Na Prática Conhecimento

Em todos os lugares Empregabilidade

Administração em organizações Como se preparar para
pouco comuns é igual à praticada as exigências do mercado Outubro/2010 Ano 33 - nº 292
em empresas convencionais e ter emprego sempre

Coad 2010 Renomados nomes do mundo

corporativo discutem sobre a profissão
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Aulas de Administração
Foi-se o tempo em que o mundo era formado por
coisas simples. Bastava graduar-se em algum curso, e
pronto: o futuro estava garantido, pois o conhecimento
adquirido nas escolas era suficiente para desempe-
nhar as atividades profissionais por um longo período.
Hoje, com a globalização da economia e a disse-
minação das tecnologias da informação, o simples
cedeu lugar para a complexidade. É certo que a nova
realidade permite que alguns profissionais ainda
consigam se manter com o que aprenderam nos ban-
cos escolares, mas, no caso dos administradores, não
é bem assim. A execução das funções “planejar, orga-
nizar, dirigir e controlar” depende cada vez mais da
absorção de conhecimentos múltiplos capazes de fa-
zer frente aos desafios, contínuos e cada vez maiores.
“É preciso estar atento às
mudanças, às oportunidades
que surgem, aprender
e desaprender, ou seja, evoluir”
Thomas Friedman, um dos mais respeitados ana-
listas de assuntos internacionais dos Estados Uni-
dos, desenvolveu a teoria de que o mundo é plano.
A ideia pode parecer absurda, mas é uma metáfora
baseada numa análise militar, a qual diz que uma
luta em um terreno sem obstáculos oferece igual-
dade de condições para todos os combatentes.
Portanto, é preciso estar atento às mudanças, às
oportunidades que surgem, aprender e desapren-
der, ou seja, evoluir. E isso se dá deixando de lado
crenças para aceitar novas realidades.
Empresas com essa mentalidade não só preparam
seus líderes como investem em um melhor gerencia-
mento das competências, habilidades e atitudes de
seus profissionais. Como resultado, têm sempre as
pessoas certas para os lugares certos, o que favorece
a eliminação de barreiras em processos de mudan-
ças, contribui para o fluxo das informações inter-
departamentais e, principalmente, entre as partes
interessadas na empresa, os chamados stakeholders.
Carta ao Leitor
Ao se tornarem modernas, passaram a produzir
ou a oferecer serviços com excelência, como forma
de conquistar a credibilidade e a confiança de seus
consumidores, a investir em tecnologia e inovação,
a dar atenção aos problemas relativos à sustenta-
bilidade, a compartilhar serviços em comum com a
concorrência e a definir regras de governança cor-
porativa para demonstrarem transparência e serem
atrativas para os investidores, entre outras ações.
É claro que as escolas se esforçam para colocar no
mercado profissionais cada vez mais bem preparados e
responsáveis para atender a essas demandas. Por mais
que se esforcem, no entanto, servem apenas de passa-
porte para colocá-los no mercado. A experiência nem
sempre vem com o desenvolvimento das atividades,
mas por meio da busca incessante do conhecimento e,
principalmente, de como colocá-lo em prática.
Foi com essa intenção que o CRA-SP promoveu no
mês passado, como parte das comemorações dos
45 anos da profissão, o Coad 2010 – Congresso de
Administração. Ao reunir presidentes de empresas
bem-sucedidas no País para transmitirem suas ex-
periências profissionais, proporcionou verdadeiras
aulas de Administração, destas que poucas escolas
conseguem ministrá-las.
Para o CRA-SP, o congresso também foi uma ex-
periência positiva, que espera repeti-la. Mais do que
isso, reforçou a ideia de que sua missão não está
restrita à fiscalização do exercício profissional.
Adm. Walter Sigollo
Presidente do Conselho
Regional de Administração
de São Paulo - CRA-SP
3
 Sumário
Editor Delegacias
Conselho Regional de Administração de São Paulo Para servir de apoio aos profissionais no interior e, em muitos
casos, ser a extensão da própria entidade, o CRA-SP está
Presidente
Administrador Walter Sigollo
presente, por meio de delegacias, em oito regiões do Estado.:
Empregabilidade.
Diretores • Região de Bauru
Delegado: Adm. Helson José B. Fagundes Como identificar e
3 . Carta ao Leitor
Adm. José Alfredo Machado de Assis
Vice-presidente Administrativo Rua Joaquim da Silva Martha, 23
Complemento 11 – 17012.225 - Bauru - SP melhorar a sua
Adm. Paulo Roberto Segatelli Câmara Tel: (14) 3226-5004
em Conhecimento
Vice-presidente de Relações Externas
Adm. Cid Nardy
Vice-presidente de Planejamento
• Região de Campinas
Delegado: Adm. João B. Pereira Júnior
6 . Panorama
Rua Barão de Paranapanema, nº146 Atividades que marcaram
Adm. Joaquim Carlos Dias conj. 44 A – 13026-010 - Campinas - SP
Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos Tel: (19) 3251-9688/3251-9660
os 45 anos da profissão
Adm. Teresinha Covas Lisboa
1º Secretário
• Região de Jundiaí
Delegado: Adm. Eric Jacques L. Winandy
Avenida Dr. Sebastião Mendes Silva, 901
10 . Conhecimento
Adm. Roberta de Carvalho Cardoso
13208-090 - Jundiaí - SP
Contratável sempre
2º Secretário
Tel: (11) 4586-7299 Especialistas explicam como
Adm. Antonio Geraldo Wolff
1º Tesoureiro • Região de Piracicaba entrar, permanecer e progredir
Delegado: Adm. Roberto Tayar
Adm. Idalberto Chiavenato
Rua Alferes José Caetano, 720 - Sala 25
no mercado de trabalho
2º Tesoureiro
Conselheiros
13400-120 - Piracicaba - SP
Tel: (19) 3402-4841 Administrando 14 . Na Prática
Marcio Gonçalves Moreira, Anna Luiza do Amaral Boranga,
Carlos Antonio Monteiro, Alberto Emmanuel de Carvalho
• Região de Ribeirão Preto diferenças Sempre presente
Delegado: Adm. Marcos Silveira Aguiar
Whitaker, Hamilton Luiz Corrêa, Luiz Eduardo Reis de Magalhães,
Alexandre Uriel Ortega Duarte, Milton Luiz Milioni, Luiz Carlos
Coord. Regional: Adm. Marcelo Torres em Na Prática Não importa o lugar nem a
Avenida Braz Oláia Acosta, 727 – conj. 109
Vendramini; Representantes no CFA: Roberto Carvalho Cardoso
14026-040 - Ribeirão Preto – SP atividade. A Administração é
(efetivo) e Mauro Kreuz (suplente)
Tel: (16) 3621-1061 – Fax (16) 3621-3827 quem faz a diferença
Conselho Editorial para RAP 2009/2010 E-mail: delegacia.ribeiraopreto@crasp.gov.br
Coordenadora: Adm. Teresinha Covas Lisboa. Adm. Alexandre
• Região de Santos

18 . Capa
Uriel Ortega Duarte, Adm. Anna Luiza do Amaral Boranga,
Delegado: Adm. Itamar Revoredo Kunert
Adm. Cid Nardy, Adm. Hamilton Luiz Corrêa, Adm. Luiz Carlos
Rua Leonardo Roitman, 27 – conj. 43
Vendramini, Adm. Milton Luiz Milioni, Adm. Paulo Roberto
11015-550 – Santos - SP
Segatelli Câmara, Adm. Roberta de Carvalho Cardoso.
Tel: (13) 3223-2629 O futuro da administração
Produção
Conselho Regional de Administração de São Paulo
• Região de São José do Rio Preto Coad 2010 As experiências de presidentes
de empresas brasileiras bem-
Congresso de
Delegado: Adm. José Carlos Simões
Departamento de Desenvolvimento Institucional
Rua Luiz Antônio da Silveira, 89
e Relações com IES
15025-020 - São José do Rio Preto - SP sucedidas foram debatidas durante
Coordenação Editorial e Gráfica
Entrelinhas Comunicação Ltda.
Editor-responsável
Tel: (17) 3234-1676
• Região de Sorocaba
Administração dois dias no Coad 2010

Delegado: Adm. Gilberto Dilela Filho

em Capa
32 . Canal Aberto
Luiz Gallo (MTb 14.576) Rua Padre Luiz, 17 – 12º andar - sala 128
Publicidade 18035-010 - Sorocaba - SP
Publicidade Nominal Representações Tel: (15) 3211-0987
Administrador legal
Impressão A RAP é uma publicação mensal do Conselho Regional
Plural Editora e Gráfica Ltda. é quem se registra
de Administração (CRA-SP), sob a responsabilidade

34 . Eleições
Tiragem de seu Conselho Editorial. As reportagens não refletem
50.000 exemplares necessariamente a opinião do CRA-SP.

