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Química Geral e

Inorgânica
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; BIGATÃO, Denise Maria Malachini Miotto.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Química Geral e Inorgânica. Denise Maria Malachini Miotto
Bigatão.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
216 p. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
“Graduação - EAD”.
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Química. 2. Inorgânica . 3. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite;Fukushima;
Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey;
ISBN 978-85-459-1957-5
CDD - 22 ed. 540 Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas;
Impresso por: Supervisão de Projetos Especiais Yasminn
Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla
Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock

Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues


Galan e Fabio Augusto Gentilin.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Bruna Stefane Martins Marconato.
Ilustração Mateus Calmon.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
MEC como uma instituição de excelência, com
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para
os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as
quais visam reunir o melhor do ensino presencial
e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
dos celulares.
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa-
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren-
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!

Este livro foi elaborado com o objetivo de fornecer os conceitos básicos da


Química Geral, em suas diversas áreas, necessários não somente no estudo
de outras disciplinas dos cursos de Engenharia, mas também na atividade
profissional dos futuros engenheiros.
A disciplina de Química Geral e Inorgânica vislumbra proporcionar um
aprendizado global da química, por meio de linguagem acessível, e com
exemplos práticos do nosso cotidiano, a fim de mostrar a presença cons-
tante dessa ciência nos fenômenos da natureza, sejam eles espontâneos ou
provocados pela ação do homem, bem como nas atividades de pesquisa
de laboratórios e na produção industrial.
Abordamos de forma gradativa as principais áreas da química. Iniciamos
pela química inorgânica, seguindo com química orgânica, físico-química,
termoquímica e, finalmente, eletroquímica. Alguns temas, de maior interes-
se, são apresentados mais detalhadamente e com vários exemplos; enquanto
outros, menos aplicados, são descritos de forma resumida, sempre buscando
enfatizar a importância de cada conteúdo à disciplina.
Os conteúdos abordados nas unidades foram selecionados de modo que os
conhecimentos adquiridos na unidade anterior são direta ou indiretamente
necessários aos conceitos apresentados na unidade seguinte. Ao final de
cada unidade, as atividades de estudo visam memorizar os principais temas
abordados. As Pílulas de Aprendizagem, Realidade Aumentada e Saiba Mais
foram selecionados com o objetivo de levar você a reflexões sobre aplicações
práticas da química nas diversas áreas de atividade profissional e, assim,
despertar o interesse por seu conhecimento. O Material Complementar
fornece fontes alternativas que abordam de formas diferentes as discussões
envolvidas em cada unidade, com o objetivo de estimular a interpretação
e a curiosidade ao conhecimento científico.
Convido você, aluno(a) da disciplina Química Geral e Inorgânica, a mer-
gulhar no universo dessa ciência que se baseia na observação e simulação
da natureza e consequente quantificação e interpretação dos resultados
observados. Assim, será possível entender a química como uma grande
aliada dos profissionais de Engenharia na resolução de problemas do nosso
cotidiano!
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão


Possui pós-doutorado (2010), doutorado (2005) e mestrado (2002) em Engenharia Química
na área de Desenvolvimento de Processos pela Universidade Estadual de Maringá, e gra-
duação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (1999), atuando,
principalmente em temas relacionados ao reaproveitamento de resíduos e desenvolvimentos
de novas tecnologias. Atualmente, é professora de Fundamentos da Química Ambiental, no
Curso Superior de Gestão Ambiental, e Química Geral e Inorgânica, no Curso de Engenharia
de Produção na UniCesumar.

Endereço para acessar o currículo: <http://lattes.cnpq.br/2813939541949410>


Elementos Químicos
e suas Propriedades
Periódicas

13

Ligações
Químicas e Soluções

37

Funções Inorgânicas

65
Reações de
Funções Orgânicas
Equilíbrio

87 151

Reações Químicas
Termodinâmica
e seu Cálculo
das Reações
Estequiométrico

111 177

Reações de
Estado Gasoso
Oxirredução

135 195
17 Elétrons ao redor do núcleo
113 Divisão de moléculas
197 Corrente elétrica em um circuito fechado.

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Elementos Químicos
e suas Propriedades
Periódicas

PLANO DE ESTUDOS

Propriedades
Periódicas

O Átomo e suas
Características

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer as teorias que originaram o modelo atômico • Compreender o agrupamento e a classificação dos ele-
atual e entender a estrutura dos átomos. mentos químicos na Tabela Periódica.
O Átomo e suas
Características

A química faz parte das chamadas “Ciências Na-


turais”, que têm por finalidade estudar objetos e
fenômenos da natureza, quer esses fenômenos
sejam observados na natureza, quer sejam pro-
duzidos pelo homem. Para iniciar o estudo da
química, partiremos da menor partícula existente
na natureza, o átomo.
Desde a primeira suposição da existência dos
átomos, na Grécia Antiga, os filósofos gregos não
poderiam imaginar algo tão sutil como a estrutura
dos átomos. Por que precisamos estudar a estrutu-
ra atômica? Segundo Russell (1982), só é possível
compreender o comportamento físico e químico
da matéria compreendendo a maneira pela qual
os átomos se ligam e reagem entre si.
Até o final do século XIX, a Teoria de Dalton,
baseada em átomos indivisíveis, explicou satisfa-
toriamente muitos aspectos do comportamento
químico. O químico John Dalton (1766-1844)
propôs que o átomo era parecido com uma bola
de bilhar, isto é, esférico, maciço e indivisível, e
não poderia ser criado nem destruído; concluiu
que uma alteração química consistia em uma
combinação, separação ou rearranjo de átomos.
Entretanto, resultados de alguns experimentos
com eletrólise e tubos de descarga de gás levaram De acordo com De Boni e Goldani (2007), o
a vários questionamentos sobre a teoria de Dalton. modelo atual do átomo deriva da proposição
O físico Joseph John Thomson (1856-1940) de Rutherford, composto por duas regiões: (1)
utilizou a ampola de Crookes, que consistia em o pequeno núcleo, que compreende toda a carga
um tubo de descarga de gás à baixa pressão, no positiva e praticamente toda a massa do átomo,
qual gases eram submetidos a tensões elétricas e (2) a eletrosfera, região extranuclear composta
elevadíssimas, produzindo raios catódicos. Sub- de elétrons.
metendo esse sistema à ação de um campo elétrico
externo, o cientista observou que os raios se des-
viavam em direção à placa positiva, o ânodo do Número Atômico e
tubo, o que significava que as partículas do raio Número de Massa
catódico possuíam carga elétrica negativa, e foram
denominadas elétrons. A carga positiva do núcleo é chamada número
A Teoria de Thomson finalmente propôs a es- atômico, o Z. Esse número está relacionado com
trutura atômica, na qual o átomo era considerado a natureza do elemento. Por exemplo, cada átomo
uma esfera de carga elétrica positiva, não maciça, de enxofre (S) tem um número atômico igual a 16;
incrustada de elétrons, de modo que sua carga enquanto cada átomo de ferro (Fe) tem número
total fosse nula. Esse modelo foi comparado a um atômico 26. Assim, para identificar o átomo de um
“pudim de passas”. elemento, ou o próprio elemento, basta identificar
No início do século XX, o físico Ernest Ruther- seu número atômico.
ford (1871-1937) sugeriu que o átomo era com- O núcleo é composto por dois tipos de partícu-
posto de um núcleo muito pequeno carregado las, o próton, que tem carga positiva, e o nêutron,
positivamente no centro e circundado por uma assim chamado porque é neutro, ou seja, não tem
região comparativamente grande, contendo os carga. Como o átomo não tem carga elétrica, o
elétrons, denominada eletrosfera. O átomo seria número de prótons no núcleo é igual ao número
semelhante ao “sistema solar”, em que o núcleo de elétrons na eletrosfera. Além disso, o número
representaria o Sol e os elétrons girando ao redor de prótons no núcleo é igual ao número atômico.
do núcleo seriam os planetas. Os prótons e nêutrons no núcleo de um átomo
são quase totalmente responsáveis pela massa do
átomo, porque os elétrons são muito leves. Por
esse motivo, o número de massa, A, consiste na
soma de prótons e nêutrons presentes no núcleo.
Próton Se um determinado átomo possui 47 prótons e 60
Nêutron nêutrons, por exemplo, seu número de massa A
Elétron
será 47+60, igual a 107. Por outro lado, o núcleo
é muito compacto e o volume do átomo consiste,
praticamente, do volume da eletrosfera. Simbo-
licamente, o átomo X, com número atômico Z
e número de massa A, pode ser representado da
Figura 1 - Modelo atômico de Rutherford
seguinte forma:

UNIDADE 1 15
A
Z
x ou
Z
x A Número
Número de Massa mesmo número atômico, mas diferentes números de
Atômico massa; são chamados isótopos e diferem entre si no
Figura 2 - Representação simbólica do átomo X
número de nêutrons (número de massa menos núme-
Fonte: De Boni e Goldani (2007). ro atômico) no núcleo. Por exemplo, existem três isóto-
pos do hidrogênio que ocorrem naturalmente (Figura
3): o prótio (1H), que não possui nenhum nêutron; o
Isótopos, Isóbaros e Isótonos deutério (2H ou D), com 1 nêutron; e o trítio (3H ou
T), com 2 nêutrons. Nos três casos, o núcleo possui
Todos os átomos neutros de um determinado elemen- apenas 1 próton, e na eletrosfera há somente 1 elétron.
to têm o mesmo número atômico, portanto, a mesma A Figura 3 mostra ainda os quatro isótopos
carga nuclear, e o mesmo número de elétrons na ele- do hélio, nos quais o número de nêutrons vai de
trosfera. Entretanto, alguns átomos podem conter o 1 (3He) para 4 (6He).

Figura 3 - Isótopos do Hidrogênio e do Hélio

Segundo Russell (1982), muitos átomos possuem isótopos estáveis, de modo que a maioria dos elementos
consiste em uma mistura de isótopos. O boro, por exemplo, ocorre na natureza como uma mistura de
10
B (19,78%) e 11B (80,22%). Essas porcentagens são em número, isto é, de cada 10.000 átomos de boro,
1.978 são 10B e 8.022 são 11B.
É importante notar que os isótopos têm propriedades químicas iguais (que dependem da estrutura
da eletrosfera) e propriedades físicas diferentes (que dependem da massa do átomo). Assim, embora
o hidrogênio (1H) e o deutério (2H ou D) sejam ambos gasosos, a densidade (propriedade física) do
deutério é o dobro da densidade do hidrogênio. Ambos reagem com o oxigênio, formando água (pro-
priedade química igual); no entanto, o hidrogênio forma a água comum (H2O), de densidade igual a
1,0g/mL, enquanto o deutério forma a chamada água pesada (D2O), pois tem densidade igual a 1,1g/mL.
Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos químicos diferentes, mas
que possuem o mesmo número de massa (A). Nesse caso, o maior número de prótons é compensado
por um menor número de nêutrons e vice-versa. Exemplo: Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e Potássio (K,
A=40 e Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas diferentes.

16 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Isótonos são átomos de diferentes elementos crevessem os elétrons existentes no átomo estável,
químicos, com diferentes números de prótons, e concluiu que os átomos possuem um conjunto
diferentes números de massa, porém com mesmo de energia disponível para seus elétrons, ou seja,
número de nêutrons (N). Os isótonos possuem a energia de um elétron em um átomo é quanti-
propriedades químicas e físicas diferentes, como zada. Esse conjunto de energias quantizadas foi,
Cloro e Cálcio. posteriormente, denominado “níveis de energia”.
Ex.: (Cl, Z=17, A=37 e N=A–Z=20); (Ca, Z=20, Com essas conclusões, Bohr aperfeiçoou o mo-
A=40 e N=A–Z=20). delo atômico de Rutherford e chegou ao modelo
do átomo como sistema planetário, no qual os
elétrons se organizam na eletrosfera na forma de
Peso Atômico camadas ou níveis de energia.
Núcleo: Formado
A massa de um átomo é denominada peso atômi- por Prótons e Nêutrons
-
co e é expressa em uma unidade extremamente
pequena, chamada unidade de massa atômica
(uma). Uma unidade de massa atômica (1 uma) -
é definida como sendo exatamente um doze-avos
-
(1/12) da massa de um átomo de carbono (12C).
Isso equivale dizer que a massa de um átomo de
12
C é 12 uma. Dessa forma, a escala de pesos atô- -
micos é uma escala relativa. -

Eletrosfera: Formado
por Elétrons distribuídos
O Modelo da
em várias camadas

Mecânica Quântica Figura 4 - Modelo atômico de Rutherford-Bohr


Fonte: De Boni e Goldani (2007).

Segundo o físico Niels Bohr (1885-1962), a mecâ-


nica clássica era inadequada para prever o com-
portamento de pequenas partículas, tais como
moléculas, átomos, elétrons e núcleos. A mecânica
quântica, por outro lado, teve grande sucesso. Os
efeitos quânticos observados na eletrosfera dos
átomos consistem, principalmente, na quantiza-
ção da energia dos elétrons.
O estudo dos espectros eletromagnéticos dos
elementos realizados por Bohr permitiu adicionar
algumas observações ao modelo de Rutherford,
por isso, o seu modelo passou a ser conhecido
como modelo atômico de Rutherford-Bohr. O
pesquisador iniciou seus experimentos conside-
rando a existência de princípios físicos que des- Elétrons ao redor do núcleo

UNIDADE 1 17
Níveis e Subníveis de Energia

Uma camada consiste em um conjunto de um ou a camada K (n = 1) pode conter até 2 elétrons, a


mais níveis energéticos quantizados. As camadas camada L (n = 2) até 8 elétrons e assim por diante.
são designadas de duas maneiras: (1) usando as
letras K, L, M, N, O, P e Q, e (2) especificando o
número quântico principal n, como sendo 1, 2,
3, 4, 5, 6 e 7.
Quanto mais próxima do núcleo está uma ca-
mada, seus elétrons permanecem mais atraídos 2 8 18 32 32 18 2
pelo núcleo e adquirem menor energia. Por outro
K
lado, os elétrons das camadas mais afastadas são
menos atraídos pelo núcleo, adquirindo maior L
energia potencial. Isso se explica porque os elé- M N O P Q
trons das camadas mais internas estão mais presos
Figura 5 - Camadas de energia ao redor do núcleo
ao núcleo; enquanto os elétrons das camadas mais
Fonte: Feltre (2004).
externas encontram-se mais livres. Dessa forma,
os elétrons da camada K (n = 1) possuem a menor Quando um elétron salta de um nível de menor
energia permitida, enquanto a camada Q (n = 7) energia para um nível mais elevado, ele absorve
possui os elétrons de maior energia. energia, e quando ele retorna para um nível de
A população eletrônica máxima de uma ca- menor energia, o elétron emite uma radiação em
mada pode ser demonstrada na Figura 5. Assim, forma de luz.

Energia

Números
quânticos s p d f
principais (n)
6d
5f
7s
(Q) n =7 6p
5d
4f
(P) n =6 6s 5p
4d
(O) n =5 5s
Aumento de Energia

4p
3d
4s
(N) n =4 3p
3s
(M) n =3 2p
2s
(L) n =2
1s
(K) n =1

l=0 l=1 l=2 l=3

Núcleo

Figura 6 - Níveis e subníveis de energia


Fonte: Feltre (2004).

18 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Cada camada, ou nível de energia, contém um ou núcleo, em que há máxima probabilidade de se
mais subníveis. Os subníveis são representados encontrar um elétron. Para essa região, deu-se
pelo número quântico secundário ou azimutal o nome de orbital. Os orbitais correspondem a
l, que admite os valores 0, 1, 2 e 3, e são identifi- regiões do átomo com maior probabilidade de
cados pelas letras s, p, d e f, respectivamente. A se encontrar determinado elétron, ou seja, com
população eletrônica máxima de cada subnível maior manifestação eletrônica. Cada orbital
não é constante. No subnível s, pode haver até 2 acomoda, no máximo, dois elétrons e, quando
elétrons; enquanto no subnível p, até 6 elétrons; os elétrons ocupam um mesmo orbital, são ditos
no subnível d, até 10 elétrons; e no subnível f, até emparelhados e devem possuir sentidos de rota-
14 elétrons. ção (spins) contrários.
O número quântico magnético (ml) indica a
orientação de um orbital no espaço. O termo mag-
Orbitais Eletrônicos nético é atribuído pelo fato dos diferentes orbi-
tais de um subnível possuírem diferentes energias
Segundo o físico Werner Heisenberg (1901-1976), quantizadas na presença de um campo magnético.
é praticamente impossível prever a posição corre- O número quântico magnético (ml) pode ter
ta de um elétron na sua eletrosfera. Desta forma, valores inteiros desde um mínimo de -l até um má-
o físico Erwin Schrödinger (1887-1961) deter- ximo de +l. O Quadro 1 mostra as possibilidades
minou a região do espaço que está ao redor do de orbitais para os diferentes subníveis s, p, d e f.

Quadro 1 - Números quânticos magnéticos e orbitais correspondentes

Subnível de Energia Número quântico magnético (ml) Orbitais possíveis

s (l = 0) 0 1

p (l = 1) -1, 0, +1 3

d (l = 2) -2, -1, 0, +1, +2 5

f (l = 3) -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3 7

Fonte: o autor.

Spin Eletrônico

Spin (do inglês "giro") é uma notação para possíveis orientações que partículas carregadas podem
apresentar quando imersas em um campo magnético. Um orbital comporta, no máximo, dois elétrons.
Eles não se repelem porque giram em sentidos opostos, criando campos magnéticos que se atraem.
Dessa forma, a força magnética de atração entre os elétrons é contrabalançada pela força elétrica de
repulsão entre eles. Portanto, os elétrons permanecem emparelhados e possuem spins que se opõem,
chamados spins opostos ou antiparalelos. Os spins eletrônicos são descritos pelo número quântico de
spin, ms, e admitem os valores +½ ou -½.

UNIDADE 1 19
Configuração Eletrônica dos Elementos

A maneira específica pela qual os orbitais de um A leitura do diagrama fornece a seguinte or-
átomo são ocupados pelos elétrons é denominada dem crescente de energia: 1s2 – 2s2 – 2p6 – 3s2 –
“configuração eletrônica” do átomo. A distribui- 3p6 – 4s2 – 3d10 – 4p6 – 5s2 – 4d10 – 5p6 – 6s2 – 4f14
ção eletrônica dos orbitais é feita preenchendo-se – 5d10 – 6p6 – 7s2 – 5f14 – 6d10 – 7p6.
totalmente um subnível antes de passar para o Para determinar a configuração eletrônica de
próximo. No entanto, a ocupação dos subníveis um átomo, é necessário obedecer a essa ordem e
não obedece aos limites dos níveis. Os elétrons observar o número máximo de elétrons que cada
não vão se acomodando nos subníveis de uma subnível comporta. Por exemplo, o átomo de fer-
mesma camada até preenchê-la, eles seguem uma ro, Fe (Z = 26), que contém 26 elétrons, possui a
ordem diferente, a ordem crescente de energia. seguinte configuração eletrônica: 1s2 – 2s2 – 2p6 –
O químico Linus Pauling (1901 – 1994) elabo- 3s2 – 3p6 – 4s2 – 3d6. Notamos que o subnível 3d,
rou um diagrama que permite fazer a distribui- o último a ser preenchido, tem capacidade para até
ção eletrônica segundo essa ordem crescente. O 10 elétrons, mas possui apenas 6. Essa distribuição
dispositivo ficou conhecido como Diagrama de eletrônica segue a chamada “ordem energética”, pois
Linus Pauling (RUSSEL, 1982). A Figura 7 ilustra é desenvolvida em ordem crescente de energia.
o diagrama citado. Existe outra forma de representar a distribuição
eletrônica por subníveis de energia, é a chamada
“ordem geométrica”. Nela, após fazer a distribui-
ção conforme a ordem energética, os subníveis
são agrupados em cada nível. No caso do átomo
de ferro, temos a seguinte ordem geométrica:
1s2 – 2s2 2p6 – 3s2 3p6 3d6 – 4s2.
A ordem energética permite identificar o sub-
nível mais energético, que é o último da sequência.
No caso do ferro, é o subnível 3d6. Já a ordem geo-
métrica mostra o subnível mais externo, que, no
caso do ferro, é o 4s2. Em alguns casos, o subnível
mais energético coincide com o subnível mais
externo, mas trata-se apenas de uma coincidência.
A camada de valência constitui o nível de
Figura 7 - Diagrama de Linus Pauling
maior número quântico principal, n. Normalmen-
te, os elétrons pertencentes à camada de valência
O diagrama apresenta os níveis de energia em são os que participam das ligações químicas, pois
ordem crescente, representados pelos números são os mais externos. No caso do ferro, a camada
de 1 a 7. Os subníveis que cada nível possui são de valência é o nível 4, referente à camada N.
representados pelas letras s, p, d e f. As setas mos- As Tabelas 1 e 2 apresentam as configurações
tram o sentido no qual o diagrama deve ser lido. eletrônicas dos elementos da Tabela Periódica. A
Cada seta deve ser percorrida até o fim, para só distribuição eletrônica segue a ordem crescente de
então iniciar a próxima seta. energia, mostrada no Diagrama de Linus Pauling.

20 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Tabela 1 - Configurações Eletrônicas dos Elementos

Camada (n entre parênteses)


K (1) L (2) M (3) N (4) O (5) P (6) Q (7)
Elemento Z s s p s p d s p d f s p d f s p d f s

H 1 1
He 2 2

Li 3 2 1
Be 4 2 2
B 5 2 2 1
C 6 [He} 2 2 2
N 7 2 2 3
O 8 2 2 4
F 9 2 2 5
Ne 10 2 2 6

Na 11 2 2 6 1
Mg 12 2 2 6 2
Al 13 2 2 6 2 1
Si 14 [Ne] 2 2 6 2 2
P 15 2 2 6 2 3
S 16 2 2 6 2 4
Cl 17 2 2 6 2 5
Ar 18 2 2 6 2 6

K 19 2 2 6 2 6 1
Ca 20 2 2 6 2 6 2
Sc 21 2 2 6 2 6 1 2
Ti 22 2 2 6 2 6 2 2
V 23 2 2 6 2 6 3 2
Cr 24 2 2 6 2 6 5 1
Mn 25 2 2 6 2 6 5 2
Fe 26 2 2 6 2 6 6 2
Co 27 [Ar] 2 2 6 2 6 7 2
Ni 28 2 2 6 2 6 8 2
Cu 29 2 2 6 2 6 10 1
Zn 30 2 2 6 2 6 10 2
Ga 31 2 2 6 2 6 10 2 1
Ge 32 2 2 6 2 6 10 2 2
As 33 2 2 6 2 6 10 2 3
Se 34 2 2 6 2 6 10 2 4
Br 35 2 2 6 2 6 10 2 5
Kr 36 2 2 6 2 6 10 2 6

Rb 37 2 2 6 2 6 10 2 6 1
Sr 38 2 2 6 2 6 10 2 6 2
Y 39 2 2 6 2 6 10 2 6 1 2
Zr 40 2 2 6 2 6 10 2 6 2 2
Nb 41 2 2 6 2 6 10 2 6 4 1
Mo 42 2 2 6 2 6 10 2 6 5 1
Tc 43 2 2 6 2 6 10 2 6 6 2
Ru 44 2 2 6 2 6 10 2 6 7 1
Rh 45 [Kr] 2 2 6 2 6 10 2 6 8 1
Pd 46 2 2 6 2 6 10 2 6 10
Ag 47 2 2 6 2 6 10 2 6 10 1
Cd 48 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2
In 49 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 1
Sn 50 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 2
Sb 51 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 3
Te 52 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 4
I 53 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 5
Xe 54 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6

Fonte: Russell (1982, p. 152).

UNIDADE 1 21
Tabela 2 - Configurações Eletrônicas dos Elementos (continuação)

Camada (n entre parênteses)


K (1) L (2) M (3) N (4) O (5) P (6) Q (7)
Elemento Z s s p s p d s p d f s p d f s p d f s

Cs 55 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 1
Ba 56 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 2
La 57 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 1 2
Ce 58 2 2 6 2 6 10 2 6 10 1 2 6 1 2
Pr 59 2 2 6 2 6 10 2 6 10 3 2 6 2
Nd 60 2 2 6 2 6 10 2 6 10 4 2 6 2
Pm 61 2 2 6 2 6 10 2 6 10 5 2 6 2
Sm 62 2 2 6 2 6 10 2 6 10 6 2 6 2
Eu 63 2 2 6 2 6 10 2 6 10 7 2 6 2
Gd 64 2 2 6 2 6 10 2 6 10 7 2 6 1 2
Tb 65 2 2 6 2 6 10 2 6 10 9 2 6 2
Dy 66 2 2 6 2 6 10 2 6 10 10 2 6 2
Ho 67 2 2 6 2 6 10 2 6 10 11 2 6 2
Er 68 2 2 6 2 6 10 2 6 10 12 2 6 2
Tm 69 2 2 6 2 6 10 2 6 10 13 2 6 2
Yb 70 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 2
[Xe]
Lu 71 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 1 2
Hf 72 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 2 2
Ta 73 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 3 2
W 74 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 4 2
Re 75 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 5 2
Os 76 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 6 2
Ir 77 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 7 2
Pt 78 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 9 1
Au 79 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 1
Hg 80 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2
Tl 81 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 1
Pb 82 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 2
Bi 83 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 3
Po 84 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 4
At 85 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 5
Rn 86 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6

Fr 87 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 1
Ra 88 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 2
Ac 89 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 1 2
Th 90 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 2 2
Pa 91 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 2 6 1 2
U 92 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 3 2 6 1 2
Np 93 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 4 2 6 1 2
Pu 94 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 6 2 6 2
Am 95 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 7 2 6 2
Cm 96 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 7 2 6 1 2
[Rn]
Bk 97 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 9 2 6 2
Cf 98 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 10 2 6 2
Es 99 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 11 2 6 2
Fm 100 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 12 2 6 1
Md 101 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 13 2 6 2
No 102 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 2
Lr 103 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 1 2
Rf 104 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 2 2
Ha 105 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 3 2
106 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 4 2

Fonte: Russell (1982, p. 153).

