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Ciências Humanas

e suas Tecnologias

COMPETÊNCIA
5

Cidadania e
democracia
Competência de área 5
Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democra-
cia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

H21 - Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.


H22 - Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
H23 - Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
Organizador:
H24 - Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
H25 - Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Mateus Prado
Expediente Edição H5-B

Idealizador e Organizador: Mateus Prado

Diretor de Criação: José Geraldo da Silva Junior

Projeto Gráfico: Daniel Paiva

Designers: Daniel Paiva e Lucas Paiva


Humanas

Nota:
Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, por se tratarem de questões já utilizadas nas
provas do ENEM, podem ocorrer casos de erros gramaticais ou discussões quanto à exatidão das respostas e conceitos
empregados nas questões.  Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao
Cliente (errata@guiaenem.org.br), para que possamos esclarecer ou encaminhar cada caso.
Cidadania e Democracia
COMPETÊNCIA
5

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Competência exigida pelo ENEM

Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favore-
cendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.

Entenda a Competência

Aqui, é esperado que o aluno compreenda a cidadania e a democracia em sua evolução histórica e que valorize
esses dois aspectos, articulando-os com propostas de intervenção na sociedade.
Comece pelas ideias de democracia e cidadania na Antiguidade. Depois, como se configuraram durante o que se
convencionou chamar de Idade Moderna (1453 a 1789), com suas revoluções sociais e políticas. É necessário compreender
os conceitos de democracia direta, indireta e representativa. A atuação dos grupos sociais e as grandes revoluções do
século XX são muito frequentes na prova, portanto, dedique-se ao estudo da Revolução Bolchevique, Revolução Cubana,
entre outras. Aqui, o fascismo, a ditadura, o totalitarismo e o racismo aparecem como inimigos. As lutas pela independência
das Américas poderão ser lembradas, assim como os conflitos no Brasil imperial e construção da nação.
Costumam aparecer, com grande frequência, as lutas pela conquista de direitos no Brasil, ou seja, o direito ao voto, as
políticas de inclusão da mulher e das etnias e as leis trabalhistas. Procure se informar sobre a garantia desses direitos através
das constituições brasileiras, principalmente a de 1988, e sobre as políticas afirmativas das últimas décadas. A questão da
liberdade de imprensa também se torna importante.
Para o ENEM, os direitos não são dados ao povo, eles são conquistados através de lutas e reivindicações. Nesse
sentido, é preciso entender o papel dos sindicatos e conhecer as experiências do socialismo e comunismo. Atente-se aos
Estatutos como o da Criança e do Adolescente, o do Idoso (que já foi tema de uma proposta de redação do ENEM), o da
Igualdade Social e o da Cidade, além do Código de Defesa do Consumidor.

AS HABILIDADES

Propondo essa competência, o ENEM quer saber se você é capaz de:

• Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 3


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• Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
• Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades.
• Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
• Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.

DICAS

Desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências

1. Conheça os movimentos, no Brasil e no mundo, em defesa dos direitos das mulheres, como a Marcha das Vadias e o One
Billion Rising. Procure notícias acerca da onda de protestos que se desencadearam a partir da manifestação ocorrida na
Índia contra atos de estupro e violência contra mulheres.
2. Conheça o Movimento dos Camponeses Cocaleros na Bolívia. Descubra quais suas reivindicações, sua forma de atuação e
como conseguiram eleger o presidente do país. O livro O Movimento Cocaleiro na Bolívia, de Vivian Urquidi, pode ajudá-lo.
3. O Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma conquista de vários movimentos sociais no Brasil. Faça uma pesquisa sobre isso.
Depois assista ao documentário Sicko - SOS Saúde, do diretor Michael Moore, e compare nosso sistema de saúde com o
dos Estados Unidos.
4. Até que ponto a imprensa colabora para a democracia e até que ponto pode representar somente as classes dominantes?
Veja o documentário Muito Além do Cidadão Kane e pense a respeito.
5. Não é em todo lugar do mundo que existe liberdade de imprensa. Procure informações sobre a ONG Repórteres sem Frontei-
ras e conheça a sua atuação. Observe a lista anual que fazem sobre o nível de liberdade de imprensa em cada país. Relacio-
ne as características comuns entre os primeiros colocados da lista e também entre os últimos.
6. Leia o livro Capitalismo para Principiantes, de Carlos Eduardo Novaes.

PROPOSTA DE AULA

Vários países passaram, ou passam, por períodos em que a democracia e a cidadania são negadas à população. Em 1974,
a canção Grandola, Vila Morena foi uma das senhas utilizadas para o início da Revolução dos Cravos, que libertou Portugal da
ditadura. Promova um debate sobre a relação entre a letra da música e períodos ditatoriais do Brasil (de 1937 a 1945 e de 1964
a 1980). Quem quiser conhecer melhor a história, poderá procurar o filme Capitães de Abril, de Maria de Medeiros.

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ATIVIDADES “Boicote ao militarismo”, propôs o deputado federal Már-
cio Moreira Alves, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB),
em 2 de setembro de 1968, conclamando o povo a reagir contra
a ditadura. O clima vinha tenso desde o ano anterior, com forte
1 repressão ao movimento estudantil e à primeira greve operária
Na democracia estado-unidense, os cidadãos são
do regime militar. O discurso do deputado foi a ‘gota d’água’. A
incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos
resposta veio no dia 13 de dezembro com a promulgação do Ato
políticos e também pela ideia geral de direito de proprieda-
Institucional nº 5 (AI 5).
de. Compete ao governo garantir que esse direito não seja
violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem DITADURA descarada. In: Revista de História da Biblioteca Nacional.
uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno di- Rio de Janeiro, ano 4, n.39, dez. 2008 (adaptado).
reito.
Considerando o contexto histórico e político descrito acima, o AI5
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir social- significou
mente os cidadãos é
a) a restauração da democracia no Brasil na década de 60.
a) submeter o indivíduo à proteção do governo. b) o fortalecimento do regime parlamentarista brasileiro durante
b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses. o ano de 1968.
c) estimular a formação de propriedades comunais. c) o enfraquecimento do poder central, ao convocar eleições no
d) vincular democracia e possibilidades econômicas indivi- ano de 1970.
duais. d) o desrespeito à Constituição vigente e aos direitos civis do
e) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham país a partir de 1968.
propriedades. e) a responsabilização jurídica dos deputados por seus pronun-
ciamentos a partir de 1968.

2
Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros fo- 4
ram libertados de fazendas onde trabalhavam como se fos- A figura do coronel era muito comum durante os anos
sem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do
expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fisca- Brasil. Normalmente, tratava-se de grandes fazendeiros que uti-
lização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que lizavam seu poder para formar uma rede de clientes políticos e
mais sofrem com a fraqueza do poder público, o bloqueio garantir resultados de eleições. Era usado o voto de cabresto, por
dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros meio do qual o coronel obrigava os eleitores de seu “curral eleito-
tem sido a principal arma de combate a esse problema, ral” a votarem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era
mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capan-
provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador dos gas, para que votassem de acordo com os interesses do coronel.
proprietários. Mas recorria-se também a outras estratégias, como compra de
Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral votos, eleitores-fantasma, troca de favores, fraudes na apuração
da Terra têm agido corajosamente, acionando as autoridades dos escrutínios e violência.
públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais e traba- Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/republica.
lhistas. Acesso em: 12 dez. 2008 (adaptado).

“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em:


http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).
Com relação ao processo democrático do período registrado no
texto, é possível afirmar que
Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de de-
fesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles a) o coronel se servia de todo tipo de recursos para atingir seus
objetivos políticos.
a) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e b) o eleitor não podia eleger o presidente da República.
a redução da carga horária de trabalho. c) o coronel aprimorou o processo democrático ao instituir o
b) defendem os direitos dos consumidores junto aos arma- voto secreto.
zéns e mercados das fazendas e carvoarias. d) o eleitor era soberano em sua relação com o coronel.
c) substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolu- e) os coronéis tinham influência maior nos centros urbanos.
ção dos conflitos entre patrões e empregados.
d) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem
ações de conscientização dos trabalhadores.
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e) fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas A Revolução Cubana veio demonstrar que os negros estão
aos seus servidores. muito mais preparados do que se pode supor para ascender so-

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cialmente. Com efeito, alguns anos de escolaridade francamente uma tendência que se anunciava na área dos direitos civis
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aberta e de estímulo à autossuperação aumentaram, rapidamen- desde a primeira constituição republicana.


te, o contingente de negros que alçaram aos postos mais altos do e) na Constituição de 1988, que, pela primeira vez na história
governo, da sociedade e da cultura cubana. Simultaneamente, do país, definiu o racismo como crime inafiançável e im-
toda a parcela negra da população, liberada da discriminação e prescritível, alargando o alcance dos direitos civis.
do racismo, confraternizou com os outros componentes da socie-
dade, aprofundando o grau de solidariedade.

Tudo isso demonstra, claramente, que a democracia racial é 7


O Ministro da Saúde disse em audiência pública em
possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia
2009 que é justo acionar na Justiça o gestor público que não
social. Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia
provê, dentro de sua competência e responsabilidade, os
para ninguém, porque à opressão do negro condenado à digni-
bens e serviços de saúde disponibilizados no Sistema Único
dade de lutador da liberdade corresponde o opróbrio do branco
de Saúde (SUS). Mas observou que a via judicial não pode se
posto no papel de opressor dentro de sua própria sociedade.
constituir em meio de quebrar os limites técnicos e éticos que
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. sustentam o sistema. Segundo o ministro, a Justiça não pode
São Paulo: Companhia das Letras, 1999 (adaptado). impor o uso de tecnologias, insumos ou medicamentos, des-
locando recursos de destinações planejadas e prioritárias e
Segundo Darcy Ribeiro, a ascensão social dos negros cubanos, – o que surpreende muitas vezes – com isso colocando em
resultado de uma educação inclusiva, com estímulos à autossu- risco e trazendo prejuízo à vida das pessoas.
peração, demonstra que
Disponível em: http://www.stf.jus.br. Acesso em: 7 maio 2009.
a) a democracia racial está desvinculada da democracia social.
b) o acesso ao ensino pode ser entendido como um fator de pou- A preocupação do ministro com o acionamento da justiça
ca importância na estruturação de uma sociedade. para garantia do direito à saúde é motivada
c) a questão racial mostra-se irrelevante no caso das políticas
educacionais do governo cubano. a) pelos conflitos entre as demandas dos pacientes, as possibi-
d) as políticas educacionais da Revolução Cubana adotaram lidades do sistema e as pressões dos laboratórios para incor-
uma perspectiva racial antidiscriminatória. porar novos e caros medicamentos à lista do SUS.
e) os quadros governamentais em Cuba estiveram fechados aos b) pelas decisões judiciais que impedem o uso de procedimentos
processos de inclusão social da população negra. e medicamentos ainda não experimetados ou sem a necessá-
ria comprovação de efetividade e custo-benefício.
c) pela falta de previsão legal da garantia à assistência farma-
cêutica ao conjunto do povo brasileiro, o que gera distorções
6 no SUS.
Um aspecto importante derivado da natureza históri-
ca da cidadania é que esta se desenvolveu dentro do fenô- d) pelo uso indiscriminado de medicamentos pela população
meno, também histórico, a que se denomina Estado-nação. brasileira, sem consulta médica, medida que foi garantida por
Nessa perspectiva, a construção da cidadania na moderni- decisão judicial.
dade tem a ver com a relação das pessoas com o Estado e e) pelo descompromisso ético de profissionais de saúde que in-
com a nação. dicam apenas tratamentos de alto custo, fragilizando o SUS.