Administradores
escolhem novos
conselheiros
dia 20 de outubro

Rua Estados Unidos, 889 - Jardim América - São Paulo - SP

CEP 01427-001 - Telefone: (11) 3087-3200
atendimento@crasp.gov.br - www.crasp.gov.br
Panorama
por Luiz Gallo

Carta do Cursos Dtcom

Em relação à jornada de trabalho,
você acha que:

6%

para novembro
a jornada deve ser reduzida

CRA-SP aos
para 42 horas semanais

38%
devem ser mantidas as 44 horas semanais

56%

presidenciáveis
a jornada deve ser reduzida
para 40 horas semanais
AD Autodesenvolvimento
Power Point I – Intermediário 3/5
Power Point II – Intermediário 4/5
Excel I - Básico 1/4

pede reforma
Você acha que os cursos de ensino
superior de Administração têm for- Excel II - Básico 2/4
mado profissionais para a evolução
do mercado? Série Profissional: Níveis da vivência ética 1/4
Série Profissional: A empresa envolvida com a ética 2/4

tributária
15% Autodesenvolvimento: Uma competência crítica
Sim
para o profissional do século XXI
32% Português instrumental II – A reforma ortográfica
Não

53% GC Gestão Corporativa

O Conselho Regional de Ad-
ministração de São Paulo tem
realizado periodicamente levan-
tamentos para ouvir a opinião
dos administradores em relação
a temas de interesse da socie-
dade. No último deles, em 11 de
agosto, mais de 3 mil adminis-
tradores registrados indicaram,
por ordem de importância, qual
reforma deveria merecer a pri-
eleitoral, solicitou a seus filia-
dos que indicassem, por or-
dem de importância, a reforma
que deve ser priorizada pelo
próximo Presidente da Repú-
blica, entre as opções: previ-
denciária, trabalhista, política,
tributária e judiciária.
Realizado no mês de agosto,
o levantamento teve a partici-
pação de mais de 3 mil admi-
mais recorrentes é o de que só
a partir de um sistema tributá-
rio mais justo e menos oneroso
os recursos poderão ser dispo-
nibilizados para outras áreas.
Outro, é o de que os impostos
devem ser revistos para não
sobrecarregar as empresas e
a sociedade em geral; só assim
serão criadas as condições fa-
voráveis ao crescimento e ao
Em parte
Negociando com sucesso I
Negociando com sucesso II
Série Profissional: Matemática financeira aplicada I (4/6)
O CRA-SP quer saber o que faz você
Série Profissional: Matemática financeira aplicada II (5/6)
permanecer em uma empresa ou se
interessar por novas oportunidades Série Profissional: Matemática financeira aplicada III (6/6)
em outra organização.
5S – A base para a qualidade
Trajetória: Empreendedorismo e os desafios da gestão contemporânea
6%
programas de saúde e qualidade de vida
GP Gestão Pública
7%
pacote de benefícios Entrevista: A nova contabilidade pública – Alterações no perfil do contador
NR10: Segurança em instalações e serviços com eletricidade (6/14)
13%
NR10: Introdução à eletricidade básica I (1/14)
bom ambiente de trabalho

15% NR10: Introdução à eletricidade básica II (2/14)

meira atenção do futuro presi-
dente da República.
O resultado da enquete moti-
vou o CRA-SP a enviar carta aos
presidenciáveis, em 8 de setem-
bro. Eis o documento na íntegra:
“O Conselho Regional de
Administração de São Paulo
(CRA-SP) tem, periodicamente,
realizado levantamentos para
ouvir a opinião dos adminis-
tradores em relação a temas de
interesse da sociedade. Nesse
sentido, e atento ao processo
nistradores filiados ao CRA-SP.
Com ampla maioria (46,96%),
a reforma tributária foi esco-
lhida como aquela que deve ser
prioridade do próximo governo.
Com pequenas diferenças nas
porcentagens apareceram, na
seqüência, as reformas polí-
tica (16,72%), previdenciária
(14,79%) e judiciária (14,29%).
Já a trabalhista foi a menos vo-
tada pelos participantes, com
7,24% das indicações.
Os administradores justifica-
ram a escolha; dos argumentos
aumento das vagas de trabalho
de forma sustentável.
Nosso intuito ao compartilhar
os resultados acima é apontar
indicadores que ajudem o pró-
ximo Presidente da República
a definir suas prioridades de
acordo com os anseios e as ex-
pectativas da sociedade.
Os demais candidatos rece-
berão correspondência com
mesmo teor”.
Confira os resultados de outras
enquetes realizadas:
remuneração
16%
oportunidades de ascensão na carreira
43%
oportunidades de desenvolvimento
pessoal e profissional
A Lei Ficha Limpa deve valer para
a eleição deste ano ou a partir
da de 2012?
4%
a partir da eleição de 2012
96%
a partir desta eleição
NR10: Introdução à eletricidade básica III (3/14)
NR10: Introdução à segurança com eletricidade (4/14)
NR10: Medidas de controle do risco elétrico (5/14)
Conexões elétricas – O grande desafio
para o setor elétrico – O meio ambiente
Orçamento público – Em busca da eficiência
Orçamento público – Planejar é preciso?
Os cursos são transmitidos, por meio de uma TV Corporativa,
na sede do Conselho, de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h.
Inscrições pelo e-mail eventos.participe@crasp.gov.br ou pelo
telefone (11) 3087.3200 – Departamento de Relações Externas.
As reservas devem ser feitas com uma semana de antecedência.
A programação completa está em www.crasp.gov.br/dtcom

6 7
Panorama
Marcelo Marques
Para marcar os 45 anos da
regulamentação da profissão
comemorados em 9 de setem-
bro, o Ministério das Comuni-
cações e a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos lan-
çaram selo personalizado e
carimbo postal alusivos à data.
A cerimônia foi realizada no
Conselho Regional de Admi-
nistração de São Paulo com a
presença de José Furian Filho,
diretor regional dos Correios
de São Paulo, da diretoria
do Conselho, coordenadores
de grupos de excelência e
diversos administradores.
Composto por duas partes,
o selo retrata, na primeira, 12
monumentos e paisagens tu-
rísticas da capital paulista; na
outra, a inscrição “45 anos” esti-
lizada é mostrada nas cores azul
marinho e branco entre a pala-
vra “Administrador” e a sigla
“CRA-SP”. No carimbo consta o
nome do Conselho, a inscrição
“45 anos” e o período de circu-
lação (1º a 30 de setembro de
2010). “Essa homenagem re-
afirma nosso compromisso de
difundir o legado cultural do
País por meio de seu folclore,
8
Selo registra
os 45 anos
da profissão
CRA-SP insere seu nome
na galeria dos Correios
divisão étnica e eventos come-
morativos. A inscrição do nome
em um selo se perpetua em
cartas e em álbuns de colecio-
nadores. O CRA-SP insere seu
nome na galeria do Museu dos
Correios, em Brasília”, enfatizou
o diretor dos Correios.
A primeira oblituração (ato
de carimbar para impedir a
reutilização da estampa) foi
feita pelo administrador Walter
Sigollo, presidente do Conselho
(foto acima), que citou o atual
presidente do Conselho Federal
de Administração (CFA) como
uma das pessoas que mais tra-
balharam para que aquele mo-
mento fosse eternizado.
Ao falar sobre a contribuição
da Administração para o de-
senvolvimento das empresas e
do País, esclareceu que o pa-
pel da entidade não se limita
à fiscalização do exercício da
profissão. Parte de suas ativi-
dades é resultado de pesquisas
junto aos administradores, nas
quais revelaram que o CRA-
SP deveria ter uma ação mais
direta. Entre os exemplos, os
diversos convênios, que já pos-
sibilitaram mais de mil opções
Congresso Nacional
homenageia
Luiz Alves
administradores
Os mais de 290 mil administradores registra- não existe futuro sem planejamento, não existe or-
dos no País foram homenageados no Congresso
Nacional, como parte das celebrações dos 45
ganização sem administração”, disse, ao ressaltar
que os 45 anos da profissão são marcados também
anos da profissão, em duas sessões solenes: dia pela implantação dos CRAs do Acre e do Amapá, os
8 de setembro na Câmara dos Deputados e dia únicos que faltavam para completar o sistema CFA.
9 no Senado Federal. Nos eventos, estiveram As iniciativas foram propostas pelo deputado
de treinamento e distribuição presentes deputados e senadores, conselheiros federal Sandro Mabel, que é administrador, e pelo
de livros, a inauguração da De- federais, presidentes de Conselhos Regionais de senador Marconi Perillo, representado no ato pelo
legacia de Ribeirão Preto, que Administração e mais de 250 estudantes de Ad- senador Adelmir Santana. Ao saudar os adminis-
trará mais representatividade ministração das faculdades de Brasília. tradores, Santana lembrou a missão de Juscelino
para o interior, e as enquetes Em seus discursos nas duas casas, o presidente Kubitschek na construção de Brasília. “O plano
junto à categoria sobre temas do CFA, administrador Roberto Carvalho Cardoso, de metas de JK só se tornou realidade porque ele
de interesse da sociedade ressaltou a importância da profissão. “Assim, como contou com o apoio dos administradores”.
(ver página 6). Para dignificar
ainda mais a profissão, é pre-
tensão do Conselho lançar a
Certificação Opcional da Pro-
fissão do Administrador.
Ainda como parte das come-
morações, o CRA-SP recertificou
os coordenadores dos Grupos
de Excelência, criou o “Espaço
do Administrador” (saiba mais
em www.crasp.gov.br), veicu-
lou publicidades nos principais
meios de comunicação, distri-
buiu brindes e enviou e-mail
aos administradores parabeni-
zando-os pela data.
Para adquirir os selos, os inte-
ressados devem enviar e-mail
para secretaria@crasp.gov.br ou
telefonar para (11) 3087-3200.
Cada cartela com 12 estampas
custa R$ 30. A entrega demora,
em média, uma semana. Pedidos
sob encomenda.
Conhecimento
por Sarah Germano
Empregabilidade A
denominação “empregabi-
lidade” pode soar estranha
ao primeiro contato, em
Como identificar
função do pouco tempo em que
o termo é utilizado. No entanto,
diante do concorrido mercado de
trabalho, o conceito está sendo
e melhorar a sua
cada vez mais incorporado pe-
los profissionais, como forma de
manterem vivas as suas carrei-
ras. De acordo com o consultor
José Augusto Minarelli, criador
Porque nem sempre ser talentoso do termo no final dos anos 1990,
é garantia de ter bons empregos empregabilidade baseia-se na ca-
pacidade do profissional de ser
contratável, seja para um em-
prego ou para a prestação de um
serviço, ou no questionamento de
como deve se comportar para ga-
rantir a manutenção de seu lugar
na companhia em que trabalha.
Autor do livro “Empregabili-
dade – Como entrar, permanecer
e progredir no mercado” (Edi-
tora Gente), Minarelli diz que o
tema é recente no País porque,
antigamente, a maioria dos pro-
fissionais confiava seu futuro
nas mãos das empresas. “Mui-
tos sequer percebiam o quanto
eram dependentes de seus em-
pregadores”, diz. Com isso, não
eram raros os casos de pessoas
que passavam a vida toda traba-
lhando num mesmo local.
Essa realidade mudou diante da
evolução tecnológica, globaliza-
ção da economia e internaciona-
lização do capital, que obrigaram
as organizações a conviver com
constantes transformações. Com
isso, passaram a contratar pro-
fissionais “prontos”, dispostos a
ficar em permanente estado de
atualização e em contínua busca
de conhecimento. Encontrá-los,
porém, não significa garantir-lhes
emprego eterno. Tanto que os
empregadores, explica Minarelli,
10
passaram a adotar a política de
preparar seus colaboradores para
estarem em condições de traba-
lho, caso deixem a organização.
A consequência é a formação
de profissionais generalistas, com
conhecimentos amplos e múlti-
plas habilidades, capazes de as-
sumir os mais diferentes postos.
O administrador Laerte Cordeiro,
com mais de 20 anos de expe-
riência na área de empregos e
carreiras de executivos, afirma
que empregabilidade é a condi-
ção que um profissional tem para
atender as exigências do mercado
de trabalho. Ou, como afirma
Simon Franco, um dos pionei-
ros em seleção de executivos no
País: “É a capacidade de se fazer
cobiçado pelo mercado”.
“A empregabilidade
funciona como uma
base de segurança
para o profissional,
uma estrutura que
garante a carreira
por mais tempo”
José Augusto Minarelli, criador
do termo no final dos anos 1990
Para manter a empregabili-
dade em alta, ressalta Franco,
mais do que estar consciente
da importância do profissiona-
lismo, é preciso assumir a pos-
tura de eterno aprendiz. Quem
for adepto do comodismo, certa-
mente terá dificuldade para ven-
cer na carreira. “Essa é a lição
de casa”, comenta Franco, para
quem associar a empregabili-
dade à competência técnica não
é correto. Autor do livro “Criando
seu próprio futuro” (Editora
Ática), Franco diz que já passou
o tempo em que para aumentar
o nível de empregabilidade era
necessário, além do saber, o sa-
ber fazer. Ou seja, a capacidade
de entregar aquilo que era espe-
rado. “Hoje, na minha percep-
ção, competência é composta de
três fatores: saber cada vez mais
e melhor; fazer cada vez melhor
e mais rápido, com custo baixo,
perfeccionismo e garantia de
qualidade; e o saber ser”, res-
salta, ao dizer que esse último
se encaixa nas pessoas porta-
doras dos outros dois fatores,
mas com perfil semelhante ao
desejado pela empresa.
Na visão de Franco, isso explica
porque pessoas com talentos não
conseguem bons empregos. “A
competência técnica é o ponto de
partida, mas é preciso interação
com a cultura da empresa”. Essa li-
nha de raciocínio é compartilhada
por Cordeiro. “Os talentosos têm
mais chances, mas a escolha final
recai sempre sobre quem está afi-
nado com os valores éticos e mo-
rais, princípios, crenças, políticas
internas e externas da organiza-
ção contratante”, enfatiza.
As seis pernas da mesa
“A empregabilidade funciona
como uma base de segurança
para o profissional, uma estrutura
que garante a carreira por mais
tempo”, explica Minarelli. Para ter
essa base, no entanto, é preciso
investir nas seis vertentes que for-
mam a sua sustentação. São elas:
• Alinhamento do trabalho com
a vocação “Quando trabalha-se no
que gosta, tem-se motivação para
fazer bem feito, suportar as ten-
sões do trabalho, continuar apren-
dendo e disposição para inovar”;
11
Conhecimento

