado, pois a Festa da
Expiação representa o tempo da expiação nacional dos pecados de Israel,
quando toda a nação que sobreviveu o “tempo de angústia para Jacó”
(Jeremias 30:7), apenas um terço da nação (Zacarias 13:8?9), olhará para

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Aquele a quem traspassaram (Apocalipse 1:7), e chorará diante dEle


(Zacarias 12:10?12; 13:1), e a nação toda experimentará o novo
nascimento ao mesmo tempo (Isaías 66:7?10). Embora a expiação de
Cristo tivesse sido feita para os gentios bem como os judeus, porém essa
passagem evidentemente só descreve o renascimento de Israel; a ordem
dessa festa confirma essa verdade, pois ela ocorre depois da festa que
representa o arrebatamento dos santos, e antes da festa que representa a
eternidade.
A Festa dos Tabernáculos, que era também chamada de Festa da Colheita
(Êxodo 23:16; 34:22), ocorria também no sétimo mês do calendário
judaico; esse mês era o fim do ano de acordo com o calendário civil, e tal
fato em si mostra que esse término do ano tem a ver com o fim das ações
de Deus para com o homem. Essa festa era tanto comemorativa quanto
profética; comemorava o fato de que Israel habitava em segurança em
cabanas no deserto depois de ser conduzido em sua saída do Egito;
Levítico 23:42?43 declara isso. Era profética em que representava Deus

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habitando (entabernaculando) no meio dos homens na terra; isso se


cumpriu parcialmente no primeiro advento de Cristo, pois a palavra grega
esk?n?sen em João 1:14 significa literalmente “entabernaculou”. Essa festa
será guardada por todas as nações “ovelhas” que tiverem o privilégio de
entrar no reino milenial (Zacarias 14:16-17). O cumprimento completo e
final desse símbolo, porém, será a entabernaculação eterna de Deus com
o homem conforme mostra Apocalipse 21:1-3. Essa festa começou no
primeiro dos sete dias, mas devia também ser uma santa convocação no
oitavo dia (Levítico 23:33-36). O número oito é quase sempre associado
com novos começos, e assim é aqui: o novo começo da eternidade. Acerca
de Levítico 23 A. Coates comenta:
Então há um belo ensino duplo no capítulo diante de nós de algo muito
além da “festa das cabanas”. Essa festa dura sete dias, mas no seu fim há
um “oitavo dia”. Creio que a alegria do milênio conduzirá os santos na terra
a desejar e aguardar o que é eterno, e não tenho dúvida de que eles
chegarão ao “oitavo dia” na nova terra, quando o tabernáculo de Deus

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estará com os homens, e Deus será tudo em todos. — An Outline of


Leviticus (Esboço de Levítico), pp. 261-262. Stow Hill Bible and Tract
Depot, Kingston?On?Thames, sem data.
Em Levítico 23:44, essas festas são chamadas de “as solenidades do
Senhor”, mas foram de tal forma corrompidas no primeiro século que eram
chamadas apenas de “as festas dos judeus” (João 5:1; 6:4; 7:2). É de
pouco maravilhar que era tão difícil ver algum simbolismo espiritual nessas
festas, pois haviam se tornado carregadas de tradições e inovações
humanas. Apesar disso, no começo, as festas, o tabernáculo e toda a sua
mobília, e todos os sacrifícios, tinham um simbolismo que de algum modo e
grau tratava a expiação de Cristo. Não é de surpreender que muita gente
não entenda esse significado quando consideramos o número reduzido dos
que entendem o evangelho hoje ao ser anunciado numa linguagem bem
clara. A verdade é que o homem por natureza não tem amor algum pela
verdade espiritual, e ele cega sua mente ao evangelho. Se alguém aceita a
verdade quer em símbolo ou na essência é devido à iluminação do Espírito

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de Deus, e não a algum dom natural ou receptividade. Como todos temos


de ser gratos pelo fato de que fomos escolhidos para ser redimidos e
fomos conduzidos à verdade da redenção. Todo louvor ao nosso gracioso
Senhor.

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A EXPIAÇÃO COMPRADA
Até este ponto em nosso estudo, vimos lidando com a Expiação a partir de
um foco no tempo além do próprio cumprimento dessa grande obra, mas
nossa meta agora é considerar o próprio cumprimento de todos os
propósitos, promessas e prefigurações dessa obra durante as épocas. A
realização da Expiação foi exatamente no tempo certo, de acordo com o
programa de Deus, pois muitas vezes vemos, no início da vida e ministério
de Jesus, as palavras “Sua hora ainda não havia chegado”, mas a medida
em que a Páscoa final em Sua vida terrena se aproximava, lemos: “Ora,
antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora
de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que
estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13:1). E de novo: “Mas, vindo
a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a
adoção de filhos” (Gálatas 4:4-5).

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A “plenitude dos tempos” significa mais do que a chegada da hora


decretada; significava o tempo em que todas as operações preliminares da
providência divina haviam se completado, em que o palco estava
completamente preparado para esse evento sem paralelo, em que a
necessidade do mundo havia sido demonstrada de forma total. O advento
do Filho de Deus a esta terra não foi um evento isolado, mas o clímax de
uma longa preparação. Que Ele era agora “nascido de mulher” era o
cumprimento do anúncio divino em Gênesis 3:15 e Isaías 7:14. Que Ele era
“nascido sob a lei”, qual Seu povo havia quebrado, fornece a chave para
aquilo que em outras circunstâncias seria um mistério inexplicável — aliás,
esse fato lança abundante luz nas experiências mediante as quais Ele
passou de Belém ao Calvário. — A. W. Pink, The Doctrine Of
Reconciliation (A Doutrina da Reconciliação), p. 57. Associated Publishers
And Authors, Grand Rapids, Michigan, 1971.
Assim, ocorrendo “na plenitude dos tempos”, a obra redentiva de Cristo
teve muitos séculos de preparação e instrução de pessoas para ajudá-las a

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entender o que tudo estava envolvido quando João disse: “No dia seguinte
João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo” (João 1:29); ou o que o próprio Jesus quis dizer
quando disse: “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido,
mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus
20:28). Bastaria a palavra “resgate” para provocar muitos pensamentos
profundos no judeu pensativo. R. W. Dale declara explicitamente:
Para um judeu um resgate era o dinheiro que um homem pagava para
recuperar a posse de sua herança quando ele a tinha deixado (Levítico
25:25 27); era o preço que ele pagava quando ele comprava a liberdade de
qualquer pessoa que era “um dos seus parentes” que havia se tornado
escravo de um estrangeiro (Levítico 25:47 49); era o que ele dava em troca
pela vida do primogênito de um animal impuro com o qual ele queria ficar,
e que a lei exigia que ele ou redimisse ou destruísse (Números 18:15;
Êxodo 13:13; 34:20); era os cinco siclos que ele tinha de pagar pela vida
de seu filho primogênito (Números 18:16); era o meio siclo que todo

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homem de mais de vinte anos de idade tinha de pagar no censo, para


desviar juízos divinos — “dinheiro das expiações” — um preço que todo
homem pagava por sua vida (Êxodo 30:12,13,16); era o dinheiro que os
pais, a esposa, filho, ou irmão de um homem que havia sido morto por um
boi, já conhecido como animal feroz e perigoso, reivindicasse do dono, e o
dono tinha permissão de viver somente com o pagamento desse dinheiro
(Êxodo 21:29 30). — The At¬onement (A Expiação), pp. 76 77.
Congregational Union of England and Wales, London, 1896.
Boa parte do Antigo Testamento olha para o futuro, em profecia e tipo, para
a pessoa e obra de Cristo, e encontrou seu cumprimento perfeito apenas
nEle; o livro de Hebreus, sendo um comentário divino acerca do
Tabernáculo e seus serviços e sacrifícios, mostra como grande parte do
Antigo Testamento era uma preparação e prefiguração de eventos futuros.
Muitos contemporâneos de Cristo não aceitariam essa verdade, e muitos
hoje vêem a adoração do Antigo Testamento e do Novo Testamento como
dois sistemas de religião totalmente sem relação. Não é nosso propósito

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revisitar o mesmo assunto, que já foi tratado na última seção. Portanto,


passamos a notar o cumprimento dessas coisas pelo Senhor Jesus Cristo,
observando:
I. CRISTO COMPROU A EXPIAÇÃO.
A mediação de Cristo se baseia nesse fato, pois está escrito: “Mas agora
alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma
melhor aliança que está confirmada em melhores promessas” (Hebreus
8:6). “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se
ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências
das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados
recebam a promessa da herança eterna” (Hebreus 9:14-15)
Não era suficiente que Cristo viesse e vivesse uma vida exemplar na terra;
isso jamais poderia redimir alguém, mas Sua presente mediação no céu se
baseia no fato de que Ele derramou Seu sangue pela redenção dos

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pecados cometidos por aqueles que estavam sob a antiga aliança das
obras; de nenhum outro modo eles poderiam se tornar participantes de
promessas melhores. Ele estava cônscio da necessidade disso desde o
começo, pois Ele veio para dar Sua vida “em resgate de muitos” (Mateus
20:28). Muitos textos falam do sofrimento e morte vicária — substitutiva —
de Jesus no lugar dos pecadores, e com isso mostram que Ele realizou
essa expiação; as palavras “redimir”, “redenção” e “resgate” são muitas
vezes usadas para mostrar o aspecto comercial disso, que Ele operou uma
expiação comprada.
O ofício de Jesus como pastor do rebanho também salienta Sua obra
expiatória, pois está escrito: “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua
vida pelas ovelhas. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu
conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ninguém ma tira de mim,
mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar
a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (João 10:11,15,18). Sua
obra expiatória é realizada como substituição pelos eleitos, pois Ele

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entregou Sua vida “pelas” ovelhas. A palavra grega aí traduzida “por”


(huper), como a palavra em português, tem um significado duplo; pode
significar ou “para o benefício de”, ou pode significar “no lugar de”; o
contexto tem de decidir qual dos dois é o sentido tencionado. Nesse caso,
esses dois sentidos se aplicam, pois Cristo morreu em nosso lugar, e por
Seu sofrimento na cruz, Ele obteve a grande bênção da expiação por nós.
Mas jamais devemos nos esquecer de que Ele realizou essa expiação, não
enquanto estava debaixo de algum tipo de pressão, mas enquanto estava
agindo por livre e espontânea vontade; caso contrário a expiação não teria
valor algum para o homem, e teria realmente sido uma injustiça para
Cristo. Foi por esse motivo que Cristo se colocou debaixo da lei e a
guardou com perfeição indo voluntariamente à cruz.
Para que Cristo tivesse responsabilidade diante da lei, em prol da
realização de Sua obra expiatória, era necessário que Ele por livre e
espontânea vontade se colocasse debaixo de sua autoridade, de um modo
tal que as exigências da lei (sem nenhuma idéia arbitrária, mas

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espontaneamente e por direito) viessem até Ele; de modo que a justiça não
só tivesse direito de cobrar dEle, mas também tivesse de aceitar
compensação trazida diretamente por Ele. Que Cristo, quando mediador na
Sua humanidade, não estava preso à lei, por alguma necessidade natural,
já vimos. Dá para se provar de modo abundante a necessidade absoluta de
espontaneidade em Seus sofrimentos. — Samuel Baird, The Elohim
Revealed (A Revelação de Elohim), p. 605. Lindsay and Blakiston,
Philadelphia, 1860.
Com Sua vida e morte extraordinária, Cristo realizou o que a mente do
homem não poderia imaginar, muito menos realizar; a expiação é um
empreendimento divino do começo ao fim. Alexander Carson bem diz:
O homem tem feito muitos esquemas de justiça, mas a expiação de Cristo
é o plano de justiça de Deus. Todos os esquemas de justiça que o homem
inventou foram edificados em cima da lei, mas o plano de justiça de Deus é
sem a lei. Embora esse plano satisfaça a lei, porém a lei não contém
cláusula alguma para esse plano, que está completamente além da lei. A

