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Mineração

Mineração Subterrânea
Arilto Alves Valente
Mineração

Arilto Alves Valente

Mineração Subterrânea

Criciúma
Coordenação do Centro Tecnológico SATC
SATC — Associação Beneficente da Indústria
Luciano Dagostin Biléssimo
Carbonífera de Santa Catarina
Secretária Acadêmica
Presidente de Honra
Hilda Maria Furlan Ghisi Cruz
Ruy Hülse
Pesquisadora Institucional
Diretor Executivo
Kelli Savi da Silva
Fernando Luiz Zancan
Coordenador EaD
Diretor Administrativo Financeiro
Jaqueline Marcos Garcia de Godoi
Marcio Zanuz
Coordenador do Curso
Diretor
José Roberto Savi
Carlos Antônio Ferreira
Coordenação Geral da Faculdade
Produção do Material Didático
Jovani Castelan
Equipe EaD
Coordenação do Colégio SATC
Izes Ester Machado Belolli
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 05

UNIDADE 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS .......................................................... 07


TÓPICO 1:INTRODUÇÃO A MINERAÇÃO SUBTERRÂNEA ................................. 08
TÓPICO 2:LAVRA A CÉU ABERTO X LAVRA SUBTERRÂNEA ........................... 10
TÓPICO 3:CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS DE MINERAÇÃO ... 12
EXERCÍCIOS ............................................................................................................ 16
CHECK LIST ............................................................................................................. 18

UNIDADE 2: OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA MINERAÇÃO......................................19


TÓPICO 1:CONCEITOS FUNDAMENTAIS .............................................................. 20
TÓPICO 2:FRAGMENTAÇÃO MECÂNICA.............................................................. 23
TÓPICO 3:CARREGAMENTO E TRANSPORTE ..................................................... 39
EXERCÍCIOS ............................................................................................................ 52
CHECK LIST ............................................................................................................. 55

UNIDADE 3: MÉTODOS DE LAVRA SUBTERRÂNEA ........................................... 56


TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ....................................................................................... 57
TÓPICO 2: MÉTODOS COM REALCES AUTOPORTANTES ................................. 59
TÓPICO 3: MÉTODO COM SUPORTE DAS ENCAIXANTES ................................. 70
TÓPICO 4: MÉTODOS COM ABATIMENTO ........................................................... 75
EXERCÍCIOS ............................................................................................................ 84
CHECK LIST ............................................................................................................. 87

UNIDADE 4: OPERAÇÕES COMPLEMENTARES .................................................. 88


TÓPICO 1: ESTABILIDADE DAS ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS EM MACIÇOS
ESTRATIFICADOS ................................................................................................... 89
TÓPICO 2: VENTILAÇÃO DE MINAS .................................................................... 102
EXERCÍCIOS .......................................................................................................... 113
CHECK LIST ........................................................................................................... 115

GABARITO COMENTADO ..................................................................................... 116


REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 121
5
APRESENTAÇÃO

Bem-vindo(a) à disciplina de Mineração Subterrânea do curso Técnico


de Mineração, na modalidade a distância, da SATC. Este material foi
desenvolvido para facilitar seu aprendizado e agregar conhecimentos para
auxiliá-lo na sua vida acadêmica e profissional.
Esta disciplina tem o objetivo de agregar conhecimentos nas técnicas
de extração de bens minerais em um ambiente subterrâneo.
Na Unidade 1 veremos conceitos gerais sobre a mineração, sua
inserção na economia global e as principais ciências envolvidas na exploração
mineral. Na sequência, Unidade 2, estudaremos as operações unitárias das
quais consistem as atividades de mineração em si. Na Unidade 3 estudaremos
os métodos de extração dos recursos minerais em sub superfície e finalmente
na, Unidade 4, serão abordados os temas de Estabilidade das escavações
subterrâneas e ventilação de minas
A carga horária dessa disciplina é de 76 horas/aula, mas você poderá
organizar seus momentos de estudos com autonomia, conforme os horários de
sua preferência. No entanto, não esqueça que há um prazo limite para a
conclusão desse processo. Então fique atento as datas para realizar as
avaliações presenciais, as on-line (publicadas pelos professores no Portal
Educacional) e possíveis trabalhos solicitados pelo educador.
Para o estudo dessa apostila você terá auxílio de alguns recursos
pedagógicos que facilitarão o seu processo de aprendizagem. Perceba que a
margem externa das páginas dos conteúdos são maiores. Elas servem tanto
para você fazer anotações durante os seus estudos quanto para o professor
incluir informações adicionais importantes. Esse material também dispõe de
vários ícones de aprendizagem, os quais destacarão informações relevantes
sobre os assuntos que você está estudando. Vejamos quais são eles e os seus
respectivos significados:
6

ÍCONES DE APRENDIZAGEM

Indica a proposta de Mostra quais conteúdos


aprendizagem para serão estudados em cada
cada unidade da unidade da apostila.
apostila.
Apresenta exercícios Apresenta os conteúdos
sobre cada unidade. mais relevantes que você
deve ter aprendido em cada
unidade. Se houver alguma
dúvida sobre algum deles,
você deve estudar mais
antes de entrar nas outras
unidades.
Apresenta a fonte de Traz perguntas que auxiliam
pesquisa das figuras e você na reflexão sobre os
as citações presentes conteúdos e no
na apostila. sequenciamento dos
mesmos.
Apresenta curiosidades Traz endereços da internet
e informações ou indicações de livros que
complementares sobre possamcomplementar o seu
um conteúdo. estudo sobre os conteúdos.

Lembre-se também de diariamente verificar se há publicações de


aulas no Portal. Pois é por meio delas que os professores passarão a você todas
as orientações sobre a disciplina.
Ainda é bom lembrar que além do auxílio do professor, você também
poderá contar com o acompanhamento de nosso sistema de Tutoria. Você
poderá entrar em contato sempre que sentir necessidade, seja pelo email
tutoria.ead@satc.edu.br ou pelo telefone (48) 3431 – 7590 / 3431 - 7596.
Desejamos um bom desempenho nesse seu novo desafio. E não
esqueça: estudar a distância exige bastante organização, empenho e disciplina.

Bom estudo!
7

UNIDADE 1
CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade você deverá:

 identificar a relação da mineração com a economia


global;
 identificar os diferentes métodos de extração de
minérios;
 identificaras variáveis que determinam os diferentes
processos de extração.

Plano de Estudos

Esta unidade está dividida em três tópicos, organizados


de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.

TÓPICO 1:INTRODUÇÃO A MINERAÇÃO SUBTERRÂNEA


TÓPICO 2: LAVRA A CÉU ABERTO X LAVRA SUBTERRÂNEA
TÓPICO 3: CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS DE
MINERAÇÃO
8

TÓPICO 1
INTRODUÇÃO A MINERAÇÃO SUBTERRÂNEA

Desde os tempos mais remotos, o desenvolvimento das


técnicas de escavação subterrânea foi conduzido pelas
necessidades da civilização, desde os mais primitivos métodos até
Este texto foi
baseado no prefácio de as técnicas mais avançadas, onde minérios são explorados de
“Underground Mining
Methods” por Lars Bergkvist grandes profundidades e em enormes quantidades.
– Atlas Copco Rock Drills
AB. Temos a tendência de nos esquecermos da história da
mineração quando nos deparamos com fatores atuais como custos,
investimentos, preços, segurança e meio ambiente.
Acredita-se que a produção de ferro iniciou a cerca de
40 a.C. recolhendo nódulos de ferro encontrados em banhados e
cursos d´água. No século XII um novo método foi desenvolvido. As
rochas eram fragmentadas por aquecimento, ou seja, a rocha era
aquecida em fogueiras e, em seguida, rapidamente resfriada com
água fraturando por choque térmico. As fraturas formadas
facilitavam a quebra com marretas. Assim foi até o século XVII
quando a pólvora foi utilizada, pela primeira vez, para romper
rocha. Esse método foi gradualmente sendo aprimorado até que no
fim do século XIX Alfred Nobel introduziu a nitroglicerina, a dinamite
e a gelatina explosiva. Esta fase do desenvolvimento não esteve
livre de acidentes.
Fragmentar rocha com melhor técnica e controle tornou
possível a escavação de poços e a mineração a grandes
Içar: puxar para cima, profundidades, criando novos desafios de içar minério, ventilar as
levantar, alçar.
escavações e drenar água.
Dessa evolução evoluíram as técnicas, métodos e
equipamentos de mineração subterrânea onde alguns produziam
melhores resultados do que outros e acidentes aconteciam quando
algo saía errado. Devido a esses problemas, uma quantidade de
método surgiu e, atualmente, são empregados em todo o mundo.
A mineração floresce nos dias de hoje por causa da forte
demanda de matérias primas e o futuro se mostra promissor. Novas
9

minas estão sendo abertas, outras antigas investindo em aumento


de produção e melhoria da produtividade. Essas evoluções podem
ser aproveitadas como exemplo para outras minas, mas não sem
precaução, pois cada mina é uma mina e os métodos precisam ser
ajustados às condições locais.
Saúde e segurança estão à frente de qualquer outro
objetivo. Dessa forma, os métodos e equipamento precisam ser
eficientes e seguros. Trabalhar em uma mina profunda é duro e
exigente, mas não necessita ser perigoso. Processo operacionais
bem estudados e procedimentos atendidos são a “regra de ouro”
nas operações mineiras em subsolo.

Expansão da Mineração

O “boom” da mineração continua inabalável. Depois de


um final difícil do século XX, com os preços dos metais com
tendência de queda por quase trinta anos, a indústria de mineração
mundial tem se recuperado desde o início de 2000. Alguns
observadores alegam que a indústria terá um longo período com
aumento de preço dos metais e, embora os desenvolvimentos
continuem a ser cíclicos, estamos vivenciando um super "ciclo". É Cíclico: que se repete de tempos em
tempos.
óbvio que o atual “boom” é algo extraordinário na medida em que
esteja durando mais do que os “booms” anteriores como no final
dos anos 70 e no início da década de 50.
Uma demanda quase insaciável por metais foi criada
pelo crescimento econômico, sem precedentes, em diversas
economias emergentes liderados pela China, seguida da Índia e
Rússia.

veja na figura abaixo os valores de distribuição da


produção dos metais:
10

Como podemos observar, a China e Austrália estão

Esta figura foi


competindo para o primeiro lugar, com cerca de 10% cada.
retirada do artigo Trends in
Underground Mining do Alguns teóricos econômicos, afirmavam que no final dos
autor Magnus Ericsson,
publicado pela Atlas anos 80 o crescimento econômico poderia ocorrer sem participação
CopcoAB
dos metais, mas o tempo demonstrou que eles estavam totalmente
equivocados.

TÓPICO 2
LAVRA A CÉU ABERTO X LAVRA SUBTERRÂNEA

Há uma tendência, desde o final do século XX, em


relação à mineração a céu aberto. As duas maiores razões para tal
são:

Leia sobre o
processo hidrometalúrgico  redução dos teores: devido a exaustão das
SX-EW no site:
http://cobre.wordpress.com reservas mais ricas, os métodos de lavra subterrânea,
/tecnologia-e-processos/
que são de maior custo, se tornam antieconômicos;
 novas tecnologias: a extração mais eficiente de
depósitos de baixo teor, utilizando novos
equipamentos e processos, tais como o processo
hidrometalúrgico SX-EW para a extração de cobre.
11

veja na tabela abaixo a comparação entre as


produções a céu aberto/subterrânea:

Produção Mineral (2005)


Minério Rejeitos
Total (Mt) %
(Mt) (Mt)
Metais
Subterrâneo 850 95 935 3
Céu Aberto 4130 10325 14500 47
Total 4980 10420 15435 50
Minerais Industriais
Esta tabela foi
Subterrâneo 65 5 70 0 retirada do artigo Trends in
Underground Mining do
autor Magnus Ericsson,
Céu Aberto 535 965 1500 5 publicado por Atlas Copco
AB.
Total 600 970 1570 5
Carvão
Subterrâneo 2950 575 3500 12
Céu Aberto 2900 7250 10000 33
Total 5850 7825 13500 45
TOTAL
11450 19225 30700 100
GERAL

Na tabela acima se pode observar que em todas as


classes de minerais, as produções a céu aberto superam as
produções em mina subterrânea. Em contrapartida, produzem um
percentual de rejeitos muito maiores.

