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21 de Junho de 2021

União estável putativa - Por Aline Bueno

SUMÁRIO. 1. Introdução. 2. Evolução histórica. 3. Concubinato,


Sociedade de Fato e União Estável. 4. Características da União Estável.
5. Efeitos da União estável. 6. Direitos e deveres da União Estável. 7.
Conceito de boa-fé Objetiva. 8. Natureza da boa-fé. 9. Aplicabilidade da
boa-fé no Direito de Família. 10. Boa-fé objetiva e o casamento. 11. As
relações extra-conjugais. 12. Estatuto das Famílias. 13. O instituto da
putatividade. 14. Conceito de união estável putativa. 15. Análise do caso
concreto. 16. A dignidade da pessoa humana. 17. Análise
Jurisprudencial. 18. Casamento putativo x União estável putativa. 19.
Características. 20. Efeitos. 21. Conclusão.

RESUMO: O presente artigo tem por finalidade estudar a questão das


famílias simultâneas constituídas de boa-fé, com o fim de reconhecer a
elas todos os direitos que são atribuídos atualmente a união estável
fazendo-se para tanto, analogia ao casamento putativo, objetivando
desta forma, a proteção da família, a honra e a dignidade da pessoa
humana. Faz-se, portanto, alguns apontamentos sobre a união estável,
a boa-fé objetiva no Direito de Família, o instituto da putatividade, e as
famílias paralelas; e por fim foram analisados e traçados meios que
possam servir de base para a possibilidade de reconhecimento destas
uniões em nosso ordenamento jurídico.

Palavras-chave: União Estável, Boa-fé, Entidade familiar, Relação


paralela.
ABSTRACT: This essay aims to study the question related to
simultaneous families, constituted by good faith, to recognize to them
all the rights presently atributted to the stable unions without
marriage, in analogy to putative marriage, having as goal the protection
of the family, the honor and dignity of the human person. It is,
therefore, necessary some remarks about stable relationship without
marriage, the objective good faith in the Family Law, the institute of
putative wedding, the parallel families, and finally were analysed and
remarke the means witch may provide a ground to the possibility of
recognition of these relationships within our law system.

Keywords: Stable Union, Good faith, family entity, parallel


relationship.

1. Introdução
O presente artigo tem por objetivo expor, primeiramente, do que se
tratam as chamadas famílias paralelas e demonstrar por que tais
famílias merecem a proteção do Estado. As famílias paralelas não são
criação recente da sociedade, trata-se de fenômeno antigo que sempre
teve a recusa de seu reconhecimento e seus direitos negados pelo Poder
Judiciário e pela sociedade, quase sempre por preconceitos de uma
população que não admitindo a existência destas famílias, como se isso
as fizessem desaparecer, influenciou diretamente às decisões dos
tribunais. Trata-se não só de relacionamentos amorosos escusos e
clandestinos, ou de meras sociedades de fato, como por anos tem-se
tentado pregar, mas sim de uma concreta entidade familiar, por estar
fundamentada na boa fé, devendo desta forma, receber toda a proteção
e respeito do Estado. Para isso buscará na história a evolução das
relações concubinárias até o patamar da união estável, estabelecida
como entidade familiar pela Constituição Federal de 1988.

A presente pesquisa pretende demonstrar quais os requisitos e efeitos


de uma união estável putativa, fazendo-se analogia ao casamento
putativo já presente no Código Civil, com o intuito de conceder não só
direitos patrimoniais a quem por anos achava-se vivendo em uma
perfeita relação estável, quando na verdade era enganado, e ao final de
tal convivência, ainda via-se a margem do direito. Pretende também,
analisar a união estável putativa, e a dignidade humana de quem de
boa-fé conviveu, sofreu, amou, ajudou e cuidou de outro, exercendo
nada mais que o papel de uma companheira.

O princípio da boa fé será o norteador da pesquisa, e a busca por


analogia do casamento putativo para melhor elucidar o direito da união
estável putativa, será analisado em defesa dos direitos personalíssimos
e da dignidade humana da pessoa que estabeleceu um projeto de vida
pensando viver a entidade familiar da união estável, tendo direito de
ser protegida com fundamento no Princípio da Dignidade humana.

2. Evolução histórica
O concubinato conhecido até o advento da Constituição Federal de
1988 era considerado uma forma de união à margem do casamento,
uma vez que era reconhecido como simples união informal e irregular
aos olhos da sociedade e do Poder Judiciário. Implicava um valor
negativo, seja sob o ponto de vista ético, seja religioso ou puramente no
campo da ordem social[1], razão pela qual a ele era dispensado
qualquer proteção jurídica pessoal ou patrimonial do Estado.

A união estável, inserida na Constituição de 1988, é o epílogo de lenta e


tormentosa trajetória de discriminação e desconsideração legal, com as
situações existenciais enquadradas sob o conceito depreciativo de
concubinato, definido como relações imorais e ilícitas, que desafiavam
a sacralidade atribuída ao casamento. A Igreja Católica influenciou a
demora pelo reconhecimento das uniões fora do casamento civil como
entidade familiar, inclusive durante o período da República, que se
autodenominou de laica, impediu as tentativas de projetos de lei em se
atribuir alguns efeitos jurídicos ao concubinato, máxime em razão do
impedimento legal ao divórcio, que somente no ano de 1977 foi
aprovado na ordem jurídica brasileira. A ausência do divórcio foi
responsável pelo crescimento das relações concubinárias.[2]
As estruturas sociais por vezes apresentam-se cíclicas. Situações que
ontem eram amparadas pelo direito e pelas regras de convivência em
sociedade, em momento posterior tornam-se divorciadas do direito e,
não raro, logo depois alcançam sua proteção plena, quando o legislador
constituinte ou o legislador ordinário, rendem-se aos fatos
irremediáveis que se vão estabelecendo no seio da sociedade humana,
exigindo regulamentação.[3]

Diante da inexistência de normas, não raras as vezes em que o julgador


se deparava com situações onde constatava-se um longo
relacionamento concubinário em que a companheira ficava
completamente desamparada, mesmo tendo contribuído diretamente
com a constituição do patrimônio, seja pelo trabalho ou dedicando-se
ao lar. Diante destas situações a jurisprudência pátria passou a
reconhecer à concubina o direito à indenização por serviços prestados,
tendo em vista que até então não se falava em direito a alimentos ou a
sucessão. De forma geral, a doutrina adotou a teoria dos serviços
prestados sob argumento que esta prestação teria natureza distinta e
com o intuito de compensar a atividade desempenhada por uma das
partes que tenha conduzido a outra a um enriquecimento sem causa.

A indenização por serviços domésticos prestados era um subterfúgio –


nitidamente depreciativo – utilizado pela jurisprudência quando as
uniões extra-matrimoniais não tinham assento legal nem eram
reconhecidas como merecedoras de tutela no âmbito do direito das
famílias. Assim, em vez de alimentos, fazia-se analogia com o direito do
trabalho e indenizava-se o amor como se fosse prestação laboral.[4]

A indenização por serviços prestados gerou inúmeras criticas com o


decorrer do tempo, razão pela qual a justiça passou a reconhecer a
teoria da sociedade de fato, que inclusive restou sumulada pelo STF
sob nº 380[5]. Esta era aplicada para casos em que ficasse comprovada
que a aquisição do patrimônio durante a convivência dos consortes
tivesse sido feita por esforço comum, ensejando assim, a divisão do
mesmo com o rompimento da união.
O Supremo Tribunal Federal inovou novamente ao determinar que a
convivência sobre o mesmo teto não seria requisito essencial para a
caracterização do concubinato, editando a súmula nº 382 que
prescreve: “A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é
indispensável à caracterização do concubinato”.

