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Inorgânica
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Distância; BIGATÃO, Denise Maria Malachini Miotto.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Química Geral e Inorgânica. Denise Maria Malachini Miotto
Bigatão.
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
216 p. e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
“Graduação - EAD”.
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Química. 2. Inorgânica . 3. EaD. I. Título. Design Educacional Débora Leite;Fukushima;
Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey;
ISBN 978-85-459-1957-5
CDD - 22 ed. 540 Gerência de Produção de Conteúdos Diogo
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas;
Impresso por: Supervisão de Projetos Especiais Yasminn
Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla
Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock
13
Ligações
Químicas e Soluções
37
Funções Inorgânicas
65
Reações de
Funções Orgânicas
Equilíbrio
87 151
Reações Químicas
Termodinâmica
e seu Cálculo
das Reações
Estequiométrico
111 177
Reações de
Estado Gasoso
Oxirredução
135 195
17 Elétrons ao redor do núcleo
113 Divisão de moléculas
197 Corrente elétrica em um circuito fechado.
Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
Elementos Químicos
e suas Propriedades
Periódicas
PLANO DE ESTUDOS
Propriedades
Periódicas
O Átomo e suas
Características
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer as teorias que originaram o modelo atômico • Compreender o agrupamento e a classificação dos ele-
atual e entender a estrutura dos átomos. mentos químicos na Tabela Periódica.
O Átomo e suas
Características
UNIDADE 1 15
A
Z
x ou
Z
x A Número
Número de Massa mesmo número atômico, mas diferentes números de
Atômico massa; são chamados isótopos e diferem entre si no
Figura 2 - Representação simbólica do átomo X
número de nêutrons (número de massa menos núme-
Fonte: De Boni e Goldani (2007). ro atômico) no núcleo. Por exemplo, existem três isóto-
pos do hidrogênio que ocorrem naturalmente (Figura
3): o prótio (1H), que não possui nenhum nêutron; o
Isótopos, Isóbaros e Isótonos deutério (2H ou D), com 1 nêutron; e o trítio (3H ou
T), com 2 nêutrons. Nos três casos, o núcleo possui
Todos os átomos neutros de um determinado elemen- apenas 1 próton, e na eletrosfera há somente 1 elétron.
to têm o mesmo número atômico, portanto, a mesma A Figura 3 mostra ainda os quatro isótopos
carga nuclear, e o mesmo número de elétrons na ele- do hélio, nos quais o número de nêutrons vai de
trosfera. Entretanto, alguns átomos podem conter o 1 (3He) para 4 (6He).
Segundo Russell (1982), muitos átomos possuem isótopos estáveis, de modo que a maioria dos elementos
consiste em uma mistura de isótopos. O boro, por exemplo, ocorre na natureza como uma mistura de
10
B (19,78%) e 11B (80,22%). Essas porcentagens são em número, isto é, de cada 10.000 átomos de boro,
1.978 são 10B e 8.022 são 11B.
É importante notar que os isótopos têm propriedades químicas iguais (que dependem da estrutura
da eletrosfera) e propriedades físicas diferentes (que dependem da massa do átomo). Assim, embora
o hidrogênio (1H) e o deutério (2H ou D) sejam ambos gasosos, a densidade (propriedade física) do
deutério é o dobro da densidade do hidrogênio. Ambos reagem com o oxigênio, formando água (pro-
priedade química igual); no entanto, o hidrogênio forma a água comum (H2O), de densidade igual a
1,0g/mL, enquanto o deutério forma a chamada água pesada (D2O), pois tem densidade igual a 1,1g/mL.
Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos químicos diferentes, mas
que possuem o mesmo número de massa (A). Nesse caso, o maior número de prótons é compensado
por um menor número de nêutrons e vice-versa. Exemplo: Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e Potássio (K,
A=40 e Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas diferentes.
Eletrosfera: Formado
por Elétrons distribuídos
O Modelo da
em várias camadas
UNIDADE 1 17
Níveis e Subníveis de Energia
Energia
Números
quânticos s p d f
principais (n)
6d
5f
7s
(Q) n =7 6p
5d
4f
(P) n =6 6s 5p
4d
(O) n =5 5s
Aumento de Energia
4p
3d
4s
(N) n =4 3p
3s
(M) n =3 2p
2s
(L) n =2
1s
(K) n =1
Núcleo
s (l = 0) 0 1
p (l = 1) -1, 0, +1 3
Fonte: o autor.
Spin Eletrônico
Spin (do inglês "giro") é uma notação para possíveis orientações que partículas carregadas podem
apresentar quando imersas em um campo magnético. Um orbital comporta, no máximo, dois elétrons.
Eles não se repelem porque giram em sentidos opostos, criando campos magnéticos que se atraem.
Dessa forma, a força magnética de atração entre os elétrons é contrabalançada pela força elétrica de
repulsão entre eles. Portanto, os elétrons permanecem emparelhados e possuem spins que se opõem,
chamados spins opostos ou antiparalelos. Os spins eletrônicos são descritos pelo número quântico de
spin, ms, e admitem os valores +½ ou -½.
UNIDADE 1 19
Configuração Eletrônica dos Elementos
A maneira específica pela qual os orbitais de um A leitura do diagrama fornece a seguinte or-
átomo são ocupados pelos elétrons é denominada dem crescente de energia: 1s2 – 2s2 – 2p6 – 3s2 –
“configuração eletrônica” do átomo. A distribui- 3p6 – 4s2 – 3d10 – 4p6 – 5s2 – 4d10 – 5p6 – 6s2 – 4f14
ção eletrônica dos orbitais é feita preenchendo-se – 5d10 – 6p6 – 7s2 – 5f14 – 6d10 – 7p6.
totalmente um subnível antes de passar para o Para determinar a configuração eletrônica de
próximo. No entanto, a ocupação dos subníveis um átomo, é necessário obedecer a essa ordem e
não obedece aos limites dos níveis. Os elétrons observar o número máximo de elétrons que cada
não vão se acomodando nos subníveis de uma subnível comporta. Por exemplo, o átomo de fer-
mesma camada até preenchê-la, eles seguem uma ro, Fe (Z = 26), que contém 26 elétrons, possui a
ordem diferente, a ordem crescente de energia. seguinte configuração eletrônica: 1s2 – 2s2 – 2p6 –
O químico Linus Pauling (1901 – 1994) elabo- 3s2 – 3p6 – 4s2 – 3d6. Notamos que o subnível 3d,
rou um diagrama que permite fazer a distribui- o último a ser preenchido, tem capacidade para até
ção eletrônica segundo essa ordem crescente. O 10 elétrons, mas possui apenas 6. Essa distribuição
dispositivo ficou conhecido como Diagrama de eletrônica segue a chamada “ordem energética”, pois
Linus Pauling (RUSSEL, 1982). A Figura 7 ilustra é desenvolvida em ordem crescente de energia.
o diagrama citado. Existe outra forma de representar a distribuição
eletrônica por subníveis de energia, é a chamada
“ordem geométrica”. Nela, após fazer a distribui-
ção conforme a ordem energética, os subníveis
são agrupados em cada nível. No caso do átomo
de ferro, temos a seguinte ordem geométrica:
1s2 – 2s2 2p6 – 3s2 3p6 3d6 – 4s2.
A ordem energética permite identificar o sub-
nível mais energético, que é o último da sequência.
No caso do ferro, é o subnível 3d6. Já a ordem geo-
métrica mostra o subnível mais externo, que, no
caso do ferro, é o 4s2. Em alguns casos, o subnível
mais energético coincide com o subnível mais
externo, mas trata-se apenas de uma coincidência.
A camada de valência constitui o nível de
Figura 7 - Diagrama de Linus Pauling
maior número quântico principal, n. Normalmen-
te, os elétrons pertencentes à camada de valência
O diagrama apresenta os níveis de energia em são os que participam das ligações químicas, pois
ordem crescente, representados pelos números são os mais externos. No caso do ferro, a camada
de 1 a 7. Os subníveis que cada nível possui são de valência é o nível 4, referente à camada N.
representados pelas letras s, p, d e f. As setas mos- As Tabelas 1 e 2 apresentam as configurações
tram o sentido no qual o diagrama deve ser lido. eletrônicas dos elementos da Tabela Periódica. A
Cada seta deve ser percorrida até o fim, para só distribuição eletrônica segue a ordem crescente de
então iniciar a próxima seta. energia, mostrada no Diagrama de Linus Pauling.
H 1 1
He 2 2
Li 3 2 1
Be 4 2 2
B 5 2 2 1
C 6 [He} 2 2 2
N 7 2 2 3
O 8 2 2 4
F 9 2 2 5
Ne 10 2 2 6
Na 11 2 2 6 1
Mg 12 2 2 6 2
Al 13 2 2 6 2 1
Si 14 [Ne] 2 2 6 2 2
P 15 2 2 6 2 3
S 16 2 2 6 2 4
Cl 17 2 2 6 2 5
Ar 18 2 2 6 2 6
K 19 2 2 6 2 6 1
Ca 20 2 2 6 2 6 2
Sc 21 2 2 6 2 6 1 2
Ti 22 2 2 6 2 6 2 2
V 23 2 2 6 2 6 3 2
Cr 24 2 2 6 2 6 5 1
Mn 25 2 2 6 2 6 5 2
Fe 26 2 2 6 2 6 6 2
Co 27 [Ar] 2 2 6 2 6 7 2
Ni 28 2 2 6 2 6 8 2
Cu 29 2 2 6 2 6 10 1
Zn 30 2 2 6 2 6 10 2
Ga 31 2 2 6 2 6 10 2 1
Ge 32 2 2 6 2 6 10 2 2
As 33 2 2 6 2 6 10 2 3
Se 34 2 2 6 2 6 10 2 4
Br 35 2 2 6 2 6 10 2 5
Kr 36 2 2 6 2 6 10 2 6
Rb 37 2 2 6 2 6 10 2 6 1
Sr 38 2 2 6 2 6 10 2 6 2
Y 39 2 2 6 2 6 10 2 6 1 2
Zr 40 2 2 6 2 6 10 2 6 2 2
Nb 41 2 2 6 2 6 10 2 6 4 1
Mo 42 2 2 6 2 6 10 2 6 5 1
Tc 43 2 2 6 2 6 10 2 6 6 2
Ru 44 2 2 6 2 6 10 2 6 7 1
Rh 45 [Kr] 2 2 6 2 6 10 2 6 8 1
Pd 46 2 2 6 2 6 10 2 6 10
Ag 47 2 2 6 2 6 10 2 6 10 1
Cd 48 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2
In 49 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 1
Sn 50 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 2
Sb 51 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 3
Te 52 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 4
I 53 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 5
Xe 54 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6
UNIDADE 1 21
Tabela 2 - Configurações Eletrônicas dos Elementos (continuação)
Cs 55 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 1
Ba 56 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 2
La 57 2 2 6 2 6 10 2 6 10 2 6 1 2
Ce 58 2 2 6 2 6 10 2 6 10 1 2 6 1 2
Pr 59 2 2 6 2 6 10 2 6 10 3 2 6 2
Nd 60 2 2 6 2 6 10 2 6 10 4 2 6 2
Pm 61 2 2 6 2 6 10 2 6 10 5 2 6 2
Sm 62 2 2 6 2 6 10 2 6 10 6 2 6 2
Eu 63 2 2 6 2 6 10 2 6 10 7 2 6 2
Gd 64 2 2 6 2 6 10 2 6 10 7 2 6 1 2
Tb 65 2 2 6 2 6 10 2 6 10 9 2 6 2
Dy 66 2 2 6 2 6 10 2 6 10 10 2 6 2
Ho 67 2 2 6 2 6 10 2 6 10 11 2 6 2
Er 68 2 2 6 2 6 10 2 6 10 12 2 6 2
Tm 69 2 2 6 2 6 10 2 6 10 13 2 6 2
Yb 70 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 2
[Xe]
Lu 71 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 1 2
Hf 72 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 2 2
Ta 73 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 3 2
W 74 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 4 2
Re 75 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 5 2
Os 76 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 6 2
Ir 77 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 7 2
Pt 78 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 9 1
Au 79 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 1
Hg 80 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2
Tl 81 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 1
Pb 82 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 2
Bi 83 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 3
Po 84 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 4
At 85 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 5
Rn 86 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6
Fr 87 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 1
Ra 88 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 2
Ac 89 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 1 2
Th 90 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 6 2 2
Pa 91 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 2 2 6 1 2
U 92 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 3 2 6 1 2
Np 93 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 4 2 6 1 2
Pu 94 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 6 2 6 2
Am 95 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 7 2 6 2
Cm 96 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 7 2 6 1 2
[Rn]
Bk 97 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 9 2 6 2
Cf 98 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 10 2 6 2
Es 99 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 11 2 6 2
Fm 100 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 12 2 6 1
Md 101 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 13 2 6 2
No 102 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 2
Lr 103 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 1 2
Rf 104 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 2 2
Ha 105 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 3 2
106 2 2 6 2 6 10 2 6 10 14 2 6 10 14 2 6 4 2
Segundo Feltre (2004), orbital representa uma região ao redor do núcleo atômico, na qual a probabi-
lidade de se encontrar um elétron é máxima. O comportamento dos elementos químicos deve-se, em
grande parte, aos seus elétrons de valência e aos tipos e respectivas formas de seus orbitais.
