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LINGUAGENS
Leitura e produção de textos na graduação
Ivanilda Barbosa
COMUNICAÇÃO E LINGUAGENS
Leitura e produção de textos na graduação
Ivanilda Barbosa
© 2020 by Universidade de Uberaba
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por escrito, da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Ilustrações
Depositphotos. Acervo Uniube.
Getty Images. Acervo Uniube.
Editoração eletrônica
Matheus Kaneko da Silva
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Ivanilda Barbosa
1.1 Introdução..............................................................................................................................................2
1.2 Os atos de falar e de escrever.........................................................................................................4
1.3 Fatores que interferem na ação comunicativa........................................................................6
1.3.1 Conhecimento de mundo.....................................................................................................7
1.3.2 Informatividade.........................................................................................................................9
1.3.3 Intencionalidade e receptividade................................................................................... 11
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral................................................................ 13
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito.................................... 19
1.6 O prazer de ler e escrever.............................................................................................................. 24
1.7 Resumo................................................................................................................................................. 25
2.1 Introdução........................................................................................................................................... 30
2.2 Comunicação verbal no contexto acadêmico..................................................................... 31
2.2.1 A noção de texto.................................................................................................................... 31
2.2.2 Texto e hipertexto.................................................................................................................. 34
2.3 O texto acadêmico.......................................................................................................................... 41
2.4 A organização de textos orais..................................................................................................... 44
2.4.1 A entrevista .............................................................................................................................. 45
2.4.2 O debate.................................................................................................................................... 48
2.5 A organização de textos escritos............................................................................................... 50
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha................................................................................. 51
2.5.2 Segundo grupo: relatório e portfólio............................................................................. 58
2.5.3 Terceiro grupo: comunicação, artigo científico e monografia............................. 60
2.6 Resumo................................................................................................................................................. 65
3.1 Introdução........................................................................................................................................... 74
3.1.1 Recuperando a noção de dissertação........................................................................... 74
3.2 Procedimentos para a leitura do texto dissertativo........................................................... 75
3.2.1 Ler para identificar................................................................................................................. 75
3.2.2 Ler para delimitar as partes................................................................................................ 77
3.2.3 Ler para analisar...................................................................................................................... 80
3.2.4 Ler para reconhecer argumentos....................................................................................81
3.2.5 Ler para estabelecer relação ............................................................................................. 86
3.2.6 Ler para avaliar e emitir um julgamento...................................................................... 86
3.3 Resumo................................................................................................................................................. 89
4.1 Introdução........................................................................................................................................... 94
4.2 A escrita no cotidiano das organizações................................................................................ 96
4.2.1 A identificação profissional – requerimento, carta de apresentação e
currículo................................................................................................................................................100
4.2.2 A circulação de informação interna – memorando, avisos, ordem de serviço,
instrução normativa, parecer técnico, pauta e ata de reunião.....................................106
4.2.3 Comunicação externa – ofício, declaração, contrato e procuração................119
4.3 Comunicação e imagem da organização.............................................................................123
4.4 Resumo...............................................................................................................................................126
5.1 Introdução.........................................................................................................................................134
5.2 Adequação textual e produção de sentidos.......................................................................136
Seria, então, cada linguagem uma aventura? E o “que pode uma criatura senão, entre
criaturas”, dizer e, nesta fala mesma − do contador e do poeta, do dançarino, do músico
e do inventor, do grafiteiro, do místico, do filósofo e do cientista − protestar, dispersar,
cantar e dançar, não dizer e ousar ouvir, ler e escrever?
XI
Em cinco capítulos, estão desenvolvidos temas relacionados à ação comunicativa, à
comunicação verbal no contexto acadêmico, aos procedimentos para leitura de texto
didático-científico, à linguagem e trabalho, à prática comunicacional no contexto das
organizações e às relações entre linguagem, sociedade e comunicação.
No percurso de estudo destes cinco capítulos, estaremos junto a você, com a certeza
de que falar/ouvir, contar/interpretar, ler/escrever são jogos de linguagem, e suas
regras são socialmente estabelecidas e pactuadas na ousada aventura da comunicação
humana, em cada tempo e em cada contexto histórico.
As autoras
XII
XIII
Capítulo 1
Ação comunicativa:
leitura, interpretação
e expressão
Objetivos
1.1 Introdução
Não basta falar bem. É preciso saber ler e escrever. Monteiro Lobato, no início do
século XX, afirmou que “Um país se faz com homens e livros”. Seria essa afirmação
ainda impactante, no século XXI? Livros são necessários para o desenvolvimento social,
econômico e cultural de um país?
Falamos mais do que escrevemos e lemos menos do que ouvimos. Isto é um fato para a
maioria das pessoas com as quais convivemos em casa, no trabalho e na escola. Sendo
assim, em que falar e escrever contribuem para maior ou menor realização pessoal e
profissional das pessoas? A pessoa que transita com facilidade entre as múltiplas formas
da fala e da escrita tem mais oportunidade de alcançar os objetivos a que se propõe?
Qual é mesmo a relação que há entre falar e escrever com propriedade e adequação
e o grau de satisfação das pessoas em suas relações familiares, amorosas, escolares e
profissionais?
As nossas respostas podem ser bastante variadas para todas essas indagações.
E, possivelmente, muitos estudiosos já se dedicaram a essa polêmica tão
presente no diálogo de pais, alunos e professores, profissionais liberais e
comunicadores.
2
Iniciando os estudos, propomos que você exercite suas habilidades de ler e de
falar, ouvir e escrever, a partir de textos que são produzidos no cotidiano da vida
universitária. Esses textos têm por finalidade incentivar a produção e registro das
reflexões, das leituras, das indagações e da pesquisa nos cursos, por alunos e
professores.
3
1.2 Os atos de falar e de escrever
As grandes narrativas que hoje temos nas bibliotecas e nos livros sagrados de diferentes
povos nos mostram que elas tiveram origem na paciência histórica de alguém que
contou o que viu e o que imaginou a um outro que, curiosa e pacientemente, o ouviu.
E, assim, esse registrou e distribuiu a muitos outros aquilo que um dia esteve guardado
na memória ou na imaginação das pessoas, dos povos e das civilizações.
Embora saibamos que fala e escrita guardam, cada uma, sua identidade, têm
características próprias, elas permaneceram, ao longo da história dos homens e de
seus feitos, lado a lado, sem nenhuma relação de superioridade, como faces da mesma
linguagem.
Podemos afirmar que falar e escrever são práticas que se estabelecem em diferentes
tempos, em diferentes espaços sociais e geográficos, e que se complementam na busca
do conhecimento, da compreensão, da convivência e da criação humana.
As formas da fala e da escrita que ganham vida em cada espaço familiar, de trabalho,
de lazer, de estudo se conjugam em diferentes combinações de sinais, de cores, de
sons, de códigos e de sentidos – diferentes linguagens próprias dos grupos familiares,
religiosos, sociais, culturais, artísticos, científicos e profissionais.
As pessoas das sociedades letradas que têm o privilégio de se manifestarem pela fala e pela
escrita constatam que estão sujeitas a regras em uma e outra situação de comunicação.
4
A escrita de um bilhete para um amigo, por exemplo, é bem diferente de um
comunicado de um diretor aos seus colaboradores afixado no mural da empresa. Ou,
ainda: um artigo de jornal sobre um acidente ecológico se difere de um laudo técnico
do biólogo para fins de avaliação de responsabilidades e também do depoimento que
o mesmo biólogo possa dar a um repórter sobre o assunto.
Sintetizando
5
• O conhecimento de mundo dos interlocutores determina também o
modo de organizar a fala e a escrita.
• A receptividade dos ouvintes e leitores motiva a escolha dos estilos
próprios que cada pessoa vai construindo ao longo de sua história de
vida.
• O domínio que cada pessoa tem das técnicas de falar e de
escrever, de acordo com a situação de comunicação, possibilita
alcance dos objetivos nas situações sociocomunicativas.
Nesse sentido, os atos de ouvir e falar, de ler e escrever são práticas indispensáveis
à formação integral do indivíduo, interferindo no seu desenvolvimento emotivo,
6
intelectual, social e profissional e proporcionando-lhe, dia após dia, a ampliação de
seu conhecimento de mundo.
Entende-se por conhecimento de mundo o saber que a pessoa tem sobre a natureza
e a cultura de diferentes povos: sobre a geografia, as ciências, as artes, a política, as
religiões, a tecnologia, as linguagens, os costumes, formas de trabalho, rituais religiosos,
formas de convívio, entre outros conhecimentos que a humanidade vai acumulando
no curso da sua história.
Podemos afirmar que cada pessoa põe em prática todo o conhecimento de mundo
que já lhe pertence, ao ouvir e entender, ler e compreender, sentir e expressar, ao
7
escrever e comunicar, ao aprender e traduzir, para si e para o outro, o que já sabe.
O conhecimento de mundo, portanto, interfere na forma da pessoa dialogar, ler,
interpretar e compreender a realidade, o outro e a si mesmo.
