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GALAXYA II

X
Mais tarde, S.E. e a satisphæra saíam do interior do Galaxya, sem serem notados. Mas nem
todos estavam no interior da esfera, pois Corr Sairy lhes avisara que ia à Phællans, então
Marcelle e Pum Riss disseram que desejavam ir também, e Antares, por ser o guardião de
Corr Sairy, o acompanhou, enquanto Kotharyn, Jacqueline, H-Glorr, T-Rass, K’thryn Swiss
e Ortsac Searamiug se direcionaram à Krarrash II:

- Não demorem muito. – Disse Kotharyn a Corr Sairy.

- Iremos com a comitiva de Li Kkan. Estaremos lá a tempo, pode acreditar. – Corr Sairy
respondeu.

Instantes depois, S.E. pousava em uma das plataformas flutuantes e, a espera deles,
estavam Lyn Xus, Ti Kkrus e Le Pann:

- Recepção diferente desta vez. – Corr Sairy questionou, enquanto Pum Riss corria aos
braços do irmão.

- Li Kkan está a preparar a comitiva para a posse da Görkemli. – Disse Lyn Xus. – Sempre é
um prazer recebe-los, meu estimado amigo. – Lyn Xus disse e tocou na fuselagem aquecida
de S.E. – Fizeste uma boa viagem?

- Resgatamos K’thryn Swiss e Ortsac Searamiug e meu sistema de proteção resistiu a vinte
lailebs. – Disse o diminuto S.E., que surpreendeu Lyn Xus:

- Aprendera novos truques?

- Galaxya tem me ensinado muito. – S.E. respondeu. Então o cientista cego direcionou sua
atenção a Corr Sairy:

- Novamente lailebs? Tu não se cansas de ser atacado por darkaynis? – Brincou o sábio
homem, fazendo Corr Sairy dar um sorriso de lado:

- Desta vez a emboscada deles de muito errado. O campo de proteção de S.E. resistiu
bravamente e fomos mais estratégicos, pois esperávamos o ataque...

- E como estão os socorridos? – Questionou Le Pann, abraçada a Marcelle. – Soubemos que


a plátto de K’roll Swiss e um osocileb darkyani estão no seu grupo agora.

- E isto lhe incomoda ainda. – Disse Ti Kkrus, percebendo a cara de asco que Corr Sairy fez
na menção a Ortsac:

- Ainda um pouco, Ti Kkrus. – Corr Sairy disse. – E eles estão bem, Le Pann. Foram direto
para Krarrash II, com Kotharyn, Jackie, H-Glorr e T-Rass. Não tivemos tempo para
conversarmos muito, pois tínhamos a posse de Kotharyn, mas acredito que ao voltarmos pro
Galaxya poderemos conversar adequadamente. – Um segundo pigarro Corr Sairy ouviu
vindo de Antares, que parecia incomodado com a menção do nome do Galaxya. – Você quer
dizer alguma coisa, Confederado Antares?

- Você e S.E. mencionaram o nome do Galaxya ao usosayensi omkhulu de Phællans, Lyn


Xus, ao Injiniyela omkhulu de Phællans, Ti Kkrus e à uthisha, isazi-mlando, umtapo
wolwazi e inhloko yesiko de Phællans, Le Pann. – Argumentou Antares.

- E qual o problema disso, Confederado Antares? – Corr Sairy argumentou de forma


ignorante, não abalando Antares:

1
Andre luz

- Disseste que já havia revelado a existência do Galaxya àqueles que sabiam de vossa busca.
Estes aqui presentes não estavam no Stare Loco de Agufalgav.

- Antares, ´cê tem ideia de quanto tempo eu vivi em Phællans? – Disse Corr Sairy perdendo
a calma e, percebendo isso, Lyn Xus interpelou:

- Confederado Antares, é um prazer recebe-lo em Phællans. Soubemos que és o Guardião de


Corr Sairy. Acredito que já percebes o quão complexo é ter este em observação! Bem, quanto
ao Galaxya, a ciência da busca de Corr Sairy era do íntimo de toda Phællans. Todos na
Idolobha-Izwe ou nas amadolobha de Phællans sabiam do quanto no amigo caolho desejava
localizar seu (como é mesmo que você falava? Ah...) Moby Dick. – Corr Sairy sorriu. Antares,
mesmo que não aparentasse, soou confuso:

- Moby Dick?

- É uma referência a um escrito antigo da Terra, Antares. – Disse Corr Sairy, aparentando
mais calma. – É como se eu caçasse algo impossível de caçar.

- Então, - continuou Lyn Xus – todos em Phællans sabiam desta caça de Corr Sairy e, por
vezes, duvidamos que ele encontrasse. Então a revelação é algo que ainda nos surpreende,
por isso ele e S.E. não escondem este segredo de nós. Falando nisso, enquanto seguimos,
poderia nos falar como é o Galaxya. – E o sexteto seguiu seu caminho até o palacete de Li
Kkan, onde encontraram todos reunidos, esperando-os:

- Não vejo este traje desde a Nuptias Ceremonia em Agufalgav. – Observou Li Kkan. – Ficas
extremamente elegante, meu caro amigo.

- A ocasião é especial, Ababusi Li Kkan. – Colocou Corr Sairy. – E, por isso, decidi trazer
algo que nos permita chegar até lá sem a necessidade de trajes espaciais. – E, de repente,
pequenos objetos flutuantes adentram no local que eles se encontram:

- Mas o que é isso? – Questionou Pan Rrar. – Estás querendo nos atacar agora, Corr Sairy?
– Satirizou:

- São harmonizadores. – Corr Sairy respondeu, com um sorriso. – Eles criam ambientes
respiráveis a nossa volta. Galaxya nos forneceu alguns para que possamos comparecer ao
Büyük Tören.

- Então preparemo-nos de forma mais aprazível, companheiros. – Disse Li Kkan. – Como


faremos com estes harmonizadores, Corr Sairy?

- Eles os acompanharão. – Respondeu Corr Sairy. – Então, quando saírem em Krarrash II,
não precisarão dos trajes.

- Isso é maravilhoso. Então, se aprumem e nos encontramos aqui para partirmos. –


Concluiu Li Kkan. Instantes depois, todos se encontravam no saguão do palacete. Pum Riss
e Marcelle se muniam de algumas maletas:

- O que é isso que vocês duas estão carregando? – Questionou Corr Sairy ao vê-las.

- Rissie queria algumas roupas e objetos que, mesmo sendo geradas pelo Galaxya, são
pessoais para ela. – Respondeu Marcelle. – Será um problema?

- Lógico que não. Existem coisas que são insubstituíveis. – Corr Sairy pontuou. Então todos
seguiram para as naves nas plataformas flutuantes.

Duas naves, então, pousaram em Krarrash II, nas proximidades de uma cidadela que, no
seu centro, possuía uma enorme edificação. Assim que a comitiva de Phællans, Corr Sairy,

2
GALAXYA II

Antares, Marcelle e Pum Riss desembarcam, estavam esperando por eles um grupo de
krarrashins, que pareciam mais velhos, Kotharyn, Kyrharin (irmão mais novo de Kotharyn),
Jacqueline, K’thryn Swiss, Ortsac Searamiug, H-Glorr, T-Rass e Aryannin:

- Então houve harmonizadores para todos? – Disse Jacqueline, descontraidamente, vendo


todos descerem. Elizabeth se aproximou dela e a cumprimentou com um beijo no rosto:

- Estes objetos são extremamente maravilhosos. Nos permite até contato físico. É bom vê-la
novamente, Jacqueline. – Disse Elizabeth. – Quando voltará à Terra?

- Acredito que deveremos voltar após essa cerimônia, Ubukhosi Elizabeth. – Disse
Jacqueline sorrindo. – Também é um prazer revê-la.

Seguindo os protocolos de recepção, Kotharyn disse:

- Sejam todos bem-vindos ao Görkemli Kutlama1. Eu, Kotharyn, Kytharyn'in oğlu2, junto a
kardeşim, Kyrharin, e ao Conclave, saudamos àqueles que comparecem a este momento que
durante período longínquo não se realizou. Agradeço-lhes por terem nos agraciado com
vossas presenças. Sigam-nos.

- Então veio para o Görkemli Kutlama, Megami Aryannin? – Questionou Antares.

- Sim, Confederado Antares. – Aryannin disse. – Ainda consegui trazer o Migoto Akonyionn
comigo, contra a vontade dele.

- Então o manteve como Migoto? – Aryannin, mesmo bem pequena diante de Antares,
decidiu tentar decifrar seu olhar, mas foi frustrada, pois era impossível:

- Não vi motivos para não o fazer, pois em breve realizarei um Migotona senkyo, onde o povo
poderá escolher se ele continua ou se elegerão um novo Migoto, como sempre deveria ter
sido. – Argumentou Aryannin.

No caminhar a edificação grandiosa no centro da cidadela, K’thryn Swiss se aproximou de


Corr Sairy, com Ortsac Searamiug ao seu lado:

- Precisamos conversar. – K’thryn disse. – Depois daquele salvamento mirabolante não mais
conversamos.

- E o que deseja me falar? – Corr Sairy olhou nos olhos violetas de K’thryn, e ela continuou:

- Devo-lhe desculpas, antes de qualquer coisa. Minha imaturidade e incompreensão me fez


julgar o que ocorrera contigo e minha adelfí, sem compreender o que ocorria. Dito isso, peço
que compreenda o que se passa aqui. Como lhe disse, sei que existe um passado entre ti e
os darkyanis, mas Ortsac se diferencia dos demais. O que ele fizera foi...

- Por causa do onretarf dele. Então um ocinâcem se tornou um osocileb. – Disse Corr Sairy,
olhando para Ortsac. – Ouçam, vocês dois. Eu não os julgo pelo que sentem um pelo outro,
mas preciso de tempo para digerir a convivência com alguém da sua espécie, Ortsac. Essa
cicatriz – disse, apontando para o tapa-olho – é para eu me lembrar e manter na minha
lembrança o que aconteceu. Acredito que teremos tempo o suficiente para apaziguar isso
entre nós dois, Ortsac Searamiug. Sei que você deve ser diferente, mas ainda é complicado.
– Ortsac nada disse, somente concordou com a cabeça e Corr Sairy seguiu em frente:

- Não o forcemos a nada, K’thryn. – Disse Ortsac.

1
Görkemli Kutlama = Celebração do Grandioso
2
Kytharyn'in oğlu = Filho de Kytharyn

3
Andre luz

- Não quero força-lo a nada, Ortsac, mas conviveremos naquele lugar e acho que é
necessário... – Naquele momento, Kotharyn apareceu ao lado deles:

- Tu eras um ocinâcem em vosso planeta, Ortsac Searamiug? – Ortsac olhou para aquele
homem enorme ao seu lado e percebeu que mesmo se ficasse na ponta de sua cauda, não
chegaria à sua altura:

- Sim, Kotharyn de Krarrash. Por que perguntas?

- Seria muito pedir-lhe que cuide da produção de mais satisphæra ao lado do Galaxya? –
Aquilo espantou Ortsac, mas ele respondeu:

- Logicamente que não. Mas acredita que serão necessários mais? Aquela satisphæra cabem
todos nós.

- Nunca se sabe quando serão necessárias mais delas, por isso peço-lhe que auxilie Galaxya
na produção de outras. – Colocou Kotharyn, se dirigindo na direção de Li Kkan, deixando
Ortsac surpreso. Ao se colocar ao lado dos Ababusi Li Kkan e Elizabeth, iniciou a conversa.
– Ubukhosi Li Kkan e Ubukhosi Elizabeth, vós honrais o Görkemli Kutlama com vossa
presença. – Elizabeth tocou no braço robusto do marido e respondeu:

- É um enorme prazer estar aqui, Kotharyn. Li Kkan não queria perder a oportunidade de
estar presente nessa cerimônia, e muito menos eu. Viríamos de trajes espaciais, mas Corr
Sairy nos proporcionou estes harmonizadores e pudemos vir adequadamente. – Kotharyn
deu um sorriso largo para o casal e seguiu em frente, na comitiva.

Assim que todos chegaram a uma enorme torre que chamavam de Harika Bina 3, que era
central naquela cidadela, Kotharyn, seu irmão e o Conclave subiram alguns degraus. Então,
um dos membros do Conclave se colocou à frente e começou a discorrer:

- Eu, Piskopos4 Pokhrony, Pythorn'un oğlu5, agradeço-lhes a presença neste momento


solene. Uma tradição há muito esquecida é a grande Görkemli Kutlama, pois longínquos
períodos atrás nós fomos subjugados e tratados como Domminon hizmetkarları e, posterior
período, Volos hizmetkarları, sendo-nos tirado qualquer direito de ter nosso Görkemli.
Então, como havia sido prometido, Megami Aryannin deu-nos direitos de liberdade e aqui
estamos, em Krarrash II, graças a Kotharyn, Kytharyn'in oğlu, que a libertou e lhe deu
direito de reascensão. Peço-lhes que ocupem os lugares que forem permitidos no Harika
Bina, pois em breve iniciaremos o Görkemli Kutlama.

Quando todos entraram, viram projeções holográficas ocupando lugares dentro do Harika
Bina, e todos eram facilmente reconhecidos, pois eram líderes dos planetas-membros, bem
como os confederados da Confederação Galaxial. A surpresa nas projeções era grande, pois
(com exceção do Migoto Akonyionn) todos estavam sem trajes espaciais. H-Glorr e T-Rass
viram H-Kok e H-Lik, mas mantiveram-se afastados deles. Antares viu o Confederado-mor
Stahirr, mas percebia que ele estava cercado dos outros confederados, o que impossibilitaria
a aproximação:

- Aparentemente o Confederado Victor Cambasi está muito bem para quem seria expulso da
Confederação Galaxial, não é, Antares? – Implicou Corr Sairy, mas Antares preferiu não
responder, somente observando os membros da Confederação enquanto ocupava um lugar.

Assim que todos estavam acomodados, instantes depois, Piskopos Pokhrony surgiu com um
tipo de traje cerimonial que dava sinais da idade que tinha, e começou o Görkemli Kutlama:

3
Harika Bina = Maravilhosa Edificação
4
Piskopos = Bispo
5
Pythorn'un oğlu = Filho de Pythorn

4
GALAXYA II

- Grandiosos são Pothar e Pannar, tanrılar 6 de Krarrash. Unidos como um só, mas
separados como sementes a crescer. Nos deram vida, nos deram força, nos deram condições
de sobrevivência e perseverança. Nos tornaram guerreiros, mas sábios. Sanguinários, mas
pacíficos. Lutadores, mas ordenadores. Pothar é a força, Pannar é a erudição. Somos filhos
de ambos e eles nos deram o direito ao Görkemli Kutlama.

“Direito de nascença, nosso Görkemli é o ilkdoğan7, o primeiro do anterior, aquele que


ascendeu antes dos outros. Este é o direito adquirido e a ele pertence.

“Antes tivemos Kothrunn e, depois dele sua linhagem foi ignorada, mas não esquecida.
Pintharr, Kothrunn'un karısı8, teve ilkdoğan Khippar. Thinnur, Khippar'ın karısı9, teve
ilkdoğan Kanthurr. Shafakk, Kanthurr'un karısı10, teve ilkdoğan Kerhakk. Phomatt,
Kerhakk'ın karısı11, teve ilkdoğan Kytharyn. Mirakhinn, Kytharyn'in karısı 12, teve ilkdoğan
Kotharyn e, finalmente, graças a este, podemos ter o Görkemli Kutlama. A mim, Piskopos
Pokhrony, Pythorn'un oğlu, krarrashin Conclave üyesi13 foi dado o direito de törensel14 do
Görkemli Kutlama e isso muito me honra. Agora vos peço que se ergam para receber
Kotharyn, Kytharyn'in oğlu, que receberá a Zirve15 de Görkemli de minhas mãos”. – E todos
ficaram de pé, enquanto Kotharyn entrava no Harika Bina. Ele trajava uma veste cinza, que
tinha traços de envelhecimento e falta de uso, como se estivesse guardada por muito tempo.
Ao seu lado, um pouco menor que ele, estava seu irmão, que também trajava uma
vestimenta antiga e carrega um tipo de coroa com lanças que se entrelaçavam e que
brilhava (parecia recém polida) como ouro branco:

- Tu, Kirharyn, Kytharyn'in en küçük oğlu16, Kotharyn'in kardeşi17, serás Tanık18 deste
Görkemli Kutlama e servirá ao seu kardeşi com toda a honra que serviria ao vosso peder?

- Sim. Servirei com toda honra ao meu Görkemli Kotharyn, antes meu kardeşi, como faria
ao meu Görkemli Kytharyn, antes meu peder19. Ouvirei o que tens a dizer e auxiliarei com o
que tenho a falar, trazendo a força de Pothar e a sabedoria de Pannar sempre comigo. A ti,
Piskopos Pokhrony, Pythorn'un oğlu, Conclave üyesi krarrashin entrego o Zirve que
ornamentara nosso Görkemli neste momento do Görkemli Kutlama. – E Kirharyn se ajoelha
e passa a Zirve para Pokhrony. Após o irmão se levantar e se prostar ao lado do Piskopos,
Kotharyn então se coloca em um joelho somente e Pokhrony volta a falar:

- Concebido a mim, Piskopos Pokhrony, Pythorn'un oğlu e Conclave üyesi krarrashin, a


honra de orna-lo com esta Zirve, Kotharyn, Kytharyn'in oğlu, nomeio-o Görkemli de
Krarrash II, Kalenin hükümdarı20, Komutan savaşçı21 e Conclave Başpiskoposu22.

“Saúdam, Görkemli Kotharyn!” – E salvas de palmas puderam ser ouvidas das projeções
holográficas, bem como daqueles que estavam presentes no local, enquanto Kotharyn se
colocava de pé, jogando os braços para o alto de forma firme e, logo depois, cruzando-os nas
costas. Ele então começou a sair do Harika Bina, ainda sendo saudados por palmas de

6
Tanrılar = deuses
7
Ilkdoğan = primogênito
8
Kothrunn'un karısı = esposa de Kothrunn
9
Khippar'ın karısı = esposa de Khippar
10
Kanthurr'un karısı = esposa de Kanthurr
11
Kerhakk'ın karısı = esposa de Kerhakk
12
Kytharyn'in karısı = esposa de Kytharyn
13
krarrashin Conclave üyesi = membro do Conclave krarrashin
14
Törensel = celebrador
15
Zirve (cume) = nome de coroa krarrashin
16
Kytharyn'in en küçük oğlu = filho caçula de Kytharyn
17
Kotharyn'in kardeşi = irmão de Kotharyn
18
Tanık = testemunha
19
Peder = pai
20
Kalenin hükümdarı = Governante do castelo
21
Komutan savaşçı = Guerreiro-comandante
22
Conclave Başpiskoposu = Arcebispo do Conclave

5
Andre luz

todos. Em seguida veio Kirharyn, Pokhrony e os outros membros do Conclave krarrashin.


Após o último membro do Conclave sair, as projeções foram se desligando e os presentes se
retiraram.

A despedida não foi muito prolongada, mas Ti Kkrus e Le Pann deram um abraço demorado
em Pum Riss e Marcelle:

- Venham nos visitar em breve. – Disse Le Pann. – Os mais jovens sentem tua falta, Pum
Riss. – Isso fez os olhos da phællansi marejarem.

- Ficaremos com este dispositivo conosco? – Li Kkan questionou Corr Sairy.

- Creio que ficaram com mais do que isso, Li Kkan. – Corr Sairy respondeu e continuou. –
Quando desejarem nos chamar, Galaxya deve ter espalhado por Phællans ycons, são
dispositivos imperceptíveis que permitirão uma comunicação mais facilitada.

- Seremos espionados agora? – Elizabeth ficou intrigada.

- Não faríamos isso com vocês, Elizabeth. – Disse Corr Sairy. – Mas será um modo mais fácil
de nos falarmos, principalmente para Pum Riss e Ti Kkrus e, quem sabe, os jovens que ela
dava aula. – Pum Riss olhou em direção à Corr Sairy, Li Kkan e Elizabeth:

- Isso será possível, Corr Sairy? – E todos ali presentes puderam ouvir a voz do Galaxya:

- Com toda a certeza, Pum Riss. Providenciarei este encontro o mais breve possível. A
phællansi então sorriu.

- Qual será o próximo destino de vocês? – Pan Rrar surgiu, com Ja Kris ao seu lado, mas foi
a vez de Antares intervir:

- Iremos à Terra. Precisamos levar Jacqueline Dévero de volta ao seu planeta para que seja
julgada e inocentada.

- Pareces ter grande certeza disso, Confederado Antares. – Disse Ja Kris e concluiu. – Como
tinha no julgamento de Corr Sairy.

- O julgamento de Corr Sairy foi uma falha de caráter daqueles que nos forneceram as
provas de seus crimes. Se eu tivesse ciência que as provas eram falhas e que a defensora,
Chefdiplomat Sharan de Thrittan, possuía provas mais contundentes...

- Você ainda duvidaria das provas dela, pois colocava fé nos líderes e confederados dos
planetas-membros que lhe forneceram as provas de acusação. – Corr Sairy interdisse
Antares. – O mais incrível é que você considerou a palavra deles mais válida do que o teste
de confiabilidade.

- Está certo. – Antares se via sem argumentos contrários. – Não tinha motivos para crer em
ti ou nas provas que mostrara, mas o fiz por dúvidas de vosso caráter...

- Dúvidas essas que não precisava ter, já que minha pessoa, a Confederada de Crisyen, a
Confederada de Dharkyenss e a Confederada de Kelkzerr, dizíamos que estavam errados. –
Foi a vez de Pan Rrar falar. – Preferiste ouvir ao Confederado da Terra (figura sempre
duvidosa), bem como o Confederado de Darkyan (figura ainda mais duvidosa), do que a nós.

- Esquece de que o Confederado de Maghnessy, Maghssu, nos trouxe as provas contra Corr
Sairy, dizendo que ele era o assassino do Maghnussy. – Pan Rrar ia falar mais, mas Ja Kris
o interrompeu:

6
GALAXYA II

- Creio que essa discussão não terá mais fim se continuarmos aqui. Bem, a vós desejo-lhes
sorte na Terra e, espero mesmo, que Antares prove a inocência de Jacqueline Dévero.
Vamos Ababusi Li Kkan e Elizabeth. Vamos umnyeni wami. – Ja Kris finalizou puxando Pan
Rrar. Após a comitiva phællansi entrar em sua nave, foi a vez dos membros do Galaxya
entrarem na satisphæra e Corr Sairy entrar no S.E.

Quando aportaram no hangar do Galaxya, Corr Sairy saiu de S.E. e disse:

- Gostaria de reuni-los para uma conversa, antes de irmos à Terra. – Todos olharam
desconfiados para ele, e Antares foi o primeiro a falar:

- O que pretendes agora, Corr Sairy?

- Vamos fazer o seguinte, troquem suas vestes de gala e nos encontraremos (não tenho
outro jeito de falar isso) meia hora na sala de reunião. – H-Glorr, T-Rass, Ortsac, K’thryn e
Pum Riss não pareceram entender, e antes de perguntarem, Corr Sairy continuou. – Faz o
seguinte, Galaxya vai avisá-los quando for o momento. Bom descanso a todos e até daqui a
pouco. – E deixando todos duvidosos, Corr Sairy voltou a entrar em S.E. Enquanto todos se
dirigiram para o Tuboelevador, Antares decidiu entrar no Galaxya para confrontar Corr
Sairy:

- No que está pensando agora? – Antares disse de forma monotônica e sem muita expressão,
mas Corr Sairy acreditou que ele estava aborrecido:

- Por que está com raiva?

- Não estou enraivecido, somente intrigado. Pensaste antes em trazer até nosso ambiente a
Mitir K’roll Swiss, sua Mitir Archistrátigos B’trixx Tvokk e suas adelfés polemistí.
Compartilhara com Phællans uma tecnologia que conseguiste com Galaxya, além de uma
informação deveras sigilosa, na qual não tínhamos conhecimento, que são estes ycons. E
agora, o que pretendes? – Corr Sairy trocava de roupa e olhava para Antares enquanto este
falava. A final se sentou em sua cadeira no interior de S.E. e disse:

- Galaxya, me ajuda aqui.

- Logicamente. – Pode-se ouvir a voz do Galaxya. – Corr Sairy nada pretende, Confederado
Antares. Eu que propus a ele uma maior abertura para que não se sintam solitários e
párias. Pensei nisso após observar a phællansi Pum Riss com teu irmão, Ti Kkrus e a
esposa deste, Le Pann. Creio que uma aproximação seja o mais adequado para todos.
Percebas que isolamentos prolongados podem ser deveras prejudiciais para aqueles que
possuem convívios fraternais, maternais e paternais constantes. Então, conversando com
Corr Sairy enquanto retornavam ao meu interior, cogitei que ele reunisse todos vocês para
discutirem os limites dessas convivências e, estabelecido, eu daria meu aval ou não.

- Então a ideia partiste de ti, Galaxya? – Concluiu Antares, inclinando a cabeça. – Poderias,
então, conceder-me permissão para dialogar com a Confederação Galaxial?

- Após o concílio do grupo que aqui se encontra, darei meu parecer. Até lá, deverá aguardar.
Espero que esteja claro.

- Sim. Voltarei aos meus aposentos e aguardarei a assembleia. – Antares colocou, se


retirando do interior do S.E.

Instantes depois, todos se acomodavam em volta da mesa circular, curiosos com o que seria
discutido, mas Jacqueline se antecipou:

- Quando iremos voltar à Terra?

7
Andre luz

- Neste instante em que se encontram em volta deste altiplano, me dirijo ao sistema solar
Sol, Jacqueline Dévero. Como a distância do sistema K-Rarr para o sistema Sol é menor,
estou usando o salto hiperespacial. Deixo-lhe, neste instante, com Corr Sairy, que tem o
direito a palavra. – Falou Galaxya, e Corr Sairy começou:

- Valeu Galaxya. Bem, antes de qualquer coisa, algumas palavras já foram ditas à Antares,
devido sua desconfiança de que o que será dito aqui veio da minha cabeça, mas já deixo
claro que foi uma proposta do próprio Galaxya.

“Ele observou, atentamente, o quão sentida Pum Riss estava com a distância de Ti Kkrus e
Le Pann. E, acreditem, eu sei o quanto é complicado para um phællansi viver longe daquele
lugar idílico que é Phællans. Tendo vivido lá e visto que, quando eles se afastavam,
festejavam o retorno, percebi o quanto eles amam seu ekhaya, seu planeta, e seu umndeni,
seus familiares. Assim sendo, por cada sistema estelar que passamos, que tenha alguém
que estamos ligados ou que nos conhece, Galaxya tem distribuídos ycons. São dispositivos
de comunicação imperceptíveis a olho nu que proporcionarão total proximidade de quem
desejarmos.

“Além disso, após observar o quão admirados os phællansi ficaram com os harmonizadores,
Galaxya propôs uma abertura para sermos visitados por planetas-membros da
Confederação Galaxial, aonde ele apresentaria seus avanços tecnológicos e proporcionaria
aos planetas a possibilidade de uso destes avanços. Assim, os harmonizadores, a tecnologia
de camuflagem, a satisphæra, os trajes de sustentação, a Libri e o Stellæ – falou, olhando
para Pum Riss e Marcelle –, além de outras tecnologias e, também, o Habitat, estariam
disponíveis para conhecimento dos outros.

“Também, isso vem de mim para vocês. Acredito que possamos dar a liberdade de K’thryn
Swiss e Ortsac Searamiug terem a primeira palavra, mesmo que estejam empolgados em
falar o que acham da proposta do Galaxya”. – Corr Sairy concluiu, e K’thryn iniciou:

- Bem, antes, sou deveras agradecida a todos por me permitirem vir para cá. Galaxya nos
deixou a par da assembleia que realizaram para nossa vinda até aqui e fiquei deveras
contentes em saber que aceitaram sem muita contestação (com exceção de Corr Sairy
quanto Ortsac). Acredito que todos já conheçam minha história então não me estenderei
neste assunto, somente deixo-lhe claro que antes de ser uma polemistís, sou uma
therapeftís. Fui mathitís de T’chya Kbonn. Com ela aprendi o dom da cura, bem como a
capacidade de gerar outros, sou uma epistímonas23. – Então foi a vez de Ortsac falar:

- Acredito não ter mais o que acrescentar. Como K’thryn bem dissera, testemunhamos vossa
votação e, mesmo reticente, me aceitaste entre vós, Corr Sairy. Sei de vosso passado, pois
dele adveio o meu também. Acredito que não saibam, mas o que culminou em meu irmão
ter tido de participar do Arreug Eugnas foi não ter concordado em disparar contra Corr
Sairy. Não lamento isso, pois mostra que mesmo sendo um laileb, meu onretarf Ledif Solrac
era honrado. Lamento ele ter sido morto pelo Redíl e eu ter de me tornar um laileb. Mas se
assim não tivesse sido, neste instante não estaria aqui, convosco e com K’thryn, a quem
devo minha vida, bem como a Mitir K’roll Swiss. Sou-lhes grato e farei de tudo para
demonstrar isso. – Antes que qualquer um pudesse se pronunciar, Galaxya interveio:

- Preciso que observem isso. – E no centro da mesa, apareceu a projeção de um tipo de


espaçonave grande e bem avariada. – Esta é uma nave kinnon. Os kinnonus não são muito
avançados tecnologicamente, mas vi sua progressão e tenho acompanhado sua vivência com
a biodiversidade de seu planeta. Antes de serdes encontrado por vós, havia testemunhado a
destruição do sistema Apurkki. A estrela, de tamanho 2 da Escala Menken, tinha somente
cinco planetas em translação, sendo Kinnon o quarto planeta.

- O que aconteceu com o sistema estelar deles? – Questionou Antares.

23
Epistímonas (επιστήμονας) = cientista

8
GALAXYA II

- Foi destruído por Domminon, pelo puro prazer de destruir. – Respondeu Galaxya. – Como
lhes disse os kinnonus não tinham muitos avanços tecnológicos. Então, percebendo isso e
usando de um tom jocoso, Domminon disse ao kinnonus que lhes permitiria que fugissem
do planeta em um prazo (para melhor compreensão de todos) de 2.3 Rarrs e, ao final deste
prazo, teu irmão Pokketor dispararia o Exxorum. Não era tempo o suficiente, mas eles
conseguiram construir esta makkenssi. Depois da destruição de Apurkki, eu tentei
encontra-los, mas a tecnologia precária deles impedia um rastreamento. Daí então vocês me
encontraram.

- Será que tem vida no interior dessa mkhathi? – Questionou Pum Riss, preocupada.

- Enquanto lhes explicava, escaneei o interior e, de alguma forma, mais de cem mil
kinnonus estão no interior, vivos ou lutando pela sobrevivência, em sistema de dormência,
ou, no caso de vós, hibernação. Estou impressionado de terem chegado até aqui.

- Creio que se deva estar pensando nisso, então vamos resgatá-los. – Prontificou-se H-Glorr.
– Nada seria mais acertado do que isso.

- Eu pretendia fazê-lo, antes de lhes encontrar. Mas convosco em meu interior...

- Acho que pensamos todos a mesma coisa, Galaxya. Resgate-os. – Concluiu Corr Sairy.

- Que assim seja. Estou preparando um ambiente acima de vocês, mais perto do Habitat.
Não recomendo que os visitem neste momento, permitindo que se ambientem. Eles podem
estranhar vossos tamanhos, pois são menores que os volosis. A altura deles chega à cintura
de Marcelle Menken, tomando-a como a menor entre vós. – Marcelle deu com ombros:

- Não tenho como não concordar. Mas, assim que eles estiverem estabelecidos, nos permita
interagir com eles.

- Sim, pois poderemos aprender o idioma deles... – Disse Pum Riss, que foi interrompida por
K’thryn:

- E ajuda-los se precisarem de auxilio de cura.

- Com certeza, deixarei as três a par da situação. – Disse Galaxya. – Agora lhes deixarei com
a conclusão de vossa reunião.

- Acredito que estejamos longe de uma conclusão. – Disse Antares. – Já que temos direito a
propostas. – Corr Sairy nada disse, permitindo que o Confederado continuasse. – Antes de
prosseguir, devo ser claro que são deveras bem-aceitos entre nós, K’thryn Swiss de
Dharkyenss e Ortsac Searamiug de Darkyan. Seguindo, creio que se vamos abrir aos
planetas-membros da Confederação Galaxial, devemos também permitir abertura a própria
Confederação Galaxial, que é o âmago desta junção de planetas-membros. Recomendá-lo-ia
até que fosse a primeira ter o direito de visitação ao Galaxya, para que tenha a percepção
que não trazes perigo a qualquer planeta-membro. – Todos olharam para Corr Sairy,
esperando uma reação, mas este parecia cansado demais de discussões sem propósito com
Antares, então ouviu-se a voz do Galaxya:

- Nada tenho contra sua proposta, Confederado Antares. Se desejares, até mesmo estabeleço
uma comunicação entre ti e o Confederado-mor Stahirr de Thrittan para que seja acertado
uma comitiva que virá ao meu interior, mas deixando claro que esta deverá ser composta
por, no máximo, oito membros e que, entre estes, não esteja o Confederado Odared Efnoc de
Dharkyenss, pois estimo por Corr Sairy e Ortsac Searamiug. – Antares não se obstou ao que
fora dito, somente acenando em concordância com a cabeça. – Teria algo a mais a
acrescentarem? – Ninguém mais questionou ou disse algo. – Então dou por encerrada esta
reunião. – Quando todos saíam, Galaxya decidiu questionar Corr Sairy, enquanto este
caminhava a porta que lhe daria acesso ao exterior do tecnoplaneta:

9
Andre luz

- Por que não interpelaste quanto ao que Antares falara? – Assim que se viu na parte
exterior do Galaxya, tendo ao seu lado S.E., Corr Sairy respondeu:

- Porque ia ser uma discussão sem fim. Não concordo com a Confederação Galaxial vir até o
seu interior e conhece-lo por dentro, mas se abrirmos para os planetas que eu gostaria de
possibilitar conhecer o que você é, mas não à Confederação, Antares transformaria nossas
vidas em um inferno de questionamentos e entraves que não tô afim no momento.
Sinceramente, se não fosse por ele ser meu Guardião, teria expulsado ele daqui há muito
tempo. Mas, temos outro empecilho, que tudo deve ser decidido em grupo. Não quero ser
autoritário e muito menos passar por cima de ninguém. Quando vim atrás de ti, esperava
somente trazer Marcelle, mas embarcaram no interior do S.E. Antares, Aryannin e
Kotharyn. Nunca os deixaria a deriva ou algo parecido e, por isso, tenho que arcar com
minhas decisões. Sei que não faria diferença para você de Antares querer ou não nos
encontrar, mas eu não teria sossego para ver ou rever meus amigos, nunca mais. E, como
você disse, a solidão pode ser cruel. Daí um dos motivos para ter meu melhor amigo comigo,
não é, S.E.?

- Estamos juntos para o que der ou vier. – Respondeu S.E., através da diminuta nave que
pairava perto de Corr Sairy.

- Sabe (começarei a tentar me expressar como você), eu nunca pensei que faria tal abertura
para visitações, principalmente demonstrar a outros quem ou o que eu sou. Mas a
convivência com vocês, tem se mostrado gratificante. Ver o amor entre sua filha e a
phællansi, ou mesmo entre os agufalgavianos, e agora de K’thryn Swiss e Ortsac Searamiug,
além desta amizade sua com S.E., mostrou-me que a interação, o convívio pode ser
gratificante. Por isso, sabendo que têm amigos na Terra, gostaria que os trouxesse aqui,
para conhece-los e eles me conhecerem.

- Tem certeza disso? – Corr Sairy questionou, incrédulo.

- Logicamente. Eles já sabem de minha existência. Agora poderão me conhecer, também. –


Concluiu Galaxya. Corr Sairy olhou para o globo em seu ombro e concordou com a cabeça.
Entrou em S.E. e ativou o sistema hibernário, esperando ser despertado quando chegassem
a uma distância segura do sistema solar.

S.E. despertou Corr Sairy com o costumeiro:

- Acorda pra cuspir, Moleza! – Assim que Corr Sairy conseguiu focalizar sua visão, Galaxya
começou a falar:

- Estamos nas proximidades do planeta-anão Éris. Acredito que seja o máximo que posso
me aproximar, devido meu raio. Não posso me tornar etéreo mais.

- Sem problemas, Galaxya. – Disse Corr Sairy, e seguiu saindo do interior de S.E., que logo
desapareceu. – E os outros?

- Jacqueline Dévero, K’thryn Swiss, Ortsac Searamiug, H-Glorr, T-Rass e Pum Riss já
despertaram. Marcelle Menken decidiu descansar com Pum Riss, mas despertou bem antes.
Veio aqui fora, um pouco antes de terminar a viagem, para se alimentar um pouco das
estrelas que passávamos. Acho que ela está bem, também. Antares passou o tempo dele
estudando os trâmites legais da Terra para poder fazer a defesa de Jacqueline Dévero.

- Por que não menciona o planeta de onde ele veio?

- Porque este planeta não existe. A estrela que chamam de Antares nunca teve um planeta
chamado Mæsttra. S.E. me permitiu ver sua teoria narrada à Antares, quando ele tentou te
capturar e, mesmo tendo certa coerência o que investigou, nenhum corpo carbonado
sobreviveria a uma tempestade geomagnética, nem mesmo um krarrashin suportaria

10
GALAXYA II

tamanha temperatura. Acho incrível terem encontrado vestígios da Maestro V naquele


meteoro.

- Então quem é Antares? – Corr Sairy perguntou, intrigado e preocupado. – Questionei aos
dommæns que conheci se ele não seria o renegado.

- Então você conhece a história do suppær renegado. – Colocou Galaxya.

- Sim, Blulb e Glulg me contaram que um suppær tornou-se ambicioso. Sempre que um
suppær extinguia (usando as palavras dos dommæns), os outros sentiam sua energia e se
tornavam mais fortes. Percebendo isso, um suppær decidiu que desejava ser o único de sua
raça e começou a caçar outros semelhantes a ele, viajando por várias galáxias, ele mesmo
extinguia a vida dos outros, absorvendo sua essência. Percebendo isso, vários suppærs
decidiram criar um tipo de camuflagem ou mesmo gerar vidas a partir de sua própria
essência, assim surgiram os elementais. De repente, do nada, as perseguições pararam,
mas os dommæns não conseguiram mais enxergar suppærs por onde passassem, como se
aquele rebelde tivesse extinto a todos e desaparecido. Me pergunto se ele não se tornou
Antares.

- Existe uma possibilidade, mas fica difícil ter certeza disso, pois Antares, se for um suppær,
decidiu criar um bloqueio bem denso sobre suas antigas lembranças, causando uma
amnésia permanente. A única vez que permitiu algo passar por aquela couraça vermelha foi
o chip neural, mas mesmo ele, de alguma forma, parece ter uma ligação distinta ao córtex
de Antares. Então, se ele for o renegado e prefere manter-se com amnésia, isso é ótimo, pois
até mesmo eu me preocuparia. Mas não ache que somente ocorrera entre os suppærs tal
anomalia. Os dommæns também têm seus defeitos. Um deles conseguiu, a muito custo, não
precisar da divisão para sobrevivência. Lógico que isso causou alguns males, mas ele vaga
pelo Universo e coleta o que gosta.

- Você está falando de Khyodor Nallekoh? Ele é um dommæn?

- Sim, único de sua espécie. Khyodor Nallekoh, seguindo seu instinto de dommæn cataloga
por onde passa no Universo, mas se ele ver algo que goste, mantém em sua coleção. Em
geral, seres vivos. Já nos esbarramos algumas vezes. Sua Inqanawa 24 (ou como você e S.E.
chamam a dos Gêmeos, Arca) é tão grande quanto eu sou.

- Ele consegue te enxergar? – Corr Sairy estava preocupado.

- Mais do que isso, além de me enxergar, por ser um dommæn, ele consegue me detectar.
Minha sorte, nunca tive em meu interior nada que lhe importasse muito. Nem mesmo no
Habitat, pois as espécies que estão lá, ele também possui. A única coisa que lhe interessava
eram as informações que eu poderia lhe dar. Como bem sabe, os dommæns são excelentes
em desenvolvimento tecnológico, então prefiro não me arriscar e forneço a ele o que precisa.
– Corr Sairy ficou apreensivo com aquelas notícias e, após entrar no exterior do Galaxya,
disse:

- Haviam registros sobre Khyodor Nallekoh na indlu yezincwadi de Phællans. No começo da


Confederação Galaxial, ele enviou objetos exploradores...

- Abahloli. – Galaxya o corrigiu, e Corr Sairy continuou:

- Eles não tinham esse nome, mas esses abahloli se espalharam por todos os planetas do
sistema Vertus, pedindo a colaboração voluntária para que lhes fornecessem um carbonado
de cada espécie e um elemental de cada espécie para a coleção dele. A sede da
Confederação, na época, era em Crisyen, que foi o primeiro planeta a ter um Confederado-
mor. Antares era um neófito na Confederação Galaxial, mas demonstrou quem era logo de
cara. O arquivo menciona Antares como salvador, pois viajou pelos planetas do sistema
Vertus, destruiu os abahloli e foi uma ameaça para Khyodor Nallekoh. De acordo com o
24
Inqanawa = navio

11
Andre luz

arquivo, depois disso ele nunca mais foi visto em qualquer sistema estelar que faça parte da
Confederação Galaxial.

- Sim, conheço a história. Na verdade, Khyodor Nallekoh manteve-se atualizado, graças a


mim, dos planetas que integram a Confederação Galaxial. Ele evita os sistemas Vertus, K-
Rarr, KellDæsh, Volos e Sol, mas criou outras formas de adquirir o que deseja.

- Transferência? – Corr Sairy questionou.

- Exatamente. – Assim, que se aproximaram dos demais, no hangar, a conversa entre Corr
Sairy e Galaxya foi interrompida, intrigando Marcelle:

- Sobre o que vocês conversavam? – Ela perguntou.

- Khyodor Nallekoh. – Disse Corr Sairy. – Aparentemente, ele é um dommæn. – Então


Antares interveio:

- Khyodor Nallekoh não é um dommæn. Eu o vi e ele está longe de ser um...

- Ele é um dommæn, Confederado Antares. – Galaxya o interrompeu. – Ele é o que alguns


chamariam de anomalia, pois decidiu não se dividir para ter uma sobrevivência natural dos
dommæns. A forma corpórea humanoide que você o viu, foi uma mutação imposta por ele
mesmo, para não precisar se dividir. Acredito que tenha identificado que ele conversava
consigo mesmo, de forma irascível. Isso são os sinais da falta de divisão corpórea nos
dommæns. Ele preferiu não se dividir e isso causou consequências, piorou quando se
autoimpôs uma forma humanoide. – Corr Sairy percebeu que Antares não ia retrucar o que
Galaxya falara, então disse:

- Bem, isso esclarecido. Vamos a alguns pontos. Estamos indo para a Terra. Quem deseja ir
e quem deseja ficar? Ortsac? – K’thryn não gostou daquilo:

- Por que Ortsac? – Ela disse aborrecida e Corr Sairy percebeu que precisava se explicar,
mas Jacqueline decidiu fazê-lo:

- K’thryn, acho que Corr Sairy foi muito direto, pois tem muito tempo que ele não vem à
Terra. – Disse Jacqueline, de forma reprovadora para Corr Sairy. – A Terra sempre foi um
planeta com muita tensão entre espécies diferentes, mesmo sendo humanos como eles.
Mesmo com anos de luta e constante tentativas de conscientização, ainda hoje existem
aqueles que veem pessoas ou seres diferentes deles com repugnância.

- E o que é isso? – K’thryn questionou, mas Ortsac percebeu o sentido:

- Eles desgostam de seres como aparência diferente. – Disse para K’thryn que ficou
extremamente aborrecida:

- Como eles podem fazer isso? Nem conhecem Ortsac. Eles julgam antes de conhecer
alguém? – Corr Sairy balançou a cabeça em afirmação, mas Jacqueline continuou:

- Você, H-Glorr, T-Rass e Pum Riss ainda são aceitos, pois parecem mais conosco. Até
mesmo Antares, mas não sei como seria no caso de Ortsac, principalmente porque os
representantes de Darkyan nem saem de sua sede, a não ser que precisem se encontrar
com o Secretário Geral da Terra. Nenhum terrano já viu um darkyani antes...

- Não me importo de ficar aqui. – Argumentou Ortsac. – Eu sei bem o significado de


repugnância, pois vivenciei isso minha vida toda em Darkyan. No meu planeta, adorados
são os sosocileb e as sasocileb. São a alta casta de Darkyan. A segunda casta são de
satsiviuqra e sabircse, pois precisavam de alguém para registros dos feitos. A terceira casta
eram os socinâcem, as sacinâcem, os esroturtsnoc e as saroturtsnoc, pois éramos (sou
desta casta) importantes no funcionamento e nas construções das lailebs. Já a quarta e

12
GALAXYA II

última casta eram os serodaruc e as sarodaruc, pois cuidavam dos feridos em combate,
quando existia um e, se sobrevivesse, teria de provar o motivo dessa sobrevivência, pois
morrer em nas mãos de um rodaruc ou uma arodaruc era desonroso demais. Não sofria
uma repugnância como os serodaruc e as sarodaruc, mas a culpa de qualquer problema em
uma laileb nunca era por causa de um osocileb ou uma asocileb inexperiente, era nossa.
Senti isso na minha couraça por várias vezes. Era chamado de Arbur Atabihc e acontecia
diante de todos. – Todos ficaram chocados com o depoimento de Ortsac, mas logo T-Rass
narrou a própria experiência:

- Nunca chegamos a algo agressivo em Agufalgav, mas sei bem o que é ser considerada
incompatível. Sou o que chamam de exclusus, nas palavras do Magna Consilium, formando
pelo Consilium de Asas Cinzas e o Nobilium de Asas Brancas. Sou uma Asa Mesclada de
um Asa Cinza, o Ex Dux Consiliario P-Rol, com uma Asa Parda bellator, K-Pir. P-Rol me
considerou incompatível e me rejeitou, mas não K-Pir, mas como exclusus, só poderia ser
uma servus e assim K-Pir deixou outros como eu me criarem. Era uma servus do Nidum de
K-Pir quando conheci H-Glorr e logo surgiu in caritate entre nós. H-Glorr me pediu a K-Pir
e, por ele ser o liberi de H-Kok não me negou a ele. Em pouco temos copulamos e maritalis
em segredo. Para todos que me viam eu era uma servus, mas para H-Glorr eu era sua
uxorem e era o que me importava. – Da mesma forma que fizeram por Ortsac, todos ouviram
o relato de T-Rass e foi chocante saber que ela servia a própria mãe. Mas K’thryn decidiu
falar novamente:

- Me perdoe por isso, Jacqueline Dévero, mas se Ortsac não poderá ir, também não irei. – E
Corr Sairy decidiu falar:

- Venham comigo, então. – Antares não demonstrava, mas pareceu curioso:

- E aonde pensas que vai?

- Vou até o Ninho, a base de operações de Skill Hawkesley e seus Guerreiros Alados. De lá,
irei com eles ao julgamento. – Então se direcionou a K’thryn e Ortsac. – Vocês podem vir
comigo, se desejarem.

- Nós gostaríamos de ir, também. – Disse H-Glorr. – Adoraria ver meus cogliberi, M-Kara e
M-Karo.

- Tudo bem. – Disse Corr Sairy e se virou para Marcelle. – E vocês, Estrelinha? Vão a algum
lugar em especial?

- Sim. Andei pesquisando no Anima Mundi e sei que o Observatório de meus pais virou um
tipo de museu. Gostaria de visita-lo e levar Pum Riss para ela ver se onde eu vim. – Corr
Sairy sorriu para ambas. E então se voltou para Antares:

- Tem algum problema para você eu ir até uma base militar da Terra que é coordenada pelo
Major Skill Hawkesley, Confederado Antares?

- Não. Está tudo bem. Também não sei se poderei lhe dar tamanha atenção, já que pretendo
me coordenar com o grupo de advogados de Jacqueline Dévero. Antes pretendo ir a Ordem
da Composição Solar para falar com a Secretária Geral sobre o julgamento. – Disse Antares.
– E devemos ir sem camuflagem, não quero chegar sorrateiramente à Terra. Sei que eles
possuem uma Divisão de Patrulhamento nas proximidades do planeta-anão Plutão,
comandados pelo Capitão Ross Croisman Azevedo, codinome Arcanjo Sombrio.

- Boa sorte nisso! – Disse Corr Sairy.

- Por que dizes isso? – Questionou Antares.

- O Capitão Ross Croisman Azevedo nunca conseguiu sair do posto de capitão, pois sendo o
“terrano perfeito” – Corr Sairy gesticulou as aspas – ele se achava melhor do que os outros.

13
Andre luz

Ele não tem méritos por ter conseguido este posto. Simplesmente lhe deram, assim que ele
saiu do béquer que fora desenvolvido...

- Só uma correção, Corr Sairy. – Interrompeu Jacqueline. – Ele não era o primeiro projeto de
Dr. Malcolm Ross, da Dra. Thereza Croisman e do Dr. Romualdo Azevedo. O Capitão Ross
Croisman Azevedo foi gerado no Projeto Übermensch da F.T.E. Minha Gene surgiu antes,
quando Ross, Croisman e Azevedo ainda trabalhavam para as Corporações Dévero. Gene é
consequência do Projeto Gênesis.

- Gene Sisrac. – Disse Marcelle empolgada, assustando a todos. – Gene Sis, ou seja,
Gênesis. E rac são as iniciais de Ross, Azevedo e Croisman. – Corr Sairy olhou para ela com
um sorriso. – Desculpa, me empolguei com a descoberta. Podem continuar. – E Corr Sairy
disse:

- Não tenho o que continuar, somente não confio tanto no Capitão Azevedo.

- Mesmo assim, ele vigia as fronteiras do sistema Sol. – Disse Antares. – Então temos de
respeitar isso. – Corr Sairy somente levantou os braços, como se não importasse e falou com
K’thryn e Ortsac:

- Querem vir conosco? Assim vocês conhecerão meus afilhados e poderão contar sua
história para H-Kik, que conhece bem as divergências entre dharkyensis e darkyanis. – Eles
se entreolharam e concordaram com a cabeça.

Corr Sairy, H-Glorr, T-Rass, K’thryn e Ortsac entraram em S.E., enquanto Antares,
Marcelle, Pum Riss e Jacqueline entraram na satisphæra, saindo do interior do Galaxya.

Ao chegarem próximos a Base Espacial Uranus, quatro espaçonaves Phantom saíram do


seu interior e, em pouco tempo, uma face se projetava a frente dele:

- Suas naves não possuem registros em nosso banco de dados. Por favor, se identifiquem. –
Dizia o Capitão Ross Croisman Azevedo, então recebeu a resposta:

- Aqui fala o Confederado Antares de Mæsttra, membro da Confederação Galaxial. Me


acompanham a Tenente-coronel Jacqueline Dévero, Diretora Executiva das Corporações
Dévero, Marcelle Menken, filha de Thiago Menken e Marcela Menken, e a uthisha, isazi-
mlando e umtapo wolwazi de Phællans, Pum Riss.

- Sou Corr Sairy de Crisyen, antes Coronel Rodrigo Scandian da Terra, codinome Corsário. –
Corr Sairy falou, com certo desgosto. – Me acompanham K’thryn Swiss de Dharkyens, plátto
da Mitir K’roll Swiss, Ortsac Searamiug de Darkyan, H-Glorr de Asas Negras, de Agufalgav,
liberi dos Magnanimus H-Kok e H-Lik, e T-Rass de Asas Mescladas, uxorem de H-Glorr.

- Os registros do Coronel Rodrigo Scandian dizem que ele está morto desde o ano 4.099,
quando ele fora morto por...

- Blá, blá, blá, Capitão Ross Croisman Azevedo. – Corr Sairy o interrompeu. – Se quiser faço
um chamado para a Erregina Tyth Annis de Crisyen e após ela ter uma conversa com a
Secretária Geral da Terra, Malthe Sørensen, talvez até você perca seu posto...

- Corr Sairy de Crisyen me acompanha, Capitão Ross Croisman Azevedo. – Interpôs Antares.
– Além do que ele também é amigo do Major Skill Hawkesley e, até onde sabemos, ele está
acima do senhor em posto. – Ross aparentou parar para pensar, então respondeu:

- Chegou-nos à informação que Corr Sairy de Crisyen deveria estar em exílio durante
cinquenta anos terranos por mercenarismo.

14
GALAXYA II

- Questiona-me, Capitão Ross Croisman Azevedo? – Disse Antares. – Se sim, reavalie vossas
informações e verá que sou Guardião de Corr Sairy de Crisyen durante o período alegado de
exílio. – Ross fez mais uma parada e então disse:

- Sim, Confederado Antares. Suas informações estão corretas. Ambos podem passar. Um
grupo de segurança esperará por sua nave, nas proximidades do Edifício da SCO para
encaminhar a Tenente-coronel Jacqueline Dévero em custódia.

- Agradecemos... – Antares ia respondendo, então Ross Croisman o interrompeu:

- Confederado Antares, foi-nos pedido que acompanhemos vocês até o Edifício da SCO. Por
favor, nos sigam. – E Ross e seus companheiros viraram as naves para irem à frente da
satisphæra e de S.E. e deram um salto hiperespacial.

Quando saíram do salto hiperespacial, Ross percebeu que S.E. não os acompanhava:

- Confederado Antares, aonde está a nave que o acompanhava? – Antares logo entrou em
contato com Corr Sairy:

- Aonde vocês estão? – E a projeção de Corr Sairy surgiu no interior da satisphæra:

- Neste momento? Atravessando a atmosfera da Terra. Não sou obrigado a ficar submetido a
este imbecil do Azevedo.

- Corr Sairy, estamos em um planeta da Confederação Galaxial... – Antares começou a dizer,


mas Corr Sairy o interrompeu:

- E temos que seguir as normas deste planeta. Tá, eu sei disso tudo, mas tudo o que
Azevedo fez foi para nos atrasar e prepararem uma guarda para levar Jackie em custódia.
Entenda, Antares, você está entrando em um planeta que o governante do planeta é
somente uma marionete nas mãos das grandes corporações (foi mal, Jackie, mas é
verdade!). – Jacqueline balançou a cabeça em afirmação e deu com ombros. – Aqui não é um
simples planeta-membro da Confederação Galaxial, é a porcaria da Terra. Pode ter se
passado mais de mil anos que não volto aqui, mas conheço bem como são as coisas.
Mudam-se governos, mas não se mudam as atitudes. Você está entrando em vespeiro,
cuidado que a picadura pode ser mortal. Tô chegando no Ninho, depois nos falando. –
Naquele momento, Ross falava alto em sua projeção chamando por Antares, que lhe
respondeu:

- Corr Sairy neste momento está entrando no Ninho dos Guerreiros Alados, Capitão Ross
Croisman Azevedo. – Ross não parecia nada satisfeito com aquilo e se sentiu enganado:

- Confederado Antares, vocês nos ludibriaram para que o crisyeno reentrasse na Terra?

- Está me acusando de algo, Capitão Ross Croisman Azevedo? – Argumentou Antares. – Tem
certeza que deseja entrar nessa situação com um diplomata da Confederação Galaxial?
Acredito que, se eu desejar, posso usar minha imunidade como representante de um
planeta visitante, já que sou o único de meu planeta e, caso Corr Sairy deseje, pode receber
a mesma imunidade se entrar em contato com a Erregina Tyth Annis de Crisyen. Desejas
causar este tipo de incidente? – Ross nada disse, parecia conversar com alguém e Antares
esperou sua resposta, que veio em pouco tempo:

- Nos desculpe por isso, Confederado Antares. O Major Hawkesley acabou de nos comunicar
que o crisyeno, a dharkyensi, o darkyani e os agufalgavianos estão lá. E não, a Terra não
deseja causar nenhum incidente que possa vir a prejudica-la. Recebemos todos os nossos
visitantes com bom grado. – De repente, no interior da satisphæra, surge Corr Sairy,
novamente, colocando o dedo no interior da boca, fazendo gesto de regurgitação:

15
Andre luz

- Ele está de embromação com vocês. Acreditem, não confiem em nada e nem ninguém. Se
quiserem mais orientações, perguntem a Jackie. – Esta sorriu e, novamente, concordou,
dizendo:

- Corr Sairy sabe do que fala. Desculpa, Confederado Antares, mas vocês acabam de entrar
em um território de guerra, mas não de um conflito por território, mas sim por poder. A
Força Terra-Espaço, da Piel-Green, tem como concorrente o Comando de Ação Defensiva e
Estratégica Terra-Espaço, da minha corporação. Eles querem o total direito de proteção
defensiva da Terra e do Sistema Solar. Então, a acusação de assassinato é uma pequena
parte deste enorme iceberg. – Todos pareciam confusos. – Sei que é difícil interpretar nossas
ponderações, mas não tenho outro jeito de les dizer isso. Estamos em guerra!

Assim que as quatro Phantom e a satisphæra pousaram, um grupo de guardas


uniformizados como policiais se aproximou, esperando o grupo da satisphæra sair do seu
interior. Quando uma porta abriu, Antares veio na frente e viu os policiais. Ross e seus
homens se juntaram àquele grupo:

- Confederado Antares, seja bem-vindo à Terra. Peço agora que requeira a srta. Jacqueline
Dévero que saía do interior desta nave. – Antares, como sempre parecia impassível, e
argumentou:

- Enquanto a Tenente-coronel... – Ross ia argumentar, mas Antares ergueu a mão para ele,
com isso os policiais levaram as mãos aos coldres de suas armas, e Antares reparou nisso. –
Aparentemente a Terra não é tão amistosa quanto os phællansis garantiram a Confederação
Galaxial. – Ross percebeu o que os policiais estavam fazendo:

- Tirem suas mãos dessas armas, agora! – Ele ordenou com autoridade e quando todos
tiraram as mãos, de forma apreensiva, se voltou para Antares, novamente. – Confederado
Antares, a srta. Jacqueline Dévero adentrou no espaço da Terra e, neste momento, ela não
mais pode usar sua patente, pois a perdeu em julgamento.

- E quando ocorreu este julgamento, Capitão Ross Croisman Azevedo? – Antares


questionou-o e Ross respondeu de imediato:

- Um Tribunal das Forças Armadas da Terra foi reunido assim que a srta. Jacqueline Dévero
fugiu com seu traje, identificado como o usado no assassinato do Diretor Executivo da
Svagner-Yamabushi Comunicações, Katsuhiro Ojji. Então por fuga sob suspeita de
assassinato com arma do crime, o Tribunal retirou da srta. Dévero sua patente. No
momento que adentraram na Terra, ela se tornou uma civil como qualquer outro. – Ross
estava intrigado com Antares, pois ele não parecia ter emoções. Aquele grande ser vermelho-
rubi estava parado na saída da satisphæra, sem aparentar nada. Antares, então falou:

- Quando chegamos nos limites da fronteira deste sistema estelar, a tratara como Tenente-
coronel, não é fato? – Ross acenou com a cabeça em afirmação. – E, enquanto ela estiver no
interior da satisphæra, ela ainda deve ser tratada com sua patente, já que não pisou na
Terra. Somente quando ela sair do interior da satisphæra, deverá ser tratada como civil,
estou correto? – Ross entendia o raciocínio de Antares. Ele estava dando asilo a Jacqueline
no interior daquela espaçonave. Caso tentassem algo, poderiam causar um incidente
diplomático que, com certeza, não estavam dispostos.

Enquanto iam para a Terra, Ross examinou a história de Antares no Anima Mundi e viu
quem ele era e do que ele era capaz. “Antares se tornou o Confederado-guerreiro, um apelido
que ele ostenta com orgulho, mesmo que não demonstre”, ele lera. Não deveria ser o tipo de
pessoa com quem deveriam mexer:

- Confederado Antares, creio que suas ações são louváveis, mas a senhorita, quer dizer, a
Tenente-coronel Jacqueline Dévero é uma criminosa... – Novamente Antares ergueu a mão e
todos olharam para Ross, que sinalizou para não agirem:

16
GALAXYA II

- Capitão Ross Croisman Azevedo, sustenta tal acusação por qual motivo?

- Ela fugiu, Confederado Antares. Praticamente foi uma admissão de culpa.

- De tudo que eu vi para poder analisar o caso, já haviam admitido a culpa dela, mesmo
sem que ela tivesse tido direito de defesa. O Projeto Esperança, ao qual este uniforme está
relacionado – Antares abriu um estojo black piano que carregava – foi arbitrariamente
considerada arma de um crime, somente por se assemelhar ao da projeção que foi
distribuída pela mídia da Terra, mas o que poucos notaram e, por isso, assumi o caso da
Tenente-coronel Jacqueline Dévero, é que este traje não possui uma arma de fogo. Nem
pediram para examiná-lo, antes de acusa-la. Simplesmente a consideraram criminosa e, por
isso... – Naquele instante, vindo das portas do Edifício da SCO, surgia Gene com um papel
em sua mão:

- Capitão Ross Croisman Azevedo, sou o Capitã Gene Sisrac. Atualmente atuo como
presidente das Corporações Dévero e tenho em minhas mãos um indulto emitido pela
Secretária Geral Malthe Sørensen, em nome da Tenente-coronel Jacqueline Dévero. –
Naquele momento, Ross olhava para sua gêmea, cujas diferenças estavam nos cabelos, pois
enquanto o de Ross eras escuros como a noite, os de Gene eram platinados e no sexo. Ele
pegou o documento nas mãos de Gene e o examinou, devolvendo logo em seguida,
ordenando àqueles que ali estavam:

- Afastem-se. A Secretária Geral deu liberdade temporária a Tenente-coronel Jacqueline


Dévero, mesmo como civil. – Naquele instante, um dos homens de Ross se aproximou dele e
disse:

- Mas, qualé, Capitão. Ela vai sair dessa numa boa? – Ross olhou para ele de forma
repreensiva e, mesmo sendo maior do que Ross em corpulência, não o intimidava:

- Primeiro-Tenente Seth Ámoneth, foi uma ordem direta do Secretário-Geral. Quer ir contra
uma determinação de seu comandante-chefe? – Seth recuou, mas não parecia feliz com a
decisão. Nem Ross parecia, mas mesmo não gostando das ordens, tinha que aceita-las.
Naquele instante, Antares desceu da rampa que se estendia da satisphæra e, logo atrás
dele, veio Jacqueline:

- Srta. Jacqueline Dévero.

- Capitã Gene Sisrac, que prazer revê-la. – E se beijaram no rosto. – Como estão as
empresas?

Ambos saíram caminhando em direção de um veículo que os esperava. Antares foi na


direção de Ross:

- Pelo jeito estava preparado, não, Confederado Antares? – Disse Ross para o enorme ser
rubro.

- Não sou de omitir ou mentir, Capitão Ross Croisman Azevedo. Eu pretendia ir direto à
Secretária Geral Malthe Sørensen, mas fomos pegos desprevenidos no instante que falaste a
respeito de um grupo que esperaria para levar Jacqueline Dévero em custódia. Dessa forma,
pedi a (então) Tenente-coronel Jacqueline Dévero que entrasse em contato com a Capitã
Gene Sisrac para que require-se tal instrumento de liberdade. Enquanto dávamos o salto
hiperespacial, a Capitã Gene Sisrac estabeleceu contato conosco, enquanto estava com a
Secretária Geral Malthe Sørensen e, então ela me prometeu o documento. Como fizeste
conosco, somente desenvolvi uma discussão sobre diplomacia, o que daria tempo o
suficiente para o documento ser emitido e trazido para vosso conhecimento.

- Chamamos a isso de ludibriar o inimigo, Confederado Antares. Deu seu Xeque, vamos ver
se conseguirá o Xeque-Mate. Até mais, Confederado Antares.

17
Andre luz

- Até mais, Capitão Ross Croisman Azevedo. – Antares não entendera o que Ross falou, mas
seguiu na direção do veículo que Jacqueline estava. Quando chegou próximo, percebeu que
Marcelle e Pum Riss não estavam com ele:

- “Aonde vocês estão indo, Marcelle Menken e Pum Riss?” – Ele se comunicou com elas,
enquanto percebia a satisphæra partindo e uma projeção de Marcelle surgiu na sua frente:

- Desculpa, Antares, mas nós vamos até o planetário que era morada de meu pai. Prometo
trazer a satisphæra inteira. – E a projeção se encerrou. Antares entrou no veículo e explicou
o que Marcelle lhe falara.

Distante dali, em um vale próximo da Cordilheira dos Andes, camuflado dos olhares
humanos, estava uma base militar chamada de Ninho. Nela S.E. pousara e os seus
passageiros foram recepcionados por Skill e H-Kik. Depois de comunicar ao Capitão Ross
Croisman Azevedo, explicando que Corr Sairy estava ali, Skill se voltou aos visitantes:

- Você é a pessoa mais imprudente que eu conheço, mas isso não me surpreende. – Depois
cumprimentou o outros. – Sejam bem-vindos ao Ninho, H-Glorr, T-Rass, K’thryn Swiss e
Ortsac Searamiug.

- Ei, e eu não sou bem-vindo? – Implicou Corr Sairy, e Skill se voltou para ele. – Tá certo.
Um padrinho vem visitar seus afilhados e é tratado assim. – Nisso os outros membros do
grupo chegou ao hangar, mas foi Ricardo o primeiro a se pronunciar:

- E Jacqueline?

- Neste momento, acredito que Antares está engambelando um grupo que pretendia leva-la
presa, até Gene chegar com um indulto de soltura temporária. – Disse Corr Sairy, e Ricardo
se dirigiu a Skill:

- Senhor, gostaria de permissão...

- Nem, precisa terminar, Ricardo. Pode ir. – Skill o interrompeu, autorizando-o. – Depois
encontraremos com você. - E Ricardo foi logo para um pequeno veículo automotivo e partiu
dali. – Jacqueline deu muito amor para ele. Nunca vi tamanha ligação, a não ser na época
de Josiane e Cynthia. – Disse Skill tocando no ombro de Corr Sairy e abraçando-o. – É bom
revê-lo, depois de dois anos.

- E meus cogliberi? – Questionou H-Glorr. – Como estão? – E H-Kik o respondeu:

- Seus sobrinhos estão com dois anos. – Aquilo espantou H-Glorr:

- Deixaste que eles se desenvolvam como terranos? E o que é “sobrinhos”?

- É o mesmo que cogliberi, H-Glorr. – Disse H-Kik, maternalmente. – Uso as palavras


terranas para acostumar meus filhos com este ambiente da Terra. E, assim sendo, somente
quando tiverem idade suficiente terrana, ou seja, dezesseis anos, permitirei que escolham se
desejam ou não usar o Amo-Kken I Serum.

- Gostaria muito de conhece-los, minha...

- Não, T-Rass. – H-Kik a interrompeu. – Você é esposa, ou melhor, uxorem de H-Glorr, então
pode me chamar de H-Kik. Aqui os únicos títulos que tem valor são as patentes e, mesmo
assim, somente quando fazemos serviços para as Forças Armadas da Terra.

- Obrigada, H-Kik. – T-Rass sorriu e saiu com H-Kik. Então foi a vez de Sth Nnie falar, mas
antes disso, Corr Sairy se prontificou:

18
GALAXYA II

- Quantos meses? – Sth Nnie olhou para seu ventre e respondeu:

- Sabe que não conto em tempo da Terra, mas no momento estou com 2 Rarrs. – E Ronald
chegou perto dela:

- Já fizemos o ultrassom, será uma phællansi...

- Ou uma humana. – Argumentou Sth Nnie. – Mas não importa, o importante é que será
nossa. – Corr Sairy sorriu:

- Parabéns para ambos. E quanto a pergunta que pretendia fazer, - Sth Nnie deu um sorriso
de lado, vendo que ele percebera a exclusão de dois novos visitantes. – Esta é K’thryn Swiss
e Ortsac Searamiug.

- A filha, quer dizer, plátto da Mitir K’roll Swiss? – Se pronunciou Sw Fitt. – E este é um
darkyani. – Se virou para Corr Sairy – Você está andando com um darkyani?

- Tempos novos, vidas novas. – Corr Sairy respondeu a Sw Fitt. – Ortsac Searamiug não
parece ser como os outros darkyanis...

- Ele não é! – K’thryn interpôs. – Ele salvou minha vida e devo muito a ele.

- Como eu a ela. – Retrucou Ortsac, abraçando K’thryn.

- Sagrado Phællans. – Disse Sth Nnie, espantada. – Ele a amansou!

- A palavra não seria exatamente essa, Sth Nnie. – Disse Corr Sairy, constrangido. – Mas é
essa a ideia. Eles estão tryferós, ou seja, afeiçoados um ao outro.

- Como eu disse, um amansou ao outro. – Sth Nnie falou, sorrindo e dando com os ombros.
– Sejam bem-vindos ao Ninho! – E todos entraram na base.

Momentos depois, a satisphæra pousava próximo de um pequeno observatório na Província


de Huesca, na Espanha. A cidade mais próxima do observatório era a cidade de
Castelflorite. Assim que Marcelle e Pum Riss desceram da esfera, perceberam que o local
parecia ter movimentação, mas naquele momento estava vazio. Perceberam que, nas
proximidades da edificação, existia um reservatório de água, mas não viram movimentação
lá, também. Ao chegarem perto do observatório, abaixo de Observatório Menken, viram a
frase “Stellae locutus est nobis cum responsa expectabo”:

- Agora entendo porque gosta tantos das palavras em agufalgaviano. – Disse Pum Riss, no
que Marcelle falou:

- Mas isso é latim. Meu pai sempre me falava isso. Diz “As estrelas falam conosco desde que
esperamos respostas”. Acredito que algumas palavras de Agufalgav são traduzidas em latim,
pois podem não ter a mesma compreensão em nossos idiomas. Bem como algumas palavras
ou nomes do seu planeta são bem diferentes do que conheço na Terra.

- Bem, como algumas coisas que vocês falam soam diferentes para nós. – Esclareceu Pum
Riss. – Acho que o tradutor omniversal da Terra busca a palavra mais próxima dos nossos
idiomas para traduzir algo que não compreendemos. – Elas se abraçaram e se aproximaram
ainda mais do prédio. Quando chegaram à porta, que estava trancada, perceberam um
dispositivo com teclados. Não compreendendo o que era aquilo, Pum Riss agiu como agiria
em Phællans:

- Observatório Menken, gostaríamos de entrar. – Mas nada aconteceu. Marcelle olhou mais
de perto o dispositivo e viu que havia algo escrito:

19
Andre luz

- Rissie, tem algo escrito aqui. – Ela tentou limpar e Pum Riss leu, em volta alta:

- “Coloque seu dedo neste local” – E colocou o dedo no espaço, sentindo uma pontada. – Ai!
Aquilo perfurou meu dedo. – E uma voz foi ouvida, metalizada:

- Não reconhecemos sua autorização. Digite o código de acesso. – Então foi a vez de Marcelle
fazer o mesmo e, assim que sentiu a pontada, um brilho intenso saiu dela, fazendo Pum
Riss cerrar os olhos:

- Rissie, tudo bem? – Questionou Marcelle, preocupada e, esfregando os olhos, mas


sorrindo, Pum Riss lhe respondeu:

- Estou ótima, uthando. Acho que seu corpo reagiu a espetada no dedo. – E ambas riram,
percebendo que o local que Marcelle estava, afundou. – Agora dá para entender porque Corr
Sairy lhe chama de estrelinha. – Naquele momento ouviram novamente a voz metalizada e a
porta se abrindo:

- Seja bem-vinda, Dra. Marcela Menken. – Aquilo soou estranho, mas logo Pum Riss
pareceu entender:

- Está ligado aos seus genes. Por isso não me identificou, mas identificou o de sua mãe em
você. – Sorrindo, ambas adentraram no observatório. Na entrada, uma projeção se acendeu,
mostrando Thiago e Marcela, um ao lado do outro, e a voz metalizada voltou a falar, mas era
diferente, como uma locução:

- Sejam bem-vindos ao Observatório Menken, aqui as estrelas lhes observam. Esta era a
residência dos maiores astrônomos estelares de todos os tempos, Thiago e Marcela Menken.
Neste local, além de residirem e criarem sua filha, Thiago e Marcela também desenvolveram
e criaram a Escala Menken, hoje tão usada não somente pela Terra, mas também pela
Confederação Galaxial. Thiago e Marcela também desenvolveram um sistema de propulsão
totalmente energizado pelas estrelas, sem uso de combustível sólido, seguindo os mesmos
princípios da energia solar ou dos veículos movidos por energia elétrica ou dos veículos
movidos a fusão à frio. Energia limpa e renovável. – Marcelle não prestava atenção a voz que
falava, pois, sua memória afetiva parecia retornar. Então ouviu a voz de Pum Riss:

- Uthando, o que é isso? – E Marcelle olhou para a linha no chão, em madeira, com peças
metálicas de cada lado:

- Isso é o Meridiano de Greenwich. – Ela respondeu. – Se bem me lembro, meu pai me


contou que ele pediu permissão para o presidente de Aragão, na época, para construir o
observatório exatamente aqui, a 41º 50’ ao norte da Terra e sobre o Meridiano. Este marco
corta a casa de uma ponta a outra. Dizia meu pai que não tinha lugar melhor para observar
as estrelas do que aqui.

- E o que seria esses 41º 50’? – Marcelle sorriu. Então procurou um mapa da Terra para
poder explicar melhor e viu um globo no Solário do observatório:

- Venha aqui. – Viu a caixa de vidro no canto, com uma cama e vários objetos no interior. –
Foi ali que meu pai me criou. – Ela disse apontando para a caixa. – Aqui eu podia ver as
estrelas e ouvir suas histórias e, de manhã, era energizada pelo Sol. – Aquilo veio como um
baque nela e uma lágrima desceu pelo seu olho. – Venha, tem um globo aqui. – Passaram
por um pedaço de pedra de tamanho considerável. – Este é o pedaço de estrela-anã que
meus pais estudavam. Não sinto nada vindo dela, então deve estar bem contida. Aqui, neste
globo. Percebe essas linhas que cortam o globo? Elas são chamadas de paralelos e medem a
latitude do planeta. As de corte em pé, são chamadas de meridianos, e medem a longitude.
Esta linha mais grossa é chamada de Equador e acima dela é o norte da Terra e abaixo é o
sul. Já esta outra linha em pé, grossa, é chamada de Meridiano de Greenwich, as linhas
deste lado – gesticulou com o braço esquerdo – são o Oeste e as linha deste lado – gesticulou
com o braço direito – são o Leste. – E olhou para Pum Riss, para ver se ela entendia. – Foi

20
GALAXYA II

assim que meu pai me ensinou sobre isso e, ainda dizia que esta é a forma mais simples de
compreender, pois temos os fusos horários, as medições de graus, minutos e segundos, e
por aí vai. Os 41º 50’ ao norte da Terra é a marcação de onde estamos agora, no paralelo. –
Os olhos de Pum Riss brilhavam, olhando para Marcelle:

- Nossa, isso foi extremamente fascinante. É, definitivamente você não é tem ligação com
Corr Sairy, Uthando, pois é muito mais inteligente. – Brincou Pum Riss e ambas riram.
Então um homem entrou no local:

- Quem são vocês? – Disse o homem, olhando para as duas e quando Marcelle parecia que
ia começar a brilhar, Pum Riss respondeu:

- Somos visitantes. Esta é Marcelle Menken, filha de...

- Thiago Menken e Marcela Menken. – O homem completou, estopetado. – Mas isso é


impossível. Marcelle desapareceu há mais de três milênios atrás. Um cientista a disparou no
espaço. Ninguém nunca encontrou o seu corpo. – Marcelle e Pum Riss se entreolharam, e
Marcelle falou:

- Na verdade, o cientista que me disparou no espaço era o nanoengenheiro Rodrigo


Scandian, meu padrinho. Ele não me jogou no espaço para morrer, mas para me salvar dos
experimentos que pretendiam comigo. O problema é que ele não imaginou onde eu pararia e
terminei vivendo este tempo todo em um meteoro até, coincidentemente, ele me reencontrar,
mas agora como Corr Sairy. – O homem parecia assustado e falou:

- Luzes. – E todo o observatório se acendeu. Ele continuou falando. – Um alarme soou em


minha residência e identificava Dra. Marcela Menken entrando no observatório. Mas nunca
poderia imaginar... Desculpa, meu nome é Vinicius Diniz Andorras, mas podem me chamar
de Vinicius, somente.

- Bem, meu nome é Pum Riss. – Disse a bela phællansi. – E essa eu não preciso apresentar.
– Disse, apontando para Marcelle. – Mas por que um alarme soou em sua residência,
Vinicius?

- Eu sou o cuidador deste local. Herdei do meu pai, que herdou de minha avó, ou seja, é
uma herança de família. Sou um descendente de você. – Disse Vinicius, apontando para
Marcelle. – Mas do seu lado materno. Sua mãe era Marcela Castellaña Menken, e tinha três
irmãos. A caçula é minha ascendente. Não sei quantos tata vem antes de avó, mas é isso.

- E você gosta de astronomia? – Marcelle questionou e Vinicius ficou constrangido:

- Não exatamente. Sou formado em administração, mas vivenciando isso, todos os dias, as
histórias deles – apontou para uma imagem em 3D de Thiago e Marcela que se projetava no
saguão de entrada – não tem como não amar. Sem contar a frase na entrada...

- “As estrelas falam conosco desde que esperamos respostas”. – Completou Pum Riss,
repetindo o que sua amada falara.

- Isso. – Pontuou Vinicius. – Fica difícil não gostar das estrelas. – Um silêncio tomou o local,
mas Vinicius voltou a falar. – Desculpa, eu terminei esquecendo. – E saiu do Solário, indo
na direção da entrada e voltou com uma mulher e três crianças, uma no colo da mulher. –
Marcelle Menken. – A mulher se surpreendeu. – Quero lhe apresentar minha esposa,
Alejandra. – Esta estendeu o braço para cumprimentar ambas. – Estes são meus filhos,
Jorge e Camila. Já a pequena no colo é Rita. Querida, esta é Marcelle Menken e sua amiga...

- Minha namorada. – Marcelle o corrigiu.

- Desculpa, sua namorada, Pum Riss. – Todos se cumprimentaram e foi tudo contado
novamente, até que Alejandra disse:

21
Andre luz

- Venham conosco a nossa casa. Não é muito grande, mas é um lar. – Marcelle e Pum Riss
trocaram olhares e concordaram com a cabeça. Na saída, a satisphæra reluzia ao sol, então
Marcelle disse:

- Camuflar. – E a satisphæra pareceu desaparecer no ar. Todos entraram no veículo que


Vinicius e Alejandra haviam chegado e foram na direção de Castelflorite.

Próximo do cair da noite, o veículo ocupado por Gene Sisrac, Jacqueline Dévero e Antares
chegava ao Edifício central das Corporações Dévero:

- Escurece rápido neste planeta? – Argumentou Antares.

- Próximo a outros planetas da Confederação Galaxial? Sim, com certeza. – Disse Gene. –
Neste momento estamos no hemisfério sul da Terra. Este complexo era uma indústria que
transformava o minério de ferro em pelotas e comercializava pelo mundo. Quando novos
tipos de metais, menos danosos ao meio-ambiente, foram descobertos pelos cientistas, a
fábrica entrou em desuso e as Corporações Dévero pode se concentrar aqui. Os bairros que
ficam próximos agradeceram, pois o poluente mais prejudicial, o minério de ferro, parou de
pairar no ar. Também adquirimos um condomínio aonde nossos funcionários podem residir,
se desejarem, pois alguns preferem viver em outras regiões. O complexo, também tem um
parque botânico...

