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Unidade 1

Ciências Sociais e Sociologia

O mundo em que vivemos é constituído pelo meio ambiente e pelos seres vivos que
ocupam esse meio. Entre esses seres vivos, destacam-se os seres humanos. Assim,
no mundo que nos rodeia podemos constatar a existência de:

 uma realidade natural constituída por elementos físicos e naturais, como o


clima, as paisagens, os animais, entre outros. Modificada pela ação humana,
através da exploração dos recursos naturais;
 uma realidade social constituída pelos seres humanos, organizados em
sociedades. Sociedade urbana, industrial, capitalista, racionalista e laica.

A realidade social apresenta um grau elevado de complexidade que resulta,


precisamente, do facto das ações dos indivíduos se desdobrarem em domínios e em
grupos diversos e refletirem as suas origens e percursos sociais.

Realidade social: é constituída pelos seres humanos, organizados em sociedades.

Ciências Sociais: têm por objeto o estudo da realidade social e do fenómenos que
resultam da vida em sociedade. As diferentes ciências sociais estudam a mesma
realidade social, sob prespetivas diferentes que se complementam umas às outras.

Fenómenos sociais: fenómenos que resultam da vida em sociedade.

Cada uma das Ciências Sociais estuda de uma forma parcialmente diferente os
fenómenos sociais, valorizando a dimensão do fenómeno que lhe interessa estudar –
económica, sociológica, política, demográfica…

As Ciências Sociais estudam a mesma realidade social, o mesmo fenómeno social,


sob prespetivas diferentes que se complementam umas às outras.

É uma ciência social e científica pois trabalha com rigor e através de métodos.

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Génese e objeto da Sociologia

E a Sociologia?

A Revolução Industrial e, principalmente, a Revolução Francesa (século XVIII)


estiveram associadas aos ideais de transformação da sociedade e a projetos de
construção de uma nova ordem social, transformando-se a sociedade num campo de
ação, onde se podia intervir diretamente.

Neste novo contexto estavam criadas as condições para o aparecimento das Ciências
Sociais, pois estas, ao estudarem os fenómenos sociais de uma forma objetiva e

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sistemática (semelhante ao estudo dos fenómenos físicos e naturais), permitiam um
conhecimento da realidade social que facilitaria a intervenção social. Assim, a
Sociologia, ao tentar compreender, por exemplo, a forma como se organizavam as
sociedades ou como se desenrolavam os processos de mudança social, contribuía de
forma decisiva para um melhor entendimento da realidade social.

A palavra sociologia foi utilizada pela primeira vez por Augusto Comte, para designar o
“estudo positivo do conjunto das leis fundamentais próprias aos fenómenos sociais”.

Contudo, se Comte iventou o termo sociologia, os seus fundadores, como disciplina


científica, foram Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx. Com efeito, os contributos
destes autores foram decisivos para a construção do seu objetivo científico e do seu
método.

A Sociologia como ciência nasceu no século XIX, com o objetivo de explicar os


fenómenos sociais da mesma forma objetiva e sistematizada que as ciências naturais
estudavam os fenómenos naturais.

O objeto real da Sociologia é o estudo dos fenómenos que se produzem e reproduzem


na sociedade – fenómenos sociais. Mas nem todos os acontecimentos humanos
podem ser designados por sociais, dado que os fenómenos sociais apresentam
características próprias que os distinguem dos outros fenómenos que ocorrem no
interior da sociedade.

Factos sociais

Para Durkheim, os fenómenos sociais, os factos sociais “apresentam características


especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao
indivíduo, e que são dotados de um poder coercitivo, em virtude do qual se lhe
impõem”. Mas os factos sociais também apresentam outracaracterística, a
relatividade, isto é, variam no tempo e no espaço.

Factos sociais:

 Exterioridade
 Coercitividade
 Relatividade

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Exterioridade: os indivíduos nascem numa sociedade já constituída que os condiciona,
tendo de aprender maneiras de agir, de pensar e de sentir que não foram por ele
criadas, isto é, são exteriores ao indivíduo.