CARVALHO, J.M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. In: Civilização Brasileira.


Rio de Janeiro: 2004 (adaptado).

8
Considerando-se a reflexão acima, um exemplo relacionado Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano
a essa perspectiva de construção da cidadania é encontrado Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela li-
berdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai
a) em D. Pedro I, que concedeu amplos direitos sociais aos para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18
trabalhadores, posteriormente ampliados por Getúlio Var- anos de idade conseguiu provas de que havia nascido livre.
gas com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício
(CLT). e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advoga-
b) na Independência, que abriu caminho para a democracia e do da causa abolicionista.
a liberdade, ampliando o direito político de votar aos cida-
AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Ano 1, nº3. Rio de
dãos brasileiros, inclusive às mulheres. Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).
c) no fato de os direitos civis terem sido prejudicados pela
Constiuição de 1988, que desprezou os grandes avanços A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda
que, nessa área, havia estabelecido a Constituição ante- metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais
rior. condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama
d) no Código de Defesa do Consumidor, ao pretender reforçar exemplifica a

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a) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma

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sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado.
b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nes-
se contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela
liberdade.
c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que in-
viabilizava os mecanismos de ascensão social.
d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das
elites dominantes, a um mestiço filho de pai português.
e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrá-
ria escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo.

9
O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890 dizia:
Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e
destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoei-
ragem: andar em correrias, com armas ou instrumentos ca-
pazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou
desordens. Pena: Prisão de dois a seis meses.
SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro:
1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza me-


didas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal regula-
mento expressava

a) a manutenção de parte da legislação do Império com vistas ao


controle da criminalidade urbana.
b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão pelos primeiros
governos do período republicano.
c) o caráter disciplinador de uma sociedade industrializada, de-
sejosa de um equilíbrio entre progresso e civilização.
d) a criminalização de práticas culturais e a persistência de valo-
res que vinculavam certos grupos ao passado de escravidão.
e) O poder do regime escravista, que mantinha os negros como
categoria social inferior, discriminada e segregada.

10
“Pecado nefando” era expressão correntemente utiliza-
da pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode
ser dito. A Assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707,
considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão con-
trário à lei da natureza, que “era indigno ser nomeado” e, por isso
mesmo, nefando.
NOVAIS, F. MELLO E SOUZA, L. História da Vida Privada no Brasil. V. 1. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997 (adaptado).

O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o re-


corde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de As-
sassinato de Homossexuais (LGBT — Lésbicas, Gays, Bissexuais
e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motiva-
ção homofóbica no País.
Disponível em: www.alemdanoticia.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=3871. Acesso
em: 29 abr. 2010 (adaptado).

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A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intri-
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outro e, muitas vezes, expressa-se sob a forma de comportamen- ga pelo mérito, o espirituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o
tos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos
perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão grandes pela grandeza do homem.
associadas
HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada, in: PERROT, M. (Org). História da Vida
Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das
a) à baixa representatividade política de grupos organizados que Letras, 1991 (adaptado).
defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
b) à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divul- O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o
gação de estatísticas relacionadas à violência contra homos- trecho transcrito é parte, relaciona-se a qual dos grupos políti-
sexuais. co-sociais envolvidos na Revolução Francesa?
c) à Constituição de 1988, que exclui do tecido social os homos-
sexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos. a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo
d) a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e francês como força política dominante.
por formas recorrentes de tabus e intolerância. b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à
e) a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a alta burguesia.
partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas. c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que der-
rotaram as potências rivais e queriam reorganizar a França
internamente.
d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato com
11 os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo
De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas
mais de 150 leis novas de proteção social e de regulamentação francês.
do trabalho em todos os seus setores. Todas elas têm sido sim- e) Aos representantes da pequena e média burguesia e das
plesmente uma dádiva do governo. camadas populares, que desejavam justiça social e direitos
Desde aí, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais políticos.
do regime o seu verdadeiro lugar.
DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942. Apud
BERCITO, S. R. Nos tempos de Getúlio: da revolução de 30 ao fim do Estado Novo. 13
São Paulo: Atual, 1990.
A ética precisa ser compreendida como um empreen-
dimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido,
A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-ins- porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe
titucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsá-
ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a vel por todos e que crie condições para o exercício de um pen-
importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse sar e agir autônomos. A relação entre ética e política é também
processo resultou a uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É
necessária uma ética renovada, que se construa a partir da
a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que natureza dos valores sociais para organizar também uma nova
garantiu ao operariado autonomia para o exercício de ativida- prática política.
des sindicais.
CORDI et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
b) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem
cargos de direção nos sindicatos.
O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos pro-
c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias consi-
blemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológi-
deradas perturbadoras da “harmonia social”.
cos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do
d) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operá-
texto, a ética pode ser compreendida como
rios, garantindo-lhes vários direitos e formas de proteção.
e) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que
a) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela
impediu o controle estatal sobre as atividades políticas da
os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores
classe operária.
coletivos.
b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natu-
reza do homem ser ético e virtuoso.
c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globali-
12 zação, pois a partir do entendimento do que é efetivamente a
Em nosso país queremos substituir o egoísmo pela mo- ética, a política internacional se realiza.
ral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conve- d) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos
niências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, interesses e ação privada dos cidadãos.
o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo e) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade
orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades.

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14 Anotações

QUINO.Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991

Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida


pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.”

JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto de-


mocrático, tem por objetivo

a) impedir a contratação de familiares para o serviço público.


b) reduzir a ação das instituições constitucionais.
c) combater a distribuição equilibrada de poder.
d) evitar a escolha de governantes autoritários.
e) restringir a atuação do Parlamento.

15
Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujei-
to substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujei-
to empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois,
na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética
adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do
sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social
coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente,
com a política, entendida esta como a área de avaliação dos
valores que atravessam as relações sociais e que interliga os
indivíduos entre si.

SEVERINO, A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).

O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de forma-


ção da ética na sociedade contemporânea, ressalta

a) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-par-


tidárias.
b) o valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.
c) a sistematização de valores desassociados da cultura.
d) o sentido coletivo e político das ações humanas individuais.
e) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democra-
ticamente.

16
A Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com
Deficiências, realizadas, em 2006, em Nova York, teve como ob-
jetivo melhorar a vida da população de 650 milhões de pessoas
com deficiência em todo o mundo. Dessa convenção foi elabo-

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 9


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rado e acordado, entre os países das Nações Unidas, um tratado d) fruto de um pacto social, uma vez que agradaria os agentes
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internacional para garantir mais direitos a esse público. históricos envolvidos na questão: fazendeiros, governo e es-
cravos.
Entidades ligadas aos direitos das pessoas com deficiência e) forma de inclusão social, uma vez que a abolição possibilitaria
acreditam que, para o Brasil, a ratificação do tratado pode signi- a concretização de direitos civis e sociais para os negros.
ficar avanços na implementação de leis no país.

Disponível em: http//www.bbc.co.uk. Acesso em: 18 mai. 2010 (adaptado).


18
O alfaiate pardo João de Deus, que, na altura em que foi
No Brasil, as políticas públicas de inclusão social apontam para
preso, não tinha mais do que 80 réis e oito filhos, declarava que
o discurso, tanto da parte do governo quanto da iniciativa priva-
‘’Todos os brasileiros se fizessem franceses, para viverem em
da, sobre a efetivação da cidadania. Nesse sentido, a temática
igualdade e abundância’’.
da inclusão social de pessoas com deficiência
MAXWELL, K. Condicionalismos da independência do Brasil. SILVA, M. N.(Org.)
a) vem sendo combatida por diversos grupos sociais, em virtude O império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
dos elevados custos para a adaptação e manutenção de pré-
dios e equipamentos públicos. O texto faz referência à Conjuração Baiana. No contexto da crise
b) está assumindo o status de política pública bem como repre- do sistema colonial, esse movimento se diferenciou dos demais
senta um diferencial positivo de marketing institucional. movimentos libertários ocorridos no Brasil por
c) reflete prática que viabiliza políticas compensatórias voltadas
somente para as pessoas desse grupo que estão socialmente a) defender a igualdade econômica, extinguindo a propriedade,
organizadas. conforme proposto nos movimentos liberais da França napo-
d) associa-se uma estratégia de mercado que objetiva atrair leônica.
consumidores com algum tipo de deficiência, embora esteja b) introduzir no Brasil o pensamento e o ideário liberal que move-
descolada das metas da globalização. ram os revolucionários ingleses na luta contra o absolutismo
e) representa preocupação isolada, visto que o Estado ainda as monárquico.
discrimina e não lhes possibilita meios de integração à socie- c) propor a instalação de um regime nos moldes da república
dade sob a ótica econômica. dos Estados Unidos, sem alterar a ordem socioeconômica es-
cravista e latifundiária.
d) apresentar um caráter elitista burguês, uma vez que sofrera
influência direta da Revolução Francesa, propondo o sistema
censitário de votação.
17 e) defender um governo democrático que garantisse a participa-
Ó sublime pergaminho
Libertação geral ção política das camadas populares, influenciado pelo ideário
A princesa chorou ao receber da Revolução Francesa.
A rosa de ouro papal
Uma chuva de flores cobriu o salão
E o negro jornalista
19
De joelhos beijou a sua mão No século XX, o transporte rodoviário e a aviação civil
Uma voz na varanda do paço ecoou: aceleraram o intercâmbio de pessoas e mercadorias, fazendo
‘’Meu Deus, meu Deus com que as distâncias e a percepção subjetiva das mesmas se
Está extinta a escravidão’’ reduzissem constantemente. É possível apontar uma tendência
de universalização em vários campos, por exemplo, na globali-
MELODIA, Z ;RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho. Disponivel em http://
www.letras.terra.com.br. Acesso: 28 abr. 2010. zação da economia, no armamentismo nuclear, na manipulação
genética, entre outros.
O samba-enredo de 1968 reflete e reforça uma concepção
HABERMAS, J. A constelação pós-nacional: ensaios políticos.
acerca do fim da escravidão ainda viva em nossa memória, São Paulo: Littera Mundi, 2001 (adapatado).
mas que não encontra respaldo nos estudos históricos mais
recentes. Nessa concepção ultrapassada, a abolição é apre- Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme descri-
sentada como tos no texto, podem ser analisados do ponto de vista moral, o
que leva à defesa da criação de normas universais que estejam
a) conquista dos trabalhadores urbanos livres, que demandavam de acordo com
a redução da jornada de trabalho.
b) concessão do governo, que ofereceu benefícios aos negros, a) os valores culturais praticados pelos diferentes povos em
sem consideração pelas lutas de escravos e abolicionistas. suas tradições e costumes locais.
c) ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo respon- b) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais
sável pela otimização da inclusão social dos libertos. dispõem de condições para tomar decisões.