8
1.3.2 Informatividade
A informatividade está presente nos textos orais, escritos e visioespaciais, tais como
nos anúncios, poema, teatro, pinturas, esculturas, debates, entrevistas, conferências e
se relaciona ao grau de novidade contida no texto.
O que seria então informatividade? Quando a pessoa que fala provoca na outra uma
expectativa a partir do que está dizendo, significa que há algo novo sobre o assunto. Ou
seja: o ouvinte fica esperando tomar conhecimento de algo que ele ainda não sabe. Se
o que ouve já lhe é conhecido, a sua expectativa não é atendida. Dizemos, então, que
quem falou não trouxe nada de novo. Não deu informação àquele ouvinte.
9
A informatividade é, assim, um fator que se mede pela quantidade de novidade que
chega ao ouvinte. O grau de informatividade do texto pode variar de ouvinte para
ouvinte, ou de leitor para leitor, se o texto for escrito.
Por isso, ao falar ou escrever, devemos cuidar de saber para quem estamos falando ou
escrevendo, uma vez que nossa intenção é sempre manter o elo comunicativo com as
pessoas. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O nosso interlocutor precisa de pistas
para que encontre, em nosso texto, o sentido novo, a novidade, a informação. A eficácia
de uma comunicação encontra-se também no controle do grau de informação, por
parte de quem se dispõe a comunicar.
10
Exemplificando
Se a intenção de quem produz um texto escrito é provocar no leitor uma reação, para
que isso aconteça, é necessário que o leitor tenha a disposição de ler o texto que lhe
está sendo oferecido.
11
Para promover o interesse pela leitura, o texto precisa conter elementos motivadores.
O leitor se interessa por ler à medida que ele encontra no texto dados, referências que
já são do seu conhecimento, isto é, do seu repertório, e que vão ser acrescidos de algo
novo sobre o assunto.
Exemplificando
12
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral
O teatro é uma forma milenar de narrativa oral. Para contar a história, faz-se uma
encenação, na qual se conjugam vozes e gestos, movimento corporal, expressão
fisionômica, cenário e figurino. Você já teve a oportunidade de assistir a peças teatrais
– tragédias, comédias, musicais, monólogos? Pôde observar o fascínio que o teatro
exerce sobre as pessoas?
13
Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, identifica com maestria os recursos da
expressão oral no ato de narrar:
Observe que, embora esteja escrito, o autor se expressa de forma bastante espontânea:
o ritmo cadenciado é indicado pelos sinais de pontuação (vírgulas, dois pontos,
reticências) e imprime ao texto um efeito de fala, de oralidade. A sensação que temos
é a de que estamos ouvindo a voz do autor, vendo seus gestos.
14
A linguagem corporal não está presente apenas nas expressões artísticas. Em cada
situação de comunicação oral, que se realiza de maneira mais ou menos formal,
constata-se que o tom e o volume da voz, o movimento do corpo, os gestos, a expressão
facial e o deslocamento do olhar se complementam para motivar e manter o interesse
dos interlocutores.
15
No vídeo Como falar bem: gestos, a fonoaudióloga Leny Kyrillos nos traz informações
e orientações de como usar os gestos para uma comunicação mais eficaz. Veja-o.
Não é sem motivo que especialistas em comunicação têm dispensado tempo para a
pesquisa da linguagem corporal e os seus efeitos nas relações de trabalho.
No livro O corpo fala, Pierre Well e Roland Tompakow oferecem ao leitor um detalhado
estudo do comportamento humano a partir da linguagem silenciosa do corpo,
abordando temas como: harmonia e desarmonia, origem dos gestos, o amor e sua
expressão corporal, entre outros. Esse estudo ressalta a importância da gestualidade, da
postura e da adequação do vestuário como fatores que interferem na comunicação oral.
O livro tem sido indicado para profissionais de diferentes áreas de atuação. Os autores
abordam, de maneira simples, prática e divertida, a silenciosa linguagem do corpo.
16
Indicação de leitura
17
18
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito
Os dois textos sugeridos anteriormente para leitura, O corpo fala e Falar bem é
fácil, nos permitem observar que há entre fala e escrita mais semelhanças do que
diferenças, quando nos colocamos no lugar de interlocutores. Ou seja: a compreensão
do pensamento do autor (falante ou escritor) é facilitada pelos elementos gráficos,
os espaços que foram utilizados para marcar o ritmo e a sequência e progressão do
pensamento.
As reticências sugerem que mais detalhes poderiam ser enumerados. O autor Francisco
Marques (Chico dos Bonecos) conta com a atenção e a imaginação do seu leitor, que
mais se aproxima a um ouvinte ou a um espectador.
Em O corpo fala, o leitor está presente no texto por meio das formas verbais do
imperativo e pelas formas pronominais de segunda pessoa: “Seja coerente, procure
ser você ao se expor para um grupo de pessoas. Nessa exposição dê atenção a todos,
19
deixe o seu olhar dançar entre eles, mas nunca olhe fixamente para nenhum deles.”
(MENDES, 2008).
Na comunicação escrita, assim como na oral, existem aspectos formais que contribuem
para que o texto se torne legível (compreensível) – pontuação ortografia, concordância
e regência verbal e nominal, adequação do vocabulário ao assunto e ao conhecimento
de mundo do leitor e a organização textual.
Importante lembrar que esses aspectos formais, que interferem na comunicação escrita,
seguem normas especiais em cada tipo de texto. Um poema se organiza espacialmente
de forma diferente de um texto científico. Espaçamento, divisão de parágrafos, por
exemplo, são utilizados conforme a situação comunicativa.
- Pontuação
Vejamos um caso em que a pontuação (ou a falta dela) interfere na compreensão do
texto. Para quem é a refeição que está na mesa?
20
Essa encomenda é para o João não para a sua namorada
também não é para o Álvaro entregar ao síndico jamais
para o José do quarto 2 não é para a Rosa.
Fátima
Situação A
O João lê o bilhete.
Situação B
A Rosa leu o bilhete
Fátima
21
PENSE!
Se você fosse o José do quarto 2, como leria este bilhete?
Fátima
- Ortografia
Ortografia significa escrita correta – orto = certo + grafia = escrita.
No Guia prático da Nova Ortografia, de Douglas Tufano, você pode saber mais sobre
o que mudou na ortografia brasileira. Sugerimos essa leitura!
22
Retomando os versos de João Cabral de Melo Neto, necessitamos “catar feijão” – catar
palavras, recolher, retirar o que não é bom, o que não é palavra adequada não é palavra
boa, para que o texto fique bom. Em seguida, “jogam-se os grãos na água do alguidar”,
na intenção de escolher, “e as palavras na folha de papel” que, associadas aos fatores
aqui apresentados, certamente resultarão em escrita coesa e coerente, e será bem
recebida pelos seus interlocutores.
23
1.6 O prazer de ler e escrever
Há pessoas que conseguem ver e escrever histórias em todo lugar. Como a oralidade
precede a escrita, ou seja: quando aprendemos a ler e a escrever já sabíamos ouvir e
falar ou ver e representar, boas histórias têm origem nos ‘causos’, nas prosas, histórias
populares, narradas em situações de descanso e lazer.
Continho
24
Agora é a sua vez
Agora é a sua vez de ser escritor. Escolha uma história popular que você ouviu
e gostou. Crie um ‘continho’. Compartilhe sua escrita com colegas e amigos.
1.7 Resumo
O estudo, a partir deste capítulo, permitiu a reflexão sobre o uso da linguagem oral
e escrita, identificando os aspectos de aproximação e distanciamento nessas duas
modalidades da linguagem verbal.
25
Referências
IMS – Instituto Moreira Salles. Paulo Mendes Campos. Disponível em: <https://
ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/>. Acesso em: 20 jan. 2020.
COMO falar bem: gestos. Leny Kyrillos. Revista eletrônica Você S/A. Vídeo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Wa0UIGPTcio>. Acesso
em: 21 jan. 2020.
26
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1981.
27
Capítulo 2
Comunicação e textos
acadêmicos
Objetivos
2.1 Introdução
O certo é que, nesses suportes, o texto põe o leitor em contato com as informações
sobre economia e política, com as discussões sobre as questões ambientais, invenções
tecnológicas, acontecimentos reais e ficcionais que nos situam no dinâmico universo
da sociedade em que vivemos. A leitura, portanto, faz parte da nossa agenda diária, se
nos sentimos motivados a aprender, a criar, a manter diálogos sobre os mais variados
temas, com as mais diversas pessoas.
30
Neste capítulo, trataremos de textos que nascem de outros textos com a finalidade
de registrar os estudos no dia a dia do curso de graduação, ou seja, vamos observar as
formas de textos acadêmicos. O que pretendemos é mostrar a você alguns caminhos
que possam auxiliá-lo(a) na prática da leitura e da escrita durante o processo de
formação universitária.
31
• saber as leis de uma sociedade, sobre a política e os costumes dos povos;
• conhecer a geografia e a história de um país, o pensamento do colega, do cientista
ou do poeta;
• expressar o que pensamos e o que sentimos.
