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Andrés Esteban de la Plaza 1

Cálculo das Órbitas Planetárias

por Ing. Andrés Esteban de la Plaza ©


De livre publicação desde que o autor seja mencionado, direitos reservados.

Última revisão 15 de março de 2020 – Rio de Janeiro, Brasil.

aedlplaza@gmail.com

Homines dum docent discunt.


- Séneca o Moço (Córdoba 4 a.C.- Roma 65 d.C.)

ÍNDICE:

1. REPRESENTAÇÃO DE VETORES

2. ACELERAÇÃO EM COORDENADAS POLARES

3. FORÇAS CENTRAIS E GRAVITAÇÃO

4. RESOLUÇÃO DE EQUAÇÃO DIFERENCIAL DO PROBLEMA

5. CONSIDERAÇÕES PARA AS ÓRBITAS ELÍPTICAS

6. CÁLCULO DA POSIÇÃO NA ÓRBITA ELÍPTICA

7. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTANTE DE GAUSS,


O MOVIMENTO DIURNO MÉDIO E A EQUAÇÃO DE KEPLER

8. CÁLCULO DE ÓRBITAS NÃO ELÍPTICAS: ÓRBITAS PARABÓLICAS E HIPERBÓLICAS

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Andrés Esteban de la Plaza 2

1. REPRESENTAÇÃO DE VETORES

A posição de um ponto P no espaço pode ser definida por um vetor posição P com origem num
centro O de coordenadas ortogonais retangulares. Definindo nesta terna xyz, os versores

(vetores unitários) dos eixos, obtemos respectivamente: o versor i como versor da direção x, o
 
versor j como o versor da direção y, e o versor k como o versor da direção z. Assim, qualquer
vetor definido num destes eixos estará representado pelo produto de um escalar igual ao
   
módulo e do versor da direção  X = X  i = x  i .


Portanto, podemos decompor o vetor P em
  
seus componentes ortogonais xP , yP e zP no

sistema de centro O: ( projeções de P nos
eixos
   x,  y, e z ) de forma que

P = xP + yP + zP = xP i + yP j + zP k . Também
podemos representar este vetor de forma
matricial:
x 
  P
P = yP 
 zP 


r= P = ( x ) + ( y ) + ( z )
P
2
P
2
P
2

Porém esta não é única representação possível para o ponto P. Podemos imaginar um plano
que contém o vetor P e o centro O, de maneira que, embora ainda continuemos no espaço
tridimensional, a representação de P é feita num plano, entretanto, este plano será um plano
complexo ou seja, o eixo x será real, e o eixo y será imaginário, ou seja:

A vantagem de procedermos assim está dada pela


possibilidade de representarmos um número complexo na
sua forma exponencial, como um vetor. Ë fácil observar

que se definimos o versor i para a direção x, então a

direção de r estará definida por um versor r tal que
 
r = e  i  i
onde i = − 1 , logo:
  

r = e i = (cos  + i sen  )  i = i  cos  + i i sen 
i

  
e como i i = j pois multiplicar por i equivale a girar i 90  :
  
r = i  cos  + j  sen 
de forma que:
   
P = r = r  r = r  e i  i
que é a expressão do raio vetor em coordenadas polares.

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2. ACELERAÇÃO EM COORDENADAS POLARES


   i

Podemos agora proceder a derivar P = r = r  r = r  e  i respeito de tempo para

encontrar a aceleração. Porém antes vamos calcular a derivada respeito do tempo de r , pois é
 
uma função de , ou seja que r = r ():
 
 d r d ( e i ) d ( e  i ) d 
 i i
    
r= = =  = ie  i i   = n   =   n onde n = versor normal a r
dt dt d dt
  
logo: r =   n


 d n d (n) d  d ( ie i ) d 
  i
  
n= =  =  = i 2 e  i i   = − e  i i   = − r  
dt d dt d dt
  
logo: n = − r  
 
Vamos calcular então a primeira derivada de r , ou seja r :
  
 d r d (rr ) d r  dr  
r= = = r + r  = r  r + r   n
dt dt dt dt
  
r = r  r + r   n
 
Vamos calcular agora a segunda derivada de r , ou seja r :

 d r d r d ( r  r + r  n) d r 
2      
d r d r  d   d n
r= = = =  r + r  +  n + r   n + r  =
d t2 d t dt dt dt dt dt dt
     n + r  ( − r ) =
= r  r + r   n + r   n + r  
    
= rr + 2r  n + r n − r 2 r =
r = (r − r 2 )r + ( 2r  + r
)n

r = (
r − r 2 )r + ( 2r  + r
 )n

  

onde:
aceler. radial : a r = r − r 2
aceler. normal: a n = 2r  + r 
  
aceler. total en coordenadas polares: a = a r r + a n n

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3. FORÇAS CENTRAIS E GRAVITAÇÃO

Inicialmente vamos deduzir as fórmulas que determinam as trajetórias dos corpos que se
encontram sujeitos à atração de forças centrais, no caso particular da a lei da gravitação
 M m
universal, ou seja F = −G S2 r . De acordo com a figura 1 temos:
r
Onde o ponto m está submetido à força:

 Mm 
F = −G 2 r
r
 
r é o versor (vetor unitário) da direção de F e:
 
r = r( t )
 = ( t )

t = tempo
MS = massa corpo central m = massa objeto

A resolução deste problema deve proporcionar as seguintes funções:

r = r(  )
 = ( t )

As expressões para a aceleração em função das componentes normal e radial da aceleração


são:

