Você está na página 1de 3

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

8ª. Câmara de Direito Público

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – OPOSIÇÃO AO JV

APELAÇÃO: 1000570-29.2020.8.26.0014

APELANTE/APELADA: COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO

APELADA/APELANTE: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Juiz prolator da decisão: Priscilla Midori Maizato

Valor da causa: R$ 880.576,41

Prevenção: 2144206-78.2020.8.26.0000

VOTO 38169

APELAÇÃO – EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL – AIIM LAVRADO POR


CREDITAMENTO INDEVIDO DE ICMS.

Auto de Infração e Imposição de Multa lavrado por creditamento indevido de


imposto dada a indicação em GIA, a título de ressarcimento, de valores
maiores do que aqueles apurados nos termos da disciplina estabelecida na
Portaria CAT 17/99.

CERCEAMENTO DE DEFESA – Sentença que merece ser anulada, pois não


realizada prova imprescindível para a correta solução da lide, especialmente,
para aferição da ocorrência do tipo infracional mencionado no respectivo
auto – Multa aplicada pela FESP em razão de suposto creditamento indevido
de ICMS pelo contribuinte – Portanto, considerado o teor do auto de infração
que a parte pretende anular e sua afirmação de regularidade fiscal e
ausência de divergência entre créditos e débitos escriturados, necessário
que o alegado creditamento indevido reste configurado para dar suporte à
autuação.

Recurso da embargante provido, para anular a sentença e determinar a


realização de prova pericial, com abertura do contraditório para as partes.
Recurso da Fazenda do Estado prejudicado.

Vistos.

Trata-se de embargos opostos pela COMPANHIA BRASILEIRA DE


DISTRIBUIÇÃO à execução fiscal ajuizada pela FAZENDA DO ESTADO DE SÃO
PAULO, julgados parcialmente procedentes (fls. 16.401/16.412 e 16.526).

Apelam ambas as partes.

Inconformada, a embargante interpôs apelação, na qual pugna pela


anulação da sentença pelo indeferimento da produção de prova pericial e, no

lay 1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
8ª. Câmara de Direito Público

mérito, alega legitimidade dos créditos de ressarcimento do ICMS-ST, bem como o


direito ao creditamento por restituição do tributo, a irregularidade no lançamento
da multa quanto aos juros de mora e por seu caráter confiscatório, bem como
defende a necessidade de fixação de honorários advocatícios sucumbenciais nos
termos do artigo 85, § 3º, do Código de Processo Civil (fls. 16423/16471).

Recurso tempestivo, preparado e respondido às fls. 16479/16511.

A Fazenda Estadual, por sua vez, apela às fls. 16544/16556, pelo


afastamento da decadência reconhecida, pela extinção sem julgamento do mérito
do pedido de alteração dos juros para a Taxa Selic, bem como requer que eventuais
honorários sejam fixados por arbitramento à teor do art. 85, §8º do CPC, não
aplicando-se o §3º do mesmo artigo.

Contrarrazões às fls. 16559/16584.

Tendo sido distribuído o recurso à 13ª Câmara de Direito Público, houve


declinação da competência pela decisão de fls. 16587/16589, redistribuindo-se os
autos a esta Colenda 8ª Câmara de Direito Público, em razão da prevenção ao
processo nº 2144206-78.2020.8.26.0000.

Petição de oposição ao julgamento virtual à fl. 16538.

RELATADO, VOTO.

A embargante foi autuada pelo Fisco Estadual por creditamento indevido de


ICMS, porquanto não teria direito a parte dos valores apropriados a título de
ressarcimento do ICMS-ST no período em referência, uma vez que o valor dos
créditos utilizados seria superior ao valor dos créditos comprovados por meio dos
arquivos magnéticos exigidos pela Portaria CAT 17/99, pelo que houve lavratura do
AIIM nº 4.011.463-6.

Sustenta a embargante, ora apelante, que a autuação em questão “decorre


do fato de a d. Autoridade Fiscal ter apontado ao longo do procedimento de
fiscalização que resultou na lavratura do AIIM nº 4.011.463-6 (origem do crédito
tributário executado) supostas divergências entre o valor do crédito indicado nos
arquivos magnéticos elaborados pela Apelante com base nos Modelos previstos na
Portaria CAT nº 17/99, e o valor do crédito lançado na Guia de Informação e
Apuração do ICMS (“GIA”)”.

Desta feita, alega que “o exame de tais arquivos em sede de prova pericial
permitiria verificar que a Apelante sempre cumpriu os ditames da Portaria CAT nº

lay 2
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
8ª. Câmara de Direito Público

17/99, assim como apontou a origem do crédito lançado no período autuado,


esclarecendo, portanto, a composição dos valores lançados em GIA (sendo
importante frisar que nesse caso em particular, a própria D. Fiscalização,
homologou parte dos créditos apurados por esses mesmos arquivos), de maneira
que o AIIM somente veio a ser lavrado em razão de a d. Autoridade Fiscal ter
simplesmente desconsiderado tais esclarecimentos devidamente comprovados ao
longo do procedimento de fiscalização”.

Ora, a anulação do referido auto demanda comprovação de que o ato


infracional nele descrito não ocorreu, não bastando discussão de tese de direito
que envolve o grau de responsabilidade do contribuinte na escrituração contábil,
mesmo porque não é apenas sobre essa infração acessória que ele está sendo
autuado, mas também pelo suposto creditamento indevido de ICMS.

Assim, entendo que o julgamento da ação no estado foi precipitado, uma


vez que a matéria não é exclusivamente de direito, dependendo de prova pericial,
portanto, dos arquivos magnéticos para confronto dos valores constantes nas GIAs
e os valores lançados e gerados de créditos, a fim de se demonstrar se se trata de
creditamento indevido ou não.

Considerando os pedidos deduzidos pela empresa embargante (inclusive de


requerimento para produção de provas, em especial a produção de prova pericial
técnica) e, principalmente, o teor do auto de infração que se pretende tornar
ineficaz, de rigor anular a sentença para que prova pericial seja produzida e
exposta à amplo debate das partes.

Pelo exposto, dou provimento ao recurso da embargante para, acolhendo-se


a preliminar de cerceamento de defesa, anular a sentença. Prejudicado o recurso da
Fazenda do Estado.

Leonel Costa

Relator

lay 3

Você também pode gostar