À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se
diversificando. Empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos, por
exemplo, sequências de:
32
UNIDADE DE SENTIDO
TEXTO
Podemos indagar: o que há de comum entre uma fotografia, um poema, uma história
em quadrinho, um filme, uma letra de música, um ritual indígena e uma sequência
musical, para que todos sejam denominados TEXTO? Observando, podemos constatar
que todos eles:
Essa unidade ganha sentido porque mantêm relação com o mundo do autor e do
destinatário.
33
O texto é, portanto, construído em situação de interlocução e necessita de condições
para sua existência. Entre essas condições, destacam-se:
• a intencionalidade;
• a organização interna de suas partes;
• as relações de sentido entre as partes (coesão);
• as relações de sentido do texto com o contexto externo (coerência);
• a receptividade.
34
Por entre os fios da trama, há muitos nós, ligando um fio ao outro como em uma rede. A
imagem da rede auxilia a entender que é preciso tecer o texto, escolhendo os recursos
linguísticos de que dispomos para expressar sentimentos e saberes.
Um texto, por exemplo, pode ter muitos nós, ou seja, entrada ou saída para outros
textos: os denominados links. Links textuais não são uma novidade dos tempos da
cibernética. Eles sempre existiram nos textos orais e escritos.
Em uma conversa, as pessoas se apropriam das falas umas das outras para dar
continuidade ao diálogo; nos textos escritos, com as notas de rodapé, referências
bibliográficas, citações, o escritor põe o leitor em contato com outras escritas.
A novidade é a mudança dos suportes para as mídias digitais e a velocidade com que
a tecnologia da informação multiplica links e constrói os grandes textos – os chamados
hipertextos. Os hipertextos compõem-se de uma multiplicidade de textos, de vozes e
de linguagens que circulam nas hipermídias.
Vamos buscar respostas para essas perguntas, fazendo a leitura de dois pequenos textos
que têm finalidades diferentes.
35
Texto 1
Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha
que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de
fome. Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para
o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que FaroFino andava
aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio.
Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
– Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era
tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio
de geral consternação.
Esta narrativa é uma fábula. As fábulas nos remetem a questões complexas da vida, que
são apresentadas de uma forma simples e concisa. Algumas circulam há séculos, mas,
em cada época em que são lidas, elas se renovam.
36
Observe:
1. as partes dessa fábula:
• uma situação inicial: os estragos de FaroFino;
• a mudança nessa situação: a assembleia;
• o desenvolvimento (desdobramentos): a reflexão e a decisão da assembleia;
• uma situação final: a impossibilidade de pôr em prática a decisão.
4. encontramos uma coerência na história narrada, embora saibamos que animais não
falam.
6. nessa fábula, o autor faz uso da criatividade para, simbolicamente, apresentar valores
morais das sociedades humanas.
37
Texto 2
O Termo Direito
Esse texto foi retirado de uma publicação dirigida a pessoas que se interessam por
construir conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo-o, podemos observar que o
autor:
38
• situa-se como alguém solidário ao leitor, quando usa as expressões "...nos
aproximar ...pretendemos";
• fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando
fundamenta suas explicações, recorrendo a outros autores;
• usa termos técnicos e preocupa-se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que
possa impedir a compreensão do significado do termo Direito.
O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de
se relacionar com um assunto novo.
Podemos afirmar que o objetivo do autor, nesse texto, é didático, ou seja, facilitar a
compreensão do significado do termo Direito.
Importante
Cada texto tem existência própria e surge sempre de uma situação de comunicação.
Toda situação comunicativa pressupõe a existência de interlocutores. A escolha e a
organização dos elementos linguísticos pelo autor e o conhecimento de mundo do
leitor interferem na construção e compreensão do texto.
39
Embora seja uma unidade de sentido, o texto relaciona-se com tantos outros textos que
o antecederam ou que poderão surgir a partir dele. Pela sua forma de organização, é
o próprio texto que aponta os caminhos para que o leitor o interprete, o compreenda,
encontrando os seus sentidos.
A noção de texto não se restringe ao texto escrito; assim, o ato de ler deve também ser
entendido em seu sentido mais amplo. O ato de ler consiste no momento em que o
leitor age com a intenção de compreender a unidade de sentido que é o texto.
40
2.3 O texto acadêmico
Necessidades/
Grupos Gêneros Variantes
Objetivos
Poemas e narrativas:
Expressar criativa e
trovas, sonetos,
1 Literário esteticamente
romance, crônica,
pela escrita.
novela e conto.
Estabelecer
Memorando, ofício,
comunicação
parecer,
Oficial (legal, jurídico formal e registros
2 requerimento,
e comercial) em ambientes de
lei, regimento,
trabalho público
carta comercial.
e privado.
41
Necessidades/
Grupos Gêneros Variantes
Objetivos
Registrar e
divulgar reflexões, Tratado, artigo,
fenômenos resumo, resenhas,
Filosófico, científico
3 naturais, processos relatórios,
(técnico e didático)
sociais, resultados monografia,
de investigação dissertação
científica.
Divulgar notícias,
Jornalístico e informações, publicidades,
4
publicitário produtos e reportagens,
formar opinião. editoriais
parábolas, sermões,
Difundir princípios
5 Religioso evangelho, cânticos
religiosos; doutrinar.
e orações.
42
No ambiente universitário, você é solicitado a registrar o que ouve e lê, a dizer o que
leu, a opinar sobre o assunto que pesquisou. Você produz textos para apresentar ao
professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em
periódicos.
A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando-os aos estudos que
os alunos e os professores desenvolvem para a progressiva ampliação e partilha de
conhecimentos necessários à formação profissional.
43
Nessa perspectiva, denominamos textos acadêmicos ao conjunto da produção textual,
nas modalidades oral ou escrita, formalmente utilizado por alunos e professores e que
têm por finalidade ampliar os conhecimentos sobre um assunto, registrar as reflexões
e gerar novos conhecimentos no contexto da Universidade.
A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as situações de encontros
entre as pessoas. Ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em todos os
textos orais. É a estrutura do diálogo.
44
2.4.1 A entrevista
Você já foi entrevistado(a)? Já entrevistou alguém? Já assistiu a uma entrevista de algum
grupo musical ou de uma equipe esportiva?
45
• finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem
sempre vêm transcritos quando a entrevista é publicada (FECHAMENTO).
Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as
habilidades de comunicação oral do entrevistador e do entrevistado contribuem para
o êxito da entrevista e, consequentemente, para o alcance dos objetivos.
46
Agora é a sua vez
Para assistir alguns dos melhores momentos das mil primeiras entrevistas do programa
Roda Viva, você poderá acessar o site da TV Cultura. Na oportunidade, você terá um
passeio histórico acerca das reflexões de importantes intelectuais de nosso país.
47
Sintetizando
2.4.2 O debate
O debate é uma situação de comunicação motivada pela necessidade de esclarecimento
sobre temas polêmicos, pela existência de novas descobertas científicas e pelo interesse
em buscar soluções para questões sociais, econômicas e políticas.
48
• a presença do moderador: aquele que coordena o debate e é o responsável por
garantir a progressão das ideias em torno do tema que está em questão. No espaço
da sala de aula, essa função normalmente é exercida pelo professor. Nada impede
que seja desempenhada por um aluno;
• a presença dos debatedores: eles podem se servir de documentos, anotações
para fundamentar o seu ponto de vista ou comprovar suas afirmações.
Importante
49
• No meio acadêmico, o debate contribui para a ampliação das reflexões e
para a divulgação dos conhecimentos científicos. A situação de debate
é vivenciada em seminários, aula dialogada e mesa redonda, fóruns de
discussão on-line, entre outras.
Quanto mais temos contato com as formas de textos, mais fácil se torna reconhecê-las
e utilizá-las com adequação em benefício próprio e coletivo. Vamos mostrar a seguir a
organização de alguns textos mais frequentes, tanto para a leitura, como para a redação
de trabalhos que desenvolvemos na Universidade.
50
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha
O resumo e a resenha têm origem em outros textos, pois a finalidade deles é apresentar
obras já prontas, sejam elas jornalísticas, artísticas, científicas. São práticas textuais que
exigem habilidades de observação e análise.
Em uma resenha, vamos além: é preciso saber situar a obra e o pensamento do autor
em comparação com outras obras e emitir um julgamento sobre ela.
- Resumo
É um texto explicativo, de dimensões menores do que o texto que lhe dá origem. Sua
finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento que está no texto de origem,
mas cuidando de preservar as intenções do autor e realçar os pontos para os quais esse
autor dispensou maior atenção.
51
Importante
INTRODUÇÃO
situa o tema das publicações eletrônicas científicas na Internet, traçando
o histórico de seu desenvolvimento e abordando também
as principais questões envolvidas na transição do modelo
de publicação baseado no papel para o modelo eletrônico...