▪ Reserva financeira – A inter-
rupção de um contrato de trabalho
ou a perda de um cliente significa
ausência de receita. “É preciso ter
uma reserva para suportar os pe-
ríodos de baixa e para investir na
atualização das competências”;
▪ Relacionamentos – Nem sem-
pre uma boa rede é grande, e sim
a que tem qualidade.“É o capital
social que dá acesso a oportunida-
des, conhecimentos e indicações. É
formado por pessoas conhecidas
ao longo da vida, com as quais se
mantêm contatos. Representam
apoio e sustentação em momentos
de transição ou dificuldade”.
Essas bases de sustentação,
que evitará sua queda no fundo
do poço”, escreveu em seu livro.
Ainda de acordo com Mina-
relli, cuidar bem desses seis fa-
tores significa não se igualar aos
demais profissionais. “No caso
de desemprego, essa estrutura
balança, mas não cai. Melhor:
contribui para uma rápida reco-
locação no mercado de trabalho”,
diz. Por sua vez, Cordeiro lembra
que para ter alta empregabilidade
é preciso conhecer as necessida-
des e especificações do mercado.
“Como os requisitos mudam, é
fundamental ser sensível e capaz
de interpretar as mensagens do
mundo do trabalho”, diz.
bilidade, por serem capazes de
atender suas necessidades na
hora certa e de forma eficaz”,
afirma o administrador Laerte
Cordeiro. Apesar de seu ponto de
vista ser contestado por Franco,
que entende que essa caracte-
rística é própria do funcionário,
a verdade é que as empresas au-
mentam, a cada dia que passa, as
exigências de formação dos ocu-
pantes de seus cargos.
Hoje, além dos comportamen-
tos essenciais como saber ouvir,
liderar, trabalhar em equipe, ser
flexível e capaz de promover mu-
danças, entre outros, as empre-
sas valorizam colaboradores que
sado. A ordem, agora, é buscar
alternativas que contribuam para
a tomada de decisões e o conse-
quente desenvolvimento das em-
presas. Isso implica dizer que o
profissional tem de ter em mente
que a desatualização significa
perda de espaço. Afinal, como
diz Minarelli, a carreira a ele per-
tence. “Parece óbvio, mas não é.
Você é o dono de sua carreira e
responsável por ela. Trate-a bem.
Ninguém é capaz de administrá-
la melhor que você”, finaliza.
“Empregabilidade
é a capacidade

Para José Augusto Minarelli, é fundamental
interpretar as mensagens do mercado
▪ Competências técnicas –
São elas: comunicação, relacio-
namento, tecnologia e merca-
dologia. Nessa última, inclui-se
a capacidade que o profissional
tem de vender seu serviço. “Esse
conjunto faz as pessoas exerce-
rem suas profissões de forma atu-
alizada, inovadora e pró-ativa”;
▪ Idoneidade – Ter alta empre-
gabilidade significa ser ético e de-
cente. “Embora seja uma obrigação
social, trata-se de um diferencial no
mundo corporativo. É um absurdo,
mas ser correto, honesto e íntegro
são vantagens competitivas”;
▪ Saúde física, mental e fé –
Fundamental, pois o corpo é o
principal equipamento de traba-
lho. Além disso, é preciso equi-
líbrio para lidar com emoções e
sentimentos. “Fé é uma atitude
positiva que ajuda as pessoas em
momentos de dificuldade”;
Marcelo Marques
de acordo com Minarelli, só fun- possuem visão estratégica. É o
cionam se estiverem fortes e in- Empregabilidade chamado “olhar além dos muros
de se fazer cobiçado
terligadas. “De nada adianta ter nas empresas da organização”, ou seja, a fase de pelo mercado”
adequação profissional, compe- “Todas as empresas querem ficar limitado às atividades ine- Simon Franco, consultor na área de
tência ou estar atualizado em sua profissionais com alta emprega- rentes dos cargos é coisa do pas- seleção de executivos (foto)
profissão se você não for idôneo,
se não possuir relacionamentos,
se sua saúde estiver fraca ou se
não dispuser de reservas finan-
ceiras. De nada adianta dispor
de recursos se você não for com-
petente e idôneo, porém desco-
nhecido. Por isso, tem de manter
articulados e equilibrados todos
os pilares. Se tiver de enfrentar
uma demissão, será essa estrutura
“As empresas querem
profissionais com alta
empregabilidade,
por serem capazes
de atender
suas necessidades
na hora certa
e de forma eficaz”
Adm. Laerte Cordeiro, consultor na área
de empregos e carreiras de executivos