Orbitais tipo s
Orbitais tipo p
O subnível p possui três orbitais. No átomo isolado, esses três orbitais têm a mesma energia e a mesma
forma de haltere, com dois lobos separados por um nó. Eles diferem entre si pela sua orientação no
espaço. Usando um sistema de coordenadas tridimensionais cartesianas, podemos representar os três
como: px , py e pz. A Figura 9 mostra os três orbitais mencionados.
Figura 9 - Orbitais p
Cada orbital possui uma região chamada plano nodal, que consiste em um plano que divide o orbital
ao meio, no qual a probabilidade do elétron ser encontrado é nula. O núcleo do átomo está nesse plano.
UNIDADE 1 23
Orbitais tipo d
Figura 10 - Orbitais d
Orbitais tipo f
Tabela Periódica
UNIDADE 1 25
A repetição expressa na lei periódica é a base alcalinos terrosos), Grupo IIIA (Família do Boro),
da Tabela Periódica moderna (Figura 11). As li- Grupo IVA (Família do Carbono), Grupo VA (Fa-
nhas horizontais são chamadas “períodos” e são mília do Nitrogênio), Grupo VIA (Calcogênios),
numerados de 1 a 7, usando algarismos arábicos. Grupo VIIA (Halogênios) e Gases Nobres.
As colunas verticais são chamadas “grupos”, e cada Os elementos pertencentes aos subgrupos são
um representa uma “família de elementos”. Os gru- denominados elementos de transição e são todos
pos “principais” contêm cinco ou seis elementos e metais. Os elementos pertencentes ao grupo IIIB,
são numerados de 1 a 7, usando números romanos nos períodos 6 e 7, representam os elementos de
e a letra A. Os grupos pequenos são chamados transição interna e são chamados lantanídeos
“subgrupos” ou “grupo B”. e actinídeos, respectivamente. Todos os outros
Os grupos ou famílias principais consistem em: metais de transição são chamados elementos de
Grupo IA (Metais alcalinos), Grupo IIA (Metais transição externa ou simples.
IA VIIIA
Quando se compara as configurações eletrônicas dos elementos (Tabelas 1 e 2) com a Tabela Perió-
dica (Figura 11), verificamos que cada período começa pela adição de um elétron a um novo nível de
energia, previamente não ocupado (Figura 12). Assim, o hidrogênio e os elementos do grupo IA têm
configuração ns1, onde n é o número quântico principal da camada mais externa, também conhecida
como camada de valência.
Os elementos do grupo principal (grupo A) têm a camada de valência preenchida com um a oito
elétrons. Os grupos IA e IIA possuem configuração ns1 e ns2, respectivamente; e os grupos IIIA até os
gases nobres, possuem distribuição eletrônica ns2np1 até ns2np6, respectivamente. Esses elementos são
denominados “elementos representativos”. A configuração dos gases nobres é bastante estável, o que
resulta em baixa reatividade desses elementos.
Os elementos do grupo B são também conhecidos como “elementos de transição”. Cada série ho-
rizontal de elementos de transição corresponde ao preenchimento do subnível d da camada (n - 1)
desses átomos. Uma vez que qualquer subnível d pode acomodar um total de 10 elétrons, o preenchi-
mento dá origem a 10 elementos de transição nos períodos 4 e 5. Na série dos lantanídeos e actinídeos,
a subcamada a ser preenchida é a f do nível (n – 2). O subnível f tem uma população máxima de 14
elétrons e assim existem 14 lantanídeos e 14 actinídeos.
UNIDADE 1 27
1s1 1s2
2s1 2s1 2p1 2p2 2p3 2p4 2p5 2p6
p
3s1 3s2 3p1 3p2 3p3 3p4 3p5 3p6
S
4s1 44s2 3d1 3d2 3d3 3d4 3d5 3d6 3d7 3d8 3d9 3d10 4p1 4p2 4pp3 44p4 4p5 4p6
d
d6 4d7 4d8 4d9 4d10 5p1 5p2 5p3 5p4 5p5 5p6
5ss1 55s2 4d1 4d2 4d3 4d4 4d5 4d
6s1 6s2 4f 5d2 5d3 5d4 5d5 5d6 5d7 5d8 5d9 5d10 6p1 6p2 6p3 6p4 6p5 6p6
7s1 7s2 5f 6d2 6d3 6d4 6d5 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10
f
4f 1 4f 2 4f 3 4f 4 4f 5 4f 6 4ff 7 4f 8 4f 9 4f 10 4f 11 4f 12 4f 13 4f 14 5d1
5f 1 5f 2 5f 3 5f 4 5f 5 5f 6 5ff 7 5f 8 5f 9 5f 10 5f 11 5f 12 5f 13 5f 14 6d1
Figura 12 - Último subnível ocupado em cada elemento da Tabela Periódica
Fonte: Feltre (2004).
Algumas propriedades dos elementos químicos mostram variações periódicas em função do seu núme-
ro atômico, ou seja, de acordo com sua posição na Tabela Periódica. Dentre as principais propriedades,
podemos destacar o raio atômico, a eletronegatividade, a eletropositividade, a afinidade eletrônica e
o potencial de ionização.
Raio atômico
De acordo com Feltre (2004), raio atômico con- elementos aumenta, ou seja, de cima para baixo. Isso
siste, basicamente, na distância do núcleo de um significa que o raio atômico cresce quanto maior
átomo à sua eletrosfera na camada mais externa, for o número de camadas eletrônicas dos átomos.
a camada de valência. Porém, como o átomo não Por outro lado, em um mesmo período, o raio
é rígido, calculamos o raio atômico médio defi- atômico aumenta da direita para esquerda, no
nido pela média da distância entre os centros dos sentido de decréscimo do número atômico. Isso
núcleos de dois átomos vizinhos de um mesmo ocorre em razão de todos possuírem o mesmo
elemento numa ligação química em estado sólido. número de camadas eletrônicas, o que os diferen-
O raio atômico diferencia-se de um elemento cia é a quantidade de elétrons nessas camadas, e
para outro em função de sua família e período na Ta- quanto maior o número de elétrons na camada
bela Periódica. Dentro de uma mesma família, o raio de valência, maior sua atração pelo núcleo, dimi-
atômico aumenta quando o número atômico dos nuindo, assim, o raio do átomo.
Eletropositividade
UNIDADE 1 29
Afinidade eletrônica
Muitos átomos podem receber elétrons, tornando-se íons negativos, denominados ânions. Quando
um átomo isolado no estado gasoso recebe um elétron, há uma liberação de energia, que é medida pela
afinidade eletrônica ou eletroafinidade do átomo, e sua intensidade mede quão fortemente o elétron
se liga ao átomo.
A Equação X(g) + e- → X-(g) + energia, mostra que o átomo X(g), ao receber um elétron (e-), transfor-
ma-se no ânion X-(g) e libera energia. Quanto maior a energia liberada nessa reação, maior a afinidade
eletrônica do átomo pelo elétron adicionado.
No entanto, a afinidade eletrônica é difícil de ser medida e, em razão disso, foi determinada somente
para alguns elementos. Com os valores obtidos, foi possível generalizar o comportamento dessa pro-
priedade ao longo das famílias e períodos da Tabela Periódica.
Em uma mesma família, quanto maior o período, menor será a eletroafinidade, ou seja, ela cresce de
baixo para cima. Por outro lado, em um mesmo período, quanto maior a família, maior será a afinidade
eletrônica, isto é, ela cresce da esquerda para direita, tal qual observado com a eletronegatividade, na
Figura 14. Assim, os elementos que apresentam maior afinidade eletrônica são os halogênios (grupo
VIIA) e o oxigênio. O Cloro (17Cl) possui a maior afinidade eletrônica medida.
Se, por um lado, a afinidade eletrônica mede a O potencial de ionização, em geral, apresenta o
energia liberada pelo átomo ao receber um elé- mesmo comportamento de crescimento da afinida-
tron, por outro lado, o potencial de ionização ou de eletrônica e eletronegatividade (Figura 14). Ao
energia de ionização determina a energia absor- longo do período, o aumento da carga nuclear e a
vida quando um elétron é removido de um átomo redução do raio atômico fazem com que os elétrons
isolado, no estado gasoso, dando origem a um íon mais externos se tornem cada vez mais fortemente
positivo, um cátion. atraídos pelo núcleo, o que resulta em energias de
A Equação M(g) + energia1 → M+(g) + e- mostra ionização cada vez maiores. Nas famílias, por sua
que, ao absorver energia, o elétron pode ser trans- vez, o potencial de ionização decresce à medida que
ferido de um elemento para outro, e como mais o raio atômico aumenta, pois os elétrons da camada
de um elétron pode ser removido do átomo, essa de valência, mais distantes do núcleo, apresentam
primeira energia é denominada primeira energia menor atração e são mais facilmente removidos. Os
de ionização (energia1). A segunda energia de io- elementos Flúor (9F) e Cloro (17Cl) apresentam as
nização (energia2), por sua vez, é aquela necessária maiores energias de ionização da Tabela Periódica.
para remover o segundo elétron, da seguinte for- Nesta unidade, verificamos, inicialmente, que
ma: M+(g) + energia2 → M2+(g) + e-. Para a primeira os elementos químicos apresentam características
retirada de elétron, a quantidade de energia reque- específicas em função de sua estrutura nuclear,
rida (energia1) é menor que a segunda retirada ou seja, de acordo com o número de prótons e
(energia2) que, por sua vez, é menor que a terceira nêutrons em seu núcleo e, consequentemente, o
retirada, e assim sucessivamente. número de elétrons em sua eletrosfera.
UNIDADE 1 31
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
3. A configuração eletrônica do átomo neutro X é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3. Sabe-se tam-
bém que o átomo neutro X tem 16 nêutrons, portanto, o número atômico (Z) e
a massa atômica (A) do átomo neutro X será:
a) 15 e 16.
b) 16 e 31.
c) 15 e 31.
d) 15 e 16.
e) 31 e 15.
32
WEB
Portal da Química
A Química está presente em inúmeras situações de nossas vidas. No entanto,
muitas pessoas têm dificuldade em relacionar a teoria estudada com as aplica-
ções práticas do conteúdo em nosso cotidiano. O CD Química no Dia a Dia busca
exemplificar os principais conceitos de Química por meio de situações com as
quais, mesmo sem se dar conta, a maioria das pessoas está acostumada a lidar.
Ao utilizá-lo, leitores de todas as idades irão encontrar mais de 100 histórias
envolvendo alimentos, plásticos, combustão, elementos químicos, petróleo,
entre outras, todas apresentadas em forma de diálogos, relacionando a teoria
à prática. Os conteúdos abordados são os mais variados, como termoquímica,
átomos, elementos químicos, química orgânica, radioatividade, entre outros.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.
33
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.
34
1. A.
A eletrosfera é a região do átomo que possui as partículas de carga negativa, que são os elétrons, enquanto
as partículas de carga positiva (prótons) e os nêutrons situam-se na região central do átomo, o núcleo.
2. D.
3. C.
A configuração eletrônica do átomo X é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3. O átomo tem 16 nêutrons.
35
36
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
Ligações
Químicas e Soluções
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender o que induz a uma ligação iônica e quais as • Descrever e classificar as soluções quanto à relação so-
principais características dos compostos iônicos formados. luto/solvente.
• Compreender o mecanismo envolvido na ligação covalente • Interpretar as curvas de solubilidade, utilizando dados
e as propriedades dos compostos moleculares formados. experimentais plotados em gráfico na preparação de so-
• Descrever de que forma alguns metais se ligam. luções.