2 
 
 d r    d2 r d 2
a=r= 2 = a rr + a nn onde r − r =
a r =  2
2 − r( )
dt dt dt
  dr d d2 
a n = 2r  + r = 2  +r
dt dt d t2

Mas nos sistemas de forças centrais sabemos que a aceleração normal é nula  an=0,
portanto a aceleração será:
2 
  d r 
a = r = 2 = arr
dt
 = d 2
r d 2
a r = r - r 2
− r ( )
d t2 dt
e lembrando que a equação diferencial geral do movimento central neste caso é:

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d2 r M Sm 
m 2 = −G 2 r
dt r

4. RESOLUÇÃO DA EQUAÇÃO DIFERENCIAL DO PROBLEMA


A equação diferencial geral do problema pode ser decomposta em duas particulares:

  M m
m(ar r + an n ) = − G s2 r e an = 0
r
temos então:

M sm Ms
mar = − G  ar = −G
r2 r2
man= 0  an = 0 (pois m  0) [2]
então a equação diferencial que temos que resolver será:

d2 r d 2
ar = r − r =
 2
2
− r( ) [1]
dt dt
porém não conhecemos as relações r = r( t ),  = ( t) , mas lembrando da equação [2] obtemos
que:
an = 0
 2r + r = 0
ou seja
dr d d2  dr dr d
2  +r 2 =0 entretanto =   r = r 
dt dt dt dt d dt

De 2r  + r
 = 0  , ou seja:
podemos obter 

 
 = − 2r 
 e como  = d 

r dt
 
 = d  = − 2r 
 mas r = r   
dt r
 2
  = − 2r  = − 2r  e como r  = d r
r r d
d  dr 1 
 = −2    [2a]
dt d r

fazendo passagem de términos na [2 a] obtemos:

5
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d d r 2
 d  = −2  
dt r
d r 2
  d  = −2  
r

dr 
 d  = −2  
r

d  dr
  = −2 r [3]

d  dr
integrando agora a [3]:   = −2  r

ln  = −2 ln r + constante
 ln  + 2 ln r = C1 = constante
ln  + ln r 2 = C = constante
1

ln(   r ) = C1 = const.
2

1
introduzindo a constante 1/ 2 ln(   r 2 ) = C 2 = const.
2

1 2 
portanto   r   = e c 2 = constante
2
que não é outra coisa senão a velocidade areolar do ponto m na sua trajetória, como podemos
observar na figura 2:

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 Se a velocidade areolar é constante, então:

 “O raio vetor que une o planeta ao sol varre áreas iguais em tempos iguais”.

A área do triângulo será:

1
dA= rrd 
2
1
d A =  r2  d 
2

Vamos fazer agora algumas considerações energéticas. Para isto definimos:



r = raio vetor
m = massa
 
p = quantidade de movimento LINEAR = m  v
  
L = quantidade de movimento angular ou momento da quantidade de movimento linear = r  p

L     1   1    
chamando a =l temos que l = r  v = ( r  p ) = ( r  mv ) = r  v
m m m
 1   1 2 d A 
mas a metade do modulo de l vale rv = r  = =A
2 2 dt
1  = 1 r 2
logo l = A
2 2
L
ou = r 2 que como sabemos = constante, portanto
m

L L L
= constante   =  r 2 = [3a]
m mr 2 m
podemos determinar agora a partir da [3a] o valor de r 2 pois
2
 L
 
r 2 =
( r  )
2 2

=
 m
r3 r3
2
L
r = 2 3
2
[4]
mr

Logo, para resolver a equação diferencial [1], já temos o valor r 2 porém falta conhecermos o
valor de r . Para isto, e voltando agora à aceleração radial:

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M
r − r 2 = −G 2s [5]
r
observamos que:

dr dr d dr 
r = =  =  
dt d dt d
dr L
= 
d  mr 2
dr L
= 2 
r md 
 1 L
= −d  
 r md 
L d  1
=−   
m d   r
logo
d r d r d 
r = = 
dt d dt
d r 
=  
d
d  L d  1   L 
= −      
d   m d   r    mr 2 
L2 d 2  1
r = −    [6]
m2r 2 d  2  r 

Agora, substituímos [6] e [4] na eq. diferencial [5] e obtemos então:

Ms
r − r 2 = −G
r2
L2 d 2  1 L2 M
− 2 2  2   -r 2 4 = − G 2s
m r d   r mr r

L2  d  1 1 
 2   +  = GM s 2
m2 d   r r 

d 2  1 1 M sm2
ou seja  + = G
d 2  r  r L2
1
Fazendo z = e substituindo, chegamos a uma equação diferencial [7] de fácil resolução:
r
d 2  1 1 M sm2
  + = G
d 2  r r L2
d2 z M sm2
+ z = G
d 2 L2

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M sm 2
z + z = G [7]
L2

A solução geral da equação [7] compõe-se de duas soluções; a solução homogênea zh que
GM s m 2
provém de resolver z  + z = 0 , e a solução particular zp = .
L2
• Solução homogênea:

z h = e  (C 1 cos  + C 2 sen  ) onde  = 0 e  =1

ou seja z h = C 1 cos  + C 2 sen 

introduzindo agora as constantes  0 e Q de forma que:


C2
C1 = Q cos  0 e C 2 = Q sen  0 tan  0 =
C1
chegamos a
z h = Q cos(  −  0 )
• Solução particular:

