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FACULDADE ESTÁCIO DE BELÉM

CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANDERSON RODRIGO MIRANDA FERREIRA


MATRÍCULA: 201451065231
ENSAIO EM SUBESTAÇÕES

o Análise dinâmica e teste do comutador sob carga com medição de


resistência dinâmica

Os transformadores de potência representam os elos mais caros entre a geração


e a utilização de energia elétrica. Um componente muito importante de um
transformador de potência é o comutador sob carga (on-load tap changer / OLTC).
Como o seu nome sugere, um OLTC permite a comutação de derivação (TAP),
consequentemente, regulando a tensão sem interromper a corrente de carga. Isso
pode ser realizado de diversas formas, resultando em designs consideravelmente
diversificados de comutadores. Os dois mais comuns são chamados de
comutadores do tipo indutivo e resistivo.

Estudos, como na Figura 1, mostram que 30% dos transformadores de potência da


subestação reportaram que as interrupções estão relacionadas aos efeitos do
envelhecimento de OLTCs. Devido a esta alta taxa de falha, é muito importante
monitorar a condição do OLTC do transformador de potência com atenção.
Diferentemente de outros componentes mais estáticos em um transformador, o
OLTC consiste em diversas peças móveis. Fabricantes geralmente recomendam
um ciclo de manutenção que depende principalmente do número total de
operações de comutação.

Figura 1 – Local da falha em transformadores da subestação com base em


536 falhas.

Tipos de OLTCs

Para analisar e avaliar a medição de DRM (Resistência dinâmica) de maneira


adequada, é importante saber o tipo e a construção do OLTC. Há duas tecnologias
comuns do OLTC no mercado. Os do tipo indutivo, que geralmente são usados na
América do Norte no lado de baixa tensão, e os OLTCs resistivos, que geralmente
são usados no restante do mundo no lado de alta tensão.

Este artigo tem como foco os comutadores de TAP do tipo resistivo. Em geral, há
dois tipos diferentes de comutadores resistivos: o switch de derivação (diverter
switch) e o switch seletor (selector switch), conforme mostrado nas Figuras 2 e 3.
Figura 2 – Diverter Switch com dois contatos de resistência.

Figura 3 – Selector Switch com dois contatos de resistência.

Os tipos de Diverter Switches possuem duas peças: um seletor de TAP na parte


superior para selecionar a próxima derivação dentro do tanque do transformador
principal e uma chave de derivação na parte inferior para comutar a corrente de
carga com o seu próprio volume de óleo. Com este tipo, o seletor de TAP é
comutado antes da chave de derivação e é usado principalmente em potências
maiores.

O Selector Switch combina a função da chave de derivação e do seletor de TAP,


dentro do seu próprio volume de óleo, separado do óleo do tanque do
transformador principal.
Métodos comuns para o teste de OLTC

Os OLTCs de transformadores de potência precisam ser monitorados atentamente


devido à sua alta taxa de falha. Como base para a análise, os seguintes métodos
de diagnóstico podem ser usados:
 Medição estática de resistência do enrolamento dos TAPs individuais
(offline)
A medição estática de resistência do enrolamento é uma ferramenta de
diagnóstico extremamente importante, além de ser o método de teste mais usado.
Uma medição estática de resistência convencional pode ser usada para verificar o
enrolamento e as conexões internas, como a conexão das buchas e dos contatos
móveis do comutador com o enrolamento, com os contatos do comutador e com os
contatos principais da chave de comutação. Uma avaliação pode ser feita ao
comparar os resultados com o relatório de fábrica ou ao calcular o desvio médio
das três fases.
 Medições vibro acústicas utilizando sensores de aceleração
(offline/online)

O método vibro acústico é usado para detectar sinais acústicos causados pelo
movimento mecânico. Os perfis gravados, que variam em até dez segundos e
entre 10 Hz e 100 kHz em tempo e no domínio da frequência, são comparados
com perfis de referência existentes para identificar determinados modos de falha.
 Medição da posição e do torque no eixo de acionamento
(offline/online)

O mecanismo de acionamento dos OLTCs, composto por um motor, um eixo de


transmissão e uma engrenagem, opera a chave seletora ao mesmo tempo que
carrega uma mola para acionar as chaves Diverter ou Selector, respectivamente. A
medição de posição e torque usa os parâmetros de alimentação do motor (corrente
e tensão) para detectar problemas mecânicos e envelhecimento do mecanismo de
acionamento. Os resultados podem ser comparados com um perfil de referência
ou entre os TAPs.
 Análise de gás dissolvido de óleo (DGA) no compartimento da chave
de comutação (offline/online)

O DGA no compartimento do OLTC se tornou mais comum. Durante o processo de


comutação de um OLTC, ocorre a descarga e o aquecimento que geralmente leva
a uma alta concentração de gases no compartimento do switch de derivação
comparado ao tanque principal durante a operação normal. Além disso, a
interpretação dos níveis de gás varia significativamente da interpretação dos níveis
de gás obtidos do tanque principal do transformador de potência. Cada método de
medição é importante para analisar a condição dos OLTCs.

