Você está na página 1de 192

COMUNICAÇÃO E

LINGUAGENS
Leitura e produção de textos na graduação

Faraídes M. Sisconeto de Freitas

Ivanilda Barbosa
COMUNICAÇÃO E LINGUAGENS
Leitura e produção de textos na graduação

Faraídes M. Sisconeto de Freitas

Ivanilda Barbosa
© 2020 by Universidade de Uberaba

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida
de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Universidade de Uberaba.

Universidade de Uberaba

Reitor
Marcelo Palmério

Pró-Reitor de Ensino Superior


Marco Antônio Nogueira

Pró-Reitor de Educação a Distância


Fernando César Marra e Silva

Coordenação de Graduação a Distância


Sílvia Denise dos Santos Bisinoto

Editoração e Arte
Produção de Materiais Didáticos-Uniube
Ilustrações
Depositphotos. Acervo Uniube.
Getty Images. Acervo Uniube.

Preparação dos originais


Márcia Regina Pires

Revisão ortográfica, gramatical, textual e de estilos


Erlane Silva Nunes

Editoração eletrônica
Matheus Kaneko da Silva

Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário

Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE

Freitas, Faraídes M. Sisconeto de.


F884c Comunicação e linguagens: leitura e produção de textos na graduação
[livro eletrônico] / Faraídes M. Sisconeto de Freitas, Ivanilda Barbosa. – Uberaba:
Universidade de Uberaba, 2020.
175 p. : il. color.

Programa de Educação a Distância – Universidade de Uberaba.


Inclui bibliografia.
ISBN ​

1. Comunicação – Estudo e ensino. 2. Comunicação escrita. 3. Comunicação


– Metodologia. 4. Linguagem – Estudo e ensino. I. Barbosa, Ivanilda. II. Universi-
dade de Uberaba. Programa de Educação a Distância. III. Título.

CDD 302.207
Sobre as autoras
Faraídes M. Sisconeto de Freitas

Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba – Uniube. Especialista em


Linguística Aplicada e em Avaliação Educacional pela Universidade de Uberlândia
– UFU. Licenciada em Letras (Português/Inglês) pela Universidade de Uberaba e
em Pedagogia pela Faculdade de Educação Antônio A. Reis Neves. É docente da
Universidade de Uberaba nas modalidades de ensino presencial e na Educação a
Distância. Possui experiência na área de Linguagens, com ênfase em Linguística
e Língua Portuguesa. Desenvolve pesquisa em: educação a distância, práticas
educativas e formação de professores, com enfoque em metodologias ativas.

Ivanilda Barbosa

Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista


em Linguística Aplicada e em Literatura Brasileira Contemporânea pela
Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Licenciada em Letras, pela Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino – Fista, de Uberaba.
Pertenceu ao corpo docente da Universidade de Uberaba – Uniube, onde atuou
como professora dos cursos de graduação em Letras e Comunicação Social,
entre 1979 a 2006, e coordenou a implantação do Programa de Educação a
Distância no período de 2000 a 2007. Foi consultora de projetos educacionais na
Universidade Tuiuti do Paraná e na Uniube de 2008 a 2011. Exerceu o cargo de
diretora da Biblioteca Pública Municipal Bernardo Guimarães de Uberaba e de
Superintendente de Bibliotecas Públicas da Fundação Cultural de Uberaba entre
os anos 2013 a 2017. É uma das organizadoras do livro Brasil à luz do espelho:
sombras, conflitos e reflexões, publicado pela Editora Humanitas – USP, 2019.
Sumário
Apresentação.................................................................................................................................XI
Capítulo 1 - Ação comunicativa: leitura, interpretação e expressão........................ 1

1.1 Introdução..............................................................................................................................................2
1.2 Os atos de falar e de escrever.........................................................................................................4
1.3 Fatores que interferem na ação comunicativa........................................................................6
1.3.1 Conhecimento de mundo.....................................................................................................7
1.3.2 Informatividade.........................................................................................................................9
1.3.3 Intencionalidade e receptividade................................................................................... 11
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral................................................................ 13
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito.................................... 19
1.6 O prazer de ler e escrever.............................................................................................................. 24
1.7 Resumo................................................................................................................................................. 25

Capítulo 2 - Comunicação e textos acadêmicos.............................................................29

2.1 Introdução........................................................................................................................................... 30
2.2 Comunicação verbal no contexto acadêmico..................................................................... 31
2.2.1 A noção de texto.................................................................................................................... 31
2.2.2 Texto e hipertexto.................................................................................................................. 34
2.3 O texto acadêmico.......................................................................................................................... 41
2.4 A organização de textos orais..................................................................................................... 44
2.4.1 A entrevista .............................................................................................................................. 45
2.4.2 O debate.................................................................................................................................... 48
2.5 A organização de textos escritos............................................................................................... 50
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha................................................................................. 51
2.5.2 Segundo grupo: relatório e portfólio............................................................................. 58
2.5.3 Terceiro grupo: comunicação, artigo científico e monografia............................. 60
2.6 Resumo................................................................................................................................................. 65

Capítulo 3 - Procedimentos para leitura de textos dissertativos.............................73

3.1 Introdução........................................................................................................................................... 74
3.1.1 Recuperando a noção de dissertação........................................................................... 74
3.2 Procedimentos para a leitura do texto dissertativo........................................................... 75
3.2.1 Ler para identificar................................................................................................................. 75
3.2.2 Ler para delimitar as partes................................................................................................ 77
3.2.3 Ler para analisar...................................................................................................................... 80
3.2.4 Ler para reconhecer argumentos....................................................................................81
3.2.5 Ler para estabelecer relação ............................................................................................. 86
3.2.6 Ler para avaliar e emitir um julgamento...................................................................... 86
3.3 Resumo................................................................................................................................................. 89

Capítulo 4 - Linguagem, trabalho e prática social.........................................................93

4.1 Introdução........................................................................................................................................... 94
4.2 A escrita no cotidiano das organizações................................................................................ 96
4.2.1 A identificação profissional – requerimento, carta de apresentação e
currículo................................................................................................................................................100
4.2.2 A circulação de informação interna – memorando, avisos, ordem de serviço,
instrução normativa, parecer técnico, pauta e ata de reunião.....................................106
4.2.3 Comunicação externa – ofício, declaração, contrato e procuração................119
4.3 Comunicação e imagem da organização.............................................................................123
4.4 Resumo...............................................................................................................................................126

Capítulo 5 - Linguagem técnica e competência comunicativa............................. 133

5.1 Introdução.........................................................................................................................................134
5.2 Adequação textual e produção de sentidos.......................................................................136

5.3 O uso da imagem em textos informativos, técnicos e


científicos........................................................................................................................ 140
5.4 Ação comunicativa e desempenho profissional...............................................................146
5.5 Escrita e imagem em projetos e memorial descritivo ....................................................152
5.5.1 O projeto e a organização textual.................................................................................154
5.5.2 O memorial descritivo .......................................................................................................163
5.6 Resumo...............................................................................................................................................171
Apresentação
A liberdade, a autoconfiança, o desejo consistente e o olhar curioso movem as criaturas
na grande aventura da comunicação por milênios e milênios. A interação humana
vem concretizando-se nas linguagens dos costumes, do mito, da arte, da ciência e
do trabalho, articuladas e diluídas por e entre tênues fios de gestos, sons, imagens e
sentidos − eis a linguagem ou as linguagens humanas. Eis o homem em sua aventura.

Seria, então, cada linguagem uma aventura? E o “que pode uma criatura senão, entre
criaturas”, dizer e, nesta fala mesma − do contador e do poeta, do dançarino, do músico
e do inventor, do grafiteiro, do místico, do filósofo e do cientista − protestar, dispersar,
cantar e dançar, não dizer e ousar ouvir, ler e escrever?

“Cada ser humano é palavra inédita” − anuncia o antropólogo Juvenal Arduini. Na


palavra se irmanam as crenças, os saberes, os costumes, a ação e a realização dos
homens, dos povos, das sociedades. Também se articulam o dentro e o fora, o rígido e o
fugidio, a tirania e a esperança, o medo e a solução na alegria do aprender, do construir
e do conhecer o mundo, o outro e a si mesmo.

Como um atuante cidadão brasileiro, em casa, na escola ou no trabalho, você usa a


língua portuguesa ou a língua brasileira de sinais, cotidianamente, na condição de
filha(o), irmã(o), companheira(o), amiga(o), consumidor(a), cliente ou profissional. Ao
realizar um curso superior de graduação, você está sendo convidado a aventurar-se pela
linguagem e pelas situações de comunicação do contexto acadêmico.

Comunicação e linguagens – leitura e produção de textos na graduação pretende


ser um instrumento de uso diário que poderá auxiliá-lo a aprimorar sua comunicação
oral e escrita em diferentes situações no circuito de sua vida acadêmica.

XI
Em cinco capítulos, estão desenvolvidos temas relacionados à ação comunicativa, à
comunicação verbal no contexto acadêmico, aos procedimentos para leitura de texto
didático-científico, à linguagem e trabalho, à prática comunicacional no contexto das
organizações e às relações entre linguagem, sociedade e comunicação.

Os capítulos estão organizados de forma didática: uma introdução, os objetivos do


estudo, um esquema inicial do conteúdo, um texto explicativo que inclui conceitos,
exemplos, questionamentos, reflexões, links e indicação de leituras para ampliação dos
seus conhecimentos e, ainda, um breve resumo do conteúdo e as obras de referências,
isto é, as que foram mencionadas ao longo do texto.

No percurso de estudo destes cinco capítulos, estaremos junto a você, com a certeza
de que falar/ouvir, contar/interpretar, ler/escrever são jogos de linguagem, e suas
regras são socialmente estabelecidas e pactuadas na ousada aventura da comunicação
humana, em cada tempo e em cada contexto histórico.

As autoras

XII
XIII
Capítulo 1
Ação comunicativa:
leitura, interpretação
e expressão

Objetivos

• Identificar os fatores que interferem na comunicação oral e escrita.


• Reconhecer a adequação da linguagem em diferentes situações de interação
social.
• Identificar os elementos que asseguram a legibilidade do texto escrito.
• Utilizar a Língua Portuguesa com adequação em situações comunicativas.
Estamos no reino da palavra,
e tudo que aqui sopra é verbo.
Ferreira Gullar

1.1 Introdução

Não basta falar bem. É preciso saber ler e escrever. Monteiro Lobato, no início do
século XX, afirmou que “Um país se faz com homens e livros”. Seria essa afirmação
ainda impactante, no século XXI? Livros são necessários para o desenvolvimento social,
econômico e cultural de um país?

Falamos mais do que escrevemos e lemos menos do que ouvimos. Isto é um fato para a
maioria das pessoas com as quais convivemos em casa, no trabalho e na escola. Sendo
assim, em que falar e escrever contribuem para maior ou menor realização pessoal e
profissional das pessoas? A pessoa que transita com facilidade entre as múltiplas formas
da fala e da escrita tem mais oportunidade de alcançar os objetivos a que se propõe?
Qual é mesmo a relação que há entre falar e escrever com propriedade e adequação
e o grau de satisfação das pessoas em suas relações familiares, amorosas, escolares e
profissionais?

As nossas respostas podem ser bastante variadas para todas essas indagações.
E, possivelmente, muitos estudiosos já se dedicaram a essa polêmica tão
presente no diálogo de pais, alunos e professores, profissionais liberais e
comunicadores.

Restringindo um pouco nosso espaço de observação, o exercício de pensar no


contexto da escola tem se mostrado exigente quanto à aplicação destas duas
modalidades da linguagem verbal − a oralidade e a escrita.

2
Iniciando os estudos, propomos que você exercite suas habilidades de ler e de
falar, ouvir e escrever, a partir de textos que são produzidos no cotidiano da vida
universitária. Esses textos têm por finalidade incentivar a produção e registro das
reflexões, das leituras, das indagações e da pesquisa nos cursos, por alunos e
professores.

Ao exercitar sua capacidade de expressão oral e escrita, sinta-se um ser de linguagens


múltiplas e confie: quanto mais conhecer as variedades da linguagem humana e as
utilizar em uma perspectiva de interação, com uma visão crítica, criativa e ética, mais
empreendedor do conhecimento científico e tecnológico e dos valores culturais você
se tornará.

3
1.2 Os atos de falar e de escrever

As grandes narrativas que hoje temos nas bibliotecas e nos livros sagrados de diferentes
povos nos mostram que elas tiveram origem na paciência histórica de alguém que
contou o que viu e o que imaginou a um outro que, curiosa e pacientemente, o ouviu.
E, assim, esse registrou e distribuiu a muitos outros aquilo que um dia esteve guardado
na memória ou na imaginação das pessoas, dos povos e das civilizações.

Embora saibamos que fala e escrita guardam, cada uma, sua identidade, têm
características próprias, elas permaneceram, ao longo da história dos homens e de
seus feitos, lado a lado, sem nenhuma relação de superioridade, como faces da mesma
linguagem.

Podemos afirmar que falar e escrever são práticas que se estabelecem em diferentes
tempos, em diferentes espaços sociais e geográficos, e que se complementam na busca
do conhecimento, da compreensão, da convivência e da criação humana.

As formas da fala e da escrita que ganham vida em cada espaço familiar, de trabalho,
de lazer, de estudo se conjugam em diferentes combinações de sinais, de cores, de
sons, de códigos e de sentidos – diferentes linguagens próprias dos grupos familiares,
religiosos, sociais, culturais, artísticos, científicos e profissionais.

Nessa perspectiva, podemos dizer que os espaços social, cultural e geográfico


interferem na forma de expressão tanto da fala quanto da escrita e se constituem em
fatores determinantes na comunicação em qualquer situação de interação humana.

As pessoas das sociedades letradas que têm o privilégio de se manifestarem pela fala e pela
escrita constatam que estão sujeitas a regras em uma e outra situação de comunicação.

4
A escrita de um bilhete para um amigo, por exemplo, é bem diferente de um
comunicado de um diretor aos seus colaboradores afixado no mural da empresa. Ou,
ainda: um artigo de jornal sobre um acidente ecológico se difere de um laudo técnico
do biólogo para fins de avaliação de responsabilidades e também do depoimento que
o mesmo biólogo possa dar a um repórter sobre o assunto.

Muitas outras situações poderiam ser aqui relacionadas, apresentando as diferenças


entre formas de expressão oral e formas de expressão escrita. Porém, basta observarmos
os contatos entre os diversos grupos de pessoas para entendermos que os exemplos
poderiam ser infinitos, como infinitas podem ser as situações de comunicação humana.
Fala e escrita são atos contínuos por meio dos quais temos o privilégio de nos relacionar
na dinâmica da vida em sociedade.

Assim sendo, nas sociedades letradas, desenvolveu-se as noções de variedade e


de adequação da ação comunicativa. Isto é, em cada situação é necessário que se
harmonizem os diferentes tipos de linguagens verbais e não verbais para que se
obtenha uma comunicação eficiente e eficaz.

Sintetizando

• Em cada situação de comunicação, escrita ou oral, existem variados


fatores que interferem na escolha do modo de falar e de escrever, seja
da pessoa ou de um grupo social.
• Os fatores geográficos, sociais e culturais destacam-se como
determinantes da comunicação.
• A motivação da pessoa e sua função ou lugar social, no momento em
que fala ou escreve, interferem na seleção que faz de enunciados, de
palavras, de entonação e de ritmo.

5
• O conhecimento de mundo dos interlocutores determina também o
modo de organizar a fala e a escrita.
• A receptividade dos ouvintes e leitores motiva a escolha dos estilos
próprios que cada pessoa vai construindo ao longo de sua história de
vida.
• O domínio que cada pessoa tem das técnicas de falar e de
escrever, de acordo com a situação de comunicação, possibilita
alcance dos objetivos nas situações sociocomunicativas.

1.3 Fatores que interferem na ação comunicativa

A Universidade é um dos espaços de produção de escritas, leituras e releituras,


direcionadas para a formação do cidadão. Nesse sentido, caracteriza-se pela prática da
leitura e da escrita como um princípio motivador da manutenção dos valores culturais,
da pesquisa científica, da construção do conhecimento e das relações que mantém com
a comunidade na qual está inserida.

Entendemos que a leitura, porque traz benefícios incontestáveis ao indivíduo e


à sociedade, é um direito humano que se efetiva na forma de lazer e de prazer, de
aquisição de conhecimentos e de produção cultural, de humanização do convívio e
de interação social.

Nesse sentido, os atos de ouvir e falar, de ler e escrever são práticas indispensáveis
à formação integral do indivíduo, interferindo no seu desenvolvimento emotivo,

6
intelectual, social e profissional e proporcionando-lhe, dia após dia, a ampliação de
seu conhecimento de mundo.

1.3.1 Conhecimento de mundo


Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não
sabe; mas principalmente quero contar é o que eu
não sei se sei e que pode ser que o senhor saiba.

João Guimarães Rosa

Entende-se por conhecimento de mundo o saber que a pessoa tem sobre a natureza
e a cultura de diferentes povos: sobre a geografia, as ciências, as artes, a política, as
religiões, a tecnologia, as linguagens, os costumes, formas de trabalho, rituais religiosos,
formas de convívio, entre outros conhecimentos que a humanidade vai acumulando
no curso da sua história.

Ao mesmo tempo em que o convívio com as diversidades culturais - artística, social,


linguística, religiosa - possibilita o diálogo e a interação entre pessoas, o conhecimento
de mundo delas se amplia. Assim, as pessoas passam a ter mais possibilidade de buscar
novos conhecimentos e de compreenderem a realidade.

A importância da linguagem verbal revela-se no contínuo uso das formas da fala e


da escrita por diferentes povos, em diversificados suportes, de maneira a aprimorar
incessantemente os sistemas de linguagens e processos de comunicação humana. Dos
registros em pedras aos mais sofisticados processos tecnológicos, a linguagem verbal
está presente, testemunhando as descobertas no campo das ciências, da filosofia e da
arte.

Podemos afirmar que cada pessoa põe em prática todo o conhecimento de mundo
que já lhe pertence, ao ouvir e entender, ler e compreender, sentir e expressar, ao

7
escrever e comunicar, ao aprender e traduzir, para si e para o outro, o que já sabe.
O conhecimento de mundo, portanto, interfere na forma da pessoa dialogar, ler,
interpretar e compreender a realidade, o outro e a si mesmo.

O conhecimento de mundo é um fator que interfere na expressão oral e escrita, na


leitura compreensiva e crítica do ser humano. Sendo assim, considerando que as
práticas de linguagem são pessoais e coletivas, podemos afirmar que a formação
da identidade do indivíduo-cidadão, enquanto agente social transformador da
comunidade em que vive, exige conhecimento de mundo.

8
1.3.2 Informatividade
A informatividade está presente nos textos orais, escritos e visioespaciais, tais como
nos anúncios, poema, teatro, pinturas, esculturas, debates, entrevistas, conferências e
se relaciona ao grau de novidade contida no texto.

O que seria então informatividade? Quando a pessoa que fala provoca na outra uma
expectativa a partir do que está dizendo, significa que há algo novo sobre o assunto. Ou
seja: o ouvinte fica esperando tomar conhecimento de algo que ele ainda não sabe. Se
o que ouve já lhe é conhecido, a sua expectativa não é atendida. Dizemos, então, que
quem falou não trouxe nada de novo. Não deu informação àquele ouvinte.

9
A informatividade é, assim, um fator que se mede pela quantidade de novidade que
chega ao ouvinte. O grau de informatividade do texto pode variar de ouvinte para
ouvinte, ou de leitor para leitor, se o texto for escrito.

Por qual motivo? Vejamos.

Relacionando as afirmações anteriores com a noção de conhecimento de mundo,


podemos dizer que, para determinadas pessoas, o grau de informação de um texto
é alto, pois, para elas, o texto está repleto de novidade. Enquanto para outras, o
mesmo texto pode ter um baixo grau de informação. E isso pode decorrer de dois
fatores: ou a pessoa não possui conhecimentos anteriores, repertório, que lhe
possibilite compreender o que está sendo informado; ou porque ela já tem um grande
conhecimento sobre o assunto, portanto, pouco lhe foi acrescentado.

Por isso, ao falar ou escrever, devemos cuidar de saber para quem estamos falando ou
escrevendo, uma vez que nossa intenção é sempre manter o elo comunicativo com as
pessoas. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. O nosso interlocutor precisa de pistas
para que encontre, em nosso texto, o sentido novo, a novidade, a informação. A eficácia
de uma comunicação encontra-se também no controle do grau de informação, por
parte de quem se dispõe a comunicar.

Observando os textos que circulam nos canais de TV aberta - propagandas,


publicidades, reportagens ou notícias - podemos constatar que eles apresentam um
grau médio de informatividade. Eles se dirigem a um público diversificado e conseguem
manter a atenção do telespectador, pois calculam a média do conhecimento de mundo
da audiência, naquele horário, e acrescentam informações de interesse geral.

10
Exemplificando

Os textos produzidos para os canais de TV aberta são elaborados tendo como


base o conhecimento geral do grande público que os assiste, ou seja, das
pessoas que formam sua audiência, para que essas possam compreendê-los.
Entretanto, pensemos em outra situação: em um congresso de nefrologia por
exemplo. Nesse caso, os produtores dos textos orais e escritos considerariam
que o público do congresso, possivelmente composto por médicos
nefrologistas e urologistas, sabe os termos científicos dessa área, por isso
esses termos seriam usados. Observe que, como o congresso é destinado a
um público restrito, a linguagem e a escolha das palavras podem ser mais
específicas e com aprofundamento na temática.

Em sala de aula, laboratórios, congressos, seminários científicos, programação cultural, o


desafio é para todos: assegurar, em cada situação de estudo, um grau de informação que
permita aos interlocutores o entendimento, a interação e a produção do conhecimento
pela comunidade acadêmica.

1.3.3 Intencionalidade e receptividade

A intencionalidade e a receptividade interferem na comunicação, uma vez que ambas


têm origem nos propósitos das pessoas envolvidas na ação comunicativa.

Se a intenção de quem produz um texto escrito é provocar no leitor uma reação, para
que isso aconteça, é necessário que o leitor tenha a disposição de ler o texto que lhe
está sendo oferecido.

11
Para promover o interesse pela leitura, o texto precisa conter elementos motivadores.
O leitor se interessa por ler à medida que ele encontra no texto dados, referências que
já são do seu conhecimento, isto é, do seu repertório, e que vão ser acrescidos de algo
novo sobre o assunto.

A receptividade do texto depende da motivação do leitor, da capacidade de o autor


usar a linguagem, favorecer o prazer estético, acrescentar conhecimento, promover a
interpretação e a compreensão no ato da leitura. Por isso, que todo texto contém em
si um possível recebedor.

Exemplificando

Na publicidade de automóveis, ganha relevância o conforto, a segurança, o


preço, o status social. Esses aspectos são de grande interesse da classe média
brasileira. As campanhas publicitárias da maioria das marcas automobilísticas
se dirigem a essa classe social.

O êxito da ação comunicativa implica intencionalidade, informatividade, conhecimento


de mundo e receptividade. Esses fatores encontram-se associados às situações de
comunicação.