Futuro

O desenvolvimento de novas tecnologias foi conduzido


por uma série de fatores que interagem com todos os envolvidos
nos processos de mineração. As minas estão cada vez mais
12

profundas e quentes, e cada vez mais situadas em ambientes


severos.
As regulamentações em relação a emissões e aos
efeitos de ruído e vibração sobre os trabalhadores são cada vez
mais restritivas. O aspecto segurança tem modificado
Este texto equipamentos e operações unitárias e o desenvolvimento não
foiproduzido a partir do
artigo Trends in
Underground Mining do parou por aí.
autor Magnus Ericsson,
publicado por Atlas Copco Por outro lado, as empresas demandam por mais
AB.
produtividade e menores custos, que resultam em busca de maior
disponibilidade dos equipamentos de forma a reduzir as horas
paradas.
A proximidade de depósitos minerais próximo a terras
ocupadas também tem conduzido a viabilização de operações
subterrâneas.

TÓPICO 3
CARACTERÍSTICAS DOS EMPREENDIMENTOS DE
MINERAÇÃO

A mineração apresenta acentuada especialização


técnica de acordo com o tipo de minérios lavrado.
A grande diversidade de ambientes geológicos faz com
que as minas tenham, muitas vezes, características e problemas
específicos a serem solucionados.
Em um empreendimento mineiro subterrâneo, as
atividades técnicas específicas podem ser resumidas em:

 controle do maciço: suporte das aberturas,


estabilidade do maciço;
 escavação e manuseio de sólidos: penetração
na rocha, fragmentação, movimentação de
materiais e estocagem;
 suporte aos trabalhos: ventilação, drenagem,
13

iluminação, segurança e saúde ocupacional;


 suporte logístico: energia, suprimentos,
reparos, manutenção, construção, topografia e
pesquisa mineral.

Fundamentalmente a mineração consiste na


escavação e manuseio de sólidos.
Os demais sistemas estão para garantir o
adequado funcionamento destes.

Escolha do Método de Lavra

A escolha do método de lavra é uma decisão


extremamente importante, afetando todo o projeto de mineração.
A definição do método permite estabelecer a
configuração da mina, escolher os equipamentos de lavra e
efetuar a avaliação econômica do empreendimento.
Os fatores na escolha do método de lavra são:

 forma do depósito;
 dimensões do depósito;
 profundidade;
 condicionamento geológico;
 resistência do minério e encaixante;
 conteúdo e distribuição do metal no depósito.

Elementos de uma Mina

Todas as minas subterrâneas possuem elementos


comuns, independente dos métodos de lavra utilizados. Os
principais elementos de uma mina são:
14

 acessos principais;
 conexões de acesso às frentes de lavra;
 vias de escoamento do minério;
 vias de escoamento do estéril;
 ventilação;
 drenagem;
 galerias de pesquisa;
 equipagem:
 ar comprimido;
 água de serviço;
 energia elétrica.

veja na figura abaixo os principais elementos de


uma mina:
15

Os recursos minerais são fundamentais para a


civilização humana e são explorados desde os mais remotos
Esta figura foi
tempos. A evolução da civilização transformou a mineração e criou retirada do site
http://multimedia.atlascopco.
processos de mineração dos mais variados e que iremos estudar com/sharesearchentry.jspx?
q=mining+methods
posteriormente.
16

EXERCÍCIOS

1. O que tem motivado a atual expansão da indústria mineral


na atualidade?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. Quais as razões da indústria mineira dar preferência à


mineração a céu aberto?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

3. Fundamentalmente, no que consiste a mineração?


_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

4. Quais os fatores que influenciam na escolha do método de


lavra?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
17

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

5. Quais os principais sistemas envolvidos na mineração


subterrânea?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
18

CHECK LIST

Nessa unidade você pôde aprender:

 a importância da mineração na civilização e sua


expansão pela demanda de matérias primas;
 a inserção e a importância da mineração na economia
global;
 os fatores que tem influenciado nos processos de
aproveitamento dos recursos minerais – redução dos
teores das jazidas e o desenvolvimento de novas
tecnologias de extração e beneficiamento de minerais;
 as ciências envolvidas nas atividades de mineração:
desmonte de rochas, mecânica de rochas,
desenvolvimento de equipamentos, ventilação e
refrigeração de minas subterrâneas, entre outras.
19

UNIDADE 2
OPERAÇÕES UNITÁRIAS NA MINERAÇÃO

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade você deverá:

 identificar o que são operações unitárias;


 descrever como funcionam os ciclos operacionais e
os princípios e equipamentos de perfuração de
rochas;
 identificar o mecanismo de fragmentação mecânica
das rochas;
 identificar os equipamentos de carregamento e
transporte de minérios.

Plano de Estudos

Esta unidade está dividida em três tópicos, organizados


de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.

TÓPICO 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS


TÓPICO 2: FRAGMENTAÇÃO MECÂNICA
TÓPICO 3: CARREGAMENTO E TRANSPORTE
20

TÓPICO 1
CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Durante os estágios de desenvolvimento e extração


mineral, quando rochas em estado natural, solo, minério ou estéril
são extraídos da terra, operações unitárias notavelmente
padronizadas são empregadas.

O que são operações unitárias?

As operações unitárias, em mineração, são passos


básicos empregados para produzir minerais de depósitos,
juntamente com as operações auxiliares que as complementam.
Estas operações que contribuem diretamente com a
extração mineral compreendem as operações mineiras.

Operações Mineiras

O ciclo produtivo emprega operações unitárias


normalmente agrupadas em duas funções principais:
fragmentação de rocha e transporte de material.
A fragmentação de rocha inclui uma variedade de
mecanismos, mas é, usualmente, composta de perfuração e
detonação e, as vezes, precedido de um corte (carvão) ou
trincheira (céu aberto). O transporte de material geralmente
compreende carregamento ou escavação, transporte (horizontal)
com um içamento (vertical) opcional. Dessa forma, o ciclo
operacional consiste das seguintes operações unitárias:
21

Ciclo genérico = corte + perfuração + detonação +


carregamento + transporte + içamento

Mas, em muitas minas é abreviado da seguinte maneira:

Ciclo convencional = perfuração + detonação+


carregamento + transporte

Embora as operações unitárias sejam separadas e


cíclicas por natureza, a moderna tendência é de eliminar ou
conjugar estas operações, aumentado a continuidade do processo
produtivo.
O solo pode ser escavado por máquina (escavadeira
hidráulica) sem emprego de perfuração e detonação e,
imediatamente, carregado com o mesmo equipamento e ciclo.
Rochas brandas como carvão e potássio, mineradores contínuos
fragmentam a rocha mecanicamente, sem emprego da perfuração
e dos explosivos. Escavadores de túneis e poços fazem o mesmo
em rochas brandas e medianamente duras. O ciclo operacional
nestes casos é simplificado em:

ciclo contínuo = minerar +


transportar

Operações Auxiliares

Complementando as fases produtivas do atual ciclo de


produção, certas operações auxiliares devem ser executadas.
Na mineração subterrânea, essas operações consistem
em manter as condições de saúde e segurança adequadas, o
22

escoramento do teto, a ventilação e condicionamento do ar,


fornecimento de energia elétrica, bombeamento e drenagem,
manutenção, iluminação, tratamento de ruído, comunicações e
abastecimento dos suprimentos às frentes.
Sem dúvida, as mais importantes operações auxiliares
são:

 saúde e segurança: o trabalhador em primeiro lugar;


 controle do maciço: a estabilidade das aberturas
subterrâneas é fundamental ao sucesso do
empreendimento;
 controle das condições atmosféricas: temperatura,
umidade e controle dos gases tóxicos, asfixiantes ou
explosivos.

veja na figura abaixo as operações utilitárias:

Esta figura
foi retirada de site
www.tamrock.com

As operações unitárias em mineração interagem de


forma contínua, como está representado na figura acima. Nos
próximos tópicos iremos estudar cada uma delas.
23

TÓPICO 2
FRAGMENTAÇÃO MECÂNICA

Conceito

Quase que exclusivamente as rochas são fragmentadas


por ferramentas mecânicas de escavação ou por cargas
explosivas.
As ferramentas de escavação mecânica, por sua vez,
agem de dois modos diferentes: penetração por cunha (indentação)
ou fragmentação por cisalhamento (drag bits).

Qual a diferença entre os dois


métodos?

A diferença básica entre os dois métodos é que na


penetração por cunha, a força é aplicada predominantemente
perpendicular à superfície da rocha. Por outro lado, na
fragmentação por cisalhamento a força é aplicada por uma
ferramenta afiada, quase paralelamente, à superfície da rocha.

veja abaixo a figura que mostra os métodos de


fragmentação mecânica:
24

Esta figura foi


retirada do livro SME
Mining Engineers
Handbook.

Elementos de Corte

Os elementos de corte podem ser classificados em duas


categorias:

 indentadores: atuam por compressão;


 bits de arraste (drag bits): atuam por cisalhamento.

A composição dos elementos de corte é de metal duro


(liga de carbeto de tungstênio e cobalto) e são os mais utilizados
atualmente. O carbeto de tungstênio e o cobalto combinam alta
dureza (resistência ao desgaste) e alta tenacidade (resistência à
fratura) para proporcionar melhor rendimento.
25

Perfuração de Rocha

A perfuração de rocha é realizada por um conjunto que


compreende o elemento de corte, um meio de transmissão de
energia - que é a haste de perfuração -e o elemento que gera a
energia de perfuração que é a perfuratriz.

Perfuratrizes de Rocha

Elemento que fornece a energia mecânica necessária


aos demais componentes do conjunto, por meio de movimentos de
percussão e rotação, visando à desagregação e penetração na
rocha.
Podem ser classificadas segundo:

 o tipo de fluido utilizado no fornecimento de energia


ao conjunto (pneumáticas ou hidráulicas);
 o tipo de interação (movimento) dos elementos
cortantes com a rocha (percussivas, rotativas,
percussivo-rotativas e dth(martelo de
profundidade)).

Características das Perfuratrizes

 Perfuratrizes pneumáticas: baixo custo,


tecnologia bem conhecida, mecânica simples, baixa
eficiência, ruído e neblina durante operação;
 Perfuratrizes hidráulicas: maior eficiência, menor
ruído, sem neblina, mais sofisticadas e de maior
custo. Há perfuratrizes manuais hidráulicas, mas a
maior aplicação ocorre nos jumbos.

veja na figura abaixo algumas perfuratrizes


26

pneumáticas:

COP 131EB

BBC 120

Estas figuras
foram do site
www.atlascopco.com.br

BBC 16W

observe agora a figura de uma perfuratriz hidráulica


e de um jumbo de perfuração:

COP 1638

Estas figuras
foram do site
www.atlascopco.com.br
27

Ferramentas de Perfuração

Brocas são os elementos que transmitem à rocha os


esforços criados na perfuratriz. São divididas em dois grupos:
integrais ou monobloco e extensão.

Brocas Integrais ou Monobloco

São aquelas em que as partes componentes constituem


uma peça única. São geralmente usadas com as perfuratrizes
manuais e leves.
São compostas por:

 punho: é a extremidade da broca que penetra e se


encaixa no mandril da perfuratriz;
 haste: transmite à coroa os esforços recebidos da
perfuratriz por meio do punho;
 coroa: na coroa há a pastilha (bit), constituída por
metal duro de cobalto e carboneto de tungstênio e o
furo de onde sai água ou ar do sistema de limpeza.

veja na figura abaixo a figura de uma broca integral:

Esta figura foi


retirada do site
www.atlascopco.com.br
Brocas de Extensão

São aquelas que podem ter o seu comprimento


aumentado pela adição de hastes. Apresentam o mesmo conjunto
de componentes das brocas integrais, com a adição de luvas de
acoplamento que fazem a união entre hastes e entre o punho e a
28

primeira haste.

veja a seguir as figuras de brocas de extensão:

Esta figura foi


retirada do site
www.atlascopco.com.br

Tipos de Perfuração

A seguir estudaremos detalhadamente os tipos de


perfuração.

