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Fichamento do texto “Sin una buena educación no hay buenos trabajadores…

buenos ciudadanos…buenos chilenos. El sentido de la educación en el proyecto


modernizador de la dictadura chilena (1979-1981)
Sebastián Neut Aguayo
Em seu texto, o autor busca compreender o discurso pedagógico que
fundamentou o projeto educacional da ditadura chilena. A ideia é que este discurso foi
consolidado entre os anos de 1979 e 1981. Este projeto buscava inculcar valores ligados
a um neoliberalismo de mercado, a um nacionalismo conservador e há um gremialismo
autoritário. Três marcos foram importantes para este projeto: a diretiva presidencial
sobre educação nacional de 1979, a Constituição de 1980 e planos e projetos
implementados entre 1980 e 1981. Este é o resumo apresentado no início do texto.
INTRODUÇÃO
Há novos interesses em realizar estudos sobre as políticas realizadas pela
ditadura chilena para educação. Esses interesses foram renovados com as manifestações
estudantis ocorridas em 2006. Em comum, todas as manifestações criticavam o modelo
surgido durante a ditadura trabalhos realizados pelos sociólogos e historiadores
buscavam elucidar a natureza e os alcances dos vínculos das políticas educacionais com
a herança ditatorial e as características dos processos de mudança e suas consequências.
No entanto, ainda falta compreender as motivações do projeto histórico que produziu a
ditadura para educação. O autor vai trabalhar com a ideia de identidade narrativa de
Paul Ricoeur e de ‘discurso pedagógico’ de Basil Berstein, que o definiu “como una
regla que engloba y combina dos discursos: un discurso técnico que vehicula destrezas
de distintos tipos y las relaciones que las unen y un discurso de orden social” . Este
último remete ‘al discurso moral que crea orden, relaciones e identidad’” .(p.141) 
O discurso de transformação da ditadura na área de educação se delineou entre
1979 e 1981 com maior claridade. Se esperava socializar os educandos a partir de
habilidades e valores que atendessem a uma ótica modernizadora do mercado
neoliberal, buenos Trabalhadores, a uma ótica gremial autoritária, Buenos Ciudadanos E
a uma ótica de nacionalismo conservador, buenas chilenos. Como já foi dito,  3
Componentes foram essenciais para consolidação deste projeto. Estes três elementos
estiveram conectados em uma espécie de simbiose para conformar uma identidade
narrativa Que resultou em um discurso pedagógico de alta integração. No entanto,
algumas ideologias se sobressaíram em relação a outras. A tradição ligada ao
neoliberalismo foi a grande vencedora em detrimento de nacionalista e
desenvolvimentista ligados a doutrina de segurança nacional.

RÉGIMEN POLÍTICO Y SISTEMA EDUCACIONAL ENTRE 1973 Y 1979

Inicialmente, as políticas educacionais realizadas pela ditadura tiveram Como


cernes A violência política, a militarização e a centralização (Na verdade, a ditadura
começou o processo de  descentralização, Discordo do autor neste ponto, a não ser que
ele esteja falando de uma centralização autoritária no interior das Universidades a partir
da implementação dos cargos de reitores Delegados que ocorreu com a intervenção
Total nas universidades). O golpe de 1973 foi realizado por setores heterogêneos que
tinham em comum uma grande diversão ao projeto da UP, mas que careciam de De
projeto educacional específico . Inicialmente,  a Filosofia Guia se baseava em um
pensamento hispanista conservador de origem franquista.
EL DISCURSO PEDAGÓGICO DE LA DICTADURA ENTRE 1973 Y 1979
Em 1974, o documento Políticas Educacionales del Gobierno de Chile  foi
apresentado pela ditadura ponto nele havia uma clara presença do pensamento
conservador hispanista, de valorização da Pátria, formação de bons cidadãos E inserindo
o Chile dentro do humanismo ocidental de raízes cristãs. A pátria neste aspecto Se
apresentava como grande potência moral, cultural e espiritual Que dava forma orgânica
integral AL desenvolvimento histórico da sociedade chilena De cada indivíduo que dela
fazia parte. 
Segundo pinochet, era necessário inculcar em cada jovem um amor profundo pelo
Chile, fazendo os conhecer sua geografia sua história E seu passado cheio de grandeza.
Porém, não era é possível apenas difundir esses valores, mas era preciso regenerar a
sociedade e modificar profundamente a mentalidade dos chilenos resgatando o princípio
de autoridade.
Segundo Pinochet, era necessário desmitificar a ideia de que o estado teria que
resolver os problemas da Cidadania.As disputas em relação ao papel de subsidiariedade
do Estado já ocorriam neste momento, porém o pensamento desenvolvimentista também
se mostrava presente e conectado a doutrina de segurança nacional, que acreditava que
era necessário a regulação da área educacional pelo Estado, buscando os valores e
princípios caros à ditadura fossem trabalhados. isso permite a o combate a doutrinas
consideradas perigosas como comunismo.  A partir deste ideário foi que  a ditadura
desenvolveu um terrorismo de estado no âmbito educacional.
RÉGIMEN POLÍTICO Y SISTEMA EDUCACIONAL ENTRE 1979 Y 1981