10 Ciências Humanas e suas Tecnologias


c) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de valores

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
religiosos relativos à justiça divina.
d) os sistemas políticos e seus processos consensuais e demo-
cráticos de formação de normas gerais.
e) os imperativos técnico-científicos, que determinam com exa-
tidão o grau de justiça das normas.

20

Disponível em: www.culturabrasil.org.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965 – 1975),


conflito militar cuja cobertura jornalística utilizou, em grande es-
cala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos
meios de comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado
pela foto, foi

a) demonstrar as diferenças culturais existentes entre


norte-americanos e vietnamitas.
b) defender a necessidade de intervenções armadas em países
comunistas.
c) denunciar os abusos cometidos pela intervenção militar nor-
te-americana.
d) divulgar valores que questionavam as ações do governo
vietnamita.
e) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da Amé-
rica.

21
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos
e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, re-
vela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que
as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia
do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima
Barreto).

FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).

O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente


o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano,

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 11


Humanas

porque as normas morais são e) a capacidade do regime militar em impedir que as manifesta-
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ções políticas acontecessem.


a) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.
b) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de
obrigação.
c) amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir 23
Movimento dos Caras-Pintadas
cumpri-las integralmente.
d) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual
deve se submeter.
e) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a obser-
var as normas jurídicas.

22

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

O movimento representado na imagem, do início dos anos de


1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil.
Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento
cívico,

a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha


Diretas Já.
b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprova-
ção da Lei da Ficha Limpa.
c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para
agendar suas manifestações.
d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou
ações revolucionárias armadas.
e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo
de impeachment do então presidente Collor.
Disponível em: http://pimentacomlimao.files.wordpress.com.
Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

A charge remete ao contexto do movimento que ficou conhecido 24


Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses
como Diretas Já, ocorrido entre os anos de 1983 e 1984. O ele- e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos cole-
mento histórico evidenciado na imagem é tivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais
vem construindo lentamente um conjunto de práticas demo-
a) a insistência dos grupos políticos de esquerda em realizar atos cráticas no interior das escolas, das comunidades, dos grupos
políticos ilegais e com poucas chances de serem vitoriosos. organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O
b) a mobilização em torno da luta pela democracia frente ao re- diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no processo
gime militar, cada vez mais desacreditado. de construção democrática.
c) o diálogo dos movimentos sociais e dos partidos políticos, en-
tão existentes, com os setores do governo interessados em SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e
possibilidades das práticas democráticas. Disponível em: http://www.ces.uc.pt.
negociar a abertura. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).
d) a insatisfação popular diante da atuação dos partidos políticos
de oposição ao regime militar criados no início dos anos 80. Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o pro-

12 Ciências Humanas e suas Tecnologias


cesso de construção democrática, porque

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações

a) determinam o papel do Estado nas transformações socioeco-


nômicas.
b) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil.
c) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da
sociedade.
d) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detri-
mento das demais.
e) propiciam a adoção de valores éticos pelos orgãos do Estado.

25
Art. 92. São excluídos de votar nas Assembleias Paro-
quiais:

I. Os menores de vinte e cinco anos, nos quais não se com-


preendam os casados, e Oficiais Militares, que forem
maiores de vinte e um anos, os Bacharéis Formados e Clé-
rigos de Ordens Sacras.

IV. Os Religiosos, e quaisquer que vivam em Comunidade


claustral.

V. Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por
bens de raiz, indústria, comércio ou empregos.
Constituição Política do Império do Brasil (1824). Disponível em: https://legislação.
planalto.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado).

A legislação espelha os conflitos políticos e sociais do contexto


histórico de sua formulação. A Constituição de 1824 regulamen-
tou o direito de voto dos “cidadãos brasileiros” com o objetivo
de garantir

a) o fim da inspiração liberal sobre a estrutura política bra-


sileira.
b) a ampliação do direito de voto para maioria dos brasileiros
nascidos livres.
c) a concentração de poderes na região produtora de café, o
Sudeste brasileiro.
d) o controle do poder político nas mãos dos grandes proprietá-
rios e comerciantes.
e) a diminuição da interferência da Igreja Católica nas decisões
político-administrativas.

26
Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência
médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver
as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos,
tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta
com o “coronel”e pelo“coronel”. Aí estão os votos de cabresto,
que resultam, em grande parte, da nossa organização econômi-
ca rural.

LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978 (adaptado).

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 13


Humanas

O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889- informações trazidas a público pela imprensa.
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1930), tinha como uma de suas principais características o contro-


le do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nes- Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010.
se período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social
Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I,
a) igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda. os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem
b) estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes. um papel relevante na sociedade por
c) tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos
como forma produtiva típica. a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à
d) ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão sua sobrevivência e bem-estar.
mantido pelo exército e polícia. b) fornecerem informações que fomentam o debate político na
e) agrária, marcada pela concentração da terra e do poder polí- esfera pública.
tico local e regional. c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.
d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para cons-
cientização política.
e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmissões
27 esportivas.
Proporção de eleitorado inscristo
em relação à população: 1940-2000
(%)
100 29
90 No clima das ideias que se seguiram à revolta de São
80 Domingos, o descobrimento de planos para um levante armado
70 dos artífices mulatos na Bahia, no ano de 1798, teve impacto mui-
60 to especial; esses planos demonstravam aquilo que os brancos
50 conscientes tinham já começado a compreender: as ideias de
40
30 igualdade social estavam a propagar-se numa sociedade em
20 que só um terço da população era de brancos e iriam inevitavel-
10 mente ser interpretados em termos raciais.
0
1940 1950 1960 1970 1980 1996 2000 MAXWELL. K. Condicionalismos da Independência do Brasil. In: SILVA, M.N. (coord.)
O Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa: Estampa, 1986.
GOMES, A. et al. A República no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

A análise da tabela permite identificar um intervalo de tempo O temor do radicalismo da luta negra no Haiti e das propostas
no qual uma alteração na proporção de eleitores inscritos re- das lideranças populares da Conjuração Baiana (1798) levaram
sultou de uma luta histórica de setores da sociedade brasileira. setores da elite colonial brasileira a novas posturas diante das
O intervalo de tempo e a conquista estão associados, respec- reivindicações populares. No período da Independência, parte
tivamente, em da elite participou ativamente do processo, no intuito de

a) 1940-1950 – direito de voto para os ex-escravos. a) instalar um partido nacional, sob sua liderança, garantindo
b) 1950-1960 – fim do voto secreto. participação controlada dos afro-brasileiros e inibindo novas
c) 1960-1970 – direito de voto para as mulheres. rebeliões de negros.
d) 1970-1980 – fim do voto obrigatório. b) atender aos clamores apresentados no movimento baiano, de
e) 1980-1996 – direito de voto para os analfabetos. modo a inviabilizar novas rebeliões, garantindo o controle da
situação.
c) firmar alianças com as lideranças escravas, permitindo a pro-
moção de mudanças exigidas pelo povo sem a profundidade
28 proposta inicialmente.
TEXTO I
d) impedir que o povo conferisse ao movimento um teor liber-
A ação democrática consiste em todos tomarem parte do pro- tário, o que terminaria por prejudicar seus interesses e seu
cesso decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de projeto de nação.
toda coletividade. e) rebelar-se contra as representações metropolitanas, isolando
politicamente o Príncipe Regente, instalando um governo con-
GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. servador para controlar o povo.
Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).

TEXTO II 30
A consolidação do regime democrático no Brasil contra
É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização so- os extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica e
bre órgãos governamentais e acesso por parte da população às permanente no sentido do aprimoramento das instituições políti-

14 Ciências Humanas e suas Tecnologias


cas e da realização de reformas corajosas no terreno econômi-

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
co, financeiro e social.

Mensagem programática da União Democrática Nacional (UDN) – 1957.

Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo


nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores
para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária
progressista; b) Reforma agrária que extinga o latifúndio; c) Re-
gulamentação da Lei de Remessas de Lucros.

Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962.


BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil.
Brasília: Senado Federal, 2002.

Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de


termos usados no debate político, como democracia e reforma.
Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas
deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados
no CGT, elas deveriam resultar em

a) fim da intervenção estatal na economia.


b) crescimento do setor de bens de consumo.
c) controle do desenvolvimento industrial.
d) atração de investimentos estrangeiros.
e) limitação da propriedade privada.

31
Em meio às turbulências vividas na primeira metade
dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de
esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro
Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes
(UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e pro-
paganda em favor da luta pelas reformas de base e satiriza-
vam o“imperialismo” e seus “aliados internos”.

KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil.


São Paulo: Expressão Popular, 2003.

No início da década de 1960, enquanto vários setores da es-


querda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma
importante forma de conscientização das classes trabalha-
doras, os setores conservadores e de direita (políticos vincu-
lados à União Democrática Nacional - UDN -, Igreja Católica,
grandes empresários etc.) entendiam que esta organização

a) constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira,


ao difundir a ideologia comunista.
b) contribuía com a valorização da genuína cultura nacional,
ao encenar peças de cunho popular.
c) realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado,
ao pretender educar o povo por meio da cultura.
d) prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao
incentivar a participação política dos mais pobres.
e) diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os
sindicatos como instituição de pressão política sobre o
governo.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 15


Humanas

d) ao crescimento da luta pela terra e da implantação de assen-


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

32 tamentos.
e) à luta pelo acesso e permanência na terra, que passou da es-
fera nacional para a local.