12
Na Prática
por Sarah Germano | Fotos: Marcelo Marques
Administrando diferenças
A Administração está em todos os lugares, inclusive no
zoológico, terminais rodoviários, clubes e espaços culturais
T
odos os dias, Masao Iwasaki vai ao Zoológico
de São Paulo. Ele chega sempre entre 6h30 e
7h e caminha por toda a extensão deste que
é o maior jardim de animais na América Latina.
Durante o percurso, observa as condições das jau-
las, a limpeza e a segurança do local e toma pro-
vidências, diante de qualquer anormalidade. No
entanto, o “doutor Masao”, como é conhecido, não
é o zelador nem o inspetor do local, mas o diretor
14
de Administração da fundação que conta ainda
com o Zôo Safári (ex-Simba Safári) e uma fazenda
em Araçoiaba da Serra, distante a 123 quilôme-
tros da capital paulista, onde é cultivada a maior
parte dos alimentos consumidos pelos animais
(cerca de 1.200 toneladas/ano).
Iwasaki tem experiência no assunto, já trabalhou
na Administração do Hospital Veterinário da Uni-
versidade de São Paulo. “Por estar a frente de um
espaço de grande visitação pú-
blica, passo por situações que
jamais vivenciaria se gerenciasse
outro lugar”, revela, ao dizer que
são corriqueiros casos em que
crianças deixam cair a chupeta
nos recintos dos animais, o que
obriga os tratadores a prendê-
los para recuperarem o objeto.
“Sem contar as que se perdem”,
comenta. Na prática, são fatos
normais quando se olha para os
números. Desde sua abertura, em
1958, o Zoológico recebeu mais
de 70 milhões de visitantes.
Uma das questões que mais in-
trigam os frequentadores e deman-
dam esforços administrativos é a
alimentação dos animais. Todos
têm uma dieta própria, mas, inva-
riavelmente, esse ato é ditado pelas
necessidades de cada um. “Quando
ficam doentes, a medicação cos-
tuma ser inserida no alimento, o
que nos obriga a comprar alguma
coisa atrativa. Outro dia, rechea-
mos uma lula com cápsulas para
poder tratar um animal”, exempli-
fica. Para se ter ideia dessa diver-
sidade, quando “a bicharada” enjoa
da carne bovina, ela é substituída
pela suína e vice-versa. Sem contar
que entra nessa lista pistache, no-
zes, castanha e até goma árabe.
“Por estar a frente
de um espaço de
grande visitação
pública, passo
por situações que
jamais vivenciaria
se gerenciasse
outro lugar”
Masao Iwasaki, diretor de Administração
da Fundação Zoológico de São Paulo (foto)
Pelo fato de o Zoológico estar
ligado à Secretaria Estadual do
Meio Ambiente, Iwasaki explica
que as compras dos suprimentos
são feitas por meio de licitações e
concorrências. “Fazemos progra-
mações anuais diversas, já que,
diante da urgência de uma ali-
mentação diferenciada, não temos
como ir à uma loja para comprá-la.
As entregas costumam ser progra-
madas. É o caso da carne, cujo re-
cebimento se dá a cada trimestre.
Para conservá-la, temos, às vezes,
de alugar frigoríficos”, conta.
Pós-graduado em Administra-
ção Financeira e Orçamentária
do Setor Público pela Faculdade
de Economia e Administração da
Universidade de São Paulo (FEA-
USP), Sérgio Jacomini administra
os 84.480 metros quadrados que
formam o Memorial da América
Latina. Para ele, trata-se de uma
atividade que pode ser estressante
à medida em que se tem de estar
sempre preocupado com as regras
e as normas impostas pela Adminis-
tração Pública. “O que você faz será
interpretado no futuro, quando o
TCU analisar as contas e a audito-
ria checar se o que está sendo feito
está correto”, explica.
A característica do Memorial é
ter um viés cultural muito forte,
além de manter uma relação ins-
titucional estreita com os consu-
lados e povos latinos-americanos
residentes em São Paulo na difusão
das manifestações de criatividade
e saber. Inaugurado em 1989, o
espaço ganhou visibilidade pelos
eventos direcionados a públicos
abrangentes, sobretudo espetácu-
los artísticos. Recentemente tem
buscado oferecer atividades volta-
das à difusão da produção cultural
latino-americana contemporânea.
Um dos maiores desafios do
cargo, segundo Jacomini, é ter de
fazer muito com pouco. “A verba
para os projetos não acompanha
15
Na Prática
a demanda cultural, que é muito
grande. A ordem, então, é definir
prioridades e levar os gastos na
ponta do lápis, como se estivesse
controlando uma casa”, ressalta.
E não é para menos. Além de ter
de descobrir o que é mais impor-
tante dentre as várias atividades
que buscam espaço entre si, Ja-
comini diz que a administração é
o fiel da balança para que tudo
aconteça de forma harmônica.
Quando o cliente é o patrão
Localizado em uma das princi-
pais e valorizadas avenidas de
São Paulo, a Faria Lima, o Clube
Pinheiros é o maior clube polies-
portivo da América Latina. Re-
cebe anualmente dois milhões de
visitantes em um espaço de 170
mil metros quadrados. Seu orça-
mento, calculado em R$ 100 mi-
lhões, pode ser comparado aos de
16
algumas cidades do interior, de
acordo com Antônio Celso Monari,
gerente geral da agremiação.
A administração no Pinheiros
não se diferencia muito no seu dia
a dia de uma empresa convencio-
nal, a não ser pela composição de
seu corpo diretivo formado por
associados não remunerados, o
que, de certa forma, cria a figura
de que o sócio é, ao mesmo tempo,
patrão e cliente. A estrutura admi-
nistrativa do clube é descentra-
lizada. “Diversos departamentos
têm gerência profissional, com
a missão de aceitar desafios e
transformá-los em resultados. Os
diretores são denominados pelo
presidente”, explica Monari.
Para ele, o maior desafio na ad-
ministração de um clube é equa-
lizar a relação entre o grupo de
diretores não-remunerados –tra-
“A ordem é definir
prioridades e levar
os gastos na ponta
do lápis, como se
estivesse controlando
uma casa”
Sérgio Jacomini, da administração
do Memorial da América Latina (foto)
balham por hobby ou por dedica-
ção- com a estrutura profissional.
No Pinheiros, quem faz esse meio
de campo é a gerência geral, com
as chefias de cada departamento.
“Por trabalharem gratuitamente,
deixando de lado seus afazeres e
compromissos, temos de enten-
der que os diretores, apesar de
determinarem as metas a serem
alcançadas, estão atuando de
forma mais política que profis-
sional. Temos de nos adequar a minais rodoviários, entre eles os Há 18 anos na empresa, disse
isso, saber lidar com esse pessoal do Tietê, Barra Funda e Jabaquara, que a principal diferença en-
e tocar o clube”, comenta Monari. em São Paulo, conta que a admi- tre administrar uma empresa
Assim, também como em qual- nistração desses locais agrega o tradicional e uma que gerencia
quer empresa, os problemas são comando das operações, manuten- rodoviárias está no tratamento
parecidos. “Temos questões fun- ção e limpeza, áreas administrativa direto com o público e as em-
damentais de relacionamento, de e financeira, recursos humanos presas de ônibus. “Isso exige
comunicação, de atendimento às e parte comercial (envolve lojas atendimento diferente para in-
necessidades dos clientes, nossos e prestadores de serviço). tegrar às necessidades dos pas-
associados, bem como concentrar Para que o funcionamento dos sageiros e dos transportadores”,
nossos esforços para os serviços terminais ocorra normalmente, diz Haenel. Para ele, trabalhar
que desejam”, enfatiza. No entanto, explica Haenel, é fundamental que na administração das maiores
lembra que não estão livres de os departamentos sejam atuantes rodoviárias do País não é tarefa
acontecimentos que dificilmente e integrados. “No Terminal Tietê, fácil. “Nos feriados de Natal, fi-
surgiriam em uma empresa. Mo- por exemplo, que recebe, em mé- nal de ano e Carnaval, quando
nari, por exemplo, conta que no dia, três mil ônibus por dia, é de o movimento aumenta 50%, é
dia de uma poda programada, por nossa responsabilidade o controle necessário um esforço adicio-
conta de uma reforma, um grande da circulação dos veículos, desde nal de todos os funcionários”,
número de sócios subiu na árvore a entrada, acostamento, embar- explica, ao dizer que já teve de
para demonstrar sua contrarie- que, desembarque e o tempo de cancelar compromissos parti-
Em um clube, o sócio é, ao mesmo
dade ao acontecimento. “Tivemos permanência, como também o culares para garantir pessoal- tempo, patrão e cliente, relata Antônio
de contornar a situação por meio acesso dos passageiros e usuários mente a manutenção do padrão Celso Monari, gerente geral
do Pinheiros
de uma conversa, mostrando-lhe o –cerca de 92 mil dia”, explica. de excelência da empresa.
que, de fato, iríamos fazer. O clube
é assim, o sócio é o dono e quer o
melhor, cuidar do que é seu, já que
é ele quem o sustenta”, enfatiza.
No cargo desde 1993, Monari co-
meçou sua carreira no clube como
jogador de handebol, tendo partici-
pado da seleção brasileira nas dé-
cadas de 1960 e 1970. Ele explica
que a transição de atleta e, poste-
riormente, técnico para administra-
dor da área de esportes e, por fim,
gerente geral deu-se de forma natu-
ral. “A grande vocação do Pinheiros
é o esporte, pois os grandes proje-
tos, planos e metas do clube estão
voltados para isso, tanto no aspecto
de lazer quanto de competição.
Minha vinda para a área adminis-
trativa, portanto, foi a união do útil
ao agradável”, comenta.
Administração sobre rodas
João Gustavo Haenel Filho, diretor
regional da Socicam, empresa que
cuida do gerenciamento de 41 ter-
Capa
por Luiz Gallo e Sarah Germano | Fotos: Marcelo Marques
Um evento de
administradores
para administradores
Coad 2010 traz administradores notáveis
do mercado e presidentes de empresas brasileiras
bem-sucedidas para debater o futuro da Administração
C
om o objetivo de agregar
conhecimento aos partici-
pantes, debater questões
técnicas e práticas, ampliar o ca-
nal de relacionamento com os
administradores e tecnólogos em
Administração e, principalmente,
disseminar e ampliar os conceitos
da área, o Conselho Regional de
Administração de São Paulo (CRA-
SP) realizou dias 21 e 22 de setem-
bro, no WTC Convention Center,
em São Paulo, a primeira edição
do Congresso de Administração
(Coad 2010). Entre os temas de-
batidos as mudanças provocadas
pela tecnologia no modelo de tra-
balho tradicional, a importância
de se modernizar a gestão pública,
o papel da competitividade e da
inovação no desenvolvimento na-
cional, os processos de mudança
estratégica em organização de