12
1.4 Elementos que interagem na comunicação oral

O teatro é uma forma milenar de narrativa oral. Para contar a história, faz-se uma
encenação, na qual se conjugam vozes e gestos, movimento corporal, expressão
fisionômica, cenário e figurino. Você já teve a oportunidade de assistir a peças teatrais
– tragédias, comédias, musicais, monólogos? Pôde observar o fascínio que o teatro
exerce sobre as pessoas?

A situação de comunicação no teatro pressupõe a proximidade espacial entre atores


e público. As pessoas se sentem participando da cena, testemunhando o que ocorre
no palco. Isso é envolvente.

13
Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, identifica com maestria os recursos da
expressão oral no ato de narrar:

[...] narrar é um ato inventivo, seja para contar o acontecido ou


apalavrar o imaginado. E toda a sua invenção reside no detalhe:
evidenciar uma palavra, iluminar uma pausa, desdobrar um gesto,
incorporar a participação dos ouvintes, buscar um tom de voz,
encaixar um comentário, introduzir uma personagem, arquear as
sobrancelhas... Desenrolar o enredo e enredar as palavras são as
duas páginas da mesma folha. O ouvinte não se envolve apenas
com o rumo dos acontecimentos, mas também com o rumor das
palavras. (MARQUES, 2005, p. 54).

Observe que, embora esteja escrito, o autor se expressa de forma bastante espontânea:
o ritmo cadenciado é indicado pelos sinais de pontuação (vírgulas, dois pontos,
reticências) e imprime ao texto um efeito de fala, de oralidade. A sensação que temos
é a de que estamos ouvindo a voz do autor, vendo seus gestos.

No teatro, como na dança, a linguagem do corpo ganha visibilidade. Talvez esse


seja o motivo do permanente interesse de gerações e gerações por essas formas de
comunicação artística.

No vídeo A arte de ensinar e aprender, o artista Chico dos Bonecos mescla


humor e brincadeiras. Ele faz uma expressiva apresentação de seu trabalho com
o livro Muitas coisas, poucas palavras. Assista ao vídeo a seguir.

14
A linguagem corporal não está presente apenas nas expressões artísticas. Em cada
situação de comunicação oral, que se realiza de maneira mais ou menos formal,
constata-se que o tom e o volume da voz, o movimento do corpo, os gestos, a expressão
facial e o deslocamento do olhar se complementam para motivar e manter o interesse
dos interlocutores.

15
No vídeo Como falar bem: gestos, a fonoaudióloga Leny Kyrillos nos traz informações
e orientações de como usar os gestos para uma comunicação mais eficaz. Veja-o.

Não é sem motivo que especialistas em comunicação têm dispensado tempo para a
pesquisa da linguagem corporal e os seus efeitos nas relações de trabalho.

No livro O corpo fala, Pierre Well e Roland Tompakow oferecem ao leitor um detalhado
estudo do comportamento humano a partir da linguagem silenciosa do corpo,
abordando temas como: harmonia e desarmonia, origem dos gestos, o amor e sua
expressão corporal, entre outros. Esse estudo ressalta a importância da gestualidade, da
postura e da adequação do vestuário como fatores que interferem na comunicação oral.

O livro tem sido indicado para profissionais de diferentes áreas de atuação. Os autores
abordam, de maneira simples, prática e divertida, a silenciosa linguagem do corpo.

16
Indicação de leitura

Os autores: Eunice Mendes, Lena Almeida e Marco Polo Henriques também


nos oferecem um texto agradável sobre a linguagem do corpo no livro Falar
bem é fácil: um superguia para uma comunicação de sucesso.

No vídeo Comunicação verbal, a autora Eunice Mendes esclarece dúvidas acerca de


quais aspectos são importantes e devem ser considerados para o desenvolvimento da
habilidade de falar em público.

17
18
1.5 Aspectos que contribuem para a legibilidade do texto escrito

Catar feijão se limita com escrever:


jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.

João Cabral de Melo Neto

Os dois textos sugeridos anteriormente para leitura, O corpo fala e Falar bem é
fácil, nos permitem observar que há entre fala e escrita mais semelhanças do que
diferenças, quando nos colocamos no lugar de interlocutores. Ou seja: a compreensão
do pensamento do autor (falante ou escritor) é facilitada pelos elementos gráficos,
os espaços que foram utilizados para marcar o ritmo e a sequência e progressão do
pensamento.

As pausas breves marcadas pelas vírgulas entre as palavras e expressões permitem


a visualização de detalhes: “evidenciar uma palavra, iluminar uma pausa, desdobrar
um gesto, incorporar a participação dos ouvintes, buscar um tom de voz, encaixar um
comentário, introduzir uma personagem, arquear as sobrancelhas...” (MARQUES, 2005,
p.55).

As reticências sugerem que mais detalhes poderiam ser enumerados. O autor Francisco
Marques (Chico dos Bonecos) conta com a atenção e a imaginação do seu leitor, que
mais se aproxima a um ouvinte ou a um espectador.

Em O corpo fala, o leitor está presente no texto por meio das formas verbais do
imperativo e pelas formas pronominais de segunda pessoa: “Seja coerente, procure
ser você ao se expor para um grupo de pessoas. Nessa exposição dê atenção a todos,

19
deixe o seu olhar dançar entre eles, mas nunca olhe fixamente para nenhum deles.”
(MENDES, 2008).

Na comunicação escrita, assim como na oral, existem aspectos formais que contribuem
para que o texto se torne legível (compreensível) – pontuação ortografia, concordância
e regência verbal e nominal, adequação do vocabulário ao assunto e ao conhecimento
de mundo do leitor e a organização textual.

Importante lembrar que esses aspectos formais, que interferem na comunicação escrita,
seguem normas especiais em cada tipo de texto. Um poema se organiza espacialmente
de forma diferente de um texto científico. Espaçamento, divisão de parágrafos, por
exemplo, são utilizados conforme a situação comunicativa.

A forma de escrever um texto jornalístico é diferente da composição de um texto


publicitário. Embora possam estar publicados em uma mesma página do jornal ou da
revista, a leitura requer atenção diferenciada de um mesmo leitor, pois os elementos
que entram na composição dos textos são diferentes. O mesmo ocorre quando a
pontuação e a ortografia concorrem para a clareza do texto.

- Pontuação
Vejamos um caso em que a pontuação (ou a falta dela) interfere na compreensão do
texto. Para quem é a refeição que está na mesa?

Uma senhora responsável pela limpeza e organização de uma república de estudantes


escreveu um bilhete antes de sair. No bilhete estava escrito:

20
Essa encomenda é para o João não para a sua namorada
também não é para o Álvaro entregar ao síndico jamais
para o José do quarto 2 não é para a Rosa.

Fátima

Situação A
O João lê o bilhete.

Essa encomenda é para o João. Não para a sua


namorada. Também não é para o Álvaro entregar ao
síndico. Jamais para o José do quarto 2. Não é para a
Rosa.
Fátima

Situação B
A Rosa leu o bilhete

Essa encomenda é para o João? Não! Para a sua namorada?


Também não. É para o Álvaro entregar ao síndico? Jamais.
Para o José do quarto 2? Não. É para a Rosa.

Fátima

21
PENSE!
Se você fosse o José do quarto 2, como leria este bilhete?

Essa encomenda é para o João? Não. Para a sua namorada?


Também não. É para o Álvaro entregar ao síndico? Jamais.
Para o José do quarto 2. Não é para a Rosa.

Fátima

A pontuação interfere na compreensão dos textos escritos. Diante disso, ao escrever um


texto, devemos nos lembrar de que os sinais de pontuação auxiliam o leitor a entender
e encontrar sentido no que escrevemos.

- Ortografia
Ortografia significa escrita correta – orto = certo + grafia = escrita.

Em 1990, foi assinado um acordo de unificação da ortografia em Língua Portuguesa


entre todos os países lusófonos, isto é, países em que Português é a língua oficial. No
Brasil, o acordo entrou em vigor em 2016. Os argumentos que justificaram o acordo
incluem razões de ordem comercial e de identidade cultural entre esses países.

As alterações abrangem o uso do trema, do hífen, do acento gráfico em ditongos


abertos e hiatos e a inclusão, no caso do Brasil, das letras w, k, y no alfabeto.

No Guia prático da Nova Ortografia, de Douglas Tufano, você pode saber mais sobre
o que mudou na ortografia brasileira. Sugerimos essa leitura!

22
Retomando os versos de João Cabral de Melo Neto, necessitamos “catar feijão” – catar
palavras, recolher, retirar o que não é bom, o que não é palavra adequada não é palavra
boa, para que o texto fique bom. Em seguida, “jogam-se os grãos na água do alguidar”,
na intenção de escolher, “e as palavras na folha de papel” que, associadas aos fatores
aqui apresentados, certamente resultarão em escrita coesa e coerente, e será bem
recebida pelos seus interlocutores.

23
1.6 O prazer de ler e escrever

Há pessoas que conseguem ver e escrever histórias em todo lugar. Como a oralidade
precede a escrita, ou seja: quando aprendemos a ler e a escrever já sabíamos ouvir e
falar ou ver e representar, boas histórias têm origem nos ‘causos’, nas prosas, histórias
populares, narradas em situações de descanso e lazer.

Paulo Mendes Campos escreveu o texto Continho, apropriando-se de uma história


oral. Veja-o a seguir.

Continho

Era uma ver um menino triste, magro e barrigudinho, do sertão de


Pernambuco. Na soalheira danada do meio-dia, ele estava sentado na poeira
do caminho, imaginando bobagem, quando passou um gordo vigário a cavalo:
– Você aí, menino, para onde vai essa estrada?
– Ela não vai não, nós é que vamos nela.
– Engraçadinho duma figa! Como se chama?
– Eu não me chamo não, os outros é que me chamam de Zé.
(CAMPO, 1998, p. 24.)

24
Agora é a sua vez

Agora é a sua vez de ser escritor. Escolha uma história popular que você ouviu
e gostou. Crie um ‘continho’. Compartilhe sua escrita com colegas e amigos.

1.7 Resumo

O estudo, a partir deste capítulo, permitiu a reflexão sobre o uso da linguagem oral
e escrita, identificando os aspectos de aproximação e distanciamento nessas duas
modalidades da linguagem verbal.

Refletimos sobre a importância de ter domínio das variedades de técnicas de falar e


escrever, para que se consiga uma comunicação eficiente.

A partir da leitura de alguns textos, observamos os fatores que devem ser


considerados na produção de textos orais e escritos, com o objetivo de adequar as
formas de linguagem à situação, aos interesses do falante/escritor e do ouvinte/leitor.

25
Referências

ACADEMIA de Letras do Triângulo Mineiro. Monsenhor Juvenal Arduini.


Disponível em: <http://academiadeletrastm.com.br/juvenalarduini.php>. Acesso
em: 20 jan. 2020.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar. Interpretado por Paulo José.


Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9ga4DcNqQl4>. Acesso
em: 20 jan. 2020.

CAMPOS, Paulo Mendes. Continho. In: ANDRADE, C. Drummond de et all.


Para gostar de ler. v.1. p. 24. ed. São Paulo: Ática, 1998.

IMS – Instituto Moreira Salles. Paulo Mendes Campos. Disponível em: <https://
ims.com.br/titular-colecao/paulo-mendes-campos/>. Acesso em: 20 jan. 2020.

CHICO dos bonecos. Francisco Marques. Editora Peirópolis. São Paulo.


Disponível em: <https://www.editorapeiropolis.com.br/biografia/?autor=132&am
p;nome=Francisco+Marques+%28Chico+dos+Bonecos%29>. Acesso em: 21
jan. 2020.

CHICO dos Bonecos. A arte de ensinar. Vídeo. Estevão Marques. Disponível


em: <https://www.youtube.com/watch?v=ONRLr6RIQGs>. Acesso em 20 jan.
2020.

COMO falar bem: gestos. Leny Kyrillos. Revista eletrônica Você S/A. Vídeo.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Wa0UIGPTcio>. Acesso
em: 21 jan. 2020.

EBIOGRAFIAS. Monteiro Lobato. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/


monteiro_lobato/>. Acesso em: 20 jan. 2020.

FALAR bem em público: dom ou aprendizado? Professores Eunice Mendes


e Edmundo Conde. Videoaula (2 min.). Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=ZnfjKl151o8>. Acesso em: 21 jan. 2020.

26
GULLAR, Ferreira. Toda Poesia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1981.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coerência textual. São Paulo:


Contexto, 1998.

______. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1999.

LOBATO, Monteiro. América. Obras Completas de Monteiro Lobato. Vol. 9.


São Paulo: Brasiliense, 1957, p.45.

MARQUES, Francisco. Muitos dedos, enredos. Um rio de palavras


deságua num mar de brinquedos. São Paulo: Peirópolis, 2005.

MENDES, Eunice. Comunicação verbal. Entrevistador: Ronie Von. Entrevista


concedida ao programa Todo Seu. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=IaQ5G6aiwUU>. Acesso em: 21 jan. 2020.

MENDES, E.; HENRIQUES, M. P.; ALMEIDA, L. Falar bem é fácil: um


superguia para uma comunicação de sucesso. 2. ed. São Paulo: AGWM, 2008.

ROSA, Guimarães. Grande Sertão: veredas. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 1988.

TUFANO. Douglas. Guia prático da nova ortografia. Saiba o que mudou


na ortografia brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 2008. Disponível
em:<https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/188/
Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf> . Acesso em: 21 jan. 2020.

WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O corpo fala: a linguagem


silenciosa da comunicação não verbal. 65. ed. Petrópolis: Vozes, 2009.

27
Capítulo 2
Comunicação e textos
acadêmicos

Objetivos

• Ler e relacionar texto e situação de comunicação.


• Diferenciar textos usuais no contexto acadêmico.
• Identificar as diferenças e semelhanças entre entrevista e debate.
• Reconhecer as diferenças entre resumo, resenha, relatório e outras formas de
comunicação científica.
Se quiser fazer uma torta de maçã a partir do zero,
primeiro você terá de inventar o universo.
Carl Sagan

2.1 Introdução

A leitura de textos científicos, jornalísticos, jurídicos, publicitários e literários faz parte


do cotidiano do universitário. A variedade de suportes, nos quais esses textos circulam
hoje, propicia a cada um escolher o que melhor se adapta aos seus hábitos de leitura:
tela do computador, páginas dos livros impressos, revistas especializadas e jornais.

O certo é que, nesses suportes, o texto põe o leitor em contato com as informações
sobre economia e política, com as discussões sobre as questões ambientais, invenções
tecnológicas, acontecimentos reais e ficcionais que nos situam no dinâmico universo
da sociedade em que vivemos. A leitura, portanto, faz parte da nossa agenda diária, se
nos sentimos motivados a aprender, a criar, a manter diálogos sobre os mais variados
temas, com as mais diversas pessoas.

30
Neste capítulo, trataremos de textos que nascem de outros textos com a finalidade
de registrar os estudos no dia a dia do curso de graduação, ou seja, vamos observar as
formas de textos acadêmicos. O que pretendemos é mostrar a você alguns caminhos
que possam auxiliá-lo(a) na prática da leitura e da escrita durante o processo de
formação universitária.

Por isso, ao demonstrar os modos de organização de alguns textos, faremos comentários


sobre os recursos de linguagem verbal neles utilizados. Esperamos que esse estudo
possa lhe ser útil, quando for expressar suas ideias, opiniões e apresentar-se em situação
de comunicação acadêmica.

2.2 Comunicação verbal no contexto acadêmico

2.2.1 A noção de texto


A comunicação entre os humanos se faz com gestos, movimentos, sinais e palavras. As
pessoas se comunicam em diferentes situações, produzindo textos desde a infância.
Mas é na escola, quando aprendemos a ler e a escrever, que a palavra texto passa a
ocupar um bom espaço em nosso dia a dia. Ouvimos as pessoas dizerem “leia o texto”,
“escreva um texto”, “gostei de seu texto”, “foi publicado um texto no jornal”, “o texto
constitucional garante”.

Ouvindo essas expressões, relacionamos texto a uma sequência articulada de palavras


escritas que, em maior ou menor extensão, nos permite:

• conhecer histórias de ficção;


• obter informações;
• aprender física, química, biologia;

31
• saber as leis de uma sociedade, sobre a política e os costumes dos povos;
• conhecer a geografia e a história de um país, o pensamento do colega, do cientista
ou do poeta;
• expressar o que pensamos e o que sentimos.

Construímos relações humanas com gestos, desenhos e falas; mas também as


construímos por meio da escrita. Em ambas situações, o texto é a morada da palavra
que tem sentido.

Entre os povos que não adotaram a escrita, as comunidades ágrafas, existem


textos? Como são passadas as tradições, os costumes, as normas de convivência, o
conhecimento de geração em geração?

À medida que essas questões vão sendo respondidas, a imagem de texto vai se
diversificando. Empregamos a palavra TEXTO para nomear diferentes objetos, por
exemplo, sequências de:

• gestos nos rituais;


• formas, linhas e cores, em uma tela plana;
• sons, nos diálogos e músicas;
• sinais gráficos sobre um papel;
• de imagens em quadrinhos.

Veja a imagem a seguir.

32
UNIDADE DE SENTIDO

TEXTO

Podemos indagar: o que há de comum entre uma fotografia, um poema, uma história
em quadrinho, um filme, uma letra de música, um ritual indígena e uma sequência
musical, para que todos sejam denominados TEXTO? Observando, podemos constatar
que todos eles:

• surgem de uma necessidade: a pessoa (o autor) quer se expressar para


intencionalmente se relacionar com outra pessoa;
• trazem as marcas do seu autor (falante ou escritor) e do seu destinatário: leitor,
espectador, ouvinte;
• ocorrem em uma certa situação;
• são produzidos com base em um código, um sistema de sons, cores, movimentos
ou sinais gráficos;
• suas partes ou sequências remetem umas às outras formando uma unidade.

Essa unidade ganha sentido porque mantêm relação com o mundo do autor e do
destinatário.

33
O texto é, portanto, construído em situação de interlocução e necessita de condições
para sua existência. Entre essas condições, destacam-se:

• a intencionalidade;
• a organização interna de suas partes;
• as relações de sentido entre as partes (coesão);
• as relações de sentido do texto com o contexto externo (coerência);
• a receptividade.

2.2.2 Texto e hipertexto


Texto Hipertexto

Na elaboração de um texto, como os fios de uma trama, os elementos verbais e não


verbais estabelecem as relações internas e externas, organizam-se, unem-se e produzem
uma unidade de sentido – o texto.

34
Por entre os fios da trama, há muitos nós, ligando um fio ao outro como em uma rede. A
imagem da rede auxilia a entender que é preciso tecer o texto, escolhendo os recursos
linguísticos de que dispomos para expressar sentimentos e saberes.

Um texto, por exemplo, pode ter muitos nós, ou seja, entrada ou saída para outros
textos: os denominados links. Links textuais não são uma novidade dos tempos da
cibernética. Eles sempre existiram nos textos orais e escritos.

Em uma conversa, as pessoas se apropriam das falas umas das outras para dar
continuidade ao diálogo; nos textos escritos, com as notas de rodapé, referências
bibliográficas, citações, o escritor põe o leitor em contato com outras escritas.

Então o que há de novidade sobre o link? O vocábulo em inglês significa ligação,


conexão, laço, elo, vínculo.

A novidade é a mudança dos suportes para as mídias digitais e a velocidade com que
a tecnologia da informação multiplica links e constrói os grandes textos – os chamados
hipertextos. Os hipertextos compõem-se de uma multiplicidade de textos, de vozes e
de linguagens que circulam nas hipermídias.

No cenário da escrita, no passado ou no estimulante presente das tecnologias na


comunicação, há diferença entre a maneira de ler um artigo de jornal ou um poema,
um romance ou um tratado científico? Quem ou o quê determina o modo de leitura
de um texto?

Vamos buscar respostas para essas perguntas, fazendo a leitura de dois pequenos textos
que têm finalidades diferentes.

35
Texto 1

A assembleia dos ratos

Um gato de nome Faro­-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha
que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de
fome. Tornando­-se muito sério o caso, resolveram reunir­-se em assembleia para
o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro­Fino andava
aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.

– Acho – disse um deles – que o meio de nos defendermos de Faro­-Fino é lhe


atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia, e
pomo­-nos ao fresco a tempo.

Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio.
Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:

– Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro­-Fino?

Silêncio geral. Um desculpou-­se por não saber dar nó. Outro, porque não era
tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu­-se no meio
de geral consternação.

Dizer é fácil; fazer é que são elas!


(LOBATO, 1994, p.190).

Esta narrativa é uma fábula. As fábulas nos remetem a questões complexas da vida, que
são apresentadas de uma forma simples e concisa. Algumas circulam há séculos, mas,
em cada época em que são lidas, elas se renovam.

36
Observe:
1. as partes dessa fábula:
• uma situação inicial: os estragos de Faro­Fino;
• a mudança nessa situação: a assembleia;
• o desenvolvimento (desdobramentos): a reflexão e a decisão da assembleia;
• uma situação final: a impossibilidade de pôr em prática a decisão.

2. alguns elementos garantem a conexão entre as partes da narrativa: a pontuação,


os tempos verbais (deu, resolveram, disse), as expressões “para isso”, “assim que”, “um
e outro”. São elementos de coesão. Estando articuladas e bem conectadas, a história
vai progredindo e as partes formam um texto único. Um todo coeso, um todo que faz
sentido para o leitor.

3. com o conhecimento de mundo que temos, relacionamos a situação vivenciada


pelos ratos com as situações cotidianas, valores culturais e pontos de vista de pessoas
de nosso convívio social.

4. encontramos uma coerência na história narrada, embora saibamos que animais não
falam.

5. entendemos que, em textos literários, a coerência advém de um pacto do leitor com


a criação, com a inventividade, com a imaginação do autor.

6. nessa fábula, o autor faz uso da criatividade para, simbolicamente, apresentar valores
morais das sociedades humanas.

37
Texto 2

O Termo Direito

Não é fácil perceber todas as significações encerradas no termo “Direito”, ou tirar


desse termo o conteúdo que possa nos aproximar da compreensão do que seja
a finalidade da ciência que pretendemos conhecer: direito, do latim directus, adj.­
colocado em linha reta; direito, reto; certeiro; direto; preciso. O vocábulo ora
significa: a) ordenamento ou norma ­conjunto de normas ou sistema jurídico
vigente num país: o Direito da Alemanha; b) autorização ou permissão de fazer
o que a norma não proíba, ou o que a norma autorize, ou seja, certo poder de
exigir ou dispor de uma ação: isso é direito meu; c) qualidade do que atende a um
anseio de justiça e retidão, do que é justo e reto: isso não é direito; d) prerrogativa
que alguém possui de exigir de outrem a prática ou abstenção de certos atos:
defendo­-me porque alguém põe em risco o meu direito; e) ciência de norma
coercitivamente imposta (obrigatória): o Direito é a ciência normativa; f) conjunto
de conhecimentos acerca dessa ciência: essa regra de Direito.

Também pode significar um conjunto de conhecimentos englobantes, que se


ocupa de uma série de disciplinas diferentes: “a filosofia do Direito, a sociologia
do Direito, a história do Direito e a Jurisprudência (“dogmática jurídica”), para se
referir somente às mais importantes. (NERY, 2002, p. 21).