Coercitividade: as maneiras de agir, de pensar e de sentir são aprendidas pelos


indivíduos de uma forma imperativa, existindo sanções para quem não as respeita, ou
seja, são impostas coercitivamente.

Relatividade: as maneiras de agir, de pensar e de sentir dos indivíduos variam de


sociedade, de grupo para grupo, etc., não correspondendo a uma leitura científica da
realidade social. Também na sociedade ou mesmo grupo, os tipos de conduta e de
pensamento se transformam ao longo do tempo. Neste sentido, a Sociologia procura
sempre integrar os factos sociais no contexto social onde ocorrem.

Estrutura e ação social

Max Weber afirma que o objeto desta ciência é “compreender objetivamente o


significado subjetivo que os indivíduos atribuem à ação social”. Neste sentido, a
Sociologia interessa-se por tentar compreender o sentido que os indivíduos dão às
suas ações.

Durkheim dá maior ênfase a outro aspeto fundamental da análise sociológica, que é


procurar encontrar causas sociais para os fenómenos sociais, isto é, as determinações
sociais da ação dos indivíduos. Assim, devem explicar-se os gostos e os
comportamentos dos jovens, não por motivações biológicas ou psicológicas, mas
pelas suas motivações sociais.

A ação dos indivíduos é condicionada por um conjunto de constrangimentos sociais


(estrutura social).

A sociedade tem primazia sobre o individuo e determina o que ele é e faz.

A estrutura social estabelece limites ao que podemos fazer como indivíduos e impõe
constrangimentos à ação.

É preciso encontrar as causas sociais dos fenómenos sociais, por exemplo do suicídio.

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O suicídio repete se em diferentes sociedades, sendo explicado por causas e padrões
sociais. Existem 3 tipos de suicídio:

Egoísta: sociedades modernas; individualismo; má integração social e comunitária

Altruísta: espaços rurais; feito em nome de causas em que as pessoas acreditam, ex:
camicase (II Guerra)

Anómico: centros urbanos industrializados; momentos de interrupção das regras


sociais, de objetivos, perda de identidade, ex: crises económicas e de desemprego

Por que razão são as pessoas infelizes nas sociedades modernas?

Durkheim considerou algumas razões:

 Individualismo
 Esperança excessiva
 Liberdade em excesso
 Ateísmo
 Enfraquecimento do Estado e da família
 Pressões sociais sobre o indivíduo

Max Weber - Um dos fundadores da Sociologia, que abriu caminho ao Construtivismo


social

Sociologia (compreensiva) - Abordagem microssocial/interna

Objeto real - Estudo da ação social.

A ação social é todo o comportamento cuja origem depende da expectativa ou reação


das outras partes envolvidas.

Tipologia das ações sociais

 Ação racional com fidelidade a valores


 Ação racional com relação a objetivos
 Ação tradicional
 Ação emocional/afetiva

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Max Weber estuda a estrutura social, bem como o modo como os indivíduos atuam no
interior dessa estrutura, ou seja, a ação social

Designa a Sociologia como uma ciência compreensiva e interpretativa.

Dá primazia à dimensão individual da realidade social através da análise do sentido


que os indivíduos atribuem às suas ações, acentuando o seu caráter intencional.

Por exemplo, a ação social de um abraço, pode carregar uma infinidade de sentidos.
O autor da ação, ao realizá la, deseja que o seu interlocutor apreenda o sentido que
desejou implantar no seu ato, e não apenas que entenda o sentido genérico do ato de
abraçar.

Durkheim privilegiava as regularidades duradouras que se verificavam nos fenómenos


sociais.

Weber afirmou o caráter singular e único desses fenómenos, empenhando se em


compreender e interpretar o sentido da ação social.