Perfuração Percussiva (Percussão + Rotação + Avanço +


Limpeza)

O pistão percute na composição de hastes e cria uma


onda de choque transmitida até a ferramenta (bit). A energia é
descarregada contra o fundo do furo e a superfície da rocha é
esmagada. Os fragmentos são removidos por fluxo de ar ou água
suprido por dentro da composição. As hates giram para expor uma
nova superfície ao impacto.

observe a seguir algumas figuras de Bits de


perfuração rotopercussiva:
Estas figuras
foram retiradas do site
www.atlascopco.com.br
29

Perfuração Down-the-Hole

Perfuração percussiva onde a perfuratriz opera dentro


do furo, acionados por ar comprimido. O pistão percute diretamente
sobre a ferramenta e não há perda de energia na composição. A
taxa de penetração independe teoricamente na profundidade do
furo. Os furos são mais retilíneos e de grande diâmetro (100 a 200
mm) e o comprimento pode ir a 150 metros.

observe abaixo a figura do equipamento down-the-


hole:

Esta figura foi


retirada do site
www.atlascopco.com.br

Perfuração Rotativa(Rotação + Avanço + Limpeza)

A energia á transmitida por meio de hastes que giram ao


mesmo tempo que a composição é pressionada contra a rocha. A
30

eficiência do sistema está na combinação da pressão com a


rotação do bit.
É o sistema dominante na perfuração em petróleo (furos
de grande diâmetro) e carvão (furos de pequeno diâmetro).

veja agora duas figuras de ferramentas de furação


rotativa:

Estas figuras
foram retiradas do site
www.atlascopco.com.br

Variáveis Operacionais na Perfuração

Para que a operação de perfuração possa ser realizada


com economia e eficiência, os mecanismos envolvidos necessitam
ser entendidos pelos responsáveis pela perfuração. As variáveis
que atuam na operação de perfuração são:

 energia e frequência de impacto;


 velocidade de rotação;
 força de avanço;
 formato das hastes;
 vazão do fluido de limpeza.

O desempenho (velocidade de perfuração – m/min)


depende das características da rocha:

 rocha compacta: se baixa rotação resulta em quebra


31

da haste;
 rocha abrasiva: desgaste excessivo da ferramenta;
 rocha com fendas e fissuras: desvia e tranca as
hastes;
 rocha branda: entupimento dos canais de água;
 rocha dura: requer mais potência na percussão e
rotação.

Escolha do Conjunto de Perfuração

A escolha do conjunto de perfuração está relacionado:

 diâmetro e comprimento dos furos;


 precisão na furação;
 geometria da furação;
 espaço livre e acesso ao local de furação.

veja a baixo o conjunto de perfuração manual a ar


comprimido:

Esta figura foi


retirada do livro SME
Mining
EngineersHandbook.

observe agora os conjuntos de perfuração:


32

Estas figuras
foram retiradas dos
catálogos digitais do site
www.atlascopco.com.br

Desmonte Mecânico

O desmonte mecânico de rochas emprega


equipamentos pesados e de grandes potências para a escavação
de rochas de variadas durezas, sem o emprego de explosivos. São
equipamentos que agregam em uma só operação as operações de
fragmentação e carregamento.
As principais máquinas utilizadas para o desmonte
mecânico são:

 roadheaders;
 mineradores contínuos;
 Tunnel Boring Machines (TBM) – tuneladoras;
 cortadeiras de tambor (shearers);
 raisedrills (Raise Borers).
33

Tipos de Elementos de Corte

Logo a seguir, estudaremos os tipos de elementos de


corte.

Drag Bits

Usados para fragmentar rochas moles. Sua vida útil


diminui muito com o aumento da dureza e abrasividade da rocha.
Efetivo para materiais com resistências menor que 70 MPa.

Disk Cutters

Os cortadores de disco são empregados em uma grande


variedade de rochas até 270 MPa de resistência a compressão.
Utilizam uma alta carga sobre o elemento cortante e pequena área
de contato com a rocha, resultando em penetração profunda e
fragmentos grandes. Não é indicado para rochas moles e plásticas.

Button Cutters

Os cortadores de botões são usados em rochas mais


duras (> 270 MPa). Requerem alta carga sobre o elemento
cortante. Requerem alta carga sobre o elemento cortante para boa
fragmentação. Produzem fragmentos pequenos com alta
percentagem de finos.

veja abaixo um resumo para facilitar seu


entendimento:
34

Dureza da rocha Tipo de ferramenta


Mole a mediana Drag bit e disk cutter
Mediana a dura Disk Cutter
Muito Dura Button Cutter

veja a seguir as ferramentas utilizadas para


desmonte mecânica de rochas:

Estas figuras
foram retiradas do livro SME
Mining Engineer Handbook.
35

Estas figuras
foram retiradas do livro SME
Mining EngineerHandbook.

Equipamentos de Desmonte Mecânico de Rocha

A seguir estudaremos os equipamentos utilizados no


desmonte mecânico de rochas.

Roadheaders

Esta máquina é responsável pela abertura de galerias e


usa drag bits como elemento de corte. É utilizada, também, para
desenvolvimento em minas de carvão, sal e abertura de túneis em
rochas brandas.
36

veja a seguir uma roadheaders:

Esta figura foi


retirada do site:
http://www.infomine.com/equi
pment/sellers/mektunnel/mek
tunnel_roadheaders.html

Tunnel Boring Machine

É usado para escavar galerias circulares de até 11


metros de diâmetro, horizontais ou sub-horizontais. É aplicável em
rochas de média e alta dureza. Requer alta pressão de avanço,
fornecida por sistema hidráulico contra as paredes do túnel. Utiliza
principalmente cortadores de disco. É utilizado principalmente em
projetos civis (túneis, metrô, etc.).

modelo digital de um TBM:

Esta figura foi


retirada do
sitehttp://www.therobbinsco
mpany.com/our-
products/tunnel-boring-
machines/)
37

Shearer

É utilizada em carvão e outros depósitos sedimentares


no método de lavra denominado Long-Wall. Os tambores de corte
se ajustam em relação ao piso e ao teto de forma a acompanharem
às variações da camada. Utilizam drag-bits como elemento de
corte. O material desmontado é conduzido pelo próprio
Não deixe de
equipamento para o transportador situado logo abaixo. assistir ao vídeo disponível no
site
http://www.youtube.com/watc
h?v=qx_EjMlLgqY (em
inglês).

observe a seguir duas figuras do equipamento


Shearer:

As
figurasdesta página foram
retiradas do
sitewww.joy.com
38

Mineradores Contínuos

Utilizam drag bits como elementos de corte dispostos em


um tambor horizontal. Esse equipamento é projetado para altas
produções em rochas de baixa dureza (carvão e sais
principalmente).
O minério fragmentado é recolhido em uma plataforma
de recolhimento e conduzido por calhas transportadoras até a parte
traseira da e descarregado no veículo de transporte

veja o minerador contínuo:

Esta figura foi


retirada do
sitewww.joy.com

Raise Borer

São equipamentos desenvolvidos para realizar


escavações verticalizadas circulares (poços, chaminés (raises),
etc.).

veja como se dá a operação da raiseborer:


39

Esta figurafoi
retirada do
sitehttp://www.metrovancou
ver.org/services/constructio
nprojects/water/Pages/sey
mourcapilano.aspx

TÓPICO3
CARREGAMENTO E TRANSPORTE

Introdução

As tarefas combinadas de carregar e transportar


simples palavras, é a tarefa de carregar um material fragmentado
em uma unidade que irá conduzi-lo até o local de preparação para
a comercialização.
No passado, o trabalhador primitivo estava equipado
com uma pá e o transporte por vagonetatracionada por mula, como
podemos observa na figura a seguir:

Esta figurafoi
retirada do site
http://railsiferradures.blogs
pot.com.br
40

Embora o carregamento e o transporte realizado hoje


envolvam muito mais, as operações fundamentais ainda são as
mesmas.
Em termos gerais, o material mais comumente
transportado é rocha, fragmentada por métodos mecânicos ou
explosivos. As propriedades físicas que mais influenciam na
escolha do método de transporte são a abrasividade, densidade,
umidade, tamanho e forma dos fragmentos, assim como o volume
a ser transportado.
Na seleção dos equipamentos a serem utilizados no
carregamento e transporte é necessário inicialmente determinar as
produções projetadas para o sistema.

veja na tabela a seguir classificação do


equipamento de carregamento e transporte:

A tabela
abaixo foi baseado no livro
SME Mining Engineers
Handbook.
41

Carregamento Transporte Combinado


Mínimo
Sem Trajeto Trajeto
Deslocamen Móvel Fixo
Deslocamento Variável Fixo
to
Caminhão
Ferrovia Scraper Dragline
Em Carreg. Frontal Pá Shuttlecar
Skip Trator StrippinpS
Batelada Escavadeira Hidr. Carregadeira CoalHaule
Cabo aéreo LHD hovel
r
Esc. Roda
Caçamba
Fluxo Sólidos a Transporte
Draga
Contínuo granel em polpa
Minerador
Contínuo
Correia
transp.
Mineroduto
Transp.
Transp.
Parafuso
Pneumático
Transp.
Corrente

O processo de seleção inicia com a definição de uma


série de variáveis operacionais fundamentais para a definição do
processo a ser empregado. São elas:

 produção: volume ou massa de material a ser


movimentado em um determinado tempo (ton/dia,
ton/mês);
 produtividade: produção real por unidade de tempo,
computadas as variáveis do processo produtivo (ex.:
tons/h, tons/homem.turno);
 eficiência: percentual da produção realmente
realizada pelo equipamento, reduzidas as variáveis
da máquina em si, do pessoal, das condições de
trabalho, etc. (% de tempo);
 disponibilidade: porção do tempo programado em que
42

a máquina está eletromecanicamente pronta para o


trabalho;
 utilização: porção do tempo disponível em que a
máquina está realmente trabalhando;
 capacidade: volume ou massa de material do
equipamento de carregamento ou transporte;
 empolamento: aumento de volume que ocorre
quando o material, a ser carregado, sofre quando é
fragmentado e removido de seu estado natural;
 fator de enchimento: ajuste na capacidade de
carregamento da caçamba e dos equipamentos
relacionando a capacidade física com o que
realmente pode ser carregado numa operação
normal;
 ciclo: tempo que o equipamento leva para realizar
uma operação completa.

Equipamentos de Carregamento e Transporte

LHD

O nome provém da sigla em inglês Load + Haul + Dump


que significa Carrega+Transporta+descarrega. Surgiram a partir da
década de 50 como alternativa para o sistema de transporte sobre
trilhos em minas subterrâneas.
Apresentam boa flexibilidade operacional, podendo
operar como equipamento de carregamento em caminhões ou
carregando e transportando o material elas mesmas. São
adequadas para transporte a curtas distâncias.

veja abaixo uma carregadeira LHD Caterpillar


R1600G:
43

Esta figura
foi retirada do Catálogo
Caterpillar.

veja dois exemplos de aplicação:

Esta figurafoi
retirada do SME Mining
Enginee rHandbook
44

Esta figura foi


retirada do vídeo disponível
no site
http://www.youtube.com/wa
tch?v=96bZbrvUBqI&list=P
LDE0B29258DD11B01

As unidades são articuladas, facilitando todo o tipo de


manobra e proporcionando pequeno raio de giro na máquina.
Podem ser manobradas por controle remoto, quando a situação
exigir. Concha de contemplam várias capacidades desde a 1m3 até
10m3, aproximadamente. Podem apresentar perfil muito baixo,
mantendo a capacidade de concha com aumento na largura
Operador trabalha na lateral do veículo, com visibilidade
para ambos os lados; a máquina opera para frente e para trás além
de possuir bom desempenho em rampas.

Shuttle-Car

É um veículo sobre pneus para transporte de materiais


sólidos em mina subsolo, usado primariamente em minas de
carvão.
O mecanismo de direção é posicionado lateralmente no
veículo e a carga disposta no centro do equipamento.Shuttle-cars
podem operar com baterias (muito raramente), dieselou com
alimentação de corrente elétrica alternada.
Em minas subsolo de carvão, a alimentação elétrica é
mais comum. Nesse caso, a energia é fornecida por meio de um
cabo que pode ter entre 150 e 240 metros. O cabo é enrolado
automaticamente durante o movimento do shuttle-car por um
45

dispositivo no próprio veículo. O comprimento de cabo limita o


alcance do shuttle-car.
Esta figurafoi
retirada do site
www.joy.com

observe uma shuttle-car:

veja abaixo uma frente em câmaras e pilares com


emprego do shuttle-car:
46

O shuttle-car normalmente opera em dupla. Enquanto


uma unidade está sendo carregada na frente, a outra está
Esta figurafoi
retirada de SME Mining descarregando no sistema de transporte de grande distância. As
EngineerHandbook
duas máquinas utilizam rotas de deslocamento diferentes na zona
de trabalho.