Com o advento do Código Civil de 2002, o que antes era conhecido


como concubinato puro passou então a ser chamado de união estável.

3. Concubinato, Sociedade de Fato e


União Estável.
3.1. Concubinato

Nos dizeres de Rodrigo da Cunha Pereira, entende-se por concubinato


a união livre, aquela que não se prende às formalidades exigidas pelo
Estado, ou seja, são aquelas uniões não-oficiais e com certa
durabilidade.[6]

A palavra concubinato em sua origem mais antiga dividia-se em duas


espécies: o concubinato puro e impuro. O concubinato puro nada mais
era do que uma união sem vícios, duradoura, constituída entre um
homem e uma mulher, cuja única peculiaridade era a falta do
casamento civil; tratava-se sem sombra de duvidas de uma perfeita
união de fato. Enquanto o concubinato impuro era aquele constituído
sob algum vício, seja por casamento anterior, formando-se assim o
concubinato adulterino, ou pelo que chamamos de concubinato
incestuoso. Em outras palavras, era a união de pessoas que não podiam
ou não deveriam se unir.

Como já dito anteriormente, a palavra concubinato, em razão dos


costumes, foi imposto pela sociedade como termo altamente
pejorativo, fazendo com que as pessoas unidas de fato sofressem
discriminação em razão da situação de fato que viviam. Tanto a igreja,
tentando fortalecer a base em que se sustenta, quando a legislação,
sempre foram contrárias ao concubinato, criando mecanismos que
impediam as uniões de fato. A Igreja, por exemplo, impôs o
matrimônio religioso com formalidades que excluíam as uniões
presumidas de qualquer legitimidade; isto porque ela objetivava
combater não só o concubinato, mas também outras formas de união
sem o caráter religioso, pois sempre pretendeu criar ligações duráveis,
estáveis e sólidas, entendendo ser a simples convivência contrária a
tais princípios[7]; e a legislação ao impedir doações de um dos
cônjuges a seu amante, ou de negar a este amante o direito de ser
beneficiário em seguro de vida.

Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, o que anteriormente


era chamado de concubinato puro, passou a ser conhecido como União
Estável, sendo inclusive equiparado ao casamento, enquanto o
concubinato impuro aparece apenas com a denominação de
concubinato (art. 1.727, CC)[8], ainda referindo-se a figura de uma
união irregular aos olhos do Estado, e que por isso, não merecedora de
proteção plena.

3.2. Sociedade de fato

Tendo em vista a falta de proteção do Estado diante de uniões que


eram constituídas sem os requisitos legais, e levando-se em
consideração as injustiças que cada vez mais eram cometidas pelo
Poder Judiciário, a doutrina e a jurisprudência, começaram a formar o
entendimento de que a contribuição de ambos na aquisição do
patrimônio, seja ela de caráter pessoal ou econômico, gerava uma
sociedade de fato, dando direito a partilha dos bens quando da
dissolução da mesma na proporção da aquisição. Até então, a
sociedade de fato situava-se no campo do direito obrigacional e em
razão disso, todos os litígios que tratavam desse tipo de união não eram
remetidos a uma vara especifica de família, e sim julgados no âmbito
cível.

Com o decorrer do tempo, e a necessidade de se tratar estas situações


de uma forma mais cuidadosa, as ações envolvendo uniões de fato
começaram a ser julgadas nas varas de família, dando a atenção e o
tratamento adequado aos casos concretos. A concessão de todos esses
direitos não se deu pela simples aplicação à hipótese in concreto de
normas de direito positivado, tendo sido obra do construído
jurisprudencial, pressionando na busca da solução para os conflitos de
interesses e antagonismos envolvendo a sociedade.[9]

3.2. União Estável

A união estável apareceu no ordenamento jurídico pátrio com a


entrada em vigor do Código Civil de 2002, que veio substituir o antigo
concubinato puro, justificando-se tal providência em razão do caráter
discriminatório presente na expressão concubinato, que quase sempre
é utilizado como sinônimo de amante.[10] Pode-se definir a união
estável como uma relação duradoura entre duas pessoas ligadas por
vínculos afetivo-amorosos, que possuam entre si o intuito de constituir
família, agindo como se casados fossem. Trata-se de uma perfeita
união entre duas pessoas que desejam unir suas vidas sem que isso
implique necessariamente no casamento civil.

4. Características da União Estável


4.1. Convivência Pública

A união estável é tão exposta ao público quanto o casamento, onde os


companheiros são conhecidos em seu meio social, principalmente
perante seus vizinhos, amigos, parentes e colegas de trabalho,
afastando, desta forma, qualquer possibilidade de que a união seja
vista como uma relação secreta, como se fossem amantes e não
companheiros.

A publicidade denota a notoriedade da relação no meio social


freqüentado pelos companheiros, objetivando afastar da definição de
entidade familiar as relações menos compromissadas, nas quais os
envolvidos não assumem perante a sociedade a condição de “como se
casados fossem”.[11]
Entretanto, o requisito da publicidade não é excessivo e desmedido,
uma vez que as pessoas não são obrigadas a propagar, a todo tempo e
lugar, seu relacionamento amoroso e suas opções afetivas, haja vista
que a Constituição Federal protegeu como direito fundamental a vida
privada. Desta forma, não trata-se a publicidade de um requisito
mortal e excessivamente rigoroso, podendo os companheiros manter
uma vida discreta sem que com isto seja clandestina.[12]

4.2. Continuidade

Quando o legislador estabelece a continuidade da vida em comum


como requisito caracterizador da união estável, não o estabelece como
condição absoluta, admitindo que separações esporádicas ou pequenas
brigas, desde que perdurem por curto espaço de tempo e seguida da
reconciliação do casal, não são suficientes para a extinção da relação.
Entretanto, quando ocorrem com certa freqüência, quebra-se a
estabilidade, e com ela o relacionamento familiar, podendo subsistir os
efeitos da separação de fato, servindo assim, de março final da união.
[13]

Para Álvaro Villaça Azevedo, a união nasce com o afeto entre os


companheiros, constituindo sua família, sem prazo certo para existir
ou para terminar.[14]

4.3. Objetivo de Constituir família

O propósito de formar família se evidencia por uma série de


comportamentos exteriorizando a intenção de formá-la, a começar pela
maneira como o casal se apresenta socialmente, identificando um ao
outro perante terceiros como se casados fossem, sendo indícios
adicionais e veementes a mantença de um lar comum, a freqüência
conjunta a eventos familiares e sociais, a existência de filhos comuns, o
casamento religioso, a dependência alimentar, ou indicações como
dependentes em clubes sociais, cartões de crédito, previdência social
ou particular, como beneficiário de seguros ou planos de saúde,
mantendo também contas bancárias conjuntas.”[15]
O intuito familiae é fruto de requintado contorno já obtido pelo afeto
que os conviventes possuem entre si. É reflexo do sentimento que
possuem e que alcança o estágio do compromisso de contribuir para a
formação pessoal um do outro. Significa dizer, em outras palavras, que
o objetivo de constituir família é a representação do vínculo afetivo.[16]

Segundo o entendimento jurisprudencial não constitui união estável o


relacionamento entretido sem a intenção clara de formação de família.
[17]

4.4. Coabitação

A doutrina impõe diversos requisitos para a caracterização da união


estável, estando o dever de coabitação entre eles. Entretanto, admite
que em casos excepcionais este requisito seja afastado. Desta forma,
desde que haja notoriedade da união, a falta de convivência sobre o
mesmo teto, por razões de trabalho ou saúde, por exemplo, não são
suficientes para que se desconsidere esta união.