A sociologia estuda os constrangimentos sociais exercidos sobre a ação dos


indivíduos. (Durkheim)

Sociologia tem por objetivo compreender o significado subjetivo (sentido) que os


indivíduos atribuem à sua Ação Social. (Weber)

Estas abordagens que estudam separadamente a estrutura social e a ação social


podem ser ultrapassadas, pois construímos e reconstruimos ativamente a estrutura
social através das nossas ações. - Construtivismo social Interacionismo simbólico

Socialismo científico - teoria das desigualdades sociais

Objeto real - Classes sociais.

Karl Marx - Um dos fundadores da Sociologia

Materialismo histórico (estudo das relações entre o trabalho e a produção de bens)

 Luta de classes (burguesia e proletariado)

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 Alienação (socioeconómica)
 Mais-valia
 Consciência de classe e revolta do proletariado

Produção do conhecimento científico em Sociologia

Senso comum: baseia-se nas opiniões pessoais dos indivíduos que as emitem, tendo
em conta os seus julgamentos, as suas representações, etc., não correspondendo a
uma leitura científica da realidade.

O sociólogo utiliza as informações fornecidas pelo senso comum. Deste modo, para
construir o conhecimento científico, tem de romper com essas explicações.

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Conhecimento científico: tem de ser contruído, sendo necessário interrogar, formular
perguntas sobre a realidade social para obter respostas. Essas interrogações deverão
ter uma resposta, o que só será possível se existirem conceitos e teorias com
capacidade para as explicar. É necessário também recorrer a métodos e técnicas para
testar as hipóteses eplicativas que se formulam.

Senso comum Conhecimento científico


Subjetivo: é pessoal, baseia-se em Objetivo: procura ser universal, válido
opiniões. para todos.
Espontâneo: surge da informação obtida Sistemático: é construído de forma
através dos nossos sentidos, do sistemática e consciente, pelos cientistas.
aparente.
Errático: é construído aleatoriamente ao Metódico: é obtido recorrendo a métodos
longo da vida de cada individuo. e técnicas de investigação que
asseguram a sua validade.
Ingénuo: é assimilado sem sentido crítico. Crítico: procura questionar a realidade e
questionar-se a si próprio.
Dogmático: acreditamos nele como se Comparável, Verificável: pode ser testado
tratando de verdades inquestionáveis. a qualquer momento e, assim,
confirmado ou infirmado.
Ex: Deus dá nozes a quem tem dentes. Ex: Albert Einstein deduziu a fórmula
do…

Obstáculos à produção do conhecimento científico

 o senso comum;
 a familiaridade com o social;

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 a ilusão da transparência do social;
 as explicações de tipo naturalista, individualista ou etnocentrista.

Senso comum

As informações recolhidas com base em opiniões dos indivíduos – senso comum –


são fundamentais para a construção do conhecimento sociológico. Contudo, essas
opiniões são mais vulneráveis a obstáculos ao conhecimento, nomeadamente porque
são condicionadas socialmente.

O sociólogo deve, assim, estar consciente dos condicionalismos que estão associados
às explicações do senso comum.

Assim, num determinado momento, a produção do conhecimento científico em


Sociologia, ou em qualquer outra ciência social, implica uma transformação das
informações disponíveis sobre a realidade social, ou seja, tem de ultrapassar os
obtáculos que as explicações senso comum colocam.

Apesar de o conhecimento sociológico operar uma rutura com as explicações do


senso comum, estas continuam a constituir a maior fonte de informação para o
trabalho do sociólogo.

Familiaridade com o social

O sociólogo observa a sociedade, mas ele próprio é um membro dessa mesma


sociedade, adquiriu a sua cultura e está sujeito a constrangimentos sociais dos grupos
a que pertence, podendo ser influenciado na sua análise da sociedade.

Se o sociólogo quiser a sua prática científica deverá tentar distanciar-se das relações
sociais em que está inserido romper com as ideias adquiridas sobre os fenómenos
sociais que vai analisar.

