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Trabalho sobre o Sistema Complemento

Discente: Victor Jhonata Costa Sousa


Docente: Sérgio Ricardo Stuckert Seixas
Disciplina: Imunologia

Sistema Complemento

O sistema complemento é um dos mais importantes mecanismos


que atuam para que o reconhecimento de patógenos seja convertido em
uma resposta imune efetiva contra uma possível infecção. É constituído
por uma cascata enzimática que auxilia na defesa, sendo essa a razão
do nome “complemento”. Esse sistema é formado tanto por proteínas
solúveis no plasma quanto por proteínas expressas na membrana
celular.
Entre as funções do sistema complemento, encontram-se:
fagocitose, opsonização, quimiotaxia de leucócitos, liberação de
histamina dos mastócitos e basófilos e de espécies ativas de oxigênio
pelos leucócitos, vasoconstrição, contração da musculatura lisa,
aumento da permeabilidade dos vasos, agregação plaquetária e citólise.
Existem três vias de ativação possíveis para o sistema
complemento: a via clássica, a via alternativa e a via da lectina. As três
vias diferem na forma de iniciação, porém se assemelham nas etapas
finais, visto que todas culminam no complexo de ataque à membrana
(MAC), a fase terminal do sistema.

Os componentes da via clássica


costumam ser rotulados com um C e um
número (p. ex., C1, C3), com base na
ordem em que essas proteínas foram
identificadas. Já na via alternativa, os
componentes são geralmente
classificados por letras (p. ex., fator B,
fator D) ou por nome (p. ex., properdina).
A via de ativação clássica possui um importante papel tanto na
imunidade inata quanto na adaptativa e sua ativação ocorre
principalmente por complexos antígeno-anticorpo. Inicia-se pelo
complexo C1, que se liga através da porção C1q à fração Fc de uma
imunoglobulina já ligada a um antígeno. C1 então passa a clivar C4 e
C2, formando C4b e C2a, que formam a C3 convertase (C4bC2a),
responsável pela clivagem de C3. Ao clivar C3, é formado C3a e C3b, e
este segundo se liga à C3 convertase, formando a C5 convertase
(C4bC2aC3b), que, por sua vez, cliva C5 em C5a e C5b, ativando a
fase terminal do sistema complemento.
C3 não é clivado apenas no processo iniciado por C1, sendo
clivado em pequena escala o tempo inteiro na nossa corrente
sanguínea. Assim, a via alternativa é ativada em pouca intensidade na
fase fluida continuamente. A ativação é intensificada na presença de um
ativador exógeno. C3b (depositada na superfície de partículas
ativadoras da via alternativa) possui um sítio de ligação para fator B,
que se liga a este sítio na presença de Mg. Fator D cliva o fator B,
formando Ba e Bb. Bb permanece ligado a C3b, formando C3bBb que,
estabilizado pela properdina, passa a atuar como C3 covertase, que
catalisa a clivagem de novos C3 em C3a e C3b. C3b pode ser
depositado sobre o microrganismo ou se ligar à C3 convertase,
formando C3bCBb(C3b), que é a C5 convertase da via alternativa.
Os fragmentos C3a, formados nas vias clássica e alternativa,
atuam como anafilotoxinas após serem liberados na corrente
sanguínea, e estimulam o processo inflamatório através da ativação de
fagócitos.
Com a descoberta de que lectinas circulantes podem ligar-se a
resíduos de manose de polissacarídeos microbianos, é caracterizada a
terceira via de ativação do sistema complemento, a via das lectinas. As
lectinas ligadoras de manose (MBL), se assemelham muito à estrutura
tridimensional de C1q. As MBLs se ligam a semiproteases (MASP). As
MASP1 e MASP2 são as responsáveis por clivar as proteínas do
complemento nesta via. Com a formação do complexo MBL-MASP, C4 e
C2 sofrem clivagem. C4b e C2a fixam-se à membrana enquanto os
outros fragmentos são liberados. Assim se forma a C3 convertase
(C4bC2a) na via das lectinas. C3 então é clivada, e C3b se liga ao
complexo, gerando a C5 convertase (C4bC2aC3b).
Em todas as vias é a C5 convertase a responsável pela ativação
da fase terminal do sistema complemento. Com a clivagem de C5, o
fragmento C5b se associa às proteínas C6 e C7, formando o complexo
C5bC6C7. O componente C7 é altamente hidrofóbico, e se insere na
bicamada lipídica da membrana, fixando nela o complexo. C7 também
possui grande afinidade com C8, e sua ligação ao complexo forma
C5bC6C7 (C5b-8). Após isso, proteínas C9 passam a se ligar à parte
C5b-8, resultando no complexo de ataque à membrana (MAC), que
forma um poro na mesma. Isso permite a livre entrada de íons e água,
causando desequilíbrio e resultando na ruptura da célula ou
microorganismo.
Para evitar uma ativação excessiva do SC, são necessários
mecanismos inibitórios, pois esse excesso de ativação resultaria na
formação de MAC em tecidos próprios, formando mediadores
inflamatórios em excesso. Exemplos de moléculas reguladoras são o
fator acelerador da dissociação (DAF), que remove C2a da C3
convertase, e a esterase inibidora de C1 (C1-INH), que impede C1 de
se ligar ao complexo antígeno-anticorpo. Quando o controle sobre o
sistema complemento é quebrado, condições patológicas podem ser
geradas, a exemplo do Angioedema Hereditário (AEH) e da Síndrome
Urêmica Hemolítica Atípica (SHUa).
Portanto, o sistema complemento é essencial para uma resposta
imune eficaz, porém a manutenção de seu equilíbrio é de suma
importância para se evitar a patogênese de algumas doenças.

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