Msm2
zp = G
L2
• Solução completa:
Msm2
z = zh + zp = Q cos( −  0 ) + G
L2
de forma que
1 M sm2
= Q cos( −  0 ) + G
r L2
operando chegamos a
L2 Q M sm2
1
r
=  GM s m 2
cos( −  0 ) + 1G
L2

ou seja

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L2
GM s m 2 [8]
r=
L2 Q
1+ 2 cos( -  0 )
GM s m

que obviamente corresponde à equação de uma cônica (Figura 3), cuja fórmula geral é:

p
r=
1 + e cos( −  0 )
[8aa]
p = (1 + e ) f

ou seja, que:

(1 + e ) f = L
2

GM s m 2 [8 a]

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5. CONSIDERAÇÕES PARA AS ÓRBITAS ELÍPTICAS

Figura 4

Os parâmetros da elipse na Figura 4 são:

a: semieixo maior
b: semieixo menor
c=
e: excentricidade = c/a
f: distância focal = a( 1− e )
A: área da elipse = ab= a 2 1− e 2
T: período para uma revolução

A equação da elipse A equação da elipse em


em coordenadas coordenadas polares é:
cartesianas é:

( x + c )2 y 2 p b2
+ 2 =1 r= p= = a( 1 − e 2 )
a2 b 1 + e cos  a

A velocidade com que o raio vetor r varre a área da órbita vale:

 = d A = 1 r 2 
A mas
1 2
r =
L
= constante
dt 2 2 2m
ou seja  = L
A [9]
2m
se agora integramos a [9] no tempo T obteremos a superfície total A:

T T T

A=A dt= L dt= L dt= L T


0
0 2m 2m 0 2m

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LT
A = a 2
1− e =
2

2m
agora vamos isolar T:

2ma 2 1 − e 2
 T=
L
L2
agora vamos calcular T2 lembrando que f ( 1 + e ) =
GM s m 2 , ou seja:
4 2 a 3
T =
2
[10]
GM s

porém para o sistema solar, Ms=massa solar, a=distância média do planeta ao sol, T=seu
4 2
período de revolução. Olhando a eq. [10] é óbvio que a quantidade
GM s é uma constante
T1 2 T22 4 2
para todos os planetas do sistema solar. Assim temos que = = onde os
a 1 3 a 32 GM s
subíndices 1,2, representam os diferentes planetas.

Tal é a 3a. Lei de Kepler: “Os quadrados dos períodos de revolução dos planetas são
diretamente proporcionais aos cubos de suas distâncias medias do sol”.

6. CÁLCULO DA POSIÇÃO NA ÓRBITA ELÍPTICA

Até agora descobrimos a função r=r(), de forma que sabemos qual será o tipo de curva
descrita pelo ponto m porém, falta conhecermos qual a função que determina as variações de 
em função do tempo t, isto é, a função =(t). Vamos desvendar o mistério...

Sabemos que para a elipse, em coordenadas polares, a posição do ponto de massa m está
definida pela relação r(), porém não conhecemos a dependência dos parâmetros r e  em
função do tempo t. Vamos deduzi-las então:

a velocidade areolar é:
 = d A = 1 r 2  = L
A
dt 2 2m
portanto, após ter descrito um ângulo  na trajetória, em um tempo t, o ponto m terá varrido a
área A que será a resultante de integrarmos:

A t t t
L L L
A  =  d A =  A d t =  dt=  d t = t
0 0 0
2 m 2 m 0
2 m

porém para termos os limites de integração em função de  :

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 = d A = 1 r 2 = 1 r 2 d 
A
dt 2 2 dt
dA 1 2 d
ou seja = r
dt 2 dt
e eliminando d t :
1 2
 dA= r d que agora podemos integrar
2

A 
1 Lt
portanto A =  d A =  r2 d  = [11]
0 0
2 2m

a( 1 − e 2 )
Substituindo r = na integral acima e multiplicando por 2, temos:
1 + e cos 

 
 L a 2 (1 − e 2 ) 2
  t
 m
= r
o
2
d = 0 (1 + e cos ) 2 d  =
então


1
= a (1 − e )
2 2 2
 (1 + e cos  )
0
2 d


 e sin  1

1 

= a (1 − e )  2
2 2 2
− 2 0 (1 + e cos  )  =
d 
 ( e − 1)(1 + e cos  ) ( e − 1)
 

a 2 ( 1 − e 2 )2  e sin  

1
=  −  d 
( e 2 − 1) 1 + e cos  0 (1 + e cos  ) 

1
porém para a elipse  e < 1  e2 < 1 logo a solução da 0 (1 + ecos ) d  será:

1 2  1− e  
0 (1 + e cos ) d  = 1 − e2
arctan 
 1 − e 2
tan  
 2 

Logo

Lt a 2 ( 1 − e 2 ) 2  e sin 
 2  1− e 
   
=  − arctan  tan   =
m ( e 2 − 1) 1 + e cos 
 1− e2  1− e
2  2  

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  1− e 
 L
  t = - a 2 (1 − e 2
 m
 e sin 
)

 1 + e cos 

2
1− e 2
arctan 
 1 + e
tan 
2 




( ) [12]

Esta fórmula é muito bonita porém, o resultado obtido é o inverso que desejávamos, na
verdade nós queríamos  = (t) e acabamos obtendo t = f(). É fácil observar que isolar  nos
leva a uma equação muito complexa, ou seja, devemos encontrar outro método.