Caminhões Subterrâneos

Os caminhões de mina passaram a ter importância


crescente a partir da década de 70, trabalhando em trajetos de
média distância de transporte.
Os caminhões disponíveis comercialmente apresentam
entre 4 e 50 t de capacidade de carga e são movidos à diesel.
Os tipos de caminhões se dividem em:

 caminhões basculantes;
 caminhões de caçamba telescópica;
 caminhões com ejetores.

caminhão basculante:

As figuras das
páginas 46 e 47 foram
retiradas do site
www.atlacopco.com.br

caminhão de caçamba telescópica:


47

caminhão de Caçamba com ejetor :

Seleção de Caminhões

Na escolha do tipo de caminhão, os fatores que entram


em consideração, além da produção a ser alcançada, são:

 a distância, as dimensões das galerias ou túneis, a


presença no trajeto do equipamento de instalações
auxiliares como dutos de ventilação, tubulações de
água e ar comprimido;
 raios de curvatura e as rampas existentes ou
projetadas;
 distância entre lateral da máquina e a parede do túnel
entre 0,9 e 1,2 m;
 distância entre o operador e o teto de no mínimo 0,5
48

m;
 selecionar o maior veículo possível dentro das
dimensões da mina;
 consideração da ventilação para os veículos a diesel;
 lavadores de gases: reduzem a temperatura, coletam
partículas e reduzem a emissão de hidrocarbonetos;
 condicionadores catalíticos: (catalizadores) reduzem
em até 90% a emissão de CO, diminuem a emissão
de hidrocarbonetos;
 cabines protegem os operadores. Podem apresentar
supressão de ruídos e ar condicionado.

Estimativa de Produção de Caminhões

A real capacidade de um caminhão é dada em


toneladas. Como a densidade dos materiais variam
substancialmente, a capacidade volumétrica deve ser adequada
para aproveitar ao máximo a capacidade de carga do caminhão.
A estimativa de produção é calculada da seguinte forma:

Prod = ( Th x L ) / ( t + tv )

Onde:

Prod = taxa de produção em toneladas por hora;


Th=minutos de operação por hora(computados
disponibilidade e utilização);
L =capacidade de carga por ciclo (em toneladas);
T = tempo fixo por ciclo (manobra + carga + descarga);
tv = tempo variável para trânsito entre ponto de
carga e descarga.
O tempo de trânsito variável Tv é obtido usando a
distância a ser percorrida, velocidade média e “grade” total
(resistência ao rolamento + inclinação) da via de transporte.
49

A velocidade média é extraída de curvas características


fornecidas pelo fabricante do equipamento. O fabricante é capaz
de especificar curvas de desempenho para veículos cheios, vazios,
movendo-se rampa acima ou rampa abaixo.

veja a seguir a curva típica de um caminhão:

Este gráfico foi


retirada do livro SME
Mining Engineer
Handbook.
50

Equipamentos de Transporte de Fluxo Contínuo

Nestes equipamentos, o equipamento de carregamento


pode alimentar continuamente o sistema de transporte, permitindo
grandes volumes transportados e grande produtividade.
Entre esta família de equipamentos, o mais popular na
mineração é o transportador de correia, que, em mineração
subterrânea, comumente transporta os minerais desde as frentes
de trabalho até a superfície.
Há também os transportadores contínuos de frente, que
seguem o equipamento de escavação e carregamento. Nesses, se
enquadram as correias flexíveis e vários tipos de transportadores
de corrente.

veja a figura de uma correia transportadora:

Esta figura foi


retirada do catálogo Link Belt
Underground Solutions da FMC
Technologies.

veja a figura de um transportador flexível de frente:


51

veja agora a figura de um transportador blindado de As figuras


desta página foram
frente: retiradas do site
www.joy.com

A disponibilidade atual de equipamentos de mineração


é atualmente muito ampla e não poderia ser amplamente
apresentada neste contexto.
52

EXERCÍCIOS

1. As operações mineiras podem ser classificadas em dois


grandes grupos. Como são denominados esses grupos?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. O ciclo genérico operacional, em uma atividade mineira, é


composto de quais operações unitárias?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

3. Na fragmentação mecânica há dois diferentes tipos de


esforços mecânicos utilizados para desagregar a rocha. Quais
são esses mecanismos?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

4. Qual o principal material utilizado na fabricação dos


elementos de fragmentação mecânica?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
53

5. Atualmente, quais são os tipos de perfuratrizes utilizadas?


Descreva as vantagens e desvantagens de cada tipo.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

6. Relacione as partes de uma broca integral.


_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

7. Quais as aplicações para Drag Bits, Disk Cutters e Button


Cutters?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

8. Cite os principais equipamentos que usam os Drag Bits e


quais suas aplicações.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

9. Calcule a capacidade de um caminhão (Prod) para as


seguintes variáveis:
disponibilidade e utilização = 75%
capacidade de carga por ciclo = 38 t
tempo fixo = 2,5 min
tempo de trânsito = 18 min
54

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

10. Identifique e relacione equipamentos de transporte por


batelada e contínuos.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
55

CHECK LIST

Nessa unidade você pôde aprender:

 as operações unitárias são as atividades


fundamentais como perfuração, fragmentação,
carregamento e transporte;
 as rochas são fragmentadas por esforços de
compressão ou cizalhamento;
 que os equipamentos de fragmentação mecânica
empregam ferramentas que por ação de esforço
mecânico fragmentam a rocha, como os mineradores
contínuos;
 as rochas são carregadas no subsolo pelos próprios
mineradores contínuos ou carregadeiras frontais
(LHD) e transportadas por caminhões ou correias.
56

UNIDADE 3
MÉTODOS DE LAVRA SUBTERRÂNEA

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade você deverá

 identificar os principais métodos de lavra subterrânea;


 identificar a aplicação dos diferentes métodos de
lavra;
 descrever as principais atividades envolvidas em
cada um dos métodos de lavra.

Plano de Estudos

Esta unidade está dividida em quatro tópicos,


organizados de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.

TÓPICO 1: INTRODUÇÃO
TÓPICO 2: MÉTODOS COM REALCES AUTOPORTANTES
TÓPICO 3:MÉTODOS COM SUPORTE DAS ENCAIXANTES
TÓPICO 4 : MÉTODOS COM ABATIMENTO
57

TÓPICO 1
INTRODUÇÃO

O aproveitamento dos recursos minerais situados em


sub superfície é realizado de acordo com uma série de variáveis
que irá determinar a metodologia de extração. Para o estudo desta
metodologia, foram desenvolvidas várias classificações
envolvendo o formato, as dimensões, a inclinação e as
características mecânicas do minério e da rocha que o circunda.
Estas características irão determinar a metodologia de
escavação, o método de fragmentação, o equipamento de
carregamento e transporte e as necessidades de estabilização das
aberturas.

Classificações dos Corpos Minerais

Para o propósito de escolha dos métodos de lavra


aplicáveis, os corpos minerais são classificados conforme:

 posição espacial (mergulho do corpo):


 horizontalizados: <20º;
 inclinados: 20 – 45º;
 verticalizados: >45º.
 espessura do corpo mineral para carvão minério
metálico:

espessura carvão minério metálico


finos 0,9 - 1,2 m 0,9 – 1,8 m
médios 1,2 – 2,4 m 1,8 – 4,6 m
espessos 2,4 – 4,6 m 4,6 – 15,3 m
massivos > 4,6 m > 15,3 m

 profundidade:
58

profundidade carvão minério metálico


rasos < 60 m <300 m
moderados 60 – 250 m 300 – 500 m
profundos > 250 m > 500 m

 pela resistência do minério e das rochas:

Resistência da carga minério metálico


rocha
frágeis < 40 mpa Carvão
moderadas 40 a 140 Calcário, Arenito
Resistentes 140 a 200 Mpa Mármore, granito
Muito resistentes >200 Mpa Quartzito, basalto

Em linhas gerais, os métodos de lavra subterrânea


podem ser classificados em:

 métodos com realces auto-portantes:


 câmaras e pilares;
 desmonte por subníveis;
 recuo por crateras verticais.
 métodos com suportes das encaixantes:
 recalque (shrinkage);
 corte e enchimento.
 Métodos com abatimento:
 abatimento por subníveis;
 abatimento por blocos;
 longwall.

Ao longo do curso iremos detalhar cada um desses


métodos individualmente
59

TÓPICO 2
MÉTODOS COM REALCES AUTOPORTANTES

Neste método, as escavações realizadas para a


extração do minério são mantidas abertas durante e após a
remoção do minério. São condições para a aplicação:

 continuidade e homogeneidade de qualidade do


minério;
 os rejeitos são transportados para a superfície;
 encaixantes de boa estabilidade;
 minérios de menor valor unitário, pois a recuperação
é comprometida pelas perdas nos pilares de
sustentação;
 métodos de alta produtividade face à simplicidade das
operações empregadas;
 baixa diluição pela estabilidade das encaixantes e
não haver enchimento.

Câmaras e Pilares

É um método que se presta bem à mecanização, desde


que a espessura da camada permita a operação de equipamentos
em seu anterior, com diluição aceitável. Atualmente existem
equipamentos apropriados para a lavra de carvão em espessuras
tão reduzidas como um metro.

Onde é utilizado o método câmaras e pilares?

O método câmaras e pilares é utilizado em depósitos


próximos da horizontal e em rochas razoavelmente competentes,
60

onde o teto é suportado primariamente pelos pilares.


O minério – mais comumente carvão – é extraído em um
sistema de galerias (câmaras) perpendiculares deixando porções
de minério ou carvão formando, entre essas, pilares de forma
retangular ou quadrada, que suporta o maciço acima destes.
Os pilares são organizados em uma malha regular, o
que simplifica o planejamento da operação.
As dimensões das câmaras e dos pilares dependem de
vários fatores de projeto que são:

 resistência do minério de das encaixantes;


 a espessura da camada minerada;
 a profundidade em que se situa a escavação.

O objetivo do projeto dos pilares e das câmaras é de


otimizar a extração do minério que seja compatível com a
segurança dos trabalhos. Os pilares, normalmente, não são
recuperados e o minério contido é perdido. Na mineração de carvão
é comum a recuperação dos pilares em uma operação posterior de
lavra em recuo, com o consequente abatimento do teto. No Brasil,
atualmente, a recuperação dos pilares não está sendo permitida
nas regiões de produção de carvão, por razões ambientais.

na figura abaixo estão representados os principais


elementos de projeto de um sistema de câmaras e pilares:
61

Esta figura foi


retirada do arquivo
pessoal do professor Arilto
Alves Valente.

Onde:

 Lp – largura do pilar;
 Lg- largura da galeria: são as principais
dimensões em um projeto de câmaras e pilares.
Esses definem a área do pilar, porção que será
perdida para sustentação das rochas
sobrepostas à camada minerada e a área
tributária, que representa a área de influência de
cada pilar.

A recuperação do minério ou área minerada é


representada pela diferença entre a área tributária e a área do pilar
– Am = At – Ap. Percentualmente:

REC = At – Ap x 100ou REC = 1 – Ap x 100


At At
62

A perfuração, quando em rochas duras, pode ser feita


por meio de carretas de perfuração tipo Jumbo ou marteletes
pneumáticos. Nas rochas brandas, como carvão e sal, é utilizada
perfuração rotativa.
O transporte em minas de carvão é executado em duas
etapas:

 a primeira próxima às frentes de trabalho, carregando


o minério, desmontado em cada frente e
transportando a um ponto central da área de lavra.
 A segunda deste ponto até a superfície normalmente
é utilizado um sistema contínuo de transporte como
correias transportadoras.

Em minas de carvão, o layout das frentes se assemelha


com a figura abaixo:

Esta figura foi


retirada do arquivo
pessoal do professor Arilto
Alves Valente.
63

Na figura anterior está representada uma frente delavra


de carvão (painel de lavra) com um minerador contínuo que realiza
as operações unitárias de fragmentação e carregamento, dois
shuttle-car na operação de transporte de frente, um alimentador-
quebrador que fragmenta os blocos de maiores dimensões e
Assista ao vídeo
transfere o minério para a correia transportadora que realiza a disponível no site
http://www.youtube.com/watc
operação de transporte até a superfície. Finalmente, o h?v=MCNjcNMojYQ, o qual
mostra os equipamentos em
frente de produção de carvão
escoramento que faz a estabilização do teto imediato. similar, descrita ao lado.

Também está representado o circuito principal e


secundário de ventilação. Neste caso, um fluxo central com dois
retornos nos extremos que minimiza a exposição de poeira na
frente de trabalho.
Em minas metálicas, normalmente, o minério é
desmontado com explosivos, carregado com carregadeiras frontais
e transportado por caminhões.

Desmonte por Subníveis

O método desmonte por subníveis (SublevelStoping) é


altamente empregado na extração de minérios metálicos e não
metálicos, em jazidas tabulares verticalizadas (filões).
Assista ao vídeo
disponível no site
As principais condições para sua aplicação são: http://www.youtube.com/watc
h?v=t2WoMaXizHs, onde é
possível observar uma
dinâmica numa sequência
 resistência do minério de moderada a alta; bem próxima da realidade.

 resistência da encaixante de moderada a alta;


 forma tabular ou lenticular, espesso (>6 m) e extenso
longitudinalmente;
 uniformidade de teores e espessuras de minério;
 profundidade moderada do depósito (< 1200m).