 
Tabela 1 – Métodos comuns para o teste de OLTC

Medida da resistência dinâmica (DRM)

Tempos típicos de comutação da chave ou seletor está entre 40 ms e 60 ms, o que


dificulta a detecção de quaisquer efeitos durante o processo de comutação usando
uma medição estática convencional de resistência do enrolamento, o que pode
levar alguns minutos. Portanto, o princípio da DRM foi desenvolvido como um
método de diagnóstico complementar para esse uso específico.

Utilizando a mesma configuração (Figura 4a), a medição de resistência dinâmica


mede o processo de comutação rápido da chave de comutação. Com os contatos
de arco de DRM, os tempos de comutação da chave de derivação, as interrupções
de comutação – por exemplo, devido aos resistores de comutação ou às conexões
danificadas – e o desgaste completo de contatos podem ser detectados. Dessa
forma, ela fornece mais detalhes sobre a condição dinâmica do OLTC.

Ao analisar os registros, é possível tirar várias conclusões relacionadas à condição


do OLTC. Há três maneiras diferentes de exibir o comportamento dinâmico da
chave de comutação. Adiante mencionaremos apenas a curva de corrente.

(1)             Curva de corrente

(2)             Curva de tensão

(3)             Curva de resistência


Curva de corrente

A curva de corrente, conforme vista na Figura 4b, é a maneira mais comum de


interpretar medições DRM, pois ela permite detectar com facilidade as interrupções
de corrente durante o processo de comutação.

Ao aplicar um curto-circuito ao lado oposto do transformador, o sinal de corrente se


torna mais sensível, conforme o afundamento de corrente (ripple) aumenta como
mostrado na Figura 7 e 8. Este é o resultado de uma constante de menor tempo
devido à indutância principal em curto. É difícil fazer uma comparação direta do
sinal de corrente quando a medição é feita com um equipamento de teste
diferente, pois o ripple depende das propriedades dinâmicas da fonte de corrente.
Porém, o princípio e os diferentes estados do processo de comutação são sempre
visíveis, independentemente dos parâmetros de origem.
Figura 4ª – Configuração da medição típica de DRM – curva de corrente

Figure 4b – Comportamento dinâmico típico da chave de comutação na


operação – curva de corrente.
Curva de tensão
 Como alternativa ao sinal de corrente, o comportamento dinâmico também pode
ser avaliado usando a tensão ou a curva de resistência. Ao injetar uma corrente
DC conforme mostra a Figura 5, o sinal de tensão registrado exibido na Figura 6A
pode ser obtido. Ao utilizar a curva de tensão, no entanto, é crucial garantir que o
sinal de tensão não seja cortado devido a um limitador de tensão da fonte, o que
dificultaria a análise do sinal. Além da tensão de corte, os transitórios entre os
estágios 1 e 2, conforme mostrado no exemplo da Figura 6A, não seriam vistos de
maneira tão clara se o limite de tensão fosse atingido. Análoga à curva de
corrente, não é possível fazer uma comparação direta das curvas ao realizar a
medição com diferentes instrumentos de teste.
Figura 5 – Configuração da medição típica de DRM – curva de tensão e
resistência.

Figura 6 – Comportamento dinâmico típico da chave de comutação em


operação – curva de resistência e tensão.
Curva de resistência

A curva de resistência, conforme mostrada na Figura 6B, não pode ser medida
diretamente, mas é um cálculo derivado a partir de uma tensão e de uma corrente
medidas com base na configuração mostrada na Figura 5. Um curto-circuito nos
terminais opostos do transformador pode ser usado para diminuir a constante de
tempo do sistema. Além disso, uma alta indutância parasita pode causar uma
tensão indutiva significativa, que não pode ser separada da parte de tensão de
resistência utilizando a configuração mostrada na Figura 5. Para compensar este
efeito, um método para determinar a parte indutiva da tensão e medir
simultaneamente a tensão no enrolamento oposto foi apresentado há vários anos
[6].

A curva resistiva tem uma grande vantagem que não depende da fonte de corrente
usada. Outra vantagem é que os valores dos resistores de comutação podem ser
determinados diretamente. Como a tensão induzida no lado secundário pode ser
muito alta, ela requer mecanismos de proteção especiais para o dispositivo de
teste.
Dado que a curva de corrente é atualmente a maneira mais usada para realizar
medições de DRM, as seguintes seções focarão neste método com mais detalhes.
Análise dos resultados de medição

Com base nesse método de teste não invasivo, as falhas podem ser detectadas
sem a abertura do compartimento do OLTC. O tipo e a construção do OLTC
devem ser conhecidos para analisar e avaliar a medição de DRM de uma maneira
adequada. Uma medida de referência comprovada, que é obtida depois do
comissionamento ou quando a chave de comutação está em boas condições,
permite uma análise eficiente.