Os primeiros anos da ditadura chilena se caracterizaram pela violência política,


com a eliminação dos considerados inimigos do regime, com o início de uma
estabilização econômica, que possibilitou maior prestígio para os economistas
neoliberais, e com o alinhamento dos setores conservadores, capitaneados pelo jurista
Guzmán, criador do movimento Gremial. Essa série de fatores possibilitaram a ditadura
buscar uma institucionalização que resultaria na Constituição de 1980. 
O período  entre 1976 e 1978 foi considerado de transição para o âmbito
educacional (1976 foi o ano em que começaram os expurgos finais no âmbito
acadêmico incluindo professores da Universidade Católica e membros  da Democracia
Cristã que não haviam sido atingidos pela repressão até aquele momento -  pensamento
meu). Nesse período houve uma disputa  pelo controle educacional entre os setores
nacional desenvolvimentista e os neoliberais.  A partir de meados de 1938 os neoliberais
começam a ganhar mais força na área de educação. É neste momento que Gonçalo Vial
é nomeado Ministro da Educação, sendo o primeiro-ministro civil desde o golpe de
1973.

EL DISCURSO PEDAGÓGICO DE LA DICTADURA ENTRE 1979 Y 1981

A partir de 1975, o modelo neoliberal começa a ganhar mais força. porém é a


partir de 1979 que ele vai revelar sua influência no âmbito educacional com a Directiva
Presidencial Sobre Educación Nacional. Essa disputa vai levar Há um novo discurso
pedagógico, que vai considerar  as experiências passadas como negativas e valorizar as
ideias neoliberais para a educação. 

Directiva Presidencial Sobre Educación Nacional


A diretiva presidencial sobre educação Nacional foi o documento difundido para
imprensa junto com uma carta ao ministro da educação em um discurso relativo ao tema
em que Pinochet delineava os novos planos para o âmbito educacional. A diretiva foi
pensada a partir da Oficina de Planificação (ODEPLAN) . Pela ODEPLAN vinha um
discurso de racionalização dos recursos a serem investidos, por parte de pinochet e de
seus ministros generais  vinha a necessidade de valorização de um sentimento
nacionalista, e por parte de Gonçalo Vial  vinha a busca pela melhoria na qualidade e
pela valorização dos docentes. 
A influência do pensamento neoliberal já se fazia sentir na nova diretiva. Havia
uma clara preocupação com os gastos e dívidas antes mesmo de se falar das melhorias e
avanços. Também aparecia no discurso pedagógico críticas a falta de infraestrutura , o
que era replicado pelo jornal El Mercúrio. Outro aspecto importante que evidenciava o
domínio do neoliberalismo foi a supressão das tradicionais referências antropológicas e
filosóficas na diretiva presidencial sobre educação nacional. Na carta ao Ministro,
Pinochet dizia que “todo el sistema educacional estará guiado por el humanismo
cristiano”. Outro aspecto relevante era ausência das ideias desenvolvimentistas. Foi
eliminada também qualquer referência ao Sistema Nacional de Educação, defendendo-
se a ideia de um só sistema educacional com múltiplas saídas. Por trás deste arcabouço
discursivo buscava-se retirar a responsabilidade do Estado sobre o sistema educacional
permitindo a autorregulação e uma autonomia de mercado. 
Na diretiva deixava-se claro o intuito de promover a expansão do ensino
privado, com a ajuda do Estado, além de privatizar estabelecimentos estatais,
principalmente aqueles de ensino técnico profissional. Também já havia o prelúdio da
política de voucher, com trechos que diziam que o dinheiro seria distribuído por criança
atendida e que haveria uma supervisão por parte do Estado a partir da lógica de
competência: os estabelecimentos que se destacassem ganhariam prêmios, enquanto
aqueles que não atingissem o mínimo estabelecido seriam punidos.
Havia também a necessidade de uma reforma administrativa. Na diretiva se 
colocava as províncias como centro do processo porém depois seria modificado na
Constituição, que colocou os municípios como centro da distribuição de recursos, já que
havia uma política de descentralização promovida pela ditadura. Era claro também  a
influência gremialista no documento, que colocava a comunidade como essencial para a
resolução dos problemas coletivos mais imediatos e pontuais, mas sem se adentrar ou
discutir os problemas a nível nacional. Neste aspecto fica claro a promoção da
alienação, do princípio de subsidiariedade e de limitação da participação cidadã
promovidas pelo gremialismo.