Introduzimos agora uma quantidade auxiliar E denominada anomalia excêntrica, que cumpre
a seguinte condição:

( )
tan E 2 =
1− e
1+ e
tan  2 ( ) [12a]

que equivale a dizer que


 1+ e 
 = 2arctan 
 1− e
tan E 2 

( )
então introduzindo a [12a] na [12], temos:

 L  e s en  
 t = - a 2 (1 − e 2 ) 
E
 −  [13]
 m 1 + e cos  1 − e2 

entretanto se pode demonstrar que para a quantidade auxiliar E introduzida:

1 − e2
sen E =  sen 
1 + e cos 

sen E sen 
de forma que =
1 − e2 1 + e cos 

substituindo esta última na [13] chegamos a:

 L  e sen  E 
  t = − a 2 (1 − e2 )  − =
 m 1 + e cos  1 − e2 

 L  e sen E E  a 2 (1 − e2 )
  t = − a (1 − e ) 
2 2
− =−  e sen E − E
 m  1− e
2
1 − e2  1 − e2

Logo

 L
  t = a 2 1 − e 2 ( E − sen E) [14]
 m

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• Vamos definir agora as constantes para o cálculo prático, como:

L 2ab 2a 2 1 − e 2
= = constante = [15]
m T T

para o planeta Terra  T=Tt e at= 1 ua (unidade astronômica),

 logo para um planeta qualquer com T, a, temos (aplicando [10]) que:

−3
a t3 Tt2 1 a t3 a − 3 a 2
=  = = [16]
a3 T2 T TT2 TT

−3
L 2 1 − e 2 a 2 a 2
e substituindo a [16] na [15] obtemos: =
m TT

ou seja a [14] fica:


 L
  t = a 2 1 − e 2 (E − e sen E)
 m

−3
2 1 − e 2 a 2 a 2
t = a 2 1 − e 2 (E − e sen E)
TT

−3
2
2a
t = E − e sen E
TT [17]

Esta última fórmula é básica, pois é a empregada no cálculo das efemérides.

As seguintes denominações são as usuais:


 1+ e 
 = anomalia verdadeira [radianos] = 2arctan 
 1− e
tan E
2

( ) [18]

E = anomalia excêntrica = 2 arctan


1− e
1+ e
( )
tan  2 [radianos]

a = distancia média ao sol [ua] (unidades astronômicas)

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−3
2
2a
n = movimento diurno médio = [radianos/dia]
TT
−3 2  radianos -2 
n =k. a 2
onde k=constante de Gauss =   ua 3  [18a]
365.256  dia 

M = anomalia média = n t [19]

M = E - e . sen (E) [radianos] [20] (fórmula de Kepler)

Logo as fórmulas reduzem-se a:

M=n.t e M = E - e . sen (E)

sendo t = tempo após passo pelo periélio, em dias.

TT = ano trópico = 365.256374 dias

Cálculo da Anomalia Media M

O processo de cálculo se reduz a determinar a anomalia média M [19], e de posse desta


procedermos a calcular a anomalia excêntrica E que satisfaz a equação de Kepler [20], logo
calculamos  segundo a [18]. Com  calculamos r, o que determina a posição do ponto m na
órbita. A resolução da Equação de Kepler é realizada por iterações sucessivas, de forma que o
algoritmo de cálculo é o seguinte:

t = T-T0 onde T0 e a data da última passagem pelo periélio


a = distância média ao sol

Nota: Normalmente o tempo da passagem T0 está dado em dias Julianos JD, de forma que a
data de calcula também está em dias julianos e o cálculo de t se reduz apenas a encontrar a
diferença (em dias julianos) entre T e T0.

O diagrama de fluxo do algoritmo é:

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Andrés Esteban de la Plaza 17

Vamos fazer um exemplo de aplicação: caso Júpiter

a = 5.208174 ua ; e = 0.049284
T = 2450896.510556 dj =24 Março 1998
T0 = 2446966.84378 dj =24 Junho 1987 (periélio)
t = 3929.666776 dj
n = 0.00144728573606
M = n t = 5.687350672374 radianos ( =325.861190138)
E=M= 5.687350672374
E1=M+e senE= 5.659692503366

17
Andrés Esteban de la Plaza 18

E1-E= -0.0276581690088
E=E1= 5.659692503366
E1=M+e senE=5.658575010
E1-E=-0.001117493
E=E1=5.658575010
E1=M+e senE=5.658530316
E1-E=-0.000044694
E=E1=5.688530316
E1=M+e senE=5.658528529
E1-E=-0.000001787
E=E1=5.658528529

e como senE =
( )
2 tan E 2
=-0.584818898  <0  estamos no IV quadrante!
( )
1 + tan 2 E 2
 1+ e 
 0 = 2Arctan 
 1− e
( )
tan E 2  = -0.654082984

 = 2 + 0 = 2 + (-0.654082984) = 5.629102324 radianos = 322.5238

a( 1 − e 2 )
logo r= = a( 1 − e cos E1 ) = 4.999964739 ua
1 + e cos 

Segundo a efemérides, para a data 24/03/1998, a anomalia média vale 3253335 , a distância
ao sol é 5.00079 ua. Comparando com nossos valores, nossa anomalia média foi 3255140, e
a distância 4.999964739 ua (uma diferença de 0.016%). Vale a pena lembrar que na data da
passagem pelo periélio existia uma imprecisão quanto a hora, se a tivéssemos sabido, a
diferença seria ainda menor! Também, se considerarmos que Júpiter dá uma volta em 11.86
anos, desde o periélio até a data de cálculo passaram-se 10.758 anos, ou seja um pouquinho
menos de 1 revolução, o que concorda com nossos cálculos.