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substituição de Cristo como sacrifício, embora honre a lei, é uma


constituição soberana do grande legislador… O povo de Deus é justificado,
não por sua própria inocência, ou por suas próprias obras, mas livremente
por Seu favor. Esse favor, embora lhes chegue gratuitamente, porém
chega mediante a redenção que está em Jesus Cristo. — The Doctrine of
the Atonement (A Doutrina da Expiação), pp. 74, 75. Edward H. Fletcher,
New York, 1853.
Esse foi o principal propósito de Cristo ao vir à terra, sofrer e ser
crucificado, e qualquer perspectiva que coloque qualquer outra coisa como
o alvo principal de Sua encarnação é uma perspectiva inadequada de Sua
expiação. É claro que Ele curou grandes multidões, e ensinou verdades
maravilhosas às pessoas, e Ele revelou um Pai amoroso, mas todas essas
características tinham relação secundária com Sua vinda, pois o principal
propósito da Sua vinda era reconciliar com Deus um povo alienado. Vários
textos das Escrituras falam especificamente de Jesus como um sacrifício
reconciliador (Romanos 5:10.11; 2 Coríntios 5:18-21; Efésios 2:16;

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Colossenses 1:20 22), enquanto outros falam dEle como sacrifício


expiatório (Romanos 3:25; Hebreus 2:17; 1 João 2:2; 4:10). E muitos,
muitos outros falam dEle como sendo um sacrifício pelo pecado, dEle
morrendo por nós, dEle sofrendo pelo pecado, etc.
Essa obra expiatória de Cristo foi realizada tanto para Deus quanto para o
homem; isto é, Deus se reconciliou com o homem, e o homem estava se
reconciliando com Deus. Os socinianos e os arminianos sustentam que na
medida em que o homem é aquele que pecou e se desviou, só ele precisa
se reconciliar com Deus. Alguns comentaristas bíblicos (que em outras
questões são coerentes) se iludiram da mesma forma nesse ponto por
temerem que sustentar que Deus se reconciliou com o homem pela obra
de Cristo poderia implicar uma mudança em Deus. C. H. Mackintosh e os
Irmãos de Plymouth geralmente sustentam essa posição, bem como
outras. É verdade que, no que se refere a Seus eleitos, Deus os amou com
amor eterno (Jeremias 31:3), mas, ao mesmo tempo, deve-se reconhecer
que de forma governamental Ele tem de declarar Sua aversão ao pecado

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em quem quer que se ache, e assim até mesmo os eleitos têm de ser
declarados debaixo de Sua ira até o fato de ser reconciliados com Ele; para
preservar a justiça de Deus, a expiação tem de ser para Deus e para o
homem. J. M. Pendleton diz:
Todas as teorias que ensinam que os aspectos da expiação de Cristo são
para o homem e não para Deus virtualmente negam a justiça e santidade
de Deus. A perspectiva correta é que a expiação tem referência tanto a
Deus quanto ao homem. Sua influência salvadora chega até o homem
porque seu mérito propiciatório primeiramente alcança o trono de Deus. É
perda de tempo, pois, falar sobre o que a expiação pode fazer ao homem,
a menos que faça algo pelo governo de Deus. Isso é tão óbvio que aqueles
que dizem que a morte de Cristo não afeta as ações divinas para com os
homens, mas só afeta os homens para com as ações divinas, geralmente
negam que sua morte foi, em qualquer sentido das palavras, um sacrifício
vicário. Não crendo que o Deus de justiça precisava de propiciação a fim
de desviar Sua ira santa dos culpados, eles não conseguem acreditar que

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Jesus morreu como substituto expiador pelos pecadores. Se eles chegam


a usar todas essas palavras como propiciação, expiação, substituição, é de
temer que muitos deles ajam assim a fim de “enganar os simples”. Dizer
que nenhuma influência emana da cruz para Deus equivale a negar todo o
valor da expiação nos sofrimentos de Cristo. — Christian Doctrines
(Doutrinas Cristãs), pp. 233 234. American Baptist Publication Society,
Philadelphia, 1878.
Deve-se admitir que as Escrituras jamais falam de Deus se reconciliando
com o homem, mas há muitas passagens das Escrituras que falam de uma
satisfação sendo prestada a Deus em favor do pecado do homem: “Por
isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para fazer
reconciliação pelos [ou literalmente “uma propiciação”] os pecados do
povo” (Hebreus 2:17). “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito
eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas
consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hebreus

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9:14). “Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos
pecados, está assentado à destra de Deus” (Hebreus 10:12). “E andai em
amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós,
em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5:2)
Não só isso, mas o fato de Jesus ser um mediador é evidência da mesma
coisa, pois “o medianeiro não o é de um só” (Gálatas 3:20), mas de dois.
Se tudo o que era necessário era a reconciliação do homem com Deus,
então um mediador não teria sido necessário, pois então bastaria um
mensageiro para cumprir a tarefa, dizendo ao homem que jamais houve
um rompimento de sua comunhão com Deus, e que tudo o que era
necessário era que ele voltasse para Deus. Jesus sendo o mediador de
uma nova aliança (Hebreus 8:6; 9:15; 12:24), é evidência que a expiação
era tanto para Deus quanto para o homem.
II. CRISTOU COMPROU A EXPIAÇÃO NA CRUZ.
Não era possível que Cristo redimisse o homem mediante Seus ensinos
maravilhosos, nem pela Sua vida sem paralelo, nem mesmo que Ele se

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tornasse mártir da verdade; todos esses elementos entraram na


composição de Sua morte sacrificial, mas nenhum ou todos eles juntos
(sem a obra da cruz de Cristo) em nada teriam ajudado para reconciliar o
homem com Deus. Ele tinha de levar o sofrimento e a maldição da cruz
para realizar uma expiação que seria eficaz ao homem.
Temos de, no começo desta seção, esclarecer um assunto que é causa de
engano e tropeço para muitos. Ao falar da “cruz” geralmente não temos
referência à cruz literal em si, mas em vez disso usamos a cruz como
metonímia — isto é, uma figura de linguagem em que o nome de uma
coisa é usado para aquilo que ela sugere ou para aquilo com que ela tem
ligação. Assim, o que se quer dizer com “cruz” é a obra expiatória de Cristo
que foi realizada na cruz. Se os homens sempre tivessem conseguido
reconhecer que é isso o que se quer dizer com as muitas referências à
cruz no Novo Testamento, jamais teria surgido a superstição nojenta e
ímpia do uso de cruzes reais, a adoração e reza diante de cruzes literais, e
a aceitação de uma cruz literal como símbolo cristão. Só raramente no

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Novo Testamento essa palavra tem referência a uma cruz literal; quase
sempre se refere em vez disso à obra expiatória de Cristo que foi realizada
na cruz do Calvário.
A cruz foi preordenada como o instrumento da morte de Cristo desde o
próprio começo, pois Deus mandou: “Quando também em alguém houver
pecado, digno do juízo de morte, e for morto, e o pendurares num madeiro,
O seu cadáver não permanecerá no madeiro, mas certamente o enterrarás
no mesmo dia; porquanto o pendurado é maldito de Deus” (Deuteronômio
21:22-23). E o cumprimento dessa profecia vem declarado em Gálatas
3:13: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós;
porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”.
Assim uma das partes principais da expiação era Cristo tomando nosso
lugar e levando nossa maldição, pois não seria a nossa posição se não
fôssemos pecadores “dignos do juízo de morte” (Deuteronômio 21:23).
O grande ato de condescendência de Cristo ao ir para a cruz vem descrito
em Filipenses 2:6-8: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por

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usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a


forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte
de cruz”. Repetidamente se frisa o fato de que a cruz era o principal
propósito da vinda de Cristo à terra — realizar uma expiação que
reconciliaria Deus e o homem um com o outro. Sua morte na cruz foi tanto
um ato de obediência ao Pai como um ato redentivo, no que se refere ao
homem, e gerou paz onde antes só existia inimizade: “E que, havendo por
ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que
estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e
inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos
reconciliou No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos
apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis” (Colossenses 1:20-22).
É uma coisa estupenda que haja pessoas que deturpem e se ofendam com
tal expiação graciosa, mas quem geralmente faz isso são aqueles que

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confiam em suas próprias obras, e que vêem como casos perdidos os que
têm menos moralidade e religiosidade do que eles mesmos. Para todos os
propósitos práticos eles rejeitam a obra redentiva de Cristo, muitas vezes
protestando que tal plano gracioso de salvação seria, de fato, uma defesa
para com o pecado. Paulo teve de se deparar com a mesma objeção em
sua época, pois havia então os que objetavam que a graça incentivava os
homens a pecar (veja Romanos 3:8). Alguns haviam dito que se onde
abundava o pecado, a graça abundava ainda mais, então os homens
deviam pecar mais para que a graça abundasse mais (Romanos 6:1). Tal é
o raciocínio dos homens que pensam que eles são suficientes em si
mesmos sem a obra expiatória de Cristo. Para eles, a obra da cruz de
Cristo não é tão valiosa quanto as próprias obras deles.
A importância da obra de Cristo na cruz é percebida em que obteve
remissão de pecados para muitos, conforme Jesus disse na instituição da
Ceia Memorial: “E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo:
Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo

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testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados”


(Mateus 26:27-28)
Ele declarou, aliás, que era para a remissão de pecados que Ele estava
para morrer. A morte dEle poderia realizar outras finalidades, mas num
tempo em que poderíamos com razão supor que a mente dEle estaria
cheia dos objetivos principais e diretos da Sua paixão, esse é apenas um
dos quais Ele fala. Seu sangue foi derramado “para remissão de pecados”.
— R. W. Dale, The Atonement (A Expiação), p. 69. Congregational Union
of England and Wales, London, 1896.
A morte, então, que Ele morreu na cruz foi uma morte única; uma morte tão
diferente que ninguém jamais teve tal experiência. Ele morreu como vítima
inocente, mas levando os pecados de muitos; Ele morreu voluntariamente,
mas compelido pelo amor; Ele morreu na cruz, mas até mesmo quando a
vida de Seu sangue estava terminando, Ele era onipotente, tendo as
chaves da morte e do Hades. Verdadeiramente, aí estava o paradoxo dos

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paradoxos: o Criador sendo morto por Suas criaturas, mas essa morte era
parte integral do plano de Deus, e necessária para a redenção do homem.
A morte de Jesus na cruz foi um sacrifício expiatório, conforme está escrito:
“Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para
demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos,
sob a paciência de Deus” (Romanos 3:25). “Por isso convinha que em tudo
fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo”
(Hebreus 2:17). “E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 João 2:2).
“Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que
ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos
pecados” (1 João 4:10)
A palavra propiciação significa um meio de tornar favorável. Já vimos que a
morte de Cristo não comprou o amor de Deus por nós. Não converteu ódio
em seu oposto. Mas a morte de Cristo foi um meio de tornar Deus

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favorável em que Deus pode agora conceder à raça humana as riquezas


de sua graça em Cristo porque Cristo está agora unido com a raça. Em sua
morte Cristo se identificou eternamente com os homens, e em princípio
toda a plenitude que habitava em Cristo pertence à humanidade… Assim a
expiação dEle era um meio não de fazer Deus nos amar, mas de tornar o
livre exercício de Seu amor possível e coerente com Seu próprio
antagonismo inerente ao pecado. — E. Y. Mullins, The Christian Religion in
Its Doctrinal Expression (A Religião Cristã em Suas Expressões
Doutrinárias), p. 324. Judson Press, Phila¬delphia, 1932.
III. CRISTO COMPROU A EXPIAÇÃO COMPLETAMENTE.
A obra redentiva de Cristo não foi em uma medida parcial; o que Ele
empreendeu fazer, realizou, e Ele tinha sabedoria divina para cumprir esse
plano, de modo que nada faltou ao término dessa transação. Muitas
pessoas dizem que a expiação de Cristo “tornou possível a salvação”, e
que os homens agora têm de contribuir sua parte a fim de que a transação
seja completa e a fim de ter a certeza da salvação. A expiação, porém, não