2ª parte ...dentre as quais se destacam as questões dos direitos
DESENVOLVIMENTO
52
Exemplo 2
Resumo/texto
1ª parte Uma característica marcante do discurso literário de Machado de
situa o tema, o Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances
autor e a obra da segunda fase. O romance Dom Casmurro, publicado em 1899,
INTRODUÇÃO
é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos
dias de hoje. Esta obra participa da segunda fase da produção
machadiana e se distingue pela abordagem psicológica, pela
análise crítica dos sentimentos e intervenções do narrador que
dialoga, constantemente, com os leitores.
DESENVOLVIMENTO
para análise humor-graça, o humor-intimidade e o humor-ironia. Percebeu-
-se que o humor foi instituído, não de forma evidente e
despojada, mas sutilmente, provocando o envolvimento do leitor,
de maneira quase imperceptível, porém gradativa. Constatou-se
que a maturidade do narrador possibilita uma visão mais ampla
de sua história e, assim, Bentinho assume a posição de quem
assiste cenas de sua existência, construindo uma narração crítica
como quem, a distância, observa, comenta e ironiza situações.
3ª parte Concluiu-se que o humor em Dom Casmurro foi propositalmente
CONCLUSÃO
Conclui, explicitando empregado, ora para estabelecer uma intimidade com o leitor,
o humor como ora para surpreendê-lo, ora para chamar-lhe a atenção e convidá-
recurso de lo a refletir sobre a condição humana.
interlocução
Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes
Palavras-chave: humor, romance, literatura
53
Resumo
Texto sem subdivisões, embora apresente três partes
- Resenha
É um texto que tem por finalidade apresenta, com detalhes, uma obra que lhe dá
origem. Ou seja: fornece dados de identificação da obra; descreve o conteúdo e a
54
composição; analisa os recursos utilizados; analisa a pertinência do pensamento do
autor em relação ao conhecimento já disponível; avalia a importância da obra e sua
contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural.
Exemplificando
55
Agora, observe outro exemplo, com o detalhamento de sua organização.
Exemplificando
56
Organização Trata-se de uma obra coesa e repleta de diversidade: 54
da obra autores de diversas regiões do país, convidados para pensar
a realidade brasileira do século XXI, resultando em 46 artigos.
Na ordenação dos artigos considerou-se a ordem alfabética
dos nomes dos autores.
57
Se compararmos os quadros aqui apresentados, podemos afirmar que os textos
acadêmicos escritos contêm uma estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e
Conclusão. Quando redigidos e enviados para publicação, devem conter os dados de
identificação do autor e do tipo de texto que está sendo apresentado.
Relatório de pesquisa
Apresentação do tema da pesquisa, importância
Introdução científica, social e cultural: como o assunto foi
problematizado, os objetivos do pesquisador.
Apresentação das teorias nas quais se sustentaram
Referencial
as reflexões desenvolvidas, discutindo o tratamento
Desenvolvimento
58
Relatório de pesquisa
Apresentação Exposição dos resultados obtidos, ordenados conforme
Desenvolvimento
- PORTFÓLIO
A palavra portfólio é de origem latina e significa coleção daquilo que está ou pode
ser guardado em um porta-folhas. Bastante adequado para registro de experiência
nas áreas de Artes e Arquitetura, revelou-se adequado para a reunião das diferentes
produções do aluno, baseada nos registros de suas reflexões, de suas leituras, de suas
indagações e de suas criações.
59
Na internet você encontrará uma diversidade de conceitos e de possibilidades de se
elaborar esse tipo de texto. Não há uma única forma de se elaborar um portfólio. É
importante que o autor siga os objetivos, os critérios ou orientações a ele apresentados,
quando lhe solicitam a composição de seu portfólio.
60
- Comunicação científica (paper)
- Artigo científico
Artigo científico
Título (subtítulo) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou
Autor(es) envio para apresentação em eventos científicos.
61
Artigo científico
Créditos do(s) autor(es) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou
Veja, a seguir alguns links onde pode encontrar artigos das áreas Direito Civil e
Psicologia. É importante observar a organização de cada texto.
- Monografia
Uma monografia caracteriza-se por ser a escrita de uma pessoa, na qual há o
resultado de uma pesquisa científica, sobre um tema delimitado e que apresente uma
contribuição relevante para as Ciências.
62
Refere-se, de forma mais ampla, a um trabalho científico que resulte de pesquisa: por
exemplo um trabalho de conclusão de curso de graduação ou de mestrado. Deve estar
relacionado a uma disciplina do curso e ser feito sob orientação docente.
IMPORTANTE!
Compreender a organização e a finalidade dos textos com os quais lidamos no dia a dia
de nossos estudos contribui para ampliar nossa competência de leitura. Mas também é
importante que a nossa familiaridade com esses textos nos estimule não só a ler, mas
também a escrever. O processo de tornar-se um escritor de textos acadêmicos é longo
e de aprimoramento contínuo e se inicia com o registro das leituras que fazemos.
63
Este processo consiste em uma prática acadêmica que tem por objetivo auxiliar
no registro de levantamento bibliográfico. Por ser um procedimento básico de
identificação, o fichamento está sempre relacionado a outras práticas de escrita
acadêmica.
Embora de uma publicação para outra ou mesmo entre países essas normas
apresentem diferenças, os princípios que regem a publicação acadêmica e científica
são universalmente os mesmos, fundamentos na ética e responsabilidade social.
64
2.6 Resumo
65
desenvolva suas habilidades de lidar com o conhecimento já disponível na sociedade,
aplicando-o, avaliando-o, criticando-o para transformá-lo.
66
67
Referências
68
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 50. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
69
PORTELA, Patrícia de Oliveira. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos de
Acordo com as Normas de Documentação da ABNT: Informações básicas.
2019. Disponível em: http://www.uniube.br/biblioteca/novo/arquivos/2015/
manual_normatizacao2015.pdf. Acesso em: 07 ago. 2019.
70
71
Capítulo 3
Procedimentos para
leitura de textos
dissertativos
Objetivos
Neste capítulo, vamos apresentar alguns procedimentos de leitura que nos permitem
ler com mais proficiência textos dissertativos, com ênfase na dissertação argumentativa.
Pode ser utilizada para elaborar conceitos, reflexões sobre temas diversos, apresentar
processos, defender pontos de vista. Dependendo da intenção do autor, no texto
dissertativo, podem ganhar destaque a:
74
• descrição: quando o autor quer conceituar um termo, apresentar as fases de um
processo ou caracterizar um objeto;
• narração: quando é relevante informar a sequência de ações e acontecimentos
(um experimento, por exemplo); ou
• argumentação: quando o objetivo do autor é defender um ponto de vista, ele
constrói um texto dissertativo-argumentativo.
De forma resumida, vamos traçar um caminho para a leitura que poderá resultar na
compreensão da maioria dos textos com os quais nos deparamos no dia a dia dos
estudos na Universidade. Acompanhe a seguir alguns procedimentos que contribuem
para a leitura compreensiva desses textos.
75
do livro, a breve biografia do autor, os créditos da revista ou boletim (eletrônico
ou impresso) em que o texto está publicado.
• conhecer o plano geral do texto; por isso, a primeira leitura deve ser realizada de
forma sequencial e integral, do começo ao fim.
• ficar atento(a) às marcas de composição gráfica – os tipos de letras e o tamanho
das fontes costumam ser diferentes para o título, para as partes e para os itens
dentro de cada parte.
• observar o estilo do autor, ou seja, se é mais simples, mais complexo, mais ou
menos difícil de ler.
76
Assim, lemos para identificar:
• a introdução
• o desenvolvimento
• a conclusão
77
A Nova Economia
1ª parte - INTRODUÇÃO
competição globalizado, em que a capacidade de gerar inovações em
Contextualização das
2ª parte - DESENVOLVIMENTO
As mudanças em curso estão provocando uma onda de “destruição
criadora” em todo o sistema econômico. Além de promover o
aparecimento de novos negócios e mercados, a aplicação das
tecnologias de informação e comunicação vêm propiciando, também,
a modernização e revitalização de segmentos maduros e tradicionais;
em contrapartida está ameaçando a existência de setores que já não
encontram espaço na nova economia.
78
A globalização e a difusão das tecnologias de informação e
comunicação são uma via de mão dupla: por um lado, viabilizaram a
2ª parte - DESENVOLVIMENTO
expansão das atividades das empresas em mercados distantes; por
um outro, a atuação globalizada das empresas amplia a demanda
por produtos e serviços de rede tecnologicamente mais avançados.
Vantagens
2ª parte - DESENVOLVIMENTO
vários pontos do planeta, trafega a principal matéria prima desse
novo paradigma: a informação. A capacitação de gerar, tratar e
transmitir informação é a primeira etapa de uma cadeia de produção
Exigências
3ª parte - CONCLUSÃO
79
direcionadas para as NITCs
de trabalho com políticas
Perspectivas do mercado
3ª parte - CONCLUSÃO
das oportunidades de trabalho, no padrão de consumo da sociedade
e na repartição da renda entre os países. A despeito das grandes
desigualdades entre nações, novas oportunidades se abrem para os
países em fase de desenvolvimento econômico que saibam estruturar
suas políticas e iniciativas em direção à sociedade da informação.