22 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Os Orbitais Atômicos

Segundo Feltre (2004), orbital representa uma região ao redor do núcleo atômico, na qual a probabi-
lidade de se encontrar um elétron é máxima. O comportamento dos elementos químicos deve-se, em
grande parte, aos seus elétrons de valência e aos tipos e respectivas formas de seus orbitais.

Orbitais tipo s

Em um átomo de hidrogênio, temos apenas um elétron situado no


subnível 1s. Logo, esse elétron ocupa um orbital tipo s. Isso significa que
se fosse possível fotografar esse elétron em intervalos de centésimos de
segundo, obteria uma sequência de imagens mostrando várias posições
desse elétron. A sobreposição dessas imagens revelaria quais posições
desse elétron ao redor do núcleo, ou seja, qual a forma do orbital s.
A Figura 8 mostra a representação geométrica do orbital s. Vemos
um orbital esférico e não direcional, que independe do nível (n = 1, 2,
3, 4, 5, 6, e 7) ao qual pertence.
Figura 8 - Orbital s

Orbitais tipo p

O subnível p possui três orbitais. No átomo isolado, esses três orbitais têm a mesma energia e a mesma
forma de haltere, com dois lobos separados por um nó. Eles diferem entre si pela sua orientação no
espaço. Usando um sistema de coordenadas tridimensionais cartesianas, podemos representar os três
como: px , py e pz. A Figura 9 mostra os três orbitais mencionados.

Orbital px Orbital py Orbital pz

Figura 9 - Orbitais p

Cada orbital possui uma região chamada plano nodal, que consiste em um plano que divide o orbital
ao meio, no qual a probabilidade do elétron ser encontrado é nula. O núcleo do átomo está nesse plano.

UNIDADE 1 23
Orbitais tipo d

O subnível d possui cinco orbitais, representados por dxy , dxz , dyz ,


dx2- y2 e dz2 (Figura 10). No átomo isolado, todos eles têm energias
equivalentes. A representação gráfica desses orbitais sugere uma
região espacial mais complexa do que as regiões dos orbitais s e p.

Figura 10 - Orbitais d

Orbitais tipo f

Os orbitais do tipo f possuem formas variadas e seu estudo torna-se


importante apenas para os elementos de transição interna da tabela
periódica, chamados lantanídeos e actinídeos.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
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24 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Propriedades
Periódicas

Com o desenvolvimento da química e da física,


os elementos químicos foram sendo descober-
tos, identificados e catalogados. À medida que
o número de elementos conhecidos aumentou,
viu-se a necessidade de organizar as informações
disponíveis para melhor compreendê-los.

Tabela Periódica

O conceito de periodicidade química deve seu


desenvolvimento a dois químicos, Lothar Meyer
(1830 – 1895) e Dmitri Mendeleev (1834 – 1907).
Trabalhando independentemente, eles descobri-
ram a lei periódica e publicaram tabelas periódi-
cas dos elementos em ordem crescente de massa
atômica. Atualmente, sabemos que a periodici-
dade nas propriedades é melhor indicada se os
elementos são colocados em ordem crescente do
número atômico. Essa diferença, entretanto, afeta
poucos elementos, uma vez que aumento do nú-
mero atômico geralmente significa aumento do
peso atômico.

UNIDADE 1 25
A repetição expressa na lei periódica é a base alcalinos terrosos), Grupo IIIA (Família do Boro),
da Tabela Periódica moderna (Figura 11). As li- Grupo IVA (Família do Carbono), Grupo VA (Fa-
nhas horizontais são chamadas “períodos” e são mília do Nitrogênio), Grupo VIA (Calcogênios),
numerados de 1 a 7, usando algarismos arábicos. Grupo VIIA (Halogênios) e Gases Nobres.
As colunas verticais são chamadas “grupos”, e cada Os elementos pertencentes aos subgrupos são
um representa uma “família de elementos”. Os gru- denominados elementos de transição e são todos
pos “principais” contêm cinco ou seis elementos e metais. Os elementos pertencentes ao grupo IIIB,
são numerados de 1 a 7, usando números romanos nos períodos 6 e 7, representam os elementos de
e a letra A. Os grupos pequenos são chamados transição interna e são chamados lantanídeos
“subgrupos” ou “grupo B”. e actinídeos, respectivamente. Todos os outros
Os grupos ou famílias principais consistem em: metais de transição são chamados elementos de
Grupo IA (Metais alcalinos), Grupo IIA (Metais transição externa ou simples.

IA VIIIA

IIA IIIA IVA VA VIA VIIA

IIIB IVB VB VIB VIIB VIIIB IB IIB

Figura 11 - Tabela Periódica

26 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Segundo De Boni e Goldani (2007), atualmente, combinar com metais e não metais. Em tempera-
os elementos químicos dividem-se em metais, não tura ambiente, consiste em um gás extremamente
metais, gases nobres e hidrogênio. Os metais apre- inflamável.
sentam condutividade elétrica e térmica, em geral,
são densos, refletem a luz, manifestando brilho
típico, possuem elevados pontos de fusão e ebu-
lição, são dúcteis (facilmente produzidos como
fios) e maleáveis (facilmente produzidos como Na Tabela Periódica moderna, existem elemen-
lâminas). Exceto no caso do mercúrio, todos os tos químicos naturais e também elementos
metais são sólidos à temperatura ambiente. químicos artificiais. Os Elementos naturais são
Os não metais apresentam propriedades opos- aqueles extraídos da natureza, enquanto os
tas as dos metais. São os elementos mais abundan- elementos artificiais são produzidos em labora-
tes na natureza e, ao contrário dos metais, não são tórios especializados. Dos elementos artificiais,
bons condutores de calor e eletricidade, não são podemos destacar dois situados antes do urâ-
dúcteis nem maleáveis e, em geral, são opacos, ou nio (92U), denominados elementos cisurânicos,
seja, sem brilho. representados pelo tecnécio (43Tc) e o promécio
Os gases nobres são todos gases à tempera- (61Pm). Os demais elementos artificiais, por esta-
tura ambiente e quimicamente pouco reativos. rem localizados depois do urânio, são chamados
O hidrogênio é considerado um grupo à parte, elementos transurânicos.
pois suas propriedades são diferentes de todos Fonte: adaptado de Feltre (2004)
os outros elementos, é inodoro, incolor e pode se

Periodicidade nas Configurações Eletrônicas

Quando se compara as configurações eletrônicas dos elementos (Tabelas 1 e 2) com a Tabela Perió-
dica (Figura 11), verificamos que cada período começa pela adição de um elétron a um novo nível de
energia, previamente não ocupado (Figura 12). Assim, o hidrogênio e os elementos do grupo IA têm
configuração ns1, onde n é o número quântico principal da camada mais externa, também conhecida
como camada de valência.
Os elementos do grupo principal (grupo A) têm a camada de valência preenchida com um a oito
elétrons. Os grupos IA e IIA possuem configuração ns1 e ns2, respectivamente; e os grupos IIIA até os
gases nobres, possuem distribuição eletrônica ns2np1 até ns2np6, respectivamente. Esses elementos são
denominados “elementos representativos”. A configuração dos gases nobres é bastante estável, o que
resulta em baixa reatividade desses elementos.
Os elementos do grupo B são também conhecidos como “elementos de transição”. Cada série ho-
rizontal de elementos de transição corresponde ao preenchimento do subnível d da camada (n - 1)
desses átomos. Uma vez que qualquer subnível d pode acomodar um total de 10 elétrons, o preenchi-
mento dá origem a 10 elementos de transição nos períodos 4 e 5. Na série dos lantanídeos e actinídeos,
a subcamada a ser preenchida é a f do nível (n – 2). O subnível f tem uma população máxima de 14
elétrons e assim existem 14 lantanídeos e 14 actinídeos.

UNIDADE 1 27
1s1 1s2
2s1 2s1 2p1 2p2 2p3 2p4 2p5 2p6

p
3s1 3s2 3p1 3p2 3p3 3p4 3p5 3p6

S
4s1 44s2 3d1 3d2 3d3 3d4 3d5 3d6 3d7 3d8 3d9 3d10 4p1 4p2 4pp3 44p4 4p5 4p6

d
d6 4d7 4d8 4d9 4d10 5p1 5p2 5p3 5p4 5p5 5p6
5ss1 55s2 4d1 4d2 4d3 4d4 4d5 4d
6s1 6s2 4f 5d2 5d3 5d4 5d5 5d6 5d7 5d8 5d9 5d10 6p1 6p2 6p3 6p4 6p5 6p6
7s1 7s2 5f 6d2 6d3 6d4 6d5 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10

f
4f 1 4f 2 4f 3 4f 4 4f 5 4f 6 4ff 7 4f 8 4f 9 4f 10 4f 11 4f 12 4f 13 4f 14 5d1
5f 1 5f 2 5f 3 5f 4 5f 5 5f 6 5ff 7 5f 8 5f 9 5f 10 5f 11 5f 12 5f 13 5f 14 6d1
Figura 12 - Último subnível ocupado em cada elemento da Tabela Periódica
Fonte: Feltre (2004).

Relações nas Propriedades dos Elementos Químicos

Algumas propriedades dos elementos químicos mostram variações periódicas em função do seu núme-
ro atômico, ou seja, de acordo com sua posição na Tabela Periódica. Dentre as principais propriedades,
podemos destacar o raio atômico, a eletronegatividade, a eletropositividade, a afinidade eletrônica e
o potencial de ionização.

Raio atômico

De acordo com Feltre (2004), raio atômico con- elementos aumenta, ou seja, de cima para baixo. Isso
siste, basicamente, na distância do núcleo de um significa que o raio atômico cresce quanto maior
átomo à sua eletrosfera na camada mais externa, for o número de camadas eletrônicas dos átomos.
a camada de valência. Porém, como o átomo não Por outro lado, em um mesmo período, o raio
é rígido, calculamos o raio atômico médio defi- atômico aumenta da direita para esquerda, no
nido pela média da distância entre os centros dos sentido de decréscimo do número atômico. Isso
núcleos de dois átomos vizinhos de um mesmo ocorre em razão de todos possuírem o mesmo
elemento numa ligação química em estado sólido. número de camadas eletrônicas, o que os diferen-
O raio atômico diferencia-se de um elemento cia é a quantidade de elétrons nessas camadas, e
para outro em função de sua família e período na Ta- quanto maior o número de elétrons na camada
bela Periódica. Dentro de uma mesma família, o raio de valência, maior sua atração pelo núcleo, dimi-
atômico aumenta quando o número atômico dos nuindo, assim, o raio do átomo.

28 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


O elemento de maior raio atômico conhecido é o
Césio (55Cs), entretanto, é provável que o Frâncio (87Fr)
tenha um raio maior, porém isso ainda não foi confir-
mado, em razão da raridade desse elemento na natureza.
A Figura 13 apresenta o sentido de crescimento do raio Raio Atômico
atômico nas famílias e períodos da Tabela Periódica.

Figura 13 - Sentido de crescimento do Raio atômico


na Tabela Periódica
Eletronegatividade Fonte: Feltre (2004).

Eletronegatividade consiste na tendência que um áto-


mo tem de atrair elétrons para perto de si em uma
ligação química, de modo que não pode ser calculada
a eletronegatividade de um átomo isolado.
A escala de Pauling, largamente utilizada, define que
a eletronegatividade cresce nas famílias da Tabela Pe-
riódica de baixo para cima, no sentido da diminuição
do raio atômico, resultante do aumento das interações
Eletronegatividade
do núcleo com a eletrosfera. Nos períodos da Tabela
Periódica, o aumento ocorre da esquerda para direita,
acompanhando o aumento do número atômico e con- Figura 14 - Sentido de crescimento da Eletronegati-
sequente redução do raio atômico. vidade na Tabela Periódica
O elemento mais eletronegativo da Tabela Perió- Fonte: Feltre (2004).
dica é o Flúor (⁹F). A Figura 14 apresenta o sentido de
crescimento da eletronegatividade dos elementos.

Eletropositividade

Ao contrário da eletronegatividade, a eletropositividade


consiste na tendência que um átomo tem em perder
elétrons em uma ligação química. Dessa forma, a eletro-
positividade aumenta no sentido oposto da eletronega-
tividade, crescente de cima para baixo nas famílias, e da
direita para a esquerda nos períodos da Tabela Periódica.
Assim, a eletropositividade segue o mesmo sentido Eletropositividade
de crescimento do raio atômico, pois quanto maior o
raio de um átomo, mais facilmente pode perder seus
Figura 15 - Sentido de crescimento da Eletropositi-
elétrons da camada de valência. O Frâncio (87Fr) é o vidade na Tabela Periódica
elemento mais eletropositivo da Tabela Periódica, como Fonte: Feltre (2004).
mostrado na Figura 15.

UNIDADE 1 29
Afinidade eletrônica

Muitos átomos podem receber elétrons, tornando-se íons negativos, denominados ânions. Quando
um átomo isolado no estado gasoso recebe um elétron, há uma liberação de energia, que é medida pela
afinidade eletrônica ou eletroafinidade do átomo, e sua intensidade mede quão fortemente o elétron
se liga ao átomo.
A Equação X(g) + e- → X-(g) + energia, mostra que o átomo X(g), ao receber um elétron (e-), transfor-
ma-se no ânion X-(g) e libera energia. Quanto maior a energia liberada nessa reação, maior a afinidade
eletrônica do átomo pelo elétron adicionado.
No entanto, a afinidade eletrônica é difícil de ser medida e, em razão disso, foi determinada somente
para alguns elementos. Com os valores obtidos, foi possível generalizar o comportamento dessa pro-
priedade ao longo das famílias e períodos da Tabela Periódica.
Em uma mesma família, quanto maior o período, menor será a eletroafinidade, ou seja, ela cresce de
baixo para cima. Por outro lado, em um mesmo período, quanto maior a família, maior será a afinidade
eletrônica, isto é, ela cresce da esquerda para direita, tal qual observado com a eletronegatividade, na
Figura 14. Assim, os elementos que apresentam maior afinidade eletrônica são os halogênios (grupo
VIIA) e o oxigênio. O Cloro (17Cl) possui a maior afinidade eletrônica medida.

Potencial ou energia de ionização

Se, por um lado, a afinidade eletrônica mede a O potencial de ionização, em geral, apresenta o
energia liberada pelo átomo ao receber um elé- mesmo comportamento de crescimento da afinida-
tron, por outro lado, o potencial de ionização ou de eletrônica e eletronegatividade (Figura 14). Ao
energia de ionização determina a energia absor- longo do período, o aumento da carga nuclear e a
vida quando um elétron é removido de um átomo redução do raio atômico fazem com que os elétrons
isolado, no estado gasoso, dando origem a um íon mais externos se tornem cada vez mais fortemente
positivo, um cátion. atraídos pelo núcleo, o que resulta em energias de
A Equação M(g) + energia1 → M+(g) + e- mostra ionização cada vez maiores. Nas famílias, por sua
que, ao absorver energia, o elétron pode ser trans- vez, o potencial de ionização decresce à medida que
ferido de um elemento para outro, e como mais o raio atômico aumenta, pois os elétrons da camada
de um elétron pode ser removido do átomo, essa de valência, mais distantes do núcleo, apresentam
primeira energia é denominada primeira energia menor atração e são mais facilmente removidos. Os
de ionização (energia1). A segunda energia de io- elementos Flúor (9F) e Cloro (17Cl) apresentam as
nização (energia2), por sua vez, é aquela necessária maiores energias de ionização da Tabela Periódica.
para remover o segundo elétron, da seguinte for- Nesta unidade, verificamos, inicialmente, que
ma: M+(g) + energia2 → M2+(g) + e-. Para a primeira os elementos químicos apresentam características
retirada de elétron, a quantidade de energia reque- específicas em função de sua estrutura nuclear,
rida (energia1) é menor que a segunda retirada ou seja, de acordo com o número de prótons e
(energia2) que, por sua vez, é menor que a terceira nêutrons em seu núcleo e, consequentemente, o
retirada, e assim sucessivamente. número de elétrons em sua eletrosfera.

30 Elementos Químicos e suas Propriedades Periódicas


Observamos, finalmente, que as principais proprie-
dades dos elementos químicos se inter-relacionam de
forma direta, obedecendo à periodicidade da Tabela
que, por sua vez, depende principalmente da estrutura
atômica dos elementos químicos.
As informações sobre a estrutura e as propriedades
dos elementos químicos se fazem importantes para
a compreensão de seu comportamento nas ligações
químicas, assunto a ser explorado na unidade a seguir.
Vamos lá!

UNIDADE 1 31
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A eletrosfera é a região do átomo que:


a) Contém as partículas de carga elétrica negativa.
b) Contém as partículas de carga elétrica positiva.
c) Contém os nêutrons.
d) Concentra grande parte da massa do átomo.
e) Contém os prótons.

2. Um átomo que possui 19 prótons, 19 elétrons e 20 nêutrons apresenta, respec-


tivamente, número atômico (Z) e número de massa (A) igual a:
a) 19 e 19.
b) 19 e 20.
c) 20 a 19.
d) 19 e 39.
e) 39 e 19.

3. A configuração eletrônica do átomo neutro X é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3. Sabe-se tam-
bém que o átomo neutro X tem 16 nêutrons, portanto, o número atômico (Z) e
a massa atômica (A) do átomo neutro X será:
a) 15 e 16.
b) 16 e 31.
c) 15 e 31.
d) 15 e 16.
e) 31 e 15.

32
WEB

Portal da Química
A Química está presente em inúmeras situações de nossas vidas. No entanto,
muitas pessoas têm dificuldade em relacionar a teoria estudada com as aplica-
ções práticas do conteúdo em nosso cotidiano. O CD Química no Dia a Dia busca
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quais, mesmo sem se dar conta, a maioria das pessoas está acostumada a lidar.
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envolvendo alimentos, plásticos, combustão, elementos químicos, petróleo,
entre outras, todas apresentadas em forma de diálogos, relacionando a teoria
à prática. Os conteúdos abordados são os mais variados, como termoquímica,
átomos, elementos químicos, química orgânica, radioatividade, entre outros.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

33
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.

FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.

RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.

34
1. A.

A eletrosfera é a região do átomo que possui as partículas de carga negativa, que são os elétrons, enquanto
as partículas de carga positiva (prótons) e os nêutrons situam-se na região central do átomo, o núcleo.

2. D.

Um átomo que possui 19 prótons, 19 elétrons e 20 nêutrons apresenta:

Número atômico (Z) = número de prótons = 19

Número de massa (A) = número de prótons + número de nêutrons = 19 + 20 = 39.

3. C.

A configuração eletrônica do átomo X é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3. O átomo tem 16 nêutrons.

Número atômico (Z) = número de prótons = número de elétrons = 15

Número de massa (A) = número de prótons + número de nêutrons = 15 + 16 = 31.

35
36
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Ligações
Químicas e Soluções

PLANO DE ESTUDOS

Ligação Covalente Soluções

Ligação Iônica Ligação Metálica Curvas de Solubilidade

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender o que induz a uma ligação iônica e quais as • Descrever e classificar as soluções quanto à relação so-
principais características dos compostos iônicos formados. luto/solvente.
• Compreender o mecanismo envolvido na ligação covalente • Interpretar as curvas de solubilidade, utilizando dados
e as propriedades dos compostos moleculares formados. experimentais plotados em gráfico na preparação de so-
• Descrever de que forma alguns metais se ligam. luções.
Ligação
Iônica

Segundo De Boni e Goldani (2007), na natureza,


todos os sistemas buscam alcançar a maior esta-
bilidade possível. Por esse motivo, os átomos da
maioria dos elementos químicos não apresentam
existência isolada e ligam-se a outros átomos para
aumentar sua estabilidade. No caso do oxigênio,
por exemplo, seus átomos isolados se combinam
com outros átomos iguais a ele, formando O2 e
O3, ou ligam-se a átomos diferentes, formando
diversas substâncias (CO, CO2, H2O, SO2, SO3 etc.).
No entanto, átomos de oxigênio (O) não são en-
contrados na natureza, por serem instáveis.
Os únicos elementos considerados estáveis
são os gases nobres (He, Ne, Ar, Xe, Kr e Rn), po-
dendo ser encontrados na natureza como átomos
isolados. Isso porque sua camada de valência é
completa, não necessitando perder nem ganhar
elétrons para alcançar uma configuração estável,
ou seja, um estado de menor energia.
Os demais elementos da Tabela Periódica, en-
tretanto, necessitam ser estabilizados por meio de
ligações químicas, cuja natureza depende das con-
figurações eletrônicas dos átomos participantes.
Os elétrons da camada de valência são responsá- Para Feltre (2004a), os compostos iônicos
veis pelas ligações químicas que, por sua vez, são apresentam algumas características em comum:
decorrentes de dois fatores: são sólidos na temperatura ambiente e formam
a) A força de atração eletrostática existente retículos cristalinos; possuem elevados pontos de
entre cargas opostas. fusão e ebulição; quando fundidos ou em solução
b) A tendência dos elétrons em formar pares. aquosa, são bons condutores de eletricidade; são
solúveis em água; são duros e quebradiços.
Dessa forma, para que ocorra uma ligação quími- No sólido iônico formado, NaCl, denominado
ca, os átomos podem ganhar ou perder elétrons, cloreto de sódio, os íons Na+ e Cl- estão ordena-
ou compartilhá-los. A ocorrência de uma dessas dos em três dimensões, como visto na Figura 1,
possibilidades depende da natureza dos átomos onde cada Na+ tem seis Cl- vizinhos próximos e,
envolvidos. da mesma forma, cada Cl- é envolto por seis Na+.
Na ligação iônica, as forças eletrostáticas A estrutura tridimensional organizada formada
atraem partículas com cargas elétricas opostas, mostra um retículo cristalino.
geralmente obtidas entre metais e não metais. O
metal tem grande tendência a perder elétrons,
formando um íon positivo denominado cátion.
Isso ocorre devido à baixa energia de ionização
dos metais, ou seja, é necessária pequena quanti-
dade de energia para remover um elétron da sua
camada de valência. Simultaneamente, um não
metal possui grande tendência a ganhar elétrons,
formando um íon negativo chamado ânion. Isso
se deve à sua elevada afinidade eletrônica. Final-
mente, os dois íons formados, cátion e ânion, são
atraídos devido às forças eletrostáticas, resultando
Figura 1 - Estrutura Tridimensional do Cloreto de Sódio
em uma ligação iônica.
Para exemplificar, consideremos o metal Sódio
( Na) e o não metal Cloro (17Cl), com as seguintes
11
Fórmulas dos
configurações eletrônicas: 11Na – 1s2- 2s2 2p6- 3s1; Compostos Iônicos
17
Cl – 1s2- 2s2 2p6- 3s2 3p5.
O sódio possui apenas um elétron no nível A Regra do Octeto ajuda a prever a estequiometria
3 (camada M). Basta perder esse elétron (Na+) dos compostos iônicos, ou seja, a relação de com-
para adquirir uma configuração estável com oito binação atômica. No exemplo do NaCl, um elé-
elétrons no nível 2 (camada L). Já o cloro necessita tron foi transferido de um átomo de Na para um
receber apenas um elétron (Cl-) para preencher o átomo de Cl, conforme discutido anteriormente.
subnível p da camada M e tornar-se estável. Sendo Para determinar as fórmulas dos compostos
assim, é conveniente ao sódio doar um elétron, e iônicos, devemos, primeiramente, observar a con-
ao cloro receber um elétron. Essa transferência figuração eletrônica de cada átomo envolvido, e
de elétrons obedece a Regra do Octeto, condição verificar quantos elétrons precisam ser transferi-
fundamental para uma ligação iônica. dos do cátion para o ânion.

UNIDADE 2 39
No óxido de sódio, a situação é diferente do
NaCl. O oxigênio (8O) tem configuração 1s2- 2s2
2p4, em que verificamos que são necessários dois
elétrons para completar a Regra do Octeto. Como
o sódio (11Na) possui apenas um elétron na ca-
mada de valência, são necessários dois átomos
de Na para fornecer os dois elétrons ao átomo de
O. Assim, temos a ligação iônica entre 2Na+ e O2-,
obtendo-se o sólido iônico Na2O.
Para encontrar a fórmula do óxido de alumí-
nio, composto por 13Al e 8O, temos que 13Al - 1s2-
2s2 2p6- 3s2 3p1 possui três elétrons para doar em
sua camada de valência, enquanto 8O - 1s2- 2s2 2p4
necessita receber dois elétrons para completar a
Regra do Octeto. Assim, para neutralizar a carga 3+
do Al e a carga 2- do O, multiplicamos o alumínio
pela carga iônica do oxigênio (2) e multiplicamos
o oxigênio pela carga iônica do alumínio (3), re-
sultando em Al2O3.

40 Ligações Químicas e Soluções


Ligação
Covalente

A ligação covalente ocorre quando dois átomos


possuem as mesmas tendências de ganhar e perder
elétrons. Sob essas condições, a transferência total de
um elétron não acontece, em vez disso, os elétrons
ficam compartilhados entre os átomos, de modo
que um átomo possa “utilizar” os elétrons do outro.
Os pares eletrônicos que se formam são cons-
tituídos por um elétron de cada átomo e per-
tencem simultaneamente a ambos os átomos
ligados. Nesse caso, não ocorre nem ganho nem
perda de elétrons e as estruturas formadas são
eletricamente neutras. Os conjuntos formados
por meio de ligações covalentes apresentam-se
como unidades isoladas e de grandeza limitada,
chamadas moléculas, por isso, a ligação covalente
é também chamada ligação molecular. Assim, as
substâncias formadas por ligação covalente são
chamadas substâncias moleculares e podem ser
sólidas, líquidas e gasosas.
A ligação covalente geralmente ocorre entre não
metal e não metal, hidrogênio e não metal, e hidro-
gênio e hidrogênio. O hidrogênio (1H) possui um
elétron na sua camada de valência e, para adquirir
a configuração do gás hélio (2He), precisa de mais
um elétron. Dessa forma, dois átomos de hidrogênio
compartilham seus elétrons para ficarem estáveis.