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é uma provisão abstrata para os pecadores em geral; sua totalidade se


baseia na garantida aplicação de seus benefícios aos alvos escolhidos da
misericórdia de Deus. Depois de se referir a Isaías 53:8; Mateus 1:21;
20:28; João 10:11; Efésios 5:25; Tito 2:14; e Hebreus 2:17, A. W. Pink diz:
Aqui estão sete passagens que deram uma resposta clara e simples à
nossa pergunta, e o testemunho delas, tanto isoladamente quanto
conjuntamente, declaram explicitamente que a morte de Cristo não foi uma
expiação pelo pecado de modo abstrato, nem uma mera expressão do
desprazer de Deus para com a iniqüidade, nem uma satisfação vaga da
justiça divina, mas em vez disso, um preço de resgate pago pela redenção
eterna de certo número de pecadores, e uma satisfação completa pelos
pecadores específicos deles. É a glória da redenção que não meramente
torna Deus aplacável e o homem perdoável, mas que já reconciliou os
pecadores com Deus, removeu seus pecados e aperfeiçoou eternamente
os que Ele separou. — Exposition of the Gospel of John (Exposição do

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Evangelho de João), Vol. II, pp. 221 222. Zondervan Publishing House,
Grand Rapids, Michigan, 1968.
Temos de apenas considerar todos os textos que lidam com a expiação
para ver que a transação foi obra exclusiva do Senhor; o homem só
contribuiu com o pecado. Ele deu “a sua vida em resgate de muitos”
(Mateus 20:28); Ele “deu a Sua vida pelas ovelhas” (João 10:15); Ele
“morreu a seu tempo pelos ímpios” (Romanos 5:6); Ele “se entregou a si
mesmo por mim” (Gálatas 2:20); Ele “foi feito maldição por nós” (Gálatas
3:13); Ele “se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” (1 Timóteo
2:6); Ele “padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para
levar-nos a Deus” (1 Pedro 3:18); “Ele deu a sua vida por nós” (1 João
3:16), etc.
Que Cristo estava sozinho nessa transação é óbvio quando consideramos
que todos os eleitos dos primeiros quatro mil anos da história do mundo já
haviam morrido quando Cristo foi para a cruz, e todos os eleitos dos
próximos dois mil anos não haviam ainda nascido quando ocorreu a

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crucificação, de modo que se o homem tivesse alguma parte nessa


expiação, tudo se aplicaria apenas aos que estavam vivos naquela época.
Contudo, só um punhado daqueles que professavam ser seguidores de
Jesus permaneciam ao redor da cruz quando Jesus morreu, e a maioria
deles eram mulheres. É evidente que Jesus estava sozinho nessa grande
transação, e o homem em nada contribuiu senão com os pecados que
crucificaram o Senhor.
“Mas o homem tem de aceitar esses benefícios da expiação; ele tem de
crer na obra redentiva de Cristo”, dirá alguém. Cremos que é mais bíblico
dizer que o homem crerá em Cristo quando a obra expiatória lhe tiver sido
aplicada, pois é o Espírito Santo que aplica esses benefícios ao homem, e
a aplicação desses benefícios está acima da consciência humana, e seu
primeiro ato depois disso será clamar em fé ao Senhor. A aplicação da
obra expiatória de Cristo a um indivíduo ocorre ao mesmo tempo em que
ele nasce de novo, e a tradução literal de 1 João 5:1 revela que esse fato
acontece antes da fé: “Quem crê (particípio presente) que Jesus é o Cristo

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tem nascido (indicativo perfeito passivo, que indica um fato passado com
conseqüências que continuam até o presente) de Deus”. O mesmo
princípio se aplica aos tempos gramaticais de “crer” e “nascer” em João
1:12 13: o primeiro é tempo verbal presente, mas o segundo é tempo
verbal passado.
A fé em si é dom de Deus, conforme muitos textos nos dizem, e é
conseqüência do novo nascimento, e não sua causa, de modo que de novo
é óbvio que o homem não tem nenhuma parte na realização ou aplicação
da expiação de Cristo. Essa realidade é dura para o orgulho e vaidade
natural do homem, o que explica o motivo por que é uma verdade tão difícil
de receber, mas só ao recebê-la o homem pode prestar a Deus a glória
que Lhe é devida. Veja o Capítulo 9, sobre a Fé.
Mas a obra redentiva de Cristo está completa também no sentido de que é
eternamente eficaz, pois está escrito: “Porque com uma só oblação
aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hebreus 10:14). Com
isso não se quer dizer que as pessoas salvas são automaticamente

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transformadas em seres perfeitos e sem pecado, mas em vez disso lida


com a completa suficiência da expiação, que resultará em tal perfeição
logo que se completar a santificação deles. Uma das coisas que os
homens do mundo acham tão difícil de entender é que quando alguém é
salvo ele recebe uma nova natureza que não mais deseja cumprir os
desejos da carne, e sob a santificação progressiva do Espírito, ele triunfará
mais e mais sobre a carne, e ao receber um novo corpo será totalmente
santificado e o pecado não terá mais lugar nele, nem poder sobre ele. Não
é uma questão de “fazer qualquer coisa que ele queira fazer” depois que
ele é salvo; quando alguém se coloca debaixo da obra redentiva de Cristo,
sua natureza é transformada, e também “a sua vontade”. E. Y. Mullins diz
acerca de Cristo:
Ele é o Criador da raça humana. Quando na expiação Ele assume sua
responsabilidade, é parte da responsabilidade original envolvida em seu
ato criativo. De novo, não é simplesmente o caso de “soltar os criminosos”.
Aqueles que são libertos mediante Cristo não são mais criminosos. Ele os

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transforma em santos de Deus. Ele sustenta uma relação causal com a


vida moral e espiritual deles. Ele os recria moralmente. Numa palavra, o
ato histórico de Cristo na cruz é também o começo de um processo
espiritual vital nos corações humanos. — The Christian Religion In Its
Doctrinal Expression (A Religião Cristã em Sua Expressão Doutrinária), p.
335. Judson Press, Philadelphia, 1932.
Uma das declarações da perfeição da obra expiatória de Cristo se acha em
Hebreus 7:25: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele
se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. O sacrifício
de Cristo foi na verdade finalizado na cruz, mas a mediação desse
sacrifício continua no céu, de modo que Ele não salva pela metade um de
Seus eleitos apenas para vê-lo no fim perdido, mas Ele o salva para
sempre. Assim, a expiação de Cristo garante a segurança eterna dos
salvos, e qualquer perspectiva da expiação que não enxergue esse fato é
uma perspectiva inadequada da obra de Cristo. O próprio fato da
intercessão contínua de Cristo em favor do crente torna impossível que ele

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pudesse chegar a voltar a um estado de alienação de Deus. Ele jamais


conseguirá ser tão pecador e rebelde como era quando Cristo o salvou, e
se Cristo o salvou quando ele estava no máximo de sua pecaminosidade,
certamente Ele poderá continuar a mantê-lo salvo.
Vê-se também a perfeição da obra expiatória de Cristo em sua suficiência
para qualquer homem, em qualquer circunstância; os planos do homem
envolvendo salvação exigem que boas obras tenham sido praticadas
durante um longo período de tempo, mas a expiação de Cristo é suficiente
mesmo para o homem em seu leito de morte, pois se baseia totalmente na
graça de Deus, completamente à parte de qualquer consideração de valor
ou mérito por parte do homem; é por isso que o homem natural tem tal
aversão à expiação de Cristo; rouba-lhe qualquer glória por sua salvação.
Alexander Carson observa:
Mas a glória da expiação brilha de modo ainda mais surpreendente em sua
eficácia para salvar os pecadores, até no momento da morte, livrando-os
dos próprios portões do inferno. Os sistemas mundanos de religião não

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podem dar esperança alguma aos pecadores envelhecidos na maldade;


mas o evangelho fala com a alma, como se estivesse pairando sobre os
lábios do pecador moribundo. A filosofia não pode dar conforto algum ao
travesseiro do homem moribundo, sem hábitos de virtude formados
durante muito tempo; e sem tempo para praticar boas obras a fim de dar
eficácia ao arrependimento, a religião mundana não ousa falar com
nenhuma confiança para o pecador que está morrendo. Mas com a
confiança máxima o evangelho chama o espírito que está partindo para
olhar para Jesus na cruz e ser salvo. Essa doutrina lança o descrédito
máximo em cima da pretensão da virtude filosófica, e é pois abominada por
todo homem que acha que a felicidade futura tem de ser a recompensa de
um curso de dificuldades e disciplina com renúncias pessoais. Essa
perspectiva não coincide com nenhum dos sistemas de sabedoria humana,
que tornam a felicidade futura a questão de uma vida virtuosa, de acordo
com a adequação, natureza ou razão das coisas. É igualmente abominável
para o religioso austero, que acumulou vastos tesouros para obter sua
salvação a partir de seus primeiros hábitos religiosos ou os de longa data,

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sua piedade e sua mortificação. — The Doctrine of the Atonement (A


Doutrina da Expiação), pp. 119 120. Edward H. Fletcher, New York, 1853.
Quando consideramos essas coisas, não é de admirar que essa expiação
completamente suficiente e graciosa seja desprezada e rejeitada pela
vasta maioria do mundo religioso. Essa expiação remove toda razão para o
homem ter orgulho e glória, e atribui tudo a Cristo somente para receber a
devida glória. A grande canção de redenção que os santos glorificados
cantam revela que é somente Cristo que é digno da glória da redenção do
homem: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro,
e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue
compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E
para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a
terra” (Apocalipse 5:9-10)

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A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO
A palavra “expiação” ocorre só uma vez na versão do Rei Tiago em o Novo
Testamento. Vide Romanos 5:11. Aqui está uma tradução de “katallage”.
Este substantivo grego ocorre em três outras passagens: uma vez em
Romanos 11:15, onde está traduzido “reconciliando”; uma vez em 2
Coríntios 5:18, onde está traduzido “reconciliação” e uma vez no verso
seguinte, onde outra vez está traduzido “reconciliação”.
O verbo grego “katallasso”, correspondente ao nome “katallage”, acha-se
também em 2 Coríntios 5:18,19; em Romanos 5:10 e 1 Coríntios 7:11. Em
cada um destes casos está traduzido para significar “reconciliar”.
Segundo o uso do grego, a palavra “expiação” pode ser usada tanto da
provisão da base objetiva de salvação, na qual temos uma expiação
potencial, como da realização atual da salvação, na qual temos uma
expiação atual na aplicação dos benefícios da morte de Cristo e a oferenda
do Seu sangue no templo celestial.