34
O despotismo é o governo em que o chefe do Estado
executa arbitrariamente as leis que ele dá a si mesmo e em que
substitui a vontade pública por sua vontade particular.

KANT, I. Despotismo. In: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D.


Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

O conceito de despotismo elaborado pelo filósofo Immanuel


Kant pode ser aplicado na interpretação do contexto político
brasileiro posterior ao AI-5, porque descreve
Charge capa da revista “O Malho”, de 1904. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com.
a) o autoritarismo nas relações de poder.
A imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do b) as relações democráticas de poder.
Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram c) a usurpação do poder pelo povo.
a Revolta da Vacina. Considerando o contexto político-social da d) a sociedade sem classes sociais.
época, essa revolta revela e) a divisão dos poderes de Estado.

a) a insatisfação da população com os benefícios de uma mo-


dernização urbana autoritária. 35
b) a consciência da população pobre sobre a necessidade de Texto II
vacinação para a erradicação das epidemias.
c) a garantia do processo democrático instaurado com a Repú-
blica, através da defesa da liberdade de expressão da popu-
lação.
d) o planejamento do governo republicano na área de saúde, que
abrangia a população em geral.
e) o apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a
população em vez de privilegiar a elite.

33
Há 500 anos, desde a chegada do colonizador português,
começaram as lutas contra o cativeiro e consequentemente ALVES, E. Brasília: Ministério da Cultura; Secretaria da Identidade Cultural (SID), 2009.
Disponível em: http://www.minc.gov.br. Acesso em: 01 maio 2010.
contra o cativeiro da terra, contra a expulsão, que marcam as
lutas dos trabalhadores. Das lutas dos povos indígenas, dos
Texto II
escravos e dos trabalhadores livres e, desde o final do século
Em sentido antropológico, não falamos em Cultura, no singular,
passado, dos imigrantes, desenvolveram-se as lutas campone-
mas em culturas, no plural, pois a lei, os valores, as crenças, as
sas pela terra.
práticas, as instituições variam de formação social para forma-
FERNANDES, B. M. Brasil: 500 anos de luta pela terra. ção social. Além disso, uma mesma sociedade, por ser temporal
Revista de Cultura Vozes. Nº 2, 1999 (adaptado). e histórica, passa por transformações culturais amplas.

Os processos sociais e econômicos que deram origem e con- CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995 (fragmento).
formaram a identidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra (MST) têm em suas raízes mudanças relacionadas A concepção que perpassa a imagem e o texto parte da premis-
sa de que o respeito à diversidade cultural significa
a) à distribuição de terras expropriadas dos grupos multinacio-
nais e partilhadas entre os trabalhadores rurais. a) exaltar os elementos de uma cultura.
b) à política neoliberal, que proporcionou investimentos no campo b) proteger as minorias culturais.
e reduziu os conflitos fundiários. c) estimular as religiões monoteístas.
c) à migração de trabalhadores rurais brasileiros para o Paraguai, d) incentivar a divisão de classes.
com o objetivo de cultivar soja. e) promover a aceitação do outro.

16 Ciências Humanas e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
36 Anotações
A confusão era grande e ficou ainda maior depois do
discurso do presidente norte-americano Barack Obama em de-
fesa da guerra, ao receber o Prêmio Nobel da Paz de 2009. Como
liberal, Obama poderia ter utilizado os argumentos do filósofo
alemão Immanuel Kant (1724-1804), que também defendeu, na
sua época, a legitimidade das guerras como meio de difusão da
civilização européia.
FIORI, J. L. A moral internacional e o poder. Revista CULT. Nº 145.
São Paulo: Bregantini, abr. 2010.

O argumento utilizado por Barack Obama ao defender a guerra


em nome da paz constitui um tipo de raciocínio

a) indutivo.
b) dedutivo.
c) paradoxal.
d) metafórico.
e) analógico.

37
Em Brasília, foram mais de cem mil pessoas saudando
os campeões. A seleção voou diretamente da Cidade do México
para Brasília. Na festa da vitória, Médici presenteou os jogado-
res com dinheiro e posou para os fotógrafos com a taça Jules
Rimet nas mãos. Até uma Assessoria Especial de Relações
Públicas (AERP) chegou a ser criada para mudar a imagem do
governo e cristalizar, junto à opinião pública, a imagem de um
país vitorioso, alavancando campanhas que criavam o mito do
“Brasil grande” que “vai para frente”. Todos os jogadores prin-
cipais da Copa de 70 foram usados como garotos-propaganda.

Bahiana, A. M. Almanaque Anos 70. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006 (adaptado).

A visibilidade dos esportes, especialmente do futebol, nos meios


de comunicação de massa, tornou-os uma questão de Estado
para os governos militares no Brasil, que buscavam, assim,

a) legitimar o Estado autoritário por meio de vitórias esportivas


nacionais.
b) mostrar que os governantes estavam entre seus primeiros
praticantes.
c) controlar o uso de garotos-propaganda pelas agências de
publicidade.
d) valorizar os atletas, integrando-os como funcionários ao apa-
relho de Estado.
e) incentivar a expansão da propaganda e do consumo de arti-
gos esportivos.

38
Escrevendo em jornais, entrando para a política, fugindo
para quilombos, montando pecúlios para comprar alforrias... Os
negros brasileiros não esperaram passivamente pela libertação.
Em vez disso, lutaram em diversas frentes contra a escravidão,
a ponto de conseguir que, à época em que a Lei Áurea foi assi-

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 17


Humanas

nada, apenas uma pequena minoria continuasse formalmente a vestuário tão valorizadas entre aqueles que pouco tinham. Em
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ser propriedade. contraste com essa maioria, vestimentas de gala de autoridades


civis, militares e eclesiásticas - tudo do bom e do melhor compu-
Antes da Lei Áurea. Liberdade Conquistada. Revista Nossa História.
Ano 2, nº 19. São Paulo: Vera Cruz, 2005. nha a indumentária de quem era mais que um cidadão qualquer
e queria exibir em público essa sua privilegiada condição.
No que diz respeito à Abolição, o texto apresenta uma análise CAVANI, S. Às urnas, cidadãos! In: Revista de História da Biblioteca Nacional.
historiográfica realizada nas últimas décadas por historiadores, Ano 3, nº 26, nov. 2007.
brasileiros e brasilianistas, que se diferencia das análises mais
tradicionais. Essa análise recente apresenta a extinção do regi- No Brasil do século XIX, a noção de cidadania estava vinculada
me escravista, em grande parte, como resultado à participação nos processos eleitorais. As eleições revelavam
um tipo de cidadania carente da igualdade jurídica defendida
a) da ação benevolente da Princesa Isabel, que, assessorada nesse mesmo período por muitos movimentos europeus herdei-
por intelectuais e políticos negros, tomou a abolição como ros do Iluminismo devido à
uma causa pessoal.
b) da ação da imprensa engajada que, controlada por intelectuais a) exclusão dos analfabetos, que impedia a maioria da popula-
brancos sensíveis à causa da liberdade, levantou a bandeira ção de participar das eleições.
abolicionista. b) raridade das eleições, que criava apenas a ilusão de partici-
c) das necessidades do capitalismo inglês de substituir o tra- pação entre os cidadãos.
balho escravo pelo assalariado, visando ampliar o mercado c) vigência da Constituição do Império, que definia como cida-
consumidor no Brasil. dãos apenas aqueles que eram eleitos.
d) da luta dos próprios negros, escravos ou libertos, que empre- d) presença do Poder Moderador, que significava, na prática, a
enderam um conjunto de ações que tornaram o regime escra- inutilidade das eleições legislativas.
vista incapaz de se sustentar. e) existência do voto censitário, que reafirmava as hierarquias
e) do espírito humanitário de uma moderna camada proprietária sociais.
que, influenciada pelo liberalismo, tomou atitudes individuais,
libertando seus escravos.
41
Atualmente, a noção de que o bandido não está protegi-
do pela lei tende a ser aceita pelo senso comum. Urge mobilizar
39
“Não à liberdade para os inimigos da liberdade”, dizia todas as forças da sociedade para reverter essa noção letal para
Saint-Just. Isso significa dizer: não à tolerância para os intole- o Estado Democrático de Direito, pois, como dizia o grande Rui
rantes. Barbosa, “A lei que não protege o meu inimigo, não me serve”.
HÉRITIER, F. O eu, o outro e a tolerância. In: Héritier, F.; CHANGEUX, J. P. (orgs.). SAMPAIO, P. A. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos.
Uma ética para quantos? São Paulo: Edusc, 1999 (fragmento). In.: Os Direitos Humanos desafiando o século XXI. Brasília: OAB;
Conselho Federal; Comissão Nacional de Direitos Humanos, 2010.
A contemporaneidade abriga conflitos éticos e políticos, dos
quais o racismo, a discriminação sexual e a intolerância religio- No texto, o autor estabelece uma relação entre democracia e di-
sa são exemplos históricos. Com base no texto, qual é a principal reito que remete a um dos mais valiosos princípios da Revolução
contribuição da Ética para a estruturação política da sociedade Francesa: a lei deve ser igual para todos. A inobservância desse
contemporânea? princípio é uma ameaça à democracia, porque

a) Revisar as leis e o sistema político como mecanismo de ade- a) resulta em uma situação em que algumas pessoas possuem
quação às novas demandas éticas. mais direitos do que outras.
b) Propor modelos de conduta fundados na justiça, na liberdade b) diminui o poder de contestação dos movimentos sociais or-
e na diversidade humana. ganizados.
c) Criar novas leis éticas com a finalidade de punir os sujeitos c) favorece a impunidade e a corrupção por meio dos privilégios
racistas e intolerantes. de nascimento.
d) Instaurar um programa de reeducação ética fundado na pre- d) consagra a ideia de que as diferenças devem se basear na
venção da violência e na restrição da liberdade. capacidade de cada um.
e) Instituir princípios éticos que correspondam ao interesse de e) restringe o direito de voto a apenas uma parcela da sociedade
cada grupo social. civil.

40 42
Eleições, no Império, eram um acontecimento muito De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decreta-
especial. Nesses dias o mais modesto cidadão vestia sua me- das mais de 150 leis novas de proteção social e de regulamen-
lhor roupa, ou a menos surrada, e exibia até sapatos, peças do tação do trabalho em todos os setores. Todas elas têm sido

18 Ciências Humanas e suas Tecnologias


simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o trabalhador

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verda-
deiro lugar.

DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. Rio de Janeiro: DIP, 1942.