Esse texto foi retirado de uma publicação dirigida a pessoas que se interessam por
construir conhecimentos básicos sobre Direito. Lendo­-o, podemos observar que o
autor:

38
• situa­-se como alguém solidário ao leitor, quando usa as expressões "...nos
aproximar ...pretendemos";
• fornece pistas para o leitor ampliar seu conhecimento acerca do assunto quando
fundamenta suas explicações, recorrendo a outros autores;
• usa termos técnicos e preocupa-­se em traduzir, nos parênteses, cada palavra que
possa impedir a compreensão do significado do termo Direito.

O leitor se sente amparado pelo autor que parece compreender suas dificuldades de
se relacionar com um assunto novo.

Podemos afirmar que o objetivo do autor, nesse texto, é didático, ou seja, facilitar a
compreensão do significado do termo Direito.

Importante

Com base nos aspectos abordados anteriormente, podemos inferir que a


comunicação verbal, nas formas da oralidade ou da escrita, encontra-se
presente na quase totalidade das ações humanas, sejam elas individuais
ou coletivas. Ao contar, interpretar, dialogar, produzir, registrar e difundir
conhecimentos, as pessoas produzem textos com os recursos e conhecimento
de mundo que têm disponíveis em seu repertório.

Cada texto tem existência própria e surge sempre de uma situação de comunicação.
Toda situação comunicativa pressupõe a existência de interlocutores. A escolha e a
organização dos elementos linguísticos pelo autor e o conhecimento de mundo do
leitor interferem na construção e compreensão do texto.

39
Embora seja uma unidade de sentido, o texto relaciona-se com tantos outros textos que
o antecederam ou que poderão surgir a partir dele. Pela sua forma de organização, é
o próprio texto que aponta os caminhos para que o leitor o interprete, o compreenda,
encontrando os seus sentidos.

A noção de texto não se restringe ao texto escrito; assim, o ato de ler deve também ser
entendido em seu sentido mais amplo. O ato de ler consiste no momento em que o
leitor age com a intenção de compreender a unidade de sentido que é o texto.

40
2.3 O texto acadêmico

Alguns tipos de textos são reconhecidamente apropriados às situações de


aprendizagem e ensino na universidade. Mas, como a universidade é um espaço de
pesquisa, de diálogos e reflexão, de circulação de informações, de produção e difusão
de conhecimentos acumulados, em princípio, os textos que circulam no contexto
acadêmico são os mesmos que se encontram disponíveis para os cidadãos na
sociedade, em Bibliotecas e bancos de dados na internet, por exemplo.

Considerando as funções sociais da escrita, é possível identificar, basicamente, cinco


grupos de gêneros de textos: 1- literário; 2- oficial; 3- filosófico/científico; 4- jornalístico/
publicitário; 5- religioso.

Os gêneros surgem na prática do uso da linguagem verbal e não verbal e atendem a


certas necessidades, em diferentes situações de comunicação. Cada gênero tem suas
variantes como indicado no quadro seguinte.

Quadro 1: Gêneros textuais e variantes

Necessidades/
Grupos Gêneros Variantes
Objetivos
Poemas e narrativas:
Expressar criativa e
trovas, sonetos,
1 Literário esteticamente
romance, crônica,
pela escrita.
novela e conto.

Estabelecer
Memorando, ofício,
comunicação
parecer,
Oficial (legal, jurídico formal e registros
2 requerimento,
e comercial) em ambientes de
lei, regimento,
trabalho público
carta comercial.
e privado.

41
Necessidades/
Grupos Gêneros Variantes
Objetivos

Registrar e
divulgar reflexões, Tratado, artigo,
fenômenos resumo, resenhas,
Filosófico, científico
3 naturais, processos relatórios,
(técnico e didático)
sociais, resultados monografia,
de investigação dissertação
científica.

Divulgar notícias,
Jornalístico e informações, publicidades,
4
publicitário produtos e reportagens,
formar opinião. editoriais

parábolas, sermões,
Difundir princípios
5 Religioso evangelho, cânticos
religiosos; doutrinar.
e orações.

Fonte: Adaptado de Santos ( 2001. p. 33).

A leitura de textos científicos, técnicos e didáticos pode ser realizada para:

• subsidiar as reflexões em sala de aula;


• incentivar a pesquisa e produção de novos conhecimentos;
• promover a ampliação do conhecimento de mundo e a formação do profissional
nas diferentes áreas.

Esses textos encontram-se acessíveis em livros, boletins, revistas especializadas e jornais,


em mídia impressa ou on-line. Os textos produzidos pela comunidade acadêmica
podem ser motivados pelas circunstâncias sociais, históricas e situacionais, vivenciadas
na sociedade.

42
No ambiente universitário, você é solicitado a registrar o que ouve e lê, a dizer o que
leu, a opinar sobre o assunto que pesquisou. Você produz textos para apresentar ao
professor e aos colegas em sala de aula, em eventos científicos ou para publicar em
periódicos.

A escola adota, então, alguns modelos de textos, adequando­-os aos estudos que
os alunos e os professores desenvolvem para a progressiva ampliação e partilha de
conhecimentos necessários à formação profissional.

O debate, a entrevista, o artigo, a resenha, o resumo, o projeto, o relatório, a


monografia, o portfólio são produzidos com a finalidade de alimentar o processo de
ensinar e de aprender.

43
Nessa perspectiva, denominamos textos acadêmicos ao conjunto da produção textual,
nas modalidades oral ou escrita, formalmente utilizado por alunos e professores e que
têm por finalidade ampliar os conhecimentos sobre um assunto, registrar as reflexões
e gerar novos conhecimentos no contexto da Universidade.

2.4 A organização de textos orais

A produção dos textos orais é tão variada quanto variadas são as situações de encontros
entre as pessoas. Ainda assim, podemos identificar uma estrutura de base em todos os
textos orais. É a estrutura do diálogo.

• Há sempre a suposição de que uma pessoa se dirige a outra.


• A fala pode ser mais espontânea ou mais formal, conforme a pessoa esteja mais
ou menos à vontade na situação.
• Há gestos, expressões faciais, hesitações, que complementam a fala.
• As pessoas falam a mesma língua.

44
2.4.1 A entrevista
Você já foi entrevistado(a)? Já entrevistou alguém? Já assistiu a uma entrevista de algum
grupo musical ou de uma equipe esportiva?

Certamente, em todas essas situações, reconhecemos dois papéis distintos, presentes


em toda entrevista: o papel do entrevistador, que é o responsável por abrir o diálogo,
fazer as perguntas, dar continuidade ao assunto, controlar os rumos da conversa e
encerrar a entrevista; e o papel do entrevistado, que é o de responder às perguntas.

A entrevista se organiza a partir de um esquema padrão:

• situação inicial: apresentação dos interlocutores e as razões da entrevista


(INTRODUÇÃO).
• desenvolvimento do diálogo: sequência de perguntas, respostas e
comentários que estabelecem a relação entre um e outro ponto da conversa
(DESENVOLVIMENTO).

45
• finalização da entrevista: palavras finais, despedidas, agradecimentos que nem
sempre vêm transcritos quando a entrevista é publicada (FECHAMENTO).

Embora sigam um esquema básico, são diferentes a entrevista que o profissional da


saúde faz com o paciente da entrevista que o repórter realiza com o político; ou aquela
entrevista que o candidato a um emprego concede ao gerente da empresa.

Essa variação decorre dos propósitos das pessoas em cada situação. Em todas elas, as
habilidades de comunicação oral do entrevistador e do entrevistado contribuem para
o êxito da entrevista e, consequentemente, para o alcance dos objetivos.

Observe o vídeo, a seguir, em que o apresentador Antônio Ambujamra entrevista a


filósofa Viviane Mosé. Essa primeira entrevista faz parte de uma série, disponibilizada
na TV Cultura Digital. Vale a pena ver toda a série!

46
Agora é a sua vez

Experimente ler uma entrevista impressa, do começo ao fim, observando as


partes do texto. Pesquise em jornais e revistas de circulação nacional, que
são direcionados a um grande número de leitores, as sessões denominadas
entrevistas.

Encontre pistas no texto para responder às seguintes indagações:

• entrevistador e o entrevistado estão cientes de que a finalidade da


entrevista é ser divulgada, na mídia impressa?
• a linguagem varia de um tom mais formal a menos formal,
chegando a informal?
• é possível identificar um roteiro (esquema) da entrevista?
• há momentos em que o leitor se descontrai e logo retoma o ritmo
da leitura?

Há programas na mídia televisiva que se sustentam no ar, há anos, e são cuidadosamente


direcionados a um público mais restrito, por exemplo, o Roda Viva.

O nome Roda viva evoca a ideia de movimento, que é confirmada no cenário do


programa: o entrevistado ao centro, os entrevistadores em volta e, à medida que é
cedida a palavra a um e a outro entrevistador, o entrevistado se volta para um ou outro
lado, movimentando a cadeira giratória.

Para assistir alguns dos melhores momentos das mil primeiras entrevistas do programa
Roda Viva, você poderá acessar o site da TV Cultura. Na oportunidade, você terá um
passeio histórico acerca das reflexões de importantes intelectuais de nosso país.

47
Sintetizando

Em síntese, pode-se afirmar que a entrevista corresponde a uma situação de


comunicação em que estão envolvidos o entrevistador e o entrevistado e:

a. se organiza com base na apresentação dos motivos, na sequência de


perguntas e respostas, no fechamento;
b. apresenta­-se em estilos diferentes: entrevista jornalística, médica,
empresarial, científica;
c. deve ser adequada ao suporte (meio utilizado para divulgação),
conforme o público que se quer alcançar: ao vivo, transmitida pela TV
e rádio; publicada, em periódicos impressos ou on-line;
d. é realizada com finalidades diversas: selecionar candidatos; conhecer
o paciente ou dar um diagnóstico; esclarecer a população sobre
determinado assunto; divulgar conhecimentos científicos; colher dados
para pesquisa.

2.4.2 O debate
O debate é uma situação de comunicação motivada pela necessidade de esclarecimento
sobre temas polêmicos, pela existência de novas descobertas científicas e pelo interesse
em buscar soluções para questões sociais, econômicas e políticas.

A realização de um debate, no espaço acadêmico, requer:

• uma definição dos objetivos: para quê? Qual a finalidade do debate?


• o estabelecimento de normas: os debatedores devem conhecer e concordar
com as regras estabelecidas, relacionadas ao tempo para a exposição, para a
formulação de perguntas e respostas;

48
• a presença do moderador: aquele que coordena o debate e é o responsável por
garantir a progressão das ideias em torno do tema que está em questão. No espaço
da sala de aula, essa função normalmente é exercida pelo professor. Nada impede
que seja desempenhada por um aluno;
• a presença dos debatedores: eles podem se servir de documentos, anotações
para fundamentar o seu ponto de vista ou comprovar suas afirmações.

Com a inovação tecnológica e a acessibilidade aos recursos digitais, o debate no meio


acadêmico tem ocorrido em diferentes espaços virtuais, com grande potencial para a
reflexão e a discussão sobre os mais variados temas. O estudo, a pesquisa e a leitura
dos temas a serem debatidos são necessários à preparação prévia dos argumentos que
validarão o ponto de vista dos debatedores.

Importante

• Podemos distinguir dois tipos de diálogos: os informais (bate­-papos) e


as conversas dirigidas (entrevistas e debates). Uma entrevista, que pode
ser de coleta de dados para uma pesquisa ou para a realização de uma
matéria jornalística.
• Essas situações de comunicação oral podem ser adequadas ao exercício
do ensinar e do aprender.
• O debate tem um esquema básico de organização: pessoas se
reúnem para apresentar suas razões a favor ou contra uma ideia ou
acontecimento.
• Quem participa de um debate usa argumentos para defender um ponto
de vista sobre determinado assunto e pode levar o seu interlocutor, o
público ouvinte ou espectador, a pensar como ele, isto é, pode formar
opinião.

49
• No meio acadêmico, o debate contribui para a ampliação das reflexões e
para a divulgação dos conhecimentos científicos. A situação de debate
é vivenciada em seminários, aula dialogada e mesa redonda, fóruns de
discussão on-line, entre outras.

2.5 A organização de textos escritos

Quanto mais temos contato com as formas de textos, mais fácil se torna reconhecê­-las
e utilizá-las com adequação em benefício próprio e coletivo. Vamos mostrar a seguir a
organização de alguns textos mais frequentes, tanto para a leitura, como para a redação
de trabalhos que desenvolvemos na Universidade.

As universidades, no mundo todo, têm sido um lugar privilegiado para a produção,


validação e certificação do conhecimento. Outro compromisso da comunidade
acadêmica é o de difundir o conhecimento científico. Com essa finalidade, são criados
os periódicos especializados e os livros didáticos. O intuito é tornar o conhecimento
disponível mais acessível para os pesquisadores iniciantes. Colaboram para essa
prática algumas formas de textos que se tornaram recorrentes no desenvolvimento
dos estudos na Universidade.

Se considerarmos a organização e as finalidades, podemos identificar três grupos


distintos entre as formas de textos acadêmicos mais frequentes nos cursos de
graduação.

50
2.5.1 Primeiro grupo: resumo e resenha

O resumo e a resenha têm origem em outros textos, pois a finalidade deles é apresentar
obras já prontas, sejam elas jornalísticas, artísticas, científicas. São práticas textuais que
exigem habilidades de observação e análise.

Em determinadas situações, exigem mais de seu autor: são necessários consistentes


conhecimentos sobre o assunto tratado na obra, para identificar o pensamento do
autor e saber traduzi­-lo.

Em uma resenha, vamos além: é preciso saber situar a obra e o pensamento do autor
em comparação com outras obras e emitir um julgamento sobre ela.

A organização textual da resenha e do resumo pode variar em decorrência:

• do gênero da obra que lhes dá origem;


• dos objetivos com que são produzidos;
• do suporte para sua publicação.

- Resumo
É um texto explicativo, de dimensões menores do que o texto que lhe dá origem. Sua
finalidade é traduzir, em menos palavras, o pensamento que está no texto de origem,
mas cuidando de preservar as intenções do autor e realçar os pontos para os quais esse
autor dispensou maior atenção.

51
Importante

Interessante lembrar: um mesmo texto pode dar origem a diferentes


resumos, pois cada pessoa que resume considera relevantes os aspectos
que estão relacionados ao motivo pelo qual está lendo a obra.

Exemplos de resumos de comunicação científica


Exemplo 1

Título As publicações eletrônicas dentro da comunicação científica


Autoria Marcelo Sabbatini
Instituição: UMESP
Resumo/texto

1ª parte O presente trabalho caracteriza e descreve o surgimento

INTRODUÇÃO
situa o tema das publicações eletrônicas científicas na Internet, traçando
o histórico de seu desenvolvimento e abordando também
as principais questões envolvidas na transição do modelo
de publicação baseado no papel para o modelo eletrônico...
2ª parte ...dentre as quais se destacam as questões dos direitos
DESENVOLVIMENTO

Destaca as questões autorais, a questão econômica, a legitimidade acadêmica,


da transição entre a percepção de qualidade e o acesso e preservação destas
os modelos de publicações, que são tratadas na revisão da literatura sobre
publicação o tema.
3ª parte Dentro destas questões, uma grande relevância é dada
CONCLUSÃO

Conclui, situando a em relação ao papel que as publicações eletrônicas terão


relevância do tema dentro do sistema sociotecnológico presente atualmente
para a ciência na sociologia e nos processos comunicacionais da ciência.

Fonte: Sabbatini (2019).

52
Exemplo 2

Título Um olhar sobre o humor em Dom Casmurro

Autoria Acadêmica: Márcia Regina Pires


Orientador(a): Profa. Me. Ivanilda Barbosa
Instituição/curso: Universidade de Uberaba U
­ niube/Curso de
Letras

Resumo/texto
1ª parte Uma característica marcante do discurso literário de Machado de
situa o tema, o Assis é o humor, que se evidencia, sobretudo, em seus romances
autor e a obra da segunda fase. O romance Dom Casmurro, publicado em 1899,

INTRODUÇÃO
é uma das obras mais discutidas pela crítica literária ainda nos
dias de hoje. Esta obra participa da segunda fase da produção
machadiana e se distingue pela abordagem psicológica, pela
análise crítica dos sentimentos e intervenções do narrador que
dialoga, constantemente, com os leitores.

2ª parte O objetivo deste estudo foi observar o humor que é configurado


Apresenta o objetivo, na narração deste romance sob o foco do personagem
os pressupostos protagonista, Bentinho. Uma análise semântica e estilística
e a metodologia permitiu-nos observar o humor sob três perspectivas: o

DESENVOLVIMENTO
para análise humor-graça, o humor-intimidade e o humor-ironia. Percebeu-
-se que o humor foi instituído, não de forma evidente e
despojada, mas sutilmente, provocando o envolvimento do leitor,
de maneira quase imperceptível, porém gradativa. Constatou-se
que a maturidade do narrador possibilita uma visão mais ampla
de sua história e, assim, Bentinho assume a posição de quem
assiste cenas de sua existência, construindo uma narração crítica
como quem, a distância, observa, comenta e ironiza situações.
3ª parte Concluiu-se que o humor em Dom Casmurro foi propositalmente
CONCLUSÃO

Conclui, explicitando empregado, ora para estabelecer uma intimidade com o leitor,
o humor como ora para surpreendê-lo, ora para chamar-lhe a atenção e convidá-
recurso de lo a refletir sobre a condição humana.
interlocução
Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes
Palavras-chave: humor, romance, literatura

Fonte: Pires (2000).

53
Resumo
Texto sem subdivisões, embora apresente três partes

1ª parte situa o assunto do texto que está sendo resumido.


Introdução

2ª parte apresenta o conteúdo das partes do texto que está sendo


Desenvolvimento resumido.

3ª parte apresenta as conclusões do autor do texto que foi resumido.


Conclusão

Veja um breve resumo do romance Caim, do escritor português José Saramago:

Resumo do romance Caim, de José Saramago.


portaldaliteratura.com

Para redigir um resumo, é preciso ter compreendido detalhadamente o texto. Vale


lembrar: um aluno do curso de Teologia e outro do curso de Letras, tendo lido esse
romance, provavelmente vão destacar em seu resumo os aspectos de acordo com a sua
área de estudos. Mas, uma coisa é fundamental: é importante que os dois mantenham
as informações ou o ponto de vista do autor sobre cada aspecto que indicarão como
relevantes.

- Resenha
É um texto que tem por finalidade apresenta, com detalhes, uma obra que lhe dá
origem. Ou seja: fornece dados de identificação da obra; descreve o conteúdo e a

54
composição; analisa os recursos utilizados; analisa a pertinência do pensamento do
autor em relação ao conhecimento já disponível; avalia a importância da obra e sua
contribuição para o desenvolvimento do contexto social, científico e cultural.

Exemplificando

Resenha de livro publicada em revista impressa


A Questão Ambiental – Diferentes abordagens
de Sandra Baptista da Cunha e Antônio José Teixeira Guerra (orgs.)
Bertrand Brasil, 252 p.

Ecologia virou moda, disciplina de escola, programa de TV, bandeira política


e campo profissional. O assunto envolve vários discursos arriscados: o
reducionismo do senso comum, o tecnicismo dos burocratas, a demagogia
dos governantes de plantão. Como entender as causas econômicas e
políticas das agressões à natureza e, ao mesmo tempo, capacitar-se para
enfrentá-las no campo dos conceitos históricos, filosóficos e políticos? Esta
coletânea de ensaios tenta encontrar um equilíbrio entre ideologização e
prática, causa e consequência, técnicas e leis. É o sétimo de uma série de
obras da Bertrand Brasil sobre o meio ambiente.

Fonte: Fluxos - Revista do Instituto de Humanidades da Universidade


de Uberaba. p. 46, 1º/2003.

55
Agora, observe outro exemplo, com o detalhamento de sua organização.

Exemplificando

Autor da resenha: Renato Muniz Barreto de Carvalho*

BARBOSA, Ivanilda; ELIAS, Silvana; RESENDE, Vania Maria (Orgs.). Brasil à luz


do espelho – sombras, conflitos e reflexões. São Paulo: Humanitas, 2019.

Identificação Brasil à luz do espelho – sombras, conflitos e reflexões. São


da obra Paulo: Humanitas, 2019.
Autoria BARBOSA, Ivanilda; ELIAS, Silvana; RESENDE, Vania Maria
(Orgs.).
Apresentação da Brasil à luz do espelho: sombras, conflitos e reflexão é uma
obra, destacando coletânea de artigos nos quais se discutem temas relacionados
o tema a política, educação, literatura, arte, mídias, questões de
gênero, espiritualidade, informação, economia, contexto
jurídico e meio ambiente.

Livros são sempre necessários. Fazem parte da nossa cultura


há séculos e, ao contrário do que alguns alegam, não estão
condenados ao desaparecimento. Os livros reúnem ideias,
práticas e reflexões sobre as questões humanas em suas
dimensões social, cultural, política, artística e científica.
Constituem parte indissociável da memória da humanidade,
anunciam o porvir e a esperança e não é possível caminhar
rumo ao futuro sem eles. Estas foram algumas das proposições
levadas em conta para a reunião dos textos que compõem
esse livro.

56
Organização Trata-se de uma obra coesa e repleta de diversidade: 54
da obra autores de diversas regiões do país, convidados para pensar
a realidade brasileira do século XXI, resultando em 46 artigos.
Na ordenação dos artigos considerou-se a ordem alfabética
dos nomes dos autores.

Resumo Com um explícito compromisso humanista e plural, a obra


comentado conta com a colaboração de profissionais de diferentes
sobre o assunto áreas do conhecimento e história de trabalho dedicado
à vida pública, para contribuírem com o que o momento
exige: um diálogo aberto, democrático, sobre os rumos e as
possibilidades da democracia no tempo presente. Afinal,
tempos implicados em contradições políticas e culturais
acirradas pedem análises múltiplas e que suscitem o
pensamento crítico.

Análise e A coletânea organizada por três professoras com destacada


avaliação da obra trajetória intelectual ligada à política educacional e cultural em
Uberaba (MG), desponta como iniciativa privilegiada na busca
pelo entendimento da crise que desgasta as relações sociais
no mundo e, especificamente, no Brasil neste início de século.
Indicação Apresentando uma pluralidade instigante e imprescindível de
de leitura temas para a compreensão da realidade atual, o livro também
oferece subsídios a atividades pedagógicas em diferentes
áreas do conhecimento e pode ser lido, compreensivamente,
por alunos do Ensino Médio e de cursos superiores.
Dados do autor * Renato Muniz Barreto de Carvalho é mestre em Geografia, foi
da resenha professor de cursos universitários, é autor de livros de contos
e romance, tem publicado crônicas e artigos sobre temas do
cotidiano em Jornais de circulação diária.

57
Se compararmos os quadros aqui apresentados, podemos afirmar que os textos
acadêmicos escritos contêm uma estrutura básica: Introdução, Desenvolvimento e
Conclusão. Quando redigidos e enviados para publicação, devem conter os dados de
identificação do autor e do tipo de texto que está sendo apresentado.