La Constitución de 1980

A Constituição de 1980 foi elaborada a partir de três instâncias. A primeira foi a


Comissão de Estudo da Nova Constituição Política, conhecida como Comissão Ortúzar.
No que se refere ao papel do estado em relação à educação havia um debate entre a
configuração de um estado mais ativo ou de um estado mais subsidiário. Se mantinha,
no entanto, uma certa concepção conservadora e nacionalista de que o estado deveria
promover o patriotismo e a moral Cívica. Esta presença do estado em relação a
elaboração e promoção de uma consciência patriótica era acompanhada de uma visão
que concedia aos particulares também um papel relevante na educação. Até 1975, este
debate se mantinha constante, porém a partir deste ano, no qual se começou a adentrar
mais nos temas específicos da constituinte, o papel de um estado com uma configuração
mais passiva em detrimento de uma maior relevância dos particulares no âmbito
educacional tornou-se mais evidente, culminando na sessão de 13 de julho de 1978, na
qual se deixava claro o papel central do capital privado na educação.
Concomitantemente a isso, também houve uma alteração na ideia de liberdade de
ensino, que teve seu aspecto de promoção de diferentes visões de mundo reduzido a
uma ideia simples de liberdade de ensino por parte dos privados. Apesar disso, no
documento final da comissão ainda não se delineava a figura de um estado passivo, nem
se suprimia a necessidade de promoção de um nacionalismo:
“La educación tiene por objeto el pleno desarrollo de la persona en las
distintas etapas de su vida y para ello promoverá en los educandos el
sentido de responsabilidad moral, cívica y social; el amor a la Patria y
a sus valores fundamentales; el respeto a los derechos humanos y el
espíritu de fraternidad entre los hombres y de paz entre los pueblos”
(Actas del Consejo de Estado. Sesión 416ª, celebrada en jueves 5 de
octubre de 1978) 

A segunda instância  a lidar com a elaboração da nova constituição foi o


conselho de estado, que modificou vários aspectos do ante-projeto desenvolvido pela
comissão ortuzar.“O fim último da Educação foi limitado a ideia de que “tiene por
objeto el pleno desarrollo de la persona en las distintas etapas de su vida”(Actas del
Consejo de Estado, Sesión 98a, celebrada el 04 de diciembre de 1979) Foi eliminado
qualquer referência sobre a promoção do nacionalismo, assim como foi suprimida o
trecho em que se dizia que“El Estado atenderá las necesidades de la educación como
una de sus funciones prioritarias”  (Actas del Consejo de Estado, Sesión 416ª, celebrada
en jueves 5 de octubre de 1978). Também se radicalizou a ligação entre liberdade de
ensino e o direito  dos particulares de atuar na educação como revela o trecho “La
libertad de enseñanza incluye el derecho de abrir, organizar y mantener establecimientos
educacionales”   (Actas del Consejo de Estado, Sesión 98a Acta de la nonagésimo
octava (98a) Sesión, celebrada el 04 de diciembre de 1979.) No texto do anteprojeto,
mostrado em nota pelo autor, havia um conceito mais amplo de liberdade de ensino,
ainda que muito limitado.
Por fim, a última instância a lidar com a Constituição foi Pinochet e assessores
mais próximos que enfatizaram ainda mais o aspecto neoliberal da Constituição. Os pais
tinham o direito preferencial e o dever de educar seus filhos . Cabia ao estado garantir e
assegurar o direito à liberdade de ensino. A educação básica ficou como única obrigação
de fato do Estado em garantir, ainda que gratuitamente e de maneira direta, se assim
fosse necessário, o direito à educação.