Ligação
Iônica
UNIDADE 2 39
No óxido de sódio, a situação é diferente do
NaCl. O oxigênio (8O) tem configuração 1s2- 2s2
2p4, em que verificamos que são necessários dois
elétrons para completar a Regra do Octeto. Como
o sódio (11Na) possui apenas um elétron na ca-
mada de valência, são necessários dois átomos
de Na para fornecer os dois elétrons ao átomo de
O. Assim, temos a ligação iônica entre 2Na+ e O2-,
obtendo-se o sólido iônico Na2O.
Para encontrar a fórmula do óxido de alumí-
nio, composto por 13Al e 8O, temos que 13Al - 1s2-
2s2 2p6- 3s2 3p1 possui três elétrons para doar em
sua camada de valência, enquanto 8O - 1s2- 2s2 2p4
necessita receber dois elétrons para completar a
Regra do Octeto. Assim, para neutralizar a carga 3+
do Al e a carga 2- do O, multiplicamos o alumínio
pela carga iônica do oxigênio (2) e multiplicamos
o oxigênio pela carga iônica do alumínio (3), re-
sultando em Al2O3.
UNIDADE 2 41
Na representação H – H, temos a fórmula es- x x
trutural plana da molécula de hidrogênio, na qual
x
x O
x
x
H
o traço representa o par de elétrons compartilha-
dos. Nesse caso, os dois átomos compartilham os
dois elétrons, resultando H2, a fórmula molecu-
H
lar do hidrogênio. Um composto é considerado Figura 4 - Fórmula de Lewis para H2O
Fonte: De Boni e Goldani (2007).
molecular ou molécula quando possui apenas
ligações covalentes. A água, demonstrada nas Figuras 3 e 4, faz duas
Considerando o não metal cloro (17Cl), a ca- ligações covalentes, representadas de diversas ma-
mada de valência necessita de um elétron para neiras. A fórmula molecular é a forma mais sim-
completar a Regra do Octeto. Assim, dois átomos plificada, na qual se mostra apenas quais e quantos
de cloro podem compartilhar um elétron, preen- átomos compõem a molécula. Quando os pares
chendo sua camada M (n = 3), por meio de uma de elétrons são representados por traços, trata-se
ligação covalente, produzindo Cl – Cl (fórmula da fórmula estrutural plana (Figura 3), na qual se
estrutural plana) e Cl2 (fórmula molecular). A mostra o número de ligações e quais os átomos
Figura 2 mostra a sua fórmula de Lewis, na qual estão ligados. Finalmente, a fórmula de Lewis ou
verificamos o par de elétrons compartilhados. fórmula eletrônica (Figura 4) é representada por
símbolos (“x” e “o”) e mostra os elétrons compar-
x x
tilhados na ligação molecular.
Cl Cl
x
x x
x x
Ocorre entre metal e não metal Ocorre entre não metal e não metal
UNIDADE 2 43
Geometria Molecular
De acordo com Feltre (2004a), o modo como os No entanto, em muitos casos, alguns pares de
átomos de uma molécula estão arranjados no elétrons sobram na camada de valência sem par-
espaço influencia muitas de suas propriedades ticiparem de ligação alguma, sendo chamados de
físicas e químicas, por exemplo o ponto de fusão “pares eletrônicos livres” ou “pares não ligantes”.
e ebulição. Nos sistemas biológicos, como o or- Isso ocorre no caso da H2O, por exemplo, pois o
ganismo humano, as reações químicas que nos átomo de oxigênio possui seis elétrons na cama-
mantêm vivos dependem de um entrelaçamento da de valência, mas apenas dois participam das
muito preciso entre as moléculas. Desta forma, a O
ligações com os dois hidrogênios, restando quatro
compreensão da geometria molecular e dos fato-
res que a afetam é de grande importância para a
H H
elétrons, ou dois pares de elétrons, sem se ligarem,
como mostrado na Figura 10.
nossa compreensão química.
Em uma molécula composta de um átomo cen-
tral ligado covalentemente a vários átomos perifé-
ricos, as ligações e os pares de elétrons isolados se O
orientam de maneira que as repulsões elétron-elé-
tron sejam as menores possíveis, enquanto que as
H H
atrações elétron-núcleo são as maiores possíveis. O
método que determina essa orientação é chamado
Repulsão entre os Pares Eletrônicos da Camada
de Valência ou Método VSEPR.
A ligação covalente ocorre pelo compartilha-
mento de pares eletrônicos nas cama-
das de valência dos átomos. Esses Figura 10 - Molécula de H2O
pares são chamados de “pares
eletrônicos ligantes”. Por exem- Segundo o Método VSEPR, ao redor do átomo
plo, no caso do CH4, temos qua- central, os pares eletrônicos ligantes e os não li-
tro pares ligantes, pois os quatro gantes se repelem, tendendo a ficar tão afastados
elétrons da camada de quanto possível. Com o afastamento máximo, a
valência do carbono repulsão entre os pares eletrônicos será mínima e,
(átomo central) portanto, a estabilidade da molécula será máxima.
estão ligados aos Essa teoria explica as estruturas espaciais
quatro átomos de muitas moléculas, pois considera que todas
de hidrogênio as moléculas possuem formas que podem ser
(átomos periféri- consideradas como derivadas de um conjunto
cos), mostrado na básico de seis geometrias diferentes, indicadas
Figura 9 - Molécula de CH4 Figura 9. na Figura 11.
UNIDADE 2 45
Ligação
Metálica
As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo, ainda, incluir não metais, mas sem-
pre com predominância dos elementos metálicos. Na produção de ligas metálicas, os componentes
metálicos e não metálicos são fundidos, em seguida, resfriados e solidificados. O produto formado
apresenta propriedades físicas e químicas muito diferentes de seus metais puros, tornando-se mais
resistentes para aplicações práticas em geral. As ligas de maior aplicação no nosso cotidiano são
o aço comum (liga de ferro e carbono), o aço inoxidável (liga de ferro, carbono, cromo e níquel), o
bronze (liga de cobre e estanho), entre outras.
Fonte: Feltre (2004a).
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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UNIDADE 2 47
Soluções
Definição de Dispersões
“
Água e Sal comum Água e Areia [...] dispersão representa um sistema no
(Mistura Homogênea) (Mistura Heterogênea)
qual uma substância chamada fase disper-
Figura 12 - Misturas homogênea e heterogênea sa está disseminada na forma de pequenas
Fonte: Feltre (2004b). partículas, em uma segunda substância, o
dispersante.
Dizemos que o sal se dissolveu completamente na
água, mas a areia não se dissolveu. No primeiro, De acordo com o tamanho das partículas da fase
caso, temos uma dissolução total, enquanto no dispersa em nanômetros (1 nm = 10-9m), as dis-
segundo caso, obtemos a separação total. Entre- persões são divididas em soluções verdadeiras
tanto, pode haver casos intermediários entre as (entre 0 e 1 nm), soluções coloidais (entre 1 e 1.000
duas situações apresentadas. nm) e suspensões (acima de 1.000 nm).
Se misturarmos água com partículas de diver- É importante lembrar que as soluções verda-
sos tamanhos e densidades e deixarmos o sistema deiras são chamadas simplesmente de “soluções”.
em repouso por um tempo determinado, podemos
encontrar partículas depositadas no fundo e a pre-
sença de partículas que permanecem em solução,
deixando-a turva, conforme mostra a Figura 13.
Em 1861, o cientista Thomas Graham realizou
experimentos com amido, cola e açúcar em água.
Ele colocou essas misturas em sacos de pergami-
Água Turva nho e mergulhou-os em água, observando que,
no caso do açúcar, a membrana do pergaminho
Partículas era atravessada facilmente, enquanto as subs-
Pequenas
tâncias pegajosas, como o amido e a cola, pra-
Partículas ticamente não passavam pela membrana. Essa
Grandes
característica da cola e do amido deram origem
ao nome coloide, pois em grego significa cola. Na
Figura 13 - Separação das partículas realidade, essas partículas não atravessaram a
Fonte: Feltre (2004b).
membrana porque formaram agregados maiores
Na ilustração, observamos a presença de camadas do que as moléculas e íons comuns.
de partículas sedimentadas. As partículas maiores Fonte: adaptado de Novais (1993).
são as primeiras a se depositarem, seguidas pelas
UNIDADE 2 49
Definição de Solução
Soluções são misturas homogêneas que podem ser obtidas a partir da mistura de duas ou mais substân-
cias. O componente presente em menor quantidade recebe o nome de soluto, enquanto o componente
presente em maior quantidade é chamado de solvente.
Na mistura homogênea composta de água e sal, ilustrada na Figura 12, temos que o soluto é o sal,
e o solvente, a água.
Para Novais (1993), normalmente associamos o termo “solução” a um sistema líquido, e isso se deve
ao fato da natureza possuir grande quantidade de água e ela ser capaz de dissolver muitas substâncias.
Frequentemente, nos deparamos com muitas soluções líquidas, como a mistura de água com açúcar
comum (sacarose), a mistura de água com álcool (etanol), a água do mar etc.
O ar que respiramos, livre de partículas em suspensão, consiste num exemplo de solução gasosa,
enquanto ligas muito aplicadas na indústria, como o aço, consiste em uma solução sólida.
Concentração de Soluções
Para Usberco e Salvador (2001), o termo “concentração” de uma solução representa a razão entre a
quantidade de soluto e a quantidade de solvente, ou da solução total. Essas quantidades podem ser
expressas em unidades de massa (g, kg), de volume (mL, L) ou, ainda, em mols, de modo que existem
várias formas de representar uma concentração.
Convencionamos usar o índice 1 para soluto, índice 2 para solvente e sem índice para a solução total.
A forma mais comum de expressarmos concentração relaciona a massa de soluto (em gramas) por
volume (em litros) de solução que, nesse caso, é igual ao volume do solvente, sendo sua unidade em g/L.
Massa do soluto( gramas ) m
C C 1
Volume do solvente (litros ) V
1 L de Solução
20
=C = ou C 20 g
1 L
No exemplo dado, obtemos a concentração de 20 g/L. Além da unidade g/L, a concentração também
pode ser expressa de outras formas, pois a massa pode ser dada em mg, o volume em mL etc.
A unidade mol é amplamente utilizada para expressar quantidade de matéria, de modo que foi desen-
volvida uma concentração que relaciona a quantidade de soluto dada em mols por litro de solução
ou solvente. Desta forma, temos:
Quantidade de Soluto(mols ) n
M M 1
Volume da Solução(litros ) V
Para exemplificar, consideremos a adição de 0,5 mol de açúcar em 1 litro de água, ou 1 litro de solução,
mostrado na Figura 15. A molaridade dessa mistura é dada em mol/L.
1L de Solução
0, 5
=M = ou M 0, 5 mol
0,5 Mol de
Açúcar 1 L
O número de mols do soluto (n1) pode ser expresso como a razão entre a massa do soluto (m1) e a
massa molar do soluto (M1). A concentração molar pode, então, ser determinada de outra forma:
m1
M=
M 1V
UNIDADE 2 51
Fração molar (x)
A fração molar do soluto (x1), em uma solução, é o quociente entre a quantidade de mols do soluto
(n1) e a quantidade total de mols na solução, ou seja, soluto + solvente (n1 + n2).
Analogamente, a fração molar do solvente (x2), em uma solução, é o quociente entre a quantidade
de mols do solvente (n2) e a quantidade total de mols na solução, soluto + solvente (n1 + n2).
Por se tratarem de razões entre número de mols, as frações são medidas de concentração sem
unidade e variam entre 0 e 1.
n1 n2
x1 e x2
n1 n2 n1 n2
O número de mols do soluto (n1) pode ser calculado por m1/M1, resultando, então:
1.000m1
W=
m 2 M1
Diluição de Soluções
A diluição consiste em adicionar a uma solução uma quantidade do seu próprio solvente puro. Con-
sideremos a ilustração da Figura 16.
Solvente Puro
Solução
m1 m1 Final
C
Solução Inicial C’
V V’
Solução mais Solução mais
concentrada diluída
UNIDADE 2 53
Adição
de Soluto
Corpo
de Fundo
ou
Corpo
de Chão
Regra de Solubilidade
UNIDADE 2 55
Os compostos iônicos formados por ligação excesso de KNO3, e são considerados sistemas
iônica são polares, mas as moléculas obtidas por instáveis. Abaixo da curva, por sua vez, vemos a
ligação covalente podem ser polares ou apolares, de- região das soluções insaturadas, nas quais há falta
pendem dos seus elementos químicos constituintes. de KNO3, o que resulta em um sistema estável.