2.5.2 Segundo grupo: relatório e portfólio


O relatório e o portfólio têm origem em um trabalho já realizado ou que está realizando-
se. A finalidade é contar o que se desenvolveu ou o que foi observado em uma
experiência ou o que se realizou em um período ou fases de um estudo.

São documentos de grande importância, pois fornecem dados e informações relevantes


para o desenvolvimento de pesquisa, a gestão de recursos humanos e para a destinação
de recursos financeiros, seja no meio acadêmico ou no setor público ou empresarial.
Embora apresentando algumas variações, são organizados de forma muito semelhante.

Verifique os esquemas a seguir.

Relatório de pesquisa
Apresentação do tema da pesquisa, importância
Introdução científica, social e cultural: como o assunto foi
problematizado, os objetivos do pesquisador.
Apresentação das teorias nas quais se sustentaram
Referencial
as reflexões desenvolvidas, discutindo o tratamento
Desenvolvimento

teórico científico que já havia sido dado ao tema.


Descrição detalhada dos instrumentos, métodos e
procedimentos utilizados para coleta e seleção do
Metodologia material (ou corpus) a ser estudado e do processo de
tratamento dos dados obtidos.

58
Relatório de pesquisa
Apresentação Exposição dos resultados obtidos, ordenados conforme
Desenvolvimento

dos resultados os objetivos da pesquisa.


Exame e interpretação dos dados, relacionando­-os ao
Análise dos
referencial teórico de forma a levar à aceitação ou à
resultados refutar as hipóteses estabelecidas.
Breve retomada dos aspectos desenvolvidos em cada um
dos itens anteriores, comparando os resultados obtidos
aos objetivos que nortearam a pesquisa. Apresentação
de sugestões ou recomendações, sobretudo quando a
Conclusão pesquisa tem por objetivo a resposta imediata a uma
situação-­problema. Sugestões e/ou recomendações são
necessárias quando a pesquisa realizada visa a solução de
um problema concreto ou a resposta a uma necessidade
imediata.

- PORTFÓLIO
A palavra portfólio é de origem latina e significa coleção daquilo que está ou pode
ser guardado em um porta-folhas. Bastante adequado para registro de experiência
nas áreas de Artes e Arquitetura, revelou-se adequado para a reunião das diferentes
produções do aluno, baseada nos registros de suas reflexões, de suas leituras, de suas
indagações e de suas criações.

Com as características de um hipertexto, comporta muitos outros textos de diferentes


linguagens, que se relacionam entre si para formar uma narrativa. Mostra o movimento
do autor em seu processo de formação, expressando o desenvolvimento de sua própria
aprendizagem.

59
Na internet você encontrará uma diversidade de conceitos e de possibilidades de se
elaborar esse tipo de texto. Não há uma única forma de se elaborar um portfólio. É
importante que o autor siga os objetivos, os critérios ou orientações a ele apresentados,
quando lhe solicitam a composição de seu portfólio.

As empresas, por exemplo, têm recorrido ao portfólio para entrar em concorrências,


mostrar seus produtos e serviços para captarem novos clientes.

O texto, a seguir, intitulado Portfólio: conceito e construção, de Gusman et al., traz


a explicação do que constitui este instrumento. Para aprofundar seus conhecimentos,
acesse o link a seguir.

Portfólio: conceito e construção


uniube.br

2.5.3 Terceiro grupo: comunicação, artigo científico e monografia

Comunicação (paper), artigo científico e monografia são textos geralmente elaborados


para publicação em periódicos especializados ou em anais de eventos científicos. Têm
por objetivo apresentar e avaliar as novidades em pesquisas ou refletir sobre fatos de
relevância científica e cultural. Eles se apresentam como um texto integral, organizados
em introdução, desenvolvimento (corpo) e conclusão. Os dois primeiros, de extensão
reduzida; a monografia tem o seu desenvolvimento subdividido em partes ou capítulos.
Verifique os quadros seguintes.

60
- Comunicação científica (paper)

Comunicação científica (paper)


Título (subtítulo)
Autor(es)
Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou
Credenciais do(s) envio para apresentação em eventos científicos.
autor(es)
Sinopse
Sem subdivisões, embora seja organizado em introdução,
Texto desenvolvimento e conclusão.

Indicação de textos usados como fontes de informação


Referências e/ou confirmação dos aspectos estudados, apresentadas
conforme normas da ABNT.

Para saber mais, leia o artigo Comunicação Científica e Divulgação Científica:


aproximações e rupturas conceituais, de Wilson Costa Bueno, no link a seguir.

Comunicação Científica e Divulgação Científica: aproximações e


rupturas conceituais
uniube.br

- Artigo científico

Artigo científico
Título (subtítulo) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou
Autor(es) envio para apresentação em eventos científicos.

61
Artigo científico

Créditos do(s) autor(es) Estes itens são exigidos para fins de publicação e/ou

Resumo (do artigo) envio para apresentação em eventos científicos.

Apresentação, delimitação do assunto e objetivos do


Introdução
estudo.

O corpo do artigo Com subtítulos, porém não constituem capítulos.

Considerações finais, relacionando os dados obtidos ou


Conclusão reflexões realizadas sobre a questão levantada e possíveis
encaminhamentos.

Indicação de textos, documentos e outras fontes


Referências utilizadas na confecção do artigo, apresentados conforme
normas da ABNT.

Veja, a seguir alguns links onde pode encontrar artigos das áreas Direito Civil e
Psicologia. É importante observar a organização de cada texto.

Direito Civil Psicologia


us.com.br sicologia.pt

- Monografia
Uma monografia caracteriza-se por ser a escrita de uma pessoa, na qual há o
resultado de uma pesquisa científica, sobre um tema delimitado e que apresente uma
contribuição relevante para as Ciências.

62
Refere-se, de forma mais ampla, a um trabalho científico que resulte de pesquisa: por
exemplo um trabalho de conclusão de curso de graduação ou de mestrado. Deve estar
relacionado a uma disciplina do curso e ser feito sob orientação docente.

Uma forma prática de conhecer a estrutura da monografia é consultar uma biblioteca e


bancos de dissertações de mestrado, que se encontram disponíveis na Internet. Sempre
que lhe for dado um tema para estudos, entre em um site de busca e procure por
dissertações de mestrado, indicando também o assunto.

Repositório da Universidade Federal de Minas Gerais


ufmg.br

Repositório da Universidade Federal do Triângulo Mineiro


uftm.edu.br

IMPORTANTE!

Compreender a organização e a finalidade dos textos com os quais lidamos no dia a dia
de nossos estudos contribui para ampliar nossa competência de leitura. Mas também é
importante que a nossa familiaridade com esses textos nos estimule não só a ler, mas
também a escrever. O processo de tornar-se um escritor de textos acadêmicos é longo
e de aprimoramento contínuo e se inicia com o registro das leituras que fazemos.

A leitura de um livro, um artigo, um filme, um documento com finalidade de


aprendizagem acadêmica deve iniciar-se por um processo de identificação e de
localização, isto é, por um processo de fichamento do texto.

63
Este processo consiste em uma prática acadêmica que tem por objetivo auxiliar
no registro de levantamento bibliográfico. Por ser um procedimento básico de
identificação, o fichamento está sempre relacionado a outras práticas de escrita
acadêmica.

As publicações acadêmicas visam à difusão do conhecimento científico produzido pelos


estudantes e docentes pesquisadores. Para assegurar sua legibilidade e o compromisso
ético com a comunidade científica, existem normas para a apresentação dos trabalhos
para publicação.

Embora de uma publicação para outra ou mesmo entre países essas normas
apresentem diferenças, os princípios que regem a publicação acadêmica e científica
são universalmente os mesmos, fundamentos na ética e responsabilidade social.

No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – é a responsável


pela normatização. Essas normas, organizadas por área e assunto, encontram-se
disponíveis no sítio da ABNT. Para utilizar, é necessário fazer seu cadastro, acessando
www.abnt.org.br.

As Universidades, pretendendo facilitar a busca por essas normas e dar um cunho


mais institucional, costumam disponibilizar um manual de Normas para a redação
de trabalhos acadêmicos. Na Universidade de Uberaba, você as encontra acessando
o texto Apresentação de Trabalhos Acadêmicos de Acordo com as Normas de
Documentação da ABNT: Informações básicas (PORTELA, 2019).

Veja, no tutorial a seguir, como acessar esse arquivo.

64
2.6 Resumo

Neste capítulo, foi proposto o estudo de aspectos da expressão oral e escrita,


considerando a prática dos estudos no contexto acadêmico.

Foram apresentadas as particularidades da organização e finalidades de textos mais


frequentes para os registros dos estudos que são realizados no âmbito da Universidade.

Na condição de cidadãos participantes, o que se espera de um estudante universitário é


que ele seja agente no processo de sua formação profissional. Para isso, é necessário que

65
desenvolva suas habilidades de lidar com o conhecimento já disponível na sociedade,
aplicando-o, avaliando-o, criticando-o para transformá-lo.

Mas, toda construção de conhecimentos, além de uma motivação pessoal, exige


métodos e técnicas, pois quando o volume de informações e de operações, com que
precisamos trabalhar, é grande, por melhor que seja a nossa memória, ela precisa ser
ativada com recursos que estão ao nosso alcance.

Assim, as anotações, os registros que fazemos auxiliam na ativação da memória e


recuperação dos conhecimentos que já construímos no decorrer da nossa existência.
Em um curso de formação profissional, esses registros devem ser frequentes.

66
67
Referências

BUENO, Wilson Costa. Comunicação Científica e Divulgação Científica:


aproximações e rupturas conceituais. Informação e informação, Londrina, v.
15, n. esp, p. 1 - 12, 2010. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.
php/informacao/article/view/6585/6761. Acesso em: 23 jan. 2020.

CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira. (orgs.) A


Questão Ambiental – Diferentes abordagens. Fluxos. Revista do Instituto
de Humanidades da Universidade de Uberaba. Uberaba: Universidade de
Uberaba, 2003. p. 46.

GUSMAN, Antonio Barioni; REZENDE, Eliane Mendonça Marquez de;


LOYOLA, Maria Emília Silva; ABREU, Nelson. Portfólio: Conceito e
Construção. Instituto de Formação de Educadores. Uberaba: Universidade de
Uberaba [s/d]. Disponível em: https://www.uniube.br/biblioteca/novo/udi/rondon/
arquivos/portfolio_biblioteca_uniube.pdf. Acesso em: 23 jan. 2020.

HIPERMÍDIA. Disponível em: https://hipermidias.wordpress.com/2007/10/05/


hipermidia-o-que-e-isso/. Acesso em: 20 jan. 2020.

IGC – Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais.


Disponível em: http://www.uftm.edu.br/comunicados-biblioteca/581-gt-
repositorio-institucional-da-uftm. Acesso em: 23 jan. 2020.

JUS.COM. Direito Civil. Disponível em: https://jus.com.


br/artigos/direito-civil Acesso em: 20 jan. 2020.

KARNAL, Leandro. Felicidade ou Morte. Entrevista concedida ao programa


Roda Viva. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JmMDX42jOoE.
Acesso em: 20 jan. 2020.

LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. 3. ed. Lisboa: Fundação


Calouste Gulbenkian, 1991.PDF disponível em: https://acasadospensadores.
files.wordpress.com/2014/03/karl-larenz-metodologia-da-ciencia-do-direito.pdf

68
LOBATO, Monteiro. Fábulas. 50. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

LOBATO, Monteiro. A assembleia dos ratos. Disponível: http://portal.mec.gov.


br/arquivos/pdf/8_portugues.pdf. Acesso em: 23 jan. 2020.

MOSÉ, Viviane. Provocações. Entrevistador: Antônio Ambujamra. Entrevista


concedida ao programa TV Cultura Digital. Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=WzU_7__L8Vo. Acesso em: 23 jan. 2019.

NERY, Rosa Maria de Andrade. O Direito como ciência, arte e técnica.


In:______. Noções preliminares de Direito Civil. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2002.

OLIVEIRA, Catarina. Carl Sagan. Infoescola. Disponível em: https://www.


infoescola.com/biografias/carl-sagan/. Acesso em: 22 jan. 2020.

PERRENOUD, Philippe. Sinapse. Folha de São


Paulo. São Paulo, p. 12-29. set. 2003.

PIRES, Márcia Regina. Um olhar sobre o humor em Dom Casmurro. Anais


do I Seminário de Iniciação Científica. Uberaba: Universidade de Uberaba,
2000. p.181.

PSICOLOGIA. Disponível em: https://www.psicologia.pt. Acesso em:


20 jan. 2020.

PORTAL da Literatura. Sinopse de Caim. Disponível em: https://www.


portaldaliteratura.com/livros.php?livro=4689#ixzz0fHXcjhXf. Acesso em: 23 jan.
2020.

PORTAL do MEC. Ministério da Educação. Matriz de Língua Portuguesa


de 8ª série Comentários sobre os Tópicos e Descritores Exemplos de itens.
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/8_portugues.pdf. Acesso
em: 20 jan. 2020.

69
PORTELA, Patrícia de Oliveira. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos de
Acordo com as Normas de Documentação da ABNT: Informações básicas.
2019. Disponível em: http://www.uniube.br/biblioteca/novo/arquivos/2015/
manual_normatizacao2015.pdf. Acesso em: 07 ago. 2019.

SABBATINI, Marcelo. As publicações eletrônicas dentro da comunicação


científica. Biblioteca on-line de Ciências das Comunicações. Disponível em:
http://bocc.ubi.pt/pag/sabattini-marcelo-publicacoes-electronicas.html. Acesso:
15 dez. 2019.

SANTOS, Antônio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do


conhecimento. 4.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

TAKAHASHI, Tadao. (org.) et al. Mercado, Trabalho e Oportunidades.


In:______. Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde. Brasília:
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. cap. 2, p.17- 28.

TV Cultura. Melhores momentos das mil primeiras entrevistas do Roda Viva.


Vídeo.Disponível em: https://tvcultura.com.br/videos/13878_edicao-dos-
melhores-momentos-das-mil-primeiras-entrevistas-do-roda-viva.html. Acesso
em: 20 jan. 2020.

UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Disponível em: http://www.


uftm.edu.br/comunicados-biblioteca/581-gt-repositorio-institucional-da-uftm.
Acesso em: 23 jan. 2020.

70
71
Capítulo 3
Procedimentos para
leitura de textos
dissertativos
Objetivos

• Identificar a origem do texto: fonte, autoria, área do conhecimento, contexto de


publicação, assunto.
• Delimitar as partes do texto.
• Reconhecer tipos de argumentos no texto dissertativo.
• Realizar a leitura compreensiva de textos dissertativos.
3.1 Introdução

Estudando o conceito de texto, as condições, as finalidades e os modos de organização


de diferentes textos, pudemos constatar, entre outros detalhes, que:

• o texto é um todo que se compõe de partes conectadas entre si;


• essas partes são denominadas de introdução, desenvolvimento e conclusão e,
popularmente, são chamadas de: começo, meio e fim;
• os elementos de cada parte são selecionados pelo autor do texto com base no seu
conhecimento de mundo, nos recursos de linguagem que ele domina;
• as partes e o todo (o texto) ganham sentido, pois se relacionam com um contexto
externo ao texto;
• esse contexto pode ser real ou imaginário (ficcional).

Neste capítulo, vamos apresentar alguns procedimentos de leitura que nos permitem
ler com mais proficiência textos dissertativos, com ênfase na dissertação argumentativa.

3.1.1 Recuperando a noção de dissertação

A dissertação é a forma de escrita frequente e mais solicitada em situações de serviços


burocráticos, jurídicos e de trabalhos escolares para a elaboração de relatórios,
monografias, ensaios, artigos e comunicação técnico-científica.

Pode ser utilizada para elaborar conceitos, reflexões sobre temas diversos, apresentar
processos, defender pontos de vista. Dependendo da intenção do autor, no texto
dissertativo, podem ganhar destaque a:

74
• descrição: quando o autor quer conceituar um termo, apresentar as fases de um
processo ou caracterizar um objeto;
• narração: quando é relevante informar a sequência de ações e acontecimentos
(um experimento, por exemplo); ou
• argumentação: quando o objetivo do autor é defender um ponto de vista, ele
constrói um texto dissertativo-argumentativo.

3.2 Procedimentos para a leitura do texto dissertativo

Se várias são as intenções de quem escreve, e variadas são as formas da escrita,


precisamos ter procedimentos de leitura diferentes diante dos textos dissertativos?
As intenções do autor, a organização da escrita e os nossos objetivos de leitura devem
ser considerados quando vamos ler? Quais seriam, então, os procedimentos do leitor
diante de um texto dissertativo, seja ele argumentativo ou expositivo?

De forma resumida, vamos traçar um caminho para a leitura que poderá resultar na
compreensão da maioria dos textos com os quais nos deparamos no dia a dia dos
estudos na Universidade. Acompanhe a seguir alguns procedimentos que contribuem
para a leitura compreensiva desses textos.

3.2.1 Ler para identificar

Ao ler um texto, seja um livro, um artigo ou um capítulo de livro, entre outros,


precisamos:
• identificar o título, a autoria, ano de publicação, a qual área do conhecimento está
relacionado. As fontes fornecedoras desses dados podem ser a ficha catalográfica

75
do livro, a breve biografia do autor, os créditos da revista ou boletim (eletrônico
ou impresso) em que o texto está publicado.
• conhecer o plano geral do texto; por isso, a primeira leitura deve ser realizada de
forma sequencial e integral, do começo ao fim.
• ficar atento(a) às marcas de composição gráfica – os tipos de letras e o tamanho
das fontes costumam ser diferentes para o título, para as partes e para os itens
dentro de cada parte.
• observar o estilo do autor, ou seja, se é mais simples, mais complexo, mais ou
menos difícil de ler.

76
Assim, lemos para identificar:

• tipo de texto: é um capítulo de livro ou um artigo científico?


• autoria: quem o escreveu?
• suporte: foi publicado em um livro, jornal ou periódico?
• data da escrita e de publicação.
• extensão do texto: número de páginas.
• assunto: qual conteúdo é desenvolvido no texto?
• plano geral do texto: como o autor organizou o texto?

3.2.2 Ler para delimitar as partes

Após conhecer o plano geral do texto, é importante ler para delimitar:

• a introdução
• o desenvolvimento
• a conclusão

Observe no exemplo a seguir como podemos delimitar a introdução, o desenvolvimento


e a conclusão de um texto dissertativo-­expositivo.

77
A Nova Economia

A difusão acelerada das novas tecnologias de informação e


comunicação vem promovendo profundas transformações na
tecnologias e do mercado de trabalho

economia mundial e está na origem de um novo padrão de

1ª parte - INTRODUÇÃO
competição globalizado, em que a capacidade de gerar inovações em
Contextualização das

intervalos de tempo cada vez mais reduzidos é de vital importância


para as empresas e países. A utilização intensiva dessas tecnologias
introduz maior racionalidade e flexibilidade nos processos produtivos,
tornando-os mais eficientes quanto ao uso de capital, trabalho
e recurso naturais. Propiciam, ao mesmo tempo, o surgimento
de meios e ferramentas para a produção e comercialização de
produtos e serviços inovadores, bem como novas oportunidades de
investimento.
Efeitos das mudanças provocadas pelas Novas
Tecnologias da Informação e da Comunicação
– NTIC, sobre a dinâmica do mercado

2ª parte - DESENVOLVIMENTO
As mudanças em curso estão provocando uma onda de “destruição
criadora” em todo o sistema econômico. Além de promover o
aparecimento de novos negócios e mercados, a aplicação das
tecnologias de informação e comunicação vêm propiciando, também,
a modernização e revitalização de segmentos maduros e tradicionais;
em contrapartida está ameaçando a existência de setores que já não
encontram espaço na nova economia.

78
A globalização e a difusão das tecnologias de informação e
comunicação são uma via de mão dupla: por um lado, viabilizaram a

2ª parte - DESENVOLVIMENTO
expansão das atividades das empresas em mercados distantes; por
um outro, a atuação globalizada das empresas amplia a demanda
por produtos e serviços de rede tecnologicamente mais avançados.
Vantagens

Neste processo, as empresas passam a definir suas estratégias de


competição, conforme os mais variados critérios (disponibilidade
e capacitação de mão-de-obra, benefícios fiscais e financeiros,
regulamentação etc.), estabelecendo, de maneira descentralizada,
unidades produtivas em locais mais vantajosos, independentemente
das fronteiras geográficas.

Através das redes eletrônicas que interconectam as empresas em

2ª parte - DESENVOLVIMENTO
vários pontos do planeta, trafega a principal matéria prima desse
novo paradigma: a informação. A capacitação de gerar, tratar e
transmitir informação é a primeira etapa de uma cadeia de produção
Exigências

que se completa com sua aplicação no processo de agregação de


valor a produtos e serviços. Nesse contexto, impõe-se, para empresas
e trabalhadores, o desafio de adquirir a competência necessária para
transformar informação em um recurso econômico estratégico, ou
seja, o conhecimento.
direcionadas para as NITCs
de trabalho com políticas
Perspectivas do mercado

3ª parte - CONCLUSÃO

Na transição para a nova economia, esse padrão de especialização


poderá agravar ainda mais a desigualdade entre os países
especializados em gerar novos produtos e serviços e os demais, que
implementam os projetos desenvolvidos pelos países líderes.

79
direcionadas para as NITCs
de trabalho com políticas
Perspectivas do mercado

Tal padrão de especialização tem profundo impacto na distribuição

3ª parte - CONCLUSÃO
das oportunidades de trabalho, no padrão de consumo da sociedade
e na repartição da renda entre os países. A despeito das grandes
desigualdades entre nações, novas oportunidades se abrem para os
países em fase de desenvolvimento econômico que saibam estruturar
suas políticas e iniciativas em direção à sociedade da informação.

TAKAHASHI, Tadao. (Org.) et al. Mercado, Trabalho e Oportunidades.


Fonte

In:______. Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde.


Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. cap. 2, p.17- 28.

3.2.3 Ler para analisar

Na sequência, o foco da leitura deve priorizar a análise da:

• adequação no uso de termos técnicos (palavras de uso próprio das áreas de


conhecimento);
• consistência dos dados;
• relação entre ilustrações, gráficos e tabelas e sua pertinência com o assunto
tratado;
• compatibilidade entre afirmações e argumentos apresentados.

80
3.2.4 Ler para reconhecer argumentos
Como principais recursos usados em textos dissertativos e que se aplicam também
ao texto científico, Platão e Fiorin (2007) apresentam cinco tipos de argumentos.
Acompanhe-os a seguir.

• Argumento de autoridade - citações de autores renomados, de autoridades com


domínio do conhecimento na área, dão credibilidade ao texto, pois mostram que
quem escreve pesquisou sobre o assunto. Por isso, é muito importante dar atenção
às notas de rodapé ou ao final de texto, às citações, às alusões ou referências, ainda
que breves, a obras, autores e outros textos.

Veja a seguir o exemplo:

A ligação entre arte e ciência não é nova. Entre outros, o físico inglês
Paul Dirac, autor da descoberta teórica da antimatéria, foi um dos que
defenderam esta ideia. Em um dos seus escritos mais conhecidos, Di-
rac propôs que o melhor critério para avaliação de uma teoria deve ser
sua beleza.
(Ponto de vista “Ciência e beleza” Revista Scientific American Brasil -
ano 1 - número 11 - p. 5)

Afirmação - A ligação entre arte e ciência não é nova.