A coabitação nada mais é do que a convivência entre os companheiros,


a presença constante de um na vida do outro dando-lhe o suporte
necessário para as mais variadas questões de nosso diaadia.

4.5. Inexistência de impedimentos matrimoniais

São aplicáveis a união estável todos os impedimentos legais para o


casamento definidos no art. 1.521 do vigente Código Civil, quais sejam:
a) impedimentos de consangüinidade, ou seja, entre ascendentes e
descendentes, irmãos, tio ou tia com a sobrinha ou o sobrinho; b)
impedimento de afinidade, que são os casos de sogros e sogras com
noras e genros; c) impedimento de adoção, onde estão presentes o
adotante com o cônjuge ou companheiro do adotado, o adotado com o
cônjuge do adotante ou com o filho do adotante; d) impedimento de
vínculo, aqueles que já são casados ou convivem em união estável; e o
e) impedimento de crime, onde a lei veda a união entre o cônjuge ou
companheiro sobrevivente com o condenado por homicídio ou
tentativa de homicídio contra o seu consorte ou companheiro.[18] A
única exceção ao Artigo 1.521 do Código Civil é o inciso VI, que
considera união estável as pessoas casadas mas separadas de fato.

4.6. Diversidade de sexos.

A sociedade sempre evoluiu à frente do Direito, e situações que até


pouco tempo sequer eram objeto de apreciação do Poder Judiciário,
por não se enquadrarem a um conceito social da época, acabam por
serem avaliadas em outro momento, e em consonância com o clamor
popular, passam a ser objeto de tutela.[19]

Considera-se uniões homoafetivas aquelas relações íntimas entre


pessoas do mesmo sexo que possuem afeição semelhante, ainda que
com orientação sexual diversa[20].

Até o corrente ano a diversidade de sexos, que sempre foi considerado


requisito essencial para a caracterização da união estável, não possuía
fundamentação legal, apenas sendo admitido por uma parte da
doutrina. Entretanto, assim como ocorreu na própria união estável, a
evolução da sociedade e a necessidade de proteger situações que
batiam às portas do Judiciário, e que muitas vezes ficavam
desprotegidas, fez com que o Supremo Tribunal Federal reconhecesse a
possibilidade de duas pessoas do mesmo sexo constituírem uma união
estável. Pioneira nas decisões favoráveis às uniões Homoafetivas,
Maria Berenice Dias, ex-Desembargadora do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Sul, em recente artigo diz:

“No dia 5 de maio o Supremo Tribunal Federal ao julgar duas ações


diretas de inconstitucionalidade assegurou aos casais homoafetivos os
mesmos direitos das uniões estáveis. A decisão interpretou conforme a
Constituição o dispositivo do Código Civil que regula a união estável,
para excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da
união contínua, pública e duradoura entre duas pessoas do mesmo
sexo como “entidade familiar”, entendida esta como sinônimo perfeito
de “família”. A comunicação feita pelo Presidente do STF a todos os
tribunais e juízes, reafirma a eficácia contra todos e o efeito vinculante
do julgamento e assevera: Este reconhecimento é de ser feito segundo
as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável
heteroafetiva”.[21]

Não há mais como fechar os olhos para a existência de entidades


familiares homoafetivas, que se unem com objetivos comuns e que
dedicam amor recíproco em busca da felicidade, assim como nas
relações heterossexuais.[22]

Saem do campo obrigacional os litígios envolvendo esta modalidade de


relacionamento, e passam a ser objeto de tutela do direito de família,
uma vez que alcançaram o status de entidade familiar. Ademais, tendo
sido reconhecida a união estável entre duas pessoas do mesmo sexo
pelo STF, ficam asseguradas a elas os mesmos direitos e obrigações
inerentes à união heterossexual.

5. Efeitos da União estável


5.1. Estado civil

Apesar de não haver alteração do estado civil quando da constituição


da união estável, é inegável a produção de seus efeitos, principalmente
no âmbito patrimonial. Não sendo definida a união estável como
estado civil, quem assim vive não é obrigado a identificar-se como tal.
Não falta com a verdade ao se declarar solteiro, separado, divorciado
ou viúvo. No entanto, está mascarando a real situação de seu
patrimônio. Os bens adquiridos durante a união não são de sua
propriedade exclusiva, instalando-se um condomínio. Desse modo, a
falta de perfeita identificação da sua situação pessoal e patrimonial
pode induzir outros a erro e gerar prejuízos ou ao parceiro ou a
terceiros.[23]

Importante mencionar que tramita um projeto de lei de número


1779/03, junto à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania
que institui como “convivente” o estado civil das pessoas que convivem
em união estável.[24]

5.2. Nome

Com a equiparação da união estável ao casamento foi admitido que um


companheiro acrescente ao seu sobrenome o do outro, o que também é
assegurado pela Lei dos Registros Publicos em seu art. 57, § 2º. Ainda,
apesar do que consta no § 3º[26] da mesma Lei e considerando que a
caracterização da união estável independe de um lapso temporal
mínimo, é importante afirmar que o acréscimo de sobrenome do
companheiro pode ser obtido a qualquer tempo, desde que já esteja
provada a existência da relação familiar[27]. Ademais, com base no
principio da igualdade, não só a mulher poderá adotar o patronímico
do companheiro, como ele também poderá adotar o dela se desejar.

6. Direitos e deveres
6.1. Lealdade

Ser fiel ou leal é corresponder à confiança do parceiro; a lealdade vai


além do compromisso de fidelidade afetiva, abrange um amplo dever
de respeito e de consideração devida mutuamente entre os
companheiros, no propósito de perpetuarem a sua relação afetiva.[28]
Entretanto, entende parte da doutrina que o dever de lealdade imposto
pelo Código Civil, não abrange o dever de fidelidade, estando a união
estável descompromissada de cumpri-lo.[29]

6.2. Assistência

O dever de assistência pode ser dividido entre material e imaterial. A


doutrina define o dever material como sendo aquele que implica em
assegurar as necessidades para a manutenção do lar, além de prover
cultura, diversão e as necessidades básicas de cada cônjuge como
vestuário, por exemplo. Nos dizeres de Silvio de Salvo Venosa, o dever
de assistência “consubstancia-se na mútua assistência a comunidade de
vidas nas alegrias e nas diversidades. No campo material, esse dever
traduz-se na obrigação de um cônjuge prestar alimentos ao outro”.[30]
E o dever imaterial consiste naquele de prover as necessidades
subjetivas, como o afeto, a atenção e o respeito que os companheiros
devem ter um pelo outro.