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O verbo grego “katallasso” está usado no primeiro sentido em 2 Coríntios


5:19, onde lemos: “Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo
mesmo, não lhes imputando os seus pecados”. O sentido aqui é que Deus
estava reconciliando o mundo Consigo mesmo por lançar os seus pecados
sobre Cristo. Refere-se, pois, a passagem ao que se realizou na morte de
Cristo e não ao que se realizou através do Seu ministério Profético,
predicante.
É neste sentido que a palavra “expiação” é ordinariamente empregada nas
discussões teológicas, sentido em que a usamos neste capítulo.
I. A IMPORTÂNCIA DA EXPIAÇÃO
A expiação é o tema central do cristianismo. Tudo que a precede, olha para
frente e tudo que a segue olha para ela atrás. Pode-se ver sua importância
revendo os fatos seguintes:
1. ELA É O TRAÇO DISTINTIVO DO CRISTIANISMO

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O cristianismo é a única religião com uma expiação. Conta-se que há


alguns anos passados, quando se reuniu uma Parlamento de Religião na
Exposição de Chicago, Joseph Cook, de Boston, o orador escolhido do
cristianismo, levantou-se, depois de terem sido apresentadas outras
religiões, e disse: “Eis aqui Lady Macbeth com as suas mãos manchadas
com a morte infame do Rei Duncan. Vede-a como perambula pelas salas e
corredores de sua casa palacial, detendo-se para gritar. “Fora, mancha
danada! Nunca mais estas mãos ficarão limpas?” O representante do
cristianismo virou-se para os adeptos de outras religiões e os desafiou
triunfantemente: “Pode alguém de vós que estais tão ansiosos de propagar
vossos sistemas religiosos proporcionar qualquer eficácia purificadora para
o pecado e a culpa do crime de Lady Macbeth? Emudeceram, porque
nenhum deles teve uma expiação a oferecer.
2. ELA VINDICA A SANTIDADE E A JUSTIÇA DE DEUS

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Não podia haver em Deus verdadeira santidade e justiça se Ele permitisse


ao pecado passar impune. A santidade proíbe semelhante encorajamento
do pecado. A justiça requer retribuição.
3. ELA ESTABELECE A LEI DE DEUS
Sem expiação a salvação dos crentes deixaria a lei vã, letra morta. Vide
Romanos 3:31 e Hebreus 2:2.
4. ELA MANIFESTA A GRANDEZA DO SEU AMOR
De nenhum outro modo podia Deus ter manifestado maior amor pelo Seu
povo do que por dar o Seu único Filho unigênito para morrer em lugar dele
povo. Vide João 3:16, 15:13; Romanos 5:8; I João 4:9.
5. ELA PROVA A AUTORIDADE DIVINA DOS SACRIFÍCIOS DO VELHO
TESTAMENTO
Vemos na expiação de Cristo o antítipo mais belo dos sacrifícios do Velho
Testamento. E vemos nesses sacrifícios um método efetivo de apontar à
necessidade de expiação e um tal quadro da expiação real como guiaria o
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iluminamento a espiritualmente inculcar através do véu de sombra à


verdadeira luz. A divina autoridade dos sacrifícios do Velho Testamento
não apresenta dificuldades ao que crê que a morte de Cristo foi
substitucionária; mas, os que desejam negar este último fato também
sabem que Deus instituiu os sacrifícios de animais do Velho Testamento.
6. ELA FORNECE A PROVA DEFINITIVA DOS SISTEMAS TEOLÓGICOS
Por sua atitude para com a expiação, os sistemas teológicos classificam-se
em pagãos ou cristãos. A oposição deles quanto à expiação também
reflete sua idéia da natureza de Deus, de Sua Lei e do pecado.
II. A NATUREZA DA EXPIAÇÃO
1. IDÉIAS FALSAS DA EXPIAÇÃO
(1). A idéia governamental
Esta idéia sustenta que o propósito da expiação foi impedir que o perdão
dos pecadores por Deus encorajasse o pecado. A salvação dos pecadores
não exige que eles levem a penalidade dos seus pecados. O seu virar do
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pecado para Deus é suficiente para justificar Deus em salva-los; mas o


perdão dos culpados, sem alguma exibição do ódio de Deus contra o
pecado e de Sua consideração pela Lei, licenciaria o pecado e roubaria
qualquer autoridade sobre as consciências dos homens.
(2). A idéia de exemplo
Esta idéia sustenta em comum com a governamental que a morte de Cristo
não foi substitucionária: sustenta que Deus não precisou de ser propiciado
em benefício do pecador; que o único óbice à salvação dos pecadores jaz
na prática contínua do pecado pelo pecador. Reforma, portanto, é o
remédio adequado e isto pode ser efetuado pela própria vontade do
homem. Para encorajar-nos nisto Jesus morreu como um nobre mártir,
exemplificando uma devoção abnegada que escolheu a morte antes que
falhasse do Seu dever a Deus e ao homem. Somos salvos, não por confiar
nEle como nosso porta-pecado senão por confiar em Deus segundo Seu
exemplo e assim devotando-nos à justiça.
(3). A idéia de Influência Moral.

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Esta idéia sustenta em comum com ambas as primeiras que o pecado não
traz culpa que deva ser removida: não é a culpa senão a prática do pecado
que impede a salvação. A morte de Cristo foi somente uma exibição de
amor para abrandar o coração do homem e leva-lo ao arrependimento. “Os
sofrimentos foram necessários, não para remover um obstáculo ao perdão
de pecadores que existe na mente de Deus senão para convencer os
pecadores de que não existe tal obstáculo” (Strong).
(4). A idéia de depravação gradualmente extirpada.
Esta idéia está definida por Strong como segue:
“Cristo tomou a natureza humana como ela estava em Adão, não antes
mas depois da queda, - a natureza humana, portanto, com a corrupção
nata e predisposta para o mal moral; que, não obstante a possessão desta
natureza inquinada e depravada, Cristo, pelo poder do Espírito Santo, ou
de Sua divina natureza, não só guardou Sua natureza humana de se
manifestar em pecado atual ou pessoal, mas purificou-a gradualmente, por
meio de luta e sofrimento até que na Sua morte Ele extirpou

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completamente sua depravação original e a reuniu com Deus. Esta


purificação subjetiva da natureza humana na pessoa de Jesus constitui
Sua expiação e os homens não são salvos por qualquer propiciação
objetiva senão somente por se tornarem através da fé participantes da
nova humanidade de Cristo”.
Há outras duas idéias da expiação que os teólogos comumente discutem
sob teorias falsas ou inadequadas da expiação aqui não daremos
tratamento especial. Referimo-nos a idéia de acidentes e à comercial. A
primeira sustenta que a morte de Cristo foi um acidente imprevisto e não
antecipado por Cristo. Esta idéia é tão manifestamente absurda que não
merece aqui o espaço que ela tomaria para refuta-la. Não damos aqui
atenção especial à idéia comercial da expiação porque ela envolve tanta
verdade que achará exame sob a epígrafe da idéia correta da expiação.
2. A IDÉIA CORRETA DA EXPIAÇÃO.
A idéia correta da expiação, que concebemos como sendo a correta,
reconhece o elemento de verdade em cada uma das seguintes teorias que

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tem recebido especial menção e também combina o que são


costumeiramente chamadas idéias comercial e ética, mas esta vai mais
longe do que qualquer delas.
(1). Verdades reconhecidas noutras idéias.
A. Uma falha em punir o pecado derrubaria o governo divino.
Este é o elemento de verdade na idéia governamental, mas isto é só um
dos muitos elementos de verdade envolvidos na expiação. Uma simples
exibição do ódio de Deus contra o pecado sem medir uma justa
penalidade, portanto, não consegue e não conserva inteiramente os
interesses do governo divino. Qualquer exibição do ódio divino para com o
pecado agirá como um óbice ao pecado e assim tenderá a manter governo,
mas, até ao ponto em que essa exibição do ódio divino se fruste da justa
penalidade, ela fracassa em fornecer um óbide ao pecado que honre
completamente o governo divino.
B. Na morte de Cristo temos um exemplo inspirador.

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É um exemplo de abnegada devoção a Deus e ao homem. E o povo salvo


(não os perdidos) são mandados seguir este exemplo. Vide Mateus 16:24;
Romanos 8:17; 1 Pedro 2:21, 3:17 e 18; 4:1 e 2. Mas, que Cristo não
morreu meramente como um nobre mártir, evidente é de Sua própria
atitude para com a Sua morte. Se Ele morreu apenas como exemplo, então
Ele supriu exemplo muito pobre. Muitos mártires humanos tem ido para a
fogueira sem um sinal de angustia; todavia, o Senhor Jesus Cristo suou
como se fossem grandes gotas de sangue no horto. Muitos mártires
desfrutaram um vívido senso da presença de Deus na hora da morte, mas
o Senhor Jesus Cristo foi desertado pelo Pai na hora da morte. Contrastai
a atitude de Cristo perante a morte com a de Paulo.
C. Na morte de Cristo temos uma exibição de amor de Deus.
Vide João 3:16; Romanos 5:8; 15:13; 1 João 4:9. E esta exibição deveria
mover os homens ao arrependimento. Este é o elemento de verdade na
idéia de influência moral da expiação; mas, que a expiação foi mais do que

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uma simples exibição de amor far-se-á manifesta ao passo que


avançamos.
D. Através da morte de Cristo somos feitos participantes da vida de Cristo.
Vide 2 Coríntios 4:11; 5:14-17; 12:9 e 10; Gálatas 2:20; 2 Pedro 1:4. Este é
o elemento de verdade na idéia de depravação gradualmente extirpada da
expiação; mas, atingimos esta nova vida em Cristo em conjunção com a fé
nEle como nosso porta-pecado. Esta idéia recém mencionada nega:
(2). Outras verdades reconhecidas.
A verdadeira idéia da expiação reconhece todas as verdades das outras
idéias, mas reconhece mais. Erram os que acentuam um elemento de
verdade com exclusão de outros.
Outras verdades reconhecidas pela verdadeira idéia da expiação, são:
A. A verdade quanto à natureza de Deus.

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Tudo das falsas idéias a que temos dado especial atenção nega que haja
qualquer obstáculo que seja em a natureza de Deus ao perdão dos
pecadores. O entrave supõe-se ser todo ele de parte do pecador. O
sofrimento de Cristo não foi em nenhum sentido uma satisfação de
qualquer princípio em a natureza divina.
Assim estas idéias negam, logicamente, a santidade e justiça de Deus.
Elas representam Deus como sendo somente amor. A ira retribuitiva contra
o pecado não é elemento da natureza divina.
Que essa idéias são falsas em respeito à idéia da natureza divina suprida
por elas é evidente de Romanos 3:25,26. Aqui se nos diz que Deus
estabeleceu a Jesus Cristo não simplesmente como uma exibição cênica
do seu ódio contra o pecado para servir às exigências do Seu governo;
nem como um exemplo de abnegada devoção ao dever; nem como
simples manifestação de amor através do sofrimento do Criador com a
criatura; nem ainda como o meio de purificação subjetiva da natureza

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humana senão como cobertura do pecado (pela expiação), que Sua justiça
não fosse impugnada na justificação de homens pecadores.
B. A verdade quanto à natureza da Lei.
Tudo das falsas idéias de expiação a que temos dado especial atenção
representa a Lei de Deus como uma indicação puramente arbitrária que
pode ser relaxada parcial ou totalmente à vontade em vez de uma
revelação da natureza de Deus com nenhuma possibilidade mais de
mudança nos seus requisitos do que há de mudanças em a natureza de
Deus. Ela requer um olho por um olho e um dente por um dente; requer
que toda transgressão e desobediência deve receber uma justa
recompensa de prêmio. Hebreus 2:2. Toda idéia da expiação que for
correta deve reconhecer isto.
C. A verdade quanto à culpa do pecado.
Que essas falsas idéias sob consideração negam que o pecado nos
envolve em culpa objetiva que exige expiação. As passagens seguintes

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ensinam que ele envolve: João 3:36; Romanos 1:18; 2:5,6; 3:19; 6:23;
Gálatas 3:10; Efésios 5:5,6; Colossenses 3:5,6; Apocalipse 20:13.
D. A verdade quanto à natureza substitucionária da expiação.
As passagens seguintes mostram que o sofrimento de Cristo foi um
substituto do sofrimento que os crentes suportariam no inferno:
“Seguramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas
dores levou sobre Si; nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e
oprimido. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo seu caminho. Porém o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade
de nós todos” (Isaías 53:4-6).
“... sendo justificados livremente pela Sua graça, pela redenção que está
em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para ser uma propiciação, pela fé no
Seu sangue, para demonstração da Sua justiça, pela remissão dos
pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para a demonstração
da Sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a

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paciência de Deus; para a demonstração, digo, da Sua justiça neste tempo


presente, para que Ele seja justo e justificador daquele que tem fé em
Jesus” (Romanos 3:24-25). Propiciação é um sinônimo de expiação, que
significa “aturar a penalidade toda de um erro ou crime”. A propiciação
aplaca o legislador por satisfazer a Lei na “cessão de um equivalente legal
completo pelo mal causado”.
“... Cristo morreu por nós. Muito mais então, sendo justificados pelo Seu
sangue seremos salvos da ira de Deus por meio dele.” (Romanos 5:8,9).
“Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus” (Romanos 8:33). A
resposta implicada é: Ninguém! E a implícita razão é: Porque Cristo pagou
sua dívida de pecado padecendo a penalidade da Lei em seu lugar.
“Cristo é o fim da Lei para justiça de todo aquele que crê.” (Romanos 10:4).
“... nossa páscoa também foi sacrificada, mesmo Cristo.” (1 Coríntios 5:7).
“... Cristo morreu por nossos pecados, segundo a Escritura” (I Coríntios
15:3).