Argumentação (argumento de autoridade) - entre outros, o físico inglês Paul


Dirac, autor da descoberta teórica da antimatéria, foi um dos que defenderam esta
ideia. Em um dos seus escritos mais conhecidos, Dirac propôs que o melhor critério
para avaliação de uma teoria deve ser sua beleza.

81
• Argumento com base no consenso - afirmações de base científica e aceitas
mundialmente como verdadeiras; não necessitam, portanto, de serem
demonstradas, por exemplo: “A Terra não é plana”. Ou, ainda: Nulla poena sine
crimine (não há pena sem crime); Nullum crimem sine lege (não há crime sem lei);
Nulla lex (poenalis) sine necessitate (não há lei penal sem necessidade).
• Em todas as áreas do conhecimento, existem argumentos que são aceitos
universalmente, tais como os axiomas da Matemática e os postulados da
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Caso julgar interessante conhecer
esses direitos, acesse o link indicado a seguir.

A Organização das Nações Unidas, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos,
tem como objetivo proporcionar tanto aos indivíduos quanto aos órgãos da sociedade
o conhecimento desses direitos a fim de que eles sejam respeitados e, acima de tudo,
promover medidas que assegurem o seu reconhecimento e a sua efetiva observância.
Veja o exemplo:

Diante de um mesmo delito, em mesmas circunstâncias, algumas pessoas são


punidas e outras não. Isso não poderia acontecer, pois todos são iguais perante a
lei e sem distinção.

Afirmação - Diante de um mesmo delito, algumas pessoas são punidas e outras


não. Isso não poderia acontecer,

Argumentação baseada em consenso - pois todos são iguais perante a lei e sem
distinção.

• Argumento baseado em provas concretas - afirmações que se servem de dados


de pesquisa, em fatos comprovados e em documentos ou similares com dados
divulgados e confirmados por órgãos oficiais nacionais e internacionais.
Exemplo: IBGE

82
Caso necessite utilizar em suas produções textuais dados de determinadas pesquisas,
como, por exemplo: população, PIB, inflação, desemprego, entre outros, você poderá
acessar o site do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para comprovar
esses dados.

No link a seguir, há, também, uma Síntese de Indicadores Sociais, com a análise das
condições de vida da população brasileira cujas informações poderão contribuir para
a comprovação de dados em suas produções textuais. Vale a pena conferir!

Síntese de Indicadores Sociais da população brasileira, do IBGE (2016)


biblioteca.ibge.gov.br

Afirmação - A família brasileira está diminuindo, ao mesmo tempo que cresce a


proporção de famílias lideradas por mulheres. Além destas mudanças nos padrões
de organização familiar no Brasil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (PNAD) mostram que, nas duas últimas décadas, cresceu a proporção
de pessoas que moram sozinhas, embora ainda predomine no Brasil o tipo de
família formada pelo casal e seus filhos.

Apresentação dos dados - Com base nos dados da PNAD de 1992 a 2001, é
possível destacar algumas tendências recentes no perfil da família brasileira. Nesse
período, cresceu de forma contínua o número relativo de famílias nas quais a
pessoa de referência é mulher e reduziu-se a quantidade de componentes das
famílias, como reflexo do ritmo de queda da fecundidade. A PNAD 2001 estimou
em cerca de 13,8 milhões o número de arranjos familiares em que a mulher era a
pessoa de referência, ou 27,3% das 50,4 milhões de famílias brasileiras. Em duas
décadas, a proporção desse tipo de arranjo familiar cresceu cerca de 24,7% no país.

83
O fenômeno é mais recorrente nas regiões metropolitanas, dentre as quais se
destacam Belém e Salvador, com, respectivamente, 40,4% e 35,9% de famílias
com pessoa de referência do sexo feminino (tabelas 6.1 e 6.2 e gráficos 6.1 e
6.2). (Síntese dos indicadores sociais 2002, IBGE)

• Argumento com base no raciocínio lógico - baseado nas associações entre as


proposições, isto é, fundamenta-se nas relações de causa e consequência. É um
argumento muito comum nos textos de Ciências da natureza e de Matemática.

Os conhecimentos são adquiridos. A engenharia genética não é capaz de


incorporá-los aos cromossomos. Eles existem na forma de uma rede. Ou seja, seria
preciso transplantar um cérebro inteiro para as crianças. Daqui a vinte e cinco
anos, portanto, os estudantes ainda terão que aprender para saber, isto é, terão
de desenvolver uma atividade mental intensa para compreender, memorizar,
comparar, organizar os conhecimentos.
(PERRENOUD, Philippe. Sinapse. Folha de São
Paulo, São Paulo, p. 12, 29 set. 2003.)

Afirmação - Os conhecimentos são adquiridos.

Explicação - A engenharia genética não é capaz de incorporá-los aos cromossomos.


Eles existem na forma de uma rede. Ou seja, seria preciso transplantar um cérebro
inteiro para as crianças.

Conclusão - Daqui a vinte e cinco anos, portanto, os estudantes ainda terão que
aprender para saber, isto é, terão de desenvolver uma atividade mental intensa para
compreender, memorizar, comparar, organizar os conhecimentos.

84
• Argumento de competência linguística - adequação e atualização no uso de
termos técnicos e científicos; pelo uso da língua culta, adequação dos elementos
de coesão para o encadeamento de enunciados, de parágrafos e partes do texto,
incluindo a pontuação. São esses elementos que possibilitam ao leitor acompanhar
o raciocínio do autor.

Grandes efeitos sobre a diversidade biológica em áreas urbanas também podem


resultar de fontes menos diretas, incluindo muitos dos poluentes oriundos do ar e
da água que colocam em perigo a saúde humana. Descobriu-se que subprodutos
tóxicos de produção industrial, como a bifenila policlorada, o dióxido de enxofre e
oxidantes, assim como os pesticidas direcionados para espécies daninhas, afetam
os ecossistemas naturais, descortinando-os (EHRLICH E ERLICH, 1981).
(MURPHY, D. D. Desafios à diversidade biológica em
áreas urbanas. In: WILSON, E. O. (ed.). Biodiversidade.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 91).

Observe que o autor utilizou um vocabulário adequado à situação de interlocução, com


termos técnicos da sua área de conhecimento (diversidade, poluentes, subprodutos
tóxicos, Bifenila policlorada, dióxido de enxofre, oxidantes, entre outros), dando
credibilidade às informações do texto.

Saiba Mais

Caso tenha interesse em aprofundar seus conhecimentos, sugerimos a leitura


e estudo da lição 19, do livro Lições de texto: leitura e redação, de José Luiz
Fiorin e de Francisco Platão Savioli.

85
A lição indicada para leitura traz uma fundamentação teórica sobre a argumentação,
por meio da apresentação de um texto argumentativo comentado, dos tipos de
argumentos e, na sequência, de alguns exercícios.

3.2.5 Ler para estabelecer relação


• do texto com outros textos da mesma área do conhecimento;
• do texto com o conteúdo da disciplina;
• do texto com a realidade sociocultural em que o texto foi produzido e na qual,
você, leitor, está inserido.

Neste momento, é necessário estabelecer relações entre o texto que estamos lendo,
seja um romance, um artigo, uma reportagem, uma série, um filme, e informações de
outros textos anteriormente lidos, e até mesmo notas, citações, conceitos, argumentos
mencionados pelo próprio autor.

3.2.6 Ler para avaliar e emitir um julgamento


Utilizando os registros que foram feitos em cada uma das etapas anteriores, o leitor
poderá, com a maior clareza possível:
• traduzir o conteúdo do texto, isto é, dizer ou escrever o que leu, com outras
palavras, mantendo o pensamento do autor;
• mostrar a consistência do raciocínio do autor em relação aos conhecimentos já
produzidos na mesma área de estudo;
• reconhecer e explicitar a coerência do pensamento elaborado pelo autor;
• avaliar a produção acadêmica que teve a oportunidade de conhecer pela leitura
realizada, apontando a contribuição do estudo do texto para a ampliação dos
conhecimentos e para formação profissional sua e de quem se interessa pelo
assunto.

86
É importante ressaltar que a leitura e a escrita são práticas sociais cotidianas. E ler se
aprende lendo, discutindo sobre o que se leu, partilhando ideias e valorizando as
diferentes formas de textos, seus diversificados suportes e as oportunidades de se ter
com quem partilhar a experiência de leitura. Aproveite bem suas oportunidades junto
a colegas e professores, nos diferentes momentos que vivencia na Universidade.

Saiba Mais

O vídeo indicado a seguir, gravado pela professora Ada Brasileiro, aborda


estratégias que também contribuem para o aprimoramento da capacidade
de leitura, bem como para a interpretação de textos. Vale a pena conferir!

85
87
88
3.3 Resumo

Neste capítulo, retomamos o conceito de texto dissertativo e sugerimos alguns


procedimentos mais adequados para uma leitura compreensiva de um texto.

Destacamos, na sequência, os tipos de argumentos frequentes nos textos dissertativos e


apresentamos alguns exemplos, a fim de possibilitar uma melhor compreensão desses
argumentos e, consequentemente, contribuir para a elaboração e o uso adequado em
diferentes produções textuais.

89
Referências

BRASILEIRO, Ada. Estratégias de Leitura. Vídeo. Disponível em: https://www.


youtube.com/watch?v=ibHowaNrqpE. Acesso em: 31 jan. 2020.

FIORIN, J. L. e SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São


Paulo: Ática, 2007.

FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitura e redação. 1. Ed. São


Paulo: Ática, 2011. Disponível em:http://www.faberj.edu.br/cfb-2015/downloads/
biblioteca/portugues_instrumental/Li%C3%A7%C3%B5es%20de%20
Texto%20Leitura%20e%20Reda%C3%A7%C3%A3o%20-%20Fiorin%20e%20
Plat%C3%A3o.pdf. Acesso em: 31 jan. 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <https://


www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 31 jan. 2020.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores


sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Estudos e
pesquisas. Informação demográfica e socioeconômica. Rio de Janeiro: IBGE,
2016. Disponível em:https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98965.
pdf. Acesso em: 31 jan. 2020.

MURPHY, D. D. Desafios à diversidade biológica em áreas urbanas. In:


WILSON, E. O. (ed.). Biodiversidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.
91.

ORGANIZAÇÃO das nações unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/
uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 31 jan. 2020.

PERRENOUD, Philippe. Sinapse. Folha de São


Paulo. São Paulo, p. 12-29. set. 2003.

90
PONTO de vista “Ciência e beleza”. Revista Scientific American Brasil - ano
1 - número 11 - p. 5

TAKAHASHI, Tadao. (Org.) et al. Mercado, Trabalho e Oportunidades.


In:______. Sociedade da Informação no Brasil: Livro Verde. Brasília:
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2000. cap. 2, p.17- 28.

91
Capítulo 4
Linguagem, trabalho e
prática social

Objetivos

• Elaborar um requerimento, uma carta de apresentação e currículo.


• Reconhecer as formas de comunicação interna em uma organização: memorando,
aviso, ordem de serviço, instrução normativa, parecer, pauta e ata de reunião.
• Identificar os elementos básicos de um ofício, de uma declaração, de um contrato
e de uma procuração.
• Valorizar as situações de comunicação escrita como oportunidades de relações
humanas e interação no contexto organizacional.
• Identificar os suportes adequados para a circulação dessas escritas.
A comunicação em uma organização não é um meio;
ela é o modo de organizar.
Peter Drucker

4.1 Introdução

O século XX ofereceu à humanidade o testemunho da força comunicativa. Os cientistas


e artistas apropriaram-se das técnicas da fixação da imagem (fotografia) e conseguiram
produzi-la em movimento (cinema). A história das mídias registra a incrível, porém
verdadeira, transformação dos meios de comunicação e sua interferência no estilo
de vida das pessoas e das culturas: da fotografia, do cinema, do rádio para a tela da
TV, do computador e do celular. Imagem e palavra falada e escrita – integradas e em
velocidade – conquistaram a confiança no poder da comunicação entre os povos das
mais diferentes culturas. E assim, como no princípio dos tempos, o verbo continua
sendo ponte a unir interesses e sentimentos humanos.

Caso julgar interessante, acesse o link indicado a seguir para conhecer um pouco mais
sobre a história das mídias, entendendo o desenvolvimento das tecnologias e também
a necessidade do homem de representar o que vê para poder entender o mundo em
que vive.

História das Mídias


Unesp.br

94
Uma organização empresarial, como, por exemplo, um banco, uma universidade, um
hospital, uma rede de loja, constrói a imagem com a qual quer ser identificada no meio
social, lançando mão de recursos e suportes midiáticos diversificados. Entre eles os
recursos da linguagem verbal.

A imagem que o grande público faz da organização, seja ela pública ou privada, é
fator de sua permanência no mercado de produção de bens e serviços. Basta lembrar
o tempo das campanhas publicitárias em rádio, TV, outdoors, fachadas em néon e,
também, os impressos que visitam as salas de espera de consultórios, escritórios ou
são oferecidos nos semáforos como brindes ao consumidor.

Seriam essas formas de comunicação as únicas responsáveis por construir a imagem


de uma organização ou empresa?

A vida de uma organização depende da sua capacidade de transformar todas as


situações de comunicação, formal ou não formal, em oportunidades de interação e
relações humanas entre as pessoas que nela trabalham, tanto as relações internas
quanto externas com demais segmentos sociais para a produção e consumo dos bens
ou serviços que a organização oferece.

É pensando na importância do uso da Língua Portuguesa para a construção da imagem


do profissional e da instituição em que vai desenvolver seu trabalho, que vamos dedicar
tempo ao estudo de algumas formas de escrita, que são cotidianamente utilizadas no
âmbito das organizações.

95
4.2 A escrita no cotidiano das organizações

Pessoas, linguagem e desenvolvimento social caminham em sintonia. Para compreender


essa histórica sintonia e como os caminhos se modificam no percurso dos tempos, é
necessário observar as transformações econômicas, sociais e políticas, ocasionadas
pela produção dos conhecimentos artístico, técnico e científico. Esses conhecimentos
envolvem os produtos culturais, materiais e imateriais, incluindo as Tecnologias da
Informação e Comunicação – as TICs.

É interessante verificar ao longo da História que uma técnica e sua aplicação provêm
de outras e que do movimento de busca, de apropriação, de erros e acertos, vão se
construindo, simultaneamente, a diversidade tecnológica, semiótica e linguística. E,
nessa diversidade, encontram-se a identidade dos povos, a história do trabalho e o
desenvolvimento das sociedades humanas.

Em uma dimensão ampla, não é difícil identificar a diferença entre as técnicas, os


instrumentos de trabalho utilizados por uma sociedade economicamente desenvolvida
dos que são utilizados por sociedades que carecem do desenvolvimento econômico
e tecnológico.

Em âmbito mais restrito, também não é difícil entender que profissionais da Educação,
da Medicina, Engenharia, Comunicação Social, Administração e de Serviço Social
utilizam um vocabulário diferente.

Socialmente esses profissionais são reconhecidos como grupos distintos e, no exercício


de suas funções e cargos, mesmo utilizando uma mesma língua – o português, por
exemplo, é notável a diferença de palavras e expressões próprias utilizadas no contexto
de trabalho de cada área.

96
95
97
No entanto, esses profissionais comunicam-se formalmente não apenas entre si, mas,
também, com pessoas de diferentes grupos sociais: comunidade religiosa, associações
de classe, comercial, industrial, grupos de recreação, núcleos científicos, artísticos e
políticos e econômicos.

Assim, participam de situações de comunicação que exigem uma forma socialmente


aceita para cada uma delas. Uma comunicação oficial pode ser estabelecida entre:

• dirigentes e colaboradores em uma reunião geral da empresa;


• colaboradores de uma mesma empresa, analisando um projeto;
• empresa e clientes em visitas para divulgação de produtos;
• o dirigente de recursos humanos em uma entrevista;
• médico e paciente em consulta;
• professor e alunos em sala de aula;
• um engenheiro e o encarregados na obra;
• empresário e fornecedor, estabelecendo contratos;
• gestores públicos, estabelecendo convênios;
• advogados e promotores em processos jurídicos.

98
Esses profissionais usam as variedades linguísticas adequadas para cada situação de
comunicação: em reuniões administrativas, em escritório, em consultório, em lojas
especializadas, entre outras.

Podemos afirmar, então, que a variedade linguística profissional é um fazer cultural e


que o uso da língua deve ser adequado às situações de comunicação.

Em se tratando de comunicação oficial, interna ou externa à organização, são


estabelecidas algumas normas para que os objetivos da comunicação sejam
assegurados.

Quanto à linguagem, a comunicação oficial traz as seguintes marcas: impessoalidade,


formalidade, uniformidade, clareza e precisão, concisão e harmonia.

As formas (modelos) de redação para atender às diferentes situações de comunicação


oficial foram sendo construídas ao longo do tempo em decorrência da prática
comunicacional.

99
Na atualidade, essas normas estão estabelecidas em manuais e a uniformidade da
redação auxilia na tramitação burocrática, seja em órgãos públicos ou em organizações
privadas.

No Brasil, o Manual de Redação Oficial da Câmara dos Deputados é uma referência


para quem necessite de conhecer ou tirar dúvidas sobre a adequação da estrutura e
finalidades de textos oficiais.

Trata-se de um material muito interessante que traz orientações para a produção


de vários gêneros textuais e regras da Língua Portuguesa que contribuem para a
comunicação tanto interna quanto externa, em uma organização.

4.2.1 A identificação profissional – requerimento, carta de apresentação e currículo


O profissional assume responsabilidades sociais. A sua identidade pessoal, sua formação
e experiência profissionais, quase sempre são requeridas no exercício de suas funções.

A seguir, vamos apresentar formas da escrita que têm por finalidade identificar o
profissional no contexto das organizações.

- Requerimento
Você já preencheu algum requerimento? Lembra-se de sua forma textual?

O requerimento é um texto utilizado para solicitar formalmente algum procedimento,


documento ou recurso de interesse do requerente, isto é, da pessoa interessada.

100
Por exemplo:
• uma vaga de estagiário;
• as férias na empresa;
• cópias de documentos pessoais.

A estrutura textual padrão do requerimento, inclui, pela ordem:

1º - endereçamento
• Na parte superior do documento deve ser indicado o nome de quem receberá a
solicitação, seu cargo ou função.

2º- invocação
Uma expressão contendo pronome de tratamento
• Senhora diretora ou Senhor secretário.

3º - identificação do requerente
• Nome e dados pessoais de quem está requerendo.

4º - a requisição propriamente dita


• Descrição detalhada do que se está solicitando (o quê? quanto? quando?).

5º - pedido de atendimento
• Utiliza-se o enunciado “Nestes termos, pede deferimento”. Costuma-se pedir o
deferimento, a resposta positiva para o que está sendo solicitado, requerido. A
pessoa que vai examinar o pedido pode deferir (aceitar) ou indeferir (não aceitar).

6º - cidade, data

7º - assinatura do requerente.

101
Veja o exemplo a seguir:

Senhor João Francisco de Assis


1- ENDEREÇAMENTO
D.D. Diretor de Recursos Humanos
Companhia de Recursos Hídricos do Cerrado – CORHICE

Prezado senhor 2- INVOCAÇÃO

3- IDENTIFICAÇÃO (pessoa e seus dados)


Eu, ______________________________________, portador (a) da cédula de
identidade nº ______________, residente e domiciliada à Rua ______________,
cidade _____________, Estado _________, venho requerer minha inscrição
para a entrevista de seleção ao cargo de gestor(a) de projetos, conforme edital
publicado na imprensa local. 4- REQUISIÇÃO
   
Declaro que tenho os requisitos mínimos exigidos e estou ciente das condições
de trabalho, horas de dedicação e remuneração para esse cargo, descritas no
referido edital.

Nestes termos, peço deferimento. 5- PEDIDO DE ATENDIMENTO

Uberaba, 20 de janeiro de 2020. 6- CIDADE, DATA

Daniela Maria de Barros 7- ASSINATURA DO REQUERENTE

__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

102
Caso julgar interessante, acesse o ícone sugerido a seguir e conheça outros exemplos
de requerimentos.

Formulário de requerimentos
uberaba.mg.gov.br

- Carta de apresentação
Carta é a forma de correspondência emitida por uma pessoa particular, ou por uma
autoridade com objetivo particular. Quem assina a carta expressa uma opinião ou dá
uma informação sua, e não do órgão ou empresa na qual trabalha.

A carta de apresentação é utilizada com a finalidade de apresentar alguém a uma


autoridade da instituição ou empresa, para propor que lhe seja concedida uma
oportunidade de trabalho, estudo, pesquisa, publicação.

O ícone sugerido, a seguir, traz mais informações sobre a carta de apresentação.

Modelo de carta de apresentação


viacarreira.com

103
- Currículo ou curriculum vitae
Você certamente já ouviu alguém dizer: - Deixei meu currículo naquela empresa; - Vou
acrescentar essa informação em meu currículo ou - Preciso atualizar meu currículo.

O currículo é um documento de identificação pessoal, geralmente utilizado para fins


acadêmicos e profissionais.

Embora existam diferentes modelos, em um currículo, não podem faltar:

• documentos pessoais (RG, CPF);


• endereço e telefones para contato;
• grau de escolaridade;
• experiência profissional (caso a pessoa já tenha).

Muitos modelos circulam na Internet e há até impressos próprios para currículos que
são vendidos em papelarias.

104
Algumas instituições adotam um modelo personalizado que oferece a oportunidade
de enumerar apenas os dados que delineiam o perfil profissional.

No circuito acadêmico, o modelo de referência para elaboração de seu currículo é o


Currículo Lattes, na plataforma do Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq.

Segundo Martins e Zilberknop (2009, p.193), o “curriculum vitae pode ser encaminhado
através de um ofício ou de uma carta de apresentação. Pode ainda ser introduzido por
uma resposta de anúncio.” Assim sendo, é importante que a pessoa saiba:

• informar-se sobre a instituição ou empresa para a qual vai enviar o currículo;


• escolher o modelo adequado para preenchimento dos dados pessoais;
• organizar uma pasta com todos os documentos pessoais que comprovam as
informações que fornecer em seu currículo;
• redigir uma carta de encaminhamento do seu currículo;
• saber selecionar os dados de sua formação escolar e profissional que mais
interessem à empresa ou ao cargo a que está concorrendo;
• selecionar dados complementares de sua formação que estejam relacionados à
sua visão de sociedade e de trabalho.

Além da Plataforma Lattes, você poderá cadastrar o seu currículo, em diferentes sites,
conforme a área de atuação. Entre eles, sugerimos os sites a seguir.

Linkedin Indeed
linkedin.com indeed.com.br

Uniube
uniube.br

105
4.2.2 A circulação de informação interna – memorando, avisos, ordem de serviço,
instrução normativa, parecer técnico, pauta e ata de reunião

A comunicação interna tem por finalidade assegurar a eficácia de processos e produção


de bens e serviços de um órgão, de uma instituição, de uma empresa pública ou privada.