UNIDADE 2 41
Na representação H – H, temos a fórmula es- x x
trutural plana da molécula de hidrogênio, na qual
x
x O
x
x
H
o traço representa o par de elétrons compartilha-
dos. Nesse caso, os dois átomos compartilham os
dois elétrons, resultando H2, a fórmula molecu-
H
lar do hidrogênio. Um composto é considerado Figura 4 - Fórmula de Lewis para H2O
Fonte: De Boni e Goldani (2007).
molecular ou molécula quando possui apenas
ligações covalentes. A água, demonstrada nas Figuras 3 e 4, faz duas
Considerando o não metal cloro (17Cl), a ca- ligações covalentes, representadas de diversas ma-
mada de valência necessita de um elétron para neiras. A fórmula molecular é a forma mais sim-
completar a Regra do Octeto. Assim, dois átomos plificada, na qual se mostra apenas quais e quantos
de cloro podem compartilhar um elétron, preen- átomos compõem a molécula. Quando os pares
chendo sua camada M (n = 3), por meio de uma de elétrons são representados por traços, trata-se
ligação covalente, produzindo Cl – Cl (fórmula da fórmula estrutural plana (Figura 3), na qual se
estrutural plana) e Cl2 (fórmula molecular). A mostra o número de ligações e quais os átomos
Figura 2 mostra a sua fórmula de Lewis, na qual estão ligados. Finalmente, a fórmula de Lewis ou
verificamos o par de elétrons compartilhados. fórmula eletrônica (Figura 4) é representada por
símbolos (“x” e “o”) e mostra os elétrons compar-
x x
tilhados na ligação molecular.
Cl Cl
x
x x
x x

Figura 2 - Fórmula de Lewis para Cl2 Ligação Covalente


Fonte: De Boni e Goldani (2007). Coordenada ou Dativa
A ligação covalente pode ocorrer, também, entre
átomos de diferentes elementos, por exemplo, na Existem casos especiais de ligações covalentes, em
molécula de água. O oxigênio (8O) necessita com- que o par de elétrons compartilhados é provenien-
partilhar dois elétrons para completar a Regra do te apenas de um dos átomos que já está estável, por
Octeto, enquanto o hidrogênio (1H) compartilha haver completado seu octeto. Esse tipo de ligação
um elétron para estabilizar sua eletrosfera. Por- covalente é conhecido como coordenada ou dati-
tanto, são necessários dois átomos de hidrogênio va. Existem exemplos clássicos de moléculas que
para estabilizar cada átomo de oxigênio. A fór- apresentam essa ligação, tais como monóxido de
mula molecular resultante é H2O. As Figuras 3 e 4 carbono (CO) e dióxido de enxofre (SO2).
apresentam, respectivamente, a fórmula estrutural No caso do monóxido de carbono (CO), o 6C
plana e fórmula de Lewis para a água. possui configuração 1s2- 2s2 2p2, ou seja, possui
4 elétrons na sua camada de valência. Segundo a
O H Regra do Octeto, para ficar estável, precisa receber
mais 4 elétrons, totalizando 8. Já o 8O apresenta
H configuração 1s2- 2s2 2p4, ou seja, possui 6 elé-
trons na camada de valência e precisa receber 2
Figura 3 - Fórmula estrutural para H2O elétrons para ser estabilizado de acordo com a
Fonte: De Boni e Goldani (2007).
Regra do Octeto.

42 Ligações Químicas e Soluções


Desta forma, primeiramente, o carbono e o oxigênio compar-
tilham dois pares de elétrons para que o oxigênio fique estável. No C O
entanto, o carbono permanece instável, com apenas 6 elétrons na
Figura 5 - Fórmula de Lewis para CO
camada de valência. Por isso, o oxigênio, que já está estável, com-
Fonte: De Boni e Goldani (2007).
partilha um de seus pares de elétrons com o carbono, isto é, realiza
uma ligação coordenada ou dativa, tornando-o estável. A Figura 5
representa a fórmula de Lewis para a molécula de CO. C O
Na fórmula estrutural plana, a ligação covalente coordenada 112.8 pm
pode ser representada por um traço, assim como a ligação covalente
Figura 6 - Fórmula estrutural plana
comum (Figura 6). para CO
Para o dióxido de enxofre (SO2), cada átomo de 16S (1s2- 2s2 2p6- Fonte: De Boni e Goldani (2007).
3s2 3p4) e 8O (1s2- 2s2 2p4) possuem 6 elétrons em suas camadas de
valência, de modo que eles precisam receber 2 elétrons cada um.
Inicialmente, o enxofre realiza duas ligações covalentes comuns, O S O
compartilhando dois pares de elétrons com um dos átomos de
Figura 7 - Fórmula de Lewis para SO₂
oxigênio, ficando ambos estáveis com 8 elétrons. Fonte: De Boni e Goldani (2007).
Entretanto, o outro átomo de oxigênio não está estável, por isso,
o enxofre compartilha um par de seus elétrons com o segundo oxi-
S
O O
gênio por meio de uma ligação covalente coordenada ou dativa. A
fórmula de Lewis e a fórmula estrutural plana para o SO2 podem
ser verificadas nas Figuras 7 e 8, respectivamente. Figura 8 - Fórmula estrutural plana
De modo geral, as ligações iônica e covalente apresentam dife- para SO₂
renças significativas, que são resumidas no Quadro 1. Fonte: De Boni e Goldani (2007).

Quadro 1 - Ligação Iônica versus Ligação Covalente

Ligação Iônica Ligação Covalente

Ocorre entre metal e não metal Ocorre entre não metal e não metal

Transferência de elétrons Compartilhamento de elétrons

Elevados pontos de fusão e ebulição Baixos pontos de fusão e ebulição

Conduz corrente elétrica Não conduz corrente elétrica

Formam retículos cristalinos Formam moléculas

Sólidos a temperatura ambiente Sólidos, líquidos ou gases a temperatura ambiente

Fonte: De Boni e Goldani (2007, p. 133).

UNIDADE 2 43
Geometria Molecular

De acordo com Feltre (2004a), o modo como os No entanto, em muitos casos, alguns pares de
átomos de uma molécula estão arranjados no elétrons sobram na camada de valência sem par-
espaço influencia muitas de suas propriedades ticiparem de ligação alguma, sendo chamados de
físicas e químicas, por exemplo o ponto de fusão “pares eletrônicos livres” ou “pares não ligantes”.
e ebulição. Nos sistemas biológicos, como o or- Isso ocorre no caso da H2O, por exemplo, pois o
ganismo humano, as reações químicas que nos átomo de oxigênio possui seis elétrons na cama-
mantêm vivos dependem de um entrelaçamento da de valência, mas apenas dois participam das
muito preciso entre as moléculas. Desta forma, a O
ligações com os dois hidrogênios, restando quatro
compreensão da geometria molecular e dos fato-
res que a afetam é de grande importância para a
H H
elétrons, ou dois pares de elétrons, sem se ligarem,
como mostrado na Figura 10.
nossa compreensão química.
Em uma molécula composta de um átomo cen-
tral ligado covalentemente a vários átomos perifé-
ricos, as ligações e os pares de elétrons isolados se O
orientam de maneira que as repulsões elétron-elé-
tron sejam as menores possíveis, enquanto que as
H H
atrações elétron-núcleo são as maiores possíveis. O
método que determina essa orientação é chamado
Repulsão entre os Pares Eletrônicos da Camada
de Valência ou Método VSEPR.
A ligação covalente ocorre pelo compartilha-
mento de pares eletrônicos nas cama-
das de valência dos átomos. Esses Figura 10 - Molécula de H2O
pares são chamados de “pares
eletrônicos ligantes”. Por exem- Segundo o Método VSEPR, ao redor do átomo
plo, no caso do CH4, temos qua- central, os pares eletrônicos ligantes e os não li-
tro pares ligantes, pois os quatro gantes se repelem, tendendo a ficar tão afastados
elétrons da camada de quanto possível. Com o afastamento máximo, a
valência do carbono repulsão entre os pares eletrônicos será mínima e,
(átomo central) portanto, a estabilidade da molécula será máxima.
estão ligados aos Essa teoria explica as estruturas espaciais
quatro átomos de muitas moléculas, pois considera que todas
de hidrogênio as moléculas possuem formas que podem ser
(átomos periféri- consideradas como derivadas de um conjunto
cos), mostrado na básico de seis geometrias diferentes, indicadas
Figura 9 - Molécula de CH4 Figura 9. na Figura 11.

44 Ligações Químicas e Soluções


Linear Trigonal plana Tetraédrica
2 ligantes 3 ligantes 4 ligantes

Bipirâmide trigonal Octaédrica Bipirâmide pentagonal


5 ligantes 6 ligantes 7 ligantes

Figura 11 - Modelo VSEPR

As geometrias observadas dependem do número de átomos constituintes das moléculas.


a. Moléculas com 2 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura linear plana. Exem-
plos: BeH2, CO2, BeF2, CS2.
b. Moléculas com 3 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura trigonal plana.
Exemplos: BF3, SO3, BCl3.
c. Moléculas com 4 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura espacial tetraédrica.
Exemplos: CH4, CCl4, SiF4.
d. Moléculas com 5 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura espacial de bipirâmide
trigonal (de base triangular). Exemplos: PCl5, MoCl5.
e. Moléculas com 6 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura espacial octaédrica
(bipirâmide de base quadrada). Exemplos: SF6, CrCl63-.
f. Moléculas com 7 átomos ao redor do átomo central: apresentam estrutura espacial de bipirâ-
mide pentagonal, exemplo: IF7

UNIDADE 2 45
Ligação
Metálica

Os metais não exercem forte atração pelos elé-


trons de sua camada de valência, apresentando
tendência a doar seus elétrons e tornarem-se cá-
tions. Esses elétrons perdidos permanecem livres,
sendo atraídos por outros átomos metálicos que
perdem seus elétrons, e assim por diante. Dessa
forma, os metais apresentam uma estrutura eletri-
camente neutra, e um metal sólido é constituído
por átomos metálicos (cátions) em posições or-
denadas com seus elétrons de valência livres para
se movimentar por todo o metal.
De acordo com Feltre (2004a), os metais obe-
decem ao chamado Modelo do mar de elétrons,
no qual existe um amontoado organizado de íons
metálicos positivos (cátions) mergulhados em um
“mar de elétrons livres”. A Regra do Octeto não
explica a ligação metálica.

46 Ligações Químicas e Soluções


Os metais apresentam propriedades características, tais como: brilho característico, elevada conduti-
vidade elétrica e térmica, altos pontos de fusão e ebulição, elevada densidade, maleabilidade (facilidade
para se transformar em lâminas), ductibilidade (facilidade para se transformar em fios) e resistência
à tração, no caso do ferro sob a forma de aço em cabos de elevadores.

As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo, ainda, incluir não metais, mas sem-
pre com predominância dos elementos metálicos. Na produção de ligas metálicas, os componentes
metálicos e não metálicos são fundidos, em seguida, resfriados e solidificados. O produto formado
apresenta propriedades físicas e químicas muito diferentes de seus metais puros, tornando-se mais
resistentes para aplicações práticas em geral. As ligas de maior aplicação no nosso cotidiano são
o aço comum (liga de ferro e carbono), o aço inoxidável (liga de ferro, carbono, cromo e níquel), o
bronze (liga de cobre e estanho), entre outras.
Fonte: Feltre (2004a).

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UNIDADE 2 47
Soluções

As soluções estão presentes todos os dias em nosso


cotidiano, como quando preparamos um café, um
leite com achocolatado ou quando adicionamos
açúcar ou sal a qualquer alimento ou bebida. Na
visão da química, essas soluções que preparamos
em nossa cozinha podem ser diferenciadas quan-
to à quantidade de líquido e de sólido misturados
e quanto ao aspecto final da solução preparada.

Definição de Dispersões

Para definirmos as dispersões, realizaremos duas


misturas: na primeira, vamos misturar água e sal
de cozinha; na segunda, água e areia, ilustradas na
Figura 12. Podemos verificar que obtemos uma
mistura homogênea no primeiro caso e uma mis-
tura heterogênea no segundo experimento.

48 Ligações Químicas e Soluções


partículas intermediárias, e assim gradativamen-
te, enquanto algumas partículas menores e de bai-
xa densidade não se depositam e permanecem em
solução, deixando a água turva.
Segundo Feltre (2004b, p. 2), esse experimen-
to nos apresenta a definição de dispersão, pois
dizemos que



Água e Sal comum Água e Areia [...] dispersão representa um sistema no
(Mistura Homogênea) (Mistura Heterogênea)
qual uma substância chamada fase disper-
Figura 12 - Misturas homogênea e heterogênea sa está disseminada na forma de pequenas
Fonte: Feltre (2004b). partículas, em uma segunda substância, o
dispersante.
Dizemos que o sal se dissolveu completamente na
água, mas a areia não se dissolveu. No primeiro, De acordo com o tamanho das partículas da fase
caso, temos uma dissolução total, enquanto no dispersa em nanômetros (1 nm = 10-9m), as dis-
segundo caso, obtemos a separação total. Entre- persões são divididas em soluções verdadeiras
tanto, pode haver casos intermediários entre as (entre 0 e 1 nm), soluções coloidais (entre 1 e 1.000
duas situações apresentadas. nm) e suspensões (acima de 1.000 nm).
Se misturarmos água com partículas de diver- É importante lembrar que as soluções verda-
sos tamanhos e densidades e deixarmos o sistema deiras são chamadas simplesmente de “soluções”.
em repouso por um tempo determinado, podemos
encontrar partículas depositadas no fundo e a pre-
sença de partículas que permanecem em solução,
deixando-a turva, conforme mostra a Figura 13.
Em 1861, o cientista Thomas Graham realizou
experimentos com amido, cola e açúcar em água.
Ele colocou essas misturas em sacos de pergami-
Água Turva nho e mergulhou-os em água, observando que,
no caso do açúcar, a membrana do pergaminho
Partículas era atravessada facilmente, enquanto as subs-
Pequenas
tâncias pegajosas, como o amido e a cola, pra-
Partículas ticamente não passavam pela membrana. Essa
Grandes
característica da cola e do amido deram origem
ao nome coloide, pois em grego significa cola. Na
Figura 13 - Separação das partículas realidade, essas partículas não atravessaram a
Fonte: Feltre (2004b).
membrana porque formaram agregados maiores
Na ilustração, observamos a presença de camadas do que as moléculas e íons comuns.
de partículas sedimentadas. As partículas maiores Fonte: adaptado de Novais (1993).
são as primeiras a se depositarem, seguidas pelas

UNIDADE 2 49
Definição de Solução

Soluções são misturas homogêneas que podem ser obtidas a partir da mistura de duas ou mais substân-
cias. O componente presente em menor quantidade recebe o nome de soluto, enquanto o componente
presente em maior quantidade é chamado de solvente.
Na mistura homogênea composta de água e sal, ilustrada na Figura 12, temos que o soluto é o sal,
e o solvente, a água.

Classificação das Soluções

Para Novais (1993), normalmente associamos o termo “solução” a um sistema líquido, e isso se deve
ao fato da natureza possuir grande quantidade de água e ela ser capaz de dissolver muitas substâncias.
Frequentemente, nos deparamos com muitas soluções líquidas, como a mistura de água com açúcar
comum (sacarose), a mistura de água com álcool (etanol), a água do mar etc.
O ar que respiramos, livre de partículas em suspensão, consiste num exemplo de solução gasosa,
enquanto ligas muito aplicadas na indústria, como o aço, consiste em uma solução sólida.

Concentração de Soluções

Para Usberco e Salvador (2001), o termo “concentração” de uma solução representa a razão entre a
quantidade de soluto e a quantidade de solvente, ou da solução total. Essas quantidades podem ser
expressas em unidades de massa (g, kg), de volume (mL, L) ou, ainda, em mols, de modo que existem
várias formas de representar uma concentração.
Convencionamos usar o índice 1 para soluto, índice 2 para solvente e sem índice para a solução total.

Concentração comum (C)

A forma mais comum de expressarmos concentração relaciona a massa de soluto (em gramas) por
volume (em litros) de solução que, nesse caso, é igual ao volume do solvente, sendo sua unidade em g/L.
Massa do soluto( gramas ) m
C C  1
Volume do solvente (litros ) V

50 Ligações Químicas e Soluções


Para exemplificar, consideremos a adição de 20 g de sal comum (NaCl) em 1 L de água. O soluto é
representado pelo NaCl e o solvente ou solução consiste na água, como indicado na Figura 14.
20 g de NaCl

1 L de Solução
20
=C = ou C 20 g
1 L

Figura 14 - Concentração comum


Fonte: Feltre (2004b).

No exemplo dado, obtemos a concentração de 20 g/L. Além da unidade g/L, a concentração também
pode ser expressa de outras formas, pois a massa pode ser dada em mg, o volume em mL etc.

Concentração Molar ou Molaridade ( )

A unidade mol é amplamente utilizada para expressar quantidade de matéria, de modo que foi desen-
volvida uma concentração que relaciona a quantidade de soluto dada em mols por litro de solução
ou solvente. Desta forma, temos:
Quantidade de Soluto(mols ) n
M M  1
Volume da Solução(litros ) V

Para exemplificar, consideremos a adição de 0,5 mol de açúcar em 1 litro de água, ou 1 litro de solução,
mostrado na Figura 15. A molaridade dessa mistura é dada em mol/L.

1L de Solução

0, 5
=M = ou M 0, 5 mol
0,5 Mol de
Açúcar 1 L

Figura 15 - Concentração molar


Fonte: Feltre (2004b).

O número de mols do soluto (n1) pode ser expresso como a razão entre a massa do soluto (m1) e a
massa molar do soluto (M1). A concentração molar pode, então, ser determinada de outra forma:

m1
M=
M 1V

UNIDADE 2 51
Fração molar (x)

A fração molar do soluto (x1), em uma solução, é o quociente entre a quantidade de mols do soluto
(n1) e a quantidade total de mols na solução, ou seja, soluto + solvente (n1 + n2).
Analogamente, a fração molar do solvente (x2), em uma solução, é o quociente entre a quantidade
de mols do solvente (n2) e a quantidade total de mols na solução, soluto + solvente (n1 + n2).
Por se tratarem de razões entre número de mols, as frações são medidas de concentração sem
unidade e variam entre 0 e 1.
n1 n2
x1  e x2 
n1  n2 n1  n2

Concentração molal ou Molalidade (W)

Molalidade é a concentração que relaciona a quantidade de soluto (n1 em mols) existente em 1 kg de


solvente (m2). Diferentemente das concentrações abordadas anteriormente, a molalidade relaciona a
quantidade de soluto apenas à quantidade de solvente.
Para obter a expressão da molalidade, fazemos a seguinte relação:

O número de mols do soluto (n1) pode ser calculado por m1/M1, resultando, então:
1.000m1
W=
m 2 M1

Diluição de Soluções

A diluição consiste em adicionar a uma solução uma quantidade do seu próprio solvente puro. Con-
sideremos a ilustração da Figura 16.
Solvente Puro

Solução
m1 m1 Final
C
Solução Inicial C’
V V’
Solução mais Solução mais
concentrada diluída

Figura 16 - Diluição de solução


Fonte: Feltre (2004b).

52 Ligações Químicas e Soluções


Na Figura 16, observamos dois recipientes em si- mais sal à solução, verificamos que, em um deter-
tuações distintas. O primeiro possui uma solução minado momento, o sal em excesso deixará de ser
mais concentrada, com a concentração C, a massa dissolvido e vai se depositar no fundo do recipiente.
de soluto m1 e o volume da solução V, na qual está Nesse instante, obteremos uma solução saturada
sendo adicionada uma porção de solvente puro. ou que atingiu o ponto de saturação.
A solução final apresenta a mesma massa de so- O ponto de saturação é determinado pelo grau
luto m1, mas o volume da solução foi aumentado, de solubilidade do soluto no solvente e depende
passando para V´, assim como a concentração da do soluto, do solvente e das condições do experi-
solução diminuiu e tornou-se C´. mento, tais como temperatura e pressão do siste-
Podemos representar as duas condições ob- ma, no caso de misturas com gases.
servadas da seguinte forma: O grau de solubilidade, por sua vez, representa a
quantidade de uma substância necessária (em gra-
m1 mas geralmente) para saturar uma quantidade pa-
Solução inicial : C   m1  VC
V drão (geralmente 100 g, 1.000 g ou 1 L) de solvente,
m em condições específicas de temperatura e pressão.
Solução final : C '  1  m1  V ' C '
V' Quando o grau de solubilidade é muito ele-
vado, tendendo ao infinito, dizemos que o soluto
Podemos igualar a massa de soluto (m1) na solu- é totalmente solúvel no solvente. Por outro lado,
ção inicial e solução final, pois sua quantidade se se o grau de solubilidade do soluto for próximo
manteve constante. Obtemos, então: de zero, temos um soluto praticamente insolúvel
no solvente.
VC = V ' C '
Se considerarmos uma mistura de dois líqui-
Essa expressão nos mostra que quando o volume dos, dizemos que os líquidos são imiscíveis se o
da solução aumenta (de V para V´), consequen- grau de solubilidade for próximo de zero, como
temente a concentração da solução diminui (de observado com a mistura entre água e óleo. Em
C para C´), na mesma proporção, pois volume e contrapartida, consideramos dois líquidos total-
concentração são inversamente proporcionais. mente miscíveis quando o grau de solubilidade
Na prática, essa expressão nos mostra que tende ao infinito, ou seja, as duas substâncias se
concentrar (aumentar a concentração) e diluir misturam em qualquer proporção, como ocorre
(aumentar o volume) são operações inversamente com a mistura entre água e álcool.
proporcionais. Com base na definição do ponto de satura-
ção das soluções, podemos classificá-las como
soluções insaturadas ou não saturadas (menos
Saturação de Soluções soluto do que aquele estabelecido pelo grau de
solubilidade), soluções saturadas (que atingiram
Consideremos a mistura homogênea composta por o grau de solubilidade) e soluções supersaturadas
água e sal da Figura 12. Na ilustração apresentada, (que ultrapassaram o grau de solubilidade).
temos uma mistura homogênea, na qual todo o sal, Muitas vezes, é possível distinguir os três tipos
denominado soluto, está dissolvido no solvente, a de soluções apenas com a observação visual, como
água. Entretanto, se continuarmos adicionando indicado na Figura 17.

UNIDADE 2 53
Adição
de Soluto

Corpo
de Fundo
ou
Corpo
de Chão

Na solução Na solução Na solução


não saturada, saturada, o supersaturada,
o soluto se soluto não se há precipitação
dissolve dissolve do soluto excedente

Figura 17 - Classificação das soluções


Fonte: Feltre (2004b).

Como a própria ilustração mostra, na solução insaturada do re-


cipiente à esquerda, todo o soluto está completamente dissolvido,
pois o ponto de saturação ainda não foi atingido. No recipiente do
meio, podemos encontrar parte do soluto não dissolvido, chamado
de “corpo de fundo”, pois a solução atingiu o ponto de saturação. Já
no recipiente à direita, podemos ver maior concentração de soluto
não dissolvido, denominado “corpo de chão”, porque a solução está
supersaturada, ou seja, a concentração do soluto ultrapassou o ponto
de saturação, e o solvente não pode dissolver o soluto excedente.

54 Ligações Químicas e Soluções


Curvas
de Solubilidade

O comportamento das soluções depende de vários


fatores, sendo um deles a relação entre as quanti-
dades de soluto e solvente, o que resulta em tipos
diferentes de solução. Essas informações podem
ser melhor exploradas em gráficos, denominados
“Curvas de solubilidade”.

Regra de Solubilidade

Antes de detalharmos as regras de solubilidade,


é necessário definirmos o conceito de polaridade
das moléculas. A polaridade das moléculas é uma
propriedade que resulta da diferença de eletro-
negatividade entre os elementos químicos que
compõem a molécula, gerando polos com cargas
contrárias em sua estrutura. Quando há diferença
de eletronegatividade significativa na molécula,
dizemos que se trata de uma molécula polar, e
quando não há diferença de eletronegatividade
na molécula, temos, então, uma molécula apolar.

UNIDADE 2 55
Os compostos iônicos formados por ligação excesso de KNO3, e são considerados sistemas
iônica são polares, mas as moléculas obtidas por instáveis. Abaixo da curva, por sua vez, vemos a
ligação covalente podem ser polares ou apolares, de- região das soluções insaturadas, nas quais há falta
pendem dos seus elementos químicos constituintes. de KNO3, o que resulta em um sistema estável.
De forma geral, verificamos que um soluto po- Considerando a temperatura de 20 °C, podemos
lar se dissolve em um solvente polar, enquanto um verificar três pontos destacados, denotados por X, Y
soluto apolar deve se dissolver em um solvente e Z. O ponto X pertence à solução abaixo do ponto
apolar. Em outras palavras, costuma-se dizer que de saturação, mostrando que é possível adicionar
“semelhante dissolve semelhante”. mais KNO3 à solução. No ponto Y, temos o ponto
Podemos observar que muitas substâncias de saturação, ou seja, a máxima concentração de
inorgânicas, como ácidos e sais, que são polares, KNO3 que a solução pode dissolver nessa tempe-
dissolvem-se em água, que é um solvente polar. ratura. Finalmente, o ponto Z pertence à solução
Por outro lado, as moléculas orgânicas, geralmen- acima do ponto de saturação, na qual há KNO3
te apolares, dissolvem-se em solventes apolares, depositado no fundo do recipiente sem se dissolver.
como solventes orgânicos em geral.
A água, por ser abundante e dissolver grande
quantidade de substâncias, é também conheci- Coeficiente de solubilidade
(gramas de KNO3/100 g de água)
da como “solvente universal”. É um solvente de
260
grande importância, uma vez que a vida huma-
240
na e também a vida vegetal e animal dependem
220
do ciclo da água, ou seja, do caminho que a água
200
percorre na natureza, caindo como chuva, percor-
rendo rios, mares e subsolo, sofrendo evaporação 180
e precipitando sob a forma de chuva novamente. 140
Região das Soluções
140 supersaturadas
(instáveis)
120
Gráficos das Curvas 100
de Solubilidade 80
Região das Soluções
60 não saturadas (estáveis)
Z
As curvas de solubilidade de um sistema soluto/ 40 Y
solvente são gráficos que descrevem a variação 20
do grau de solubilidade do soluto no solvente em X
20 40 60 80 100
função da temperatura do sistema.
Feltre (2004b) considerou valores do grau de Temperatura (°C)
solubilidade do sistema nitrato de potássio/água Figura 18 - Curva de Solubilidade para KNO3 / H2O
(em gramas de KNO3 por 100 g de H2O) em várias Fonte: Feltre (2004b).
temperaturas. Os dados obtidos estão apresenta-
dos na Figura 18. Na prática, devemos sempre trabalhar na região
O gráfico apresentado mostra duas regiões abaixo da curva de solubilidade, pois, na região
separadas pela curva. Acima da curva, temos a acima da curva, o excesso de soluto tende a pre-
região das soluções supersaturadas, nas quais há cipitar e depositar-se no fundo do recipiente.