De forma geral, verificamos que um soluto po- Considerando a temperatura de 20 °C, podemos
lar se dissolve em um solvente polar, enquanto um verificar três pontos destacados, denotados por X, Y
soluto apolar deve se dissolver em um solvente e Z. O ponto X pertence à solução abaixo do ponto
apolar. Em outras palavras, costuma-se dizer que de saturação, mostrando que é possível adicionar
“semelhante dissolve semelhante”. mais KNO3 à solução. No ponto Y, temos o ponto
Podemos observar que muitas substâncias de saturação, ou seja, a máxima concentração de
inorgânicas, como ácidos e sais, que são polares, KNO3 que a solução pode dissolver nessa tempe-
dissolvem-se em água, que é um solvente polar. ratura. Finalmente, o ponto Z pertence à solução
Por outro lado, as moléculas orgânicas, geralmen- acima do ponto de saturação, na qual há KNO3
te apolares, dissolvem-se em solventes apolares, depositado no fundo do recipiente sem se dissolver.
como solventes orgânicos em geral.
A água, por ser abundante e dissolver grande
quantidade de substâncias, é também conheci- Coeficiente de solubilidade
(gramas de KNO3/100 g de água)
da como “solvente universal”. É um solvente de
260
grande importância, uma vez que a vida huma-
240
na e também a vida vegetal e animal dependem
220
do ciclo da água, ou seja, do caminho que a água
200
percorre na natureza, caindo como chuva, percor-
rendo rios, mares e subsolo, sofrendo evaporação 180
e precipitando sob a forma de chuva novamente. 140
Região das Soluções
140 supersaturadas
(instáveis)
120
Gráficos das Curvas 100
de Solubilidade 80
Região das Soluções
60 não saturadas (estáveis)
Z
As curvas de solubilidade de um sistema soluto/ 40 Y
solvente são gráficos que descrevem a variação 20
do grau de solubilidade do soluto no solvente em X
20 40 60 80 100
função da temperatura do sistema.
Feltre (2004b) considerou valores do grau de Temperatura (°C)
solubilidade do sistema nitrato de potássio/água Figura 18 - Curva de Solubilidade para KNO3 / H2O
(em gramas de KNO3 por 100 g de H2O) em várias Fonte: Feltre (2004b).
temperaturas. Os dados obtidos estão apresenta-
dos na Figura 18. Na prática, devemos sempre trabalhar na região
O gráfico apresentado mostra duas regiões abaixo da curva de solubilidade, pois, na região
separadas pela curva. Acima da curva, temos a acima da curva, o excesso de soluto tende a pre-
região das soluções supersaturadas, nas quais há cipitar e depositar-se no fundo do recipiente.
UNIDADE 2 57
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
b) SiO2
c) CaO
d) CH4
58
3. As misturas homogêneas são soluções nas quais todo o soluto está dissolvido
no solvente e, em determinado instante, pode se saturar. Sobre a saturação das
soluções, leia as afirmativas a seguir:
I) A solução é considerada saturada quando atinge seu grau de equilíbrio.
II) O ponto de saturação depende apenas do soluto presente na solução.
III) Uma solução supersaturada possui excesso de soluto, que se deposita no
fundo do recipiente.
59
LIVRO
60
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química: Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004a. Volume 1.
______. Química: Físico-Química. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004b. Volume 2.
NOVAIS, V. L. D. Química 2: Físico-Química e Química Ambiental. São Paulo: Editora Atual, 1993.
USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química 1: Química Geral. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
61
1. D.
2.
a) Ligação iônica, pois trata-se de uma ligação iônica entre um metal (K, potássio) e um não-metal (Cl, Cloro).
O K doa 1 elétron e o Cl recebe 1 elétron.
b) Ligação covalente, pois trata-se de uma ligação entre um semi-metal (Si, Sílico) e um não-metal (o, Oxi-
gênio). O Si compartilha 4 pares de elétrons, 2 pares de elétrons com cada átomo de O.
c) Ligação iônica, pois trata-se de uma ligação entre um metal (Ca, Cálcio) e um não-metal (O, Oxigênio).
O Ca doa 2 elétrons e o O recebe 2 elétrons.
d) Ligação covalente, pois trata-se de uma ligação entre um não-metal (C, Carbono) e um não-metal (H,
Hidrogênio). O C compartilha 4 pares de elétrons, cada par com um átomo de H.
3. A.
I) Verdadeiro.
II) Falso, pois o ponto de saturação depende do soluto, do solvente e da temperatura do sistema.
III) Verdadeiro.
62
63
64
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
Funções Inorgânicas
PLANO DE ESTUDOS
Bases ou Hidróxidos
Óxidos
Ácidos Sais
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Descrever a fórmula molecular dos ácidos e apresentar • Descrever a fórmula molecular dos sais e apresentar suas
suas classificações e nomenclaturas. classificações e nomenclaturas.
• Definir a fórmula molecular das bases e apresentar suas • Definir a fórmula molecular dos óxidos e apresentar suas
classificações e nomenclaturas. classificações e nomenclaturas.
Ácidos
Na solução com água e açúcar, o pesquisador No caso do sal, NaCl, trata-se de um composto
observou que a lâmpada permanecia apagada, iônico, e em solução aquosa ocorre apenas a sepa-
enquanto na solução com água e sal, acendia, ou ração de seus íons, Na+ e Cl-. Esse processo denomi-
seja, houve passagem de corrente elétrica apenas na-se “dissociação iônica ou dissociação eletrolítica”.
no segundo experimento. Os eletrólitos que são compostos moleculares,
Arrhenius concluiu que o açúcar é um não ele- ao serem dissolvidos em água, produzem os íons
trólito e, quando dissolvido em água, decompõe- pelo processo de “ionização”. Por exemplo, consi-
-se em moléculas C12H22O11, que são eletricamente deremos a molécula de HCl; em solução aquosa,
neutras e, portanto, não conduzem eletricidade. essa molécula sofre ionização formando H+ e Cl-.
Por outro lado, o sal, assim como outros eletróli- Segundo De Boni e Goldani (2007), ácidos de
tos, quando dissolvido em água, decompõe-se em Arrhenius são substâncias que, em solução aquo-
íons, Na+ e Cl-, que percorrem a solução no sentido sa, ionizam-se e liberam como íon positivo (cá-
oposto de suas cargas. Nesse caso, os cátions Na+ tion) somente o hidrogênio (H+). Na prática, em
seguem na direção do polo negativo, enquanto os solução aquosa, o cátion H+ se combina com uma
ânions Cl- caminham ao polo positivo, de modo molécula de água, formando o cátion hidrônio
que o circuito elétrico não fica interrompido e a ou hidroxônio (H3O+). Por exemplo, para o ácido
lâmpada acende. HCl, temos HCl + H2O → H3O+ + Cl-. Outros
Assim como o açúcar da experiência de Ar- exemplos: HNO3 + H2O → H3O+ + NO3-; H2SO4
rhenius, os não eletrólitos são sempre substâncias + 2H2O → 2H3O+ + SO42-.
moleculares. Já os eletrólitos, podem ser compos- Apesar do cátion verdadeiramente formado
tos iônicos (provenientes de ligações iônicas) ou em solução ser H3O+, para fins didáticos, vamos
moleculares (provenientes de ligações covalentes considerar o cátion H+ como resultante da ioni-
ou moleculares). zação dos ácidos de Arrhenius.
UNIDADE 3 67
Classificação dos Ácidos
Os ácidos podem ser classificados de quatro formas distintas: quanto ao número de hidrogênios ioni-
záveis (H+), quanto à presença ou não de oxigênio na molécula, quanto ao grau de ionização e quanto
ao número de elementos constituintes.
Os ácidos são formados pela união do cátion H+ e por um átomo ou grupo de átomos com carga
negativa, que representam o ânion. Por exemplo: HCl (H+, Cl-), HNO3 (H+, NO3-), H2SO4 (2H+, SO42-),
H3PO4 (3H+, PO43-) etc.
Para representar um ácido, se considerarmos o ânion pela letra A com carga (-x), podemos formular
o ácido da seguinte forma:
-x
+1
Hx A1 ou seja: HxA
68 Funções Inorgânicas
Observamos que a carga total positiva do cátion H+ deve anular a carga total do
H O
ânion A-x para que a molécula resultante seja eletricamente neutra.
H O P O
Para representar as fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, ou seja, que H O
contêm oxigênio, devemos considerar que os hidrogênios ionizáveis sempre li-
gam-se ao átomo central pelo átomo de oxigênio e os outros átomos de oxigênio H O S O
se ligam ao átomo central por ligações covalentes. Exemplos: H3PO4, H2SO4. H O O
UNIDADE 3 69
Bases ou
Hidróxidos
70 Funções Inorgânicas
b) Quanto ao grau de dissociação ( ): Fórmulas das Bases
• Bases fortes: quando ≈ 100%, ou seja, são
compostos iônicos em estado sólido que, As bases são formadas por um cátion, constituído
quando dissolvidos em água, dissociam-se por um metal ou NH4+, ligado ao radical hidroxila
completamente. Pertencem a esse grupo as (OH-). A carga positiva do cátion é neutralizada
bases formadas por metais alcalinos (famí- pela carga negativa total da hidroxila, por exem-
lia IA) e metais alcalinos terrosos (família plo: NaOH (Na+, OH-), Ca(OH)2 (Ca2+, 2OH-),
IIA). Exemplos: NaOH, KOH, Ca(OH)2, Al(OH)3 (Al3+, 3OH-) etc.
Ba(OH)2. Desse modo, se considerarmos o cátion pela
A base Mg(OH)2 representa uma exceção, letra B com carga (+y), podemos formular uma
pois apesar do Mg ser um metal alcalino base ou hidróxido da seguinte forma:
terroso, sua base é considerada fraca.
• Bases fracas: quando < 5%, ou seja, são +y
-1
UNIDADE 3 71
A soda cáustica, NaOH, está presente nos limpadores de forno e desentupidores de pia, é também
aplicada na fabricação de sabão. A cal hidratada, Ca(OH)2, é utilizada para preparar argamassa, para
fazer pintura e para reduzir a acidez do solo antes do plantio. O hidróxido de magnésio, Mg(OH)2,
e o hidróxido de alumínio, Al(OH)3, são usados em alguns medicamentos para combater a acidez
estomacal. NaOH e Ca(OH)2 são sólidos brancos que provocam queimaduras na pele e nos olhos.
Não devem ser manipulados sem orientação adequada e se ingeridos causam sérias lesões internas.
Fonte: Peruzzo e Canto (2006, p. 214).
Fonte: a autora.
72 Funções Inorgânicas
14
Solução aquosa de NaOH
13
Caráter Alcalino
Água de cal: Ca(OH)2 e água
12
11
10 Cremes dentais alcalinhos
09 Solução aquosa de Bicarbonato
08 de sódio (NaHCO3)
Caráter Neutro 07 Água pura
06
05 Água gaseificada (água com
Caráter Ácido
UNIDADE 3 73
Sais
74 Funções Inorgânicas
A Figura 3 apresenta alguns exemplos do processo mencionado.
Na OH H O Na+ -
O HOH
Na OH + H O P O Na+ -
O P O + HOH
Na OH H O Na+ -
O HOH
Abreviadamente:
3 NaOH + H3PO4 Na3PO4 + 3 H2O
Nas reações apresentadas, os sais NaCl, Na3PO4 e Ca(NO3)2 são considerados sais normais ou neutros. Ob-
servamos que ocorre a ligação entre o cátion H+ do ácido e o ânion OH- da base, formando a água (H-O-H
ou H2O). Os íons que restam possuem cargas opostas e unem-se por ligação iônica para formar o sal.
UNIDADE 3 75
• Sais duplos ou mistos: sais provenientes de duas bases ou dois ácidos diferentes. Exemplos:
KNaSO4 (K+ Na+ SO42-) ou sulfato duplo de sódio e potássio, CaClBr (Ca2+ Cl- Br-) ou cloreto-
-brometo de cálcio.
• Sais hidratados ou hidratos: sais que cristalizam com uma ou mais moléculas de água. Exemplo:
CuSO4 . 5H2O (Cu2+ SO42-) ou sulfato cúprico penta-hidratado. A água presente nesses sais é
chamada água de cristalização ou água de hidratação.
b) Quanto ao número de elementos:
• Binários: sais que possuem apenas dois elementos. Exemplos: CaCl2, KBr, NaCl.