As formas de comunicação de circulação interna são direcionadas ao público que são


os trabalhadores de diferentes setores da organização. Essas formas de escrita podem
circular em suporte textual físico impresso; ou em suporte digital (E-mail ou WhatsApp
individuais em de grupos).

106
- Memorando
É uma correspondência interna, utilizada entre departamentos, seções ou divisões,
sem restrições de hierarquia, para comunicar fatos e ocorrências ou mesmo solicitar
providências que dizem respeito ao setor ou setores envolvidos.

Sua estrutura contém os seguintes elementos, pela ordem:

• 1º - título abreviado, em minúsculas, número de ordem e sigla do setor de


origem;
• 2º - data;
• 3º - indicação do destinatário, cargo e sigla do setor de destino;
• 4º - assunto: síntese do texto (em negrito);
• 5º - texto com parágrafos numerados a partir do segundo;
• 6º - fecho: “Respeitosamente” ou “Atenciosamente”;
• 7º - assinatura do remetente;
• 8º - indicação do cargo do remetente.

Trata-se, portanto, de uma correspondência ágil, e requer simplicidade e concisão tanto


na redação quanto no trâmite (encaminhamento, recebimento e despacho). Por isso,
os despachos ao memorando devem ser feitos no próprio documento e, em caso de
falta de espaço, em uma folha de continuação.

Deve ser enumerado, facilitando o controle da correspondência expedida pelo setor. No


caso de haver um memorando em resposta a um primeiro, deve ser feita a referência
ao assunto, à data e, se possível, ao número do memorando objeto da resposta.

Veja um memorando resposta.

107
1- TÍTULO ABREVIADO
Memo Nº 0086/DECOM Em 19/06/19 2- DATA

De: Maria Aparecida dos Anjos Setor: Departamento de Compras


Para: Antônio Feliz Setor: Manutenção 3- DESTINATÁRIO
(nome e setor)

Assunto: Requisição de compra 4- ASSUNTO


5- TEXTO
Em atendimento ao memorando Nº 034/2019, de 10/02/2019, comunico-lhe que
o material se encontra no mercado, devendo este departamento encaminhar a
requisição de compra de material até dia 20 próximo.

6- FECHO
Atenciosamente, (atenciosamente, respeitosamente)
Maria Aparecida dos Anjos 7- ASSINATURA DO REMETENTE
Chefe do Departamento de Compras
8- INDICAÇÃO DO CARGO DO REMETENTE

- Avisos
Quando a informação é direcionada a muitos colaboradores dentro da empresa,
e precisa ser agilmente divulgada, utiliza-se o Aviso. Para ser reconhecida como
comunicação oficial, o aviso deve conter alguns elementos básicos:

1º - expressão de chamamento, indicando para quem é o aviso;


2º - a informação direta, clara, objetiva;
3º - data, horário e local da emissão;

108
4º - nome e assinatura do emissor: de quem está avisando, passando a
informação;
5º- indicação do cargo do remetente.

Geralmente os setores mantêm um Mural de Avisos que deve ser de conhecimento de


todos que ali trabalham. Pode ter como destinatário uma única pessoa ou um grupo
de pessoas.

1º Prezados colaboradores (chamamento)

Devido à chuva intensa, no início da tarde, o setor de produção está


2º sem energia elétrica hoje, dia 18/02/2020. A previsão é de que tudo se
normalize até as 18h. Contamos com a compreensão de todos.
(informação)

3º 18/02/2020, 09h, Uberaba.


(data, horário e local)

4º João Feliz
(nome e assinatura do emissor)

5º Diretor de manutenção
(indicação do cargo do remetente)

Veja, a seguir, o texto na íntegra e identifique essa estrutura!

109
Prezados colaboradores

Devido à chuva intensa, no início da tarde, o setor de produção está sem energia
elétrica hoje, dia 18/02/2020. A previsão é de que tudo se normalize até as 18h.

Contamos com a compreensão de todos.

18/02/2020, 09h, Uberaba.

João Feliz
Diretor de manutenção

Dirigido-se a uma única pessoa, o aviso pode ser redigido de próprio punho, de
preferência em papel timbrado, assinado por quem emite e afixado em local por onde
o destinatário circula, de fácil acesso à leitura.

- Ordem de serviço
É um documento formal, de circulação interna em uma organização, no qual são
descritas informações referentes a um serviço por ela prestado. Pode estar relacionada
a um serviço interno ou a um serviço prestado a um cliente.

110
Quando uma empresa planeja executar um serviço (seja por requisição de um cliente,
por força de um contrato), é formulada uma ordem de serviço que deverá conter todas
as informações necessárias à realização da atividade (SIGNIFICADOS, 2020, p,1), a fim
de orientar todas as atividades necessárias a sua execução.

111
- Instrução normativa "auxílio aos MANUAIS de determinado produto/serviço
etc"
A realização de um empreendimento requer a normatização de processos. Essa
exigência tem a finalidade de assegurar a sua qualidade, o seu controle e a sua
manutenção.

Além dos manuais de orientação e procedimentos de processos e serviços, as empresas


privadas e órgãos públicos podem lançar mão das instruções normativas.

Um ato administrativo tem efeito de fazer valer procedimentos importantes para o


fluxo dos serviços. Entretanto a atualização de um manual que o contemple e a sua
divulgação nem sempre acontecem com a agilidade necessária. Assim, a instrução
normativa pode ser utilizada, contribuindo com essa atualização. Uma instrução
normativa é expedida pela autoridade do setor ou da instituição.

Segundo Bastos (2001), a empresa não opera no vazio, pois todo ato administrativo ou
produtivo deve estar fundamentado em normas, ou seja, deve ter a devida sustentação
metodológica. Esta é a importância da instrução normativa: para que a instituição
realize os processos de trabalho conforme prescrições vigentes.

As entidades de classe que socialmente assumem para si a função de normalizar


procedimentos técnicos relacionados ao exercício da profissão dos médicos,
engenheiros, assistentes sociais, arquitetos, psicólogos, advogados, entre outras, fazem
constante uso de instruções normativas que são acatadas pelos profissionais a elas
filiados, e podem, também, ser acatadas por empresas e escolas de formação desses
profissionais.

Conheça a instrução normativa para as atividades de extensão, da Universidade de


Uberaba, disponível em:

112
Instrução normativa PROPEPE/PROES
uniube.br

Realizando leituras de diferentes instruções normativas se aprende mais rápido, veja a


portaria normativa nº 19, de 20 de novembro de 2008, da ABMES – Associação Brasileira
de Mantenedoras de Ensino Superior.

ABMES
abmes.org.br

- Parecer técnico
A realização de trabalho que envolve uma maior complexidade que implicam pontos
de vista divergentes, ou um conhecimento especializado merece da instituição que se
propõe a realizá-lo o cuidado de verificar sua pertinência técnica.

Sendo assim, o parecer é um texto que contém uma opinião fundamentada, no qual
o elaborador, por meio de seus conhecimentos e competência, analisa, avalia uma
situação e se pronuncia, de forma favorável ou contrária, acerca do processo, da
ocorrência, do projeto que lhe foram submetidos. Tem por finalidade subsidiar tomadas
de decisão.

Em sua estrutura, encontram-se os elementos seguintes:

• número de ordem (quando necessário);


• número do processo de origem;
• ementa (resumo do assunto);

113
• texto, compreendendo: histórico ou relatório (introdução); parecer
(desenvolvimento com razões e justificativas); fecho opinativo (conclusão);
• local e data;
• assinatura, nome e função ou cargo do parecerista.

O parecerista emite um juízo, fundamentado na legislação vigente sobre o tema


cultura organizacional. Segundo Martins e Zilberknop (2009, p. 240), o parecer “difere
da informação, porque, enquanto o parecerista interpreta fatos e dados, a informação
apenas os fornece.”

Portanto, emitir um parecer é mais do que informar. É expressar uma concordância ou


discordância a fim de possibilitar uma decisão acerca de alguma situação que necessite
de uma posição técnico-profissional, administrativa ou científica.

Caso julgar interessante, acesse os ícones a seguir para conhecer as estruturas de um


parecer técnico.

Parecer técnico COREN/PR


corenpr.gov.br

Parecer técnico COREN/DF


coren-df.gov.br

Parecer técnico CETESB/SP


arquivos.ambiente.sp.gov.br

114
- Pauta da reunião
A reunião tem sido uma situação muito frequente para a apresentação e discussão de
propostas novas, de avaliação e ajustes de processos, de tomada de decisão no âmbito
institucional.

Assim compreendida, a reunião precisa ser muito bem planejada para que o
diálogo resulte em benefício do alcance de objetivos. Por sua vez, para que todos se
empenhem no diálogo, os objetivos da reunião devem ser de conhecimento de todos
os participantes.

Trata-se de um espaço produtivo de avaliação, atualização de procedimentos e


propostas de inovação. Nesse sentido, quem vai participar de uma reunião deve estar
ciente dos assuntos que nela serão tratados, do seu tempo de duração e quais serão
os seus interlocutores.

115
Essas informações são passadas aos participantes por meio de um documento
denominado Pauta. Quem convoca a reunião define a pauta, ou seja, o roteiro a ser
seguido pelos que dela participarem.

Com base na pauta, quem coordena a reunião deve estipular o tempo necessário para
a apresentação dos assuntos, para expressão de pontos de vista, de opiniões e de
decisões coletivas.

Sabemos que os valores do mundo empresarial contemporâneo podem ser


contabilizados em tempo. Assim, para que os participantes saiam da reunião com
segurança das decisões que ali foram tomadas, nas pautas, a duração para a discussão
de cada assunto deve ser muito bem dimensionada.

Veja o exemplo a seguir.

PAUTA DE REUNIÃO
Objetivos

• Alterar a redação do parágrafo único do artigo 3º do regimento.


• Definir a numeração dos boxes do estacionamento.
• Eleger a diretoria para o biênio 2020-2022.

Data: 20 de janeiro de 2020


Horário: das 8h30 às 10h

116
Local: sala de reuniões do condomínio
Participantes: diretoria e condôminos
Assuntos:
1. alteração da redação do parágrafo único do artigo 3º do regimento;
2. numeração dos boxes para estacionamento dos veículos dos
proprietários;
3. eleição da diretoria para o biênio 2020-2022, que assumirá em
março de 2020.
Contamos com a participação de todos.

- Ata
É o documento que registra, de forma clara e objetiva, os acontecimentos, as
deliberações, as resoluções, de uma reunião, de uma assembleia.

Para a elaboração de uma ata, deve-se observar:

• margens dos dois lados da folha;


• não deixar parágrafos ou alíneas, de forma que todo o espaço da página seja
ocupado;
• não utilizar abreviaturas;
• os números devem ser escritos por extenso;
• não rasurar;
• usar verbos no tempo pretérito perfeito do indicativo.

117
A ata é um documento que deve ser redigido de tal forma que não seja possível
nenhuma modificação posterior.

Caso julgar interessante, acesse o ícone a seguir para conhecer a estruturas de uma ata.

Ata de reunião ordinária – IPSERV


uberaba.mg.gov.br

118
4.2.3 Comunicação externa – ofício, declaração, contrato e procuração
- Ofício
Dentre as formas dos textos oficiais, o ofício é o documento destinado à comunicação
oficial entre órgãos da administração pública e, ainda, a comunicação de autoridades
para particulares. Por exemplo: do Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal; ou
do Reitor para o Conselho Municipal da Infância e Juventude.

Embora a sua estrutura seja semelhante à do memorando, a diferença básica está


na finalidade de cada um: o memorando é destinado à comunicação interna, entre
setores de uma mesma organização. O ofício é destinado à comunicação externa entre
instituições. Também diferem a relação de hierarquia e a tramitação, sobretudo o que
se relaciona com os prazos de despachos.

Estrutura de um ofício:

• título abreviado - “Of.”- , número de ordem e sigla do órgão de origem;


• local e data;
• endereçamento: forma de tratamento, cargo ou função seguido do nome do
destinatário, instituição quando necessário e endereço;
• vocativo: função ou cargo;
• assunto: síntese do texto (em negrito);
• texto com parágrafos numerados a partir do segundo;
• fecho: “Respeitosamente” ou “Atenciosamente”, segundo a relação hierárquica
entre o remetente e o destinatário;
• assinatura;
• indicação do cargo do remetente.

119
Veja um exemplo de ofício a seguir.

118
120
- Declaração
A declaração consiste em documentar uma informação, prestada por autoridade de
algum órgão ou pessoa particular, em que se informa algo sobre alguém, algum fato
ou acontecimento, sob a responsabilidade de quem declara.

Declarações podem ter características específicas e receber uma qualificação, por


exemplo: declaração funcional, declaração de matrícula, de licitação; de trabalho
autônomo, de quitação de débito, entre outras. Veja um exemplo, a seguir.

DECLARAÇÃO DE MATRÍCULA

Declaramos, para os devidos fins, que ______________________________,


Registro Acadêmico (RA) __________________________, está matriculado
neste 1º semestre letivo de 2020, no terceiro período do Curso de Graduação
em Direito, período matutino, na Universidade de Uberaba, com duração de dez
(10 períodos letivos).

Uberaba, 20 de janeiro de 2020.

_______________________________________________________

121
- Contrato
De acordo com Martins e Zilberknop (2009, p. 188), o “contrato é um acordo entre duas
ou mais pessoas (físicas ou jurídicas) para estabelecer, modificar ou anular uma relação
de direito. O assunto pode ser o mais variado possível: compra, venda, prestação de
serviço etc”.

Para elaborar um contrato, é necessário:

• usar a norma culta da Língua Portuguesa;


• utilizar a linguagem de forma clara e concisa, a fim de evitar a ambiguidade;
• definir termos específicos;
• apresentar, de forma clara, o objeto do contrato;
• apresentar as condições para a sua rescisão;
• definir cláusulas que assegurem as partes envolvidas.

Esses são apenas requisitos básicos. Quando se tratar de uma implicação jurídica mais
aprofundada, esse documento deve ser elaborado por um advogado, uma vez que
requer conhecimentos mais específicos, princípios fundamentais do direito contratual.

- Procuração
A procuração é um documento pelo qual uma pessoa nomeia uma outra, de sua
confiança, concedendo-lhe poderes para agir em seu nome, em determinada situação,
em um ato legal, no qual não possa estar presente

Por exemplo: imagine que devido a questões pessoais, uma pessoa não pode
comparecer para efetivar matrícula em um determinado curso. Para solucionar esse

122
problema, ela faz uma procuração, concedendo poderes a outra pessoa (outorgado)
para representá-la e assumir as responsabilidades, momentaneamente, na situação
para a qual foi redigida a procuração.

Considerando a redação oficial, vale ressaltar que o fax (ou fac-símile), o e-mail (correio
eletrônico), o messenger, o whatsApp não são textos, mas meios, isto é, são suportes
de mensagens e neles os documentos oficiais podem circular.

4.3 Comunicação e imagem da organização

Vimos que a linguagem é o lugar privilegiado da interação entre os cidadãos. Pela


linguagem, o profissional pode expressar sua identidade e a identidade da empresa
ou instituição em que exerce sua profissão. Nesse sentido, expressão e a comunicação
profissional são indissociáveis.

A linguagem pode ser considerada um instrumento profissional. Assim, com base


nas diferentes áreas do conhecimento e do trabalho, denomina-se linguagem
instrumental um conjunto de termos, expressões, modos de estruturar textos que
respondem a necessidades para a interação e intercomunicação entre engenheiros,
tecnólogos, administradores, consultores, por exemplo.

Muito bem preparados na sua competência intelectual, os profissionais devem se


mostrar também conhecedores dos registros cotidianos internos à empresa como,
por exemplo, o memorando, a instrução normativa, o parecer, enfim, saber escrever
inúmeros textos oriundos da própria natureza dos processos e procedimentos
necessários em uma organização.

123
Em princípio, as técnicas de expressão devem conduzir cada profissional ao
conhecimento, ao domínio e ao emprego apropriado e coerente da língua falada e
escrita em seu cotidiano no contexto da empresa em que trabalha. De acordo com
Vanoye (2002), a comunicação entre grupos restritos (como a comunicação interna
de uma empresa) geralmente se dá a partir de um reconhecimento dos fenômenos
expressi­vos, para se chegar a uma prática comunicativa eficiente e objetiva.

As relações entre uma empresa ou instituição e as demais organizações sociais


contemporâneas vão se estreitando à medida que a noção de trabalho colaborativo
se associa à necessidade de se ter uma visão global das relações humanas e funcionais
no ambiente profissional.

Os conselhos consultivos, deliberativos e executivos de grandes, médias e pequenas


empresas, hoje, muito mais sistematicamente que há 30 anos, preocupam-se em
construir e manter a imagem da organização da qual fazem parte.

Podemos testemunhar a importância que se tem dado à divulgação da missão das


empresas, sejam elas públicas ou privadas. Essa imagem se constrói com os valores que
cada empresa possui. Aqui destacamos três:

• a força de trabalho dos seus funcionários ou colaboradores;


• o poder econômico, isto é, o capital;
• o poder de comunicação interna e externa da organização.

As campanhas publicitárias ocupam um lugar de destaque para que as organizações


se tornem conhecidas pelos segmentos sociais. Porém, há formas de comunicação
menos conhecidas, pelas quais se organizam as relações entre empresas e entre estas
e pessoas físicas. Essas formas são responsáveis pelo estabelecimento do vínculo social
que necessariamente precisa existir na vida de qualquer organização.

124
Entre elas, destacam-se os convênios, os contratos de prestação de serviços, os editais,
as declarações, os ofícios. Esses textos são redigidos em língua culta padrão e obedecem
às convenções estabelecidas ou adotadas pelas instituições conveniadas ou por quem
as emite.

Para dominar sua estrutura, seus componentes e organização, e se sentir apto a redigi-
-los ou aprová-los em atividade profissional, é conveniente que, durante sua formação
profissional, procure conhecer os variados modelos de contratos, convênios, ofícios
e declarações que circulam cotidianamente na sociedade, sobretudo nos ambientes
empresariais.

125
4.4 Resumo

Abordamos, neste capítulo, a importância da leitura e da escrita no contexto das relações


empresariais, apresentando as formas e suportes da comunicação interna e externa.

Entre as formas escritas de comunicação, apontamos algumas estruturas básicas textuais: do


memorando, aviso, instrução normativa, ordem de serviços, parecer, pauta de reunião, ofício,
requerimento, entre outras. Importante lembrar que essas escritas podem ser redigidas e
encaminhadas em suporte textual físico (impresso); ou suporte digital (e-mail; WhatsApp).

Destacamos, também, a importância das relações humanas entre as pessoas que trabalham
em uma organização e entre elas e as outras dos demais segmentos sociais, valorizando as
situações de comunicação escrita como oportunidades de interação.

126
127
Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANTENEDORAS DE ENSINO SUPERIOR.


Ministério da Educação. Gabinete do Ministro. Portaria normativa nº 19, de
20 de novembro de 2008. Disponível em: https://abmes.org.br/arquivos/
legislacoes/Port-normativa-19-2008-11-20.pdf. Acesso em: 18 fev. 2020.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:


Saraiva, 2001.

BRASIL. CONGRESSO. Câmara dos Deputados. Manual de redação. –


Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2004. 420
p. – (Série fontes de referência. Guias e manuais; n. 17). Disponível em: http://
bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/5684. Acesso em: 18 fev. 2020.

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Parecer técnico


CETESP N.º 152/14/IE. Disponível em: Acesso em: https://www.coren-df.gov.
br/site/parecer-tecnico-coren-df-no-19-2019/. 19 fev. 2020

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO DISTRITO FEDERAL.


Parecer técnico COREN/DF N.º 19/2019. Disponível em: Acesso em: https://
www.coren-df.gov.br/site/parecer-tecnico-coren-df-no-19-2019/19 fev. 2020.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO PARANÁ. Parecer técnico


COREN/PR N.º 01/2019. Disponível em: https://www.corenpr.gov.br/portal/
images/pareceres/PARTEC_19-011_Vacina_Ambiente_Hospitalar.pdf. Acesso
em: 19 fev. 2020.

DEPOSITPHOTOS. Disponível em: www.depositphotos.


com. Acesso em: 19 fev. 2020.

DRUCKER, Peter. O melhor de Peter Drucker – o homem. São Paulo:


Nobel, 2001.

128
GETTYIMAGES. Disponível em: gettyimages.com.br. Acesso em: 19 fev. 202.

INDEED. Disponível em: https://www.indeed.com.br/empregos-de-Cadastre-


Seu-Curriculo. Acesso em: 18 fev. 2020.

INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS


DE UBERABA – IPSERV. Ata de Reunião Ordinária do Conselho
Administrativo do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais
de Uberaba - Exercício de 2.010. Disponível em: http://www.uberaba.
mg.gov.br/portal/acervo/ipserv/arquivos/Ata%20Reuniao%20Conselho%20
Administrativo%2013_8_10.pdf. Acesso em: 19 fev. 2020.

LINKEDIN. Disponível em: https://br.linkedin.com/. Acesso em: 18 fev. 2020.

MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português


instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. 28. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.Disponível em: https://docplayer.com.br/4190770-Dileta-silveira-
martins-lubia-scliar-zilberknop-portugues-instrumental-de-acordo-com-as-
atuais-normas-da-abnt-28-a-edicao.html. Acesso em: 18 fev. 2020.

MORETTI, Isabella. Modelo de Carta de Apresentação: 20 modelos


para 2020. ViaCarreira. Disponível em: https://viacarreira.com/
modelo-de-carta-de-apresentacao/. Acesso em: 18 fev. 2020.

PREFEITURA de Uberaba. Secretaria Municipal de Administração.


Formulários. Disponível em: http://www.uberaba.mg.gov.br/portal/conteudo,357.
Acesso em: 18 fev. 2020.

SIGNIFICADOS. Significado de ordem de serviço. Disponível em: https://www.


significados.com.br/ordem-de-servico/. Acesso em: 17 fev. 2020.

UNIVERSIDADE DE UBERABA. EAD. Oportunidade de estágios. Disponível


em: https://uniube.br/conteudo2.php?p=3&m=150&c=91&m2=101. Acesso em:
18 fev. 2020.

129
UNIVERSIDADE DE UBERABA. Instrução normativa PROPEPE/
PROES Nº 01/2014. Disponível em: https://uniube.br/conteudo2.
php?p=3&m=150&c=91&m2=101. Acesso em: 18 fev. 2020.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Disponível? http://www.usp.br/secretaria/


wp-content/uploads/procuracao_pf.pdf. Acesso em: 20 fev. 2020.

VANOYE, Francis, Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção


oral e escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

130
131
Capítulo 5
Linguagem técnica
e competência
comunicativa

Objetivos

• Observar a relação de elementos da linguagem verbal e não verbal na elaboração


de textos.
• Identificar a compatibilidade de escrita e imagem na organização de projetos e
memoriais.
• Realizar a leitura da escrita e da imagem em textos técnicos.
5.1 Introdução

Nos capítulos anteriores, refletimos sobre as diferentes formas de textos e as diversas


funções deles no contexto social. Cada forma textual advém de uma necessidade
comunicativa de uma pessoa ou de um grupo e expressa os interesses dos
interlocutores, ou seja: de quem está praticando a fala ou a escrita. A escolha das formas
da linguagem, portanto, é sempre adequada a determinadas situações de interlocução.