56 Ligações Químicas e Soluções


As curvas de solubilidade são muito úteis em misturas entre sólidos e líquidos, nas quais a temperatura
é a única propriedade física que influi de modo efetivo na dissolução dos solutos. De modo geral, a
solubilidade dos solutos nos solventes aumentam com o acréscimo da temperatura.
Nesta unidade, abordamos dois temas importantes, as ligações químicas e as soluções. Inicialmente,
vimos que os elementos químicos apresentam características estruturais e propriedades que dependem
da sua estrutura atômica. De acordo com sua distribuição energética em níveis e subníveis, os elétrons
dos átomos se ligam por transferência ou compartilhamento de elétrons, formando compostos iônicos
ou moleculares, respectivamente. Tanto as ligações iônicas quanto as ligações covalentes entre os ele-
mentos químicos ocorrem na busca por um estado de menor energia, mais estável, e o tipo de ligação
que realizam interfere em sua geometria molecular.
Em seguida, aprendemos que as soluções representam misturas nas quais a concentração do soluto
deve ser adequadamente calculada para a obtenção de sistemas soluto/solvente homogêneos. Verifi-
camos que há diversas maneiras de se calcular as concentrações de soluto e solvente, indicadas para
aplicações distintas. Quando preparamos alimentos, concentramos e diluímos sucos e cafés, estamos
utilizando soluções e manipulando suas concentrações de modo a obtermos a relação soluto/solvente
mais adequada à função proposta.
Com os conhecimentos adquiridos nesta unidade, estamos aptos para avançarmos no conteúdo
sobre os diferentes tipos de compostos químicos. Vamos lá!

UNIDADE 2 57
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para que os átomos Mg (Z = 12) e O (Z = 8) adquiriam a configuração estável dos


gases nobres e formem um composto iônico, é necessário que:
a) Mg doe 2 elétrons e O receba 6 elétrons.
b) Mg receba 2 elétrons e O doe 2 elétrons.
c) Mg receba 6 elétrons e O doe 2 elétrons.
d) Mg doe 2 elétrons e O receba 2 elétrons.
e) Mg receba 6 elétrons e O receba 2 elétrons.

2. Para os compostos a seguir, descreva se realizam ligação iônica ou covalente e


explique porquê.
a) KCl

b) SiO2

c) CaO

d) CH4

58
3. As misturas homogêneas são soluções nas quais todo o soluto está dissolvido
no solvente e, em determinado instante, pode se saturar. Sobre a saturação das
soluções, leia as afirmativas a seguir:
I) A solução é considerada saturada quando atinge seu grau de equilíbrio.
II) O ponto de saturação depende apenas do soluto presente na solução.
III) Uma solução supersaturada possui excesso de soluto, que se deposita no
fundo do recipiente.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I e III.
b) I e II.
c) II e III.
d) I.
e) II.

59
LIVRO

Química Conceitual, Vol. 1 - Estrutura Atômica, Ligações e Estereoquímica.


Autor: Henrique E. Toma
Editora: Blucher
Sinopse: a Química é uma ciência que permeia todas as áreas do conhecimento
e tem nos encantado com sua arte e magia. Ela embalou o sonho dos alquimistas
na busca da pedra filosofal e do elixir da longa vida, e continua impulsionando
os químicos modernos na obstinada procura de novas substâncias capazes de
gerar riquezas ou de combater as doenças em nosso mundo. Seu conteúdo
tem crescido exponencialmente, e o enorme progresso alcançado já permite
lidar diretamente com os átomos e moléculas e, até mesmo, com as incríveis
estruturas nanométricas da nanotecnologia. Por meio da química, estamos
continuamente aperfeiçoando nossa capacidade de transformar e criar novas
formas de matéria, de explorar a dimensão do invisível e de entender a mais
sublime das invenções: a vida.

60
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.

FELTRE, R. Química: Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004a. Volume 1.

______. Química: Físico-Química. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004b. Volume 2.

NOVAIS, V. L. D. Química 2: Físico-Química e Química Ambiental. São Paulo: Editora Atual, 1993.

USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química 1: Química Geral. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.

61
1. D.

Mg12 - 1s2 2s2 2p6 3s2 ; O8 - 1s2 2s2 2p4

Mg precisa doar 2e do nível 3 (3s2) e O precisa ganhar 2e pra ficar 2p6.

2.

a) Ligação iônica, pois trata-se de uma ligação iônica entre um metal (K, potássio) e um não-metal (Cl, Cloro).
O K doa 1 elétron e o Cl recebe 1 elétron.

b) Ligação covalente, pois trata-se de uma ligação entre um semi-metal (Si, Sílico) e um não-metal (o, Oxi-
gênio). O Si compartilha 4 pares de elétrons, 2 pares de elétrons com cada átomo de O.

c) Ligação iônica, pois trata-se de uma ligação entre um metal (Ca, Cálcio) e um não-metal (O, Oxigênio).
O Ca doa 2 elétrons e o O recebe 2 elétrons.

d) Ligação covalente, pois trata-se de uma ligação entre um não-metal (C, Carbono) e um não-metal (H,
Hidrogênio). O C compartilha 4 pares de elétrons, cada par com um átomo de H.

3. A.

I) Verdadeiro.
II) Falso, pois o ponto de saturação depende do soluto, do solvente e da temperatura do sistema.
III) Verdadeiro.

62
63
64
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Funções Inorgânicas

PLANO DE ESTUDOS

Bases ou Hidróxidos
Óxidos

Ácidos Sais

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Descrever a fórmula molecular dos ácidos e apresentar • Descrever a fórmula molecular dos sais e apresentar suas
suas classificações e nomenclaturas. classificações e nomenclaturas.
• Definir a fórmula molecular das bases e apresentar suas • Definir a fórmula molecular dos óxidos e apresentar suas
classificações e nomenclaturas. classificações e nomenclaturas.
Ácidos

Levando-se em conta o grande número de com-


postos inorgânicos, é conveniente dividi-los em
quatro grupos ácidos, bases, sais e óxidos, tam-
bém denominados funções químicas inorgânicas.
Cada função química apresenta propriedades quí-
micas semelhantes, denominadas propriedades
funcionais.
Para melhor compreender as funções quími-
cas, devemos entender a teoria desenvolvida pelo
químico Svante August Arrhenius (1859-1927),
denominada Teoria da Dissociação Iônica de
Arrhenius.
De acordo com Feltre (2004), Arrhenius reali-
zou muitas experiências com diferentes soluções
aquosas e, em todos os experimentos, verificou se
havia passagem de corrente elétrica através das
soluções, observando se a lâmpada acoplada ao
sistema acendia ou não, conforme a Figura 1.
Lâmpada Apagada Lâmpada Acesa

Solução de água Solução de água


e açucar e sal comum

Figura 1 - Experiência de Arrhenius


Fonte: Feltre (2004, p. 188).

Na solução com água e açúcar, o pesquisador No caso do sal, NaCl, trata-se de um composto
observou que a lâmpada permanecia apagada, iônico, e em solução aquosa ocorre apenas a sepa-
enquanto na solução com água e sal, acendia, ou ração de seus íons, Na+ e Cl-. Esse processo denomi-
seja, houve passagem de corrente elétrica apenas na-se “dissociação iônica ou dissociação eletrolítica”.
no segundo experimento. Os eletrólitos que são compostos moleculares,
Arrhenius concluiu que o açúcar é um não ele- ao serem dissolvidos em água, produzem os íons
trólito e, quando dissolvido em água, decompõe- pelo processo de “ionização”. Por exemplo, consi-
-se em moléculas C12H22O11, que são eletricamente deremos a molécula de HCl; em solução aquosa,
neutras e, portanto, não conduzem eletricidade. essa molécula sofre ionização formando H+ e Cl-.
Por outro lado, o sal, assim como outros eletróli- Segundo De Boni e Goldani (2007), ácidos de
tos, quando dissolvido em água, decompõe-se em Arrhenius são substâncias que, em solução aquo-
íons, Na+ e Cl-, que percorrem a solução no sentido sa, ionizam-se e liberam como íon positivo (cá-
oposto de suas cargas. Nesse caso, os cátions Na+ tion) somente o hidrogênio (H+). Na prática, em
seguem na direção do polo negativo, enquanto os solução aquosa, o cátion H+ se combina com uma
ânions Cl- caminham ao polo positivo, de modo molécula de água, formando o cátion hidrônio
que o circuito elétrico não fica interrompido e a ou hidroxônio (H3O+). Por exemplo, para o ácido
lâmpada acende. HCl, temos HCl + H2O → H3O+ + Cl-. Outros
Assim como o açúcar da experiência de Ar- exemplos: HNO3 + H2O → H3O+ + NO3-; H2SO4
rhenius, os não eletrólitos são sempre substâncias + 2H2O → 2H3O+ + SO42-.
moleculares. Já os eletrólitos, podem ser compos- Apesar do cátion verdadeiramente formado
tos iônicos (provenientes de ligações iônicas) ou em solução ser H3O+, para fins didáticos, vamos
moleculares (provenientes de ligações covalentes considerar o cátion H+ como resultante da ioni-
ou moleculares). zação dos ácidos de Arrhenius.

UNIDADE 3 67
Classificação dos Ácidos

Os ácidos podem ser classificados de quatro formas distintas: quanto ao número de hidrogênios ioni-
záveis (H+), quanto à presença ou não de oxigênio na molécula, quanto ao grau de ionização e quanto
ao número de elementos constituintes.

a) Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis (H+):


Monoácidos: na ionização, a molécula libera apenas 1 cátion H+. Exemplos: HCl, HNO3, HCN.
Diácidos: na ionização, a molécula libera 2 cátions H+. Exemplos: H2SO4, H2CrO4.
Triácidos: na ionização, a molécula libera 3 cátions H+. Exemplos: H3PO4, H3AsO4.
Tetrácidos: na ionização, a molécula libera 4 cátions H+. Exemplos: H4P2O7, H4SiO4.
Os ácidos com 2 ou mais hidrogênios ionizáveis são denominados Poliácidos.

b) Quanto à presença ou não de oxigênio na molécula:


Hidrácidos: não contém oxigênio. Exemplos: HCl, HCN, H2S.
Oxiácidos: contém oxigênio. Exemplos: H2SO4, HNO3.

c) Quanto ao grau de ionização ( ):


Ácidos fortes: 50% < < 100%. Exemplos: H2SO4, HNO3, HClO4, HBr, HCl e HI são os únicos
ácidos fortes existentes.
Ácidos moderados: 5% < < 50%. Exemplos: HF, H3PO4.
Ácidos fracos: < 5%. Exemplo: HCN, H2CO3.
Observação: grau de ionização é a relação entre a quantidade de mols dissociados em solução e a
quantidade inicial de mols. Falaremos mais sobre isso quando abordamos sobre Equilíbrio Iônico

d) Quanto ao número de elementos constituintes:


Binários: apresentam dois elementos. Exemplos: HBr, HCl, H2S, HF.
Ternários: apresentam três elementos. Exemplos: H2SO4, H3PO4.
Quaternários: apresentam quatro elementos. Exemplos: HOCN, H4Fe(CN)6.

Fórmulas dos Ácidos

Os ácidos são formados pela união do cátion H+ e por um átomo ou grupo de átomos com carga
negativa, que representam o ânion. Por exemplo: HCl (H+, Cl-), HNO3 (H+, NO3-), H2SO4 (2H+, SO42-),
H3PO4 (3H+, PO43-) etc.
Para representar um ácido, se considerarmos o ânion pela letra A com carga (-x), podemos formular
o ácido da seguinte forma:
-x
+1
Hx A1 ou seja: HxA

68 Funções Inorgânicas
Observamos que a carga total positiva do cátion H+ deve anular a carga total do
H O
ânion A-x para que a molécula resultante seja eletricamente neutra.
H O P O
Para representar as fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, ou seja, que H O
contêm oxigênio, devemos considerar que os hidrogênios ionizáveis sempre li-
gam-se ao átomo central pelo átomo de oxigênio e os outros átomos de oxigênio H O S O
se ligam ao átomo central por ligações covalentes. Exemplos: H3PO4, H2SO4. H O O

Nomenclatura dos Ácidos


a) Hidrácidos: o nome do ácido é escrito sempre com a terminação “ídrico”, da seguinte forma:
Ácido + nome do ânion + ídrico.
Exemplos: HBr – Ácido bromídrico; H2S – Ácido sulfídrico; HF – Ácido fluorídrico; HCN –
Ácido cianídrico.
b) Oxiácidos: existem terminologias diferentes:
1. Se o elemento forma apenas um oxiácido, usamos apenas a terminação “ico”, da seguinte
forma: Ácido + nome do ânion + ico.
Exemplos: H2CO3 – Ácido carbônico; H3BO3 – ácido bórico; H2MnO4 – Ácido mangânico;
H2CrO4 – Ácido crômico.
2. Se o elemento forma dois oxiácidos, usamos a terminação “ico” para o oxiácido com maior
número de oxidação (NOx), e “oso” para o oxiácido com menor número de oxidação (NOx).
Vale lembrar que para os compostos citados, NOx representam a carga do elemento no
composto.
Exemplos:
• H2SO3 (NOx do enxofre (S) +4) – Ácido sulfuroso.
• H2SO4 (NOx do enxofre (S) +6) – Ácido sulfúrico.
• HNO2 (NOx do nitrogênio (N) +3) – Ácido nitroso.
• HNO3 (NOx do nitrogênio (N) +5) – Ácido nítrico.
3. Se o elemento é capaz de formar três ou quatro oxiácidos, a terminação muda de acordo
com o aumento do número de oxidação do elemento. Esse caso é comum aos elementos
do grupo VIIA, os halogênios.
Exemplos:
• HClO (NOx do cloro (Cl) +1) – Ácido hipocloroso.
• HClO2 (NOx do cloro (Cl) +3) – Ácido cloroso.
• HClO3 (NOx do cloro (Cl) +5) – Ácido clórico.
• HClO4 (NOx do cloro (Cl) +7) – Ácido perclórico.
4. Se o elemento possui sempre o mesmo número de oxidação, mas o grau de hidratação da
molécula varia, são usados prefixos diferentes (meta, orto e piro).
Exemplos:
• HPO3 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido metafosfórico.
• H3PO4 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido ortofosfórico.
• H4P2O7 (NOx do fósforo (P) +5) – Ácido pirofosfórico.

UNIDADE 3 69
Bases ou
Hidróxidos

Para Peruzzo e Canto (2006), bases de Arrhenius


são substâncias que, em solução aquosa, sofrem
dissociação iônica e liberam como íon negativo
o ânion hidroxila (OH-), responsável pelas pro-
priedades comuns a todas as bases. Exemplos:
KOH ↔ K+ + OH-; Ca(OH)2 ↔ Ca2+ + 2OH-;
Al(OH)3 ↔ Al3+ + 3OH-.
De modo geral, as bases são formadas por um
metal, que constitui o cátion, ligado ao ânion hi-
droxila. A única base não metálica importante é
o hidróxido de amônio (NH4OH).

Classificação das Bases


a) Quanto ao número de hidroxilas (OH-):
• Monobases: possuem apenas 1 hidroxila
(OH-). Exemplos: KOH, NaOH, NH4OH.
• Dibases: possuem 2 hidroxilas (2OH-).
Exemplos: Ca(OH)2, Mg(OH)2, Fe(OH)2.
• Tribases: possuem 3 hidroxilas (3OH-).
Exemplos: Al(OH)3, Fe(OH)3.
• Tetrabases: possuem 4 hidroxilas (4OH-).
Exemplos: Pb(OH)4, Sn(OH)4.
Não são conhecidas bases com mais de quatro
hidroxilas por molécula.

70 Funções Inorgânicas
b) Quanto ao grau de dissociação ( ): Fórmulas das Bases
• Bases fortes: quando ≈ 100%, ou seja, são
compostos iônicos em estado sólido que, As bases são formadas por um cátion, constituído
quando dissolvidos em água, dissociam-se por um metal ou NH4+, ligado ao radical hidroxila
completamente. Pertencem a esse grupo as (OH-). A carga positiva do cátion é neutralizada
bases formadas por metais alcalinos (famí- pela carga negativa total da hidroxila, por exem-
lia IA) e metais alcalinos terrosos (família plo: NaOH (Na+, OH-), Ca(OH)2 (Ca2+, 2OH-),
IIA). Exemplos: NaOH, KOH, Ca(OH)2, Al(OH)3 (Al3+, 3OH-) etc.
Ba(OH)2. Desse modo, se considerarmos o cátion pela
A base Mg(OH)2 representa uma exceção, letra B com carga (+y), podemos formular uma
pois apesar do Mg ser um metal alcalino base ou hidróxido da seguinte forma:
terroso, sua base é considerada fraca.
• Bases fracas: quando < 5%, ou seja, são +y
-1

compostos moleculares com pouca dis- B1 (OH)y ou seja: B(OH)y


sociação quando dissolvidos em água.
Pertencem a esse grupo as bases formadas
pelos demais metais. Exemplos: NH4OH, Nomenclatura das Bases
Al(OH)3. a) Quando o elemento forma apenas uma
c) Quanto à solubilidade: base, o nome da base é escrita da seguinte
• Solúveis: são os hidróxidos dos metais alcali- forma: Hidróxido de + nome do elemento.
nos (família IA), por exemplo, NaOH, KOH, Exemplos: NaOH – Hidróxido de sódio;
e o hidróxido de amônio (NH4OH). Essas Ca(OH)2 – Hidróxido de cálcio; NH4OH
bases se solubilizam completamente em água. – Hidróxido de amônio; Al(OH)3 – Hi-
• Pouco Solúveis: são os hidróxidos dos me- dróxido de alumínio.
tais alcalinos terrosos (família IIA), tais como b) Quando o elemento forma duas bases: o
Ca(OH)2, Mg(OH)2, Ba(OH)2. Essas bases elemento apresenta números de oxidação
são parcialmente solubilizadas em água, fi- (NOx) distintos, então, para o menor NOx,
cando uma parte sem se dissolver. Os metais acrescentamos o sufixo oso, e para o maior
desse grupo provocam o fenômeno conhe- NOx acrescentamos ico.
cido como “água dura”. As águas com essa Exemplos:
característica transformam os sabões em • Fe(OH)2 – Hidróxido ferroso ou Hi-
complexos insolúveis que se precipitam e não dróxido de Ferro II (Fe2+, NOx Fe = 2).
formam espuma. Além disso, essas águas são • Fe(OH)3 – Hidróxido férrico ou Hi-
incrustantes, podendo depositar-se e danifi- dróxido de Ferro III (Fe3+, NOx Fe = 3).
car tubulações industriais e residenciais. • Sn(OH)2 – Hidróxido estanoso ou Hi-
• Praticamente Insolúveis: são os demais hi- dróxido de Estanho II (Sn2+, NOx Sn = 2).
dróxidos, que apresentam uma solubilidade • Sn(OH)4 – Hidróxido estânico ou Hidró-
muito baixa, ou seja, que permanecem prati- xido de Estanho IV (Sn4+, NOx Sn = 4).
camente sem se dissolver quando em contato
com a água. Exemplos: Fe(OH)3, Al(OH)3,
Pb(OH)4, Sn(OH)4.

UNIDADE 3 71
A soda cáustica, NaOH, está presente nos limpadores de forno e desentupidores de pia, é também
aplicada na fabricação de sabão. A cal hidratada, Ca(OH)2, é utilizada para preparar argamassa, para
fazer pintura e para reduzir a acidez do solo antes do plantio. O hidróxido de magnésio, Mg(OH)2,
e o hidróxido de alumínio, Al(OH)3, são usados em alguns medicamentos para combater a acidez
estomacal. NaOH e Ca(OH)2 são sólidos brancos que provocam queimaduras na pele e nos olhos.
Não devem ser manipulados sem orientação adequada e se ingeridos causam sérias lesões internas.
Fonte: Peruzzo e Canto (2006, p. 214).

As bases e os ácidos apresentam propriedades funcionais antagônicas, como mostrado no Quadro 1.


De acordo com o quadro, o pH de soluções ácidas e básicas apresentam valores opostos. Enquanto as
soluções ácidas apresentam valores na faixa de 0 a 7, as soluções com caráter básico possuem pH entre
7 e 14. Soluções com pH próximo de 7 apresentam caráter neutro, como é o caso da água.
Na prática, o pH é facilmente medido com indicadores ácido-base, descritos no Quadro 1. Indica-
dores são materiais que mudam de coloração em função do pH do meio ao qual foram submetidos.
Essa mudança de cor é usualmente chamada de “viragem do indicador”.
Quadro 1 - Propriedades funcionais de Ácidos versus Bases

Propriedades Ácidos Bases

A maior parte é insolúvel (só os hi-


Quanto à solubilidade em
A maior parte é solúvel dróxidos alcalinos e o NH4OH são
água
solúveis)

Os hidróxidos alcalinos e os alcali-


Quanto à estrutura São moleculares no-terrosos são iônicos; os demais
são moleculares

Faixa de 0 a 7, quanto mais pró- Faixa de 7 a 14, quanto mais próxi-


Valores de pH
ximo de 0, maior a acidez mo de 14, maior a basicidade

Tornassol – Rosa Tornassol – Azul


Ação em relação aos indica-
Fenolftaleína – Incolor Fenolftaleína – Vermelho
dores Ácido-Base
Alaranjado de metila – Vermelho Alaranjado de metila - Amarelo

Fonte: a autora.

Na Figura 2, apresentamos alguns valores de pH de líquidos e soluções conhecidos e muito utilizados


no nosso cotidiano.

72 Funções Inorgânicas
14
Solução aquosa de NaOH
13

Caráter Alcalino
Água de cal: Ca(OH)2 e água
12
11
10 Cremes dentais alcalinhos
09 Solução aquosa de Bicarbonato
08 de sódio (NaHCO3)
Caráter Neutro 07 Água pura
06
05 Água gaseificada (água com
Caráter Ácido

04 gás carbonico, CO2)


Vinagre
03
Suco de limão
02
Suco gástrico
01
Solução aquosa de HCl
00

Figura 2 - Variação de pH em função do caráter ácido e caráter básico (ou alca-


lino) das soluções
Fonte: Feltre (2004, p. 203).

Quando misturamos um ácido e uma base, ocorre uma reação. Esse


processo é denominado “reação de neutralização”, pois o ácido neu-
traliza as propriedades da base, e vice-versa. A reação de neutraliza-
ção tem como produto sal e água, e pode ser visualizada no seguinte
exemplo: HCl (ácido) + NaOH (base) → NaCl (sal) + H2O (água).
Em nosso organismo, pode ocorrer uma reação de neutralização.
Nosso estômago produz diariamente o suco gástrico, uma solução
ácida que contém ácido clorídrico (HCl). Se adquirirmos doenças
estomacais, tais como gastrite, produzimos suco gástrico em excesso,
causando os sintomas conhecidos como azia. Os medicamentos in-
dicados para o tratamento dessa doença possuem formulações com
bases fracas. Um deles é o leite de magnésia, cujo principal constituinte
é o hidróxido de magnésio (Mg(OH)2). Ao ingerir o medicamento,
a base presente no leite de magnésia neutraliza o ácido em excesso
presente no suco gástrico, reduzindo os efeitos da acidez gástrica.

Tenha sua dose extra de conhecimento


assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 3 73
Sais

Vimos, anteriormente, que uma reação de neutra-


lização entre um ácido e uma base de Arrhenius
produz um sal e água (Exemplo: HCl + NaOH
NaCl + H2O). Portanto, sais são compostos iôni-
cos que possuem, pelo menos, um cátion diferente
de H+ (no exemplo Na+) e um ânion diferente de
OH- (no exemplo Cl-). Na prática, podemos dizer
que os sais são formados quando misturamos áci-
dos e bases em uma solução.
Exemplos: KCl (K+ Cl-), CaCO3 (Ca2+ CO32-),
Al2(SO4)3 (2Al3+ 3(SO4)2-), NaKSO4 (Na+ K+ SO42-),
CaClBr (Ca2+ Cl- Br-).
Para Feltre (2004), dizemos que uma reação
é de neutralização total quando reagem todos os
cátions H+ do ácido e todos os ânions OH- da base.
O sal assim formado é chamado de “sal normal
ou neutro”.

74 Funções Inorgânicas
A Figura 3 apresenta alguns exemplos do processo mencionado.

Base Ácido Sal normal Água


Na OH + H Cl NaCl + H2O

Na OH H O Na+ -
O HOH
Na OH + H O P O Na+ -
O P O + HOH
Na OH H O Na+ -
O HOH
Abreviadamente:
3 NaOH + H3PO4 Na3PO4 + 3 H2O

OH H NO3 NO3- HOH


Ca + Ca2+ +
OH H NO3 NO3- HOH
Abreviadamente:
Ca(OH)2 + 2 HNO3 Ca(NO3)2 + 2 H2 O

Figura 3 - Exemplos de neutralização total


Fonte: Feltre (2004, p. 207).

Nas reações apresentadas, os sais NaCl, Na3PO4 e Ca(NO3)2 são considerados sais normais ou neutros. Ob-
servamos que ocorre a ligação entre o cátion H+ do ácido e o ânion OH- da base, formando a água (H-O-H
ou H2O). Os íons que restam possuem cargas opostas e unem-se por ligação iônica para formar o sal.