80
3.2.4 Ler para reconhecer argumentos
Como principais recursos usados em textos dissertativos e que se aplicam também
ao texto científico, Platão e Fiorin (2007) apresentam cinco tipos de argumentos.
Acompanhe-os a seguir.
A ligação entre arte e ciência não é nova. Entre outros, o físico inglês
Paul Dirac, autor da descoberta teórica da antimatéria, foi um dos que
defenderam esta ideia. Em um dos seus escritos mais conhecidos, Di-
rac propôs que o melhor critério para avaliação de uma teoria deve ser
sua beleza.
(Ponto de vista “Ciência e beleza” Revista Scientific American Brasil -
ano 1 - número 11 - p. 5)
81
• Argumento com base no consenso - afirmações de base científica e aceitas
mundialmente como verdadeiras; não necessitam, portanto, de serem
demonstradas, por exemplo: “A Terra não é plana”. Ou, ainda: Nulla poena sine
crimine (não há pena sem crime); Nullum crimem sine lege (não há crime sem lei);
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (não há lei penal sem necessidade).
• Em todas as áreas do conhecimento, existem argumentos que são aceitos
universalmente, tais como os axiomas da Matemática e os postulados da
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Caso julgar interessante conhecer
esses direitos, acesse o link indicado a seguir.
A Organização das Nações Unidas, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
tem como objetivo proporcionar tanto aos indivíduos quanto aos órgãos da sociedade
o conhecimento desses direitos a fim de que eles sejam respeitados e, acima de tudo,
promover medidas que assegurem o seu reconhecimento e a sua efetiva observância.
Veja o exemplo:
Argumentação baseada em consenso - pois todos são iguais perante a lei e sem
distinção.
82
Caso necessite utilizar em suas produções textuais dados de determinadas pesquisas,
como, por exemplo: população, PIB, inflação, desemprego, entre outros, você poderá
acessar o site do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para comprovar
esses dados.
No link a seguir, há, também, uma Síntese de Indicadores Sociais, com a análise das
condições de vida da população brasileira cujas informações poderão contribuir para
a comprovação de dados em suas produções textuais. Vale a pena conferir!
Apresentação dos dados - Com base nos dados da PNAD de 1992 a 2001, é
possível destacar algumas tendências recentes no perfil da família brasileira. Nesse
período, cresceu de forma contínua o número relativo de famílias nas quais a
pessoa de referência é mulher e reduziu-se a quantidade de componentes das
famílias, como reflexo do ritmo de queda da fecundidade. A PNAD 2001 estimou
em cerca de 13,8 milhões o número de arranjos familiares em que a mulher era a
pessoa de referência, ou 27,3% das 50,4 milhões de famílias brasileiras. Em duas
décadas, a proporção desse tipo de arranjo familiar cresceu cerca de 24,7% no país.
83
O fenômeno é mais recorrente nas regiões metropolitanas, dentre as quais se
destacam Belém e Salvador, com, respectivamente, 40,4% e 35,9% de famílias
com pessoa de referência do sexo feminino (tabelas 6.1 e 6.2 e gráficos 6.1 e
6.2). (Síntese dos indicadores sociais 2002, IBGE)
Conclusão - Daqui a vinte e cinco anos, portanto, os estudantes ainda terão que
aprender para saber, isto é, terão de desenvolver uma atividade mental intensa para
compreender, memorizar, comparar, organizar os conhecimentos.
84
• Argumento de competência linguística - adequação e atualização no uso de
termos técnicos e científicos; pelo uso da língua culta, adequação dos elementos
de coesão para o encadeamento de enunciados, de parágrafos e partes do texto,
incluindo a pontuação. São esses elementos que possibilitam ao leitor acompanhar
o raciocínio do autor.
Saiba Mais
85
A lição indicada para leitura traz uma fundamentação teórica sobre a argumentação,
por meio da apresentação de um texto argumentativo comentado, dos tipos de
argumentos e, na sequência, de alguns exercícios.
Neste momento, é necessário estabelecer relações entre o texto que estamos lendo,
seja um romance, um artigo, uma reportagem, uma série, um filme, e informações de
outros textos anteriormente lidos, e até mesmo notas, citações, conceitos, argumentos
mencionados pelo próprio autor.
86
É importante ressaltar que a leitura e a escrita são práticas sociais cotidianas. E ler se
aprende lendo, discutindo sobre o que se leu, partilhando ideias e valorizando as
diferentes formas de textos, seus diversificados suportes e as oportunidades de se ter
com quem partilhar a experiência de leitura. Aproveite bem suas oportunidades junto
a colegas e professores, nos diferentes momentos que vivencia na Universidade.
Saiba Mais
85
87
88
3.3 Resumo
89
Referências
90
PONTO de vista “Ciência e beleza”. Revista Scientific American Brasil - ano
1 - número 11 - p. 5
91
Capítulo 4
Linguagem, trabalho e
prática social
Objetivos
4.1 Introdução
Caso julgar interessante, acesse o link indicado a seguir para conhecer um pouco mais
sobre a história das mídias, entendendo o desenvolvimento das tecnologias e também
a necessidade do homem de representar o que vê para poder entender o mundo em
que vive.
94
Uma organização empresarial, como, por exemplo, um banco, uma universidade, um
hospital, uma rede de loja, constrói a imagem com a qual quer ser identificada no meio
social, lançando mão de recursos e suportes midiáticos diversificados. Entre eles os
recursos da linguagem verbal.
A imagem que o grande público faz da organização, seja ela pública ou privada, é
fator de sua permanência no mercado de produção de bens e serviços. Basta lembrar
o tempo das campanhas publicitárias em rádio, TV, outdoors, fachadas em néon e,
também, os impressos que visitam as salas de espera de consultórios, escritórios ou
são oferecidos nos semáforos como brindes ao consumidor.
95
4.2 A escrita no cotidiano das organizações
É interessante verificar ao longo da História que uma técnica e sua aplicação provêm
de outras e que do movimento de busca, de apropriação, de erros e acertos, vão se
construindo, simultaneamente, a diversidade tecnológica, semiótica e linguística. E,
nessa diversidade, encontram-se a identidade dos povos, a história do trabalho e o
desenvolvimento das sociedades humanas.
Em âmbito mais restrito, também não é difícil entender que profissionais da Educação,
da Medicina, Engenharia, Comunicação Social, Administração e de Serviço Social
utilizam um vocabulário diferente.
96
95
97
No entanto, esses profissionais comunicam-se formalmente não apenas entre si, mas,
também, com pessoas de diferentes grupos sociais: comunidade religiosa, associações
de classe, comercial, industrial, grupos de recreação, núcleos científicos, artísticos e
políticos e econômicos.
98
Esses profissionais usam as variedades linguísticas adequadas para cada situação de
comunicação: em reuniões administrativas, em escritório, em consultório, em lojas
especializadas, entre outras.
99
Na atualidade, essas normas estão estabelecidas em manuais e a uniformidade da
redação auxilia na tramitação burocrática, seja em órgãos públicos ou em organizações
privadas.
A seguir, vamos apresentar formas da escrita que têm por finalidade identificar o
profissional no contexto das organizações.
- Requerimento
Você já preencheu algum requerimento? Lembra-se de sua forma textual?
100
Por exemplo:
• uma vaga de estagiário;
• as férias na empresa;
• cópias de documentos pessoais.
1º - endereçamento
• Na parte superior do documento deve ser indicado o nome de quem receberá a
solicitação, seu cargo ou função.
2º- invocação
Uma expressão contendo pronome de tratamento
• Senhora diretora ou Senhor secretário.
3º - identificação do requerente
• Nome e dados pessoais de quem está requerendo.
5º - pedido de atendimento
• Utiliza-se o enunciado “Nestes termos, pede deferimento”. Costuma-se pedir o
deferimento, a resposta positiva para o que está sendo solicitado, requerido. A
pessoa que vai examinar o pedido pode deferir (aceitar) ou indeferir (não aceitar).
6º - cidade, data
7º - assinatura do requerente.
101
Veja o exemplo a seguir:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
102
Caso julgar interessante, acesse o ícone sugerido a seguir e conheça outros exemplos
de requerimentos.
Formulário de requerimentos
uberaba.mg.gov.br
- Carta de apresentação
Carta é a forma de correspondência emitida por uma pessoa particular, ou por uma
autoridade com objetivo particular. Quem assina a carta expressa uma opinião ou dá
uma informação sua, e não do órgão ou empresa na qual trabalha.
103
- Currículo ou curriculum vitae
Você certamente já ouviu alguém dizer: - Deixei meu currículo naquela empresa; - Vou
acrescentar essa informação em meu currículo ou - Preciso atualizar meu currículo.
Muitos modelos circulam na Internet e há até impressos próprios para currículos que
são vendidos em papelarias.
104
Algumas instituições adotam um modelo personalizado que oferece a oportunidade
de enumerar apenas os dados que delineiam o perfil profissional.