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“Aquele que não conheceu pecado. Fê-lo pecado por nós, para que nEle
fossemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5:21). Nós nos tornamos
justiça de Deus em Cristo, não por meio de qualquer influência moral da
morte de Cristo sobre nós, mas pela imputação a nós da justiça através da
fé sem as obras.
“... Cristo entregou-Se por nós, em oferta e sacrifício a Deus ...” (Efésios
5:2)
“... ofereceu para sempre um sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:12).
“Porque Cristo também sofreu pelos pecados uma vez, o justo pelos
injustos, para que nos trouxesse a Deus ...” (I Pedro 3:18).
E. A verdade quanto aos aspectos redentores e resgatadores da expiação.
Notai as seguintes passagens:
“O Filho do homem não veio para ser ministrado, mas a ministrar e dar Sua
vida em resgate por muitos” (Mateus 20:28).

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“Mas dEle sois vós em Cristo Jesus, que nos foi feito sabedoria de Deus,
justiça e santificação e redenção.” (1 Coríntios 1:30).
“Cristo nos redimiu da maldição da Lei, fazendo-Se maldição por nós”
(Gálatas 3:13).
“Deus propôs Seu Filho ... para que redimisse os que estavam sob a Lei ”
(Gálatas 4:4,5).
“... em Quem temos redenção por Seu sangue, o perdão de nossos delitos,
segundo as riquezas de Sua graça” (Efésios 1:7).
“... que Se deu em resgate por todos” (1 Timóteo 2:6).
“... que Se deu a Si mesmo por nós para que nos redimisse de toda a
iniqüidade” (Tito 2:14).
“... pelo Seu próprio sangue entrou uma vez por todas no lugar santo,
tendo obtido redenção eterna” (Hebreus 9:12).

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“Fostes redimidos ... com sangue precioso... mesmo o de Cristo” (1 Pedro


1:18-19).
“... foste morto e remiste para Deus com o Teu sangue homens de toda a
tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse. 5:9).
Nas passagens supra, nas quais “redimir” ou uma de suas cognatas
aparece, temos quatro palavras gregas ou suas cognatas: “agorazo”,
significando “adquirir no fórum”; “exagorazo”, “adquirir do fórum”; “lutroo”,
“soltar por um preço”; “apolutrosis”, “libertar”. As palavras gregas nas
passagens em que “resgate” aparece são, respectivamente, “Lutron”, “um
preço” e “antilutron”, “um preço correspondente”. O sentido claro dessas
passagens, à luz do resto do Novo Testamento, especialmente Romanos
3:25-26, é que a morte de Cristo foi o preço de nosso livramento da
penalidade do pecado. Vide mais além Romanos 8:33,34; 10:4; Gálatas
3:13 descreve exatamente como somos redimidos quando nos diz que
somos remidos da maldição da Lei por meio de Cristo, que se fez uma

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maldição por nós. Ele pagou a penalidade que nós devíamos. Por essa
razão vamos livres.
Notai que “resgate”em 1Timóteo 2:6 significa “um preço correspondente”.
Isto quer dizer que o preço saldado por Cristo correspondeu à dívida que
devíamos. Em outras palavras, Cristo sofreu o equivalente exato daquilo
que teriam de sofrer no inferno aqueles por quem Ele padeceu. Se a justiça
de Deus exigiu que Cristo morresse para que Deus justificasse pecadores,
a mesma justiça exigiu que Ele pague a penalidade toda devida pelos
pecadores. A justiça tanto pode arcar com toda a penalidade como tão
facilmente arcar com a mínima parte dela.
“Porque Deus tomar como satisfação o que realmente não é tal é dizer que
não há verdade em nada. Deus pode tomar a parte pelo todo; o erro pela
verdade, o erro pelo acertado ... Se toda a coisa criada oferecida a Deus
vale justamente tanto como Deus a aceita, então o sangue de touros e
bodes podia tirar pecados e Cristo está morto em vão” (Hodge, Syst. Theol.
2:573-81; 3:188-9).

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“Deus não mandou Cristo ao inferno para sempre, mas Ele pôs na punição
de Cristo o equivalente disso. Ainda que Ele não deu a Cristo beber o
inferno atual de crentes, contudo deu-Lhe um quid pro quo – algo
equivalente disso. Ele tomou o copo da agonia de Cristo e nele botou
sofrimento, miséria e angústia ... o que foi o equivalente exato de todo o
sofrimento, toda a desgraça e todas as torturas eternas de todo aquele que
por fim estará no céu, comprado com o sangue de Cristo” (Spurgeon,
Sermões, Vol. 4, pág. 217).
“A penalidade paga por Cristo é estrita e literalmente equivalente à que o
pecador teria de levar, conquanto não seja idêntica. O porte vicário dela
exclui a última” (Shedd, Discourses and Essays, pág. 307).
“A substituição exclui identidade de sofrimento; não exclui equivalência”
(Strong, Systematic Theology, pág. 420).
Algumas vezes os oponentes à natureza resgatadora e redentora da morte
de Cristo perguntam a quem foi pago o preço. E eles um tanto
sarcasticamente lembram-nos que alguns se apressaram em dizer que foi

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pago ao diabo. Não, não foi pago ao diabo; como uma transação
comercial, não foi pago a ninguém. Os termos são figurativos. Mas o
resultado é o mesmo como se a transação fora de natureza comercial. O
preço é a penalidade exigida pela justiça de Deus.
Adotamos, portanto, como a verdadeira idéia da natureza da expiação,
uma idéia que combina as teorias comercial e ética como estão descritas
por Strong. Da teoria comercial aceitamos a idéia expressa em 1 Timóteo
2:6 – o pagamento de um preço correspondente ou equivalente. E, da
teoria ética, aceitamos o fato que não foram a honra e a majestade divinas
que exigiram a expiação, segundo afirma a idéia comercial, mas os
princípios éticos da santidade e justiça de Deus.
III. A EXPIAÇÃO E A DEIDADE DE CRISTO
Objeta-se algumas vezes que Cristo não podia ter sofrido em poucas horas
o equivalente do sofrimento eterno do pecador no inferno, mas esta
objeção deixa de tomar em consideração o fato que Cristo era divino e,
portanto, infinito em habilidade para sofrer. Ele disse que nenhum homem

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podia tomar-Lhe a vida; que dEle mesmo a daria. Tendo o poder, portanto
de reter Sua vida, à vontade, Ele a reteve através de tamanha intensidade
de sofrimento que Ele tragou as últimas feses do veneno do inferno por
todos aqueles a serem salvos por Ele. O que pecadores crentes teriam
sofrido extensivamente, por serem finitos, Cristo sofreu intensivamente, por
ser infinito. Um homem com uma constituição dez vezes tão forte como a
que o homem médio pode sofrer em um segundo o equivalente de tudo
que o homem mediano pode sofrer em dez. Correspondentemente um ser
infinito pode suportar qualquer porção de sofrimento num tempo tão breve
quanto lhe apraza faze-lo.
IV. A EXPIAÇÃO E A HUMANIDADE DE CRISTO
Enquanto foi necessário que Cristo seja divino para suportar numas poucas
horas o sofrimento eterno devido a pecadores crentes, também foi
necessário que Ele seja humano para suportar o equivalente daquilo que
os seres humanos são para aturar no inferno.

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Talvez foi necessário também que Cristo seja organicamente um com o


homem para faze-lo perfeitamente apropriado para Deus aceitar o Seu
sofrimento como um substituto para o do homem. Somos responsáveis
pela apostasia de Adão porque fomos organicamente um com Adão, da
qual os anjos não participaram e em cuja queda não nos envolvemos.
Assim parece claro que não teria sido segundo a filosofia divina colocar
nossa responsabilidade sobre Cristo sem Ele tornar-se organicamente um
conosco.
V. A EXTENSÃO DA EXPIAÇÃO
Há três teorias quanto à extensão da expiação.
1. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO GERAL PARCIAL
Referimo-nos aqui à noção que Cristo pagou a penalidade pelo pecado de
Adão na raça inteira. Esta idéia é sustentada em conjunção, usualmente,
com a idéia de uma suposta base provisional para a salvação de todos os
homens, mas sua natureza necessita de que a tratemos separadamente.

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Pensa-se, por alguns, que esta teoria é necessária para explicar a


salvação daqueles que morrem na infância e imbecilidade nata, mas
mostramos uma base escriturística para a salvação dos tais sem esta
teoria.
João 1:29 é o passo principal citado como uma base para esta teoria. A
forma singular de “pecado” acentua-se como se referindo ao pecado de
Adão; mas o argumento não tem força, porque há outras numerosas
passagens em que se usa o singular em referência aos pecados pessoais
de homens num sentido coletivo. Vide Romanos 3:20; 4:8; 6:1; Hebreus
9:26.
Esta teoria supõe que o efeito do pecado de Adão sobre a raça é duplo: (1)
imputação de culpa pelo ato ostensivo de Adão em participar do fruto
proibido e (2) corrupção da natureza. E implica que a culpa pode ser
imputada à parte da corrupção. Isto nós negamos redondamente. Nós
tornamos culpados por meio de sua prioridade natural e da qual herdamos
uma natureza corrupta. Estamos sob a penalidade do pecado porque

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pecamos em Adão, sendo nossa natureza uma com ele. Romanos 5:12. Se
a culpa fosse imputada sem corrupção, então a Lei exigiu a morte de
Cristo, porque Ele teve uma natureza humana; mas a idéia que Ele morreu
em qualquer sentido para Si mesmo é totalmente estranha à Escritura. Ele
em toda a parte se descreve e se apresenta sem nenhuma culpa de Si
mesmo, mas como levando a culpa dos outros. Se Lhe foi imputada culpa
pelo pecado adâmico, como necessariamente era o caso se esta culpa é
imputada a todo descendente de Adão à parte de corrupção, então Ele
conheceu pecado, mas a Escritura diz que Ele não conheceu pecado.
2. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO GERAL.
(1) A teoria apresentada.
A teoria de uma expiação geral é que Cristo morreu para cada filho de
Adão – para um tanto como para outros (* ), removendo do caminho da
salvação de todos os homens impedimentos legais e fazendo-a
objetivamente possível a cada ouvinte do Evangelho salvar-se. Diz Strong:
“As Escrituras representam a expiação como tendo sido feita para todos os

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homens e como suficiente para a salvação de todos. A expiação, portanto,


não está limitada senão a aplicação da expiação.” E outra vez: “A expiação
de Cristo fez provisão objetiva para a salvação de todos, por remover da
mente divina todo obstáculo ao perdão e restauração dos pecadores,
exceto sua contumaz oposição a Deus e recusa de virar-se para Ele.” Diz
Andrew Fuller que, se a expiação é vista meramente quanto “ao que ela é
suficiente em si mesma e declarada no Evangelho estar adaptada para, ...
foi para pecadores como pecadores”; mas que, em “respeito ao propósito
do Pai em dar Seu Filho para morrer e ao designo de Cristo em ceder Sua
vida, foi para os eleitos só.”
Esta teoria da expiação é algumas vezes sumarizada pelo dito que a
expiação foi suficiente para todos, mas suficiente somente para os eleitos
ou, como alguns prefeririam, para aqueles que crêem. Ou, para pô-lo de
outra maneira, diz-se muitas vezes que Cristo é o Salvador de todos os
homens provisional e especial ou efetivamente de crentes.