Hacia un nuevo currículum


As diretrizes para o novo currículo se orientavam para a formação de um
cidadão pronto e disponível para o novo mercado de trabalho, a participação
comunitária apolítica e o nacionalismo conservador do tipo hispanista. Esses pontos se
mostravam Claro neste trecho da carta enviada por que mexer ao ministro da educação: 

sin una buena educación no hay buenos trabajadores,


ni, por consiguiente, una economía sana. Tampoco
hay buenos ciudadanos, en consecuencia, una vida
política y cívica adecuada. Finalmente, tampoco hay
buenos chilenos ni, por ende, una nacionalidad y un
país sano (Carta de S.E. Al Ministro de Educación)

A educação básica seria a preocupação primordial do Estado, ainda que


contemplando a possibilidade e o incentivo aos particulares de explorarem esse período
pedagógico formativo. Buscava-se uma formação completa das habilidades
Matemáticas da língua e de um conhecimento razoável da geografia e história do país.
Neste aspecto, os nacionalistas conseguiram manter sua influência, com uma presença
na elaboração curricular.

Nuevos planes y programas escolares


As mudanças nos planos e programas curriculares se pautaram por uma
influência nacionalista, na qual até o próprio ditador se envolveu, como mostra o autor
em uma entrevista dada por Pinochet ao jornal El mercúrio. Apesar dessa preocupação
com o currículo, havia ao mesmo tempo uma diminuição de seu valor enquanto
ferramenta pedagógica, recaindo todas as as responsabilidades em cima dos docentes,
como revela um trecho de um documento oficial: 

un buen profesor hace maravillas con un curso mediocre y con


un plan y programas que podríamos calificar de regulares o
malos. Un profesor mediocre no es capaz de hacer nada con el
mejor instrumento que se le entregue ni con el mejor curso que
podamos imaginar. (Nuevo programas de estudio. Plan de
estudios flexible y programas flexibles…, 60)

Outra mudança na estrutura curricular foi a negativa em centralizar o problema


educacional em sua dimensão política, com a justificativa de que isso permitia ao
professor maior mobilidade e autonomia em sua prática. Eliminava-se, assim, os
aspectos metodológicos mais relevantes com um suposto discurso de valorização da
prática docente. Também houve mudança no aspecto teórico curricular, que se prendeu
a defesa do caráter instrutivo memorialístico do ensino. Também se naturalizava a
condição pessoal e social dos estudantes. Individualizava-se a conquista e o fracasso
estudantil. Outro objetivo geral expressava a importância do nacionalismo e de uma
formação cívica, o que fazia parte do Objetivo Nacional do Governo do Chile. O
currículo coroava a ênfase em uma educação voltada para o mercado, com a
participação cívica apolítica e pela valorização de um nacionalismo conservador.

CONCLUSIONES

Desde 1975, os grupos neoliberais começaram a ganhar mais terreno na


formulação de políticas nacionais no Chile. No entanto,  é a partir de 1979 que a
influência neoliberal se consolida  de fato no âmbito educacional a partir da Directiva
Presidencial Sobre Educación Nacional. Mostrava-se uma clara tendência do discurso
neoliberal sobre outras ideologias de direita. Buscava-se formar ‘buenos Trabajadores,
buenos ciudadanos e Buenos chilenos’. Outras instâncias consolidaram o que trazia a
diretiva. A Constituição de 1980 a liberdade de ensino a partir de uma perspectiva de
favorecimento ao capital privado. os planos e programas curriculares consolidaram a
desigualdade social como algo natural, aprofundando o pensamento neoliberal no
âmbito educacional. O autor finaliza o texto com uma reflexão sobre como todo esse
processo levou a uma frustração generalizada na classe docente.

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