A ilusão da transparência do social

A familiaridade da realidade social parece transmitir a ideia de que existe


transparência do social.

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Todos os indivíduos se acham com capacidade para explicar os fenómenos sociais,
mas a vida social deve ser explicada pelas causas profundas que escapam a essa
consciência.

As explicações de tipo naturalista, individualista ou etnocentrista

Explicações de tipo

 Naturalista (explicar um fenómeno social por um fator natural) considera o


comportamento social como natural, isto é, não determinado pelo
constrangimento social.
 Individualista (explicações com base nas opções pessoais) considera a ação
social resultante da vontade exclusiva dos indivíduos.
 Etnocentrista (explicar outras culturas com base na própria cultura)
Combinação de receio relativamente ao que se desconhece, aos que vêm de
fora e, simultaneamente, da tendência para julgar as outras culturas em função
da sua própria cultura. Tudo o que não se adequa à sua cultura é mau, inferior,
inculto, etc. Pressupõe um fechamento do grupo em relação aos outros e uma
desigualdade de oportunidades na distribuição dos recursos.

Para construir o conhecimento sociológico é necessário romper com este tipo de


explicações.

A construção da sociologia como disciplina científica

Problemas sociais e problemas sociológicos

O objeto real da Sociologia é o estudo da realidade social. No entanto, ela teve de


construir o seu objeto próprio – o sociológico.

Para transformar um problema social num problema sociológico é necessário formular


interrogações sobre o fenómeno em análise, com o objetivo de descobrir explicações
sociais desse fenómeno, recorrendo a conceitos e teorias sociológicas que permitam
encontrar explicações adequadas para essas interrogações.

As interrogações colocadas deverão ter uma resposta, o que só será possível se a


disciplina possuir conceitos e teorias com capacidade para as explicar.

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A construção do objeto científico da Sociologia resulta, então, de um trabalho de
descoberta de relações entre fenómenos sociais, a partir do corpo de problemas, de
conceitos e de relações que constituem a matriz teórica da Sociologia.

Neste processo de construção são também indispensáveis métodos e técnicas


prórpios que permitem verificar as novas hipóteses explicativas encontradas.

A Sociologia construiu uma perspetiva própria de interrogar e analisar os fenómenos


sociais, encarando-os como factos sociais que envolvem relações entre os indivíduos
e integrando-os no contexto social em que ocorrem. Mas em simultâneo, a análise
sociológica também tenta compreender o sentido que os indivíduos atribuem à sua
ação. Por outro lado, a Sociologia procura encontrar as causas sociais dos fenómenos
em análise.

As ações dos indivíduos não são tão imprevistas como parecem ser à primeira vista,
podendo, através da análise sociológica, encontrar-se regularidades no
comportamento dos indivíduos - regularidades sociais.

Uma disciplina científica caracteriza-se, assim, pelas interrogações que formula, pelo
conjunto de teorias que contrói e pelos métodos e técnicas que utiliza.

A construção do conhecimento sociológico

O sociólogo, para testar as hipóteses ou as novas técnicas que formulou, terá de


percorrer uma sucessão de passos, até obter a sua confirmação ou refutação. Quer

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dizer isto que terá de escolher uma estratégia de pesquisa adequada aos objetivos
que pretende alcançar.

Para recolher a informação que lhe permite verificar a validade das hipóteses e/ou das
explicações que formula sobre os fenómenos sociais, o sociólogo pode recorrer a um
conjunto de meios de investigação: os métodos e as técnicas.

O “caminho” da investigação, a sucessão de fases a percorrer para explicar um


fenómeno social, costuma designar-se por método.

O método sob o comando da teoria, define o percurso da investigação e organiza a


pesquisa:

 selecionando as técnicas apropriadas para a recolha da informação;


 controlando a aplicação dessas técnicas;
 integrando os resultados parciais obtidos.

As técnicas são selecionadas pelo método e são utilizadas para recolher e tratar a
informação sobre a realidade social.