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Outros têm imaginado que o sacrifício no Calvário foi para todos, mas que
a oferenda do sangue de Cristo no céu foi para os eleitos.
Tudo dessas afirmações dá na mesma coisa – uma expiação geral com
uma aplicação ou designio limitados. Isto cremos e esperamos provar que
é uma contradição em termos, contrária à razão, repugnamente à natureza
de Deus e não segundo uma interpretação homogênea da Escritura.
(2). A teoria desaprovada.
A. Esta teoria não provê satisfação real da justiça de Deus, ou ela envolve
a Deus na injustiça de punir aqueles para quem a justiça foi satisfeita. Eis-
aqui um dilema e cada advogado de uma expiação geral escolha a ponta
em que se pendure. Uma dessas proposições deve ser verdadeira.
A primeira proposição é, provavelmente, a que mais advogados de uma
expiação geral são logicamente forçados a aceitar. Nenhuma dúvida que
os mais deles subscreveriam a declaração que, se tivesse havido só um
pecador para salvar, teria sido necessário a Cristo ter sofrido exata e

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identicamente o que Ele padeceu. Diz Boyce: “O que Cristo precisou fazer
por um homem teria sido suficiente para todos” (Abstract of Theology, pág.
314). Diz Strong: “Cristo não precisaria de sofrer mais, se todos fossem
salvos” (Sytematic Theology, pág. 422).
Esta noção quanto ao sofrimento de Cristo é totalmente inconsistente com
a justiça. Mil pecadores no inferno, merecendo todos o mesmo grau de
punição, sofrerão mil vezes tanto como sofrerá cada um deles
individualmente. Tomará isto para satisfazer a justiça. Ficará a justiça
satisfeita agora em Cristo por todos os mil, se Cristo sofre apenas tanto
como sofreria um pecador? Em outras palavras, a justiça exige uma coisa
dos pecadores mesmos e outra de Cristo como substituto deles? É isto
exatamente o que a teoria de uma expiação geral envolve.
A teoria de uma expiação geral não satisfaz a justiça mais do que a teoria
governamental. Na morte de Cristo, segundo a teoria de uma expiação
geral, temos apenas uma exibição cênica da ira de Deus contra o pecado;
então Deus aplica, à vontade, os benefícios disto a quem queira. Noutras

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palavras, em vista do que Cristo fez, Deus relaxa a justiça rigorosa e salva
uma multidão incontável de pecadores que mereciam o inferno, para os
quais a justiça não foi atualmente satisfeita. De modo que, em vez de a
morte de Cristo proporcionar a Deus o meio de ser justo e ao mesmo
tempo salvar pecadores crentes, O habilitar a relaxar Sua justiça.
A única maneira de escapar desta última proposição é considerar o
arrependimento, a fé e a obediência dos que se salvam como completando
o que está faltando na morte de Cristo. Os arminianos podem dizer isto
(contudo alguns deles não consideram arrependimento, fé e obediência
como sendo meritórios na salvação), mas outros não podem sem render
sua crença na salvação como sendo inteiramente da graça de Deus.
Alguns podem tentar escapar ao dilema estabelecido no primeiro parágrafo
sob esta epígrafe por afirmarem que Cristo sofreu atualmente pelos
pecados de todos os homens e que os perdidos no inferno sofrerão apenas
pelo pecado de incredulidade continuada. Diversas coisas podiam ser ditas
em refutação desta idéia. (1) Deixa o pagão que não ouviu o Evangelho

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sem sofrer nada no inferno, porque nenhum homem pode ser acusado
justamente por não crer em um de quem nunca ouviu falar. Romanos
10:14. Que Deus não acusará aqueles que nunca ouvem o Evangelho do
pecado de incredulidade está claro em Romanos 2:12, que nos informa
que Deus não julgará pela Lei os que nunca ouviram a Lei. Deus os julgará
somente à luz de suas próprias consciências. Romanos 2:14,15. Alguém
deve pecar contra a luz antes de poder ser justamente punido por
desobediência. Daí, se ninguém sofrerá no inferno por qualquer pecado,
exceto o pecado de incredulidade continuada, os que nunca ouvem o
Evangelho nada terão por que pagar. (2) Todo crente era culpado do
pecado de incredulidade desde o tempo de ouvir o Evangelho até ao tempo
de o aceitar. Este pecado de incredulidade, sem dúvida, teve de ser
expiado como qualquer outro pecado. Assim Cristo sofreu pelo pecado de
incredulidade por aqueles que estão salvos. Agora, se Ele morreu por
todos, por um tanto como por outro, o que é necessário se a salvação era
para ser feita possível a todos, então Ele morreu pelo pecado de
incredulidade por todos os homens. Isto deixa a qualquer que for para o

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inferno absolutamente sem pecado algum por que sofrer. Se Cristo não
morreu pelo pecado de incredulidade de todos que o cometeram, então Ele
não morreu suficientemente para a salvação de todos. (3) A Bíblia
claramente ensina que os perdidos no inferno sofrerão por todos os seus
pecados. Romanos 2:5,6; 2 Coríntios 5:10; Efésios 5:5,6; 2 Pedro 2:9-13;
A. S. V.; Apocalipse 20:13.
B. Esta teoria é fútil, naquilo em que ela não é necessária como uma base
de qualquer fato escriturístico, dever, ou resultado, ou como prova de
qualquer verdade revelada.
(a). Não se discute que Deus estava sob a obrigação de prover redenção
por todos os homens, sem exceção, porque um argumento tal excluiria a
graça da expiação. A graça quer dizer não somente favor imerecido senão
também favor não devido. Graça e obrigação excluem-se mutuamente.
Ainda mais, se Deus foi obrigado a prover redenção por todo filho de Adão,
da mesma maneira Ele seria obrigado a dar a cada um a habilidade de

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receber essa redenção pela fé. Isto Deus não fez, segundo mostramos no
prévio capítulo sobre a eleição (*).
(b). Ademais, não era necessário que Deus provesse uma expiação geral
para fazer os homens responsáveis pela rejeição de Cristo. Os homens
rejeitam a Cristo, não por causa de uma falta de expiação para eles, mas
por causa de amarem as trevas mais do que a luz (João 3:19); por causa
de não quererem que Ele reine sobre eles (Lucas 19:14).
(c). Nem foi necessário que Cristo morresse por toda a raça adâmica para
que Deus fizesse sincera Sua chamada geral. É da noção de alguns que a
chamada geral de Deus requer de todos os homens crerem que Cristo
morreu por eles. Isto não é verdade. Os vinte e oito capítulos de Atos,
“ainda que repletos de informações sobre relações apostólicas com as
almas, não arquivam precedente algum que seja desse discurso agora
popular aos inconvertidos – Cristo morreu por vós (Sanger, Os
Redimidos)”. “Todos os homens são chamados na Escritura a crerem no
Evangelho, mas não há um caso na Escritura em que os homens são

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intimados a crer que Cristo morreu por eles.” (Carson, “The Doctrine of the
Atonement and Other Treatises”, Pag. 146).
A ilustração seguinte de “O sangue de Jesus”, por William Reid, pág. 37,
também mostra a compatibilidade de uma expiação limitada e os convites
gerais do Evangelho. Após descrever passageiros tomando um trem na
Estação de Aberdeen, Estrada de Ferro Nordeste, diz ele:
“Nem eu vi qualquer um recusando-se entrar porque o carro proveu só um
número limitado de seguir por aquele trem. Podia haver oitenta mil
habitantes na cidade e nos seus arredores, mas não haver ainda assim
alguém que falasse disso como absurdo prover acomodação só para umas
vinte pessoas porque, praticamente, descobriu-se ser suficiente...”
“Deus, na sua infinita sabedoria, fez provisão de uma espécie semelhante
para todo o nosso mundo perdido. Proveu um trem de graça para levar ao
céu tantos dos seus habitantes, a grande metrópole do universo, quantos
estão dispostos a se aproveitarem das provisões graciosas”.

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Supondo que Deus tivesse esperado até o fim antes de mandar Cristo
morrer (como Ele podia ter feito só tão facilmente como Ele esperou quatro
mil anos depois que o pecado entrou no mundo antes de mandar a Cristo),
e o tivesse então mandado para morrer por todos que tivessem crido. Teria
então sido manifesto que uma expiação limitada não oferece obstáculo a
salvação de qualquer homem que não existe já por causa da perversidade
da natureza do homem. Está claro, seguramente, a toda pessoa pensante,
que a ocorrência da morte de Cristo há dois mil anos não altera o caso,
porque Ele morreu por todos que crerem, estes tendo sido conhecidos de
Deus desde a eternidade tão completamente como serão no fim.
Insinuamos que Deus está tanto sob a obrigação de remover a inabilidade
espiritual do homem para vir a Cristo como está para prover-lhe uma
expiação. Em outras palavras, a perversidade da natureza do homem faz
sua salvação tão impossível de um ponto de vista como faz a ausência de
uma expiação.

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Mas alguns podem abrir uma exceção a isto, dizendo que, enquanto a
perversidade de natureza do homem cria uma impossibilidade moral, a
falta de expiação fornece uma impossibilidade natural. Respondemos que
isto está correto, mas a impossibilidade moral é primária e é absoluta;
portanto, a impossibilidade natural não pode fornecer nenhum entrave
mais.
(d). Também não é necessário uma expiação geral à manifestação do
amor de Deus. A provisão de uma expiação sem efeito não revelaria nada
senão um amor cego e fútil. É desta espécie de amor de Deus? Não, na
verdade, o amor de Deus é inteligente, intencionado, soberano, efetivo. O
amor redentivo de Deus está totalmente fundado dentro dEle mesmo e não
procede de modo algum de os objetos dele serem amorosos, nem porque
mereçam qualquer coisa boa de Suas mãos; logo, este amor está
inteiramente sujeito à Sua soberana vontade (Deuteronômio 10:15 ;
Romanos 9:13). Dispensar Seu favor a objetos eleitos é do seu prazer
gracioso, imanente e particular.

