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Comentário sobre o tema da Campanha da Fraternidade de 2003: Fraternidade

e Pessoas Idosas - Vida, Dignidade e Esperança.

Leonardo Garcia Santana

A virada para o novo milênio trouxe novos olhares para a sociedade e o


reforço para com as pessoas mais necessitadas da camada social: os idosos.
A ação da campanha da fraternidade de 2003, sobre o tema voltado às
pessoas idosas, com o lema “Vida, Dignidade e Esperança”, contribui para que a
sociedade e as instituições reflitam a respeito das responsabilidades de todos em
relação às pessoas idosas; superar preconceitos; estimular parcerias para que se
sensibilizem com os idosos no Brasil; e atuar com os órgãos brasileiros para
voltarem as ações para com os idosos.
De certa forma, os idosos que viveram no século XX detêm importante
conhecimento por ter vivenciado grandes acontecimentos na história que foram
responsáveis por fortificar toda estrutura física e transcendental.
Infelizmente ainda o sistema social se encontra deficiente de ações para
com os idosos diante seus direitos. O avanço da globalização e do capitalismo exigiu
que a sociedade aproveitasse da produção e de pessoas “produtivas” e esquecesse
das pessoas consideradas “improdutivas”.
Por um lado, as pessoas que estão ainda ativas, são valorizadas pelo ato de
ainda estarem contribuindo para um melhor desenvolvimento, de forma que este
percentual seja satisfatório às exigências da estrutura político-econômica. De outro
lado, as pessoas que não possui tanta ação por limitações, são desdenhados pelo
ato de não contribuírem satisfatoriamente às exigências da mesma estrutura.
A emergência produtiva do novo milênio fez com que os idosos fossem
passados despercebidos para investirem no novo. Isso é um problema pois
desconsidera a vida, a dignidade humana e compromete a esperança dos idosos.
A vida destes idosos foi comprometida pela deficiência sanitária presente no
Brasil. As ações de órgãos voltado à saúde, mesmo dando preferencias a eles, eles
não possuem recursos necessários para favorecer um bem-estar, mas na maioria
das vezes, um cuidado paliativo.
A Dignidade destes idosos foi comprometida pela falta da “sinodalidade” que
deveria estar presente na sociedade. Grande parte deles não são ouvidos por ser
considerados “lunáticos”, pessoas que contam histórias e estórias. Porém, convém
lembrar que o aparelho psíquico e neural muitas das vezes não contribuem para
uma sanidade satisfatória com eles e também com muitos jovens. Assim, não são
levados à sério, e sim desviados da comunicação, deixando-os que se percam a voz
fazendo-os passivos a todo momento pela limitação mental. A falta de atenção com
estes que querem se expressar é uma ação que compromete a dignidade de todos.
Por esperança, pode-se levantar duas considerações: a esperança do bem-
estar ligado ao sistema político-econômico-social, e a esperança diante a questão da
morte.
A esperança do bem-estar muitas vezes é comprometida pelo próprio
sistema governamental não oferecer ou mesmo dar a segurança de uma vida digna
para os idosos. A vulnerabilidade decorrente dos direitos humanos e particularmente
do idoso compromete a esperança de um futuro bem-estar.
Grande número de idosos são religiosos. A instrução religiosa sobre a fé na
vida eterna, diante da realidade da morte, oferece um conforto, resposta e
esperança à todas as pessoas que questionam sobre a vida após a morte. Muitas
instituições religiosas que possuem esta crença muitas vezes não oferecem
instruções suficientes para que se sustente a esperança de idosos diante à esta fé.
Por eternidade, convém falar também da morte física. A esperança da boa morte ou
mesmo da “além-morte” é comprometida quando não são dispostos meios para que
se repousem quando vierem a falecer. Esta vulnerabilidade abre uma brecha para
que não se sintam seguros para repousarem tranquilos.
Além disso, a família muitas vezes é fortemente responsável pelo
comprometimento da vida, esperança e dignidade dos mais idosos. Fazer com que a
família volte seu olhar e dê preferência aos idosos é garantir o futuro e o bem-estar
de todos. Enquanto se compadece dos que são mais vulneráveis,
consequentemente está garantindo uma segurança de que cheguem também à fase
idosa e que vivam bem até o final da vida terrena.
A campanha da fraternidade ressalta estes pontos para que todas as
instituições e a sociedade pense de forma consciente e solidária para com estas
pessoas desfavorecidas. Isto inclui um convite a mudar de mentalidade, a
compreender as pessoas como humanas e não como produtores.
Entender as pessoas de forma mais humana pressupõe uma valorização de
sua dignidade, identificando ser um em todos, e não ao contrário. Trabalhando isso
em todas as instâncias impulsiona os órgãos a investirem em um melhor
desenvolvimento do bem-estar destes idosos, favorecendo com que tenham uma
vida melhor e consigam ser restituídos da solidão para que vivam com todos,
gerando assim, a esperança almejada, seja ela terrena ou espiritual, fazendo com
que se preocupe menos com o tempo, e se viva mais o presente com o próximo
fazendo o bem.

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