- Gene, querido, acredito que não precise impressionar o Confederado Antares com detalhes
do que temos aqui. – Disse Jacqueline, de forma maternal. – Acho melhor irmos encontrar
nossas cobras, quer dizer, nossos advogados para analisar o caso. – Naquele instante um
pequeno veículo aterrissava próximo do veículo deles e Ricardo saiu de seu interior:

- Mãe! – Ele correu para abraçar Jacqueline, que o beijou. – Que bom poder a ver
novamente. – Antares olhou àquilo intrigado e falou com Gene:

- Capitã Gene Sisrac...

- Só uso minha patente quando necessário, Confederado Antares. – Corrigiu Gene.

- Que seja. É interessante ver a demonstração de afeto entre vossa mãe e teu irmão, mas
não vi a mesma entre ambos, por quê?

- Não me entenda mal, Confederado Antares. Eu amo minha mãe, pois sem ela eu nem
existiria, mas desde nova aprendi a ser mais sistemática e menos emotiva. Diferente de
Ricardo, eu fui criada em um béquer até os doze anos de idade. Quando sai dele, minha
vida toda fui preparada para ser a melhor pilota, uma excelente estrategista, uma hábil
militar, a usar meu raciocínio para coisas práticas. Infelizmente (ou felizmente), como
somente três de nós fomos gerados, os projetos Gênesis e Übermensch não foram à frente.
Eu tive que me adaptar da melhor forma que pude, então larguei a carreira militar, aonde
poderia ser hoje um Tenente-general (se assim desejasse), e comecei a estudar
Administração, Empreendorismo, Tecnologia da Informação, Sistemas de Informação,
Nanotecnologia, Desenvolvimento de sistemas, Análise de Sistema, Ciência da Computação.
O bom de ser uma pessoa criada para grande longevidade e ter recebido o soro Amo-Kken
desde que estava no meu béquer tem suas vantagens. Vamos entrar. – Eles entraram na
edificação central. Um prédio com um enorme saguão de piso frio branco e preto, como um
jogo de xadrez. Assim que chegaram ao elevador, as portas abriram e, no interior, ouviram
uma voz:

- Seja bem-vinda de volta, Srta. Dévero.

- Obrigada, Mentor. Este que nos acompanha é o Confederado Antares. – Jacqueline disse.

- Sim, o reconheci dos arquivos de imagens do Anima Mundi. É muito bom tê-lo conosco,
Confederado Antares.

22
GALAXYA II

- Vocês também possuem alguém como S.E.? – Jacqueline riu e logo disse:

- Não exatamente, Confederado Antares. O Mentor é uma Inteligência Artificial nível 3, ou


seja, ele tem percepção do que precisamos e, às vezes, nos aconselha em alguma situação. A
forma de agir do S.E. é totalmente cognitiva, ou seja, ele pensa e age por ele mesmo. Já
Mentor ele pode agir por si mesmo, mas antes nos questiona o que desejamos e o que pode
ser feito. Nós, terranos, tememos por formas de Inteligência Artificial tão autossuficiente
como S.E. e Galaxya, que já deve ser um outro nível.

- Gene Sisrac, você falou que existem outros dois como você? – Antares questionou e Gene
respondeu:

- Sim, o Capitão Ross Croisman Azevedo e o Primeiro-tenente Seth Ámoneth.

- Mas o Primeiro-tenente Seth Ámoneth não se parece muito com você e o Capitão Ross
Croisman Azevedo. – Disse Antares e continuou. – Nem mesmo ambos se parecem, pois és
mulher e vosso cabelo tem um tom e o dele tem outro. – Gene sorriu e contou:

- Isso foi uma escolha dos geneticistas que nos criaram. No começo, com o Projeto Gênesis,
eles queriam que eu parecesse um anjo, então acharam melhor meus cabelos serem desta
cor, bem como ter a aparência mais feminina. Eu uso lentes de contato escuras, pois as
pupilas dos meus olhos são do mesmo tom de meus cabelos, o que me traz sensibilidade às
luzes fortes. Os Drs. Ross e Azevedo e a Dra. Croisman não pensaram nisso ao me
desenvolver. Já no Projeto Übermensch, eles queriam um aspecto de guerreiro, então tanto
os cabelos quanto as pupilas dos olhos do Capitão Azevedo são escuras como a noite.
Continuaram no Primeiro-tenente Ámon, mas ele preferiu descolorir os próprios cabelos,
tornando-os castanhos, além de ter um corpo mais musculoso.

- Mas não compreendi o que um guerreiro tem a ver com cabelos e olhos escuros. –
Argumentou Antares, então foi a vez de Jacqueline falar:

- Nem nós, Confederado Antares. Tinha algo a ver com a Antiguidade. De acordo com os
geneticistas, os grandes guerreiros tinham cabelos escuros. Leônidas de Esparta, Xerxes I,
Júlio César, Átila, Gengis Khan e Kublai Khan, além dos míticos Heraclés e Odisseu. Por
isso desejavam isso para seus guerreiros. Ross Croisman Azevedo foi feito do mesmo jeito
que fizeram Gene, mas quando foram para Seth Ámoneth, a pedido de seu patrocinador,
eles capricharam mais na força e o tornaram mais obediente, menos inteligente...

- Jacqueline. – Repreendeu Gene.

- Ah, sejamos sinceras, é verdade. Seth Ámoneth é pura truculência. Seu nome advém de
um deus egípcio que toda a mitologia está ligada à violência. Matou o irmão, cegou o
sobrinho, Hórus. Ele mesmo escolheu o próprio nome e sobrenome. Se ele não fosse
subordinado a você e ao Ross, sabe-se lá o que teria feito naquele momento que foi contido.
– O elevador então parou no 56º andar, onde ficava o escritório de Jacqueline. Assim que
saíram do elevador, ouviram a voz de Mentor:

- Eles aguardam vocês na sala de reuniões. Chamei a todos como o Srta. Sisrac me pedira.

- Obrigada, Mentor. – Jacqueline respondeu e eles caminharam na direção da sala de


reuniões, onde encontraram seis homens e quatro mulheres sentados. Assim que entraram,
todos se levantaram e olharam surpresos para o enorme humanoide rubro e inexpressivo
que entrava junto. Jacqueline olhou para eles e depois para Antares, percebendo a
surpresa, e falo. – Confederado Antares, cobras. Cobras, Confederado Antares. – Assim que
todos se sentaram, Jacqueline continuou. – Bem, acredito que Gene já os tenha deixado a
par de que o Confederado Antares será meu advogado de defesa e vocês o auxiliarão no que
for preciso. – Então uma mão se levantou. – Fala, Clarissa.

23
Andre luz

- Primeiramente, é bom vê-la de volta, Jacqueline. Segundo, sim, Gene nos deixou a par da
participação do Confederado Antares como sua defesa, mas sendo bem sincera, não vejo
como seguirmos com esse caso. A projeção já foi mostrada de vários ângulos, pois no
interior da sala de Ojji-san também tinham câmeras 3D que captaram a imagem do traje.
Parece muito com o traje Ávatar.

- Usaste a palavra correta, defensora Clarissa Bentorres. – Disse Antares ficando de pé e


apertando alguns botões do bracelete que usava. – Como podem ver nessas projeções temos
todos os ângulos (com exceção de cima) de que filmaram o ataque a Katsuhiro Ojji, Diretor
Executivo da Svagner-Yamabushi Comunicações. Essas imagens nos permitem construir o
traje de uma forma que possamos ver de vários ângulos. – E as imagens começaram a se
juntar. – E caso note, o porte físico, bem como o traje possui algumas diferenças deste traje.
– Abriu o estojo e retirou o traje de seu interior, colocando-o sobre a mesa para todos verem.
– As projeções da Terra não são da melhor qualidade, mas percebem-se ranhuras no traje
que aparece nas projeções, diferente do traje Ávatar do Projeto Esperança. – De repente,
Ricardo surgia pela porta com um manequim que ele colocou próximo a Antares. –
Obrigado, Segundo-tenente Ricardo Dévero. – E Antares colocou o traje no manequim. –
Percebe-se, também, que a corpulência do indivíduo que usa o traje se difere, e muito, do
corpo de Jacqueline Dévero.

- É uma argumentação concisa, Confederado Antares. Mas poderão questionar que este
traje poderia ter elasticidade o suficiente para cabe em qualquer corpo. – Disse um dos
advogados a frente de Antares e este lhe respondeu:

- Está correto no que dizes, defensor Mallory Sturgess, mas no caso O Povo contra O.J.
Simpson requiriram ao réu que ele provasse que as luvas caberiam em suas mãos, sendo
assim, poderíamos chamar alguém com uma corpulência mais avantajada para tentar
colocar o traje. Verifiquei a elasticidade do tecido e ele, em medidas terranas, não entraria
em uma pessoa mais corpulenta, por exemplo. A exemplo, temos Gene Sisrac que é doze
centímetro mais alta que Jacqueline Dévero e se encontrássemos alguém mais corpulento,
como na projeção...

- Acho que entendemos o ponto que deseja chegar, Confederado Antares. – Disse uma outra
advogada, interrompendo o raciocínio de Antares. – Acho que, com isso poderíamos até
mesmo conseguir evitar um julgamento público, o que seria extremamente desgastante. Mas
ainda ficamos sem saber que poderia ter feito isso a Ojji-san.

- Pensava o mesmo, defensora Shian-kai Chen. Mas após uma conversa breve com Gene
Sisrac, enquanto subíamos até este andar, e ao conhece-lo quando pousamos diante do
Edifício da Ordem da Composição Solar, levanto minhas suspeitas quanto ao Primeiro-
tenente Seth Ámoneth. – Todos olharam com surpresa para Antares, e Clarissa disse:

- Mas Confederado Antares, convenhamos é complicado levantar tal suspeita.

- Nem tanto, defensora Clarissa Bentorres. – E Antares apertou mais botões de seu
bracelete. – Interliguei a interface de meu bracelete ao chip neural e como podemos ver, O
Primeiro-tenente Seth Ámoneth estava de folga no período do assassinato de Diretor
Executivo da Svagner-Yamabushi Comunicações, Katsuhiro Ojji. O pouso de sua nave
ocorreu horas antes do assassinato e ele partiu no dia seguinte, o que lhe permitiu tempo
hábil para ter efetuado o assassinato.

- Mas como ele conseguiria o traje? Quem lhe forneceria este traje? – Questionou outro
advogado, apontando para a projeção em 3D, montada por Antares e este lhe respondeu:

- Daí entraremos no que vocês na Terra chamam de Espionagem Corporativa, defensor


Jafari Mtukufu. O Projeto Esperança, pelo que pude estudar enquanto preparava a defesa
de Jacqueline Dévero, é um projeto bem antigo que nunca conseguiu aprovação da Ordem
da Composição Solar devido a esses conflitos corporativos. Jacqueline Dévero preparou este
protótipo e apresentou-o. Sem conhecimento total do material usado para a fabricação do
traje ou, talvez, sem possuir a matéria-prima para confecção, eles usaram o que possuíam e

24
GALAXYA II

o fizeram. Como disse, estou no campo das especulações, mas creio que o responsável pelo
traje seja...

- Piel-Green Empreendimentos. – Completou Jacqueline. – Eu sabia! Eu te disse, Mentor. –


Mas não foi Mentor que respondeu, mas sim Antares:

- Exato, Jacqueline Dévero. Todos aqui dentro temos consciência de que o Diretor
Presidente da Piel-Green Empreendimentos, Stendart, é o maior concorrente das
Corporações Dévero. Como a Piel-Green Empreendimentos são responsáveis pela Força
Terra-Espaço, que tem incluído o Primeiro-tenente Seth Ámoneth, é somente uma questão
de ligar os pontos. – Sem esperar, uma salva de palmas fez-se ouvir dos advogados
presentes, até que um deles questionou:

- Desculpe-me, Confederado Antares, mas o senhor estudou todas as nossas legislaturas.

- Por mais complexo que fosse, defensora Jeong Jee-Hye, pois a Terra possui muitas
legislações, busquei os que mais se assimilassem ao caso de Jacqueline Dévero. Além do
que, à medida que falam comigo, busco no chip neural sobre cada um de vocês, por isso
lhes chamo pelos nomes.

- Certo, serpentes do meu Jardim do Éden, acredito que precisaremos entrar em contato
com a Corte Mundial para ver se conseguiremos a anulação do processo, com as provas
apresentadas pelo Confederado Antares. Jafari, quero você a frente deste processo
corporativo, pois se a Piel-Green Empreendimentos está fabricando trajes baseados no
Projeto Esperança, que tirar dele até a cueca rasgada do fundo da gaveta de Stendart. Jee-
Hye precisamos preparar aquele processo de separação das corporações com o Estado...

- Está tudo pronto, Jacqueline. – Jee-Hye pontuou. – Daqui a pouco te envio para você dar
uma lida.

- Obrigada. Então é isso, temos um processo para arquivar, outro para tirar até o último
centavo da Piel-Green (Stendart vai se arrepender de matar um amigo e fazer fecharem
minha empresa) ...

- Você vai levar em frente essa separação, Jacqueline? – Gene a interrompeu.

- Gene, temos que fazer isso, pois enquanto as corporações comandarem esse planeta,
nunca que este planeta será o que diz em papel. – Ela respondeu e depois dispensou seus
advogados, ficando na sala somente Antares, Gene e Ricardo acompanhando-a. – Agora
vamos ao mais importante. Como vocês dois estão? – Antares então, se levantou:

- Creio que este seja o que vocês denominam como momento familiar e pessoal. Deixá-los-ei
a sós. – Jacqueline olhou para ele e somente disse:

- Peça o que desejar ao Mentor que ele lhe fornecerá. Obrigada por tudo, Confederado
Antares. – Antares se curvou e saiu, deixando os três sozinhos.

Momentos depois, Ricardo saía da sala de reuniões e viu Antares parado ali, como uma
estátua vermelha:

- Confederado Antares, ainda está aí? – Ricardo se espantou, e Antares simplesmente disse:

- Segundo-tenente Ricardo Dévero, estás retornando ao nominado Ninho?

- Sim, vou para lá agora. Quer uma carona?

- Se puder, adoraria. – E ambos foram em direção ao elevador para sair dali.

25
Andre luz

XI
Bem no começo da noite, o veículo de Ricardo pousava no Ninho, tendo como passageiro
Antares. Ambos entraram na base e se depararam com todos a Área de Recreação. Corr
Sairy, que brincava com M-Karo e M-Kara, deixou-os e foi até o Confederado:

- E aí, tudo resolvido?

- Você não deveria ter agido daquela forma quando chegamos neste planeta. – Colocou
Antares. – Como bem disseste, este é um ambiente hostil e colocaste em risco uma operação
diplomática.

- Operação diplomática? Desde quando isso era uma operação diplomática? Antares, viemos
aqui, pois você se dispôs em defender Jackie, o que agradeço muito. Agora, eu não tenho
que aguentar a embromação do Azevedo querendo se passar como grande defensor do
planeta. Nem aquelas patentes que ele ostenta são merecidas. Diferente de Jackie e, até
mesmo, Gene, ele nunca fez com que as receber. Somente nasceu e Stendart comprou para
ele.

- Independente...

- Independente nada. – Corr Sairy interrompeu Antares. – Olha, você pode não gostar da
minha forma de agir, achar que deve me colocar na linha, porque é meu Guardião e tal, mas
aquele imbecil do Azevedo sempre se considerou melhor que todos somente por ter sido
gerado em laboratório. E não somente ele, o idiota que sempre o acompanha, braço-direito
dele, o Ámoneth, é ainda pior. Um valentão...

- Que pode ser o culpado pelo assassinato do Diretor Executivo da Svagner-Yamabushi


Comunicações Katsuhiro Ojji. – Aquilo fez todos se espantarem, com exceção de Ricardo que
conhecia a história. Chegando perto de Corr Sairy e Antares, Skill disse:

- Espere um pouco, repita isso.

- Em uma análise superficial, sem provas concretas e com a ajuda do Galaxya, pude
averiguar – H-Kik o puxou para se sentar. – (Obrigado H-Kik de Agufalgav) que o ser na
janela do 278º andar da Svagner-Yamabushi Comunicações pode ser o Primeiro-tenente
Seth Ámoneth. – E Antares fez a mesma apresentação que havia feito para Jacqueline,
Gene, Ricardo e os advogados. Ao final, foi Sw Fitt quem falou:

- Se aquele desgraçado é mesmo o responsável, por que ainda não o prenderam?

- Porque são acusações superficiais, mfowethu. – Respondeu Sth Nnie, deitada no colo de
Ronald, que acariciava seu ventre. – O que se pode requerer é uma investigação quanto ao
caso. Um traje desses – Sth Nnie disse, apontando para a projeção em 3D – não deve ter
custado barato, mesmo sendo parte de uma espionagem corporativa. Mas, mesmo assim,
duvido que Stendart deixa as vistas, se ele for mesmo culpado. – Todos olharam surpresos
para Sth Nnie. – O que foi, pessoal? Ronald pediu para eu retirar as asas e ficar em repouso,
estou aproveitando e lendo meus livros de Direito.

- E desde quando você estuda Direito? – Corr Sairy perguntou, intrigado.

- Você achava o quê? Que eu queria substituir Ja Kris ou Chee Trys? Nada, eu era a melhor
aluna de Si Berk. Sw Fitt que desejava ser o novo induna yonogada ou Umholi omkhulu.
Então, quando chegamos à Terra com Skill e H-Kik, comecei a me dedicar aos estudos das
leis da Terra, o que se tornou uma experiência fascinante, pois existem várias em vários
países, diferente de Phællans, onde os preceitos são os mesmo para todas as amadolobha e
para a Idolobha-Izwe. Parei quando me inscrevi nos Guerreiros Alados, mas com a gravidez,

26
GALAXYA II

voltei. – Deu de ombros, se levantando com a ajuda de Ronald. – Ah, e tirar aquelas
porcarias de asas dói demais. Mais até do que colocar. Depois que eu tiver minha filha,
nunca mais vou tirar de novo. – E saiu com Ronald:

- Bem, acho que já está tarde e todos precisamos descansar. Corr Sairy você vai ficar ou... –
Disse Skill, esperando a interrupção do amigo, que já se dirigia para a porta de saída:

- Tô indo para S.E. Antares, vai ficar aí? – E H-Kik se prontificou:

- Se desejar, temos alojamentos o suficiente aqui dentro. Já disponibilizamos um para H-


Glorr e T-Rass e outro para K’thryn e Ortsac, se quiser podemos arranjar um para você.
Mesmo que não durma...

- Foi uma experiência interessante o sono que experimentei no S.E. – Antares disse. – Se
puder, gostaria de experimentar novamente, H-Kik de Agufalgav. – E Antares seguiu H-Kik.
Quando Corr Sairy já estava fora, Skill o alcançou, com M-Kara nos braços:

- Ei, nem podemos falar, mas como está o lance de conviver com um darkyani? – Skill disse
em um tom baixo, e Corr Sairy respondeu no mesmo tom:

- Estranho, de princípio, mas o cara é a afeição de K’thryn e não parece ser como aqueles
que me perseguiram. E, mesmo que o irmão dele tenha participado do grupo que me atacou,
não quer dizer que sejam iguais.

- É, mas vale lembrar que ele não disparou contra você. – Argumentou Skill.

- Bem, verdade seja dita, tenho que dar uma chance a ele. Mas já pedi pro Galaxya ficar em
alerta quanto a ele e qualquer passo fora do quadrado, mando ele de volta para Darkyan. –
Corr Sairy concluiu, então se despediram:

- Boa noite, ‘Drigo. Sonhe com Josiane. – Skill riu.

- Caramba, você ainda lembra disso, seu velho. – Corr Sairy riu, também. – Boa noite, Skill.
– E beijou a fronte de M-Kara. – Boa noite, meu anjinho. – E seguiu em direção a S.E. para
descansar um pouco.

- Acorda pra cuspir, Moleza! – Disse S.E., abrindo o seu visor frontal e fazendo o som de
galo. – A quanto tempo você não vê o Sol do despertar?

- A mais tempo do que eu não gostaria de ouvi-lo gritar isso. – Disse Corr Sairy esfregando
os olhos. Olhou pelo visor frontal e viu os exercícios matinais dos Guerreiros Alados, pega-
pega no ar.

Abaixo estavam Antares, Sth Nnie, Sw Fitt, K’thryn e Ortsac e, chegadas recentemente,
Marcelle e Pum Riss. Corr Sairy se adiantou para sair:

- Quando vocês chegaram? – Disse ele, fazendo todos que estavam embaixo da competição
aérea olharem para ele. Marcelle então foi em sua direção, enquanto saía do interior de S.E.:

- Tem pouco tempo. S.E. me permitiu vê-lo dormindo. Caramba, o sono deveria estar pesado
mesmo, pois beijei sua testa e você nem sentiu. – Corr Sairy sorriu para ela e ambos
andaram na direção dos outros:

- Vocês não estão com dor no pescoço, não? – Corr Sairy questionou e Sw Fitt foi o primeiro
a responder:

27
Andre luz

- Já estou acostumado a isso. – Então olhou para Corr Sairy. – O que é esta navezinha que
chega perto de você? Parece o S.E. – E Corr Sairy olhou, percebendo que S.E. chegava
próximo dele:

- O que você quer? – Questionou.

- Jacqueline acabou de mandar uma mensagem para você. Parece que estão indo para Haia
– S.E. se voltou para Antares – e querem que você esteja presente, Antares.

- E aonde fica esta Haia? – Enquanto Skill, Ronald, H-Kik, H-Glorr e T-Rass pousavam, Corr
Sairy explicou:

- Haia é uma cidade da Holanda e nela está localizado a Corte Internacional de Justiça,
aonde ocorreria o julgamento de Jackie. – Corr Sairy se virou para os que pousavam. –
Águia falou para vocês?

- Sim, – respondeu Skill – vamos todos para a CIJ.

Após se arrumarem devidamente, três naves partem do Ninho. Como não é permitido que as
naves do porte de S.E. e dos Guerreiros Alados, todos embarcam na satisphæra:

- Caberemos todos aí dentro? – Questionou Sw Fitt, receoso.

- Kotharyn disse que cabem vinte no interior, então creio que sim. – Respondeu Marcelle, na
porta.

- Iremos voando. – Pontuou Skill. – Encontraremos vocês no Palácio da Paz. – E os alados


partiram, enquanto Corr Sairy ainda se despedia de seu amigo:

- Bem, como você não pode pousar no local, fique bem aqui. – Disse Corr Sairy para S.E.
Quando saiu do interior, a diminuta nave veio sobre seu ombro esquerdo:

- Sabe o que você parece? – Brincou Marcelle. – Um pirata com dois papagaios nos ombros.
– Ela disse em referência a pequena esfera brilhante, invisível para o olhar humano, e para
a pequena espaçonave. Após Corr Sairy entrar na satisphæra, seu interior se acendeu e Sw
Fitt se assustou:

- Parece que estamos flutuando? – Sth Nnie riu do irmão. Ignorando isso, Antares se voltou
para Corr Sairy:

- Você mencionou Águia? Estava falando de S.E.? – Corr Sairy olhou para aquele semblante
indecifrável:

- Não. Acredito que tenha conhecido Mentor. – Antares curvou a cabeça em afirmação. –
Águia é igual Mentor, ou seja, uma Inteligência Artificial nível 3. Acredito que Jackie lhe
explicou porque a Terra não avança na AI, não?

- Explicou. – Antares ainda tinha mais questionamentos. – Outra percepção minha, se


puder me perdoar, é a forma de tratamento que vocês terranos têm um com o outro. Por
exemplo, chamas Marcelle Menken por um pseudônimo de Estrelinha, enquanto Jacqueline
Dévero você a trata como Jackie.

- São apelidos, Antares. – Disse Marcelle, se intrometendo. – Tipo quando Rissie me chama
de uthando e eu a chamo assim. – Marcelle sorriu para sua namorada. – São formas
carinhosas de tratar as pessoas que temos afinidades. – Antares sacudiu a cabeça e disse:

- Deveras esclarecido. Sou grato a você, Marcelle Menken. E...

28
GALAXYA II

- Outros esclarecimentos devem ficar para depois, chegamos. – Ortsac interrompeu-os,


enquanto eles pousavam próximos aos Guerreiros Alados:

- Vocês nos virão? – Sw Fitt questionou, ainda atordoado com a viagem na satisphæra. – É
tudo tão nítido dentro desta... deste...

- Satisphæra. – Disse Sth Nnie, abraçando ao marido. – É impressionante, Ronald.


Simplesmente fantástica a visão do interior. – De repente um outro veículo chegava e no seu
interior estavam Jacqueline, Gene e os oito advogados dela:

- Caramba, tanta serpente de um lugar só. – Brincou Corr Sairy. – Como couberam todos?

- É um veículo grande. – Disse Jacqueline. – Viemos com folga de dois. E este monte de
gente, veio como?

- Nós viemos voando. – Disse Skill. – O resto veio na tal satisphæra. Sw Fitt está todo
abobalhado.

Após subirem as escadarias, o grupo considerável entrou no saguão principal do Palácio da


Paz. Então uma projeção holográfica surgiu diante deles:

- Boa tarde. Sejam bem-vindo ao Palácio da Paz, sede da Corte Internacional de Justiça da
Ordem da Composição Solar. Eu sou seu Assistente virtual. A que setor se destina?

- Boa tarde, eu sou Jacqueline Dévero, Diretora Executiva das Corporações Dévero e fui
convocada pela Suprema juíza, a Desembargadora Victoria Krushiev para o comparecimento
de apresentação do pedido de anulação de meu julgamento. – A projeção demorou um pouco
e respondeu:

- Boa tarde, Srta. Jacqueline Dévero. A Suprema Juíza, Desembargadora Victoria Krushiev,
a aguarda e aos seus advogados em seu gabinete. Avisaremos ao conselho que chegou e se
reunirá a ela. Por favor, nomeie seus advogados que estarão contigo para que possamos
autorizá-los. – Então Jacqueline nomeou a cada um deles, que foram escaneados, inclusive
Antares. Ao final a projeção disse:

- Sejam todos bem-vindos ao Tribunal Internacional de Justiça, que vem contribuindo desde
2956 para os direitos globais de todos. Aos demais sugerimos que visitem nossas demais
locações, como nossa extensa biblioteca, que possui uma quantidade imensurável de artigos
e casos que já passaram pelo tribunal desde sua fundação em 1946, após o estabelecimento
das Nações Unidas da Terra. – Jacqueline olhou para todos e disse:

- Torçam por mim. – Beijou ambos os filhos e entrou, com Antares ao seu lado e cercada
com seus advogados.

Todos foram para o exterior do Palácio da Paz, em virão o sol do meio-dia do hemisfério
norte. Corr Sairy se aproximou de Marcelle e Pum Riss e perguntou:

- E então, como foi a visita ao seu antigo lar?

- Difícil no começo, mas melhorou depois. – Então Marcelle contou a aventura de ambas
para entrar no local, até encontrarem Vinicius:

- Eu lembro dessa caçula, Fernanda. – Disse Corr Sairy. – Era fascinada por tudo que
Marcela fazia. Tinha dezessete anos, acredito eu, quando sua mãe faleceu. Acho que, se
seus pais não tivessem nos conhecidos, sua tia Fernanda seria sua madrinha...

- E padrinho? – Marcelle questionou, curiosa

29
Andre luz

- Acho que o irmão mais velho, Lupe (acho que era isso!). – Corr Sairy respondeu, deixando
Marcelle ainda mais intrigada:

- Mas meu pai não tinha irmãos? – Corr Sairy percebeu a apreensão de Marcelle:

- Seu pai só tinha uma pessoa (além de você e sua mãe) especial na vida dele, era sua mãe,
Elizeth. O pai de Thiago era muito distante e, pelo pouco que sei, ele tinha dois irmãos, mas
com pouco contato. Felizmente, depois que a sua avó faleceu, Thiago tinha Marcela e,
depois, você, Estrelinha – Corr Sairy disse, percebendo que Marcelle estava triste. Então
abraçou-a, paternalmente. Então disse. – Ei, mas pelo menos estabeleceu laços com seu
passado. Como se sente sendo uma idosa?

- Ai, Corr Sairy, você sabe mesmo ser um corta clímax. – Disse Marcelle rindo.

Passaram-se horas, até que Jacqueline saiu, cercada por seus advogados. Todos então os
rodearam, esperando que dissessem alguma coisa. Então Jacqueline se pronunciou:

- Pelo poder estabelecido na Corte Internacional de Justiça, fui declarada... inocente! – Ela
gritou, fazendo todos darem gritos de alegria. – Além do que, com as provas recém-
apresentadas e deixando uma dúvida permeando no ar, a Desembargadora disse que
solicitará ao Conselho de Segurança da SCO uma investigação do envolvimento da Piel-
Green Empreendimentos com o assassinato de Ojji-san. E ainda requererá ao Conselho
Econômico e Social o desbloqueio das contas das Corporações Dévero. Estamos de volta,
bebê!

- Parabéns pela conquista, patroa! – Brincou Gene.

- Agora vai saracotear por aí! – Implicou Corr Sairy.

- Qual será seu próximo passo, Chefe? – Questionou Skill. Jacqueline tocou no seu ombro
com firmeza e disse:

- Se eu pudesse (e lá não fosse noite), visitaria o túmulo do meu amigo, Ojji-sama. Mas creio
que o momento seja de comemoração, principalmente com todos vocês que me apoiaram e
me ajudaram a passar por isso. – Então Antares apareceu logo atrás dela, fazendo todo
olharem para ele. E Jacqueline continuou. – E, em especial a você, Confederado Antares.
Sua defesa foi exímia.

- Foi um grandioso prazer ajuda-la, Tenente-coronel Jacqueline Dévero. Sim, sua patente foi
reestabelecida com sua inocência. Agora devo comparecer ao Edifício da Ordem da
Composição Solar, pois fui convidado pela Secretária Geral da Ordem da Composição Solar,
Malthe Sørensen, para dialogarmos. – Quando ele, finalizou, Jacqueline pegou uma pasta
com Jeong Jee-Hye e entregou para Antares:

- Confederado Antares, se for possível, entregue este documento à Secretária Geral. É uma
proposta de cessação da colaboração impositiva da SCO com as grandes corporações. Está
na hora de retirar esta obrigação do Estado e trabalharmos em conjunto para o bem da
Terra. – Todos olhavam para ela. – Tá, sei que parece incongruente, sendo eu dona de uma
dessas megacorporações, mas está na hora de mudar isso. – Antares pegou a pasta e
concordou, inclinando a cabeça para a frente. Após voltarem ao local em que haviam
pousado e cada um ocupar sua devida nave, S.E. e a satisphæra seguiram para Nova York.

Como antes, S.E. pousou em um aeroporto e Corr Sairy, ladeado pelos pequenos S.E. e
Galaxya, adentrou na satisphæra que partiu na direção do Edifício da SCO. Assim que
pousaram, viram um veículo que parecia esperar por eles. Quando a comporta da
satisphæra abriu, os homens tomaram um susto, foi aí que perceberam que a esfera estava
no modo de camuflagem:

30
GALAXYA II

- Quando você entrou estava no modo de camuflagem? – Marcelle questionou Corr Sairy e,
calmamente, ele respondeu:

- Sim. – Marcelle ficou consternada. Pum Riss, H-Glorr e T-Rass riram. K’thryn Swiss
colocou a mão sobre o rosto e Antares ficou inalterável, saindo pela comporta. – Você queria
que eu avisasse? Pra que, assim é mais emocionante. – E Corr Sairy sorriu. Então um dos
homens que esperavam disse:

- Confederado Antares, boa tarde. A Secretária Geral Malthe Sørensen o aguarda em seu
sobrado.

- Não a encontrarei em seu escritório? – Antares o questionou e o mesmo homem


respondeu:

- Tem vezes que a Secretária Geral prefere despachar da residência oficial. Estávamos
aguardando-o par levar até ela.

- E meus colegas? – Foi então que Corr Sairy se pronunciou:

- Vai nessa. Ficaremos por aqui mesmo. Temos a biblioteca e, sem bem me lembro (lógico,
isso faz milênios), tem um ótimo restaurante que serve práticos típicos. Vou leva-los até lá.

- Mas e Ortsac? – Questionou K’thryn. – Desculpa, Corr Sairy, mas se for para ele enfrentar
aquilo que falaste, prefiro ficarmos aqui.

- Então ficamos. – Corr Sairy pontuou. – Vai nessa, Antares, nós damos um jeito.

- Confederado Antares? Está pronto? – Perguntou outro dos homens que esperavam.
Antares então se voltou para eles:

- Logicamente. – Depois virou-se para seus companheiros no interior da esfera. – Em breve


retorno. – Antares saiu e entrou no veículo que esperava. Assim que eles se foram, foi a vez
de Ortsac falar:

- Não quero ser-lhes empecilho para explorarem as proximidades deste local.

- Não pense assim, Ortsac. – Disse Marcelle. – Estamos todos unidos. Não vamos permitir
nada lhe aconteça. E se for necessário, ficaremos todos juntos. – Corr Sairy preferiu não
falar nada, somente abanando a cabeça em concordância.

Foram horas de conversas triviais. Galaxya chegou a fazer um pedido em um restaurante


dali das proximidades, que foi entregue por um flutuador, sem contato humano. Além de
providenciar lentes para que K’thryn e Ortsac poderem vê-lo:

- Peço-lhes desculpas por isso. – Galaxya disse e, após colocarem as lentes, conseguiram ver
de onde vinha a voz:

- Como Marcelle disse? Pirata com dois papagaios nos ombros? – Implicou K’thryn ao ver
Galaxya e S.E. ladeando a cabeça de Corr Sairy, e todos riram.

Quando a tarde vinha chegando ao fim, o veículo em que Antares havia partido, aterrissou
próximo a satisphæra. De seu interior, além de Antares, saiu a Secretária Geral:

- Espero que não tenham ficado no interior deste globo. – Disse Malthe. – São um grupo
bem eclético. Sejam todos muito bem-vindos!

- Conversei com a Secretária Geral Malthe Sørensen da Terra e, seguindo a ideia de


aproveitar o que temos no Galaxya, ofereci a oportunidade de ter seus representantes

31
Andre luz

treinados por nós. Como temos uma excelente polemistís dharkyensi, além dos seus
talentos como estrategista, Corr Sairy, eles teriam os melhores para isso. Além de aprender
o suficiente sobre tudo com a uthisha Pum Riss de Phællans. O que acham? – Todos se
entreolharam, mas foi Pum Riss que falou:

- Bem, a proposta era abrir o Galaxya para que planetas-membros visitassem o Galaxya e
ter conhecimento da tecnologia que ele tem disponível, mas como tivemos Jacqueline entre
nós, acredito que falo por todos quando digo que não é um problema. Mas devemos mantê-
los em um ambiente separado. Não acho correto mantê-los no mesmo ambiente que nós,
pois serão visitantes. – Saindo de sua camuflagem, Galaxya surgiu sobre o ombro de Corr
Sairy, falando:

- É um prazer conhece-la, Secretária Geral Malthe Sørensen. Falando por mim, a proposta
era que a Secretária Geral e alguns membros da Ordem da Composição Solar viessem
conhecer meu interior e, caso se interessassem por algo, forneceríamos com extremo prazer.
Mas a proposta do Confederado Antares também é deveras interessante. Sendo assim, me
disponibilizo de ambiente para treinamento de representantes da Terra e, acredito eu, que
Pum Riss será uma grande instrutora com inúmeras possibilidades. – Pum Riss sentiu o
peso da responsabilidade:

- Olha, eu agradeço a confiança, mas não sei se posso dar conta de algo assim...

- ‘Cê tá brincando? Você é a uthisha, isazi-mlando e umtapo wolwazi de Phællans. Se não


fosse tão nova, teria sido escolhida como a Confederada de Phællans. Por vezes, Pan Rrar
disse isso. Você é mais do que capaz, Pum Riss. – Motivou Corr Sairy.

- E eu sempre estarei ao seu lado para ajudá-la no que precisar. – Disse Marcelle, beijando-
a.

- E o mais interessante é que temos um especialista em naves, Ortsac Searamiug. –


Completou Corr Sairy. – Ele também poderá ajudar, com certeza. – Todos olharam
surpresos para Corr Sairy, mas a Secretária Geral, que não entendeu a surpresa dos
demais, disse:

- Estou estarrecida como vocês trabalham em união e parecem ser tão diferentes. – Disse
Malthe, daí se voltou para H-Glorr e T-Rass. – Vocês são agufalgavianos?

- Sim, Secretária Geral Malthe Sørensen. Sou H-Glorr das Asas Negras, liberi de H-Kok e H-
Lik, Magnanimus de Agufalgav e esta é minha uxorem, T-Rass das Asas Mescladas. Mas
acredito que o momento é apropriado para dizer-lhes que não retornaremos ao Galaxya. –
Todos, com exceção de Corr Sairy e Antares, lamentaram. Marcelle, percebendo, chamou a
atenção do seu pai:

- Corr Sairy, por que isso não lhe entristece? – Ele então respondeu, calmamente:

- Porque ele ficará com a irmã, o sobrinho e a sobrinha e, sinceramente, mesmo tendo um
espaço útil maravilhoso para H-Glorr exercitar suas habilidades com as novas asas, nunca
será semelhante ele ter o espaço que ganhará com o Ninho.

- Então ficará no Ninho dos Guerreiros Alados? – Questionou Malthe. – O Major Skill
Hawkesley é uma pessoa maravilhosa e a esposa dele... espere um momento? Ela é sua
irmã que o Coronel...

- Na verdade, meu nome é Corr Sairy, Secretária Geral. – Corrigiu Corr Sairy. – Crisyen me
aceitou como um deles.

- Que pensa, Corr Sairy. – Disse Malthe, decepcionada. – Pesquisei sobre seus feitos
(pesquisa difícil!) e descobri o que conquistou e o que fez pela Terra. E é amigo do Major
Skill Hawkesley.

32
GALAXYA II

- Sim, isso ainda se mantém. Agora sou padrinhos de seus filhos, M-Kara e M-Karo.

- Sim, ainda tenho que visita-los. Será um prazer vê-los lá, H-Glorr de Asas Negras e T-Rass
de Asas Mescladas. – Disse Malthe, depois se voltou a Antares. – Confederado Antares,
estudarei a proposta da senhorita Dévero. Ela tem razão quanto ao que lhe disse, durantes
muito tempo a SCO tem uma dependência enorme das grandes corporações e, por causa
disso, não podemos cobrar o que deveríamos delas. A proposta, vindo de uma dessas
grandes corporações, fará com que os demais secretários apoiem. Muito obrigada. – Então
se voltou a todos. – Foi um prazer enorme conhecer a todos e, se me permitem uma
proposta, gostaria que somente dois dos nossos fossem para serem treinados no Galaxya.
Como bem sabem, tanto a Corporações Dévero quanto a Piel-Green Empreendimentos
investiram no projeto dos Drs. Ross e Azevedo e da Dra. Croisman, gostaria de que fossem a
Capitã Gene Sisrac e o Capitão Ross Croisman Azevedo, as pessoas que poderão participar
deste treinamento. – Corr Sairy não conseguiu esconder o asco na pronuncia do nome de
Ross. – Eu disse algo de ruim, Corr Sairy? – E foi Antares que interveio:

- Creio que seja a pronuncia do nome do Capitão Ross Croisman Azevedo, Secretária Geral
Malthe Sørensen. – Malthe ia falar, mas Antares continuou. – Mas acredito que são escolhas
óbvias. Somente, acredito que não devamos incluir o Primeiro-Tenente Seth Ámoneth, pela
obviedade.

- Sim, fiquei ciente sobre suas suspeitas. – Disse Malthe. – Investigaremos a partir do
Conselho de Segurança da SCO. Bem, me despeço de todos vocês. – Voltou-se para H-Glorr
e T-Rass. – Será um prazer ter mais representantes de Agufalgav em nosso planeta. Sintam-
se bem-vindos! – E voltou para o veículo que a esperava, deixando-os sozinhos.

Todos embarcaram na satisphæra e retornaram ao aeroporto. Ao pousarem, Corr Sairy


disse:

- E os levo até o Ninho. Por mais que vocês tenham um senso de direção fantástico, quero
me despedir de todos lá. – Se voltou para os outros no interior da satisphæra. – Se
desejarem, podem voltar para o Galaxya. – Percebeu que Antares ia falar algo. – Pode deixar,
Antares, respeitarei a patrulha dos Cavaleiros Sombrios. Não usaremos a camuflagem. –
Depois de beijar a fronte de Marcelle, Corr Sairy, H-Glorr e T-Rass embarcaram em S.E.,
com destino ao Ninho.

Após deixar H-Glorr e T-Rass e se despedir de seus afilhados e todos os membros dos
Guerreiros Alados, Corr Sairy em direção ao espaço, mas antes de dar o salto hiperespacial,
S.E. detectou um objeto flutuando nas proximidades da Lua:

- Nunca vi algo parecido. – Disse S.E., atiçando a curiosidade de Corr Sairy:

- O que foi?

- Um objeto flutuando na órbita da Lua. – E S.E. projetou em seu interior. – O mais


interessante, irrastreável. Se eu não tivesse visto não teria detectado. – Corr Sairy estava
espantado:

- Tem vida no interior?

- Não consigo detectar, como eu disse irrastreável. Nem consigo escaneá-lo.

- Se trouxer até o meu interior, talvez descubramos o que é e quem é? – Disse Galaxya sobre
o ombro de Corr Sairy. – Aparentemente reconheço o formato ovalado. Funciona como as
cápsulas hibernarias, mas faz tempo que não vejo uma dessas.

- De onde vêm essas cápsulas? – Corr Sairy perguntou.

33
Andre luz

- Na verdade se chamam philisi e são dos dommæns. Quando não constroem arcas, os
dommæns as usam para viajar. São controladas mentalmente por eles. Por isso são
diferentes de suas cápsulas hibernarias, compreendeu? E, por motivos óbvios, indetectáveis.
– Explicou Galaxya.

- Se levarmos até você, poderá ver se tem vida no interior? – Questionou Corr Sairy.

- Acho melhor se adiantar, pois em breve o sistema de proteção da Terra vai se questionar
os motivos de você não ter dado o salto e estar tão próximo da Lua. – Galaxya disse, então
Corr Sairy tirou seu casaco e pegou o capacete:

- Vou pessoalmente, S.E. Não quero trazer problemas maiores. – S.E. então abriu uma
comporta no seu piso:

- Não esqueça as botas planares. – Corr Sairy as pegou e calçou. Colocou os braceletes e os
pressionou, fazendo surgir seu traje de contenção. Quando colocou o capacete e, assim que
se conectaram, S.E. abriu a comporta lateral:

- “Cuidado lá fora, filhinho. Podem ter homens maus”. – Brincou S.E.

- “Pode deixar, mamãe!” – E saltou para fora controlando os jatos planares que o guiou na
direção do objeto ovalado que se mesclava com à noite:

- “Interessante que não tem uma camuflagem”. – Corr Sairy disse e recebeu a resposta de
Galaxya:

- “Não precisa, como a philisi pode se mesclar com o ambiente, tendo um efeito espelho,
somente o sistema anti-detecção é o suficiente. Se alguém se aproximasse, acharia que é
uma anomalia e, possivelmente, ignoraria. Acredito que os visores alterados de S.E.
possibilitaram enxergar diferente. Agradeça aos seus amigos dommæns por isso”.

- “Agradeceria se você me permitisse entrar em contato com eles dizendo que o encontrei”. –
Corr Sairy respondeu e assim que tocou na philisi, um fluxo elétrico atravessou seu corpo,
fazendo-o gritar. – “Eu senti um choque. Como é possível?”

- “Como assim tomou um choque? Você está bem?” – Questionou S.E.

- “Sim, estou”. – E tocou novamente na philisi e não sentiu nada. – “Acho que foi estática do
uniforme. Tô empurrando”.

- “Corr Sairy, você deve estar de sacanagem, é impossível os trajes emitirem estática. Os
braceletes geram o traje e deveria permitir total proteção, ou seja, sem estática”. – Explicou
S.E.

- “Tá, depois tentamos entender isso. Tô entrando”. – Assim que Corr Sairy e a philisi
entraram em S.E., ele fechou a comporta. Corr Sairy então tirou o capacete olhou
novamente para a philisi, ou pelo menos tentou vê-la:

- Tem como mudar isso?

- Não. Como eu disse é do que a philisi é feita. – Não muito satisfeito com a resposta do
Galaxya, Corr Sairy seguiu para a frente do S.E., sentindo uma leve pontada na cabeça:

- O que aconteceu? – S.E. soou preocupado.

- Dor de cabeça, somente. Acho que tô precisando descansar sem gritos e sem galos
cantando. Vamos nessa. – S.E. então deu o salto hiperespacial em direção à Plutão, onde
diminuiu a velocidade. – Estabeleça contato, S.E. – Então a face de Ross apareceu na frente

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GALAXYA II

de Corr Sairy. – Capitão Azevedo, só passando para me despedir, mas acho que, em breve,
nos veremos novamente.

- Espero que não, Corr Sairy. – Ross disse, mas Corr Sairy somente sorriu e seguiu seu
caminho para o Galaxya.

Assim que S.E. pousou no hangar, Corr Sairy saiu de seu interior empurrando suavemente
a philisi, que ainda flutuava. Todos esperavam por ele, apreensivos:

- Galaxya nos disse que você encontrou um tipo de cápsula hibernária, uma philisi. –
Questionou Marcelle. – É isso?

- Sim. – Corr Sairy respondeu, tocando a testas com os dedos. – Agora temos de descobrir o
que tem no seu interior. – Preocupada, K’thryn se aproximou de Corr Sairy:

- Você está bem?

- Estou com uma leve dor de cabeça. Não sei como, mas assim que toquei essa philisi, uma
energia eletrostática correu meu corpo, daí começou a dor de cabeça. – Corr Sairy
esclareceu.

- Acho melhor irmos juntos para o Iatreío 25. – Disse K’thryn. – Lá examinaremos o interior
da philisi. – E todos foram na direção do tuboelevador. Assim que chegaram na ao centro de
emergência que K’thryn montou com a ajuda de Galaxya, Antares questionou Corr Sairy,
enquanto K’thryn o examinava:

- Eu não compreendo. Estes trajes não deveriam proteger os corpos de vocês?

- Acredite, Antares, nem eu entendi isso. – Corr Sairy respondeu. – O mais intrigante é que
se tocar agora na philisi, sem o traje, nada ocorre. Achei que pudesse ser alguma carga
eletrostática do traje, mas S.E. falou uma coisa certa, seria impossível, pois o traje se
constrói sobre nosso corpo, seria impossível guardar qualquer tipo de energia.

- Você chegou a calçar as botas com os jatos? – Questionou Pum Riss.

- Sim, - Corr Sairy prontamente respondeu – mas se fossem elas, a energia teria vindo do
dedo dos meus pés, o que também seria impossível, pois sempre uso meu traje sob o traje
de contenção.

- Seria impossível isso também emitir qualquer energia para você. – Disse Ortsac,
examinando a philisi. – Aparentemente o objeto é feito de um tipo de superfície fluída. Não é
exatamente metal, mas também não é nenhum líquido que eu conheça. Sem contar esta
capacidade refletiva. É impressionante.

K’thryn colocou dispositivos nas têmporas de Corr Sairy e uma projeção do interior de seu
crânio se colocou em frente a ela. Corr Sairy observou àquilo intrigado, bem como todos os
outros. Ao fim do exame, ela disse:

- Não tem nada aqui. O cérebro humano se assemelha muito com o dharkyensi, em vários
aspectos, e as condições são perfeitas. – Assim que tirou os dispositivos das têmporas de
Corr Sairy a projeção desapareceu. – Agora precisamos saber o que está dentro desta philisi.
Galaxya, pode nos ajudar. – Repentinamente, um raio x do interior da philisi foi projetado
sobre ela. – Parece uma forma humanoide no interior, deitada encolhida, abraçando as
pernas (acho que são pernas!). – K’thryn girou a projeção em sua direção. – Não tem uma
face formada. Parece estar em desenvolvimento. Dá para analisar que espécie é essa,
Galaxya?

25
Iatreío (Ιατρείο) = Clínica

35
Andre luz

- Não, K’thryn Swiss. – Galaxya respondeu. – A forma de vida e não identificável. Talvez,
como bem concluiu, devido à formação aparente, ela ainda não pode ser definida. Se não
estivesse assim, talvez eu pudesse até mesmo descobrir o que foi antes. – Todos observavam
a forma de vida projetada, sem entender o que era, quando Galaxya voltou a falar. – A
Secretária Geral da Terra, Malthe Sørensen, está procurando nos contactar e enviou uma
mensagem para um canal aberto. Estou centralizando.

- Eu falarei com a Secretária Geral da Terra, Malthe Sørensen, enquanto tentam descobrir o
que é esta forma de vida. – Disse Antares e saiu dali. Então K’thryn colocou:

- Vou continuar investigando quem é essa pessoa e de onde veio...

- Eu sei de onde veio. – Galaxya interrompeu. – Khyodor Nallekoh.

- Você tem certeza? – Corr Sairy franziu a testa, espantado.

- Como eu lhe disse, essas philisi são usadas por dommæns. Não existem muitos ainda,
com exceção de três que tenho notícias. Àqueles que Corr Sairy chama de Gêmeos, Blulb e
Glulg, e Khyodor Nallekoh...

- Por que nomes tão diferentes? – Marcelle questionou.

- Dommæns não têm nomes, Marcelle Menken. Então, quando eles se nomeiam, é veem
necessidade disso. Blulb e Glulg são nomes consequências de quem eles são, bem como
Khyodor Nallekoh. Este último nunca se dividiu, criou uma forma humanoide disforme e
decidiu vagar pelo universo, colecionando. Se este humanoide que Corr Sairy resgatou for
parte da coleção de Khyodor Nallekoh, ele virá atrás. - Aquilo deixou todos preocupados,
pois todos conheciam sobre o que Khyodor fazia e enquanto Galaxya contava-lhes mais de
Khyodor, Antares chegou e percebeu à apreensão no ar:

- O que está ocorrendo? – Antares questionou.

- Aparentemente temos um philisi de Khyodor Nallekoh. – Disse Pum Riss.

- Então devolveremos ao espaço, assim ele poderá adquiri-lo, novamente. – Antares colocou
e aquilo aborreceu Corr Sairy de forma nada natural:

- Você é um lunático? Estamos falando de uma forma de vida colocada em uma coleção para
o bel prazer de um monstro.

- Não vejo diferença do que Galaxya faz com o seu Habitat. – Pontuou Antares, aborrecendo
ainda mais Corr Sairy:

- Você não vê... Antares, qual é o seu problema? Você não vê diferença entre salvar formas
de vidas e colecionar formas de vidas? Que anormalidade é você? Nem os Gêmeos e nem o
Galaxya conseguem ter certeza do que é você! E agora quer se desfazer de uma vida. Quer
jogar uma vida no espaço para que o maldito do Khyodor a coloque de volta em sua coleção?
Sério, você precisa de tratamento sério. – E saiu, alterado, sem ninguém entender o que
ocorrera:

- Marcelle, acho melhor você ver o seu pai. – Disse Pum Riss para ela. – Ele não parece nada
bem. – Marcelle sacudiu a cabeça e saiu.

- Não nos desfaremos de nenhuma forma de vida em meu interior. Por mais que eu tema
Khyodor Nallekoh, não pretendo deixar que ele me intimide a tal ponto. Vou ver o que
consigo descobrir mais sobre essa philisi. Se possível, peço que K’thryn Swiss e Ortsac
Searamiug me ajudem. – Ambos concordaram, enquanto Antares e Pum Riss se retiraram
dali:

36
GALAXYA II

- Por que Corr Sairy se alterou daquela forma? – Antares questionou para a phællansi, que
ergueu os ombros e disse:

- Não tenho ideia, Confederado Antares, mas creio que você deveria se perguntar o que lhe
motiva a tomar decisões tão precipitadas.

- E que decisão precipitada eu tomei?

- Você se desfaria de uma vida, qualquer vida aqui, para entregar a Khyodor Nallekoh? –
Pum Riss respondeu o questionamento com outro.

- Logicamente que não, mas no caso da forma humanoide naquela philisi, ela não é uma de
nós. É simplesmente uma forma de vida que já pertencia a Khyodor Nallekoh. Então o mais
correto seria devolvê-la.

- Isto não tem cabimento, Confederado. Nenhuma forma de vida pertence a outra forma de
vida. Somos seres individuais, com direitos próprios. Quando fizeste a comparação de
Galaxya com Khyodor Nallekoh, terminou que aparentava difamar o que Galaxya faz. Salvar
formas de vida, como bem disse Corr Sairy, não significa coleciona-las. Tenho certeza que,
se fosse necessário e possível, Galaxya integraria as formas de vidas aos seus planetas de
origem. Pense bem. Senão por que permitira que fossemos e voltássemos ao nosso bel
prazer? Isso é liberdade, algo que Khyodor Nallekoh não dá as formas de vida que ele coloca
em sua coleção. Caso ainda não tenha entendido, coloquemos assim, o Confederado se
considera pertencente ao Confederado-mor Stahirr e aos confederados, Mas Htims, Dav
Annon, Bavan Sheys e Goliath Hitarr, pois eles o tinham encontrado? Se pensar que sua
vida pertence a eles, então por que está aqui? – Pum Riss finalizou e se dirigiu à Libri.

Momentos antes, Marcelle encontrava Corr Sairy na parte exterior do Galaxya, sentado ao
lado de S.E. observando o nada:

- Tudo bem com você? – Ela questionou, sentando ao seu lado.

- Tô, só perdi as estribeiras lá embaixo. Foi mal.

- Olha, eu entendo que Antares, às vezes, - Corr Sairy a olhou – está bem, sempre aborrece
com sua forma de agir, mas acho que muito tem a ver com o local onde ele ficou confinado.
O cara nunca teve contato com nada mais do que a Confederação Galaxial...

- Estrelinha. – Corr Sairy a interrompeu. – Nada justifica a forma de agir de Antares. Você
passou muito tempo distante de tudo e todos e, mesmo assim, não é como ele. Antares,
naquele jeitão taciturno, não parece se importar com nada ou com ninguém. Tá certo, ele
quis me salvar do exílio, mas logo depois demonstrou que queria me controlar, e conseguiu,
se tornando meu Guardião. Ele demonstrou interesse em ajudar Jackie, mas antes de
aceitar a ajuda de Ricardo, se desfez do rapaz facilmente. Essa insistência de incluir a
Confederação Galaxial em tudo que decidimos é outra coisa sem cabimento...

- Agora você tocou no ponto. – Foi a vez de Marcelle interrompê-lo. – Corr Sairy, pense bem.
A vida toda de Antares (tô pegando sua mania e nem o chamo mais de Confederado) – Corr
Sairy sorriu – ele passou embaixo dos olhos da Confederação Galaxial. As únicas pessoas
que lhe passavam comandos ou ordens foram os membros da Confederação Galaxial, mais
exatamente o Confederado-mor Stahirr. Acho que é o mais próximo que ele tem de uma
figura paterna. Sabe, desde que nos reencontramos, eu senti muita falta dos meus pais,
principalmente quando você me contava sobre eles. Sentia uma angústia de descobrir mais.
O que me fez ficar mais ligada a eles foi o tempo que passei no indlu yasezulwini de
Phællans ou aqui no Stellæ, até que fui ao Observatório na Terra e revi as imagens deles
projetada. Sabia que eu nem me lembrava dos rostos deles? Então, quando eu os vi, várias
boas memórias com meu pai voltaram. Ele sempre me falava de minha mãe e o quanto a
amava, como você fez ao falar dele para mim. Ele sempre me contava histórias ou me dava
livros para ler. Por vezes falou que queria muito me abraçar. Ele me mantinha naquela

37
Andre luz

caixa, pois temia que eu fosse muito vulnerável, por causa de minha mãe e seu câncer. Ele
sabia que eu me energizava e ficava mais saudável quando recebia energia do Sol, por isso
me mantinha no Solário. Daí conhecemos Vinicius e ele me contou mais e me mostrou mais.
Eles tinham muitas coisas de minha mãe, que sua tataravó guardou. Eu aprendi muito,
pois tive pessoas para me ensinarem muito. Já Antares, ele ainda está preso àquilo que
viveu na Confederação Galaxial e, convenhamos, tem muito tempo isso. Não parece, quando
consideramos em k-rarrs, mas sabemos que é muito tempo. Não sei como podemos (e se
podemos) mudar isso em Antares, mas acredito que temo de ter paciência. – Corr Sairy a
olhava de forma paternal, enquanto Marcelle falava e, assim que ela finalizou, ele disse:

- Quando você se tornou tão inteligente? – Corr Sairy tocou a parte de trás da cabeça dela e
beijou sua testa. – Você tem razão. Antares nunca conheceu outro ambiente que não fosse o
da Confederação Galaxial. Não sei o que ocorreu comigo, mesmo, mas acho que foi o
desencadeamento de todos os questionamentos dele, sem compreender tudo que lhe é
informado. Vou tentar ser mais paciente.

- Acredito que terá uma oportunidade agora. – Brilhou a esfera sobre o ombro de Corr Sairy.
– Ele está querendo ir até você. – Marcelle e Corr Sairy se levantaram:

- Deixa ele entrar. – Assim um tipo de portal se abriu ao lado de Marcelle e o enorme ser
rubro entrou:

- Marcelle Menken. Corr Sairy. – Antares disse. – Gostaria de poder dialogar convosco, Corr
Sairy.

Marcelle e Corr Sairy olharam para o enorme ser, então o crisyeno beijou, novamente, a
testa de sua filha e ela saiu por onde Antares entrou:

- Vamos entrar no S.E. – Corr Sairy propôs, pois sabia que Antares não sentaria sobre o
Galaxya, ficando de pé o tempo todo. Após entrarem, Corr Sairy sentou-se em sua poltrona
e olhou para o grande ser. – Sobre o que deseja falar?

- Por que ages de forma tão irascível comigo?

- Eu ajo de forma irascível? – Corr Sairy percebeu que estava se alterando novamente, então
respirou fundo e continuou. – Antares, você já percebeu que desde que chegamos aqui, até
mesmo antes, você constantemente demonstra ser a pessoa mais insensível e questionadora
entre todas as outras? Tivemos entre nós uma deusa que poderia ter sido pior do que você,
mas se mostrou mais sensível. Sem contar que, constantemente, você colocar em dúvida o
caráter dos outros. Tentou fazer contato com a Confederação assim que chegamos no
Galaxya, questionou qualquer decisão que eu levei ao grupo, colocou-se como meu
Guardião, sendo que você entrou no S.E., dizendo que não desejava me manter em exílio,
duvidou do caráter do jovem Ricardo Dévero, filho de Jackie. Sem consultar nenhum de
nós, decidiu dar o direito à Terra de ser o primeiro planeta a desfrutar do conhecimento do
Galaxya e, agora, acredita que a melhor forma de nos livrarmos de Khyodor Nallekoh é nos
livrarmos da forma humanoide. Isso é totalmente inaceitável, nem mesmo Galaxya aceita
isso. Sem contar que comparou Galaxya com Khyodor Nallekoh. Você pensa antes de falar
alguma coisa?

- Sempre penso. – Disse Antares. – Acredito que o devemos ter um raciocínio lógico e pouco
movido pelas emoções que permeiam entra vocês. Mas se desejas colocares todos os pontos.
És a pessoa mais enervante com quem já convivi. Me ludibriara com uma história
questionável sobre eu ser o cosmonauta terrano Julius Asimov. Desde o momento em que
fora capturado pela Umholi omkhulu Ja Kris de Phællans, me provocara, constantemente.
Manipulou as Leis da Confederação Galaxial, fazendo uso do vosso chip neural para
dialogar com S.E. Depois premeditaram um plano de fuga do exílio. Tem desrespeitado
minha autoridade como vosso Guardião e, mais recentemente, adentrou em um planeta-
membros da Confederação Galaxial sem a devida autorização para isso.

38
GALAXYA II

- Você é cansativamente correto demais. – Disse Corr Sairy. – Começamos que eu não pedi
para vocês me ajudarem. Vocês entraram no S.E. (incluo Aryannin e Kotharyn nessa), sem
nem serem convidados. Daí você me impõe uma Guarda que eu nem precisava...

- Sem ela, não teria como ir até o Baptismus Ceremonia dos liberi de H-Kik e do Major Skill
Hawkesley. – Antares colocou.

- Eu daria um jeito, pode acreditar. Poderia não participar do Certamina Cæremonialium (o


que não faria diferença nenhuma), mas veria meus afilhados, pelo menos. Você somente
demonstra tudo o que eu mais acredito, que não se deve confiar em ninguém. Sua intenção,
desde o começo, foi ter-me sob seu olhar. Você já tinha pensado em tudo desde que
embarcou no S.E., mas mesmo assim preferiu omitir. Sabe como sei disso? Pois eu já fiz
algo assim, muitas vezes e foi isso que me levou a isto. – Corr Sairy apontou para o tapa-
olho. – Entendo a curiosidade que tem, mas mesmo tendo ciência que a Confederação
Galaxial errou, ainda paga pau pra ela. Você é o maior capacho vivo que eu conheço,
Antares.

- Do que está falando?

- Você é submisso. Você não questiona as ações da Confederação Galaxial, simplesmente as


cumpre. Você sabe que a Confederação Galaxial estava errada quanto ao meu caso. Você
mesmo disse que foi manipulado. Você sabe que ela voltou atrás no caso do Confederado
Victor Cambasi, mas mesmo assim negociou minha Guarda com ela. Me pergunto se, em
algum momento, questionou se os renegados estavam certos ou não.

- Sabe que somente de questionar isso já seria considerada uma ação contra a
Confederação Galaxial? – Corr Sairy riu:

- Antares, abra os olhos. Perceba melhor as coisas a sua volta. Você é uma marionete
perfeita. Extremamente poderoso, podendo ser manipulado pela Confederação Galaxial, pois
acredita que o único raciocínio lógico é obedecer ao que o Confederado-mor Stahirr está
disposto a te ordenar. As únicas vezes que você conseguiu pensar por si mesmo, foi quando
decidiu me “salvar” – Corr Sairy gesticulou as aspas – e quando decidiu ajudar Jackie em
sua inocência. O que eu quero dizer com isso tudo? Você não está mais na Confederação
Galaxial, Antares. Apesar de ainda vestir este traje da Confederação, você tem de se
perguntar se ainda é Confederado. Você está entre pessoas que, apesar de terem nascidos
em planetas-membros, com exceções, são excluídos, párias (bem, pelo menos, eu sou). Se
for se importar com alguém, se importe com aqueles que estão à sua volta, pois quando
voltar à Confederação Galaxial, daí você poderá se tornar novamente uma marionete. Aqui,
você não será manipulado, não será ordenado a nada, mas tente compreender que todos
temos algo a mais. – Finalizou Corr Sairy. – Agora, acredito que devemos ir recepcionar a
Secretária Geral Malthe Sørensen e seus... representantes.

- Vim para lhe avisar isso, também. A Secretária Geral Malthe Sørensen da Terra,
infelizmente, não poderá vir, mas já avisou às Corporações Dévero e a Piel-Green
Empreendimentos e eles estão enviando o Capitão Ross Croisman Azevedo e a Capitã Gene
Sisrac. – Então os dois saíram do interior de S.E. – Quanto ao vosso pedido, tentarei ser
mais... empático e compreender as coisas, mas lhe peço mais serenidade com minhas
dúvidas, se for possível. – Corr Sairy sorriu:

- Estamos combinados, então. – E estendeu a mãos na direção de Antares. – Isso se chama


acordo de cavalheiros. – Antares então estendeu a mão e se cumprimentaram, entrando pelo
portal que Galaxya abriu para seu interior.

Momentos depois os seis estavam no hangar vendo duas naves pequenas pousarem e, dos
seus interiores, saíram Gene e Ross:

- Sejam bem-vindos, Capitã Gene Sisrac do Comando de Ação Defensiva e Estratégica Terra-
Espaço e Capitão Ross Croisman Azevedo da Força Terra-Espaço. – Disse Antares. – Vocês
passarão por um treinamento de preparação para seus grupos serem representantes da

39
Andre luz

Terra junto a Confederação Galaxial. Como devem ter ciência, a Terra é um dos únicos
planeta-membro que não possui um grupo de representantes acompanhando o Confederado
da Terra Victor Cambasi, pois é um planeta com muitos conflitos civis por causas diversas.
– Gene levantou o braço. – Sim, Capitã Gene Sisrac.

- Confederado Antares, os planetas Prismus e Maghnessy possuem representantes? Pois,


até onde temos conhecimento, eles possuem conflitos internos, também.

- Uma boa questão, Capitã Gene Sisrac, e a resposta é não. Atualmente Maghnessy está
sendo estudada para novamente ter representantes, pois o conflito interno se encerrou com
a morte do Maghnussy anterior. Já Prismus, mesmo podendo negociar, de forma restritiva,
com planetas-membros da Confederação Galaxial, não possui representantes, pois é o
planeta da Confederação Galaxial com um dos conflitos internos que mais perdura. Outro
planeta-membro que ainda não possui representantes é o planeta Krarrash II, mas isso por
ele ser um planeta novo na Confederação Galaxial. – Foi a vez de Ross levantar o braço. –
Sim, Capitão Ross Croisman Azevedo?

- E o que esses representantes fazem, exatamente? – Foi a vez de Corr Sairy falar, com uma
voz altiva:

- Respeite seu superior, Capitão Azevedo! Deve trata-lo de Confederado, Confederado


Antares ou de senhor, compreendeu? – Corr Sairy parecia intimidador e ninguém entendeu,
então ele falou pelo chip neural com seus companheiros. – “Estamos lidando com membros
das Forças Armadas da Terra, então devemos pedir respeito a patente e hierarquia de
comando. Azevedo nunca aprendeu nenhum dos dois, ao contrário de Gene. Acredito que
K’thryn e Ortsac entendam isso. E, talvez, um pouco, Pum Riss”. – Então voltou a falar com
Ross, de forma mais ameaçadora. – Entendeu, Capitão? – Ross quase cochichou. – Não ouvi,
soldado?

- Senhor, sim, senhor! – Ross falou mais alto e Corr Sairy deu um sorriso de lado:

- Agora sim, refaça vossa pergunta, Capitão! – E Ross refez a pergunta, acentuando o cargo
de Antares na Confederação Galaxial:

- Pois bem, Capitão Ross Croisman Azevedo, os representantes estão ligados diretamente ao
Confederado de seu planeta. Seus objetivos são de representar seus planetas na
Confederação Galaxial ou em outros planetas-membros. Esta representação vai desde
negociações de mercadorias até participação em conflitos, quando permitido pela
Confederação Galaxial, como ocorreu no caso da Guerra de Crisyen, que foi permitido a
participação de Dharkyens e teve a Chefdiplomat Sharan negociando um acordo de paz
entre ambos os conflitantes. Vale a lembrança que, neste período, Crisyen perdera o direito
de representantes, até o encerramento do conflito. Os representantes podem fazer uma
grande diferença em vários momentos, pois eles servem de conselheiros para o Confederado
de seu planeta. Dito isso, ambos receberão treinamentos de vários tipos, como estratégia,
pilotagem e tecnologia avançada (com supervisão do Galaxya) com Corr Sairy de Crisyen,
História da Confederação Galaxial e seus planetas-membros com Pum Riss de Phællans,
Diplomacia e compreensão das leis comigo, Confederado Antares de Mæsttra, mecânica
avançada e pilotagem com Ortsac Searamiug de Darkyan, Ciência da Cura e genética com
K’thryn Swiss de Dharkyenss e Mapeamento galáctico com Marcelle Menken...

- Do Galaxya. – Marcelle completou. – Sim, conversei com o Galaxya e agora sou uma
galaxyen. Os kinnonus já estão se chamando assim, de acordo com Galaxya.

- Então, como desejas, Marcelle Menken do Galaxya. – Ross levantou novamente o braço:

- Confederado Antares, eu não concordo em ser treinado pelo crisyeno Corr Sairy. Não
acredito que ele esteja apto a nos preparar em qualquer... – Corr Sairy partiu pra cima de
Ross novamente, de forma altiva:

40
GALAXYA II

- Quantos conflitos você já participou, Capitão Azevedo? Deixe-me responder, nenhum! Que
treinamento de pilotagem você teve, Capitão? Deixe-me responder, novamente, nenhum!
Quantas naves, aparelhos de camuflagem, sistemas de Inteligência Artificial, você construiu,
Capitão Azevedo? Novamente, nenhum! Então, quando tiver realizado qualquer um destes
feitos, poderá vir com fanfarrice, até lá, recomendo que sele seus lábios e não pragueje
imbecilidades. – Corr Sairy virou as costas para Ross e este decidiu provoca-lo:

- E que conflitou chegou a participar, Corr Sairy de Crisyen? – Corr Sairy virou, com um
sorriso diabólico no rosto:

- Eu fui o pilar do fim da Guerra de Crisyen. Eu fui a essência da Crise do sistema KellDesh.
Eu à fui o estrategista do encerramento do conflito de Maghnessy. Participei do Certamina
Sanguis de Agufalgav e sai vitorioso ao lado dos meus companheiros, bem como do
Certamina Cæremonialium, também em Agufalgav. Acho melhor colocar vosso rabinho entre
a pernas e ficar quieto, Capitão! – Corr Sairy virou novamente as costas para Ross e voltou
para o lado de Antares, que o observava:

- “Você se vangloriou dos seus feitos? Por quê?” – Antares questionou Corr Sairy:

- “Porque é assim que você lida com narizes em pé, com pessoas que se acham melhores do
que você, na Terra. Azevedo não questionará nenhum de vocês, pois ele não os conhece,
mas acha que sabe sobre mim, pois eu era um mero carregador na Terra, então foi
necessário pontuar o que fiz para ele se sentir inferior. Agora ele vai procurar minhas
realizações no Anima Mundi e questionar quem for necessário, até mesmo Skill”. – Corr
Sairy disse e quando Antares se voltou para eles percebeu o olhar perdido de Ross:

- Capitão Ross Croisman Azevedo, depois poderá consultar o que desejar no Anima Mundi. –
Gene o cutucou e ele voltou sua atenção a Antares. – Mais questionamentos. – Um silêncio
se fez. – Sem mais, adentrem no Tuboelevador que ele os levará aos seu andar e os
galaxyins mostrarão seus aposentos. – Ross e Gene foram para o Tuboelevador e subiram.
Assim que desapareceram, Marcelle e Pum Riss foram questionar Corr Sairy e ele respondeu
o mesmo que disse para Antares. Quando chegaram ao andar de seus quartos, Ross falou
com Gene:

- Fala sério, só porque ele realizou algumas coisas nos treinará?

- Ross, acho melhor deixar isso pra lá. Corr Sairy e os outros têm mais experiência do que
nós, no que quer que seja. – Disse Gene, mas Ross continuou:

- Gene, Scandian (ou como quer que ele se chame hoje) era um mero carregador de
suprimentos e pessoas, nada mais. Conseguiu o posto de coronel fazendo provas. Qualé!
Nós somos superiores a ele. Não somos obrigados a receber ordens ou orientação dele. Dos
outros, eu não sei, um bando de alien...

- Para com isso! – Gene o cortou. – Se você ficar com esse pré conceito formado pelas
pessoas que nos ensinarão, não aprenderá nada. Abra sua mente! Demonstre ter o intelecto
superior que nossos pais e nossa mãe nos deram

- Por isso mesmo que não vejo motivos para treinamento. Eu não fiquei que nem você,
submisso a instrutores de intelecto inferior. Ganhei minha patente por merecimento
próprio. Sou superior em agilidade, força e inteligência. Tô vendo que quem vai terminar
ensinando alguma coisa aqui vou ser eu a eles e não ao contrário. – Gene ficou reparando
na prepotência de Ross e entrou em seu alojamento. Quando o galaxyin lhe disse que
deveria moldar o local com bem desejasse, Gene pensou nos alojamentos que ficava
enquanto estava nas Forças Armadas da Terra:

- Suas bagagens foram transportadas. – Ela abriu o baú em frente à sua cama, e lá estavam
suas roupas e, ao abrir o armário ao lado de sua cama, estavam as roupas pendurada:

41
Andre luz

- Obrigada. – E se deitou esperando o momento que os treinamentos começariam.

42
GALAXYA II

XII
No hangar, Corr Sairy ainda conversava com seus companheiros:

- Entendam, Azevedo é presunçoso, ele se acha melhor do que qualquer um de nós e agirá
assim, então – se virou para K’thryn – não pedindo que deixe vidas nas mãos dele, mas
quando ele agir de forma prepotente, façam se sentir inferiores a vocês.

- E por que devemos fazer isso? – Questionou Antares, mas foi K’thryn que respondeu:

- Para que ele perceba que nada é fácil. Em todo treinamento das polemistés dharkyensis,
se uma se gabasse por estar se saindo melhor do que as outras, tinha de ser submetida a
melhor que, geralmente, era a Mitir Archistrátigos...

- K’rynn me contou uma história desse tipo. – Corr Sairy a interrompeu e K’thryn sorriu,
constrangida, mas continuou:

- Então. E mesmo assim ela falava que ela não era superior a polemistí por tê-la vencido,
pois a Mitir era superior a ela e, antes da Mitir, outra foi superior. A superioridade não é
determinada por saber mais, mas por se dedicar a aprender cada dia mais. Ou seja, todos
devem ser tratados como iguais, independentemente de você saber mais ou não que o outro.
E a melhor forma de ensinar o outro a ser humilde, é humilhando-o um pouco. – Naquele
instante, Galaxya falou com eles:

- Kotharyn acabou de entrar em contato conosco. Aparentemente um conflito se instaurou


em Krarrash II e ele pede pela nossa ajuda. – Antares se prontificou:

- Falarei com ele. – E se retirou para o Tuboelevador, sendo seguido pelos outros, com
exceção de Ortsac:

- Preciso ver como está nossa (ou nosso) paciente! – Exclamou K’thryn.

- Lhe farei companhia. – Corr Sairy pontuou.

- Precisamos preparar nossos materiais para nossos alunos. – Disseram Marcelle e Pum
Riss quase em uníssono.

- Ficarei aqui, quero conhecer mais dessas espaçonaves terranas. Prometo que não moverei
nada do lugar. Acredito que Galaxya poderá me providenciar um scanner de cada uma. –
Disse, percebendo que K’thryn e Corr Sairy olharam para ele, preocupados. – Corr Sairy, me
permite fazer o mesmo com S.E. – Corr Sairy, na porta do Tuboelevador parecia apreensivo,
mas disse:

- Peça ao S.E. – E subiu, olhando para o darkyani que se aproximava de seu amigo:

- Seria um problema para você, S.E.? – Então o diminuto S.E. saiu de seu interior, falando:

- Antes quero ver como você fará com as demais naves, daí penso se vou deixar. – Ortsac
esboçou um sorriso em sua face reptiliana.

No Iatreío, Corr Sairy acariciava a philisi como se passasse a mão sobre a cabeça de alguém
querido:

- O que você está fazendo? – K’thryn reparou e Corr Sairy respondeu:

- Acariciando o bebê!

43
Andre luz

- Isso é mais uma daquelas coisas sem sentido que terranos dizem? – K’thryn estava
espantada e sorrindo, mas Corr Sairy continuou:

- Vocês, dharkyensis são criadas em tubos fertilizados. Existe todo um processo genético
para a geração de vocês, então não têm ideia de que, quando um feto está sendo gerado no
interior de outro ser vivo, é legal acaricia-lo, conversar com ele, fazê-lo sem bem quisto.

- Sim, eu sei disso. – K’thryn respondeu, prontamente. – Podemos não gerar nossas irmãs
em nosso interior, mas sabemos que, para se sentirem bem recepcionadas, o ideal e fazê-las
se sentirem assim. Então, a mitéra, constantemente, visita sua plátto e dialoga com ela,
fazendo-a se sentir bem vinda. Como bem disse, infelizmente, não temos como acaricia-los,
mas sei destes costumes com aqueles que geram seres em seu interior, com exceções
distintas, como as darkyanis. Nenhum sinal de afeto ou carinho como vossos soretsóp.
Nenhum onretap, anretam, ou mesmo, onretarf ou anretarf pode demonstrar afeição...

- Imagina o que o seu storgí passou. Dá até para sentir uma empatia por ele. – K’thryn
olhou com seriedade para Corr Sairy. – Não me olhe assim, K’thryn. Eu aceitar ele aqui é
uma coisa, mas ainda desconfio de um darkyani quando vejo um. Tudo bem, o que ele fez
foi para honrar o irmão, então passou de ocinâcem para osocileb. Te salvou e garantiu seu
retorno para seu planeta, mas ainda é um darkyani.

- Era sobre isso que eu queria conversar contigo e nunca conseguimos desde que chegamos
aqui. Corr Sairy, eu não quero que você goste dele ou aceitei-o entre aqueles que você
confia...

- E eu confio em alguém? – Corr Sairy a interrompeu e, ainda séria K’thryn disse:

- Não sejas idiota! Você confia em Marcelle Menken, bem como em Pum Riss. Também
confias no Galaxya e em S.E. Este é vosso círculo de confiança. Não quero que inclua Ortsac
nele, nem nada semelhante, somente que aceite o que somos um para o outro.

- Mas isso eu já aceitei (como se dependesse de mim aceitar ou não!)

- Mas depende. Estamos aqui, pois minha mitéra, minha adelfí, minha Ypérochi Mitir K’roll
Swiss requiriu a ti que nos aceitassem no Galaxya. Sem contar que, por inaptidão de
conhecimento, julguei o que viveste com minha aderfí aímatos, K’rynn Swiss.

- Acredito que o que rolou entre mim e sua aderfí aímatos não se compara ao que você e
Ortsac vivenciam. Talvez o que K’rynn vivenciou com Stahokk se assemelhe. – K’thryn
fechou a cara. – E é neste julgamento que deve ponderar. – Sem nada dizer, K’thryn se
aproximou da philisi e, após clicar em alguns botões, uma projeção em 3D do interior se
sobressaiu:

- A figura humanoide ainda está formando e já tenho como identificar a sexualidade. É


fêmea. – K’thryn ampliou a face. – Consegue identificar alguém, Corr Sairy?

- Por que me pergunta isso?

- Porque toda a atenção que tem dado a esta philisi, mais a dor de cabeça e a energia
eletrostática que sentiu, acredito que a figura criou uma ligação contigo. – Corr Sairy
pensou naquilo e olhou atentamente para o rosto, mas balançou em negação:

- Não reconheço ninguém ainda. – Então K’thryn cessou a projeção, quando Galaxya os
chamou:

- Antares está chamando a todos na sala de reunião. – E ambos saíram do Iatreío na direção
do local onde se reuniam.

Todos chegaram e se ajeitaram nas cadeiras, então Marcelle questionou:

44
GALAXYA II

- Azevedo e Gene não foram chamados?

- Eles não são membros do nosso grupo, Marcelle Menken. Diferente de Jacqueline Dévero
que participou ativamente do nosso convívio, eles estão aqui somente para treinamento. –
Antares respondeu, e continuou. – Seguindo, conversei com Görkemli Kotharyn de Krarrash
II e ele requer nossa ajuda. Como já citado por Galaxya, Krarrash II entrara em conflito. Um
grupo de rebeldes que usurpar o título de Kotharyn e, mais recentemente, sequestraram o
akraba deste, Kyrharin...

- Peraí, deixe-me ver se entendi. – Corr Sairy interrompeu. – Um grupo de rebeldes pretende
tirar o título de Görkemli de Kotharyn? – Antares curvou a cabeça, afirmando. – E
sequestraram o akraba, o irmão de Kotharyn, Kyrharin? – Novamente, Antares curvou a
cabeça, confirmando. – E quem eles pretendem colocar como Görkemli? Já que seguem uma
tradição tão antiga e mantém aquele Conclave?