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(e). Uma expiação universal, finalmente, não é necessária para a


manutenção do zelo evangelístico e do espírito missionário. Admite-se
livremente que tem havido quem sustentou uma expiação limitada cujo zelo
evangelístico esteve longe do que devera ter sido. Todavia, a falta não
estava nessa doutrina senão na sua falta em ver e crer outras verdades.
Com muitos, incluindo os nobres valdenses e albingenses, bem como
Spurgeon e muitos outros de grande marca, transbordante zelo
evangelístico e forte crença numa expiação limitada, tem morado lado a
lado na mais gloriosa harmonia. De fato, a crença numa expiação limitada,
em razões que aqui não dispomos de espaço para discutir, deveria fazer
homens mais evangelísticos do que a crença numa expiação geral,
guardando-os, entrementes, de excessos dolorosos.
3. A TEORIA DE UMA EXPIAÇÃO LIMITADA
(1). A teoria apresentada.
A teoria de uma expiação limitada sustenta que Cristo morreu para os
eleitos e só para eles; que o valor e desígnio ou aplicação, a suficiência e a

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deficiência dela são as mesmas; que Cristo, em nenhum sentido que seja,
morreu por qualquer que perece no inferno. A isto damos o nosso endosso
feliz e incondicional.
(2). A teoria prova
A. Argumentos de outros homens.
“Todos aqueles por quem Cristo deu a sua vida em resgate ou estão por
ela resgatados, ou não estão; que todos não estão resgatados ou remidos
do pecado, da Lei, de Satã e da segunda morte, é evidente ... Agora, se
alguns por quem Cristo deu Sua vida em resgate, não estão resgatados,
então essa absurdidade chocante ... segue ... a saber, que Cristo está
morto em vão, ou que, em última análise, Ele deu Sua vida como um
resgate em vão; pelo que será retamente concluído que Ele não deu sua
vida em resgate por todo homem individualmente” (John Gill, The Cause of
God and Truth, pág. 98).

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“As provas da Escritura assim chamadas de Redenção Universal


dependem de suposição humana, não da simples Palavra. Assim, quanto
ao que concerne à “propiciação pelos pecados de todo mundo”, é-nos dito
que a palavra “mundo” deve significar toda pessoa no mundo. Mas, porque
deve significar isto? Essa é a pergunta sem resposta. A palavra “mundo”
quer dizer muitas coisas diferentes na Palavra de Deus, sobre as quais
vide Crudens Concordance. Só a relação textual é o seu verdadeiro
intérprete. Decretar que ela deve significar isto ou aquilo não é senão
indulgir em prosa temerária e ociosa” (Sanger, The Redeemed, pág. 7).
“Indubitavelmente, ‘universal’ e ‘redenção’ (aqui usadas como sinônimos
com ‘expiação’: no sentido de ‘agorazo’), onde grandíssima parte dos
homens perece, são tão irreconciliáveis como ‘Romano’ e ‘Católico’” (John
Owen, como citado aprovadamente por C. H. Spurgeon, Sermões, Vol. 4,
pág. 220).
“Fosse o todo da humanidade igualmente amado de Deus e
promiscuamente remido por Cristo, o cântico que Deus os crentes são

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mandados cantar custosamente correria nestas admiráveis toadas: “Ao que


nos amou e lavou de nossos pecados no seu próprio sangue e nos fez reis
e sacerdotes para Deus”, etc. (Apocalipse 1:5,6). Um hino de louvor como
este parece proceder, evidentemente, na hipótese de eleição particular da
parte de Deus e de uma redenção limitada da parte de Cristo, a qual
achamos declarada mais explicitamente (Apocalipse 5:9), onde temos um
transcrito desse hino que os espíritos dos justos aperfeiçoados cantam
agora diante do trono e do Cordeiro: Tu foste morto e nos remiste para
Deus pelo Teu sangue de toda a raça e língua e povo e nação. Donde se
diz que os eleitos foram remidos dentre os homens (Apocalipse. 19:4)”
(Augustus M. Toplady, autor de “Rocha dos Séculos”, no prefácio a
Absolute Predestination, por Zanchius).
“Que Cristo é nossa vida, verdade, paz e justiça – nosso pastor e
advogado, sacrifício e sacerdote, que morreu para a salvação de todos que
cressem e de novo surgiu para sua justificação” (Artigo 7 da Confissão de

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Fé adotada em 1.120 pelos valdenses, o grupo mais em evidência de


progenitores batistas. Vide Jones Church History, pag. 276).
A doutrina da expiação tem sido entendida diferentemente. As igrejas
antigas bem uniformes sustentaram que era particular; isto é, que Cristo
morreu só pelos eleitos e que nos Seus estupendos sofrimentos “não se
teve respeito nem se fez provisão por quaisquer outros da raça arruinada
de Adão” (Benedict, General History of the Baptist Denomination, pág.
456).
“Se há qualquer coisa claramente ensinada na Escritura é que o sacrifício
de Cristo foi feito somente para aqueles que forem eventualmente salvos
por ela” (Alexander Carson, The Doctrine of the Atonement and Other
Treaties, pág. 196).
“Não pode ser que uma alma por quem Ele (Cristo) deu Sua vida e
derramou Seu sangue; cujos pecados Ele levou e cuja maldição Ele
susteve, deva perecer finalmente. Porque, se esse fosse o caso, a divina
justiça, depois de ter cobrado e satisfeito à mão do Abonador, requereria o

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principal; em outras palavras, exigiria pagamento em dobro” (Booth, The


Reign of Grace, pág. 235).
“Pode um Deus de perfeição ética infinita, que com a Sua própria mão
lançou a tremenda carga da culpa do pecador sobre o adorável Abonador,
repudiar os tratos do Seu próprio concerto e sonegar-Lhe a recompensa
comprada pelo custo do Seu preciosíssimo sangue? Dizer assim equivale e
uma contestação à verdade e à justiça de nosso Deus guardador do
pacto”. (Prof. Robert Watts, Sovereignty of God, ajuntando artigos de Pres.
G. W. Northrup, publcados no Standard of Chicago, e as respostas de Prof.
Watts, quais artigos foram escritos pela sugestão de T. T. Eaton e
publicados no Western Recorder enquanto Eaton foi editor).
“Eles (certos teólogos) crêem que Judas foi expiado tanto como Pedro;
crêem que os precitos no inferno foram tão objetos da satisfação de Jesus
Cristo como os salvos no céu; e conquanto eles o não digam nos devidos
termos, contudo o devem pensar, porque é uma bela inferência que, no
caso de multidões, Cristo morreu em vão, pois morreu por todos eles,

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dizem; e ainda tão ineficiente foi Sua morte por eles que, conquanto
morreu, eles são condenados subseqüentemente. Agora, uma tal expiação
eu a desprezo, rejeitou-a. Posso ser chamado antinominiano ou calvinista
por pregar uma expiação limitada; mas eu antes crera numa expiação
limitada que é eficaz para todos os homens para quem foi intencionada do
que uma expiação universal ineficaz, salvo quando com ela se ajuntou a
vontade do homem.” (Spurgeon, Sermons, Vol. 4, pág. 218).
“Creio que a eleição elegeu os eleitos, que a presciência os pré-conheceu;
que foram “ordenados para a vida eterna” e “pré-ordenados para serem
conforme a imagem do Seu Filho”; que a redenção os remiu; que a
regeneração os regenerou; que a santificação os santifica; que a
justificação os justifica; que a conservação os conserva; que a providência
provê por eles e assim por diante até à glorificação. Daí, aqueles a serem
glorificados são aqueles pré-conhecidos e remidos. Não creio numa
redenção geral e numa glorificação especial” (J. B. Moody, Sin, Salvation,
and Service), pág. 40).

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“Eis aqui os cinco pontos do calvinismo: eleição incondicional ou


predestinação, expiação limitada ou redenção particular, depravação total
necessitando graça proveniente chamada eficaz ou graça irresistível,
conservação e perseverança dos santos. E o escritor não hesita em
subscrever todos os cinco pontos” (C. D. Cole, Definitions of Doctrines, Vol.
1, pag. 131).
O autor dá um entusiástico “Amém” a todos destes. Ele não se envergonha
de se achar na sua companhia como na de muitos outros eminentes santos
de Deus que sustentaram os mesmos sentimentos. Ele está pronto a
achar-se contendendo pela fé histórica dos batistas, a fé das antigas
igrejas; a fé dos valdenses, “essas eminentes e honradas testemunhas da
verdade durante o longo período em que a igreja e o mundo foram
assaltados por torpe erro e imoralidade” (Rice, Deus Soberano e o Homem
Livre).
B. Argumento da razão

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É a única teoria que faz a morte de Cristo verdadeiramente


substitucionária. Se Cristo morreu por um homem tanto como por outro, o
que Ele deve ter feito se Ele fez a salvação possível a todos os homens,
então Ele morreu por alguns que sofrerão eternamente no inferno. Sua
morte, portanto, não foi verdadeiramente substitucionária.
(b). É a única teoria compatível com a justiça de Deus. A justiça de Deus
exigiu que Cristo pagasse a penalidade exata dos pecados daqueles que
se salvam. Sua justiça (de Deus) também exige que Ele salve todos cuja
penalidade Cristo pagou. Isto é uma proposição axiomática. É também
uma proposição escriturística. Qual é o significado de 1 João 1:9 em
estabelecer que Deus é “justo para perdoar os nossos pecados”, se não
quer dizer que o perdão de nossos pecados é um ato de justiça para com
Cristo? A teoria de uma expiação limitada sozinha deixa qualquer razão
justa para a condenação de pecadores impenitentes. Se fez-se uma
expiação geral, então não há justiça em mandar qualquer pecador para o
inferno. Se for suficiente para todos os homens, então exige quitação para

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todos. Desde que a expiação foi exigida como uma satisfação à justiça de
Deus, sua eficiência deve igualizar sua suficiência. A mesma justiça que
requer a penalidade do pecado seja paga, assim tão enfaticamente requer
que o pecado seja libertado quando o pagamento se tenha feito. Não há
absolutamente fundamento na Escritura ou na razão para se fazer uma
distinção entre a expiação e a redenção ou reconciliação, quanto ao seu
alcance ou valor. Expiação, redenção e reconciliação, todas se aplicam à
base objetiva do perdão e todas por igual se aplicam ao perdão atual.
(c). É a única teoria que dá à morte de Cristo qualquer valor argumentativo
em provar a segurança do crente. A seguinte afirmação será reconhecida,
sem dúvida, como um forte argumento da segurança do crente por todos
que crêem essa doutrina:
“Cristo, na Sua morte sobre a cruz, sofreu por todos dos pecados de todo
crente. Se o crente devera ir para o inferno, ele sofreria pelos mesmos
pecados pelos quais Cristo sofreu. Crente e Cristo estariam então pagando
pelos mesmos pecados, e Deus, ao punir dois homens pelos pecados de

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um, seria o tirano mais injusto do universo. Pereça o pensamento! O juiz de


toda a terra deve fazer justiça”
Mas este argumento não tem força se Cristo morreu por todos, que tanto
um como outro, que Ele deve ter feito se fez a salvação possível para
todos, removendo todos os obstáculos do caminho de sua salvação.
Ademais, segundo este argumento e também segundo a verdade e a
lógica, todos aqueles que afirmam que Cristo sofreu a penalidade da Lei
por todo homem fazem Deus “o tirano mais injusto do universo”.
C. Argumentos da Escritura
(a) Isaías 53:11. Nesta passagem, o profeta, ao falar do sacrifício de Cristo,
diz que Deus “verá o trabalho da sua alma e ficará satisfeito”. Tomamos
isto para significar que as justas exigências de Deus, a penalidade da Lei
transgredida, foram satisfeitas na morte de Cristo. Mas, por quem? Se por
todo o filho de Adão, então Deus não pode com justiça condenar qualquer
deles. A justiça satisfeita não pode exigir nada mais. Se o leitor está
pensando de argüir que o perdido no inferno sofrerá, não pelos seus