saúde e tantos outros assuntos de
interesse direto do administrador
e da sociedade brasileira.
O evento, que reuniu cerca de
750 participantes, entre adminis-
tradores, diretores de empresas,
18
professores, estudantes e coorde-
nadores de cursos de Administra-
ção, foi conduzido por presidentes
de algumas das empresas mais
bem-sucedidas do País e por re-
presentantes do meio acadêmico e
da administração pública. Em suas
palestras, enfocaram aspectos re-
lacionados ao sucesso, empreen-
dedorismo, inovação e visão.
Na abertura, o administrador
Walter Sigollo, presidente do
CRA-SP, ressaltou a importância
do evento no mês em que a pro-
fissão comemorou 45 anos de
regulamentação. Enfatizou que o
ponto alto do Coad foi o de tra-
zer renomados administradores
para falar sobre diferentes temas
da área, sempre levando em con-
sideração suas experiências no
comando das organizações.
Organizado pela Una Eventos,
com apoio do São Paulo Con-
vention & Visitors Bureau e da
Business School São Paulo e pa-
trocínio dos bancos Bradesco,
Itaú Unibanco e Caixa Econô-
mica Federal e da Qualicorp, o
Coad 2010 foi apresentado pelo
administrador Reinaldo Passa-
dori, especialista em comuni-
cação verbal e neurolinguística
há mais de 25 anos, período em
que treinou mais de 45 mil pro-
fissionais. Além do presidente
do CRA-SP, participaram da ce-
rimônia de abertura: administra-
dor Roberto Carvalho Cardoso,
presidente do Conselho Federal
de Administração; administrador
Andréa Matarazzo, secretário de
Cultura do Estado de São Paulo,
representando o governador Al-
berto Goldman; Antônio Grasso,
secretário em exercício da Secre-
taria Municipal da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade, repre-
sentando o prefeito de São Paulo
Gilberto Kassab; e Carlos Nabil,
secretário-adjunto da Secretaria
de Emprego e Relações do Traba-
lho de São Paulo. Agradecimento
especial à Banda da Polícia Mili-
tar do Estado de São Paulo pela
execução do Hino Nacional.
Nas próximas páginas, um
relato do que foi o congresso:
19
Capa
Administração
pública moderna
Quando assumiu a presidência
da Companhia Energética de São
Paulo (Cesp), em 1995, o admi-
nistrador Andréa Matarazzo, que
hoje responde pela Secretaria de
Cultura do Estado de São Paulo,
nunca havia dirigido uma em-
presa pública, principalmente
sendo ela a terceira maior gera-
dora de energia do País e dona
de uma dívida de R$ 10 bilhões e
diversos entraves administrativos.
Um dos primeiros passos para
transformar uma empresa “que-
brada” em lucrativa foi reduzir o
efetivo de 23 mil para 9 mil. “Só
na área de comunicação havia
mais de 100 pessoas. Tínhamos
ainda 40 comandantes para dois
aviões Bandeirante e helicópteros,
que foram usados na fiscalização
da construção de algumas obras,
mas que perderam a importância
com a entrada em operação das
usinas. Além disso, racionalizamos
a telefonia –cada funcionário tinha
20
um telefone próprio, o que implica
dizer que tínhamos escritórios in-
ternos na companhia. Instalamos
câmeras nos elevadores e corre-
dores com o intuito de eliminar o
tráfico de papel e de computadores
para outros ambientes”, destacou.
A modernização da empresa,
segundo ele, foi resultado de uma
administração baseada na motiva-
ção, como forma de desempenhar
bem as ações. “A Cesp fazia parte
de uma Administração Pública ao
velho estilo, em que os diretores
eram indicados por um determi-
nado partido, os chefes, por ou-
tros, um verdadeiro loteamento
partidário. Ninguém respondia
ao presidente da companhia, mas
aos seus partidos. Esse tipo de re-
partição encarece o Estado”.
A tendência do setor público, ex-
plicou Matarazzo, é utilizar cada vez
mais os mesmos paradigmas da ad-
ministração privada. Com o avanço
das tecnologias da informação,
ressaltou, é inconcebível imaginá-
lo fora do controle de suas ativida-
des. “Além disso, a Administração
Pública, mais do que qualquer seg-
mento, precisa ser transparente,
para ter credibilidade.”
Progresso Iluminado
A revolução tecnológica propor-
ciona benefícios indiscutíveis,
como o de poder carregar uma co-
leção de discos em apenas um pe-
queno MP3. Porém, a velocidade
com que os aparelhos se tornam
obsoletos impacta os consumido-
res, que se veem bombardeados
pela “necessidade” de adquirir no-
vos produtos. Dessa forma, o ad-
“A Administração
Pública, mais do
que qualquer
segmento, precisa
ser transparente para
ter credibilidade”
Adm. André Matarazzo , secretário da
Cultura do Estado de SP (foto à esquerda)
ministrador precisa refletir como
essa realidade poderá implicar em
suas decisões futuras.
Um exemplo de indústria que
tem passado por constantes evo-
luções tecnológicas é o da ilumina-
ção, afirmou o administrador Roger
Peter José Michaelis, presidente da
Osram, multinacional alemã que se
configura como divisão especiali-
zada em iluminação da Siemens.
Ele explicou que a tecnologia do
LED (diodo emissor de luz) está
revolucionando o mercado de
forma rápida e assustadora. ”Em
15 anos de existência, dobrou
sua eficiência, em média, a cada
dois anos. Considerado o suces-
sor das lâmpadas comuns, apre-
senta alta eficiência energética, é
ecologicamente correto (não tem
mercúrio em sua composição),
além de ter um tempo de vida
útil bastante prolongado”.
“O que venderemos no futuro
são luz e soluções”, sentencia o
administrador. Para ele, a ilu-
minação deixará de ser a última
coisa a ser pensada na constru-
ção de uma casa, devendo fazer
parte do projeto inicial. Porém,
afirmou, esse conceito se confi-
gura como um desafio para a in-
dústria e ao administrador, já que
a cada dois anos toda a produção
precisa ser reestruturada.
Michaelis conta que o mercado
tradicional ainda é atraente, mas é
necessário encontrar uma forma de
combater as resistência às mudan-
ças tecnológicas, que devem ser
naturais e gerenciadas.
“Meus filhos terão de trabalhar em
outros setores e só irem para a empresa
se tiverem capacidade para administrá-la”
Adm. Carlos Antônio Tilkian, presidente da Brinquedos Estrela (foto ao lado)
Dono de um estilo de administrar
que privilegia as pessoas, Michaelis
disse que são elas o grande diferen-
cial. Todas devem trabalhar pelo
mesmo objetivo, transformando
incertezas em oportunidades, aba-
timento em motivação, desconhe-
cimento em empolgação, e gerar
uma cultura de aprendizado cons-
tante. Ele revelou que do fatura-
mento anual do grupo em todo o
mundo –US$ 6 bilhões–, 6,6% são
destinados à pesquisa. Tudo por-
que liderança tecnológica e ino-
vação são fatores cruciais para o
desenvolvimento do setor.
“As pessoas devem
trabalhar pelo
mesmo objetivo,
transformando
incertezas em
oportunidades”
Adm. Roger Michaelis,
presidente da Osram (foto ao lado)
Aliar-se ao inimigo importação para o setor) viu-
Como administrar uma empresa se obrigada a fazer das tripas o
de 75 anos que nos áureos tem- coração para sobreviver? A res-
pos chegou a ter 12 mil funcio- posta à pergunta foi dada pelo
nários e a dominar o mercado administrador Carlos Antônio
nacional, mas que por conta de Tilkian, presidente da Brinque-
crises financeiras (uma delas no dos Estrela, no Coad 2010, ao
início da década de 1980, promo- falar sobre as perspectivas para
vida pela abertura do mercado, o mercado de brinquedos e seus
e outra, em 1994, com a intro- modelos de governança.
dução do Plano Real, quando o Estruturada em três alicerces
governo derrubou as tarifas de –inovação, qualidade e respeito
à criança–, a Estrela foi uma das
primeiras empresas brasileiras a
abrir o capital na Bolsa. Por si, es-
ses fundamentos seriam suficien-
tes para garantir a tranquilidade
da companhia, mas a concorrência
dos produtos chineses, que con-
Capa
tam com subsídios governamen-
tais e isenção de impostos para
exportações, representa uma pe-
dra no sapato. A saída foi colocar
em prática um velho ditado que
diz que “quando não se pode der-
rotar o inimigo, o melhor é unir-se
a ele”. Assim, o lema que passou a
ser adotado, disse, foi o de produ-
zir o que é competitivo e trazer da
China o que não é. Para isso, con-
tratou fornecedores chineses que
seguem seu padrão de qualidade e
as normas de segurança brasileira.
De acordo com Tilkian, no con-
trole acionário da Estrela desde
1996, os custos de uma fábrica
no Brasil e de uma na China são
semelhantes sob o ponto de vista
de estrutura, engenharia e insumos
utilizados. Entretanto, a remunera-
ção chinesa, por ser mais baixa,
faz a diferença em um mercado
de mão de obra intensiva. “Os sa-
lários são de US$ 100, em média,
não existem contratos de trabalho,
o que não gera passivos trabalhis-
tas. Tudo é feito sob encomenda,
ou seja, só produzem a partir de
quando recebem os pedidos. Sem
contar que as linhas de financia-
mento também são bastante inte-
ressantes –3% ao ano, ao passo que
no Brasil giram em torno de 13%”.
Tilkian explicou também que o
setor sofre com a falta de uma po-
lítica de incentivo governamental
e com a incapacidade de se arti-
cular e fazer valer seus pleitos. “É
preciso se reinventar e não deixar
que as dificuldades inibam os so-
nhos e as inovações”, afirmou. So-
bre o futuro da empresa, disse que
sua administração é profissional.
“Não sei se meus filhos têm esse
perfil. Primeiro terão de trabalhar
em outros setores e só irem para
lá se demonstrarem capacidade
para administrá-la”, finalizou.
22
Estratégia de
inovação no ensino
e empregabilidade
A Administração sempre foi vista
como a ciência do planejar, coorde-
nar/dirigir, organizar e controlar,
quando não como a arte de tomar
decisões. Em sua apresentação, o
administrador Antônio Vico Manãs,
“A universidade
é um fórum que
compartilha a mesma
fogueira com focos
distintos, mas com o
objetivo de agregar
conhecimentos”
Adm. Antônio Vico Mañas,
vice-reitor da PUC-SP (foto ao lado)
vice-reitor da PUC-SP, disse que, por
ser uma atividade multidisciplinar
e fazer parte do desenvolvimento
humano, passa pela Educação (con-
tínua reconstrução da experiência
individual, que se dá por meio da
evolução natural), Instrução (for-
malização do processo educativo)
e Treinamento (desempenho ade-
quado de tarefas profissionais).
Segundo ele, há universidades
que só treinam os alunos, fazendo
com que, quando profissionais, te-
nham dificuldade para transformar
a parte vivenciada em mudanças.