- Kotharyn não deu detalhes sobre isso, mas o que presume? – Foi a vez de Antares argui-lo.

- Não presumo nada, somente quero entender a situação. – Corr Sairy falou.

- Sendo assim, acredito constatar como certo que auxiliaremos o Görkemli Kotharyn? –
Todos fizeram um silêncio que foi interrompido por Marcelle:

- Não sei, Antares, isso não feriria alguma das Leis da Confederação Galaxial, já que
Krarrash II é um planeta-membro? – Todos olharam para antares aguardando a resposta,
que veio de imediato:

- Não mesmo, Marcelle Menken. Como bem sabem, eu ainda sou um Confederado na
Confederação Galaxial, então... – Antares não conseguiu concluir, sendo interrompido pelo
Galaxya:

- Sinto interromper esta reunião de vocês, mas estamos com um gigantesco problema. – E,
de repente, uma projeção surgiu diante de todos. – Ele está projetando para todos os
andares, então os galaxyens e nossos convidados estão recebendo, também. – A projeção era
de um humanoide disforme, com uma cabeça diminuta rósea, olhos esbugalhados, com o
corpo coberto por um tipo de bata cerimonial de coloração alaranjada com cinza, que não
permitia saber se o ser andava, rastejava ou flutuava. Então disse:

- Eu (nós), Khyodor Nallekoh, exijo (exigimos) que devolva o que é meu (nosso). O que está
eu seu poder não lhe pertence, é meu (nosso)! Devolva agora ou arrancarei (arrancaremos)
de você. Me (nos) devolva o que é meu (nosso)!

- Como ele conseguiu isso? – Questionou Pum Riss, preocupada.

- O izinyanya dele foi um dos que me criaram, então ele consegue usar os ycons ou mesmo
os galaxyins ao seu favor.

- Podemos responde-lo daqui? – Questionou Ortsac. – Ou termo de ir ao ambiente de


comunicação...

- Collocutio. – Marcelle colocou e Corr Sairy a encarou. – Que estou dizendo, não é momento
para isso.

- Na verdade, ele já está os escutando. – Pontuou Galaxya, deixando todos abalados, com
exceção de Antares que se pronunciou:

- Lembras de mim, Khyodor Nallekoh. – Então ouviram Khyodor pronunciar.

- Ububi! – Então Galaxya disse:

45
Andre luz

- Ele concentrou a comunicação aqui. Continue Confederado Antares. – E foi o que o ser
rubro fez:

- Nomeaste-me assim, pois temera por si mesmo. Neste instante demando que desista do
que desejas. A não ser que queira afrontar-me, atinando que tuas chances de me vencer são
ínfimas.

- Não mais lhe considero ameaça a mim (nós). Fortifiquei minha (nossa) Iinqanawa. – Disse
Khyodor.

- Então estás a desafiar o Confederado-guerreiro da Confederação Galaxial. O ser que


comanda a Confederação contra todos seus inimigos. – Todos ficaram abismados com as
palavras ditas. – Tens certeza que deseja isso? – De repente Antares começou a brilhar
intensamente. Se brilho avermelhado emanava um forte calor, mas não o suficiente para
causar danos aos presentes. Mesmo assim, Galaxya ergueu uma barreira transparente
entre os outros e Antares, que desafiava a projeção de Khyodor:

- Pode intensificar a energia, Antares. Os outros estão protegidos. – Disse Galaxya e foi o
que Antares fez. Todos abaixaram a cabeça, com exceção de Marcelle, que parecia se nutrir
daquela energia:

- Irei até vós e veremos se vossa Inqanawa está mesmo preparada para enfrentar minha
energia. – Nisso, Corr Sairy teve um flash:

- K’thryn, a humanoide está sendo mantida por algum sistema de suporte da philisi?

- Acredito que sim, por quê? – K’thryn questionou, nervosa.

- Galaxya, você possui alguma philisi ou algo parecido? – Corr Sairy fez a pergunta
direcionada ao tecnoplaneta, que respondeu:

- Tenho a estrutura, mas sem os aparatos tecnológicos. O que deseja fazer?

- Quero transferir todo o sistema tecnológico, com exceção do sistema de suporte, para a
carcaça da philisi que você possui e dispará-la em Portal Hiperespacial em outra galáxia, se
possível. Acha que consegue? – Galaxya não demorou muito e respondeu Corr Sairy:

- Já o fiz. E sim, como o rastreamento deve estar direcionado ao sistema de navegação, é


possível que Khyodor parta daqui para o mais distante possível, assim que eu abrir um
Portal Hiperespacial para outra galáxia, que somente eu saberei onde é.

- Então faça, agora! – Não demorou muito e a projeção de Khyodor desapareceu da sala de
reuniões. Todos tiveram de esperar um pouco para entrar em contato com Antares que,
ainda em isolamento, questionou:

- O que ocorreu? Ele se intimidara?

- Se sentiu intimidado? Com certeza. – Disse Corr Sairy. – Mas não acredito que teria
desistido. Pelo jeito, o que tem dentro daquela philisi deve ser muito importante para ele, a
ponto de te desafiar a ataca-lo.

- Então, antes que você saísse e destruísse totalmente a Ityeya, Corr Sairy criou uma isca. –
Disse K’thryn.

- Eu não criei nada. – Corr Sairy disse, injuriado. – Eu somente conceituei. Quem criou foi
Galaxya, pois você disse que era possível manter somente o sistema de suporte de vida da
philisi para a humanoide sobreviver. Com isso, Galaxya usou uma carcaça de uma philisi e
transferiu todo o sistema tecnológico pro seu interior, com exceção do suporte de vida. Abriu

46
GALAXYA II

um Portal Hiperespacial para outra galáxia. Acho que, com isso, Galaxya poderá criar algo
que ludibrie Khyodor e ele nunca mais te incomode. – Corr Sairy falou, aguardando o
tecnoplaneta falar, e foi logo agraciado com isso:

- Sinceramente, nunca pensei nisso, pois afastá-lo, afastaria os outros dommæns, também,
caso desejassem retornar. Mas, aparentemente, somente os seus amigos Gêmeos, Blulb e
Glulg, e Khyodor Nallekoh têm interesse em mim. Ou não existem outros ou simplesmente
estão desinteressados. Com isso, posso criar um sistema de bloqueio de rastreamento. Mas
devo lhe dizer que minha parte que o acompanha perderá a funcionalidade.

- Tenho certeza que você logo pensará em algo. – Corr Sairy apaziguou. – Agora, creio que
devamos ir para Krarrash II, pois, de acordo com Antares, não tem problema nenhum.

- Já estamos a caminho. – Disse Galaxya. Todos então se retiraram da sala de reuniões,


com exceção de Corr Sairy:

- Vou esperar as coisas esfriarem do outro lado. – Disse para Marcelle e Pum Riss. Quando
ambas se retiraram, se virou para Antares. – Perdeu as estribeiras de vez?

- Por que fala isso? – Antares questionou.

- Por quê? Você lembra o que disse? “O ser que comanda a Confederação contra todos seus
inimigos”? Antares, se isso chegar a Confederação Galaxial. Você assumiu que comanda a
Confederação Galaxial, quando no Artigo 1 diz, claramente, “A Confederação Galaxial será
comandada por um Confederado-mor”. O que você fez foi ferir o primeiro artigo das Leis que
você mais venera.

- Era o momento de me preocupar com aqueles à minha volta, como você bem disse. A
forma humanoide vem ganhando uma vida, até mesmo tem sexo, aparentemente. Sem
contar que, tu demonstrar ter uma ligação com ela, muito próxima...

- K’thryn lhe disse isso?

- Não. K’thryn Swiss não me disse nada que eu não percebera em ti. No momento em que
alteraste vossa vocalização comigo, quando falei em nos livrarmos da philisi onde estava a
humanoide, seu tom irritado era de proteção, como ages quando está com Marcelle Menken
que, mesmo não sendo vossa filha natural, protege como fosse.

- Filha não precisa ser do mesmo sangue...

- Pode ser criado por vós e ter tido o carinho e a proteção adequada para serdes filha. –
Antares completou o que Corr Sairy queria falar, e continuou. – Acho que é assim que vejo a
Confederação...

- Como seu pai? – Corr Sairy questionou, intrigado.

- Não, mas como minha família. Desde que fui descoberto naquele meteoro no sistema
estelar que me dá nome. Tudo que sempre tive contato foi a Confederação...

- Radioatividade dissipada. Está totalmente seguro para sair, Antares. – Disse Galaxya,
levantando o campo transparente. – Ou você entrar, Corr Sairy.

- Fico deveras agradecido, Galaxya. – Antares agradeceu e continuou sua explicação. –


Então, a Confederação Galaxial me serve de lar desde seus princípios. Servi a vários
confederados-mores. O Confederado-mor Stahirr é o mais duradouro de todos. São cinco
mandatos consecutivos e eu sempre acreditei que ele fez com que mantivesse isso. Mas
depois do que testemunhei, fiquei receoso com aquilo. Não entendas que duvido da índole
do Confederado-mor Stahirr, Corr Sairy, mas acredito que, de alguma forma, ele foi
manipulado. Não sei como, mas o ocorreu. – Corr Sairy preferiu permanecer quieto e ouvir.

47
Andre luz

– Quando me disseste para eu perceber que não estava mais na Confederação Galaxial, mas
com pessoas que, em boa parte, são exilados, notei que eu era assim na Confederação
Galaxial, também. Galaxya ainda confirma que nunca tive um planeta no sistema Antares
(não que eu acredite em vossa teoria), o que me torna ainda mais um marginal, um pária.
Não desejo que a humanoide se sinta assim, também.

- Se depender de mim e, creio eu, de todos, a Confederação Galaxial nunca saberá o que
ocorreu. – Disse Corr Sairy.

- Sou deveras grato por isso, Corr Sairy. – Disse Antares e ambos saíram da sala de
reuniões.

Instantes depois, a enorme estrela laranja aparecia diante do espaço de Pum Riss e
Marcelle, energizando-a:

- Quando Antares enfrentou Khyodor Nallekoh, pude sentir a energia dele fluindo pelo meu
corpo. – Disse Marcelle a sua companheira, ainda deitada. – Foi como se uma estrela
estivesse naquele local. Ainda bem que o sistema K-Rarr permite que Galaxya chegue tão
próximo dele. No Sol, mal conseguia senti-lo, a não ser quando estávamos na Terra. –
Marcelle olhou para Pum Riss, que a observava sorrindo, e ela sorriu de volta. – Desculpa,
Rissie, estou empolgada demais de rever todos em Phællans. – Foi na direção da cama, se
curvou e beijou Pum Riss, que falou:

- Mas acho que não vamos para Phællans antes. Não é, Galaxya?

- Exatamente, Pum Riss e Marcelle Menken. Acabei de abrir um contato com Görkemli
Kotharyn em Krarrash. Corr Sairy está falando com ele neste instante. Desejam comer algo
antes, totalmente produzido pelo galaxyens.

- Nossa, - Marcelle ficou espantada – eles já estão produzindo seus próprios alimentos?

- Em tecnologia espacial, os kinnonus (agora galaxyens) não eram muito avançados, mas em
semeadura e desenvolvimento de animais de forma (como se diria na Terra) orgânica, eles
eram os melhores. A Isayensi Yezemvelo (em palavras mais próximas do idioma Ka Thun, de
Phællans) deles se compara, ou talvez seja até mais avançada, que dos volosis. – Galaxya
deu uma pausa e retornou. – Corr Sairy chama a todos ao Locus. – Pum Riss olhou para
Marcelle:

- Você já deu nome? – Marcelle riu:

- Ah, tudo merece um nome para ganhar vida. Veja as estrelas, o que seriam delas se
fossem somente número ou chamadas de estrelas? O nome dá personalidade ao ambiente. –
Ela gesticulou, abrindo os braços e Pum Riss a puxou pela cintura e começou a fazer
cócegas. Em meio as gargalhadas, ela conseguiu dizer: - Para, precisamos ir. Os outros
esperam por nós. – E Pum Riss lhe beijou ardentemente.

Atrasadas (Corr Sairy olhou-a de forma insinuante), Pum Riss e Marcelle adentraram no
Locus e repararam que Gene e Ross estavam ali:

- Obrigado por se juntarem a nós. – Corr Sairy implicou. – Bem, como repararam chamei a
Capitã Gene Sisrac e o Capitão...

- Por que sempre a menciona antes de mim? – Ross o interrompeu. Corr Sairy não gostou:

- Capitão Azevedo, somente se dirija a minha pessoa quando lhe for pedido nesta reunião.
Se não deseja participar dela, faça-nos um grande favor e se retire. Se novamente me
interromper, serei obrigado a requerer ao Galaxya que o transfira de volta ao seu
alojamento. Estamos entendidos? – Todos somente observaram a bronca e Ross
simplesmente disse:

48
GALAXYA II

- Senhor, sim, senhor!

- Como eu dizia, a Capitã – Corr Sairy enfatizou – Gene Sisrac e o Capitão Ross Croisman
Azevedo participarão desta reunião, pois eles irão conosco até Krarrash II. Conversei com
Kotharyn e ele me disse que descobriram o local onde o irmão dele, ou melhor, o akraba
dele está localizado, mas aparenta ser fortemente protegido e eles estão com dificuldade de
invadir, então iremos auxiliá-los nisso, em libertar o irmão dele, evitando o mínimo de
perdas. Como muitos sabem abomino armas, mas pedi para que Galaxya criar geradores de
campos de êxtase portáteis. Assim as perdas devem cair em zero porcento. Capturaremos –
Ross levantou o braço e Corr Sairy ignorou – os krarrashins e deixaremos com o Görkemli e
seu Conclave decidir o destino deles. O que quer agora, Capitão Azevedo?

- Usaremos geradores de campos de êxtase, enquanto eles usam armas que podem nos
ferir? É essa sua proposta de um combate? – Ross questionou de forma arrogante, então foi
a vez de Antares intervir:

- Não sei o que diz com isso, Capitão Ross Croisman Azevedo, mas a tática de Corr Sairy é a
mais próxima do que se espera. Somos convidados para auxiliar na cessação do conflito,
não para piorá-lo. Se é possível o não uso de força letal, ela deve ser utilizada, deixando aos
locais a decisão do que fazer com os rebeldes. Não foi requerido que tomemos esta decisão
por eles. Não compreendo a rixa que tens com Corr Sairy de Crisyen e o Capitão Ross
Croisman Azevedo, mas creio que, como dito antes, temos uma hierarquia a seguir e, me
utilizando de uma terminologia terrana recém aprendida, quando um burro fala os outros
abaixam a orelha. – Todos olharam com espanto para Antares e seu semblante imaculado,
buscando, talvez, um sorriso sarcástico. Gene, Corr Sairy e Marcelle riram. Ross ficou
consternado. – Acredito que tenha mais a falar, Corr Sairy? – Parando de rir, Corr Sairy
continuou:

- Pois então. Iremos em duas naves. Harmonizadores cuidaram dos que precisam de trajes
de contenção, como eu, Ortsac, K’thryn e Pum Riss. Acredito que a Capitã Sisrac e o
Capitão – enfatizou, novamente – Azevedo tenham trazido seus trajes. Se arrumem e me
encontrem no hangar.

Instantes depois todos se localizavam em frente a satisphæra e Corr Sairy próximo ao S.E.
e, novamente, Ross se pronunciou:

- Por que Corr Sairy pode levar a nave dele e nós precisamos ir, apertados, no interior dessa
bola? – Aquilo deixou Ortsac injuriado:

- Você é persistente em ser irritante, Capitão Azevedo (economizarei palavras convosco).


Primeiro, S.E. não é uma nave, é um ser tão senciente quanto tu és. Desde que embarquei
no Galaxya, não teve um momento que Corr Sairy deixou seu amigo para trás. Ele é tão
participativo quanto qualquer outro. Segundo, a satisphæra é uma nave esplêndida com
capacidade de ter em seu interior vinte krarrashins, de forma folgada. Caso não saiba quem
são os krarrashins, pesquise em vosso chip neural para conhece-los, pois estamos indo ao
planeta deles. No mais, ordeno que embarque na nossa bola (como chamaste), pois senão
ficará para trás. Vossa Phantom X-41 E está ancorada no hangar e somente sairá daí com
minha permissão, na qual Galaxya me deu autoridade para fazê-lo. – Ross parecia injuriado
e entrou, antes de todos. Gene então falou:

- Perdoem meu irmão. Como devem ter aprendido, ele não aprendeu muita disciplina
hierárquica.

- Eu só fico imaginando como deve ser na Uranus. – Corr Sairy colocou e se virou para
Ortsac. – Obrigado pela força, Ortsac. Agora vou precisar da sua adama emprestada. –
Ortsac olhou para K’thryn e foi ela que questionou:

- Por que precisas de mim? – Corr Sairy então disse, se afastando, na direção de S.E.:

49
Andre luz

- Precisarei que me faça um favor lá. – E estendeu a mão para ela vir com ele. – Prometo que
a trarei de volta, inteira. – K’thryn ficou reticente de ir, mas Ortsac disse:

- Corr Sairy já errou alguma outra vez?

- Olhai para o olho dele e terás a resposta. – K’thryn pontuou.

- Se ele confia em ti para algo, deveria confiar no que ele tem planejado. Dissera-me que ele
foi o ponto crucial da Guerra de Crisyen, que não gostava de admitir, mas sem ele, aquele
conflito perduraria por muitos k-rarrs. – K’thryn afirmou com a cabeça. – Então, confie
novamente nele. – E a beijou nos lábios. K’thryn se juntou a Corr Sairy e ambos entraram
em S.E. Este e a satisphæra partiram em direção a Krarrash II.

Em Krarrash II, pousaram no mesmo local que anteriormente e Kotharyn lhes esperava com
o Conclave atrás dele:

- Pelo que parece eles não deixam de segui-lo, Görkemli Kotharyn? – Disse Corr Sairy,
saindo do interior de S.E., que já colocava sua diminuta forma sobrevoando o ombro de Corr
Sairy.

- São como konchū, bichinhos incômodos que não saem de nossa proximidade. –
Respondeu Kotharyn. – Como estão meus amigos?

- Deveras prazerosos em vê-lo novamente, Görkemli Kotharyn. O que ocorre aqui? – Antares
perguntou.

- Como já vos disse, Confederado Antares, e ao nosso aliado e amigo Corr Sairy, após o
Görkemli Kutlama, um núcleo de rebelião surgira entre questionadores que diziam ser eu
desmerecedor do título de Görkemli de Krarrash II, pois agi contra as recomendações do
Conclave e retirei a Megami Aryannin de Volos VI. Dizem que, com isso, punições foram
acometidas aos meus vatandaşlar, mormente meu akraba. Em seguida, eles capturaram
Kyrharin e exigem que eu cometa o Büyük Kurban26, aonde dou minha vida ao meu varis,
no caso, meu akraba, Kyrharin. Não estou disposto a este ato desonroso.

- E o que vosso Conclave lhe recomenda, Görkemli Kotharyn? – Antares continuou. Inquiriu
e, prontamente, soando meu contrariado, Kotharyn respondeu:

- Alguns dizem para eu dar atenção à voz do núcleo. O önder 27 deles se esconde,
covardemente, atrás de um modificador de voz e nas sombras, sempre que nos envia
projeções, com meu akraba amarrado e amordaçado, ao seu lado. Dizem que o önder pode
influenciar mais outros do vatandaşlar. Outros já pedem que desafie meu akraba para o
Görkemli Mücadele, onde disputaríamos até a morte o direito de ser o Görkemli.

- E por que não faz isso? – Ortsac perguntou.

- Meu akraba Kyrharin somente me venceria caso convencesse outro a me enfrentar e,


mesmo assim, correria risco de este tomar vosso lugar, já que és mais forte do que o
Görkemli. Então, para esses rebeldes, o Büyük Kurban é mais viável. Vamos caminhando. –
Disse Kotharyn e todos andaram ao seu lado, com o Conclave atrás deles. – Como dizia, eles
preferem a minha desonra, pois, de acordo com eles, eu já fizera isso ao libertar Megami
Aryannin. Não obedecer ao Conclave é o mesmo que desonrar minha pessoa. Queria ter tido
tempo de modificar isso, mas surgiu este núcleo. Como sabia que Corr Sairy ajudara a
solucionar a Guerra de Crisyen brevemente e de forma prática, decidi por chama-los a me
auxiliar. O Conclave – Kotharyn enfatizou o nome e olhou para trás – acredita ser mais
desonroso do que o Büyük Kurban, mas no momento que me encontro, não vejo desonra em
ser ajudado por aqueles que confiam em mim. – Foi então que repararam a ausência de

26
Büyük Kurban = Grande Sacrifício
27
Önder = líder

50
GALAXYA II

K’thryn. – E onde está vossa companheira, Ortsac Searamiug. – Ortsac se voltou para Corr
Sairy:

- O que fizeste com K’thryn, Corr Sairy? – Calmamente ele respondeu:

- Foi resolver uma coisa para mim. Em breve se juntará a nós. Mas voltando, você me disse
que descobriu onde estão mantendo seu akraba, seu irmão (desculpa, não me acostumei
ainda).

- Sim. Tenho um grupo de Savaşçılar cercando o local neste instante. Mas eles conseguiram
um armamento pesado. Conseguimos algumas armas com Phællans, mas quero evitar
perdas o máximo possível. Perdemos tanto no transcorrer das eras em que vivemos como
Volos hizmetkarları, não quero mais perdas. – Eles chegavam ao Harika Bina, no centro da
cidadela. Ao entrarem, viram uma enorme mesa central, em forma triangular, com as
pontas abertas. No centro desta, uma mesa menor, também triangular, que possuía um
mapa em 3D sendo projetado:

- Esta é a projeção exata da localização dos rebeldes. – Disse Kotharyn, apontando uma
pequena fortaleza cercada por arboríferos gigantescos. – Nossos Savaşçılar estão localizados
aqui, aguardando um comando para adentrar neste ponto – era um tipo de gruta no meio
dos arboríferos – mas entre essas ağaçlar, existem vários rebeldes espalhados, com armas
letais.

- Como sabem que são letais? – Ortsac questionou.

- Recentemente, um destes rebeldes adentrou no Harika Bina e tentou me liquidar. O


problema da maioria dos krarrashins é que, como precisávamos cumprir tarefas que
tomavam muito de nosso tempo quando éramos Volos hizmetkarları, poucos deixavam de
fazer o treinamento Savaşçılar. Os que faziam, sabiam que eu treinava intensamente, no
descer de Volos, principalmente. Estes rebeldes são compostos por membros dos hiyerarşi,
ou seja, são privilegiados. Conheci muitos deles em Volos VI. Meu yaratıcı, Kytharyn,
sempre dizia que nunca deveríamos nos equivaler aos hiyerarşi. O vatandaşlar esperava
mais dos Kytharyn'in oğulları. Mas Kyrharin gostava de se igualar aos hiyerarşi, para o
desgosto de nosso yaratıcı.

- Mas você guardou esse armamento? – Ortsac voltou a questionar, e Corr Sairy o Inquiriu,
curioso:

- No que está pensando, Ortsac? – Nisso, Kotharyn pediu a um de seus Savaşçılar que
trouxesse a arma e quando Ortsac viu, falou, desgostoso:

- Um arodarapsid latrom.

- Uma arma darkyani? – Corr Sairy disse, aborrecido.

- Não exatamente. – Ortsac continuou. – Essas samra são confeccionadas fora de Darkyan,
mas os darkyanis negociam como se fossem deles. São de fácil uso para qualquer inepto em
porta-las faria uso, pois disparam facilmente, não possuindo travas e, por isso, são
extremamente perigosas. Gatilho solto. Ele não conseguiu acertá-lo, Görkemli Kotharyn?

- Logicamente que sim. – Kotharyn confirmou. – Mas tais armas, acredito eu, nunca foram
testadas contra krarrashins. Senti o impacto contra meu traje de Görkemli, mas quando
atingiu meu braço e face, somente causou uma leve queimadura. O que me dera tempo para
dominá-lo e tomar-lhe a arodarapsid latrom. Como bem disseste, Ortsac Searamiug, de fácil
manuseio, tanto que tivemos de remover a carga, extremamente volátil. Quase que um de
nossos Savaşçılar perdeu mais. Quando ele jogou a carga por uma abertura lateral, o
estrondo parecia que iria abrir uma rachadura em Krarrash II. Acredito ter sido ouvido em
Phællans – Kotharyn finalizou, tentando descontrair. Então foi a vez de Antares se
pronunciar:

51
Andre luz

- Acredito que Corr Sairy já pensou em algo. – Corr Sairy olhou para Antares e logo depois
para Kotharyn, e disse:

- De certa forma. Temos a vantagem de termos dois terranos entre nós que usam trajes com
capacidade de flutuação portátil. Görkemli, quero lhe apresentar a Capitã Gene Sisrac, filha
de Jacqueline Dévero, e o Capitão Ross Croisman Azevedo, líder dos Cavaleiros Sombrios,
uma tropa de protetores da Terra em suas fronteiras espaciais. A Capitã Sisrac usa um traje
modelo Ávatar. Semelhante ao de sua mãe em design, mas diferente na coloração. Foi um
modelo desenvolvido por Galaxya, a pedido de Jackie. Já o Capitão Azevedo usa um traje
modelo Arcanjo Sombrio, que foi desenvolvido pela Piel-Green Empreendimentos. Ambos os
trajes possuem suporte de vida e são capazes de flutuação, pois possuem botas propulsoras
que facilitarão um ataque de cima. Assim, eles neutralizarão aqueles que estiverem
protegendo o esconderijo, usando campos de êxtase (sim, igual aquele que usei em você e
em Aryannin), o que facilitará uma invasiva pelo solo. Antes de entrarem no cativeiro, S.E.
escaneará para ver se não existem armadilhas que possam ceifar vidas desnecessariamente.

- Neste tamanho, preciso de uma proximidade maior. – Pontuou S.E.

- E você vai estar aonde? – Questionou Marcelle.

- Aqui, coordenando tudo, ao lado do Görkemli Kotharyn. – Aquilo espantou o krarrashin:

- Eu não irei com os Savaşçılar?

- Não acho correto, Görkemli Kotharyn. Aquela arodarapsid latrom, com certeza, não deve
ter sido o único armamento adquirido pelos rebeldes. Com certeza, não é Ortsac, devem ter
armamentos que serão capazes de feri-lo ou mata-lo. – Argumentou Corr Sairy e Ortsac
concordou com a cabeça:

- Os darkyanis nunca vendem somente soneuqep sotneamra. Eles gostam de grandes


estragos.

- Para isso, teria que ser algo tão volátil quanto a carga daquela arodarapsid latrom ou feito
de metal krarrashin, como essas silahlar que enfeitam o Harika Bina. – Disse Kotharyn
apontando para as paredes com armamentos tão grandes quanto ele. – Isso pertencia a
Görkemli Kothrunn, em sua era iluminada. Meu yaratıcı, Kytharyn, disse que era nosso
maior miras.

- Bem, então vamos agradecer por estar aqui e não nas mãos dos rebeldes. – Colocou Corr
Sairy. – Mesmo assim, acredito que seja melhor permanecermos aqui e comandar a
distância. Antares, você assume o comando no front.

- E por que nós duas precisamos ir? – Inquiriu Marcelle.

- Pum Riss já conhece como funciona, mas você ainda não. Possivelmente não terão de fazer
muito, já que Gene e Azevedo devem deter a frente de defesa deles. Mas eu quero que você
veja como em (mais ou menos) um campo de batalha. – Disse Corr Sairy, sorrindo ao final.

- Se for assim, meus Savaşçılar os acompanharão até o local. – Disse Kotharyn, convocando
os quatro que ainda estavam no Harika Bina. – Vão e os acompanhem, e Önce Harika guie
suas ações.

- Önce Harika? – Corr Sairy questionou curioso. – Já tinha ouvido sobre Pothar e Pannar,
mas não sobre este. Não existem arquivos disso no Anima Mundi.

- Önce Harika, recitam, foi o Ilk Görkemli, Pothar e Pannar'ın oğlu. Não conhecem vosso
nome, mas ele e seu vatandaşlar, povoaram Krarrash. Önce Harika, sozinho, venceu
monstros de garras mortíferas que endureceram seu corpo. Isso ele passou para seus
torunları e assim foi até termos os krarrashins que tu conheces.

52
GALAXYA II

- Que história maravilhosa. – Disse Corr Sairy e se voltou para a projeção na mesa
triangular a frente deles. Ao perceber algo, questionou. – Aonde está o Conclave?

Kotharyn olhou em volta e também percebeu sua ausência:

- Devem estar reunidos, tramando contra mim. É a única coisa que acredito saberem fazer.
– Falou Kotharyn.

- Não confia em nenhum deles?

- Confiar, Corr Sairy? Logo tu perguntas isso? Talvez em um, somente, Piskopos Pokhrony,
que realizou o Görkemli Kutlama. Mas ele foi dado como desaparecido após aquilo.

- Desaparecido? – Corr Sairy estava curioso.

- Exato. De acordo com os Piskoposlar do Conclave, Piskopos Pokhrony se retirou para o


Büyük Yol, uma busca por respostas de questionamentos que se faz. Poucos o fazem.
Somente quando se questionam de que algo que fizeram seria bom ou ruim. Acho que ele
deve ter se arrependido do Görkemli Kutlama. – Ponderou Kotharyn.

- Não acredito nisso, ele parecia extremamente feliz com o Görkemli Kutlama. Na verdade,
pelo que notei do Conclave, ele era o único contente. – Corr Sairy expôs.

Momentos depois, o grupo conduzido pelos Savaşçılar, chegavam ao local do cerco. Quando
se viu sozinho com Gene, Ross argumentou:

- Medroso e covarde. Viu como fugiu da batalha facilmente? “Vou ficar aqui, coordenando
tudo”. Típico de quem tem medo de um campo de batalha. “Não suporto armas” ...

- Qual é o seu problema, Ross? – Gene debateu, aborrecida. – Desde que chegamos ao
Galaxya, você tem agido de forma insuportável. Sei que você se acha melhor que muitos
aqui, pois fomos gerados para sermos o que a Terra tem de melhor, mas você está mais
arrogante e petulante que o normal. Por que isso? Porque está recebendo ordens de Corr
Sairy, que chegou à patente de coronel na Terra por esforço próprio?

- Ele somente precisou estudar mais. Nós nem disso precisamos. Poderíamos ser marechais,
graças às nossas condições físicas.

- Me tira dessa. Eu prefiro continuar lutando a cada patente que consigo, do que ganhar
vantagem contra os outros por ter sido gerada com aprimoramentos. Sabia que se aprende
muito mais convivendo com os outros do que tentando ser melhor do que eles?

- É, e o que se ganha com isso?

- Sei lá? Parceiros. Amigos. Colegas. Pessoas com quem poderemos contar em um campo de
batalha. Que aceitarão nosso comando quando estivermos assumindo a frente de combate.
Já pensou nisso?

- Meus homens me obedecem. Fazem o que eu ordeno que façam.

- Aí está o seu erro, você ordena, não comanda. Comandar é ser líder, ordenar é exigir que
façam algo que lhe foi proposto. É por isso que não consegue um cargo de comando na
Terra e precisa ficar naquela Base Estelar, vendo naves entrarem e saírem do nosso
sistema, como se fossem alfandegários. Do segundo time, ainda, pois o primeiro time está
na Terra, trabalhando muito. – Aquilo aborreceu Ross e ele ia partir para cima de Gene,
quando Antares surgiu:

- Por que estão aqui parados?

53
Andre luz

- Nada, Confederado Antares. – Disse Ross e olhou para Gene, que falou:

- Na verdade, Confederado Antares, o Capitão Azevedo acredita que Corr Sairy foi um
grandiosíssimo covarde, pois ficou para trás, coordenando as coisas. O que o Confederado
acha? – Antares olhava para Gene e se virou para Ross:

- Capitão Ross Croisman Azevedo, continua questionando suas ordens?

- Senhor, por que nós tivemos de vir aqui, desarmados, encarar um grupo potencialmente
hostil, munidos de armas letais, enquanto o comando fica para um homem caolho que teme
o campo de batalha? – Antares se aproximou de forma intimidadora de Ross:

- Capitão Ross Croisman Azevedo, não lhe farei os questionamentos que Corr Sairy já lhe
fizera, pois seria irrelevante no momento. O homem caolho a quem se refere tem mais
experiência como combatente do que nós dois juntos. Mesmo que eu tenha participado de
ações que iam contra a Confederação Galaxial, nunca participei de estratégias ou planos
que resolvessem e solucionassem uma crise sem perdas de vidas. Corr Sairy já. Em termos
terranos, Corr Sairy move as peças de xadrez para garantir o xeque-mate no final. Se ele nos
pediu para vir ao campo de combate e permaneceu no Harika Bina com Görkemli Kotharyn,
ele está tendo uma visão mais ampla do que conseguimos enxergar no momento. Se não
percebeste, temos a ausência de mais uma membra de nosso grupo. Então Corr Sairy deve
estar dez passos à frente de nós. Agora, se não desejas ser excluído da ação, ordeno que se
junte ao grupo para cumprirmos as ordens passadas. – Ross não tinha como argumentar
com aquele enorme home de rubi a sua frente, então somente disse:

- Senhor, sim, senhor! – E foi em direção ao grupo que os esperavam. Sem avisar, uma
projeção de Corr Sairy apareceu próximo a eles:

- E aí, como estão todos? – Aquilo assustou Marcelle. – Calma, Estrelinha. Tenho certeza
que Pum Riss te protege. – Ele brincou. – Gene, Azevedo, estarei enviando para seus trajes
os alvos que devem ser acertados com o campo de êxtase. A duração do campo será o
suficiente para os outros entrarem e capturar. Novamente, S.E. está com vocês. Não entrem
até ele ter escaneado o cativeiro. Repetindo, não entrem até o final do escaneamento. Boa
sorte para todos. Antares, estão sobre o seu comando. – Uma luz se acendeu no bracelete
que Antares portava:

- Quando recebeste este bracelete? – Perguntou Ortsac.

- Agora. – Disse Antares. – Acredito que Galaxya deva tê-lo transferido para mim. – Antares
apertou o botão aceso e uma projeção do local surgiu, fazendo todos se reunirem a sua
volta, então ele explicou, novamente, o plano, mostrando os pontos. Ao final da explicação,
disse. – Agora!

Gene e Ross levantaram voo e seus visores se iluminavam com pontos em amarelo no meio
de uma projeção esverdeada. A cada ponto que eles localizavam, disparavam rajadas de tom
amarelado dos pequenos dispositivos que carregavam:

- “Alguns estão nas copas das árvores!” – Exclamou Gene, preocupada, e recebeu a resposta
do Galaxya:

- “Não se preocupe, o campo de êxtase amortecerá a queda. Se fosse o raio de atordoamento,


aí sim poderíamos nos preocupar”.

Quando perceberam que Gene e Ross haviam avançado bastante, Antares ordenou:

- Avancem! – Na medida que se entranhavam entre os arboríferos, viam os corpos de vários


krarrashins paralisados em uma posição, como estátuas. Eles eram desarmados e
algemados:

54
GALAXYA II

- Tomem cuidados com essas samra. – Disse Ortsac, que recolhia todas, na medida que
eram tiradas dos krarrashins e, como as conhecia, sabia como neutralizá-las:

- O que é isso que está usando? – Pum Riss perguntou.

- Isso? – Ele mostrou enquanto usava em uma das samra. – Corr Sairy me pediu para
confeccionar um tipo de neutralizador de samra darkyanis. Com três disparos, eu neutralizo
o gatilho, o cano e a fonte. – Ele mostrou os três pontos congelados e colocou dentro de uma
caixa. – Esta axiac está nas mesmas condições, para neutralizar as samra.

- Corr Sairy já pensara que poderíamos encarar samra darkyanis? – Perguntou Marcelle,
duvidosa.

- Ele simplesmente me disse, é melhor prevenir do que remediar. – Ortsac deu com os
ombros e sorriu. – Não sei o que quer dizer, mas acredito que tenha a ver com o que estou
fazendo agora.

Quando neutralizaram a todos, Gene e Ross pousaram em frente a uma entrada de uma
gruta:

- Vamos aguardar os outros que já devem estar a caminho. – Disse Gene, apontando seu
dispositivo na direção da entrada da gruta. – Acho melhor nos mantermos alertas, caso
algum krarrashin saía do interior.

- Gene, tem quinze deles no interior, somente. Nós entramos e detemos facilmente. Somos
ágeis o suficiente para deixá-los paralisados, sem nem piscarem.

- Mas as ordens são...

- Danem-se as ordens. Corr Sairy está com medo da batalha. Não me importa o que o
Confederado Antares – Ross disse, com deboche – fala dele. Para mim, é só um covarde de
tapa-olho. Vou entrar. – Gene quis segurá-lo, mas preferiu ficar em sua posição, pois não
desejava desobedecer às ordens de seus superiores. Então Ross entrou sozinho no local,
sem perceber que passara por um sensor na entrada. Assim que se viu de frente para os
krarrashins, estes gritaram:

- Por Krarrash! Por Pothar e Pannar! – E uma enorme explosão ocorreu, fazendo tremer tudo
nas proximidades e chegando até a cidadela onde estavam Corr Sairy e Kotharyn.

Mas, momentos antes, assim que Corr Sairy finalizou a comunicação com Antares e os
outros, o Conclave adentrou no Harika Bina, munidos de sarodarapsid siatrom:

- Caramba, me senti em Julio César, agora. – Brincou Corr Sairy. Logo depois, Kyrharin
surge e se senta como se fosse o Görkemli:

- Kyrharin? O que está acontecendo? – Questionou Kotharyn ao ver o seu akraba no seu
assento. Este, de forma arrogante, responde:

- Tomando o que me pertence por direito. – Kotharyn pensou em se aproximar, mas os


Piskoposlar do Conclave, mesmo mais velhos, fecharam o cerco mais. – Você acha que podes
vir até Krarrash II, se tornar o Görkemli e nada ocorrerá? Eu tenho mais direito o que ti.
Sempre fui mais obediente ao Conclave do que ti. Você desrespeitou o Conclave, desonrou
nossa hanedan Kytharyn’in oğlu? Tu não mereces nada do que fora dado. Deverias estar
morto...

- Do que falas? Eu dei ao nosso vatandaşlar a liberdade que a eras buscávamos. Se não
fosse por mim, todos vós ainda seríeis Volos hizmetkarları ainda. Do que sentes falta, da
boa vida que tinhas ao lado de vossos hiyerarşi dostları, enquanto vatandaşlar sofria nas
mãos dos volosis?

55
Andre luz

- Do que eu falo? Olhe para ti, meu Görkemli akraba, era servil a Megami Aryannin. Nunca
sofreste o que nosso vatandaşlar passou. E falas de mim.

- Sim, falo de ti, pois eu não desejava mais nosso vatandaşlar passando pelas agruras que
passavam. Tomei a atitude mais correta, pois eles mereciam mais. Fui contra o Conclave?
Exato, e tenho certeza absoluta que se nosso yaratıcı estivesse entre nós, apoiaria minha
atitude. Ou dúvidas disto, também. – Kyrharin parecia ter sido vencido com aquelas últimas
palavras:

- Muitas palavras desnecessárias. Ações são mais eficientes. – Kyrharin levantou o braço,
mas antes de abaixá-lo, Corr Sairy ordenou:

- “Vai!” – Um raio amarelo passou ligeiro e atingiu um dos Piskopos, que tombou. Em pouco
tempo, vários disparos foram feitos e todos estavam tombados:

- O que está acontecendo? – Kyrharin parecia desnorteado e Corr Sairy respondeu:

- Sabe qual foi seu pior erro, Kyrharin, ser sequestrado. Seu akraba nem se importava com
este maldito título de Görkemli, mas você e essa cambada de víboras que estão desmaiadas
(graças a uma das melhores skopeftés que já conheci) foram a Agufalgav requerer que ele
assumisse este maldito título. Ele, por vezes, nos falou, que seu povo, ou melhor, os
vatandaşlar, com certeza, lhe nomearia. Mas não, o vatandaşlar queria se akraba como
Görkemli. Mas, lógico, vocês não o desejavam, você (principalmente) queria o poder de
imediato. Daí vieram com a Görkemli Kutlama... Em falar nisso, o que aconteceu, de
verdade, com o Piskopos Pokhrony? Duvido que ele esteja neste tal de Büyük Yol. –
Kotharyn olhou para o irmão, que parecia tremer. Deu um grande salto em sua direção,
como Corr Sairy só vira ocorrer com Sw Fitt, e pegou Kyrharin pelo pescoço, como se fosse
esmaga-lo, mas Kotharyn o jogou na direção de Corr Sairy, dando um outro salto naquela
direção e pegando novamente o akraba:

- O que fizeste com Piskopos Pokhrony, meu Tanık? – Kotharyn disse, encoleirado. Com a
voz soando fraca e tremulante, Kyrharin disse:

- Ele atrasava as decisões de destitui-lo, (tossiu) então (pigarreou) o submetemos ao kutsal


sürgün28. – Totalmente colérico, Kotharyn arremessou Kyrharin contra uma das paredes do
Harika Bina e terminou derrubando os silahları de Kothrunn:

- Peraí, o que é isso? – Corr Sairy questionou, sem entender.

- Mandaram-no para fora de Görkemli Kale. Ele não foi porque quis, foi-lhe ordenado fazê-
lo...

- Cuidado! – Corr Sairy gritou quando um tipo de lança arranhava a lateral de Kotharyn,
tendo Kyrharin segurando o cabo. Corr Sairy caiu no chão quando a ponta quase lhe
atingiu, mas rapidamente, Kotharyn segurou se akraba pelo pescoço, novamente:

- Ainda tentas me matar de forma vil e covarde. Tu deverias ser enviado no kutsal sürgün.
Tu e vossos comparsas. – Então segurou um dos braços de Kyrharin e o quebrou nas
juntas. – Isso é para aprender a respeitar-me. – Disse, com Kyrharin aos gritos. Então pegou
o outro braço e fez o mesmo. – E isto é por serdes covarde. – Kyrharin caiu agonizando de
dor, com os dois braços deslocados. Então ouviram uma voz, no nada:

- Brutal! – Então, do lado de Corr Sairy, uma pessoa surgia, coberta por um traje de
camuflagem e, quando se desfez do capuz, pode-se ver K’thryn.

- A vi se aproximando de Corr Sairy, graças àquelas lentes que fornecera na Arca dos
dommæns. Mas aonde estavas, que não a vi.

28
kutsal sürgün = Sagrado exílio

56
GALAXYA II

- Seguindo o plano do Corr Sairy e ficando longe das vistas de todos. Galaxya me transferiu
para cá (que sensação estranha de ser transferida, fiquei meio desnorteada) e com este traje
experimental (obrigada por me usar de cobaia), passei por seus (como é mesmo que se fala?
Ah sim) Savaşçılar e escalei até o ponto que melhor me desse ângulo de disparo. Então foi
somente esperar para as coisas caminharem e Corr Sairy dar a ordem. Ainda bem que
nenhuma das sarodarapsid siatrom darkyanis disparou.

- Acho que foi por eles estarem segurando com firmeza. Tiveram medo depois que Ortsac
disse. – Concluiu Corr Sairy. – Galaxya, tem algo mais para nós? – E uma caixa
refrigeradora surgiu diante deles e, enquanto colocavam as samra no seu interior, o solo
tremeu, rachando o piso do Harika Bina. Após algemarem todos, até mesmo Kyrharin, com
os braços deslocados, correram para fora e ainda podiam ver o cogumelo da explosão, não
tão distante deles:

- Ierós! – Exclamou K’thryn. – Será que Ortsac está bem. – Corr Sairy prontamente chamou
S.E. pelo chip neural:

- “S.E. o que ocorreu? Estão todos bem?” – E a resposta veio em seguida:

- “Estamos todos bem, mas Azevedo aconteceu!” – K’thryn reparou o semblante de Corr
Sairy se fechar:

- O que aconteceu, Corr Sairy. Ortsac está bem? – Mas Corr Sairy não respondeu, pois
ainda questionava S.E.:

- “Quantos?”

- “Quinze krarrashins, de acordo com o escaneamento anterior. Azevedo está bem, pois seu
traje tem um campo de proteção”.

- “Ótimo, por que quem vai mata-lo sou eu!” – Então K’thryn gritou:

- Corr Sairy! – Este olhou para ela e disse:

- Acalme-se, Ortsac está bem. – Então se voltou para Kotharyn. – Sinto muito, Kotharyn,
mas quinze krarrashins morreram na explosão. – Pareceu que uma nuvem escura caiu
sobre o semblante de Kotharyn que ficou extremamente entristecido:

- O que aconteceu? – Kotharyn perguntou, com a voz sorumbática.

- Um dos novatos, o Capitão Azevedo, não obedeceu a nossas ordens e entrou no local. Creio
que deveria ter um sensor de movimento e detectou sua entrada, ativando o dispositivo. Os
krarrashins devem ter se sacrificado. – Kotharyn olhou para Corr Sairy de forma tenebrosa,
se virou e disse:

- Quando todos chegarem, os quero em minha presença. – E entrou no Harika Bina, sem
olhar para trás.

Corr Sairy e K’thryn esperaram, fora do Harika Bina, pela chegada das tropas de Krarrash,
seus amigos, Gene e Ross. Quando os veículos pararam diante da enorme torre, Ortsac
abraçou K’thryn de forma enérgica, enquanto Corr Sairy olhou de forma rancorosa para
Ross, que segurava um dos braços e aparentava ter se ferido muito, mas era impossível
saber a extensão, pois ainda usava o traje. A única coisa que disse foi:

- Görkemli Kotharyn pediu para todos entrarmos. – E foi o que fizeram. No interior do
Harika Bina, Kotharyn estava sentado no Görkemli Taht, tendo aos seus pés seu akraba,
Kyrharin, que chorava de dor, e o Conclave:

57
Andre luz

- Galaxya, não possuo recursos para uma transmissão simultânea a todas as kaleler,
poderia me ajudar? – Então ouviu em seu chip neural:

- “Pode falar para aqueles à sua frente, todas as kaleler e seus vatandaşlar verão e receberão
a transmissão”. – Então Kotharyn começou:

- Meus vatandaşlar, meus Savaşçılar, meu kaleler liderleri, quem lhes fala é Kotharyn,
Kytharyn'in oğlu, ilkdoğan, o primeiro do anterior, Görkemli de Krarrash II, Kalenin
hükümdarı, Komutan savaşçı e Conclave Başpiskoposu. Há pouco tempo, ocupei este local
por pedido de um grande número de vocês, mas hoje me arrependo de tê-lo feito. Vocês
veem a minha frente os culpados deste arrependimento. Kirharyn, – apontou para seu
akraba – Kytharyn’in en küçük oğlu, Kotharyn'in kardeşi, Tanık do Görkemli Kutlama –
abriu os braços – e os Piskoposlar do Conclave.

“Houve traição!” – Ele enfatizou, elevando o tom de voz, e continuou:

- A eras, quando éramos Volos hizmetkarları, insistia ao Conclave que deveríamos agir para
salvar àqueles do nosso vatandaşlar que sofriam nas mãos dos volosis, mas eles viam a
situação como controlada, pois enquanto o vatandaşlar sofria em campos de trabalho, nós,
membros dos hiyerarşi, desfrutávamos de serviços amenos. Não deveria ser assim, pois
somos todos membros do vatandaşlar. Então agi, contra todas as recomendações do
Conclave e retirei a Megami Aryannin de seu planeta para que ela pudesse recobrar vossas
lembranças e nos dar a liberdade que todos merecíamos. E assim foi feito!

“Agora temos Krarrash II. Obtivemos nossos direitos retornados. Nenhum dos vatandaşlar
são obrigados a fazer o que não desejam. Todos temos direito a tudo, pois sempre deveria
ser assim.

Contra meu querer, meu akraba e o Conclave requereram que eu aceitasse o Görkemli
Kutlama e aqui estou. Mas nem todos os Piskoposlar do Conclave eram contra eu ser o
Görkemli de Krarrash II. Piskopos Pokhrony, Pythorn'un oğlu, Conclave üyesi krarrashin, a
quem foi dado o direito de ser törensel do Görkemli Kutlama, foi submetido ao kutsal
sürgün, neste planeta aonde somos neófitos.

“Agora, um embuste foi criado pelo meu akraba, Kyrharin, e os Piskoposlar do Conclave.
Criaram um grupo de rebeldes, onde o önder era meu akraba e composto pelos membros
dos hiyerarşi que exigiam de mim o Büyük Kurban, pois meu akraba sabia que nunca me
venceria no Görkemli Mücadele.

“A traição se amplia quando eles criam uma emboscada na qual os Piskoposlar do Conclave
me matariam e dariam a Kyrharin o Zirve que ornamentaria sua cabeça e o tornaria
Görkemli e, como veem, falharam. Mas antes, as kaleler próximas devem ter sentido ao
abalo que ocorreu no subsolo de nosso planeta ignoto, pois membros dos hiyerarşi, em um
último ato, se sacrificaram em nome destes traidores. Mas, penso eu, este é o Conclave a
quem todos ouviram, quando eu preferia fazer ouvidos surdos. Eles determinavam o que os
vatandaşlar deveriam ou não fazer, mesmo que sacrificassem milhares de forma
desnecessária, e todos aceiravam. Então, acredito eu, que o verdadeiro traidor seja este que
vos fala. Então, em um ato nunca testemunhado antes pelos vatandaşlar, eu requiro o
Çekilme Görkemli29 e passo a Zirve para Kyrharin – Kotharyn retirou o objeto que
ornamentava sua cabeça e colocou na de seu akraba, que ainda chorava na sua frente –,
Kytharyn’in en küçük oğlu, Kotharyn'in kardeşi, que será Görkemli de Krarrash II, Kalenin
hükümdarı, Komutan savaşçı e Conclave Başpiskoposu, como os Piskoposlar do Conclave e
os membros sobreviventes do hiyerarşi tanto desejam e, a partir deste momento, me
submeto ao kutsal sürgün”. – Não se ouvia nada do lado de fora do Harika Bina, e nem
naquele local. Tudo que se testemunhou foram os Savaşçılar se ajoelhando e apoiando uma
das mãos, com o punho cerrado, sobre o tórax. Seguindo-os, Antares, Corr Sairy, Marcelle,
Pum Riss, K’thryn, Gene e Ross fizeram o mesmo (Ortsac curvou a cabeça e colocou a mão
sobre o tórax, com o punho cerrado):

29
Çekilme Görkemli = Retirada do Glorioso

58
GALAXYA II

- “Finalizei a transmissão, Kotharyn”. – Disse Galaxya. Kotharyn então disse:

- A partir deste momento irei convosco ao Galaxya. – Se voltou aos Savaşçılar. – Quando eu
estiver a distância, retirem as algemas destes. – Todos se levantaram. Ross tinha
dificuldades e Gene o ajudou, mas Kotharyn se voltou para ele e deu um murro, fazendo
cair de forma desengonçada. – A ti, nunca mais será permitido a entrada neste planeta. Vou
contigo ao Galaxya e prepara-te, pois terei prazer em participar de vosso treinamento.
Mataste quinze krarrashins, independente do que estes desejassem, por tua incompetência.
Pagarás por cada um deles. – Poderia se sentir o rancor na voz de Kotharyn. Então se voltou
para Corr Sairy e falou. – Acho melhor irmos daqui.

Ao saírem do Harika Bina, a entrada estava cheia de krarrashins, que pareciam esperar por
Kotharyn. Quando eles desceram os degraus na frente da enorme torre, os krarrashins
abriram um corredor e, até onde eles puderam ver, à medida que caminhavam, os
krarrashins se curvavam e faziam o gesto com a mão cerrada sobre o tórax. Nada foi dito até
o local onde estava a satisphæra. Então K’thryn se pronunciou:

- Não sei se aceitará, mas gostaria de levar o Capitão Ross Croisman Azevedo no interior do
S.E., pois ele tem equipamentos para examinar a extensão dos ferimentos do terrano. – Corr
Sairy olhou para o alquebrado terrano e disse:

- Não quero contato nenhum com ele. S.E. isole a área para K’thryn examiná-lo à vontade.
Não quero nem ouvir ele gritando de dor, pois senão vou fazê-lo gritar mais...

- Corr Sairy! – Interrompeu Gene, abismada.

- O que é, Gene? Teu irmão é um imbecil cabeça-dura. Se acha melhor que os outros e
terminou assassinando quinze krarrashins.

- Eles desejavam aquilo. – Ross tentou justificar, com a voz trêmula. Corr Sairy se irritou
mais:

- Olha aqui, seu imbecil descerebrado. Eu não sou chegado a bater em pessoas
convalescendo, mas você merecia ter sido deixado naquele local. Nunca, em toda a minha
vida, vi um ser tão incompetente, militarmente, como você. E olha que já viu muitos. Sua
soberba não permite que perceba o óbvio mesmo neste momento? Sério, estou pensando
muito antes de deixa-lo embarcar no S.E. – Daí foi a vez de K’thryn intervir:

- Se formos na satisphæra, não garanto a integridade física dele, pois Kotharyn demonstrou
o quanto está com raiva. Olha, tu sabes que não gosto disso tanto quanto ti, mas você
gostaria da culpa de perder um terrano, por qualquer motivo que fosse. – Corr Sairy olhou
para a dharkyensi e sabia que ela estava correta:

- Está bem. S.E.?

- Já tem uma parte separada para K’thryn trabalhar com folga e sem te atrapalhar. – A
pequena nave disse, sobre o ombro de Corr Sairy. A satisphæra já partia. – Acho que vocês
quatro precisam entrar para partirmos, também. – Então todos entraram. Quando o
fizeram, Gene desativou seu traje e quando Ross ia fazer o mesmo, K’thryn o interrompeu:

- Não faça isso! Antes preciso isolar seu corpo, só depois retirarei seu traje. – O espaço era
ótimo para K’thryn e Ross, sobre a maca, mas Gene teve de ficar com Corr Sairy. Assim que
sentiram o solavanco da partida, K’thryn iniciou o tratamento. Gene olhava para as costas
da cadeira de Corr Sairy e puxou conversa:

- Eu entendo o motivo de você estar nervoso...

- Não, você não entende, Gene. – Disse Corr Sairy virando e a encarando. – Você, mesmo
sendo tão diferente do Azevedo, tendo tido o treinamento adequado, nunca esteve em uma

59
Andre luz

frente de combate e testemunhou incompetência. Talvez até tenha, durante o treinamento,


mas é diferente na frente de combate. Nem mesmo K’thryn, que está lá atrás, salvando seu
irmão, conhece isso, pois ela e suas “irmãs” – Corr Sairy gesticulou as aspas – foram
treinadas desde novas para serem guerreiras (vou falar de uma forma que entenda mais
facilmente), então para elas não existe a soberba ou mesmo o travar em combate.

“Por vezes eu vi isso. Quando eu e Skill éramos meros pilotos na Terra, por vezes, tivemos
de resgatar outros em campo de combate e você via homens tremendo, fosse de medo ou
nervoso, era a adrenalina. Você vê corpo carbonizados, mutilados. Este foi um dos motivos
de fazer a prova de oficiais. Não queria mais aquilo na minha vida. Poderia ser piloto quando
bem desejasse, mas sem precisar participar dos resgates em campos de batalha. Quando
tentaram me encaminhar como decidir as vidas dos outros em um combate ou em uma
guerra, preferi me tornar um especialista em nanotecnologia e desenvolvi o chip neural.

“Depois do ataque que sofri, terminei testemunhando novamente os campos de combate,


como a Guerra de Crisyen que, mesmo ficando com a entrega de suprimentos, testemunhei
vários crisyenos em péssima situação. Novamente, queimaduras, desmembramentos. O
mesmo foi em Kelkzerr, mas lá foi menos, pois meu objetivo era encontrar Luannia para
finalizar aquele caos. Só que tudo voltou em Maghnessy. Foram duas vezes em Maghnessy
que testemunhei o medo, o orgulho e a morte. Não é bonito”.

- Por que ninguém sabe essas coisas de vocês? – Gene questionou.

- Porque não tem o que saber. Apaguei minha ficha militar, meu nome do Iniciativa Terra do
Amanhã (menos meu registro de patente), deixando somente que todos achassem que eu
estivesse morto. E, como Corr Sairy, meu nome, raramente, era mencionado. Agora que
Crisyen, Kelkzerr e Maghnessy decidiram colocar-me em evidência, mas antes eu era
ninguém. Somente mais um que ajudava os outros, como tantos. – Corr Sairy sorriu. –
Agora que vi, até Dharkyens me menciona, como aquele que as auxiliou na Guerra de
Crisyen.

“Eu preferia continuar sendo ninguém, mas aquele julgamento na Confederação Galaxial fez
com que percebessem que deveriam me dar importância. Ainda acho desnecessário, mas é
assim.

“Mas você não me verá, a não que seja necessário, me relacionar com o que fiz ou realizei. O
campo de batalha não é algo para se vangloriar, pois, no meu entendimento, quando
existem mortes, não importando o lado, não há vencedores.

“O que seu irmão fez é o que eu mais abomino em um campo de batalha, por isso volto a lhe
dizer, você não entende”.

- Sim, você tem razão, eu não te entendo, mas entendo Ross. – Começou dizendo o que não
mudou a face tensionada de Corr Sairy. – Não pretendo justificar o que ele fez, mas acredite,
para mim seria muito fácil ser como ele. Sim, fomos feitos em um béquer gigantesco, tendo
impulsionado em nosso cérebro ensinamentos que humanos normais levariam anos para
aprender. Nossas habilidades foram ampliadas. Somos mais fortes, mais velozes, mais ágeis,
suportamos mais tempo embaixo d’água (conseguimos enxergar melhor embaixo d’água).
Nossa pele é mais durável, não envelhecemos mais, ou seja, para sempre parecerei ter vinte
e cinco anos. Então é fácil sermos soberbos, nos sentirmos semideuses.

“Quando fui para o treinamento, achava ridículos aqueles cadetes, medíocres. Eu era
superior mentalmente, fisicamente. Constantemente os humilhava. Por vezes, Jacqueline foi
chamada para uma reprimenda. Mas assim que ela saía, eu era pior. Então, um dia, do
nada, recebi uma rasteira por trás, enquanto implicava com alguns colegas. Quando fui ver
era o Major Skill Hawkesley. Ele me reconheceu pela cor dos meus cabelos. Estava colérica
e partir para cima dele, então somente senti seu braço passando por baixo de minha axila e
ele me derrubou no chão, puxando meu braço para trás. Senti sua outra perna segurando
meu outro braço e, enquanto sentia uma dor lancinante no braço que ele retorcia para trás,

60
GALAXYA II

ele me disse que se desejava enfrentar alguém de patente mais alta, aquele não era o local.
Ele me soltou e disse para encontra-lo no ginásio, as dezenove.

“Quando cheguei lá, nunca vi aquele lugar tão cheio. A maioria eram meus colegas de
alojamento e dos outros alojamentos, que eu humilhara anteriormente. Skill estava no
ringue e, assim que entrei ele enviou o comando para octógono. Não vou dizer que não
consegui acertar alguns golpes, o que me fez sentir ótima, mas fui extremamente humilhada
por ele. O pior, como ele percebeu que eu poderia ficar por horas naquela luta, não
importando o quanto estava com a face inchada, ele deslocou meus pés.

“Meus ossos são extremamente fortes e minha musculatura nunca permitiria quebrar um
osso, mas as juntas são iguais a qualquer outro ser humano. Não sei o que ele fez, mas
pegou meus dois pés e inverteu-os. Nunca senti dor igual. Enquanto eu chorava de dor no
tatame do octógono, enquanto meus colegas riam de satisfação, Skill chegou no meu ouvido
e disse, ‘Se fosse Rodrigo Scandian, a humilhação seria pior’.

“Minha recuperação foi rápida, em dois dias eu estava de pé, novamente. Então procurei
Skill de novo e sabia que me tornei seu motorista, pois ele residia com H-Kik. Toda vez ele
sentava ao meu lado e contava de vocês. Mas minha curiosidade era maior, então fui tentar
saber o que você fazia e descobri que era um piloto da F.T.E. Eu pensei, ‘piloto? Não pode
ser o mesmo’, mas era, pois você estava relacionado às Operações Especiais, ou seja, muito
da sua ficha era restrita. Então pesquisei seu passado (antes de você apaga-lo), e vi seu
transcorrer, como Skill me contou. Recruta, soldado, cabo, segundo sargento, primeiro
sargento, segundo tenente, primeiro tenente, capitão. Daí fez a prova de oficiais para
coronel. Então seu arquivo se relacionava ao Iniciativa Terra do Amanhã, como
nanotecnólogo, criador do chip neural. Fiquei impressionada, pois você lutava pelo que
acreditava.

“Foi o melhor da sua classe. O melhor piloto. Recebeu várias medalhas de honra no
transcorrer de sua carreira, por suas ações em missões na Terra, fosse como socorrista ou
como estrategista” – Corr Sairy arregalou os olhos surpresos, depois curvou a cabeça,
sorrindo. – Sim, você foi importante para retirada de reféns de um grupo radical da
Finlândia. Estudei tudo sobre você, antes do chip neural e ainda me lembro, pois a frase ‘Se
fosse Rodrigo Scandian, a humilhação seria pior’ não sabia da minha memória. Então,
mesmo tendo Skill como meu tutor, foi em você que me espelhei.

“Ross não teve isso. Como você sabe, ele recebeu tudo de mãos beijadas. Quando o
colocaram no treinamento, sua arrogância e sua indisciplina foram mascaradas por jogarem
para baixo do tapete. Ele não teve um Skill para disciplina-lo (acho que nem permitiriam,
como Jacqueline deixou) e uma frase com o nome do Rodrigo Scandian para lembra-lo.
Quando vocês se conheceram, ele já tinha ganho a patente de capitão e, para ele, você era
somente um piloto da F.T.E. Nem se importava com sua patente. Agora, ele vê aquele piloto
comandando-o. Duvido que, na época que te conheceu, com o codinome Corsário
(interessante a semelhança com seu atual nome), ele tentou descobrir mais sobre você. Com
certeza, ignorou totalmente e agora, quando tentou pesquisar, a única coisa que descobriu
foi um homem morto que tem a patente do chip neural.

“Eu lhe questionei, pois pesquisei, novamente, e vi um vácuo no seu nome. Todas as
missões, as medalhas, as conquistas, as invenções, desapareceram. Agora, como disse,
temos Corr Sairy, mas enquanto Ross achar que você não é nada perto dele, vai agir
daquela forma, sem nem pesquisar no Anima Mundi.

“O que quero dizer com isso tudo é que dê uma chance a ele. Vou continuar tentando
colocar juízo na cabeça dele, pois não quero que Rodrigo Scandian o humilhe mais do que
eu fui humilhada”. – Corr Sairy ainda a encarava, enquanto ela falava, e somente disso:

- Ele será sua responsabilidade? – Por um instante Gene titubeou, mas respondeu:

- Sim. Se ele falhar...

61
Andre luz

- Você falha! – Corr Sairy completou. – Está bem. Antes preciso conversar com meus colegas
e depois lhe falo o que decidimos. Agora vamos entrar no Galaxya. – Gene se espantou:

- Já estamos perto do Galaxya? – Corr Sairy a olhou, paternalmente:

- Sim, mas queríamos deixar você terminar, então S.E. achou de bom tom esperar. – Gene
olhou em volta e disse:

- Obrigada, S.E. – E a resposta veio em seguida:

- Que é isso! Estou torcendo por você!

Assim que entraram no Galaxya, S.E. abriu uma comporta maior na parte de trás, enquanto
Corr Sairy e Gene saíram por uma menor, na parte dianteira:

- Preciso leva-lo ao Iatreío, mas não acho certo transferi-lo. – Disse K’thryn, parecendo
urgente. S.E. estendeu a rampa e desacoplou a maca:

- Pode leva-lo sobre a maca, K’thryn.

- Agradecida, S.E. – K’thryn desceu a rampa e se aproximou daqueles que ali estavam. Gene
lhe perguntou:

- Como ele está?

- Mal. Mas melhor do que antes. A recuperação do corpo, bem como a calcificação dos
ossos, é acelerada, então o que estava fora do lugar se recuperava assim. S.E. me forneceu
um traje feito pelo Galaxya que colocou tudo no lugar. Foi doloroso para ele, mas agora se
recupera de forma correta. Mesmo assim existem hemorragias internas que não se
recuperaram de forma correta, também, criando bolhas. S.E. auxiliou com o escaneamento
e algumas suturas, mas preciso de mais. Galaxya, tem como os galaxyins me auxiliarem.

- Logicamente, K’thryn Swiss. – Antes dela seguir com a maca, Corr Sairy tocou em seu
ombro e disse:

- Quando ele estiver fora de perigo, avise o Galaxya, pois precisamos nos reunir. – K’thryn o
encarou e confirmou com a cabeça, seguindo em frente. Então Kotharyn se aproximou:

- Sobre o que precisamos conversar? – Corr Sairy olhou a giganteza de Kotharyn e


respondeu:

- Peraí um pouco, Grandão. – Se voltou para Marcelle e Pum Riss. – Meninas, podem fazer
companhia a Gene no alojamento dela? – Não responderam, somente balançaram a cabeça
em afirmação e chamaram Gene para subir, ficando somente ele, Kotharyn (que aguardava
a resposta, Ortsac e Antares. – Então, acho melhor esperarmos pelo posicionamento de
K’thryn, pois isso não pode ser decidido somente por nós.

- Se for para o terrano ser transferido para a Terra, sou totalmente contra. Ele precisa pagar
por cada morte dos krarrashins. – Corr Sairy olhou sorumbaticamente para Kotharyn, então
Antares se pronunciou:

- Corr Sairy, eu queria me desculpar. – Corr Sairy ficou intrigado:

- Com o que, Antares?

- Eu não consegui cumprir com vossas expectativas. Falhei no campo de batalha. – Corr
Sairy sacudiu a cabeça e disse:

62
GALAXYA II

- Não, Antares. Nada daquilo foi culpa sua e, na verdade (me perdoe, Grandão!), não acho
que seja culpa do Capitão Azevedo. Mas isso não deve ser discutido agora. Preciso de um
tempo para refletir e acredito que todos precisem de um momento para espairecer. – Corr
Sairy seguiu na direção do Tuboelevador, enquanto S.E. desaparecia. Ortsac então disse:

- Farei companhia a K’thryn, caso ela precise de ajuda.

- Acho que devamos nos recolher aos nossos aposentos, Kotharyn – Argumentou Antares – e
esperarmos – Então os três seguiram para o tuboelevador.

63
Andre luz

XIII
Quando K’thryn estabilizou o corpo de Ross, Galaxya convocou a todos (com exceção de
Gene, que ficou em seu alojamento) que se encontraram na sala de reunião, então Corr
Sairy começou:

- Acredito que preciso ponderar sobre algumas coisas antes de qualquer coisa.

“Devo deixar claro que eu não estou contente de termos o Capitão Ross Croisman Azevedo
como um dos instruídos, mas eu entendo os motivos da Terra tê-lo mandado.

“Todos sabem que ele foi criado pelo Projeto Übermensch e Gene Sisrac foi criada no Projeto
Gênesis, mas também é bom saberem que ambos não tiveram a mesma disciplina militar.
Gene, que podemos dizer, ser mais velha do que Azevedo, participou do treinamento militar,
passando por todas as etapas. Ela mesmo me contou que era indisciplinada e arrogante
como Azevedo é, mas foi corregida da forma correta e hoje entende e obedece a hierarquia
militar.

“Azevedo não. Stendart, que financiou o Projeto Übermensch, que gerou dois soldados
‘perfeitos’ – Corr Sairy sinalizou as aspas. – Não aceitou o curso natural e comprou a
patente de Capitão para Azevedo e de Primeiro Tenente para Ámoneth. Então o que temos
em mãos é um militar terrano sem o mínimo de ideia de subordinação e respeito à
hierarquia.

“Com exceção de Kotharyn (te darei chance de fala, Grandão!), todos viram como ajo com
ele. Sim, eu sempre soube da comprar da patente. Sim, eu sempre soube que ele é um
arrogante e presunçoso. Tive minhas próprias situações com essas atitudes delambidas
dele, quando era piloto da F.T.E. e, por isso, que o trato assim.

“Azevedo nunca respeitou minha patente, mesmo vendo ela sobre meus ombros. Para ele eu
era inferior, pois era um humano comum. E isso foi sustentado, pois ele nunca foi
devidamente disciplinado.

“Não estou maneirando e nem pedindo que o façam isso com ele. Pelo contrário, Azevedo
precisa criar respeito e ser disciplinado, mas Gene veio a mim e disse que ela ficará
responsável por ajuda-lo no caminho correto e, caso ele falhe, ela se responsabilizará...”

- Não é ela quem decide isso, Corr Sairy! – Antares o interrompeu e, aproveitando a deixa,
Kotharyn disse, soando muito irritado:

- Vós soltaríeis um inapto no campo de batalha? Um indisciplinado, um obtuso, um


desatinado. Então vós serdes responsáveis por tudo que ocorreu.

- Talvez sejamos, Kotharyn. Talvez Corr Sairy seja. Mas vale lembrar que não tínhamos total
ciência sobre isso, já que Corr Sairy saíra da Terra há mais de duzentos k-rarrs e espera-se
que, com o passar de tanto tempo, pessoas aprendam com os vossos erros. Por mais que tu
presumiste que ele ainda fosse do jeito que era, não deveria ter total certeza, Corr Sairy.
Presumir não é ter certeza. E Corr Sairy fora claro, todos ouviram as ordens. Pensei no que
disseste a mim, Corr Sairy, e tens razão, segui tuas instruções. Então a culpa é totalmente
do Capitão Ross Croisman Azevedo.

- Peraí, vamos parar. Como eu lhe disse, também, não creio que a culpa seja dele, também.
– Percebendo que Kotharyn destilaria sua ira, Corr Sairy acentuou. – Talvez eu seja culpado,
ok? Então, Kotharyn, se deseja destinar a culpa dos quinze krarrashins mortos para
alguém, destine-as a mim. Agora, o que precisamos decidir e se concordamos com esse
lance de responsabilizar Gene por qualquer erro que Azevedo venha a cometer daqui por
diante.

64
GALAXYA II

- Não acho isso correto. – Marcelle foi a primeira a se pronunciar. – Sinceramente, foi
horrível àquilo. Se eu pude evitar um campo de batalha pelo resto do tempo que eu existir,
não quero, nunca mais, participar de algo como aquilo. O cheiro, a imagem, não saem de
minha mente. Mas responsabilizar Gene pelos erros que o Capitão Azevedo venha cometer.
Acho injusto.

- Concordo em parte com uthando. – Falou Pum Riss. – Não acho que seja o correto
responsabiliza-la pelos erros do Capitão Azevedo (o resumo do nome é mais fácil), mas se ela
pediu por isso, devemos fazer o que ela pediu.

- Em campos de batalha somos responsáveis por todas as vidas que estão no campo inimigo
ou do nosso lado. – Iniciou K’thryn e continuou. – A responsabilidade é um preço pesado
que devemos pagar. Se é o que ela deseja, que assim seja.

- Mas por que responsabilizá-la pelos erros dele? – Questionou Ortsac. – Mesmo sendo uma
pergunta retórica, é válida. Sim, ela pediu por tal responsabilidade, mas todos somos
responsáveis por nós mesmo. Eu não concordo.

- Que interessante. – Falou Corr Sairy. – Os casais discordam. Isso é bom, pois demonstram
terem seus caráteres mantidos. Sou da mesma opinião de Pum Riss e K’thryn, se é o que ela
deseja, que seja assim.

- Como todos têm ciência, sou o Guardião de Corr Sairy por mais alguns k-rarrs e, dessa
forma, caso ele cometa atitudes agravantes, serei culpado como ele, pois não cumpri com
minhas responsabilidades. Se a Capitã Gene Sisrac está disposta a essa grande
responsabilidade, concordarei e torço por vosso sucesso. – Antares colocou.

- Se você comete o erro, a responsabilidade é sua. Não concordo! – Concluiu Kotharyn.

- Bem, eu desejei boa sorte a ela, mas não concordo. – S.E. disse.

- Pelo jeito o seu voto será o decisivo, Galaxya. – Argumentou Corr Sairy.

- Eu acompanhei de perto tudo o que ocorreu em Krarrash II. Tenho acompanhado Gene
Sisrac e Ross Croisman Azevedo no seu andar. Suas conversas. Gene Sisrac vem buscando
ser a irmã mais velha (como dissera Corr Sairy) com Ross Croisman Azevedo, mas ele é
extremamente presunçoso. Ela tentou convencê-lo a esperar, mas não deu atenção a ela.
Dessa forma, acredito eu, ele errará novamente. E, por causa disso, vocês deixaram de
instruí-la? É errado! Não concordo.

Corr Sairy projetou os votos no centro da mesa:

- Então é isso, Gene Sisrac é responsável por si mesma, enquanto Ross Croisman Azevedo é
responsável por ele mesmo. Se ele errar, está fora, mas continuaremos com Gene. – Se virou
para Marcelle e Pum Riss. – Meninas, depois deem a notícia a ela. Agora vou tomar uma
atitude unilateral, como terrano. (Me perdoem!) Galaxya, após Azevedo se recuperar, nada
de sono induzido! Essa será a punição dele! Se quiser dormir, será de cansaço e se lembrará
do que fez. – K’thryn ia se pronunciar. – Eu sei que não é o correto com pessoas que
passaram por traumas com o dele, mas não acho correto deixa-lo esquecer o que fez. Foram
quinze vidas perdidas, K’thryn. Como bem sabe, não tem nada pior do que os pesadelos da
batalha. O cheiro de morte fica impregnado em nossas narinas. Ele precisa se importar com
isso e, enquanto se lembrar nos seus pesadelos, se importará. – Kotharyn sorriu, satisfeito.
Mesmo que fosse algo horrível para um guerreiro passar, K’thryn sabia que era a melhor
forma de, talvez, torná-lo mais humilde. – Alguém tem mais alguma coisa para dizer? Então
dou encerrada a reunião. – As primeiras a saírem foram Marcelle e Pum Riss, que subiram
para falar com Gene sobre a decisão. K’thryn voltou ao Iatreío, enquanto Ortsac e Kotharyn
foram ao hangar, ficando somente Corr Sairy e Antares na sala:

- Tu achas que ela concordará? – Inquiriu Antares.

65
Andre luz

- Ela chegou a titubear com a resposta quando lhe questionei sobre a responsabilidade?

- Por que a questionou?

- Ela pediu que eu desse uma chance para ele, pois continuaria tentando colocar juízo nele.

- Então tu propuseste dela ser a responsável? – Corr Sairy pensou e disse:

- É, acredito que sim. Mas, como eu disse, ela titubeou, então deve se sentir aliviada. Agora
vou ao Iatreío, ver com esta a humanoide na philisi. – Quando Corr Sairy saiu, Antares
disse:

- Galaxya, também preciso tomar uma decisão unilateral.

- O que desejas, Confederado Antares? – O Tecnoplaneta questionou.

– Preciso de um contato com o Confederado-mor Stahirr.

- Não pretendes fazer o que imagino que fará.

- Eu pensei muito nisso e é uma decisão pessoal. – Colocou Antares. Galaxya demorou um
pouco e falou:

- Comunicação estabelecida no Collocutio para sua privacidade. – Antares saiu dali e se


dirigiu para falar com Stahirr:

- Deveras grato, Galaxya. – Antares falou, entrando no Collocutio.

Momentos depois, Galaxya brilhava sobre o ombro de Corr Sairy:

- Ababusi Li Kkan e Elizabeth desejam falar com você. – Corr Sairy, sentado na área externa
do Galaxya ao lado de S.E., parou de observar a longevidade estéril do tecnoplaneta e olhou
a esfera em seu ombro e questionou:

- Tem como falar com eles a partir daqui ou preciso entrar no S.E.?

- Projetá-los-ei para ti. – Disse Galaxya e Corr Sairy se levantou para falar com os Ababusi
de Phællans, que logo surgiram na sua frente:

- Corr Sairy, bom falar contigo novamente. Aparentas desanimado, meu amigo. – Disse Li
Kkan.

- Acredito que já esteja ciente do que ocorreu em Krarrash II. – Corr Sairy respondeu. – Eu
nunca vou me acostumar com isso.

- Sim, não temos como nos acostumarmos com perdas. Mas não sabemos detalhes, somente
fomos informados que ele se autoimpôs um exílio depois de se retirar do cargo de Görkemli.

- Sim, eles chamam de Çekilme Görkemli e kutsal sürgün. Tipo, ativou o botão de dane-se
para todos e veio conosco. Mas não está nada feliz com os acontecimentos. Acho que me
culpa por tudo.

- Por que diz isso? – Foi a vez de Elizabeth arguir. – O que ocorreu, de verdade? – E Corr
Sairy explicou-lhes tudo o que ocorreu em Krarrash II. – Ele não pode culpa-lo por isso, você
salvou a vida dele. Irresponsável foi o Capitão Ross Croisman Azevedo. Se os doutores Ross,
Azevedo e a doutora Croisman não fossem tão ambiciosos, não teriam participado daquele
projeto secundário e gerado um ignorante e uma aberração.

66
GALAXYA II

- Espere um instante, existem dois? – Questionou Li Kkan, e Corr Sairy respondeu:

- Sim, Li Kkan, o segundo se autochamou de Seth Ámoneth e, como o Azevedo, ganhou sua
patente, mas como Primeiro Tenente. Não quiserem lhe dar de capitão, pois capricharam na
força e tenacidade, diminuindo a agilidade, velocidade e, principalmente, a inteligência.
Ámoneth é força bruta com alto vigor, acima de tudo.

- Mas por que não somente mandaram a Capitã Gene Sisrac? O governo da Terra não
percebe que o Capitão Ross Croisman Azevedo é excedível em vossas ações? Não obedece
superiores? – Li Kkan questionou, exacerbado:

- Infelizmente não, Li Kkan. Azevedo e seus Cavaleiros Sombrios passam todo o tempo na
Base Espacial Uranus, cuidando da fronteira do Sistema Estelar Sol. Ele responde
diretamente a duas pessoas, somente. O Secretário Geral da SCO e Stendart, Diretor
Presidente da Piel-Green Empreendimentos, que o colocou como comandante da F.T.E. Daí
se pergunta, quantos militares fazem parte da Força Terra-Espaço, obedecendo a Azevedo?
Somente os membros dos Cavaleiros Sombrios.

- Diferente do CADETE. – Completou Elizabeth. – Jacqueline sempre fez de tudo para seguir
a hierarquia militar, por isso largou Gene Sisrac nas mãos das Forças Armadas da Terra,
pois sabia que eles a colocariam na linha. – Então se direcionou para Corr Sairy. – Meu
querido amigo, não vejo culpa no que fizeste, ou mesmo nas ações de Antares ao obedecê-lo.
É normal Kotharyn estar nervoso com tudo, pois havia uma promessa de nenhuma morte,
mas você, melhor do que ninguém, que um campo de batalha é imprevisível. Nunca fui a
um, mas sempre ouvi histórias de como as coisas perdiam totalmente o rumo. Nem culparia
o Capitão Azevedo, também, pois ele é consequência da inadimplência do responsável pelo
Projeto Übermensch, Stendart. Na época do Iniciativa Terra do Amanhã, não queria o
envolvimento da Piel-Green Empreendimentos, mas ele vinha desenvolvendo um metal mais
leve e resistente. Foi ideia de Jacqueline de envolve-lo, pois seria difícil para ela começar a
desenvolver um metal igual ao Alominum do doutor O’Minney e da doutora Num Chen.
Então aceitei. Daí, após o envio da Prometheus IV, Stendart fez uma proposta irrecusável
aos doutores Ross e Azevedo e a doutora Croisman, e eles iniciaram o Projeto Übermensch.
Ainda bem que deixaram o Projeto Gênesis aos cuidados das Corporações Dévero. Temeria
por Gene Sisrac caso fosse para a Piel-Green Empreendimentos.