6.3. Respeito

As uniões deverão ser fundadas na afetividade e no desejo comum de


constituir uma família, o que por si só já afasta comportamentos
contrários a este sentimento, devendo os companheiros respeitarem-se
mutuamente e possuírem condutas adequadas a sua condição de
conviventes. Nos dizeres de Rolf Madaleno, o dever de respeito é acima
de tudo um compromisso moral e de formação que o ser humano deve
exercer em todas as suas relações pessoais, especialmente em suas
demandas afetivas por se constituir em condição fundamental para a
harmonia e evolução da família constituída com suporte no afeto, no
respeito e na admiração.[31]

6.4. Guarda, sustento e educação dos filhos

Com relação aos filhos havidos pelos conviventes ou por estes


adotados, implica destacar que estes estarão sujeitos ao poder familiar.
Tal poder, a teor do art. 1.631 do Código Civil[32], deverá ser exercido,
em igualdade de condições, por ambos os companheiros. E apenas
diante da falta ou do impedimento de um deles é que poderá o outro
exercê-lo com exclusividade.[33]

A guarda, o sustento e a educação dos filhos é tarefa dos pais no


casamento e da união estável, variando apenas a custódia física da
prole em razão da coabitação dos genitores. É mandamento
constitucional imposto aos pais de todos os matizes, sejam eles de
vínculos conjugais, conviventes, monoparentais, biológicos, adotivos
ou socioafetivos, porque deles é o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores em todas as suas fases de desenvolvimento, até
chegarem à idade adulta, quando devem estar preparados para
assumirem as suas responsabilidades pessoais e sociais, tornando-se
indivíduos produtivos e muito provavelmente também eles pais.[34]

Apesar da existência de filhos não ser essencial à caracterização da


união estável, quando houverem, será de obrigação dos pais a garantia
de toda a estrutura moral e material adequada; cabendo-lhes suprir
todas as necessidades básicas para o crescimento dos filhos, o acesso à
educação, segurança e cultura.

6.5. Administração dos bens

A respeito do art. 1663 do Código Civil, tal dispositivo deve ser


interpretado à luz do princípio constitucional de que homens e
mulheres são iguais em direitos e obrigações, ou seja, a administração
dos bens comuns cabe a ambos os cônjuges, e apenas
excepcionalmente será conferida a um deles, [35] desta forma, pode-se
dizer que possuem direitos idênticos, sendo a administração
concorrente.[36] Ademais, não afasta a co-titularidade de um dos
companheiros o fato de um bem estar no nome apenas do outro, haja
vista que presume-se de ambos a propriedade, e desta forma o titular
nominal não pode alienar um bem sem a concordância do outro,
estabelecendo-se necessariamente a outorga uxória entre eles para a
venda de um bem comum.[37]

6.6. Regime de bens

Com a equiparação da união estável ao matrimônio pugnava pela


aplicação analógica das normas de regência do casamento, impondo
com o reconhecimento da existência da união estável o regime da
comunhão parcial de bens igualmente vigente para o matrimonio civil,
no caso de não existir prévio contrato de convivência ou ter sido
julgada nula ou anulada a convenção.[38]
O entendimento dos Tribunais é pela partilha do patrimônio adquirido
onerosamente na constância da união estável em divisão igualitária.
[39] Desta forma, o regime de bens adotado oficialmente pelo Código
Civil, como regime legal para a união estável, na ausência de contrato
expresso, será o da Comunhão Parcial de Bens; ou seja, os bens
gratuitos, aqueles havidos por sucessão ou doação, além dos bens
onerosos, cuja aquisição se deu em data anterior da união, ou sub-
rogados em seu lugar, não se comunicarão; enquanto os bens
adquiridos a título oneroso na constância da união estável deverão ser
partilhados em partes iguais ao término da mesma.[40]

7. Conceito de boa-fé objetiva


A boa-fé objetiva surge do padrão de conduta que a sociedade adota ou
ao menos tolera, em um dado local e num momento específico. Ou
ainda, é um verdadeiro dever jurídico de não se comportar
contrariamente às expectativas produzidas, obrigação que alcança não
apenas as relações patrimoniais de família, mas também as de
conteúdo pessoal, existencial.[41] Em outras palavras, a boa-fé objetiva
se caracteriza por ser uma regra de conduta externa, um dever das
partes em se pautar pela honestidade, lealdade e cooperação em suas
relações jurídicas.[42]

8. Natureza da boa-fé
A boa-fé surgiu em um contexto exclusivamente negocial, servindo
como instituto regulador de deveres contratuais nas relações jurídicas,
e estabelecendo o entendimento médio da população sobre as mais
diferenciadas situações como parâmetro de conduta em que devem ser
pautadas estas relações.[43]

9. Aplicabilidade no Direito de Família


Fernanda Pessanha do Amaral Gurgel enumera os desdobramentos em
que a boa-fé objetiva se aplica no direito de família, sendo segundo ela:

“O dever de lealdade na escolha e na alteração do regime matrimonial


de bens; dever de lealdade na dissolução da sociedade conjugal e da
união estável, notadamente na divisão dos bens; dever de lealdade na
elaboração do contrato de convivência; dever de lealdade no
estabelecimento do elemento “necessidade” na obrigação de prestar
alimentos, dentre outras hipóteses concretas.”[44]

As relações familiares fundam-se basicamente em comportamentos


ligados a ética e a moral, devendo sempre os agentes envolvidos
comportarem-se de acordo com as perspectivas em geral adotadas pela
sociedade.

O ser humano não vive isoladamente, vive em grupo ou sociedade.


Diante disso, o seu agir tem que se adaptar ao agir dos outros membros
do grupo social, numa espécie de adaptação social. Os valores morais
passam a ser comuns entre os membros, que os adotam como padrão
de comportamento.[45]

10. Boa-fé objetiva e o casamento.


A boa-fé objetiva no casamento também diz respeito à expectativa
criada com relação ao comprometimento que se espera um do outro
quando decidem assumir o estado de marido e mulher perante a
sociedade. Ao se casarem, os cônjuges esperam um do outro: respeito,
fidelidade, confiança, admiração, enfim, a comunhão plena de vida, e o
descumprimento destes preceitos violam diretamente a boa-fé objetiva,
haja vista que o comportamento esperando era o que encontramos
dentro dos padrões que a sociedade adotou como normais.

11. As relações extra-conjugais


Importante diferenciar a simples relação extra-conjugal, de
relacionamento estável; trata-se a primeira de relação clandestina, com
encontros esporádicos, sem qualquer compromisso formal ou moral e
que não produzem qualquer tipo de efeitos no mundo jurídico, ou
ainda, pode-se dizer que relações episódicas entre homem e mulher,
ainda que envolvendo relações sexuais, mas sem intenção de
constituição de família, são mero namoro[46], enquanto o segundo,
trata de relacionamentos que perduram no tempo, e que objetivam a
constituição de uma família.

O presente trabalho trata das relações onde os companheiros se


dedicaram durante longo tempo um ao outro, construindo uma família,
patrimônio e vivendo de fato como se casados fossem aos olhos da
sociedade. Daí a necessidade de se proteger quem de boa-fé acreditava
que tal relacionamento não possuía vícios, garantindo a este todos os
direitos a que faz jus.

12. Estatuto das Famílias


Muito tem se discutido à respeito do presente tema nos últimos
tempos, principalmente após a aprovação do projeto de lei nº
2285/2007 (Estatuto das Famílias) especificamente em seu art. 64, §
único, que dispõe:

Art. 64. A união estável não se constitui:

[...]

Parágrafo único. A união formada em desacordo aos impedimentos


legais não exclui os deveres de assistência e a partilha de bens.

A grande polêmica em torno deste dispositivo diz respeito a


interpretação errônea que vem sendo feita e difundida nos meios de
comunicação, onde a Justiça estaria reconhecendo direitos à amante.
Entretanto, fazendo uma leitura mais apurada do artigo em comento,
nota-se que não se trata de tutelar direitos a figura da amante, com
quem se tem relacionamentos eventuais e sem qualquer
comprometimento, e sim a uma companheira, que conviveu durante
anos com alguém, acreditando que tal relacionamento cumpria todos
os requisitos estabelecidos pela lei.13. O instituto da putatividade

A teoria que se forma em torno da união estável putativa é a mesma do


casamento putativo, e se funda na proteção necessária de assegurar a
boa-fé do companheiro que acreditava constituir uma união honesta e
válida, de modo que sua expectativa não seja frustrada e que ele não
seja vitima de fatos desconhecidos.[47]

Consiste basicamente em igualar a união estável que acreditava-se


verdadeira, mas que na realidade nunca existiu perante o direito, todos
efeitos de uma união estável válida, assegurando assim, toda a proteção
necessária ao companheiro de boa-fé e aos possíveis filhos advindos da
mesma.