Após conhecermos a posição na órbita, e sabendo os parâmetros orbitais (: inclinação da


órbita respeito da eclíptica, : longitude do nodo ascendente e : argumento do periélio)
podemos passar das coordenadas polares para as retangulares (coordenadas heliocêntricas
orbitais), para as heliocêntricas eclípticas, e conhecendo a posição da Terra (em coordenadas
heliocêntricas eclípticas, a diferença nos dá o vetor Terra-Júpiter, ou seja as coordenadas
geocêntricas eclípticas de Júpiter, então apenas falta uma última passagem, para as
coordenadas geocêntricas equatoriais ( r: distância Terra-Júpiter , : ascensão reta, :
declinação). Tais cálculos efetuam-se empregando matrizes e análise vetorial (fórmulas de
Euler).

Para facilitar o cômputo da anomalia verdadeira e a determinação do quadrante em questão,


talvez resulte mais útil o emprego das seguintes fórmulas, lembrando que a fórmula:

retorna o argumento  no seu valor principal, ou seja 0, no I e IV


quadrantes.
cos E − e 1 − e2 sen E
cos  = sen  =
1 − e cos E 1 − e cos E

Assim:

18
Andrés Esteban de la Plaza 19

cos =0 sen  > 0  = 0  0 = 90


cos =0 sen  < 0  = 0  0 = 270
cos >0 sen  > 0  = 0  0 > 0 0 <  < 90
cos <0 sen  > 0  = 180 + 0  0 < 0 90 <  < 180
cos <0 sen  < 0  = 180 + 0  0 > 0 180 <  < 270
cos >0 sen  < 0  = 360 + 0  0 < 0 270 <  < 360

Também, na hora dos cálculos, devemos observar o seguinte:

• O movimento diurno médio n = k a-1.5 pode ser expressado tanto em [ radianos / dia ] como
em [  / dia]. Ou seja, a constante de Gauss k, pode ser expressada em:

k = 2 / 365.2564 [ radianos / dia ]

k = 360 / 365.2564 [  / dia ]

• A anomalia média M = n t poderá então estar expressada em [ radianos ] ou [  ].


Normalmente as tabelas ou efemérides proporcionam M em [  ].

• Para o cálculo da Equação de Kepler, é obrigatório o emprego de M em [ radianos ], e o


valor de E obtido também está em radianos. Se é desejado se pode converter E para [] e
calcular os valores de seno, cosseno e tangente; entretanto se E não estiver dentro de uma
função trigonométrica, então E deverá ser tomada em radianos!

• Se a última passagem pelo periélio ocorreu há mais de um período do planeta, então o


cômputo da anomalia média certamente dará um valor superior a 360 ou 2 radianos
(6.2831853...). Neste caso é melhor reduzirmos a anomalia média para o valor fracionário de
um giro completo. Expressando M em radianos ou graus sexagesimais, isto se reduz à
seguinte fórmula:

 M   M   M   M 
M calculo  radianos =   − IP    2  M calculo    =    − IP     360

 2    2   
 360   360 

onde IP representa a função que nos dá a parte inteira do argumento


contido. Vejamos um exemplo: Se M = 9.28 radianos = 531.7048339, então

Mcálculo{rad} = [ (9.28/2) - IP(9.28/2)]2 = [1.4769579 - 1]2 =


= [0.4769579]2 = 2.9968147 rad
Mcálculo {} = [ (531.7048339/360) - IP(531.7048339/360)]360 = [ 1.4769579 - 1]360=
= [0.4769579] 360 = 171.7048339

 logo é evidente que 2.9968147 radianos = 171.7048339

19
Andrés Esteban de la Plaza 20

7. CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONSTANTE DE GAUSS, O MOVIMENTO


DIURNO MÉDIO E A FÓRMULA DE KEPLER

• CONSTANTE DE GAUSS E MOVIMENTO DIURNO MÉDIO

Dada a equação [14] :   t = a 2 1 − e2 ( E − sen E) , e como:


L
 m
2
M = E - sen(E) = t
T

Aelipse = ab =  a 2 1 − e 2

 L
  t = 2At (sendo At a área varrida até o instante t )
 m
resulta que a equação [14] equivale a:

A elipse
2A t = M [20a]

que encontramos foi a expressão do dobro da área orbital varrida em um tempo t desde o
periélio. Por outro lado, se na eq. [20a] isolamos M obtemos a eq. [20aa], logo podemos
deduzir a eq. [20aaa]:

 At   t
M = 2    [20aa]  A t = A elipse    [20aaa]
 A elipse   T

 At 
Prestando atenção na equação [20aa] vemos que o quociente   não é outra coisa
 A elipse 
senão a expressão em forma de % da área varrida respeito da área total; porém, M é um
ângulo dependente do tempo t, de forma que o produto 2.% dá um ângulo proporcional à área
varrida, ou seja ao tempo t. Isto faz pensar num movimento circular. Na eq. [20aaa] verificamos
a proporcionalidade entre o tempo t do movimento circular e a área varrida At (pois a
velocidade angular é constante na circunferência), ou seja, se falamos de um setor circular
varrido em um tempo t igual a 25% do período T obtemos 25% da área do círculo, então o
ângulo do setor será 25%.2 = /4 radianos ou 25%.360 = 90. Estas considerações levam a
pensar que talvez M esteja relacionado com algum tipo de circunferência auxiliar; ou seja, a
órbita e circular e a velocidade angular é constante. Quando tratarmos da Equação de Kepler
veremos que esta ideia é absolutamente válida.