São componentes típicos neste tipo de lavra:

 rampa de acesso;
 nível de extração;
64

 sub-nível de desmonte;
 chaminés de ventilação.

Duas versões são comuns para este método:

 usando furação em leque, com furos de pequeno


diâmetro (50 a 75 mm). Nessa versão, somente o
subnível necessita ser aberto na fase de
desenvolvimento do bloco.

a figura abaixo oferece uma clara visão da


conformação do bloco de lavra. Observe:

Esta figura foi


retirada do site
http://multimedia.atlascopco.
com/sharesearchentry.jspx?
q=mining+methods
65

São escavados previamente na etapa de


desenvolvimento:

 transportdrift: nível de transporte;


 loadingcrosscut: acesso de carregamento;
 undercut: corte inferior com funil de carregamento;
 drillaccess: subnível de desmonte;
 usando furação paralela com furos de grande
diâmetro. Nesse caso, além do subnível ao longo do
corpo do minério, deve ser aberta também uma
travessa na largura do corpo (slot) onde será
posicionada a perfuratriz.

veja na figura abaixo o emprego de furação paralela


executada a partir do “slot”:

Esta figura foi


retirada do livro SME
Mining EngineerHandbook.

A nomenclatura é similar ao exemplo anterior com


distinção apenas na forma em que a perfuração de desmonte é
66

executada. O minério desmontado (Blasted ore) é removido no


nível de transporte e transportado para a superfície por caminhões
ou içado em poço vertical.
No final da escavação do bloco, o mesmo permanece
vazio.

veja a figura abaixo, a qual mostra um bloco


exaurido minerado por desmonte por subníveis:

Esta figura foi


retirada do arquivo pessoal do
professor Arilto Alves Valente.

Assista ao vídeo
disponível no site
http://www.youtube.com/watch?v=t
dCBuz_wmco, o qua lmostra a
dinâmica de uma lavra no método Características do Método Desmonte por Subníveis
desmonte por subníveis.

A seguir, veremos as vantagens e desvantagens do


método desmonte por subníveis.

Vantagens

 Moderada a alta produtividade por homem-turno;


 Custo de lavra moderado;
67

 Moderada a alta taxa de produção;


 Apropriado a mecanização;
 Baixo custo de fragmentação;
 Baixo custo de carregamento;
 Baixa exposição a condições inseguras;
 Fácil de ventilar;
 Possibilidade de operações unitárias simultâneas;
 Alta recuperação e baixa diluição.

Desvantagens

 Desenvolvimento lento e complexo com alto custo;


 Inflexível e não seletivo;
 Furação longa requer alinhamento cuidadoso;
 Grandes desmontes que podem causar vibrações.

O principal critério para aplicação do desmonte por


sub níveis é haver minério e encaixantes competentes
(com estabilidade), contato bem definido entre minério,
encaixante e inclinação do corpo que exceda o ângulo
de repouso do minério fragmentado. O método exige
extenso desenvolvimento, porém boa parte é feito em
minério.

Recuo por Crateras Verticais (VCR)

O método VCR é uma variação do desmonte por


subníveis em que o minério é escavado em fatias horizontais e não
verticais como no anterior.
Nesse método é possível deixar parte do minério
desmontado no interior do bloco para manter a estabilidade da
escavação quando as encaixantes não apresentam estabilidade
68

suficiente. Todo o minério é removido após a exaustão do bloco de


lavra.
O método utiliza furação paralela, vertical descendente
e cargas esféricas concentradas para fragmentar o minério.
A detonação é realizada na base dos furos com avanço
do desmonte do bloco de baixo para cima. O minério é recuperado
na parte inferior do bloco.
O desenvolvimento consiste na abertura das rampas
de acesso e poços de ventilação, da abertura dos níveis de carga
e funis de minério e da abertura do sub nível de desmonte.
A produção é realizada com a furação a partir do nível
superior com detonação em fatias ascendentes a partir do fundo do
bloco. O minério desmontado é retirado completamente ou apenas
para abrir espaço suficiente par o próximo desmonte.
O método pode ser melhor entendido na figura abaixo.
Na extremidade dos furos verticais estão representadas as cargas
explosivas. No caso do exemplo, cada bloco está separado do
outro por um bloco de mesmas dimensões. Após a exaustão, o
bloco vazio pode ser preenchido por material inerte (backfilled)
permitindo remoção de todo o minério adjacente, aumentando a
recuperação de lavra. Observe:
69

Esta figura foi


retirada do site
http://multimedia.atlascopco.c
om/sharesearchentry.jspx?q=
mining+methods

Características do Método Desmonte por Crateras Verticais –


VCR

O método possui muitas das boas características dos


métodos Desmonte por subníveis e Shrinkage, com os quais
compartilha muitas semelhanças. Entre as vantagens inclui:

 método massivo de alta capacidade de produção;


 apresenta boas taxas de recuperação;
 apropriado a mecanização;
70

 baixo custo de fragmentação;


 alta produtividade, alcançando 35 t/homem turno
 baixa exposição a condições inseguras;
 fácil de ventilar.

Como desvantagens pode-se citar:

 exige extensa sondagem na fase de planejamento;


 desenvolvimento lento e complexo com alto custo;
 suscetível a problemas de beneficiamento se o teor
do minério alterna demasiadamente;
 o minério desmontado fica preso no bloco até seu
completo desmonte, causando retenção de
faturamento;
 grandes desmontes que podem causar vibrações.

TÓPICO 3
MÉTODO COM SUPORTE DAS ENCAIXANTES

Os corpos de minério que necessitam mais do que um


suporte mínimo para manter a estabilidade do maciço, o
enchimento da cavidade é utilizado quase que universalmente.
Os suportes para as escavações podem ser
classificadas como:
 locais ou a curto prazo;
 gerais ou a longo prazo.

O suporte local para o teto da abertura subterrânea, por


exemplo, pode ser realizado com tirantes ou pórticos de madeira e
fornecem segurança para os trabalhadores em seu posto de
trabalho. Já o suporte geral, para as paredes de um bloco de lavra,
é realizado por enchimento do bloco com material estéril e
previnem diluição em larga escala do minério.
O método corte e enchimento utiliza o enchimento das
71

aberturas dos blocos de lavra para o suporte geral e várias técnicas


de suporte localizado.

Recalque (SHRINKAGE)

O que é recalque?

Recalque é um método de lavra de desenvolvimento


ascendente onde a maior parte do minério desmontado permanece
no bloco formando o piso operacional para o desenvolvimento da
lavra. A estabilidade das encaixantes também é uma razão para
que o minério seja mantido no interior do bloco de lavra até seu
completo desmonte. Nesse caso, o minério só é completamente
extraído após todo o bloco ter sido desmontado.
A lavra se desenvolve no sentido ascendente, em tiras
horizontais. Normalmente, em torno de 35% do minério, é removido
durante essa fase devido ao aumento de volume da rocha
fragmentada (empolamento).
O método exige muita mão de obra e é pouco
mecanizado. No entanto, é aplicável em veios estreitos onde outros
métodos são impraticáveis ou antieconômicos. Esse método é
facilmente aplicável em corpos de um metro de espessura e,
também, em grandes espessuras.

na figura abaixo pode-se observar os principais


elementos do método como o nível de produção (transportdrift), os
funis escavados no minério (drawpoint), as travessas de acesso ao
minério fragmentado (loadingcrosscut), o minério fragmentado
acumulado no bloco (blasted ore left in stope) e os chaminés
(raises) de acesso e ventilação. Veja:
72

E
retirada
http://global.b
checked/topic
ge-stoping

Os trabalhos de escavação são realizados sobre o


minério desmontado, sendo os acessos ao interior da zona de lavra
por meio de chaminés, normalmente por escadas verticais.
O transporte a superfície pode ser por caminhões por
meio de rampa ou por içamento vertical com Skip ou vagoneta.
Suas vantagens são:

 aplicável em produções pequenas e moderadas;


 esvaziamento do bloco por gravidade;
 método simples, especialmente para pequenas
minas;
 baixo investimento, pouca mecanização;
 mínimo suporte para minério e encaixantes;
 desenvolvimento moderado;
 boa recuperação de minério e baixa diluição.

Tem como desvantagens:


73

 baixa produtividade;
 custos de lavra moderados a altos;
 mão de obra intensiva e baixa mecanização;
 condições de trabalho difíceis, principalmente em
veios estreitos;
 cerca de 60% do minério fica retido até o final do
desmonte do bloco;
 o minério pode compactar, oxidar ou entrar em
combustão espontânea, quando, ainda no bloco de
lavra;
 risco de perda do bloco durante o esvaziamento se
não controlado adequadamente.

Método Corte e Enchimento (Cut and Fill)

Método no qual o minério é removido em fatias


horizontais e, imediatamente, após a fatia ter sido removida, o vazio
resultante é preenchido com material de enchimento (backfill). O
enchimento serve como suporte para as laterais do bloco
(encaixantes) e como plataforma ou teto para os equipamentos
quando a próxima fatia for minerada.
No corte e enchimento, a mineração avança de baixo
para cima (ascendente – mais comum) ou de cima para baixo
(descendente).
O ciclo de atividades envolve:

 perfuração e detonação de uma fatia horizontal de


minério, tipicamente com 3 a 4 metros de espessura;
 carga e transporte de minério com carregadeiras
frontais para caminhões ou para uma passagem de
minério (ore pass) que direciona o minério a um nível
de transporte;
74

 remoção dos blocos soltos (chocos) gerados pela


detonação e colocação dos suportes/ reforço de teto;
 enchimento de toda a fatia minerada com um material
de enchimento apropriado em toda a espessura de
minério desmontado.

observe na figura abaixo a conformação dos


elementos de lavra no método corte e enchimento:

Esta figura
foi retirada do
sitehttp://multimedia.atlas
copco.com/sharesearche
ntry.jspx?q=mining+meth
ods

A figura mostra a rampa principal com os acessos aos


Para ampliar seus
conhecimentos, assista ao
blocos de lavra. No bloco superior há a operação de perfuração em
vídeo disponível no site
http://www.youtube.com/watch um extremo e de carregamento no outro. Os equipamentos estão
?feature=player_detailpage&v
=BvhIvi96q0Q, o qual mostra a
dinâmica de uma lavra de corte
e enchimento.
75

sobre um enchimento de areia transportada em forma de polpa


(hydraulicsandfill). Os dutos de ventilação transportam ar fresco da
rampa principal para o interior do bloco de lavra. No bloco inferior
pode-se ver a operação de carregamento em caminhão e uma
frente sendo carregada com explosivos.

TÓPICO 4

MÉTODOS COM ABATIMENTO

São métodos que exigem continuidade e


homogeinidade da qualidade do minério e que a rocha seja
suficientemente instável para desmoronar enchendo o espaço em
que o minério anterior foi removido.
São em geral métodos de alta produtividade, em virtude
da simplicidade das operações conjugadas a serem empregadas.
Normalmente esses métodos são empregados em minérios de
menor valor unitário, pois a diluição costuma ser alta.
A recuperação pode ser comprometida por abandono de
minério em condições de alta diluição.

Abatimento por Subníveis (SubLevelCaving)

É um método de lavra baseado na utilização da


gravidade para o deslocamento da massa de minério desmontado
e de rocha estéril desabada.
Como qualquer método de lavra, possui vantagens e
desvantagens que devem ser cuidadosamente consideradas e
avaliadas nas fases de projeto e planejamento.
As principais vantagens são:

 segurança: todas as atividade de mineração são


efetuadas em aberturas relativamente pequenas que
são as próprias galerias de desenvolvimento;
76

 mecanização: no método, as principais atividades


podem ser listadas em quatro grupos:
 abertura de galerias com reforço dos túneis;
 perfuração de produção;
 detonação de produção (fragmentação);
 carregamento e transporte de minério. Como estas
operações são repetitivas e padronizadas, são
facilmente mecanizadas.
 gerenciamento: o método determina uma boa
concentração de atividades facilitando a organização
e condições de trabalho. A lavra se desenvolve no
sentido descendente com níveis superiores em lavra
e os inferiores em desenvolvimento.

As principais desvantagens são:

 alta diluição entre a rocha desabada e o minério


fragmentado;
 todo o minério necessita ser fragmentado com
explosivos de forma a desenvolver uma massa que
possa fluir sob efeito da gravidade;
 sujeito a perdas de minério por excesso de diluição;
 desenvolvimento prévio relativamente grande;
 formação de subsidência com danos à superfície;
 necessidade de dados apurados de características de
fluidez do minério e das encaixantes.

a figura abaixo dá uma visão clara de como o


processo funciona:
77

Esta figura foi


retirada do livro SME
Mining
EngineerHandbook.