Destaca-se que o reconhecimento da putatividade não depende da


comprovação da boa-fé, pois ela se presume. O ônus da prova compete
a quem a negue. Portanto, é a má-fé que deve ser comprovada por
quem a alegue.[48]

14. Conceito de união estável putativa


Diz-se putativo o casamento que, embora nulo ou anulável, foi
contraído de boa-fé, por um só ou por ambos os cônjuges,
reconhecendo-lhe efeitos a ordem jurídica. O termo vem do latim,
putare, que significa “imaginar”.[49] A união estável putativa nada
mais é do que uma interpretação analógica ao casamento putativo, que
resguarda os efeitos conferidos a união estável quando um dos
companheiros, agindo de boa-fé, acreditava manter um relacionamento
livre de quaisquer impedimentos. Ou ainda, é aquela união em que
pelo menos um dos companheiros esteja de boa-fé, ou seja, desconheça
que exista algum impeditivo legal para sua caracterização.[50]
15. Análise do caso concreto
Como regra geral, a legislação pátria vigente não reconhece a união
estável paralela a um casamento ou a outra união estável, sob
argumento de que uma relação simultânea não possui os requisitos
elencados no art. 1.724 do Código Civil[51], quais sejam: lealdade,
respeito, assistência e guarda, sustento e educação dos filhos.

A dificuldade em elevar uniões estáveis paralelas ao status de entidade


familiar encontra obstáculos principalmente no dever de respeito e de
lealdade, haja vista que não seria possível um relacionamento fundado
nestes dois deveres se um dos companheiros os ignora mantendo outro
relacionamento afetivo diverso daquele que construiu anteriormente.

A censura da lei incide sobre as uniões paralelas, pois elas ferem o


principio da monogamia, não visto apenas como uma norma moral,
mas como preceito básico e organizador das relações jurídicas da
família brasileira.[52] O principio da monogamia encontra fundamento
no art. 1.727 do Código Civil[53], bem como no art. 235 do Código
Penal[54], que imputa como crime a bigamia. Entretanto, como bem
leciona Carlos Dias Motta, a pessoa casada que mantenha
relacionamento extraconjugal ou até mesmo constitua outra família,
com filhos e companheira (o), não viola diretamente o principio da
monogamia, pois não terá havido celebração de segundo
casamento[55]; ademais, negar a existência de famílias paralelas –
quer um casamento e uma união estável, quer duas ou mais uniões
estáveis - é simplesmente não querer ver a realidade.[56]

O fato da sociedade repudiar esta modalidade de família, não as faz


desaparecerem, muito pelo contrário, elas continuam cada dia mais
batendo as portas do Poder Judiciário em busca de solução para seus
conflitos, não podendo assim, o órgão responsável para dirimir
controvérsias, simplesmente dar-lhes as costas. Desta forma, se o
Código Civil vigente optou por desconhecer uma realidade que se
apresenta reiteradamente, a justiça precisa ter sensibilidade suficiente
para encontrar uma resposta satisfatória a quem clama por sua
intervenção”.[57] Diante disso, a partir da análise do caso concreto,
parte da doutrina e da jurisprudência vem admitindo que em casos
onde esteja presente a boa-fé de um dos companheiros, desconhecendo
este o estado de casado do outro, e em analogia ao casamento putativo,
possa ser admito o reconhecimento da chamada união estável putativa.

16. A dignidade da pessoa humana


Com a mudança dos tempos, e a efetivação dos direitos fundamentais,
outros valores se levantaram. A atual Constituição Federal representou
a positivação das novas conquistas sociais.[58] O constituinte de 1988
definiu a pessoa humana como valor supremo do nosso ordenamento
jurídico. A escolha refletiu a prevalência da concepção humanista, que
permeia todo o texto constitucional.[59]

Nos dizeres de Alexandre de Moraes, a dignidade é um valor espiritual


e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na
autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz
consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas.[60] No
Direito de Família, a dignidade da pessoa humana[61] incumbe a todos
os seus integrantes promover o respeito e a igual consideração de todos
os demais familiares, de modo a propiciar uma existência digna para
todos e de vida em comunhão de cada familiar com os demais.[62]

A união estável putativa nada mais é do que uma entidade familiar, que
por algum impedimento oculto não possui as condições essenciais e
necessárias a sua caracterização como união livre de vícios. Entretanto,
a necessidade de aplicar seus efeitos aos casos concretos se sobrepõe a
quaisquer empecilhos criados de forma a negar tal reconhecimento.

O Principio da Dignidade da Pessoa Humana, neste caso, trata


exatamente deste dever do Estado em não recusar a concessão de
direitos aos agentes que compõe estas famílias, uma vez que visando
proporcionar uma vida digna, não se pode deixar de propiciar a tutela
adequada aos casos de união estável putativa, principalmente por que
os agentes envolvidos agem na mais completa boa-fé, negar a
existência destas famílias, ou simplesmente não dar o amparo
necessário viola diretamente tal principio e desta forma, atinge
preceito fundamental da Constituição Federal.

17. Análise Jurisprudencial


Apesar de alguns Tribunais ainda encontrarem dificuldades em
reconhecer uma união paralela como entidade familiar, talvez por
tratar-se de um tema controverso, outros já admitem e concedem a elas
os mesmos efeitos e direitos conferidos a uma união estável normal
quando comprovada a boa-fé. Note-se que a boa-fé obrigatoriamente
deve estar presente para o reconhecimento de uma união estável
simultânea.

Os tribunais têm decidido pela possibilidade de reconhecimento em


união dúplice, dependendo da peculiaridade do caso concreto.[63] O
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, pioneiro em reconhecer
direitos quando estes sequer foram objeto de análise em outros
tribunais, com certeza é o que mais tem conferido aos companheiros de
boa-fé o direito que a eles é inerente.[64]

Quando uma das partes vive anos com a outra pensando viver uma
união estável, não tendo conhecimento de outros relacionamentos,
sendo apresentada para a família e a sociedade como companheira
única, isto é, acreditando que está convivendo em união estável, tal
pessoa vive uma união estável putativa, e os tribunais têm reconhecido
como união estável. [65]Ademais, o reconhecimento desta união
obrigatoriamente dependerá da presença dos requisitos conferidos à
união estável comum, em especial o intuito de constituir família.

18. Casamento putativo x União


estável putativa
Segundo ensinamento do Superior Tribunal de Justiça, “casamento
putativo, como sabido, é aquele que, em atenção à boa-fé de um ou de
ambos os cônjuges, o matrimônio é nulo ou anulável, mas produz
efeitos em relação aos cônjuges e aos filhos” (REsp n. 789.293 – RJ
(2005/0165379-8), rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito. J.
16.02.2006).[66]

O Casamento putativo encontra fundamento legal no art. 1.561 do


Código Civil[67], que garante todos os efeitos do casamento livre de
vícios se este for contraído de boa-fé pelos consortes, ou seja, desde
que um ou ambos os cônjuges desconhecessem impedimento que por si
só já tornaria esta união nula ou anulável. O mesmo ocorre com a
união estável putativa, quando interpretada analogicamente ao
casamento, protege-se o companheiro de boa-fé, que desconhecia o
estado real da relação que vivia, e garante ao mesmo todos os direitos
que a ele seriam conferidos se a relação fosse válida.