A Sociologia constrói uma perspetiva própria de analisar os factos sociais.

‒ Compreender o sentido que os indivíduos atribuem à sua ação.

‒ Encontrar as causas sociais dos fenómenos analisados.

‒ Encontrar regularidades sociais.

Resultados da pesquisa sociológica são examinados de uma forma crítica.

Sociologia produz conhecimentos que podem afetar e influenciar as ações dos


indivíduos.

Indivíduos têm capacidade de refletir, incorporando muitos desses conhecimentos, o


que contribui para transformar as suas práticas.

Sociologia, ao estimular a reflexividade social, contribui para a estruturação e


transformação das sociedades contemporâneas.

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Reflexividade: é a capacidade de reflexão sobre o ocnhecimento, ou seja, os
resultados da pesquisa sociológica são amplamente examinados de uma forma crítica,
avaliando-se, nomeadamente, os seus limites e as suas potencialidades.

Unidade 2

Estratégias de investigação

O processo de investigação segue uma trajetória e obedece a uma estratégia que não
é escolhida ao acaso.

A escolha de uma estratégia de investigação depende, essencialmente:

 dos objetivos da pesquisa: O que se pretende explicar?


 da origem da pesquisa: É um trabalho científico para apresentar pelo
investigador ou foi encomendada por uma instituição?

Tipos de estratégia:

 intensiva;
 extensiva;
 investigação-ação.

Estratégia de investigação intensiva

Ocorre em grupos de dimensão reduzida. O sociólogo pode recorrer a uma


multiplicidade de técnicas que lhe permitem estabelecer um contacto direto com a
população em estudo.

Neste tipo de investigação, utilizada em estudos que analisam grupos de dimensão


reduzida, privilegia-se a abordagem directa das pessoas nos seus próprios contextos
de interacção, através da observação participante ou não. Para além disto, tende-se a
utilizar técnicas não só qualitativas como quantitativas ou extensivas.

[adequação/quando utilizar] Uma estratégia de investigação deve ser de carácter


intensivo quando o universo a estudar é de pequena dimensão, pois só desta forma é

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que o sociólogo pode recorrer a uma multiplicidade de técnicas que lhe permitam
estabelecer um contacto directo com a população em estudo.

Estratégia de investigação extensiva

Ocorre em grupos de grande dimensão, não podendo o investigador contactar nem


interrogar toda a sua população

Recurso às técnicas quantitativas, preferencialmente ao inquérito por questionário e às


técnicas de amostragem.

Amostra: subgrupo representativo da população a estudar, apresentando uma


composição e caraterísticas idênticas ao universo do estudo.

Após a recolha e o tratamento das opiniões recolhidas, podem generalizar se os


resultados ao universo do estudo.

Neste tipo de investigação, utilizada em estudos que analisam grupos de dimensão


muito grande, tem de se formar e aplicar um inquérito por questionário a uma amostra
representativa do universo – devido à sua grande dimensão que não permite o
contacto directo com toda a população do universo do estudo –, permitindo a
generalização das suas conclusões ao mesmo. Para além disto, recorre-se
preferencialmente a técnicas quantitativas.

[adequação/quando utilizar] Uma estratégia de investigação não pode ser de carácter


intensivo quando o universo a estudar é de grande dimensão, porque, sendo a
população muito numerosa, o investigador não consegue ter contacto directo com
todos os seus elementos. Para resolver este problema há que se optar por um
carácter extensivo, constituindo-se um subgrupo representativo da população a
estudar que seja representativa do universo de estudo, isto é, que apresente uma
composição e características idênticas a ele – amostra. Desta forma, o sociólogo
poderá aplicar, nessa amostra, o inquérito por questionário que ia utilizar no universo
do estudo. Após a recolha e tratamento das informações recolhidas, os resultados
poderão ser generalizados ao universo do estudo.