Segundo Martins e Zilberknop (2009, p.193), o “curriculum vitae pode ser encaminhado
através de um ofício ou de uma carta de apresentação. Pode ainda ser introduzido por
uma resposta de anúncio.” Assim sendo, é importante que a pessoa saiba:
Além da Plataforma Lattes, você poderá cadastrar o seu currículo, em diferentes sites,
conforme a área de atuação. Entre eles, sugerimos os sites a seguir.
Linkedin Indeed
linkedin.com indeed.com.br
Uniube
uniube.br
105
4.2.2 A circulação de informação interna – memorando, avisos, ordem de serviço,
instrução normativa, parecer técnico, pauta e ata de reunião
106
- Memorando
É uma correspondência interna, utilizada entre departamentos, seções ou divisões,
sem restrições de hierarquia, para comunicar fatos e ocorrências ou mesmo solicitar
providências que dizem respeito ao setor ou setores envolvidos.
107
1- TÍTULO ABREVIADO
Memo Nº 0086/DECOM Em 19/06/19 2- DATA
6- FECHO
Atenciosamente, (atenciosamente, respeitosamente)
Maria Aparecida dos Anjos 7- ASSINATURA DO REMETENTE
Chefe do Departamento de Compras
8- INDICAÇÃO DO CARGO DO REMETENTE
- Avisos
Quando a informação é direcionada a muitos colaboradores dentro da empresa,
e precisa ser agilmente divulgada, utiliza-se o Aviso. Para ser reconhecida como
comunicação oficial, o aviso deve conter alguns elementos básicos:
108
4º - nome e assinatura do emissor: de quem está avisando, passando a
informação;
5º- indicação do cargo do remetente.
4º João Feliz
(nome e assinatura do emissor)
5º Diretor de manutenção
(indicação do cargo do remetente)
109
Prezados colaboradores
Devido à chuva intensa, no início da tarde, o setor de produção está sem energia
elétrica hoje, dia 18/02/2020. A previsão é de que tudo se normalize até as 18h.
João Feliz
Diretor de manutenção
Dirigido-se a uma única pessoa, o aviso pode ser redigido de próprio punho, de
preferência em papel timbrado, assinado por quem emite e afixado em local por onde
o destinatário circula, de fácil acesso à leitura.
- Ordem de serviço
É um documento formal, de circulação interna em uma organização, no qual são
descritas informações referentes a um serviço por ela prestado. Pode estar relacionada
a um serviço interno ou a um serviço prestado a um cliente.
110
Quando uma empresa planeja executar um serviço (seja por requisição de um cliente,
por força de um contrato), é formulada uma ordem de serviço que deverá conter todas
as informações necessárias à realização da atividade (SIGNIFICADOS, 2020, p,1), a fim
de orientar todas as atividades necessárias a sua execução.
111
- Instrução normativa "auxílio aos MANUAIS de determinado produto/serviço
etc"
A realização de um empreendimento requer a normatização de processos. Essa
exigência tem a finalidade de assegurar a sua qualidade, o seu controle e a sua
manutenção.
Segundo Bastos (2001), a empresa não opera no vazio, pois todo ato administrativo ou
produtivo deve estar fundamentado em normas, ou seja, deve ter a devida sustentação
metodológica. Esta é a importância da instrução normativa: para que a instituição
realize os processos de trabalho conforme prescrições vigentes.
112
Instrução normativa PROPEPE/PROES
uniube.br
ABMES
abmes.org.br
- Parecer técnico
A realização de trabalho que envolve uma maior complexidade que implicam pontos
de vista divergentes, ou um conhecimento especializado merece da instituição que se
propõe a realizá-lo o cuidado de verificar sua pertinência técnica.
Sendo assim, o parecer é um texto que contém uma opinião fundamentada, no qual
o elaborador, por meio de seus conhecimentos e competência, analisa, avalia uma
situação e se pronuncia, de forma favorável ou contrária, acerca do processo, da
ocorrência, do projeto que lhe foram submetidos. Tem por finalidade subsidiar tomadas
de decisão.
113
• texto, compreendendo: histórico ou relatório (introdução); parecer
(desenvolvimento com razões e justificativas); fecho opinativo (conclusão);
• local e data;
• assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.
114
- Pauta da reunião
A reunião tem sido uma situação muito frequente para a apresentação e discussão de
propostas novas, de avaliação e ajustes de processos, de tomada de decisão no âmbito
institucional.
Assim compreendida, a reunião precisa ser muito bem planejada para que o
diálogo resulte em benefício do alcance de objetivos. Por sua vez, para que todos se
empenhem no diálogo, os objetivos da reunião devem ser de conhecimento de todos
os participantes.
115
Essas informações são passadas aos participantes por meio de um documento
denominado Pauta. Quem convoca a reunião define a pauta, ou seja, o roteiro a ser
seguido pelos que dela participarem.
Com base na pauta, quem coordena a reunião deve estipular o tempo necessário para
a apresentação dos assuntos, para expressão de pontos de vista, de opiniões e de
decisões coletivas.
PAUTA DE REUNIÃO
Objetivos
116
Local: sala de reuniões do condomínio
Participantes: diretoria e condôminos
Assuntos:
1. alteração da redação do parágrafo único do artigo 3º do regimento;
2. numeração dos boxes para estacionamento dos veículos dos
proprietários;
3. eleição da diretoria para o biênio 2020-2022, que assumirá em
março de 2020.
Contamos com a participação de todos.
- Ata
É o documento que registra, de forma clara e objetiva, os acontecimentos, as
deliberações, as resoluções, de uma reunião, de uma assembleia.
117
A ata é um documento que deve ser redigido de tal forma que não seja possível
nenhuma modificação posterior.
Caso julgar interessante, acesse o ícone a seguir para conhecer a estruturas de uma ata.
118
4.2.3 Comunicação externa – ofício, declaração, contrato e procuração
- Ofício
Dentre as formas dos textos oficiais, o ofício é o documento destinado à comunicação
oficial entre órgãos da administração pública e, ainda, a comunicação de autoridades
para particulares. Por exemplo: do Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal; ou
do Reitor para o Conselho Municipal da Infância e Juventude.
Estrutura de um ofício:
119
Veja um exemplo de ofício a seguir.
118
120
- Declaração
A declaração consiste em documentar uma informação, prestada por autoridade de
algum órgão ou pessoa particular, em que se informa algo sobre alguém, algum fato
ou acontecimento, sob a responsabilidade de quem declara.
DECLARAÇÃO DE MATRÍCULA
_______________________________________________________
121
- Contrato
De acordo com Martins e Zilberknop (2009, p. 188), o “contrato é um acordo entre duas
ou mais pessoas (físicas ou jurídicas) para estabelecer, modificar ou anular uma relação
de direito. O assunto pode ser o mais variado possível: compra, venda, prestação de
serviço etc”.
Esses são apenas requisitos básicos. Quando se tratar de uma implicação jurídica mais
aprofundada, esse documento deve ser elaborado por um advogado, uma vez que
requer conhecimentos mais específicos, princípios fundamentais do direito contratual.
- Procuração
A procuração é um documento pelo qual uma pessoa nomeia uma outra, de sua
confiança, concedendo-lhe poderes para agir em seu nome, em determinada situação,
em um ato legal, no qual não possa estar presente
Por exemplo: imagine que devido a questões pessoais, uma pessoa não pode
comparecer para efetivar matrícula em um determinado curso. Para solucionar esse
122
problema, ela faz uma procuração, concedendo poderes a outra pessoa (outorgado)
para representá-la e assumir as responsabilidades, momentaneamente, na situação
para a qual foi redigida a procuração.
Considerando a redação oficial, vale ressaltar que o fax (ou fac-símile), o e-mail (correio
eletrônico), o messenger, o whatsApp não são textos, mas meios, isto é, são suportes
de mensagens e neles os documentos oficiais podem circular.
123
Em princípio, as técnicas de expressão devem conduzir cada profissional ao
conhecimento, ao domínio e ao emprego apropriado e coerente da língua falada e
escrita em seu cotidiano no contexto da empresa em que trabalha. De acordo com
Vanoye (2002), a comunicação entre grupos restritos (como a comunicação interna
de uma empresa) geralmente se dá a partir de um reconhecimento dos fenômenos
expressivos, para se chegar a uma prática comunicativa eficiente e objetiva.
124
Entre elas, destacam-se os convênios, os contratos de prestação de serviços, os editais,
as declarações, os ofícios. Esses textos são redigidos em língua culta padrão e obedecem
às convenções estabelecidas ou adotadas pelas instituições conveniadas ou por quem
as emite.
Para dominar sua estrutura, seus componentes e organização, e se sentir apto a redigi-
-los ou aprová-los em atividade profissional, é conveniente que, durante sua formação
profissional, procure conhecer os variados modelos de contratos, convênios, ofícios
e declarações que circulam cotidianamente na sociedade, sobretudo nos ambientes
empresariais.
125
4.4 Resumo
Destacamos, também, a importância das relações humanas entre as pessoas que trabalham
em uma organização e entre elas e as outras dos demais segmentos sociais, valorizando as
situações de comunicação escrita como oportunidades de interação.