- Ela assumiria a responsabilidade por ele. – Corr Sairy colocou e, duvidoso, Li Kkan
questionou:

- Assumiria?

- Na verdade, eu questionei se ela assumiria. – Corr Sairy disse, constrangido. – Ela disse
que estava tentando colocar juízo na cabeça dele, então perguntei se ela assumiria os atos
dele...

- E...? – Perguntou Elizabeth, com um sorriso, como se soubesse a resposta.

- Bem, ela titubeou, mas disse que sim. – Li Kkan e Elizabeth riram do outro lado:

- Tu sabes ser persuasivo, meu amigo. – Li Kkan colocou.

- Você sabia que Gene Sisrac tinha você como modelo? – Indagou Elizabeth.

- Como sabia disso? – Corr Sairy interpelou.

- Após me casar com Li Kkan, ainda mantive contato com Jacqueline e o que mais a
preocupava era a obsessão dela de saber tudo sobre vocês, pois você estava trabalhando
como piloto da F.T.E. Ela temia que Gene seguisse por esse caminho. – Foi a vez de Corr
Sairy rir, mas Elizabeth completou. – Então você sabia.

67
Andre luz

- Na verdade, fiquei sabendo antes dela me falar que estava tentando controlar o irmão. – Li
Kkan gritou, cônscio, enquanto Elizabeth sorriu. – Mas eu não fiz por ciência disso.

- Fizeste, mesmo que não intencionalmente. – Pôs Li Kkan. – Foi assim que conquistaste o
coração de Sth Nnie. – Corr Sairy não sabia o que dizer, então decidiu mudar de assunto:

- Quando chegarão? – Percebendo a mudança imediata, Elizabeth demandou:

- Li Kkan preparou a comitiva. Quando entramos em contato contigo, a intenção era saber
quando poderemos ir...

- E se poderemos ir. – Completou Li Kkan. – Com o que acontecera, achas correto irmos? –
Corr Sairy deu de ombros e comentou:

- Estamos aqui para isso, ainda. Venham, talvez tragam um pouco mais de regozijo. Sem
contar que Pum Riss está esperando por isso. Tenho certeza que ela não vê o momento de
ver o irmão e a cunhada.

- Que seja, então. Estaremos saindo daqui em breve. – Proferiu Li Kkan.

- Tá certo. Galaxya enviara a rota para o umkhumbi que usarão. Mas acho que não será
difícil de vê-lo. – Retrucou Corr Sairy e a comunicação se encerrou. Corr Sairy então se
dirigiu à esfera sobre seu ombro. – Pode fazer isso, Galaxya, e aproveite para avisar a todos.
– E Galaxya retrucou:

- Estão todos avisado e, como disse, Pum Riss ficou muito feliz com a notícia. – Ele pausou e
disse. – Antares quer vir até ti.

- Tudo bem, fale para ele me encontrar no S.E. quando vier. – E Corr Sairy entrou no seu
amigo de metal.

Instantes depois, Antares adentrava no interior de S.E.:

- Tu gostas mesmo de ficar por aqui?

- Não tem lugar melhor para ficar. Vivi durante muitos k-rarrs, somente eu e S.E. Agora
temos a amplitude do interior do Galaxya para observar o universo a nossa volta.

- Se somente vós tivésseis vindos sozinhos, aonde estaríeis? – Corr Sairy pensou, mas foi
S.E. que respondeu:

- Com certeza no exterior do Galaxya, mas Corr Sairy acha que está lotado demais.

- Não compreendo. Somos somente em dez no interior do Galaxya. Mesmo assim, o


Capitão...

- Tá, eu sei. – Corr Sairy atalhou. – S.E. é boca grande demais.

- Se você pudesse ver, estou dando com ombros. – S.E. zombou, então Corr Sairy
prosseguiu:

- Como já falei outras vezes, se eu estivesse sozinho, não estaria totalmente, pois teria essa
lata velha teimosa – S.E. soou um riso – e Marcelle comigo. Eu não sei muito bem o que é
ter companheiros que não seja o S.E., Antares, por isso disse a este boca grande que, sim,
considero o ambiente do Galaxya lotado. Mas, sempre vou dizer que, se vocês não
estivessem aqui tudo seria mais difícil. – Quando percebeu que Antares ia se pronunciar,
Corr Sairy continuou. – Sim, estou voltando atrás e concordando contigo ter se tornado meu
Guardião.

68
GALAXYA II

- Mas não ia falar a respeito disso. – Expôs Antares. – Mesmo assim, agradeço pela
franqueza e por reconhecer meu acerto. – Então Antares se sentou diante de Corr Sairy, o
que o espantou. – Eu não sou de contar o tempo, Corr Sairy, mas creio que estejamos nesta
transição temporal por 2,6 k-rarrs. Como vosso Guardião, o vi buscando justiça aos vossos
afilhados, M-Karo e M-Kara, e à H-Glorr de Agufalgav, durante o Dubium Impugnatio...

- Mas estávamos somente eu e os agufalgavianos lá... Galaxya? – Interpelou Corr Sairy.

- Sim, ele transmitira para nós, a meu pedido, pois como vosso Guardião tinha tal direito. –
Corr Sairy concordou. – Também demonstras amor incondicional por Marcelle Menken e
cuida dela como se fosse uma filha. Também testemunhei sua facilidade de elaboração de
uma estratégia eficiente quando Khyodor Nallekoh veio contra nós. Poderia ter esperado por
ti, antes daquela ação.

- Você agiu como imaginou ser necessário e, por isso, sou grato.

- Pensas em todos nós, sem diferenciar um do outro. Nunca testemunhei tal ato. Então veio
a ação em Kotharyn. Se não fosse pela indisciplina do Capitão Ross Croisman Azevedo, não
teríamos baixa alguma. Não considero justo que Kotharyn o considere culpado por aquilo,
não tinhas ciência de que o terrano seria tão imprecatado...

- Na verdade eu tinha uma pequena ideia de que ele ainda fosse. – Corr Sairy cortou
Antares.

- Corr Sairy, és acertado. Cuidas de todos a tua volta, sem diferenciações. E, por isso,
recorri ao Confederado-mor Stahirr, requerendo a suspensão de vossa punição. – Corr Sairy
se espantou:

- Como assim? Isso é possível?

- Logicamente, desde que o acusado tenha demonstrado atos que favoreçam vossa honra, o
que é teu caso. O Confederado-mor, em breve, entrará em contato conosco para anuir a
decisão.

- Nossa. Não sei como agradecer-lhe por isso.

- Simplesmente continue mantendo-se correto com vossas ações que fará muito pelo que
estou fazendo. – Antares deu uma pausa, e continuou. – Eu também confessei ao
Confederado-mor Stahirr minha culpa contra o Artigo 1 da Lei da Confederação Galaxial.

- Você o quê? – Corr Sairy e S.E. gritaram em uníssono:

- Você não deveria ter feito isso, Antares. – Taxou S.E. – Como Corr Sairy deixou claro,
ninguém contaria sobre isso.

- Mas ainda sim seria deveras errado, S.E. Se, por instantes, eu tivesse ponderado e
perscrutado Corr Sairy, teríamos uma solução mais acertada do que eu me contrapor ao
Artigo 1 da Lei da Confederação Galaxial.

- Quem já sabe disso? – Corr Sairy inquiriu, soturnamente.

- Neste momento, tu, S.E. e Galaxya. – Parecendo abalado, Corr Sairy olhou para a face
inexpressiva de Antares:

- Você não deveria ter feito isso. Sabe o que vai acontecer agora?

- Sim, tem uma verdadeira ideia, pois o Confederado-mor Stahirr disse que devemos nos
dirigir ao Sistema Vertus, pois devo ser julgado por improbidade ao Artigo 1 da Lei da

69
Andre luz

Confederação Galaxial. Creio que seja o correto. – Corr Sairy estava extremamente abalado
com aquilo e aparentava isso. – Creio que devamos nos preparar para a recepção dos
phællansis. – E Antares saiu do interior do S.E., que falou com Corr Sairy:

- Nós precisamos fazer alguma coisa, Corr Sairy, não podemos deixar isso rolar. – Corr Sairy
não estava nada feliz e S.E. o chamou, persistentemente, mas ele nada disse. Então saiu do
interior do seu amigo, que ativou sua miniatura e o seguiu, sem nada dizer. Corr Sairy foi
ao interior do Galaxya e se dirigiu ao Iatreío:

- Como ele está, K’thryn? – Corr Sairy questionou, sorumbático.

- Ele está melhor. – Ela olhou e percebeu o quanto Corr Sairy parecia abalado. – Corr Sairy,
o que aconteceu?

- Antares confessou ter ferido o Artigo 1 da Lei da Confederação. – Aquilo espantou K’thryn.
– Será que posso ficar um pouco sozinho aqui.

- Claro. O Capitão Azevedo não deve acordar tão cedo, pois para recuperação ele precisa ser
mantido em hibernação.

- Ele pode ouvir?

- Sim, pode. Vai querer falar com ele?

- Não. Galaxya, me isole dele, quero ficar somente com a philisi. – Corr Sairy pediu. A maca
de Ross foi afastada e uma parede translucida surgiu. – Obrigado. Agora peço que afaste a
esfera de mim. – E se dirigiu ao diminuto S.E. – Amigo, peço que aguarde lá fora, também. –
E todos se retiraram do Iatreío, deixando Corr Sairy sozinho com a philisi:

- “Gostaria de um isolamento de som?” – Galaxya inquiriu, pelo chip neural.

- “Adiantaria?”

- “Não, por causa do chip neural”.

- “Imaginei. Eu só queria ter a sensação de estar sozinho, mesmo”.

- “O deixarei então”. – Corr Sairy então se sentou próximo da philisi:

- Olá, para você aí dentro. Sabe, desde o momento que toquei nessa philisi, senti que
estamos ligados, de alguma forma e, por isso, lutei por você. Um dos meus companheiros,
Antares (ele é um Confederado), disse para devolvermos você para o espaço e eu fui rude
com ele, mas (da forma dele) Antares se desculpou. Então eu coloquei (Sim, foi culpa minha)
todos em risco com Khyodor Nallekoh.

“Assim, eu não sei o que você passou na mão daquele dommæn, para se colocar nessa
philisi e fugir dele, mas você deve ser muito importante para ele. Então ele veio atrás de
você e Antares, convencido de que era a melhor forma de defende-la, agiu e foi contra tudo o
que ele mais acreditava e, agora, será sentenciado por causa disso.

“Eu não sei quem é você. Eu não sei os motivos de me sentir tão ligado a você. Queria muito
que saísse daí e me ajudasse nisso, pois me sinto encurralado. Desde que coloquei este
tapa-olho, determinei que não confiaria mais em ninguém. Lógico, tem suas exceções como
meu amigo mais antigo, Skill Hawkesley. Mas todos os outros eu posso confiar, mas sempre
com ressalvas. Sharan conseguiu conquistar um lugar na minha pequena lista de confiança
e, agora, Antares conseguiu isso também. Logo ele, que eu tenho desconfiado de ser o
suppær renegado.

70
GALAXYA II

“Eu queria você fora daí para sabermos quem é você e se poderia me ajudar, mas acho que
não vai rolar”. – Então a philisi se abriu e uma jovem de cabelos castanhos, pele bem clara e
olhos de um cinza esverdeado intenso, olhou para Corr Sairy:

- Rodrigo? – Ela disse e Corr Sairy estava perplexo. – Aonde eu estou? O que está
acontecendo. – Aos tropeços, Corr Sairy se levantou, esbarrando em tudo à sua volta, o que
fez com que K’thryn entrasse no Iatreío:

- O que houve, vocês não está... – e viu a jovem sentada, saindo da philisi. – Uma korítsi?

- Hein, o que você está falando? Rodrigo, quem é essa mulher? – Corr Sairy ainda estava
perplexo e sem se pronunciar. Assim que S.E. entrou, olhou a moça e disse:

- Eita, Cynthia Scandian? – Todos olharam para S.E., então K’thryn questionou:

- Quem é Cynthia Scandian? – E Corr Sairy declarou:

- Minha filha! – Olhou para Cynthia sentada no interior da philisi e, do nada, saiu
rapidamente do Iatreío, com os diminutos S.E. e Galaxya seguindo-os. K’thryn ficou sem
ação, mas pediu ao Galaxya:

- Ela deve falar terrano, Galaxya, então fale com ela por mim. – E começou, se aproximando
de Cynthia. – Olá, eu sou K’thryn Swiss do planeta Dharkyens. Você está no Galaxya e eu
lhe peço que me permita colocar-lhe um chip neural, assim poderá me entender e a todos
que aqui estão. – Cynthia ouviu a tudo, mas estava perplexa. Concordou com um gesto da
cabeça e, usando um aparelho simples, introduziu um chip neural na têmpora de Cynthia. –
Nossa como sua pele é macia. Talvez você demore para me entender, mas...

- Eu estou te entendo. – Cynthia disse. – Mas como é possível? E por que Rodrigo saiu daqui
e me deixou assim? Tem alguma roupa para mim?

- Galaxya? – Requiriu K’thryn e, logo, o corpo de Cynthia foi recoberto com um traje. – Acho
que agora pode sair daí. – Cynthia o fez, mas teve dificuldades de ficar em pé, então K’thryn
a levou a um lugar para se sentar. – Suas pernas estão em torpor ainda, mas em breve
conseguirá caminhar. Agora, me diga a última coisa que se lembra. – Cynthia se sentiu
confusa, pois o chip neural respondia aos seus pensamentos:

- O que está acontecendo com minha cabeça. Estou recebendo várias informações, uma
atrás da outra.

- É o chip neural. Ele está ligado ao Anima Mundi e possui um tradutor omniversal. Se
pensar em algo, ele pode lhe responder, automaticamente. Por isso, peço que mantenha a
calma com vossos pensamentos. Respire e inspire para manter a calma. – E Cynthia fez o
que ela pediu e a confusão desapareceu. – Agora, me fale, o que se lembra?

- Eu ia, com minha mãe, ao recital que participaria, quando um veículo nos fechou. Senti o
nosso caindo e tudo ficou escuro. Depois vi uma luz e agora estou aqui. O que aconteceu
com Rodrigo? Por que ele parece tão velho e usa aquele tapa-olho? – Naquele momento,
Marcelle e Pum Riss apareceram. – Marcelle Menken? Mas você parece tão mais velha?

- Cynthia? Não acredito que é você. – Disse Marcelle, surpresa com a moça a sua frente. –
Como...?

- Era ela no interior da philisi. – Demandou K’thryn. – Acredito que, quando Corr Sairy disse
que sentiu uma energia eletrostática passar por seu corpo e uma dor de cabeça, era ela se
conectando a ele.

71
Andre luz

- Marcelle, o que está acontecendo aqui? – Cynthia inquiriu, assustada com tudo. – Rodrigo
está diferente, você está crescida e esta K’thryn Swiss parece uma médica. – Ao invés de
responde-la, Marcelle se voltou para K’thryn:

- K’thryn, ela pode vir conosco?

- As pernas dela estão instáveis, mas se a ajudar. – Então Marcelle se colocou de um lado e
Pum Riss do outro. Ao vê-la, Cynthia questionou:

- E quem é você? – A phællansi respondeu:

- Sou Pum Riss, intombi de sua udade. – Aquilo deixou Cynthia ainda mais confusa, mas
Marcelle interpôs:

- Temos muito o que conversar. – Se virou para K’thryn, enquanto saíam ajudando Cynthia.
– Obrigada, K’thryn. – E seguiram em direção ao quarto delas.

Naquele momento, Corr Sairy estava no interior do S.E., preso às suas lembranças:

- Sério? Você fugiu de Cynthia? – Expôs S.E. – Sua filha estava no Iatreío e você veio para
cá, ficar comigo?

- Aquilo não era minha filha! – Corr Sairy retrucou, contrariado.

- Sério isso, Corr Sairy? – Percebendo que suas palavras eram odiosas, retorquiu:

- Foi mal, mas aquela menina não pode ser minha filha. Minha filha e minha esposa
morreram em um acidente há milênios atrás.

- Existem arquivos do acidente ainda no Anima Mundi. – Expôs Galaxya.

- Exato, eu os mantive, pois falavam diretamente de Josiane e Cynthia, sem menção de meu
nome. “Doutora sofre acidente horrível”, “Grande filóloga e sua filha sofreram terrível
acidente”, e por aí vai. Você sabe que, às vezes, ainda consulto essas matérias, S.E., pois
não desejo esquecer seus rostos. – Colocou Corr Sairy.

- Além dos arquivos de imagem. – S.E. arrematou. – Projeções de apresentações de Cynthia,


imagens de viagens de férias e tal.

- Pois é. Quando eu viajava para as palestras do chip neural, Josiane gravava as


apresentações de Cynthia para assistirmos juntos. Não era o mesmo que estar presente,
mas mesmo assim era maravilhoso. Aquilo, quer dizer, aquela menina é um reflexo de
minhas lembranças, somente isso. Nem a idade correta ela tem. – Complementou Corr
Sairy.

- Não vejo assim. De acordo com os arquivos das matérias, Josiane Scandian tinha treze
anos no dia do acidente. A jovem que está com Marcelle Menken e Pum Riss parece ter
dezoito anos. Presumo que tinha quarenta e cinco anos naquela época e, desde então, não
parece ter envelhecido mais do que cinco anos nos últimos dois milênios terranos. Então,
creio que bata a idade com a jovem. – Analisou Galaxya.

- E, mesmo que ela seja uma projeção de sua memória, ainda é sua filha, Corr Sairy. –
Inteirou S.E.

- Ser uma projeção de minhas lembranças não faz dela minha filha, S.E. Faz dela uma mera
imitação de uma lembrança antiga.

72
GALAXYA II

“Antes do acidente, Josiane havia entrado em contato comigo, dizendo sobre o sucesso do
recital de Cynthia e que muitas escolas estavam interessadas. Treze anos e já poderia
integrar grandes escolas de arte. Fiquei extremamente exaltado. Então falei com minha
filha, também, elogiando-a pelo sucesso e, mesmo feliz, ela disse que precisava me contar
algo, quando eu retornasse. Quando eu e Skill chegamos à Terra, H-Kik, que já namorava
Skill na época, veio nos contar o que acontecera. Um veículo que estava abaixo do veículo de
Cynthia, perdeu a direção e atingiu os flutuadores, fazendo-os entrar em pane e levando-o a
tombar de 500 metros de altura. Durante anos, pensei que alguém descobrira de eu ter
soltado Marcelle, mas quanto mais fundo eu investigava, mais eu descobria que tinha sido
um estúpido que conversava enquanto dirigia. Ao invés de ativar o piloto automático, o
idiota dirigia e discutia com alguém, não prestando atenção para onde ia. Então subiu
rápido demais e não percebeu o veículo de Josiane. Perdi as maiores razões da minha vida
por causa de um imbecil dirigindo”.

- Sinceramente, fico sem palavras para isso, Corr Sairy, mas você precisa pensar melhor,
pois a jovem acredita ser Cynthia Scandian. Só que, agora, deveremos discutir isso mais
tarde, pois...

- Tô vendo, o umkhumbi phællansi está aqui. – Interdisse S.E. sobre o Galaxya falava. – Foi
mal, Galaxya, eu te interrompi. – Corr Sairy reparou na grande nave que se aproximava de
Galaxya:

- Bem, depois verifico isso com ela. Já avisou a todos?

- Estão todos posicionados, aguardando. Com exceção de Marcelle, Pum Riss e Cynthia. –
Galaxya revelou. – As deixarei nos aposentos de Marcelle e Pum Riss...

- Não. Pum Riss não te perdoaria se fizesse isso. Ela está louca para ver...

- Já as avisei. – Galaxya interpôs Corr Sairy. – Elas estão indo para o Tuboelevador.

- Me avise quando descerem. Não quero cruzar com aquela menina, ainda.

- Acabaram de fazê-lo – Corr Sairy saiu do interior de S.E. e este foi transferido para o
interior do Galaxya. Quando Corr Sairy entrou em Galaxya, as meninas o virão:

- Aonde Rodrigo estava? – Cynthia perguntou.

- Estava na parte exterior o Galaxya. Ele gosta de ficar lá. – Respondeu Marcelle. – Olha,
S.E. acabou de aparecer no hangar. Ambos gostam do ambiente estéril e solitário do
exterior.

- Você tem razão, Rodrigo está muito mudado. – Marcelle pensou em corrigir Cynthia, mas
deixou para lá. As três se colocaram ao lado de K’thryn e, quando Corr Sairy chegou ao
hangar, se colocou ao lado de Kotharyn, bem distante delas.

O umkhumbi phællansi aterrissou no piso do hangar e do seu interior saíram Li Kkan e


Elizabeth à frente:

- Grandioso Phællans, isso aqui é gigantesco. – Li Kkan foi o primeiro a se pronunciar,


espantado.

- Bem-vindos ao Galaxya! – Corr Sairy disse, querendo aparentar animado. – Eu sempre


disse que valeria a pena!

- Ainda bem que você é persistente. – Concluiu Elizabeth. – E ele está presente?

73
Andre luz

- Estou sempre presente Ubukhosi Elizabeth. – Escutaram a voz de Galaxya. – Nunca pensei
em me apresentar fisicamente, mas... – Repentinamente, uma forma humanoide que tinha a
altura de Antares surgiu diante de todos, parecendo o espaço profundo, recheado de
estrelas distante.

- Como consegue fazer isso? – Ti Kkrus questionou, intrigado, enquanto abraçava a irmã.
Os olhos de Galaxya eram expressivos, mas pareciam enormes estrelas e seus lábios,
quando mexiam, pareciam um campo nulo. Então explicou à Ti Kkrus:

- Reunindo vários ycons, os projetores de comunicação que espalhei pelos planetas-


membros da Confederação. Sem ofender outras forças de vida – Galaxya disse, se dirigindo
a Ortsac -, mas a forma bípede de cinco dedos palmares parece bem aceita. – Explicou,
levantando as mãos. – É um prazer conhecer a todos!

- É a primeira vez que isso acontece? – Argumentou Cynthia surpresa, chamando a atenção
para ela. Então Elizabeth a olhou atentamente e, assombrada, disse:

- Cynthia Scandian? Mas como? – Se voltou para Corr Sairy. – Corr Sairy, como Cynthia
está aqui? – Constrangido e sem desejar entrar no assunto, Corr Sairy tentou mudar o
assunto:

- Muitas coisas ocorrem sem entendermos, Elizabeth. Bem, vocês vieram para conhecer o
Galaxya e creio que existem algumas coisas que precisam saber, como por exemplo a
satisphæra, uma esfera de transporte criada por Kotharyn e Galaxya. Ortsac vêm ajudando-
os na construção de mais, além de outros veículos individuais. Kotharyn, é contigo. – Corr
Sairy concluiu. Elizabeth ainda estava curiosa, mas entendeu que Corr Sairy não desejava
falar sobre aquilo. Então todos os phællansis e membros do Galaxya se voltaram para
Kotharyn e Ortsac. Neste momento, Antares se aproximou de Corr Sairy, mas antes de se
pronunciar, Corr Sairy falou:

- Antares, assuma isso tudo, por favor. – O ser de rubi olhou para ela, sem demonstrar
expressões, e manifestou:

- Creio que muitos acontecimentos ocorreram ao mesmo tempo. Deixe comigo, tome o tempo
que precisar. – Enquanto Antares seguia na direção dos outros, Corr Sairy adentrava em
S.E. Percebendo isso, Cynthia foi atrás dele:

- Vai se esconder de mim, novamente, Rodrigo? – Demandou Cynthia. Corr Sairy a olhou e
reparou em seus olhos que pareciam duas enormes pedras jade brilhantes, acinzentadas. –
Você não sabe o que está acontecendo, muito menos eu, mas sou sua filha e você tem de me
dar atenção.

- Não, é impossível que você seja minha filha, minha Cynthia. Você é uma projeção de uma
memória afetiva no corpo de uma humanoide. Nada mais que isso! – Cynthia sentia o
repúdio de Corr Sairy:

- Você sabe o quanto isso foi ofensivo?

- Olha, sinceramente, me desculpa, mas de alguma forma quando eu toquei na philisi que
você estava...

- Aquela cápsula de onde eu saí? Aquilo se chama philisi? Que nome estranho! – Cynthia
desviou o assunto, mas Corr Sairy retornou:

- Independentemente de como se chama, quando eu a toquei, de alguma forma, você se


ligou a um lado afetivo meu e gerou minha filha.

74
GALAXYA II

- E por que eu me geraria, Rodrigo? Seja sincero, se fosse dessa forma, por que eu não me
tornei mamãe? – Argumentou Cynthia e Corr Sairy ficou sem resposta, então Marcelle
entrou em S.E.:

- Estrelinha, não é o momento...

- Que bom que você o confrontou, Cynthia! – Manifestou Marcelle, embargando as falas de
Corr Sairy.

- Vocês duas planejaram isso? – Corr Sairy estava surpreso.

- Na verdade foi ideia da namorada de Marcelle, Pum Riss. – Expôs Cynthia. – Ela ainda
disse que você precisa enxergar a verdade. Eu sou quem eu digo ser. Não uma expressão
emotiva de uma lembrança sua. Eu sou Cynthia, sua filha.

- Não. – Corr Sairy gritou e S.E. fechou a comporta.

- Acho melhor você conter-se, Corr Sairy. – S.E. se expressou.

- Você é o S.E.? Marcelle e Pum Riss me falaram muito bem de você – Disse Cynthia,
olhando em volta.

- É, eu sou bom demais e todos me amam. – S.E. brincou. – É um prazer conhece-la


Cynthia.

- Ela não é Cynthia! – Corr Sairy falou alto, novamente, irritado. – Cynthia morreu em um
acidente estúpido, ao lado de sua mãe. Eu as perdi naquele dia.

- É mesmo? – Agora Cynthia parecia irritada. – Marcelle e Pum Riss me questionaram a


última coisa que me lembrava contigo. Eu disse que me lembro de falar com você, enquanto
você e Skill retornavam de um dos planetas que havia ido apresentar o seu chip neural.
Falei que precisava falar contigo assim que chegasse. Sabe o que eu queria falar com você,
Rodrigo? Que eu tinha conhecido um rapaz e ele tinha me beijado. – Corr Sairy olhou
espantado nos olhos de jade de Cynthia, que parecia séria. Então gargalhou, assustando
Cynthia e Marcelle, e quando parou, falou:

- Você está mentindo, pois Cynthia nunca esconderia isso de mim. – Então Cynthia deu um
sorriso malicioso e continuou;

- Eu não escondi, pois tinha acontecido na escola e você estava longe. Eu contei para
mamãe e ela falou que, possivelmente, você daria um discurso moral da minha idade, e
disse para eu lhe contar. Quando estevávamos indo para ao teatro, liguei para ti e quem
atendeu foi Skill e contei para ele. Meu padrinho disse que você estava se apresentando. Me
parabenizou, me disse que eu era uma pródiga e poderia estar me adiantando, mas que você
teria que dar seu parecer. Quando saímos do recital, mamãe te ligou e, após ela lhe dar as
boas notícias, eu falei com você. Pensei em falar naquele momento, mas queria esperar você
chegar e falar comedidamente, só que, aparentemente, não rolou, pois eu não sobrevivi ao
acidente de carro.

“Como eu disse, não sei explicar como voltei, mas voltei. Estou aqui. Se você quiser verificar
se o que estou dizendo a verdade, entra em contato com Skill. Marcelle e Pum Riss me
disseram que ele está vivo, casado com H-Kik (aquela alada chata!) e tem dois filhos, uma
alada (espero que não puxe a mãe) e um sem asas. Fale com ele! Agora, quando quiser
conversar de verdade, de pai para filha, eu estarei com Marcelle”. – Se dirigiu a abertura de
S.E. – Por favor, S.E., abra. – S.E. abriu, estendeu a passarela e Cynthia saiu com Marcelle,
indo na direção dos visitantes.

Corr Sairy estava nervoso e pensativo:

75
Andre luz

- Não pode ser! – balbuciou. Não pode ser verdade, Cynthia teria me contado o mais rápido
possível. – Falava tão baixo quem nem Galaxya e nem S.E. entenderam. Então falou em um
tom mais alto. – S.E. entre em contato com Skill, agora! – Logo depois, a imagem do rosto e
dorso de Ricardo apareciam na sua frente:

- Corr Sairy, que bom...

- Ricardo, aonde está Skill? – Corr Sairy bloqueou o jovem, que logo respondeu:

- Está treinando M-Karo e M-Kara. T-Rass demonstrou ser uma exímia metalúrgica e
confeccionou asas para M-Karo com umas peças de metal agufalgaviano. Você quer...

- Não precisa, eu chamo por eles. – Corr Sairy frustrou Ricardo, de novo, e encerrou a
comunicação. – Galaxya, você deixou ycons por lá?

- Com certeza. Estou projetando você. – E Corr Sairy podia ver todos os alados sobrevoando
o Ninho. Então juntou dois dedos entre os lábios e assoviou alto, e viu que H-Kik ouvira e
chamou a atenção de Skill, que desceu em sua direção:

- Caramba, aonde você está? Isso é uma projeção...

- Sem muito papo. – Corr Sairy o cortou. – Você sabia que Cynthia tinha dado o primeiro
beijo?

- Do que você está falando? De onde você tirou isso? – Skill parecia confuso e H-Kik
apareceu:

- Só me diga se é verdade ou mentira. – Corr Sairy parecia nervoso.

- O que está acontecendo, Skill? – H-Kik perguntou. – Você está bem, Corr Sairy.

- Acredito que não, H-Kik, pois seu marido me escondeu algo do passado.

- Quê? Não! – Skill parecia nervoso e surpreso. – Não é nada demais, H-Kik, Corr Sairy está
desenterrando fantasmas do passado, agora.

- Me diga se é verdade ou não! – Corr Sairy estava mais nervoso.

- E que diferença isso faz agora, Corr Sairy. Cynthia e Marcelle já partiram deste mundo. O
que importa se ela beijou ou deixou de beijar?

- Cynthia beijou alguém? Aquela menina era bem apressada mesmo. – Colocou H-Kik. –
Treze anos terranos e já estava beijando.

- H-Kik. – Skill disse, reprovando-a, e se voltou para Corr Sairy. – Sim, ela me contou que
um rapaz a havia beijado na saída da escola. Aparentemente, Josi havia testemunhado e ela
contou para a mãe. Ela me pediu para não falar nada com você, pois ela queria falar, mas
você sabe o que aconteceu! Que diferença isso faz agora!

- Ela voltou! – Corr Sairy disse, sorumbaticamente, sentando no nada (na verdade, se
sentava em sua poltrona no interior do S.E.).

- Ela quem? – Skill questionou, confuso.

- Cynthia. – Corr Sairy olhou nos olhos do amigo. – Ela está aqui. – Skill riu nervosamente,
mas H-Kik se pronunciou:

76
GALAXYA II

- Como assim ela voltou, Corr Sairy? Cynthia e Josiane faleceram no acidente do veículo
delas há mais de dois milênios terranos. Isso seria impossível! – Corr Sairy olhou para a
agufalgaviana:

- Depois de tudo o que eu já vi, essa palavra, impossível, parece que não existe. – Então
Skill falou:

- Como isso é possível? Nós vimos os corpos. Nós preparamos o enterro de ambas. Cynthia o
túmulo de Cynthia e Josi ainda existem, eu ainda vou visita-los. – Então Corr Sairy narrou
para os dois os acontecimentos depois que ele deixou a Terra, o encontro com Khyodor
Nallekoh, a ação de Antares, os problemas em Krarrash II, até o despertar dela. Ao final do
relato, Skill parecia assoberbado. – Uau. Sua vida é uma tempestade perfeita, Corr Sairy.
Então a humanoide é Cynthia. Você pensou que era uma expressão de suas lembranças,
mas é Cynthia.

- Sim. Com essa confirmação que você me deu, na qual somente vocês três sabiam, chego a
essa conclusão. – Falou Corr Sairy, amuado.

- Se é isso mesmo, por que você está tão sorumbático? – Questionou H-Kik. – Deveria estar
feliz.

- Porque eu duvidei dela, H-Kik. Eu disse palavras que me trazem arrependimento agora.
Como vou falar com ela, depois do que disse. – Corr Sairy estava constrangido e chateado.

- Bem, Cynthia e você sempre foram farinha do mesmo saco. Teimosos, obstinados e, por
isso, viviam discutindo. Era incrível como uma criança como ela conseguia bater de frente
contigo. Mas uma vantagem que vocês dois têm, também, é que sabem ouvir e perdoam
fácil. Então, vai conversar com ela, se desculpar, e vamos ver o que rola. – Concluiu Skill.
Corr Sairy se levantou e disse:

- Você tem razão. Não adianta eu ficar me lamuriando aqui no interior de S.E. Obrigado,
meu amigo. Beijo nas crianças. – A transmissão se encerrou e Corr Sairy se voltou ao
tecnoplaneta. – Galaxya, aonde eles estão?

- Foram ao Stellæ. Marcelle está apresentando agora, com Cynthia ao seu lado. – Então Corr
Sairy a chamou pelo chip neural:

- “Cynthia, sou eu”.

- “Eu quem? De onde está vindo essa voz?”

- “Calma. Isso se chama de comunicação remota via chip neural. Não é como telepatia, ou
seja, não posso ler sua mente, mas podemos nos falar sem atrapalhar os outros”. – Corr
Sairy esperou e ela não disse nada. – “Então, seria possível você me encontrar no exterior do
Galaxya?”

- “Pra quê?”

- “Para conversarmos e eu me desculpar”.

- “Skill te contou? E agora você quer conversar?”

- “Acredito que precisamos conversar”.

- “Está bem, como eu faço para chegar lá?” – E, do nada, Cynthia se via ao lado de S.E.:

77
Andre luz

- Você já está aqui. – Corr Sairy disse, se aproximando dela. – Por favor, se sente ao meu
lado. – E ambos se sentaram sob a imensidão espacial, sentindo o calor de K-Rarr, e Corr
Sairy começou:

- No momento em que soube do falecimento de vocês por H-Kik (não faça essa cara, ela é
esposa do seu padrinho) – Corr Sairy lhe chamou a atenção, pois ela fazia cara de nojo –,
meu mundo desabou. Por anos investiguei sobre sua morte, pois acreditava que tinham
descoberto sobre eu ter libertado Marcelle de seu cativeiro...

- Libertou-a, colocando-a em uma cápsula de hibernação e disparando no espaço? Uau! –


Corr Sairy a olhou reprovando e isso não a intimidou:

- Posso continuar, sem interrupções? – Ela gesticulou para que o fizesse. – Bem, procurei
saber se aquilo tinha sido mesmo um acidente e tudo que descobri foi que era sim. Um
imbecil que esqueceu de colocar o veículo no piloto automático, atingiu o veículo de sua mãe
por baixo e causou a pane nos flutuadores, fazendo-as cair.

“Daí por diante, minha vida mudou totalmente. Se você perguntar ao seu padrinho, ele
falará que voltei a ser quem eu era antes de conhecer sua mãe. Pode até ser verdade, mas a
última coisa que desejava é ficar nessa existência sem vocês. Então aceitava as missões
mais díspares e perigosas que podiam me dar. Até um assassino contratado eu carreguei em
minha nave...”

- Era o S.E.? – Cynthia questionou, olhando para o metálico ser ao lado de seu pai. Corr
Sairy não se importou e respondeu:

- Não ainda, era um protótipo do S.E. atual. Nem chegava aos pés do atual. (que as vezes
me aborrece, mas ele é meu melhor amigo, atualmente). Continuando, então eu recebi uma
missão de matar alguém e quando não cumpri, isso aconteceu – disse, apontando para o
tapa-olho. Eu poderia ter permitido que restaurassem meu olho, mas eu queria uma
lembrança e assim ficou. Apaguei o que podia dos meus rastros na criação de sua mãe, o
Anima Mundi, além de permitir que considerassem o Coronel Rodrigo Scandian como morto
em ação ilegal (pode consultar no Anima Mundi, está bem assim!). Depois de Crisyen,
ganhei o nome de Corr Sairy, que adotei como meu e persegui algo que muitos
consideravam um mito...”

- Seu Moby Dick? – Novamente Cynthia o interrompeu e Corr Sairy sorriu:

- Seu padrinho tem razão? Você é inquieta que nem eu. – Isso fez Cynthia sorrir. – Sim, meu
Moby Dick, o Galaxya...

- Agora eu virei Moby Dick? – A esfera sobre o ombro de Corr Sairy brilhou, chamando a
atenção de Cynthia, que ficou perplexa:

- Nossa, isso falou?

- Isso é o Galaxya, mocinha! Como aquilo é o S.E. – E veio a diminuta espaçonave se


aproximando. – Ou, pelo menos, uma expressão de ambos. Mas, aonde quero chegar é que,
muitas coisas aconteceram desde que perdi vocês duas, mas sempre tentei mantê-las em
minhas lembranças. S.E. possui várias projeções que sua mãe gravou de suas
apresentações. Até mesmo de sua última apresentação, no Theatro Municipal. Consegui
recuperá-la e a assisto, às vezes, ouvindo e prestando atenção no seu solo e nas palavras
quase inaudíveis de sua mãe, lhe instruindo a distância.

- Era típico dela fazer isso!

- Sim, era. Eu sinto a falta de vocês duas todos os dias. Podem passar anos, décadas,
milênios, nunca tive duas mulheres mais especiais em minha vida do que vocês duas. Não
vou mentir dizendo que não tentei ocupar esse buraco, mas nunca era a mesma coisa. Sua

78
GALAXYA II

mãe era uma parte essencial para mim e, não me entenda mal, pois amo Marcelle como
uma filha, mas ela nunca seria como você.

- -E bom saber disso, pois eu nunca quis ocupar o lugar de minha irmãzinha! – Os dois
olharam para cima e Marcelle aparecia pela porta. – Assim que terminei minha
apresentação, perguntei ao Galaxya onde vocês estavam e vim fazer uma surpresa para
minha família. – Cynthia se levantou:

- O mais estranho é que era para eu ser mais velha que você! Agora você parece ter vinte
anos e eu, o quê, dezoito? – Foi a vez de Corr Sairy levantar:

- Bem, de acordo com Galaxya, eu pareço ter cinquenta – Cynthia olhou de forma irônica
para Corr Sairy – me respeite, mocinha. Sendo assim, você teria dezoito anos, sim. – E os
três riram juntos, então foi a vez de Cynthia falar sério:

- Rodrigo (não adianta, não me acostumei com Corr Sairy e nunca te chamei de pai, não vou
começar agora), sinceramente eu não entendo o que aconteceu e como eu voltei. Perdi cinco
anos de minha vida, que não tenho como recuperar. Estamos no Galaxya, um tecnoplaneta
vivo (Marcelle me falou isso), tenho uma irmã mais velha (estou feliz com isso, pois tenho
com quem conversar), que tem uma namorada muito gata (definitivamente) – Marcelle riu –
e meu pai passou por maus bocados, desde que saímos deste mundo. Eu gostaria que fosse
minha mãe que tivesse voltado, mas fui eu...

- Cynthia, – Corr Sairy começou gesticulando para ela parar – eu devo mais desculpas para
você do que para qualquer outra pessoa. Duvidei de ti quando, de certa forma, sabia que era
você de verdade. Mas a dor da perda, que é mais antiga do que você, me fez duvidar. Não
ligo que seja você que tenha voltado, pois eu estou feliz por ter você aqui. – E, então, os três
se abraçaram, com olhos marejados. Então, enxugando as lágrimas, Corr Sairy se voltou
para Marcelle. – Você terminou sua apresentação do Stellæ e veio para cá?

- Sim. – Marcelle enxugava as lágrimas, também. – Eles estão no Libri, com Pum Riss.

- Peraí, você deixou sua namorada sozinha por nossa causa. Que desfaçatez.

- Rodrigo, deixa de ser chato! – Cynthia o repreendeu. – Nossa, continua um enjoado como
sempre.

- E você muito parecida com ele! – Marcelle implicou, enquanto entravam no interior do
Galaxya.

- Eu não... Peraí, S.E. vai ficar aqui, ... – E o amigo metalizado de seu pai desapareceu. –
Para onde ele foi... e, lembrando, como fui parar no exterior do Galaxya?

- Ele te transferiu para lá. – Marcelle colocou, enquanto eles chegavam na entrada do Libri,
então, antes de entrarem, Corr Sairy lhes disse:

- Só mais uma coisa. Depois da visitação dos phællansis, precisamos nos reunir, pois
Antares se autodenunciou à Confederação Galaxial.

- Antares? O grandão vermelho brilhante? Mas por que fez isso? – Cynthia inquiriu,
enquanto Marcelle demonstrava surpresa.

- Porque ele feriu o Artigo primeiro das Leis da Confederação Galaxial e Antares é todo
certinho. – Corr Sairy explicou.

- Ser certinho é muito chato, às vezes. – Então foi Marcelle que falou:

79
Andre luz

- O pior é não ele ser certinho somente, mas você não saber quanto ele está feliz ou triste ou
chateado ou nervoso. Antares parece uma estátua de rubi. – Assim que os três entraram,
Corr Sairy fez sinal de silêncio e concluiu:

- Depois faremos a reunião para falar sobre isso. – E se aproximaram dos visitantes.

Após a apresentação do Collocutio e da sala de reuniões (que Marcelle chamou de


Testimonii), que ficaram por conta de Antares, todos se reuniram na Caupona para se
alimentarem. Elizabeth pediu que Corr Sairy e Cynthia se sentassem com ela e Li Kkan e
assim eles fizeram:

- Antes você evitou falar de Cynthia, por quê? – Elizabeth interrogou, mas foi Cynthia que
respondeu;

- Porque ele duvidava que eu era eu! – Corr Sairy ficou constrangido, mas confirmou
abanando a cabeça.

- Tu duvidaste de vossa filha, Corr Sairy? – Li Kkan demandou. – Como podes fazer algo
assim?

- Verdade, Rodrigo, como pode fazer algo assim? – Cynthia o provocou e Corr Sairy a olhou
de forma repreensiva, mas Elizabeth riu:

- Eu tinha me esquecido dessa dinâmica de vocês dois. Vocês são muito iguais, em
definitivo.

- Não entendi, minha otandekayo. – Cynthia ia falar, mas Corr Sairy colocou a mão sobre
seus lábios. Elizabeth viu aquilo, sorriu e respondeu à Li Kkan:

- Corr Sairy, quando era Rodrigo, ensinou Cynthia a chama-lo meu seu primeiro nome. Ele
dizia que, quando ela estivesse com raiva ou desejasse provoca-lo, não importando o que
fosse, ela sempre o chamaria de Rodrigo. Além do que um sempre provocava o outro. Você
tinha dez anos (se bem me lembro) e seus pais me fizeram um jantar de despedida...

- Na verdade, eu tinha oito, senhorita Asimov. – Elizabeth riu e Cynthia teve uma reação de
contrição facial. – Ih, desculpa, rainha... vossa majestade... como se fala, Rodrigo?

- Ubukhosi Elizabeth! – Corr Sairy pontuou.

- Me chame de Elizabeth, somente, minha querida. Seu pai faz assim, você também pode.
Mas então, você tinha oito anos e no jantar você ficou nas escadas, nos observando, então
Corr Sairy foi discutir contigo, pois era para você estar dormindo, pois no outro dia tinha
aula. Discutiram como adultos, mas você subiu. Quando eu fui lá em cima, vi você em um
canto e me pediu silêncio, então disse...

- Se ele não vê, ele não sabe. E o que ele não sabe, ele não vem me encher a paciência. –
Cynthia completou e Elizabeth riu, concordando com aquilo:

- Você disse isso para minha chefe? – Corr Sairy inquiriu.

- Ah, você estava muito mais chato naquele dia do que o normal. Mamãe que deixou você
determinar se eu dormiria ou não. Eu queria participar com vocês.

- Sim, mas você tinha somente oito anos. E ainda teria aula de latim no outro dia (coisas de
sua mãe).

- Quis videt faciem cordis non videt. – Isso chamou a atenção de Marcelle e Pum Riss:

80
GALAXYA II

- Não brinca! “O que os olhos não veem o coração não sente”. – Todos olhavam para as
irmãs, surpresas. Cynthia abraçou a irmã e balançou a cabeça, provocativa para Corr Sairy:

- Está vendo o que vou ter de aguentar? – Corr Sairy encerrou, rindo para Elizabeth e Li
Kkan, que perceberam o tom de aprovação e felicidade do pai daquelas duas moças.

Após a visitação, os phællansis embarcaram em seu umkhumbi e partiram. Pum Riss ainda
enxugava as lágrimas, quando Corr Sairy disse:

- Agora nos reuniremos, pois precisamos discutir algo extremamente importante referente à
Antares.

- E o que seria isso? – Peguilhou Ortsac.

- Acredito que seria melhor conversarmos sobre isso no Testimonii. Mesmo que alguns já
saibam sobre o que é, acredito que todos queiram ponderar sobre. – Corr Sairy expôs e,
instantes depois, todos se acomodavam no Testimonii. – Bem, acredito que Antares deva
falar pra esclarecer.

- Claramente, esta assembleia se deve da conversa que tivemos anteriormente. – Apontou


Antares. – Pois bem, previamente ao surgimento de Cynthia Scandian e a visitação de
Ababusi Li Kkan e Elizabeth e sua comitiva, avisei a Corr Sairy que entrei em contato com o
Confederado-mor Stahirr, requerendo a revogação da sentença determinada. Aguardo o
posicionamento da Confederação Galaxial.

- Acredito que Corr Sairy falava de outra coisa, Antares. – Argumentou Marcelle, mas
Cynthia inquiriu:

- Peraí, Rodrigo foi sentenciado pelo quê?

- Seu pai foi acusado de mercenarismo por ferir o Artigo 54 da Lei da Confederação Galaxial,
que diz “Fica proibido qualquer negócio que acarrete em pagamentos e serviços que caibam,
especificamente, a membros ou representantes dos planetas-membros da Confederação
Galaxial, caso não seja membros ou representante do planeta-membro que oferecera os
serviços, serão considerados serviços mercenários”.

- Mas Rodrigo é terráqueo (ou como quer chamem agora)! – Sinalou Cynthia.

- Bem, a Terra o havia dado como morto no período que Corr Sairy prestou serviços aos
planetas-membros da Confederação Galaxial e, de acordo com o processo, por ele não ter
sido submetido ao Titulazio ekitaldia, também não era crisyeno...

- Na verdade, considerando isso, ainda não sou. – Corr Sairy complementou. Se voltou para
Cynthia. – Resumindo, não aceitei a sentença, decidi fugir com sua irmã, eles me seguiram
– apontando para Antares e Kotharyn –, encontramos o Galaxya, Ortsac e K’thryn se uniram
a nós e aqui estamos. – Se voltou para Antares. – Agora fala a outra parte.

- Sim, mesmo sendo algo bem pessoal, creio que devo lhes dizer que devemos retornar à
Confederação Galaxial, onde devo ser punido por ter ferido o Artigo 1 da Lei da
Confederação Galaxial por ter me pronunciado que comandava a Confederação Galaxial
contra todos seus inimigos, sendo que, tal comando pertence somente ao Confederado-mor,
que atualmente é Stahirr de Thrittan. Dessa forma, preciso comparece a Thrittan para
receber a devida punição pelos meus atos.

- Mas por que motivos fizeste isso, Confederado Antares? Por que disseste que comandavas
a Confederação Galaxial? – Inquiriu Kotharyn.

81
Andre luz

- Porque sofremos um ataque de Khyodor Nallekoh, Kotharyn de Krarrash II e, dessa forma,


agi abruptamente. Felizmente Corr Sairy agiu de forma a criar uma estratégia para afastá-
lo.

- Eu somente dei a ideia, tudo ficou por conta do Galaxya, K’thryn e Ortsac. – Corr Sairy
disse.

- Corr Sairy, sua tentativa ignóbil de tirar o crédito de vossos atos é cansativo e
desnecessário. Sim, tivemos a execução, mas seguindo sua estratégia. Doravante, iremos à
Thrittan para minha sentença, pois agi contra o Artigo 1 da Lei da Confederação Galaxial.

- Acredito que antes deveria antes ouvir à Megami Aryannin de Volos VI, Confederado
Antares. – Disse o pequeno S.E. – Ela acaba de me enviar um chamado desejando falar
contigo, especificamente. Aparentemente, uma crise foi insuflada com sua presença em
Volos VI.

- Como ainda não distribui ycons no sistema Volos, para fazer a chamada precisa ir ao
Collocutio ou poderá usar o S.E. – Manifestou a forma humanoide de Galaxya.

- Não desejo menospreza-lo, S.E., mas acredito que uma comunicação privada seria o ideal.
Me encaminharei ao Collocutio. Se desejarem esperar, em breve retorno para dizer o que
está ocorrendo. – Então Antares se retirou do Testimonii e, aproveitando disso, Cynthia
falou com seu pai:

- Então você cometeu um crime? – Corr Sairy olhou para ela:

- Fui incriminado em três crimes. Além de mercenarismo, me acusaram de transportes


ilegais e assassinato.

- Você matou alguém? Desde quando você mata? Nem arma você gostava de carregar e olha
que serviu às Forças Armadas da Terra. – Então Marcelle interpôs:

- Na verdade, ele foi inocentado das duas outras acusações. O assassinato foi um embuste,
pois ele somente testemunhou-o. E já o transporte ilegal, a Terra foi responsabilizada, mas,
aparentemente, não cumpriu pena nenhuma.

- Planetas também podem ser punidos? Caramba, tô muito desatualizada mesmo. – Cynthia
disse, surpresa.

- Eu falei que tínhamos muito o que conversar. – Argumentou Marcelle, rindo. Então foi a
vez de Corr Sairy entremeter-se:

- Façam o seguinte, vão conversar, mas acho que o ideal seja subirem, pois tem alguém
sozinha lá em cima.

- Gene. – Pum Riss e Marcelle falaram em uníssono. – Nossa, esquecemos dela totalmente. –
Corr Sairy concordou com a cabeça, e Cynthia perguntou:

- Quem é Gene? – Foi a vez de Pum Riss falar:

- Gene Sisrac é indodakazi de Jacqueline Dévero, mas foi criada no Projeto Gênesis. Ela é
mais velha, mas está sozinha lá em cima, desde que chegamos de chegamos de Krarrash II e
isso já tem uns dois arrs.

- Tá, fiquei totalmente confusa com o que disse, Pum Riss. – Expôs Cynthia. – Mas se ela
está sozinha, vamos fazer-lhe companhia. – E as três saíram, também. Fazendo K’thryn
inquirir Corr Sairy:

82
GALAXYA II

- Para onde elas foram?

- Fazer companhia a Gene, lá em cima. – Aclarou Corr Sairy.

- Bem, vou aproveitar para ver o meu árrostos, então. Ele deve estar despertando. – Disse
K’thryn e se retirou, deixando Corr Sairy com Kotharyn e Ortsac. Kotharyn então disse:

- Que bom que ficamos somente nós no Testimonii, pois preciso lhe falar, Corr Sairy.

- Pode falar, Kotharyn. Nos últimos arrs muitas coisas foram ditas e continuamos aqui. O
que tem para me dizer.

- Gostaria de pedir-lhe desculpas por minhas ações a dois arrs atrás. Desde que retornamos
de Krarrash II venho refletindo sobre o que ocorreu, sem contar que tive uma conversa com
nosso colega Ortsac Searamiug, e percebi que fui injusto em culpa-lo pelas ocorrências em
Krarrash II, pois sem ti, possivelmente teriam se desfeito de mim, covardemente. – Corr
Sairy pensou em contestar o que Kotharyn disse, mas lembrou das palavras de Antares.
Então Kotharyn continuou. – Infelizmente não temos como controlar o campo de combate, e
mesmo aqueles que aparentam ser os melhores podem nos decepcionar.

- Grandão, sinceramente, eu entendo sua raiva e os motivos de sua repreensão a mim, pois
eu coloquei o Azevedo no campo de batalha. Mas confiei que ele fosse seguir as instruções.
O problema dos tipos de Azevedo é que eles não mudam, não importa o tempo que passe. –
Corr Sairy disse. – Mas eu esperei e acreditei que ele pudesse mudar. Por isso, minha
sentença para ele não mudará. Ele deverá dormir e acordar lembrando que foi culpado pelo
que ocorreu no campo de combate.

- Também lhe digo que desejo participar do treinamento dele, pois quero que, mesmo
aprendendo, acalente minha raiva com seu sofrimento em minhas mãos. – Então Ortsac
interpôs:

- Não posso dizer-lhes que entendo o que sentem, mas vocês estão se parecendo muito com
os serodinup darkyanis ao falarem isso. Tu, Corr Sairy, farás uso dos traumas que ele
sofreu para que? Sinta o mesmo que os outros que perderam à vida? E tu, Kotharyn,
treinarás ele a ponto de quê? Possas acalentar vossa dor? Vós achais que isso o melhorará?

- E o que você faria, meu nobre amigo darkyani? – Questionou Kotharyn e Ortsac repontou:

- Eu o postergaria. O deixaria sem treino, aboletado em teu alojamento. A ideia de proibir


sonos compelidos, mantenha, mas não lhe deem oportunidade de ter o mesmo que terá
Gene Sisrac. – Corr Sairy parecia pensar e Kotharyn disse:

- Mas como ficaria minha ira com este terrano? Ele permitiu a aniquilação de quinze
krarrashins. – Então, Ortsac tentou sem o mais acalentador possível:

- Amigo Kotharyn, mesmo que aqueles quinze tivessem sobrevivido, eles dariam um jeito de
cometer aquele ato. Pensai, pois dos quinze, mais poderiam ter perdido a vida. Quando um
ser é obcecado, ele fará de tudo para atingir seus objetivos.

- Caramba, Ortsac, isso foi profundo. Não sabia que era tão sábio. – Falou Corr Sairy.

- Onretap Onerb Ohlavrac é um abircse e me permitia ler além de me instruir. Se não


tivesse me tornado um ocinâcem, teria me tornado um abircse. – Corr Sairy e Kotharyn
cruzaram olhares e Kotharyn disse:

- Tens razão, meu nobre amigo darkyani. – Naquele instante, Antares adentrava no
Testimonii:

83
Andre luz

- Aonde estão K’thryn Swiss, Marcelle Menken, Pum Riss e Cynthia Scandian?

- As meninas estão com Gene, lá em cima. K’thryn está no Iatreío, cuidando de Azevedo. – E
K’thryn apareceu:

- Na verdade, ele já está melhor. O mandei para o andar de cima. Acredito que poderemos
começar o treinamento deles. – Explicou K’thryn, finalizando. – Eu vi Antares vir e o segui
até aqui.

- Ótimo, o faremos no caminho de Volos VI, pois precisamos ajudar Megami Aryannin.
Como bem disse S.E., duas facções estão prestes a causar uma Naisen em Volos VI e ela
acredita que eu possa ajudar neste ponto. Galaxya...

- Já avisei a Marcelle Menken, Pum Riss e Cynthia Scandian. – Disse o humanoide que
permanecera quieto no Testimonii até ser convocado. – Também avisei a Capitã Gene Sisrac
que seu treino se iniciará e aquartelei o Capitão Ross Croisman Azevedo em teu aposento,
avisando-o que sua punição será não receber treinamento por teus atos.

- E quando decidimos por isso? – Antares inquiriu.

- Não tomamos. Mas foi uma ideia excelente dada por Ortsac Searamiug, na qual Corr Sairy
e Kotharyn concordaram. Também não tenho nada contra isso. S.E.? – Esclareceu Galaxya
e questionou a diminuta representação de S.E.:

- Também não tenho nada contra.

- Sendo assim somos em cinco. – Concluiu S.E.

- Mas isso não chega nem ser a maioria do grupo, Galaxya. – Argumentou Antares.

- Não tenho nada contra, também. – Colocou K’thryn. – A desobediência dele fez vidas serem
consumadas em uma explosão. Não concordo com punições físicas, então a exclusão é o
mais correto.

- Nos somamos em seis, neste momento. – Declarou Galaxya.

- Mas isso iria contra o que combinamos com a Terra. – Ponderou Antares.

- Antares, você ainda lembra o que ocorreu em Karrash II, não é? – Indagou Corr Sairy e
quando Antares ia responder. – O questionamento foi retórico, eu sei que se lembra.
Azevedo desobedeceu a ordens diretas de seus superiores. Sinceramente, eu o largaria nas
mãos de Kotharyn e deixaria este saciar seu desejo de vingar cada uma das quinze vidas
perdidas naquela explosão. Mas nas Forças Armadas da Terra, existe também a proibição de
um soldado por desobediência. Lógico que ele seria obrigado a afazeres degradantes, como
limpar latrina, higienização de refeitório e lavagem de panelas, mas não temos isso aqui,
então deixa-lo recluso, em seu alojamento, com contato mínimo, será a punição mais
acertada. Ou prefere deixa-lo nas mãos de Kotharyn? E nas minhas? – Antares pareceu
ponderar, enquanto Marcelle, Pum Riss e Cynthia cegavam com Gene ao lado delas. Vendo
a terrana, ele disse:

- Está bem, sigamos dessa forma, então. – E Galaxya disse:

- Agora somos sete. – Então foi a vez de Marcelle se manifestar:

- Perdemos alguma coisa. – E Corr Sairy explicou para elas o mesmo que disse a Antares. –
Ah, isso, por mim é melhor ficar enclausurado do que ficar nas suas mãos e de Kotharyn.
Se for verdade o que Gene contou, ele ia sofrer muito. – Pum Riss e Cynthia concordaram,
acenando com a cabeça e Corr Sairy achou aquilo estranho e questionou à filha:

84
GALAXYA II

- Não vai ter nada a colocar?

- Vou falar o quê? Nem sei o que tá rolando. Se ele vacilou, que fique preso. – Então Gene
levantou o braço e Antares lhe sinalizou:

- Fale, Capitã Gene Sisrac.

- Primeiro, quero agradecer imensamente por começar o treinamento. Como sabem, sou da
Terra e parece que passei um mês sozinha lá em cima. – Corr Sairy gesticulou mais ou
menos, o que fez Gene rir. – Bem, segundo, obrigado por maneirarem com meu irmão. Eu
conversei anteriormente com Corr Sairy e pensei que me colocariam como responsável por
ele, mas acredito que este seja o melhor jeito de puni-lo. É até comum na Terra isso ocorrer
com insubordinação. Dito isso, só peço que ponderem, também, em um retorno dele, pois as
meninas me disseram que Ross não será submetido ao sono induzido, então ele terá
grandes pesadelos com o que aconteceu. Em meus estudos, aprendi que isso posso ser algo
horrível para a mente humana, mesmo avançada como a nossa. Acho que terei muito tempo
de conversa com Ross, durante este período.

- Ponderaremos sobre isso, com certeza, Capitã Gene Sisrac. – Colocou Antares. – E acredito
que deve iniciar seu treinamento com nossa iatrévo, K’thryn Swiss. – K’thryn se levantou e
disse:

- Por favor, me acompanhe Capitão Gene Sisrac. – E depois falou com as outras três. – Se
quiserem vir, serão bem-vindas, também. Quem sabe Pum Riss não me ajuda. – Marcelle
olhou para sua namorada, que falou:

- Acredito que estou meio enferrujada, mas será maravilhoso. E todo aprendizado é
maravilhoso. – E as cinco saíram do Testimonii. Corr Sairy, motivado pela animação das
mulheres do grupo, inseriu:

- Aproveitando, vou me mandar e esperar chegarmos no sistema Volos. Até mais para vocês
– E, com isso, todos saíram do Testimonii.

85
Andre luz

XIV
A distância do sistema K-Rarr para o sistema Volos era o suficiente para adiantarem o
treinamento de Gene. Ela aprendeu bastante sobre anatomia de outros seres com K’thryn,
Corr Sairy a ajudou com estudos estratégicos, Pum Riss a orientou quanto as línguas e
histórias dos planetas da Confederação Galaxial, Marcelle a guiou sobre os aspectos das
estrelas e planetas integrantes ou não da Confederação Galaxial, Ortsac e Kotharyn
mostraram sobre o funcionamento de uma espaçonave, além de orientá-la sobre pilotagem
(com auxílio de K’thryn, neste ponto. Ela também recebeu orientações de diplomacia e
aspectos da Lei da Confederação Galaxial com Antares e foi treinada em vários estilos de
luta com Corr Sairy, Kotharyn e K’thryn Swiss. O mais especial é que nunca estava sozinha,
pois Cynthia (principalmente) sempre estava ao seu lado:

- Tô perdida há dois milênios e isso vai me ajudar muito. – Ela explicou para todos,
principalmente seu pai.

Além de Cynthia, constantemente Gene tinha a companhia de Marcelle e Pum Riss,


também, além de Corr Sairy, que desejava aprender com K’thryn e Antares, este que queria
aprender mais com Corr Sairy, Ortsac e Kotharyn, e todos circulavam pelas disciplinas,
aprendendo mais.

Já Ross ficou destinado ao seu quarto, onde Gene ia, constantemente, visita-lo para
conversarem:

- Não quero que se sinta sozinho. Mas você sabe que merece essa punição. O que fez foi
irresponsável, agora tem de arcar com o que fez. – E Ross parecia entender, aproveitando a
presença de sua irmã para falar como se sentia.

Deu tempo até o suficiente para ele voltar ao treinamento, com exceção de Corr Sairy:

- Não adiante, ninguém me convence a treina-lo. Vaso ruim não quebra. – Ele alegou.

- Mas pode se tornar útil e prático, exatamente por não quebrar. – Replicou Cynthia. – Deixa
de ser turrão, Rodrigo. Até Kotharyn o está treinando. Tá, o castigou bastante no começo,
mas agora tá de boa.

Mas Corr Sairy era a parte mais difícil. Até que um dia, ainda no Gymnasium, Ross
apareceu para falar com o crisyeno:

- Corr Sairy, senhor, posso lhe falar? – Corr Sairy se impressionou com o respeito e decidiu
ouvir:

- Manda.

- Sei que falhei contigo...

- Falhar é uma palavra fraca para o que aconteceu, Azevedo. – Ross ia falar, mas foi
interrompido. – Se for pedir para eu usar sua patente, tire o cavalinho da chuva. Uma
patente pertence àqueles que fazem por merecê-la. Você sempre foi indisciplinado,
presunçoso, pedante, arrogante e desrespeitoso.

- Por que diz isso?

- Porque, mesmo vendo minha patente, você me tratava como inferior a você, pois foi gerado
para ser superior. Mas sabe o que faz um ser humano superior, o respeito ao outro. Não é
ser mais forte, mais ágil, mas resistente ou mais inteligente. Se você não respeita, você não

86
GALAXYA II

é melhor do que qualquer outro imbecil como, por exemplo, seu irmão Seth Ámoneth. O que
você fez em Krarrash II somente demonstrou que você continua sendo o que sempre foi.

- Eu não paro de pensar nisso. Sei que foi uma forma de castigo que me impuseram...

- Eu requeri esta punição, pois se você tivesse um sono induzido, em breve esqueceria o que
fizera.

- Então, agora entendo e me arrependo. Ouvi muitas histórias e aprendi bastante. Gene tem
conversado comigo e isso me mostrou que eu devo aprender antes de achar que eu sei.
Antes de qualquer coisa, devo-lhe desculpas por minhas ações. Antes, na Terra, e agora, em
Krarrash II. Deveria ter percebido e compreendido sua experiência, mas eu não tinha ideia,
pois nunca me importei e fui incentivado a isso. Quero levar esta experiência que estou
tendo aqui para meus homens e, possivelmente, voltar a carreira militar e merecer minha
patente. – Explicou Ross, mas Corr Sairy não parecia convencido:

- Você disse que ouviu muitas histórias, então deve ter ouvido sobre mim. Não duvido que
Marcelle tenha lhe contado sobre mim e, como não existem mais arquivos meus no Anima
Mundi, acredito que Gene contou-lhe sobre meu período como militar. Então, confiar que
está sendo sincero, esquece. Mas, se quer mesmo mudar, demonstre. Primeiro, mude
totalmente os Cavaleiros Sombrios. Se procurar sobre cada um deles, as fichas militares são
mais sujas do que uma bota enlameada. Acredite, eu procurei. Até mesmo Seth tem muitas
denúncias de ação, que Stendart conseguiu desviar a atenção. Você é indisciplinado,
Azevedo, mas pelo menos é correto com as leis. Já seus homens, não. Substitua-os, todos,
sem exceção. Daí você demonstrará que começou a mudar. Se continuar aceitando a
imposição de Stendart, não aparentará mudanças e confirmará tudo que eu acho de você. –
E virou as costas para Ross, que decidiu ataca-lo. Mas Corr Sairy pressentiu a ação do
terrano e rapidamente desviou do caminho, escorregando e derrubando Ross de costas no
chão, agilmente o virou e colocou o joelho sobre suas costas, segurando um dos braços em
um alicate. – Agora sim você mostrou quem é. Sabia que este papo era muito aleatório e
estranho. – Corr Sairy dizia, enquanto Ross se debatia sobre ele. – Bem, você é um cara que
se recupera rápido, então. – Corr Sairy forçou o braço até sentir o deslocamento e ouviu o
grito de Ross. Enquanto ele gritava, pegou o outro braço e fez o mesmo, e o terrano abaixo
dele gritou mais alto ainda, chamando a atenção de Marcelle, Pum Riss, Cynthia e Gene,
que correram para ver o que ocorria:

- Mas o que aconteceu? – Gene perguntou, exasperada. – Ele somente queria conversar com
você, Corr Sairy.

- É mesmo? Galaxya! – E, em na frente das quatro, Galaxya projetou o ataque de Ross à


Corr Sairy. – Se você acha que seu irmão mudou alguma coisa. Você deveria voltar para as
aulas de psicologia, pois ele te enganou direitinho. – Corr Sairy se levantou e deixou Ross
caído no chão, com ambos os braços deslocado. – Aproveita que somente desloquei em dois
pontos, pois poderia tê-lo desmontado inteiro. – E saiu dali. Com o rosto demostrando
decepção, Gene saiu, acompanhada por suas amigas, deixando Ross totalmente sozinho.

Novamente, Ross voltou a ser retingido ao treinamento, mas não fez diferença, pois Galaxya
havia chegado ao sistema Volos. No Testimonii, Corr Sairy iniciou:

- Azevedo não sai do alojamento dele, para nada! – Ninguém foi contra, nem mesmo Gene,
que agora participava da reunião. Então Antares falou:

- Reuni a todos, pois peço que se preparem para sairmos. Galaxya providenciará minha
comunicação com Megami Aryannin...

- Eu posso transmiti-la aqui, Confederado Antares. – Disse a forma humanoide do Galaxya.


– É só a chamar. – Então Antares o fez e ela apareceu a sua frente:

- Confederado Antares. Como isso é possível?

87
Andre luz

- Megami Aryannin, Galaxya encaminhou ao vosso planeta ycons, que são projetores de
comunicação. Eles facilitam que possamos nos comunicar convosco. Estamos próximos ao
sistema Volos e entrei em contato pedindo-lhe autorização para chegarmos até ti.

- Sim, Confederado. Agradeço-lhes por terem vindo. Preciso de alguém que me auxilie e
resolva esta altercação. Não quero ter de tomar medidas extremas demais, por isso necessito
de diplomacia e sei que poderá me ajudar. – Aryannin parecia abalada, então Corr Sairy logo
ponderou:

- Estamos a caminho então. Assim que nos aproximarmos, avisarei novamente. Encerro a
chamada. – E Aryannin desapareceu do ambiente. – Vamos lá. Capitã Gene Sisrac,
agradeço-lhe por este apoio.

- Vai ser um prazer ajuda-los. – Se voltou para Corr Sairy. – Corr Sairy, me desculpe. Fui eu
que pedi para Ross conversar contigo. Não esperava por aquilo.

- Deveria ter esperado. – Corr Sairy respondeu, secamente e saiu na frente dela.

No hangar, Cynthia decidi entrar no S.E. para acompanhar seu pai, enquanto os outros
ocuparam uma das satisphæra (que agora eram oito). No interior do S.E., Cynthia iniciou a
conversa:

- Por que você tratou Gene daquele jeito, Rodrigo?

- Cynthia, não tô afim desta discussão agora. – Corr Sairy disse, de forma soturna.

- Não pode nem me responder? – Corr Sairy olhou para sua filha, aborrecido:

- Foi para isso que veio comigo? Para me arguir com questões que não lhe concerne? Se for
isso, peço agora que Galaxya lhe transfira para a satisphæra.

- Por que está aborrecido comigo? – Foi a vez de Cynthia elevar o tom de voz. – Você agiu
como um bruto com Gene, como se ela tivesse culpa do Ross...

- Ross?

- Sim, Ross. Este é o nome dele. E isso não muda ele ser um imbecil. Se quer saber, você fez
pouco. Deveria ter deslocado as pernas, também. Ou então desmontado ele, como bem
disse. Mas ele não é Gene. Ela não tem culpa dele ser um idiota. – Corr Sairy pensou em
responder, mas ele sabia que a filha estava certa e ficou calado. – Não vai dizer nada?

- Por que você me provoca tanto? O que eu lhe fiz agora? – Corr Sairy parecia contrariado.

- Você não me fez nada, ou melhor, talvez tenha feito. Eu quero meu pai de volta. Eu quero
o Rodrigo Scandian com quem eu debatia e que sabia compreender as pessoas a sua volta. –
Corr Sairy ia se pronunciar, mas Cynthia continuou. – Olha, eu sei que muita coisa lhe
aconteceu. Marcelle e Pum Riss me contaram. Não é a mesma coisa de ouvir de você, mas
eu sei que você sofreu muito e, mesmo não sabendo o que é, acredito que seja difícil
retornar a ser como as coisas eram, ainda mais depois de dois milênios. Você era amável,
compreensível, lutava por aqueles que acreditava. Agora é uma pessoa cheia de suspeitas,
que não confia em ninguém. Ainda bem que, pelo menos, ainda luta por aqueles que estão
ao seu lado. Mas me pergunto se confia nessas pessoas. – Corr Sairy nada disse. – É,
acredito que não. Rodrigo (ou Corr Sairy, se preferir), eu quero que se abra comigo. Quanto
ao Ross, sinceramente, dane-se ele! Fez por merecer. Fiquei impressionada por não o ter
enviado de volta à Terra em uma cápsula hibernária. Eu teria feito isso. – Corr Sairy
respirou e voltou a olhar os olhos de jade de sua filha:

- Não ligo que me chame de Rodrigo. Essa é você e não quero muda-la. Quando a eu mudar,
não posso lhe prometer isso, pois Corr Sairy não é Rodrigo Scandian, mesmo que eu pareça

88
GALAXYA II

com ele. Muitas coisas ocorreram que, no tempo que temos, não daria para lhe contar.
Faremos o seguinte, após esta missão, quando voltarmos para o Galaxya, você me procura e
eu lhe conto tudo. Você tem razão, eu tenho que lhe contar o que aconteceu. Não sua irmã
ou a namorada dela. Já o caso de Gene, acredito que falte a ela a percepção de quem
Azevedo é de verdade. Ele não merece a irmã que tem e ela, por se sentir ligada a ele, não
percebe quem ele é, de verdade. Ele as enganou, pois Marcelle, Pum Riss e você o
conheceram somente agora. Prometo que vou maneirar com ela. Quanto a enviá-lo para a
Terra, só não o fiz porque Antares que teria de decidir sobre isso, foi ele que escolheu a
opção de leva-los ao Galaxya para treina-los.

- Você falou com ele sobre isso?

- Não, pois não é uma decisão somente nossa. Se concluímos que as decisões devem ser
tomadas em grupo, é assim que será. Mesmo que as vezes ajamos arbitrariamente e
individualmente. Mas, nesse caso, como eles vêm sendo treinados por todos, a decisão tem
de ser em conjunto. Vamos ver isso quando voltarmos, pois podemos deixa-lo com Cambasi
ou manda-lo, como você bem disse, em uma cápsula hibernária. – Naquele momento,
Antares apareceu diante dos dois:

- Estamos entrando no espaço volosi. Corr Sairy, por favor, respeite as leis deles.

- Por que ele te pediu isso? – Cynthia perguntou, curiosa e assustada.

- Quando conversarmos, eu te falo. – Corr Sairy se voltou para Antares. – Pode contar
comigo.

Autorizados, S.E. e a satisphæra iniciaram a reentrada, enquanto isso, Corr Sairy chamou a
atenção de seu amigo metalizado:

- E você, por que ficou quieto este tempo todo?

- Você tá maluco? Me meter em discussão de pai e filha? Vocês são humanos que se
entendam. – Brincou S.E. Logo ele estava pousando no mesmo local em que pousara
anteriormente. – Sentindo-se nostálgico?

- Outra coisa para me contar depois? – Questionou Cynthia.

- Não, essa é fácil. – E Corr Sairy lhe contou sobre o salvamento de Aryannin. Então os
harmonizadores se fixaram sobre os dois e S.E. abriu a comporta, permitindo-os sair e se
depararem com Aryannin e a Megami gādo30:

- Sejam bem-vindos, meus amigos. – Disse Aryannin, ao vê-los descendo. – Vejo novidades e
rostos novos. É bom vê-lo novamente, Kotharyn. Teremos tempo para diálogo no caminho
para o Kami no kyūden31, que voltou a ser minha morada. Migoto Akonyionn voltou para o
Migotona jūkyo32. Ele conseguiu vencer o Migotona senkyo e se manteve até o próximo. Mas
ele é o que menos me preocupa, como disse ao Confederado Antares...

- E a todos os demais, Megami Aryannin. – Completou Antares. – Como bem percebeste,


muitas mudanças ocorreram e muitas coisas aconteceram.

- Também, acredito que tenha quase um k-rarr que não nos vemos. Espero termos tempo
para nos atualizarmos. – Inquieta, Cynthia (que aprendeu a usar seu chip neural) chamou
seu pai:

30
Megami gādo (女神ガード) = Guarda da Deusa
31
Kami no kyūden (神の宮殿) = Palácio da Deidade
32
Migotona jūkyo (見事な住居) = Moradia do Magistral

89
Andre luz

- “Eles são muito pequenos! Ela é menor do que eu e sou a menor do grupo”. – Corr Sairy
sorriu e Cynthia percebeu. – “É bom vê-lo sorrindo!”

- E Migoto Akonyionn aceitou isso bem Megami Aryannin? – Inquiriu Kotharyn.

- Não precisamos de títulos entre nós, meu amigo. Sem você, possivelmente, eu já teria sido
sacrificada e reencarnado. – Colocou Aryannin. – Ele não teve muito o que declarar. Foram
vários ciclos de sua família desfrutando do Kami no kyūden. O Migotona jūkyo havia virado
residência de seus familiares mais próximos, então tiveram que reestruturar a própria vida.

“Akonyionn vem defendendo que meu Gisei seria a forma mais nobre de nosso povo se
manter salvo. Acredito que seja por causa da reestruturação, mas o que ele tem defendido
incitou um grupo que era pequeno, mas se fortaleceu quando vários souberam que o Gisei
não fazia parte das Megami no hōsoku, minhas leis, como bem sabem”.

- Por que não expurgar, de uma vez por todas, Akonyionn e vossos descendentes da
existência, assim demonstraria vossa força e o povo voltaria a clama-la.

- No passado, eu faria tal coisa, Kotharyn. Nem pensaria duas vezes antes de fazê-lo, mas a
convivências convosco permitiu expandir a minha visão de que não posso ser tão autoritária
assim. E, por isso o chamei, Confederado Antares. Eu poderia resolver isso, mas seria uma
luz fraca na escuridão densa. Preciso de alguém como ti.

- E podemos confiar nesses que te seguem? – Corr Sairy, como sempre, desconfiado.
Aryannin olhou para seus Megami gādo:

- Sim. Foram escolhidos por mim. Averiguei a cada um antes de aceita-los ao meu lado.
Suas kazoku33 sempre foram fieis a mim, então podemos confiar neles. – Então foi a vez de
Antares se pronunciar:

- E por isso lhe agradeço, Megami Aryannin. Mas, antes de qualquer coisa, precisamos
reunir os líderes de ambos os movimentos que se digladiam em vontades, antes de se tornar
algo mais físico.

- Acreditas que isso possa ocorrer, Confederado Antares? – E Kotharyn interveio:

- Sempre pode, Aryannin. Soubeste o que ocorrera em Krarrash II?

- Sim, meu querido amigo. Desculpe-me por nada ter feito, mas os problemas em Volos VI...

- Não necessitas desculpares. Quando assumi título de Görkemli, descobri que isso vem
com acréscimos que não esperamos. Imagino que ser uma Megami seja bem pior. Mas pude
contar com o auxílio de nossos companheiros. Corr Sairy delineou um plano que nos fez
vencer, apesar dos fenecimentos que ocorreram. Mas o transgressor está distante e não
atrapalhará aqui, também. – Naquele instante chegava às portas de um gigantesco palacete
de cristal escuro como a noite:

- Considerem todos benquistos no Kami no kyūden. – Então ela levantou a cabeça para
olhar nos olhos de Kotharyn. – Acho que te lembras bem deste lugar. – Kotharyn sorriu:

- Minhas lembranças não são as melhores, mas salvá-la foi o mais acertado. – Todos
entraram no palacete e, ao entrarem, perceberam que a luz emitida por Volos era filtrada
pelas paredes escuras e translucidas, tornando a estrela azul em lilás escuro:

- Fantástico. – Expressou Marcelle, ao lado da irmã e da namorada, que estavam surpresas.


No interior, existia uma enorme mesa que aparentava ser feita de opala negra lapidada. Na
ponta ao fundo, uma cadeira com um encosto alongado, aonde Aryannin se sentou:

33
Kazoku (家族) = famílias

90
GALAXYA II

- Por favor, acomodem-se. Confederado Antares, sente-se próximo a mim, bem como ti, meu
amigo Antares.

Todos se acomodaram e, mesmo sendo feito de algum tipo de pedra, era confortável e, a
frieza da pedra, causava aconchego:

- Sinceramente, não dá nem vontade de levantar mais. – Brincou Cynthia, o que deu a
oportunidade de Aryannin questionar:

- E quem são estes rostos novos que estão aqui. – E cada um falou um pouco. K’thryn
explicou sobre ela e Ortsac, bem como Cynthia (intercalada por Corr Sairy), explicou sobre
ela. Kotharyn aproveitou, também, e contou sobre a criação da satisphæra. E foi Antares
(contando com a ajuda de Gene) que contou sobre o julgamento de Jacqueline e o
treinamento de terranos. – Nossa, como bem disse, Confederado Antares, muitas coisas
ocorreram. Torço que a Confederação Galaxial seja complacente com vosso caso, pois fez
algo para auxiliar a existência desta jovem – apontou para Cynthia – e que bom terdes vossa
filha de volta, Corr Sairy. Fico extremamente feliz por ti. Espero que isso altere um pouco
sem ânimo arrogante e sisudo. – Cynthia riu com vontade, fazendo Marcelle e Pum Riss
rirem, também, seguidas por K’thryn, Gene e Ortsac. Corr Sairy, fingindo ofendido, falou:

- Arrogante e sisudo? Ficou faltando insuportável. Nunca esqueça insuportável! – Aquilo fez
Aryannin sorrir:

- Fazia tempo que não via tamanho ânimo à minha volta. É muito bom tê-los de volta, meus
amigos. – Agradeceu Aryannin e depois dirigiu-se a Antares. – E é excelente ver que tem
tentado mudar sua visão, Confederado Antares. Acha que ainda usará este título?