Não raras vezes, o êxito acadêmico e profissional tem sido atribuído à capacidade
comunicativa das pessoas: registrar descobertas, construir conhecimentos, expressar
suas expectativas, difundir a ciência, a arte, a filosofia, a tecnologia, modificar o espaço
em que vive, manifestar seus sentimentos e, assim, construir a história do conhecimento.
Por isso, entendemos que o homem é um ser de linguagem.

Nessa perspectiva, a leitura, a compreensão, a interpretação de diferentes textos, o


domínio de técnicas de escrita e de expressão oral contribuem para o desenvolvimento
individual e coletivo, pessoal e social.

Entre as técnicas da escrita, é preciso que o profissional com formação universitária


saiba utilizar, adequadamente, a modalidade de língua culta padrão e, também,
conciliar as dimensões verbal e não verbal da linguagem para organizar textos coesos
e coerentes.

Saber associar com adequação elementos verbais e não verbais em textos técnicos é
uma estratégia comunicativa que muito já contribuiu para a difusão e compreensão
dos conhecimentos científicos através dos tempos.

134
Desde as primeiras tentativas de explicação de fenômenos naturais, do funcionamento
do corpo humano, dos primeiros engenhos criados e das edificações antigas, os
artesãos, filósofos e escribas se uniram para produção de formas de textos em que se
combinavam as linguagens verbal e não verbal.

Esse empenho continua no século XXI: cor, luz, movimento e palavra se integram
em incríveis imagens em terceira dimensão para o estudo do genoma humano, nos
projetos de diferentes edificações, na arte e arquitetura, entre outras situações. Essas
produções científicas, artísticas e tecnológicas comprovam a capacidade técnica do
homem no ofício de combinar linguagens para construir conhecimentos e promover
a interação entre as pessoas.

Neste capítulo, vamos observar como as linguagens verbal e não verbal em um texto
técnico-científico se associam e se complementam em situações cotidianas no meio
acadêmico e profissional.

135
5.2 Adequação textual e produção de sentidos

Vamos realizar a leitura de um texto para refletir sobre a adequação textual e a produção
de sentidos. O texto é uma carta-convite para um Congresso na área de Educação
em Engenharia. Ao fazerem o convite, os autores enviam uma mensagem ao público,
contextualizando o evento de maneira a incentivar a participação de estudantes e
profissionais.

“A Associação Brasileira de Educação em Engenharia – ABENGE e a Escola


Politécnica da Universidade de Pernambuco – Poli/UPE têm a honra de
convidar a comunidade da engenharia (docentes, alunos, engenheiros
e empresas) e demais profissionais afins para participar do 37º Congresso
Brasileiro de Educação em Engenharia – COBENGE 2009.”

Mensagem dos Presidentes

O final do século XX foi marcado por transformações intensas no processo


de desenvolvimento, exigindo mudanças intensas nos âmbitos empresariais,
relações intergovernamentais, educacionais entre outras.

A intensificação das várias mídias e o desenvolvimento tecnológico trouxeram


condições específicas nas relações interprofissionais, interpessoais que
mudaram o contexto mundial.

Até o início da década de 1990, o computador possuía grandes limitações; o


telefone celular era novidade que se consolidaria somente na virada do milênio;

136
o processo real de transformações tomava dimensões cuja velocidade de
mudanças se intensificou de forma decisiva. O mundo plano, sem fronteiras,
deixava de ser um sonho, tornando-se realidade. O COBENGE 2009,
procurando discutir essas questões, traz consigo um grande desafio que é
inserir o contexto da formação do engenheiro com esse cenário de fundo.

Em apenas alguns meses, esse mundo plano, sem fronteiras, sofreu mudanças
sensíveis, trazendo recessão e preocupações quanto ao mercado da
engenharia no mercado nacional e internacional.

Nesse aspecto, o COBENGE 2009 será o fórum privilegiado para as discussões


sobre os aspectos de reais mudanças no sistema educacional. O CONFEA em
seu Planejamento Estratégico 2009 – 2014 coloca como primeiro eixo temático
a “Formação Profissional” conclamando um novo modelo de formação
acadêmica.

O tema do COBENGE 2009 é “Engenharia sem Fronteiras”. Esperamos contar


com sua presença, pois será uma excelente oportunidade de atualização e
congraçamento entre os profissionais, acadêmicos e estudantes na acolhedora
cidade do Recife.

Prof. João Sérgio Cordeiro – ABENGE


Prof. Pedro de Alcântara Neto – POLI/UPE

Fonte: Cobegem (2009).

137
- Procedendo à leitura

Além de ter tomado conhecimento de que no Brasil se discute, há bastante tempo, a


formação de engenheiros e a educação em engenharia, alguns outros detalhes nos
chamaram a atenção ao ler o texto. Entre eles, destacamos:

• a autoria e a emissão: o convite e a mensagem se originam de instituições sociais


nacionalmente reconhecidas – uma universidade (POLI/UPE) e uma associação
(ABENGE), representadas pelos professores que subscrevem a Mensagem dos
Presidentes. Os textos estão veiculados no sítio da ABENGE, que pode ser visitado
sistematicamente para que possamos acompanhar, caso seja do nosso interesse,
os efeitos das mensagens produzidas, por exemplo: programação, participantes,
publicação de trabalhos, propostas elaboradas, novas discussões sobre o tema;
• o convite à participação de um evento é dirigido “à comunidade da engenharia
(docentes, alunos, engenheiros e empresas) e demais profissionais afins”. Embora
se trate de um mesmo acontecimento, na mensagem os autores se dirigem de
forma mais particularizada a cada um dos possíveis leitores – “Esperamos contar
com sua presença”. Mas retoma o mesmo público do convite, logo em seguida:
“... uma excelente oportunidade de atualização e congraçamento entre os
profissionais, acadêmicos e estudantes na acolhedora cidade do Recife”;
• o objetivo do evento é pensar sobre a formação do engenheiro do século XXI –
no qual as tecnologias da informação e comunicação podem fazer o sonho do
“mundo plano, sem fronteiras” tornar-se uma realidade também na formação
acadêmica e profissional;
• o grande desafio que motivou a realização do 37º Congresso Brasileiro de
Educação em Engenharia foi a discussão e a elaboração de proposta(s), em âmbito
nacional, de um novo modelo de formação acadêmica dos engenheiros no século
XXI – “O COBENGE 2009, procurando discutir essas questões, traz consigo um
grande desafio que é inserir o contexto da formação do engenheiro com esse
cenário de fundo”;
• no mesmo suporte comunicacional, isto é, no texto Mensagem dos presidentes,
se faz um convite – participar do 37º COBENGE – e uma conclamação, ou seja,
um clamoroso apelo aos profissionais da engenharia para que assumam a
responsabilidade de formar o engenheiro do novo milênio.

138
Podemos inferir, portanto, que os propositores e organizadores do COBENGE/2009
acreditam que:

• há aspectos a serem aperfeiçoados na formação do engenheiro;


• as universidades, enquanto instituições formadoras de profissionais, ainda não
desfrutam satisfatoriamente das invenções e produções tecnológicas para a
formação do engenheiro do novo milênio;
• será necessário unir esforços acadêmicos e empresariais para formar o engenheiro
que possa se inserir em um contexto internacionalizado;
• as relações intergovernamentais, educacionais, interprofissionais e interpessoais
se constituem em fatores determinantes para que os propósitos sejam alcançados.

Ao realizar a leitura atenta do texto, reconhecemos que os seus autores usaram com
adequação os recursos da língua escrita para convidar e incentivar a participação
consciente e crítica dos profissionais da área no Congresso.

139
5.3 O uso da imagem em textos informativos, técnicos e
científicos

A imagem também informa e comunica. Ora, a imagem amplia o sentido do que


está escrito, ora serve para delimitar precisamente o sentido da palavra. Por meio de
gráficos, linhas, cores, podemos produzir um texto. Utilizada junto com a linguagem
verbal, a imagem passa a ser um constituinte do texto e gera o efeito de sentido que
o autor pretende.

Em situações corriqueiras, por exemplo, em manuais que acompanham os aparelhos


eletroeletrônicos ou as propagandas de produtos automobilísticos, os textos
apresentam itens explicativos nos quais palavra e imagem se complementam. Essa
complementação é comum na comunicação didática, como podemos verificar no
texto a seguir.

Figura 1: Dispositivos e conectores na parte posterior de um desktop com gabinete do tipo "torre"

1 - Botão liga/desliga da fonte de alimentação de energia.


2 - Conector para o cabo de alimentação elétrica do computador.
3 - Ventoinha para refrigeração da fonte de alimentação de energia.
4 - Portas PS/2 para conexão do teclado e do mouse.
5 - Porta serial.
6 - Porta paralela (para conexão de impressora ou outros
dispositivos),
7 - Saída de vídeo.
8 - Portas USB.
9 - Porta Ethernet (para conexão do computador em rede).
10 - Entrada para microfone, porta de saída de áudio e entrada
auxiliar de áudio.
Fonte: Paiva (2009).

140
Observe que a imagem, os números, as setas e a descrição dos itens correspondentes
aos números se complementam na descrição do aparelho e direcionam o uso adequado
de cada um dos dispositivos. É importante lembrar que os desenhos minimalistas,
utilizados nos antigos esquemas explicativos, quase sempre em branco e preto,
ganharam amplitude e complexidade de formas, com cores, dimensões e movimento
na era da inovação tecnológica.

Outro recurso de imagem bastante utilizado em textos técnicos são os gráficos. Os


pesquisadores, com o compromisso de apresentar com objetividade e transparência
os dados que os levam a conclusões e afirmações de base científica, recorrem muitas
vezes aos gráficos.

141
Leia a seguir um fragmento do artigo científico “A monitoria no ensino superior –
ação e reflexão do fazer docente” sobre a atividade de monitoria em uma disciplina
da graduação.

“Em cada semestre, foram ofertadas, em média, cinquenta horas de monitoria.


A variação do número de horas ofertadas nos semestres (Figura 2) se justifica
devido à data de publicação do edital do Programa de Monitoria e também
à disponibilidade do aluno monitor, documentada no Termo de Monitoria de
Ensino.

No segundo semestre do ano de 2013, constatamos um aumento expressivo do


número de horas ofertadas na monitoria de ensino em decorrência do número
de monitores (3).”

Fonte: Freitas, Silva, Cunha (2019).

Para dar mais visibilidade ao que foi descrito, a explicação dos dados apresentados
pelas autoras vem acompanhada do gráfico que se segue.

Fonte: Freitas, Silva e Cunha (2019).

142
As informações do gráfico complementam o que foi citado no trecho do artigo em
relação ao número de horas de monitoria disponibilizadas aos acadêmicos, em cada
semestre. A imagem associada à linguagem verbal possibilita um sentido maior à
pesquisa feita pelas autoras.

Os pesquisadores também podem fazer uso, em seus estudos, de dados que são
divulgados por órgãos oficiais, como, por exemplo, o banco de dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – um modelo de como tratar os dados e
disponibilizá-los de maneira legível ao cidadão. Observe as informações nos gráficos
a seguir.

Fonte: IBGE Educa (2018).

143
Fonte: IBGE (2010).

Esses e outros dados sobre população, economia, produção agrícola e industrial,


preservação ambiental, desmatamento, entre outros, estão disponíveis no site do
IBGE. Você poderá utilizá-los nos textos informativos, técnicos e científicos a fim de
complementar e comprovar as suas afirmações.

O final do século XX, marcado pelo processo de desenvolvimento tecnológico, exigiu


mudanças intensas nas relações empresariais, intergovernamentais, educacionais e
comunicacionais, sobretudo, com a intensificação das mídias digitais.

144
Os gestores de organizações e instituições públicas e privadas investem alto em
comunicação, pois a concebem como um decisivo fator de produtividade.

Um olhar mais amplo sobre as relações sociais, de trabalho e de produção do


conhecimento tem levado o homem contemporâneo a entender que a riqueza da
humanidade se encontra em sua diversidade.

A capacidade de usar a linguagem de forma adequada nas variadas situações requeridas


nos processos de inovação, tão aclamada no mundo contemporâneo, viabiliza o
trabalho em equipes multiprofissionais.

Não se trata apenas de conhecer determinados conteúdos, de ter alguma experiência


profissional. É necessário ter conhecimento e habilidades para utilizar as diferentes
linguagens no contexto profissional.

145
5.4 Ação comunicativa e desempenho profissional

As tecnologias da informação e da comunicação contribuem para a eficácia da


comunicação, mas não prescindem do indivíduo que pensa, que faz reflexões, dialoga,
articula saberes e se comunica com seus iguais e diferentes no contexto em que está
inserido.

No contexto profissional, essa adequação pode interferir no desempenho de suas


funções ou de quem trabalha junto a você. Quando a comunicação é informal, nossa
prática cotidiana, quase sempre, nos leva ao êxito em nossa ação comunicativa. Mas,
quando se trata de situações mais formais, nem sempre nos sentimos seguros para
falar ou escrever.

146
Em situações de comunicação formal, seja por meio de textos orais ou escritos, é
importante empregar elementos que contribuem para assegurar essa formalidade. A
seguir destacamos alguns deles.

- A objetividade e a concisão
Entende-se por objetividade a precisão da informação. Por concisão, a economia de
termos sem prejuízo do sentido do que se pretende comunicar. Por exemplo, em
uma correspondência oficial, ou em um artigo científico, não se incluem detalhes que
possam tirar a atenção do destinatário ou do leitor. Mas como saber se estamos sendo
objetivos e concisos?

O fragmento seguinte é um parágrafo retirado de uma correspondência oficial entre


setores de uma empresa.

“Conforme é do seu conhecimento, recebemos, na última quinta-feira, a visita


do gerente geral. Considerando o questionamento feito por ele quanto à
disposição vertical ou horizontal dos produtos no almoxarifado, vimos por meio
deste solicitar que V. Sª entre em contato com a gerência de produção, para
disponibilizar informações quanto à melhor forma de colocar os produtos nas
prateleiras daquele setor que é fiscalizado todos os dias.”

Observe o primeiro enunciado: “Conforme é do seu conhecimento, recebemos, na última


quinta-feira, a visita do gerente geral”. Se o fato já era do conhecimento dos envolvidos,
qual o motivo de informar “...recebemos a visita...”?

O período seguinte, no referido texto, é um tanto longo e contém uma série de aspectos
que justificam o envio da correspondência. Porém, há inversão de partes do enunciado,

147
o que dificulta a leitura. Como é uma comunicação formal, uma solicitação de serviço,
melhor seria se a escrita permitisse uma leitura rápida, sem deixar dúvida do pedido.

Buscando dar mais precisão e concisão ao parágrafo, podemos sugerir a redação


seguinte.

Em visita a este setor, na última quinta-feira, o gerente geral questionou-nos


acerca da disposição dos produtos no almoxarifado. Vimos, portanto, solicitar a
Vossa Senhoria a gentileza de viabilizar, junto à gerência de produção, orientações
quanto à melhor forma de dispor os produtos nas prateleiras para este setor.

Para um texto ser objetivo e conciso, as repetições que nada acrescentam de novo e
a colocação invertida de trechos, os períodos muito longos, devem ser evitados. Isso
significa dar a informação com um mínimo de palavras, porém, com o máximo de
clareza, de maneira a assegurar o sentido do texto e entendimento por parte do leitor.

- A clareza e a coesão
Um texto não se constitui pela somatória ou acúmulo de palavras e enunciados ou
frases. Uma fala, uma palavra, sequências de enunciados são consideradas texto por
constituírem uma unidade que tem sentido para quem fala ou escreve e para quem
ouve ou lê.

Quando o encadeamento dos termos, dos enunciados e das partes gera sentido, afirma-
-se que há coesão textual. A coesão é o estabelecimento de sentido entre os enunciados
e as partes de que se compõem um texto e permite ao interlocutor entender o que está
sendo dito ou escrito.

148
Esses encadeamentos em textos orais ou escritos são realizados por elementos
linguísticos e não linguísticos.

São elementos de coesão, entre outros:


• movimento, entonação e a pausa, quase sempre associados à expressão facial e
aos gestos, quando a comunicação é face a face (texto oral ou na Língua de Sinais,
por exemplo);
• as conjunções (mas, também, porém, contudo, ainda que, enquanto, tanto que,
e, ou, quando, porque ...);
• os indicadores de tempo e de espaço: antes, depois, então, ao lado, acima, em
frente, a seguir, entre outros;
• as formas dos verbos e a combinação dos tempos verbais; os marcadores de
gênero (por exemplo: o=masculino e a=feminino) e de número (por exemplo:
os-as; amo=singular e amamos=plural);
• os títulos e subtítulos e espaçamento entre itens e parágrafos;
• os sinais de pontuação ( ; : ... ! ? ̶ . , ).

Esses elementos de linguagem são internos ao texto. A função deles é estabelecer a


conexão entre palavras, enunciados, entre parágrafos e partes do texto. São elementos
que contribuem para a progressão das ideias de maneira que o texto se constitua em
uma unidade significativa.

- A coerência e a adequação
Os textos são produzidos a partir de diferentes intenções: sensibilizar, informar, explicar,
programar, orientar, convencer, discordar, ordenar, direcionar, esclarecer, pedir, motivar,
provocar, entre outros atos que se realizam na linguagem e pela linguagem.

149
Observe as placas e os espaços em que estão colocadas.
• Em uma edificação pequena, próxima ao vestiário em um clube.

• Na entrada de uma escola

• No setor de produção de uma fábrica.

150
150
Nos textos das placas, associam-se palavras e imagens. Podemos perguntar:

• há uma harmonia entre as palavras, as cores, os desenhos?


• Esses elementos estão bem relacionados entre si?
• E o que faz com que elas tenham sentido?
• Seria a relação que cada placa mantém com o local em que está exposta? Seria a
capacidade do leitor de compreender a intenção de cada uma nesses locais?
• Pode ser, ainda, por todas essas razões juntas?

Essas formas têm o que chamamos de coerência. Elas se ajustam àquelas situações de
comunicação. É compreensível que seja obrigatório o uso de capacete nas fábricas, na
construção civil, por exemplo. Assim como a leitura de uso obrigatório do capacete no
espaço da linha de produção industrial e em uma construção civil faz sentido para o
trabalhador que vai exercer ali suas funções.

Em textos mais complexos, a comunicação pode requerer mais informações, maior


detalhamento das fases, ilustrações, demonstrações em gráficos e dados estatísticos,
para que se tornem compreensíveis. Por exemplo: um relatório sobre o Produto Interno
Bruto (PIB) de um país; um projeto de urbanização de uma área desativada; um projeto
de expansão de um negócio; um plano de vacinação de crianças; um projeto de
pesquisa de produção de alimentos, entre outros, apresentam maior complexidade.

Em geral, esses textos devem conter um título e subtítulos, tabelas, gráficos, legendas,
croquis e notas explicativas. Além disso, é bom lembrar que esses textos obedecem a
uma organização básica:

151
Apresentação ou introdução

Desenvolvimento

Conclusão

Todos esses elementos contribuem para a leitura compreensiva do texto.

Quando todos os elementos do texto apresentam conexão entre si e com a realidade


em que ele se insere, dizemos que é um texto coerente. Ou seja: ele faz sentido no
contexto em que foi produzido e no qual está sendo lido.

Assim, a competência comunicativa requer um esforço contínuo, uma consciência


crítica da realidade e do potencial da linguagem e das pessoas para interagirem e se
realizarem enquanto ser de linguagem em um contexto social.

5.5 Escrita e imagem em projetos e memorial descritivo

Para apreciar a importância da interação de linguagens em uma situação de


planejamento, execução e apresentação pública de um projeto, sugerimos o acesso a
links que apresentam as fases de projetos colaborativos, de natureza interdisciplinar e
multiprofissional.

152
Por que interdisciplinar? Porque há projetos que requerem conhecimentos de
diferentes disciplinas para solucionar uma questão. Não se trata apenas de sobrepor ou
emparelhar conhecimentos de áreas diferentes. Trata-se de caminhar sobre as fronteiras
das disciplinas, não de apagá-las; trata-se de conjugar saberes diferentes no processo
de construção do conhecimento e propor solução às questões simples ou complexas
que se apresentam.

Os projetos interdisciplinares, por sua vez, supõem equipes multiprofissionais que


proponham, discutam, analisem e decidam juntas em todas as fases do projeto: do
planejamento à execução e avaliação, sejam esses projetos nas áreas da saúde, das
ciências físicas, ambientais ou sociais, da engenharia, arte, arquitetura e urbanismo.

Pesquisando na WEB

Acesse os ícones indicados a seguir que ilustram projetos elaborados e


desenvolvidos por profissionais de diferentes áreas.

Projeto colaborativo
revistaarea.com.br

Projeto interdisciplinar
gomaoficina.com

153
5.5.1 O projeto e a organização textual
A organização textual de um projeto é basicamente a mesma em todas as áreas do
conhecimento. Contudo, as diferenças textuais se encontram na especificidade da
terminologia de cada área de atuação, nas fontes de dados, nos documentos utilizados,
nas ações e interações propostas, e, ainda, na função social dos sujeitos da comunicação.

O que vem a ser um projeto?

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001), a palavra projeto vem do


latim projectus e significa a ação de lançar para a frente. Em sentido amplo, designa um
plano, a intenção de realizar uma ação futura. Tecnicamente, um projeto é entendido
como uma apresentação gráfica de um empreendimento a ser realizado.

No meio científico, acadêmico e empresarial, o projeto corresponde à projeção gráfica


de uma ideia, que se apresenta a partir de uma questão, como possibilidade de gerar
uma resposta, ou seja, um resultado em atendimento à questão apresentada.

154
A organização de um projeto inclui:

• delimitação e apresentação do problema

O projeto é um texto documental, elaborado a partir de uma necessidade individual


ou coletiva frente a uma situação-problema. Para projetar, isto é, lançar-se em busca de
uma solução, é necessário delimitar o problema e contextualizá-lo com a maior precisão
possível. Essa é a parte do texto que corresponde à introdução.

Vejamos a seguir dois exemplos de delimitação de uma situação-problema.

Exemplificando

Introdução
Durante o mês de março, o departamento de produção de novos modelos
e necessidades de eletrodomésticos não apresentou nenhuma novidade
para ser comercializada em 2018, na Organização A. Considerando que o
mercado se encontra extremamente competitivo, necessita-se implementar
novos produtos para serem divulgados até 60 dias antes da comemoração do
Dia das Mães, para assegurar o aumento das vendas. Sendo assim, propõe-
se responder à administração de recursos financeiros e investimentos qual
o melhor produto a inovar ou trazer novas ideias a serem colocadas no
mercado entre o carnaval e a semana santa, para comercialização no final
de abril, início de maio.

155
A apresentação do problema, nesse caso, se fez por meio da exposição da situação.
O autor utilizou Introdução para apresentar o problema, mostrando a necessidade
de novos produtos no mercado, por ocasião do dia das mães. Trata-se de uma forma
de elaboração muito utilizada em diferentes projetos. O que deve ser considerado na
introdução é a clareza e concisão na delimitação do problema.