A união estável putativa instaura-se quando há desconhecimento da


deslealdade de um dos companheiros, devendo ser reconhecidos os
direitos do convivente inocente, que ignorava o estado civil do outro, e
tampouco a existência de precedente matrimônio, fazendo jus, salvo
contrato escrito, à meação dos bens amealhados onerosamente na
constância da união estável putativa, sem prejuízo de reivindicações
judiciais futuras, como pensão alimentícia, se comprovar dependência
financeira, e ao direito de herança com relação aos bens comuns.[68]

19. Características
Os requisitos da união estável putativa são os mesmos de uma relação
válida, ou seja, todas as características anteriormente definidas para
sua constituição devem estar presentes pelo menos no que diz respeito
ao companheiro de boa-fé, uma vez que ao de má-fé os deveres de
lealdade e respeito, por exemplo, evidentemente seriam violados.

Efeitos
Se no casamento putativo são concedidos os efeitos para o contraente
de boa-fé, na união estável putativa também pode ser invocado este
principio, ou seja, a (o) companheira, sendo pessoa de boa-fé na
relação concubinária, e, pelo menos por parte dela (e), sendo uma
relação monogâmica, não há razões para negar concessão de todos os
efeitos da união estável.[69]

Em decorrência da boa-fé de um dos cônjuges, no casamento, assim


como na união estável todos os efeitos de um casamento válido serão
produzidos, não só em relação aos companheiros, mas também com
relação aos filhos destes, até a data da sentença que declarar a anulação
ou a nulidade da união.

19.1. Regime patrimonial

Conforme já foi dito anteriormente, com a equiparação da união


estável ao casamento sentiu-se a necessidade de estabelecer um regime
de bens que vigorasse durante a convivência dos companheiros, e o
regime adotado foi o da comunhão parcial de bens. Desta forma, o
regime de bens que vigorará para conceder todos os direitos e efeitos
da união estável putativa até a data da sentença declaratória de
anulação ou nulidade também será o da comunhão parcial de bens,
exceto se outro houver sido convencionado pelos contraentes
anteriormente.

19.2. Pensão alimentícia

Restando comprovada a dependência econômica do companheiro de


boa-fé, poderá ser concedido a ele o direito a pensão alimentícia[70].
Ademais, existem casos em que esta dependência financeira decorre de
toda uma vida, casos em que um tinha seu trabalho fora e era
responsável pela manutenção do lar, e o outro passava a vida zelando
pelos filhos, pela casa e até pelo próprio companheiro, nunca tendo um
labor diverso deste, nem sequer possuindo o conhecimento necessário
para uma atividade diversa. Sendo assim, não há que se falar em
alimentos somente até a sentença que declarar a nulidade ou anulação
da união estável, mas sim até que este companheiro dependente tenha
reais condições de se manter sem a ajuda do outro.

19.3. Pensão por morte

No inicio do corrente ano a Turma Regional de Uniformização (TRU)


dos Juizados Especiais Federais (JEFs) da 4ª Região uniformizou
entendimento de que uma mulher que conviva com homem casado de
forma estável poderá ter direito à metade da pensão por morte deste,
desde que fique comprovada a boa-fé e o animus de constituir família.
[71] Os tribunais têm decidido pelo concubinato adulterino porém,
quando existe situações em que reste evidenciada a boa fé, entendida
não somente como desconhecimento de suposto impedimento ao
casamento, mas também nas hipóteses de afetividade, estabilidade e
ostensibilidade da relação.[72] Desta forma, resta evidente a
possibilidade de conceder a convivente de boa-fé ao menos parte na
pensão por morte deixada pelo companheiro.

20. Conclusão
Conforme amplamente demonstrado, as uniões estáveis putativas não
são apenas relacionamentos extra-conjugais, e tampouco relações
descomprometidas de qualquer obrigação. Trata-se de relacionamento
com todos os preceitos de uma união estável convencional, que buscava
a vida plena em comum, e que o companheiro de boa-fé achava-se
vivendo como tal, jamais imaginando que a pessoa com quem havia
escolhido para dividir a vida, na verdade o enganava.

Negar a alguém que nunca pensou viver em uma união paralela o


reconhecimento de uma união estável fere não só sua honra, como
também sua dignidade, principio este basilar no Direito pátrio.

Busca-se o instituto da putatividade, já reconhecido e amplamente


utilizado em nosso ordenamento jurídico, inclusive no casamento
putativo, faz-se analogia a este, e se concede à união estável o mesmo
preceito, elevando a união putativa ao status de entidade familiar.
Desta forma, reconhece-se a quem de boa-fé agiu todos os efeitos e
direitos que teria se aquele fosse um relacionamento livre de quaisquer
impedimentos, como de fato acreditava estar vivendo.

A teoria que se forma em torno da união estável putativa é a mesma do


casamento putativo, e se funda na proteção necessária de assegurar a
boa-fé do companheiro que acreditava constituir uma união honesta e
válida, de modo que sua expectativa não seja frustrada e que ele não
seja vitima de fatos desconhecidos

Se no casamento putativo são concedidos os efeitos para o contraente


de boa-fé, na união estável putativa também pode ser invocado este
principio, ou seja, a (o) companheira, sendo pessoa de boa-fé na
relação concubinária, e, pelo menos por parte dela (e), sendo uma
relação monogâmica, não há razões para negar concessão de todos os
efeitos da união estável. Restando comprovada a dependência
econômica do companheiro de boa-fé, poderá ser concedido a ele o
direito a pensão alimentícia.

Em decorrência da boa-fé de um dos cônjuges, no casamento, assim


como na união estável todos os efeitos de um casamento válido serão
produzidos, não só em relação aos companheiros, mas também com
relação aos filhos destes, até a data da sentença que declarar a anulação
ou a nulidade da união. Os mesmos efeitos alcançarão a união estável
putativa, em respeito ao princípio da confiança e da boa-fé do
companheiro inocente.

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________________________________________

* Advogada militante na cidade de Maringá, Estado do Paraná.


[1] HOFMEISTER, Maria Alice Costa. Efeitos patrimoniais da
dissolução do concubinato: análise jurisprudencial. São Paulo: Saraiva,
1985. P. 5.

[2] LOBÔ, Paulo. Famílias – São Paulo: Saraiva, 2008, p. 148-149.

[3] DAL COL, Helder Martinez. A família à luz do concubinato e da


união estável – Rio de Janeiro: Forense, 2002, p.41.

[4] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.,
atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 186.

[5] SÚMULA3800 do STF: “Comprovada a existência de sociedade de


fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial com a
partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum”.

[6] PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de Família: uma abordagem


psicanalítica. 2. Ed. Rev. Atual e ampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
P. 45.

[7] FRÓES, Oswaldo. Concubinato: evolução histórica, questões atuais.


São Paulo: Editora Jurídica Brasileira, 2000. P. 15.

[8] Art.17277 doCódigo Civill: “As relações não eventuais entre o


homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato”.

[9] RAMOS, Carmem Lucia Silveira. Família sem casamento: de


relação existencial de fato a realidade jurídica. Rio de Janeiro:
Renovar, 2000. P. 80.

[10] FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das


famílias. 3. Ed. Rev., ampl., e atual. – Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011. P. 454
[11] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.,
atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 173-
174.

[12] FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das


famílias. 3. Ed. Rev., ampl., e atual. – Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011. P. 468.