• Ternários: sais que possuem três elementos. Exemplos: CaSO4, K2CO3, CaClBr.
• Quaternários: sais que possuem quatro elementos. Exemplos: KNaSO4, NaCNO.
Para Feltre (2004), os sais normais ou neutros são formados por um cátion B+y proveniente da base e
por um ânion A-x, proveniente do ácido, da seguinte forma:
-x
+y
Bx Ay
A carga total dos sais é nula, de modo que o índice de cada elemento deve contrabalançar sua carga, ou seja,
para A: y . (-x) = -y . x e para B: x . (+y) = +x . y. Os exemplos a seguir mostram o balanço de cargas citado.
2+ 1-
Ca1 (NO3)2 ou Ca(NO3)2
3-
Na1+
3
(PO4)1 ou Na3PO4
Ca2+
2
2-
(SO4)21 ou CaSO4
1
Vemos que não é necessário mostrar o índice 1, e os demais índices são simplificados sempre que
possível.
Para sais normais, De Boni e Goldani (2007) consideram que o nome do sal deriva do ácido e da base que
lhe deram origem, da seguinte forma: Nome do sal = Nome do ânion + de + Nome do cátion. O nome
do ânion é derivado do ácido que originou o sal, de acordo com as relações apresentadas no Quadro 2.
76 Funções Inorgânicas
Quadro 2 - Nomenclatura de ácidos e ânions
O nome do cátion é derivado da base que originou o sal. Exemplos: NaCl – cátion Na+ (sódio); KBr –
cátion K+ (potássio); CaCO3 – cátion Ca2+ (cálcio).
De modo geral, ao misturar um ácido e uma base, produzimos um sal e água, e a nomenclatura do
sal depende do ácido e da base, como nos exemplos a seguir:
• HCl (ácido clorídrico) + KOH (hidróxido de potássio) → KCl (cloreto de potássio) + H2O (água).
• HNO2 (ácido nitroso) + NaOH (hidróxido de sódio) → NaNO2 (nitrito de sódio) + H2O (água).
• H2SO4 (ácido sulfúrico) + Ca(OH)2(hidróxido de cálcio) → CaSO4 (sulfato de cálcio) + 2H2O (água).
UNIDADE 3 77
Óxidos
78 Funções Inorgânicas
Classificação dos Óxidos
a) Óxidos ácidos ou anidridos: são óxidos que reagem com a água, produzindo um ácido, ou
reagem com uma base, produzindo sal e água. São compostos moleculares e, na sua maioria,
solúveis em água. Exemplos:
• SO3 + H2O → H2SO4 (óxido + água → ácido)
• SO3 + 2NaOH → Na2SO4 + H2O (óxido + base → sal + água)
São óxidos formados por não metais (geralmente gasosos) ou por metais com números de oxidação
elevados (geralmente +5, +6 ou +7). Exemplos: CrO3 (NOx +6), Cl2O7 (NOx +7), I2O5 (NOx +5),
MnO3 (NOx +6), Mn2O7 (NOx +7), P2O3 (não metal), N2O3 (não metal) e SO2 (não metal).
b) Óxidos básicos: são óxidos que reagem com a água, produzindo uma base, ou reagem com um
ácido, produzindo sal e água. Exemplos:
• CaO + H2O → Ca(OH)2 (óxido + água → base)
• CaO + 2HCl → CaCl2 + H2O (óxido + ácido → sal + água)
São óxidos formados por metais com números de oxidação baixos (geralmente +1, +2 ou +3). São
compostos sólidos, iônicos, que possuem pontos de fusão e ebulição elevados. Os óxidos de metais
alcalinos (NOx +1) e alcalino terrosos (NOx +2) reagem com a água, os demais são pouco solúveis
em água. Exemplos: Na2O (NOx +1), K2O (NOx +1), MgO (NOx +2), BaO (NOx +2), Cu2O (NOx
+1) e FeO (NOx +2).
c) Óxidos anfóteros: são óxidos que podem se comportar ora como óxido ácido ora como óxido
básico. Reagem com ácidos ou bases fortes, produzindo sal e água. Exemplos:
• ZnO + 2HCl → ZnCl2 + H2O (óxido anfótero + ácido forte → sal + água)
• ZnO + 2NaOH → Na2ZnO2 + H2O (óxido anfótero + base forte → sal + água)
São compostos sólidos, iônicos, insolúveis em água e formados por metais de NOx intermediário
(geralmente +3 ou +4), além do ZnO (NOx do Zn +2), e também por não metais. Exemplos: Al2O3
(NOx +3), SnO2 (NOx +4), As2O3 (não metal).
d) Óxidos neutros: são óxidos que não reagem com água, nem com ácidos e nem com bases,
portanto não apresentam caráter ácido nem básico. Os únicos óxidos neutros que existem são
NO, N2O, SiO2 e CO. São compostos moleculares formados por não metais.
e) Óxidos duplos, mistos ou salinos: são óxidos que se comportam como se fossem a mistura
de dois óxidos do mesmo elemento químico. São compostos sólidos, metálicos e iônicos, de
fórmula geral M3O4, onde M é um metal. Exemplos: Fe3O4 (mistura de FeO e Fe2O3), Pb3O4
(mistura de 2PbO e PbO2).
UNIDADE 3 79
f) Peróxidos: são óxidos que reagem com água ou ácidos diluídos, produzindo água oxigenada
(H2O2). Os peróxidos são sólidos iônicos que contém o ânion O22-, nos quais o número de
oxidação do oxigênio é -1 (NOx -1). Apenas a água oxigenada é um líquido molecular.
Exemplos:
• Na2O2 + 2H2O → 2NaOH + H2O2
• Na2O2 + H2SO4 → Na2SO4 + H2O2
Os peróxidos mais comuns são peróxido de hidrogênio (H2O2), peróxidos de metais alcalinos
(Na2O2, K2O2, Li2O2) e peróxidos de metais alcalinos terrosos (BaO2, MgO2, CaO2). A água
oxigenada (H2O2) é o peróxido mais utilizado pelas indústrias químicas, sendo empregada no
processamento de madeira, celulose e papel, no tratamento de despejos industriais e na fabricação
de solventes e plásticos. O peróxido de sódio (Na2O2) é utilizado no branqueamento industrial
das fibras de algodão destinadas à fabricação de tecidos.
Quando um elemento químico E, com número de oxidação +z, liga-se ao oxigênio, cujo número de
oxidação é -2, obtemos um óxido que pode ser representado da seguinte forma:
Oz ou seja E2OZ
+z -2
E2
Exemplos:
+1 -2
Na 2 O1 ou Na2O
-2
A +32 O3 ou A2O3
80 Funções Inorgânicas
• Metais com NOx variável: acrescentamos o número de oxidação em algarismos romanos,
ou usamos a terminologia “oso” para menor NOx e “ico” para maior NOx, similar à regra
adotada para os ácidos. Exemplos: CuO2 – óxido de cobre I ou óxido cuproso, CuO – óxido
de cobre II ou óxido cúprico, FeO – óxido de ferro II ou óxido ferroso, Fe2O3 – óxido de
ferro III ou óxido férrico.
As classificações das funções inorgânicas se fazem necessárias tendo em vista a ampla variedade de
compostos inorgânicos existentes. O conhecimento das propriedades funcionais consiste em uma po-
derosa ferramenta, tanto nas suas aplicações industriais quanto no nosso cotidiano, já que utilizamos
compostos químicos diariamente nas diversas tarefas do dia a dia.
Na unidade a seguir, abordaremos as funções orgânicas, que consistem em compostos químicos com
características completamente diferentes dos ácidos, bases, sais e óxidos apresentados até o momento!!
UNIDADE 3 81
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.
3. Algumas substâncias químicas são conhecidas por nomes populares. Por exem-
plo, sublimado corrosivo (HgCl2), cal viva (CaO), potassa cáustica (KOH) e espírito
de sal (HCl). Esses compostos pertencem, respectivamente, às seguintes funções
inorgânicas:
a) Ácido, base, óxido, ácido.
b) Sal, sal, base, óxido.
c) Ácido, base, base, sal.
d) Sal, óxido, base, ácido.
e) Ácido, base, sal, óxido.
82
LIVRO
83
DE BONI, L. A. B.; GOLDANI, E. Introdução Clássica a Química Geral. Porto Alegre: Ed. Tche Química
Cons. Educ. LTDA, 2007.
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.
PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano. Química Geral e Inorgânica. 4. ed.
São Paulo: Editora Moderna, 2006. Volume 1.
84
1. E.
Os ácidos citados são: Ácido bórico: H3BO3; Ácido clorídrico: HCl; Ácido carbônico: H2CO3; Ácido sulfídrico: H2S.
2. B.
3. D.
Sublimado corrosivo (HgCl2) - sal; Cal viva (CaO) - óxido; Potassa cáustica (KOH) - base; Espírito de sal (HCl) - ácido.
85
86
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
Funções Orgânicas
PLANO DE ESTUDOS
Histórico da
Química Orgânica Hidrocarbonetos
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Conhecer os primeiros relatos sobre a descoberta da quí- • Aprender as principais características e nomenclaturas dos
mica orgânica. compostos orgânicos formados por carbono e hidrogênio.
• Descrever a estrutura do átomo central da química or- • Conhecer as estruturas químicas e principais caracte-
gânica. rísticas de compostos orgânicos que contêm oxigênio e
nitrogênio.
Histórico da
Química Orgânica
UNIDADE 4 89
O Átomo
de Carbono
H H
H C H H C H
H H
Fórmula eletrônica ou Fórmula estrutural
de Lewis
90 Funções Orgânicas
Quadro 1 - Fórmula estrutural e Fórmula eletrônica para ligações duplas e triplas
No exemplo do metano, vimos do carbono
que o carbono faz quatro li-
gações simples com os quatro Fórmula Fórmula eletrônica ou
Tipo de ligação Estrutural de Lewis
átomos de hidrogênio. Em cada
ligação simples, há o comparti- Ligação dupla entre
C C C C
dois átomos de carbono
lhamento de um par de elétrons.
Entretanto, um átomo de Ligação dupla entre um
carbono e um oxigênio C O C O
carbono pode estabelecer duas
Ligação tripla entre
ou três ligações com apenas um três atomos de carbono C C C C
elemento químico, formando,
Ligação tripla entre um
nesses casos, respectivamente, carbono e um nitrogênio C N C N
ligação dupla ou ligação tripla
Fonte: Feltre (2004b, p. 13).
com o segundo átomo. Nas
ligações duplas, há o compar- Segundo Feltre (2004b), o carbono localiza-se na Tabela Periódica
tilhamento de dois pares de entre os metais e os não metais, ou seja, entre os elementos ele-
elétrons, e nas ligações triplas, tropositivos e os eletronegativos. Uma vez que não possui caráter
compartilham-se três pares de eletropositivo nem eletronegativo, o carbono pode ligar-se tanto a
elétrons. O Quadro 1 apresenta elementos eletropositivos, como o hidrogênio, quanto a elementos
as fórmulas mencionadas. eletronegativos, como o oxigênio. Essa característica torna o carbo-
no um elemento com grande capacidade de se ligar a outros átomos,
formando cadeias curtas ou longas com disposições variadas, que
consistem no “esqueleto” das moléculas das substâncias orgânicas.
Hibridização do Carbono
a) Hibridização sp3
Vamos considerar novamente a molécula de metano, CH4. Já vimos que, nesse caso, o carbono
faz quatro ligações simples com quatro átomos de hidrogênio. A distribuição eletrônica do
carbono está mostrada na Figura 2.
Os quatro pares de elétrons compartilhados pertencem a
orbitais atômicos diferentes, um par de elétrons em cada um
dos orbitais 2px e 2py, e dois pares no orbital 2s. No entanto,
a fórmula estrutural plana indica que as quatro ligações 2p
σ(C-H) são idênticas. Para explicar tal situação, os pesqui-
sadores propuseram um modelo denominado “Teoria dos 2s
orbitais moleculares”, que consiste em uma hibridização
dos orbitais, na qual os quatro orbitais atômicos do último 1s
nível (2s + 2px + 2py + 2pz), circundados na Figura 2, forma-
ram quatro novos orbitais atômicos hibridizados idênticos. Figura 2 - Orbitais atômicos do carbono
Como essa combinação ocorreu entre um orbital s e três na Hibridização sp3
orbitais p, esses novos orbitais foram designados por sp3. Fonte: Feltre (2004b).