Analisemos agora as dimensões da constante L/m. O momento da quantidade de movimento


m
[L] tem a dimensão { m.kg }, a massa [m] ={ kg }, de forma que a dimensão do quociente {L/m}
s
2
é {m /s}, que multiplicado pelo tempo t nos dá uma superfície. Isto resulta bastante claro se
observamos o membro direito da equação [14], onde o único fator não adimensional é o
semieixo maior da órbita a elevado ao quadrado. Ë claro que pouco interessa se a está em
metros ou unidades astronômicas, a superfície será sempre {m2} ou {ua2}.

20
Andrés Esteban de la Plaza 21

Examinando agora a equação de Kepler, seja na sua forma dada pela equação [17], segundo a
2
qual: a − 3 2 t = E − e sen E , ou na sua forma dada pela equação [20],
TT
segundo a qual: M = E - sen(E) , vemos que não existe fator dimensional, exceto o valor 2,
que está expressado em radianos, ou como já vimos antes, em graus sexagesimais (não
esquecer que para operar no lado direito da expressão devemos trabalhar em radianos!).

É interessante entender o que significa a constante de Gauss:

 L
Vamos igualar a eq. [14]:   t = a 2 1 − e2 ( E − sen E) , com a [20]: n t = E - sen(E),
 m
para isto tomamos a eq. [14] e isolamos E - sen(E), de modo que agora temos:

 L 

E - sen(E) = 2 m t
 a 1− e 2 

comparando esta última com a eq. [20] chegamos a:

  L 
   
 m −3
   t = n  t = k a 2
 t
 a 2 1 − e2 

 

ou seja:
  L 
  
 m  −3
  = n = k a 2
[21]
 a 2 1 − e2 

 

porém da eq. [8 a]: (1 + e) f = L


2
deduzimos que:
GM sm 2
L2 L
2 = GMS (1 + e)f  = GMS  (1 + e)f e como (1+ e)f = a (1 − e2 )
m m

L
então: = GMS  a (1 + e 2 ) , de forma que introduzindo este valor na equação [21] temos:
m

 a 1 − e2  GM S  −3
  = n = k a 2

 a2 1 − e2 

−3 −3
a 2
 GM S = n = k a 2
[22]

GM S = k [23]

21
Andrés Esteban de la Plaza 22

4 2a 3 2 a
3

por outro lado, da equação [10]: T = 2


deduzimos que GM S = 4  2 de forma que temos:
GM S T
3
a 2
GM S = 2  , portanto a equação [22] do movimento diurno médio fica da seguinte
T
forma:
3
−3 −3 a 2 −3
n = a 2
 GM S = a 2
 2 = k a 2
T
−3 2 2  −3 2
ou seja: n = a 2
 GM S = = a [24]
T TT

3
a 2
do qual: k = GM S = 2  [25]
T

portanto, uma maneira de encontrar k e utilizar os valores de a e T terrestres, de forma que se


a = 1 ua, e T = TT, (atenção que para qualquer outro planeta, k se calcula pela [25]),então:

2
k = GM S = [26]
TT

tal como foi feito na [18a] quando introduzimos a constante de Gauss.

Calculemos então o valor de k segundo a eq. [23], para isto devemos passar as unidades de
[G]

m3 ua 3 m3 -11
m3
={ } para { }, ou seja que se G [ ] = 6.67 10 então:
kg s2 kg dia 2 kg s2 kg s2

ua 3 -11
m3 11 m)3 (86400 s/dia)2 =
G[ 2 ] = 6.67 10 2 (1ua/1.495979 10
kg dia kg s
3
ua -34
ua 3
G[ ] = 1.4872 10
kg dia 2 kg dia 2

e como MS = 1.991 1030 kg então:  k= GM S = 0.0172076  0.0172

o que concorda com o valor introduzido pela equação [26] pois:


2
k= = 2 / 365.2564 dia = 0.017202
TT

Resumindo:

• O movimento diurno médio (n) não é senão uma expressão da velocidade angular média
do planeta (  ), que resulta de imaginar a sua órbita circular, de forma que  = 2  T .
A anomalia média (M), dá a ideia do ângulo do setor circular varrido até o instante t, se a
órbita fosse circular.
• A constante de Gauss (k) é um valor constante para o sistema solar, portanto de igual valor
para todos os planetas. Digamos que k quantifica a “grandeza gravitacional” do sol, pois k =

22
Andrés Esteban de la Plaza 23

GM S , ou seja sua capacidade de influir gravitacionalmente sobre outras massas. Como


dato interessante, esta “grandeza gravitacional”, multiplicada pela distância média do planeta
ao sol (elevada a 1.5), nos dá o movimento diurno médio, ou seja como o planeta se
comporta a essa distância do sol.

• A EQUAÇÃO DE KEPLER

Quando resolvemos a equação [12], introduzimos o parâmetro E tal que se cumpria a relação

( )
dada pela equação [12a] : tan E 2 =
1− e
1+ e
( )
tan  2 . Resta perguntar agora o que a eq. [12a]
significa.

Vamos dar uma olhada na Figura 6:

Nesta figura observamos o sol,


dado pelo ponto S, a posição do
planeta, dado pelo ponto P, na sua
órbita elíptica de periélio SQ¸
excentricidade e, e dimensões
orbitais a e b. Agora traçamos
uma órbita circular de raio a e
centro O, que obviamente não
coincide com S, nesta órbita
circular temos um planeta
imaginário, de idênticas
caraterísticas a P, denominado P’.
Este planeta P’ tem o mesmo
período orbital T que P porém,
movimenta-se com velocidade
angular uniforme (já que a órbita é
circular). Resulta evidente que a
velocidade angular do planeta P’
vale 2/T, mas isto não é outra
Figura 6 coisa senão o movimento diurno
médio do planeta P.