- Dificilmente, Megami Aryannin. Com minha infração ao Artigo 1 da Lei da Confederação


Galaxial, em breve o cargo que ocupo me será retirado. Mas antes que isso ocorra,
resolveremos este problema. – Então Aryannin olhou para fora e viu que Volos estava se
pondo no horizonte:

- Nossa, como o tempo passa de forma surpreendentemente abrupta. Tenho aposentos para
todos. Corr Sairy? – Todos olharam para ele e ele se pronunciou:

- ‘Cê me conhece bem, Aryannin. Farei uma caminhada e voltarei ao S.E. Obrigado pela
hospitalidade, mesmo. – Se levantou e ouviu Cynthia no seu chip neural:

- “Te faço companhia”. – E ele respondeu:

- “Não, fique. Se vier sua irmã também vai querer e também a namorada dela. Com certeza
Aryannin terá um quarto para ti. Poderá falar comigo pelo chip neural” – Corr Sairy bateu
na cabeça e Marcelle reparou que ambos conversavam:

- “Sobre o que estão conversando?” – Ela perguntou a ambos, em uma conferência, e Corr
Sairy respondeu, andando na direção da saída, para não dar na vista:

- “Sua irmã caçula queria vir comigo e disse para ela ficar”.

- “Ei, eu sou a mais velha aqui!” – Argumentou Cynthia.

- “Nos seus sonhos!” – Brincou Marcelle.

- “Posso entrar nessa conferência, também”. – Pum Riss entrou.

- “Meninas, se vocês não repararam já estou à distância e vocês ainda estão cercadas de
pessoas, conversando comigo pelo chip neural. Cynthia, fique com sua irmã e Pum Riss...”

91
Andre luz

- “Não quero ficar de vela com as duas”. – Ponderou Cynthia.

- “E o que é ‘ficar de vela’?” – Questionou Pum Riss.

- “Ficar de vela é atrapalhar o que pode rolar. E você não vai fazer isso, Cyn. Pode ficar
conosco”. – Colocou Marcelle.

- “Concordo com uthando. Você é muito bem-vinda. Assim teremos com mais quem
conversar, além de somente nós duas”. – Pontuou Pum Riss.

- “Ótimo, tudo resolvido. Durmam bem, minhas filhas e Pum Riss”. – Corr Sairy finalizou e,
em uníssono, ele ouviu:

- “Você também, Corr Sairy (Rodrigo)!” – Então, quando percebeu, um pequeno volosi
interrogava Corr Sairy:

- Tu és o Megami Aryannin no kyūseishu 34? – Corr Sairy reparou no pequeno ser cinzento
de olhos esbugalhados que pareciam hematitas. Viu que outros se aproximavam, saindo de
suas residências:

- E se eu for? – Corr Sairy não queria soar preocupado. Então um outro pequeno homem,
que parecia mais velho, se pronunciou:

- Devemos-lhes graças por isso. Desde que Megami Aryannin voltou para nosso íntimo,
nossa vida tem sido agraciada. Há ciclos que não testemunho tal crescimento da Megami no
jōsai35 e das demais Jōsai36. Com o retorno da Megami, todos somos recompensados e não
somente a Burujoajī37. Então, agraciado seja por isso! – E todos começaram a tocá-lo. Corr
Sairy nunca havia passado por aquilo e se sentiu estranho, agradecendo-os, mas por não
saber o que fazer, correu. Quando estava distante, mais perto de S.E., parou, respirando
ofegante:

- Definitivamente, preciso voltar a me exercitar! – Então, ele reparou que outros volosis
surgiam das sombras, mas estavam portando as mesmas armas que ele vira anteriormente,
no passado:

- Ele nos disse que você deveria passar por aqui, para voltar para tua nave! – Um deles
disse. – Agora pagará por ter-nos causado tanta dor.

- Caramba, ou você são oito ou oitenta. Não existe um meio termo? – E olhou para cima
deles. – Agora, recomendo que não olhem para trás. – Uma dúzia de volosis então se viraram
e vira a enorme nave escura com riscos dourados atrás deles que disparou um raio amarelo
que os paralisou. – Não sei se foram vocês que passaram por isso uma outra vez, mas
avisem Akonyionn que não vai ser tão fácil assim me capturar. – Então Corr Sairy foi
transferido para o interior de S.E. – Que sensação estranha. Você está legal, S.E.?

- Eu que deveria lhe perguntar isso? – S.E. fez uma pausa. – Tire seu casaco, agora! – S.E.
falou com urgência e Corr Sairy obedeceu. O casaco com cercado por um campo de
contenção e assim que explodiu, a onda de impacto o ampliou e atingiu Corr Sairy, que foi
jogado para trás. A cabeça terminou batendo com o piso frio do interior de S.E.:

- Mas que porcaria foi essa? – Corr Sairy indagou, nervoso.

34
Megami Ariyannin no kyūseishu (女神アリヤニンの救世主) = Salvador da deusa Aryannin
35
Megami no jōsai (女神の城塞) = Cidadela da Deusa
36
Jōsai (城塞) = Cidadelas
37
Burujoajī (ブルジョアジー) = burguesia

92
GALAXYA II

- Alguém aplicou pasta explosiva em seu casaco. Será que foi um infiltrado pró-sacrifício
entre aqueles que são contra o Gisei? – Inquiriu S.E. e, sentado ainda no piso do interior de
seu amigo metálico, Corr Sairy concluiu:

- Ou podem ser os contra o Gisei mesmo. Nada como sacrificar um estranho para combater
a oposição.

- Agora eu tenho certeza que você não confia em ninguém mesmo. – Disse a esfera sobre seu
ombro. – Por que eles fariam algo assim contigo?

- Porque sou um gaijin38. Para eles, eu não faria falta alguma. Se eles sabiam da emboscada,
com certeza têm um espião no interior do inimigo. Isso está ficando interessante. – Corr
Sairy declarou e S.E. soou preocupado:

- Interessante? Você quase explodiu e acha interessante? – Corr Sairy se levantou, sentindo
um pouco a cabeça e as costas, e respondeu:

- Sim. De certa forma, a pasta deve ter reagido ao seu interior metalizado. Deve ter sido
ativado por alguma carga estática que gerou com o metal do seu interior. Talvez a
transferência, tenha diminuído o reagente da pasta, o que é bom, (Obrigado Galaxya por
isso!) pois deu tempo de você conter a explosão, que não deixou rastros – Corr Sairy
percebeu ao se aproximar do campo de contenção em forma de globo. Quando S.E. o desfez,
um cheiro almiscarado saiu do interior. Que futum é esse? – E Galaxya disse:

- De acordo com a análise do olor, é uma mistura de produtos químicos típicos de Volos
mesmo. De origem caseira e orgânica, ele é inodoro e, como bem disse, Corr Sairy, assim
que entrou no interior de S.E., o metal gerou uma carga eletrostática, que causou a
explosão. Se tivesse entrado de forma natural no S.E., possivelmente teria causado sérios
danos a ti e ao S.E., mas a transferência postergou a explosão.

- Galaxya, tem como passar para S.E. os produtos usados para fazer a pasta? – Questionou
Corr Sairy.

- Desejas descobrir quem fez isso? – Inquiriu S.E. e Corr Sairy somente sorriu. Instantes
depois, vinha a resposta. – Encontrei a casa, ou melhor, o hōmu. Sinalizei para que
encontre depois.

- Valeu, S.E. Obrigado, Galaxya. – Corr Sairy se aconchegou em seu assento e S.E. ativou o
sistema hibernário.

Ao despertar de Volos, S.E. acordou Corr Sairy como costumeiramente fazia. Sem um novo
casaco, Corr Sairy saiu do interior de seu amigo e usando um rastreador do pulso de seu
traje, ele localizou o hōmu39. Era impossível entrar, mas bateu na porta e o homem mais
velho, que lhe falara, apareceu e parecia surpreso:

- Pois é, estou vivo ainda? – Corr Sairy disse, sorrindo. Pegou o pequeno homem pela gola de
trás de seu traje e o levantou até seu olho. – Agora me diga, onde está o produto. – O
diminuto volosi tremia. A movimentação chamou a atenção dos outros, também surpresos.
O primeiro que falara com Corr Sairy olhou para eles e Corr Sairy percebeu a ligação e,
antes que pudesse fugir, o volosi se viu agarrado, igual seu amigo. – Agora ambos terão de
responder direto a sua Megami. – Nisso, vários volosis, usando trajes semelhantes ao dos
Megami gādo, mas mais claros, portando lanças que brilhavam nas pontas, se
aproximaram:

- Gaijin, liberte estes Megami Aryannin no shinja40. – Corr Sairy olhou para as lanças
apontadas em sua direção e nada disse, pois sabia que, naquele instante, S.E. já havia
38
Gaijin (外人) = estrangeiro
39
Hōmu (ホーム) = lar
40
Megami Aryannin no shinja (女神アリヤニンの信者) = Seguidores da Deusa Aryannin

93
Andre luz

partido em sua direção, pois ele lhe falou pelo chip neural. Foi então que apressadamente
Aryannin chegou e se aproximou do que ocorria:

- O que está acontecendo aqui? – Ela disse, rispidamente ao que apontavam as lanças para
Corr Sairy. Um deles, então disse:

- Este gaijin segura dois Megami no shinja. Ele ofendeu vossos shinja 41. – Aryannin não
estava nada feliz e ordenou asperamente:

- Abaixem esses denki yari42 ou eu forcarei. – Sem pestanejar, mas enfurecidos, eles
baixaram. Então, tentando se acalmar, Aryannin falou com Corr Sairy. – O que está
acontecendo aqui?

- Estes dois devotos seus tentaram me explodir ontem, pois pretendiam explodir os não-
devotos que me emboscaram. Este aqui aplicou uma pasta explosiva em meu casaco – Corr
Sairy ergueu o mais velho –, provavelmente fabricada por este aqui – e levantou o outro.
Assim que as pontas das lanças energizadas se aproximassem do meu casaco, ativariam o
explosivo e eu seria o “boi de piranha” da vez. Acredito que, para eles os fins justifiquem os
meios. Já pensou, um de seus salvadores ser o causador da guerra que você deseja evitar? –
Aryannin não parava de olhar os volosis segurados por suas batas. Então olhou nos olhos
de Corr Sairy e requiriu:

- Corr Sairy, desça-os. Já é humilhante o suficiente vocês serem mais altos que eles,
fazendo isso, é desonroso.

- Você fala de honra para este dois que desejavam me matar para causar uma guerra? –
Aryannin nada disse, somente sinalizou com a mão, e Corr Sairy os desceu, diante dela, e
Aryannin se dirigiu ao mais velho:

- Yttaviyn, me diga por que fizeste isso? Por que tentaste matar um daqueles que me
salvou? – O homem mais velho abaixou a cabeça, envergonhado:

- Motherow pediu que eu o fizesse, pois, vosso kyūseishu 43 não desconfiaria de um rōjin 44. –
Então Aryannin se virou para o outro e, como se observasse sua alma, o inquiriu:

- Vais me responder, Motherow, ou devo consultar vossa mente até não lhe restar nada o
que lembrar? – Aryannin foi incisiva e o volosi tremia, então logo disse:

- Recebi um pedido de nosso gaido 45. Ele explanou que se eu o fizesse, estaríamos a um
passo da conclusão, mostrando à nossa Megami que os Gisei no shiji-sha 46 eram monstros e
mereciam o Fumeiyona Gisei47. – Aryannin não estava nada feliz, então se dirigiu ao Megami
gādo mais à frente dos outros, que parecia um líder deles:

- Kyaputen48 Bhotykaryi, reúna cinco de sua gādo49, e me tragam Saishi50 Akothyok e Migoto
Akonyionn, agora! – A última palavra saiu autoritária e firme. O líder daqueles volosis não
disse nada, somente apontou para cinco, separou-os em grupo e apontou para um sexto
assumir seu posto e saíram. Os que tinham apontado suas denki yari para Corr Sairy, nem
esperaram as ordens e colocaram algemas nos dois que atentaram contra a vida deste:

41
Shinja (信者) = crentes
42
Denki yari (電気槍) = lanças elétricas
43
Kyūseishu (救世主) = salvador
44
Rōjin (老人) = idoso
45
Gaido (ガイド) = guia
46
Gisei no shiji-sha (犠牲の支持者) = Apoiadores do Sacrifício
47
Fumeiyona Gisei (不名誉な犠牲) = Sacrifício Desonroso
48
Kyaputen (キャプテン) = Capitão
49
Gādo (ガード) = guarda
50
Saishi (祭司) = Sacerdote

94
GALAXYA II

- O que deseja que façamos com eles, Megami Aryannin. – Disse o que parecia o chefe, o que
chamara a atenção de Corr Sairy, e Aryannin disse:

- Leve-os para o Kairō51, Gādorīdā52 Cythukayi. E da próxima vez que testemunhar um gaijin
que seja um de meus kyūseishu fazendo algo, não os ameace, me chame antes. Não quero
ser mais autoritária do que já fui antes. Se desejam continuar a prosperar, sem as antigas
punições, façam por onde. – Todos curvaram a cabeça, enquanto o grupo retornava à
morada de Aryannin.

Sentados na grande mesa que parecia uma enorme opala negra, Aryannin estava na ponta,
ladeada por Antares e Kotharyn, quando Akonyionn e Akothyok entraram:

- Sentem-se. – Ordenou Aryannin. Akothyok se acomodou ao lado de Ortsac, mas


Akonyionn não se sentou:

- Recuso-me a assentar-me no mesmo local que este dorei 53. – Disse, apontando para
Kotharyn. Então Aryannin se levantou e puderam sentir o ambiente esfriar e escurecer a
volta deles, como se um eclipse total estivesse ocorrendo naquele momento, mas somente lá
dentro. A opacidade do Kami no kyūden escureceu e, de forma estrondosa e com uma onda
de choque, ouviu:

- Sente-se! – A escuridão dispersou-se com o som da voz de Aryannin. Se não tivessem


firmado as mãos sobre a bancada lisa da mesa, teriam voado de suas cadeiras. Akonyionn,
como não estava sentado, voou para trás. Levantou, assustado, se sentando ao lado de
Cynthia. Ao vê-lo se acomodar, Aryannin iniciou:

- Dou a palavra ao Confederado Antares. – Antares então se levantou e aproximou-se de


ambos, ficando atrás de Akonyionn:

- Migoto Akonyionn e Saishi Akothyok, a pedido de Megami Aryannin, para que ela não
necessite cometer o Fumeiyona Gisei, intermediarei esta discussão a respeito do Gisei no hi,
que vai contra o Megami no hōsoku. – Akonyionn ia falar, mas Antares colocou suas mãos
(que pareciam enormes para Akonyionn) sobre seus ombros. – Quando for a vez de vós
falardes, permitirei. Seguindo, – saiu de trás de Akonyionn e seguiu pela extensão da
enorme mesa, projetando a voz – o Megami no hōsoku é algo estabelecido por Megami
Aryannin desde o princípio da formação de seus kodomodachi 54. Em seu segundo keshin, ao
estabelecer o Migotona Senkyo, antes disso, criou o Megami no hōsoku e, na cláusula
mater, deixara bem claro que somente ela, e ninguém mais, poderia determinar criações ou
mudanças no Megami no hōsoku.

“Após seu décimo-segundo keshin, o Migoto Akytiorr, se vendo sozinho para cuidar de Volos
VI, criou o volosi no hōsoku e deturpou o Megami no hōsoku, criando o Gisei no hi,
considerando o Iden para o Migotona Senkyo e estabelecendo Shū no dorei para os
krarrashins, que tirou a liberdade e o planeta deste povo tão oprimido.

“Migoto Akytiorr não tinha direito a isso, pois Megami Aryannin se sacrificara por ele e por
todos seus kodomodachi. Cientes disso, os Saishi buscaram continuar como volosis no
gaido, mas sua força se perdeu e muitos operavam clandestinamente e com pouca
autoridade nas volosis no jōsai. – Antares se fixou atrás de Akothyok. – Os Saishi, que
tinham tanta importância quanto os Migoto, eram tratados com detratores. Mas, mesmo
assim, eles ainda existiam, como Saishi Akothyok. Peregrinavam pelas jōsai, buscando
potestade para a redenção da Megami e o retorno da obediência do Megami no hōsoku”. –
Voltou a caminhar, na direção de Aryannin, e continuou:

51
Kairō (回廊) = clausuro
52
Gādorīdā (ガードリーダー) = Líder da Guarda
53
Dorei (奴隷) = escravo
54
Kodomodachi (子供達) = filhos

95
Andre luz

- Então veio o que eles desejavam, através do krarrashin Kotharyn, Eski Görkemli de
Krarrash II. Kotharyn levou Megami Aryannin de Volos VI e, Migoto Akonyionn, temendo a
perda do que tua kazoku conquistara, convocara o crisyeno Corr Sairy para trazer Megami
Aryannin e Kotharyn de volta, assim poderia seguir com o Gisei no hi e continuar com o que
determinara seu sosen55 Akytiorr há ciclos passados. Mas, ao tentar trair o crisyeno, se viu
traído, também, e a Megami Aryannin recobrou sua memória de outras encarnações. –
Antares parou ao lado do espaldar do assento de Aryannin. – Agora, a força das palavras
dos Saishi ressurge, pois volta-se a respeitar o Megami no hōsoku e eles se tornam,
novamente, volosis no gaido.

“Mas a perda de vossa força, Migoto Akonyionn, o fez incitar os Burujoajī a requererem o
retorno do volosi no hōsoku, assim o Gisei no hi seria reestabelecido e tu não enfrentarias,
mais o Migotona Senkyo, que demonstrares a tamanha perda de domínio que teve.

“Só que existe um problema em vossas ações, pois ambos, Migoto Akonyionn como Saishi
Akothyok, agiram contra os salvadores de Megami Aryannin.

“Migoto Akonyionn, tendo conhecimento que Corr Sairy, responsável por levar Megami
Aryannin, pela segunda vez, para fora de Volos VI, descansaria no interior de teu amigo,
S.E., tramaste uma emboscada. Com qual intuito?” – Antares lhe apontou a mão e
Akonyionn pode falar:

- Finalmente permites minhas palavras, mas aparentemente destinada a poucas coisas. –


Aquele esforço em se estender, fez o rosto de Aryannin se fechar, que o aterrorizou. Então
logo respondeu. – Não pretendíamos fazer mal ao crisyeno Corr Sairy, somente detê-lo para
que Megami Aryannin prestasse atenção na voz da razão. Sem o Gisei no hi... – Ele cessou,
quando viu Aryannin se levantar, e se sentou. Então Antares voltou a falar:

- Não desejavas fazer mal a Corr Sairy e isso é louvável, mas o mesmo não podemos dizer de
Saishi Akothyok. – Antares seguiu na direção de Akothyok. - Saishi Akothyok,
recomendares que um de vossos Megami shinja aplicasse uma pasta explosiva nos trajes de
Corr Sairy, para que esta estrondasse assim que fizesse contato com os denki yari? –
Akothyok viu Antares se aproximando e ficando perto dele, esperando a resposta, mas ele
parecia surpreso com a pergunta:

- Não! Megami Aryannin, nunca atacaria um de vossos Megami no kyūseishu. Corr Sairy,
junto com Kotharyn e Marcelle Menken – Marcelle se surpreendeu ao ouvir seu nome –
salvaram-nos. Sim, forneci material para o bakuhatsu-sei pēsuto 56, mas não para passarem
em Corr Sairy. Quem fez isso, fez contra minha vontade, Megami Aryannin. – Akothyok se
levantou e colocou-se de joelhos. – Se não acreditas em mim, peço agora que cometa o
Fumeiyona Gisei, pois não mereço permanecer neste plano de existência. – Aryannin se
levantou e foi em sua direção, passando por Antares, e levantou Akothyok:

- Por que forneceste material para o bakuhatsu-sei pēsuto à Motherow? - Aryannin inquiriu
e, levantando, Akothyok disse:

- Não posso lhe mentir, pois sigo o Megami no hōsoku. Eu esperava que eles convencessem
Corr Sairy a usar o bakuhatsu-sei pēsuto nos Burujoajī e, assim, encerraríamos esta
contenda. Corr Sairy ajudou o Maghnussy a vencer seu sosen, então poderia fazer o mesmo
conosco. – Corr Sairy começou a rir com vontade, chamando atenção de todos para ele, mas
foi Aryannin que falou:

- O que desejavas era errado de várias maneiras, Saishi Akothyok. Primeiro por desejares
que um gaijin fizesse um serviço tão hediondo de atacar vossos burazāzu 57, mesmo que
sejam Gisei no shiji-sha. Segundo, se conhecesses Corr Sairy como eu conheço, saberias
que ele não tira vidas. Não é a forma dele agir. Não fores Corr Sairy que tirara a vida do

55
Sosen (祖先) - antepassado
56
Bakuhatsu-sei pēsuto (爆発性ペースト) = pasta explosiva
57
Burazāzu (ブラザーズ) = irmãos

96
GALAXYA II

Maghnussy anterior, mas sim seu shitamuki 58. Tu e teu kojin no kyōdai 59, Akonyionn, não
sabem conviver no mesmo wakusei60, quanto mais no mesmo ambiente. Por teus atos,
determinar-lhe-ei o Eien no koritsu61 – Akonyionn sorriu de seu lugar e Aryannin percebeu
–, mas o cumprirá como Confederado de Volos VI na Confederação Galaxial. Assim sendo,
sempre vós mantereis contato um com o outro...

- Não podes... – Akonyionn interrompeu Aryannin e, novamente, a escuridão surgiu:

- Não posso? – Aryannin flutuou até Akonyionn. – O que não posso, Migoto Akonyionn? Eu
posso tudo! Sou Megami Aryannin, volosis no saikō no sakusei-sha 62, Domminon no
hakaimono63. O que não posso? – Todos percebiam que Akonyionn temia pela própria vida,
então Akothyok falou, fazendo desaparecer a tensão em forma de escuridão:

- Aceito o Eien no koritsu, Megami Aryannin. – E Aryannin olhou para ele, com
benevolência. – Se isso cessar este conflito desmedido...

- Não Saishi Akothyok, isso não fará cessar as desavenças. – Aryannin plainou até seu lugar
e, antes de continuar a falar, pediu para Antares se sentar e, quando este o fez, ela
continuou. – O que fará a interrupções de hostilidades será minha saída daqui. Dessa
forma, irei convosco para a Confederação Galaxial e lá permanecerei, pois assim poderei
cuidar de meus kodomodachi e verei o Megami no hōsoku ser seguido. Caso ousem fazer
algo, novamente, contra o Megami no hōsoku, trazendo de volta o volosi no hōsoku, pode ter
certeza que retornarei e o Fumeiyona Gisei será acometido a todos que me traírem. E, caso
volte em um keshin, estou preparada para uma volta consciente de quem sou, sem mais
aguardar ciclos para isso. Me recondicionei para isso. Se duvidas, me desafiem que
sentiram minha ira! – Akonyionn ainda estava abalado e nada disse. Ao final de tudo,
Aryannin falou. – Todos testemunharam o que ocorreu aqui, Galaxya?

- Podes ter certeza, Megami Aryannin! – A esfera ao lado de Corr Sairy se pronunciou. –
Acredito que mesmo não sendo algo destinado aos seus kodomodachi, todos temerão ir
contra o Megami no hōsoku. – E Aryannin se voltou ao Migoto Akonyionn e ao Saishi
Akothyok:

Akothyok perdeste o título de Saishi, agora és o Confederado de Volos VI na Confederação


Galaxial. Saia e prepara-te para partir conosco. – Akothyok se retirou dali, e Aryannin se
voltou para Akonyionn. – E tu, Migoto Akonyionn, faças valer o Megami no hōsoku, pois ele
vale para todos os volosis, não somente para teus Burujoajī. Se houver uma voz contrária a
ti, eu retornarei, não me importando onde estiver. Compreendeste? – Akonyionn tremia,
mas balançou a cabeça em confirmação. – Bem, agradeço-lhe por isso, Confederado
Antares. Não teria como eu ministrar essa contenda. Viste como perdi minha paciência por
vezes.

- Nada mais do que o esperado, Megami Aryannin. Migoto Akonyionn age como se fosse
superior a ti, o que não é. Confederado Akothyok agiu de forma desmerecedora do cargo que
ocupava. De volosi no gaido a burujoaterorisuto. Acho que foste complacente com ele. –
Antares elucidou.

- Achas isso? Não vejo assim. Sabes, ambos nasceram da mesma senzo, mas nunca se
deram bem. Akonyionn era o chōnan64 e, por isso, sucedeu seu sosen como Migoto. Já
Akothyok era o sainenshō65 e poderia ter escolhido o que desejasse. Creio que escolheu se

58
Shitamuki (下向き) = descendente
59
kojin no kyōdai (個人の兄弟) = irmão individual
60
Wakusei (惑星) = planeta
61
Eien no koritsu (永遠の孤立) = Isolamento eterno
62
volosis no saikō no sakusei-sha (ヴォロシスの最古の作成者) = Criadora mais antiga dos volosis
63
Domminon no hakaimono (ドミノンの破壊者) = Destruidora de Domminon
64
Chōnan (長男) = filho mais velho
65
Sainenshō (最年少) = caçula

97
Andre luz

tornar Saishi para ir contra seu chōnan. Então, colocá-lo como Confederado, tendo de
conversar com Akonyionn, será o castigo perfeito. – Esclareceu Aryannin.

- Consigo entender vosso ponto de vista, Megami Aryannin. – Então ela levantou e todos
fizeram o mesmo e, do nada, ouviram o comentário inesperado de Cynthia:

- Caramba acho que minhas nádegas estão quadradas. – E todos riram. E Corr Sairy falou:

- Você tem a capacidade de ter a tirada mais inesperada de todas. – E todos se retiraram do
Kami no kyūden, percebendo que a cidadela se movimentava normalmente. – Sempre me
impressiono como o mundo continua funcionando, mesmo com tudo que acontece.

Instantes depois, Akothyok aparecia com o que pareciam ser malas, mas feitas de um
material diferente, como se fossem zircônio lapidado:

- Kami no kyūden não se abrirá para ser Migotona jūkyo, novamente. Depois decidirei no
que ele se transformará. – Explanou Aryannin e fechou os portões de ônix, com enorme
facilidade. – Nunca se fecharam, mas agora estão. – E, seguida por Akothyok e seus Megami
gādo, Aryannin foi com os outros para a área de pouso. Por onde passavam, os volosis
paravam e se ajoelhavam, diante de Aryannin. Isso ocorreu até onde estavam a satisphæra e
S.E.:

- Caberão mais dois no interior desta satisphæra, Kotharyn? – Aryannin perguntou,


brincando e o krarrashin respondeu:

- Logicamente, Aryannin. Só Corr Sairy que não gosta de desfrutar de nossa presença. –
Implicou e Corr Sairy olhou e deu de ombros. Antes de entrar na satisphæra, Aryannin se
dirigiu ao líder dos Megami gādo:

- Kyaputen Bhotykaryi, continuarás a ser meu braço direito em Volos VI. Somente não
abusais de vosso cargo, compreendes? – O pequeno homem corpulento e cinzento,
concordou firmemente com a cabeça. Virou e retornou ao Megami no jōsai, seguido pelos
outros Megami gādo. Aryannin e Akothyok, finalmente, embarcaram na satisphæra e, junto
com S.E., partiram de Volos VI retornando ao Galaxya.

98
GALAXYA II

XV
A caminho do Galaxya, Corr Sairy estabelece contato com a satisphæra:

- Galera, sinto muito, mas não posso ir com vocês. Se não for problema, Antares (em
especial, pois é meu Guardião, ainda), preciso ir ao sistema KellDesh, pois prometi a
Illuminus Hannia que a auxiliaria na busca de sua irmã, a Illuminus Luannia.

- Mas não foi esta que cometeu parricídio? – Ponderou Cynthia, e Corr Sairy a olhou com
reprovação:

- É bem mais complexo que isso, Cynthia. – Então foi a vez de Marcelle interpretar:

- Não, não. Cynthia tem razão. Ela, ao nascer (bem como eu) matou a mãe e, mais tarde,
treinada por um ser de outra dimensão, matou o pai. – Corr Sairy disparou o mesmo olhar
reprovativo para Marcelle:

- Muito legal, Marcelle Menken, fazendo conluio com sua irmã. – Então voltou-se para
Antares. – O que me diz?

- Quando ela lhe requiriu isso? – Antares inquiriu.

- Eu ainda era prisioneiro em Thrittan. Ela queria que eu fosse inocentado para ajudá-la a
resgatar sua irmã. Como encontrei Luannia da outra vez, ela acredita que eu possa fazê-lo
novamente.

- Não vejo motivos para não o autorizar. Faças, cumprais vossa promessa e lhe
esperaremos.

- Não precisa, Antares. Assim que eu terminar por lá, abro um Fenda Hipertemporal e logo
estarei sistema Vertus. Farei isso agora, pois um salto hiperespacial demoraria muito.

- Que seja então. Nos encontraremos no sistema Vertus, mais especificamente, em Thrittan.
– E a comunicação foi interrompida. Corr Sairy então virou-se à S.E.:

- Vai, S.E., faça sua mágica...

- Que você ama odiar. – Implicou S.E.

- Anda logo, para com a lenga-lenga e ativa essa porcaria. – S.E. dispara um pequeno
círculo que se expande o suficiente para sua passagem e, do outro lado podiam visualizar
uma pequena estrela branca. Assim que passou e a Fenda se fechou e autodestruiu atrás
deles, veio o chamado:

- Sejais bem-vindo ao sistema bidimensional KellDesh. Por favor, identifiquem-se... – E uma


outra voz pode-se ouvir:

- Corr Sairy? S.E.? Por que demorastes tanto? Autorizem a entrada deles, agora. – A voz
disse, de forma autoritária, e Corr Sairy comentou:

- Definitivamente era Hommir.

- Mas o que ele faz aqui? Pensei que estaria em Thrittan. Ele não é o Capo 66 dos
representantes de Kelkzerr na Confederação Galaxial? – Questionou S.E. – Será que ele se
abriu com Hannia e eles assumiram de vez o romance. – Corr Sairy deu com os ombros.
66
Capo = chefe

99
Andre luz

S.E. fez a reentrada e pouso no campo destinados às espaçonaves. Assim que Corr Sairy
saiu de seu interior, Hommir o esperava em um tipo de jipe flutuante:

- O que está fazendo aqui? Por que não está em Thrittan? – Corr Sairy inquiriu e,
aparentando urgência, Hommir respondeu:

- Illuminus Hannia está instável devido à ausência de sua sorella 67, Illuminus Luannia. E
com esta instabilidade, Kelkzerr sofre, e Desharr, também, automaticamente. – Corr Sairy
entrou no veículo e ele partiu:

- O problema é que, enquanto seu povo e os Desharr continuarem penitenciando Luannia,


chamando-a de parricida ou traditore68, e ela se sentir malquista, as Illuminus de vocês
continuarão sofrendo.

- Sabes que não faço mais isso. – Argumentou Hommir.

- Mas seus guardie69 fazem. Você é o capo deles, o Capitano della Guardia 70. Não há punição
que possa lhes dar para que aprendam que estão prejudicando suas illuminus com isso?

- Acredite, já tentei de tudo, até mesmo o isolamento em Desharr, mas eles terminam
culpando Luannia por isso. – Corr Sairy balançou a cabeça, decepcionado:

- Desculpa, Hommir, seus guardie podem ser excelentes em um campo de batalha, mas são
uns imbecis em outras questões. – Hommir pareceu lamentar:

- Eu sei o que queres dizer. Mas tenho mudado algumas coisas, nesse sentido.
Principalmente o comando kelkzerrin. As donne 71 têm se mostrado mais eficientes que os
uomini72 e, por isso, têm assumido postos mais altos na gerarchia militare 73 de Kelkzerr.
Aqueles que questionam a capacidade das donne, o coloco contra ela no anello di
combattimento 74e elas mostram do que são capazes. Se o soldato 75 continuar a questionar,
sofre a goccia disonorevole76 e, sinceramente, não tem nada mais humilhante que isso. No
começo foi bem complicado, mas com o tempo diminuiu e os guardie tem demonstrado mais
discernimento. O mais importante disso, as Comandanti Donne 77 têm dado mais atenção
aos interesses da Illuminus e é isso o que importa. Então, a reintegração de Luannia se
torna mais possível. Pronto, chegamos. – E Corr Sairy olhou para o enorme jogo de escadas
à sua frente:

- Você percebe que eu não sou mais o mesmo, não é? – Corr Sairy apontou para seu corpo
fora de forma.

- Sabeis que para falares com a Illuminus Hannia, precisarás subir. – Corr Sairy deu uma
esbaforida cansada, antes de iniciar e se submeteu ao que ele considerava uma penitência.
Ao final, Hommir disse. – Viu, não foi tão difícil. – Corr Sairy posicionou as mãos sobre os
joelhos e, com longas pausas, disse:

67
Sorella = irmã
68
Traditore = traidora
69
Guardie = guardas
70
Capitano della Guardia = Capitão da Guarda
71
Donne = mulheres
72
Uomini = homens
73
gerarchia militare = hierarquia militar
74
anello di combattimento = anel de combate
75
Soldato = soldado
76
goccia disonorevole = baixa desonrosa
77
Comandanti Donne = Comandantes femininas

100
GALAXYA II

- Fale... por... você! – Fez sinal para Hommir aguardar um pouco e, mesmo ainda cansado
se colocou a caminhar pela longa passarela que leva-la ao Tempio di Illuminus 78, que
brilhava com as pedras encrustadas em suas paredes, como espelho que refletiam a
luminosidade de KellDesh. Hommir e Corr Sairy (ainda esbaforido) passaram por uma
enorme portal, que levava a um altar, onde estavam as estátuas de Honnio e Lennie, padre 79
e madre80 de Hannia e Luannia, vecchio Illuminus 81 de Kelkzerr. Hommir se colocou de
joelhos diante de ambos e Corr Sairy, mesmo cansado, fez o mesmo:

- Acho que não consigo me levantar daqui. – Esticou o braço para Hommir auxiliá-lo e este o
fez, sorrindo:

- Venha, lembrais do caminho ao stanza82 Illuminus. – Corr Sairy sabia que aquilo era uma
cutucada, pelo tempo de desavenças de ambos, e seguiram até o stanza Illuminus. Lá
chegando, viram Hannia sentada em uma cadeira de espaldar alto, que parecia bem
debilitada:

- Finalmente vieste, pensei que havia esquecido de mim, meu lindo guerriero. – E ela olhou
atentamente para os dois ombros de Corr Sairy. – O que são essas coisas sobre vossos
ombros?

- Sim, eu também reparei esta diminuta nave...

- Não somente a nave, tens também uma esfera com um brilho débil. – Hannia interrompeu
seu Capitano, e Corr Sairy explicou:

- São expressões menores de S.E. e Galaxya. – Hommir ainda buscava. – Não adianta tentar
vê-lo, Hommir, Galaxya está em modo de camuflagem, o que impede de os outros
enxergarem. Hannia, por outro lado, consegue enxerga-lo, pois ela vê o espectro a volta dele.
E o brilho está assim, sóbrio, devido à distância que estamos dele. Neste instante está
levando Antares para ser julgado pela Confederação Galaxial.

- Que ótimo! Quem sabe assim ele aprende a não julgar quem não merece ser julgado. –
Então Corr Sairy explicou toda a situação para Hannia, que teimou. – Não retiro o que
disse. Que bom ele ter tentado a remissão contigo, mas participara de um julgamento falso
contra ti. – Corr Sairy sabia que nunca haveria argumento que fizesse mudar a opinião de
Hannia, então tentou mudar de assunto:

- Pensei que estava pior. Quanto tempo passou desde que nos vimos?

- O tempo passara quinze vezes por Kelkzerr desde que nos falamos em Thrittan, ou seja, já
fazem quase 3 k-rarrs (já que temos de adotar essa contagem estúpida) que nos vimos. Mas
eu ainda tenho KellDesh que me nutri, mas percebes que ele diminuíra de tamanho? –
Argumentou Hannia.

- Não se percebe a olho nu, mas S.E. fez uma perspectiva do que era para o que está. – S.E.
projetou o antes e depois de KellDesh. E Corr Sairy colocou. – É preocupante.

- Preciso de ti, mas desta vez não irás sozinho. Ordeno que leve Hommir contigo. Luannia
sabe que ele não tem nada contra ela.

- Illuminus, não quero ir contra suas ordens, mas sabe muito bem como Luannia é. Mesmo
que ela conheça Hommir, pode ficar arredia.

78
Tempio de Illuminus = Templo Illuminus
79
Padre = pai
80
Madre = mãe
81
vecchio Illuminus = Antigos Illuminus
82
Stanza = quarto

101
Andre luz

- Arredia como? – Inquiriu retoricamente Hannia e, automaticamente respondeu. – Se estou


debilitada, ela também deve estar. Ainda mais se estiver nesta dimensão...

- Eu lamento interrompê-la, Hannia, – disse S.E. – mas acredito que ela não esteja aqui,
exatamente. Como bem sabemos, a illuminus e sua sorella (que também é illuminus. Não
quero ofender) têm a capacidade de cessar sua energia, tornando-se irrastreável, mas ainda
assim precisa se nutrir da energia que a estrela KellDesh. Assim sendo, se não se auto
nutrirem, drenam da estrela bidimensional, consumindo-a. Mas isso gera um espectro
energético à sua volta. Posso enxergar o seu agora, Hannia, mas não consigo detectar o de
Luannia, na extensão dos seis planetas deste lado de KellDesh. Não consigo estender o
escaneamento espectral para a outra dimensão, então creio que ela esteja lá.

- Então é para lá que devo ir...

- Não! – Hannia foi energicamente ao interromper Corr Sairy. – Não podes ir para a outra
dimensão. Seu corpo não suportaria, mesmo com o traje de contenção. Sem contar que,
como S.E. ainda é um organismo tecnológico, poderia afetá-lo de forma irreversível.

- Então vou sozinho!

- Agora é minha vez de dizer não. – S.E. soava insultado. – Como pretende ir para a outra
dimensão e procurar Luannia sem meu escaneamento espectral. Ainda mais que ficou mais
fácil desde que os dommæns fizeram a modificação para eu detectar o Galaxya quando o
procurávamos. – Corr Sairy se viu cercado, mas foi Hommir que surgiu com a solução:

- Por que não fornecemos nossos polarizzatori83? Podemos instalar mais de um sobre S.E. e
Corr Sairy poderia adicionar o outro em sua cintura, como fazemos quando a
acompanhamos, Illuminus Hannia?

- E o que são esse polarizzatori? – Corr Sairy estava intrigado, mas Hannia explicou:

- Durante a Guerra de Kelkzerr e Desharr, os guerrieri 84 de Desharr usavam um tipo de rede


que os envolviam, assim eles podiam vir para nossa dimensão e nos atacar. Em suas
astronavi compatte85, munidas dos polarizzatori, eles ampliavam o alcance do ataque, até
capturarmos algumas e adaptarmos, invertendo os polarizzatori para funcionarem para nós.
Assim ampliamos nosso campo de defesa e atacamos como eles nos atacavam. Esses
polarizzatori geram uma rede fractal em volta do usuário, dessa forma, as condições da
dimensão que forem não os afetam. Mas S.E. é grande demais para usar um dos
polarizzatori das astronavi compatte.

- Aí que está, Hannia, S.E. pode surpreender com a versatilidade dele. Podemos desacoplar
todo o corpo dele e ficar somente com o cockpit, onde eu fico. – Aquilo surpreendeu Hannia
e Hommir:

- E desde quando você pode fazer isso, S.E.? – Questionou Hannia.

- Sempre pude, mas o processo é bem doloroso. É como se cortassem um braço seu fora e o
guardasse para juntá-lo novamente.

- Então é melhor não fazer isso. – Colocou Hannia, no que S.E. intercalou:

- Mas ou será isso ou Corr Sairy correr o risco de demorar mais tempo para encontrá-la,
consumir a Estrela KellDesh e destruir duas dimensões. – E, satirizando, ele disse. – A
vantagem, não deterioro como os carbonados comuns. Minha outra parte fica me
aguardando, como um traje perfeito para caber em meu corpo, compactado. – Sendo assim,

83
Polarizzatori = polarizadores
84
Guerrieri = guerreiros
85
astronavi compatte = espaçonaves compactas

102
GALAXYA II

Hommir e Corr Sairy deixaram Hannia sozinha e foram preparar S.E. para a viagem a outra
dimensão. Quando tudo estava pronto, ambos retornaram a Hannia:

- Estão prontos para a partida, Illuminus Hannia. – Prontificou Hommir.

- Que ótimo! Então desejo-lhe boa empreitada em sua busca, Corr Sairy. – E o beijou nos
lábios, tenramente. – Ainda és meu lindo guerriero. – Corr Sairy olhou nos olhos dela e
depois olhou nos olhos de Hommir e o beijou nos lábios, também, dizendo:

- Está na hora de ambos se acertarem. – Hommir pareceu espantado:

- Do que falas?

- Ah, parem de enrolação, ambos. – Apontou para Hommir e Hannia. – Sabe muito bem que
o fanculo86 ajuda a recarrega-la também, Hannia. Se tivessem se resolvido deste amore
corrisposto87, neste instante Hannia estaria bem e você teria atingido o patamar máximo de
sua ambição, Hommir, ser Illuminus ao lado se sua amati88.

- Ele não sente isso por mim. Já lhe disse antes e repito agora...

- Mas eu sinto sim, Illuminus Hannia. – Hommir interpôs. – Sempre que a vejo beijar Corr
Sairy ou qualquer um de seus ex amanti, me corroía por dentro saber que não desfrutava do
mesmo que eles. Achas que conflitei Corr Sairy por quê? Porque ele dividia o leito dele
comigo e contigo? Não, somente porque ele desfrutava de vosso leito. Amo Corr Sairy como
tu amas, mas meu vero amore89 é totalmente por ti, Hannia.

- Então Corr Sairy estava certo? Por que não revelaste antes? Sabes que ambicionar títulos
maiores é sabedoria em Kelkzerr. – Argumentou Hannia, no que Hommir concluiu:

- Mas não queria que achasses que só era isso que desejava de ti. És meu vero amore. – E se
beijaram ardentemente:

- Então venha e me tenha em vossos braços meu bellissimo capitano. – E caíram, juntos no
leito de Hannia, se despindo:

- Acho que está no momento de irmos. – Colocou S.E. e Corr Sairy concordou, saindo e
fechando a porta do aposento. – Que bom que se entenderam. Agora vamos à nossa missão.
– E Corr Sairy seguiu em direção ao campo de pouso. Enquanto isso, no Galaxya, uma
reunião ocorria e os convocados a ela eram Ross e Gene:

- Por favor, se acomodem. – Prontificou Antares. E Assim que se sentaram, ele continuou. –
Bem, desde que saímos da Terra, demoramos a iniciardes o treinamento de vós. Mas isso se
deu por necessitarmos responder a contenda que ocorria em Krarrash II. Só que Corr Sairy
não esqueceu de ambos e permitiu-lhes participarem, sobre total supervisão da minha
parte. Por duas vezes ele repetiu-lhes para não adentrarem no local onde se localizavam os
krarrashins que, supostamente, mantinham o Kotharyn’in kardeş, Kirharyn.

“Só que sua negligência e soberba, Capitão Ross Croisman Azevedo, o impeliu na
desobediência a uma ordem direta, instituída duas vezes, e causou a prematura morte dos
quinze krarrashins. – Ross ia se pronunciar, mas Antares levantou a mão. – Aguarde eu
lhes dar o direito a fala. Seguindo, quando retornamos, nossa Iatrévo K’thryn Swiss cuidou
de vossos ferimentos, pois sua cura acelerada restabelecia os ossos de forma retorcida,
então com muita dificuldade, ela os quebrou e colocou no lugar. Estipulamos uma punição
que, com o passar do tempo, foi retirada para que tomasses o treinamento, mesmo de forma

86
Fanculo = transa (ato sexual)
87
amore corrisposto = amor retribuído
88
Amati = amada
89
Vero amore = verdadeiro amor

103
Andre luz

tardia, com exceção de Corr Sairy, que não cria em vossa reabilitação, por mais que vossa
irmã, Capitã Gene Sisrac, que possui diplomas de psicologia e psiquiatria, dissesse que
estavas aprendendo a humildade. Ludibriaste ela, aproveitando-se de seu amor fraternal por
ti. Na verdade, conseguiste calotear a todos nós. Então, a Capitã Gene Sisrac o aconselhou
a procurar Corr Sairy e mostrar-lhe sua humildade recém-adquirida, mas após provocações
nas quais Corr Sairy sabia que cairia, covardemente o atacou e, com isso, pagaste o preço,
tendo ambos os braços deslocados nas juntas entre os úmeros e as escápulas.

“Neste momento, após discernirmos bastante, concluímos que sua permanência no interior
do Galaxya se cessa neste instante. Então, em votação quase unânime, pois não contamos
com a presença de Corr Sairy e Megami Aryannin retornou agora para nosso cerne,
decidimos por sua expulsão do treinamento”.

- Agora posso falar? – Ross inquiriu e Antares concordou com o abanar da cabeça. – Aonde
está o Corr Sairy, que não está aqui para olhar na minha cara e dizer isso que você me
disse, Confederado Antares?

- Corr Sairy, ao contrário de ti, tem muito outros compromissos, mas nem por isso ele
deixou de enviar-nos uma mensagem direcionada a sua pessoa. Pode transmiti-la Galaxya.
– E uma projeção de Corr Sairy surgiu no interior do Testimonii:

- Tá transmitindo? Ok, então vamos lá. Fala pessoal, neste momento, S.E. está se
automutilando para ficar mais compacto, pois passaremos para o outro lado da Estrela
KellDesh. Depois os kelkzerrins instalaram um tipo de polarizador (acho que é isso!) em S.E.
para não sofrermos por lá, então nos desejem sorte! Agora Azevedo (nem adianta que não
vou nomeá-lo pela patente que lhe foi comprada, sem mérito). Você é arrogante, pedante,
inescrupuloso, desleal, soberbo, atroz... Sério, eu poderia ficar horas destilando-lhe
antônimos que você merece. A tentativa vil de me atacar por trás e ser derrotado por mim,
um caolho, baixinho e pançudo, somente demonstra seu despreparo para o que quer. Você
me falou que vai ser mais humilde, que vai voltar a Academia para conquistar sua patente.
Sério, eu torcia que isso fosse somente um pinguinho de verdade, mas eu duvido! Sim, eu
duvido que você faça isso! E eu não falo isso para motivá-lo, pelo contrário, eu gostaria
muito que desistisse disso e deixasse para pessoas que têm talento, como sua irmã, a mãe
dela e os companheiros do irmão dela (Ricardo, também, coloco no pacote). Você não merece
isso. E sabe qual o maior problema disso, é que não vai me dar ouvidos, pois sua arrogância
não permite que me escutas, pois você me considera um ninguém. Ou talvez considere,
quem sabe. Talvez me veja como um velho, careca, negro, caolho, baixinho e fora de forma.
E sim, este sou eu. Você está correto ao me ver assim. Eu nunca vou ter sua agilidade, sua
destreza, sua força, sua resistência, sua resiliência, sua inteligência, seu raciocínio rápido e
sua capacidade de manter-se, pelo resto de sua eternidade, com 20 anos (adoraria este
último) e com o físico de um deus grego marmorizado. Mas tudo o que conquistei, tudo que
eu sou, foi com muita luta e determinação. Fui casado, tive uma filha, criei um dos objetos
mais utilizados em toda a extensão da Confederação Galaxial, criei meu melhor amigo, fiz
amizades que duraram o resto de minha vida e encontrei o ser mais inteligente do Universo.
Ou seja, conquistei mais do que você um dia conquistará se não tomar vergonha neste cara
e ver a sua volta.

“Stendart está te usando, como fez comigo, no passado. Se fizer uma breve pesquisa, bem
simples, descobrirá que cada uma de seus Cavaleiros Sombrios têm a ficha mais suja do
que os esgotos de qualquer cidade terrana. Têm infrações que nem eu, no auge de minha
indisciplina, cometi. E quando falo cada um, estou dizendo todos, até mesmo seu irmão,
Seth Ámoneth, que já foi acusado de assassinato e Stendart jogou para baixo do tapete.

“Talvez, quem sabe, quando deixar de ser uma marionete de Stendart, a quem chama de
pai, eu venha a respeitá-lo. Confiar? Isso nunca vai rolar, pois uma vez que se ataca pela
traição, sempre o fará. E, se um dia decidir mesmo cumprir com o que prometera e retornar
a Academia, eu o chame pela patente, mas até lá você é um ratinho de laboratório
superdesenvolvido. Pode encerrar a transmissão, S.E.”. – E Corr Sairy desapareceu, fazendo
Ross levantar o braço novamente, pedindo o direito de falar:

104
GALAXYA II

- Explane, Capitão Ross Croisman...

- Não preciso ouvir, novamente, meu nome todo, Confederado Antares. Então é neste que se
baseiam para minha expulsão. E de que vale a palavra dele? Quem é ele para dizer o que eu
mereço ou não. – Todos queriam responder a petulância de Ross, mas foi Antares que
interveio:

- Deveria poupá-lo do que direi agora, Capitão Ross Croisman Azevedo, – Sentiu-se um
enfatizar na voz de Antares, quase imperceptível – mas é merecido a vossa pessoa saber
quem é Corr Sairy.

“Corr Sairy é a pessoa mais honrada que já conheci entre os terranos. Sim, não tenho
muitos para equiparar, pois somente conhecia o Confederado Victor Cambasi, mas o
conhecendo e também testemunhando como as coisas funcionam na Terra, percebi que me
aliara ao mais descente entre vós (perdoa-me se a ofendo, Capitão Gene Sisrac). Corr Sairy
pode ser a pessoa mais indisciplinada, arrogante, descomedida, aborrecível, mas, ao mesmo
tempo, demonstra interesse, se importa, busca a equidade entre aqueles com quem convive.
Quando adentramos em S.E., ele poderia muito bem ter soltado a minha pessoa, Megami
Aryannin e Kotharyn de Krarrash II no local onde estávamos, ou mesmo quando pousamos
para encontrarmos com os dommæns. Se o fizesse, sobreviveríamos e retornaríamos para
nossos afazeres habituais, mas ele não nos abandonou e aqui estamos. Antes disso, foi o
segundo responsável pelo salvamento de Megami Aryannin, que sofreria o Gisei, pois o
primeiro foi Kotharyn. Quando Marcelle Menken pediu para Pum Riss de Phællans se
juntar a nós, ele logo se prontificou, pensando na felicidade de ambas. Auxiliou o
Magnanimus H-Kok de Agufalgav e a Magnanimus H-Lik no que precisavam. Trouxe para
nosso convívio H-Glorr e T-Rass de Agufalgav, que agora estão desfrutando da companhia
dos Guerreiros Alados da Terra. Resgatou Jacqueline Dévero, quando esta estava perdida no
meio do nada. E, se não fosse por ti, teria desbaratado um dos planos mais pérfidos que
minha pessoa testemunhou, de traição extrema do Kotharyn’in kardeş, Kirharyn. Se tivesse
demonstrado mesmo a humildade que dizias ter, talvez Corr Sairy teria relevado o que
achava de ti. Além do que, Corr Sairy foi ágil em pensar como proteger a própria filha,
mesmo sem ciência de que esta estava na philisi e, por ele, eu nunca revelaria à
Confederação Galaxial o que eu dissera, pois ele viu em meu ato um esforço de proteger sua
filha, também.

“Então, Capitão Ross Croisman Azevedo”, – ouviu-se, camufladamente, um tom mais ríspido
vindo de Antares – “quando tiveres conquistado e feito o que Corr Sairy fizera somente neste
tempo que eu o conheço, pois tenho certeza que outros poderiam lhe relatar mais feitos dele
antes destes momentos, poderás questionar ou mesmo reivindicar quem é ele. Enquanto
isso, faço das palavras de Corr Sairy, as minhas. És um arrogante, pedante, inescrupuloso,
desleal, soberbo e atroz”. – Percebia-se o aborrecimento de Ross ao final das palavras de
Antares, mas ele nada disse. – Se não tens mais nada a dizer... – Então Gene ergueu o
braço, desejando falar. – Pode falar, Capitã Gene Sisrac.

- Primeiro, quero lhe dizer que suas palavras não me ofendem, Confederado Antares. Tenho
somente de concordar com tudo o que disse. Por vezes, minha mãe, Jacqueline Dévero, me
dizia para não vangloriar Corr Sairy, pois na época ele não era a mesma pessoa decente que
tinha sido no passado. Mas como eu havia pesquisado a fundo ele, me baseei no antes. Corr
Sairy, como membro da Forças Armadas da Terra, me demonstrou ser uma pessoa que
conquistou muito. Então, depois demonstrou ter conquistado mais ainda como nano
engenheiro e criador do chip neural.

“Depois do período da F.T.E., agora como Corr Sairy, ele realizou mais ainda. Tenho
mantido minha pesquisa, ainda mais que suas filhas e sua nora (se assim posso me referir a
ti, Pum Riss), me ajudaram a entende-lo mais. Então, estar participando deste treinamento,
as vezes com Corr Sairy à frente e às vezes ombro a ombro com ele, tem sido uma
realização, mas se vão expulsar meu irmão, eu também desejo me retirar do treinamento”. –
Aquilo alvoroçou a todos. As meninas falaram em uníssono:

- Não, Gene! – E ela continuou:

105
Andre luz

- Como todos já sabem, pois Corr Sairy me disse que traria isso para votação, conversamos
sobre as ações deflagradas por Ross e, pelo que vejo, vocês acharam que eu deveria
permanecer e ele ir embora. Entendo isso, mas quando eu disse sim para Corr Sairy, falei
de modo que tentaria trabalhar com Ross a ponto de ele compreender, como eu
compreendo, a necessidade de aprender e ensinar ao mesmo tempo. Quem me disse isso,
uma vez, foi Skill Hawkesley, que me disse ter ouvido do Coronel Rodrigo Scandian. Eu
aceitei a missão, mas não consegui cumprir com ela. Minha ligação fraternal com Ross, fez
com que ele me ludibriasse. O mais interessante, que outros já fizeram isso comigo e eu
percebi, mas meus olhos ficaram vendados para a malícia de Ross. Então eu falhei, e como
eu falhei, acho adequado partir com ele”. – Ross, sorrindo, se aproximou e colocou a mão no
ombro dela e recebeu um soco que o fez ficar estirado no chão com o nariz sangrando. – Não
me venha com seu amparo, pois não faço isso por você. Você me enoja, Ross. Confiei em ti.
Você conversava comigo, Cyn, Celle e Rissie e pelas costas o quê? Ria de nós? Eu falhei
contigo e desistirei do treinamento por causa disso. – Então se aclamando, voltou aos
presentes. – Eu agradeço a todos por tudo que fizeram por mim e pelo treinamento. – Mas
antes dela sair, Antares disse:

- Aguarde um pouco, Capitã Gene Sisrac. Quanto a ti, Capitão Ross Croisman Azevedo,
ordeno que se retire e retorne aos seus aposentos. Assim que chegarmos à Thrittan, será
encaminhado de volta à Terra. – Sentindo a dor do queixo deslocado, Ross o colocou de
volta, sem muito alarde, e se retirou. Assim que o fez e a porta fechou, Antares prosseguiu.
– Lamentamos demais que desejes partir com o Capitão Ross Croisman Azevedo, Capitão
Gene Sisrac e, por isso, temos algumas coisas para lhe dizer. Neste caso, deixarei as
palavras para Ortsac Searamiug. Pode projetá-lo, Galaxya. – E uma projeção de Corr Sairy
surgiu ao lado de Cynthia:

- Ei para todos! – Corr Sairy disse para os surpresos.

- Aquela sua transmissão foi em tempo real? – Questionou Cynthia.

- Não, Cyn – Cynthia pareceu ficar injuriada –, eu tinha gravado antes, pois não sabia se
estaria no interior de S.E. quando ocorre a expulsão de Azevedo. Estão prontos para as
surpresas?

- Que surpresas? – Inquiriu Gene e Corr Sairy apontou para Ortsac, que iniciou:

- Capitã Gene Sisrac, como bem sabes, pois tens trabalhado comigo e Kotharyn no Hangar
(não citarei aos outros, me perdoem), temos desenvolvido mais satisphæras, bem como
espaçonaves individuais, que estamos chamando de G’s, e a G-001 está pronta e será sua. –
Aquilo espantou e surpreendeu Gene. – Vamos ao Hangar onde poderemos lhe apresentar
melhor à sua espaçonave. – E todos saíram do Testimonii e desceram ao Hangar, onde
tinham cinco satisphæras e uma espaçonave diferente. Assim que estavam de frente para
ela, Ortsac continuou. – Com minha recente experiência com a tecnologia dharkyensi e meu
extenso conhecimento com a tecnologia darkyani e mais um aprendizado recém-adquirido
com S.E., desenvolvemos a G-001. Seu desenho lembra o ideograma annuri sobre a mesa
que sentamos para nos reunirmos, pois queríamos prestar uma homenagem direta àquele
símbolo. Como, recentemente, Pum Riss descobriu que aquilo representava a letra G,
decidimos fazer assim.

“Como bem sabes, seguimos os padrões de S.E., então não há armamentos bélicos, somente
campos energéticos. A frente é equipada por um visor espectral e as projeções ocorrem no
interior da nave, não no cockpit, mas se for necessário, ela se adapta. Todo o interior até a
cauda, possui compartimentos, que você pode guardar o que desejar, para não ocupar
espaço desnecessário. No interior, além do piloto, ainda se acomodam, dez seres vivos,
carbonados ou elementais. O sistema de camuflagem é o mesmo usado pelo Galaxya, com
espelhos yctométricos que camuflam por completo a nave, impedindo sua percepção, além
de pode usar um campo de distorção, que impossibilita a detecção por radar. Como foi
finalizada especialmente para ti, Kotharyn achou mais acertado colocarmos uma
Inteligência Artificial nível 3 (o permitido em vosso planeta). Como ela é bem estreita nas
laterais, pode acessar frestas. A cauda para baixo é por causa do desenho do ideograma,

106
GALAXYA II

mas ela pode assumir a posição que desejar, já que o interior é orbital, ou seja, não importa
que decidir usá-la, tu nunca ficarás em posição invertida”. – Então foi a vez de Cynthia,
Marcelle e Pum Riss se aproximarem, sendo que Marcelle carregava um estojo que entregou
a Gene:

- No interior da G-001 tem matéria-prima para que sua mãe, Jacqueline, possa continuar
com o desenvolvimento de trajes do Projeto Esperança. – Disse Cynthia.

- E, em suas mãos está um traje feito especialmente para você. – Colocou Marcelle e Gene
abriu, vendo o design do traje, foi a vez de Pum Riss falar:

- Nós treinamos isso. – Ela iniciou, brincando. – O desenho do traje é baseado naquele que
você estava usando e que sua mãe usou para fugir. Galaxya fez nas mesmas cores, mas, de
acordo com ele, tem pigmentação viva o suficiente nos compartimentos da sua G-001 para
tingirem do tom que desejarem, desde que desejem. – Finalizou. Gene estava emocionada e
seus olhos lacrimejavam:

- Mas por que estão fazendo isso tudo por mim. – E foi a vez da projeção de Corr Sairy falar:

- Porque você fez por merecer. Capitã Gene Sisrac, você honra sua patente, você honra sua
mãe, você honra seu planeta com suas atitudes. Como bem sabe, após o que sofri, meu
nível de confiança oscila muito, mas, junto com todos que estão à sua volta, mais sua mãe e
os membros dos Guerreiros Alados, você entra para o meu círculo de confiança...

- Esqueceu Sharan. – Colocou Marcelle.

- E os phællansis! – Implicou Pum Riss.

- E minha mitéra. – Pontuou K’thryn.

- É, meu círculo de confiança é mais amplo do que eu pensei que seria. – Corr Sairy
respondeu, rindo. – Mas você está incluída nele, também. – Com lágrimas nos olhos, Gene
disse:

- Sério, eu não sei como lhes agradecer. Quem me dera tivesse vindo com Jacqueline ou
Ricardo para cá, ou qualquer outro membro dos Guerreiros Alados. Talvez essa aventura
não se encerrasse agora. Eu aprendi muito e vou levar tudo que assimilei aqui para que o
Projeto Esperança cresça firme e com altivez. Sinceramente, quando entrei pela comporta
deste Hangar, pensei que estaria perdendo muito de minha vida na Terra, mas percebi que
ganhei uma nova vida aqui e está sendo difícil me desfazer dela. Me sinto como uma criança
que não quer ir para a escola, mas quando descobre o quanto é bom lá, não quer sair.
Obrigada mesmo a todos! – E um abraços grupal (contando até com Antares) ocorreu, mas
quando se separaram, K’thryn pareceu se lembrar:

- Storgí, o sistema de navegação. – K’thryn disse a Ortsac, que falou:

- Sim, já ia me esquecendo. A G-001 foi feita somente para ti, Capitã Gene Sisrac. Está
ligada aos seus genes, especificamente, mas mesmo que o Capitão Ross Croisman Azevedo
tenha aspectos de vossos genes, existem particularidades que a define diferente dele e é
nisso que a G-001 está ligada.

- E por que não ao chip neural? – Inquiriu Gene.

- Ela responde ao vosso chip neural, mas ele tem de estar em você. Se qualquer outro, por
acaso que seja, usurpar vosso chip neural, não conseguirá pilotar a G-001. – Ela sorriu para
Ortsac:

- Obrigada, Ortsac. Obrigada, Kotharyn. Obrigada, meninas, sem vocês eu me sentiria um


pato em um lago de cisnes. Obrigada, K’thryn, aprendi tanto contigo que não sei medir. O

107
Andre luz

mesmo contigo, Antares. É um professor e um amigo que levarei para minha vida toda. E,
somente de ter sua presença aqui, obrigada Megami Aryannin.

- E eu? – Corr Sairy implicou.

- Você é o cara mais chato e mais maravilhoso que eu pude conhecer em toda a minha vida.
Se já não tivesse deitado com minha mãe e metade das Forças Armadas da Terra, te daria
uma chance. – Gene riu. – Obrigada por tudo que eu posso e não posso agradecer, Corr
Sairy. – E subiu pelo Tuboelevador:

- Bem, creio que é isso? – Concluiu Antares. – Onde está agora, Corr Sairy?

- Esperando tudo terminar para ir a outra dimensão. Eu os vejo quando retornar. Torçam
por mim. – E encerrou a transmissão.

Ao atravessar a Fenda Dimensional que permanecia aberta para dar acesso ao outro lado de
KellDesh, Corr Sairy reparou na radiação rubi que a Estrela emitia daquele lado.
Automaticamente se viu cercado de espaçonaves desharrins:

- Nave intrusa, a que veio? – Apareceu uma projeção no interior de S.E., Corr Sairy logo
respondeu:

- Vim a pedido da Illuminus Hannia, illuminus de Kelkzerr, desharr de Desharr e Sovrano


bidimensional do sistema KellDesh. Me chamo Corr Sairy de Crisyen e peço direito a
passagem. – A projeção parecia conferir se era verídico o que Corr Sairy dizia e, instantes
depois, voltou a falar:

- Confirmado vosso passe. A que veio? – Corr Sairy pensou que somente mencionar Hannia
adiantaria, mas então falou:

- Busco encontrar Illuminus Luannia, illuminus de Kelkzerr, desharr de Desharr e Sovrano


bidimensional do sistema KellDesh. – Novamente parecia confirmar o que Corr Sairy falou e
disse, então:

- Corr Sairy de Crisyen, para que prossigas em tua busca, antes deverá se pronunciar a
Dishinna, figlia90 de Desharr Supremo, Generale91 de Desharr e Rappresentante scelto92 da
Illuminus Hannia em Desharr. – Corr Sairy preferiu não discutir e seguiu as naves até
Desharr, onde pousaram:

- Você está bem, S.E.? – Questionou, preocupado, e seu amigo metalizado disse:

- Enquanto os polarizzatori estiverem funcionando, tô de boa. – Corr Sairy concordou e,


antes de sair, colocou o seu polarizzatore93 na cintura e uma rede fractal o circundou,
permitindo que saísse do interior de S.E. Na saída, guardas com o que pareciam
metralhadoras de alta tecnologia, esperavam Corr Sairy. Um deles assumiu a frente e falou:

- Sou a superiore94 Kansharr e o levarei a Dishinna. Por favor, me siga. – E Corr Sairy
obedeceu, se vendo cercado, por todos os flancos, por aquela guarda armada, o que fez se
sentir intimidado.

A marcha foi longa e piorou quando Corr Sairy percebeu que, como Kelkzerr, em Desharr,
eles também tinham uma enorme escadaria. Preferiu não questionar e os seguiu, a passos

90
Figlia = filha
91
Generale = General
92
Rappresentante scelto = Representante escolhida
93
Polarizzatore = polarizador
94
Superiore = Superiora

108
GALAXYA II

lentos. Ao final, extremamente cansado, viu o que parecia o Tempio di Illuminus, mas
encrustado de joias vermelho-sangue. Então Kansharr disse:

- Seja bem-vindo à Abbazia di Desharr Supremo 95. – E, sem querer, Corr Sairy deixou
escapar:

- Nossa, vocês copiaram igualzinho de Kelkzerr. – Aquilo enfureceu Kansharr, que se


preparou para avançar em Corr Sairy, mas foi impedida pela voz de Dishinna:

- Superiore Kansharr, respeite o visitante. Ele é nosso convidado, enviado pela Illuminus
Hannia, nossa Sovrano e Liberatorio96. És bem-vindo, Corr Sairy de Crisyen, Capitano
Hommir avisou-me que estava a caminho. – Quando se viram afastados de Kansharr e da
guarda desharr, Dishinna perguntou. – O que disseste que a enfureceu tanto?

- Somente disse que vocês fizeram uma cópia muito semelhante do Tempio di Illuminus. –
Assim que entrou, Corr Sairy percebeu que o interior tinha semelhanças, também, mas
Dishinna esclareceu:

- De acordo com a história que nos é contada desde o princípio dos tempos, Kelkzerr e
Desharr eram irmãs do mesmo ventre. Seus poderes se completavam, mas ambas não
desejavam governar juntas, então cada uma criou seu universi, podendo governa-lo como
desejasse. Kelkzerr era pacífica e desejava a harmonia em seu povo, assim comandou-os
com equilíbrio, mas sapiente de que sua irmã era agressiva, também os preparou para
enfrentar o conflito que fosse necessário. Como disse, Desharr era atroz e acostumou seu
povo dessa forma. Ela os fez criar os aparatos bélicos mais animosos possíveis. Cada uma
construiu sua residência, mas como se completavam, em algumas coisas se assemelhavam.
Ambas partiram de seus mundos ao mesmo tempo, mas elas disseram aos seus povos que
um dia elas retornariam e quando isso ocorresse um grande conflito se instauraria e
somente com a harmonia de ambas, se cessaria. Mas, que isso vinha com uma maldição,
pois pra o conflito se encerrar, ela, Desharr, teria de matar seus dois genitori 97. Essa parte
nunca ficou completamente compreendida, até Desharr Supremo, meu genitor, tomar para
si Luannia, que nascera do mesmo ventre que Hannia, e a preparar para o Grande
Combate...

- Conheço bem essa história. Foi-me contado por Illuminus Hannia quando fui à Kelkzerr
uma primeira vez. – Corr Sairy a interrompeu. – Me perdoe por interrompê-la tão
bruscamente Generale Dishinna, mas eu preciso mesmo encontrar Illuminus Luannia. Não
sei se percebeu, mas...

- A Estrela DeshKell tem diminuído. Sim, nossos mappatori stellari me falaram que a forma
de DeshKell tem se encolhido e, caso isso continue, ela se implodirá e destruirá ambos os
sistemas que se nutrem dele. Sabes o motivo? – Corr Sairy ficou receoso de dizer o real
motivo, então expôs:

- Por isso preciso encontrar Illuminus Luannia, pois com ela, a Estrelas Kell... que dizer,
DeshKell poderá voltará ao seu potencial. – Dishinna pareceu desconfiada da resposta,
então disse:

- Sabes por que me mantenho como Generale de Desharr e Rappresentante scelto das
Illuminus Hannia e Luannia? Pois fui eu que permiti o retorno de Luannia a Desharr, assim
ela pode ceifar a existência de Desharr Supremo. Nos tempos atuais, ainda sou chamada,
como Illuminus Luannia de traditore, mas sempre que parte da minha guardia, eles
precisam pagar o que falam lutando contra mim. Sei que em Kelkzerr, Illuminus Luannia é
chamada de parricida, por ter ceifado a existência do próprio genitor. Tu podes não confiar
em mim, Corr Sairy de Crisyen, mas Illuminus Hannia confia. – Corr Sairy titubeou, então
Dishinna propôs. – Se desejares, façamos uma chamada com Illuminus Hannia. – E Corr

95
Abbazia di Desharr Supremo = Abadia do Desharr Supremo
96
Liberatório = Libertadora
97
Genitori = pais

109
Andre luz

Sairy concordou. Dishinna então chamou Hannia em uma comunicação e hei que esta
apareceu na sua frente, recuperada. Corr Sairy foi o primeiro a questionar:

- Illuminus Hannia, Capitano...

- Mas que monte de baboseira é essa, Corr Sairy. – Hannia o interrompeu. – Está entre
amigos, não precisa de tanta formalidade. Olá mia cara Dishinna! – Finalizou, se
insinuando. – Hommir está aqui comigo e estamos nos planos do matrimonio, mas para isso
ocorrer preciso de minha sorella. Já a encontrou?

- Primeiramente, fico extremamente feliz por ti e o Capitano Hommir, Illuminus Hannia. Da


última vez que nos falamos, estava bem debilitada, mas aparentas vigor. – Dishinna iniciou
o diálogo. – Segundo, minha guardia achou correto Corr Sairy de Crisyen reportar-se a mim
antes, pois não reconheceram a nave. Eu o questionava os motivos para a diminuição da
Estrela DeshKell, mas ele está reticente em me dizer. – Do outro lado, Hannia sorriu:

- Não se importe com isso, Dishinna, Corr Sairy é um ser desconfiado. Também não
precisas de formalidade comigo, como bem sabes. Como tu, Corr Sairy foste meu amante,
então podem se tratar sem formalidade, por favor. Quanto a KellDesh e DeshKell, a
diminuição tem sido porque preciso me nutrir e nos últimos tempos, com o distanciamento
de Luannia, tem sido difícil fazê-lo sem me alimentar de nossa estrela. Mas Corr Sairy
lembrou-me de algo revigorante, o prazer carnal e, assim que Hommir confessou-se a mim,
tenho dependido menos de KellDesh. Agora, por favor, libere-o, pois temo estar me
alimentando mais do que da energia voluptuosa, e sim de Hommir. Finalizo a transmissão. –
E a imagem de Hannia desapareceu:

- Bem, Corr Sairy, viu como foi simples? – Dishinna disse, sorrindo. – Acho que seria ideal
eu ir contigo.

- Nada contra você, Dishinna, mas dá outra vez que Luannia fugiu, eu fui sozinho atrás
dela, pois temia que ela ficasse arredia com a presença de outros. Assim pudemos conversar
serenamente e ela veio comigo. Então, acho melhor ir sozinho. – Dishinna levantou os
braços e concluiu:

- Tudo bem. Tens autorização para prosseguir e vossa busca. Caso precise de nós, é só
estabelecer o contato que correremos para auxiliá-lo. – Com isso, Corr Sairy saiu do interior
da Abbazia di Desharr Supremo e foi para o S.E. Ao entrar, questionou:

- Tudo certo? – No que S.E. respondeu:

- Sim. Estou sendo monitorado desde o momento em que pousamos aqui. É complexo
decifrar as correntes energéticas deste universo paralelo, mas sendo energia, podemos
identificar. Ele tem seguido o padrão dos polarizzatori. Acha que teremos problemas? – Corr
Sairy, pensou, antes de retrucar, e considerou:

- Acredito que somente depois de encontrar Luannia que saberemos. Conseguiu localizá-la?
– Então, enquanto levantava voo, S.E. rebateu:

- Identifiquei um sinal do espectro dela, bem fraco, como sempre, no último planeta. Por que
ela nunca vai além?

- Porque se ela for, poderá sucumbir. Dishinna estava me recontando a história de Kelkzerr
e Desharr. Lembra como elas fazem para manter o equilíbrio?

- Sim, Kelkzerr e Desharr criaram planetas que tinham a mesma distância da Estrela, assim
elas poderiam se autoalimentar. Quando desejavam um maior contato, se encontravam
pessoalmente, de tempos em tempos, um tempo em KellDesh e outro tempo em DeshKell.
Somente perceberam que a distância de uma para a outra desequilibraria a
autoalimentação, quando Desharr decidiu explorar mais seu universo, enfraquecendo-se e à

110
GALAXYA II

sua irmã. Mas quando ela pediu para que Kelkzerr o fizesse, por ela, por estarem no mesmo
universo, o equilíbrio se mantinha. – Concluiu S.E. e completou. – Já percebeu como essas
lendas, mitos e histórias são fascinantes?

- Você fica fascinado muito fácil. Eu já pergunto o que é verdade e o que é invenção. – Corr
Sairy colocou. – Já conseguiu captar algo a mais?

- Sim, desde que iniciei o salto hiperespacial, o espectro dela tem ficado mais claro. Achei!
Ela parece bem fraca! – Corr Sairy então pediu:

- Projete a imagem do planeta. – E S.E. o fez. Corr Sairy, com as mãos, foi ampliando a ter
uma visão nítida de Luannia, caída no solo do planeta. – Vou descer. – E S.E. se aproximou
mais, pousando no terreno estéril, próximo de Luannia. Corr Sairy colocou os braceletes e
fez surgiu o traje de contenção, então colocou o polarizzatore na cintura e saiu.

Quando se colocou ao lado de Luannia, a chamou:

- Luannia. Ei, sou eu, Corr Sairy. – Ela abriu os olhos e debilmente disse:

- Corr Sairy? Não, deixe-me aqui. – Ela tentou se sentar e seu cabelo avermelhado estava
bem sujo, bem como sua face. – Sinto-me desnecessária, seja em Kelkzerr ou aqui. Sabes
que os meus atos não foram pensados, eu estava sendo manipulada a matar meu genitor.
E, por ter me vingado daquele que me manipulou, ceifando sua vida, aqui sou chamada de
traditore. Eu os libertei e mesmo assim sou malquista. Prefiro permanecer aqui e perecer. –
Corr Sairy então se aproximou dela e sentou-se ao seu lado, permitindo que ela apoiasse a
cabeça em seu ombro:

- Já tivemos esta conversa, se lembra. Você me disse algo semelhante, mas pelo menos não
estava se auto consumindo. Agora, com você neste ambiente inóspito, os dois sistemas
estelares podem se desaparecer. – Luannia não conseguiu levantar a cabeça, devido a
debilitação, mas arregalou seus enormes olhos rubi. – Sim, lembra da história de Kelkzerr e
Desharr? Quando distantes e juntas, equilíbrio mantido, mas se distantes estiverem e
separadas forem, ...

- O caos será estabelecido. – Luannia, com a voz amuada, disse. – O que está acontecendo?

- Com você aqui, Hannia precisou se nutrir de alguma fonte e terminou fazendo isso com
KellDesh. Mas, ao consumir KellDesh, ela também consome DeshKell e se a estrela ficar
cada vez menor...

- Ela implodirá! E isso consumirá tanto Kelkzerr quanto Desharr. – Luannia completou,
novamente.

- Exato. Mas sua irmã é esperta e agora está se preparando para assumir o matrimonio com
Hommir. Então, em breve, ele também será Illuminus.

- Isso é ótimo. – Luannia parecia sonolenta. – Finalmente Hannia e Hommir assumiram que
são feitos um para o outro. Bem como você falara.

- Sim, mas ela disse que somente o fará se você estiver presente no Nozze. Então, vamos lá?
– Corr Sairy começou a se levantar e a erguer Luannia, quando S.E. disse ao seu chip
neural:

- “Detectei naves se aproximando”. – Então Corr Sairy pegou, facilmente, o corpo debilitado
de Luannia, no colo e entrou com ela em S.E., que logo partiu:

- A camuflagem não adiantaria muito, não é? – Corr Sairy perguntou e S.E. respondeu:

111
Andre luz

- Temo erguer e desativar os polarizzatori. É complicado trabalhar com tecnologia que a


gente desconhece. Estamos em terreno desconhecido.

- Disse isso, pois pensou nos campos energéticos. – Corr Sairy argumentou e ouviu um
murmúrio de afirmação. Repentinamente, três astronavi compatte saíram do salto
hiperespacial, e Corr Sairy reconheceu a projeção a sua frente, era Superiore Kansharr:

- Corr Sairy de Crisyen. Entregue-me Illuminus Luannia ou seremos obrigados a retirá-la a


força de ti.

- “Posso tentar erguer o campo de contenção sobre a rede dos polarizzatori, mas não sei
como ele reagirá se dispararem contra nós. Eu tô disposto de correr o risco, e você?” –
Declarou S.E.

- “Faça!” – Corr Sairy pediu, e S.E. o fez. Assim que virão aquilo, as astronavi compatte
iniciaram os disparos e o Campo de Contenção, além de repelir os disparos, fazendo-os
ricochetearem, começou a diminuir de tamanho. – Estamos bem encrencados. Dê o salto
hiperespacial agora! – Corr Sairy ordenou e S.E. não pensou duas vezes, desaparecendo
dali, mas as naves desharrins foram no encalço:

- Elas não estão disparando durante o salto hiperespacial. Acredito que não possam, mas
meu Campo de Contenção continua retraindo. – Então Kansharr, reapareceu no interior de
S.E.:

- Corr Sairy de Crisyen, em nome do Desharr Superior, ordeno que pare e nos entregue
Illuminus Luannia, pois ela é nossa responsabilidade.

- E o que pretendem fazer com ela? – Corr Sairy inquiriu a projeção e, com um sorriso
malicioso no rosto, Kansharr disse:

- Fazer o que o Desharr Supremo ordenaria. Se Desharr não pode pertencer a nós, não será
de ninguém. Agora, pare! – Corr Sairy encerrou a transmissão:

- Aonde estamos?

- Nos aproximando da Fenda Hiperespacial. Identifiquei mais dez dessas astronavi


compatte, fechando a passagem – Corr Sairy pensou e só tinha uma coisa a fazer:

- Estabeleça contato com Dishinna! Está na hora de eu testar se ela é mesmo confiável. –
Repentinamente, a imagem da Generale aparecia diante de Corr Sairy. – Sua Superiore está
na minha cola ordenando que eu pare, entregue Illuminus Luannia, senão ela destruirá
meu amigo e a mim, pois pretende destruir ambos o sistema bidimensional de DeshKell, o
que tem a dizer – Dishinna parecia surpresa:

- Não ordenei nada disso! – Parando um pouco, ela pensou. Deixe-me falar com ela e já nos
falamos. – E a projeção desapareceu.