UNIDADE 4 91
Podemos imaginar a molécula de
metano (CH4) como uma estrutura
tetraédrica tridimensional, na qual
o átomo de carbono está no centro e
os quatro átomos de hidrogênio estão
nos vértices do tetraedro, separados
por um ângulo de, aproximadamente,
109,5°, conforme a Figura 3.
Figura 3 - Molécula do metano (CH4)
b) Hibridização sp2
Para Solomons e Fryhle (2001), quan-
do o carbono realiza uma dupla li-
gação, como no caso do eteno (ou 2p
92 Funções Orgânicas
c) Hibridização sp
Para visualizar a hibridização sp, tomaremos como
exemplo a molécula de etino, popularmente conhe-
cido como acetileno (C2H2), na qual ocorre uma 2p
ligação tripla, H-C ≡ C-H. Dois elétrons p
Assim como acontece com as ligações duplas, é 2s
importante salientar que, nas ligações triplas, as três
Dois elétrons nos
ligações não são equivalentes entre si, pois há uma orbitais híbridos sp
1s
ligação σ (mais forte) e duas ligações π (mais fracas).
Segundo a “Teoria dos orbitais moleculares”, apenas
dois elétrons da camada de valência do carbono Figura 7 - Orbitais atômicos do carbono na
se rearranjam (2s + 2px), formando dois orbitais Hibridização sp
Fonte: Feltre (2004b).
híbridos sp, restando dois orbitais p, conforme in-
dicado na Figura 7.
Os dois orbitais híbridos sp são equivalentes, distantes por um ângulo de 180°, de modo que
se situam em uma mesma reta, mas em direções opostas. Os dois orbitais p permanecem per-
pendiculares entre si e também perpendiculares aos orbitais sp.
Como mostrado na Figura 8, os orbitais híbridos sp se formam no momento em que ocorre a
ligação tripla entre os átomos de carbono, sendo que a ligação central é chamada ligação σ, for-
mada pelos orbitais sp. Uma ligação π se situa no plano vertical, acima e abaixo da ligação σ, e a
outra ligação π se situa no plano horizontal, na frente e atrás da ligação σ. As ligações carbono-hi-
drogênio são realizadas também pelos orbitais híbridos sp do carbono e orbital s do hidrogênio.
Assim como verificado com a molécula de etileno (C2H4), os orbitais p da molécula de aceti-
leno formam uma espécie de nuvem eletrônica, e a estrutura tridimensional de C2H2 pode ser
visualizada na Figura 9.
p p
π p
sp π
H C σsp-sp C H
π sp
π
90°
p
Figura 8 - Formação da ligação tripla entre os orbitais híbridos sp e os orbitais p Figura 9 - Molécula do etino ou
Fonte: Feltre (2004b). acetileno (C2H2)
UNIDADE 4 93
Hidrocarbonetos
Alcanos
94 Funções Orgânicas
Os alcanos de maior peso molecular são obtidos, principalmente, por meio do refinamento do petróleo.
São muito utilizados como combustíveis, podendo destacar o gás de cozinha, a gasolina, o querosene,
o óleo diesel, entre outros.
Alcenos Alcinos
Os alcenos são também conhecidos como olefinas Os alcinos são também conhecidos como alqui-
ou alquenos e consistem em hidrocarbonetos ací- nos e consistem em hidrocarbonetos acíclicos que
clicos que possuem apenas uma ligação dupla em possuem apenas uma ligação tripla em sua cadeia
sua cadeia carbônica. Sua fórmula geral é CnH2n. carbônica. Sua fórmula geral é CnH2n-2.
Os dois alcenos mais simples, eteno ou etileno O alcino mais simples é o etino (C2H2), po-
(C2H4) e propeno ou propileno (C3H6) fazem par- pularmente conhecido como acetileno. Quando
te do grupo dos produtos industrializados mais queimado em temperaturas elevadas, o acetileno
importantes da indústria química. O etileno é o é usado em maçaricos de solda e para corte de
quarto produto químico mais fabricado no mun- metais. Seus derivados são empregados como ma-
do, sendo produzido, principalmente, a partir do téria-prima para as indústrias de plásticos, fios
craqueamento da nafta, fração do petróleo obtida a têxteis, borrachas sintéticas, entre outros.
partir de seu refino e do tratamento do gás natural.
Segundo Feltre (2004b), o etileno é usado na
fabricação do polietileno, um dos plásticos mais
utilizados atualmente, com o qual são produzidos
sacos para embalagens, cortinas de banheiro, em- Tenha sua dose extra de
balagens, garrafas de água mineral, entre outros. conhecimento assistindo ao
O propileno, por sua vez, é utilizado na fabricação vídeo. Para acessar, use seu
do polipropileno, plástico que compõe barbantes e leitor de QR Code.
UNIDADE 4 95
De acordo com Feltre (2004b), os ciclanos estão
presentes no petróleo de várias regiões do mundo.
O ciclohexano (C6H12) é o ciclano de maior apli-
cação, sendo comumente usado como solvente e
removedor de tintas e vernizes, além de consistir
Figura 10 - Estruturas em equilíbrio do benzeno
em matéria-prima na fabricação de náilon. Fonte: Feltre (2004b).
96 Funções Orgânicas
Quadro 2 - Nomenclatura e estrutura dos principais hidrocarbonetos
H2C CH2
Ciclo-butano C4H8
H2C CH2
CH2
H2C CH2
Ciclo-pentano C5H10
Ciclanos H2C CH2
CH2
H2C CH2
Ciclo-hexano C6H12
H2C CH2
CH2
Fonte: a autora.
Os aromáticos, como já mencionado anteriormente, formam uma classe muito ampla de hidrocarbo-
netos. Por esse motivo, a Figura 11 apresenta alguns aromáticos frequentemente usados na indústria
química e no nosso cotidiano. Segundo Feltre (2004b), esses hidrocarbonetos podem ser obtidos por
via carboquímica, nas indústrias de carvão mineral, ou via petroquímica, na indústria petroquímica.
Atualmente, os aromáticos mais simples, como benzeno, tolueno e xilenos, são produzidos a partir de
frações do petróleo, por representar uma rota economicamente mais viável.
UNIDADE 4 97
A maioria dos compostos orgânicos são tóxi-
cos, mas a toxidez dos aromáticos é, particular-
mente, uma das mais nocivas. Seu risco de intoxi-
cação é muito alto entre operários das indústrias
químicas, devido a sua volatilidade. O benzeno,
por exemplo, é um líquido incolor, volátil, infla-
mável e muito tóxico.
CH3
Benzeno
Tolueno
CH3
CH3
Naftaleno
Xileno (o/m/p)
Antraceno
Fenantreno
98 Funções Orgânicas
Compostos Orgânicos
Oxigenados e Nitrogenados
Álcoois
UNIDADE 4 99
aplicação, podendo destacar como combustível para automóveis, como solvente em tintas, vernizes e
perfumes, na síntese de compostos orgânicos, como acetaldeído, ácido acético e éter, além de grande
utilização na preparação de bebidas alcoólicas.
Fenóis Éteres
Fenóis são compostos orgânicos oxigenados, que Éteres são compostos orgânicos oxigenados, nos
possuem uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas di- quais duas cadeias carbônicas estão ligadas por
retamente a um átomo de carbono do anel aromá- um oxigênio. De modo geral, a fórmula dos éteres
tico. Os fenóis são, geralmente, sólidos, cristalinos, é: R-O-R´, e os radicais R e R´ podem ser iguais
tóxicos, corrosivos e pouco solúveis em água. Seu ou diferentes, de cadeia aberta, cadeia fechada ou
representante mais comum é o hidroxibenzeno, cadeia aromática.
popularmente conhecido como fenol, cuja fór- Temos, por exemplo, o éter dietílico (R e R´ são
mula está indicada na Figura 11. cadeias abertas) e a vanilina (R é cadeia aromática
O cresol, também indicado na Figura 11, pos- e R´ é cadeia aberta), indicados nas Figuras 12 e
sui as orientações orto (o), meta (m) e para (p) 13, respectivamente.
entre os radicais metil (CH3) e hidroxila (OH). Diethyl ether
Na direção orto (o), os radicais CH3 e OH estão
em posições vizinhas, como 1 e 2, por exemplo.
Já na orientação meta (m), os radicais CH3 e OH
estão em posições 1 e 3 e, finalmente, na orienta-
ção para (p), temos os radicais metil e hidroxila
em posições como 1 e 4. Uma solução alcalina da
mistura de cresóis (o/m/p) produz a “creolina”, um
desinfetante muito utilizado em agropecuária, que
atua no mecanismo de coagulação das proteínas H3C O CH3
dos microrganismos.
Os fenóis são utilizados, também, para a pre-
Figura 12 - Molécula do Éter dietílico
servação da madeira, protegendo contra o ata-
que dos insetos. Na indústria química, possuem Segundo Feltre (2004b), o éter comum (éter die-
aplicação como matérias-primas na produção tílico) é muito usado como solvente apolar, tanto
de plásticos, perfumes, corantes, explosivos, re- em laboratório como nas indústrias químicas,
sinas, vernizes, desodorantes, adesivos, cosmé- sendo empregado em processos industriais de
ticos e tintas. extração de óleos, gorduras, essências e perfumes.
Aldeídos e Cetonas
Fonte: a autora.
UNIDADE 4 101
De acordo com Solomons e Aldeídos Cetonas
Fryhle (2001), o formaldeído
ou formol é usado como de- Formaldeído Acetaldeído Propana ou Ciclo-hexanona
ou Formol ou Etanal Acetona comum
sinfetante, na conservação de
cadáveres e de peças anatômi-
cas, na fabricação de plásticos,
medicamentos e explosivos. O
acetaldeído ou etanal é usado
na síntese de ácido acético, ani-
drido acético e resinas.
A acetona é usada como
solvente de esmaltes, tintas,
vernizes, na extração de óleos
de sementes vegetais, na fabri-
cação de anidrido acético e me-
dicamentos. A ciclo-hexanona,
Figura 14 - Exemplos de aldeídos e cetonas
por sua vez, é utilizada como
solvente industrial e como ati-
vador em reações de oxidação.
Ácido Fórmico Ácido Acético
Ácidos
Carboxílicos
Aminas
R R
R NH2 NH R’ N
R’ R’’
Figura 17 - Aminas
Amina primária Amina secundária Amina terciária As aminas, por estarem presentes nos aminoáci-
dos, formadores das proteínas, representam com-
Figura 16 - Classificação das Aminas
Fonte: Feltre (2004b). ponentes fundamentais dos seres vivos e estão
presentes na decomposição de animais mortos. A
Os radicais R, R’ e R’’ podem ser cadeias carbônicas trimetilamina, por exemplo, é o principal compo-
abertas, fechadas ou cadeias aromáticas. Um exem- nente do forte cheiro do peixe podre.
plo de radical de cadeia aberta é a trimetilamina, e Por outro lado, a anilina, assim como outras
de radical de cadeia aromática temos a fenilamina, aminas aromáticas, tem aplicação industrial na
ou anilina, ambas indicadas na Figura 17. fabricação de corantes.
UNIDADE 4 103
Amidas
O
R C
NH2
O radical R pode ser uma cadeia aberta, fechada ou ca-
deia aromática, e os outros dois hidrogênios ligados ao
nitrogênio também podem ser substituídos por grupos
funcionais diversos.
A amida mais importante no nosso cotidiano é a
diamida do ácido carbônico, popularmente conhecida
como ureia.
105
3. Os grupos funcionais representados na tabela a seguir representam, respecti-
vamente, quais classes de funções orgânicas?
a) (I) Álcoois, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Ácidos carboxílicos.
b) (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Aminas, (IV) Amidas, (V) Aldeídos e cetonas.
c) (I) Álcoois, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos e cetonas.
d) (I) Fenóis, (II) Ácidos carboxílicos, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos e cetonas.
e) (I) Fenóis, (II) Cetonas, (III) Amidas, (IV) Aminas, (V) Aldeídos.
106
LIVRO
107
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004a. Volume 1.
______. Química. Química Orgânica. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004b. Volume 3.
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica 1. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2001.
108
1. D.
2. D.
O metano é um hidrocarboneto da família dos alcanos, com cadeia acíclica (aberta) e saturada (com liga-
ções simples).
a) Um hidrocarboneto aromático da família dos alcanos - Errado, porque não é um hidrocarboneto aromático.
b) Um hidrocarboneto da família dos ciclanos - Errado, porque não é um ciclano.
c) Um álcool com cadeia carbônica aberta - Errado, porque não é um álcool.
d) Um hidrocarboneto de cadeia carbônica acíclica e saturada - Correto.