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pecados em geral senão somente pelos pecados de rejeitar a Cristo, nós o


devolvemos à nossa discussão da teoria de uma expiação sob “(2). A
teoria desaprovada”.
Mais ainda, esta mesma passagem representa a Deus como dizendo:
“Pelo seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos: porque
as suas iniqüidades levará sobre Si”. Isto ensina como Cristo justifica os
homens, isto é, levando suas iniqüidades. E notai que esta justificação não
é feita para depender de qualquer outra coisa mais. Se Cristo tivesse que
levar as iniqüidades dos homens para justifica-los, então segue, como o dia
à noite, que aqueles cujas iniqüidades Ele levou devem receber
justificação. Por aceitar esta satisfação às mãos de Cristo, Deus põe-se a
Si mesmo sob a obrigação a Cristo (não ao pecador) de comunicar
justificação a cada um por quem a satisfação se faz, a qual Ele faz pela
operação do arrependimento e da fé no coração.
(b). João 15:13: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a
sua vida pelos seus amigos”. Se Cristo depôs Sua vida por todo homem

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sem exceção, então Ele tem o maior amor por todo homem; e, portanto,
ama os que perecem no inferno tanto como aqueles a quem Ele salva.
Podia Cristo porventura estar satisfeito com alguns dos objetivos do Seu
maior amor no inferno?
Mais ainda, se fosse verdade que Cristo ama aqueles que perecem tanto
como os que se salvam, teriam de atribuir nossa salvação a nós mesmos
antes ao amor de Cristo.
(c). Romanos 8:32. “O que não poupou Seu próprio Filho, mas O entregou
por todos nós, como não nos dará com Ele também todas as coisas?” Esta
passagem argue que o amor dom de Deus, o Seu Filho, garante todos os
dons menores. Daí se segue que Deus entregou Seu Filho a ninguém
exceto aqueles a quem Ele livremente da todas as outras bênçãos
espirituais, isto é, aqueles que crêem. Vide Efésios 1:3.
(d). Romanos 8:33,34. Estes versos dizem-nos que acusação ou
condenação não podem ser trazidos contra os eleitos; que Deus não os
acusará, porque é Ele que justifica e que Cristo não condenará, porque por

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eles morreu. Esta passagem estaria privada de toda a força lógica se


Cristo tivesse morrido por qualquer que Ele algum dia condenará em juízo.
Daí Ele não morreu por ninguém exceto aqueles que escapam ao juízo.
(e). 2 Coríntios 5:14 “Porque o amor de Cristo nos constrange que assim
julgamos, que um morreu por todos, logo todos morreram”. Eis aqui a
inegável asserção que todos por quem Cristo morreu, morreram
representativamente nEle. Daí a morte não tem poder sobre eles e nenhum
deles a sofrerá, mas todos receberão a justificação e a vida eterna pela fé.
Ao comentar as três últimas palavras desta passagem, diz A. T. Robertson:
“Conclusão lógica ... o um morreu pelo todo e assim o todo morreu quando
ele morreu. TODA A MORTE ESPIRITUAL POSSÍVEL PARA OS A QUEM
CRISTO MORREU” (Ênfase nosso – Word Pictures in the New Testament).
Não deixe de notar o uso de “todo” nesta passagem.
(f). 2 Coríntios 5:19 “Deus estava em Cristo, reconciliado (Katalasso) o
mundo consigo mesmo, NÃO LHES IMPUTANDO OS SEUS PECADOS ...”
Isto ensina o que Deus estava fazendo na morte de Cristo e como Ele o

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estava fazendo: Ele estava reconciliando os homens consigo e Ele o


estava fazendo por lançar os seus pecados sobre Cristo e, portanto, não
imputando, reconhecendo e acusando aqueles por quem Cristo morreu.
Cristo, na Sua morte, executou completa reconciliação objetiva para os
objetivos de Sua morte, o que necessita serem eles trazidos à experiência
da reconciliação subjetiva. A única conclusão correta disso é que Cristo
morreu por aqueles e só aqueles que recebem reconciliação
eventualmente. Note o uso da palavra “mundo” nesta passagem.
(g). João 10:15; Atos 20:28; Efésios 5:25. Nestas passagens se diz ter
Cristo comprado a igreja, ter-Se dado por ela, ter dado Sua vida pelas
ovelhas. “Sei que termos universais estão algumas vezes ligados nas
Escrituras com a expiação; mas, se os mesmos são para ser interpretados
no seu sentido mais lato, por que os escritores sagrados deveriam ter
empregado apenas o restritivo? Os termos universais ... podem ser
harmonizados prontamente com os restritivos, mas homem algum pode

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fazer o restritivo harmonizar-se com o ilimitado” Parks, The Five Points of


Calvinism)
(3). As Escrituras explicadas
Tomamos aqui as passagens tomadas por alguns como ensinando a
expiação geral.
A. João 3:16; 1 João 2:2. Em ambas as passagens a palavra “mundo” é
usada em conexão com a obra salvadora de Cristo. Uma fala de Deus
como amando o “mundo” e a outra fala de Cristo como sendo uma
propiciação pelos pecados de todo o “mundo”.
Contra a interpretação dada a essas passagens pelos advogados de uma
expiação geral, respondemos:
(a). Um amor que causasse Deus dar a Cristo para morrer em lugar de
cada homem individual da raça de Adão também causaria Deus salvar a
todos (* ). Por que deveria Deus discriminar entre os homens em salva-los

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se Ele os amou a todos com o amor de todos os amores? Vide Romanos


8:32.
(b). Não haveria expressão real de amor em mandar um salvador a morrer
vãmente pelos homens. Que espécie de amor é aquele que realiza um ato
que não pode beneficiar realmente? Haveria qualquer mor real mostrado
por um pai em comprar belo quadro para um filho que está totalmente
cego?
(c). Deus não ama todos os homens sem exceção está provado, como já
citado, pela declaração: “Amei a Jacó mas aborreci Esaú” (Romanos 9:13).
(d). A palavra “mundo”, finalmente, de nenhum modo alude a todos os
homens sem exceção em cada caso da Escritura e, portanto, fica para ser
provado que ela tem essa acepção nessas passagens. “Mundo” é usado
de incrédulos em distinção de crentes (João 7:7, 12:31, 14:17, 15:18,19,
16:20, 17:14; I Coríntios 4:9, 11:32; Efésios 2:2; Hebreus 11:7; 1 João 3:1;
3:13; 5:19. Está usada para gentios em distinção de judeus (Romanos
11:12,15). Está para a generalidade do povo conhecido (João 12:19).

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Cremos que a palavra alude, nas duas passagens sob consideração, não a
todos os homens sem exceção, mas a todos os homens sem distinção; isto
é, a homens de todas as nações, tribos e línguas (da qual temos uma
paralela em Apocalipse 7:9); revelando que Cristo não morreu só para os
judeus senão para os gentios também, mesmo até aos confins da terra. A
razão lógica do emprego desta palavra neste sentido é dada por John Gill,
como segue: “Foi uma controvérsia agitada entre os doutores judeus se,
quando o Messias vier, os gentios, o mundo, terão qualquer benefício por
ele; a maioria estava excedendo de muito na negativa da resposta e
determinou que não teriam ... que os juízos mais severos e tremendas
calamidades lhes aconteceriam; sim, que seriam lançados no inferno no
lugar dos israelitas. Esta noção recebeu a oposição de João Batista, Cristo
e seus apóstolos e é a verdadeira razão do uso desta frase nas passagens
que falam da redenção de Cristo” (The Cause of God and Truth, pág. 66) (*
). Como um judeu típico Nicodemos pensou que Deus não amava a
ninguém fora dos judeus, mas nosso Senhor lhe disse que Deus de tal
maneira amou o mundo (gentios bem como judeus), que lhe deu o Seu

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Filho unigênito, para que quem crer nEle (gentios ou judeus) não pereça,
mas tenha a vida eterna” (Cole, Definitions of Doctrines, Vol. 1, pág. 120).
Notai outra vez o uso de “mundo” em II Coríntios 5:19, onde o “mundo” por
quem Cristo morreu foi potencialmente reconciliado por Sua morte, não é
para ter imputado seus pecados. Noutras palavras, deve receber o perdão
que Ele lhe comprou.
B. 1 Timóteo 2:6; Tito 2:11. A palavra “todos” aparece em ambas estas
passagens, mas esta palavra é usada na Escritura numa variedade de
sentidos e de nenhum modo é usada na Escritura numa variedade de
sentidos e de nenhum modo é sempre usada no absoluto. Notai uns
poucos de seus usos limitados: (1). Um grande número (Mateus 3:5; 4:24;
14:35). (2). Todas espécies e classes (Mateus 23:47; Lucas 2:10; João
12:32; Atos 13:10; Romanos 1:29; 15:14; II Tessalonicenses 2:9; 1 Timóteo
6:10). (3). Tudo com exceções manifestas (Marcos 11:30; Atos 2:46-47; 1
Coríntios 6:18; 8:32; 9:22; 10:33; Tito 1:15). (4). Todos ou cada um de uma
certa classe (Lucas 3:21; Romanos 5:18, última parte; 1 Coríntios 8:2

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comparado com os vs. 7 e 11; 15:22, última parte; 1 Coríntios 8:2


comparado com os vs. 7 e 11; 15:22, última parte; Colossenses 1:28).
Assim podemos ver facilmente que o significado de “paz” deve ser
determinado segundo o contexto e o ensino da Escritura em geral.
Portanto, em vista do que se tem dito sobre as inferências inescriturísticas
da idéia que Cristo morreu por todos os homens sem exceção, afirmamos
que “paz”, nas passagens pré-citadas, é usada no segundo sentido acima
listados e que o significado é homens de “toda a nação, de todas as tribos
e povos e línguas”, da qual achamos uma paralela descrita em Apocalipse
7:9. O “todos” pelo qual Cristo morreu é exatamente cotérmino com o
“todos” que Ele atrai a Si (João 12:32) (*).
“Está observado (I Timóteo 2:6) que se diz que Cristo dar-se em resgate
por todos, o que está entendido de todos os homens em particular; mas
devera ser observado também que este resgate é “antilutron huper
panton”, um resgate vicário, substituído no lugar de todos, pelo que, um
preço inteiro foi pago por todos e satisfação plenária feita pelos pecados de

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todos, o que não pode ser verdadeiro de todo homem individual, porque
então nem um homem podia ser condenado e punido justamente ... É
melhor entender-se por todos os homens alguns de toda espécie ...” (John
Gill, Cause of God and Truth, pag. 51).
C. Hebreus 2:9. Não há aqui palavra para “homem” no grego. A expressão
é simplesmente “todos” ou “cada um”. No grego: “pás”. E o contexto supre
explanação quanto àqueles incluídos nesta passagem, a saber, todo filho
que Ele traz à glória. Assim, “todos” é usado aqui no quarto sentido listado
acima, isto é, todo ou cada um de uma certa classe.
D. I Timóteo 4:10. A mera provisão de salvação por todos os homens não
faz de Deus seu Salvador qualquer coisa mais do que salva-los. Isto não
satisfaz o significado de salvador se é aplicado à salvação da alma. No
grego é “soter”, que quer dizer “livrador” e “conservador”, bem como
salvador. Estamos persuadidos que este é o significado aqui. Deus livra a
todos os homens (tanto quanto Lhe apraz fazer assim) de perigos tanto
visíveis como invisíveis e os conserva em suas vidas. É assim que Ele

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Curso Livre de Graduação – Bacharelado Disciplina: Direito Eclesiástico FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

exibe “as riquezas de Sua bondade e paciência e longanimidade” que


deveriam levar os homens ao arrependimento (Romanos 2:4). O que Deus
faz por todos os homens em geral, Ele faz de uma maneira especial pelos
crentes.
E. II Pedro 2:1. A palavra desta passagem para o Senhor não é “Kurios”, a
qual é usada tanto de Deus ou de Cristo; mas é “despotes”, a qual nunca
se usa de Cristo. Daí ser a referência a Deus. Pedro escreveu
especialmente aos judeus. Sem duvida os falsos mestres também eram
judeus. E em Deuteronômio 32:6 explica como o Senhor os comprara. Aqui
se diz ter Deus comprado toda a nação judaica porque Ele os livrou do
Egito.

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