- Falta muito para chegarmos na Fenda? – Corr Sairy, preocupado, questionou, e S.E.,
soando preocupado, também, respondeu:

- Estamos próximos. O que faremos? – Corr Sairy então disse:

- Abra as janelas, deixe DeshKell ser irradiada para o seu interior. – Entendendo o plano de
Corr Sairy, S.E. o fez. Assim que sentiu o calor da estrela, Corr Sairy colocou o corpo
enfraquecido de Luannia em sua cadeira e, a olhos vistos, ele a percebeu melhorando e a
irradiação da estrela crescendo. Então Dishinna se comunicou com eles:

112
GALAXYA II

- Estou indo até vocês! – E encerrou, quando viu Luannia ela parecia a mesma que ele
conhecera tempos atrás:

- Era para você me deixar perecer. Por que é tão difícil ser legal comigo uma vez? – Luannia
disse, sorrindo, mas Corr Sairy estava exasperado:

- Podemos brincar depois. Agora temos uma assassina com outros quatro em nossa cola,
além de mais dez na nossa frente. Dishinna disse que virá, mas não sei se chegará a tempo.
Então Luannia direcionou sua fala a S.E.:

- S.E., meu querido, assim que chegar na entrada da Fenda, abra a comporta lateral e me
permita sair. – Olhou para Corr Sairy e o beijou, nos lábios. – Você me faz falta, às vezes.

Assim que S.E. se viu de frente para dez astronavi compatte, ele fez o que Luannia lhe pediu
e esta saiu para o espaço daquela dimensão. Antes de começar sua ação, gerou um campo
de luz pura sobre S.E., impossibilitando que tanto S.E. quanto Corr Sairy enxergassem do
lado de fora.

Enquanto isso, ela foi na direção das astronavi compatte que se fixavam em frente à Fenda
Dimensional. Expandiu a energia de seu corpo a ponto de queimar todos os sistemas das
naves. Assim que saíram do salto hiperespacial, a nave de Kansharr e mais quatro se
depararam com Luannia pairando em frente à Estrela e sabiam que tinha de temer aquele
momento e nada fizeram. Então, após desativar o campo de luz do entorno de S.E., Luannia
entrou e pediu:

- S.E., meu querido, estabeleça contato com a Superiore Kansharr. – E este o fez e, assim
que Kansharr apareceu na frente de Luannia, esta lhe disse. – Então farias o que Desharr
Supremo teria feito comigo, caso fosse necessário? E o que seria isso, Superiore Kansharr?
Me lançaria para fora do sistema DeshKell? Ou talvez me mantivesse presa naquele planeta
débil e estéril? – E de forma autoritária, emitindo um brilho que quase cegou Corr Sairy,
continuou. – Eu sou Desharr, agora! Eu mando aqui! Você é um zanzara perto de mim! Te
destruiria se assim desejasse e você somente me clamaria por misericórdia. Achas que não
foi isso que Desharr fez? Ele tinha medo de mim, como você também deve ter. – Naquele
momento surgia a projeção de Dishinna no interior de S.E.:

- Illuminus Luannia? Está saudável com as graças de Desharr Prima. – Ainda autoritária,
Luannia disse:

- Generale Dishinna, minha sorella, Rappresentante scelto da Illuminus Hannia em


Desharr, ordeno-lhe que detenha Superiore Kansharr sobre a grave acusação de traição e
tentativa de assassinato de sua Desharr. A condenação será o exílio total. Ela deverá ser
catapultada para bem longe de Desharr, compreendeu?

- Logicamente, minha Desharr. – Dishinna parecia orgulhosa de chamar Luannia assim. Um


outro tipo de nave, um pouco maior, recolheu as astronavi compatte que impediam a
passagem pela Fenda Dimensional. Ela também recolheu as astronavi lideradas por
Kansharr. Ao final, Dishinna voltou a falar com Luannia e Corr Sairy:

- A ti, Corr Sairy (espero ainda poder-lhe chamar assim) peço as mais sinceras escusas.
Vieste como confiado de Illuminus Hannia para resgatar nossa Desharr – sentia o
contentamento na pronuncia – e fora atacado. Isso foi desprezível. E minha Desharr, rogo
por tua saúde e por vossa perseverança. Sempre que desejares, serás bem-vinda entre nós.
– Luannia somente sorriu, enquanto a transmissão se encerrava, então ela se virou para
Corr Sairy:

- Você é o ser vivo mais teimoso e perseverante que eu já conheci. Eu lhe pedi que me
deixasse lá.

113
Andre luz

- Eu não podia fazer isso. Luannia, sabe que gosto muito de sua sorella, mas o que sinto por
você. Eu nunca poderia deixar que se consumisse.

- E por que não? – Ela disse, enfurecida. – Você me deixou aqui. Me esqueceu e foi viver sua
vida. Quando eu soube que tinham lhe prendido, pensei que tinha perdido tudo e fugi, pra
cá.

- Mas eu estou aqui. Eu voltei.

- Mas não por mim. Você não voltou por mim. Você tinha aquela obsessão maldita no tal
Galaxya...

- Que eu encontrei. – Corr Sairy a interrompeu.

- Então pronto, tudo está bem para você. – Luannia respondeu, nervosa, mas Corr Sairy
ainda tentava acalma-la:

- Não é bem assim. Eu nunca estive totalmente completo e você sabe disso. Neste tempo que
não nos vimos, encontrei minha afilhada, que se tornou minha filha. Além de ter
reencontrado minha filha, que havia falecido na Terra. – Luannia não pareceu entender
aquela parte. – Mas, mesmo com tudo isso, ainda faltava algo.

- E o que era? – Pontuou Luannia e olhando em seus enormes olhos de rubi, Corr Sairy
respondeu:

- Você! – e a beijou com grande amor. Ambos se entregaram aos carinhos no piso de S.E.,
enquanto este atravessava a Fenda Dimensional e dava o Salto hiperespacial na direção de
Kelkzerr.

Ao sair do salto hiperespacial, Corr Sairy e Luannia se ajeitavam:

- Você dois têm a relação mais explosiva que eu já vi! – Implicou S.E.

- E que outra relação você conhece? – Corr Sairy inquiriu.

- Oras, Skill e H-Kik, Marcelle e Pum Riss, H-Glorr e T-Rass, K’thryn e Ortsac...

- É nisso que dá eu abrir minha boca grande. – Corr Sairy replicou, mas Luannia estava
curiosa:

- Quem é essa Marcelle? Desde quando H-Glorr de Asas Negras namora uma, pelo nome,
Asas Mescladas? E K’thryn Swiss está com um darkyani? Aonde eu estava quando tudo isso
aconteceu?

- Tentando se matar e levar seus sistemas contigo. – Corr Sairy colocou e Luannia o beijou:

- Eu também te amo! – Ele sorriu e balançou a cabeça:

- Você é louca! Eu me apaixonei pela kelkzerrin/desharrin mais louca que poderia se


encontrar em um sistema bidimensional. E olha que é bidimensional – Corr Sairy enfatizou
e a beijou de volta.

Assim que S.E. pousou, Hannia e Hommir os esperavam. Quando Hannia, sorridente e feliz,
deu as mãos a Luannia, uma luz escarlate perolada emanou de ambas. Assim que cessou,
Hannia disse:

- Por Kelkzerr Prima e Desharr Prima, nunca mais fazes isso, sorella. – Em seguida, um
susto. – Vós coitastes? Gloriosas são as deusas, finalmente se entenderam.

114
GALAXYA II

- Como assim se entenderam? – Corr Sairy se assustou. – Estávamos bem quando sai daqui
em missão de encontrar auxiliar Maghnuss. – Então Luannia reagiu:

- Não estávamos bem. Falei que podia, pois insistia que prometido ao Maghnussy derrubar o
próprio. Era o tempo todo isso. Fiquei mal durante um tempo, piorou quando voltei a dar
atenção às injurias. Não me sentia forte o suficiente. – Corr Sairy sentiu o sofrimento de sua
amada e a abraçou. Todos embarcaram no veículo de Hommir e foram na direção do Tempio
di Illuminus. Ao olhar para escadaria, Corr Sairy resmungou e todos riram dele, mas subiu:

- Você tá precisando se exercitar. – Implicou Luannia, ao olha-lo todo esbaforido. Assim que
entraram no Tempio, que estava sendo arrumado para o matrimonio, Hannia disse:

- Agora ficarás aqui! Não tem motivos para ir. – Mas foi Luannia que falou:

- Ele tem sim, sorella. Corr Sairy reencontrou a afilhada e, aparentemente, a filha voltou à
vida! – Todos olharam para ele, sem entender nada:

- Acho melhor acharmos um lugar para nos sentarmos e lhes explicarei tudo, desde que me
viu sendo julgado culpado, Hannia. – Então foram para um aposento adjacente, um tipo de
sala de jantar com uma enorme mesa central e várias cadeiras, na ponta mais distante,
encontravam-se duas cadeiras gêmeas, de espaldar alto. Nelas Hannia e Luannia se
sentaram, enquanto Hommir e Corr Sairy sentaram ao lado de cada uma delas. Então
iniciou o relato de tudo o que ocorreu desde que escapara do exílio. Ao fim todos estavam
surpresos e baratinados:

- Continuo a dizer que é merecido ele ser julgado culpado. – Expôs Hannia.

- Mas sorella, ele tentava proteger a filha de Corr Sairy (mesmo não sabendo que era ela). –
Argumentou Luannia.

- É porque não viste como ele atacou Corr Sairy, senão tu terias voado nele e eu teria que
segurá-la.

- Desculpa, Hannia e Luannia, mas não sei nem se vocês duas, juntas, conseguiriam detê-
lo. Ele emanou tanta energia estelar que eu temeria até mesmo por Marcelle absorvê-la. –
Todos ficaram em silêncio por um tempo, então Hommir disse:

- Então tens vossa figlia de volta. Como é ser genitor, novamente? – E Corr Sairy disse:

- É estranho. Eu a amo ainda, lógico, mas já passei por tantas coisas, enfrentei tantas
agruras, vivenciei coisas novas, que ter Cynthia de volta foi estranho. Disse a ela que
precisávamos conversar. Então farei isso quando formos. – Hannia reagiu àquelas palavras:

- Como assim, formos? – E Luannia, tocando sua mão, disse:

- Eu desejo ir com Corr Sairy para o Galaxya. – Hannia se levantou, alterada, fazendo todos
se levantarem, também:

- Não, você não pode! Voltaste agora, estás com Corr Sairy. Devem os dois ficar aqui! – Uma
lágrima perolada brilhava em sua face alva. – Nem Hommir e nem Corr Sairy pronunciaram
uma palavra, pois aquilo era com elas. Luannia segurou novamente nas mãos da irmã e
uma luz tímida emanou da união das duas:

- Mas eu estou aqui. – Disse Luannia, replicando a frase que Corr Sairy lhe dissera antes. -
Quando distantes e juntas, equilíbrio mantido, mas se distantes estiverem e separadas
forem, a destruição acontecerá. – Então, Luannia segurou no rosto da irmã e a beijou nos
lábios. – Eu estou aqui e sempre estarei. Nunca fui feita para isso. Fui criada e acostumada
como guerriera. Tu fores criada para ser a Illuminus, fores preparada por nosso genitor para
governar este sistema bidimensional. És rígida, forte e determinada, o que fazes de ti uma

115
Andre luz

excelente Desharr. Sem contar que, àquela esfera sobre o ombro de Corr Sairy – Luannia
apontava para a representação do Galaxya, que Hommir ainda não enxergava – me disse
que, se precisares de mim, estarei aquilo em um pulo. Ele me transferirá para cá (seja lá o
que isso representa) e combateremos o que for necessário, ombro a ombro, como as figlie de
Hothurr e Lannara. Além do que, como você se nutre da força de Hommir, eu me nutro do
meu amor por Corr Sairy e do dele por mim. Estaremos distantes, mais nunca seremos
separadas, não mais! – E se abraçaram. Corr Sairy e Hommir somente observavam. Então,
enxugando as lágrimas, Hannia declarou:

- Mas só partirão após o Nozze. – Corr Sairy sorriu e concordou:

- Só preciso avisar ao pessoal em casa. Galaxya? – E a esfera brilhou:

- Estão todos se reunindo na Testimonii! – Hommir ainda parecia confuso, foi então que
Corr Sairy se lembrou e tirou do bolso de seu novo casaco uma pequena caixa e deu ao
Capitano:

- Ao abrir, verá dois pontos. Posicione dois dedos sobre estes e coloque sobre os olhos. –
Hommir o fez e se espantou ao ver a esfera brilhando, fazendo todos sorrirem:

- Estão todos aqui. Transmitindo! – E surgiram todos os membros do Galaxya e mais Gene:

- Caramba, menina, não vai embora não? – Corr Sairy brincou ao ver Gene. Antares então
se pronunciou:

- Illuminus Hannia e Luannia. Capitano Hommir.

- Não carrego mais este título, Confederado Antares. – Argumentou Luannia.

- Nem eu o meu, Hannia de Kelkzerr e Desharr. Definitivamente, o Confederado-mor


revogou meu título de Confederado, mas deu-lhe total liberdade de vossas acusações, Corr
Sairy, agora és um crisyeno livre.

- Então vou fugir para outra galáxia. Quem me acompanha? – E Luannia o abraçou,
sorrindo, instigando Cynthia do outro lado:

- Quem são elas, Rodrigo? – E Corr Sairy sentindo o tom de injuria de Cynthia, tentou fingir:

- Ah sim. Cynthia Scadian, conheça Illuminus Hannia, sua sorella Luannia, e seu futuro
marito e também futuro Illuminus, Hommir. – E Cynthia deu um sorriso forçado.
Percebendo isso, Luannia falou no ouvido de Corr Sairy:

- Acho que ela não gostou de mim. – E riu. Sentindo um clima entre os dois, Marcelle
inquiriu:

- Você está namorando a sorella da Illuminus? Por que nunca disse nada sobre isso?

- E essa é minha outra filha, Marcelle Menken.

- Prazer conhece-la, Marcelle. Prazer conhece-la, Cynthia. Então, o que eu e o pai de vocês
temos é um pouco mais do que namoro, somente. É o que chamamos de connessione. É
algo raro de acontecer entre uma kelkzerrin e um (sei lá! Estrangeiro? Isso) estrangeiro.

- E como rolou? – Agora foi a vez de Pum Riss questionar, mas Corr Sairy logo cortou:

- Tá, depois eu conto tudo para vocês. Estou chamando-os, pois ficarei mais algum tempo
aqui. Hannia e Hommir em breve consumarão matrimonio e querem nossa presença.
Quando o Nozze, iremos para Vertus. – Então Antares voltou a se pronunciar:

116
GALAXYA II

- Foi bom ter entrado em contato conosco, Corr Sairy, pois precisamos decidir algo. –
Percebendo que era algo bem pessoal, Hannia se pronunciou:

- Bem, Dar-lhe-ei total liberdade neste aposento. Dialoguem o quanto desejarem, eu preciso
resolver algumas coisas antes do Nozze. – E seguiu em direção a saída, com Hommir ao seu
lado, Luannia também ia saindo, quando Corr Sairy a segurou:

- Espere, você fará parte do grupo. Pode ficar também. – Então Luannia o beijou e falou:

- Creio que teremos muitas reuniões que poderei participar, mas agora acho melhor ir.
Acabei de chegar e nem fui aos meus aposentos. – E beijou Corr Sairy nos lábios. Quase
dava para ouvir os ranger de dentes de Cynthia do outro lado. Assim que todos saíram,
Cynthia se pronunciou, ciumenta:

- Não gostei nada disso, Rodrigo. – Fingindo ignorar os protestos da filha, Corr Sairy falou:

- O que aconteceu, Antares?

- Pois bem, agendamos a visitação da Confederação Galaxial ao Galaxya. Virão com o


Confederado-mor Stahirr, o Confederado Goliath Hitarr, como seu suplente, o Confederado
Pan Rrar como seu Segundo Suplente, a Chefdiplomat Sharan de Thrittan, a Umholi
omkhulu Ja Kris de Phællans, o Kapene nui 98 Thantorr Uhtang de Bhlokyonss e o
Confederado Bavan Sheys, como Chefwissenschaftler 99 da Confederação Galaxial. – Corr
Sairy começou a gargalhar e ninguém compreendeu os motivos. Quando ele cessou, disse:

- Bavan Sheys, de Callyns é o Chefwissenschaftler da Confederação Galaxial? Nossa, a


Confederação está em decadência mesmo. Por que tiraram o cargo do Confederado Pnokk
Oshuzz de Thrarkus? Ele sim é um Chefwissenschaftler.

- Mas o Confederado Bavan Sheys é super conceituado, Corr Sairy. Ele desenvolveu um
sistema de clonagem...

- Não, K’thryn. – Corr Sairy interrompeu a dharkyensi. – Bavan Sheys não desenvolveu
nada. Eu não sei como (mas acredito estar relacionado a Ikken Bergg) desenvolveram o
sistema de multiplicação de seres em Callyns, mas com certeza não foi ele.

“Durante uma série de palestras na Terra, T’chya Kbonn, Lyn Xus, eu, Josiane, o próprio
Confederado Pnokk Oshuzz, entre tantos outros, falamos sobre os desenvolvimentos que
cada planeta-membros poderia disponibilizar aos outros planetas da Confederação Galaxial.
Entre os que compareceram, estava Bavan Sheys. A palestra dele foi inócua, como se ele
tivesse ensaiado a pedido de alguém. Na Terra, ele justificou dizendo que era o clima, pois
ele estava acostumado a temperatura abaixo de 1000º Celsius (em uma escala terrana). Mas
as palestras seguiram por vários outros planetas e, por causa da justificativa dele, decidi
assistir todas as vezes e era sempre a mesmíssima coisa. Ele não tinha ideia do que estava
falando. Foi enviado por alguém, pois este não pode comparecer”.

- Mas não poderia ser Ikken Bergg. – Colocou Antares.

- E por que não? – Inquiriu Corr Sairy. – Porque ele foi membro dos renegados da
Confederação Galaxial. Porque Bavan Sheys requiriu de você a destruição dele, por dizer
que Ikken Bergg era uma anormalidade? Ainda tem na sua sala o Endo-esqueleto de Ikken
Bergg pendurado, Antares? – Corr Sairy provocou e voltou atrás. – Me desculpa, Antares,
mas Bavan Sheys é um falso. E agora o consideraram o Chefwissenschaftler. Isso é um
absurdo! – Ouve um silêncio momentâneo, e Antares voltou a dizer:

98
Kapene nui = Grande Capitão
99
Chefwissenschaftler = cientista-chefe

117
Andre luz

- Bem, desculpas aceitas. O que importa é que a Confederação Galaxial gostaria que
consideremos Bavan Sheys como membro-provisório do Galaxya, para aprender mais sobre
o tecnoplaneta vivo e, quem sabe, trazer seu conhecimento para nós. Íamos fazer a votação
assim que chegasse, mas podemos aproveitar o momento...

- Sim. – Corr Sairy respondeu, surpreendendo a todos. Foi a vez de Aryannin se pronunciar:

- Depois de tudo que falaste dele, Corr Sairy, isso é uma surpresa. – Então Antares, em sua
altivez, requiriu:

- Explane. – E Corr Sairy foi curto e direto:

- É bom manter os amigos por perto e...

- Os inimigos mais perto ainda. – Cynthia completou e Corr Sairy confirmou. – Sagaz,
Rodrigo, mas ainda não gostei de Luannia, a parricida. – Corr Sairy pensou em responder,
mas não era o momento:

- Bem, se queriam o meu voto, eu o aceito como membro-temporário. Mas com alguns
poréns. Ele somente terá acesso ao Libri ou o Stellæ, ou o Iatrévo, com supervisão de Pum
Riss, Marcelle e K’thryn, respectivamente. Se elas não estiverem no local, ele não terá acesso
algum. Ficará isolado e, terá a liberdade que desejar no interior do que quer seja que ele
construir, a não ser que extrapole limites.

- E quais seriam estes limites? – Inquiriu Antares.

- Matar alguém é um bom exemplo. – Disse Kotharyn e Corr Sairy concordou. Então Antares
apurou:

- Estão todos de acordo? – Mas K’thryn objetou:

- Acredito que o está pré julgando, Corr Sairy. T’chya Kbonn me contou sobre essas
palestras, mas ela disse que Bavan Sheys era introspectivo, não se relacionando com
ninguém...

- Introspectivo era Tarr Moshy, de Crisyen. Mas ele sabia o que falava, ao falar dos sistemas
de flutuação das Hiri Mugikorrak. Parecia até que as tinha criado. Outro introspectivo era
Maddas Iniemohk, de Darkyan, mas acho que ele se sentia mais intimidado do que
introspectivo. Já Bavan Sheys era arrogante, presunçoso, pseudogênio. Ele uma vez, nos
bastidores, contestou as falas de Josiane a respeito do conceito de compreensão linguística
do tradutor omniversal, esbravejando falácias, que se Josi não tivesse me segurado, eu teria
feito aquele nariz dele ficar trincado. Ainda bem que não estarei aí quando eles forem visitar
vocês.

- Talvez esteja. – Colocou Antares. – Pois eles só deverão vir após o Nozze da Illuminus
Hannia com Capitano Hommir.

- Vou me atrasar, então. – Brincou Corr Sairy. – Bem, vou encerrando a transmissão aqui.
Antares, veja se consegue com a Confederação Galaxial para vir ao Nozze. Galaxya os
transfere rapidamente.

- Você está me pedindo para reivindicar à Confederação Galaxial para eu ir ao Nozze? – Deu
para sentir um tom de dúvida nas palavras de Antares.

- Sim, você é todo certinho. Mas se não quiser, melhor. Venha assim mesmo, será um pulo,
a Confederação nem perceberá que você saiu.

118
GALAXYA II

- Mas eles estarão aí. Então prefiro requerer. Se permitirem, vocês retornarão conosco? –
Antares questionou e pode-se ver a cara emburrada de Cynthia:

- Sim, eu e Luannia – ele enfatizou o nome dela – iremos com vocês. Finalizo a chamada
aqui. – E Corr Sairy os deixou sozinhos. Cynthia foi a primeira a se pronunciar:

- Pra que ele vai trazer aquela parricida para cá? – Foi então que Gene se pronunciou:

- Sério que você está com ciúmes de seu pai? Você sabia que ele está viúvo há três milênios,
não é? Você conhece alguma coisa do Antes-Josiane e Depois-Josiane? Seu padrinho, Skill
Hawkesley fazia a referência dessa forma. – Emburrada Cynthia estava e emburrada ficou,
mas Marcelle e Pum Riss, animadas, levantaram as mãos:

- Nós queremos saber? – Falaram em uníssono. Então as quatro saíram do Testimonii. Em


outro canto, K’thryn falava com Ortsac, Kotharyn, Antares e Aryannin:

- Acredito que Corr Sairy está se adiantando no que diz. T’chya Kbonn sempre mencionou
os estudos de clonagem de Bavan Sheys como promissores e excepcionais, o que tens a
dizer, Galaxya:

- Acho prematuro de sua parte vangloriá-lo assim, K’thryn Swiss. Mas sabes que não
intervenho nessas questões. Ajudo no que puderes e dou minha votação final. E acredito
que observar Bavan Sheys trabalhar me dará uma boa noção de quem ele é, atualmente.

- Esperemos para tirar conclusões. Agora, vou ao Collocutio, requerer a permissão para eu
ir ao Nozze convosco. – E Antares saiu, mas Aryannin falou:

- Pode ser que Corr Sairy esteja enganado, mas desde que o conheci, eu não vi errar um
momento no caráter de qualquer um dos que conhecemos.

- Com exceção de Ortsac, que ele pré-julgou por ser darkyani. – Apontou K’thryn, no que
Ortsac explicou:

- Sim, mas lembrai que meu povo o atacou injustamente e de forma assassínia. Tu me
julgaste assim que me viste, também. – Relembrou Ortsac e K’thryn demonstrou não gostar
daquilo, então ele continuou. – Está bem, perdoai-me. Eu não conheço Bavan Sheys, mas
conheci Maddas Iniemohk e Corr Sairy acertou, ele era retraído devido aos maltratos do
Redíl.

- Eu ainda acredito que Bavan Sheys surpreenderá a todos! – Disse K’thryn e Kotharyn
concluiu:

- Espero que sejam boas surpresas. – Então saíram do Testimonii, para assumirem suas
tarefas.

119
Andre luz

XVI
Antares conseguiu do Confederado-mor Stahirr a autorização para ir ao Nozze e Galaxya se
transferiu para o sistema KellDesh. Duas satisphæra desceram no planeta Kelkzerr. Uma
levava os membros do Galaxya e a outra carregava a pequena comitiva da Confederação
Galaxial. Vários outros planetas-membros da Confederação Galaxial também
compareceram, como Dharkyens (foi uma oportunidade para Mitir K’roll rever sua plátto),
Crisyen, Phællans, Agufalgav, Thrarkus, Maghnessy (Maghnussy queria mostrar as grandes
mudanças que orquestrava em seu planeta, tendo sua céile 100 ao seu lado e não atrás dele),
Volos VI, Krarrash II. Bhlokyonss e a Terra, que a Secretária Geral Tsunde Mbende contava
com a guarda dos Guerreiros Alados (excelente oportunidade para Sw Fitt e Sth Nnie, agora
com um bebê de colo, verem os abazali, e proporcionar um reencontro com H-Lik, H-Kik e
H-Glorr, que preferiram ignorar o pai, e mostrar como M-Kara e M-Karo estavam grandes).

Foi um Nozze esplendoroso e, para finalizar, Hannia e Luannia deram as mãos e flutuaram
pelo interior do Tempio di Illuminus, deixando o interior ainda mais vivo do que já era e
proclamaram a fala de sua união. Ao final, todos partiram. Antares questionou Corr Sairy:

- Virão conosco? – E este respondeu:

- Já estou indo. Antes Luannia precisa se despedir da sorella. – Nisso, Cynthia se


prontificou a ficar, também. Seguida por Marcelle e Pum Riss, que se despediu, emocionada,
do mfowethu Ti Kkrus e da umakoti Le Pann.

Antes de partir, Jacqueline agradeceu a todos os membros do Galaxya pelo treinamento e


presente à sua filha. Cynthia, Marcelle e Pum Riss se emocionaram ao se despedir de Gene.
Marcelle chegou a mencionar:

- Nunca esqueceremos! – E deram um abraço grupal.

- Sou extremamente grata por isso. Nunca pensei que Gene viria a se dar bem fora do ramo
de negócios com alguém. – Concluiu Jacqueline.

- Sua filha é uma terrana impressionante, Jacqueline Dévero. Eu que lhe agradeço por ter
nos permitido conhece-la – Disse Antares com pompa, o que surpreendeu Jacqueline:

- Será que este pessoal está te deixando mais carismático, Antares? – E riu, indo para a
nave da filha. – Vejam, eu vou embora com minha filha no volante! – Corr Sairy sorriu:

- Se quiser, pode ir, Antares. Aquela galera da Confederação Galaxial virou caronista, agora?

- Corr Sairy, sejas sensato. Vínhamos para o mesmo caminho. Convidei-os, gentilmente,
para virem conosco. Galaxya concordou e eles embarcaram. A viagem no Galaxya é muito
mais breve do que um salto hiperespacial. – Explicou Antares. – Nós iremos então.
Esperamos por vós no Galaxya. – Corr Sairy acenou com a cabeça. Quando as satisphæra
desapareceram das vistas, o veículo de Hommir despontava no horizonte:

- Illuminus Hannia e Hommir...

- Ah, vai importunar outros, Corr Sairy. – E ele riu. Luannia saiu do veículo e beijou Corr
Sairy e pode-se ouvir ao fundo um pigarreio:

- Ah sim, elas vão importunando você! – Corr Sairy pontuou. – Parabéns e muitas
felicidades para vocês dois. Não vi Dishinna.

100
Céile = cônjuge

120
GALAXYA II

- Ela não pode vir, pois precisará julgar os conspiradores. Mas permitimos que ela pudesse
testemunhar a tudo.

- Diga que eu agradeço a ela por ter me ajudado. Eu não tive a oportunidade...

- Ela sabe. – Hannia apontou para seu lado e via-se um pequeno cubo. – Acredite, ela sabe.
– E Corr Sairy jogou um beijo na direção do cubo, bem como Luannia, também. Hannia
beijou Corr Sairy e Luannia nos lábios, bem como Hommir fez o mesmo. Os cinco entraram
no S.E. e a sabatina de perguntar se iniciou:

- Tô vendo que vai ser uma longa viagem de volta!

Assim que S.E. pousa no Hangar do Galaxya, este se transfere para os limites fronteiriços
do Sistema Vertus. A comitiva da Confederação Galaxial nem teve tempo de se acomodar e
logo partiram (deixando Bavan Sheys no Galaxya) na mesma satisphæra que chegaram:

- Eles vieram para cá em uma das satisphæra? – Corr Sairy inquiriu ao vê-los indo embora,
mas antes que pudesse responder, Bavan Sheys interpôs:

- Antares, acredito que devas me acomodar. Convenhamos que estas convenções dos
planetas-membros são deveras cansativas. Agora desejo desfrutar de meu ambiente. –
Apontou para Ortsac. – Darkyani, sejas útil e me leve aos meus aposentos. – Corr Sairy
colocou coçou o olho com seu dedo e saiu dali, mas ouviu a voz insossa de Bavan falar para
ele. – Ou quem sabe o crisyeno. Falta eficiência neste lugar, Antares, tem de saber
coordenar melhor seus lacaios. – Quando Bavan falou aquilo, todos pensaram que Corr
Sairy explodiria, mas ele se virou e foi na direção de Bavan Sheys, que tinha a sua altura e,
com as mãos sobrepostas nas costas, disse:

- Possivelmente não se lembra de mim, não é? – Como Antares, Bavan Sheys não era de
muita expressividade facial, mas Corr Sairy continuou. – Em K-Rarr 832 (consultando o
chip neural), a Terra participou de um Simpósio de apresentação de produtos que poderia
estar ofertando a outros planetas-membros da Confederação Galaxial. Foi um simpósio que
percorreu todos os planetas-membros até aquele momento. Para os outros planetas não era
novidade, mas vocês integravam todos os planetas, para demonstrarem os benefícios que
poderiam oferecer, principalmente, os novos como no caso da Terra.

“O primeiro que participamos ocorreu exatamente aqui, mais claro, Crisyen. A Terra veio em
peso, pois precisávamos apresentar tudo que desenvolvemos. E foi nele que nos
conhecemos...”

- Sim, sim, sim. Você e sua esposa apresentaram o seu chip neural e o Anima Mundi,
respectivamente. Mas é um avanço ignóbil, que qualquer outro planeta, inclusive o meu,
poderia ter criado. Convenhamos, a apresentação de vossa esposa, a Dra. Josiane Scandian,
foi medíocre. Se tivéssemos seguido com a ideia proposta por mim do idioma comum, teria
sido muito mais prático do que a necessidade de um ser vivo, seja carbonado ou elemental,
precisar deste chip neural e seu tradutor omniversal. Proporcionaríamos a todos os
planetas-membros da Confederação Galaxial o prazer do aprendizado e de uma cultura
única. – Todos perceberam que Corr Sairy estava ficando nervoso, pois cerrara o punho,
mas Bavan Sheys continuou. – É como aqueles geneticistas que falaram sobre clonagem e
construção de genes (acho que eles chamaram de DNA).

“Demoraram longos períodos para conseguir desenvolver a clonagem perfeita, sem contar o
tempo que demoraram para construção do gene perfeito, que resultou em (o quê?), três
seres somente? A Terra é ordinária nas ideias de desenvolvimento de seres carbonados. Por
exemplo, eu em um período menor que o da Terra fiz clonagem em massa e hoje meu
planeta gera seus próprios seres, com base em mim. Reconstrução de matéria genética?
Dharkyens já fazia isso mesmo antes da Terra (de forma obtusa, lógico)”. – Aquilo
surpreendeu K’thryn e Corr Sairy percebeu com sua visão periférica:

121
Andre luz

- Espere um momento, Confederado Bavan Sheys, como pode alegar simploriedade em


nossa reconstrução de matéria genética? Dharkyenss é...

- És K’thryn Swiss, não? Plátto da Mitir K’roll Swiss? Desculpe, não tenho o costume de
dialogar com subalternas. Tu eras uma das inumerosas mathitís de T’chya Kbonn, não?
Então, como expliquei a vossa dáskalos101, o incautismo da reconstrução de matéria
genética das dharkyensis poderia muito bem ser solucionada com a criação de espécimes
machos. Não existe um aperfeiçoamento na forma de produção de seres em Dharkyens. Por
exemplo, eu já providenciei a reconstrução de material genético e gerei espécimes fêmeas
para saciar o desejo carnal de meus clones. São espécies estéreis, mas satisfazem o desejo
de meus pares, ou melhor, de minhas criações. Acredito que seja isso que falte às
dharkyensis, assim, possivelmente, parariam de causar tantos problemas aos darkyanis.
Veja tu como exemplo, agora tens um darkyani subalterno para satisfazer vossas vontades
carnais. – Ortsac precisou da ajuda de Kotharyn para segurarem K’thryn. Corr Sairy ainda o
observava, com o punho fechado, mas concluiu:

- Ele é seu, Antares. Tira este miserável da minha frente. – E saiu, indo na direção de
Luannia, Cynthia, Marcelle e Pum Riss. Bavan Sheys somente observava, quando Antares
colocou-se de frente para ele:

- Seus aposentos já se encontram prontos, Confederado Bavan Sheys, mas existem limites
determinados em grupo que deverá seguir.

- Como assim, Antares? Como líder deste grupo pífio, os permite que decidam algo contigo?
És o Confederado-guerreiro, és...

- Como está ciente, o Confederado-mor Stahirr destitui-me do cargo de Confederado da


Confederação Galaxial, sendo assim, neste momento, sou somente membros deste grupo
pífio, como dizes. Todos as decisões aqui tomadas são decididas em assembleias. Às vezes
são tomadas decisões arbitrárias – virou na direção de Corr Sairy –, mas depois verificamos
se fora benéfico ou não ao grupo. Caso deseje permanecer no Galaxya, deverá seguir o que
fora pré-estabelecido. Concordas? – Com ar de soberba, Bavan Sheys afirma com a cabeça.
– Pois bem, como concordado terá acesso ao Libri, ao Stellæ ou o Iatreío, somente com total
e completa supervisão de vossas responsáveis que são a nossa isazi-mlando e umtapo
wolwazi Pum Riss, nossa astrônoma Marcelle Menken e nossa Iatrévo K’thryn Swiss,
respectivamente. Sem nenhuma delas contigo, não terás acesso. Deverás ficar restringido
aos vossos aposentos, que é um Tiedekeskus102. Galaxya lhe fornecerá o que precisar e terás
a liberdade que desejar no seu interior, desde que não sobrepuja limites racionais ao caráter
relacionados a seres vivos, sejam eles carbonados ou elementais. Compreendes as
determinações? – Antares finalizou e, ainda com um ar presunçoso, Bavan Sheys disse:

- Sinceramente, Antares, fazer-me ser submetido a essas três – disse apontando para Pum
Riss, Marcelle e K’thryn (que ainda era segurada por Ortsac). – Está querendo me tornar
igual a eles...

- Aqui és igual a todos nós, Confederado Bavan Sheys. Não existe ninguém acima de
ninguém. Todos aprendemos em conjunto e ensinamos da mesma forma. Não buscamos
uma utopia, mas tentamos a equidade, – Corr Sairy arregalou os olhos ao ouvir aquelas
palavras – ou seja, não necessitamos de um lugar perfeito, mas sim um ambiente que todos
se sintam iguais. Sendo assim, serás tratado aqui como trataríamos a qualquer outro, sem
diferenças, desde que não extrapole limites naturais. – Como era difícil decifrá-lo, pela
posição corporal, pareceu que Bavan Sheys não gostara muito, mas disse:

- Está bem, concordo com essas regras. Também, para que precisaria de um Libri, Stellæ ou
ir ao Iatreío. Se o Galaxya obedecerá às minhas vontades...

101
Dáskalos (δάσκαλος) = professora, mestra, instrutora
102
Tiedekeskus = Centro de Ciências

122
GALAXYA II

- Peço escusas, mas eu não obedeço a ninguém, Confederado Bavan Sheys de Callyns. Sou
um organismo vivo como qualquer outro aqui presente. Sim, tenho uma forma sintética de
vida, mas vale lembrar que o mesmo ocorre com suas criações (se são suas mesmas, ainda
estou tentando entender), são seres gerados de forma antinatural, clonados com base em ti.
– Galaxya interrompeu o raciocínio de Bavan Sheys, que sentindo-se encurralado, se dirigiu
novamente a Antares:

- Por favor, Antares, me leve aos meus aposentos. – E ambos se dirigiram ao Tuboelevador,
possibilitando Ortsac soltar K’thryn:

- Que vontade de mata-lo! – K’thryn estacou. Corr Sairy foi se aproximando devagar dela e
quando ia dizer algo, ela apontou-lhe o dedo. – Se ousar falar algo, desconto minha raiva
com ele em ti. – Corr Sairy sorriu e arriscou:

- Eu te disse! – K’thryn abaixou o dedo e cerrou o pulso, Ortsac pensou que teria de segura-
la novamente, mas ela somente esbravejou:

- Como ele pode falar assim de T’chya Kbonn? Como ele se atreve a dizer que precisamos de
espécimes machos para nos mantermos... pacíficas? Se fosse K’rynn...

- Se fosse K’rynn ela teria ficado aborrecida como você, mas sua adelfí poderia ser muitas
coisas, mas você sabe que ela sabia se controlar. – Corr Sairy colocou. Então foi a vez de
Cynthia questioná-lo:

- E por que você não fez nada, Rodrigo? Ele atacou mamãe, você...

- Porquê de nada adiantaria, Cynthia. Bavan Sheys é assim e mesmo que eu o atacasse, o
que seria um grave erro, pois existe artigo na Lei da Confederação Galaxial que proíbe isso,
ele não mudaria. O que temos de fazer é ficar vigilantes com ele e sempre tentar espiar para
termos certeza que ele não está fazendo nada de errado, pois ele o fará, podem ter certeza
disso! – Então foi a vez de Pum Riss falar:

- Sei que o momento é estranho para isso, mas quero deixar bem claro que não sou mais a
isazi-mlando. Apesar de ainda me manter como a umtapo wolwazi do Galaxya, o título de
isazi-mlando estou passando para Cynthia Scandian, a pedido dela. – Corr Sairy, Luannia,
Aryannin, K’thryn, Ortsac e Kotharyn ficaram felizes e surpresos. – Temos conversado
bastante e Cynthia deseja tomar o cargo de isazi-mlando, ou no caso, de historiadora
(pronunciei certo?). Ela estava nervosa, pois dizia sem funções aqui. Então a
responsabilidade do Libri será dela, também. – Todos aplaudiram àquilo, e Cynthia
completou:

- Além do que, conversando com o Galaxya, estou aprendendo sobre os outros planetas
habitáveis da nossa galáxia, suas culturas, língua e história. Acho que será importante isso,
em um futuro próximo.

- Acho super relevante, Cynthia. – Disse Corr Sairy, abraçando a filha, que sorria de
felicidade. – Tudo que for útil para todos nós e, também, para as pessoas que vêm visitando
o Galaxya, é sempre bem-vindo. – E beijou a testa da filha. – Bem, vou me retirar pro meu
cantinho. – E S.E. desapareceu, mas antes de sair, Luannia o interpelou:

- E aonde é este cantinho? Esqueceu de mim? – Corr Sairy a abraçou:

- Não, nunca esquecerei de você. – Nisso, as filhas e Pum Riss se intrometeram:

- Esqueci de te perguntar, mas você soa diferente no modo de falar. – Marcelle inquiriu.

- Está dizendo porque não soo coloquial igual aos outros? Culpa do pai de vocês duas. Como
convivemos juntos por um tempo, ele bloqueou os chips neurais nossos e aprendemos a

123
Andre luz

forma de falar de um e do outro. Assim, quando ativamos os chips neurais, eu falava dessa
forma. Nem tentei entender o que ele fez (e acho que nem ele entende). – As meninas riram:

- Desculpa ter agido como uma menina mimada e ciumenta. – Colocou Cynthia e foi
cutucada por Marcelle.

- Que é isso, Cynthia. Você é filha de seu pai. Infelizmente ficaram distantes muitíssimo
tempo. Suas memórias são de você, sua mãe e seu pai... ah, e esqueci de perguntar, por que
o chama de Rodrigo? – Luannia estava curiosa.

- Bem, primeiro que é o nome dele na Terra. Não me acostumei com esse nome, Corr Sairy.
Segundo que quando eu era pequena, de acordo com o que Skill me contou, Rodrigo não me
queria chamando-o de pai ou papai, então me acostumou a chama-lo assim. Dizia ele que,
quando eu ficasse com raiva, não ficaria mudando de pai ou papai para Rodrigo, era
somente o nome dele e pronto. – Luannia olhou no único olho de Corr Sairy e disse:

- E a maluca sou eu? – Nisso os quatro subiram pelo Tuboelevador. As meninas se dirigiram
para seus aposentos e Corr Sairy levou Luannia para o exterior do Galaxya:

- Este é o meu cantinho. – E apontou para o horizonte que se perdia no ambiente estéril do
Galaxya. – Não consigo ficar em quartos ou aposentos que não sejam o interior do S.E.,
então venho e fico aqui.

- Então este será o nosso cantinho? – Colocou Luannia.

- Se você quiser? Senão o Galaxya pode providenciar um aposento para nós.

- Não ligo. E parece que aqui fora posso sentir melhor minha sorella.

- E quando precisarem descansar, preparei um assento reclinável duplo em meu interior. –


Se pronunciou o “filhote” do S.E.

- Obrigado, meu querido e lindíssimo S.E. – Agradeceu Luannia. Naquele momento, Cynthia
aparecia pela porta que levava ao interior do Galaxya:

- Desculpa, não queria atrapalhar vocês.

- Mas não atrapalha, Cyn (espero poder te chamar assim!) – Cynthia concordou com a
cabeça e sorriu – façamos o seguinte, vou conhecer os aposentos de Marcelle e Pum Riss e
vocês ficam à vontade. – Luannia entrou por onde Cynthia havia saído.

- O que houve, Cyn? – Corr Sairy estava preocupado. Cynthia parecia incomodada:

- Não é nada demais. É que, antes, você havia me prometido que conversaríamos sobre você.
Que você me contaria sobre o que aconteceu desde que eu e mamãe, bem, você sabe. – Corr
Sairy conhecia a filha o suficiente para saber que ela se sentia perdida. Então se sentou no
ambiente externo do Galaxya e a convidou a fazer o mesmo:

- Uma das poucas coisas que lhe peço, é que me deixe contar, pois terão coisas que podem
vir a incomodá-la (e eu sei que incomodarão), mas prometo explicar a todas.

- Mas não vou poder fazer perguntas? – Corr Sairy sabia que ela era teimosa e faria
perguntas de qualquer jeito:

- Está bem, pode questionar, mas me deixe contar, por favor. E sem ironias! – Cynthia,
brincando, olhou pra cima de forma pensativa, mas sorriu e concordou com a cabeça. Então
Corr Sairy contou da melhor forma possível tudo.

124
GALAXYA II

Foi um tempo muito longo que Cynthia e Corr Sairy passaram lá fora, dele contando sua
história para ela e ela questionando quando achava necessário:

- Pura curiosidade. – Ela disse. Nos instantes que passaram juntos, com Corr Sairy lhe
narrando sua história, Luannia ficou ali fazendo-lhes companhia, bem como Marcelle (que
também fez alguns questionamentos) e Pum Riss.

As horas pareciam ter parado naqueles momentos que os cinco passaram ali no exterior do
Galaxya. Por vezes até mesmo S.E. contou alguns trechos, pois Corr Sairy os pulava. Ele
falou da busca pelo “assassino”, sua saída das Corporações Dévero e entrada na F.T.E. Seus
trabalhos escusos, a tentativa de assassinato que sofreu, sua vida em Phællans (Luannia
chegou neste momento e demonstrou ciúmes da relação dele com Sth Nnie), o casamento de
Skill (mais momentos de ciúmes por causa de K-Ranna), sua participação na Guerra de
Crisyen (mais ciúmes por causa de K’rynn Swiss), sua participação na reestruturação de
Kelkzerr, sua participação na ascensão do atual Maghnussy, o resgate de Kotharyn,
Aryannin e Marcelle, seu julgamento e foi até o atual e presente momento em que estavam:

- E foi somente isso! – Finalizou Corr Sairy. Cynthia parecia fascinada com aquilo tudo:

- Nossa, somente isso, você diz? Rodrigo, quando você, um nanoengenheiro, poderia pensar
que vivenciaria isso tudo? Sério, não quero me desfazer de mim e mamãe, mas nos perder
proporcionou a você algo inimaginável. Você foi de homem inescrupuloso a salvador de
planetas. – As outras riram disso. – Sério, para um cara que ia morrer vendendo de planeta
em planeta chips neurais, morrer com um túmulo escrito seu nome, na Terra, você foi além,
e muito.

- Tá, já entendi seu ponto de vista. – Corr Sairy interrompeu a filha de suas analogias. – O
mais importante de tudo é que você está aqui, sua irmã Marcelle está conosco, bem como a
namorada dela e, se uniu a nós, Luannia. Minha vida está perfeita deste jeito. Não preciso
de mais nada.

- Mas Antares precisa de ti. – Falou o pequeno globo no ombro de Corr Sairy. – Ele convocou
a todos para uma reunião no Testimonii. – Todos se levantaram do lugar que estavam e
entraram no Galaxya e foram ao Testimonii. Quando se aconchegaram em seus lugares,
Bavan Sheys adentrou:

- Mas o que é isso, Antares? – Corr Sairy já se sentiu incomodado, mas, na sua serenidade,
Antares respondeu:

- A mesa que sentamos em volta para decidir o que faremos.

- Mas isso está errado, deveria exigir uma mesa com uma ponta, aonde você seria o centro
das atenções. E seu assento deveria ter um espaldar mais austero, digno de um líder. – Corr
Sairy tinha se cansado, ia levantar, quando Luannia o segurou, e Antares continuou:

- Volto a lhe dizer o que dissera antes, Confederado Bavan Sheys. Não existe isso de líder ou
liderança, somos todos tratados de forma semelhante aqui. Mas se não desejares participar,
atenha-se ao vosso Tiedekeskus. – E Antares apontou-lhe a saída:

- Não precisas ser rude. – Concluiu Bavan Sheys sentando na cadeira a sua frente. Então,
Antares iniciou:

- Bem, reuni todos aqui, pois está no momento de meu comparecimento à Confederação
Galaxial para esclarecimento de minhas ações que feriram ao Artigo 1 da Lei da
Confederação Galaxial. Com estão cientes, comparecerei como civil, já que meu cargo como
Confederado de Mæsttra me foi destituído. Assim sendo, pelas recentes revelações de
Galaxya de não existência de tal planeta nas proximidades da Estrela Antares – Bavan
Sheys se levantou –, desejas dizer algo, Confederado Bavan Sheys?

125
Andre luz

- Antares, como podes alegar tal discrepância com os fatos. Eu estava presente no Primeiro
Período Exploratório da Confederação Galaxial. Foi logo no princípio da Confederação
Galaxial. Nossa nave detectou uma forma de vida em um enorme pedaço de pedra,
flutuando nas proximidades de uma enorme estrela vermelha. Não pude descer ao solo, pois
a temperatura do exterior poderia me causar problemas, mas os que desceram e o
resgataram disseram que as palavras que falava (e isso eu ouvi) eram Antares e Mæsttra.
Lhe nomeamos de Antares e aquele, obviamente, era um pedaço do planeta de que vieste,
Mæsttra.

- Há um claro erro na sua abordagem de interpretação, Confederado Bavan Sheys de


Callyns. Viajo há mais tempo do que o primeiro spark surgiu em Thrittan (em uma alusão
as primeiras formas de vida no sistema Vertus) e, posso não ter testemunhados todos os
acontecimentos do Desproporcional, mas tenho absoluta certeza que nunca existiu um
planeta de nome Mæsttra translando a Estrela Antares e muito menos sua irmã-menor (que
eu nomeei), Antafro103. Neste caso, Confederado Bavan Sheys, suas alegações que são
infundadas. – Explicou Galaxya. – Por favor, continue Antares.

- Sou-lhe imensamente grato, Galaxya. Resumindo, o que desejo dizer é que, seguindo o
exemplo de Marcelle Menken, o Galaxya me aceita como um galaxyen. – Todos, com exceção
de Bavan Sheys, aplaudiram ao anuncio. Fico extremamente agradecido a todos. Seguindo,
quando falava com o Confederado-mor Stahirr e o seu suplente, Confederado Goliath Hitarr,
eles vieram com uma proposta que Galaxya já tem ciência e disse que pensará na
possibilidade, mas pediu para lhes trazer...

- Não! – Corr Sairy interrompeu, sem permitir que Antares concluísse.

- Mas eu nem falei qual é a proposta deles, Corr Sairy.

- Mas eu tenho certeza que sei o que é, Antares, e já deixo claro que minha é resposta é não.

- Mas seria bom sabermos antes de colocarmos um posicionamento, Corr Sairy. – Disse
Aryannin. – Eu peço que fale qual é essa proposta, Antares. – Corr Sairy somente ficou
olhando e Antares disse:

- Que o Galaxya sirva como localização da Confederação Galaxial. – E Corr Sairy gesticulou,
pois sabia o desejo deles. – Não somente da Confederação em si, pois como bem sabem, a
Confederação não pode manter o Ponto de Negociações em Thrittan, pois algumas naves
podem ser prejudicadas. Então isto também viria ao Galaxya, centralizando toda a
Confederação Galaxial em um local somente. – O burburinho tomou a todos e Antares parou
de falar até que todos cessassem as falas paralelas (somente Corr Sairy não falou nada):

- Isso é um absurdo, Antares. A Confederação Galaxial aqui? Teríamos de lidar com todos os
membros da Confederação Galaxial? – Exclamou K’thryn.

- Corr Sairy tem razão, a resposta mais correta seria não. A Confederação Galaxial no
Galaxya nos tiraria nossa tranquilidade. Estamos aqui para fugir dos problemas, não para
arranjar mais. – Pum Riss colocou.

- Não vejo problemas quanto a isso, mas teríamos de estipular limites para a Confederação
Galaxial vir para cá, senão tudo que Corr Sairy desejava vai por água abaixo. – Aryannin
alegou e Corr Sairy se pronunciou, fazendo todos se silenciarem:

- Deixemos o Galaxya falar por si mesmo. Galaxya? – E o tecnoplaneta começou:

- Não poderia concordar mais com cada uma de vossas posições. Mas como bem sabem já
fui extensamente habitado em meu interior e exterior. Os dommæns, antes de me
abandonarem, explorando o Infindável, usaram meu interior e exterior para interagirem

103
Se Antares significa Anti Ares, o nome da Antares B, que Galaxya nomeou, será Antafro, ou seja, Anti Afrodite.

126
GALAXYA II

entre si. Quando começaram a construir seus Iinqanawa e as philisi, fiquei só, até vocês me
encontrarem (com exceção da vez que os dommæns Glulg e Blulb quiseram me usar como
um ithaveni, mas deixemos para outro momento) e me habitarem. Sei que fui relutante no
princípio, mas, aos poucos fui me abrindo a inclusão de outras formas de vida que lidam
convosco. A proposta que a Confederação Galaxial fez a Antares, não vou lhes mentir, é
tentadora, pois se pensares bem, vagarei por toda a extensão da Confederação Galaxial e,
possivelmente, além, podendo agregar outros planetas a ela. Seria uma possibilidade de
expansão para eles. Mas também tenho de pensar em mim. Como eu ficarei? Sou um
explorador, visito planetas, nebulosas, estrelas que surgem e desaparecem até onde
consegui ir do Infindável. Sei que, constantemente, nossas estrelas, planetas, cometas,
nebulosas surgem e amaria testemunhar seus surgimentos. Mas também não é algo
diferente. Por mais que nebulosas não se assemelhem entre si, sua formação é sempre a
mesma. Às vezes, as surpresas ficam com os desenvolvimentos dos planetas que geram
vidas. Às vezes eles progridem rapidamente, outras eles demoram a se desenvolver, tendo
um passo mais comedido e em outros eles vão além desta dimensão, como o caso de
KellDesh – Luannia sorriu.

“Eu não quero uma balburdia, um caos instaurado em meu interior e no meu exterior (caso
eles desejem usá-lo, também). Me preocupo convosco e com meu galaxyens, meus galaxyins
e tudo que conquistamos nesses 3.2 k-rarrs que estamos juntos.

“Não serei radical como Corr Sairy e me negar a aceitar a Confederação Galaxial em meu
interior e exterior, mas creio que devamos estipular limites para tal. O Confederado-mor
Stahirr foi reintegrado no cargo para mais cinco k-rarrs à frente da Confederação Galaxial.
Ele está acostumado com a estipulação de normas, regras e leis. Se ele aceitar isso, poderei
aceitar a Confederação Galaxial em meu interior e exterior”. – Todos olharam para Corr
Sairy:

- Por que todos estão olhando para mim? – E Aryannin disse:

- Foste tu que chamaste Galaxya para opinar e ele opinou. Qual sua posição? -E Corr Sairy
foi categórico:

- Ainda é não. – E explicou. – Não é porque Galaxya ache possível que eu vá concordar. Mas,
já que ele acha assim, creio que devamos estipular um prazo para a vinda deles.

- E qual seria este prazo? – Inquiriu Antares.

- O tempo que eles te condenarem. – Todos sorriram, menos Bavan Sheys, que voltou ase
pronunciar:

- Isso é um absurdo. Vês, é isso que uma falta de liderança causa, Antares. Se tivesse
tomado as rédeas deste lugar, não estaria essa bagunça. – E esbaforiu. – Digamos que a
Confederação Galaxial condene Antares por dez k-rarrs...

- Esperaremos dez k-rarrs. – Corr Sairy interrompeu. – Aqui, Bavan Sheys (já que a
Confederação considerou aqui território neutro e assim que vou te tratar) você é um
parasita. Se não sabe o que é isso, é um ser que vive às custas do que o outro faz ou realiza.
Na real, nunca acreditei que fez o que diz que fez. Não tenho provas para isso, mas tenho
certeza que tem algo a ver com Ikken Bergg e, por isso, você pediu para Antares eliminá-lo.
Suas palestrar (acredite, assisti a todas), nunca me convenceram de que sabia do que
estava falando. Você é somente um ambicioso hipócrita.

- Antares, permitirá tal afronta contra mim. Faça algo. – Pediu Bavan Sheys, mas
calmamente, Antares respondeu:

- Se fosse antes, quando era Confederado na Confederação Galaxial, eu inquiriria Corr Sairy
quanto a tais alegações, pedindo-lhe provas. Mas, Confederado Bavan Sheys, como bem
sabes, não sou mais Confederado, então não posso requerer a ele que justifique as

127
Andre luz

alegações. Mas, ele bem disse, não tem provas. Caso vá contra o que consideras, alegue
insulto e difamação. Sabes que a Confederação Galaxial lhe respaldaria para tal. Mas
recomendo cautela, pois se o que Corr Sairy diz for fato e ele provar, vossa imagem será
corrompida. – Corr Sairy sorriu, feliz com a defesa (pelo menos entendeu assim) de Antares.
Bavan Sheys, insultado, levantou-se e saiu do Testimonii:

- Obrigado, Antares. – Corr Sairy agradeceu.

- E por quê? Somente disse ao Confederado Bavan Sheys a verdade. – Corr Sairy sorriu e
bateu no braço rijo do amigo. – Bem, alguém tem mais algo a acrescentar.

- Ainda não decidimos quanto a vinda da Confederação para cá, Antares. – Alegou Luannia.
– Eu sou a novata aqui, e apoio o que meu affetto propôs. – Em uníssono, Cynthia, Pum
Riss e Marcelle falaram:

- Apoiamos o que eles apoiam.

- Megami Aryannin... – Antares se dirigiu a ela.

- Acho a proposta válida. Mas também acredito que, como bem disse Galaxya, devamos
pensar em regras, leis e normas que deveram ser cumpridas pela Confederação Galaxial.

- K’thryn Swiss e Ortsac Searamiug?

- Agradeço por nos colocar na mesma fala, Antares. Bem, concordo com a proposta de Corr
Sairy e com o que Megami Aryannin acabou de falar. Storgí? – K’thryn se dirigiu a Ortsac
que disse:

- Apoio o que fora dito. – Então Kotharyn se pronunciou:

- Acredito que todos concordamos com isso. – E Antares pontuou:

- Ainda falta você, S.E.? – E a pequena expressão de S.E. disse:

- Tô somente temeroso deste lance da área externa do Galaxya. Sei que tem muito espaço lá
fora, mas acho que feriria a integridade estrutural dele. Se for para ficar como eu e Corr
Sairy, tá tudo certo, mas não mais do que isso. – Galaxya a provou a fala de S.E.:

- Concordo, S.E. Deveremos delimitar limites a área externa, se desejarem usa-la.

- Ótimo, estamos decididos. Eu gostaria que me acompanhassem a Thrittan, assim


passaremos para eles o que discutimos e verificaremos quanto tempo determinaram para
mim e, automaticamente, para eles. – E todos seguiram para o Hangar, onde Luannia e Corr
Sairy foram no S.E. e os demais embarcaram na satisphæra, indo na direção de Thrittan.

Na reentrada de Thrittan, S.E. tremia, atiçando a curiosidade de Luannia:

- Por que ele está tremendo assim?

- S.E.? – Corr Sairy o convocou e, parecendo rir, o amigo metalizado disse:

- Cócegas! – Luannia riu.

Assim que adentraram no hangar de Thrittan, uma mensagem foi passada para o interior de
S.E.:

- Corr Sairy de Crisyen, Illuminus Luannia de Kelkzerr, Águia de Aço IV, sejam, novamente,
bem recebidos em Thrittan. Pedimos que, durante o período que permanecerem em Thrittan

128
GALAXYA II

portem trajes de sustentação de vida. Caso não possuam, pedimos que nos avisem neste
momento para que possamos providenciar respiradores que permitiram a transitação de
ambos. Águia de Aço IV ficará seguro em nosso hangar e aguardará o retorno de vós.

- Temos trajes. – Corr Sairy disse à voz, então Luannia lhe perguntou:

- Eu não preciso de traje. – Colocou Luannia.

- E nem eu. – Disse Corr Sairy ao pegar o pequeno dispositivo que gerava a sua volta um
campo de harmonização.

- O que é isso? – Luannia ficou instigada.

- Bem, eu chamo de harmonizador. – Corr Sairy respondeu. – Mas, com certeza, os


dommæns e o Galaxya têm outro nome.

- Denominávamos como uhlaziye umoya104, mas gosto de harmonizador. – Galaxya brilhou


sobre o ombro de Corr Sairy.

- Ele ficará sobre seu ombro o tempo inteiro? – Questionou Luannia.

- Bem como ele. – Corr Sairy disse assim que o pequeno S.E. surgiu e, diante da esteira,
Marcelle falou:

- Dizemos que são os papagaios de Corr Sairy. – Luannia não entendeu e Cynthia explicou:

- Papagaios são pássaros que copiam o que os humanos falam.

- Não ligo de ser chamado de papagaio de pirata, que seria uma terminologia mais correta
relacionada à Terra. Mas papagaios não copiam, eles mimetizam as falas. Como não
possuem cordas vocais, os pássaros podem imitar o que ouvem no ambiente a sua volta.
Então uma fala, um assovio...

- Entendemos onde quer chegar, Galaxya. – Corr Sairy interrompeu as falas da esfera.

Quando todos se encontraram no hangar de Thrittan, o Confederado-mor Stahirr e o


Confederado Goliath Hitarr surgiram:

- Pelo que vejo todos vieram dar apoio a Antares neste momento. – Disse Stahirr, que
convocou dois thrittanis que esperavam. – Antares de Mæsttra...

- Perdoe-me interrompê-lo, Confederado-mor Stahirr, mas o correto é Antares de Galaxya.


Galaxya me adotou como um galaxyen. – Mesmo não aparentando, pode-se perceber que
Stahirr não gostara da interrupção, mas ele disse:

- Então que seja, Antares de Galaxya, neste instante você será encaminhado ao zellsektor
até o momento em que deverá ser decidido sua punição quanto a acusação de proferir-se
superior ao Confederado-mor da Confederação Galaxial, ferindo o Artigo 1 da Lei da
Confederação Galaxial, sendo, na época um Confederado. – Os dois thrittanis se colocaram
ao lado de Antares e o acompanharam. Stahirr então se voltou para os que ficaram. – Quem
será o responsável pelo dialogamento a respeito da Confederação Galaxial ser integrada ao
Galaxya? – Aryannin antes requiriu:

- Confederado-mor Stahirr, antes de prosseguirmos com esse diálogo, quero lhe pedir que
possa me retirar, pois preciso interagir com o Confederado Akothyok, que veio convosco
para assumir seu cargo. Quero ver como ele está interagindo com seu zen’nin-sha 105.
104
uhlaziye umoya = ambientador (literal: refresque o ar)
105
Zen’nin-sha (前任者) = antecessor

129
Andre luz

- Logicamente, Megami Aryannin. – E Stahirr chamou outro thrittani que acompanhou


Aryannin. Então Marcelle se prontificou a responde-lo:

- Confederado-mor Stahirr, a pedido de Antares, eu ficarei à frente das conversações, ou


como chamou, dialogamento a respeito da transferência da Confederação Galaxial para o
Galaxya, em toda sua extensão. Mas gostaria da presença de meus pares para a
conversação, pois creio que seja do interesse de todos. – Stahirr olhou para cada um dos
membros e avaliou:

- Não sei se minha sala caberá todos...

- Eu sei que não gosta de ser interrompido em meio ao seu raciocínio, mas quando foram
avisar Antares da decisão contra Corr Sairy, sua sala estava com muitos confederados que
apoiaram vossa decisão, como Antares narrou. Então creio que – Marcelle olhou para seus
lados, como se contasse – dez de nós não seja um número tão grande. – Stahirr se sentiu
alfinetado com aquelas falas, mas somente falou:

- Por favor, me acompanhem então. – E todos se dirigiram ao elevador e, bem baixinho, Corr
Sairy disse à Marcelle:

- Bela estacada, Estrelinha! – E ela sorriu.

Na sala do Confederado-mor Stahirr, sentaram-se atrás da mesa o Confederado-mor e seu


suplente. Como não haviam cadeiras o suficiente, Marcelle e K’thryn se sentaram, enquanto
os outros permaneceram de pé, com exceção de Kotharyn:

- Creio que não caberei nesta sala. – Disse olhando para a altura do teto. – Ficarei aqui,
aguardando-os. Assim que todos estavam acomodados, Stahirr ia começar a falar, mas
Marcelle interpôs:

- Confederado-mor Stahirr de Thrittan e Confederado Goliath Hitarr de Bhlokyonss, falo em


nome de todos os membros do Galaxya. Sou, como Antares, uma recém adotada pelo
Galaxya, uma galaxyen, por isso fui escolhida como representante de nosso lar.

“Fizemos uma Assembleia, onde todos comparecemos, inclusive o Confederado Bavan Sheys
de Callyns, que preferiu se retirar da reunião antes de seu término. E nesta, dialogamos a
respeito da ida da Confederação Galaxial, em toda sua extensão, para o interior do Galaxya
e decidimos, com algumas divergências, na concordância de tal”. – Stahirr pareceu contente,
mas Marcelle prosseguiu. – No entanto, antes disso ocorrer, nós membros do Galaxya
determinaremos regras que deverão ser cumpridas para melhor convivência entre nós e os
membros da Confederação Galaxial. Essas ainda serão criadas e desenvolvidas, mas uma
em específico é bem clara, o Galaxya é um território neutro, então caso um Confederado,
governante, membro ou representante de um dos planetas-membros da Confederação
Galaxial venha a atacar a um de nós, ele será rechaçado da mesma forma. Não toleraremos
ataques diretos a nenhum membro do Galaxya. – Stahirr nada disse, então Marcelle
continuou. – Com isso entendido, o prazo a ser estabelecido para a Confederação Galaxial ir
para o Galaxya será estabelecida pela própria, a partir do tempo que determinarem de
condenação ao galaxyen Antares.

- Mas isso é incoerente! – Bravejou Stahirr. – Se determinarmos uma punição extensa de,
digamos, dez k-rarrs, será este o tempo que levaremos para ingressar no Galaxya?

- Exato. – Marcelle não parecia reagir ao bramimento de Stahirr. – Antares é um dos


membros do Galaxya. Sim, acreditamos que ele deva ser punido, pois no momento que feriu
o Artigo 1 da Lei da Confederação Galaxial, ele ainda era um Confederado. Mas desde que
lhe foi tirado o cargo de Confederado e ele se tornou um galaxyen, se tornou um membro
importante de nosso grupo. Sendo assim, como uma parte importante para o
funcionamento das nossas relações com a Confederação Galaxial, principalmente por estar
nela desde o seu princípio, Antares será necessário para a transição por completo da

130
GALAXYA II

Confederação Galaxial para o Galaxya. – Percebia-se que Stahirr não gostou daquilo. Ele
ficou parado durante um longo tempo, antes de falar algo:

- Precisarei dialogar com os outros confederados para determinarmos que punição Antares
deverá ter, pois o ele fez foi muito grave, principalmente por ser, na época, um Confederado
da Confederação Galaxial. Dito isso, peço que aguardem no Beherbergungssektor 106 até o
momento da determinação da sentença. – Então K’thryn se pronunciou:

- Confederado-mor Stahirr e Confederado Goliath Hitarr, gostaríamos de autorização para


visitarmos Antares durante o período que ele ficar no zellsektor. Serão visitar esporádicas,
de duas em duas pessoas, no máximo. – Stahirr olhou para K’thryn e assentiu com a cabeça
e advertiu:

- Diferente do que ocorrera com Corr Sairy no período que ficou no zellsektor, as visitar
serão acompanhadas por um de nossos diplomaten 107. Como não existe julgamento, pois
Antares de Galaxya confessou a infração, não existe defensor ou acusador para autorizar as
visitas.

- Compreendemos e somos imensamente gratos. – Marcelle e K’thryn se levantaram e


saíram, seguidas pelos outros e foram até o elevador, sem nada dizer. No meio do caminho
esbarraram com Sharan e todos ficaram felizes em vê-la:

- Oras, não esperava vê-lo aqui tão cedo. Fiquei sabendo do que ocorreu através de Marcelle,
ela me apresentou sua filha, Cynthia Scandian. Fico feliz por ti, Corr Sairy. – Então reparou
em Luannia abraçada à Corr Sairy. – Illuminus Luannia, é um prazer revê-la, depois de
tanto tempo.

- Não ostento mais o título, Chefdiplomat Sharan. Mas sou extremamente grata por você ter
defendido Corr Sairy contra aquelas acusações absurdas. Já me disseram que você foi
excepcional. – Sharan se surpreendeu como o modo de Luannia falar e disse:

- Pelo jeito a convivência com Corr Sairy a influenciou, também. Bem, não fiz mais do que
me fora pedido. Corr Sairy nem merecia ter recebido a punição que recebeu. Ainda bem que
a Confederação Galaxial decidiu por revogar. Tem feito muitas coisas boas desde que fugiu
daqui naquele plano mirabolante, Corr Sairy. – Corr Sairy sorriu:

- Você sabia que eu não poderia ficar perdido em um meteoro. Não era para mim aquilo. – E
foi a vez de Sharan sorrir, ou algo que se assemelhasse a isso, naquele traje:

- Bem, queria continuar a papear, mas tenho algumas obrigações a decidir com o
Confederado-mor Stahirr. Aonde ficarão? – Marcelle interpôs:

- Bem, a maioria ficará no Beherbergungssektor, mas Corr Sairy deverá ficar no S.E.
Parecem unha e carne, esse dois.

- E eu farei companhia a ele. – Colocou Luannia. Sharan sorriu (ou pelo menos aparentou) e
falou:

- Eu visitarei a todos. Até! – E seguiu para a sala de Stahirr, enquanto os outros foram para
o elevador. Lá, Kotharyn pediu:

- Não desejo incomodá-los, mas posso ficar convosco no S.E. Ou então ir ficar na
satisphæra...

- Será bem-vindo para ficar conosco, se desejar, Kotharyn – Disse Luannia. – Deve ser um
incômodo ser dessa altura e não ter um ambiente para ficar.

106
Beherbergungssektor = setor de hospedagem
107
Diplomaten = diplomatas

131
Andre luz

- S.E. e a satisphæra são altos o suficiente para me sentir bem. – Colocou o krarrashin.

Corr Sairy beijou suas filhas e elas foram para Beherbergungssektor. Enquanto ele,
Kotharyn e Luannia se dirigiram ao hangar, onde se alojaram no interior de S.E.

Instantes depois, as luzes do zellsektor se acendiam. Marcelle e K’thryn chegavam para


conversar com Antares, acompanhadas por um thritanni:

- Ei, Antares, como está? – Questionou Marcelle. – Pergunta costumeira, principalmente que
perceber expressões em você, são difíceis.

- Não me importo com os questionamentos, Marcelle Menken. Eu estou bem. Que


satisfatório o Confederado-mor Stahirr permitir visitações, mesmo que supervisionadas.
Acredito que, em algum momento, meu chip neural fora modificado, pois S.E. já se
comunicou comigo. É impressionante a facilidade que ele e Corr Sairy têm para burlar
regras.

- Agora que eu ouvi daquela voz a respeito do chip neural, nada diz que não possa se
comunicar com outros, somente que, um chip neural normal seria bloqueado, o que não é o
nosso caso. – Explicou Marcelle.

- E mais uma coisa, simplesmente por causa do que vimos no Galaxya quando você
intimidou Khyodor Nallekoh. Este campo energético lhe faria algum mal? – K’thryn inquiriu.

- Duvido muito, K’thryn Swiss, mas prefiro cumprir as regras pré-estipuladas pela
Confederação Galaxial e permanecer no interior de minha cela. – Respondeu Corr Sairy e
então as questionou. – Como foi a primeira reunião com o Confederado-mor Stahirr e seu
suplente, o Confederado Goliath Hitarr?

- Bem, debaixo de todo aquele traje que o Confederado-mor Stahirr precisa utilizar fica
difícil saber o que ele sentiu, mas a energia do ambiente não parecia ser a melhor. – Disse
Marcelle. – Ele aparentou gostar de que concordamos com a ida de Confederação Galaxial,
em toda sua extensão, para o Galaxya, mas não gostou de que quem determinará o tempo
serão eles quando determinarem sua sentença.

- E o que vós achastes? – Antares inquiriu e K’thryn respondeu:

- Não posso responder por todos, mas no começo achei a ideia meio excêntrica, bem ao
estilo de Corr Sairy. Mas no momento que Marcelle falou, vi bastante coerência nisso, e
totalmente válida. – Marcelle sorriu e concordou com a dharkyensi. Então se virou para
Antares e questionou:

- Sabe quando devem determinar a sentença?

- Creio que teremos de esperar a presença dos governantes dos planetas-membros da


Confederação Galaxial antes da determinação, pois sou um ex-Confederado da
Confederação Galaxial. Com certeza será proferido quando a sentença foi promulgada.
Deveremos esperar. Como estão os outros? – Antares falou.

- Todos bem. – Disse Marcelle. – Corr Sairy escapou pro S.E., junto com Luannia e Kotharyn
(ele não se sente à vontade aqui, por causa de sua altura). Cynthia foi visita-los enquanto
vínhamos para cá. Aryannin ainda está com o Confederado Akothyok. Os demais nos
aguardam para levarmos notícias.

- Digam a todos que estou bem e aguardando. Em breve, o Confederado-mor Stahirr deve
chama-las novamente para dizer algo. Ele permitiu o comparecimento de todos, como
havíamos combinado? – Antares argumentou.

132
GALAXYA II

- Sim, ainda bem que o fizeste pelo chip neural, pois temeria que nossos planos fossem
burlados pelo Confederado Bavan Sheys, aquele ser insuportável. – K’thryn expôs.

- Mudaste de opinião quanto ao Confederado Bavan Sheys, K’thryn Swiss. – Ela somente
olhou para Antares, injuriada. – Que seja, na próxima reunião com o Confederado-mor
Stahirr e seu suplente, o Confederado Goliath Hitarr, ele pedirá que somente compareçam
ambas. Então deixem o chip neural transmitir aos demais a conversa. – Em dúvidas,
Marcelle perguntou:

- E isso é possível? – E os três ouviram em seus chips neurais a voz de S.E.:

- “O céu é o limite!” – Antares jogou a cabeça de lado e cerrou os olhos, foi a primeira vez
que ele tentou expressar algo. Assim Marcelle e K’thryn saíram do zellsektor.

Instantes depois, como Antares proferira, Stahirr convocou somente Marcelle e K’thryn para
sua sala:

- “Como faremos para abrir o canal de comunicação para todos ouvirem a conversa?” –
Marcelle questionou S.E. pelo chip neural:

- “Deixe isso comigo”. – Ele respondeu.

Assim que entraram na sala do Confederado-mor Stahirr, virão somente o Confederado


Goliath Hitarr sentado atrás da mesa. Ao olharem para o interior da sala, repararam o
Confederado-mor Stahirr em pé, em um canto distanciado da mesa. Assim que se sentaram,
Hitarr começou a falar:

- Analisamos com outros confederados o que estão exigindo...

- Desculpa, Confederado Goliath Hitarr, não exigimos, estamos requirindo algo essencial
para nós.

- E caso não concordemos com o que requerem, Marcelle Menken de Galaxya?

- Bem, Confederado Goliath Hitarr de Bhlokyonss, neste caso pararemos aqui. – Elas
ameaçaram se levantar, quando Stahirr, de seu canto, falou:

- E por que requerem isso? – E Marcelle continuou:

- É nosso lar, Confederado-mor Stahirr. Nós residimos lá. Sei que um possível
rechaçamento a um membro, representante, governante ou Confederado dos planetas-
membros da Confederação Galaxial pode vir a ferir algum artigo da Lei da Confederação
Galaxial, mas não pretendemos agir com intenção de dolo. Somente desejamos o direito de
defesa, já que estaremos em um ambiente neutro.

- E como configuraria essa defesa? – Inquiriu Stahirr se aproximando. Marcelle se ajeitou


em seu assento e continuou:

- Bloqueios a acessos que outros podem vir a ter e, quem sabe, banimento do Galaxya.
Nossa intenção é de proteção dos residentes do Galaxya. – Então foi a vez de Hitarr falar:

- Sabes que dão abrigos a membros dos planetas-membros da Confederação Galaxial.


K’thryn Swiss, por exemplo, é uma dharkyensi. Ou abriste mão de vossa naturalidade? –
Então K’thryn respondeu:

- Não, Confederado Goliath Hitarr, não abri mão de ser uma dharkyensi. Perdi meu direito
de tornar-me Mitir, pois estou tryferós de um darkyani. Então fui exilada de meu planeta-
natal e Galaxya me deu asilo, bem como a Ortsac Searamiug. No caso dele, requiriu asilo ao

133
Andre luz

Galaxya e este prontamente lhe deu. Se bem me lembro, o asilo pode ser dado a qualquer
membro de um planeta-membro da Confederação Galaxial, independentemente de ser ou
não planeta integrante, não? – Nem Hitarr e nem Stahirr nada disseram. Stahirr então se
sentou:

- E quanto a determinação de tempo para que a Confederação Galaxial...

- Não mudaremos isso, Confederado-mor... – Sentia-se a raiva na voz de Stahirr quando ele
interrompeu a interrupção de Marcelle:

- Entendemos isso, Marcelle Menken. – Stahirr tentou se acalmar e prosseguiu. – O que eu


pretendia dizer, antes de ser interrompido é que quanto ao tempo para que a Confederação
Galaxial possa ir, em toda sua extensão, ao Galaxya ocorrerá em 3 Arrs, pois é o tempo que
estimamos para a chegada de governantes e representantes do planetas-membros mais
distantes da Confederação Galaxial. Como creio que Antares de Galaxya lhes explicou
durante vossa visita a ele, como ex-Confederado, existe a necessidade do comparecimento
de todos os governantes e representantes. Assim sendo, 3 Arrs serão deverão ser o
suficiente. Caso necessitemos de uma extensão, avisaremos. – Marcelle continuou passional
e disse:

- Agradecemos por nos manter comunicadas, Confederado-mor Stahirr e Confederado


Goliath Hitarr. – Elas se levantavam, quando Stahirr falou:

- Quando ao que requiriram antes, a dúvida foi inquirida pelo Confederado Odared Efnoc de
Darkyan, já que Ortsac Searamiug de Darkyan não foi exilado e é desejado que seja
encaminhado a Darkyan para ser julgado por traição. Mas como ele requiriu asilo e este foi
lhe dado por um território neutro, acho que terão de tomar outra atitude com ele.

- “Otneminab Osornosed”. – Ambas ouviram de Ortsac, o que fez o semblante de K’thryn


mudar:

- Algo lhe acomete, K’thryn Swiss? – Hitarr questionou, perceptivamente.

- Ela é tryferós de Ortsac, Confederado Goliath Hitarr. Sabe o que isso significa? – Contra
argumentou Marcelle e o Confederado disse:

- Em meu planeta isso se chamaria hono 108, Marcelle Menken. – Respondeu Goliath Hitarr,
com uma voz branda. Marcelle auxiliou K’thryn, que curvava a cabeça, e ambas saíram do
escritório. Quando levantaram a cabeça, K’thryn estava com lágrimas nos olhos:

- O que houve, Katty? – Marcelle perguntou, afetuosamente e com a voz embargada, K’thryn
disse:

- Otneminab Osornosed é a pior de todas as condenações que podem ocorrer entre os


darkyanis, Marcelle. Não é somente Ortsac que será condenado, mas toda a sua família.
Eles pagaram pelo crime de Ortsac, sendo-lhe retirado tudo que possuem. O onretap de
Ortsac pagará por isso! – E as lágrimas aumentaram, fazendo Marcelle precisar carrega-la
até o elevador. Chegando no Beherbergungssektor e Corr Sairy esperava na saída:

- Assim que ouvimos tudo, eu e Luannia corremos para cá, sabíamos que precisariam de
ajuda. – E Corr Sairy levantou K’thryn no colo, com Marcelle lhe questionando:

- Mas por que ela ficou assim? – E Corr Sairy a carregando para o beherber, explicou:

- Isso é o storgí. Quem me explicou, uma vez, foi K’rynn quando eu lhe questionei porque,
aparentemente, não parecia sentir nada por mim. O tryferós é algo que ela pode sentir, leva-
la ao fýlo, mas o storgí é algo além. Elas sentem a dor de seu companheiro, por isso se

108
Hono = ligação

134
GALAXYA II

entregam. O que você está testemunhando e o que o storgí pode causar. – Assim que
adentraram no beherber que K’thryn dividia com Ortsac, ele estava amuado, mas logo
partiu em direção a ela:

- K’thryn, minha Acinú, eu estou bem, por favor, melhore. – A voz de Ortsac soava a
preocupação que sentia, mas K’thryn disse:

- É tudo minha culpa, Storgí. Seu onretap e sua anretam pagarão com o Otneminab
Osornosed porque eu sinto storgí por ti. Eles pagarão...

- Não, minha Acinú, eu também sinto o mesmo por ti. É o que sentimos um pelo outro. Se
és tua culpa, é minha também. – Então Corr Sairy interveio:

- Não é culpa de ninguém. K’thryn lembra de sua adelfí, K’rynn, ela me contou sobre o storgí
e que, quando sentisse isso (algo que ela não desejava sentir), tinha uma maneira de lutar
contra os sentimentos que pudessem destruí-la por dentro. Ela me explicou que, quando
sentisse a dor de seu storgí, a forma correta de lutar era acreditar no que eles eram juntos.
Olhem, agora, os dois para mim. Durante milênios, eu sofri com a perda de minha esposa e
minha filha. Não acreditava que poderia sentir algo por alguém novamente e vacilei muito,
várias vezes. Sua irmã, K’thryn, me mostrou que meu caminho estava errado. Então eu
conheci Luannia e percebi que era possível sentir novamente o que eu sentia. Minhas filhas
me apareceram e eu me senti mais forte e determinado. E agora tenho todos vocês comigo e
isso me torna ainda mais determinado. Vocês dois têm a ambos e é nessa luta que precisam
acreditar. – Algo mudava em K’thryn enquanto Corr Sairy falava. Ela parecia se fortalecer
com o que ele dizia e Ortsac também. Então, mais recuperada, mas ainda deitada, se virou
para Corr Sairy:

- Ajude Ortsac a se comunicar com os pais, por favor! – Corr Sairy somente concordou com
a cabeça e, junto com Ortsac iam saindo do quarto, quando Luannia o parou:

- Tudo o que disse é verdade? – E Corr Sairy disse:

- A mais pura e sincera verdade! – E ambos se beijaram.