3. C.
(I) álcoois, (II) ácidos carboxílicos, (III) amidas, (IV) aminas e (V) aldeídos e cetonas.
109
110
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
PLANO DE ESTUDOS
Classificação das
Reações Químicas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Aprender a expressar as reações químicas por meio de • Entender as diferentes formas de quantificar reagentes e
equações balanceadas. produtos, e relacioná-los em uma reação química.
• Classificar as reações químicas com base em seus reagen-
tes consumidos e produtos formados.
Equações Químicas e
seu Balanceamento
1 molécula
de oxigênio (O2)
+
2 2 moléculas
moléculas de de Água (H2O)
hidrogênio (H2)
UNIDADE 5 113
lécula de O2, o que resulta em “4 átomos de H e 2 átomos de O”. No produto, obtemos 2 moléculas de
H2O, que correspondem aos mesmos “4 átomos de H e 2 átomos de oxigênio” verificados nos reagentes.
Podemos concluir que a equação química 2H2 + O2 → 2H2O está balanceada.
De acordo com Usberco e Salvador (2001), existem vários métodos de balanceamento de uma
equação química, dentre os quais o mais simples é o “Método das Tentativas”.
Esse método segue as seguintes regras práticas:
• Regra (1) – Iniciar pelo elemento ou íon que aparece apenas uma vez no lado esquerdo ou direito da seta.
• Regra (2) – Preferir o elemento ou íon que possui maiores índices, ou seja, o maior número de átomos.
• Regra (3) – Ao escolher o elemento ou íon, transpor seus índices de um lado da equação para o outro
da seta, usando seus índices como coeficientes.
• Regra (4) – Utilizar o mesmo raciocínio com os outros elementos ou íons, até o final do balanceamento.
Vamos resolver alguns exemplos para melhor compreendermos o balanceamento de equações químicas.
UNIDADE 5 115
Classificação
das Reações Químicas
São reações que ocorrem quando dois ou mais rea- São reações que ocorrem quando um único rea-
gentes se combinam para originar um único pro- gente se decompõe, originando dois ou mais
duto. De modo genérico, as reações de síntese ou produtos de estruturas mais simples. De modo
adição podem ser representadas por: A + B → C. genérico, podem ser representadas por A → B + C.
Podemos compreender melhor esse tipo de Algumas reações desse tipo recebem nomes
reação analisando alguns exemplos. Durante a especiais. A pirólise, por exemplo, representa uma
queima de uma fita de magnésio, ocorre a reação reação de decomposição induzida pelo calor, e na
do elemento magnésio (Mg) com o gás oxigênio indústria é também chamada de calcinação. Um
(O2) presente no ar atmosférico, originando o óxi- exemplo de pirólise é a decomposição do nitra-
do de magnésio (MgO). A equação química que to de cobre: 2Cu(NO3)2(s) → 2CuO(s) + 4NO2(g) +
descreve essa reação é 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s). O2(g). Nessa reação, Cu(NO3)2 é um sólido azul,
Nessa reação, ocorre uma grande liberação de e após aquecimento, decompõe-se em CuO, um
luz branca, que pode ser utilizada em lâmpadas de sólido preto, liberando os gases NO2 e O2.
“flashes” fotográficos descartáveis e em foguetes A fotólise consiste em uma reação de decom-
sinalizadores. posição induzida pela luz. Podemos citar a de-
O segundo exemplo envolve as soluções aquo- composição da água oxigenada como um exem-
sas de ácido clorídrico (HCl) e de hidróxido de plo desse tipo de reação. A água oxigenada ou
amônio (NH4OH), que liberam, respectivamen- peróxido de hidrogênio se decompõe em água e
te, dois gases, HCl e NH3. Quando aproximamos oxigênio, de acordo com a seguinte equação quí-
dois frascos abertos contendo, separadamente, mica: 2H2O2(aq) → 2H2O(l) + O2(g).
essas soluções, ocorre a formação de uma névoa A eletrólise pode ser definida como uma reação
constituída por cloreto de amônio (NH4Cl), que de decomposição induzida pela eletricidade. A rea-
é o produto da reação entre os gases liberados ção de decomposição da água é um exemplo desse
das soluções. Essa reação pode ser representada tipo de reação. Nesse caso, H2O(l) → H2(g) + ½O2(g).
pela equação química HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g).
No primeiro exemplo, 2Mg(s) + O2(g) → 2MgO(s),
temos uma reação de “síntese total”, na qual partimos Reações de Deslocamento
de apenas substâncias simples, Mg e O2. Já no segun- ou de Substituição ou de
do exemplo, HCl(g) + NH3(g) → NH4Cl(g), temos uma Simples Troca
reação de “síntese parcial”, pois, entre os reagentes,
há, no mínimo, uma substância composta. São reações que ocorrem quando uma substân-
As substâncias simples são formadas por ape- cia simples reage com uma substância composta,
nas um tipo de elemento químico, como o Mg(s) e deslocando da substância composta uma nova
O2(g); já as substâncias compostas são constituídas, substância simples. De modo genérico, podemos
necessariamente, por pelo menos dois tipos de representar esse tipo de reação de duas formas.
elementos químicos diferentes, como o MgO(s), A + XY → AX + Y ou A + XY → AY + X
NH4Cl(g), HCl(g) etc.
UNIDADE 5 117
Para ilustrar esse tipo de reação, vamos analisar
alguns exemplos. Quando uma lâmina de zinco
(Zn) entra em contato com uma solução aquosa
de ácido clorídrico (HCl), ocorre uma reação de O vidro já era conhecido pelos egípcios desde
formação de um sal, o cloreto de zinco (ZnCl2) e 2500 a.C. Atualmente, o vidro comum é produzi-
o desprendimento de gás hidrogênio (H2). Essa do pela mistura de areia (SiO2), soda ou barrilha
reação pode ser representada da seguinte forma: (Na2CO3) e calcário (CaCO3), que é aquecida em
Zn(s) + 2HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g). Nessa reação, fornos especiais, a cerca de 1.500 °C.
o zinco deslocou o hidrogênio. Em reações do tipo xNa2CO3 + yCaCO3 +zSiO2→
Quando adicionamos uma fita de cobre (Cu) (Na2O)x·(CaO)y·(SiO2)z + (x+y)CO2, o vidro inco-
em uma solução de nitrato de prata (AgNO3), lor é produzido. Vidros coloridos são fabricados
observamos que a fita vai tornando-se prateada adicionando-se óxidos metálicos, Fe2O3 para cor
e a solução de nitrato de prata vai tornando-se verde e CoO para cor azul. O vidro fabricado com
azulada. Trata-se de uma reação de deslocamento 10 a 15% de Pb3O4 tem densidade e brilho eleva-
ou simples troca, na qual a prata (Ag), presente na dos e é conhecido como cristal.
solução, é deslocada pelo cobre (Cu) presente na Fonte: Feltre (2004).
fita. Os íons cobre em solução são responsáveis
pela coloração azulada. Essa reação pode ser re-
presentada pela seguinte equação química: Cu(s)
+ 2 AgNO3(aq) → Cu(NO3)2(aq) + 2Ag(s).
Condições para Ocorrer
uma Reação Química
Reações de Dupla Troca ou
de Dupla Substituição Quando duas ou mais substâncias são misturadas,
nem sempre ocorre uma reação química. Para
São reações que ocorrem quando duas substâncias Feltre (2004), só ocorre reação química quando:
compostas reagem entre si, trocando seus compo- a) As moléculas estiverem efetivamente
nentes e dando origem a duas novas substâncias em contato. Moléculas no estado gasoso
compostas. Genericamente, podemos representar reagem mais facilmente porque possuem
esse tipo de reação como AB + XY → AY + BX, em maior contato do que as moléculas no es-
que A se liga a Y; enquanto B se liga a X. tado líquido e estado sólido.
Uma reação de salificação ou neutralização (áci- b) Os reagentes tiverem certa afinidade quí-
do + base) é exemplo de reação de dupla troca, mica, isto é, tendência a reagir. Para tanto,
pois temos NaOH(aq) + HCl(aq) → NaCl(s) + H2O(l). algumas características das moléculas per-
Outro exemplo de neutralização se dá ao misturar- mitem prever se haverá afinidade química
mos soluções aquosas de ácido sulfúrico (H2SO4) entre determinados reagentes.
e hidróxido de bario (Ba(OH)2), por exemplo, que
reagem formando um precipitado branco, sulfato De acordo com as características das substâncias
de bário (BaSO4), além de água (H2O), equacio- envolvidas, as reações se dividem em dois tipos
nado quimicamente da seguinte forma: H2SO4(aq) principais: reações de oxirredução e reações que
+ Ba(OH)2(aq) → BaSO4(s) + 2H2O(l). não envolvem oxirredução.
K Ba Ca Na Mg Al Zn Fe H Cu Hg Ag Au
Metais alcalinos e Metais comuns Metais nobres
alcalino-terrosos
Nessa fila, qualquer metal mais reativo pode deslocar o menos rea-
tivo, ou seja, qualquer metal pode ceder elétrons para outro metal
situado à direita na fila. Na Figura 3, apresentamos alguns exemplos.
e-
Mg + HgSO4 MgSO4 + Hg
e -
Fe + CuCl2 FeCl2 + Cu
Ag + Al(NO3)3 Impossível
Figura 3 - Exemplos de reações dos metais
Fonte: Feltre (2004).
UNIDADE 5 119
Os não metais, por sua vez, têm tendência para não foi possível, uma vez que I está à direita de Cl
receber elétrons, ou seja, reduzem-se e agem como na fila de reatividade dos não metais, mostrando
oxidantes. Assim como os metais, os não metais maior tendência do Cl em receber elétrons.
apresentam diferentes tendências a reduzirem, o
que permite organizá-los em uma fila de reativi-
dade. Qualquer não metal dessa fila pode deslocar Reações que não
(receber elétrons) de outro não metal situado mais Envolvem Oxirredução
à direita na fila.
F O Cl Br I S Podemos destacar, nesses casos, as reações de
dupla troca ou dupla substituição. Essas reações
Reatividade (eletronegatividade) crescente
ocorrem principalmente em duas condições:
Figura 4 – Fila de reatividade dos não metais
Fonte: Feltre (2004). quando tiverem reagentes solúveis e ao menos
um produto insolúvel, que formará um precipi-
Podemos observar alguns exemplos de reações de tado; ou quando houver pelo menos um produto
deslocamento, tendo a diferença de eletronegativi- volátil. Na Figura 6 estão apresentados exemplos
dade como condição para a reação ocorrer ou não. dos tipos de reações mencionados.
e-
Os povos antigos usavam gesso (CaSO4·2H2O) ou cal (CaO) em suas construções. O cimento, tal como
o conhecemos atualmente, foi inventado em 1824, por Joseph Aspdin, na Inglaterra. É fabricado
aquecendo, em um forno rotatório a 1.500 °C, uma mistura de calcário (CaCO3), argila e areia. Do
forno saem pedregulhos duros denominados clinquers que, quando moídos, dão origem ao cimento.
A composição do cimento é 60 a 67% de CaO, 17 a 25% de SiO2, 3 a 8% de Al2O3, 2 a 3% de MgO e 2
a 3% de FeO. Com água, o cimento endurece devido à cristalização dos silicatos de cálcio e alumínio.
Junto com areia e pedras, o cimento endurece, formando o concreto.
Fonte: Feltre (2004).