De que maneira as políticas e as mudanças jurídico-institucio-


nais implementadas pelo governo de Getúlio Vargas nas déca-
das de 1930-1940 responderam às lutas e às reivindicações dos
trabalhadores?

a) A criação do Ministério do Trabalho garantiu ao operariado


urbano e aos trabalhadores rurais liberdade e autonomia para
organizar suas atividades sindicais.
b) A legislação do trabalho e previdência passou a impedir que
imigrantes substituíssem brasileiros natos no serviço público,
na indústria, no comércio e na agricultura.
c) A Justiça do Trabalho passou a arbitrar os conflitos entre ca-
pital e trabalho e, sistematicamente, a apurar e punir os casos
de trabalho escravo e infantil no interior do país.
d) A legislação e as instituições criadas atendiam às reivindica-
ções dos trabalhadores urbanos, mas dentro de estruturas
jurídicas e sindicais tuteladas e corporativistas.
e) A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) suprimiu o arbítrio
oficial dos empresários e fazendeiros sobre as atividades po-
líticas de operários e camponeses.

43
Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade,
da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de
fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.
O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela
não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão
e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem
coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema
do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas
quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza
de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no
entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamen-


tal para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade.
Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como


expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante
das verdades eternas.
c) a imposição de verdade matemáticas, com caráter objetivo,
de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdade religiosas que libertam o homem
da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produ-
zidas pela própria razão.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 19


Humanas

a) a conquista de direitos civis para a população negra.


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

44 b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em es-


TEXTO I
paço urbano.
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a ma- c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comuni-
nifestação da agressividade através da violência. Isso se des- dade negra sulista.
dobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.
em todos os redutos – seja nas áreas abandonadas pelo poder e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de
público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais vida americano.
violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do
reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários
territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual
a agressividade e a violência fincam suas raízes. 46
É verdade que nas democracias o povo parece fa-
zer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso.
Entrevista com: Joel Birman. A corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.
Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência
e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que
TEXTO II
as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas
proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões
teriam tal poder.
e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de
seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultura, 1997 (adaptado).
que as pessoas anteponham limitações uma às outras, e todas
as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz
em medo de um ou outro tipo. respeito

ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.


a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as
decisões por si mesmo.
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformi-
descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e dade às leis.
agressividade na sociedade brasileira expressa a c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse
caso, livre da submissão às leis.
a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido,
social e a presença de aparatos de controle policial. desde que ciente das consequências.
b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com
ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. seus valores pessoais.
c) inabilidade das forças militares em conter a violência decor-
rente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras.
d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em instituciona-
lizar formas de controle social compatíveis com valores de- 47
mocráticos.
e) incapacidade das instituições político-legislativas em formu-
lar mecanismos de controle social específicos à realidade
social brasileira.

45
Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça
é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insufi-
cientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar
este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as
riquezas de liberdade e a segurança da justiça.
KING Jr., M. L. Eu tenho sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: www.palmares.gov.br. Acesso
em: 30 nov. 2011 (adaptado.) LORD WILLINGDON´S DILEMMA

Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov. 2011.


O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados
Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais
época, surgiram reivindicações que tinham como expoente das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades
Martin Luther King e objetivavam britânicas, na Índia, demonstrando

20 Ciências Humanas e suas Tecnologias


a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação
inglesa.
d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo po-
pular hindu.

48
Na regulação de matérias culturalmente delicadas,
como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da edu-
cação pública, o status das Igrejas e das comunidades re-
ligiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao
aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como,
por exemplo, a posição da família e dos consórcios seme-
lhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança
ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso
reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de
uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por
causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo den-
tro de uma comunidade republicana que garanta formalmente
a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito
cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura
da maioria.

HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como ex-


posto por Habermas, encontra amparo nas democracias con-
temporâneas, na medida em que se alcança

a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igual-


dade de direitos na condição da sua concentração espacial,
num tipo de independência nacional.
b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada
em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões re-
ligiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura
política nacional.
c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade
de os discursos de autoentendimento se submeterem ao de-
bate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do
melhor argumento.
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta,
tenham condições de se libertar das tradições de suas ori-
gens em nome da harmonia da política nacional.
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como lingua-
gem política ou distintas convenções de comportamento, para
compor a arena política a ser compartilhada.

49
Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde
Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários pre-
pararam uma série de manifestações a favor do imperador no
Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Con-
tudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 21


Humanas

ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os b) à organização partidária da juventude comunista, visando o
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

quais os ‘’brasileiros’’ apagavam as fogueiras ‘’portuguesas’’ e estabelecimento da ditadura do proletariado.


atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos c) à unificação das noções de libertação social e libertação in-
de garrafas jogadas das janelas. dividual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.
d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodu-
VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008
(adaptado). ção, que era tomada como solução para os conflitos sociais.
e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que
Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo conviveram com a emergência do rock e outras mudanças
aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos epi- nos costumes.
sódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela

a) e stímulos ao racismo. 51
b) a poio ao xenofobismo. Fugindo à luta de classes, a nossa organização sindical
c) críticas ao federalismo. tem sido um instrumento de harmonia e de cooperação entre
d) r epúdio ao republicanismo. o capital e o trabalho. Não se limitou a um sindicalismo pura-
e) q uestionamentos ao autoritarismo. mente ‘’operário’’, que conduziria certamente a luta contra o
‘’patrão’’, como aconteceu com outros povos.

FALCAO, W. Cartas sindicais. In: Boletim do Ministério do Trabalho,


50 Indústria e Comércio. Rio de Janeiro, 10 (85), set. 1941 (adaptado).

Nesse documento oficial, à época do Estado Novo (1937-1945),


é apresentada uma concepção de organização sindical que

a) elimina os conflitos no ambiente das fábricas.


b) limita os direitos associativos do segmento patronal.
c) orienta a busca do consenso entre trabalhadores e patrões.
d) proíbe o registro de estrangeiros nas entidades profissionais
do país.
e) desobriga o Estado quanto aos direitos e deveres da classe
trabalhadora.

52

Texto do Cartaz: “Amor e não guerra’’

Foto de Jovens em protesto contra a Guerra do Vietnã.


Disponível em: http://goldenyears66to69.blogspot.com. Acesso em: 10 out. 2011

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos


como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã
culminaram no estabelecimento de diferentes formas de parti-
cipação política. Seus slogans, tais como ‘’Quando penso em
revolução quero fazer amor’’, se tornaram símbolos da agita-
ZIRALDO. 20 anos de prontidão, 1984.
ção cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se
Os aparelhos televisores se multiplicam nas residências do
a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provo- Brasil a partir da década de 1960. A partir da charge, os progra-
cada pela manutenção das guerras coloniais. mas televisivos eram controlados para atender interesses dos

22 Ciências Humanas e suas Tecnologias


a) artistas críticos.

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
b) grupos terroristas.
c) governos autoritários.
d) partidos oposicionistas.
e) intelectuais esquerdistas.

53

WATTERSON, B. Calvin e Haroldo: O Progresso Científico deu “Tilt”.


São Paulo: Best News, 1991

De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Esta-


do é explicada pela renúncia que os indivíduos fazem de sua
liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos indi-
viduais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da
força. O conjunto dessas teorias é denominado de

a) liberalismo.
b) despotismo.
c) socialismo.
d) anarquismo.
e) contratualismo.

54
Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre
tudo? São todas as coisas objetos de possíveis deliberações?
Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coi-
sas? Ninguém delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais
como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis
como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois ne-
nhuma delas pode ser produzida por nossa ação.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado).

O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante


para entender a dimensão da responsabilidade humana. A par-
tir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar
sobre

a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os


acontecimentos da natureza.
b) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos
astros sobre as mesmas.
c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu
controle.
d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.
e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 23


Humanas

c) apresentação de acusações junto à Anistia Internacional.


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

55 d) conquista de votos para o Movimento Democrático Brasileiro


No contexto da polis grega, as leis comuns nasciam
de uma convenção entre cidadãos, definida pelo confronto de (MDB).
suas opiniões em um verdadeiro espaço público, a ágora, con- e) mobilização da imprensa nacional a favor da abertura do sis-
fronto esse que concedia a essas convenções a qualidade de tema partidário.
instituições públicas.

MAGDALENO, F. S. A territorialidade da representação política: vínculos territoriais


de compromisso dos deputados fluminenses. São Paulo: Annablume, 2010. 58
Ao longo dos anos 1990, a luta pelas condições de cir-
culação por parte das pessoas com necessidades especiais foi
No texto, está relatado um exemplo de exercício da cidadania
uma constante na sociedade. Tal mobilização ocasionou ações
associado ao seguinte modelo de prática democrática:
como o rebaixamento das calçadas, construção de rampas
para acesso a pisos superiores, para possibilitar o acesso ao
a) Direta.
transporte coletivo, entre outras.
b) Sindical.
c) Socialista. SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibili-
d) Corporativista. dades das práticas democráticas. Disponível em: http://ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010.
e) Representativa.
As lutas pelo direito à acessibilidade, movidas, principalmente,
a partir dos anos de 1990, visavam garantir a

56 a) igualdade jurídica.
“Enquanto houver um só assassino pelas ruas, nossos
filhos viverão para condená-lo por nossas bocas.” b) inclusão social.
c) participação política.
Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, apud SOSNOWLKI, A. d) distribuição de renda.
O Estado de São Paulo, 27 maio 2000.
e) liberdade de expressão.
O movimento das Mães da Praça de Maio foi criado na Argen-
tina durante o período da Ditadura Militar (1976-1983). A decla-
ração resume o objetivo do movimento, demonstrando que sua
59
causa foi Seria até engraçado, se não fosse trágico, porque
na hora que a pessoa tem uma doença, ela fica se achando
a) a fuga dos artistas, provocada pela censura estatal. responsável por ter a doença. E se você pegar na história da
b) a escalada das mortes, provocada pela guerrilha urbana. medicina, sempre foi feito isso – os que tinham lepra eram
c) o aumento da violência, provocado pelo desemprego estru- considerados ímpios; tinham lepra porque não eram tementes
tural. a Deus, porque não eram homens e mulheres que tinham uma
d) o desaparecimento de cidadãos, provocado pela ação repres- vida religiosa. Os tuberculosos, no início do século, na epide-
sora. mia de tuberculose na Europa inteira, aqui em São Paulo, no
e) o aprofundamento da miséria, provocado pela política econô- Brasil todo, eram pessoas devassas, jovens devassos. Com a
mica. Aids nós vimos a mesma coisa. Quem tinha Aids, quem eram?
Eram os promíscuos e os viciados em drogas, não é?
Entrevista de Dráuzio Varella no programa Roda Viva em 30 ago. 2004. Disponível em:
57 www.rodaviva.fapesp.br. Acesso em: 30 jan. 2012 (adaptado).
De um ponto de vista político, achávamos que a dita-
dura militar era a antessala do socialismo e a última forma de Dráuzio Varella discute a associação entre doença e costumes
governo possível às classes dominantes no Brasil. Diante de cotidianos. De acordo com o argumento apresentado, essa as-
nossos olhos apocalípticos, ditadura e sistema capitalista cai- sociação indica
riam juntos num único e harmonioso movimento. A luta especi-
ficamente política estava esgotada. a) a culpabilização de hábitos considerados como desregrados,
GABEIRA, F. Carta sobre a anistia: a entrevista do Pasquim. adequando comportamentos.
Conversação sobre 1968. Rio de Janeiro: Ed. Codecri, 1980. b) o desejo de estender a qualidade de vida, controlando as po-
pulações mais jovens.
Compartilhando da avaliação presente no texto, vários gru- c) a classificação dos grupos de risco, buscando impedir o con-
pos de oposição ao Regime Militar, nos anos 1960 e 1970, tágio.
lançaram-se na luta política seguindo a estratégia de d) a diminuição da fé religiosa, na modernidade, rejeitando a vida
celibatária.
a) aliança com os sindicatos e incitação de greves. e) o desenvolvimento da medicina, propondo terapêuticas que
b) organização de guerrilhas no campo e na cidade. melhorem a vida do doente.