A posição do planeta P em
coordenadas polares de centro S está definida pela anomalia verdadeira (), e o raio vetor
(r). A posição do planeta P em coordenadas polares de centro O (excêntrico respeito de S)
está definida pela anomalia excêntrica (E), e o raio vetor (a).
Vamos demonstrar agora a correspondência entre as posições de P e P’ tal como mostradas
na Figura 6. Analisando a figura observamos que a componente horizontal do raio vetor a de
P’, vale acosE. Este valor é igual à distância c + x, mas c = ae, e x = rcos. Lembrando que r
a(1 − e2 )
vale (elipse com o centro de coordenadas polares centrado no foco direito), então
1 + e cos
a(1 − e2 ) cos 
podemos dizer que: a cos E = ae + . Após operarmos nesta igualdade
1 + e cos 
podemos encontrar o valor de cosE, ou seja:

e + cos 
cos E = [27]
1 + e cos 

23
Andrés Esteban de la Plaza 24

Lembrando das funções trigonométricas que tan E 2 =


1 − cos E
1 + cos E
( )
, podemos introduzir a
equação [27] nesta última, de forma que:

(1 − e)(1 − cos  )
( )
tan E 2 =
1 − cos E
1 + cos E
=
1 + e cos  − e − cos 
1 + e cos  + e + cos 
=
(1 + e)(1 + cos  )
=
1 − e 1 − cos 
1 + e 1 + cos 

mas
1 − cos 
1 + cos 
( )
= tan  2 assim:  ( )
tan E 2 =
1− e
1+ e
( )
tan  2

que é precisamente a equação [12a], tal como queríamos demonstrar. Agora sabemos o real
significado do conceito anomalia excêntrica.

8. CÁLCULO DE ÓRBITAS NÃO ELÍPTICAS: ÓRBITAS PARABÓLICAS E


HIPERBÓLICAS

• CÁLCULO DAS ÓRBITAS PARABÓLICAS

Quando chegamos à equação [8aa] que nos dava a fórmula geral da cônica, continuamos
nosso raciocínio assumindo que 0 < e < 1, logo, para chegar até a equação de Kepler,
introduzimos o valor de r no cálculo da integral dada pela equação [11]. Para o caso das
órbitas parabólicas, sabemos que e = 1, porém vamos refazer a integração da [11]
considerando a equação da parábola (que resulta de introduzir e=1 na eq. [8aa]).

Vejamos a Figura 7: a distância focal SQ do sol à passagem pelo periélio, foi chamada de f; a
excentricidade da elipse vale e = 1, assim colocando estes dados na equação [8aa]:
(1 + e)f 2f
r= , chegamos a equação da órbita parabólica: r = . Agora, apenas por
1 + e cos  1 + cos 
uma questão de nomenclatura, denominamos à distância focal f de q, ou seja q = f.
Portanto a equação da parábola é:

2q
r= [28]
1 + cos 


Agora vamos fazer a integração: 2 A  =    t =
L
 m r
o
2
d  , introduzindo o valor de r dado pela

eq. [28].

( ) ( )
 
 L 4q 2 1 1 
  t = r 2
d =  (1 + cos ) d  = 4q 2   tan  2 + tan 3  2 
 m o 0
2
2 6 


( ) 1
( )

= 2q 2 tan  2 + tan 3  2 
3 
porém como

24
Andrés Esteban de la Plaza 25

 L
  = GM S  (1 + e)f e na parabola e = 1 e f = q resulta que:
 m
 L 1
  = GM S  2  q 2
 m

então:
 L 

1
   t = 2q 2 tan  2 + tan 3  2 
 m 3


( ) ( )
 1 
GM S  2  q 2  t = 2q 2 tan  2 + tan 3  2 
1

 3 
( ) ( )
isolando agora o termo das tangentes:
1 −3

( ) 
( ) 2 q 2 2
 1 3  q
tan 2 + 3 tan 2  = GM S  
2 q2
t = GM S 
2
t

ou seja, que:
−3

( ) ( )
2
1 q
tan  2 + tan 3  2 = GM S  t [29]
3 2

equação análoga a [17] no sentido que na sua resolução obtemos o valor de .

Neste caso temos que resolver uma equação cúbica em tan(/2). Pode-se demonstrar que
esta equação tem uma raiz real (a que nos interessa) e duas imaginárias. Existem bastantes
métodos de resolução. Propomos o Método de Newton, que diz: Se x0 é um valor
aproximado da raiz da função f(x)=0 então como aproximação mais exata se toma

f (x0 )
x1 = x 0 − Substituindo agora x1 por x0 obtemos uma melhor aproximação x2.
f (x0 )

Logo, para nosso problema (resolução da equação [29]):

• Para facilitar os cálculos:


multiplicamos a eq. [29] por três e chamamos a tan(/2) = E, ou seja a equação [29] passa
agora a ser: E3 + 3E - M = 0
−3 −3
2 2
q q
• definimos M = n .t, onde n = 3  GM S  = 3 k  k = constante de Gauss
2 2

• aplicamos o método de Newton, de forma que denominando E0 ao valor aproximado da raiz,


o próximo valor será:

f ( E ) = 3E 2 + 3 = 3( E 2 + 1)
f (E 0 )
E1 = E 0 − e como f ( E ) = 0  f ( E ) = E 3 + 3E − M = 0
f (E 0 )

E0 3 + 3E0 − M 3E0 (E0 2 + 1) − (E0 3 + 3E0 − M ) 3E30 + 3E0 − E02 − 3E0 + M 2E30 + M
logo: E1 = E0 − = = =
3(E0 2 + 1) 3(E0 2 + 1) 3(E0 2 + 1) 3(E0 2 + 1)

25
Andrés Esteban de la Plaza 26

2E i3 + M
ou seja [29a]
3(E i2 + 1)
E i +1 =

Este valor será iterado até que f( Ei )  0 , por exemplo até que  f( Ei )  ≤ 10-8.