Classificação dos Sais


a) Quanto à sua natureza:
• Sais normais ou neutros: resultam da neutralização total de um ácido e uma base de Arrhenius.
Em sua fórmula química não aparecem os íons H+ e OH-. Exemplos: NaCl (Na+ Cl-) ou cloreto
de sódio, K2CO3 (2K+ CO32-) ou carbonato de potássio, CaCl2 (Ca2+ 2Cl-) ou cloreto de cálcio,
Al2(SO4)3(2Al3+ 3(SO4)2-) ou sulfato de alumínio.
• Hidrogeno-sal ou sal ácido: resultam da neutralização parcial de seu ácido de origem. Apresen-
tam dois cátions, sendo um deles H+, e somente um ânion. Exemplos: NaHSO4 (Na+ H+ SO42-)
ou monohidrogenossulfato de sódio, NaH2PO4 (Na+ 2H+ PO43-) ou dihidrogenofosfato de sódio.
• Hidroxi-sal ou sal básico: resultam da neutralização parcial de sua base de origem. Apresentam
dois ânions, sendo um deles OH-, e somente um cátion. Exemplos: Ca(OH)NO3 (Ca2+ OH- NO3-)
ou nitrato monobásico de cálcio, Al(OH)Cl2 (Al3+ OH- 2Cl-) ou cloreto monobásico de alumínio,
Al(OH)2Cl (Al3+ 2OH- Cl-) ou cloreto dibásico de alumínio.

UNIDADE 3 75
• Sais duplos ou mistos: sais provenientes de duas bases ou dois ácidos diferentes. Exemplos:
KNaSO4 (K+ Na+ SO42-) ou sulfato duplo de sódio e potássio, CaClBr (Ca2+ Cl- Br-) ou cloreto-
-brometo de cálcio.
• Sais hidratados ou hidratos: sais que cristalizam com uma ou mais moléculas de água. Exemplo:
CuSO4 . 5H2O (Cu2+ SO42-) ou sulfato cúprico penta-hidratado. A água presente nesses sais é
chamada água de cristalização ou água de hidratação.
b) Quanto ao número de elementos:
• Binários: sais que possuem apenas dois elementos. Exemplos: CaCl2, KBr, NaCl.
• Ternários: sais que possuem três elementos. Exemplos: CaSO4, K2CO3, CaClBr.
• Quaternários: sais que possuem quatro elementos. Exemplos: KNaSO4, NaCNO.

Fórmulas dos Sais

Para Feltre (2004), os sais normais ou neutros são formados por um cátion B+y proveniente da base e
por um ânion A-x, proveniente do ácido, da seguinte forma:

-x
+y
Bx Ay
A carga total dos sais é nula, de modo que o índice de cada elemento deve contrabalançar sua carga, ou seja,
para A: y . (-x) = -y . x e para B: x . (+y) = +x . y. Os exemplos a seguir mostram o balanço de cargas citado.

2+ 1-
Ca1 (NO3)2 ou Ca(NO3)2
3-
Na1+
3
(PO4)1 ou Na3PO4

Ca2+
2
2-
(SO4)21 ou CaSO4
1

Vemos que não é necessário mostrar o índice 1, e os demais índices são simplificados sempre que
possível.

Nomenclatura dos Sais

Para sais normais, De Boni e Goldani (2007) consideram que o nome do sal deriva do ácido e da base que
lhe deram origem, da seguinte forma: Nome do sal = Nome do ânion + de + Nome do cátion. O nome
do ânion é derivado do ácido que originou o sal, de acordo com as relações apresentadas no Quadro 2.

76 Funções Inorgânicas
Quadro 2 - Nomenclatura de ácidos e ânions

Nome do ácido Nome do ânion Exemplos

HCl (ácido clorídrico)


Cl- (ânion cloreto)
Elemento + ídrico Elemento + eto
HF (ácido fluorídrico)
F- (ânion fluoreto)

HNO2 (ácido nitroso)


NO2- (ânion nitrito)
Elemento + oso Elemento + ito
H2SO3 (ácido sulfuroso)
SO32- (ânion sulfito)

HNO3 (ácido nítrico)


NO3- (ânion nitrato)
Elemento + ico Elemento + ato
H2SO4 (ácido sulfúrico)
SO42- (ânion sulfato)
Fonte: a autora.

O nome do cátion é derivado da base que originou o sal. Exemplos: NaCl – cátion Na+ (sódio); KBr –
cátion K+ (potássio); CaCO3 – cátion Ca2+ (cálcio).
De modo geral, ao misturar um ácido e uma base, produzimos um sal e água, e a nomenclatura do
sal depende do ácido e da base, como nos exemplos a seguir:
• HCl (ácido clorídrico) + KOH (hidróxido de potássio) → KCl (cloreto de potássio) + H2O (água).
• HNO2 (ácido nitroso) + NaOH (hidróxido de sódio) → NaNO2 (nitrito de sódio) + H2O (água).
• H2SO4 (ácido sulfúrico) + Ca(OH)2(hidróxido de cálcio) → CaSO4 (sulfato de cálcio) + 2H2O (água).

UNIDADE 3 77
Óxidos

Segundo Russell (1982), óxidos são compostos


binários formados pelo oxigênio e outro elemento
químico, no qual o oxigênio é o elemento mais
eletronegativo. Em outras palavras, para se obter
um óxido, basta que o oxigênio se ligue a qualquer
elemento da Tabela Periódica, com exceção do
flúor, que tem maior eletronegatividade. O ter-
mo óxido tem origem na Grécia antiga (“oxys”)
e significa “azedo”.
Os óxidos formam um grupo muito numeroso
que está presente em nosso cotidiano, pois até
mesmo a água (H2O) é considerada um óxido.
Outros exemplos: CO2 (dióxido de carbono ou
gás carbônico), CO (monóxido de carbono), SO2
(dióxido de enxofre), NO (monóxido de nitrogê-
nio), NO2 (dióxido de nitrogênio), CaO (óxido de
cálcio ou cal), MgO (óxido de magnésio), SiO2
(dióxido de silício ou sílica), Fe2O3 (óxido de ferro
III ou hematita) e Al2O3 (óxido de alumínio ou
alumina).

78 Funções Inorgânicas
Classificação dos Óxidos
a) Óxidos ácidos ou anidridos: são óxidos que reagem com a água, produzindo um ácido, ou
reagem com uma base, produzindo sal e água. São compostos moleculares e, na sua maioria,
solúveis em água. Exemplos:
• SO3 + H2O → H2SO4 (óxido + água → ácido)
• SO3 + 2NaOH → Na2SO4 + H2O (óxido + base → sal + água)
São óxidos formados por não metais (geralmente gasosos) ou por metais com números de oxidação
elevados (geralmente +5, +6 ou +7). Exemplos: CrO3 (NOx +6), Cl2O7 (NOx +7), I2O5 (NOx +5),
MnO3 (NOx +6), Mn2O7 (NOx +7), P2O3 (não metal), N2O3 (não metal) e SO2 (não metal).

b) Óxidos básicos: são óxidos que reagem com a água, produzindo uma base, ou reagem com um
ácido, produzindo sal e água. Exemplos:
• CaO + H2O → Ca(OH)2 (óxido + água → base)
• CaO + 2HCl → CaCl2 + H2O (óxido + ácido → sal + água)
São óxidos formados por metais com números de oxidação baixos (geralmente +1, +2 ou +3). São
compostos sólidos, iônicos, que possuem pontos de fusão e ebulição elevados. Os óxidos de metais
alcalinos (NOx +1) e alcalino terrosos (NOx +2) reagem com a água, os demais são pouco solúveis
em água. Exemplos: Na2O (NOx +1), K2O (NOx +1), MgO (NOx +2), BaO (NOx +2), Cu2O (NOx
+1) e FeO (NOx +2).

c) Óxidos anfóteros: são óxidos que podem se comportar ora como óxido ácido ora como óxido
básico. Reagem com ácidos ou bases fortes, produzindo sal e água. Exemplos:
• ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O (óxido anfótero + ácido forte → sal + água)
• ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O (óxido anfótero + base forte → sal + água)
São compostos sólidos, iônicos, insolúveis em água e formados por metais de NOx intermediário
(geralmente +3 ou +4), além do ZnO (NOx do Zn +2), e também por não metais. Exemplos: Al2O3
(NOx +3), SnO2 (NOx +4), As2O3 (não metal).

d) Óxidos neutros: são óxidos que não reagem com água, nem com ácidos e nem com bases,
portanto não apresentam caráter ácido nem básico. Os únicos óxidos neutros que existem são
NO, N2O, SiO2 e CO. São compostos moleculares formados por não metais.

e) Óxidos duplos, mistos ou salinos: são óxidos que se comportam como se fossem a mistura
de dois óxidos do mesmo elemento químico. São compostos sólidos, metálicos e iônicos, de
fórmula geral M3O4, onde M é um metal. Exemplos: Fe3O4 (mistura de FeO e Fe2O3), Pb3O4
(mistura de 2PbO e PbO2).

UNIDADE 3 79
f) Peróxidos: são óxidos que reagem com água ou ácidos diluídos, produzindo água oxigenada
(H2O2). Os peróxidos são sólidos iônicos que contém o ânion O22-, nos quais o número de
oxidação do oxigênio é -1 (NOx -1). Apenas a água oxigenada é um líquido molecular.
Exemplos:
• Na2O2 + 2H2O → 2NaOH + H2O2
• Na2O2 + H2SO4 → Na2SO4 + H2O2
Os peróxidos mais comuns são peróxido de hidrogênio (H2O2), peróxidos de metais alcalinos
(Na2O2, K2O2, Li2O2) e peróxidos de metais alcalinos terrosos (BaO2, MgO2, CaO2). A água
oxigenada (H2O2) é o peróxido mais utilizado pelas indústrias químicas, sendo empregada no
processamento de madeira, celulose e papel, no tratamento de despejos industriais e na fabricação
de solventes e plásticos. O peróxido de sódio (Na2O2) é utilizado no branqueamento industrial
das fibras de algodão destinadas à fabricação de tecidos.

Fórmulas dos Óxidos

Quando um elemento químico E, com número de oxidação +z, liga-se ao oxigênio, cujo número de
oxidação é -2, obtemos um óxido que pode ser representado da seguinte forma:

Oz ou seja E2OZ
+z -2
E2

Exemplos:

+1 -2
Na 2 O1 ou Na2O
-2
A +32 O3 ou A2O3

Nomenclatura dos Óxidos

De Boni e Goldani (2007) classificam a nomenclatura dos óxidos da seguinte forma:


• Nomenclatura geral (aplicada para todos os óxidos), na qual utilizamos o esquema a seguir:
prefixo + óxido de + prefixo + nome do elemento ligado ao oxigênio.
Nesse caso, os prefixos utilizados podem ser: 1 – mono (pode ser omitido em alguns casos),
2 – di, 3 – tri, 4 – tetr, 5 – pent, 6 – hexa, 7 – hept.
Exemplos: CO2 – dióxido de carbono, CO – monóxido de carbono, SO2 – dióxido de enxofre,
SO3 – trióxido de enxofre, P2O5 – pentóxido de difósforo e Br2O7 – heptóxido de dibromo.
• Nomenclatura para óxidos de metais, que pode ser subdividida em metais com número de
oxidação único (metais alcalinos, metais alcalinos terrosos, zinco, prata e alumínio) e metais
com número de oxidação variável.
• Metais com NOx único: escrevemos apenas óxido + nome do metal. Exemplos: Na2O –
óxido de sódio, ZnO – óxido de zinco, Al2O3 – óxido de alumínio, CaO – óxido de cálcio.

80 Funções Inorgânicas
• Metais com NOx variável: acrescentamos o número de oxidação em algarismos romanos,
ou usamos a terminologia “oso” para menor NOx e “ico” para maior NOx, similar à regra
adotada para os ácidos. Exemplos: CuO2 – óxido de cobre I ou óxido cuproso, CuO – óxido
de cobre II ou óxido cúprico, FeO – óxido de ferro II ou óxido ferroso, Fe2O3 – óxido de
ferro III ou óxido férrico.

As classificações das funções inorgânicas se fazem necessárias tendo em vista a ampla variedade de
compostos inorgânicos existentes. O conhecimento das propriedades funcionais consiste em uma po-
derosa ferramenta, tanto nas suas aplicações industriais quanto no nosso cotidiano, já que utilizamos
compostos químicos diariamente nas diversas tarefas do dia a dia.
Na unidade a seguir, abordaremos as funções orgânicas, que consistem em compostos químicos com
características completamente diferentes dos ácidos, bases, sais e óxidos apresentados até o momento!!

UNIDADE 3 81
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Os ácidos são substâncias químicas sempre presentes no nosso cotidiano. Por


exemplo, a água boricada (solução aquosa que contém ácido bórico) é utilizada
para fazer assepsia de curativos; para limpezas mais fortes da casa, emprega-se
ácido muriático (solução aquosa de ácido clorídrico); nos refrigerantes, encon-
tra-se o ácido carbônico; e no ovo podre, o mau cheiro é devido à presença do
ácido sulfídrico. Esses ácidos podem ser representados, respectivamente, pelas
seguintes fórmulas moleculares:
a) H3BO3, HCl, H2CO2 e H2SO4
b) H2BO3, HCl, H2CO3 e H2S
c) H3BO3, HClO3, H2SO3 e H2CO2
d) H2BO3, HClO4, H2S e H2CO3
e) H3BO3, HCl, H2CO3 e H2S

2. Identifique a alternativa que contém apenas sais.


a) H2O2, Fe2O3, NaOH
b) NaCl, CaCO3, KMnO4
c) H2S, HCN, Al2O3
d) CaCl2, Ba(BrO)2, Zn(OH)2
e) KOH, NaBr, CaCO3

3. Algumas substâncias químicas são conhecidas por nomes populares. Por exem-
plo, sublimado corrosivo (HgCl2), cal viva (CaO), potassa cáustica (KOH) e espírito
de sal (HCl). Esses compostos pertencem, respectivamente, às seguintes funções
inorgânicas:
a) Ácido, base, óxido, ácido.
b) Sal, sal, base, óxido.
c) Ácido, base, base, sal.
d) Sal, óxido, base, ácido.
e) Ácido, base, sal, óxido.

82
LIVRO

Química Aplicada - Estrutura dos átomos e funções inorgânicas e orgânicas.


Autor: Elaine Lima Silva
Editora: Iátria
Sinopse: essa série foi criada para atender aos eixos tecnológicos que orientam
os cursos técnicos e profissionalizantes em âmbito nacional. Seu objetivo é ca-
pacitar o aluno para o mercado de trabalho, fornecendo, além de fundamentos
teóricos, aspectos práticos que geram uma perspectiva de inserção no setor
produtivo e, até mesmo, de requalificação. O conteúdo pode ser estendido a
cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), pois o material é agradável e
moderno; o aprendizado, gradativo e didático.

83
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.

FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.

PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Química Geral e Inorgânica. 4. ed.
São Paulo: Editora Moderna, 2006. Volume 1.

RUSSELL, J. B. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.

84
1. E.

Os ácidos citados são: Ácido bórico: H3BO3; Ácido clorídrico: HCl; Ácido carbônico: H2CO3; Ácido sulfídrico: H2S.

2. B.

a) H2O2 (peróxido), Fe2O3 (óxido) e NaOH (base).

b) NaCl (sal), CaCO3(sal), KMnO4 (sal).

c) H2S (ácido), HCN (ácido), Al2O3 (óxido).

d) CaCl2 (sal), Ba(BrO)2 (sal), Zn(OH)2 (base).

e) KOH (base), NaBr (sal), CaCO3 (sal).

3. D.

Sublimado corrosivo (HgCl2) - sal; Cal viva (CaO) - óxido; Potassa cáustica (KOH) - base; Espírito de sal (HCl) - ácido.

85
86
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Funções Orgânicas

PLANO DE ESTUDOS

O Átomo Compostos Orgânicos


de Carbono Oxigenados e Nitrogenados

Histórico da
Química Orgânica Hidrocarbonetos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer os primeiros relatos sobre a descoberta da quí- • Aprender as principais características e nomenclaturas dos
mica orgânica. compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio.
• Descrever a estrutura do átomo central da química or- • Conhecer as estruturas químicas e principais caracte-
gânica. rísticas de compostos orgânicos que contêm oxigênio e
nitrogênio.
Histórico da
Química Orgânica

De acordo com Solomons e Fryhle (2001), a uti-


lização de compostos orgânicos é descrita desde
a antiguidade. No entanto, até o século XVIII ha-
via pouco conhecimento sobre as propriedades e
composição desses compostos. A importância das
funções orgânicas estava mais relacionada a sua
fonte de obtenção, na época animal ou vegetal, e
em sua aplicabilidade em medicina, do que na sua
composição e estrutura química.
O químico Lavoisier (1743-1794) já havia re-
latado que os compostos orgânicos eram consti-
tuídos, principalmente, de carbono e hidrogênio,
e de nitrogênio e fósforo em menores proporções.
Por outro lado, os compostos inorgânicos, con-
siderados do “reino mineral”, eram constituídos
dos diversos elementos químicos. Desta forma, a
química inorgânica estava relacionada aos com-
postos minerais, enquanto a química orgânica
ficou conhecida como a “química dos organismos
vivos”, pois, até então, não se sabia que compostos
orgânicos pudessem ser sintetizados artificial-
mente. Essa ideia permaneceu por várias décadas,
e só começou a perder força quando o médico e Existem muitos exemplos de compostos or-
químico Wohler (1800-1882), em 1828, sintetizou, gânicos de grande aplicação no nosso cotidia-
em seu laboratório, a ureia (substância isolada no, dentre eles podemos citar o álcool comum
da urina de animais) a partir do cianato de amô- (C2H6O) presente em bebidas e muito usado como
nia, reação que ficou conhecida como “Síntese combustível para automóveis; o vinagre (C2H4O2),
de Wohler”. largamente usado como tempero em nossas re-
feições; o éter (C4H10O) tem aplicação em far-
mácias e hospitais; o açúcar comum (C12H22O11)
Calor
NH2 amplamente utilizado na culinária; a gasolina
NH4OCN O C (C8H18) é um dos combustíveis de maior uso no
NH2 mundo atual, e assim por diante. Com fórmulas
Cianato de
amônio
mais complexas, poderíamos citar as proteínas,
Uréia as vitaminas, os hormônios, os medicamentos,
entre outros.
À medida que novos compostos orgânicos foram Novos compostos estão sendo frequentemente
sendo sintetizados artificialmente e identificados, criados em laboratórios de pesquisa com objetivo
a química orgânica deixou de ser a “química dos de atender nossas necessidades do cotidiano. Tais
organismos vivos” e passou a ser designada como compostos estão presentes em plásticos, tecidos,
“o ramo da química que estuda os compostos de medicamentos, detergentes, corantes etc., pro-
carbono”. Essa afirmação está correta, contudo, porcionando-nos maior conforto, mais saúde e
nem todo composto que contém carbono é or- inúmeros outros benefícios.
gânico, pois temos o dióxido de carbono (CO2),
o carbonato de sódio (CaCO3), o ácido carbônico
(H2CO3), entre outros compostos, que são inorgâ-
nicos. Por outro lado, podemos afirmar que todo
composto orgânico contém carbono.
Por conveniência, o termo “orgânico” se man- A química orgânica é a química dos compostos
tém até hoje, buscando classificar um grande nú- de carbono que, por sua vez, são o centro de
mero de compostos que possuem uma série de vida neste planeta. Os compostos de carbono
propriedades em comum. Diferentemente dos incluem os ácidos desoxirribonucleicos (DNAs)
outros elementos, o átomo de carbono tem a ca- e as moléculas helicoidais gigantes que contêm
pacidade de ligar-se infinitamente entre si em um toda nossa informação genética.
número ilimitado de combinações, gerando, com Fonte: Solomons e Fryhle (2001, p. 2).
essas ligações, milhares de compostos diferentes.

UNIDADE 4 89
O Átomo
de Carbono

O átomo de carbono (6C) possui número atômi-


co igual a 6 (Z = 6), o que significa que, no esta-
do neutro, possui 6 prótons em seu núcleo e 6
elétrons em sua eletrosfera. Por esse motivo, sua
configuração eletrônica é 1s2- 2s2 2p2, ou seja, dois
elétrons na camada K e quatro elétrons na camada
L, sua camada de valência. Tendo quatro elétrons
em sua última camada eletrônica, o carbono os
compartilha com quatro elétrons de outros áto-
mos, para completar seu octeto, atingindo uma
configuração estável. Formam-se, desse modo,
quatro ligações covalentes.
O metano (CH4) é um composto no qual o
carbono compartilha seus quatro elétrons com
quatro átomos de hidrogênio, resultando nas fór-
mulas indicadas na Figura 1.

H H
H C H H C H
H H
Fórmula eletrônica ou Fórmula estrutural
de Lewis

Figura 1 - Fórmulas eletrônica e estrutural do Metano (CH4)


Fonte: Feltre (2004b).

90 Funções Orgânicas
Quadro 1 - Fórmula estrutural e Fórmula eletrônica para ligações duplas e triplas
No exemplo do metano, vimos do carbono
que o carbono faz quatro li-
gações simples com os quatro Fórmula Fórmula eletrônica ou
Tipo de ligação Estrutural de Lewis
átomos de hidrogênio. Em cada
ligação simples, há o comparti- Ligação dupla entre
C C C C
dois átomos de carbono
lhamento de um par de elétrons.
Entretanto, um átomo de Ligação dupla entre um
carbono e um oxigênio C O C O
carbono pode estabelecer duas
Ligação tripla entre
ou três ligações com apenas um três atomos de carbono C C C C
elemento químico, formando,
Ligação tripla entre um
nesses casos, respectivamente, carbono e um nitrogênio C N C N
ligação dupla ou ligação tripla
Fonte: Feltre (2004b, p. 13).
com o segundo átomo. Nas
ligações duplas, há o compar- Segundo Feltre (2004b), o carbono localiza-se na Tabela Periódica
tilhamento de dois pares de entre os metais e os não metais, ou seja, entre os elementos ele-
elétrons, e nas ligações triplas, tropositivos e os eletronegativos. Uma vez que não possui caráter
compartilham-se três pares de eletropositivo nem eletronegativo, o carbono pode ligar-se tanto a
elétrons. O Quadro 1 apresenta elementos eletropositivos, como o hidrogênio, quanto a elementos
as fórmulas mencionadas. eletronegativos, como o oxigênio. Essa característica torna o carbo-
no um elemento com grande capacidade de se ligar a outros átomos,
formando cadeias curtas ou longas com disposições variadas, que
consistem no “esqueleto” das moléculas das substâncias orgânicas.

Hibridização do Carbono
a) Hibridização sp3
Vamos considerar novamente a molécula de metano, CH4. Já vimos que, nesse caso, o carbono
faz quatro ligações simples com quatro átomos de hidrogênio. A distribuição eletrônica do
carbono está mostrada na Figura 2.
Os quatro pares de elétrons compartilhados pertencem a
orbitais atômicos diferentes, um par de elétrons em cada um
dos orbitais 2px e 2py, e dois pares no orbital 2s. No entanto,
a fórmula estrutural plana indica que as quatro ligações 2p
σ(C-H) são idênticas. Para explicar tal situação, os pesqui-
sadores propuseram um modelo denominado “Teoria dos 2s
orbitais moleculares”, que consiste em uma hibridização
dos orbitais, na qual os quatro orbitais atômicos do último 1s
nível (2s + 2px + 2py + 2pz), circundados na Figura 2, forma-
ram quatro novos orbitais atômicos hibridizados idênticos. Figura 2 - Orbitais atômicos do carbono
Como essa combinação ocorreu entre um orbital s e três na Hibridização sp3
orbitais p, esses novos orbitais foram designados por sp3. Fonte: Feltre (2004b).

UNIDADE 4 91
Podemos imaginar a molécula de
metano (CH4) como uma estrutura
tetraédrica tridimensional, na qual
o átomo de carbono está no centro e
os quatro átomos de hidrogênio estão
nos vértices do tetraedro, separados
por um ângulo de, aproximadamente,
109,5°, conforme a Figura 3.
Figura 3 - Molécula do metano (CH4)

b) Hibridização sp2
Para Solomons e Fryhle (2001), quan-
do o carbono realiza uma dupla li-
gação, como no caso do eteno (ou 2p

etileno, CH2 = CH2), é importante


2s
salientar que as ligações C-C não são
equivalentes entre si, ou seja, existe
1s
uma ligação mais forte (ligação σ) e
uma ligação mais fraca (ligação π).
Nesse caso, os pesquisadores obser- Figura 4 - Orbitais atômicos do carbono
na Hibridização sp2
varam o fenômeno da hibridização
Fonte: Feltre (2004b).
dos orbitais (2s + 2px + 2py), forman-
do três orbitais hibridizados e restan-
do um orbital p, conforme a Figura 4. p p
Os orbitais híbridos sp2 são equiva- sp2 sp2
lentes, estão todos num mesmo pla-
no, distantes por um ângulo de 120°.
O quarto elétron permanece no or-
p p
bital p e fica em posição perpendi-
cular ao plano dos três orbitais sp2. A Figura 5 - Formação da ligação dupla entre
hibridização sp2 ocorre somente no os orbitais híbridos sp2 e os orbitais p
Fonte: Feltre (2004b).
momento da formação da ligação
dupla entre os átomos de carbono,
e a ligação entre os orbitais p forma
um tipo de nuvem eletrônica, situada
acima e abaixo do plano da ligação
dupla (Figura 5).
A molécula de eteno, ou popular-
mente chamado de etileno (C2H4)
pode ser visualizado de forma tridi-
mensional na Figura 6. Figura 6 - Molécula do eteno ou etileno (C2H4)

92 Funções Orgânicas
c) Hibridização sp
Para visualizar a hibridização sp, tomaremos como
exemplo a molécula de etino, popularmente conhe-
cido como acetileno (C2H2), na qual ocorre uma 2p
ligação tripla, H-C ≡ C-H. Dois elétrons p
Assim como acontece com as ligações duplas, é 2s
importante salientar que, nas ligações triplas, as três
Dois elétrons nos
ligações não são equivalentes entre si, pois há uma orbitais híbridos sp
1s
ligação σ (mais forte) e duas ligações π (mais fracas).
Segundo a “Teoria dos orbitais moleculares”, apenas
dois elétrons da camada de valência do carbono Figura 7 - Orbitais atômicos do carbono na
se rearranjam (2s + 2px), formando dois orbitais Hibridização sp
Fonte: Feltre (2004b).
híbridos sp, restando dois orbitais p, conforme in-
dicado na Figura 7.
Os dois orbitais híbridos sp são equivalentes, distantes por um ângulo de 180°, de modo que
se situam em uma mesma reta, mas em direções opostas. Os dois orbitais p permanecem per-
pendiculares entre si e também perpendiculares aos orbitais sp.
Como mostrado na Figura 8, os orbitais híbridos sp se formam no momento em que ocorre a
ligação tripla entre os átomos de carbono, sendo que a ligação central é chamada ligação σ, for-
mada pelos orbitais sp. Uma ligação π se situa no plano vertical, acima e abaixo da ligação σ, e a
outra ligação π se situa no plano horizontal, na frente e atrás da ligação σ. As ligações carbono-hi-
drogênio são realizadas também pelos orbitais híbridos sp do carbono e orbital s do hidrogênio.
Assim como verificado com a molécula de etileno (C2H4), os orbitais p da molécula de aceti-
leno formam uma espécie de nuvem eletrônica, e a estrutura tridimensional de C2H2 pode ser
visualizada na Figura 9.

p p
π p
sp π

H C σsp-sp C H
π sp
π
90°
p

Figura 8 - Formação da ligação tripla entre os orbitais híbridos sp e os orbitais p Figura 9 - Molécula do etino ou
Fonte: Feltre (2004b). acetileno (C2H2)

UNIDADE 4 93
Hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos são, por definição, compostos


orgânicos que contêm, exclusivamente, carbono e
hidrogênio. Essa classificação engloba uma grande
variedade de compostos de uso cotidiano, poden-
do destacar, principalmente, os combustíveis deri-
vados do petróleo, como a gasolina e o gás natural.
Os hidrocarbonetos são divididos em função do
tipo de ligações que os átomos de carbono realizam,
e suas principais classes estão descritas a seguir.