UNIDADE 5 121
Massa Atômica
Tudo o que se deseja pesar ou medir precisa ser Os valores de massa atômica, quando arredon-
comparado a um padrão com unidade convenien- dados, são iguais aos números de massa (A) dos
te. A massa do corpo de um homem, por exemplo, átomos. Por esse motivo, usaremos os valores
pode ser determinada por comparação, utilizan- de número de massa (A) para indicar a massa
do-se o quilograma (kg) como unidade padrão. Se atômica dos átomos, pois são numericamente
a balança indicar 80 kg, significa que a massa do iguais. Quando dizemos que a massa atômica do
homem pesado é 80 vezes maior do que o padrão elemento 4He é igual a 4u, significa que a massa
escolhido, que é de 1 kg. No entanto, para medir a de um átomo de He é 4 vezes maior do que a
massa de uma formiga, por exemplo, esse padrão massa de 1/12 do 12C.
se torna inconveniente, pois seria impossível me- Na natureza, verificamos que a grande maio-
dir por quilogramas a massa de um animal tão ria dos elementos químicos são misturas de isó-
pequeno e leve. topos com diferentes porcentagens em massa,
Da mesma forma, para medir a massa dos di- chamadas de abundâncias relativas. Por exem-
ferentes átomos, os cientistas procuraram por um plo, todo o cloro da natureza é uma mistura dos
padrão conveniente. A escala de massas atômicas isótopos 35 (35Cl) e 37 (37Cl), na seguinte pro-
está baseada no isótopo mais comum do carbono, porção: 75,4% de 35Cl (34,969u) e 24,6% de 37Cl
com número de massa igual a 12 (A=12), ao qual (36,966u). Consequentemente, a massa atômica
foi atribuída exatamente a massa de 12 unidades do elemento Cl que nós encontramos nas tabelas
de massa atômica (uma) ou (u). Adotaremos a é a média ponderada desses valores, calculada da
sigla (u). seguinte forma:
Assim, temos que: unidade de massa atômica
(u) é a massa de 1/12 do átomo de carbono com 75, 4 34, 969u 24, 6 36, 966u
35, 460u
número de massa igual a 12 (12C). 75, 4 24, 6
As massas atômicas dos diferentes átomos po-
dem ser determinadas experimentalmente com Para arredondar o valor encontrado, dizemos que
grande precisão, utilizando-se um equipamento a massa atômica média do Cl é 35,5u.
denominado Espectrômetro de Massa.
A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de ele-
mentos químicos com suas respectivas massas Massa Molecular
atômicas.
Tabela 1 - Massa Atômica de alguns Elementos Químicos As moléculas são formadas por átomos unidos
por ligações químicas. Dessa forma, a massa de
Massa atômica do 42He 4,0030 u ≈4u uma molécula (massa molecular) é numerica-
Massa atômica do 199F 18,9984 u ≈19u mente igual à soma das massas dos átomos que
a constituem. Sua unidade, assim como para os
Massa atômica do 2713Al 26,9815 u ≈27u
átomos, é unidade de massa atômica (u).
Fonte: Usberco e Salvador (2001, p. 373).
UNIDADE 5 123
Podemos observar a importância de se relacionar quantitativamente
moléculas, elementos ou íons com unidades de medida padroniza-
das, objetivando calcular quantidades de reagentes necessários para
uma reação acontecer, bem como prever a quantidade de produtos
formados.
1 N2 + 3 H2 2 NH3
N2 + 3 H2 2 NH3
28g de N2 2 . 17 g de NH3
28.x = 2.17.10 x = 12,14 g de NH3
10g de N2 x
UNIDADE 5 125
Quando reagentes e produtos são fornecidos em unidade de volume
Exemplo 2: uma reação a 15 °C e 720 mmHg ocorre entre hidrogênio e cloro, formando gás clorídrico
(H2 + Cl2 → 2HCl). Qual o volume de HCl(g) produzido quando partimos de 15 L de H2?
Se os gases estiverem nas mesmas con-
dições de temperatura e pressão, no caso H2 (g) + Cl2 (g) 2 HCl (g)
T = 15 °C e P = 720 mmHg, o cálculo este- produz
1 volume de H2 2 volumes de HCl
quiométrico entre os volumes dos gases é
direto, respeitando-se os coeficientes que os 1L 2L
relacionam na equação balanceada da reação 15 L V
química.
Sendo assim, quando partimos de 15 L
de H2, obteremos 30 L de HCl (T=15 °C e 15 . 2
V= V = 30 L de HCl (a 15°C e 720 mmHg)
P=720 mmHg). 1
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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Para esses problemas, devemos responder a cada uma das perguntas separadamente; portanto, se
houver duas perguntas, devem ser realizados dois cálculos estequiométricos; se houver três perguntas,
realizamos três cálculos estequiométricos, e assim por diante.
Exemplo 4: na reação de formação do sulfato de sódio a partir de ácido sulfúrico e hidróxido de
sódio (H2SO4 + 2NaOH → Na2SO4 + 2H2O), quais as massas de H2SO4 e NaOH necessárias para
produzir 28,4 g de Na2SO4? (Massas molares: H=1 g/mol, O=16 g/mol, Na=23 g/mol, S=32 g/mol).
Temos duas perguntas, portanto, realizaremos dois cálculos estequiométricos. Primeiramente,
devemos calcular as massas molares dos reagentes e produtos.
Reagentes: H2SO4 = 2x1 + 32 + 4x16 = 98 g/mol, NaOH = 23 + 16 + 1 = 40 g/mol
Produtos: Na2SO4 = 2x23 + 32 + 4x16 = 142 g/mol, H2O = 2x1 + 16 = 18 g/mol.
Escrevemos a equação balanceada com as relações em massa para os dois reagentes.
a)Para obter a massa de H2SO4
98 g 142 g
x = 19,6 g de H2SO4
x 28,4 g
80 g 142 g
y = 16,0 g de NaOH
y 28,4 g
Portanto, é necessário adicionarmos 19,6 g de H2SO4 e 16,0 g de NaOH para produzirem 28,4 g de
Na2SO4.
UNIDADE 5 127
Quando ocorrem reações consecutivas
2. Para tornar o pão mais fofo, as padarias adicionam bromato de potássio (KBrO3)
à farinha de trigo que, ao serem aquecidos, liberam O2, produzindo brometo
de potássio (KBr). A equação química não balanceada dessa reação é escrita da
seguinte forma: KBrO3 → KBr + O2.
a) Escreva a equação química balanceada dessa reação.
b) Como podemos classificar essa reação?
129
LIVRO
130
FELTRE, R. Química. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2004. Volume 1.
USBERCO, J.; SALVADOR, E. Química 1. Química Geral. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2001.
131
1. D.
(III) FeS + 2HCl → FeCl2 + H2S - Reação de dupla troca ou de dupla substituição.
Segundo a estequiometria, para cada 1 mol (106 g de Na2CO3), é necessário 2 mols de HCl. Então, para
reagir com 0,25 mols de HCl, será necessário:
Resposta: Será necessário 13,25 g de Na2CO3 para reagir com 0,25 mols de HCl.
132
133
134
Dra. Denise Maria Malachini Miotto Bigatão
Estado Gasoso
PLANO DE ESTUDOS
Equação Geral
dos Gases
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Entender a importância das variáveis de estado no com- • Compreender que o estado dos gases influencia de forma
portamento dos gases. significativa sua densidade.
• Descrever o comportamento dos gases por meio de uma
equação de estado que contempla volume, temperatura
e pressão.
Volume, Temperatura
e Pressão dos Gases
Escala Escala
Celsius Kelvin Já a pressão exercida por um gás, contido num
recipiente fechado, resulta dos choques de suas
100 °C 373 K
partículas contra as paredes do recipiente, sendo
θ T
proporcional ao número de choques de suas par-
tículas contra o recipiente.
0 °C 273 K
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a
pressão é medida em Pascal (Pa), que é definido
-273 °C 0K como a pressão exercida por uma força de 1 N (1
Newton) distribuída sobre uma superfície de 1 m2
perpendicular à força, de modo que 1 Pa = 1 N/
m2. A pressão dos gases também pode ser medida
Figura 1 - Escala Celsius e Escala Kelvin
Fonte: Feltre (2004, p. 280). em mmHg ou torr (Torricelli). A pressão atmos-
férica (atm) pode ser medida em barômetros de
Para transformar temperaturas da escala Celsius mercúrio, e em locais situados ao nível do mar, ela
(θ) em temperaturas absolutas da escala Kelvin atinge o valor de 760 mmHg ou 760 torr.
(T), é necessário utilizar a equação: T = θ + 273. Essas unidades podem ser relacionadas da se-
A temperatura mínima da escala absoluta ou guinte forma: 1 atm = 760 mmHg; 1 atm = 760
escala Kelvin é denominada “zero absoluto” e corres- torr; 1 atm = 101,325 Pa (N/m2).
UNIDADE 6 137
Equação geral
dos gases
Transformação Isotérmica
V1 V2
Massa Constante
Temperatura Constante P2
1° Estado 2° Estado
Foi observado que, ao dobrar e triplicar a pressão sobre o gás, obtiveram volumes de gás reduzidos
à metade e à terça parte, respectivamente, de modo que o produto entre as duas variáveis, pressão e
volume, permaneceu constante.
Portanto, observamos que volume e pressão são grandezas inversamente proporcionais, que re-
sultaram na Lei de Boyle-Mariotte: “Para uma massa fixa de gás, mantida à temperatura constante, o
volume ocupado pelo gás é inversamente proporcional à pressão exercida sobre ele”.
A representação matemática para a “Lei de Boyle-Mariotte” pode ser feita de duas formas: P1 ⋅ V1 =
P2 ⋅ V2 ou P ⋅ V = constante. Na primeira representação, os índices “1” e “2” referem-se ao estado inicial
e final, esquematizados na Figura 3.
Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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Transformação Isobárica
UNIDADE 6 139
Transformação Isobárica
Pressão Constante
Massa Constante
V1 V2
T1 T2
1° Estado 2° Estado
Foi observado que dobrando e triplicando a temperatura absoluta do gás, seu volume também dobrou
e triplicou, permanecendo constante, o quociente entre volume e temperatura.
Verificamos, então, que volume e temperatura absoluta são grandezas diretamente proporcionais,
que resultaram na Lei de Gay-Lussac: para uma massa fixa de gás, mantida à pressão constante, o
volume ocupado pelo gás é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta.
A representação matemática para a “Lei de Gay-Lussac” pode ser feita de duas formas: V1/T1 = V2/T2
ou V/T = constante. Na primeira representação, os índices “1” e “2” referem-se ao estado inicial e final,
apresentados na Figura 4.
Nessa transformação, o volume é mantido constante. Consideremos o cilindro com gás representado
na Figura 5, com a tampa travada de modo a manter o volume do gás fixo. Notamos que aumentando
a temperatura do gás, sua pressão também aumenta na mesma proporção.
Transformação Isométrica
T1 T2
Massa Constante
Volume Constante
1° Estado 2° Estado
UNIDADE 6 141
Considerando que o número de mols (n) de um gás é obtido dividindo-se a massa de gás (m, em gra-
mas) pela sua massa molar do gás (M, em g/mol), podemos reescrever a “Equação dos Gases Ideais”,
também conhecida como “Equação de Clapeyron”.
Qualquer gás que obedeça a essa lei será considerado um gás ideal ou gás perfeito. Vejamos alguns
exemplos de como utilizar a equação dos gases ideais.
Exemplo 1: qual o volume ocupado por 48 g de gás metano (CH4) a uma temperatura de 27 °C e pressão
de 1,64 atm?
Primeiramente, é necessário determinar a massa molar do CH4.
Dado a massa molar do C e H, (C = 12 g/mol e H = 1 g/mol), temos que a massa molar do CH4 é igual a
12 + 4x1 = 16 g/mol. É necessário deixar a temperatura na escala absoluta, assim: T = 27+273 = 300 K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de CH4: P=1,64 atm, T= 300 K, m = 48 g, M = 16 g/
mol, R = 0,082 atm ⋅ L/mol ⋅ K.
É importante prestar atenção para que todas as unidades estejam em concordância e seja utilizada a
constante R conveniente.
m 48
PV RT 1, 64 V 0, 082 300 V 45 L
M 16
Desta forma, concluímos que o volume ocupado por 48 g de gás metano nas condições dadas é de 45 litros.
Exemplo 2: qual o volume ocupado por 19 g de flúor (F2) nas mesmas condições do CH4?
Primeiramente, é necessário determinar a massa molar do F2. Dado a massa molar do F (19 g/mol), temos
que a massa molar do F2 é igual a 38 g/mol.
É necessário deixar a temperatura na escala absoluta, assim: T = 27+273= 300 K.
Temos os dados necessários para determinar o volume de F2:
P = 1,64 atm, T= 300 K, m = 19 g, M = 38 g/mol, R = 0,082 atm.L/mol.K.
m 19
PV RT 1, 64 V 0, 082 (273 27) V 7, 5 litros
M 38
Verificamos que o volume ocupado por 19 g de flúor nas mesmas condições do metano é de 7,5 litros.
Nos exemplos 1 e 2, verificamos que, apesar de estarem nas mesmas condições de temperatura e pressão,
como os gases tinham número de mols diferentes, seus volumes encontrados foram bastante diferentes.
Densidade Absoluta