Corr Sairy e Ortsac foram até S.E. e, no interior deste, Corr Sairy disse:

- Galaxya, faça sua mágica! – Repentinamente, eles viam as costas de um homem reptilíneo,
curvado para frente. Parecia que estava escrevendo algo, e Ortsac o chamou:

- Onretap Onerb Ohlavrac! – Este se virou e viu Ortsac projetado na sua frente:

- Ortsac Searamiug? Mas o que é isso diante de mim? Aonde tu estás?

- Eu não tenho muito tempo, onretap Onerb Ohlavrac. Aonde está anretam Atram Solpmac.

- Saíra em missão a pedido do Redíl, em breve ela voltará...

- Ela não voltará, onretap Onerb Ohlavrac. – Ortsac disse, com pesar. – Redíl já deve ter
determinado o Otneminab Osornosed para mim. – Onerb curvou a cabeça, como se pesasse
toneladas. – Mas eu pedirei ao Galaxya que o transfira...

- Não faças isso, Ortsac Searamiug. Sabes, sempre pensei que tu terias um destino diferente
de todos nós. Que estava determinado a algo mais do que... isso! Do que nosso planeta! Foi-
nos noticiado que cometera asorovap oãçiart ao se aliar com as dharkyensis. Anretam
Atram Solpmac ficou desolada, dizendo que ela mesma desejava causar-lhes dores, mas eu
entendi que tu conquistaste algo seu, como eu acreditava que ocorreria. Nosso tempo se foi,
Ortsac Searamiug. Viva o seu! – Ouvia-se uma porta sendo arrombada. – Agora deixe-me ir,
meu ohlif! Sejas feliz! – E o local onde Onerb estava foi invadido por três darkyanis que se

135
Andre luz

assustaram com a presença holográfica de Ortsac ali. Um deles acotovelou as costas de


Onerb, que caiu duramente no assoalho de sua casa:

- Não! – Ortsac gritou do outro lado. Outro tentou segurá-lo, mas percebia que não passava
de uma imagem projetada por algo ou alguém. Após algemarem o velho Onerb, o
empurraram para fora do aposento que estava. Corr Sairy e Ortsac testemunharam a tudo.
Quando acabou e a projeção terminou, Ortsac desabou e Corr Sairy o segurou.

Ambos subiram ao Beherbergungssektor e, quando entraram no beherber de Ortsac e


K’thryn, nada disseram, mas repararam que K’thryn estava chorando, novamente. Ninguém
nada disse, e K’thryn se levantou e abraçou Ortsac.

Mais tarde, Corr Sairy e Luannia desceram ao zellsektor para ver Antares. Abalado com o
que testemunhou, Corr Sairy contou tudo para Antares, que disse:

- Eu não sei o que dizer neste momento, Corr Sairy. O que você falaria? – Corr Sairy não
compreendeu a pergunta, mas disse:

- Nunca existem palavras para momentos como esse, Antares. Só resta dor! O que podemos
fazer é apoiá-los e dar forças para ambos. K’rynn me falara sobre o storgí, mas testemunha-
lo foi doloroso. Nunca pensei que veria K’thryn daquele jeito.

- Sim. Às vezes que conheci K’thryn, ela era teimosa, insistente. Seria o tipo de pessoa que
eu chamaria para um campo de batalha. Vê-la daquele jeito! Nossa, foi estranho! –
Completou Luannia.

- Achas que isso ocorrera com K’rynn, também? Quando a separamos de Stahokk? Ela foi
mandada para o Satélite-prisão e ele foi exilado para que o spark dele se extinguisse. Será
que ela sofreu ou talvez sofra igual? – Sabatinou Antares e Corr Sairy ainda parecia
abalado:

- Não sei, as coisas com K’rynn eram diferentes. Ela sempre foi tão equilibrada, tão vivaz,
determinada. Não consigo vê-la assim. Mas pode ser que sim, se ela estava mesmo deste
jeito com Stahokk. Deve estar sendo tempos difíceis para ela no Satélite-prisão.

- Talvez o momento não seja oportuno, mas como foi a segunda reunião com o Confederado-
mor Stahirr e seu suplente, o Confederado Goliath Hitarr? – Inquiriu Antares.

- Pelo que escutamos, eles concordaram com os termos e dentro de 3 Arrs, tempo para os
governantes e representantes dos planetas-membros da Confederação Galaxial cheguem,
eles passaram a sentença. – Luannia contou. – Então teremos de esperar.

- Vamos nessa, Antares. – Corr Sairy concluiu. – Voltamos depois.

- Obrigado por me deixarem a par dos acontecimentos. – Corr Sairy e Luannia então saíram,
acompanhado por um thrittani.

Dois Arrs não passaram tão rápido quanto se esperava. Corr Sairy contactara K’roll e
contou o que ocorreu com K’thrynn a esta e ela não demorou muito e chegou em Thrittan,
acompanhada de T’chya Kbonn e B’trixx Tvokk. Ortsac teve de se retirar do aposento para
as dharkyensis, o que ele não viu problemas, pois se juntou a Corr Sairy e Kotharyn no
hangar, onde conversaram. Outra que não demorou muito a chegar foi Erregina Tyth Annis,
junto com o Erregea Rann Majh e o Kongresuko buru Spinn Dhakann e, cientes que ele
estaria no S.E., se dirigiram para lá:

- Você é a pessoa mais fácil de se encontrar, Corr Sairy. Se não está no zellsektor thrittanis,
está no interior do S.E. – Formalmente Corr Sairy, Kotharyn e Luannia se curvaram. –
Minha glória sagrada, uma Illuminus ajoelhando-se diante de minha presença? – Luannia
se levantou:

136
GALAXYA II

- Não carrego mais o título, Erregina Tyth Annis. – Tyth Annis segurou o queixo de Luannia
e disse:

- Minha querida, és sorella de vossa irmã. Além disso, és sorella símile dela, então o título
lhe pertence, mesmo que não o ostente. E quanto a ti, meu gerlaria? Em conversa com
Hannia antes dela desfrutar daquele belo espécime kelkzerrin, me disse que vocês dois
agora se completam. Deixarás de ser um crisyeno? – Argumentou Tyth Annis, no que Corr
Sairy prontamente respondeu:

- Nunca cometeria tamanha traizioa contigo, minha Erregina. – E então cumprimentou


Rann Majh e Spinn Dhakann:

- Erregea, é bom vê-lo novamente! Spinn, finalmente tornou-se Kongresuko buru. – Antes
destes dois se pronunciarem, Tyth Annis falou;

- Sim. Ele foi nomeado o novo Kongresuko buru das Hiri Mugikorrak, pois retirei dele a
missão de localizar o pirata espaziala Domminon e quero dar a ti. – Todos demonstraram
surpresas, mas antes de falarem, Tyth Annis cumprimentou Kotharyn. – Kotharyn de
Krarrash II, fique ciente do que fizeste com vosso kardeş. Achas que foi o suficiente? Sabes
como é? Traidoreak e usurbildarrak merecem punições que lhe façam lembrar o que
cometeram, como venho fazendo com Brann Dawh. Ele está na Isiltasunaren basoa,
amarrado a uma Harri zeremoniala e sendo alimentado (se isso está ocorrendo mesmo) por
seus seguidores que meu maravilhoso Erregea, pessoalmente, cegou. – Kotharyn ficou sem
palavras para se expressar, mas ela nem aguardou, voltou-se para Corr Sairy. – O que me
diz, meu gerlaria. – Corr Sairy olhou para Luannia. Ele sabia que, como crisyeno, não era
recomendável recusar a um pedido de Tyth Annis, então disse:

- Lógico que aceito, minha Erregina. Assim que a determinação da sentença de Antares
ocorrer, eu e S.E. partiremos nessa missão. – Tyth Annis o beijou na testa:

- Eu sabia que aceitaria, ainda é um de meus melhores gerlari estratega. Bem, me retiro e
deixo-os a sós. Preciso me encontrar com vossa irmã – disse, apontando para Luannia –,
Mitir K’roll Swiss e o Maghnussy. – Respirou profundo. – Quem acha que ser Erregina é fácil
que tente retirar-me do meu lugar... o que não será tão fácil, novamente. – E se retirou,
seguida por Rann Majh e Spinn Dhakann.

- Foi impressão minha, mas ela alfinetava o Erregea dela com aquelas palavras? – Inquiriu
Kotharyn.

- Não era impressão, Grandão. Ela fazia isso mesmo. É a forma que ela tem de mandar o
recado...

- “Eu e S.E. partiremos nessa missão”? – Luannia interrompeu Corr Sairy e, sem dizer nada,
Kotharyn se retirou e Corr Sairy somente observou. – Não olhe para ele saindo de fininho (o
que é muito esperto da parte dele), olhe para mim. Você, Corr Sairy, e Águia de Aço IV...

- Ei, eu não fiz nada para merecer isso! – S.E. se meteu.

- Você ficou quietinho ouvindo, então aceitou também, mocinho! – Luannia alfinetou. –
Agora o senhor, por que disse somente “Eu e S.E.”? Pretende me abandonar, novamente e
partir em missão? – Corr Sairy se assustou e sorriu. – Por que está sorrindo? Não tem nada
de engraçado nisso, Sr. Corr Sairy! Já não basta o tempo que ficamos separados, agora que
ficar, novamente? E as meninas? Marcelle e Cynthia? Você esqueceu que agora sua família
está toda unida? – Corr Sairy então se sentou e sinalizou com as mãos calma, então disse:

- Eu sou um crisyeno, não? Nas tradições crisyenas não é recomendável recusar uma
missão da Erregina ou do Erregea. Eu falei “eu e S.E.”, pois eu sou um crisyeno e S.E. é
meu companheiro de viagem. Mas se quiser vir comigo e as meninas, também, serão todos
bem-vindos. – Luannia não se sentiu segura com as palavras de Corr Sairy e este se

137
Andre luz

levantou. – Ei, olha nos meus olhos. – E os enormes olhos de rubi de Luannia o encararam.
– Eu não vou deixa-la. Não vou abandona-la. Prometi isso a você e vou cumprir. Mas ainda
sou crisyeno e tenho de obedecer Tyth Annis. Ela não está segura com qualquer coisa...

- E acredito que nunca estará. – Luannia completou, ainda aborrecida. – Ela sempre age
assim, como sapiente de toda a razão. Eu já disse e continuarei repetindo, não sou
Illuminus e nem Desharr...

- Não foi o que pareceu em DeshKell. – Luannia o fuzilou com os olhos. – Vou ficar quieto.

- Ótimo. – Disse Luannia, sentando na poltrona de Corr Sairy. – Eu não quero parecer uma
kelkzerrin frágil. Odeio isso. Maldita hora que fui me sentir assim com você.

- Assim você me ofende. – Corr Sairy disse, em um tom mais leve, e Luannia pareceu se
acalmar:

- Não acredito que irá me abandonar, novamente, de verdade. Mas Tyth Annis me faz ficar
fora do sério. Eu não tenho a mesma paciência que Hannia, que age como se estivesse
sendo aconselhada pela Erregina de Crisyen. – Então se levantou. – Eu sei que não pode
recusar essa missão. Eu não irei contigo. Tenho as meninas, agora. E todos me fazem me
sentir bem no Galaxya...

- Inclusive eu? – Galaxya brilhou no ombro de Corr Sairy.

- Inclusive você, papagaio! – Brincou Luannia. – Se tens de ir nessa missão, vai. Mas volte
para nós, por favor.

- Se tem uma coisa que eu posso prometer, é que eu voltarei para vocês. Tenho o S.E. do
meu lado, então estou com a melhor companhia. – E se beijaram. S.E. isolou o cockpit para
dar privacidade a ambos.

138
GALAXYA II

XVII
No arr seguinte, como Stahirr havia previsto, todos os governantes e representantes dos
planetas-membros da Confederação Galaxial estavam em Thrittan. Kirharyn desejou
conversar com Kotharyn, mas este o ignorou. Akonyionn, a contra gosto, se reuniu com
Aryannin e o Confederado Akothyok. Tentou convencer a Megami que retornasse para Volos
VI, mas essa disse que ali ela observaria tudo melhor. Pum Riss, como sempre, ficou
extremamente feliz em rever o mfowethu, a umakoti e todos os outros phællansis. Luannia e
Hannia pareciam energia pura quando se encontraram, novamente (quase soaram o alarme
de emergência do hangar). Corr Sairy, Cynthia e Marcelle se uniram a eles:

- Então esta é sua outra filha? – Hannia questionou, após todas as cerimônias que precisou
participar. – É um prazer conhece-la, Cynthia. Seus olhos são grandes e lindos, como os
nossos. Quando eu tiver um figlia quero que seja linda como tu. – Cynthia sentiu-se
lisonjeada:

- Obrigada, Illuminus Hannia. – Hommir então interpôs:

- Nada de frivolidades, minha giovane. Estamos em famiglia. Pode me tratar de zio Hommir e
ela de zia Hannia. – Todos riram. Marcelle então disse:

- Corr, posso ficar com Rissie e os phællansis?

- Sério, já está sentindo falta assim. – Corr Sairy implicou e riu. – Sim, Celle, vai lá. – E ela
foi, com Cynthia na cola.

- Esta nem pede permissão? – Inquiriu Hannia.

- Sempre foi assim. Pra frente. Culpa do pai. – Corr Sairy brincou.

- Amei o Corr. Tão simples e simpático. Acho que vou chama-lo assim a partir de agora,
Corr. – Gracejou Hannia e todos sorriram. O clima estava leve até que a Confederação
Galaxial entrou e tomaram seus assentos. Como era de se esperar, Victor Cambasi ainda
estava como Confederado da Terra. Corr Sairy então procurou Jacqueline na multidão, mas
se deparou com Gene. Eles se encararam e Corr Sairy aprontou com a cabeça, então Gene
deu com ombros. Vendo isso, Luannia questionou:

- Quem é a jovem de cabelos prateados? Se assemelham aos seus, sorella. – Hannia olhou e
concordou com a cabeça, e Corr Sairy explicou, contando a história dela. – Nossa, e ainda
acham que Bavan Sheys é bom em genética? Ela é linda!

- As meninas criaram um enorme laço de amizade com ela. Não sei se... – Corr Sairy olhou
em direção as filhas e elas, junto com Pum Riss, iam na direção de Gene. – É, já se viram!

Naquele instante, Antares adentrou no ambiente, com um thritannis de cada lado. Quando
ele foi colocado sobre o quadriculado que Corr Sairy conhecia bem, o Confederado-mor
Stahirr iniciou:

- Sejam todos bem-vindos a esta promulgação de sentença da Confederação Galaxial.


Agradeço a todos os presentes aqui, membros, governantes e representantes da
Confederação Galaxial. Também agradeço a todos os confederados aqui presentes, pois
neste momento determinaremos uma sentença a um dos nossos.

“Desde que a Confederação Galaxial iniciava seus primeiros passos, Antares de Galaxya
(como ele prefere) vem sendo membro desta. Com honradez e disciplina, Antares defendeu e
protegeu cada um dos artigos da Confederação Galaxial. Ele garantiu a segurança e a

139
Andre luz

integridade desta, contra os seres mais atrozes e, até mesmo, contra uma rebelião
orquestrada por membros renegados dos planetas-membros da Confederação Galaxial.

“Se precavendo, assumiu a Guarda do acusado Corr Sairy de Crisyen, pois suspeitava que
este abandonasse o enclausuro que lhe fora imposto e, com sua orientação e destreza, o
orientou a auxiliar e ajudar os planetas-membros da Confederação, o que garantiu a Corr
Sairy a prescrição de seus crimes. Mas, por ser um Confederado de coração tão nobre e
austero, na intenção de proteger e defender à filha recém retornada de Corr Sairy de
Crisyen, Antares agiu contra a Confederação Galaxial ferindo ao Artigo 1 de sua lei que diz
‘A Confederação Galaxial será comandada por um Confederado-mor’. Antares, em toda sua
benevolência, no intuito de rechaçar a fúria desmedida da aberração Khyodor Nallekoh,
disse-lhe estar acima do Confederado-mor”. – Stahirr pressionou um botão de um bracelete
que usava e uma projeção surgiu:

- “Lembras de mim, Khyodor Nallekoh”. E via-se Antares projetado, na Iinqanawa de


Khyodor, com este à sua frente:

- “Ububi!”

- “Nomeaste-me assim, pois temera por si mesmo. Neste instante demando que desista do
que desejas. A não ser que queira afrontar-me, atinando que tuas chances de me vencer são
ínfimas”.

- “Não mais lhe considero ameaça a mim (nós). Fortifiquei minha (nossa) Iinqanawa”.

- “Então estás a desafiar o Confederado-guerreiro da Confederação Galaxial. O ser que


comanda a Confederação contra todos seus inimigos. Tens certeza que deseja isso?” – E a
projeção se encerrou. Corr Sairy então perguntou à esfera sobre seu ombro, em tom baixo:

- Como eles conseguiram essa projeção? – No que Galaxya lhe respondeu no mesmo tom,
mas Hannia, Luannia e Hommir puderam ouvir:

- Antares me questionou se eu possuía esta projeção e pediu que eu enviasse ao


Confederado-mor Stahirr de Thrittan.

- Ele mesmo se colocou na fogueira. – Concluiu Hannia, mas completou. – Mas do que jeito
que distorceram, ele será clamado como herói. – Corr Sairy ouviu, concordou com a cabeça,
mas deu com os ombros. Então, Stahirr continuou:

- Como veem, Antares, como sempre, se ergue contra a vilania que é imposta àqueles com
quem convive, mas, infelizmente ultrapassou limite, ainda mais sendo Confederado na
Confederação Galaxial.

“É com muito pesar que promulgo esta sentença, pois como todos bem conhecem a história,
eu e outros membros que atualmente se sentam nesta bancada da Confederação Galaxial
encontramos Antares perdido em um pedaço de seu planeta. Esquecido de quem era e do
seu povo que fora dizimado, ele somente mencionava seu nome e do planeta que fizera
parte. Ele, também, nos defendeu de Khyodor Nallekoh. Nos protegeu de uma rebelião.
Capturou o mercenário Corr Sairy e, em um ator de puro heroísmo e benevolência, protegeu
uma jovem recém-despertada, filha de Corr Sairy, do infame Khyodor Nallekoh.

“Como disse, é com muito pesar que determino o tempo em que Antares deverá ser exilado
na cadeira de meteoros. Como todo bem sabem, não há um tempo pré-determinado na Lei
da Confederação para quem vá contra O Artigo 1, pois claramente, nunca se pensou que
alguém viria a fazê-lo. Então, dessa forma, por tudo que Antares já fizera pela Confederação
Galaxial, esta lhe determina o período de cinco k-rarrs em uma cadeia de meteoros, pré-
determinada pelo sistema de navegação da cápsula hibernária. Ao fim desta sentença,
Antares será resgatado e determinado que cumprira sua sentença. Assim sendo, convoco a

140
GALAXYA II

todos para, no próximo arr, nos despedirmos de tão nosso ser. Encerro esta sessão.
Diplomaten, levem Antares para o zellsektor”.

Ninguém se pronunciou ou tentou falar com Antares ao final, como o ocorrera com Corr
Sairy.

Instantes depois, o crisyeno surgia no zellsektor sozinho:

- Sabe, me lembro de uma situação inversa? – Antares jogou a cabeça de lado e um olho
ficou mais arregalado que o outro. – O que foi isso? Você está tentando expressar um
sentimento? E isso foi o que, questionamento?

- Algo assim. Por que está aqui, Corr Sairy? – E Corr Sairy olhou na direção do elevador:

- Tô esperando alguém. – E olhou, novamente. – O Confederado-mor Stahirr foi muito


categórico, permitindo somente duas pessoas visitando-o. – E olhou de novo. Então Antes
voltou a questiona-lo:

- Quem você espera? – E Sharan apareceu:

- Ex-Confederado Antares de Mæsttra, atual Antares de Galaxya. Acertei?

- Chefdiplomat Sharan. Que prazer revê-la.

- Então, Chefdiplomat Sharan, faça as honras. – Disse Corr Sairy para Sharan e esta
pressionou um botão do bracelete que usava:

- Eu reconheço este bracelete. – Antares disse.

- Exato. – Disse Sharan. – E, pelos seus serviços prestados, permito que nós possamos
adentrar em sua zell.

- Essa sensação que estou sentindo é o que na Terra chamariam de déjà-vu? – Inquiriu
Antares.

- Palavra diferente, déjà-vu. – Disse Sharan intrigada e Corr Sairy explicou:

- É a sensação de que já esteve uma situação semelhante antes. – Sharan olhou em volta da
zell e concluiu:

- Mas não estivemos nessa situação antes. Na verdade, a sua zell era outra, então... – Corr
Sairy a cutucou, rindo, e Sharan sorriu, também:

- Sabe, será estranho para mim, pois mesmo vivendo na solidão pessoal, me via cercado de
pessoas. – Ponderou Antares, instigando Sharan:

- Mas você vivia em uma solidão pessoal? Por que nunca disse isso?

- Porque não achava necessário. Eu era útil, mas somente isso. Um confederado precisava
que eu perseguisse alguém, me chamavam. Outro precisava que eu ajudasse na solução de
um problema, me chamavam. Mas como nunca tive um planeta, nunca tive muito o que
negociar, a não ser meus préstimos. Nunca participei de muitas decisões ou mesmo me
senti incluído. Era somente um ser que prestava serviços para a Confederação Galaxial.
Tudo que disseram que eu fiz...

- Muitas das coisas foram aumentadas. – Corr Sairy interrompeu Antares e este continuou:

141
Andre luz

- Verdade, mas muitas daquelas coisas eu não fiz porque eu desejava fazer, mas sim porque
esperavam que eu fizesse. Foi diferente desde que fomos à ithaveni dos dommæns Glulg e
Blulb e então encontramos o Galaxya. Ninguém me pedia para fazer nada e, para
compreender o que ocorria, eu questionava. Como não possuo (também nunca tentei)
expressar sentimentos, as pessoas não compreendiam que, a maioria das vezes, eram
somente dúvidas, pois nunca vira nada daquilo ocorrer. Estava acostumado com as
determinações, regras e lei da Confederação Galaxial. Tudo o mais era extremamente
diferente. Aprendi a ser aceito pelo que sou e não pelo que posso fazer e, definitivamente,
isso muda alguém. Ninguém me pediu para eu ajudar Jacqueline Dévero e, também,
ninguém foi contra eu me colocar a favor, pelo contrário, me agradeceram. Quando eu disse
que desejava ser seu Guardião (acredito já ter lhe dito isso), é porque desejava que fosses a
batizado dos filhos do Major Skill Hawkesley e de H-Kik, pois aparentava que era o que você
desejava. – Antares fez uma pausa. – Isso eu nunca lhe disse em nem a ninguém, mas
quando embarquei em S.E. e pedi-lhe que o recuperasse, o fiz por causa de Marcelle
Menken.

- Como assim? – Corr Sairy estava curioso.

- Quando a vi, desamparada e chorando ao vê-lo ser sentenciado, não sei que sentimento
me veio, mas pensei que uma filha não deveria ficar sem um pai. Foi o mesmo sentimento
que me veio quando me ergui para enfrentar Khyodor Nallekoh. Isso me fez questionar se a
sua teoria desproporcional talvez tenha razão em algo.

- E que teoria é essa? – Sharan perguntou e Corr Sairy contou tudo (não mencionando sobre
o suppær renegado). Então Sharan, sorrindo disse. – Mas isso não tem lógica nenhuma!
Tudo bem, você e Lyn-Xus encontraram restos da nave de Julius Asimov no meteoro que
Antares foi encontrado em k-rarr 13, durante o Primeiro Período Exploratório da
Confederação Galaxial. Mas uma tempestade estelar causar um buraco de minhoca que
levou Julius Asimov para o passado e ele virou Antares. Corr Sairy, a falta desse olho está te
prejudicando mais do que nunca. Está na hora de implantar um novo e tirar essa maldita
cicatriz do rosto. – Corr Sairy tentou se justificar:

- Mas tem lógica. – Sharan repudiou o que ele disse:

- Lógica nenhuma. Aqui, volta à sua nanoengenharia e sua mecânica de naves e deixa o
resto para quem entende, como sua filha Marcelle Menken. – Então Sharan se virou para
Antares. – Sabe, eu nunca imaginei, mesmo, quem era você por trás deste rosto que parece
uma enorme pedra vermelha inexpressiva. Mas este sentimento de bondade é algo
maravilhoso, Antares. É bom que está descobrindo isso no seu interior, no seu âmago.
Como bem sabes, sou uma empata (palavras de Corr Sairy) e tenho a facilidade de sentir
outros seres, que não sejam thrittanis e, desde que entrei aqui, sinto algo diferente vindo de
você, como se estivesse mais leve, mais pessoal (na falta de outra palavra). E isso é
maravilhoso, pois demonstra que você está se descobrindo. Parabéns, Antares.

- Bem, agora vamos planejar sua fuga. – Corr Sairy disse, querendo quebrar o gelo. Sharan
o olhou de forma reprovável e Antares disse:

- Nada de fugas. – E arriscou um sorriso, espantando Sharan:

- Nossa, nunca pensei que pudesse fazer isso.

- Estou treinando. – Antares concluiu.

Momentos depois, todos se reuniam no Grande Salão, no mesmo lugar que muitos
testemunharam Corr Sairy ser lançado ao espaço. Esperavam, a distância, a chegada de
Antares. Este entrou, usando um traje diferente do que acostumaram a vê-lo. Mesmo à
distância, Antares parecia um ser grande e, com aquele traje, o vermelho de sua face se
ressaltava ainda mais. Então, assim que ele se colocou ao lado da Câmara hibernária, o
Confederado-mor Stahirr iniciou seu discurso:

142
GALAXYA II

- Antares de Galaxya, ex-Confederado de Mæsttra, ex-Confederado-guerreiro da


Confederado Galaxial. Membro de notável honra e que tantos efetuou préstimos notáveis à
Confederação Galaxial, neste momento testemunhamos a execução de sua condenação.

“Nesta cápsula a sua frente, serás lançado ao espaço com destino a uma cadeia de
meteoros, onde permanecerá pelo tempo de cinco k-rarrs. Ao fim deste prazo, uma nave será
enviada para resgatá-lo, dando fim ao cumprimento de vossa penitência e poderá ser
reintegrado a Confederação Galaxial, novamente, como Confederado.

“A punição se dá pelo descumprimento do Artigo 1 da Lei da Confederação Galaxial que diz


‘A Confederação Galaxial será comandada por um Confederado-mor’, pois em um ato nobre
de heroísmo e benevolência, no intuito de salvar uma vida, colocou-se acima do
Confederado-mor, que este que vos fala. Para não ocorrerem desvios, a Câmara hibernária
que embarcará possui um dispositivo de rastreamento, que permitirá sabermos que chegara
ao local e, a partir daí, contaremos o tempo de sua condenação. Creio que desejas falar algo.
Se assim desejar, podes falar livremente”. – Antares, com seu semblante enigmático, olhou
para todos distanciados dele e falou:

- O que eu precisava dizer, já disse aos que importava. – Com isso, Luannia olhou para Corr
Sairy e o questionou:

- Você esteve com ele ontem, não foi? – Corr Sairy balançou a cabeça em afirmação, nisso
suas filhas e Pum Riss, também o olhavam. – E o que foi que ele disse?

- Em resumo? – Corr Sairy falou. – Que ele finalmente conseguiu uma família conosco.

Antares embarcou na Câmara hibernária e ela começou a se mover, lentamente, para fora
do Grande Salão que todos estavam. Assim que ela estava do lado de fora, a barreira que
separavam todos de onde Antares estava se dissipou e possibilitou que todas as janelas
daquele local pudessem ser ocupadas e viram a Câmara hibernária se distanciar e virar
nada mais do que um rastro de luz quando deu o salto hiperespacial.

Naquele momento, o Confederado-mor Stahirr se aproximou de Marcelle, e lhe disse:

- Marcelle Menken, antes de partirem, seria possível conversarmos contigo e K’thryn Swiss,
a respeito de irmos ao Galaxya? – Marcelle olhou para o rosto inexpressivo de Stahirr e
concordou com a cabeça:

- Logicamente, Confederado-mor Stahirr. Dentro em breve estaremos lá. – Assim, que ele
saiu, K’thryn disse:

- Não estou bem para isso ainda, Marcelle. – Ela soou com a voz ainda dolorida. – Leve tua
irmã contigo. – Cynthia tomou um susto:

- Eu, mas eu não acho que seja...

- Cynthia, tenho total confiança que você seja capaz disso. – K’thryn a interrompeu, e Pum
Riss completou:

- Cyn, se tem alguém que poderia encarar essa ao lado de Marcelle, e você! – Ela olhou para
os rostos a sua volta, e falou:

- Gente, é diferente eu responder Rodrigo, mas o Confederado-mor da maldita Confederação


Galaxial. É muita responsabilidade... – Então Corr Sairy a interrompeu:

- Por isso mesmo é capaz. Você me encara numa boa e sempre foi uma pessoa capaz de
dizer o que pensa. Seja você mesma. – Ela viu que todos a olhavam com confiança e
concordou com a cabeça. Logo depois, Marcelle e Cynthia adentravam na sala do

143
Andre luz

Confederado-mor Stahirr e, atrás da mesa, estavam ele e o Confederado Goliath Hitarr


esperando-as. Stahirr se levantou para convidá-las:

- Sejam bem-vindas... Percebo que trouxeste outra pessoa contigo. – Marcelle então
respondeu, enquanto ela e Cynthia se acomodavam:

- K’thryn Swiss precisou se despedir da Mitir K’roll Swiss, sua mitéra, e por isso trouxe
outra membra de nosso grupo, minha irmã, Cynthia Scandian. – Cynthia, nervosa, estendeu
a mão e cumprimentou Stahirr, que não entendeu aquilo, e se sentaram. Desejava falar
conosco sobre o quê? Pensei que estivesse tudo acertado, serão cinco k-rarrs até a
Confederação Galaxial possa ir para o Galaxya.

- Sim, quanto a isso. O prazo de cinco k-rarrs é muito alongado...

- Não! – Cynthia o interrompeu e todos olharam para ela. – Desculpa, não sabia se podia
falar. – A irmã lhe sinalizou com a cabeça. – Bem, não é alongado demais ou curto demais, é
o que vocês estipularam ao sentenciar um dos nossos membros mais importantes. Como o
Confederado-mor bem disse, ele salvou minha vida. Como ignorar um herói como Antares,
não? – Marcelle queria rir, mas sabia que precisaria manter a compostura.

- Nós até entendemos o que quer dizer, Cynthia Scandian. – Começou Goliath Hitarr. – Mas
vejam bem, a Confederação Galaxial reelegeu, recentemente, o Confederado-mor Stahirr
para mais cinco k-rarrs a frente desta instituição, que mantém a ordem entre seus
planetas-membros...

- Desculpe, Confederado Goliath Hitarr, mas como mantém a ordem? Precisamos dar asilo à
dharkyensi K’thryn Swiss, mitéra da Mitir K’roll Swiss, e para o darkyani Ortsac Searamiug.
Ambos ficaram exilados durantes quatro Rarrs, até onde eu sei, no planeta Volstash.
Quando eles se direcionavam para o asilo no Galaxya, a nave deles foi brutalmente atacada
por lailebs darkyanis. Isso é manter a ordem? – Goliath Hitarr quis falar, mas Marcelle
continuou. – Crisyen, Prismus, Maghnessy e a Terra, constantemente, tiveram ou têm
conflitos internos entre seus povos, mas mesmo assim a Confederação Galaxial permite que
outros planetas-membros negociem com estes, principalmente, material que faz com que
perpetuem estas disputas.

“Sei que a Confederação Galaxial tem entre os artigos de sua Lei uma cláusula de não
interferir nas ações internas de seus planetas-membros, mas é permitido que se negociem
materiais que façam perpetuar as disputas internas? Sem contar que, um dos principais
fornecedores deste material bélico é o pirata espacial Domminon que, até onde sabemos,
não pertence a nenhum planeta-membro da Confederação Galaxial.

“Domminon forneceu armas para a Guerra de Crisyen, usando como intermediários os


darkyanis. Domminon financia o Imperator de Prismus a manter sua beligerância contra
aqueles que discordam de sua forma de governo. Muitos até se perguntam, como o
Imperator de Prismus ainda se mantém no poder, já que Phællans não negocia Amo-Kken I-
Serum com eles há muitos k-rarrs e a longevidade de vida dele é semelhante à dos
moradores das Hiri Mugikorrak, que são ex-prismusis exilados. Sem contar que, já como
planeta-membro da Confederação Galaxial, Volos VI foi atacada pela terceira vez por
Domminon, o que levou ao auto-sacríficio prematuro da Megami Aryannin e uma mudança
drástica, sem autorização da Megami, nas leis de Volos VI. Se a Confederação Galaxial preza
tanto pela ordem, por que não fizeram nada contra essa insubordinação em Volos VI?
Porque não podem intervir nas leis de cada planeta-membro, sendo que, quem determinava
as leis era a Megami Aryannin? E Domminon, por que nada fizeram? Sabiam que nosso pai
sairá em missão para Crisyen para localizar a posição de Domminon, pois a Erregina Tyth
Annis que que algo seja feito? Por que isso nunca foi feito pela Confederação Galaxial?” –
Mesmo que não demonstrassem, a energia do ambiente demonstrava que Stahirr não estava
nada feliz com aquilo. Marcelle se levantou e convidou Cynthia a fazer o mesmo. – O prazo
foras estipulado por vós. Não nos distanciaremos no momento, pois o Galaxya estará aberto
para os planetas-membros, pré-selecionados, possam visita-lo. Sem contar que esperaremos
o retorno do Confederado Bavan Sheys ao nosso interior. Dito isso, precisamos retornar

144
GALAXYA II

para nos despedirmos de nosso pai. Com licença. – E ambas saíram. Quando estavam do
lado de fora, eufórica, Cynthia disse:

- Celle, que foi aquilo? – Ela então reclamou:

- Não estou sentindo minhas pernas. – Ambas riram e seguiram em direção ao elevador.
Indo ao Hangar onde todos as esperavam. Reparando na euforia de Cynthia, questionaram o
que havia ocorrido e esta contou tudo, intercalada por Marcelle, que explicou que quem
começou tudo fora Cynthia. Então Corr Sairy disse:

- Não poderia estar mais orgulhoso de ambas. – Amavelmente, K’thryn disse:

- Obrigada por isso, Cynthia. – Ortsac então inquiriu:

- E Aryannin? – E Kotharyn respondeu:

- Ela disse que permanecerá aqui, pois não quer deixar o planeta dela nas mãos de
Akonyionn e Akothyok.

- Vai fazer falta. – Luannia ressaltou. Então ela e Corr Sairy embarcaram em S.E., enquanto
os demais foram satisphæra para o Galaxya.

Após pousarem, não demorou muito e Corr Sairy teve que se despedir deles:

- Bem, pessoal, tenho que ir.

- Não poderá esperar um pouco mais. Minha mitéra, em breve, virá visitar o Galaxya. –
Disse K’thryn, seguida por Cynthia:

- Sim, Rodrigo, espere a visita de Crisyen. Se eles questionarem o motivo de você não ter
saído ainda, diga que estava esperando por eles. – Corr Sairy riu, mas foi Luannia quem
falou:

- Quem dera fosse tão simples, Cynthia. Pelo que conheço de Erregina Tyth Annis, ela não
esperava que Corr Sairy fizesse o trajeto de Thrittan para cá, indo direto de lá.

- Sem contar que, quanto mais rápido eu descobrir aquele miserável, mas rápido eu volto.
Manterei contato constante com vocês, pois quero saber como os planos andaram. – Corr
Sairy falou e Marcelle questionou:

- Está falando da criação do Galaxya praesul109?

- Sim, fizemos aquelas gravações para serem distribuídas aos planetas-membros, e além.
Assim diminuiremos a carga de responsabilidade do Galaxya, que já tem de cuidar de nós,
dos outros galaxyens e do Habitat. – Corr Sairy respondeu e Galaxya se pronunciou:

- Agradeço por vossa preocupação, Corr Sairy, mas como ser onisciente e onipresente em
meu interior e exterior, seria capaz de cuidar de tudo. Mas, devo concordar, uma ajuda
extra é sempre bem-vinda.

Com isso, Corr Sairy se despediu de Cynthia, Marcelle e Luannia, que brincou:

- Volte logo para a gente, Corr! – Corr Sairy olhou para Marcelle:

109
Galaxya praesul = Guerreiros do Galaxya

145
Andre luz

- Viu o que você causou. – E Marcelle riu. – Pessoal, procurarei não me demorar, se cuidem
e que nos encontremos em breve. – Corr Sairy entrou em S.E. e ambos partiram em direção
do infinito espaço profundo.

O tempo no espaço passava mais devagar do que Corr Sairy desejava que fosse.

Não perdera contato com o Galaxya, falando constantemente com Marcelle, Cynthia e
Luannia, que sempre tinham novidades para contar:

- Distribuímos para todos os planetas-membros da Confederação Galaxial aquela mensagem


conjunta nossa e já começamos a receber respostas. – Disse Marcelle, no primeiro contato
que fizeram.

- Deixe-me ver aquilo, de novo. – E S.E. transmitiu a mensagem projetada em que iniciava
com Antares falando:

- Olá a todos os planetas que esta mensagem está sendo transmitida, eu sou Antares e
venho a todos vocês com um convite para serem membros de nosso grupo, onde receberam
um treinamento especializado de todos os nossos melhores membros. – Depois de uma
breve panorâmica do Hangar, partia para Ortsac e Kotharyn:

- Conosco, vocês aprenderam como construir e personalizar suas próprias G’s. – Disse
Kotharyn, apontando para uma projeção do projeto que ele e Ortsac desenvolveram com o
Galaxya.

- Além do que, treinarão técnicas de voo e abordagem com excelentes pilotos, desenvolvendo
aprendizagem de operar os G’s e, também, nossas satisphæras. – Finalizou apontando para
as que tinham sido construídas até o momento da projeção. Esta seguiu para o
Tuboelevador e foi direto para o Iatreío110, onde K’thryn falou:

- Poderá também aprender técnicas, das mais diversas, de auxiliar a ti ou ao seu


companheiro em missão, na capacidade de curarem-se. Desenvolverão habilidades para
operar os mais avançados instrumentos de cura que possam conhecer. – A projeção saiu do
Iatreío e foi para o corredor, seguindo para o Libri111, onde encontrou Pum Riss e Cynthia:

- Também terão acessos ao mais rico acervo de informações de todo o Universo,


incomparavelmente superior a qualquer outro acervo conhecido. – Disse Pum Riss, seguida
por Cynthia:

- Além de tomar conhecimento das histórias, leis, regras e costumes de cada planeta ou
sistema estelar, para saber como agir em caso de encontrarem-se com qualquer destes. –
Saiu do Libri e seguiu para o Stellæ112, com Marcelle Menken:

- Também poderão conhecer tudo que está ao seu alcance com o Galaxya. – Ela começou a
flutuar e brilhar. – Pois o Universo é infinito e está totalmente disponível aqui, para seu
conhecimento. – A filmagem saiu do Stellæ e foi para um novo local, amplo e que parecia
infinito, devido suas paredes escuras e, no seu centro, estava Luannia:

- Além disso tudo, receberão o melhor e maior treinamento militar já conhecido em toda a
extensão da chamada Confederação Galaxial, em nossa Certamina 113. Assim, poderão estar
preparados em todos os níveis. – A filmagem, seguiu para o Testimonii, aonde encontrou
novamente Antares:

110
Iatreío (Ιατρείο) = nome do Centro Médico do Galaxya
111
Libri = nome da Biblioteca do Galaxya
112
Stellæ = nome do Observatório do Galaxya
113
Certamina = nome da Sala de Treinamento do Galaxya

146
GALAXYA II

- Aqui, vocês se especializarão em conversação e diplomacia que deve ser seguida em cada
um dos planetas, sempre que for necessário. Além de contar com a orientação constante e
direta de seus instrutores. – Saiu do Testimonii e se dirigiu para a porta que dava para a
área externa do Galaxya, onde encontrou Corr Sairy e S.E:

- Então é isso. Juntem-se a nós para formar o grupo mais preparado e especializado com os
mais diversificados planetas que o Galaxya já visitou. Serão todos muito bem-vindos! –
Disse Corr Sairy e continuou com o pequeno S.E.:

- Não deixem de se inscrever! – Finalizando com a forma humanoide do Galaxya:

- Venham fazer parte deste grupo, serão todos bem-vindos e benquistos entre nós. Mandem
suas inscrições e analisaremos a cada uma das fichas com o maior prazer. Os selecionados
serão respondidos e enviaremos os transportes para pegá-los. Boa sorte a todos! – E a
projeção se finalizou:

- Acredito que fui mal explorado nessa filmagem. – Disse S.E., soando chateado, e Marcelle
riu:

- Desculpa, S.E. Creio que deram espaço demais para papai!

- Ei, qualé! – Corr Sairy reclamou. – Quem é seu pai aqui? E, para falar a verdade, quem
recebeu fala demais foi Antares. Duas vezes ele aparece na projeção. – Então Synn Tharra
apareceu:

- Ah, para de reclamar Corr, você nem queria aparecer. – E Luannia apareceu, também:

- Synn está certa. Sua teimosia em não querer aparecer, tivemos que fazer duas vezes com
Antares e restringir S.E. a poucas palavras. Ele poderia ter dito suas falar e você as de
Antares. – Corr Sairy, percebendo ter perdido, mudou de assunto:

- Já disse que amei seu novo nome, Synn Tharra. – E Synn Tharra respondeu:

- Agora que sou uma galaxyen como minha irmã, Cynthia não combinava muito. Andei
buscando a interpretação de crisyenos e decidi por esse, que combina bem comigo. Synn
Tharra, aquela que renasceu. Entramos em contato com Erregina Tyth Annis (muito a
contragosto de Lu) para saber se eu poderia usar o nome. Ela disse que sim, mas me
questionou se eu não desejava participar da Titulazio ekitaldia 114, então respondi que havia
me consagrado galaxyen, como minha irmã. Não pareceu muito feliz, mas deixou usar esse
nome.

- Percebi que Pum Riss falou Universo ao invés de...

- Ah, - Synn Tharra interrompeu Corr Sairy – Galaxya corrigiu este erro do tradutor
omniversal. Com exceção de alguns nomes próprios, outras palavras foram corrigidas, assim
melhorou a compreensão de todos, por isso você entendeu Universo, mas ainda a líder de
Crisyen é Erregina. – Synn Tharra deu de ombros.

- Voltando ao assunto dos Guerreiros do Galaxya (agora entendi o que quis dizer), como
andam as inscrições? – Corr Sairy inquiriu e Marcelle lhe disse:

- Tem muitas pessoas se inscrevendo, mas temos de analisar um por um. Deixamos o
Galaxya fazer isso, pois ele é mais rápido. Analisamos tudo, desde a descendência do
inscrito até sua ligação com regimes totalitaristas, como Prismus e Darkyan, por exemplo.
Não queremos espiões. Se algum passar no filtro do Galaxya, já estamos mapeando o local
que cada um veio, pois assim ele será transferido na primeira falha.

114
Titulazio Ekitaldia = Cerimônia de Titulação

147
Andre luz

“H-Kok fez o que prometeu, então estamos tendo muitas inscrições de Agufalgav e, por isso,
pedimos a ajuda de H-Glorr e T-Rass”.

- Sim, como mantenho com vocês, tenho mantido com eles, também. H-Kik finalmente
aceitou usar nos gêmeos o soro da eternidade...

- É Soro Amo-Kken, Corr Sairy! – Marcelle o interrompeu, corrigindo-o.

- Eu sei, eu sei. Mas é mais fácil falar do jeito que falo. Mas então, agora M-Kara e M-Karo
aparentam ter treze anos. Ela ficou temerosa deles envelhecerem e terminarem ficando mais
velhos que os pais. – Synn Tharra fez cara de nojo. – Você ainda está com este ciúme idiota
do seu padrinho? Supera isso, Synn Tharra.

- Não é ciúme dele. Ela que é nojenta mesmo. Sempre se achando melhor do nós. – Marcelle
olhava para a irmã, incrédula e falou:

- Acho que precisaremos visitar a Terra, novamente, em breve. H-Kik não é nada disso,
Synn. Você está com uma memória retrógada por que ela deveria ser. – Synn Tharra fez bico
e todos riram.

- E o nosso cientista-chefe da Confederação Galaxial? – Luannia respondeu a Corr Sairy:

- Não o chame assim na frente de Katty.

“Ele está cada dia mais insuportável. Lembra que falou que não precisaria nunca do Libri e
do Stellæ? Pois então, tentou invadir o Libri, sem a presença de Rissie e Synn. Galaxya logo
o bloqueou, lembrando-o das restrições que tinha de cumprir. Também tentou o mesmo
com o Stellæ. Galaxya tem um senso de humor maravilhoso, deixou-o entrar, mas quando
ele pediu a ativação, não aconteceu...”

- Pois Marcelle não estava lá. – Corr Sairy completou e se dirigiu à esfera albina sobre seu
ombro. – Você tem demonstrado senso de humor assim?

- Luannia, Synn Tharra, Marcelle Menken e Pum Riss virão assim. O Stellæ não precisa de
porta fechada constantemente, somente quando é usado, então ele pode entrar, mas o uso
para o Confederado Bavan Sheys de Callyns somente se dará se Marcelle Menken estiver
presente. Este foi o combinado com ele. – Corr Sairy sorriu. Então Pum Riss entrou e
cumprimentou Corr Sairy:

- Ei Corr! Como está a busca? – Mas foi S.E. que respondeu:

- Um saco! Não é fácil detectar o rastro de Domminon, pois ele muda o sistema de propulsão
a cada sistema estelar que ele vai. Não quer mesmo ser encontrado. Sem contar que a nave
dele não tem uma detecção espectral comum. Não viemos preparados para isso!

- É isso que tenho de aguentar todos os dias! – Corr Sairy reclamou.

- Eu estou cansado de caçar fantasmas. O que quer que ele tenha, qualquer uma das três
naves são difíceis demais de detectá-las. – S.E. argumentou.

- Se encontrarmos uma, encontraremos todas! – Corr Sairy colocou, enquanto as quatro


ouviam aquela discussão sem sentido. Então, desejando mudar de assunto, Pum Riss disse:

- Já contaram a Corr Sairy das tentativas do Confederado Bavan Sheys...?

- Acabei de lhe contar, Rissie. – Luannia a interrompeu. Ela pausou, mas logo disse,
empolgada:

148
GALAXYA II

- Ele acabou de tentar adentrar no Iatreío, mas K’thryn barrou a entrada dele com os
galaxyins. Ele pediu-lhe permissão, mas ela não concedeu. Quando eu passei pelo corredor,
ele ia me pedir ajuda, mas vim direto para cá. – Pum Riss riu, então Synn Tharra disse:

- Será que ele está lá ainda? – E Marcelle incentivou:

- Vamos lá ver. Se não estiver, vamos falar com Katty. – Iam saindo quando olharam para
trás. – Tchau, pai.

- Tchau, Corr. – Disse Synn Tharra e Pum Riss finalizou:

- Até mais, Corr Sairy. Volte logo! – E saíram, deixando Luannia e Corr Sairy sozinhos:

- Sinto sua falta! – Corr Sairy disse.

- É, então volta logo para cá. Queria que estivesse aqui quando esses alunos chegarem. Sem
você e Antares não será a mesma coisa. – Explicou Luannia.

- H-Glorr e T-Rass irão para aí?

- Sim, devem chegar em dez arrs, mas Galaxya diz que podemos ir à Terra em menos tempo
e ele podem embarcar. Acho que é mais viável!

- Será a segunda visita da Terra?

- Não. Assim que você partiu, A Secretária-geral (naquela época) da Terra veio ao Galaxya,
acompanhado de Gene e suas Valquírias. – Luannia riu. – Fui procurar saber a história
deste nome, Jacqueline Dévero não poderia ter dado um nome melhor para o grupo que
acompanhada sua filha?

- Por quê? Valquírias é um nome legal.

- São guerreiras ligadas à morte, que carregavam guerreiros mortos em campos de batalha
para um tal de Valhalla, onde encontrariam um tal de Odin, que é um deus guerreiro
nórdico. Isso não parece legal para mim. – Falou Luannia, desgostosa, e Corr Sairy sorriu:

- Então você deveria procurar sobre o codinome de Ross Croisman Azevedo e os que lhe
acompanham. – Luannia expressou curiosidade:

- E quem é esse? – Corr Sairy se lembrou que ela não conheceu Ross na época que ele
esteve no Galaxya:

- Na verdade você não teve o desprazer de conhece-lo. Ele se intitulou de Arcanjo Sombrio e
seus homens são os Cavaleiros Sombrios. – Corr Sairy reparou que Luannia parecia
procurar sobre os nomes e quando ela arregalou os olhos, ambos sorriram e ela disse:

- Destruidora Desharr! Como uma pessoa pode se associar à morte e a vilania? Os terranos
têm problemas sérios, sinceramente. – Corr Sairy então tentou retomar o assunto anterior:

- Você falava?

- Ah sim, a Secretária-geral queria conhecer o local, pois sua antecessora não havia
visitado. Então lhe apresentamos tudo, inclusive o Laboratorio do Confederado Bavan
Sheys. Logo depois, veio Ubukhosi115 Li Kkan e Ubukhosi Elizabeth Asimov, pois ainda não
conheciam o local que fora feito para o Confederado de Callyns. Não se demoraram muito e

115
Ubukhosi = Soberano

149
Andre luz

partiram em seguida. Devemos então nos transferir para à Terra e, depois, vamos para
KellDesh.

- Queria estar aí para ver sua irmã (legal, gostei disso) – Luannia riu – e Hommir. Dê um
beijo em ambos por mim.

- Dishinna também virá. – Corr Sairy olhou desconfiado para Luannia. – Por que está me
olhando assim?

- Porque você duas têm um passado. – Luannia riu:

- Ai que lindo, está com ciúme de mim. Pode deixar, o que tivemos no passado, ficou no
passado. Agora eu sou somente sua! – Corr Sairy sorriu de volta. – Bem, deixe-me ir ver o
que aconteceu no Iatreío. Beijos. Sinto sua falta todos os dias!

- Eu também sinto a sua! – E a transmissão foi encerrada e, implicando, S.E. fez barulhos e
sons de beijos:

- Ah, Lulu, como sinto sua falta! Ah, Corr, você é tudo para mim! – Corr Sairy falou,
incrédulo:

- Você está me zoando?

- É a única coisa que posso fazer nessa monotonia! No Galaxya eu podia vagar por tudo
quanto é canto, ver coisas acontecendo, mas aqui, somos somente eu e você. É muito chato!

- Você está parecendo um velho enjoado, sabia disso? Sabe de uma coisa, vamos descansar,
os dois. Desligue tudo e me coloque em ative o sistema de hibernação. Vamos descansar um
pouco, nós dois. – E S.E. fez o que Corr Sairy pediu, deixando o fluxo espacial cuidar da
navegação dele.

Eles descansaram por três rarrs e voltaram a busca por Domminon. Passara-se um tempo
desde a última comunicação com o Galaxya, quando este mesmo, sobre o ombro de Corr
Sairy, disse:

- Acredito que tomei uma decisão extremamente equivocada. – Corr Sairy olhou para ele e,
confuso, perguntou:

- Por que está dizendo isso? – E Galaxya projetou no interior do S.E. o Laboratorio e Corr
Sairy viu os enormes tubos. – Galaxya, não me diga que isso é o que eu imagino que seja? –
E Corr Sairy se exasperou. – Como você permitiu algo assim?

No interior dos tubos gigantes, estavam vários seres deformados, com partes de seus corpos
faltando, faces ou membros desproporcionais e, em sua maioria, aparentavam mortos. Corr
Sairy ficou abismado. S.E. mesmo se expressou:

- Isso é insano!

- Não existem justificativas, Corr Sairy. Quando testemunhei o início dos experimentos,
percebi que ele estava demonstrando cadeias genéticas distintas...

- De que espécimes? – Corr Sairy inquiriu, sem acreditar no que via a sua frente.

- Phællansi e terrana. – Corr Sairy ia falar, mas Galaxya continuou. – Só que não uma
comum, mas sim de Gene Sisrac.

150
GALAXYA II

- Você quer dizer que permitiu esse monstro fazer isso? – Corr Sairy começava a demonstrar
aborrecimento. – Eu te disse, Bavan Sheys não é cientista, nem aí e nenhum outro lugar.
Havíamos deixado claro que...

- Ele não sobrepujasse limites racionais ao caráter relacionados a seres vivos, sejam eles
carbonados ou elementais. – Completou Galaxya e prosseguiu. – Mas, até então, eu não os
via como seres vivos e aí está meu equívoco. Na cultura dharkyensi, eles seriam seres vivos,
independentemente do tamanho que tivessem. – Então ouviram uma voz gritar:

- O que pensas que está fazendo? – E Corr Sairy se virou, vendo Bavan Sheys à sua frente. –
Saía do meu Tiedekeskus. – E passou por Corr Sairy, indo na direção dos tubos:

- Seu o quê? Você se esqueceu que o Galaxya aceitou você em seu interior para que o
compreendesse e, quem sabe, aprendesse algo. O que você está fazendo aí é anormal e está
indo contra o que lhe foi estipulado. – Corr Sairy berrava com Bavan Sheys.

- Como estou infringindo o que fora acertado. Não ataquei ou causei malefícios a nenhum
ser vivo, carbonado ou elemental. – A projeção de Corr Sairy caminhou até os tubos e,
colerizado, disse:

- Eles são seres vivos, seu imbecil! – Bavan Sheys se colocou de frente para ele:

- Não, não são. São cobaias, parte do experimento. Nem sempre nas primeiras vezes dará
certo. – Corr Sairy podia contar vinte tubos:

- Se eu estivesse aí, eu te esmurrava agora. – De forma arrogante, Bavan Sheys olhou na


direção de Corr Sairy:

- Mas não está. Nem você está e nem Antares está. Então eu tenho a liberdade de criar o ser
perfeito, e de forma acelerada...

- E aí está o seu erro! – K’thryn surgia no Laboratorio, cercada pelos outros. – Sagrada
deusa! Mas... você! – Sem pensar duas vezes, K’thryn avançou em Bavan Sheys e lhe
desferiu um golpe que o fez tombar duramente. – Ai! É como socar um bloco de gelo! – Ela
falou para Ortsac que se aproximava. Quando Bavan Sheys se levantou, um líquido viscoso
perolado escorria de seu nariz e seu queixo parecia trincado:

- Isso é um ultraje. Você sabe quem eu sou? – Foi a vez de Luannia confrontá-lo:

- Você é uma aberração destituída de emoção. Corr Sairy tinha razão, você nunca foi e
nunca será um cientista.

- Vocês não podem me tratar assim, eu estou aqui representando a Confederação. – Então
Marcelle se pronunciou:

- Estava. Galaxya transfira-o daqui, por favor! – E, repentinamente, Bavan Sheys sumiu da
frente de todos. Ainda segurando a mão, K’thryn olhou para Corr Sairy:

- Ouvimos seus gritos e Galaxya nos disse o que estava ocorrendo.

- Não culpe o Galaxya, K’thryn, ele...

- Não o culpo, Corr Sairy. – K’thryn o interrompeu. – Antes de ter vida em seu interior,
Galaxya era uma testemunha, somente, de várias culturas e costumes. Mas Bavan Sheys
deveria saber a atrocidade que ele estava fazendo. – Todos andaram pelos tubos, perplexos e
espantados. Então Kotharyn chamou-os:

151
Andre luz

- Tem um que ainda está se desenvolvendo, parece um broto. – E todos correram para ver e
era como Kotharyn disse, parecia uma pequena semente rósea. Então K’thryn perguntou:

- Que cadeias genéticas, Confederado Bavan Sheys estava usando, Galaxya? – E,


prontamente, este respondeu:

- Phællansi e terrana, mas da Tenente-coronel Gene Sisrac.

- E quem era o phællansi? – Só que, antes de Galaxya responder, foi Pum Riss quem
chamou, dessa vez:

- Existe um outro aqui, parece uma bola de pelo branca. – Ela observou bem. – Mas nunca
vi nada semelhante. – Todos olharam para a outra, que parecia mais avançada, e viram o
Galaxya projetar a imagem e falar:

- Ubukhosi Li Kkan. – Corr Sairy então interpôs:

- Mas Li Kkan e Elizabeth têm filhos. – Então K’thryn explicou:

- É diferente. Elizabeth emprenhou naturalmente. Seu corpo foi observado e tratado de


forma correta por Lyn Xus, que acompanhou todo o processo. O mesmo podemos dizer de
H-Kik e o Coronel Skill Hawkesley. H-Kik teve toda uma observação e cuidados em
Agufalgav. Bem como Sth Nnie com o Dr. Howard, ele recebeu treinamento de Lyn Xus para
cuidar da esposa. Mas aqui. – K’thryn não parecia bem olhando para aqueles natimortos:

- Amada, você está bem? – Ortsac estava preocupado e ela o olhou e disse:

- Não, Amado, não estou. Olhe para essas criaturas, elas não tiveram a mínima chance. Ele
deve ter acelerado o processo de envelhecimento em demasia e, agora. – K’thryn ficou
enfurecida. – Que tipo de monstro faz isso?

- Mas e esses dois, Katty, podem ser salvos? – Marcelle inquiriu e K’thryn olhou para eles e
respondeu:

- Sim, Marcelle, podem! Galaxya, anexe o Laboratorio ao Iatreío. – Então uma parece
desapareceu e o Iatreío pareceu maior. – Acredito que precisará de um novo nome. Quem
fará as honras? – Apontou para Marcelle, Pum Riss e Synn Tharra, no que Pum Riss falou:

- Acho que deixo essa para você, Marcelle. – E Synn Tharra concordou com a cabeça, então
Marcelle disse:

- Scientia116. Já pensava nesse nome anteriormente, mas Antares veio com Tiedekeskus117,
daí o Confederado Bavan Sheys começou a chama-lo de Laboratorio. Obrigado pela
oportunidade de nomeá-lo, Katty. – K’thryn sorriu e então disse:

- Está bem, agora preciso ver como resolver isso. Podem sair. – E puxou Ortsac em sua
direção. – Depois nos falamos, Amado. – Quando reparou que Corr Sairy estava lá,
esbravejou. – Se manda daqui. Galaxya, encerre a projeção. – E Corr Sairy se viu novamente
sozinho, com S.E.:

- Caramba que anormalidade foi aquela. Aquele Bavan Sheys é louco?

- Eu já desconfiava que ele aprontaria alguma, mas nada como aquilo! – Corr Sairy
exclamou, então questionou. – Alguma novidade?

116
Scientia = Centro científico e clínico do Galaxya
117
Tiedekeskus = Centro de Ciências

152
GALAXYA II

- Parafraseando uma frase muito antiga da Terra, não existe nada de novo no espaço
profundo. – De repente, algo distinto é reconhecido por S.E. – Peraí, acho que identifiquei
algo. Se assemelha a um rastro que detectamos há 1.6 k-rarr atrás.

- Então siga. – E S.E. fez um salto hiperespacial, seguindo o rastro deixado.

Instantes depois, Corr Sairy recebia uma comunicação de K’thryn:

- Ei, está podendo falar? – E Corr Sairy se virou para falar com ela:

- Diga, Katty! – Corr Sairy brincou e ela percebeu:

- Suas filhas tem uma forma incomum de demonstrar intimidades com diminutivos de
nomes, principalmente Marcelle, mas eu gosto, então não me importune. Mudando de
assunto, quero lhe avisar que a Confederação Galaxial, mais especificamente o
Confederado-mor Stahirr, entrou em contato comigo, mas lógico que fiz a transmissão no
Testimonii, onde todos assistiram. Ele veio me questionar os motivos de eu ter esmurrado
seu Cientista-chefe e o porquê de Marcelle tê-lo transferido para Thrittan.

- E? – Corr Sairy estava curioso e K’thryn continuou:

- Esclareci-lhe que o Confederado Bavan Sheys, Cientista-chefe da Confederação Galaxial


infringiu uma das normas pré-estabelecidas para sua permanência aqui, por isso foi
mandado embora...

- E quanto ao soco? – Corr Sairy estava animado e K’thryn concluiu:

- Eu lhe disse que estamos em território neutro e a indelicadeza dele com as vidas que
sacrificou, me levou a ação. – Corr Sairy e S.E. riram e aplaudiram a ação de K’thryn. Ela,
se sentindo lisonjeada, agradeceu. – Obrigada, obrigada. E vocês dois, como estão aí?

- Eu encontrei um rastro e o estamos seguindo. – S.E. se pronunciou.

- Mas o Confederado-mor Stahirr requiriu a volta de Bavan Sheys? – Corr Sairy questionou,
curioso.

- Não. Acho que ele entendeu nosso ponto de vista. Também, dentro de dois k-rarrs em
breve eles estarão vindo para cá. Talvez nem esteja tão preocupado. Bem, vou deixá-los com
a missão de vocês, até mais! – Antes de finalizar a projeção, Corr Sairy disse:

- Diga para Luannia que eu a amo e que em breve voltarei! – K’thryn sorriu:

- Pode deixar. Até mais, guerreiros!

Corr Sairy descansava, quando S.E. ativou as luzes e o chamou:

- Corr Sairy, Luannia desejava falar contigo. – Sem nem esperar o pedido, S.E. projetou a
imagem de Luannia, chorando, cercada por Synn Tharra, Marcelle, Pum Riss e K’thryn:

- O que aconteceu? – Luannia somente disse:

- Mataram ele. – E Synn Tharra completou:

- Estamos a caminho de Kelkzerr, pois o Illuminus Hommir foi morto em um ataque de


rebeldes desharrins. – Corr Sairy aparentou irritabilidade. Marcelle continuou:

- Illuminus Hannia, aos prantos, entrou em contato Luannia, pedindo a presença de vocês
dois lá, para ajudá-la. Explicamos que você ainda estava na missão para Crisyen, por isso o

153
Andre luz

Galaxya decidiu que seria melhor irmos todos para auxiliar no que for preciso. – Então, com
a voz exasperada, Luannia pediu:

- Corr Sairy volte para nos ajudar. – Todas olharam para o desespero de Luannia. Synn
Tharra a pegou no colo e acariciou seus longos cabelos vermelhos-fogo. Vendo que as mais
jovens controlavam a situação, K’thryn decidiu levar a projeção para fora dos aposentos, e
falou:

- Corr Sairy, cuidaremos disso da melhor forma possível. Sei que vocês dois devem estar
nervosos e desesperados para voltarem, mas terminem essa missão, senão teremos dois
problemas nas mãos, o assassinato do Illuminus e sua desobediência com a Erregina Tyth
Annis. Você confia em mim? – Corr Sairy, colérico, com o olho avermelhado, pois continha o
choro, encarou K’thryn e, sem nada a dizer, concordou com a cabeça. – Vamos resolver isso
e ajudar da melhor forma que pudermos. Os culpados não escaparam facilmente. – E a
transmissão foi encerrada. Assim que K’thryn esvaneceu na frente de Corr Sairy, ele caiu de
joelhos no piso do interior de S.E. e deu um grito que misturava, raiva, rancor, desespero e
frustração:

- Vamos voltar. Já estou cansado dessa busca mesmo? – A voz de S.E. soava irritada. –
Erregina não poderá nos punir. Seguiremos com a missão depois de ajudar Hannia e
Luannia. – Corr Sairy estava com a cabeça entre os joelhos, segurando a nuca com as mãos
e chorando de raiva. Ficou naquele estado por algum tempo e, quando levantou disse:

- Não podemos, S.E.! Temos que terminar isso para voltar logo. Como está o rastreamento?

- A nave que seguimos, mudou de padrão, mas ainda é reconhecível, parece que segue uma
sequência. Mas Corr Sairy...

- S.E., são decisões difíceis que temos de tomar, mas precisamos. – Corr Sairy disse,
enxugando o olho e limpando o nariz. – De o salto! – Mesmo contrariado, S.E. deu o salto
hiperespacial, como Corr Sairy pediu.

Passou-se mais um tempo, e uma nova comunicação surgiu:

- Corr Sairy! – Era Illuminus Hannia, que parecia mais séria que o normal. – Como está a
missão, meu amigo?

- Hannia, eu... – Corr Sairy tentou dizer, mas logo foi interrompido:

- Por favor, Corr Sairy, não tente justificar. – Hannia parecia passiva. – Eu entendo,
acredite. Sempre que penso que, se tivéssemos nós o adotado antes de Crisyen, com certeza
você estaria aqui para nos ajudar, pois você é assim, dedicado e obstinado a conquistar o
que lhe pedem. Sei, também, que S.E. deve estar tão chateado quanto você por não terem
vindo. Mas K’thryn Swiss aprendeu bem contigo e tomou a frente das coisas. Ela nos contou
que pediu que você prosseguisse com a missão, pois um problema com a Erregina Tyth
Annis é algo que devemos evitar, e eu tenho que concordar com ela sobre isso.

“Sabe por que permaneço na Confederação Galaxial, Corr Sairy? Para ter aliados como você
e aqueles que habitam o Galaxya. Para ter planetas que nos ajudam quando precisamos,
como Phællans, Dharkyens e Crisyen. Além de contribuir da nossa forma, com as Fendas
Hipertemporais. A Confederação Galaxial é um ganho, mas, também, uma perda. Assim que
noticiei a eles a perda de meu companheiro. A todos eles, que estiveram presentes em nosso
matrimônio, simplesmente transmitiram suas condolências, mas disseram que não
poderiam interferir. Pensei em pedir apoio a Phællans, Dharkyens e Crisyen, mas logo
pensei no Galaxya, pois tinham membros de minha família em seu interior. Minha irmã e
seu companheiro. Por instantes havia esquecido que você estava em missão crisyena.
Espero que entenda, já que passou por perda tão grande em tempos passados. – Corr Sairy
concordou com a cabeça – Assim que os membros do Galaxya desembarcaram aqui, eu
esperei por você e S.E. surgirem, devido ao desespero de perder meu grande companheiro,

154
GALAXYA II

mas você não surgiu. Luannia insistia, dizendo que você surgiria. Que desobedeceria ao
requisitado por K’thryn Swiss, e viria, por ela. Mas você não apareceu.

“Como eu disse, K’thryn Swiss foi de grande ajuda. Capturamos os culpados do assassinato
de meu companheiro, Illuminus de Kelkzerr, Hommir, mas Luannia não os perdoou, e
dizimou-os. Destruiu a todos, sem perdão. Ela agora está lá, em Desharr, e disse que
cuidará daquela dimensão. Que não voltará, pois não tem nada para ela voltar.

“Corr Sairy, eu não estou magoada, chateada, com raiva de você. Se eu determinasse a um
dos meus soldados que cumprissem uma missão, para mim, sua Illuminus, e eles voltassem
sem completa-la, pagariam por isso. Mas não estou aqui para falar de mim, mas sim de
Luannia. Você a conhece e sempre soube como ela é.

“O que desejo lhe dizer é que, assim que complete sua missão, cumpra uma outra. Não
estou pedindo com Illuminus, mas como irmã. Se Luannia permanecer em Desharr, ela se
tornará o que sempre não desejou ser. As meninas, Marcelle e Synn Tharra (amei o nome,
por sinal!) tentaram, mas a ligação delas é menor do que a sua. Então, como irmã, sua
amiga, peço que reconquiste Luannia. Eu preciso dela e, acredito eu, você também. Adeus e
boa missão!” – E a transmissão encerrou e Corr Sairy ficou olhando o vazio na sua frente.
S.E. pensou em se pronunciar, mas preferiu aquietar-se.

Quando completavam 4.5 k-rarrs, S.E. detectou o que pareciam três enormes naves:

- Corr Sairy, veja. – Este olhou os três pontos a distância e requiriu:

- Amplie! – Assim que S.E. dimensionou os pontos, Corr Sairy percebeu três naus espaciais
bem diferentes e gigantescas, então pediu. – Ative o Campo de distorção e camuflagem.
Vamos abordar! – Então S.E. se aproximou ao máximo da maior nave que possuía doze
enormes propulsores na popa. Algumas das armas, S.E. entraria como se fossem cavernas,
de tão largas:

- Isso me pulverizaria facilmente. – Ele concluiu, mas Corr Sairy estava concentrado na
abordagem:

- Reconhece alguma forma que eu possa entrar? – S.E. mostrou um mapeamento escaneado
do lado que ele estava daquela belonave e viu um enorme buraco:

- Acredito que aquilo seja o sistema de escoamento de detritos. – Então Corr Sairy solicitou:

- Acople-se. Mantenha tudo desligado. – S.E. soou preocupado:

- Até mesmo a camuflagem e o Campo de distorção? Corr Sairy eu tenho carga o suficiente...

- Com você acoplado, parecerá parte da nave, não acredito que eles os detectarão. – Mesmo
não muito confiante naquela estratégia, S.E. seguiu a ideia. – Assim que eu sair, faça o que
pedi. – Corr Sairy, então, se equipou com seu traje de contenção. – Vamos ver se o
aperfeiçoamento que Galaxya fez vai funcionar. – S.E. abriu a comporta lateral e Corr Sairy
saiu. Antes de pisar no casco externo da nave, ele pressionou um dos botões do bracelete do
traje e um sistema de camuflagem o cercou, delineando seu corpo, desaparecendo do
sistema de rastreio do S.E:

- “Não consigo vê-lo e nem saber onde está”.

- “Aonde estamos? Não reconheço nenhuma dessas estrelas?” – Corr Sairy disse, olhando
para o espaço à sua frente, e S.E. disse:

- “Não tenho certeza. Andei mapeando, mas perdemos contato com o Galaxya há alguns
Arrs. Acho que não temos nem alcance do Anima Mundi. Senão fosse a frequência de
comunicação, poderia dizer que estamos perdidos. Mas o mapeamento nos permitirá

155
Andre luz

retornar e, lógico, assim que você implantar o rastreador, teremos como identificar a
localização dele. Agora vou selar a comunicação, para que não detectem o chip neural”. – E
S.E. o fez. Corr Sairy então caminhou na direção da entrada aberta daquela nave. Olhou
para trás e percebeu que S.E. mantinha-se camuflado, então, não conseguiu vê-lo.
Balançou a cabeça negativamente, mas prosseguiu.

Ao chegar na entrada, percebeu um visgo muquento acinzentado saindo:

- Ainda bem que este traje filtrará o cheiro! – Falou para si mesmo. E entrou pelo tubo, que
tinha mais de três metros de raio.

Caminhou pela gosma abaixo de seus pés que, graças a facilidade de impermeabilidade do
traje, não aderiam a ele. Gazes esverdeados subiam daqueles detritos. Corr Sairy andou uns
quatrocentos metros até encontrar uma saída acima de sua cabeça. Uma escada de acesso
levava até uma comporta, que ele colocou a mão e se abriu, facilmente. Ele passou e se viu
em um túnel vazio. Andou por ele e percebeu pequenos dispositivos flutuantes, circulando
por ali, como se fizessem limpeza daquele túnel. Quando este terminou, Corr Sairy se viu no
que parecia uma cidade.

Seres dos mais diversos caminhavam por ali. A maioria Corr Sairy nunca vira antes, mas
conseguiu reconhecer alguns que pareciam krarrashins, mas eram mais baixos. Outros
eram darkyanis, claramente. Além de prismusis, bhlokyonssis, desharrins (que usavam o
adorno sobre si, os polarizadores) e, até mesmo, volosis e agufalgavianos (asas mescladas).
Enormes edificações se elevavam daquele ambiente, além de ter um comércio pululante em
ativa. Corr Sairy percebeu que negociava de tudo, objetos que ele veria de planetas da
Confederação Galaxial até objetos que ele nunca viu em sua vida. Temia falar algo e alguém
ouvi-lo, então ficou em silêncio enquanto passava. Viu veículos flutuantes circulando e, em
todos os cantos, projeções com o rosto de um ser carrancudo, de pele vermelha-escura,
totalmente sem pelos sobre a cabeça. As laterais de sua face eram adornadas por algo
semelhantes à pelos escuros. Seus olhos pareciam enormes ônix, que pareciam frios e sem
compaixão. E, embaixo da face, o tradutor omniversal traduziu:

- Domminon a tudo observa! – Corr Sairy então olhou em volta e tentou ver se não
reconhecia os brilhos de algo semelhante aos ycons do Galaxya, e pode perceber pequenos
brilhos que lembravam vagalumes, que todos ignoravam.

Seguiu seu caminho e se viu em outro corredor de pouca circulação. Por vezes, evitou
esbarrar nos que circulavam a sua volta. Então viu três seres entrando em algo que parecia
um elevador, percebendo que haveria espaço para ele, foi junto. Eles conversavam entre si,
mas Corr Sairy se concentrava em seu objetivo. Um saiu em outra cidade interna. O
segundo desceu no que parecia uma central de engenharia e Corr Sairy o seguiu,
esbarrando de leve no terceiro que achou aquilo estranho. Corr Sairy preferiu não olhar
para trás, mas viu que o segundo voltava para conversar com o outro no elevador. Seguiu
em frente.

Viu vários seres ali, discutindo e operando o que parecia ser o sistema de motores daquela
enorme nave. Se aproximou de um dos maquinários e desacoplou de um dos braceletes,
usando um dedo somente, um ínfimo dispositivo. Direcionou o dedo para o maquinário,
quando seu traje projetou para seu olho uma mão que se aproximava.

Os dois seres que estavam no elevador com ele chamaram outros e buscavam, com o tato
encontrar o que esbarrou em um deles. Corr Sairy temeu fazer barulhos no piso, caso
corresse, então se esgueirou atrás de alguns canos. O traje o protegeria, caso fossem
quentes ou frios. Ele ficou ali durante um tempo, com o dispositivo rastreador no dedo.
Quando os seres tomaram outro caminho, sem tempo, ele colocou o dedo sobre o
maquinário que desejava e tratou de sair dali. O elevador parou naquele andar e mais três
seres desceram. Corr Sairy entrou de qualquer jeito, esperando que o elevador se mexesse.
Este o fez, mas não na direção que Corr Sairy desejava, indo para cima e, assim que parou,
Corr Sairy viu o que parecia ser a cabine do capitão e, sentado em uma cadeira bem alta,
viu o ser que estampava as projeções, Domminon.

156
GALAXYA II

Ele era enorme, parecia mais alto que Kotharyn. E corpulento. As luzes que brilhavam em
seus olhos desumanos, não brilhavam em sua face, que parecia esponjosa. Então
aconteceu, ele olhou na direção do elevador, como se estivesse vendo Corr Sairy ali. Este
temeu pela própria vida. Domminon falou algo, ininteligível, mas não era para Corr Sairy,
mas sim para quatro seres que adentravam no elevador que começou a descer. Um deles
falou que que ocorrera no que Corr Sairy entendeu como Centro de Operação, mas seu
destino era a primeira cidade que Corr Sairy estivera. Ele esperou os quatro saírem e
desceu, também. Não sabia onde estava e tentou localizar algo que tinha visto antes.
Circulou até ver algo que o lembrava a comporta do sistema que levava àquele túnel de
escoamento. Não tinha certeza se haveria mais do que um, mas arriscou. Tocou a comporta
e viu que alguém reparou na abertura dela (possivelmente fez barulho), mas ignorou e
desceu. Seres se aproximaram para vê-la fechar, mas Corr Sairy precisava sair dali,
rapidamente.

O duto parecia mais longo, mas Corr Sairy foi em frente. Quando reparou no brilho das
estrelas à frente, sabia que estava no fim. Saiu dali, mas percebeu que não era o mesmo
local. Então, no desespero, desativou as botas e começou a flutuar no espaço. Esperando
conseguir contato com S.E., chamou-o pelo chip neural:

- “Não se se você pode me ouvir, seu louco. Eu disse para retirar a camuflagem para poder
encontra-lo. Agora estou flutuando no espaço e se você não me encontrar logo, pode dar
tchau, tchau para nossa parceria, pois vou estar morto”. – Não demorou muito, uma
comporta se abria e Corr Sairy adentrava em S.E. Este então disse:

- Fiquei temeroso de me detectarem, por isso mantive tudo ativo. – Corr Sairy, desativando o
traje e retirando o capacete, disse:

- Ser de pouca fé! – Então percebeu o cheiro acro que exalava de si. – Nossa, que cheiro
horrível. – S.E. então se pronunciou:

- Ainda bem que não tenho olfato. Vou ativar o circulador para dispersar o cheiro. – Corr
Sairy percebeu que o futum desaparecia. - Você demorou muito lá dentro, pensei que
tivesse sido capturado.

- Aquilo é gigantesco por dentro. Vi duas cidades no seu interior. Muitos túneis e passagens.
Tem bilhões de seres lá. Um verdadeiro exército que Domminon comanda. Se as outras
duas naves forem o mesmo...

- Seu traje mapeou o local por onde você passou, dando uma ideia do que é. – Disse S.E. e
projetou o que retirou do traje e se espantou. – Caramba, é descomunal.

- Sim, mas com o dispositivo instalado, dá para localizá-los? – S.E. então mudou a projeção
e disse:

- Sim.

- Então passe as informações para Crisyen e eu quero gravar algo. – S.E. ficou surpreso com
aquilo e disse:

- Pode falar à vontade. – Então Corr Sairy falou:

- Erregina Tyth Annis, cumpri minha missão como requereste. Sou extremamente grato a ti
e a toda Crisyen por terem me adotado e me dado um nome em um momento que me
encontrava perdido. Phællans havia me oferecido o mesmo, mas não queria lhe causar
problemas com alguém tão diferente deles, mas vocês, por serem tão semelhantes a mim,
aceitei de enorme grado. Cumpri missões para Crisyen, ajudei a restabelecerem as Cidades
Flutuantes e sempre serviria ao planeta, mas segui minha própria vida.

157
Andre luz

“Não quero parecer ingrato, mas como bem sabem meu destino nunca foi ser, exatamente,
um crisyeno. Sou um galaxyen. Então, assim que retornar ao Galaxya, me tornarei um
galaxyen, como minhas duas filhas, Marcelle Menken e Synn Tharra, que adotou este nome,
pois achar os nomes crisyenos lindos.

“Espero poder manter o meu nome, que será uma homenagem por tudo que fizeram por
mim. Mas esta missão me fez perder mais do que eu esperava perder. Com essa missão, a
pessoa que eu amo pode estar perdida para sempre (espero que não!).

“Então, com esperanças de não haver rancores, agradecendo por tudo que fizeram por mim,
a partir do momento que receber esta mensagem, sabia que sou um galaxyen, agora e para
sempre”. – Corr Sairy parou de falar e S.E. percebeu que havia terminado:

- Com bastantes floreios, mas claro. – S.E. disse. – Acabei de transmitir os dados e a
mensagem.