Em sua opinião, esses estabele-
cimentos deveriam se preocupar
com o ensino por meio de pes-
quisas e cursos de extensão. “A
universidade é um fórum que com-
partilha a mesma fogueira com fo-
cos distintos, mas com o objetivo
de agregar conhecimentos, sabe-
res. Assim, enquanto educa, treina”.
O desenvolvimento humano na
área da educação, ressaltou Vico
Mañas, envolve dois componen-
tes básicos: transmissão e criati-
vidade. “A transmissão é o que se
tem na memória, as experiências; a
criatividade nada mais é que usar
essas experiências na criação de
alguma coisa”, afirmou. Nesse con-
junto, incorporam-se a pesquisa e
a inovação.“O que se aprende na
transmissão diz se a pessoa é apta
a produzir pesquisas e a chegar à
inovação. Essa, por sua vez, utiliza
o conhecimento adquirido para
produzir riquezas”, destacou.
Vico Mañas ressaltou que as
empresas estão à procura de ta-
lentos produtivos, críticos, cria-
tivos e incansáveis na arte de
inovar. Por outro lado, quem tem
talento somente o demonstrará
se encontrar espaços que permi-
tam o compartilhamento do co-
nhecimento. Em outras palavras,
“a empregabilidade é a junção da
fome com a vontade de comer.”
Um dos fatores que tornam a
empregabilidade mais complexa é
a informação. Quando é baixa ou
fraca, seu portador será visto pelo
que tem de essencial. Quando
rica, contribuirá para modificar
sua forma de ver. No entanto, só
informação não é garantia para
fazer o conhecimento ser enten-
dido como sabedoria. Além dele,
habilidade, capacidade e experi-
ência só serão úteis se quem as
possuir estiver no lugar certo.
Organizações inovadoras
Quando 100 presidentes de empre-
sas brasileiras foram convidados
por uma revista para traçar o perfil
do profissional do século XXI, 80
deles o definiram como um gerente
capaz de produzir inovações sus-
tentáveis, contou o administrador
Sérgio Jacomini, administrador
do Memorial da América Latina
dos funcionários, levando em conta suas ca-
racterísticas, atitudes e comportamentos.
Eduardo Vasconcellos, presidente
do Conselho Curador da Fundação
Instituto de Administração (FIA).
Segundo o palestrante, para ter
uma inovação sustentável é neces-
sário levar em conta aspectos como
estratégia, gestão tecnológica, es-
trutura organizacional, processo e
cultura, e gestão de pessoas. Além
disso, é fundamental pensar sobre
a capacidade de avaliar oportuni-
dades. “A invenção do processo de
fotocópias, por exemplo, foi rejei-
tada por diversas empresas até que
a Xerox resolveu investir na ideia”,
disse, ao enfatizar a necessidade
de se compreender as forças que
o mercado global pode ter sobre
um determinado produto.
A inovação pode estar “es-
condida” na própria empresa.
“Por isso, é importante não
criar barreiras à criatividade
“É importante
não criar barreiras
à criatividade
dos funcionários,
levando em conta
suas características,
atitudes e
comportamentos”
Adm. Eduardo Vasconcelos, presidente
do Conselho Curador da FIA (foto)
Capa
dos funcionários, levando em
conta suas características, ati-
tudes e comportamentos.” Para
exemplificar, relatou o caso do
laboratório Cristália, que ino-
vou numa área bastante delimi-
tada, a dos medicamentos para
disfunção erétil, com o Helleva.
De origem sintética, é total-
mente desenvolvido no Brasil.
Os custos eram elevados e o in-
vestimento, de alto risco. No en-
tanto, a partir de uma expertise
no receptor PDE-5, específico no
tratamento, o laboratório enxer-
gou uma oportunidade de inovar.
Com isso, conseguiu uma vanta-
gem competitiva em termos de
qualidade e preço, o que é fun-
damental quando do outro lado
encontram-se marcas famosas
como o Viagra, da Pfizer.
O que ajudou nesse processo,
segundo Vasconcellos, foi o am-
biente da empresa, que se tornou
favorável ao pensamento inova-
dor. “Lá, o pesquisador mais en-
24
“Esse é o maior desafio da administração
de um hospital: oferecer serviço
de qualidade sem recursos suficientes”
Irmã Rosane, diretora-presidente da Congregação das Irmãs Santa Marcelina (acima)
tusiasmado é o próprio dono, que
apoia iniciativas, assume riscos e
incentiva os demais colaborado-
res a criar soluções”, concluiu.
O milagre da
administração hospitalar
O Hospital Santa Marcelina é uma
instituição filantrópica, com um
trabalho institucional por meio
de medicina de alto nível em to-
das as especialidades, explicou
a irmã Rosane Ghedin, diretora-
presidente da Congregação das
Irmãs de Santa Marcelina. A enti-
dade é composta por quatro hos-
pitais – três ficam na zona Leste
(Itaquera, Itaim Paulista, Tiraden-
tes) e um em Itaquaquecetuba, na
Grande São Paulo. Com um curso
de Administração Hospitalar pela
Fundação Getúlio Vargas, é res-
ponsável pelo gerenciamento de
uma verba de R$ 400 milhões.
A história do hospital remete ao
começo dos anos 60, em Itaquera,
onde foi construída sua primeira
unidade. Na época, colocava à dis-
posição de uma população de 60
mil habitantes sete médicos e 150
leitos. Hoje disponibiliza 2 mil lei-
tos, tornando-se referência na área
da saúde na Zona Leste de São
Paulo. Como 88% dos atendimen-
tos são feitos pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), os recursos são
escassos. “Esse é o maior desafio
da administração de um hospital:
oferecer serviço de qualidade sem
recursos suficientes”, disse Rosane.
Para buscar novas fontes de
receitas, o hospital firmou parce-
rias público/privadas de gestão
de saúde. Entre os diferenciais
dessas parcerias, indicadores de
produtividade, prazos para con-
secução de metas e critérios de
avaliação de desempenho. Im-
plantado no Ambulatório Médico
de Especialidades (AME), em Ita-
quera, tornou o atendimento mais
ágil, passando a ser feito também
à noite e aos sábados. A capaci-
dade operacional subiu 30%.
Para se tornar modelo de ges-
tão em saúde, a instituição pro-
move a integração dos processos
de informação, humanização e
competência técnico-adminis-
trativa. Isso se dá por meio de
objetivos estratégicos que, en-
tre outros pontos, asseguram a
disponibilidade de informação
para a tomada de decisão, a oti-
mização da capacidade instalada,
qualificação do atendimento no
Pronto Socorro e da assistência
cirúrgica, política de gerencia-
mento de riscos e segurança da
assistência, retenção de profis-
sionais e avaliação e redução
qualitativa do perfil de queixa.
Com isso, busca otimizar recur-
sos, reduzir custos e, consequen-
temente, aumentar as receitas.
Protagonista
de uma nova era
Líder no segmento da telefonia
celular na América Latina com
30,2% de participação no mer-
cado, a Vivo quer contribuir para
a formação de uma sociedade
mais equilibrada. Por isso, sua
missão, conforme explicou o ad-
ministrador Roberto de Oliveira
Lima, presidente da companhia, é
criar condições para que cada vez
mais pessoas possam se comuni-
car em qualquer momento e lu-
gar, de uma forma mais humana,
segura, inteligente e divertida.
Depois de um período difícil,
em 2005, quando chegou a lide-
rar o índice de reclamações junto
à Agência Nacional de Teleco-
municações (Anatel), a empresa
passou por uma reestruturação,
“Nossa missão é
tornar as pessoas
mais inteligentes,
mais felizes.Temos
a consciência de
que a tecnologia é
primordial para o
desenvolvimento
social e econômico”
Adm. Roberto de Oliveira,
presidente da Vivo (abaixo)
adotando a satisfação do cliente
como um dos focos principais.
“Era preciso, por exemplo, cortar
o mercado da fraude e da clo-
nagem, que crescia 20% ao ano,
para não continuar perdendo a
confiança dos usuários”, justifi-
cou. Deu certo. De 2007 para cá,
a Vivo não só é a empresa que
melhor cumpre o Plano de Metas
da Anatel, como é detentora do
menor número de queixas.
A qualidade foi vital para a
elevação da autoestima dos co-
laboradores e dos stakeholders
(partes interessadas na compa-
nhia) e para dar transparência
ao mercado. Com a melhoria do
clima interno, os resultados co-
meçaram a aparecer, o que au-
mentou o interesse dos acionistas.
“Quando uma empresa adquire
essa confiança, tem projetos e
investimentos”, afirmou. Assim, o
lucro líquido que era de R$ 390
milhões, em 2008, saltou para R$
858 milhões no ano passado.
Ao ressaltar a transição da So-
ciedade Industrial para a do Co-
nhecimento, Oliveira Lima disse
ter a missão de colocar conteúdo
nas mãos das pessoas. “Sua ma-
terialização permite-nos tornar
as pessoas mais inteligentes,
mais felizes. Temos a consciência
de que a tecnologia é primordial
para o desenvolvimento social e
econômico”, finalizou.
Mercado de
crédito no Brasil
Em um passado não muito dis-
tante, os bancos eram conhecidos
por não emprestarem recursos. A
situação econômica era ruim e o
ambiente não era favorável para
isso. Com o Plano Real e a estabili-
dade econômica, a partir de 1994,
o crédito expandiu. “A inflação sob
Capa
controle diminuiu os riscos e fez
com que os bancos voltassem a
prover créditos”, destacou o admi-
nistrador Alfredo Egydio Setúbal,
vice-presidente do Itaú Unibanco.
“Apesar do sobressalto em 2009,
em decorrência da crise econômica
mundial, em 2010 esse tipo de ope-
ração voltou a ser o impulsionador
da economia brasileira”, disse.
Segundo ele, o montante dispo-
nível equivale a 45,7% do Produto
Interno Bruto (PIB) e ainda tem
espaço para crescer até o dobro
desse percentual. Das operações
destinadas às pessoas físicas, 37%
referem-se a crédito pessoal e
33% a aquisição de bens por meio
de leasing. Para as pessoas jurídi-
cas, 46% foram empregados em
capital de giro e 12% em leasing
e aquisição de bens.
No ano passado, o endivida-
mento médio das 50 maiores em-
presas listadas na Bolsa de Valores
de São Paulo (Ibovespa) foi de
47%. “É pequeno, se considerar-
mos a pouca volatilidade da eco-
nomia. Há um espaço grande para
se endividarem mais com o intuito
de ampliar suas operações”. Até
porque o spread –diferença entre
os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos e as taxas pagas
aos investidores que colocam seu
dinheiro em aplicações nos ban-
cos-, segundo Setúbal, vem caindo
e acompanhando a Selic (Sis-
tema Especial de Liquidação e de
Custódia) desde 2003.
A redução está relacionada ao
ambiente macroeconômico está-
vel, ganhos de eficiência e escala
em função do aumento no volume
das operações. “Os spreads pare-
cem mais próximos do ponto de
equilíbrio para o cenário atual”, res-