• A primeira aproximação, isto é E0 , vale E0 = 0

• iteramos então de acordo ao seguinte algoritmo em QBASIC da Microsoft:

10 M = nt
20 E=0
30 E1 = 2E3 + M / [3(E2 + 1)]
40 IF E1 3 + 3E1 - M > 10-8 THEN
50 E = E1 : GOTO 30
60 END IF
70  = 2 . Atan ( E )

• CÁLCULO DAS ÓRBITAS HIPERBÓLICAS


a( e2 − 1)
Neste caso se procede como no anterior, lembrando que se e > 1 então r = pois
1 + e cos
segundo a definição na hipérbole, c > a  f = c - a  (1+e)f = (1+e)(e-1)a = a(e2-1), logo:
 
 L a 2 ( e 2 − 1 )2
  t =
 m  r2 d 
o
= 
0
( 1 + e cos  )2
d =

2  

 L e sen  d
  t = a 2 ( e 2 − 1)  2
1
 −  (1 + e cos  ) 
 m  ( e − 1)(1 + e cos  )
 ( e − 1)
2
0 

então:

 L



  t = a ( e − 1) 
e sen 


−
1
 ( e − 1) tan 
 ( )
2 + e2 − 1 
 
  [30]
2 2

( )
ln
 m (1 + e cos  )  − 1  ( e − 1) tan 
2 − e 2 − 1  
 e2
  

Vamos agora fazer algumas considerações a respeito das funções trigonométricas


hiperbólicas, para isto tomamos o fator dentro do logaritmo natural na equação [30]:

( )
(e − 1) tan  2 + e 2 − 1
e −1
tan( 2 ) + 1
(e − 1) tan( 2 ) −
=
e +1
e se
e −1
( )
tan  2 > 1
e −1 e −1
( 2 ) − 1 e+1
2
tan
e +1

então temos que:



e −1
( 2) + 1
tan
 ln 
e +1 
= 2 Arctanh
e −1
( ) 
tan  2 


e −1
e +1
( 2) − 1
tan
 e +1 

( ( ))
= 2 Arctanh tanh E 2 = E

26
Andrés Esteban de la Plaza 27

logo chamando a
e -1
e +1
( )
tan  2 = tanh E 2 ( )


e
e
−1
+1
( )

tan  2 + 1
resulta que: ln   =E [31]



e
e
−1
+1
( )

tan  2 − 1

podemos agora calcular o valor de senh(E), ou seja:

senh( E) =
( ) =2
2 tanh E 2

( )
2 
e − 1 sen 2 ( e + 1) cos 2
=
( )
e2 − 1 sen 
( 2)
1 − tanh 2 E e + 1 cos ( )
2
(1 + e cos) 1 + e cos 

sin  1
logo se deduz que  = senh E [32]
1 + e cos  e −1
2

assim, introduzindo as equações [31] e [32] na equação [30] obtemos:

 L


 
  t = a ( e − 1) e  
sen  


 −
1
 ( e − 1) tan 
 2 + ( ) e2 − 1 
 
 
2 2

( )
ln
 m  (1 + e cos  )  − 1  ( e − 1) tan 
2 − e 2 − 1  
  e2
  

 L   senh E    (e 2
− 1)
  t = a 2 ( e 2 − 1) e  
1

 m
 − E  = a 2 e senh E − E
  e − 1
  − 1  −1
2 2 2
e  e

 L
   t = a 2 e2 − 1  (e senh( E) − E) [33]
 m

lembrando agora que na equação geral das cônicas [8], o numerador representa o parâmetro p
que vale (1+e)f, então, de acordo com a eq. [8a] obtemos, como princípio geral para as órbitas
cônicas:

L
= GM s  (1 + e) f e tinhamos feito f = q entao
m
L
= GM s  (1 + e) q
m

porém na definição inicial de hipérbole tínhamos visto que (1 + e) f = (1 + e) q = a( e 2 − 1) , ou seja,


que:

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Andrés Esteban de la Plaza 28

= GM s  (1 + e) q = GM s  a( e2 − 1)
L
m
= GM s  ( e2 − 1)a
L
[34]
m

de forma que introduzindo a eq. [34] na equação [33]:

 L
   t = a2 e 2 − 1  (e senh( E) − E) [33]
 m

GM s a e2 − 1  t = a 2 e 2 − 1(e senh( E) − E)

−3
GM s  a 2
t = e senh( E) − E [35]

e como a = q / (e-1) para a hipérbole, então a eq. [35]:


−3
GM s  a 2
t = e senh(E) − E [35]

−3
2
q
GM s  −3 t = e senh( E) − E [36]
( e − 1) 2

Equação parecida a obtida no cálculo das órbitas elípticas, neste caso a resolução da eq. [36] é
idêntico ao da equação [17] ou [20], ou seja:

E = e . senh(E) - M
M = n.t
−3
2
q
n= k −3 onde k = GM S
( e − 1) 2

De livre publicação desde que o autor seja mencionado, direitos reservados.

Última revisão 15 março 2020 – Rio de Janeiro, Brasil.

aedlplaza@gmail.com

Homines dum docent discunt.


- Séneca o Moço (Córdoba 4 a.C.- Roma 65 d.C.)

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