126
127
Referências
128
GETTYIMAGES. Disponível em: gettyimages.com.br. Acesso em: 19 fev. 202.
129
UNIVERSIDADE DE UBERABA. Instrução normativa PROPEPE/
PROES Nº 01/2014. Disponível em: https://uniube.br/conteudo2.
php?p=3&m=150&c=91&m2=101. Acesso em: 18 fev. 2020.
130
131
Capítulo 5
Linguagem técnica
e competência
comunicativa
Objetivos
Não raras vezes, o êxito acadêmico e profissional tem sido atribuído à capacidade
comunicativa das pessoas: registrar descobertas, construir conhecimentos, expressar
suas expectativas, difundir a ciência, a arte, a filosofia, a tecnologia, modificar o espaço
em que vive, manifestar seus sentimentos e, assim, construir a história do conhecimento.
Por isso, entendemos que o homem é um ser de linguagem.
Saber associar com adequação elementos verbais e não verbais em textos técnicos é
uma estratégia comunicativa que muito já contribuiu para a difusão e compreensão
dos conhecimentos científicos através dos tempos.
134
Desde as primeiras tentativas de explicação de fenômenos naturais, do funcionamento
do corpo humano, dos primeiros engenhos criados e das edificações antigas, os
artesãos, filósofos e escribas se uniram para produção de formas de textos em que se
combinavam as linguagens verbal e não verbal.
Esse empenho continua no século XXI: cor, luz, movimento e palavra se integram
em incríveis imagens em terceira dimensão para o estudo do genoma humano, nos
projetos de diferentes edificações, na arte e arquitetura, entre outras situações. Essas
produções científicas, artísticas e tecnológicas comprovam a capacidade técnica do
homem no ofício de combinar linguagens para construir conhecimentos e promover
a interação entre as pessoas.
Neste capítulo, vamos observar como as linguagens verbal e não verbal em um texto
técnico-científico se associam e se complementam em situações cotidianas no meio
acadêmico e profissional.
135
5.2 Adequação textual e produção de sentidos
Vamos realizar a leitura de um texto para refletir sobre a adequação textual e a produção
de sentidos. O texto é uma carta-convite para um Congresso na área de Educação
em Engenharia. Ao fazerem o convite, os autores enviam uma mensagem ao público,
contextualizando o evento de maneira a incentivar a participação de estudantes e
profissionais.
136
o processo real de transformações tomava dimensões cuja velocidade de
mudanças se intensificou de forma decisiva. O mundo plano, sem fronteiras,
deixava de ser um sonho, tornando-se realidade. O COBENGE 2009,
procurando discutir essas questões, traz consigo um grande desafio que é
inserir o contexto da formação do engenheiro com esse cenário de fundo.
Em apenas alguns meses, esse mundo plano, sem fronteiras, sofreu mudanças
sensíveis, trazendo recessão e preocupações quanto ao mercado da
engenharia no mercado nacional e internacional.
137
- Procedendo à leitura
138
Podemos inferir, portanto, que os propositores e organizadores do COBENGE/2009
acreditam que:
Ao realizar a leitura atenta do texto, reconhecemos que os seus autores usaram com
adequação os recursos da língua escrita para convidar e incentivar a participação
consciente e crítica dos profissionais da área no Congresso.
139
5.3 O uso da imagem em textos informativos, técnicos e
científicos
Figura 1: Dispositivos e conectores na parte posterior de um desktop com gabinete do tipo "torre"
140
Observe que a imagem, os números, as setas e a descrição dos itens correspondentes
aos números se complementam na descrição do aparelho e direcionam o uso adequado
de cada um dos dispositivos. É importante lembrar que os desenhos minimalistas,
utilizados nos antigos esquemas explicativos, quase sempre em branco e preto,
ganharam amplitude e complexidade de formas, com cores, dimensões e movimento
na era da inovação tecnológica.
141
Leia a seguir um fragmento do artigo científico “A monitoria no ensino superior –
ação e reflexão do fazer docente” sobre a atividade de monitoria em uma disciplina
da graduação.
Para dar mais visibilidade ao que foi descrito, a explicação dos dados apresentados
pelas autoras vem acompanhada do gráfico que se segue.
142
As informações do gráfico complementam o que foi citado no trecho do artigo em
relação ao número de horas de monitoria disponibilizadas aos acadêmicos, em cada
semestre. A imagem associada à linguagem verbal possibilita um sentido maior à
pesquisa feita pelas autoras.
Os pesquisadores também podem fazer uso, em seus estudos, de dados que são
divulgados por órgãos oficiais, como, por exemplo, o banco de dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – um modelo de como tratar os dados e
disponibilizá-los de maneira legível ao cidadão. Observe as informações nos gráficos
a seguir.
143
Fonte: IBGE (2010).
144
Os gestores de organizações e instituições públicas e privadas investem alto em
comunicação, pois a concebem como um decisivo fator de produtividade.
145
5.4 Ação comunicativa e desempenho profissional
146
Em situações de comunicação formal, seja por meio de textos orais ou escritos, é
importante empregar elementos que contribuem para assegurar essa formalidade. A
seguir destacamos alguns deles.
- A objetividade e a concisão
Entende-se por objetividade a precisão da informação. Por concisão, a economia de
termos sem prejuízo do sentido do que se pretende comunicar. Por exemplo, em
uma correspondência oficial, ou em um artigo científico, não se incluem detalhes que
possam tirar a atenção do destinatário ou do leitor. Mas como saber se estamos sendo
objetivos e concisos?
O período seguinte, no referido texto, é um tanto longo e contém uma série de aspectos
que justificam o envio da correspondência. Porém, há inversão de partes do enunciado,
147
o que dificulta a leitura. Como é uma comunicação formal, uma solicitação de serviço,
melhor seria se a escrita permitisse uma leitura rápida, sem deixar dúvida do pedido.
Para um texto ser objetivo e conciso, as repetições que nada acrescentam de novo e
a colocação invertida de trechos, os períodos muito longos, devem ser evitados. Isso
significa dar a informação com um mínimo de palavras, porém, com o máximo de
clareza, de maneira a assegurar o sentido do texto e entendimento por parte do leitor.
- A clareza e a coesão
Um texto não se constitui pela somatória ou acúmulo de palavras e enunciados ou
frases. Uma fala, uma palavra, sequências de enunciados são consideradas texto por
constituírem uma unidade que tem sentido para quem fala ou escreve e para quem
ouve ou lê.
Quando o encadeamento dos termos, dos enunciados e das partes gera sentido, afirma-
-se que há coesão textual. A coesão é o estabelecimento de sentido entre os enunciados
e as partes de que se compõem um texto e permite ao interlocutor entender o que está
sendo dito ou escrito.
148
Esses encadeamentos em textos orais ou escritos são realizados por elementos
linguísticos e não linguísticos.
- A coerência e a adequação
Os textos são produzidos a partir de diferentes intenções: sensibilizar, informar, explicar,
programar, orientar, convencer, discordar, ordenar, direcionar, esclarecer, pedir, motivar,
provocar, entre outros atos que se realizam na linguagem e pela linguagem.
149
Observe as placas e os espaços em que estão colocadas.
• Em uma edificação pequena, próxima ao vestiário em um clube.
150
150
Nos textos das placas, associam-se palavras e imagens. Podemos perguntar:
Essas formas têm o que chamamos de coerência. Elas se ajustam àquelas situações de
comunicação. É compreensível que seja obrigatório o uso de capacete nas fábricas, na
construção civil, por exemplo. Assim como a leitura de uso obrigatório do capacete no
espaço da linha de produção industrial e em uma construção civil faz sentido para o
trabalhador que vai exercer ali suas funções.
Em geral, esses textos devem conter um título e subtítulos, tabelas, gráficos, legendas,
croquis e notas explicativas. Além disso, é bom lembrar que esses textos obedecem a
uma organização básica:
151
Apresentação ou introdução
Desenvolvimento
Conclusão
152
Por que interdisciplinar? Porque há projetos que requerem conhecimentos de
diferentes disciplinas para solucionar uma questão. Não se trata apenas de sobrepor ou
emparelhar conhecimentos de áreas diferentes. Trata-se de caminhar sobre as fronteiras
das disciplinas, não de apagá-las; trata-se de conjugar saberes diferentes no processo
de construção do conhecimento e propor solução às questões simples ou complexas
que se apresentam.
Pesquisando na WEB
Projeto colaborativo
revistaarea.com.br
Projeto interdisciplinar
gomaoficina.com
153
5.5.1 O projeto e a organização textual
A organização textual de um projeto é basicamente a mesma em todas as áreas do
conhecimento. Contudo, as diferenças textuais se encontram na especificidade da
terminologia de cada área de atuação, nas fontes de dados, nos documentos utilizados,
nas ações e interações propostas, e, ainda, na função social dos sujeitos da comunicação.