Nessa figura, o nível superior está em fase de produção,


com o minério sendo removido e as rochas da encaixante cobrindo
o minério desmontado. Os segundo e terceiro níveis se encontram
em fase de furação de produção e o último nível em
desenvolvimento. A seção transversal à direita mostra que, sendo
um filão de grandes dimensões, os níveis podem ser desenvolvidos
com vários túneis paralelos de pequenas dimensões. O
equipamento nem os trabalhadores não acessam o interior aberto
do bloco.

Abatimento por Blocos (BlockCaving)

Abatimento por Blocos é um sistema de lavra onde a


extração do minério depende fundamentalmente da ação da
gravidade. Removendo uma fatia horizontal no nível inferior do
bloco de lavra, utilizando métodos de escavação tradicionais, o
suporte da coluna de minério é removido e o minério é fragmentado
abatido pelo seu próprio peso.
Há três variantes principais para o método de acordo
78

com o equipamento de produção:

 sistema em grade ou transporte gravitacional;


 sistema com conchas de arraste (scrapers);
 sistema sobre pneus.

veja na figura abaixo o sistema de transporte


gravitacional:

Esta figura foi


retirada do site
http://multimedia.atlascopco.c
om/sharesearchentry.jspx?q=
mining+methods

observe agora o sistema sobre pneus:


79

Esta figura foi


retirada do site
http://multimedia.atlascopco.c
om/sharesearchentry.jspx?q=
mining+methods

O método de abatimento por blocos é o de menor custo


de extração subterrânea de minérios.
É apropriado para grandes massas de minérios com
Para ampliar seus
mineralização bem dimensionada de grande extensão lateral e conhecimentos, assista aos
vídeos disponíveis nos sites
http://www.youtube.com/watch?v
vertical. A rocha pode ser frágil ou resistente, mas um sistema de =AAs8n0EUFW0 e
http://www.youtube.com/watch?v
fraturas em diferentes orientações é conveniente para o sucesso =kXvjrEonXEU, os quais
demonstram a dinâmica de
da operação. produção e a mina El Teniente, a
qual usa BlockCaving.
Block Caving é um método de altas produções. A Mina
El Teniente, no Chile, é a mina de maior produção do mundo
atingindo, atualmente, 137.000 toneladas por dia com planos de
aumento para 180.000 ton/dia.

Longwall
Para ampliar seus
conhecimentos sobre ciclos
Tamrock, assista ao vídeo
O método longwall é aplicado em jazidas tabulares, disponível no site
http://www.youtube.com/watch?v
horizontalizadas e com grandes extensões horizontais, =4wWRIabkgsg

principalmente carvão.
O método possui um layout muito simples e proporciona
produção contínua, completa mecanização e automação tendo
como consequência direta grandes produções com elevados níveis
80

de segurança.
O método produz completo abatimento do teto, com uma
pequena porção de pilares abandonados proporcionando alta
recuperação e uma subsidência de superfície regular e completa.
As profundidades de aplicação vão desde sessenta
metros até novecentos podendo, em alguns casos, ultrapassar os
mil metros. As espessuras vão desde um metro até, cerca de cinco
metros.
Os painéis de longwall são limitados pelos acessos que
são previamente escavados na própria camada a partir dos eixos
de desenvolvimento, como mostra a figura abaixo. Observe:

Esta figura foi


retirada do arquivo
pessoal do professor Arilto
Alves Valente.

A entrada frontal (headgate) é utilizada para entrada de


ar fresco, transporte do carvão minerado, pessoal e suprimentos. A
entrada de fundo (tailgate) é utilizada como retorno de ventilação.
Cada uma das entradas é composta por duas ou três galerias. A
largura dos painéis varia entre 120 e 400 metros e o comprimento
pode ultrapassar 2 mil metros.
Os pilares das entradas laterais são dimensionados para
resistir às tensões geradas pela lavra quando da deformação do
maciço
81

Equipamento de Lavra

A seguir estudaremos detalhadamente os equipamentos


de lavra.

Escavação

Em camadas pouco espessas, o equipamento mais


recomendado é a plaina tracionada por correntes. Em camadas
acima de 1,8 metros são usados as cortadeiras de tambor
(shearers).

veja na figura abaixo uma plaina:

Esta figura foi


retirada do
sitehttp://www.usmra.com/rep
ository/category/mining/wallpa
per/

Transporte na Frente

O transporte do carvão escavado é transportado na


frente pelo transportador de arraste (armoured face conveyor).
Esse equipamento possui o comprimento igual à largura do painel
de lavra e é tracionado a partir da entrada frontal.
82

Na foto acima aparece logo abaixo do tambor de corte.

veja a seguir, no longwall, o transportador de


arraste logo abaixo do tambor de corte:

Esta figura foi


retirada do
sitewww.coaleducation.org/tec
hnology/Underground/images/

Suporte

O suporte de teto no longwall forma uma blindagem


sobre toda a zona operacional. Dispõe de um sistema de
automação que faz avançar com todo o conjunto de escavação
enquanto a lavra evolui. São utilizados quantos suportes forem
necessários para cobrir toda a frente de produção.

observe agora um suporte de teto:


83

Esta figura foi


retirada do
sitehttp://www.joy.com/JoyMini
ng/ProductBrochures/Longwall
_Brochure.pdf /

Nessa unidade tivemos uma breve visão dos principais


métodos utilizados na extração de minérios em diversos tipos de Uma visão geral
do funcionamento de uma
depósitos. Os métodos são genéricos e cada mina desenvolve frente de longwall pode ser
melhor visualizada no vídeo
soluções próprias de acordo com a natureza de cada corpo mineral. (em inglês) disponível no site
http://www.youtube.com/wat
Os aspectos de forma, resistência, estados de tensão, ch?v=bXORrVmxwbM

profundidade, as reservas, etc., vão determinar a metodologia mais


adequada naquele momento e lugar para o aproveitamento do bem
mineral.
Novos métodos são constantemente desenvolvidos,
assim como equipamentos para atender novas demandas de
produção e condições cada vez mais desafiadoras.
Nos links apontados nessa unidade inúmeros outros
exemplos estão disponíveis e devem ser acessados durante o
curso para uma melhor compreensão do tema.
84

EXERCÍCIOS

1. Qual a principal característica dos métodos realces


autoportantes?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. Cite os principais métodos de lavra de realces autoportantes


_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

3. Liste os principais equipamentos de lavra em uma frente de


mineração de carvão utilizando o método câmaras e pilares.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
4. Cite três condições para sua aplicação do método desmonte
por subníveis.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
85

5.No que consiste o desenvolvimento para a lavra no método


desmonte por subníveis?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

6. O método de recalque possui um inconveniente econômico.


Explique qual é esse inconveniente de acordo com o texto da
apostila.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

7. Justifique o uso do método corte e enchimento onde há a


necessidade de transportar material estéril da superfície para
preencher os vazios.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

8. Os métodos por abatimento possuem um impacto ambiental


mais severo que os demais métodos subterrâneos. Qual é este
impacto?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
86

9. Qual o fonte de energia para a fragmentação do minério na


lavra por BlockCaving?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

10. Qual o principal bem mineral explorado com o método


Longwall?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
87

CHECK LIST

Nessa unidade você pôde aprender:

 os métodos de lavra subterrânea podem ser


agrupados em três tipos: realces autoportantes,
suporte das encaixantes ou métodos com abatimento;
 os principais critérios para a escolha do método de
lavra são sua posição espacial (atitude), a espessura
do corpo, sua profundidade, a resistência das rochas;
 cada método de lavra utiliza princípios de
funcionamento distintos assim como equipamentos
diversos. Enquanto uma lavra de carvão de câmaras
e pilares utiliza o minerador contínuo, em longwall é
empregado o Shearer.
.
88

UNIDADE 4
OPERAÇÕES COMPLEMENTARES

Objetivos de Aprendizagem

Ao final desta unidade você deverá

 identificar os princípios que regem as tensões no


maciço;
 identificar os métodos para controle de estabilidade
das aberturas subterrâneas;
 identificar as principais grandezas envolvidas em
ventilação de minas;
 identificar técnicas de medição de circuitos de
ventilação e do dimensionamento da ventilação de
minas.

Plano de Estudos

Esta unidade está dividida em dois tópicos, organizados


de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.

TÓPICO 1: ESTABILIDADE DAS ESCAVAÇÕES


SUBTERRÂNEAS EM MACIÇOS ESTRATIFICADOS
TÓPICO 2: VENTILAÇÃO DE MINAS
89

TÓPICO 1
ESTABILIDADE DAS ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS EM
MACIÇOS ESTRATIFICADOS

Conceitos

A seguir veremos alguns conceitos indispensáveis para


nossos estudos:

 maciço rochoso –formado por rochas diversas e


pelas descontinuidades naturais;
 campo de tensões – as tensões que atuam no
maciço rochoso provem de pressões geoestáticas
(oriunda da carga das próprias rochas) e dos esforços
tectônicos. O campo de tensões atua em três
direções ortogonais, sendo uma vertical e duas
horizontais;
 classificação geomecânica– sistema de
classificação do maciço rochoso baseado em
parâmetros que indicam a resistência do maciço;
 suporte–equipamentos capazes de minimizar ou
evitar as deformações dos túneis devido à sua
capacidade própria;
 reforço- equipamentos capazes de melhorar a
qualidade do maciço rochoso.

Modificação do Campo de Tensões

No ambiente natural o campo de tensões se encontra


em equilíbrio. Após a escavação ocorre um rearranjo das tensões.
A tensão tangencial torna-se máxima e a tensão radial torna-se
zero. Isso induz deformações na borda da galeria, como se pode
observar na figura abaixo:
90

Esta figura foi


retirada de Notas de aula
Prof. Zingano, A - UFRGS

O campo de tensões no maciço foi perturbado pela


escavação. As tensões rearranjadas se concentram no entrono da
escavação.

Dimensionamento de Pilares

Os pilares são porções de minério deixadas para suporte


do maciço sobrejacente. São utilizados em minérios tabulares
podendo ser de forma quadrada, retangular ou irregular. A
distribuição das tensões no pilar e a resistência do mesmo depende
das rochas encaixantes e suas relações com o pilar.

veja na figura abaixo a configuração típica de


pilares de minas:

Retirado de van der Merwe,


J.N. -2003
91

Carregamento de um Pilar

A tensão vertical antes de uma escavação σ (ou tensão


primitiva) é dada por γH, onde γ é o peso específico da cobertura
em kN/m³ e H é a profundidade em metros (m).

σ =γ.H em kPa

A tensão sobre o pilar (σv) será a carga sobre a área


minerada distribuída pela área do pilar (Ap).

𝛾.𝐻.𝐴𝑡
𝜎𝑣 = em kPa
𝐴𝑝

Recuperação
A recuperação é o quanto se extrai da área total
𝐴𝑝
𝑅𝑒𝑐 = 1 − x 100 em %
𝐴𝑡
Resistência do Pilar
92

A figura abaixo representa um conjunto de pilares (em


branco) sustentando um bloco que representa o maciço (em
amarelo). Veja:

Do que depende a resistência de um pilar?

A resistência do pilar depende de sua forma e tamanho.


A resistência de uma rocha que é determinada em
ensaios de laboratório geralmente é maior do que a resistência do
maciço rochoso porque os ensaios em laboratório são realizados
em corpos de prova de dimensões pequenas, intactos e sem
defeitos.

 A resistência do pilar (em função do efeito forma) é


determinado por duas fórmulas empíricas básicas:
uma linear e outra em forma de potência;
93

 são função da resistência do maciço, altura e largura


do pilar;
 os parâmetros A, B, a e b dependem das
características do carvão e podem ser estimados por
ensaios com Corpos de Prova de diferentes razões
w/h - largura/altura do pilar.

Vários autores apresentaram fórmulas empíricas


fundamentadas nos preceitos acima enumerados nos últimos 40
anos e todas são elas baseadas nas duas fórmulas abaixo:

𝑤 𝑤𝜎
𝜎𝑝 = 𝜎𝑚 ቀ𝐴 + 𝐵 ቁ 𝜎𝑝 = 𝜎𝑚
ℎ ℎ𝛽

Os estudos de Bieniawski para carvão (EUA) apontaram


os coeficientes A=0.64 e B=0.36, aplicados à primeira equação.
Os estudos de Salamon (África do Sul) indicaram os
coeficientes α = 0.46 e β=0.66 também para carvão. O termo σm
exprime a resistência do carvão tomado de testes de laboratório
com um bloco da maior dimensão possível de remover e
transportar.
w e h são respectivamente a largura e a altura do pilar.