- Valeu S.E. Agora abre uma maldita Fenda Hipertemporal, pois temos de resgatar nosso
companheiro de um sistema de meteoros e, depois, tenho de tentar recuperar Luannia. –
Cumprindo com o pedido, S.E. abriu uma Fenda Hipertemporal pela qual ele passou, então
Corr Sairy disse:

- Consegue localizar o rastro da câmara hibernária? – Corr Sairy perguntou, e S.E. disse:

- Está fácil, mas estamos adiantados. Ainda faltam uns quatro rarrs para o término do
exílio. – Corr Sairy não estava ligando muito:

- Dane-se. Segue o rastro, pois quero acabar logo com isso.

- Você está muito mandão, isso sim. – S.E. colocou. – Não esqueça que estamos nessa
juntos e que, mais do que você, eu queria ter ajudado Luannia. – Corr Sairy se constrangeu,
pois sabia que era verdade:

- Desculpa, mas a última mensagem de Hannia foi dura. Não me sai da cabeça.

- Olha, eu não sei o que é isso, mas gosto muito de Luannia, também. Só que, sendo bem
sincero, não creio que Antares tope adiantar o período de exílio. – Explicou S.E. e Corr Sairy
concluiu:

- Se ele não quiser vir, esperará o resgate da Confederação Galaxial. Quero muito levar
Antares conosco, mas não vou entrar nessa. O mais importante antes, ou seja, ...

- Luannia. – S.E. completou o que Corr Sairy ia falar. – Acabei de localizar uma forma de
vida. – S.E. ampliou a imagem de Antares, de pé, com os braços cruzados nas costas,
olhando na direção deles. – Será que ele pode nos ver?

À medida que se aproximavam, Antares não se movia, olhando diretamente para S.E.
Quando este pousou, Antares andou em direção a comporta que se abriu e estendeu a
esteira para ele entrar:

- Vocês demoraram muito! – Antares disse. – Pensei que teriam vindo a um k-rarr atrás. –
Aquilo surpreendeu Corr Sairy e S.E. questionou:

- Você toparia sair um k-rarr antes deste exílio?

- Sinceramente, S.E., depois de dois k-rarrs, achei um absurdo ter aceito tamanha punição,
que foi deveras prolongada. Elogios e congratulações são belos vindo dos lábios de um ser
que eu admirara, mas não compensam o tempo sem ter com quem dialogar. Agora entendo
bem os motivos de Corr Sairy não aceitar a punição que desejavam lhe impor. – O cheiro

158
GALAXYA II

asco ainda estava no interior de S.E. – De onde vem odor tão purulento? – Então,
levantando voo, S.E. disse:

- Corr Sairy precisou se embrenhar em dutos de dejetos para colocar um rastreador na nave
de Domminon.

- Então conseguiste localizar Domminon? – Antares inquiriu Corr Sairy, que somente disse:

- Sim. – Então olhou para seu ombro e viu que Galaxya emitia um brilho mais forte (antes
estava completamente apagado). – Galaxya tem como nos localizar? – Este respondeu:

- Logicamente. – Então, como se estivesse ali há muito tempo, Galaxya surgiu e S.E. entrou
em seu Hangar. Reparando que Corr Sairy não estava muito afim de falar, Antares
questionou:

- O que ocorreu contigo, Corr Sairy? – Este olhou para o grande ser de rubi e disse:

- Olhe, me desculpa Antares, mas este foi um desvio rápido. Tenho de ir a Kelkzerr. – Então
a comporta lateral de S.E. abriu e um jovem krarrashin aguardava Corr Sairy e Antares:

- Senhor Antares. Senhor Corr Sairy. É um grandioso prazer conhece-los. Sou um dos
aspirantes...

- Sim, sabemos disso. – Corr Sairy o interrompeu. – Galaxya desate o cabo de recarga, tenho
de ir para KellDesh. – Então ouviram a voz de Galaxya:

- Já estamos em KellDesh. – Corr Sairy não entendeu nada. Então, Galaxya se colocou em
sua forma humanoide. – A transmissão que fizeste para Erregina Tyth Annis, S.E. me
passou e eu enviei para Kelkzerr, já que não consigo alcançar outra dimensão. Então pedi a
Illuminus Hannia que a passasse para Desharr Luannia. Neste instante, uma nave
desharrin está entrando na nossa dimensão e está acompanhada de uma nave kelkzerrin.
Em seus interiores estão a Desharr Luannia e a Illuminus Hannia, respectivamente. – Corr
Sairy observou a pequena nave que surgia sobre seu ombro:

- Você armou para mim! – Então S.E. respondeu:

- Achei que seria mais rápido assim do que você ir a Desharr e fazer alguma asneira. –
Então, surgiram no Hangar Marcelle, Pum Riss, Synn Tharra e K’thryn e, se juntaram a eles
Ortsac e Kotharyn. Assim que abraçou suas filhas, Corr Sairy disse:

- Vocês duas cresceram ou eu que encolhi? – Ambas riram. – Vocês sabiam disso tudo?

- Não vou mentir, sabíamos. – Disse Synn Tharra. Então seguiu na direção dos aspirantes. –
Esvaziem o Hangar, tenho duas naves chegando. Ak Turrk e T-Rostta, sabem o que fazer? –
Corr Sairy estava atônito com Synn Tharra e perguntou:

- Quem é você? Onde está minha filha? – Synn Tharra somente olhou para ele e sorriu, mas
foi K’thryn quem disse:

- Fizemos uma reunião para decidir quem coordenaria as coisas com os aspirantes e a
decisão foi unânime. Escolhemos Synn Tharra para tal função.

- Pensei que você assumiria isso? – Corr Sairy objetou:

- Mas eu pensei que você assumiria essa função, devido sua experiência. – Então Marcelle
cutucou Corr Sairy:

- Sério, pai? Synn parece que nasceu para isso. – Então Pum Riss completou:

159
Andre luz

- Sem contar que Katty está com muitas coisas. Além de instruir os aspirantes no uso dos
aparelhos de cura, ela também tem de cuidar e monitorar Jonas e Phællans? – Corr Sairy
não compreendeu, mas foi Antares quem inquiriu:

- E quem exatamente são Jonas e Phællans? – Mas antes que K’thryn pudesse responder, as
naves kelkzerrin e desharrin atracavam no Hangar. Marcelle instruía aos jovens phællansi e
agufalgaviano na forma de ajudar a atracagem da nave, deixando Corr Sairy bem orgulhoso.

160
GALAXYA II

XVIII
Quando as comportas das naves se abriram, de interior da nave desharrin, desceu Luannia,
usando um traje de vermelho vivo, ornamentados em toda a extensão dos braços por tiras
douradas. Corr Sairy foi em sua direção e logo que se aproximaram, Luannia lhe desferiu
um soco que todos pareceram sentir. Então ela segurou nas orelhas de Corr Sairy,
levantando-o, e acertou seu diafragma com uma joelhada, fazendo-o perder toda a
respiração e caindo no chão. Ele gemeu:

- Acho que fiz por merecer. – Quando arriscou se levantar, Luannia falou energicamente:

- Fique onde está! – Corr Sairy não ousou se mexer, ficando no chão. Então, ignorando-o, foi
em direção a Synn Tharra e Marcelle, abraçando-as e beijando-as.

Corr Sairy sentia o sangue na boca e a dor amenizava, mas não ousou sair de onde estava.
Até que viu uma mão à sua frente. Era Hannia que lhe estendia a mão para que ele
levantasse:

- Acho que você mereceu, sinceramente! – Corr Sairy, sentindo o rosto latejar do soco, olhou
para Hannia:

- Mas você disse...

- Eu disse o que era necessário dizer. Eu entendo que tinha uma missão, mas o que é mais
importante para ti, a missão ou minha irmã? – Corr Sairy olhou para Luannia, que lhe
virava as costas:

- Achei que a projeção tinha deixado claro. – Colocando o braço sobre o diafragma e
limpando o sangue que saía pelo canto da boca, se colocou ao lado de Hannia, que
pronunciou:

- Foi por isso que ela veio. Mas ela te perdoar? Não sei se acontecerá. – Então saiu da
espaçonave Dishinna, usando um Polarizador sobre is, então Corr Sairy se lembrou:

- No interior da nave de Domminon, vi desharrins. – Dishinna se aproximou dele, se curvou


diante de Hannia e, ao se levantar disse, pesarosamente:

- Infelizmente, seguidores do Desharr Supremo vêm fazendo negócios com Domminon.


Vendem tecnologias nossas e adquirem artefatos letais. – Corr Sairy, sentindo o olho inchar,
mirou seu olhar na direção de Dishinna, e questionou-a:

- Cuidou bem dela? – Sorrindo, Dishinna revelou:

- Eu a amo, Corr Sairy. Lógico que cuidei bem dela. Uma pena ela amar a ti! Mesmo em
nossos momentos íntimos, ela não parava de pensar em como tu estavas. Sabes o quanto
isso é enfadonho? – Ele sorriu e disse:

- Felizmente não! – Então foi a vez de Dishinna lhe dar um soco tão forte que ele quase
perdeu o equilíbrio. – É, acho que mereci essa também. – Hannia o ajudou e ambos
seguiram caminho até o Tuboelevador.

Após conversarem bastante e Corr Sairy explicar a todos como foram os (quase) cinco k-
rarrs que passou fora, Hannia e Dishinna foram embora. Se despedindo calorosamente de
Dishinna e com pesar da irmã, Luannia permaneceu ali:

- De mais uma chance a ele, irmã. Corr Sairy pode ser muitas coisas, mas ainda te ama! –
Disse Hannia, de pé na frente de sua nave. Luannia olhou com seus olhos de rubi e disse:

161
Andre luz

- Eu o amo, mas estou muito nervosa ainda para dar uma chance. Veremos com o tempo. –
Se deram as mãos e um brilho intenso emitiu de ambas, deixando os aspirantes
desnorteados e temerosos.

Quando a nave partiu, Luannia subiu pelo Tuboelevador e encontrou Marcelle, Pum Riss e
Synn Tharra no Stellæ:

- O que vocês três fazem aí? – Ela perguntou, e foi Marcelle que respondeu:

- Atualizando dados, graças a S.E. Com o rastreador que papai colocou na nave de
Domminon, e imaginando que as três andam juntas, podemos criar uma projeção e ver em
tempo real onde ele está. – E, após Marcelle falar isso, três modelos semelhantes com as
naves de Domminon e seus irmãos, apareceram. Então Synn Tharra perguntou:

- Lu, você vai ficar? – Ela olhou para os enormes olhos da jovem e respondeu:

- Sim. Não quero proximidade com o pai de vocês duas, por enquanto. – Então percebeu que
não o viu mais, desde a surra. – E aonde ele está?

- Eu o vi indo para o Certamina. Acho que foi falar com H-Glorr e T-Rass, que estão
treinando agufalgavianos que ganharam asas. – Explicou Pum Riss. Luannia não pareceu se
importar:

- Bem, de qualquer forma, vou continuar dividindo quarto contigo, Synn. Tudo bem? – Synn
Tharra a abraçou e disse, olhando em seus olhos:

- Lógico que sim. Vou amar ter sua companhia novamente. – Dessa forma, Luannia as
deixou sozinhas. Ao sair do Stellæ, terminou esbarrando em Corr Sairy:

- Me desculpa, não foi por querer. – Ele disse e olhou nos grandes olhos de rubi dela. –
Luannia, eu...

- Não quero conversar agora. – Luannia disse. – Se não me engano tenho um grupo para
treinar no Certamina. Com licença. – E saiu dali. Corr Sairy então passou pela porta que o
levava para a área externa do Galaxya, onde encontrou S.E.:

- Não quero causar pavor, mas não estamos sós. – Corr Sairy tomou um susto e olhou a sua
volta, mas não viu nada. – Você não conseguirá vê-los, pois eles estão a quilômetros daqui,
mas temos três formas de vida andando na área externa do Galaxya. – Então Galaxya
explicou:

- Sim, são aspirantes estudando sobre minha supervisão. Tarefa passada por Pum Riss.

- E como você se sente com isso? – Corr Sairy inquiriu.

- É como ter dommæns novamente. Eles faziam isso, tentavam entender o que eles mesmos
criavam.

- Por falar em dommæns...

- Não, Corr Sairy. – Galaxya já sabia o que Corr Sairy iria propor e foi enfático. – Blulb e
Glulg são deveras atrevidos. Não permitirei que criem um tipo de bar itinerante em meu
interior. – Então Corr Sairy colocou:

- E se eles não fizerem isso? Como bem sabemos aqueles dois não sossegam em um canto
só. Você somente permitirá que eles ancorem a Arca deles na sua área externa, sem ligação
alguma contigo. Será até uma forma de criar um ambiente de descontração, já que, em

162
GALAXYA II

pouco tempo teremos a Confederação Galaxial aqui. – Galaxya não falou nada por um
tempo, então se pronunciou:

- Pensarei nisso. Agora não acha mais adequado ir à Scientia e pedir para K’thryn olhar esse
inchaço sobre seu olho? Sem contar que aquela joelhada deve ter trincado algumas costelas.
– Corr Sairy entrou em S.E. e falou:

- Nada que uns instantes de descanso aqui não curem. E, como sempre, gosto de guardar
as marcas de coisas que me aconteceram. E esta – apontou para o olho inchado – é para me
lembrar de nunca mais contrariar nenhuma das mulheres que eu amo. – Galaxya soou um
riso, bem como S.E. – S.E., já sabe o que fazer. – E o amigo metalizado de Corr Sairy
escureceu a cabine e ativou o sistema hibernário.

S.E. ativou todos seus sistemas internos e despertou Corr Sairy:

- Tem alguém batendo em mim? – Corr Sairy abriu seus olhos e aguardou acostumar-se
com a iluminação, perguntando:

- Quem poderia ser? – S.E. projetou um jovem aspirante no seu interior:

- Stannin, de Kelkzerr. Um dos aspirantes. Tem se saído bem nas aulas com Marcelle. –
Corr Sairy então se levantou e espreguiçou. Se dirigiu a comporta, que S.E. abriu:

- O que você quer, rapaz? – O jovem olhava admirado para o homem careca e negro que se
espreguiçava e bocejava à sua frente, olhando com avidez para o tapa-olho dele. – Vamos
desembucha! – Corr Sairy falou, energicamente e, com a voz trêmula, Stannin disse:

- Senhor. Corr Sairy. Senhor Corr Sairy, a senhorita Marcelle Menken o convoca para uma
Reunião no Testimonii, senhor. – Corr Sairy pareceu não entender:

- Por que você não me chamou? – Stannin não entendia com quem Corr Sairy falava, pois
não podia ver a pequena esfera sobre o ombro de Corr Sairy, mas pode ouvir a voz que saía
dela:

- Dei a liberdade de Marcelle fazer as próprias convocações. Ela tentou se comunicar com
S.E. para avisá-lo, mas ambos estão descansando. Falei para ela que poderia te chamar,
mas ela preferiu enviar o jovem Stannin de Kelkzerr para a missão, pois é mais um que te
admira – Corr Sairy olhou para o rapaz que esperava sua resposta e disse:

- Avise-a que estou indo, Stannin. Obrigado. – Quando o rapaz saiu correndo, Corr Sairy se
voltou para Galaxya:

- As coisas mudaram mesmo por aqui! – E Galaxya respondeu:

- Sei que prefere as coisas de uma forma mais imediata, mas Marcelle Menken e os demais
concordaram em me permitir mais descanso. Acredito que eles creem que eu me canso.
Acho louvável pensarem em mim assim, mas eu sou quem eu sou. Só que, por consideração
por isso, permiti que agissem assim. – Corr Sairy colocou seu casaco, saiu do S.E. e entrou
no Galaxya. À medida que caminhava para o Testimonii, passou por vários aspirantes que
paravam para olhá-lo com admiração. Assim que entrou para a reunião, todos já estavam
lá. Seu lugar fora colocado ao lado de H-Glorr e Antares, bem distante de Luannia e suas
filhas. Então Synn Tharra iniciou a reunião:

- Bem, antes de qualquer coisa, eu quero agradecer ao retorno de Corr Sairy, Antares e
Luannia. Sei que os três passaram por percalços, mas é bom ter todos juntos, novamente.
Antes de iniciar as pautas, - Synn Tharra se direcionou a Corr Sairy – por que não
conseguimos nos comunicar com você e S.E.?

163
Andre luz

- Eu e S.E. passamos quase cinco k-rarrs viajando no espaço, em uma missão cansativa,
procurando alguém que não queria ser encontrado. Esse foi o segundo descanso que dei a
ele, em todo esse período, por isso ele estava totalmente desativado. Não sabíamos da nova
dinâmica, senão teríamos deixado, pelo menos, a comunicação ativa. – Corr Sairy
respondeu, enfaticamente, e Synn Tharra compreendeu, seguindo:

- Está bem. Como perceberam, estamos com nossos aspirantes espalhados por todos os
cantos do Galaxya, interna e externamente. Nós temos feito uso do mesmo esquema de
estudos que foram utilizados com Gene e o Azevedo, ou seja, todos aprendem tudo na
primeira etapa de treinamento. Depois os separamos por interesses. Cada grupo vai receber
treinamento mais específico na área que lhes interessar, mas sem deixar o treinamento de
campo de lado. Pum Riss assumiu a diplomacia e a arquivologia, mas com seu retorno
Antares, poderá assumir a diplomacia. – Antares acenou em afirmação com a cabeça –
Luannia, antes de sua partida mais que necessária, além do treinamento em combate,
também assumira a estratégia em campo. Como ela precisou partir, passamos o
treinamento em combate para Synn Tharra, que vinha se saindo melhor no treinamento, e a
estratégia ficou com K’thryn Swiss. Com o retorno dela espero que possamos reassumir o
treinamento em combate e, você, Corr Sairy...

- Não! – Corr Sairy interrompeu Synn Tharra, que se surpreendeu. – Deixe Luannia com a
estratégia em campo. Eu ajudarei no que for preciso, mas não quero assumir essa
responsabilidade. – Ninguém entendeu o posicionamento de Corr Sairy, então Synn Tharra
questionou:

- Mas o que você fará, então? – E ele respondeu, passivamente:

- O que vim fazer quando decidi encontrar o Galaxya, nada. – Todos pareciam assoberbados
com a resposta, com exceção de Luannia e antares, e Corr Sairy continuou. – Olha,
entendam, eu sei que as coisas mudaram desde que eu queria encontrar o Galaxya para cá.
Tivemos idas e vindas de pessoas que marcaram nossa trajetória. Mas o Galaxya era a
minha aposentadoria. Era o momento que eu não precisaria mais olhar para trás e ver tudo
que fiz ou deixei de fazer.

“Eu tinha a intenção inicial de encontra-lo e depois tentar convencer Luannia a vir comigo,
mas então recebi a missão de resgatar Aryannin de um sequestro e encontrei você, Marcelle.
Daí fui preso, julgado e condenado. Orquestrei com S.E. a fuga que levaria comigo somente
Estrelinha, mas embarcaram Antares, Aryannin e Kotharyn. Encontramos o Galaxya e
percorremos muitas coisas juntos, e até mesmo reencontramos Synn Tharra. E quando eu
pude trazer Luannia de volta a minha vida, o Galaxya já havia virado um local de visitas
constantes de planetas-membros da Confederação Galaxial.

“Não podia mudar isso, pois a decisão não era somente minha. Então aceitei de boa, mas
minha intenção ainda era a simples aposentadoria. Só que, por eu ainda ser, na época, um
crisyeno, me foi incumbida a missão de encontrar e marcar Domminon. Passei um longo
tempo nisso. Um grande amigo foi assassinado e não pude nem ir ao enterro dele, muito
menos ajudar a pegar os assassinos, sem contar que, nesse meio tempo, a pessoa que eu
amo perdeu a confiança em mim. Então, eu não quero missões, eu não quero ensinar nada.
Ajudarei, sempre que precisarem e participarei das decisões se assim desejarem, mas eu
peço, de coração, que me permitam descansar”. – Corr Sairy encerrou a sua fala. Luannia
saiu do lugar onde estava e andou, pesadamente, na direção de Corr Sairy. Synn Tharra
tentou segurá-la, mas não conseguiu. Todos temeram que ela fosse bater, novamente, em
Corr Sairy, mas ela se agachou e o beijou nos lábios:

- Eu te amo, seu maldito idiota! – A respiração de alívio foi coletiva. Luannia puxou a
cadeira flutuante de Corr Sairy e o colocou entre ela e Marcelle:

- Bem-vindo de volta ao âmago da nossa família maluca, pai! – Marcelle brincou e ele sorriu.
Synn Tharra então continuou:

164
GALAXYA II

- Está bem. Se precisarem de Corr Sairy para algo, o procurem, no mais, ele está
aposentado.

“Seguindo com as pautas, temos um tempo de sobra para nos organizarmos com a chegada
da Confederação Galaxial. Nós faremos divisões (que já se iniciaram) de níveis. Nós
manteremos o nosso nível, que está mais próximo do extremo sul do Galaxya. Ainda temos o
nível dos galaxyens, que foram colocados totalmente no extremo norte, mais próximos do
Habitat. Eles têm três níveis, além do Habitat, para eles. Eles vêm desenvolvendo nossa
alimentação, totalmente orgânica, sem a dissecação de seres vivos. Tudo é feito à base de
hortaliças e leguminosas com sabores que podem surpreender ao mais apurado paladar...”

- Conversei com o Galaxya sobre a vinda da Arca de Glulg e Blulb para cá. – Corr Sairy
interrompeu. – Se o Galaxya concordar, o que todos acham. – A maioria ficou em dúvida,
pois não conheciam os Gêmeos, mas Antares falou:

- Eles poderiam proporcionar entretenimento com sua Arca. Suas bebidas e o ambiente
amplo seria uma forma de distração eficaz. Mas temos um problema com eles, são
extremamente nômades, como você nos explicou no passado, Corr Sairy. – Então Luannia
interviu:

- Quem são Glulg e Blulb? Acho que você já me falou deles. – Corr Sairy se levantou:

- Sim, e contei para você também, Synn. Para aqueles que não sabem, Glulg e Blulb são
dommæns. A raça deles foi que criou o Galaxya no começo de tudo. A forma de interagirem
entre si é complexa, pois soam como ecos, pois eles se comunicam, principalmente, por
telepatia, então quando falam, um complementa o que o outro falou. Quando saímos de
Thrittan, em busca do Galaxya, nossa primeira parada foi na Arca deles, que Antares,
Marcelle, Aryannin e Kotharyn conheceram. Eles proporcionam prazer ao corpo, com
bebidas preparadas especificamente para o que você está sentido, devido a facilidade
sensitiva deles. Além de promover outros tipos de prazeres, que vocês não testemunharam –
Corr Sairy disse, olhando para Marcelle, Kotharyn e Antares –, mas por terem tentado
transformar Galaxya neste bar itinerante deles, Galaxya os repudiou.

“Eles então me pediram que, quando eu encontrasse o Galaxya, os avisassem. Só não fiz,
pois o Galaxya não desejava. Mas, com a vinda da Confederação Galaxial para cá, perguntei,
novamente, ao Galaxya, o que acharia deles ancorarem a Arca deles aqui, sem terem direito
ao uso interno deste, e Galaxya disse...”

- Que eu pensaria no caso. – Galaxya completou. Então Antares replicou o que falara antes:

- Novamente digo, eles poderiam proporcionar o entretenimento e, se permanecerem na Arca


deles, poderão ir e vir quando desejarem, sem intervir em ti, Galaxya. – Então Marcelle
falou, enquanto seu pai se sentava:

- Olha, eu sei que somente quatro nessa sala sabem quem são os Gêmeos, mas eu garanto
que seria interessante. Ainda mais tendo a Confederação Galaxial aqui. E, se o desejo deles
era que você encontrasse o Galaxya para eles, quem sabe não decidam ficar. – Corr Sairy
olhou para a filha e falou:

- Estrelinha, se tem uma coisa que eu sei daqueles dois é que eles são imprevisíveis, por
isso devemos deixar essa decisão para o Galaxya. Segue com a reunião, Synn. – Synn
Tharra então fez o que Corr Sairy lhe pediu:

- Como eu dizia, ganhamos um tempo para a vinda da Confederação e definimos níveis.

“Apesar de vermos os aspirantes aqui, este andar somente servirá de acesso para eles como
local de aprendizado. Temos, no momento, vinte e oito aspirantes, sendo a maioria,
agufalgavianos. H-Glorr e T-Rass”.

165
Andre luz

- Com a abertura proporcionada por H-Kok para que Asas Mescladas e Sem-Asas possam
ingressar em serviços que não os excluam ou vassalagem, podendo ocupar cargos mais
interessantes, como auxiliares de cura e Prædam 118. – Corr Sairy ia falar, mas T-Rass o
cortou:

- Sim, Corr Sairy, sabemos que é ser um Prædam é o nível mais baixo dos bellator 119
agufalgavianos, o que na Terra chamariam de bucha de canhão, mas nem isso eles tiveram.
Eu ainda recebi um treinamento, graças a H-Glorr. Além do tempo que passei na Terra com
os Guerreiros Alados, aprendi bastante, também. Mas estou fugindo do assunto. H-Glorr? –
Ele apontou para que ela continuasse, e T-Rass o fez. – Então, a abertura permitiu muitos
Asas Mescladas e Sem-Asas escolherem o próprio destino e vieram para cá. Temos três Asas
Mescladas e dois Sem-Asas, que usam a prótese semelhante à de H-Glorr. Temos treinados
eles arduamente, mas um dos Sem-Asas preferiu trabalhar com K’thryn. Um Asa Mesclada
vem trabalhando com Ortsac e Kotharyn. Um Asa Mesclada e Um Sem-Asas estão
trabalhando com Marcelle, sobrando somente uma Asa Mesclada que decidiu seguir pelo
lado mais bellator. Seu nome é T-Pinn. A mesclagem das asas dela são de Asa Cinza com
Asa Branca, sendo a mãe dela uma Asa Branca. Não por ser uma agufalgaviana, mas ela
tem se destacado melhor que muitos outros.

- Daí entramos em outro ponto da pauta, pois queríamos determinar patentes aos nossos
aspirantes. Nada muito significativo, mas mais na intenção de inspirá-los e mostrar-lhes
que estão fazendo um ótimo trabalho. K’thryn?

- Obrigada. Bem, como Synn disse, queríamos dar um cargo de liderança para quem mais
se destaca nas áreas que escolheram, e estes participarão de algumas reuniões. Assim
motivaremos eles a continuar melhorando e se aperfeiçoando. Só que, não seremos nós
quem escolheremos quem ocupará este cargo. Deixaremos para eles fazerem isso. E desses
escolhidos, eles escolheram aquele acima de todos. Mas, tenho que concordar com T-Rass,
se fossemos escolher, eu votaria facilmente em T-Pinn. Ela é atenciosa, demonstra interesse
e se sai bem no ar e em solo, como se nunca tivesse as asas nas costas. É maravilhosa!

- Entendo, mas além dos agufalgavianos, temos mais que planetas e sua quantidade? –
Antares inquiriu e Pum Riss respondeu:

- São cinco agufalgavianos, quatro crisyenos (admirados insanos de Corr). – Todos riram.
Até Antares fez algo que pareceu um sorriso.

- Continue assim, Vermelho. – Corr Sairy o motivou. E Pum Riss prosseguiu:

- Também temos três prismusis (foi uma seleção bem complexa, por sinal), três phællansis,
três bhlokyonssis, três kelkzerrins, três krarrashins, três terranos e um darkyani. – Corr
Sairy se surpreendeu, mas logo Ortsac explicou:

- Eu investiguei o jovem e estou de olho nele, constantemente. Seu nome é Oiluj Ariexiet. É
um órfão. Seu onretap era um rodaruc e sua anretam era uma arodaruc e foram mortos de
formas distintas. Seu onretap fora morto por um osocileb que não gostou de ter sido
cuidado por ele, pois teve um braço amputado, após um Arreug Eugnas. Já a anretam foi
morta por engano.

- Como por engano? – Corr Sairy questionou, temendo a resposta:

- Um osocileb-efehc, quando despertou, ordenou que sua tropa matasse o rodaruc ou a


arodaruc que o trouxeram de volta. Sem saberem quem era, decidiram dizimar todo o
Centro de Cura onde o osocileb-efehc. – Todos fizeram cara de repúdio. – Sim, ainda
continua repugnante, até hoje, essa história. Ele seria um rodaruc, facilmente, mas tentou
evitar isso. Se tornou ocinâcem e estava nisso, quando chegou o chamado. Ele então pediu
permissão para vir, mas Redíl o instruiu para nos espionar, pois éramos inimigos,

118
Prædam = Rapinas
119
Bellator = guerreiro

166
GALAXYA II

principalmente eu, que sou um desonrado. – K’thryn acariciou as costas do parceiro,


sentindo o que ele sentia. – Mas assim que chegou, escaneamos o Oiluj Ariexiet. K’thryn
trocou o chip neural dele e ele tem trabalhado com Pum Riss e Synn Tharra, demonstrando
ser um afinco abircse. Mas qualquer comunicação dele, Galaxya me passará, como
monitoramento.

- E quantos comunicados ele fez desde que chegou? – Corr Sairy inquiriu.

- Nenhum! – Ortsac colocou. – Tem havido tentativas de chamadas de Darkyan para ele,
mas Oiluj ignora todas. Acredito que se sinta feliz aqui. – Então Marcelle retomou a fala:

- Com isso, estamos totalmente nos preparando para recebermos a Confederação Galaxial.
Uma outra coisa que foi trabalhada, por Pum Riss e Synn Tharra, tem sido as regras que a
Confederação Galaxial deverá seguir. Pum Riss?

- Abrirei a fala para Synn Tharra, que creio querer falar mais uma coisa. – Pum Riss sorriu
para Synn Tharra, que se levantou:

- Não me defino por um gênero ou um pronome ou um artigo. – Synn Tharra olhou para
Corr Sairy esperando uma reação. – Você entendeu o que eu disse?

- Sim, e isso não muda o meu respeito e minha admiração por você. Se tinha uma coisa que
eu e sua mãe sabíamos é que você era uma pessoa que admiraríamos sempre. Então,
continuo a te admirar. – Synn Tharra sorriu e continuou:

- Bem, nós pensamos em algo que poderia ser o ponto chave desta regra e definimos com
cláusula primeira que não interferiremos com a Confederação Galaxial e esta não terá
direitos de intervir com nossas decisões em Galaxya. Ou seja, A Confederação Galaxial
estará no Galaxya, mas Galaxya não será a Confederação Galaxial. São coisas distintas
entre si.

“Na segunda cláusula, seguindo a ideia da primeira, a Confederação Galaxial não terá
acesso ao nosso andar, mas como eles estão no Galaxya, não poderão restringir nosso
acesso aos andares que eles tiverem, que serão cinco. – Galaxya fez uma projeção de si
mesmo e, com um gesto, Synn Tharra dividiu os andares, como se dissecasse uma laranja,
puxando e girando cada um, na medida da explicação. – O central será a própria
Confederação Galaxial, com seu Salão de Conferências, um Setor de Celas (sim, ficará no
mesmo andar), os gabinetes de cada membro da Confederação Galaxial, com as mesmas
características de nossos alojamentos. No andar acima, ficaram os alojamentos dos
Confederados, do Confederado-mor, seus suplentes, o representante-chefe e seus
representantes. No andar acima deles, estarão os alojamentos para os governantes de cada
planeta-membro bem como para suas comitivas. No primeiro andar abaixo, ficaram as
divisões da Confederação Galaxial que se encontram em Crisyen e Thrarkus, que são os
setores de Comércio e Ciência, respectivamente. Neste andar, poderão continuar as
negociações como ocorrem nos planetas citados. No segundo andar será o hangar da
Confederação Galaxial, onde as naves circularão.

“Como teremos acesso, além de galaxyins, disponibilizados pelo Galaxya, o Chefe dos
engenheiros estará ajudando o Galaxya nos cuidados e manobras de cada uma das naves
que pousarem ou levantar voo. Ele coordenará tudo e, sempre que precisar, poderá chamar
Kotharyn e Ortsac.

“Na terceira cláusula, a Confederação Galaxial dará total liberdade para que possamos
auxiliar planetas-membros da Confederação Galaxial, mesmo que não integramos a
Confederação Galaxial. Sabemos que isso pode ferir a um dos artigos da Lei da
Confederação Galaxial, mas isso permitirá que trabalhemos de forma mais acertada com
eles. Além do que, nossa Ducem Galaxya praesul 120 (sim, já considero T-Pinn nesse cargo) –

120
ducem Galaxya praesul = Líder dos Protetores do Galaxya

167
Andre luz

todo riram – cuidará para que seus comandados estejam sempre alertas para qualquer coisa
que a Confederação precisar.

“Na quarta cláusula, seguimos a ideia da anterior sobre vigilância. Galaxya tudo vê e tudo
sabe. Sabemos de sua onipresença e onisciência aqui e, com isso, nos será permitido ver e
vigiar tudo. A Ducem Galaxya praesul colocará, em sistema de escala, alguém para
monitorar a vigilância, que deverá lhe passar um relatório constante, quando terminar seu
período. Mas, mesmo assim, Galaxya, também nos ajudará com isso, ele mesmo
monitorando, já que podemos ser falhos neste ponto.

“Na cláusula quinta, a pessoa que for escolhida como Chefe Científico, assumirá este setor
na Confederação Galaxial. Com isso, nenhum Confederado terá direito ou permissão de
interferir”.

- Esta cláusula ficou bem clara para quem será direcionada. – Disse Antares e Synn Tharra
sorriu, continuando:

- Na sexta cláusula, a Confederação Galaxial permitirá que um dos nossos participem das
reuniões, assembleias e julgamentos que façam. Não será necessário que participemos das
decisões, mas como uma testemunha. Galaxya achou mais acertado que, mesmo que
estejamos de olho, não saibamos o que falam e isso ficou bem claro na cláusula quarta.
Achamos justos e, por isso, achamos que uma testemunha das reuniões, assembleias e
julgamentos seria correto, também. E, nesse caso, pensamos em você Antares. – Antares
não expressou emoções, dizendo:

- Por que eu? – E Synn Tharra disse:

- Porque você conhece melhor que qualquer um de nós o ambiente da Confederação. Sem
contar que, eles o veem como nosso líder e têm respeito por você. Além do que, eu sou
apenas uma coordenadora, não uma intrépida líder. – Antares ia falar algo, mas Synn
Tharra continuou. – Desculpa Antares, mas já está terminando.

“Na cláusula sexta, continuaremos aceitando e recrutando seres dos planetas-membros da


Confederação Galaxial, na medida que eles desejarem. Não aceitaremos escolhas da
Confederação Galaxial. Eles poderão usar seus representantes para trabalhos deles, mas
para cuidar do Galaxya, serão nossas escolhas que precederam.

“Na cláusula sétima, que é voltada para nossos dux 121, também e, à ducem122, a escolha dos
dux e da ducem ocorrerão de cinco em cinco k-rarrs. Caso a Confederação Galaxial esteja
insatisfeita com algum dux ou com a ducem (não adianta, não consigo ver outra que não
seja T-Pinn), deverá se dirigir a nós por projeção, já que estão restringidos a acessarem
nossos andares.

“São somente essas setes cláusulas que passaremos para a Confederação Galaxial. O que
vocês acham?” – Synn Tharra finalizou e Antares falou:

- Não tenho nada contra nenhuma das regras estipuladas, por mim podem passar. – E Corr
Sairy foi mais simples:

- Manda ver. – Antares então continuou:

- Agradeço a vós pela confiança que depositam em mim, colocando-me como líder. Mas
precisa ficar claro algo. Somente serei um líder nos andares da Confederação Galaxial. Não
desejo e nem espero ser responsável por comandar nada e nem ninguém. Como Corr Sairy
já pré determinou-se uma aposentadoria, precisarei de alguém para me dar suporte...

121
Dux = chefe
122
Ducem = líder

168
GALAXYA II

- Marcelle é a ideal! Você deveria escolher Marcelle! Eu acredito que Celle seja a pessoa
certa! – Todos falaram, quase em uníssono. Então Antares se virou para ela e pediu:

- Marcelle Menken, você me daria essa honra? – Meio emocionada com isso, Marcelle
concordou com a cabeça. – Então está decidido. Mas, como eu disse, somente
comandaremos nosso grupo nos andares da Confederação Galaxial. Nesses dois andares
que nos pertencem, seremos como estamos sendo agora. Decidiremos tudo de forma que
todos concordem. Não acho correto mudarmos isso e tornar as coisas unilaterais e, sempre
valendo como palavra final de quem mais importa, Galaxya. – Corr Sairy começou dando
soquinhos na lateral da mesa em concordância e, aprovando o gesto, todos fizeram o
mesmo. – Se esta reunião está encerrada, eu somente teria mais uma pergunta, quem são
Jonas e Phællans. – E Corr Sairy gritou, de seu lugar:

- Aleluia! – Terminou assuntando Luannia, que lhe socou o braço. Então, sorrindo, K’thryn
os levou até o Scientia e, assim que chegaram na ala que havia sido destinada para Bavan
Sheys, viram os dois tubos sendo monitorados por dois jovens:

- Wuthann Brakk. Christina Assis. – K’thryn chamou os dois. – Como estão nossos garotos.
– Christina disse:

- Estão ótimos, Iatrévo123.

- Conseguimos reduzir um pouco mais o desenvolvimento do Jonas, Iatrévo. – Concluiu


Wuthann.

- Muito obrigada. Por favor, nos deixem sós. – E os aspirantes saíram para outro lugar do
Scientia. Então K’thryn começou. – Estes são Jonas e Phællans. – Disse apontando para o
que tinha aparência de terrano e para o de aparência phællansi. – Os nomes vieram de
Jacqueline Dévero e Ubukhosi Li Kkan, respectivamente.

- Jackie? Por que não Gene? – Corr Sairy inquiriu.

- Gene sentiu com se tivesse sofrido uma violência. Sentiu algum tipo de repugnância, mas
agora já tenta saber mais sobre ambos e venho passando seus desenvolvimentos a ela.
Jacqueline conseguiu convencê-la do contrário e foi ela quem preferiu nomeá-lo Jonas, pois
no passado, Jacob Dévero teve um filho com esse nome.

- E quanto a Phællans? Por que Ubukhosi Li Kkan escolheu este nome? – Questionou
Antares.

- Na verdade, a ideia veio de Ubukhosi Elizabeth. Como Gene, Ubukhosi Li Kkan se sentiu
afrontado e violado. Ele até ergueu um processo contra o Confederado Bavan Sheys por tal
afronta. O cargo de Cientista-chefe da Confederação Galaxial foi-lhe tirado, por conta disso.

- Então aquela regra não será direcionada a ele? – Antares parecia curioso e Synn Tharra
que respondeu:

- Também. Na verdade, será direcionada a qualquer um que vier a tentar intervir no nosso
setor científico e de cura.

- Compreendo. Mas por que o nomearam de Phællans? – Antares perguntou.

- Por causa de sua pelagem incomum. Já o vimos tomar vários tons de pelagem, mas
escura, tons pastéis, tons mais quentes e tons mais frios. Totalmente diferente. Contamos
isso para Ababusi124 Li Kkan e Elizabeth e ela lembrou da história de Phællans, o criador.
Pum Riss nos contou mais, falando que Phællans podia tomar a forma que desejasse, assim

123
Iatrévo (Ιατρéβο) = Médica
124
Ababusi = Governantes

169
Andre luz

tornou os seres de seu planeta mais sábios e iguais a ele, caminhando de forma ereta. Ele
lhes ensinou a falar, a cultivar, a viver em harmonia com as outras espécies e a lutar.
Phællans viveu (numa contagem atual) três mil k-rarrs, até que todos os povos que ele
ensinou vivessem em total cumplicidade. Infelizmente, três mil k-rarrs depois, Domminon
viria a destruir seu sistema estelar, mas com tudo que os phællansis aprenderam com
Phællans, eles levaram para seu novo planeta. – K’thryn explicou.

- Eu conhecia essa história e acho maravilhosa. – Corr Sairy argumentou e olhou para Pum
Riss, abraçando-a e beijando sua testa. – Mostra o quanto os phællansis são perseverantes,
sábios, determinados, altruístas e exímios lutadores. Espero que este Phællans seja assim,
também.

- Sim, mas Ubukhosi Li Kkan o quer em Phællans, para ser monitorado por Lyn Xus. Como
percebem o desenvolvimento dele é mais lento do que de Jonas. Se não tivéssemos reduzido
o envelhecimento de Jonas, ele seria um ser bem mais velho. Então desaceleramos seu
envelhecimento com o Soro Amo-Kken, fornecido por Phællans. Mas como é sintético,
Galaxya vem produzindo para ajudar Jonas. Já Phællans...

- Parece ter três k-rarrs. – Corr Sairy completou a fala de K’thryn, que continuou:

- Sim. Mas isso porque eu desacelerei o envelhecimento. Bavan Sheys estava fazendo tudo
errado. – K’thryn olhou no olho de Corr Sairy. – Odeio admitir, mas você estava certo quanto
a ele.

- Desculpa por isso! – Corr Sairy disse, tocando o ombro dela. – Bem, o que esperavam para
enviar Phællans para monitoramento de Lyn Xus?

- Vocês dois. – Disse K’thryn. – Assim, já tínhamos decidido, mas acreditei que vocês dois
poderiam ajudar na decisão.

- Acredito ser o correto enviar Phællans à Phællans. – Colocou Antares. – Pareceu


redundante.

- Parece, mas não é, já que o nome se assemelha ao do planeta. – Corr Sairy pontuou. – Se
dependiam disso, pode mandar direto para lá. E quanto Jonas?

- Então. Jacqueline Dévero achou melhor ele ficar aqui até ter idade para decidir aonde
deseja ir. – K’thryn respondeu Antares, que questionou, novamente:

- E quando seria isso? – Corr Sairy então esclareceu:

- Na Terra, na época de Synn Tharra, dezoito anos já é considerado adulto. Mas isso pode
ter mudado.

- Quantos anos (é isso?) você acredita que tenha? – Antares inquiriu.

- Coloquemos em k-rarrs. Aparenta estar com dez k-rarrs. – Corr Sairy colocou. Então
Antares se dirigiu a K’thryn:

- Isso foi em quanto tempo, Iatrévo K’thryn Swiss?

- Bem (voltamos aos títulos), quando descobrimos, ele parecia ter um ou dois rarrs. Creio
que foram três k-rarrs ele aparenta ter dez. – Então Antares disse:

- Os títulos se fazem necessários por questão de respeito. Mas, concluindo, em 1.2 k-rarrs
ele devera aparentar algo próximo de doze k-rarrs. Sendo assim, peço que o retire daí e me
permita ser seu tutor. – Todos se surpreenderam, mas foi Marcelle que falou:

170
GALAXYA II

- Tem certeza que deseja essa responsabilidade, Antares? Em menos tempo, a Confederação
Galaxial estará aqui e teremos muitas adversidades, pois eles pretendem realizar a próxima
escolha de Confederado-mor aqui.

- Acredito que, mesmo sendo o tutor de Jonas, poderei contar com vossas ajudas. – Todos
pareciam espantados, com exceção de Corr Sairy que logo colocou:

- Bem, eu tô aposentado, então pode contar comigo. – Em seguida, Luannia que disse:

- Eu também posso ajudar. – Depois foi Synn Tharra:

- Entra uma coisa e outra, auxiliarei com prazer. – E todos foram concordando. Ao fim,
Antares disse:

- Me sinto extremamente bem com isso. Acredito que sejas necessário seguirmos com
nossos afazeres. – E todos seguiram para seus setores, para orientar seus aspirantes.

Corr Sairy ia saindo para o exterior de Galaxya, quando Luannia surgiu:

- Podemos conversar? – Ele apontou para ela a porta e assim se viram no exterior, no
instante que um rapaz passava:

- Ei, olha por onde anda... Sr. Corr Sairy. Srta. Luannia. – O rapaz estava abismado e
envergonhado. – Me desculpem, sou Akeem Maput, da Terra. Estou fazendo uns estudos
para...

- Eu sei quem é, Akeem. Espero que tenha deixado a impertinência de lado e esteja tratando
melhor seus colegas. – Disse Luannia, enérgica, fazendo o rapaz se sentir intimidado:

- Sim, senhorita.

- Ótimo. – Corr Sairy foi mais rápido. – Agora veja se examina outro lugar. De preferência a
dez quilômetros daqui. – O rapaz entendeu a direta e somente disse:

- Senhor, sim, senhor. – E saiu dali apressadamente. – Então Corr Sairy e Luannia
entraram em S.E. Quando ele ia beijá-la, ela desviou:

- Antes temos de conversar. – Corr Sairy entendeu e se sentou. – Você me abandonou, de


novo. Eu pedi que voltasse. Fiz algo que nunca pensei que faria, implorei. Mas você
continuou com sua missão – Corr Sairy ia falar, mas ela o interrompeu com uma mão. – Eu
sei, K’thryn me disse que ela pediu que você continuasse. Cheguei a ficar nervosa com ela
por isso.

“Hannia lhe disse que lhe entendia por ter continuado, mas eu não. Quais são suas
prioridades, Corr Sairy? Preciso saber disso, agora!”

- Você, Synn e Marcelle e, de rebarba, Pum Riss. – Luannia parecia nervosa. – Não estou
brincando, estou sendo sincero. Luannia, eu não queria aceitar aquela missão, mas eu
tinha que aceitar, pois ainda era crisyeno. Encontrar aquele miserável do Domminon foi a
coisa mais imbecil que eu poderia ter feito, mas precisava fazê-lo. Eu ainda me sinto
culpado, muito, por não estar aqui para te dar suporte. Hommir era um companheiro único.
Excelente amigo, ótimo amante e um guerreiro fenomenal. Perdê-lo me dói ainda. É como se
eu perdesse Skill, que para mim é um irmão que nunca tive.

“Mas agora quero que se coloque em meu lugar, como guerreira. Como alguém que tem um
objetivo a cumprir, uma missão para poder se desvencilhar de amarras infernais. Sim,
infernais. Não tenho nada contra Erregina Tyth Annis. Acho-a uma excelente rainha, mas
desde que foi traída e teve o trono usurpado, ela não confia em macho nenhum, de

171
Andre luz

nenhuma espécie. Não posso discordar dela, mas alguns têm famílias e estas dependem
deles.

“Sinceramente, se eu não tivesse você e as meninas, teria ido sem problemas e ficado dez,
vinte k-rarrs no espaço, perseguindo aquela sombra. Tanto eu quanto S.E. estávamos
loucos para voltarmos e ficar com vocês, mas tínhamos aquela missão.

“Volto a falar, como guerreira, que sei que você é, largaria tudo e voltaria?” – Luannia olhou
para o único olho de Corr Sairy e viu sinceridade vindo dele, então respondeu:

- Não. Teria tempo para lamentar e adorar os mortos, mas a missão vem antes. Mas naquele
momento, sentindo o que minha irmã sentia. Você me entende?

- Não posso dizer que sim, pois nunca senti o que vocês sentem. Mas posso dizer por mim,
que já senti a dor da perda. É como te dilacerassem no meio. Tirassem um pedaço
importante de ti e jogassem ao vento, como pó. Você nunca mais vai ver aquela pessoa,
nunca mais vai poder abraça-la, beijá-la. Brigar com ela e fazer sexo. – Corr Sairy sentia as
lágrimas em seus olhos.

- Está falando de Josiane? A mãe de Synn Tharra? – Luannia lhe questionou e percebeu um
brilho descendo do olho de Corr Sairy:

- Sim. – Ele levantou a cabeça, com olhos marejados. – Na época, perder Josiane e Cynthia
(na época) foi perder meu rumo. Fiquei sem rumo algum até você. É como se eu me
encontrasse novamente com você. E as coisas somente melhoraram depois que eu te
conheci, pois Marcelle reapareceu na minha vida. Synn Tharra está de volta. Meu único
desvio, sem sentido, foi aquela missão, que finalizou. Ao enviar aquela mensagem para
Erregina Tyth Annis foi como me desfazer de amarras e me colocar livre, novamente, para
seguir com minha vida, ao seu lado e das meninas...

- Com Pum Riss de rebarba. – Luannia brincou, tocando o rosto cor de chocolate de Corr
Sairy e limpando suas lágrimas. – Sabe o que devemos fazer, deixarmos o passado para trás
e seguirmos em frente. – Eles se abraçaram e beijaram. S.E. trouxe-lhe o assento conjunto e
os dois ficaram ali, deitados, juntos.

O tempo que se passou para a chegada da Confederação Galaxial, o pessoal no Galaxya,


receberam três comunicações. A primeira foi da Erregina Tyth Annis que chamou Corr Sairy
pelo S.E., mas este transmitiu para o interior do Galaxya, com testemunho de todos:

- Eu desejava falar somente contigo, Corr Sairy. – Disse Tyth Annis, vendo que Corr Sairy
estava cercado por todos seus colegas, principalmente Luannia, Synn Tharra e Marcelle:

- Então, Erregina Tyth Annis, como eu ia falar para eles o que conversamos, poupei tempo e
permiti que todos vissem. Pode deixar, eles não intervirão. – Corr Sairy afirmou, e Tyth
Annis falou:

- Então desistes de ser um crisyeno, abandonas vossa Erregina a própria sorte pelo o quê?
Uma vida com uma parricida, uma órfã e uma renascida. – Corr Sairy já havia conversado
com todos sobre essa chamada de Tyth Annis e que ela tentaria atingi-lo, de alguma forma.
Então, mesmo que a ira tomasse contas das citadas, elas não se pronunciaram e Corr Sairy
respondeu:

- Na verdade, sim. A parricida é o retorno de algo que eu tivera de passagem ao longo dos k-
rarrs, o amor. A órfã é a pessoa mais doce e amável que eu conheço e, como minha afilhada,
tornou-se minha filha. Já quem renasceu, é fruto meu com meu antigo amor e tudo que eu
queria em um ser terrano. Então, novamente, sim. Ser um galaxyen, como minha prole e
meu amigo, Antares, me permitirá ter a liberdade que desejo e que, infelizmente, não teria
como crisyeno. Mas, sem rancores, espero ainda poder usar o nome que me deu. – O

172
GALAXYA II

semblante de Tyth Annis não refletia rancor, mas também não representava concordância.
Então ela disse:

- Compreendo. Sabes que tenho tido dificuldades para ter confiança em seres machos. Acho
todos ardilosos, depois do que me ocorrera. Acredito ter de começar olhar com outros olhos
os seres machos. Não dou atenção ao que Rann Majh tem a dizer, pois temo sua traição,
mas quando paro para refletir, os conselhos deles são justos e corretos, como eu esperaria
de alguém. Acredito que minha autoridade esteja sendo extrapolada, de alguma forma.
Tentarei melhorar. A ti, Corr Sairy, sou grata por esta última missão. Peço escusas se ofendi
a vossa companheira e vossa prole. Desejo-lhe muita felicidade no que virá e poderás
permanecer com o nome que lhe déramos. A sua filha pediu-me para poder usar um nome...

- Desculpa, Erregina Tyth Annis, mas Synn Tharra não se define por um gênero. – Corr
Sairy interrompeu.

- Perdoe-me novamente. Então a pessoa que faz parte de vossa prole, pediu-me para usar
um nome, é lhe concedi o direito. Daí veio Synn Tharra. Agora, digo-lhe veementemente,
Corr Sairy, se precisares de asilo, nunca mais nos procure. – E Tyth Annis finalizou a
transmissão.

- Até que foi tranquilo! – Corr Sairy brincou e Synn Tharra lhe socou o braço. – Ai. Por que
fez isso, eu não lhe defendi?

- É minha forma de chamar sua atenção, Corr – Disse Synn Tharra. – Só quero agradecer-
lhe.

- De nada.

A segunda transmissão, veio quando se completaram os cinco k-rarrs de Antares e o


Confederado-mor Stahirr se comunicou com o Galaxya:

- Antares, vejo que já se encontra no Galaxya?

- Exatamente, Confederado-mor Stahirr. Corr Sairy providenciou meu resgate na cadeia de


meteoros.

- E isso ocorreu no prazo correto? Pois no arr anterior completou-se o tempo vigente de
exílio.

- Não, Confederado-mor Stahirr, Corr Sairy me retirou antes do tempo correto. Na verdade,
ainda faltava um k-rarr completo para eu sair do exílio. Passei este auxiliando no Galaxya
para a vinda da Confederação Galaxial para cá. Não fora nada comunicado com
antecedência, pois deveríamos aguardar o término para a vinda da Confederação Galaxial.
Estamos totalmente aptos para a vinda em sua total extensão. Esperamos que tenham
compreendido as regras. – Como Antares, Stahirr não se expressava muito, mas disse (e sua
voz soou suas emoções):

- Acho uma grande afronta aquelas regras. Vocês poderão ter acesso a todo o Galaxya, mas
nós, praticamente, somente teremos acesso aos patamares da Confederação Galaxial. Achou
isso mesmo justo?

- Confederado-mor Stahirr, não era nem para nós estarmos aqui. Se não fosse por Corr
Sairy de Galaxya (acredito já terem ciência disso), nenhum de nós teria conhecimento do
Galaxya. Galaxya e Corr Sairy estão abrindo mão da privacidade que poderiam ter com
Luannia de Kelkzerr/Desharr, Marcelle Menken e Synn Tharra de Galaxya para aceitarem a
nós e a vocês. Deveria até ser repensada a vinda da Confederação Galaxial, devido as ações
do Confederado Bavan Sheys de Callyns aqui, mas ainda assim o Galaxya aceitou e vocês
virão, mas, lógico, se concordarem com nossas regras. Sei que antes precisa discutir com os
demais confederados. Então, aguardamos o contato. – E Antares encerrou a projeção:

173
Andre luz

- Você desligou a projeção antes do Confederado-mor Stahirr falar algo? – Corr Sairy estava
admirado. – Sério, estou estarrecido.

- Não havia o que falar mais. O Confederado-mor Stahirr necessita discutir com os
confederados da Confederação Galaxial para verificar se estes concordam com as regras.
Somente após isso teremos algo a falar mais.

A terceira transmissão não demorou muito para ocorrer, e foi feita pelo suplente do
Confederado-mor, Confederado Goliath Hitarr:

- Estou como Confederado-mor interino, pois deu-se o término do tempo do Confederado


Stahirr de Thrittan à frente da Confederação Galaxial. Em nossa última assembleia, o
Confederado Stahirr renunciou ao cargo de Confederado de Thrittan passando-o para a
Diplomata-chefe Sharan de Thrittan. Também, nesta Assembleia, antes de Stahirr privar-se
do cargo de Confederado-mor e de Confederado de Thrittan, decidimos não objetar as regras
determinadas pelos membros do Galaxya.

- Muito me surpreende o Confederado Stahirr de Thrittan abrir mão de seu lugar na


Confederação Galaxial, Confederado-mor Interino Goliath Hitarr. Mas espero que ele tenha
uma vida privada tão digna quanto a que teve durante seu tempo como Confederado de
Thrittan e Confederado-mor da Confederação Galaxial.

“Estamos em visita ao sistema K-Rarr, pois precisávamos entregar um dos experimentos do


Confederado Bavan Sheys, estabilizado pela Iatrévo K’thryn Swiss, ao usosayensi
omkhulu125 de Phællans, Lyn Xus. Estão em visita ao planeta nossa astrônoma Marcelle
Menken, nossa umtapo wolwazi126 Pum Riss, a pessoa responsável por organizar o Galaxya,
Synn Tharra, Corr Sairy e nossa istruttore127 Luannia de Kelkzerr/Desharr. Assim que
tivermos o retorno deles ao nosso âmbito, nos transferiremos para o sistema Vertus e a
Confederação Galaxial poderá iniciar vossa imigração para o Galaxya”.

Ao terminar a transmissão, Antares tratou de logo comunicar os que estavam em Phællans,


e também Kotharyn que visitava Krarrash II. Quando as satisphæras retornaram, já traziam
a comitiva de Phællans e de Krarrash II, que logo aportaram, pela primeira vez, no hangar
da Confederação Galaxial. Dois aspirantes foram indicados por Synn Tharra para conduzir
os dois grupos aos seus aposentos por um Tuboelevador prontos para isso:

- Então não teremos mais acesso ao andar que vocês se encontram? – Li Kkan questionou e
Synn Tharra respondeu:

- Não mais, Ubukhosi Li Kkan, mas sempre que desejar falar conosco, é só requerer que o
Galaxya nos avisará e estaremos aqui ou conversaremos por projeção. Torço que aprecie
seus aposentos. – E era impossível não apreciar, já que cada aposento dava um toque da
morada de cada um, em reconstruções autênticas.

Logo o Galaxya se transferiu para o sistema Vertus e a imigração da Confederação Galaxial


começou. Corr Sairy foi o único que não se preocupou muito com isso, mas não deixou de
observar o que ocorria no Collocutio128:

- Você vai passar quanto tempo aqui? – A personificação de S.E. lhe inquiriu. – Por que não
os ajudar?

- Você quer fazer isso? – Corr Sairy contra-argumentou. – Eu não vim para o Galaxya para
isso – disse, apontando para os vinte e oito aspirantes, mas galaxyins e os membros do
Galaxya atarefados em ajudar na instalação da Confederação –, na verdade, se bem me
lembro fui contra. Mas a decisão não era minha, era do Galaxya. Então aceitei de boa. Mas
125
usosayensi omkhulu = cientista-mor
126
umtapo wolwazi = bibliotecária
127
Istruttore = instrutora
128
Collocutio = sala de comunicação e vigilância do Galaxya

174
GALAXYA II

participar desse mafuá? Tô longe! Fico por aqui mesmo, observando. – Corr Sairy proferiu e
completou. – Mas se desejar ajudar, fique à vontade, S.E. – Não demorou muito e S.E. saiu
pela posta do Collocutio e subiu pelo Tuboelevador para ajudar no que pudesse, enquanto
Corr Sairy observava.

Foram 1.3 Rarrs para organizarem tudo, contando com o auxílio, até, dos representantes
dos planetas-membros:

- Eu poderia ter feito tudo em muito menos tempo. – Galaxya concluiu à Corr Sairy que
ainda observava o andar do interior do Collocutio. – Mas preferiram do modo mais difícil.

- Às vezes o modo mais difícil é o mais instrutivo, Galaxya. – Disse Corr Sairy que saía do
Collocutio e ia na direção da porta que o levava para o exterior. – Mas observando a isso
tudo, observei que serão necessários mais aspirantes. – Assim que entrou no S.E., pediu. –
Tem a lista dos novos pré-selecionados? – E Galaxya projetou a lista com mais de sessenta
nomes:

- Fiz uma apuração sobre cada nome e suas ligações paternas, maternas, com governos
estadistas e totalitaristas. – E a lista diminuiu para trinta e seis. – Pensando na
possibilidade de Erregina Tyth Annis não permitir a vinda de mais nenhum crisyeno. – A
lista caiu para vinte e sete.

- Assim que todos estiverem descansados. – O diminuto S.E. entrava no seu interior, e Corr
Sairy completava. – Até mesmo essa figura aí, convoque-os para uma reunião. Ah, você
também tem a lista de candidatos a Confederado-mor?

- Pra que você precisa disso? – S.E. questionou. – E o que está fazendo com essa lista de
aspirantes?

- Faz o seguinte, descansa e depois conversamos mais. – Corr Sairy saiu do interior do seu
parceiro, que se desligou todo e fechou a comporta. Então Galaxya projetou os nomes dos
candidatos através da esfera que pairava pelo ombro de Corr Sairy:

- Estes são os nomes? – Corr Sairy sorriu e disse:

- Vamos levar à reunião, também.

Instantes depois, todos se reuniam no Testimonii, a pedido de Corr Sairy, com os


semblantes ainda exausto, com exceção de Antares:

- Você não cansa, não é, Vermelho? – Corr Sairy questionou e Antares respondeu:

- A exaustão de meu corpo não se expressa no meu semblante, mas sim, estou esgotado,
mas me recuperando. Você observou-nos?

- O tempo todo. – Corr Sairy ressaltou. – Foram 1.3 Rarrs. Sinceramente, eu não suportaria
tanto tempo. – Synn Tharra ia falar, mas Corr Sairy interpôs. – Sim, vocês fizeram
momentos esparsados de descanso, mas mesmo assim foram 1.3 Rarrs.

- E ainda contamos com a ajuda de alguns representantes de planetas-membros. Se


ficássemos somente nós, a Confederação teria somente a eleição do novo Confederado-mor
no próximo k-rarr. – Concluiu Synn Tharra, e Corr Sairy completou:

- Sim, Synn, por isso eu trouxe a lista de novos aspirantes. – E Galaxya projetou os vinte e
sete novos que são propensos a serem incluídos. – Mas se Erregina Tyth Annis permitir os
jovens crisyenos, também. – E Galaxya incluiu os nomes, ampliando para trinta e seis. –
Então Marcelle falou:

175
Andre luz

- Se tivéssemos mais trinta e seis aspirantes, seria maravilhoso, mas não sei se temos
condição de dar treinamento para tantos, ainda mais com a Confederação Galaxial aqui. –
Então Corr Sairy completou:

- Ei sei, Estrelinha, por isso eu abriria mão de minha aposentadoria para ajuda-los com
isso. – Todos o olharam admirados. – Tá, eu sei que não queria participar disso, ainda mais
depois de ver a lista de concorrentes ao cargo de Confederado-mor. – E uma nova lista
surgiu, com destaque para Odared Efnoc, Victor Cambasi e Bavan Sheys e foi a vez de
Antares se pronunciar:

- Sabes que esta lista é secreta? – Corr Sairy demonstrou surpresa. – Vai me dizer que não
tinha ciência disso?

- Sinceramente, sim. Não existe nada escrito nos artigos da Lei da Confederação Galaxial
sobre isso. Requiri ao Galaxya e ele me forneceu. Você tinha ciência disso, Galaxya?

- Sim. – Corr Sairy se surpreendeu novamente. – É um trâmite interno na Confederação


Galaxial, mas como não existe nada que conste nos artigos da Confederação Galaxial, não vi
motivos para não a passar para ti. – Todos sorriram, com exceção de Antares, mas Corr
Sairy continuou:

- Bem, com autorização ou não, já sabemos quem concorrerá a Confederado-mor. Uma lista
de seus com esses três nomes que dei destaque.

- Sinceramente, você acredita que algum destes tem alguma chance? – Inquiriu K’thryn
Swiss, mas foi Antares que se pronunciou:

- Já que estamos divulgando isso. – Disse, apontando para a lista. – Bavan Sheys e Odared
Efnoc sempre concorrem. As novidades são o Confederado Victor Cambasi da Terra, o
Confederado Akothyok de Volos VI, o Confederado Pyrakhin de Krarrash II e a Confederada
Pennier de Kelkzerr. – Então Kotharyn disse:

- Por que Aryannin permitiu que Akothyok concorresse a isso? E Pyrakhin é um krarrashin
com pequenas ambições, eu o escolhi para Confederado, pois sabia que trabalharia para
nosso planeta, acima de tudo. – E Luannia completou:

- Isso tá me parecendo nome aleatório. Kotharyn falou algo que eu penso de Pennier. Minha
irmã a escolheu porque sabia que ela seria uma excelente Confederada para Kelkzerr. – Corr
Sairy sorriu e olhou para Antares. – Por que está sorrindo, Amado? – Luannia questionou,
mas foi Antares que respondeu:

- Por que estás correta, Luannia, são nomes aleatórios. A Confederação Galaxial terá como
Confederado-mor Victor Cambasi da Terra. – Todos estavam surpreendidos com aquilo, mas
foi T-Rass quem inquiriu:

- Como sabes disso, Antares? Isso é correto? – E Antares explicou:

- Não. Mas existe a necessidade de uma lista de seis candidatos. Como bem lembrado pelo
Galaxya, isso é parte dos trâmites externo da Confederação Galaxial, que nunca
consideraram em colocar como artigo da Lei, mas todos respeitavam. Nos princípios da
Confederação Galaxial, a lista possuía seis nomes concorrentes de fato, sem eliminações.
Mas com o passar dos tempos, alguns consideravam a concorrência desnecessária, pois
consideravam complexos os compromissos com o seu próprio planeta e com a Confederação
Galaxial. Sendo assim, para manter a lista como era, sempre são incluídos três planetas
aleatórios, que depois recusam a candidatura e mais dois planetas com poucas chances de
concorrência, seja por pouca expressão ou por conta dos problemas que causam, neste caso
Callyns e Darkyan, respectivamente.

176
GALAXYA II

“Dessa forma, o Stahirr de Thrittan manteve-se no cargo por tanto tempo. Novos candidatos
queriam voltar a se candidatar, mas ocorreu a Grande Revolta (me pergunto agora o que
tinha de grande!) onde, em nome da Confederação Galaxial, liderada pelo (então)
Confederado-mor Stahirr, eu retirei a vida de Ikken Bergg de Callyns, além de deter K’rynn
Swiss de Dharkyens, Stahokk de Thrittan e Davith Hitarr de Bhlokyonss. Hoje me pergunto
qual fora o destino deste último...”

- Você se pergunta o que tinha de grande? – K’thryn Swiss, inquiriu, desacreditando. – O


que isso quer dizer, Antares?

- Eu sinto por sua irmã estar presa ainda, K’thryn Swiss, mas não vejo como Grande
Revolta, pois eram quatro membros de planetas que fazem parte da Confederação Galaxial,
falando a outros planetas do Sistema Vertus. O alcance deles era pequeno para ser
chamada de Grande Revolta. É grandificar algo que quatro renegados somente desejavam. –
K’thryn não pareceu satisfeita com a resposta, mas não questionou mais. Então Corr Sairy
voltou à pauta:

- Bem, não sei como a conversa chegou à Grande Revolta, mas vamos voltar ao que
interessa. Como eu disse, vou ajuda-los no treinamento dos novos aspirantes, mas também
acho que, os dux e a ducem (não conheço essa T-Pinn, mas se Synn acha que ela merece),
devem auxiliar, também. Já que eles serão os melhores de seus grupos. – Synn Tharra
então concluiu:

- Está certo, entrarei em contato com a Erregina Tyth Annis antes, para saber dela se nos
permite chamar mais jovens crisyenos para integrarem o nosso grupo. Se ela não permitir,
considerarei o número menor. Estou feliz por você decidir ajudar, Corr! – Corr Sairy sorriu
para Synn Tharra:

- Bem, esse era o objetivo da pauta. Com muita tristeza de saber que o próximo
Confederado-mor será Victor Cambasi, encerro a reunião, a não ser que alguém tenha mais
alguma coisa para dizer. – Corr Sairy olhou especificamente para K’thryn, que ainda
aparentava aborrecida com Antares. – Não? Estão voltem para seus afazeres. Qualquer
coisa, tô no S.E. – E todos se retiraram. Naquele momento, Aryannin aparecida no andar
dele:

- Megami129 Aryannin, que prazer revê-la! – Disse Antares. – O que a traz até nós?

- Bem, ainda tenho acesso a este andar. Galaxya me permitiu vir até vocês para vê-los. A
Confederação Galaxial está impressionada como vocês estão bem organizados. Os jovens no
hangar não cessam as atividades, intercalando com os galaxyins, que trabalham
incansavelmente. Cada planeta que chega com sua comitiva se impressiona com o ambiente
que veem ao entrar eu seu alojamento, pois se sentem em casa. Eu queria trazer-lhes essa
visão e falar com meu amigo Kotharyn. – Kotharyn chegou mais à frente:

- É um prazer revê-la novamente, Aryannin. – Esta levitou para abraçar o grande


krarrashin:

- O que estão aprontando? – Foi Marcelle quem falou:

- Escolhendo mais aspirantes, que ficarão por conta de Synn, que está cuidando de toda
essa organização. Synn assumiu essa missão, por conta própria. – Então se voltou à Corr
Sairy, mas ele já desaparecera. – E Corr Sairy, que já foi para a área externa, disse que nos
ajudará no que precisarmos.

- Sim, percebi a ausência do pai de vocês na chegada da Confederação Galaxial. – Então


Aryannin se voltou para Synn Tharra. – E parabéns, Synn Tharra.

129
Megami (女神) = deusa

177
Andre luz

- Nosso pai disse que está aposentado e que foi a vinda da Confederação Galaxial para cá.
Mas acho que ficou ressentido, de alguma forma, e decidiu que auxiliará no treinamento dos
aspirantes. – Então Synn Tharra intercalou:

- Bem, se me dão licença, mas eu preciso entrar em contato com a Erregina Tyth Annis
antes dela chegar aqui. – E saiu. Aryannin então falou:

- Não quero atrapalhá-los, pois vejo que existem muita coisa para fazerem. Somente gostaria
de conversar com Kotharyn mesmo. – E se colocou ao lado do krarrashin. Antes deste dizer
algo, Ortsac interveio:

- Fique à vontade, amigo, cuidarei de tudo no Hangar. – Assim que Kotharyn saiu com
Aryannin, todos foram assumir suas tarefas.

Após se comunicar com Erregina Tyth Annis, Synn Tharra foi até S.E. para falar com seu
pai:

- Ela não concordou. Disse que não pode mais ficar perdendo pessoal, já que aqueles que
ela deixa usarem nomes crisyenos ou não se tornam crisyenos ou a abandonam. Poderemos
continuar com os que estão aqui, mas se precisar deles, os chamará de volta. – Corr Sairy
deu uma interjeição esfuziante. – Então serão somente vinte e sete. Você vai mesmo ajudar,
Corr?

- Se eu prometi, Synn, com certeza ajudarei. Ainda mais que Antares dividirá seu tempo
com a Confederação e o treinamento do Jonas, quando ele sair daquele tudo, dentro em
breve.

Neste momento, Antares comparecia ao andar da Confederação Galaxial, pois fora chamado
por Stahirr:

- Agradeço por ter vindo, Antares. A Confederada Sharan me permitiu usar seu gabinete
para dialogarmos. – Disse Stahirr, sentando atrás da mesa e convidando Antares a se
sentar.

- A que devo o convite, Stahirr de Thrittan?

- É tão estranho ouvir ao próprio nome sem o título de Confederado a frente desde, não
acha, Antares?

- Não exatamente, pois Corr Sairy, desde que ingressamos no Galaxya não vinha me
chamando de Confederado. Me acostumei. Principalmente após passar cinco k-rarrs de
isolamento em um meteoro.

- Quatro k-rarrs. – Stahirr o corrigiu. – Mas isso não importa. De certo chegamos ao fim de
um ciclo, uma jornada que iniciamos há muitos k-rarrs atrás. Lembro-me quando o
encontramos naquele meteoro. Estava sozinho, sem memória de sua vida. Era algo insólito.

“Então lhe trouxemos ao âmbito da Confederação Galaxial, na época em Crisyen. Depois


fomos a Phællans, Dharkyens, Thrarkus, voltamos a Crisyen e Phællans, até que nos
alojamos em Thrittan e, com sua ajuda, me mantive no cargo de Confederado-mor por mais
tempo do que qualquer outro. Foi uma época primorosa, até que as coisas começaram a
desandar.

“Não gosto de apontar dedos, sabes disso, Antares, mas tudo pareceu transviar desde que
Kelkzerr entrou na Confederação Galaxial. Veja bem, com o uso das Fendas Hipertemporais,
o tempo de viagem diminuiu e possibilitou muitas coisas atrozes, como ataques atrozes.
Tentaram matar um vizir em Thrarkus, houve a Guerra de Crisyen, que sempre fora um
planeta pacífico...”

178
GALAXYA II

- Espere um momento, Stahirr, Kelkzerr adentrou na Confederação Galaxial durante a


Guerra de Crisyen. Quando o Vizir Malov Torrk de Thrarkus foi atacado pelo monsuri
Gottakk, não tínhamos ainda as Fendas Hipertemporais. – Antares interrompeu Stahirr, que
pareceu refletir:

- Mas Victor Cambasi falou com Corr Sairy naquela gravação...

- Sim, para Corr Sairy fazer uso da Fenda Hipertemporal, pois a Terra negociava com
Kelkzerr, por fora, sob liderança de Illuminus Honnio. Kelkzerr forneceu à Terra as Fendas
Hipertemporais para auxiliar em suas viagens nas entregas. – Explicou Antares e Stahirr
chegou à conclusão:

- Então é pior do que imaginava, pois nosso problema advém da entrada da Terra...

- Stahirr, tu buscas culpados em uma administração que estava em decadência. A


Confederação Galaxial sempre fora forte, enérgica e que lutava e acreditava em cada
planeta-membro que a integra. Com o tempo isso foi mudando e fora dada atenção a
pequenas coisas, a planetas que a Confederação Galaxial acreditava serem merecedores de
seu afeto.

“Não lhe culpo por isso, mas acredito que cercaste das pessoas erradas. Por isso foi possível
os renegados agirem daquela forma, divulgando por planetas do sistema Vertus a ideia de
que a Confederação Galaxial não era mais a mesma. Na época eu não pensei nisso, pois eu
somente obedecia ao que me pediam, mas com um olhar de fora e tempo para refletir,
percebi que de fato as coisas mudaram. Não digo que não faria tudo novamente, pois creio
que executaria a missão sem pestanejar, mas acredito que deveríamos ter dado ouvido e
atenção ao que eles diziam, pois Stahokk estava correto”.

- De onde tiras tal análise, Antares? Corr Sairy colocou isso em tua cabeça? – Stahirr não
parecia feliz com as falas de Antares:

- Por que achas que Corr Sairy tem algo a ver sobre isso? Não vou dizer que não chegamos a
conversar sobre a Grande Revolta, cujo nome acho excessivo, mas por desconhecimento,
creio eu, Corr Sairy não fala sobre isso. Ele fala, sim, de K’rynn Swiss de Dharkyens, e
demonstra enorme respeito e carinho ao falar dela. Me provocara, algumas vezes, devido
meu ato com Ikken Bergg de Callyns, mas quando reflito sobre o assunto é porque consulto
meu chip neural, onde guardei as informações a respeito de tudo que fiz pela Confederação
Galaxial. Os quatro k-rarrs que passei, isolado, vi e revi o julgamento dos renegados e dei
atenção ao que Stahokk de Thrittan dizia e as palavras dele foram claras. Ele desejava a
grandiosidade da Confederação de volta...”

- Besteira, Antares. – Stahirr interrompeu. – Stahokk queria causar a desordem, o caos na


Confederação Galaxial. Suas palavras foram ditas para ludibriar intelectos modestos. Você
sabe disso. Foi seu argumento como Acusador deles...

- E se eu estivesse errado? – Antares interpôs. – E se, na época, ainda motivado pelas


minhas ações requiridas por vós, membros da Confederação Galaxial, eu não visse o real?

- Isso é insubordinação, Antares. Isso poderia leva-lo a ser julgado pela Confederação
Galaxial. – Stahirr foi enfático com as palavras. – A Confederação Galaxial se moldou com o
tempo. Sim, no começo intervínhamos nos planetas-membros, mas percebemos o quão isso
era prejudicial, principalmente em casos como Darkyan e Dharkyens, que vivem um início e
trégua constante de animosidades entre si. A Confederação Galaxial não pode ser juiz,
jurado e executor dos planetas-membros da Confederação Galaxial, ela deve auxiliar nas
negociações, e só. Deve sim, intervir quando um membro de um planeta-membro age de
forma errática, indo contra os artigos da Lei da Confederação Galaxial. Foi isso que fizemos
no caso dos renegados. Foi isso que fizemos no caso de Corr Sairy...

179
Andre luz

- Primeiro, estamos em território neutro, decretado e determinado pela Confederação


Galaxial e, sejamos corretos, nós nunca fizemos nada no caso de Domminon. – Antares
pontuou. – Por que, Stahirr? Por que nunca tentamos capturar e julgar Domminon? Ele vem
e vai, dentro dos planetas-membros da Confederação Galaxial, e nunca me foi ordenado
captura-lo. Ele negocia armamentos perigosos e letais com Darkyan e negociou com o Brann
Dawh, o Usurpador. Ele atacou duas vezes Volos VI, quando esta já era planeta-membro da
Confederação Galaxial.

- Por que não agimos contra Domminon? Porque não há nada certo do que o acusas. Sim,
ele atacou duas vezes o planeta Volos VI, mas a Megami Aryannin nunca recorreu a nós
clamando ajuda. E quanto aos armamentos de Darkyan e que foram usados pelo Erregea
Brann Dawh, tudo que temos são testemunhos e provas que podem ter sido forjadas. Nunca
tivemos nada concreto.

- Porque não desejavam que tivéssemos. Foi sempre jogado para baixo dos panos. Quantas
vezes adentrei em vossa sala de Confederado-mor e o vi cercado por Prismus, Darkyan,
Bhlokyonss e Callyns, sentindo-se pressionado. Tu pedias que eu voltasse mais tarde, mas
eu sabia que estavas sobre pressão daqueles à sua volta.

“Aqui tomamos conhecimento de que, Mas Htims de Vulcallo, retirara-se da Confederação


Galaxial, sendo substituído por Risan Cloniech. Não duvido de vossa capacidade como
Confederada, mas sabemos quão impulsiva ela é, e isso a torna manipulável. Dav Annon
nunca foi um ser de total motivação, sendo totalmente manipulável, também. E mesmo com
a ingressão de Yskhanessy como planeta-membro (sim, estamos cientes disso), isso não
fortalece o lado justo que a Confederação sempre foi. Agora tu está se retirando, o que
sobrou?

- Compreendo onde quer chegar. – Stahirr parecia ter se acalmado. – A Confederação


Galaxial ainda é íntegra, Antares, e sólida. Sei que podem existir algumas frutas podres em
seu âmago, mas existem solidez em sua maioria. Vamos acreditar.

“Mas eu não o chamei aqui para isso. Na verdade, com minha saída da Confederação
Galaxial, não tenho um destino certo, já que o Ratder Ausbilder 130 não me aceita por causa
de Stahokk. Então, gostaria de lhe requerer minha ingressão como membro do Galaxya”.

Antares não demorou muito para responder:

- Antes preciso levar para uma pauta de reunião. – Stahirr o olhou com estranheza:

- Bem que Bavan Sheys disse, mas pensei que, com a ingressão da Confederação Galaxial
no Galaxya isso mudaria. Você não é o líder deste grupo? Com sua capacidade...

- Para a Confederação Galaxial pode aparentar que lidero algo, mas sou somente um entre
tantos outros que trabalham para a melhor interação entre nós e a Confederação Galaxial.
Aqui, neste andar, a Confederação Galaxial me verá mais constantemente, mas em nosso
andar, sempre decidimos a tudo em equidade, sem diferença de graus. Decidi a maioria,
mas todos temos direito de recusa. Por exemplo, Corr Sairy fora contra a ingressão da
Confederação Galaxial no Galaxya e, por isso, ele se abstém de auxiliar no que for preciso
para a Confederação Galaxial permanecer aqui. Mas ele teve a percepção que somos ínfimos
perto da necessidade que estamos agora e auxiliará no treinamento de novos aspirantes.
Mas sua decisão foi colocada em reunião, pois era necessário que todos concordássemos
com isso.

“Então, vossa ingressão entre nós somente ocorrerá se a maioria concordar com isso. Não
somente por mim. Levantarei o assunto hoje. Galaxya, avise a todos que preciso reunir com
eles para discutirmos algo importante”. – Antares finalizou, dizendo ao Galaxya, que
respondeu:

130
Rat der Ausbilder = Conselho de Formadores

180
GALAXYA II

- Estão todos avisado, Antares. – Então Antares se voltou, novamente, à Stahirr:

- Por que não preferiste ficar de Conselheiro da Confederada Sharan? Ela poderá necessitar
de vosso auxílio? – Stahirr disse, se levantando e estendendo a mão para Antares:

- Confederada Sharan não necessita de mim. Ela tem demonstrado ser uma thrittanis
totalmente capaz de ocupar a função que lhe foi dada. Obrigado por ainda me considerar
um aliado, Antares. – Antares o cumprimentou:

- Não vejo motivos para não o fazê-lo, Stahirr. Com sua licença, voltarei aos meus afazeres.
– E Antares saiu dali.

Continua...

181

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