[13] MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. P. 1045

[14] AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: de acordo


com o atual Código Civil, Lei nº 10.406, de 10-01-2002 – 3. Ed. – São
Paulo: Atlas, 2011. P. 399.

[15] MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. P. 1046.

[16] ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir


Edson. Direito civil: familias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. P.
317.

[17] Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. PRESSUPOSTOS. AFFECTIO


MARITALIS. COABITAÇÃO. PUBLICIDADE DA RELAÇÃO. PROVA.
1. Não constitui união estável o relacionamento entretido sem a
intenção clara de constituir um núcleo familiar. 2. A união estável
assemelha-se a um casamento de fato e indica uma comunhão de vida e
de interesses, reclamando não apenas publicidade e estabilidade, mas,
sobretudo, um nítido caráter familiar, evidenciado pela affectio
maritalis. 3. Não ficando comprovada a pretensão entre as partes de
manterem um relacionamento com o objetivo de constituição de
família, pelo contrário, não havia nenhum impedimento, e ausente
prova cabal da coabitação e da intenção de constituir família, a
improcedência da ação se impõe. Recurso desprovido. (Apelação Cível
Nº 70036252203, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em
05/07/2011)

[18] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 5:


direito de família. 26. Ed. São Paulo, Saraiva, 2011. P. 84 à 93.

[19] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 8. Ed. –


São Paulo: Atlas, 2008. P. 42. Entendia que: O relacionamento
homossexual, modernamente denominado homoafetivo, por mais
estável e duradouro que seja, não receberá a proteção constitucional e,
consequentemente, não se amolda aos direitos que possam decorrer
dessa união diversa do casamento e da união estável nunca terão, ao
menos no atual estágio legislativo, cunho familiar real e verdadeiro,
situando-se acentuadamente no campo obrigacional, no âmbito de uma
sociedade de fato.

[20] LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil, volume 5: direito


de famílias e das sucessões. 4. Ed. Rev. E atual. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2006. P. 277

[21]DIAS, Maria Berenice Dias. Um sonho convertido em casamento.


Disponível em:
http://www.mariaberenice.com.br/pt/homoafetividade.dept. Acesso
em 03 de outubro de 2011 às 23:56.

[22] FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das


famílias. 3. Ed. Rev., ampl., e atual. – Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011. P.466.

[23] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.
Atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. Pgs.
175.
[24]BRASÍLIA. Câmara dos Deputados. Atividade Legislativa.
Disponível em
http://www.câmara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?
idProposicao=129503. Acesso em 31 agosto.2011 às 23:29.

[25] Art.577, § 2ºº daLei dos Registros Publicoss: Art. 57. A alteração
posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após
audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a
que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-
se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta
Lei. § 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem
solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo
ponderável, poderá requerer ao Juiz competente que, no registro de
nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem
prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento
legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das
partes ou de ambas.

[26] Art.577.§ 3ºº daLei de Registros Publicoss:§ 3ºº O Juiz


competente somente processará o pedido, se tiver expressa
concordância do companheiro, e se da vida em comum houverem
decorrido, no mínimo, 5 (cinco) anos ou existirem filhos da união.

[27] FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das


famílias. 3. Ed. Rev., ampl., e atual. – Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011. P.478 e 479.

[28] MADALENO, Rolf. Curso de Direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. P. 1052.

[29] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.
Atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 178.

[30] VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 8. Ed.


São Paulo: Atlas, 2008. P. 142.
[31] MADALENO, Rolf. Curso de Direito de família. Rio de Janeiro:
Forense, 2011. P. 1.053.

[32] Art 1.6311 doCódigo Civill: Durante o casamento e a união estável,


compete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento de um
deles, o outro exercerá com exclusividade.

[33] WALD, Arnoldo. O novo direito de família. 16. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2005. P. 324.

[34] MADALENO, Rolf. Curso de Direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. P. 1.057.

[35] IVANOV, Simone Orodeschi. União Estável: regime patrimonial e


direito intertemporal – 2. Ed. – São Paulo: Atlas, 2007. P. 71.

[36] ROCHA, Marco Túlio de Carvalho. A igualdade dos conjuges no


direito brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. P. 242

[37] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.
Atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. Pgs.
180 e 181.

[38] MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2008. P. 807.

[39] Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. DISSOLUÇÃO. PARTILHA DE BENS.


REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL. 1. Reconhecida a união estável,
imperiosa a divisão igualitária dos bens adquiridos de forma onerosa
em nome de um ou outro convivente, sem que se perquira a
contribuição de cada um. Inteligência dos art. 5º da Lei nº 9.278/96 e
art. 1.725 do Código Civil. 2. A lei que rege as relações pessoais e
econômicas decorrentes da união estável é aquela vigente no momento
em que ocorreu a ruptura da vida marital, observando tal relação o
regime da comunhão parcial de bens, comunicando-se todos os bens
amealhados a título oneroso ao longo da vida marital. 3. Os bens
móveis que guarneciam a residência do casal e que foram listados na
peça exordial, também devem ser partilhados de forma igualitária,
havendo presunção de terem sido adquiridos pelo casal, na constância
da vida familiar. Recurso provido em parte. (SEGREDO DE JUSTIÇA)
(Apelação Cível Nº 70025326547, Sétima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves,
Julgado em 18/02/2009).

[40] Art.17255 doCódigo Civill: Na união estável, salvo contrato escrito


entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens.

[41] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.,
atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 79.

[42] GURGEL, Fernanda Pessanha do Amaral. Direito de família e o


principio da boa-fé objetiva. Curitiba Juruá, 2009. P. 93.

[43] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.,
atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 78.

[44] GURGEL, Fernanda Pessanha do Amaral. Direito de família e o


principio da boa-fé objetiva. Curitiba Juruá, 2009. P. 137.

[45] FERMENTÃO, Cleide Aparecida Gomes Rodrigues. Direito à


liberdade: por um paradigma de essencialidade que dê eficácia ao
direito personalíssimo da liberdade. Curitiba: Juruá, 2009. P. 159

[46] LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil aplicado, volume 5:


direito de família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. P.
429.

[47] CAHALI, Yussef Said. O casamento putativo. 2. Ed. São Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais, 1979. P. 3.
[48] ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir
Edson. Direito Civil: famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. P.
163.

[49] LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito civil aplicado, volume 5:


direito de família. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. P.
109.

[50] ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Código das famílias


comentado: de acordo com o estatuto das famílias (PLN n. 2.285/07)
Coordenador e coautor. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. P. 556.

[51]Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão


aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e
educação dos filhos.

[52] MADALENO, Rolf. Curso de direito de família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. Pgs. 1082 e 1083.

[53] Art.17277 doCódigo Civill: “As relações não eventuais entre o


homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato”

[54] Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena -
reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

[55] MOTTA, Carlos Dias. Direito Matrimonial e seus princípios


jurídicos. 2. Ed. Rev. Atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2009. P. 276

[56] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 6. Ed. Rev.,
atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. P. 51

[57] DIAS, Maria Berenice (Org.). Direito das famílias: contributo do


IBDFAM em homenagem a Rodrigo da Cunha Pereira. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2009. P. 197.
[58] SEREJO, Lourival. Direito constitucional da família. 2. Ed. Rev. E
atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. P. 17.

[59] FACHIN, Zulmar. Curso de direito constitucional. 3. Ed. Rev.


Atual. E ampliada. São Paulo: Método, 2008. P. 185.