saltou, ao lembrar que uma queda
maior depende da desoneração
26
fiscal, redução da inadimplência e
do compulsório e diminuição dos
custos administrativos. “Os bancos
têm impostos sobre receitas, o que
onera o spread”, completou.
Produto feito
por si próprio
Até que ponto as ferramentas da
Administração podem ser utili-
zadas no esporte? Com essa per-
gunta, o administrador Celso
Grellet, diretor de Relações Inter-
nacionais do New York Cosmos,
com passagens nas áreas de Mar-
keting do São Paulo Futebol Clube
e do Clube dos 13 (reúne os prin-
cipais times de futebol do País),
iniciou sua participação no Coad.
No futebol, explicou Grellet,
ainda existe uma restrição bas-
tante conservadora quanto à
aplicação de métodos adminis-
trativos, já que a modalidade é
conduzida, em sua maioria, por
apaixonados. “Por excelência, é
“Há um espaço
grande para as
empresas se
endividarem com o
intuito de ampliar
suas operações”
Adm. Alfredo Egydio Setúbal,
vice-presidente do Itaú Unibanco
uma atividade de Administração,
cujas técnicas começam, aos pou-
cos, a ser incorporadas no Brasil”,
contou. Citou a própria experiên-
cia vivida no São Paulo, em 1978,
quando começou a implantar téc-
nicas de Marketing. A resistência
foi grande. “Será que isso ajuda
a ganhar jogo?” costumava ouvir.
Grellet explicou que o fute-
bol, como forma constitucional,
é bastante novo –a própria Fe-
deração Internacional de Fute-
bol (Fifa) surgiu em 1934. As
regras são as mesmas desde
sua fundação, exceção ao im-
pedimento. Mesmo assim, tor-
nou-se o esporte preferido da
maioria, sem qualquer trabalho
de produção por trás dele.
A transformação do futebol
em produto também é recente
e deve-se às ferramentas tecno-
lógicas usadas pelas televisões.
Com isso, o fator econômico
do esporte foi despertado e
hoje é realidade por meio de
ações de Marketing. “O próprio
conceito do futebol deixou de
ser somente um esporte para
fazer parte da indústria do
entretenimento”, frisou.
Para ele, muitos “cartolas” não
permitem que seus clubes au-
mentem as receitas, por imprimi-
rem uma administração racional.
“Como administradores, temos
de encontrar uma maneira para
gerenciar essa paixão”, afirmou,
ao lançar outra pergunta: “Até
que ponto o Marketing pode
ajudar um produto que se criou
sozinho?” E respondeu: “Te-
nho cuidado com essa questão,
porque o futebol tornou-se um
esporte predileto sem ajudas
externas. Receio que apareçam
ideias esdrúxulas visando au-
mentar ainda mais sua popula-
ridade. A indagação que fica é
até que ponto o lado financeiro
pode prejudicá-lo?”.
Para exemplificar, citou a Copa
de 1994 realizada nos Estados
Unidos. Alguns jogos foram marca-
dos para o meio-dia, sob um forte
calor, para atender aos interesses
das televisões. “Essa decisão aju-
dou o esporte ou o seu produto?
Nesse caso, pensaram apenas no
produto”, concluiu Grellet.
Como inovar
em terra de gigantes
Em dezembro de 2008, em
plena crise econômica mundial
e diante de um mercado domi-
nado em sua quase totalidade
pelas grandes companhias,
a Azul Linhas Aéreas surgia
com o objetivo de fazer histó-
ria na aviação nacional. Com
um investimento de US$ 235
milhões, nunca uma empresa
aérea, em seu lançamento,
foi tão capitalizada.
“O próprio conceito
do futebol deixou
de ser somente um
esporte para fazer
parte da indústria do
entretenimento”
Adm. Celso Grellet, diretor de Relações
Internacionais do New York Cosmos (abaixo)
Quase dois anos depois, a von- “Os colaboradores
tade de voar alto já começa a precisam gostar de
alcançar os seus primeiros resulta-
dos. Dona de 7% do mercado, quer
clientes. O passageiro
ampliar esse índice para 20%, em não é uma unidade
três anos. No seu comando, o ad- logística. É um ser
ministrador Pedro Barcellos Janot,
que esteve no Coad 2010 para
humano”
explicar como a Administração é Adm. Pedro Janot, presidente
fundamental para fortalecer uma da Azul Linhas Aéreas (acima)
empresa que aposta em um aten-
dimento que se diferencia pelo
valor agregado e pelo preço baixo. nos do País. “Com uma taxa de
Com uma frota de 15 jatos de ocupação de 83%, a estratégia é
106 lugares, da brasileira Em- ter aviões cheios com tarifas fle-
braer, o primeiro voo decolou de xíveis –quem se programa, paga
Viracopos, em Campinas, com 40 menos”, disse, ao citar que, depois
passageiros rumo a Salvador. Um de um ano e nove meses, a em-
dos diferenciais competitivos da presa opera em 23 cidades com
Azul é operar múltiplos voos sem 140 voos. Até o final do ano, o
escala entre os principais desti- objetivo é chegar a 26 aeronaves
27
Capa
e atender cerca de 4 milhões de
passageiros, um crescimento de
21% em relação ao ano anterior.
Segundo Janot, a empresa pre-
tende inserir no mercado aéreo a
nova classe C, equivalente a mais
de 30 milhões de pessoas que
subiram de camadas mais baixas.
A partir do ano que vem, o plano
também prevê voar para cidades
secundárias e industriais no inte-
rior do País. Pelo menos 60 já es-
tão mapeadas. Para isso, fechou
uma compra de 40 turboélices,
um contrato de US$ 850 milhões.
Para que ninguém diga que Vira-
copos fica longe, a empresa dispo-
nibiliza o “Ônibus Azul”, com oito
linhas diferentes, que transpor-
tam aproximadamente 1.500 pas-
sageiros por dia para as cidades
próximas a Campinas e São Paulo.
O passageiro pode participar tam-
bém do programa de vantagens
Tudo Azul. Por meio dele, acumula
5% do valor das passagens para
uso posterior como crédito.
28
Porém, o principal diferencial,
de acordo com o presidente da
Azul, é ter funcionários satisfeitos.
“É isso que faz os clientes ficarem
contentes”. Para conseguir essa fe-
licidade, diz que os colaboradores
precisam ter o DNA de gostar de
clientes. “Afinal, para nós, o passa-
geiro não é uma unidade logística.
É um ser humano”, completou.
A dinâmica do mercado
brasileiro de bebidas
O mercado de bebidas é muito com-
plicado. Nos últimos anos, houve
uma forte aceleração na consoli-
dação desse segmento no mundo,
sendo que 60% estão nas mãos de
apenas alguns players. É como no
joguinho do War (disputado em
rodadas, nas quais os participantes
colocam exércitos para atacar os
oponentes). Com essas palavras, o
administrador Adriano Schincariol
iniciou sua participação no Coad
2010 para abordar a dinâmica do
mercado brasileiro de bebidas.
Adriano começou a trabalhar
no grupo Schinchariol quando
tinha 13 anos. Em 2001, tor-
nou-se o diretor de Marketing
e reestruturou a linha de be-
bidas. Dois anos depois, com
apenas 27 anos, assumiu o co-
mando da organização, maior
produtora de cervejas com ca-
pital 100% nacional.
Foi sob a sua batuta que o
Brasil conheceu a cerveja Nova
Schin, por meio do slogan “ex-
perimenta”, que fez com que
a empresa ampliasse o fatura-
mento para R$ 1 bilhão, e mais
recentemente a Devassa Bem
Loura, com a polêmica campa-
nha feita pela socialite norte-
americana Paris Hilton.
“Tudo o que
conseguimos foi
graças à forma
como minha família
administrou os
negócios da empresa”
Adm. Adriano Schincariol,
presidente do grupo Schincariol
Nos últimos dez anos, explicou
o administrador, o crescimento
mundial do mercado de bebidas
foi de 2%, enquanto no Brasil
esse percentual atingiu 10%.
Para ele, a produção de bebi-
das não permite amadores. “Hoje,
briga-se por qualquer espaço, o
acesso e a distribuição estão cada
vez mais difíceis. Tudo o que con-
seguimos, ao longo da história,
foi graças à forma como minha
família administrou os negócios
da empresa”. Graças a essa vi-
são, no começo dos anos 2000,
o grupo chegou à conclusão de queza das nações”, fala que os “Não adianta pensar em algo se
que para atuar de forma mais administradores não devem ser não colocá-lo em prática. O que
intensa no mercado era preciso confiados e que só o olho do faz dar certo é a capacidade de
ter e construir novas marcas de dono engorda o gado. “O escri- gerenciar e implementar ideias.
cervejas. Assim, hoje detém fran- tor era um filósofo. Até mesmo Ter iniciativa e ‘acabativa’ ao
quias de famosas como Eisen- o título da publicação está er- mesmo tempo”, comentou.
bahn, Devassa e Baden Baden. rado, pois ele confunde riqueza Para Kanitz, existe uma ido-
“Nossa filosofia é poder oferecer com faturamento”. latria do empresário em detri-
cada vez mais produtos diferen- Ele explicou que o livro traz mento ao trabalho do adminis-
ciados. Para isso, agregamos ao uma visão errada da profissão, ao trador. “Somos mais que isso.
nosso portfólio diversas marcas e introduzir na sociedade a ideia de Estamos nessa vida para reali-
valores. Ao todo são 14 fábricas que só é rico a partir do quanto zar o sonho dos outros”. Ainda
e mais de 30 franquias”. se gasta. “Segundo Smith, o pro- para ele, “empresários não ma-
duto chega ao consumidor por ximizam lucro, mas o controle
O que falta para o Brasil meio da mão invisível do mer- acionário. É um padrão cultu-
ser bem administrado? cado, desprezando administra- ral que explica porque o Brasil
“É triste vermos nos jornais dores, produtores, qualidade etc. não cresce”, justificou.
cadernos sobre Economia e Por essa linha de pensamento, o Lembrou que anualmente se
nenhum sobre Administração”, papel desse profissional é nulo e formam milhares de adminis-
disse Stephen Kanits, mestre sua atividade é inexistente”. tradores, ao passo que o mer-
cado recebe cerca de 30 mil
economistas. “Não há como esse
“Não adianta pensar em algo se não contingente não mudar o País.
colocá-lo em prática. O que faz dar certo é a Um dia, isso irá acontecer, mas
gostaria que fosse mais rápido,
capacidade de gerenciar e implantar ideias” para que o Brasil fosse melhor
Stephan Kanitz, consultor administrado”, concluiu.”
em Administração pela Har-
vard e ex-colunista da revista
Veja, em palestra que mar-
cou o encerramento do Coad
2010. “Isso induz as pessoas
a pensar que somente existem
problemas desse tipo.
Ele entende que o Brasil é mal-
administrado. “As escolas de
Administração estão no País há
mais de 50 anos e, no entanto,
não temos um administrador
ocupando cargo de ministro. Isso
acontece porque ele não valoriza
a profissão. Os administradores
têm sido muito mais silenciosos
do que deveriam ser”.
A subestimação da importân-
cia do administrador, segundo
Kanitz, também é retratada em
livros. Adam Smith, em “A ri-
29
Capa