24 Ciências Humanas e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
60 Anotações

Por Vias Seguras Setembro 2011


Mortos em acidentes de triansito
38 000
36 000
34 000
32 000
30 000
28 000
26 000
1996 1997 1998 1990 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS

Disponível em: www.vias-seguras.com/. Acesso em: 28 fev. 2012.

O gráfico divulgado pela Associação por Vias Seguras traça ob-


jetivamente, a partir de dados do Ministério da Saúde, um histó-
rico do número de vítimas fatais em decorrência de acidentes de
trânsito no Brasil ao longo de catorze anos. As informações nele
dispostas demonstram que o número de vítimas fatais

a) a umentou de forma progressiva ao longo do período.


b) t eve sua maior redução no final da década de noventa.
c) estabilizou-se nos cinco primeiros anos do século XXI.
d) s ofreu mais redução que aumento ao longo do período.
e) e stabilizou-se na passagem do século XX ao século XXI.

61 Lei Áurea assinada em 13.05.1888

www.bpiropo.com.br/graficos/EM20051201b.jpg

Marcha em Araguaína-TO em
combate à escravidão em 14.05.2008

www.conexaotocantins.com.br/img/?id=1418&l=250

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 25


Humanas

O fim da escravidão legal no Brasil não foi acompanhado de polí-


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

63
ticas públicas e mudanças estruturais para a inclusão dos traba- No Brasil, na complexidade de seu território, com muitas
lhadores. Por isso, os escravos modernos são herdeiros dos que diferenças regionais, ocorreu um fato marcante o cenário político
foram libertados em 13 de maio de 1888. nacional, capaz de mobilizar e aglutinar todos os segmentos da
sociedade. Esse fato, relacionado ao processo de redemocrati-
http://www.reporterbrasil.com.br/exibe.php?id=1346. Acesso em: 14/5/2009. zação, foi o movimento por eleições diretas, que ficou conhecido
como “Diretas Já”. Esse processo representava, na época, os
A análise das imagens e do texto acima reforça a ideia de que anseios de uma sociedade marcada por anos de regime militar.

a) até hoje, embora a abolição da escravidão tenha ocorrido em O movimento mencionado foi desencadeado
1888, a população luta para garantir amparo legal para por fim
neste regime no país. a) pela mobilização suprapartidária oriunda da região Sul do Bra-
b) é possível, apesar da abolição da escravidão, constatar-se nos sil.
dias de hoje, a exploração de trabalhadores submetidos a con- b) pelos trabalhadores sem-terra do Nordeste, com base nos mo-
dições semelhantes às do trabalho escravo. vimentos sociais oriundos do campo.
c) o fim da escravidão é apenas uma questão de tempo no Brasil, c) de acordo com os arranjos sociais e as lutas de classe dos
já que a população brasileira luta há mais de 120 anos por isso. trabalhadores vinculados ao setor petroleiro.
d) o movimento social e político pelo fim da escravidão no Brasil, d) a partir da articulação dos movimentos sociais e sindicais com
herdado do período imperial, garantiu implementação de políti- base sólida na região Sudeste do país.
cas públicas aos trabalhadores. e) pela união de diferentes segmentos sociais liderados pelos sin-
e) a abolição da escravatura promoveu políticas públicas de as- dicatos da região Centro-Oeste.
censão social e cidadania dos ex- escravos negros privilegian-
do este grupo frente aos demais trabalhadores.
64

62
Texto 1

Assim, duplamente bloqueados, entre milhares de soldados e mi-


lhares de mulheres — entre lamentações e bramidos, entre lágri-
mas e balas —, os rebeldes se renderiam de um momento para
outro. Era fatal. [...] Ainda que em fragmento, traçava-se curva
fechada do assédio real, efetivo. A insurreição estava morta.

CUNHA, Euclides. Os sertões. 9 ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 524 e 535.

Texto 2

Literatura distingue-se de História, pois, enquanto a primeira não


tem nenhum compromisso em retratar ou reconstruir uma reali-
dade para que seja válida aos olhos de seus leitores, a segunda é,
via de regra, realizada para explicitar a confirmação da existência,
tanto do homem em si quanto de um fato histórico, de uma nação,
de um povo ou de um povoado. Todavia, há vários episódios histó- Havera’ ainda quem resista a’
ricos que serviram de base a narrativas literárias. poderosa influencia do partido Mulherista.?!
PEDERNEIRAS, R. Revista da Semana, ano 35, n. 40, 15 set. 1934. In: LEMOS, R. (Org).
Disponível em: <http://www.seer.furg.br>. Acesso em: 16 abr. 2009. Uma história do Brasil através das caricaturas (1840-2001). Rio de Janeiro: Bom
Texto; Letras e Expressões, 2001.
A relação estabelecida entre os dois textos permite inferir-se que
o texto 1 descreve Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de
um direito pelas mulheres, relacionado com a
a) a luta pela abolição da escravatura.
b) o alarde causado pela Semana de 22. a) redivisão do trabalho doméstico.
c) o empenho dos soldados na Guerra do Paraguai. b) liberdade de orientação sexual.
d) o cenário desbravador do movimento de entradas e bandeiras. c) garantia de equiparação salarial.
e) o fato histórico da Revolta de Canudos liderada por Antônio d) aprovação do direito ao divórcio.
Conselheiro. e) obtenção da participação eleitoral.

26 Ciências Humanas e suas Tecnologias


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
65 Anotações

FORTUNA. Correio da Manhã, ano 65, n. 22.264, 2 nov. 1965.

A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de


Finados de 1965. Sua relação com os direitos políticos existen-
tes no período revela a

a) extinção dos partidos nanicos.


b) retomada dos partidos estaduais.
c) adoção do bipartidarismo regulado.
d) superação do fisiologismo tradicional.
e) valorização da representação parlamentar.

66
Durante a realeza, e nos primeiros anos republicanos,
as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para
outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos pa-
trícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451
a.C., porém, os plebeus conseguiram eleger uma comissão
de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois
deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a legislação
de Sólon.

COULANGES, F. A cidade antiga, São Paulo: Martins Fontes, 2000.

A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descri-


ta no texto, esteve relacionada à

a) adoção do sufrágio universal masculino.


b) extensão da cidadania aos homens livres.
c) afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais.
e) tripartição dos poderes políticos.

67
Tendo encarado a besta do passado olho no olho,
tendo pedido e recebido perdão e tendo feito correções, vi-
remos agora a página – não para esquecê-lo, mas para não
deixá-lo aprisionar-nos para sempre. Avancemos em dire-
ção a um futuro glorioso de uma nova sociedade sul-africana,
em que as pessoas valham não em razão de irrelevâncias

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 27


Humanas

biológicas ou de outros estranhos atributos, mas porque são 70


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pessoas de valor infinito criadas à imagem de Deus. Ao longo das três últimas décadas, houve uma explo-
são de movimentos sociais pelo mundo. Essa diversidade de
Desmond Tutu, no encerramento da Comissão da Verdade na África do Sul. Disponível movimentos — que vão desde os movimentos por direitos civis
em: http://ld.camara.leg.br. Acesso em: 17 dez. 2012 (adaptado).
e os movimentos feministas dos anos de 1960 e 1970, até os
No texto, relaciona-se a consolidação da democracia na África movimentos antinucleares e ecológicos dos anos de 1980 e
do Sul à superação de um legado a campanha pelos direitos homossexuais da década de 1990
— é normalmente denominado pelos comentadores do tema
a) populista, que favorecia a cooptação de dissidentes políticos. como novos movimentos sociais.
b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com os movimentos so-
ciais. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005 (adaptado).
c) segregacionista, que impedia a universalização da cidadania.
d) estagnacionista, que disseminava a pauperização social. Uma explicação para a expansão dos chamados novos movi-
e) fundamentalista, que engendrava conflitos religiosos. mentos sociais nas últimas três décadas é a

a) fragilidade das redes globais comunicacionais, como inter-


net e telefonia.
68 b) garantia dos direitos sociais constitucionais, como educa-
Rua Preciados, seis da tarde. Ao longe, a massa humana
que abarrota a Praça Puerta Del Sol, em Madri, se levanta. Um ção e previdência.
grupo de garotas, ao ver a cena, corre em direção à multidão. c) crise das organizações representativas tradicionais, como
Milhares de pessoas fazem ressoar o slogan: “Que não, que não, partidos e sindicatos.
que não nos representem”. Um garoto fala pelo megafone: “De- d) instabilidade das instituições políticas democráticas, como
mandamos submeter a referendo o resgate bancário”. eleições e parlamentos.
e) consolidação das corporações transnacionais monopolis-
RODRÍGUEZ, O. Puerta Del Sol, o grande alto-falante. Brasil de Fato. São Paulo, 28 tas, como petrolíferas e mineradoras.
maio-1 jun. 2011 (adaptado).

Em 2011, o acampamento dos Indignados espanhóis expressou 71


todo o descontentamento político da juventude europeia. Que Depois de dez anos de aparente imobilidade, 77 950
proposta sintetiza o conjunto de reivindicações políticas des- operários estavam em greve em São Bernardo, Santo André,
tes jovens? São Caetano e Diadema – o chamado ABCD, coração industrial
do país. Em todas as fábricas, os operários cruzaram os braços
a) Voto universal. em silêncio. Apanhado de surpresa, o governo militar ficou por
b) Democracia direta. algum tempo sem ação. Os empregadores, por sua vez, sofriam
c) Pluralidade partidária. sérios prejuízos a cada dia de greve.
d) Autonomia legislativa.
ALVES, M. H. M. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Petrópolis: Vozes, 1984
e) Imunidade parlamentar.
(adaptado).