Alcanos

Os alcanos são também conhecidos como para-


finas, consistem em hidrocarbonetos acíclicos e
saturados, ou seja, são hidrocarbonetos com ca-
deias abertas e apenas com ligações simples entre
os átomos de carbono. Sua fórmula geral é CnH2n+2,
em que n é o número de carbonos presentes na
molécula.
Para Solomons e Fryhle (2001), as principais
fontes de alcanos são o petróleo e o gás natural.
Os alcanos com cadeias menores, como o metano
(CH4), etano (C2H6), propano (C3H8) e butano
(C4H10) são gases em condição ambiente.

94 Funções Orgânicas
Os alcanos de maior peso molecular são obtidos, principalmente, por meio do refinamento do petróleo.
São muito utilizados como combustíveis, podendo destacar o gás de cozinha, a gasolina, o querosene,
o óleo diesel, entre outros.

Alcenos Alcinos

Os alcenos são também conhecidos como olefinas Os alcinos são também conhecidos como alqui-
ou alquenos e consistem em hidrocarbonetos ací- nos e consistem em hidrocarbonetos acíclicos que
clicos que possuem apenas uma ligação dupla em possuem apenas uma ligação tripla em sua cadeia
sua cadeia carbônica. Sua fórmula geral é CnH2n. carbônica. Sua fórmula geral é CnH2n-2.
Os dois alcenos mais simples, eteno ou etileno O alcino mais simples é o etino (C2H2), po-
(C2H4) e propeno ou propileno (C3H6) fazem par- pularmente conhecido como acetileno. Quando
te do grupo dos produtos industrializados mais queimado em temperaturas elevadas, o acetileno
importantes da indústria química. O etileno é o é usado em maçaricos de solda e para corte de
quarto produto químico mais fabricado no mun- metais. Seus derivados são empregados como ma-
do, sendo produzido, principalmente, a partir do téria-prima para as indústrias de plásticos, fios
craqueamento da nafta, fração do petróleo obtida a têxteis, borrachas sintéticas, entre outros.
partir de seu refino e do tratamento do gás natural.
Segundo Feltre (2004b), o etileno é usado na
fabricação do polietileno, um dos plásticos mais
utilizados atualmente, com o qual são produzidos
sacos para embalagens, cortinas de banheiro, em- Tenha sua dose extra de
balagens, garrafas de água mineral, entre outros. conhecimento assistindo ao
O propileno, por sua vez, é utilizado na fabricação vídeo. Para acessar, use seu
do polipropileno, plástico que compõe barbantes e leitor de QR Code.

peças moldadas, como para-choques de automó-


veis, e também na síntese de acetona e cumeno.
Quando, ao invés de uma ligação dupla na cadeia Ciclanos
carbônica, observamos duas ligações duplas, temos
os chamados alcadienos, ou simplesmente dienos, Os ciclanos são também conhecidos como cicloal-
que são hidrocarbonetos de cadeia aberta com duas canos e consistem em hidrocarbonetos cíclicos e
ligações duplas. Sua fórmula geral é CnH2n-2, para n saturados, ou seja, que possuem apenas ligações
maior ou igual a 3. Os dienos têm grande aplicação simples na cadeia carbônica fechada. Sua fórmula
na indústria petroquímica, principalmente na pro- geral é CnH2n.
dução de polímeros e borrachas sintéticas.

UNIDADE 4 95
De acordo com Feltre (2004b), os ciclanos estão
presentes no petróleo de várias regiões do mundo.
O ciclohexano (C6H12) é o ciclano de maior apli-
cação, sendo comumente usado como solvente e
removedor de tintas e vernizes, além de consistir
Figura 10 - Estruturas em equilíbrio do benzeno
em matéria-prima na fabricação de náilon. Fonte: Feltre (2004b).

Os hidrocarbonetos aromáticos representam


uma família bastante numerosa dentro dos hi-
drocarbonetos, de modo que é impossível re-
presentá-los por uma única fórmula geral. Eles
É importante não confundir gás natural, com- possuem uma imensa variedade de derivados,
posto formado principalmente por metano (CH4), em função dos radicais anexados ao anel aromá-
com gás liquefeito de petróleo (GLP), que é uma tico em substituição ao hidrogênio da molécula
das frações obtidas nas refinarias de petróleo, do benzeno.
formado principalmente por propano (C3H8) e
butano (C4H10). O GLP é o gás engarrafado em
botijões, para uso doméstico, ou em garrafas Nomenclatura dos
maiores, para cozinhas industriais. É chamado de Hidrocarbonetos
“liquefeito” porque, ao ser comprimido para den-
tro do botijão, parte passa para o estado líquido. Alguns dos principais hidrocarbonetos acíclicos
Fonte: Feltre (2004a). e ciclanos, com suas fórmulas estruturais e mole-
culares, estão resumidos no Quadro 2.
Podemos observar que os hidrocarbonetos, de
modo geral, apresentam sempre as terminações
Hidrocarbonetos Aromáticos “ano” para alcanos, “eno” para alcenos e “ino” para
alcinos. Os radicais se repetem, sendo “met” para
Os hidrocarbonetos aromáticos são compostos um carbono, “et” para dois carbonos, “prop” para
que possuem um ou mais anéis aromáticos (ou três carbonos, “but” para quatro carbonos, “pent”
benzênicos) em sua molécula. O composto mais para cinco carbonos, “hex” para seis carbonos, e
simples formado apenas por um anel aromático assim por diante.
ligado a seis átomos de hidrogênio é denomina- Nas cadeias carbônicas com duplas e triplas
do benzeno (C6H6). A estrutura do benzeno, e ligações, é necessário identificar em qual car-
de todos os hidrocarbonetos aromáticos, possui bono está a dupla ou a tripla ligação, como no
uma particularidade no que diz respeito ao anel caso do But-1-ino, em que a tripla ligação está
aromático. Trata-se de seis átomos de carbono no carbono 1 (1-ino) da cadeia de quatro car-
com alternância das ligações duplas, que resultam bonos (But). No caso dos ciclanos, colocamos o
em um par de estruturas em equilíbrio, conforme prefixo ciclo e, em seguida, usamos as mesmas
mostrado na Figura 10. regras dos alcanos.

96 Funções Orgânicas
Quadro 2 - Nomenclatura e estrutura dos principais hidrocarbonetos

Tipo de Nome científico Fórmula Fórmula


Hidrocarboneto e/ou popular estrutural molecular

Metano CH4 CH4

Etano H3C-CH3 C2H6


Alcanos ou Parafi-
nas
Propano H3C-CH2-CH3 C3H8

Butano H3C-CH2-CH2-CH3 C4H10

Eteno ou Etileno H2C=CH2 C2H4

Alcenos ou Olefinas Propeno ou Propileno H2C=CH-CH3 C3H6

Buteno ou Butileno H2C=CH-CH2-CH3 C4H8

Etino ou Acetileno HC ≡ CH C2H2

Alcinos ou Alquinos Propino ou Metil-acetileno HC ≡ C-CH3 C3H4

But-1-ino ou Etil-acetileno HC ≡ C-CH2-CH3 C4H6

H2C CH2
Ciclo-butano C4H8
H2C CH2
CH2

H2C CH2
Ciclo-pentano C5H10
Ciclanos H2C CH2

CH2
H2C CH2
Ciclo-hexano C6H12
H2C CH2
CH2

Fonte: a autora.

Os aromáticos, como já mencionado anteriormente, formam uma classe muito ampla de hidrocarbo-
netos. Por esse motivo, a Figura 11 apresenta alguns aromáticos frequentemente usados na indústria
química e no nosso cotidiano. Segundo Feltre (2004b), esses hidrocarbonetos podem ser obtidos por
via carboquímica, nas indústrias de carvão mineral, ou via petroquímica, na indústria petroquímica.
Atualmente, os aromáticos mais simples, como benzeno, tolueno e xilenos, são produzidos a partir de
frações do petróleo, por representar uma rota economicamente mais viável.

UNIDADE 4 97
A maioria dos compostos orgânicos são tóxi-
cos, mas a toxidez dos aromáticos é, particular-
mente, uma das mais nocivas. Seu risco de intoxi-
cação é muito alto entre operários das indústrias
químicas, devido a sua volatilidade. O benzeno,
por exemplo, é um líquido incolor, volátil, infla-
mável e muito tóxico.

CH3

Benzeno
Tolueno

CH3

CH3
Naftaleno
Xileno (o/m/p)

Antraceno
Fenantreno

Figura 11 - Fórmulas estruturais dos principais hidrocar-


bonetos aromáticos
Fonte: Feltre (2004b).

Além dos hidrocarbonetos, muitos compostos


orgânicos contendo oxigênio e nitrogênio são
amplamente utilizados na indústria química e
petroquímica e, até mesmo, em nossas residências.

98 Funções Orgânicas
Compostos Orgânicos
Oxigenados e Nitrogenados

Álcoois

Álcoois são compostos orgânicos oxigenados,


que possuem, além dos átomos de carbono e
hidrogênio, o grupo funcional hidroxila (OH),
ligado diretamente a um carbono saturado. Sua
representação geral é R-OH. A hidroxila confere
propriedades químicas características aos álcoois.
De acordo com Solomons e Fryhle (2001), os
álcoois mais conhecidos são o álcool metílico ou
metanol (CH3-OH) e o álcool etílico ou etanol
(CH3- CH2- OH). O metanol (CH3- OH) é o mais
tóxico dos álcoois, produzido, principalmente, a
partir do gás natural, num processo petroquími-
co de oxidação controlada do metano, principal
componente do gás natural, da seguinte forma:
CH4 + ½O2 → CH3- OH. O metanol é muito usado
industrialmente como solvente e na produção do
aldeído fórmico, também conhecido como formol.
O etanol (CH3- CH2 - OH) é o álcool comum
de uso doméstico. No Brasil, o etanol é produzi-
do industrialmente por fermentação do açúcar
da cana, e em outros países, por fermentação do
açúcar da beterraba, do milho e do arroz, e rece-
be o nome de “álcool de cereais”. Possui extensa

UNIDADE 4 99
aplicação, podendo destacar como combustível para automóveis, como solvente em tintas, vernizes e
perfumes, na síntese de compostos orgânicos, como acetaldeído, ácido acético e éter, além de grande
utilização na preparação de bebidas alcoólicas.

Fenóis Éteres

Fenóis são compostos orgânicos oxigenados, que Éteres são compostos orgânicos oxigenados, nos
possuem uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas di- quais duas cadeias carbônicas estão ligadas por
retamente a um átomo de carbono do anel aromá- um oxigênio. De modo geral, a fórmula dos éteres
tico. Os fenóis são, geralmente, sólidos, cristalinos, é: R-O-R´, e os radicais R e R´ podem ser iguais
tóxicos, corrosivos e pouco solúveis em água. Seu ou diferentes, de cadeia aberta, cadeia fechada ou
representante mais comum é o hidroxibenzeno, cadeia aromática.
popularmente conhecido como fenol, cuja fór- Temos, por exemplo, o éter dietílico (R e R´ são
mula está indicada na Figura 11. cadeias abertas) e a vanilina (R é cadeia aromática
O cresol, também indicado na Figura 11, pos- e R´ é cadeia aberta), indicados nas Figuras 12 e
sui as orientações orto (o), meta (m) e para (p) 13, respectivamente.
entre os radicais metil (CH3) e hidroxila (OH). Diethyl ether
Na direção orto (o), os radicais CH3 e OH estão
em posições vizinhas, como 1 e 2, por exemplo.
Já na orientação meta (m), os radicais CH3 e OH
estão em posições 1 e 3 e, finalmente, na orienta-
ção para (p), temos os radicais metil e hidroxila
em posições como 1 e 4. Uma solução alcalina da
mistura de cresóis (o/m/p) produz a “creolina”, um
desinfetante muito utilizado em agropecuária, que
atua no mecanismo de coagulação das proteínas H3C O CH3
dos microrganismos.
Os fenóis são utilizados, também, para a pre-
Figura 12 - Molécula do Éter dietílico
servação da madeira, protegendo contra o ata-
que dos insetos. Na indústria química, possuem Segundo Feltre (2004b), o éter comum (éter die-
aplicação como matérias-primas na produção tílico) é muito usado como solvente apolar, tanto
de plásticos, perfumes, corantes, explosivos, re- em laboratório como nas indústrias químicas,
sinas, vernizes, desodorantes, adesivos, cosmé- sendo empregado em processos industriais de
ticos e tintas. extração de óleos, gorduras, essências e perfumes.

100 Funções Orgânicas


Figura 13 - Molécula de Vanilina

Aldeídos e Cetonas

Aldeídos e cetonas são compostos orgânicos que contêm o grupo


“carbonila” (C=O), um grupo no qual um átomo de carbono se liga
ao oxigênio por uma ligação dupla.
Nos aldeídos, a carbonila está ligada a um átomo de hidrogênio
e a um radical R, enquanto nas cetonas, está ligada a dois radicais R
e R´. Esses radicais podem ser cadeias carbônicas abertas, fechadas
ou aromáticas.
No Quadro 3, apresentamos os grupos funcionais dos aldeídos e
das cetonas. Na Figura 14, podemos observar alguns exemplos desses
compostos.

Quadro 3 - Aldeídos e Cetonas

Grupo Carbonila dos Aldeídos Grupo Carbonila das Cetonas


O R C R’
R C
H O

Fonte: a autora.

UNIDADE 4 101
De acordo com Solomons e Aldeídos Cetonas
Fryhle (2001), o formaldeído
ou formol é usado como de- Formaldeído Acetaldeído Propana ou Ciclo-hexanona
ou Formol ou Etanal Acetona comum
sinfetante, na conservação de
cadáveres e de peças anatômi-
cas, na fabricação de plásticos,
medicamentos e explosivos. O
acetaldeído ou etanal é usado
na síntese de ácido acético, ani-
drido acético e resinas.
A acetona é usada como
solvente de esmaltes, tintas,
vernizes, na extração de óleos
de sementes vegetais, na fabri-
cação de anidrido acético e me-
dicamentos. A ciclo-hexanona,
Figura 14 - Exemplos de aldeídos e cetonas
por sua vez, é utilizada como
solvente industrial e como ati-
vador em reações de oxidação.
Ácido Fórmico Ácido Acético

Ácidos
Carboxílicos

Ácidos carboxílicos são compos- O O


tos orgânicos que contêm o gru-
po “carboxila” (carbonila + hidro-
H OH H3C OH
xila) ligado à cadeia carbônica.
Alguns dos ácidos carboxí-
licos mais comuns em nosso Ácido Benzoico
cotidiano são o ácido fórmico,
ácido acético e ácido benzoico,
mostrados na Figura 15.
Segundo Solomons e Fryhle
(2001), o ácido fórmico é um
líquido irritante produzido por
formigas vermelhas. Quan-
do somos picados por essas
formigas, seu efeito em nosso
organismo é inchaço e coceira.
Figura 15 - Ácidos Carboxílicos

102 Funções Orgânicas


Triletilamina
Industrialmente, o ácido fórmico é utilizado no
tingimento de tecidos e na produção de desin-
fetantes.
O ácido acético é a substância responsável
pelo sabor azedo do vinagre, produzido quando
bactérias específicas fermentam o álcool etílico
do vinho, causando a oxidação do álcool pelo ar.
O ácido benzoico é um conservante utilizado na
forma de sais de sódio, de potássio ou de cálcio.

Aminas

Segundo Feltre (2004b), aminas são funções or-


Fenilamina ou Anilina
gânicas nitrogenadas, ou seja, que possuem o ni-
trogênio, além do carbono e hidrogênio, derivadas
da amônia, NH3, pela substituição de um, dois
ou três hidrogênios por grupos alquila ou alquil.
Esses grupos consistem de um radical orgânico
composto por carbono e hidrogênio com ligações
simples entre os átomos de carbono, cuja fórmula
geral é CnH2n+1.
As aminas são classificadas como primárias,
secundárias ou terciárias. Essa classificação ba-
seia-se no número de grupos orgânicos ligados
ao nitrogênio, da seguinte forma:

R R
R NH2 NH R’ N
R’ R’’
Figura 17 - Aminas

Amina primária Amina secundária Amina terciária As aminas, por estarem presentes nos aminoáci-
dos, formadores das proteínas, representam com-
Figura 16 - Classificação das Aminas
Fonte: Feltre (2004b). ponentes fundamentais dos seres vivos e estão
presentes na decomposição de animais mortos. A
Os radicais R, R’ e R’’ podem ser cadeias carbônicas trimetilamina, por exemplo, é o principal compo-
abertas, fechadas ou cadeias aromáticas. Um exem- nente do forte cheiro do peixe podre.
plo de radical de cadeia aberta é a trimetilamina, e Por outro lado, a anilina, assim como outras
de radical de cadeia aromática temos a fenilamina, aminas aromáticas, tem aplicação industrial na
ou anilina, ambas indicadas na Figura 17. fabricação de corantes.

UNIDADE 4 103
Amidas

Amidas são funções orgânicas nitrogenadas, derivadas


da amônia, NH3, nas quais um dos átomos de hidrogê-
nio é substituído por um grupo “carbonila” (C=O). Sua
fórmula geral pode ser representada da seguinte forma:

O
R C
NH2
O radical R pode ser uma cadeia aberta, fechada ou ca-
deia aromática, e os outros dois hidrogênios ligados ao
nitrogênio também podem ser substituídos por grupos
funcionais diversos.
A amida mais importante no nosso cotidiano é a
diamida do ácido carbônico, popularmente conhecida
como ureia.

Figura 18 - Fórmula da Ureia

A ureia é um sólido branco, cristalino, solúvel em água,


presente na urina dos humanos e animais. Possui ampla
aplicação como adubo, na alimentação de bovinos e na
produção de resinas e medicamentos.
Assim como as funções inorgânicas, as funções orgâ-
nicas apresentam uma ampla variedade de compostos,
que se distinguem por diferenças em suas composições
estruturais e químicas e, consequentemente, apresentam
as mais diversas aplicações. A fonte desses compostos
são matérias-primas orgânicas e, em alguns casos, como
o petróleo, não renovável, o que mostra a temeridade
em seu uso indiscriminado.

104 Funções Orgânicas


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A queima do eucalipto para produzir carvão pode liberar substâncias irritantes


e cancerígenas, tais como benzoantracenos, benzofluorantenos e dibenzoantra-
cenos, que apresentam, em suas estruturas, anéis de benzeno condensados. O
antraceno apresenta três anéis aromáticos. Assinale alternativa que corresponde
à sua fórmula molecular.
a) C14H8
b) C14H12
c) C18H14
d) C14H10
e) C18H12

2. De acordo com climatologistas e ambientalistas, a concentração de gás metano


na atmosfera está aumentando rapidamente desde 2007. Esse fato gera grande
preocupação, uma vez que o metano, juntamente com o dióxido de carbono, são
os grandes responsáveis pelo efeito estufa. Estudos mostram que a agricultura
e a pecuária são as grandes produtoras de metano, seja em processos de pu-
trefação em pântanos e áreas úmidas, no estômago das vacas, em plantações
de arroz e em aterros sanitários. O gás metano pode ser classificado como:
a) Um hidrocarboneto aromático da família dos alcanos.
b) Um hidrocarboneto da família dos ciclanos.
c) Um álcool com cadeia carbônica aberta.
d) Um hidrocarboneto de cadeia carbônica acíclica e saturada.
e) Um álcool da família dos alcenos.

105
3. Os grupos funcionais representados na tabela a seguir representam, respecti-
vamente, quais classes de funções orgânicas?

(I) (II) (III) (IV) (V)


O O R
R OH R C O
C C NH
OH NH2 R’

a) (I) Álcoois, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Ácidos carboxílicos.
b) (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Aminas, (IV) Amidas, (V) Aldeídos e cetonas.
c) (I) Álcoois, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos e cetonas.
d) (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos e cetonas.
e) (I) Fenóis, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos.

106
LIVRO

Introdução à Química Orgânica


Autor: Luiz Cláudio de Almeida Barbosa
Editora: Pearson
Sinopse: com linguagem simples e didática, esse livro apresenta os conceitos
fundamentais de um dos assuntos que mais aproximam o conteúdo acadêmico
da vida de quem o estuda ao tratar de tópicos, como alcanos, álcoois, éteres,
aldeídos e cetonas. Seguindo com rigor todas as normas e indicações da IUPAC,
“Introdução à química orgânica” é referência para estudantes de engenharias,
agronomia, enfermagem, farmácia, biologia e de outras áreas afins que desejam
estudar química com a mais alta qualidade.

107
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004a. Volume 1.

______. Química. Química Orgânica. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004b. Volume 3.

SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica 1. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2001.

108
1. D.

O antraceno tem a estrutura abaixo e sua fórmula molecular é C14H10.

2. D.
O metano é um hidrocarboneto da família dos alcanos, com cadeia acíclica (aberta) e saturada (com liga-
ções simples).

a) Um hidrocarboneto aromático da família dos alcanos - Errado, porque não é um hidrocarboneto aromático.
b) Um hidrocarboneto da família dos ciclanos - Errado, porque não é um ciclano.
c) Um álcool com cadeia carbônica aberta - Errado, porque não é um álcool.
d) Um hidrocarboneto de cadeia carbônica acíclica e saturada - Correto.

e) Um álcool da família dos alcenos - Errado, porque não é um álcool.

3. C.
(I) álcoois, (II) ácidos carboxílicos, (III) amidas, (IV) aminas e (V) aldeídos e cetonas.

(I) (II) (III) (IV) (V)


O O R
R OH R C O
C C NH
OH NH2 R’

109
110
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Reações Químicas e Seu


Cálculo Estequiométrico

PLANO DE ESTUDOS

Classificação das
Reações Químicas

Equações Químicas Cálculo Estequiométrico


e seu Balanceamento das Reações Químicas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Aprender a expressar as reações químicas por meio de • Entender as diferentes formas de quantificar reagentes e
equações balanceadas. produtos, e relacioná-los em uma reação química.
• Classificar as reações químicas com base em seus reagen-
tes consumidos e produtos formados.
Equações Químicas e
seu Balanceamento

Todos os dias, em nosso cotidiano, ocorrem reações


químicas ao nosso redor e também em nosso orga-
nismo, de modo que podemos afirmar que a manu-
tenção da vida depende de várias reações químicas.
Segundo Feltre (2004), na reação química, as mo-
léculas iniciais são “desmontadas” e seus átomos são
rearranjados para “montar” outras moléculas. Veja-
mos o exemplo da formação da molécula de água.

1 molécula
de oxigênio (O2)

+
2 2 moléculas
moléculas de de Água (H2O)
hidrogênio (H2)

Figura 1 - Representação esquemática da reação de for-


mação da água
Fonte: Feltre (2004).