Basicamente, dois tipos de informações podem ser interpretados ao analisar o


atual perfil:
 Amplitude:
Resistores de transição fazem com que a corrente varie durante o processo
de comutação. Além disso, a resistência de contato, o movimento de
contato, as interrupções, a indutância de enrolamento, a formação de arco e
a oscilação (bouncing) de contatos podem influenciar na amplitude.

 
 Temporização:
Diferenças na temporização podem indicar problemas mecânicos, desgaste
excessivo dos contatos e/ou oscilação de contatos (bouncing). Uma certa
diferença pode ser aceitável e dependerá muito do design e do modelo do
OLTC.
 
Variação nos resultados de resistência dinâmica
 Escolhendo a corrente de teste correta

Ao medir a resistência estática, prefere-se utilizar correntes de teste menores na


faixa de ampères disponível, especialmente para enrolamentos de AT [7]. Embora
os testes de enrolamentos de BT de baixa impedância possam precisar de
correntes de teste na faixa de 10 A a 20 A, recomenda-se que as correntes não
excedam 15% da corrente estipulada do enrolamento. Correntes maiores podem
aquecer os enrolamentos. Como a medição de resistência dependente da
temperatura, isso pode gerar imprecisões na resistência medida [8]. Em geral,
essas considerações também se aplicam a medições de DRM, incluindo os
seguintes itens:

Correntes de teste abaixo de 3 A ou 1 A mostraram-se mais sensíveis à oscilação


de contato, que pode gerar a falsa interpretação de resultados. Um efeito comum
que pode ser observado é que a camada de óleo residual nos contatos faz com
que a corrente seja interrompida várias vezes durante o teste. Esses resíduos de
óleo geralmente não são considerados problemáticos quando o OLTC opera sob
condições de carga normais. Em contrapartida, as correntes nesta faixa podem
indicar o envelhecimento de longo prazo, como a carbonização em um estágio
inicial, mas essas vantagens ainda devem ser mais investigadas ao conduzir
estudos de caso adicionais.

Correntes de teste mais altas na faixa de 3 A a 5 A foram, na maioria dos casos,


suficientes para atingir uma medição estável do processo de comutação. Nesses
casos, pequenas descontinuidades, por exemplo devido à camada de óleo nos
contatos, não afetaram os resultados. Os testes em campo não revelam nenhuma
diferença quando a corrente é aumentada para 10 A ou 15 A.
Curto-circuito no secundário

Curto-circuitar o lado secundário do transformador pode ter dois efeitos positivos.


Um deles é que, se a corrente durante a comutação for interrompida, a energia
armazenada no núcleo magnético não poderá ser liberada e o impulso da corrente
não gerará uma alta tensão no enrolamento oposto. O outro efeito positivo é que
foi observado que o afundamento de corrente (ripple) durante a comutação, na
maior parte dos casos, foi duas vezes mais alta, porque a indutância principal é
colocada em curto. Isso torna o DRM mais sensível, mas também tem uma grande
influência nas curvas, tornando-as mais significativas.
Processo de comutação TAP a TAP

Para análise e comparação de diferentes comutações, deve-se considerar que as


curvas se diferem comutando para cima e para baixo. Isso acontece porque, em
um caso, alguns enrolamentos são adicionados ao circuito e, em outro caso, os
enrolamentos são retirados com base no enrolamento de derivação do
transformador e no enrolamento do OLTC e, desse modo, o diagrama de fiação
pode ser diferente entre os transformadores. Se os enrolamentos forem
adicionados, a indutância adicional precisará ser carregada com energia e, se os
enrolamentos forem retirados, a energia carregada na indutância será liberada.
Este efeito será muito mais provável se o lado secundário não estiver em curto,
conforme observado na Figura 7.

Figura 7 – Diferença no DRM entre comutação para cima e para baixo.


Figura 8 – Diferença no DRM entre a comutação da chave em direções
alternadas.

As curvas medidas também diferem se houver uma alteração de uma posição de


derivação ímpar para uma posição par pois a chave de comutação gira em
direções alternadas (Figura 8). Isso geralmente pode ser visto como tempos de
comutação diferentes dos estágios individuais. Além disso, a oscilação (bouncing)
de contatos algumas vezes pode ser vista apenas em uma direção.

Por isso, a Omicron oferece o software Primary Test Manager (PTM), que permite
a análise e a comparação de medições estáticas e dinâmicas de resistência. O
PTM exibe o processo de comutação das derivações individuais em um único
diagrama para que eles possam ser comparados entre si com facilidade. Como os
sinais de corrente de muitos desenhos de OLTC podem variar em relação à fase e
à direção da comutação, o software PTM oferece opções exclusivas de filtragem
para comparar operações em posições ímpares e pares e em todas as três fases.
Isso permite que o usuário analise os resultados de medição para fazer um amplo
diagnóstico de falha.

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