O movimento sindical, em fins dos anos 1970, começou a se rear-


69 ticular e a patrocinar greves de significativa repercussão. Essas
Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impres-
sionante na condição de homens e mulheres gays nos Estados greves aconteceram em um contexto político-institucional de
Unidos. Quando nasci, relações homossexuais eram ilegais em
todos os Estados Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não a) revogação da negociação coletiva entre patrões e empre-
podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum po- gados.
lítico abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos b) afirmação dos direitos individuais por parte de minorias.
ocupavam posições de poder, mas a tendência era eles torna- c) suspensão da legislação trabalhista forjada durante a Era
rem as coisas ainda piores para seus semelhantes. Vargas.
d) limitação à liberdade das organizações sindicais e popula-
ROSS, A. Na máquina do tempo. Época, Ed. 766, 28 jan. 2013. res.
A dimensão política da transformação sugerida no texto teve e) discordância dos empresários com as políticas industriais.
como condição necessária a

a) ampliação da noção de cidadania.


b) reformulação de concepções religiosas. 72
Sou um partidário da Comuna de Paris, que, por ter sido
c) manutenção de ideologias conservadoras. massacrada, sufocada no sangue pelos carrascos da reação
d) implantação de cotas nas listas partidárias. monárquica e clerical, tornou-se ainda mais viva, mais podero-
e) alteração da composição étnica da população. sa na imaginação e no coração do proletariado da Europa; sou

28 Ciências Humanas e suas Tecnologias


seu partidário sobretudo porque ela foi uma negação audacio-

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
sa, bem pronunciada, do Estado.

BAKUNIN, M. apud SAMIS, A. Negras tormentas: o federalismo e o internacionalismo


na Comuna de Paris. São Paulo: Hedra, 2011.

A Comuna de Paris despertou a reação dos setores sociais


mencionados no texto, porque

a) instituiu a participação política direta do povo.


b) consagrou o princípio do sufrágio universal.
c) encerrou o período de estabilidade política europeia.
d) simbolizou a vitória do ideário marxista.
e) representou a retomada dos valores do liberalismo.

73
Compreende-se assim o alcance de uma reivindicação
que surge desde o nascimento da cidade na Grécia antiga: a re-
dação das leis. Ao escrevê-las, não se faz mais que assegurar-
-lhes permanência e fixidez. As leis tornam-se bem comum, re-
gra geral, suscetível de ser aplicada a todos da mesma maneira.

VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992


(adaptado).

Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga, ainda


vigente no mundo contemporâneo, buscava garantir o seguinte
princípio:

a) Isonomia — igualdade de tratamento aos cidadãos.


b) Transparência — acesso às informações governamentais.
c) Tripartição — separação entre os poderes políticos estatais.
d) Equiparação — igualdade de gênero na participação política.
e) Elegibilidade — permissão para candidatura aos cargos públicos.

74
Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem
humana — transferiu embriões para o útero de mulheres, que os
gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Apa-
rentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual
fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que
uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o
médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se
nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano,
ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para
entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para
entregar um bebê clonado saudável ao mundo.”

CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado)

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no


campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a
a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os
valores éticos do homem.
b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais
espécies animais no planeta.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 29


Humanas

c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de 77


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

certo e errado, de bem e mal.


d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de TEXTO I
reprodução humana e animal.
e) fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém
células-tronco para uso em seres humanos. que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inú-
til; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por
nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à
ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes
75 de chegar a hora da ação.
Uma norma só deve pretender validez quando todos os
que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam che- TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
gar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acor-
do quanto à validade dessa norma. TEXTO II
HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1989
Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos
que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas;
Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabe- algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exer-
lecida pelo(a) cício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exercidas
duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois
a) liberdade humana, que consagra a vontade. de certos intervalos de tempo prefixados.
b) razão comunicativa, que requer um consenso.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
c) conhecimento filosófico, que expressa a verdade.
d) técnica científica, que aumenta o poder do homem.
e) poder político, que se concentra no sistema partidário. Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.)
quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era defini-
da pelo(a)

76 a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.

78
Estatuto da Frente Negra Brasileira (FNB)
PAIVA, M. Disponível em: www.redes.unb.br. Acesso em: 25 maio 2014.
Art. 1º - Fica fundada nesta cidade de São Paulo, para se irradiar
por todo o Brasil, a Frente Negra Brasileira, união política e social
da Gente Negra Nacional, para a afirmação dos direitos históricos
A discussão levantada na charge, publicada logo após a pro- da mesma, em virtude, da sua atividade material e moral no passa-
mulgação da Constituição de 1988, faz referência ao seguinte do e para reivindicação de seus direitos sociais e políticos, atuais,
conjunto de direitos: na Comunhão Brasileira.

Diário Oficial do Estado de São Paulo, 4 nov. 1931.


a) Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à pro-
priedade.
b) Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à Quando foi fechada pela ditadura do Estado Novo, em 1937, a FNB
maternidade e à infância. caracterizava-se como uma organização
c) Difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sustentável e
ao meio ambiente saudável. a) p olítica, engajada na luta por direitos sociais para a população
d) Coletivos, como direito à organização sindical, à participação negra no Brasil.
partidária e à expressão religiosa. b) beneficente, dedicada ao auxílio dos negros pobres brasileiros
e) Políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania depois da abolição.
popular e à participação democrática. c) paramilitar, voltada para o alistamento de negros na luta contra
as oligarquias regionais.

30 Ciências Humanas e suas Tecnologias


d) democrático-liberal, envolvida na Revolução Constitucionalista

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
conduzida a partir de São Paulo.
e) internacionalista, ligada à exaltação da identidade das popula-
ções africanas em situação de diáspora.

79
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu repre-
sentantes de comissões estaduais e de várias instituições para
apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de
cooperação com quatro organizações. O coordenador da CNV
estima que, até o momento, a comissão examinou, “por baixo”,
cerca de 30 milhões de páginas de documentos e fez centenas
de entrevistas.

Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado).

A notícia descreve uma iniciativa do Estado que resultou da


ação de diversos movimentos sociais no Brasil diante de even-
tos ocorridos entre 1964 e 1988. O objetivo dessa iniciativa é

a) anular a anistia concedida aos chefes militares.


b) rever as condenações judiciais aos presos políticos.
c) perdoar os crimes atribuídos aos militantes esquerdistas.
d) comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas.
e) esclarecer as circunstâncias de violações aos direitos huma-
nos.

80
Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para
solicitar a D. Pedro II a revogação de uma taxa de 20 réis, um vin-
tém, sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor
valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproxi-
masse do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes
espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e
arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo contra a multidão. As
estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses
se fundiram nessa revolta, de grandes e de políticos, de gente mi-
úda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma
grande explosão social, detonada por um pobre vintém.

Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).

A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifesta-


ções representou uma tentativa de

a) capturar os ativistas radicais.


b) proteger o patrimônio privado.
c) salvaguardar o espaço público.
d) conservar o exercício do poder.
e) sustentar o regime democrático.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 31


Humanas

do, principalmente, à(s)


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

81
TEXTO I a) mudanças decorrentes da entrada da mulher no mercado
de trabalho.
O presidente do jornal de maior circulação do país destacava tam- b) formas de ameaça doméstica que se restringem à violên-
bém os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, cia física.
ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara sua c) relações de gênero socialmente construídas ao longo da
crença de que a intervenção fora imprescindível para a manuten- história.
ção da democracia. d) violência doméstica contra a mulher relacionada à pobreza.
e) ingestão excessiva de álcool pelos homens.
Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado).

TEXTO II
83
Nada pode ser colocado em compensação à perda das liberda- Sempre teceremos panos de seda
des individuais. Não existe nada de bom quando se aceita uma E nem por isso vestiremos melhor
solução autoritária. Seremos sempre pobres e nuas
E teremos sempre fome e sede
FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em: www.brasilrecente.com. Nunca seremos capazes de ganhar tanto
Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado). Que possamos ter melhor comida

Embora enfatizem a defesa da democracia, as visões do movimen- CHRÉTIEN DE TROYES. Yvain ou le chevalier au lion (1177-1181). Apud MACEDO, J. R.
to político-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente: A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1992 (adaptado).

a) Razões de Estado — Soberania popular. O tema do trabalho feminino vem sendo abordado pelos estudos
b) Ordenação da Nação — Prerrogativas religiosas. históricos mais recentes. Algumas fontes são importantes para
c) Imposição das Forças Armadas — Deveres sociais. essa abordagem, tal como o poema apresentado, que alude à
d) Normatização do Poder Judiciário — Regras morais.
e) Contestação do sistema de governo — Tradições culturais. a) inserção das mulheres em atividades tradicionalmente masculinas.
b) ambição das mulheres em ocupar lugar preponderante na
sociedade.
c) possibilidade de mobilidade social das mulheres na indústria
82
têxtil medieval.
Maria da Penha d) exploração das mulheres nas manufaturas têxteis no mundo
urbano medieval.
Você não vai ter sossego na vida, seu moço e) servidão feminina como tipo de mão de obra vigente nas tece-
Se me der um tapa lagens europeias.
Da dona “Maria da Penha”
Você não escapa
O bicho pegou, não tem mais a banca 84
Quem acompanhasse os debates na Câmara dos Deputa-
De dar cesta básica, amor dos em 1884 poderia ouvir a leitura de uma moção de fazendeiros
Vacilou, tá na tranca do Rio de Janeiro: “Ninguém no Brasil sustenta a escravidão pela
Respeito, afinal, é bom e eu gosto escravidão, mas não há um só brasileiro que não se oponha aos
[...] perigos da desorganização do atual sistema de trabalho”. Livres os
Não vem que eu não sou negros, as cidades seriam invadidas por “turbas ignaras”, “gen-
Mulher de ficar escutando esculacho te refratária ao trabalho e ávida de ociosidade”. A produção seria
Aqui o buraco é mais embaixo destruída e a segurança das famílias estaria ameaçada. Veio a
A nossa paixão já foi tarde Abolição, o Apocalipse ficou para depois e o Brasil melhorou (ou
[...] será que alguém duvida?). Passados dez anos do início do debate
Se quer um conselho, não venha em torno das ações afirmativas e do recurso às cotas para facilitar
Com essa arrogância ferrenha o acesso dos negros às universidades públicas brasileiras, feliz-
Vai dar com a cara mente é possível conferir a consistência dos argumentos apresen-
Bem na mão da “Maria da Penha” tados contra essa iniciativa. De saída, veio a advertência de que as
cotas exacerbariam a questão racial. Essa ameaça vai completar
ALCIONE. De tudo o que eu gosto. Rio de Janeiro: Indie; Warner, 2007
18 anos e não se registraram casos significativos de exacerbação.