Fator de Segurança

A relação entre a resistência do pilar e a carga atuante


sobre o mesmo é definida como Fator de segurança ou Coeficiente
de Segurança, assim calculado:
94

𝜎𝑝
F.S= (sem dimensão)
𝜎𝑣

O legislador normalmente especifica o FS para cada


condição de mina.

Dimensionamento de Escoramento de Teto

Existe uma ampla gama de tipos de suportes ou


mecanismos de sustentação em escavações subterrâneas.
A seleção do suporte é influenciada por vários fatores,
tais como: a vida útil e durabilidade da abertura, estado de tensões
no maciço rochoso, grau de estabilidade requerido e também o
custo de instalação.
As galerias das minas de carvão geralmente são
caracterizadas pela associação de rochas de pouca resistência
suscetíveis a deformações consideráveis sob tensões moderadas
e, em alguns casos, a situação agrava-se quando estas são
afetadas pela água.
Essa seção aborda o assunto referente às causas e
condições em que ocorrem as rupturas de teto. Igualmente, são
apresentados os tipos de parafusos ou chumbadores usualmente
empregados em minas subterrâneas de carvão e os mecanismos
de sustentação disponíveis para evitar o colapso do teto das
galerias.

Condições de Ruptura do Teto

As rupturas causadas por tração apresentam as


seguintes características:
95

 baixa razão entre a tensão horizontal e vertical;


 presença de teto laminado ou finamente estratificado;
 largura das galerias muito extensa;
 fraturas no teto e/ou no carvão;
 baixo módulo de young das rochas do teto e do
suporte utilizado.

Veja agora as condições que causam ruptura do teto por


cisalhamento:

 teto imediato com baixa resistência ao cisalhamento,


na maioria das vezes causada pela presença de
laminação, juntas e outras características geológicas;
 grande profundidade de cobertura;
 tensão horizontal significativamente alta;
 largura das galerias muito extensa;
 tipo de suporte utilizado;
 presença de rocha menos resistente acima do teto
imediato.

Tipos de Abatimento de Teto Conforme Wier (1970)

Uma técnica utilizada para projetar o escoramento é a


classificação do tipo de ruptura do teto. Várias classificações foram
propostas. A figura abaixo mostra a Classificação de Wier (1970):
96

Esta figura foi


retirada de Wier C.E.
1970

De acordo com a teoria da elasticidade, numa


escavação com seção retangular, a tensão de tração horizontal
máxima no teto ocorre na parte central da abertura, ou seja, no
meio da galeria. Já a tensão máxima de cisalhamento ocorre na
intersecção do teto com a parede da galeria, no caso de minas
subterrâneas de carvão na linha teto-pilar.
A ruptura de teto por concentração de tensões de
cisalhamento, comumente chamado de cutter roof (Peng, 1986 e
1996), envolve o maciço rochoso do teto. O maciço é delimitado
pelas extremidades laterais da galeria por planos de cisalhamento
paralelos a linha de intersecção teto-pilar, estendendo-se quase
que verticalmente para o interior do estrato rochoso.
97

veja como se processa o Cutter roof:

Esta figura foi


retirada de Peng. 1986 –
Coal Mine GroundControl

Quando o Cutter roof (fratura vertical) atinje a altura


máxima da ancoragem dos parafusos, ocorre a ruptura ao longo de
um plano de fraqueza e toda a porção do teto entra em colapso.

Escoramento de Teto

Os sistemas de sustentação de teto em mina


subterrânea de carvão têm apresentado notáveis mudanças no seu
desenvolvimento ao longo do tempo. Até a primeira metade do
século XX foi dominada por escoramentos de madeiras como o
principal meio para manter estáveis as vias em minas
subterrâneas. A aplicação de hastes de aço resultou em um notável
melhoramento nos padrões de suporte, tanto prático como em
melhoria da segurança.

Parafusos de Ancoragem Pontual


98

Neste tipo de parafuso, um dispositivo fixa a


extremidade superior na rocha e na outra extremidade, junto ao
teto, através de uma placa e uma porca, o conjunto é tensionado,
aplicando carga sobra a rocha. O dispositivo de ancoragem pode
ser mecânico (coquilha) ou químico (resina), conforme figuras
abaixo. Na primeira figura temos os parafusos decoquilha de
expansão e na segunda figura temos o parafuso de resina:

Esta figura foi


adaptada de Peng 1986
Coal Mine GroundControl

Parafuso de Coluna Total

O parafuso de coluna total é um sistema de escoramento


passivo. Nele, a rocha não é comprimida pela ação da porca, uma
vez que todo o tirante se encontra aderido à rocha. No entanto, não
há espaço entre o aço e a rocha, completamente preenchido por
resina. Assim, o sistema parafuso/resina impede os deslocamentos
da rocha provenientes da deformação e o parafuso vai sendo
gradativamente submetido há tensões de tração e cisalhamento a
medida que a rocha deforma, se opondo a esta deformação.
99

veja a seguir a figura de um parafuso de coluna


total e de um cartucho de resina:

Esta figura
foi adaptada de Peng
1986 Coal Mine
GroundControl

Suporte de Teto por Suspensão

O princípio da suspensão assume que os parafusos de


teto estão espaçados de maneira que a sua capacidade de carga
seja igual ao peso morto das camadas que tendem a cair. Para um
dado espaçamento entre parafusos e para uma determinada
espessura de rocha, a carga suportada pelo parafuso, Wb (t), é
dada pela seguinte equação:
100

O desenho representado na seguinte refere-se há uma


situação em que toda a camada solta está sendo (a)
completamente suspensa pelo parafuso (situação do cálculo
acima) e (b) apoiada nos pilares, situação mais próxima à
realidade.

Esta figura foi


retirada de Peng. 1986 –
Coal Mine GroundControl

Mecanismo de suspensão – (a) carga total sobre os


parafusos; (b) parte da carga apoiada sobre os pilares.
O apoio fornecido pelos pilares oferece om fator de
segurança maios ao cálculo dos tirantes pelo processo acima.
101

O mecanismo de suspensão atua em situações em que


o teto imediato é formado por camadas fracas, e que o mesmo
possa ser pendurado por parafusos no teto principal.

Reforço de Teto por Atrito (Efeito Viga)

Quando o teto imediato é finamente estratificado ou


laminado de maneira que a combinação das espessuras é grande,
comparado ao comprimento dos parafusos, o mecanismo de
suporte por suspensão não é aplicável (Peng, 1986). O conceito
básico do mecanismo de reforço por efeito viga ou fricção consiste
em aumentar a resistência ao cisalhamento na interface dessas
camadas. Portanto, os parafusos devem agrupar essas finas
camadas em uma única e espessa estrutura, tornando o maciço
mais resistente à deformação.

veja a figura a seguir:

Esta figura foi


retirada de Peng. 1986 –
Coal Mine GroundControl

A figura mostra um desenho esquemático do reforço do


teto por efeito viga. A aplicação do mecanismo de reforço requer o
conhecimento da espessura ótima para a composição de uma
estrutura estável.
102

TÓPICO 2
VENTILAÇÃO DE MINAS

Objetivo de um Sistema de Ventilação

Qual o objetivo do sistema de ventilação?

O objetivo básico de um sistema de ventilação


subterrâneo é prover fluxo de ar em quantidade e qualidades
suficientes para diluir contaminantes para concentrações seguras
em qualquer parte onde seja necessária para o trabalho o
circulação de pessoas.
A maneira como quantidade e qualidade são definidas
varia de país para país, dependendo de sua história mineira, dos
poluentes de maior preocupação e as políticas e estrutura social do
país.
A figura a seguir oferece uma visão geral das áreas de
interesse em se tratando de ventilação de minas:
103

Esta figurafoi
adaptada de McPherson,
M.J.
SubsurfaceVentilationEngin
eering

Conceitos Gerais

Vazão é o volume de ar que passa por uma determinada


seção em uma unidade de tempo.
Veja a seguir a fórmula para calculara vazão:

Q = m³/s

ou

Q = m³/min

Pressão é o efeito do choque das moléculas contra as


paredes do recipiente que as contém.
104

A pressão estática atua perpendicularmente às


paredes do recipiente. A pressão dinâmica atua na direção do
fluxo.
Veja a seguir a fórmula para calcular pressão:

Pressão= Força
Área

Num sistema de ventilação, a pressão é resultado da


resistência à passagem do ar pelas galerias, planos, rampas,
poços, etc somados ao impacto do ar contra obstáculos existentes
no fluxo como redução de seção, equipamentos nas galerias,
mudanças de direção, etc.

Medição da Pressão

A seguir veremos os instrumentos utilizados para medir


os diferentes tipos de pressão.

Barômetro

É utilizado para medir pressão atmosférica.

Esta figura foi


retirada do site:
http://www.alunosonline.co
m.br/
105

Esta figura foi


retirada do site:
http://www.alunosonline.co
m.br/

Manômetros em U -Magnehelic

É utilizado para medir a pressão diferencial:

Estas figura s
foram retiradas dos sites:
http://www.dwyer-inst.com/
e
http://www.3bscientific.com
.br

Pressão Total

A pressão total do sistema cresce continuamente a partir


da tomada de ar, alcançando o valor máximo no exaustor (em um
sistema de exaustão)
A pressão total possui dois componentes: pressão
estática e pressão dinâmica.
A unidade de medição de pressão no SI é Pa (Pascal).
É ainda muito comum expressar pressão em mm de coluna de
água mmCA. Obs.: 1mmCA = 9,8 Pa.
106

Pt = Pe + Pd

Equação de Atkinson

P = k L per Q² Pa

Onde:

 P – pressão;
 k -coeficiente de Atkinson;
 per - perímetro
 L – comprimento do trecho ;
 Q – Vazão;
 A – seção do conduto ou galeria.

O coeficiente k traduz a condição da superfície onde o


ar circula. Paredes lisas tem um k pequeno, galerias rugosas, com
escoramento de madeira, tem k elevado.
Observa-se pela equação que a pressão cresce
diretamente com o k, o comprimento e o perímetro. Cresce ao
quadrado com a vazão, isto é, se a vazão duplica, a pressão
quadriplica. No entanto, cai com a seção. Se a seção do conduto
duplica, a pressão cai oito vezes. Assim, pode-se entender a
importância de galerias de ventilação com a seção preservada e
desobstruída.
O coeficiente de Atkinson foi determinado
experimentalmente por vários autores, de forma a se poder calcular
a ventilação de minas projetadas ou quando não há viabilidade de
medi-lo diretamente nas vias subterrâneas. Abaixo os valores do
107

Coeficiente de Atkinson (k) e também do coeficiente de fricção (f)


segundo McPherson

Valores de k – Coeficiente de Atkinson ou Fator de Fricção

Esta figurafoi
adaptada de McPherson,
M.J.
SubsurfaceVentilationEngin
eering

Valores de K conforme McPherson

Medição da Vazão(Q)

A vazão é o principal parâmetro do circuito de ventilação.


Com um monitoramento criterioso podemos determinar a
distribuição do fluxo de ar dentro do circuito de ventilação. Esse
procedimento permite estimar as fugas bem como os trechos do
circuito com problemas de ventilação.
Para determinação das vazões em um determinado
ponto é preciso a obtenção da:

 área da seção onde se está medindo a vazão;


 a velocidade do ar no ponto.

A fórmula para a medição da área é:

Área = largura x altura


108

Esta figurafoi
adaptada de McPherson,
M.J.
SubsurfaceVentilationEngin
eering

Medição da Velocidade do Ar(v)

Para a medição da velocidade do ar utiliza-se o


anemômetro. Várias medidas devem ser tomadas regularmente
distribuídas na galeria de forma a se tomar a velocidade média.