154
A organização de um projeto inclui:
Exemplificando
Introdução
Durante o mês de março, o departamento de produção de novos modelos
e necessidades de eletrodomésticos não apresentou nenhuma novidade
para ser comercializada em 2018, na Organização A. Considerando que o
mercado se encontra extremamente competitivo, necessita-se implementar
novos produtos para serem divulgados até 60 dias antes da comemoração do
Dia das Mães, para assegurar o aumento das vendas. Sendo assim, propõe-
se responder à administração de recursos financeiros e investimentos qual
o melhor produto a inovar ou trazer novas ideias a serem colocadas no
mercado entre o carnaval e a semana santa, para comercialização no final
de abril, início de maio.
155
A apresentação do problema, nesse caso, se fez por meio da exposição da situação.
O autor utilizou Introdução para apresentar o problema, mostrando a necessidade
de novos produtos no mercado, por ocasião do dia das mães. Trata-se de uma forma
de elaboração muito utilizada em diferentes projetos. O que deve ser considerado na
introdução é a clareza e concisão na delimitação do problema.
Exemplificando
Introdução
Atualmente, a empresa necessita rever seus esquemas de segurança, uma
vez que houve um aumento de acidentes de trabalho, principalmente no
setor de construção civil e produção de equipamentos eletro/eletrônicos
pesados. Nesse cenário, pergunta-se: o que deve ser alterado, melhorado ou
até mesmo eliminado, para que os acidentes, nesses dois setores da empresa,
possam ser erradicados?
156
• objetivos
Exemplificando
Objetivo geral
Aumentar as vendas nas filiais mineiras da Organização A, até o dia das
mães de 2018, por meio de um produto mais adequado a ser inovado/
aperfeiçoado ou por meio de novas mercadorias a serem colocadas no
mercado.
Objetivos específicos
157
O objetivo geral é alcançado à medida que os objetivos específicos forem
gradativamente atingidos. Considerando o exemplo, significa que só haverá um
aumento nas vendas, depois de analisadas as propostas dos produtos, de aprovado e
fabricado o produto e de divulgada a mercadoria.
Exemplificando
Objetivos
Perceba que os objetivos, no exemplo 2, não foram nomeados como geral e específicos.
Nem sempre isso é necessário. Todavia, o que se busca, ao propor objetivos, é informar
a finalidade do projeto, ou seja, para que realizar as ações definidas.
Por isso, para a elaboração de objetivos, são utilizados verbos que expressam ações:
aumentar, aprovar, analisar, fabricar, ampliar, divulgar, fazer, implementar, identificar,
158
acompanhar, avaliar. Essas ações, evidenciadas nos objetivos, possibilitam a clareza
e o direcionamento para o desenvolvimento da proposta. Também permitem o
acompanhamento, a avaliação e a correção de falhas no processo. Durante toda a
execução de um projeto, os objetivos devem ser consultados.
• a metodologia
Entende-se por metodologia o caminho que será percorrido para alcançar os objetivos
propostos. Os procedimentos escolhidos para cada etapa do percurso vão assegurar o
desenvolvimento coeso, transparente e compreensível das ações. Esses procedimentos
supõem a escolha de instrumentos de coleta de dados, seleção de materiais, tabulação e
análise de dados, testagem, experimentos, ensaios, entre outros elementos necessários
em cada fase do projeto.
Exemplificando
Procedimentos metodológicos
Inicialmente, será redigido um relatório da necessidade de inovações,
mercadorias diferenciadas e atrativas, a serem disponibilizadas urgentemente
no mercado, de modo a atender aos anseios do mercado consumidor do Dia
das Mães. O relatório será encaminhado ao departamento de criação para a
apresentação de alternativas de inovação.
159
Dentro do prazo estabelecido pela gerência, as propostas serão analisadas
pelos departamentos de marketing, administrativo e financeiro, em reunião
na qual os projetistas terão oportunidade de apresentar suas ideias.
• o cronograma
No cronograma, detalha-se o plano de trabalho, dimensionando o tempo para cada
uma das fases do projeto. Destacam-se a etapa e os procedimentos a ela pertinentes,
delimitando o tempo de realização em que o empreendimento será desenvolvido.
160
JAN JAN FEV FEV
OUT DEZ 2019 2019 2019 2019 MAR ABR MAI
Atividades NOV 2018 1ª 2ª 1ª 2ª 2019 2019 2019
2018 quinzena quinzena quinzena quinzena
Pesquisa de
X
mercado
Elaboração
X
do Projeto
Comunicação
X
ao setor
Análise no
X
departamento
Montagem
X
dos protótipos
Teste de
X
qualidade
Divulgação X
Produção em
X
série
Controle de
X
qualidade
Elaboração
manual de X
instruções
Vendas X
Avaliação
de vendas e
X
satisfação do
consumidor
Relatório final X
161
• investimento
Para que todos tenham ciência do que deve ocorrer durante a sua execução e dar
transparência às ações, um projeto deve ser acompanhado de um documento anexo
ao projeto, no qual são incluídos, com detalhes minuciosos, os processos e materiais
utilizados na execução do projeto (seja na indústria da moda, de mobiliário, da
construção civil, farmacológica, eletrônica etc). Além disso, devem ser feitas proposições
alternativas para os potenciais problemas que possam advir em cada uma das fases de
execução. Esse documento é denominado memorial descritivo.
162
Com base nos registros, é apresentado um relatório final, conclusivo. Em alguns modelos
de projetos, essa apresentação de resultados recebe a denominação de Conclusão.
163
O objeto que está sobre a bancada da cozinha tem o design ultramoderno,
de superfície lisa e branca. Tem o formato arredondado na parte superior
e o acabamento em aço inoxidável. Possui uma base sólida que assegura a
estabilidade do equipamento e que o destaca entre os demais aparelhos. Na
parte frontal, encontra-se uma haste metálica que aciona o aquecimento da
água. Há também dispositivos de: ligar/desligar, de autolimpeza e de personalizar
quantidade.
164
Podemos constatar que esse texto tem por finalidade a publicidade de um produto
eletrodoméstico. O objeto é mostrado em sua forma física e em seu funcionamento.
Ao mostrar o produto, as autoras usam recursos próprios da descrição, ou seja: da
enumeração dos componentes (superfície, formato, acabamento, base e dispositivos);
da adjetivação (ultramoderno, lisa e branca, arredondado, em aço inoxidável, sólida,
haste metálica); e da contextualização do objeto (bancada da cozinha; destaca-se entre
os demais aparelhos).
165
MEMORIAL DESCRITIVO
CASA RÁPIDA E POPULAR
PADRÃO STANDARD
1. LOCAÇÃO DA CONSTRUÇÃO
É a fixação das medidas da obra no terreno, de acordo com as normas e limitações
existentes e com o projeto arquitetônico (...)
2. FUNDAÇÕES
As fundações serão do tipo diretas, utilizando-se de 04 estacas-broca em concreto
Mpa, com 20 cm de diâmetro e 1,00 m de profundidade (...)
5. ABERTURAS
As aberturas de janelas preveem fechamento com esquadrias de ferro tipo
basculante e correr com vidros lisos 3mm, conforme projeto, sendo pintadas
com esmalte sintético adicional, com venezianas ou tela para mosquitos. (...)
166
6. INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS
As instalações hidráulicas serão executadas de acordo com a norma brasileira
NB 92/80, utilizando tubulações em PVC rígido para água fria com conexões
soldáveis (...)
7. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
(...)
8. PISOS
(...)
9. ACABAMENTOS
(...)
10. LIMPEZA
(...)
167
Em geral, o memorial descritivo fornece, para cada item do projeto, informações
sequenciadas, na ordem em que os eventos deverão acontecer, com foco nas exigências
do empreendimento, de maneira a padronizar a qualidade da execução.
Sendo assim, nesse tipo de memorial podem (ou devem) constar detalhes operacionais
e estratégicos, descrição das técnicas, materiais, critérios para cálculos, simbologia,
entre outras informações. Portanto, é a partir do memorial que serão circunstanciadas
as falhas e apresentadas justificativas bem como procedimentos para ajustes devidos
na execução da obra.
168
Encosto: espaldar médio, anatômico e estruturado em concha. União do assento/
encosto estruturada em aço, interna ou externamente. Regulagem de altura e
inclinação.
169
Rodízios: cada pata possuirá 1 (um) rodízio duplo para piso duro (injetado em
nylon e revestido em poliuretano), fixado por pino metálico.
170
O fabricante, além do desenho, tem um documento para orientar a confecção do
objeto. Por outro lado, quem vai adquiri-lo, tem a garantia de receber o produto com
a qualidade requerida no processo de licitação.
5.6 Resumo
A reflexão sobre leitura e produção de textos, aqui apresentada, deu ênfase ao uso de
recursos de linguagem que são comuns aos textos técnicos, observando a combinação
de palavra e imagem para a produção de sentidos.
171
O projeto e o memorial descritivo foram apresentados em sua organização textual,
em sua função documental e caracterizados como produções interdisciplinar e
multiprofissional.
172
173
Referências
174
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001. Disponível em: https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/
www/v3-3/html/index.php#0. Acesso em: 30 jan. 2020.
175
Pró- Reitoria de
Ensino Superior
PROES