A letra da canção faz referência a uma iniciativa destinada a GASPARI, E. As cotas e a urucubaca. Folha de S. Paulo, 3 jun. 2009.
combater um tipo de desrespeito e exclusão social associa-

32 Ciências Humanas e suas Tecnologias


O argumento elaborado pelo autor sugere que as censuras às

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Anotações
cotas raciais são

a) politicamente ignoradas.
b) socialmente justificadas.
c) culturalmente qualificadas.
d) historicamente equivocadas.
e) economicamente fundamentadas.

85
Ao falar do caráter de um homem não dizemos que ele
é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou tem-
perante. No entanto, louvamos também o sábio, referindo-se ao
hábito; e aos hábitos dignos de louvor chamamos virtude.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1973.

Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a

a) excelência de atividades praticadas em consonância com


o bem comum.
b) concretização utilitária de ações que revelam a manifesta-
ção de propósitos privados.
c) concordância das ações humanas aos preceitos emanados
da divindade.
d) realização de ações que permitem a configuração da paz interior.
e) manifestação de ações estéticas, coroadas de adorno e beleza.

86
No sistema democrático de Schumpeter, os únicos parti-
cipantes plenos são os membros de elites políticas em partidos e
em instituições públicas. O papel dos cidadãos ordinários é não
apenas altamente limitado, mas frequentemente retratado como
uma intrusão indesejada no funcionamento tranquilo do proces-
so “público” de tomada de decisões.

HELD, D. Modelos de democracia. Belo Horizonte: Paidela, 1987.

O modelo de sistema democrático apresentado pelo texto pres-


supõe a

a) consolidação da racionalidade comunicativa.


b) adoção dos institutos do plebiscito e do referendo.
c) condução de debates entre cidadãos iguais e o Estado.
d) substituição da dinâmica representativa pela cívico-partici-
pativa.
e) deliberação dos líderes políticos com restrição da participa-
ção das massas.

87
Em dezembro de 1945, começou uma greve de dois me-
ses no principal porto da África Ocidental Francesa, Dacar. As
autoridades só conseguiram levar os grevistas de volta ao tra-
balho com grandes aumentos de salário e, o que é ainda mais
importante, pondo em prática todo o aparato de relações indus-
triais usado na França - em resumo, agindo como se os grevistas

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 33


Humanas

fossem modernos operários industriais. c) à crise no sindicalismo no Brasil, tal como ocorria em diversos
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países europeus nesta década.


COOPER, F.; HOLT, T.; SCOTT, R. Além da escravidão. Rio de Janeiro: Civilização Brasilei- d) à fragilidade social após 1985, decorrente do longo período da
ra, 2005 (adaptado). ditadura militar, que conteve a ação organizativa dos trabalha-
dores brasileiros.
Durante o neocolonialismo, o trabalho forçado - que não se con- e) às conjunturas econômica e política do Brasil, em especial à
funde com a escravidão - foi uma constante em diversas regiões ampliação da capacidade organizativa dos trabalhadores, à
do continente africano até o século XX. De acordo com o texto, inflação e ao arrocho salarial.
sua superação deriva da

a) crítica moral da intelectualidade metropolitana.


b) pressão articulada dos organismos multilaterais. 90
É importante não confundir moralidade – certo e errado –
c) resistência organizada dos trabalhadores nativos.
com lei. É claro que a moralidade e a lei muitas vezes coincidem.
d) concessão pessoal dos empresários imperialistas.
Por exemplo, roubar e matar é moralmente errado. Também é
e) baixa lucratividade dos empreendimentos capitalistas.
contra a lei. Mas a moralidade e a lei não precisam coincidir.

LAW, S. Os arquivos filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.


88
Passada a festa da abolição, os ex-escravos procura-
Quando há discordância entre moralidade e legalidade na socie-
ram distanciar-se do passado de escravidão, negando-se a se
dade, ocorre a existência de
comportar como antigos cativos. Em diversos engenhos do Nor-
deste, negaram-se a receber a ração diária e a trabalhar sem
a) uma legalidade laica.
remuneração. Quando decidiram ficar, isso não significou que
b) leis fundadas em valores morais.
concordassem em se submeter às mesmas condições de traba-
c) ações ilegais como sendo imorais.
lho do regime anterior.
d) leis injustas na sociedade.
FRAGA, W.; ALBUQUERQUE, W. R. Uma história da cultura afro-brasileira.
e) normas que opõem lei e justiça.
São Paulo. Moderna, 2009 (adaptado)

91
Segundo o texto, os primeiros anos após a abolição da escravi- Para o sociólogo Don Slater, as pessoas compram a ver-
dão no Brasil tiveram como característica o(a) são mais cara de um produto não porque tem maior valor de uso
do que a versão mais barata, mas porque significa status e ex-
a) caráter organizativo do movimento negro. clusividade; e, claro, esses status provavelmente será indicado
b) equiparação racial no mercado de trabalho. pela etiqueta de um designer ou de uma loja de departamentos.
c) busca pelo reconhecimento do exercício da cidadania.
d) estabelecimento do salário mínimo por projeto legislativo. BITTENCURT, R. Sedução para o consumo. Revista Filosofia, n.66, ano VI, dez. 2011.
e) entusiasmo com a extinção das péssimas condições de trabalho.
Os meios de comunicação, utilizados pelas empresas como
forma de vender seus produtos, fazem parte do cotidiano so-
cial e têm por um de seus objetivos induzir as pessoas a um(a)
89
a) vida livre de ideologias.
b) pensamento reflexivo e crítico.
c) consumo desprovido de modismos.
d) atitude consumista massificadora.
e) postura despreocupada com estilos.

92
DIEESE; CNM. Relatório de pesquisa: perfil das plantas automobilísticas: 2000. Tecnocracia e democracia são antitéticas: se o protago-
nista da sociedade industrial é o especialista, impossível que ve-
As razões da intensificação da ação grevista exercida pelos nha a ser o cidadão qualquer. A democracia sustenta-se sobre a
trabalhadores, durante a segunda metade da década de 1980, hipótese de que todos podem decidir a respeito de tudo. A tecno-
deveram-se cracia, ao contrário, pretende que sejam convocados para decidir
apenas aqueles poucos que detêm conhecimentos específicos.
a) ao avanço das políticas neoliberais no país, que promoveu a
liberalização dos mercados e privatizações. BOBBIO, N. O futuro da democracia. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
b) ao plano Collor, que congelou os preços, com vistas a barrar a
elevada inflação no país.

34 Ciências Humanas e suas Tecnologias


Na democracia, a participação dos cidadãos nas decisões deve

Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Anotações
ser a mais ampla possível. De acordo com o texto, o exercício
pleno da democracia pressupõe

a) que as decisões sejam tomadas a partir de um princípio demo-


crático, ou seja, todos têm o direito de opinar a respeito de tudo.
b) que aqueles que detêm conhecimento técnico em determina-
do assunto sejam os únicos a poderem opinar e decidir sobre
o mesmo.
c) que os detentores do conhecimento técnico tenham preferên-
cia para decidir, pois a democracia se confunde com a espe-
cialização.
d) uma forma de democracia na qual todos podem opinar, mas
apenas dentro de sua especialidade.
e) a inclusão do conhecimento técnico como critério de julgamen-
to, visto que ele serviria para agilizar o processo de escolha.

93
TEXTO I

Art. 233 - O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que


exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do
casal e dos filhos.

Código Civil, 1916. Disponível em: www.dji.com.br. Acesso em: 02 out. 2011.

TEXTO II
Art. 5°
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados,
unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expres-
sa; Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste ar-
tigo independem de orientação sexual.

Lei Maria da Penha. Lei n. 11.340 de 07 de agosto de 2006.


Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 2 out. 2011 (adaptado).

As leis de um país expressam o processo de mudanças na so-


ciedade. Nessa perspectiva, ao comparar o Código Civil de 1916
e a Lei Maria da Penha, as mudanças na definição jurídica do
conceito de família no Brasil

a) sinalizam a inclusão das uniões homoafetivas no conceito de


família, criando um marco legal para os movimentos que lutam
pela diversidade sexual.
b) restringem os questionamentos aos direitos relacionados à
situação feminina, mantendo o papel do homem como chefe
da sociedade conjugal.
c) remetem às origens primárias da família, confirmando a rela-
ção entre homem, mulher e seus filhos como a base da insti-
tuição familiar.
d) reforçam os papeis tradicionais atribuídos aos sexos, conce-
bendo direitos e deveres em conformidade com o gênero.
e) reconhecerem a necessidade de homens e mulheres em
formar pequenos grupos, concedendo à família a função de
manter a estabilidade social.

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia 35


Humanas
Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

94

DAVIS, J. Garfield de bom humor. Porto Alegre. L&PM. 2011.

Alternativas ao tipo de consumo cultural apresentado nas tiras


resultariam de

a) democratização do acesso a outras esferas de produção cul-


tural.
b) emissoras comprometidas com princípios cívicos.
c) censura moralista diante das informações veiculadas.
d) acesso da população aos canais de sinal fechado.
e) movimento das Igrejas cristãs em defesa da família.

95
Numa época de revisão geral, em que valores são con-
testados, reavaliados, substituídos e muitas vezes recriados, a
crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma das prin-
cipais características das Luzes, que, recusando as verdades
ditadas por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica.

KANT, I. O julgamento da razão. In: ABRÃO, B. S. (Org.) História da Filosofia. São Paulo:
Nova Cultura, 1999.

O iluminismo tece críticas aos valores estabelecidos sob a rubri-


ca da autoridade e, nesse sentido, propõe

a) a defesa do pensamento dos enciclopedistas que, com seus


escritos, mantinham o ideário religioso.
b) o estímulo da visão reducionista do humanismo, permeada
pela defesa de isenção em questões políticas e sociais.
c) a consolidação de uma visão moral e filosófica pautada em
valores condizentes com a centralização política.
d) a manutenção dos princípios da metafísica, dando vastas es-
peranças de emancipação para a humanidade.
e) o incentivo do saber, eliminando superstições e avançando na
dimensão da cidadania e da ciência.

36 Ciências Humanas e suas Tecnologias


Anotações

COMPETÊNCIA 5 - Cidadania e Democracia


Reprodução proibida. A cópia dessa distribuição das questões do ENEM por competência caracteriza dano ao direito autoral. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Humanas

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