O que eles disseram

“A diversidade dos
palestrantes e dos temas
tratados trouxeram
soluções diferentes que,
como consultora,
posso adaptar o que
vivenciei na empresa”
Adm. Cláudia Hausner, da HH
Inteligência Consultoria Estratégica
“O evento corroborou com muito no que temos
trabalhado com nossos alunos, reafirmando a
direção estratégica de nossa instituição”
Prof. Carlos Nascimento, coordenador acadêmico
da Faculdade de Administração e Negócios de Ribeirão Preto
“O que os presidentes “Quero agradecer a
da Estrela e da Azul oportunidade de participar
expuseram motivou-me, do Coad e parabenizar
porque, mostraram ser pela excelência do
possível brigar com evento, principalmente
“Foi uma grande honra
empresas gigantes” sua organização. Estava
para a BSP participar
e apoiar o Coad 2010, Adm. Adilson Dem Julio Gonçalves, da perfeito, fantástico!”
Nutrielos Restaurantes para Coletividade
evento que congrega os Márcia Kitz, diretora da BWP Brasil
administradores em busca
de compartilhamento
“O secretário Andréa Matarazzo apresentou um resgate da memória de São Paulo, mostrando
de experiências e do
conhecimento. Nossa os erros e acertos que a definiram como ela é hoje” Adm. Inês Sadalla, da Rica Serviços Administrativos
missão, como instituição
educacional voltada para a Os palestrantes foram “Foi um prazer participar
educação executiva de grande valor para a do Coad 2010. Acredito
e de pós-graduação, nossa atividade, com que a apresentação tenha
se identifica plenamente depoimentos brilhantes. cumprido o seu objetivo
com esse objetivo” Torço para que possamos e correspondido às
Prof. Armando Dal Colletto,
ter mais espaços e eventos expectativas”
diretor acadêmico da BSP desta magnitude”
Stephen Kanitz, consultor (foto)
Adm. Maria Cristina Leite da Silva

“Ao participar do Coad 2010, “Cumprimento pelo evento. Maravilha.

pude atestar a real contribuição Não só pela qualidade que atingiu,
no papel inovador dos administradores excelente, como também pelo fato de
nas organizações públicas ter reunido uma grande e significativa
e privadas do País” comunidade de administradores”
Luiz Ciocchi, consultor Adm. Plínio Assman, consultor e Administrador Emérito de 1985

“Cumprimento o CRA-SP e a organizadora do Coad pelo excelente conteúdo, formato e

realização de tão importante evento para a Administração no Brasil” _Adm. Laerte Cordeiro, consultor de RH

“Em nome do Uniforum “O evento foi exemplo em todas as suas dimensões. Aproveito
ABC, agradecemos a para agradecer a oportunidade de coordenar a palestra do
oportunidade de poder presidente da Azul. Foi uma bela aula de Administração”
participar do Coad 2010. Adm. Mauro Kreuz, presidente da Angrad e conselheiro do CRA-SP junto ao CFA
Ao mesmo tempo,
reafirmamos nosso
apoio ao Conselho pela “Que bom que o evento
organização do evento, foi de muito sucesso.
cumprimentando toda a Conte sempre com a
equipe organizadora” Polícia Militar”
Luiz Silvério Silva, professor Coronel PM Álvaro Camilo, Comandante
da Universidade Metodista Geral da Polícia Militar de São Paulo
e coordenador do Uniforum

30
Canal Aberto
por Sarah Germano
Administrador
legal é quem
se registra
CRA-SP promove encontro
com agências de recolocação
profissional para explicar
a importância do registro
do Administrador
N
enhuma receita médica
é aceita em farmácias se
não trouxer o carimbo
com o número de cadastro no
Conselho Regional de Medicina
(CRM) do médico que a prescre-
veu. Nenhum advogado é contra-
tado –ou sequer pode ser assim
considerado– se não estiver ins-
crito na Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB). Ninguém con-
trata um contador sem registro
no Conselho Regional de Conta-
bilidade (CRC), por não ser habi-
litado para assinar um balanço.
Os três exemplos, citados pelo
administrador Antônio Geraldo
Wolff (foto), conselheiro do CRA-
SP, na abertura do “I Encontro CRA-
SP e Agências de Recrutamento e
Seleção Pessoal e Consultorias de
Recolocação Profissional”, não só
refletem a importância de estar
vinculado aos órgãos que fiscali-
zam as profissões como valorizam
seus detentores. “Entretanto, não
32
é o que acontece entre os admi-
nistradores. No Estado de São
Paulo temos cerca de 500 mil ba-
charéis, dos quais apenas 50 mil
estão devidamente registrados
e regulares”, exclamou
O objetivo do encontro, que
reuniu diversos profissionais do
Marcelo Marques
setor, foi apresentar, debater e
explicar a aplicação da Lei n.º
4.769, que regulamentou a pro-
fissão em 9 de setembro de 1965.
Na prática, mais um passo do
Conselho na luta pela conscienti-
zação da importância do registro
do administrador. “Não estamos
pedindo nem cobrando nada, só
queremos fazer uma aproxima-
ção”, disse Wolff, que lembrou:
“Queremos assegurar não só o
cumprimento da lei, mas também
a proteção das empresas”.
Pelos cálculos do conselheiro,
a maioria dos Departamentos de
Recursos Humanos desconhece
ou não observa todas as obriga-
ções legais que uma profissão
regulamentada exige. “Poucas
empresas se preocupam com
isso”, ressaltou a consultora
Vera Oliveira, da Vero RH, ao di-
zer que dificilmente é solicitada
a observar essa exigência na
contratação de executivos.
Ao reafirmar que a Administra-
ção é uma profissão reconhecida
por lei, Wolff deixou claro que a
intenção não é autuar. “Só quere-
mos que a legislação seja cum-
prida”, disse, ao conclamar aos
participantes do encontro a se
tornarem parceiros do Conselho
nessa empreitada. De que forma?
Orientando as empresas a con-
tratarem somente administrado-
res legalizados para os cargos
relativos à profissão e que peçam
aos profissionais já vinculados
às empresas que se registrem no
CRA-SP. “Estamos disseminando
o exercício legal da Administra-
ção e contamos com a ajuda de
todos”, afirmou. Ou, como disse
Viviane Magliano, gerente jurí-
dica do Grupo Foco, toda infor-
mação a respeito é bem-vinda.
“Não estamos pedindo que
ninguém deixe o emprego, só
que visem quem está em desa-
cordo com a lei. Não queremos
conflitos, e sim dar explicações”,
afirmou o conselheiro, alertando
que o setor que mais cresce no
CRA-SP é o da fiscalização. No en-
tanto, para não passar a imagem
de que ele é a “pedra no sapato”
no relacionamento com as em-
presas, a ideia, em uma primeira
etapa, não é fiscalizar, mas esta-
belecer uma relação de diálogo
entre o Conselho e elas. Com
isso, espera-se que, no futuro, a
regularização e a contratação de
profissionais com registro acon-
teçam de forma automática.
Ao classificar o encontro de
bastante positivo, o administra-
dor Gutemberg Leite, diretor
responsável pela Meta RH, disse
que, apesar de ser administrador
há vários anos, desconhecia mui-
tos aspectos legais. Esse posicio-
namento reforça a importância
desse tipo de conversa entre o
Conselho e seus pares.
De acordo com o artigo 2.º da
Lei 4.765, a atividade profis-
sional de Administrador será
exercida como profissão libe-
ral ou não, mediante:
a) pareceres, relatórios, planos,
projetos, arbitragens, laudos,
assessoria em geral, chefia in-
termediária, direção superior;
b) pesquisas, estudos, análise,
interpretação, planejamento,
implantação,coordenação e
controles dos trabalhos nos
campos da Administração,
como Administração e se-
leção de pessoal, organiza-
ção e métodos, orçamentos,
administração de material,
administração financeira, ad-
ministração mercadológica,
administração de produção,
relações industriais, bem
como outros campos em que
esses se desdobrem ou aos
quais sejam conexos.
Eleições
por Luiz Gallo
Administrador!
Exerça seu direito de voto
A votação, que será feita somente pela Internet,
por meio de senha enviada aos administradores,
é obrigatória, exceto para maiores de 65 anos
Os administradores registrados no Conselho Regio-
nal de Administração de São Paulo e que estão em
pleno gozo de seus direitos (quite com as anuidades
ou, na hipótese de parcelamento de débitos, em dia
com a última parcela vencida até 10 de agosto de
2010) estão obrigados a participar, no dia 20 de ou-
tubro, entre 0 (zero) às 20h (horário de Brasília), do
processo eleitoral que preencherá as seguintes vagas:
No CRA-SP
(Mandato de quatro anos – janeiro/2011 a dezembro 2014):
6 para conselheiros regionais efetivos
6 para conselheiros regionais suplentes
No CFA
(Mandato de quatro anos – janeiro/2011 a dezembro 2014):
1 para conselheiro federal efetivo
1 para conselheiro federal suplente
INTEGRANTES DA CHAPA AO CRA-SP - CHAPA 1
CONSELHEIROS EFETIVOS
Adm. Antônio Geraldo Wolff
Adm. Hamilton Luiz Corrêa
Adm. Homero Luís dos Santos
Adm. Milton Luis Milioni
Adm. José Alfredo Machado de Assis
Adm. Teresinha Covas Lisboa
INTEGRANTES DA CHAPA AO CFA - CHAPA 1
CONSELHEIRO EFETIVO
Adm. Roberto Carvalho Cardoso
34
A votação será feita exclusivamente pela Internet
nos endereços: www.votaadministrador.org.br e
www.votaadministrador.com.br, mediante senha
individual a ser fornecida pelo Conselho Federal
de Administração e enviada por meio de corres-
pondência. A cédula eleitoral será apresentada,
virtualmente, na tela do computador, com todas as
informações dos candidatos.
Na impossibilidade de o eleitor dispor de com-
putador, o CRA-SP disponibilizará em sua sede
– Rua Estados Unidos, 865/889, no Jardim Amé-
rica em São Paulo – terminal conectado à Internet
para receber a votação.
Os nomes dos concorrentes – bem como seus cur-
rículos - podem ser consultados no site do Conselho:
www.crasp.gov.br
RESPECTIVOS SUPLENTES
Adm. Carlos Antônio Monteiro
Adm. Arlindo Vicente Junior
Adm. Álvaro Augusto Araújo Mello
Adm. Luiz Carlos Vendramini
Adm. Nelson Reinaldo Pratti
Adm. Edgar Kanemoto
RESPECTIVO SUPLENTE
Adm. Idalberto Chiavenato
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