Na reação química descrita na Figura 1, os átomos


do reagente, no lado esquerdo da seta, são desa-
grupados, sendo, em seguida, agrupados de outra
forma, no lado direito da seta. Em outras palavras,
as moléculas iniciais de H2 e O2 foram consumi-
das para produzirem as moléculas finais de H2O,
mantendo-se constante o número de átomos pre-
sentes, 6 antes e 6 depois da reação química.
Equações Químicas

A reação de formação da água (Figura 1) pode


ser representada de maneira simplificada, escre-
vendo-se: 2H2 + O2 → 2H2O. Essa representação
é denominada “equação química” da reação de for-
mação da água. Desta forma, “equação química” é
a representação simbólica de uma reação química.
Nas equações químicas, os reagentes são es-
critos do lado esquerdo da seta, e os produtos, do
lado direito. Os reagentes são consumidos e os
produtos são formados na reação.
As fórmulas moleculares (H2, O2, H2O) in-
dicam quais são as substâncias participantes da
Divisão de moléculas
reação química. Os coeficientes estequiométri-
cos são os números que indicam a proporção de
moléculas que participam da reação, ou seja, “2” Essa equação indica que um ácido forte (com cá-
moléculas de H2, “1” molécula de O2 e “2” molé- tion H+) reagiu com uma base forte (com ânion
culas de H2O. De modo geral, o coeficiente 1 não OH-), formando água. Desta forma, “equação iô-
é escrito, pois subentende-se que seja apenas uma nica” é a equação química que descreve a reação
molécula. As fórmulas representam de modo qua- entre íons, além de átomos e moléculas.
litativo; enquanto os coeficientes representam de
modo quantitativo as equações químicas.
As equações químicas ainda fornecem outras Balanceamento das
informações importantes sobre as moléculas ou Equações Químicas
átomos envolvidos em uma reação química, por
exemplo o estado da matéria: sólido (s), líquido (l) Uma equação química só está correta quando
ou gasoso (g), a presença de solução aquosa (aq), o representa um processo químico que realmente
desprendimento de gás (↑- ­), a formação de um só- ocorre, descrito por fórmulas corretas no aspecto
lido precipitado ( ↓ ), a necessidade de aquecimento qualitativo e por coeficientes estequiométricos
( ∆ ) e a ocorrência de reações reversíveis ( ↔ ). corretos no âmbito quantitativo. Podemos veri-
ficar essa condição quando, em uma reação quí-
mica, o número total de átomos dos reagentes é
Equações Iônicas igual ao número total de átomos dos produtos.
Ao verificarmos essa igualdade, dizemos que a
Quando uma reação química envolve substâncias equação química está correta e balanceada.
iônicas ou ionizadas, podemos escrever apenas os No exemplo da reação de formação da água,
íons que nos interessam na explicação do proces- percebemos que o número de átomos de H e O
so químico. No exemplo da reação de formação mantêm-se constante antes e após a reação. De
da água, podemos escrever a mesma reação da acordo com a ilustração da Figura 1, nos reagen-
seguinte forma: H+ + OH- → H2O. tes, temos a mistura de 2 moléculas de H2 e 1 mo-

UNIDADE 5 113
lécula de O2, o que resulta em “4 átomos de H e 2 átomos de O”. No produto, obtemos 2 moléculas de
H2O, que correspondem aos mesmos “4 átomos de H e 2 átomos de oxigênio” verificados nos reagentes.
Podemos concluir que a equação química 2H2 + O2 → 2H2O está balanceada.
De acordo com Usberco e Salvador (2001), existem vários métodos de balanceamento de uma
equação química, dentre os quais o mais simples é o “Método das Tentativas”.
Esse método segue as seguintes regras práticas:
• Regra (1) – Iniciar pelo elemento ou íon que aparece apenas uma vez no lado esquerdo ou direito da seta.
• Regra (2) – Preferir o elemento ou íon que possui maiores índices, ou seja, o maior número de átomos.
• Regra (3) – Ao escolher o elemento ou íon, transpor seus índices de um lado da equação para o outro
da seta, usando seus índices como coeficientes.
• Regra (4) – Utilizar o mesmo raciocínio com os outros elementos ou íons, até o final do balanceamento.

Vamos resolver alguns exemplos para melhor compreendermos o balanceamento de equações químicas.

114 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Exemplo 1 – Reação química: Al + O2 → c Al2O3
Essa equação não está balanceada, portanto, vamos seguir as regras do “Método das Tentativas” para
balanceá-la.
• Regra (1) – é indiferente para o Al e O, pois ambos aparecem apenas uma vez.
• Regra (2) – O é o elemento com maiores índices (2 e 3), portanto, preferimos o elemento O.
• Regra (3) – transpor os índices do O: Al + 3O2 → 2Al2O3
• Regra (4) – acertar os índices do Al: 4Al + 3O2 → 2Al2O3
Concluindo, temos a “equação balanceada: 4Al + 3O2 → 2Al2O3”, na qual partimos de 4 átomos de Al e 6
átomos de O (3x2) e obtemos um produto com 4 átomos de Al (2x2) e 6 átomos de O (2x3).

Exemplo 2 – Reação química: N2 + H2 → NH3


• Regra (1) – é indiferente para N e H, pois aparecem apenas uma vez.
• Regra (2) – H é o elemento que possui os maiores índices (2 e 3), portanto, preferimos o elemento H.
• Regra (3) – transpor os índices do H: N2 + 3H2 → 2NH3
• Regra (4) – acertar os índices do N: 1N2 + 3H2 → 2NH3
Concluindo, temos a “equação balanceada: N2 + 3H2 → 2NH3”, já que o coeficiente 1 é desnecessário.

Exemplo 3 – Reação química: CaO + P2O5 → Ca3(PO4)2


• Regra (1) – devemos calcular primeiro com o Ca ou P, porque o elemento O aparece duas vezes nos
reagentes.
• Regra (2) – o Ca possui índices 1 e 3, enquanto o P possui índices 2 e 1, portanto, preferimos o
Ca, com índices maiores.
• Regra (3) – transpor os índices do Ca: 3CaO + P2O5 → 1Ca3(PO4)2
• Regra (4) – devemos observar que o P no lado direito da seta está sob a forma (PO4)3-2, e possui índice
total 2, assim como em P2O5, e não é necessário acertar os índices do P: 3CaO + 1P2O5 →1Ca3(PO4)2
Os índices do O foram automaticamente acertados, pois, no lado esquerdo da seta, temos 3+5=8 átomos
de O, e no lado direito, temos 2x4=8 átomos de O.
Finalmente, temos a “equação balanceada: 3CaO + P2O5 →Ca3(PO4)2”.

Exemplo 4 – Reação química: Zn + HCl → ZnCl2 + H2


• Regra (1) – indiferente, pois Zn, H e Cl aparecem apenas uma vez.
• Regra (2) – Zn possui índice 1; H e Cl possuem índices 1 e 2. Para desempatar, verificamos os compostos
nos quais os elementos estão presentes com índice 2, ZnCl2 e H2. Em ZnCl2, há um total de 3 átomos,
enquanto em H2 há apenas dois átomos, portanto utilizamos, nesse caso, o elemento presente no
composto com maior número de átomos, ZnCl2, ou seja, o elemento Cl.
• Regra (3) – transpor os índices de Cl: Zn + 2HCl →1ZnCl2 + H2
• Regra (4) – acertar os índices de H: Zn + 2HCl → 1ZnCl2 + 1H2. Em seguida, devemos acertar os índices
do Zn: 1Zn + 2HCl → 1ZnCl2 + 1H2
Concluindo, após retirar os coeficientes 1, podemos escrever a “equação balanceada: Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2”.

UNIDADE 5 115
Classificação
das Reações Químicas

Segundo Usberco e Salvador (2001), existem vá-


rias maneiras de classificar as reações químicas.
Quando o critério adotado relaciona o número
de substâncias envolvidas e o número de subs-
tâncias produzidas, podemos agrupar as reações
da seguinte forma:
• Reações de síntese ou de adição.
• Reações de análise ou de decomposição.
• Reações de deslocamento ou de substitui-
ção ou de simples troca.
• Reações de dupla troca ou de dupla subs-
tituição.

116 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Reações de Síntese Reações de Análise ou de
ou de Adição Decomposição

São reações que ocorrem quando dois ou mais rea- São reações que ocorrem quando um único rea-
gentes se combinam para originar um único pro- gente se decompõe, originando dois ou mais
duto. De modo genérico, as reações de síntese ou produtos de estruturas mais simples. De modo
adição podem ser representadas por: A + B → C. genérico, podem ser representadas por A → B + C.
Podemos compreender melhor esse tipo de Algumas reações desse tipo recebem nomes
reação analisando alguns exemplos. Durante a especiais. A pirólise, por exemplo, representa uma
queima de uma fita de magnésio, ocorre a reação reação de decomposição induzida pelo calor, e na
do elemento magnésio (Mg) com o gás oxigênio indústria é também chamada de calcinação. Um
(O2) presente no ar atmosférico, originando o óxi- exemplo de pirólise é a decomposição do nitra-
do de magnésio (MgO). A equação química que to de cobre: 2Cu(NO3)2(s) → 2CuO(s) + 4NO2(g) +
descreve essa reação é 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s). O2(g). Nessa reação, Cu(NO3)2 é um sólido azul,
Nessa reação, ocorre uma grande liberação de e após aquecimento, decompõe-se em CuO, um
luz branca, que pode ser utilizada em lâmpadas de sólido preto, liberando os gases NO2 e O2.
“flashes” fotográficos descartáveis e em foguetes A fotólise consiste em uma reação de decom-
sinalizadores. posição induzida pela luz. Podemos citar a de-
O segundo exemplo envolve as soluções aquo- composição da água oxigenada como um exem-
sas de ácido clorídrico (HCl) e de hidróxido de plo desse tipo de reação. A água oxigenada ou
amônio (NH4OH), que liberam, respectivamen- peróxido de hidrogênio se decompõe em água e
te, dois gases, HCl e NH3. Quando aproximamos oxigênio, de acordo com a seguinte equação quí-
dois frascos abertos contendo, separadamente, mica: 2H2O2(aq) → 2H2O(l) + O2(g).
essas soluções, ocorre a formação de uma névoa A eletrólise pode ser definida como uma reação
constituída por cloreto de amônio (NH4Cl), que de decomposição induzida pela eletricidade. A rea-
é o produto da reação entre os gases liberados ção de decomposição da água é um exemplo desse
das soluções. Essa reação pode ser representada tipo de reação. Nesse caso, H2O(l) → H2(g) + ½O2(g).
pela equação química HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g).
No primeiro exemplo, 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s),
temos uma reação de “síntese total”, na qual partimos Reações de Deslocamento
de apenas substâncias simples, Mg e O2. Já no segun- ou de Substituição ou de
do exemplo, HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g), temos uma Simples Troca
reação de “síntese parcial”, pois, entre os reagentes,
há, no mínimo, uma substância composta. São reações que ocorrem quando uma substân-
As substâncias simples são formadas por ape- cia simples reage com uma substância composta,
nas um tipo de elemento químico, como o Mg(s) e deslocando da substância composta uma nova
O2(g); já as substâncias compostas são constituídas, substância simples. De modo genérico, podemos
necessariamente, por pelo menos dois tipos de representar esse tipo de reação de duas formas.
elementos químicos diferentes, como o MgO(s), A + XY → AX + Y ou A + XY → AY + X
NH4Cl(g), HCl(g) etc.

UNIDADE 5 117
Para ilustrar esse tipo de reação, vamos analisar
alguns exemplos. Quando uma lâmina de zinco
(Zn) entra em contato com uma solução aquosa
de ácido clorídrico (HCl), ocorre uma reação de O vidro já era conhecido pelos egípcios desde
formação de um sal, o cloreto de zinco (ZnCl2) e 2500 a.C. Atualmente, o vidro comum é produzi-
o desprendimento de gás hidrogênio (H2). Essa do pela mistura de areia (SiO2), soda ou barrilha
reação pode ser representada da seguinte forma: (Na2CO3) e calcário (CaCO3), que é aquecida em
Zn(s) + 2HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g). Nessa reação, fornos especiais, a cerca de 1.500 °C.
o zinco deslocou o hidrogênio. Em reações do tipo xNa2CO3 + yCaCO3 +zSiO2→
Quando adicionamos uma fita de cobre (Cu) (Na2O)x·(CaO)y·(SiO2)z + (x+y)CO2, o vidro inco-
em uma solução de nitrato de prata (AgNO3), lor é produzido. Vidros coloridos são fabricados
observamos que a fita vai tornando-se prateada adicionando-se óxidos metálicos, Fe2O3 para cor
e a solução de nitrato de prata vai tornando-se verde e CoO para cor azul. O vidro fabricado com
azulada. Trata-se de uma reação de deslocamento 10 a 15% de Pb3O4 tem densidade e brilho eleva-
ou simples troca, na qual a prata (Ag), presente na dos e é conhecido como cristal.
solução, é deslocada pelo cobre (Cu) presente na Fonte: Feltre (2004).
fita. Os íons cobre em solução são responsáveis
pela coloração azulada. Essa reação pode ser re-
presentada pela seguinte equação química: Cu(s)
+ 2 AgNO3(aq) → Cu(NO3)2(aq) + 2Ag(s).
Condições para Ocorrer
uma Reação Química
Reações de Dupla Troca ou
de Dupla Substituição Quando duas ou mais substâncias são misturadas,
nem sempre ocorre uma reação química. Para
São reações que ocorrem quando duas substâncias Feltre (2004), só ocorre reação química quando:
compostas reagem entre si, trocando seus compo- a) As moléculas estiverem efetivamente
nentes e dando origem a duas novas substâncias em contato. Moléculas no estado gasoso
compostas. Genericamente, podemos representar reagem mais facilmente porque possuem
esse tipo de reação como AB + XY → AY + BX, em maior contato do que as moléculas no es-
que A se liga a Y; enquanto B se liga a X. tado líquido e estado sólido.
Uma reação de salificação ou neutralização (áci- b) Os reagentes tiverem certa afinidade quí-
do + base) é exemplo de reação de dupla troca, mica, isto é, tendência a reagir. Para tanto,
pois temos NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(s) + H2O(l). algumas características das moléculas per-
Outro exemplo de neutralização se dá ao misturar- mitem prever se haverá afinidade química
mos soluções aquosas de ácido sulfúrico (H2SO4) entre determinados reagentes.
e hidróxido de bario (Ba(OH)2), por exemplo, que
reagem formando um precipitado branco, sulfato De acordo com as características das substâncias
de bário (BaSO4), além de água (H2O), equacio- envolvidas, as reações se dividem em dois tipos
nado quimicamente da seguinte forma: H2SO4(aq) principais: reações de oxirredução e reações que
+ Ba(OH)2(aq) → BaSO4(s) + 2H2O(l). não envolvem oxirredução.

118 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Reações de Oxirredução

Para que uma reação de oxirredução ocorra, um dos reagentes deve


apresentar a tendência de ceder elétrons, característica comum aos
metais, e o outro reagente, de receber elétrons, comportamento dos
não metais.
Os metais se oxidam e agem como redutores, mas apresentam
diferentes tendências a se oxidarem. A fila da reatividade ou fila de
tensões eletrolíticas apresentam quais metais têm maior tendência e
quais têm menor tendência para ceder elétrons. Na Figura 2, apre-
sentamos a fila de reatividade dos metais.

K Ba Ca Na Mg Al Zn Fe H Cu Hg Ag Au
Metais alcalinos e Metais comuns Metais nobres
alcalino-terrosos

Reatividade (eletropositividade) crescente

Figura 2 – Fila de reatividade dos metais


Fonte: Feltre (2004).

Nessa fila, qualquer metal mais reativo pode deslocar o menos rea-
tivo, ou seja, qualquer metal pode ceder elétrons para outro metal
situado à direita na fila. Na Figura 3, apresentamos alguns exemplos.
e-

Mg + HgSO4 MgSO4 + Hg
e -

Fe + CuCl2 FeCl2 + Cu

Ag + Al(NO3)3 Impossível
Figura 3 - Exemplos de reações dos metais
Fonte: Feltre (2004).

Verificamos que nos dois primeiros casos, a reação ocorre porque


o Mg está à esquerda do Hg e o Fe está à esquerda do Cu na fila de
reatividade, ou seja, Mg e Fe são mais eletropositivos do que Hg
e Cu, respectivamente. No entanto, a terceira reação é impossível
porque a Ag está à direita do Al, o que significa que o Al tem mais
tendência em ceder elétrons do que a Ag.

UNIDADE 5 119
Os não metais, por sua vez, têm tendência para não foi possível, uma vez que I está à direita de Cl
receber elétrons, ou seja, reduzem-se e agem como na fila de reatividade dos não metais, mostrando
oxidantes. Assim como os metais, os não metais maior tendência do Cl em receber elétrons.
apresentam diferentes tendências a reduzirem, o
que permite organizá-los em uma fila de reativi-
dade. Qualquer não metal dessa fila pode deslocar Reações que não
(receber elétrons) de outro não metal situado mais Envolvem Oxirredução
à direita na fila.
F O Cl Br I S Podemos destacar, nesses casos, as reações de
dupla troca ou dupla substituição. Essas reações
Reatividade (eletronegatividade) crescente
ocorrem principalmente em duas condições:
Figura 4 – Fila de reatividade dos não metais
Fonte: Feltre (2004). quando tiverem reagentes solúveis e ao menos
um produto insolúvel, que formará um precipi-
Podemos observar alguns exemplos de reações de tado; ou quando houver pelo menos um produto
deslocamento, tendo a diferença de eletronegativi- volátil. Na Figura 6 estão apresentados exemplos
dade como condição para a reação ocorrer ou não. dos tipos de reações mencionados.
e-

2 NaBr + F2 2 NaF + Br2 Reações com precipitado


e -
NaCl + AgNO3 AgCl + NaNO3
Na2S + Cl2 2 NaCl + S
Fe2(SO4)3 + 6 NaOH 2 Fe(OH)3 + 3 Na2SO4
NaCl + l2 Impossível
Reações com produto volátil
Figura 5 – Exemplos de Reações dos nãometais
Fonte: Feltre (2004). FeS + 2 HCl FeCl2 + H2S

2 NaCl + H2SO4 Na2SO4 + 2 HCl
As duas primeiras reações foram possíveis devido
a maior eletronegatividade do F em relação ao Figura 6 - Reações que não envolvem oxirredução
Fonte: Feltre (2004).
Br e do Cl em relação ao S, mas a terceira reação

Os povos antigos usavam gesso (CaSO4·2H2O) ou cal (CaO) em suas construções. O cimento, tal como
o conhecemos atualmente, foi inventado em 1824, por Joseph Aspdin, na Inglaterra. É fabricado
aquecendo, em um forno rotatório a 1.500 °C, uma mistura de calcário (CaCO3), argila e areia. Do
forno saem pedregulhos duros denominados clinquers que, quando moídos, dão origem ao cimento.
A composição do cimento é 60 a 67% de CaO, 17 a 25% de SiO2, 3 a 8% de Al2O3, 2 a 3% de MgO e 2
a 3% de FeO. Com água, o cimento endurece devido à cristalização dos silicatos de cálcio e alumínio.
Junto com areia e pedras, o cimento endurece, formando o concreto.
Fonte: Feltre (2004).

120 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Cálculo Estequiométrico
das Reações Químicas

Dentre as diversas atividades realizadas nos labo-


ratórios e indústrias químicas, podemos destacar
o cálculo das quantidades das substâncias que são
consumidas ou produzidas nas reações quími-
cas realizadas diariamente. É fundamental para o
controle e a otimização de um processo químico
saber antecipadamente a quantidade de reagentes
que deve ser utilizada para se obter a quantidade
desejada de produtos. Em qualquer indústria, o
objetivo econômico reside no desenvolvimento de
processos que obtenham produtos em quantidade
suficiente, consumindo a menor quantidade pos-
sível de reagentes e com menor custo, resultando
em melhor relação custo/benefício.
Para realizar o cálculo das quantidades de rea-
gentes e produtos, lançamos mão de unidades cientí-
ficas de medida de massa, tais como massa atômica,
massa molecular e massa molar, descritas a seguir.

UNIDADE 5 121
Massa Atômica

Tudo o que se deseja pesar ou medir precisa ser Os valores de massa atômica, quando arredon-
comparado a um padrão com unidade convenien- dados, são iguais aos números de massa (A) dos
te. A massa do corpo de um homem, por exemplo, átomos. Por esse motivo, usaremos os valores
pode ser determinada por comparação, utilizan- de número de massa (A) para indicar a massa
do-se o quilograma (kg) como unidade padrão. Se atômica dos átomos, pois são numericamente
a balança indicar 80 kg, significa que a massa do iguais. Quando dizemos que a massa atômica do
homem pesado é 80 vezes maior do que o padrão elemento 4He é igual a 4u, significa que a massa
escolhido, que é de 1 kg. No entanto, para medir a de um átomo de He é 4 vezes maior do que a
massa de uma formiga, por exemplo, esse padrão massa de 1/12 do 12C.
se torna inconveniente, pois seria impossível me- Na natureza, verificamos que a grande maio-
dir por quilogramas a massa de um animal tão ria dos elementos químicos são misturas de isó-
pequeno e leve. topos com diferentes porcentagens em massa,
Da mesma forma, para medir a massa dos di- chamadas de abundâncias relativas. Por exem-
ferentes átomos, os cientistas procuraram por um plo, todo o cloro da natureza é uma mistura dos
padrão conveniente. A escala de massas atômicas isótopos 35 (35Cl) e 37 (37Cl), na seguinte pro-
está baseada no isótopo mais comum do carbono, porção: 75,4% de 35Cl (34,969u) e 24,6% de 37Cl
com número de massa igual a 12 (A=12), ao qual (36,966u). Consequentemente, a massa atômica
foi atribuída exatamente a massa de 12 unidades do elemento Cl que nós encontramos nas tabelas
de massa atômica (uma) ou (u). Adotaremos a é a média ponderada desses valores, calculada da
sigla (u). seguinte forma:
Assim, temos que: unidade de massa atômica
(u) é a massa de 1/12 do átomo de carbono com 75, 4  34, 969u  24, 6  36, 966u
 35, 460u
número de massa igual a 12 (12C). 75, 4  24, 6
As massas atômicas dos diferentes átomos po-
dem ser determinadas experimentalmente com Para arredondar o valor encontrado, dizemos que
grande precisão, utilizando-se um equipamento a massa atômica média do Cl é 35,5u.
denominado Espectrômetro de Massa.
A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de ele-
mentos químicos com suas respectivas massas Massa Molecular
atômicas.
Tabela 1 - Massa Atômica de alguns Elementos Químicos As moléculas são formadas por átomos unidos
por ligações químicas. Dessa forma, a massa de
Massa atômica do 42He 4,0030 u ≈4u uma molécula (massa molecular) é numerica-
Massa atômica do 199F 18,9984 u ≈19u mente igual à soma das massas dos átomos que
a constituem. Sua unidade, assim como para os
Massa atômica do 2713Al 26,9815 u ≈27u
átomos, é unidade de massa atômica (u).
Fonte: Usberco e Salvador (2001, p. 373).

122 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Vamos observar alguns exemplos. A molécula átomos, denominado “Número de Avogadro”.
de água (H2O) é constituída por dois átomos de 1H Esse número corresponde a 6,02x1023 átomos
e um átomo de 16O. Sua massa molecular pode ser de um elemento.
calculada como: 2x1u (H) + 1x16u (O) = 2 + 16 Com base na definição do “Número de Avoga-
= 18u. Já a molécula de ácido sulfúrico (H2SO4) é dro”, surgiu um novo conceito de quantificação da
constituída por dois átomos de 1H, um átomo de matéria. “Mol é a quantidade de matéria que con-
32
S e quatro átomos de 16O. Sua massa molecular tém 6,02x1023 entidades da matéria”. Dessa forma,
pode ser calculada como: 2x1u (H) + 1x32u (S) 1 mol de átomos representa 6,02x1023 átomos, 1
+ 4x16u (O) = 2 + 32 + 64 = 98u. mol de moléculas representa 6,02x1023 moléculas,
1 mol de íons representa 6,02x1023 íons, 1 mol de
elétrons representa 6,02x1023 elétrons.
Massa Molar A massa molar pode ser finalmente definida
como a massa que contém 1 mol ou 6,02x1023 en-
No cotidiano, várias mercadorias são vendidas tidades da matéria. Sua unidade é grama/mol (g/
“em conjunto” ou “por atacado”. Os ovos são com- mol). Portanto, se a massa atômica do Cl é 35,5u,
prados em dúzias (12 unidades), as folhas de pa- podemos dizer que sua massa molar é 35,5g/mol.
pel são compradas em resmas (pacotes com 500 Da mesma forma, se a massa molecular da H2O é
folhas), e assim por diante. 18u, temos que sua massa molar é 18g/mol.
Na química não é diferente. O átomo é tão Geralmente, as quantidades das moléculas e
pequeno que é impossível pesar um único áto- elementos são dadas em gramas (g), mas, para
mo. Amedeo Avogadro (1776 – 1856) foi o pri- simplificar os cálculos químicos, usamos as quan-
meiro cientista a compreender a ideia de que tidades das moléculas e elementos em mol. Por-
uma amostra de um elemento, com massa em tanto, é importante aprendermos a transformar
gramas numericamente igual à sua massa atô- gramas em mol. Vejamos alguns exemplos desse
mica, apresenta sempre o mesmo número de cálculo da quantidade de mols (n).

Exemplo 1: quantos mols correspondem a 100 g de cálcio (Ca)?


A massa atômica do Ca é 40u, então, 1 mol de átomos de Ca tem 40 g. Para sabermos quantos mols
tem em 100 g de Ca, precisamos fazer a seguinte associação:

Exemplo 2: quantos mols correspondem a 88 g de dióxido de carbono (CO2)?


As massas atômicas são: C = 12u e O = 16u. Então 1 mol de moléculas de CO2 tem: 1x12 + 2x16 = 12
+ 32 = 44u = 44 g.
Logo, 1 mol de CO2 possui 44 g de CO2. Para sabermos quantos mols tem em 88 g de CO2, preci-
samos fazer a seguinte associação:

UNIDADE 5 123
Podemos observar a importância de se relacionar quantitativamente
moléculas, elementos ou íons com unidades de medida padroniza-
das, objetivando calcular quantidades de reagentes necessários para
uma reação acontecer, bem como prever a quantidade de produtos
formados.

Definição de Cálculo Estequiométrico

Para Feltre (2004), o “Cálculo estequiométrico ou Estequiometria”


é definido como o cálculo das quantidades de reagentes e/ou pro-
dutos das reações químicas realizado com o auxílio das equações
químicas correspondentes.
Para melhor compreender a definição, tomemos a reação de
formação da amônia como exemplo, observando as relações esta-
belecidas a partir da sua equação química.

N2 (g) + 3 H2 (g) 2 NH3 (g)


1 molécula de N2 + 3 moléculas de H2 2 moléculas de NH3
1 mol de N2 + 3 mols de H2 2 mol de NH3
28g de N2 + 6g de H2 34 g de NH3

Fazendo a relação em termos de mol de reagentes e produtos, veri-


ficamos que, partindo de 1 mol de N2 e 3 mols de H2, produzimos
2 mols de NH3. Nesse caso, o cálculo estequiométrico torna-se
fácil, basta manter a relação estabelecida na equação química. Por
exemplo, se quiséssemos saber quantos mols de NH3 são produzidos
quando partimos de 10 mols de N2, podemos calcular esse valor
usando o seguinte raciocínio matemático:

1 N2 + 3 H2 2 NH3

1 mol de N2 2 mol de NH3


1. x = 2 . 10 x = 20 mol de NH3
10 mol de N2 x

Utilizamos a relação 1 mol de N2 para 2 mols de NH3, e encontramos


que seriam produzidos 20 mols de NH3. O raciocínio utilizado é
chamado “regra de três”, no qual se considera que entre grandezas
diretamente proporcionais (como as quantidades de N2 e NH3) a
multiplicação em “cruz” resulta em produtos iguais.