Exemplificando

Introdução
Atualmente, a empresa necessita rever seus esquemas de segurança, uma
vez que houve um aumento de acidentes de trabalho, principalmente no
setor de construção civil e produção de equipamentos eletro/eletrônicos
pesados. Nesse cenário, pergunta-se: o que deve ser alterado, melhorado ou
até mesmo eliminado, para que os acidentes, nesses dois setores da empresa,
possam ser erradicados?

Nessa situação, após ligeira contextualização, o problema é apresentado por meio de


uma pergunta direta. Essa forma de elaboração é também utilizada com frequência
nos diferentes campos de estudos científicos e acadêmicos.

Importante observar que o detalhamento do que está ou não satisfatório e qual é a


viabilidade para dar respostas positivas à questão levantada devem incluir argumentos
sustentáveis. Costuma-se, ainda, justificar a relevância do projeto com base em outras
situações e estudos que obtiveram sucesso em circunstâncias similares.

156
• objetivos

Os objetivos expressam o que se quer alcançar, qual o resultado a partir da proposição


apresentada. Esses objetivos vão nortear o desenvolvimento de ações que geralmente
correspondem às metas de cada uma das etapas do projeto. Essas metas devem ser
atingidas gradativamente até que se encontre a solução do problema.

Em grandes projetos são definidos o objetivo geral e os específicos. Só se pode avaliar


um projeto a partir dos objetivos nele definidos. Os objetivos norteiam a execução
do projeto, dão um direcionamento para o desenvolvimento das ações e alcance das
metas.

Exemplificando

Objetivo geral
Aumentar as vendas nas filiais mineiras da Organização A, até o dia das
mães de 2018, por meio de um produto mais adequado a ser inovado/
aperfeiçoado ou por meio de novas mercadorias a serem colocadas no
mercado.

Objetivos específicos

• Analisar as propostas apresentadas.


• Aprovar a produção escolhida.
• Fabricar um outro produto ou alterar algum modelo já existente.
• Divulgar o novo produto ou modelo

157
O objetivo geral é alcançado à medida que os objetivos específicos forem
gradativamente atingidos. Considerando o exemplo, significa que só haverá um
aumento nas vendas, depois de analisadas as propostas dos produtos, de aprovado e
fabricado o produto e de divulgada a mercadoria.

Exemplificando

Objetivos

1. Fazer um diagnóstico das causas dos acidentes ocorridos nas áreas de


construção civil e produção de equipamentos pesados.
2. Inovar os métodos de treinamento referentes à segurança no trabalho.
3. Intensificar o treinamento para a consolidação da eficiência na segurança
do trabalho nos ramos da construção civil e da engenharia elétrica,
conforme legislação vigente.
4. Avaliar a adequação dos equipamentos de segurança utilizados.
5. Acompanhar a implantação das ações relativas à prevenção,
concentração e respeito às normas de segurança vigentes.
6. Avaliar o projeto, mensalmente, ou toda vez que houver algum risco ou
perigo oferecido ao empreendimento.

Perceba que os objetivos, no exemplo 2, não foram nomeados como geral e específicos.
Nem sempre isso é necessário. Todavia, o que se busca, ao propor objetivos, é informar
a finalidade do projeto, ou seja, para que realizar as ações definidas.

Por isso, para a elaboração de objetivos, são utilizados verbos que expressam ações:
aumentar, aprovar, analisar, fabricar, ampliar, divulgar, fazer, implementar, identificar,

158
acompanhar, avaliar. Essas ações, evidenciadas nos objetivos, possibilitam a clareza
e o direcionamento para o desenvolvimento da proposta. Também permitem o
acompanhamento, a avaliação e a correção de falhas no processo. Durante toda a
execução de um projeto, os objetivos devem ser consultados.

• a metodologia
Entende-se por metodologia o caminho que será percorrido para alcançar os objetivos
propostos. Os procedimentos escolhidos para cada etapa do percurso vão assegurar o
desenvolvimento coeso, transparente e compreensível das ações. Esses procedimentos
supõem a escolha de instrumentos de coleta de dados, seleção de materiais, tabulação e
análise de dados, testagem, experimentos, ensaios, entre outros elementos necessários
em cada fase do projeto.

A descrição detalhada da metodologia utilizada assegura a qualidade do processo em


cada etapa e se refere ao “como”; “de que maneira”, “com quais meios” se desenvolverá
o projeto para se chegar ao que se propõe modificar, inovar ou melhorar, como pode
ser observado no exemplo a seguir.

Exemplificando

Procedimentos metodológicos
Inicialmente, será redigido um relatório da necessidade de inovações,
mercadorias diferenciadas e atrativas, a serem disponibilizadas urgentemente
no mercado, de modo a atender aos anseios do mercado consumidor do Dia
das Mães. O relatório será encaminhado ao departamento de criação para a
apresentação de alternativas de inovação.

159
Dentro do prazo estabelecido pela gerência, as propostas serão analisadas
pelos departamentos de marketing, administrativo e financeiro, em reunião
na qual os projetistas terão oportunidade de apresentar suas ideias.

Tão logo sejam aprovadas as formalidades do processo, a equipe estabelecerá


uma linha de montagem dos protótipos dos novos produtos, conforme
descrito pelos projetistas.

Depois de produzidas, as peças passarão pelo teste de controle de qualidade.

Liberada a produção em série, será feita a inspeção de rotina, para assegurar


a qualidade em cada peça produzida, conforme parâmetros do Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO. O manual
de instruções deverá acompanhar o produto. Uma vez assegurados os
estoques, o setor de marketing e publicidade divulgará a mercadoria. O setor
administrativo acompanhará o processo de vendas e analisará a satisfação
do consumidor e o retorno financeiro.

No exemplo, vemos o percurso a ser seguido pela equipe da empresa. Primeiro,


comunica-se a necessidade; depois se faz um levantamento de propostas para serem
analisadas; é traçada, posteriormente, uma linha de montagem; realiza-se o teste no
produto; elabora-se o manual de uso do produto; faz-se a divulgação; e, por último,
avaliam-se os resultados em relação ao retorno financeiro pretendido.

Na metodologia, todos os procedimentos técnicos são descritos, a fim de assegurar a


realização das atividades.

• o cronograma
No cronograma, detalha-se o plano de trabalho, dimensionando o tempo para cada
uma das fases do projeto. Destacam-se a etapa e os procedimentos a ela pertinentes,
delimitando o tempo de realização em que o empreendimento será desenvolvido.

160
JAN JAN FEV FEV
OUT DEZ 2019 2019 2019 2019 MAR ABR MAI
Atividades NOV 2018 1ª 2ª 1ª 2ª 2019 2019 2019
2018 quinzena quinzena quinzena quinzena

Pesquisa de
X
mercado
Elaboração
X
do Projeto
Comunicação
X
ao setor
Análise no
X
departamento
Montagem
X
dos protótipos
Teste de
X
qualidade

Divulgação X

Produção em
X
série
Controle de
X
qualidade
Elaboração
manual de X
instruções

Vendas X

Avaliação
de vendas e
X
satisfação do
consumidor

Relatório final X

161
• investimento

Todo projeto pressupõe um investimento financeiro relativo a recursos humanos,


tecnológicos, materiais, serviços de terceiros. Deve ser detalhado o custo com cada
um desses itens mencionados e também indicadas a fonte de recurso e a previsão do
desembolso dos valores, por meio de um cronograma.

• acompanhamento e avaliação do processo

À medida que se desenvolvem as atividades, os responsáveis pelo projeto e sua


execução devem manter a comunicação sistemática sobre o andamento de cada fase
entre si e demais pessoas ou setores envolvidos.

Para que todos tenham ciência do que deve ocorrer durante a sua execução e dar
transparência às ações, um projeto deve ser acompanhado de um documento anexo
ao projeto, no qual são incluídos, com detalhes minuciosos, os processos e materiais
utilizados na execução do projeto (seja na indústria da moda, de mobiliário, da
construção civil, farmacológica, eletrônica etc). Além disso, devem ser feitas proposições
alternativas para os potenciais problemas que possam advir em cada uma das fases de
execução. Esse documento é denominado memorial descritivo.

• relatório final, avaliação e apresentação de resultados

A partir das metas e objetivos estabelecidos para cada fase do projeto e do


acompanhamento realizado durante o desenvolvimento das ações, a equipe
responsável registra dados, informa e avalia cada etapa, propõe ajustes e faz novos
encaminhamentos. Todos esses procedimentos, previstos no item metodologia, têm
por finalidade assegurar que o objetivo geral seja alcançado.

162
Com base nos registros, é apresentado um relatório final, conclusivo. Em alguns modelos
de projetos, essa apresentação de resultados recebe a denominação de Conclusão.

A conclusão de um projeto pode conter caminhos para a solução das questões


inicialmente apresentadas, propostas de inovação e pode ser um incentivo e o
fundamento para um novo projeto.

Como podemos verificar, o projeto guarda, do início ao fim, o sentido de futuro, de


possibilidades, de exploração de potenciais que são observados, constados e que
motivam a inovação de processos ou de produtos intelectuais e/ou materiais.

Descreve produto como um todo (aparência,


5.5.2 O memorial descritivo funções, preço, utilidade e etc
No item acompanhamento e avaliação do processo, foi mencionado o memorial
descritivo como um instrumento coadjuvante, que esclarece e dá transparência à
execução do projeto.

O memorial descritivo consiste na apresentação detalhada, na explicação objetiva,


dos processos, métodos e componentes de uma obra. Os idealizadores do projeto são
os que têm competência para redigir o memorial. Os executores do projeto devem se
pautar por esse documento de referência. Caso haja qualquer interferência no que está
planejado e descrito, os seus idealizadores precisam ser comunicados.

Um texto descritivo contém alguns aspectos linguísticos básicos, como podemos


observar no texto a seguir.

163
O objeto que está sobre a bancada da cozinha tem o design ultramoderno,
de superfície lisa e branca. Tem o formato arredondado na parte superior
e o acabamento em aço inoxidável. Possui uma base sólida que assegura a
estabilidade do equipamento e que o destaca entre os demais aparelhos. Na
parte frontal, encontra-se uma haste metálica que aciona o aquecimento da
água. Há também dispositivos de: ligar/desligar, de autolimpeza e de personalizar
quantidade.

Internamente é equipado com moedores de grãos em cerâmica. Seu


funcionamento é bastante silencioso. Os grãos são moídos de forma consistente
e exala um cheiro agradável do produto puro a ser saboreado.

Com uma tecnologia avançada, tem uma capacidade de 350g de grãos, um


reservatório de 0,5 litro de água, peso de 15kg, capacidade de produção de 14
cafés pela quantidade de grãos do contêiner, e sua dupla tensão em 127/220
volts(V) possibilita a sua instalação em diferentes edificações.

De fácil manuseio, seus compartimentos são removíveis, o que contribui para


a sua higienização geral, que deverá ser feita, semanalmente, além da limpeza
em ciclos de vapor e enxágue alternados, após cada uso, o que mantém o sabor
inigualável da bebida mais consumida mundialmente: o café.

Desfrute dos benefícios de uma cafeteira da alta qualidade, tornando os seus


momentos ainda mais agradáveis. Com garantia de dois anos, a cafeteira
SABOR PERFEITO é o produto ideal para a sua cozinha, sua empresa, e pode ser
encontrada nas melhores lojas físicas e on-line.

Fonte: Barbosa e Freitas (2019).

164
Podemos constatar que esse texto tem por finalidade a publicidade de um produto
eletrodoméstico. O objeto é mostrado em sua forma física e em seu funcionamento.
Ao mostrar o produto, as autoras usam recursos próprios da descrição, ou seja: da
enumeração dos componentes (superfície, formato, acabamento, base e dispositivos);
da adjetivação (ultramoderno, lisa e branca, arredondado, em aço inoxidável, sólida,
haste metálica); e da contextualização do objeto (bancada da cozinha; destaca-se entre
os demais aparelhos).

Além disso, foi apresentada a descrição do funcionamento interno do aparelho e


da qualidade da moagem dos grãos, ainda com a finalidade de persuadir o leitor,
ressaltando o aroma agradável do produto. Na sequência, há uma descrição técnica da
cafeteira, apresentando possibilidades de instalações em diferentes edificações. O texto
mostra, por meio de detalhes, as facilidades de manuseio, a abrangência do consumo
do produto e também a facilidade em adquiri-lo, tanto nas lojas físicas quanto on-line.

No caso de projetos da construção civil, das pequenas edificações aos grandes


conglomerados de condomínios, o memorial descritivo é uma exigência legal e a
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – orienta como deve ser elaborado.
Nesses casos, o memorial torna-se a referência para o contrato entre investidores ou
incorporadores e compradores de imóveis, por exemplo.

O esquema a seguir refere-se a um memorial descritivo simplificado, conforme Plano


de Qualidade da Obra – PQO.

165
MEMORIAL DESCRITIVO
CASA RÁPIDA E POPULAR
PADRÃO STANDARD

1. LOCAÇÃO DA CONSTRUÇÃO
É a fixação das medidas da obra no terreno, de acordo com as normas e limitações
existentes e com o projeto arquitetônico (...)

2. FUNDAÇÕES
As fundações serão do tipo diretas, utilizando-se de 04 estacas-broca em concreto
Mpa, com 20 cm de diâmetro e 1,00 m de profundidade (...)

3. PAREDES INTERNAS E EXTERNAS


As paredes serão construídas com painéis tipo alvenaria leve do Sistema Epotec
- Fertighaus®, com dimensões padrão de 123 x 244 x 7,5 cm ou frações, sendo
painéis autoportantes, com isolantes térmicos, impermeáveis e com isolamento
acústico (...)

4. ESTRUTURA DE COBERTURA E COBRIMENTO


Serão utilizadas treliças pré-industrializadas em madeira tratada de primeiro
uso, do sistema Gang-Nail. Nesse sistema, as uniões dos nós são executadas com
conectores em aço galvanizado dimensionados caso a caso (...)

5. ABERTURAS
As aberturas de janelas preveem fechamento com esquadrias de ferro tipo
basculante e correr com vidros lisos 3mm, conforme projeto, sendo pintadas
com esmalte sintético adicional, com venezianas ou tela para mosquitos. (...)

166
6. INSTALAÇÕES HIDRO-SANITÁRIAS
As instalações hidráulicas serão executadas de acordo com a norma brasileira
NB 92/80, utilizando tubulações em PVC rígido para água fria com conexões
soldáveis (...)

6.1 Estão previstos os seguintes pontos hidráulicos para água fria:


01 torneira para pia de cozinha (diâmetro ¾ “ tipo plástica Akros, Cipla ou similar);
01 torneira para (...)

7. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
(...)

8. PISOS
(...)

9. ACABAMENTOS
(...)

10. LIMPEZA
(...)

Fonte: Adaptado de Arte (2020).

167
Em geral, o memorial descritivo fornece, para cada item do projeto, informações
sequenciadas, na ordem em que os eventos deverão acontecer, com foco nas exigências
do empreendimento, de maneira a padronizar a qualidade da execução.

Sendo assim, nesse tipo de memorial podem (ou devem) constar detalhes operacionais
e estratégicos, descrição das técnicas, materiais, critérios para cálculos, simbologia,
entre outras informações. Portanto, é a partir do memorial que serão circunstanciadas
as falhas e apresentadas justificativas bem como procedimentos para ajustes devidos
na execução da obra.

Ganha relevância, no memorial descritivo, a capacidade de seus autores utilizarem a


linguagem técnica, sem prejuízo do entendimento por parte de pessoas que vão atuar
nos diferentes momentos de execução do projeto. Essa comunicação eficiente poderá
garantir a eficácia do empreendimento.

Acompanhe a seguir outro exemplo de texto técnico, que acompanha o projeto


(desenho) de uma cadeira, em um documento oficial, que tinha por finalidade a
licitação do produto descrito.

CADEIRA ESPALDAR PEQUENO (sem braços)

Especificações Técnicas Mínimas (ver projeto).


Sem apoia-braços.

Assento: anatômico e estruturado em concha. Fixação à base se dará por


estrutura de aço reforçada.

168
Encosto: espaldar médio, anatômico e estruturado em concha. União do assento/
encosto estruturada em aço, interna ou externamente. Regulagem de altura e
inclinação.

Estofamento: espuma de poliuretano em toda parte saliente do estofado,


moldada anatomicamente, com espessura média de 40mm.

Revestimento: acabamento com costura dupla ou pelo método de ensaque.


Opção A: Tecido de fibra natural do tipo lã antialérgica ou algodão, sem botões,
na cor preta. Opção B: Tecido de fibra natural do tipo lã antialérgica ou algodão,
sem botões, na cor azul Mineral (Duratex), ou similar a cor do revestimento (Azul
ou Preta) ficará a critério do Senado Federal.

Base giratória: movimentos silenciosos, sobre rolamentos com esferas que


permitam o movimento de 360º. Composta de uma coluna central confeccionada
em aço e 5 (cinco) patas em plástico de engenharia injetado ou aço estampado,
ou seja, sem emendas. Regulagem da altura do conjunto assento/encosto
deverá ser pneumática ou a gás. O conjunto assento/encosto será dotado de
regulagem para inclinação (relax) do tipo “síncrone”, proporcionando para
cada grau de inclinação no assento, dois graus de inclinação no encosto, ou de
mecanismo de regulagens independentes de inclinação para assento e encosto.
Ambos permitindo o seu bloqueio em várias posições e com dispositivo de
tensão ajustável de acordo com o peso do usuário. Apesar da cadeira da Opção
2 ser fornecida sem apoia-braços, a base deverá ser a mesma da Opção 1,
possibilitando, caso necessário, a fixação do mesmo posteriormente, com as
mesmas características.

169
Rodízios: cada pata possuirá 1 (um) rodízio duplo para piso duro (injetado em
nylon e revestido em poliuretano), fixado por pino metálico.

Acabamento: parte externa inferior do assento e capa externa de proteção do


contra encosto em polipropileno rígido ou fibra de vidro. Coluna central da base
giratória revestida, se necessário, com capa telescópica de polipropileno rígido.
Todos os componentes plásticos na cor preta. Partes metálicas com pintura epóxi
por processo de calor em estufa (eletrostático) na cor preta.

Observações Gerais: cada cadeira deverá conter selo do fabricante. Conforme


previsto na norma NBR 13962/2006, cada cadeira deverá ser fornecida com
manual do usuário, no qual constem a classificação, as instruções para uso e
regulagem, e as recomendações de segurança cabíveis. Todas as peças de aço
receberão, antes da pintura, tratamento de fosfatização por imersão de primeira
qualidade ou tratamento nanotecnológico à base de titânio ou zircônio.
Quando necessárias, deverão ser utilizadas soldas MIG, com acabamento sem
falhas ou bolhas. Qualquer material construtivo não poderá ser confeccionado
utilizando-se produtos reciclados, nem apresentar rebarbas e deverão ter cor
e textura uniforme. A empresa deverá utilizar na fabricação do móvel, espuma
de poliuretano de primeira qualidade sem a presença de carga ou impurezas.
Garantia de 5 anos. A espuma deve ser isenta de CFC e atender a NBR 9178:2015
ou edição imediatamente anterior (NBR 9178:2003).

Fonte: Brasil (2020)

Retomando os elementos próprios da descrição, pode-se verificar que na apresentação


da cadeira predomina a clareza, a concisão e a precisão da linguagem na enumeração
de cada parte do objeto, ressaltando suas dimensões, material a ser utilizado, bem como
o funcionamento de cada mecanismo.

170
O fabricante, além do desenho, tem um documento para orientar a confecção do
objeto. Por outro lado, quem vai adquiri-lo, tem a garantia de receber o produto com
a qualidade requerida no processo de licitação.

5.6 Resumo

A reflexão sobre leitura e produção de textos, aqui apresentada, deu ênfase ao uso de
recursos de linguagem que são comuns aos textos técnicos, observando a combinação
de palavra e imagem para a produção de sentidos.

Foram abordados elementos que contribuem para objetividade e concisão; clareza


e coesão; coerência e adequação, e aspectos linguísticos adequados a situações de
comunicação formal.

171
O projeto e o memorial descritivo foram apresentados em sua organização textual,
em sua função documental e caracterizados como produções interdisciplinar e
multiprofissional.

Ressaltamos a importância do projeto e do memorial descritivo nas atividades


acadêmicas e profissionais direcionadas à inovação técnica, científica, artística, tão
necessárias para alavancar o desenvolvimento social.

172
173
Referências

ARTE Groupsite. Disponível em: http://7arte.groupsite.com/file_cabinet/


download/0x000003b86. Acesso em: 28 fev. 2020.

BAZZO, Walter A.; PEREIRA, Luiz T. V. Introdução à Engenharia. 6. ed.


Florianópolis: UFSC, 2006.

BRASIL. SENADO FEDERAL. Contrato 055/2006. Disponível em: https://


www.senado.leg.br/transparencia/liccontr/contratos/getArquivosBlob.
asp?codTexto=15603. Acesso em: 09 jan. 2020.

COBEGEM – Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia. 27 a 30 de


setembro de 2009. Mensagem dos Presidentes. Disponível em: http://www.
itarget.com.br/newclients/cobenge2009.com.br/2009/?op=paginas&tipo=secao
&secao=2&pagina=1. Acesso em: 30 jan. 2020.

DEPOSITPHOTOS. Disponível em: www.depositphotos.com. Acesso em: 03


mar. 2020.

FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.

FREITAS, Faraídes Maria Sisconeto; SILVA, Fabiana Helena; CUNHA, Valeska


Guimarães Resende da. A monitoria no ensino superior – ação e reflexão do
fazer docente MONTEIRO, Solange Aparecida de Souza. (org) Filosofia,
política, educação, direito e sociedade 4 [recurso eletrônico] Ponta
Grossa (PR): Atena Editora, 2019. Disponível em: https://www.atenaeditora.
com.br/wp-content/uploads/2019/02/e-book-Filosofia-Pol%C3%ADtica-
Educa%C3%A7%C3%A3o-Direito-e-Sociedade-4.pdf. Acesso em:
30 jan. 2020

GOLD, Miriam. Redação empresarial: escrevendo com sucesso na


era da globalização. 3. ed. São Paulo: Pearson / Prentice Hall, 2008.

174
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001. Disponível em: https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/
www/v3-3/html/index.php#0. Acesso em: 30 jan. 2020.

IBGE Educa. Conheça o Brasil População Educação. 2018. Disponível em:


https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-educacao.
html. Acesso em: 29 jan. 2020.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Atlas do Censo


Demográfico 2010. Perfil Socioeconômico da População. Disponível em:
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64529_cap8_pt2.pdf. Acesso
em: 29 jan. 2020.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A coerência textual. São Paulo: Contexto,


1998.

______. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1999.

MARTINS, Dileta S.; ZILBERKNOP, Lúbia S. Português instrumental: de


acordo com as atuais normas da ABNT. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

PAIVA, Luiz F. R. Informática Aplicada. Curso de Gestão de Transporte Aéreo.


Uniube, 2009.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22. ed.


São Paulo: Cortez, 2002.

175
Pró- Reitoria de
Ensino Superior
PROES

Você também pode gostar