Esta figura foi


adaptada de McPherson,
M.J. SubsurfaceVentilation
Engineering

Para calcularmos a vazão utilizamos a fórmula a seguir:

Q(m³/s) = A(m²) x v (m/s)


109

Determinação da Quantidade de Ar Necessária

A quantidade de ar necessária em uma atividade


subterrânea depende de fatores como: quantidade de pessoas,
temperatura ambiente, quantidade e potência de equipamentos,
quantidade de explosivos utilizada, emissão de gases provenientes
das rochas, umidade, temperatura da rocha, profundidade, etc.
No Brasil a determinação da vazão necessária é
regulada pela NR22, Seção 22.24 – Ventilação em Atividades do
Subsolo. Os principais itens desta norma são:

 a vazão de ar necessária em minas de carvão, para


cada frente de trabalho, deve ser de, no mínimo, seis
metros cúbicos por minuto por pessoa;
 a vazão de ar fresco em galerias de minas de carvão
constituídas pelos últimos travessões arrombados
deve ser de, no mínimo, duzentos e cinquenta metros
cúbicos por minuto;
 em outras minas, a quantidade do ar fresco nas
frentes de trabalho deve ser de, no mínimo, dois
metros cúbicos por minuto por pessoa;
 no caso da utilização de veículos e equipamentos a
óleo diesel, a vazão de ar fresco na frente de trabalho
deve ser aumentada em três e meio metros cúbicos
por minuto para cada cavalo-vapor de potência
instalada;
 no caso de uso simultâneo de mais de um veículo ou
equipamento a diesel, em frente de desenvolvimento,
deverá ser adotada a seguinte fórmula para o cálculo
da vazão de ar fresco na frente de trabalho:

QT = 3,5 ( P1 + 0,75 x P2 + 0,5 x Pn ) [ m³/min]


110

Onde:
 QT = vazão total de ar fresco em metros cúbico por
minuto;
 P1 = potência em cavalo-vapor do equipamento de
maior potência em operação;
 P2 = potência em cavalo-vapor do equipamento de
segunda maior potência em operação;
 Pn = somatório da potência em cavalo-vapor dos
demais equipamentos em operação.
 No caso de desenvolvimento, sem uso de veículos ou
equipamentos a óleo diesel, a vazão de ar fresco
deverá se dimensionada à razão de quinze metros
cúbicos por minuto por metro quadrado da área da
frente em desenvolvimento;
 Em outras minas e demais atividades subterrâneas a
vazão de ar fresco nas frentes de trabalho será
dimensionada de acordo com o disposto no Quadro
II, prevalecendo a vazão que for maior.

Cálculos

Cálculo da vazão de ar fresco em função do número


máximo de pessoas ou máquinas com motores a combustão a óleo
diesel:

QT = Q1 x n1 + Q2 x n2 [m³/min]

Onde:

 QT = vazão total de ar fresco em m³/min;


 Q1 = quantidade de ar por pessoa em m³/min(em
minas de carvão = 6,0 m³/min ; em outras minas = 2,0
111

m³/min);
 n1 = número de pessoas no turno de trabalho;
 Q 2 = 3,5 m³/min/cv (cavalo-vapor) dos motores a óleo
diesel;
 n2 = número total de cavalo-vapor dos motores a óleo
diesel em operação

Cálculo da vazão de ar fresco em função do consumo de


explosivos

QT = (0,5 x A)xVm³/min]
t

Onde:

 QT = vazão total de ar fresco em m3/min;


 A = quantidade total em quilogramas de explosivos
empregados por desmonte;
 t = tempo de aeração (reentrada) da frente em
minutos.
 V= volume gasoso gerado por quilo de explosivo em
m³/kg.

A vazão total da mina será a soma das vazões de todas


as frentes de lavra, somadas às atividades secundárias fora das
frentes mais as perdas de ar do circuito. Esta vazão deve ser
utilizada para a determinação da capacidade volumétrica do
exaustor principal.

Comentários Finais
112

Chegamos ao final de mais uma disciplina e nessa


unidade abordamos a Mineração Subterrânea.
Esse trabalho, longe de esgotar o assunto tem como
objetivo servir como referência aos técnicos envolvidos com
mineração subterrânea, fornecendo também as indicações para
pesquisa específica nas diversas áreas envolvidas na mineração.
Para fixar os conhecimentos a disponibilizados, realize
os exercícios a seguir.
113

EXERCÍCIOS

1. Calcule a tensão primitiva em um maciço situado a 400


metros de profundidade. As rochas sobrejacentes apresentam um
peso específico de 2,8 kN/m³?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

2. Em um projeto de mina foram calculadas as tensões


previstas nos pilares e as resistências desses. A resistência
encontrada foi de 14,9 Mpa e a carga atuante foi de 10,0 Mpa.
Calcule o Fator de Segurança (F.S).
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

3. Quando o teto principal resistente se encontra em uma altura


que não pode ser alcançado para ancorar os parafusos de teto,
qual o método que pode ser aplicado nessa situação?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

4. Qual o objetivo da ventilação de minas?


_____________________________________________________
_____________________________________________________
114

_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

5. O fluxo de ar circula por uma galeria de 5,6 metros de largura


média e 2,7 de altura média. A velocidade do ar medida nesta
seção foi de 3,8 m/s. Qual a vazão de ar nesta galeria?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

6. Em uma mina de carvão, um posto de trabalho é ocupado


por dez pessoas. Não há atividade de lavra ou operação de
equipamentos diesel neste local. Qual a quantidade de ar que deve
ser provisionada para atender este posto de acordo com a NR22?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

7. Qual a vazão necessária para uma frente em que operam uma


carregadeira LHD de 300 cv e um caminhão de 250 cv
simultaneamente? Apenas os seus operadores permanecem
no local.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
115

CHECK LIST

Nessa unidade você pôde aprender:

 a tensão nas rochas em profundidade é diretamente


proporcional à sua densidade e a profundidade que
se encontra;
 quando uma galeria (abertura) é escavada neste
maciço, o estado de tensão é afetado e se rearranja
para buscar uma nova condição de equilíbrio;
 a estabilidade das aberturas pode ser alcançada com
o emprego de vários dispositivos de reforço das
rochas. Os mecanismos de suspensão e efeito viga
são aplicados cada um conforme as características
das rochas do teto;
 a ventilação de minas tem como objetivo levar ar
fresco desde a superfície até os postos de trabalho de
forma a garantir as condições de saúde e conforto;
 para determinar a quantidade de ar circulando em
uma galeria é necessário determinar a seção desta
galeria e medir a velocidade do ar na mesma seção.
116

GABARITO COMENTADO

UNIDADE 1

Questão 1
A sociedade está vivenciando um super ciclo impulsionado pelos países emergentes e
liderados pela China, que tem criado uma forte demanda por metais.

Questão 2
Em decorrência da redução dos teores por exaustão das jazidas mais ricas, as minas
subterrâneas, que tem um custo maior, se tornam antieconômicas. Os novos processos
de metalúrgicos viabilizam o aproveitamento de minérios de baixo teor extraídos em
minerações a céu aberto.

Questão 3
A mineração consiste na escavação e manuseio de sólidos provenientes desta. Os
demais sistemas estão para garantir o bom funcionamento desse processo.

Questão 4
A escolha do método de lavra depende da forma e dimensões do depósito, de sua
profundidade, do condicionamento geológico que está submetido, da resistência das
rochas em que está contido, dos teores e distribuição do metal de interesse do depósito.

Questão 5
Os principais sistemas envolvidos na mineração subterrânea são a escavação e
manuseio de sólidos, o controle do maciço, os suportes à lavra como ventilação,
drenagem, saúde e segurança e o suporte logístico referente a energia, suprimentos,
manutenção, topografia, pesquisa mineral, etc.

UNIDADE 2

Questão 1
As operações mineiras são, fundamentalmente, divididas em fragmentação de rocha e
transporte de material.
117

Questão 2
O ciclo genérico operacional é composto de corte + perfuração + detonação +
carregamento + transporte + içamento. Mais simplificadamente a perfuração + detonação
+ carregamento + transporte.

Questão 3
A fragmentação mecânica age sob a forma de penetração por cunha ou indentação e
por fragmentação por cisalhamento.

Questão 4
O material utilizado na fabricação dos elementos de fragmentação mecânica é o metal
duro que é uma mistura de Carbeto de Tungstênio (WC) com Cobalto (Co).

Questão 5
Atualmente, as perfuratrizes utilizadas são as pneumáticas. São leves, de baixo custo e
tecnologia bem dominada, porém tem baixa eficiência, produzem muito ruído e neblina
no ambiente de trabalho.

Questão 6
As brocas integrais ou monobloco são compostas de punho, haste e coroa.

Questão 7
Drag Bits são adequados para a fragmentação de rochas mais moles com resistências
abaixo de 70 MPa. Os DiskCutters são indicados para rochas que vão até 270 Mpa de
resistência a compressão. Em rochas moles não são indicados. Os Button Cutters são
aplicados em rochas com resistência acima de 270 Mpa.

Questão 8
Os Drag Bits são utilizados em mineradores contínuos, Road Headers e Cortadeiras de
tambor em carvão, sal e outras rochas brandas.

Questão 9
Para resolver este exercício, você deve aplicar os valores do enunciado na fórmula.
118

Prod = (Th x L)/(t+tv)


Prod =(1*0,75 * 38) / ((18+2,5)/60)
Prod= 83,41 t/h.

Questão 10
Equipamentos de transporte por batelada: caminhão, LHD, CoalHauler, Shuttle-car.
Equipamentos de transporte contínuo: correias transportadoras, transportadores
flexíveis, transportadores de correntes, etc.

UNIDADE 3

Questão 1
A principal característica dos realces autoportantes é que as áreas mineradas
permanecem abertas após a extração do minério.

Questão 2
Os principais métodos de realces autoportantes são câmaras e pilares, desmonte por
subníveis, recuo por crateras verticais e shrinkage.

Questão 3
Os principais equipamentos de cãmaras e pilares em carvão são minerador contínuo,
shuttle-car, quebrador alimentador e perfuratriz de teto (roofbolter).

Questão 4
São condições necessárias para aplicação do método de desmonte por subníveis: boa
resistência do minério, a estabilidade das encaixantes, uniformidade e extensão do
corpo.

Questão 5
O desenvolvimento no método de subníveis consiste na abertura das rampas de acesso,
dos níveis e subníveis, a escavação dos chaminés de ventilação e a abertura dos funis
onde o minério irá escorrer para ser carregado.

Questão 6
119

No método de recalque (shrinkage) grande parte do minério fica retido dentro do bloco
de lavra até que todo o bloco seja desmontado não podendo ser vendido neste período.

Questão 7
O uso do método de corte e enchimento se justifica, pois é utilizado quando as rochas
do minério ou encaixante são muito frágeis. Então, o enchimento vai evitar que elas
desmoronem inviabilizando o aproveitamento do bem mineral.

Questão 8
O impacto dos métodos de abatimento são maiores, pois sempre provocam o
rebaixamento da superfície, modificando a topografia ou criando grandes buracos
similares a minas a céu aberto.

Questão 9
A energia de fragmentação do blockcaving é a gravidade, sendo o material fragmentado
pelo peso próprio.

Questão 10
O principal bem mineral explorado com o método Long Wall é o carvão mineral.

UNIDADE 4

Questão 1

σ= γ .H=

σ = 2,8 X 400
σ = 1.120 kPa

Questão 2
F.S. =14,9 / 10 = 1,49
Questão 3
Reforço do teto por atrito (Efeito Viga).
120

Questão 4
O objetivo básico de um sistema de ventilação subterrâneo é prover fluxo de ar em
quantidade e qualidades suficientes para diluir contaminantes para concentrações
seguras em qualquer parte onde seja necessária para o trabalho ou circulação de
pessoas.

Questão 5
A = 5,6m x 2,7m = 15,12 m²
Q = 15,12 m² x 3,8 m/s = 57,456 m³/s x 60 =3.447 m³/min.

Questão 6
Q = Q1 .n1 = 6 x 10
Q = 60 m³/min/ 60 s =1,0 m³/s.

Questão 7
QT = 3,5 ( P1 + 0,75 x P2 + 0,5 x Pn ) [ m³/min]
Qt = 2 x 2+ 3,5 x (300 + 0,75 x 250)
Qt = 4+ 3,5 x 487,5
Qt = 1.710,25 m³/min ou 28,50 m³/s.
121

REFERÊNCIAS

FACE Drilling.[S.L.]: Atlas Copco Rock Drills , [19 - - ?]. 1CD-ROM.

HAULAGE SYSTEMS BROCHURE. Disponível em:<www.joy.com>. Acesso em: 08


abr. 2013.

LONGWALL BROCHURE. Disponível em:<www.joy.com>. Acesso em: 08 abr. 2013.

MINING ENGINEER HANDBOOK.Disponível em:


<https://www.smenet.org/store/mining-books.cfm/SME-Mining-Engineering-Handbook,-
2nd-edition/100-2>.Acesso em:09 abr. 2013.

UNDERGROUND Mining Methods.[S.L.]: Atlas Copco Rock Drills , [19 - - ?]. 1CD-
ROM.

PENG, S.S. 1986 Coal Mine Ground Control

PENG, S. S 2008. Coal Mine Groud Control

WEISS, A.L. 2003.Incorporação de Dados Geomecânicos em Projetos de Suporte de


Teto em Minas de Carvão.

ZÍNGANO, A. UFRGS .Notas de aula

MCPHERSON, M.J. Subsurface Ventilation Engineering. UoC, Berkeley

HARTMAN, H.L. 1997. Mine Ventilation and Air Conditioning


122

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