124 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Se fosse perguntado qual a massa de NH3, em gramas, produzida a partir de 10 g de N2, também
poderíamos resolver a questão por meio da regra de três, mas antes seria necessário verificar as massas
de N2 e NH3 correspondentes. Para isso, precisamos calcular suas massas molares: N2 = 2x14 = 28 g/
mol e NH3 = 14+3x1 = 17 g/mol. Partimos de 1 mol de N2, que resulta em 28 g e obtemos 2 mols de
NH3, que corresponde a 2x17 = 34 g. Portanto, teremos:

N2 + 3 H2 2 NH3

28g de N2 2 . 17 g de NH3
28.x = 2.17.10 x = 12,14 g de NH3
10g de N2 x

Para resolver cálculos estequiométricos, exemplificado na reação de formação de amônia, devemos


seguir três passos:
1. Escrever a equação química correspondente à reação.
2. Balancear a equação química.
3. Estabelecer uma regra de três entre os reagentes e produtos, utilizando os dados apresentados
e relacionando à pergunta do problema envolvido.

Casos Gerais de Cálculo Estequiométrico

Considerando os diferentes tipos de cálculo estequiométrico possíveis de serem realizados, abordamos,


a seguir, os problemas mais comuns envolvendo o cálculo de quantidades de reagentes e produtos em
reações químicas balanceadas.

Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidade de massa

Exemplo 1: na reação de oxidação do cobre


(2Cu + O2 → 2CuO), quando partirmos de
2,54 g de Cu, qual a massa de CuO obtida? 2 Cu + O2 2 CuO
Dados as Massas molares: Cu = 63,5 g/mol 2 mols de Cu produzem 2 mols de CuO
e O = 16 g/mol.
Primeiramente, calculamos a massa mo- 2 . 63,5 g 2 . 79,5 g
2,54 g x
lar do CuO = 63,5+16 = 79,5g/mol. Escre-
vemos, então, a equação balanceada com as
relações em massa.
Portanto, quando partimos de 2,54 g de 2,54 . 2 . 79,5
x= x = 3,18g de CuO
2 . 63,5
Cu obteremos 3,18 g de CuO.

UNIDADE 5 125
Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidade de volume

Exemplo 2: uma reação a 15 °C e 720 mmHg ocorre entre hidrogênio e cloro, formando gás clorídrico
(H2 + Cl2 → 2HCl). Qual o volume de HCl(g) produzido quando partimos de 15 L de H2?
Se os gases estiverem nas mesmas con-
dições de temperatura e pressão, no caso H2 (g) + Cl2 (g) 2 HCl (g)
T = 15 °C e P = 720 mmHg, o cálculo este- produz
1 volume de H2 2 volumes de HCl
quiométrico entre os volumes dos gases é
direto, respeitando-se os coeficientes que os 1L 2L
relacionam na equação balanceada da reação 15 L V
química.
Sendo assim, quando partimos de 15 L
de H2, obteremos 30 L de HCl (T=15 °C e 15 . 2
V= V = 30 L de HCl (a 15°C e 720 mmHg)
P=720 mmHg). 1

Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidades


diferentes, um em massa e outro em mols

Exemplo 3: na reação de formação do cloreto


de sódio, NaOH + HCl → NaCl + H2O, quan-
tos mols de HCl são necessários para produzir HCl + NaOH NaCl + H2O
23,4 g de NaCl? produz
1 mol de HCl2 1 mol de NaCl
Nesse caso, manteremos as unidades dife-
rentes e devemos relacionar mols de HCl con- 1 mol 58,5 g
n 23,4 g
sumidos para produzir massa (em gramas) de
NaCl. Partimos de Na = 23 g/mol e Cl = 35,5
23,4
g/mol, e obtemos: NaCl = 23+35,5= 58,5 g/mol n= n = 0,4 mol de HCl
58,5
(massa molar).
Portanto, são necessários 0,4 mol de HCl
para produzir 23,4 g de NaCl.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

126 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Casos Particulares de Cálculo Estequiométrico

Alguns problemas envolvendo as quantidades de reagentes e produtos possuem particularidades e podem


ser considerados casos particulares de cálculo estequiométrico, como os exemplos abordados a seguir.

Quando são realizadas duas ou mais perguntas

Para esses problemas, devemos responder a cada uma das perguntas separadamente; portanto, se
houver duas perguntas, devem ser realizados dois cálculos estequiométricos; se houver três perguntas,
realizamos três cálculos estequiométricos, e assim por diante.
Exemplo 4: na reação de formação do sulfato de sódio a partir de ácido sulfúrico e hidróxido de
sódio (H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O), quais as massas de H2SO4 e NaOH necessárias para
produzir 28,4 g de Na2SO4? (Massas molares: H=1 g/mol, O=16 g/mol, Na=23 g/mol, S=32 g/mol).
Temos duas perguntas, portanto, realizaremos dois cálculos estequiométricos. Primeiramente,
devemos calcular as massas molares dos reagentes e produtos.
Reagentes: H2SO4 = 2x1 + 32 + 4x16 = 98 g/mol, NaOH = 23 + 16 + 1 = 40 g/mol
Produtos: Na2SO4 = 2x23 + 32 + 4x16 = 142 g/mol, H2O = 2x1 + 16 = 18 g/mol.
Escrevemos a equação balanceada com as relações em massa para os dois reagentes.
a)Para obter a massa de H2SO4

H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O

98 g 142 g
x = 19,6 g de H2SO4
x 28,4 g

b)Para obter a massa de NaOH

H2SO4 + 2 NaOH Na2SO4 + 2 H2O

80 g 142 g
y = 16,0 g de NaOH
y 28,4 g

Portanto, é necessário adicionarmos 19,6 g de H2SO4 e 16,0 g de NaOH para produzirem 28,4 g de
Na2SO4.

UNIDADE 5 127
Quando ocorrem reações consecutivas

Um exemplo prático de reações consecutivas é a produção industrial De modo geral, abordamos,


de ácido sulfúrico a partir do enxofre elementar. Nesse processo, nesta unidade, as reações quí-
ocorrem três reações consecutivas, mostradas a seguir. micas, no que diz respeito ao
S + O2 SO2 seu equacionamento, balan-
ceamento e cálculo quantitati-
SO2 + 1 O2 SO3
2 vo de reagentes consumidos e
SO3 + H2O H2SO4 produtos formados, por meio
da sua estequiometria. Todo o
Ao somarmos algebricamente as reações, verificamos que alguns esforço envolvido teve como
produtos intermediários, como SO2 e SO3, são produzidos e, em objetivo principal uma visão
seguida, consumidos, e no final não aparecem na reação somada, o ampla dos fatores a serem le-
que simplifica a resolução de problemas com reações consecutivas vados em conta no estudo das
como essa. reações químicas.
Exemplo 5: na reação industrial de produção de ácido sulfúrico Os tipos de cálculos este-
a partir de enxofre elementar, qual é a massa de H2SO4 produzida quiométricos apresentados são
se partirmos de 8 toneladas de S? comumente empregados no
Primeiramente, é necessário determinar as massas molares controle dos processos indus-
de S e H2SO4. Massas molares: S = 32 g/mol, H2SO4 = 2x1 + 32 + triais, nos quais são realizados
4x16 = 98 g/mol. diversos tipos de reações quí-
Realizando a soma algébrica das reações consecutivas e obten- micas. Seu conhecimento repre-
do-se a equação balanceada da reação final, podemos relacionar senta muito além de informação
reagente e produto em unidade de massa (tonelada). teórica, pois está diretamente
relacionado ao custo dos pro-
S + O2 SO2 dutos fabricados, uma vez que
SO2 + 1 O2 SO3 fornece dados quantitativos de
2
reagentes a serem adquiridos e
SO3 + H2O HsSO4 produtos a serem vendidos pe-
las indústrias químicas.
S + 3 O2 + H2O HsSO4 Na próxima unidade, am-
2
pliaremos nosso estudo das in-
32 t 98 t
x = 24,5 t de H2SO4 terações químicas, e trataremos
8t x
de um estado físico muito co-
Portanto, partindo-se de 8 toneladas de enxofre (S), produziremos mum nas indústrias químicas,
24,5 toneladas de ácido sulfúrico (H2SO4). o estado gasoso. Vamos lá!

128 Reações Químicas e Seu Cálculo Estequiométrico


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Considere as reações químicas a seguir:


(I) BaO + H2O → Ba(OH)2
(II) Mg + 2AgNO3 → Mg(NO3)2 + 2Ag
(III) FeS + 2HCl → FeCl2 + H2S
As reações (I), (II) e (III) são classificadas, respectivamente, como:
a) (I) Síntese ou adição; (II) Dupla troca ou dupla substituição; (III) Simples troca
ou deslocamento.
b) (I) Análise ou decomposição; (II) Síntese ou adição; (III) Dupla troca ou dupla
substituição.
c) (I) Análise ou decomposição; (II) Simples troca ou deslocamento; (III) Dupla troca
ou dupla substituição.
d) (I) Síntese ou adição; (II) Simples troca ou deslocamento; (III) Dupla troca ou
dupla substituição.
e) (I) Simples troca ou deslocamento; (II) Dupla troca ou dupla substituição; (III)
Análise ou decomposição.

2. Para tornar o pão mais fofo, as padarias adicionam bromato de potássio (KBrO3)
à farinha de trigo que, ao serem aquecidos, liberam O2, produzindo brometo
de potássio (KBr). A equação química não balanceada dessa reação é escrita da
seguinte forma: KBrO3 → KBr + O2.
a) Escreva a equação química balanceada dessa reação.
b) Como podemos classificar essa reação?

3. Na reação química entre carbonato de sódio sólido e ácido clorídrico em solução,


ocorre a formação de gás carbônico, visualizado pela formação de bolhas de
gás, além da produção de água e cloreto de sódio em solução, de acordo com
a equação balanceada Na2CO3(s) + 2HCl(aq) → CO2(g) + H2O(l) + 2NaCl(aq). Determine
a massa de carbonato de sódio (Na2CO3) necessária para reagir completamente
com 0,25 mols de ácido clorídrico (HCl).

129
LIVRO

Noções Básicas de Cálculo Estequiométrico


Autor: Robson Mendes Matos
Editora: Átomo
Sinopse: o livro aborda os principais conteúdos relativos aos cálculos estequio-
métricos de maneira objetiva, procurando estimular o leitor a construir a rede de
conceitos e de orientações necessárias à interpretação de equações químicas e
ao entendimento da inter-relação entre as quantidades das substâncias envol-
vidas nos processos químicos, sejam elas medidas em massa, volume e outras.

130
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.

USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química 1. Química Geral. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.

131
1. D.

(I) BaO + H2O → Ba(OH)2 - Reação de síntese ou adição.

(II) Mg + 2AgNO3 → Mg(NO3)2 + 2Ag - Reação de deslocamento ou de substituição ou de simples troca.

(III) FeS + 2HCl → FeCl2 + H2S - Reação de dupla troca ou de dupla substituição.

2. Reação não balanceada: KBrO3 → KBr + O2.

a) Escreva a equação química balanceada dessa reação.

a.1. Indiferente para K, Br e O.

a.2. Preferimos o oxigênio, que possui os maiores índices (3 e 2).

a.3. Transpor os índices do O: 2KBrO3 → KBr + 3O2

a.4. Acertar os outros elementos: 2KBrO3 → 2KBr + 3O2

Equação balanceada: 2KBrO3 → 2KBr + 3O2

b) Reação de análise ou de decomposição.

3. Reação química: Na2CO3(s) + 2HCl(aq) → CO2(g) + H2O(l) + 2NaCl(aq).

É necessário determinar a massa molar de Na2CO3 = 2x(23) + 12 + 3x(16) = 106 g/mol.

Segundo a estequiometria, para cada 1 mol (106 g de Na2CO3), é necessário 2 mols de HCl. Então, para
reagir com 0,25 mols de HCl, será necessário:

n = (0,25 mols HCl).(1 mol Na2CO3/2mols HCl) = 0,125 mols de Na2CO3.

Para obter a massa de Na2CO3, fazemos: m = (0,125.106) = 13,25 g Na2CO3.

Resposta: Será necessário 13,25 g de Na2CO3 para reagir com 0,25 mols de HCl.

132
133
134
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão

Estado Gasoso

PLANO DE ESTUDOS

Equação Geral
dos Gases

Volume, Temperatura e Densidade


Pressão dos Gases dos Gases

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Entender a importância das variáveis de estado no com- • Compreender que o estado dos gases influencia de forma
portamento dos gases. significativa sua densidade.
• Descrever o comportamento dos gases por meio de uma
equação de estado que contempla volume, temperatura
e pressão.
Volume, Temperatura
e Pressão dos Gases

Para a química, o conhecimento dos gases e de suas


propriedades é de grande importância, uma vez que
os gases estão presentes em nossa rotina diária. O
ar que respiramos é indispensável para nossa vida,
como também para vida dos animais e vegetais.
Os gases são, na sua maioria, compostos mole-
culares, com grande capacidade para se compri-
mir e também se expandir, pois não apresentam
um volume fixo, ocupando o volume total do re-
cipiente no qual estão confinados. Além disso, são
miscíveis entre si em qualquer proporção.
As partículas constituintes dos gases encon-
tram-se afastadas umas das outras de modo que
praticamente não ocorre interação entre elas, que
possuem, desta forma, alto grau de liberdade e
se movimentam em todas as direções e sentidos
dentro do recipiente que os contém.
De acordo com Feltre (2004), podemos afirmar ponde a -273 °C. Na prática, essa temperatura nunca
que o volume de um gás coincide com o próprio foi alcançada, apesar de pesquisadores americanos
volume do recipiente que o contém. No estudo dos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT)
gases, os volumes são medidos em metros cúbicos terem chegado a valores bem próximos.
(m3), em litros (L), em mililitros (mL) e em cen- Pressão, por sua vez, é definida como a relação
tímetros cúbicos (cm3). É importante relembrar entre a força exercida na direção perpendicular
algumas relações entre essas unidades, tais como 1 sobre uma superfície e a área dessa superfície. Isso
m3 = 1.000.000 cm3; 1 L = 1.000 mL; 1 mL = 1 cm3. equivale a dividir a força total em forças menores
A temperatura é uma medida do grau de agi- distribuídas igualmente em cada unidade de área,
tação das partículas (átomos ou moléculas) que conforme indicado na Figura 2.
constituem um corpo. No caso dos gases, a tempe-
ratura depende do grau de agitação das moléculas Pressão P
que o constituem. Essa grandeza pode ser medida
por várias escalas termométricas diferentes.
No Brasil, a escala mais comumente usada é Unidade de
a escala Celsius (°C). Em trabalhos científicos, Área
usamos a escala absoluta ou Kelvin (K), que é
adotada pelo Sistema Internacional de Unidades
(SI). A relação entre essas duas escalas pode ser
Figura 2 - Representação Esquemática da Pressão
visualizada na Figura 1. Fonte: Feltre (2004).

Escala Escala
Celsius Kelvin Já a pressão exercida por um gás, contido num
recipiente fechado, resulta dos choques de suas
100 °C 373 K
partículas contra as paredes do recipiente, sendo
θ T
proporcional ao número de choques de suas par-
tículas contra o recipiente.
0 °C 273 K
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a
pressão é medida em Pascal (Pa), que é definido
-273 °C 0K como a pressão exercida por uma força de 1 N (1
Newton) distribuída sobre uma superfície de 1 m2
perpendicular à força, de modo que 1 Pa = 1 N/
m2. A pressão dos gases também pode ser medida
Figura 1 - Escala Celsius e Escala Kelvin
Fonte: Feltre (2004, p. 280). em mmHg ou torr (Torricelli). A pressão atmos-
férica (atm) pode ser medida em barômetros de
Para transformar temperaturas da escala Celsius mercúrio, e em locais situados ao nível do mar, ela
(θ) em temperaturas absolutas da escala Kelvin atinge o valor de 760 mmHg ou 760 torr.
(T), é necessário utilizar a equação: T = θ + 273. Essas unidades podem ser relacionadas da se-
A temperatura mínima da escala absoluta ou guinte forma: 1 atm = 760 mmHg; 1 atm = 760
escala Kelvin é denominada “zero absoluto” e corres- torr; 1 atm = 101,325 Pa (N/m2).

UNIDADE 6 137
Equação geral
dos gases

Segundo Peruzzo e Canto (2010), as relações en-


tre as variáveis de estado, volume, temperatura e
pressão, que caracterizam os gases, são expressas
em equações matemáticas, também denominadas
“leis”. Essas leis são determinadas mantendo-se
uma das variáveis fixa e analisando-se as duas
restantes. Desta forma, podemos dividir as trans-
formações gasosas em três tipos: isotérmica (tem-
peratura constante), isobárica (pressão constante)
e isométrica (volume constante).

Transformação Isotérmica

Nessa transformação, a temperatura é mantida


constante. Os cientistas Boyle e Mariotte, cada
um no seu tempo, realizaram experimentos em
que provocaram a variação da pressão de uma
determinada massa de gás dentro de um cilindro,
mantendo sua temperatura constante. Ao aumen-
tar a pressão sobre o gás, o volume deste diminuiu,
conforme ilustrado na Figura 3.

138 Estado Gasoso


Transformação Isotérmica

V1 V2
Massa Constante
Temperatura Constante P2
1° Estado 2° Estado

Figura 3 - Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isotérmica


Fonte: Feltre (2004).

Foi observado que, ao dobrar e triplicar a pressão sobre o gás, obtiveram volumes de gás reduzidos
à metade e à terça parte, respectivamente, de modo que o produto entre as duas variáveis, pressão e
volume, permaneceu constante.
Portanto, observamos que volume e pressão são grandezas inversamente proporcionais, que re-
sultaram na Lei de Boyle-Mariotte: “Para uma massa fixa de gás, mantida à temperatura constante, o
volume ocupado pelo gás é inversamente proporcional à pressão exercida sobre ele”.
A representação matemática para a “Lei de Boyle-Mariotte” pode ser feita de duas formas: P1 ⋅ V1 =
P2 ⋅ V2 ou P ⋅ V = constante. Na primeira representação, os índices “1” e “2” referem-se ao estado inicial
e final, esquematizados na Figura 3.

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Transformação Isobárica

Nessa transformação, a pressão é mantida constante. Se aumentarmos a temperatura de uma massa


determinada de gás dentro de um cilindro (Figura 4), mantendo-se a pressão do cilindro constante,
observamos que o volume do gás também aumenta à mesma proporção.

UNIDADE 6 139
Transformação Isobárica

Pressão Constante
Massa Constante
V1 V2
T1 T2
1° Estado 2° Estado

Figura 4 - Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isobárica


Fonte: Feltre (2004).

Foi observado que dobrando e triplicando a temperatura absoluta do gás, seu volume também dobrou
e triplicou, permanecendo constante, o quociente entre volume e temperatura.
Verificamos, então, que volume e temperatura absoluta são grandezas diretamente proporcionais,
que resultaram na Lei de Gay-Lussac: para uma massa fixa de gás, mantida à pressão constante, o
volume ocupado pelo gás é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta.
A representação matemática para a “Lei de Gay-Lussac” pode ser feita de duas formas: V1/T1 = V2/T2
ou V/T = constante. Na primeira representação, os índices “1” e “2” referem-se ao estado inicial e final,
apresentados na Figura 4.

Transformação Isométrica (ou Isovolumétrica ou Isocórica)

Nessa transformação, o volume é mantido constante. Consideremos o cilindro com gás representado
na Figura 5, com a tampa travada de modo a manter o volume do gás fixo. Notamos que aumentando
a temperatura do gás, sua pressão também aumenta na mesma proporção.

Transformação Isométrica

T1 T2
Massa Constante
Volume Constante

1° Estado 2° Estado

Figura 5 - Representação Esquemática dos Experimentos de Transformação Isométrica


Fonte: Feltre (2004).

140 Estado Gasoso


Observamos que a temperatura absoluta do gás afirmava que volumes iguais, de quaisquer gases,
e sua pressão são grandezas diretamente propor- nas mesmas condições de pressão e temperatura,
cionais, de modo que o quociente entre pressão e apresentam a mesma quantidade de matéria em
temperatura se mantém constante, base para a Lei mol ou moléculas.
de Charles: para uma massa fixa de gás, mantida Isso quer dizer que, nas mesmas condições de
a volume constante, a pressão exercida pelo gás é pressão e temperatura, o volume ocupado por um
diretamente proporcional à temperatura absoluta. gás é diretamente proporcional à sua quantidade
A representação matemática para a “Lei de de matéria, ou seja, ao seu número de mols. Se o
Charles” pode ser feita de duas formas: P1/T1 = P2/ número de mols de um gás for dobrado, seu vo-
T2 ou P/T = constante. Na primeira representação, lume também dobrará, e a relação entre as duas
os índices “1” e “2” referem-se ao estado inicial e grandezas, volume (V) e número de mols (n), será
final, indicados na Figura 5. sempre constante (K). Logo, V/n = K.
Reunindo as três fórmulas matemáticas resul- Desta forma, podemos definir “volume molar
tantes das três transformações gasosas, obtemos a de gases” como sendo o volume ocupado por um
chamada “Equação Geral dos Gases”: mol de qualquer gás, a uma determinada pressão
e temperatura.
PV
1 1 P2V2 PV Nas Condições Normais de Temperatura e
= = ou constante
T1 T2 T Pressão (CNTP), o volume molar foi determina-
do experimentalmente, para P = 1 atm e T = 273
Devemos lembrar que essa lei só é válida para uma K, obtendo-se V = 22,4 L/mol.
massa constante de um mesmo gás, e as tempera- De acordo com a Lei de Avogadro, por exemplo,
turas são absolutas, ou seja, devem ser expressas 1 mol de gás hidrogênio (H2), cuja massa é 2 g, ocupa
em kelvin. os mesmos 22,4 L que 1 mol de gás cloro (Cl2), cuja
Essa equação permite que, por exemplo, co- massa é 71 g.
nhecendo o volume de um gás em determinadas
condições de temperatura e pressão, possamos
determinar seu novo volume em outras condições Gases Ideais
de temperatura e pressão.
As comparações das propriedades dos gases Independentemente das transformações sofri-
são realizadas com base em certos referenciais, das por uma massa fixa de gás, a relação descrita
estabelecidos arbitrariamente e denominados na Equação Geral dos Gases apresenta um valor
“Condições Normais de Temperatura e Pressão constante que depende do número de mols do
(CNTP)”. Os valores são: PNORMAL = 1 atm = 760 gás. Quando essa quantidade de mols (n) for igual
mmHg ≈ 100 kPa e TNORMAL = 0 °C = 273 K. a 1, temos:
PV
=R
T
Volume Molar dos Gases
A constante “R” é denominada “Constante univer-
Segundo Usberco e Salvador (2001), em 1811, sal dos gases ideais”. Na CNTP (P = 1 atm = 760
Amedeo Avogadro enunciou sua famosa lei tam- mmHg, T = 273 K, V = 22,4 L/mol), a constante
bém conhecida como “Lei de Avogadro”, na qual resulta nos seguintes valores:

UNIDADE 6 141
Considerando que o número de mols (n) de um gás é obtido dividindo-se a massa de gás (m, em gra-
mas) pela sua massa molar do gás (M, em g/mol), podemos reescrever a “Equação dos Gases Ideais”,
também conhecida como “Equação de Clapeyron”.
Qualquer gás que obedeça a essa lei será considerado um gás ideal ou gás perfeito. Vejamos alguns
exemplos de como utilizar a equação dos gases ideais.

Exemplo 1: qual o volume ocupado por 48 g de gás metano (CH4) a uma temperatura de 27 °C e pressão
de 1,64 atm?
Primeiramente, é necessário determinar a massa molar do CH4.
Dado a massa molar do C e H, (C = 12 g/mol e H = 1 g/mol), temos que a massa molar do CH4 é igual a
12 + 4x1 = 16 g/mol. É necessário deixar a temperatura na escala absoluta, assim: T = 27+273 = 300 K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de CH4: P=1,64 atm, T= 300 K, m = 48 g, M = 16 g/
mol, R = 0,082 atm ⋅ L/mol ⋅ K.
É importante prestar atenção para que todas as unidades estejam em concordância e seja utilizada a
constante R conveniente.

m 48
PV  RT  1, 64  V   0, 082  300  V  45 L
M 16
Desta forma, concluímos que o volume ocupado por 48 g de gás metano nas condições dadas é de 45 litros.

Exemplo 2: qual o volume ocupado por 19 g de flúor (F2) nas mesmas condições do CH4?
Primeiramente, é necessário determinar a massa molar do F2. Dado a massa molar do F (19 g/mol), temos
que a massa molar do F2 é igual a 38 g/mol.
É necessário deixar a temperatura na escala absoluta, assim: T = 27+273= 300 K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de F2:
P = 1,64 atm, T= 300 K, m = 19 g, M = 38 g/mol, R = 0,082 atm.L/mol.K.

m 19
PV  RT  1, 64  V   0, 082  (273  27) V  7, 5 litros
M 38
Verificamos que o volume ocupado por 19 g de flúor nas mesmas condições do metano é de 7,5 litros.
Nos exemplos 1 e 2, verificamos que, apesar de estarem nas mesmas condições de temperatura e pressão,
como os gases tinham número de mols diferentes, seus volumes encontrados foram bastante diferentes.

142 Estado Gasoso


Densidade
dos Gases

De acordo com Feltre (2004), para compreender


a densidade dos gases, é necessário considerar
duas definições importantes: densidade absoluta
e densidade relativa. Vamos estudá-las.

Densidade Absoluta

Densidade absoluta ou massa específica de um


gás, em determinada pressão e temperatura, é o
quociente entre a massa e o volume do gás, sub-
metido às condições de pressão e temperatura
consideradas. Matematicamente, podemos es-
crever