[60] MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21. Ed. São Paulo:
Atlas, 2007. P.16

[61] Art.1ºº, III daConstituição Federall: A República Federativa do


Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos:[…] a dignidade da pessoa humana;

[62] GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Princípios


constitucionais de direito de família: guarda compartilhada à luz da lei
nº 11.608/08: família, criança, adolescente e idoso. São Paulo: Atlas,
2008. P. 71.

[63] DIREITO DAS FAMÍLIAS. UNIÃO ESTÁVEL CONTEMPORÂNEA


A CASAMENTO. UNIÃO DÚPLICE. POSSIBILIDADE DE
RECONHECIMENTO FACE ÀS PECULIARIDADES DO CASO.
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Ao longo de vinte e cinco
anos, a apelante e o apelado mantiveram um relacionamento afetivo,
que possibilitou o nascimento de três filhos. Nesse período de
convivência afetiva - pública, contínua e duradoura - um cuidou do
outro, amorosamente, emocionalmente, materialmente, fisicamente e
sexualmente. Durante esses anos, amaram, sofreram, brigaram,
reconciliaram, choraram, riram, cresceram, evoluíram, criaram os
filhos e cuidaram dos netos. Tais fatos comprovam a concreta
disposição do casal para construir um lar com um subjetivo ânimo de
permanência que o tempo objetivamente confirma. Isso é família. O
que no caso é polêmico é o fato de o apelado, à época dos fatos, estar
casado civilmente. Há, ainda, dificuldade de o Poder Judiciário lidar
com a existência de uniões dúplices. Há muito moralismo,
conservadorismo e preconceito em matéria de Direito de Família. No
caso dos autos, a apelada, além de compartilhar o leito com o apelado,
também compartilhou a vida em todos os seus aspectos. Ela não é
concubina - palavra preconceituosa - mas companheira. Por tal razão,
possui direito a reclamar pelo fim da união estável. Entender o
contrário é estabelecer um retrocesso em relação a lentas e sofridas
conquistas da mulher para ser tratada como sujeito de igualdade
jurídica e de igualdade social. Negar a existência de união estável,
quando um dos companheiros é casado, é solução fácil. Mantém-se ao
desamparo do Direito, na clandestinidade, o que parte da sociedade
prefere esconder. Como se uma suposta invisibilidade fosse capaz de
negar a existência de um fato social que sempre aconteceu, acontece e
continuará acontecendo. A solução para tais uniões está em reconhecer
que ela gera efeitos jurídicos, de forma a evitar irresponsabilidades e o
enriquecimento ilícito de um companheiro em desfavor do outro.
(Apelação Cível Nº1.0017.05.016882-6/003, 5ª Câmara Cível, Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, Relatora: Maria Elza, Julgado em
20/11/2008).

[64] UNIÃO ESTÁVEL PUTATIVA. Caso em que a autora uniu-se ao


"de cujus" de boa fé sem ter conhecimento que se tratava de homem
casado. Reconhecimento de união estável putativa. DERAM
PROVIMENTO. POR MAIORIA. (Apelação Cível Nº 70003251469,
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui
Portanova, Julgado em 13/12/2001).

[65] APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO


ESTÁVEL. ESPÓLIO. AUTORA QUE COMPROVA DE FORMA
CONTUNDENTE A CONVIVÊNCIA COM O DE CUJUS DURANTE 28
(VINTE E OITO) ANOS, NÃO TENDO CONHECIMENTO DOS
OUTROS RELACIONAMENTOS DO MESMO. DOUTRINA E
JURISPRUDÊNCIA QUE VEM ADMITINDO A EXISTÊNCIA DE
UNIÃO ESTÁVEL CONCOMITANTE, DESDE QUE UMA DELAS SE
CARACTERIZE POR SER PUTATIVA, OU SEJA, QUANDO UMAS
DAS PARTES ACREDITA QUE ESTÁ CONVIVENDO EM UNIÃO
ESTÁVEL POR ESTAR INCIDINDO EM ERRO SOBRE SUA
SITUAÇÃO DE FATO, RECEBENDO ESTA TODOS OS DIREITOS
ORIUNDOS DO SEU RECONHECIMENTO. PRECEDENTES DESTE
TJERJ. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Nº
0002770-30.2006.8.19.0008, 18ª Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro, Relator: Helena Candida Lisboa Gaede, Julgado em
19/07/2011).

[66] IMHOF, Cristiano. O Códio Civil e sua Interpretação


Jurisprudencial: Anotado artigo por artigo. Florianópolis: Conceito
Editorial, 2009. P. 1131.

[67] Art.1.5611 doCódigo Civill. Embora anulável ou mesmo nulo, se


contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a
estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença
anulatória.

[68] MADALENO, Rolf. Curso de Direito de Família. Rio de Janeiro:


Forense, 2011. P.1094)

[69] PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7. Ed.,


rev. E atual. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. P. 76

[70] AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS


PROVISÓRIOS. 1. Ao menos para efeito de concessão de alimentos em
caráter provisório, há elementos de convicção suficientes para
caracterizar a aparência de bom direito. Várias testemunhas informam
que o casal convivia maritalmente, sendo o varão responsável pelo
custeio das despesas correntes, o que é até por ele admitido em
depoimento pessoal. 2. Não há convicção plena acerca da configuração
da alegada entidade familiar, o que depende de complementação
probatória em andamento, que clareie a circunstância do rompimento
fático do primeiro casamento do agravante, questão até agora não
suficientemente esclarecida. 3. Ponto também a averiguar, em juízo
meritório final, é a eventual configuração de uma união estável
putativa. De qualquer modo ao menos em cognição sumária e
provisória, adequada a estipulação da verba alimentar, considerando
ainda que o binômio necessidade-possibilidade não é controvertido.
NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME. (SEGREDO DE JUSTIÇA)
(Agravo de Instrumento Nº 70013248166, Sétima Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado
em 21/12/2005).

[71] PORTO ALEGRE-RS. Portal da Justiça Federal da 4ª Região.


Notícias. Disponível em
http://www.trf4.jus.br/trf4/noticias/noticia_detalhes.php?id=7359.
Acesso em 10 setembro de 2011 às 17:54.

[72] PENSÃO POR MORTE. CONCUBINATO ADULTERINO. BOA-FÉ.


EFEITOS PREVIDENCIÁRIOS. POSSIBILIDADE. A existência de
impedimentos ao casamento não obsta o reconhecimento de entidade
familiar nas hipóteses de concubinato adulterino, quando da vigência
de matrimônio válido, sem separação, não retirando da concubina a
proteção previdenciária, quanto às situações em que reste evidenciada
a boa-fé, entendida essa não somente como o desconhecimento de
supostos impedimentos ao casamento, mas também nas hipóteses em
que a afetividade, estabilidade e ostensibilidade da relação revelem
expectativa no sentido de que aquele relacionamento poderá evoluir
para o casamento, dependendo do contexto probatório dos autos.
Interpretação do inciso I e dos §§ 3º e 4º do art. 16 da Lei nº 8.213/91 à
luz do art. 226, § 3º, da Constituição Federal. (Incidente de
uniformização JEF nº 0000558-54.2009.404.7195 (TRF), Turma
Regional de Uniformização, Relatora: Juíza Federal Suzana Galia,
Julgado em 20/05/2011).

BUENO Aline. União estável putativa. Disponível em:


http://www.ibdfam.org.br/novosite/artigos/detalhe/857. Acesso em
24/10/2012

Disponível em: https://arpen-sp.jusbrasil.com.br/noticias/100144645/uniao-estavel-putativa-por-


aline-bueno

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