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Investigação-ação

O investigador é simultaneamente um ator, envolvendo se diretamente com o grupo


para o qual vai tentar solucionar o problema, aplicando diretamente os conhecimentos
produzidos.

neste tipo de investigação, o investigador é simultaneamente actor, pois envolve-se


directamente com o grupo que vai analisar, aplicando directamente os conhecimentos
produzidos. Para além disto, podem utilizar-se tanto as técnicas quantitativas como as
qualitativas.

Vantagens das estratégias de investigação:

• Intensiva:

 Profundidade de observação;
 Valorização do quotidiano dos agentes sociais e das suas formas de expressão
no próprio momento em que se produzem;
 Atenção à especificidade de cada caso.

• Extensiva:

 Observação de populações numerosas;


 Comparabilidade dos resultados e representatividade estatística.

• Investigação-ação:

 facilita a pressão de grupo para mudança;


 flexibilidade e adaptabilidade, que permite que as mudanças aconteçam
durante a sua aplicação e encoraja a experimentação e inovação a longo-
termo.

Desvantagens das estratégias de investigação:

• Intensiva:

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 Dificuldades na generalização da informação recolhida;
 Maior tendência para a empatia e identificação com os observados, podendo-
se perder objectividade.

• Extensiva:

 Superficialidade da informação recolhida;


 «Frieza» e dificuldade em captar o lado vivido dos fenómenos sociais.

• Investigação-ação:

 críticas à falta de rigor científico e ao facto dos seus objetivos serem


demasiado situacionais e específicos;
 não vai para além da resolução de problemas práticos; -tem pouco ou nenhum
controlo sobre as variáveis independentes;
 os seus resultados não são tipicamente generalizáveis e restritos ao meio
envolvente no qual a investigação tem lugar (Serrano, 1994).

Etapas de investigação

A trajetória da minvestigação é idêntica em todas as pesquisas empíricas.

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Definição do problema – deve ser clara, exequível e pertinente;

Estudo exploratório – recolha de informações sobre o tema a investigar, através da


pesquisa documental ou da análise de dados estatísticos, podendo-se também
contactar especialistas sobre o assunto.

Definição de hipóteses de trabalho – formulação de hipóteses explicativas do


fenómeno em análise, recorrendo à produção teórica já existente sobre o tema em
análise.

Selecção e aplicação dos instrumentos de observação – Escolher os instrumentos


(técnicas) capazes de fornecer as informações adequadas para testar as hipóteses.
Se a população a estudar for numerosa, utilizam se técnicas de caráter mais
quantitativo. Se o universo do estudo for pequeno, será mais apropriado utilizar
análises de tipo intensivo.

Recolha da informação – aplicação dos instrumentos de observação escolhidos, a


todo o universo ou apenas a uma parte, com o objectivo de recolher a informação útil
para a investigação.

Análise da informação recolhida – análise dos dados obtidos no sentido de verificar se


correspondem aos problemas e/ou hipóteses colocadas. Esta etapa corresponde ao
processo de verificação empírica, cujo resultado final poderá significar a comprovação
ou a refutação dos problemas e/ou das hipóteses formuladas.

Conclusões – apresentação das conclusões do estudo e de todos os procedimentos


seguidos. Assume, geralmente, uma forma escrita, podendo ser: um relatório (por
exemplo, um estudo encomendado por uma instituição; um trabalho escrito, (por
exemplo, pesquisas efetuadas, por estudantes no âmbito da avaliação de uma
disciplina); um artigo ou um livro, quando as pesquisas se situam no campo da
investigação científica.

Modos de recolha da informação técnicas

Os sociólogos dispõem de um conjunto de técnicas que, selecionadas pelo método,


são utilizadas para recolher e tratar a informação sobre a realidade social e que se
dividem em dois grandes grupos:

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 Técnicas documentais, baseadas na observação de documentos escritos e não
escritos, englobam a pesquisa documental e a análise de conteúdo;
 Técnicas não documentais, que englobam a observação (participante e não
participante).

Técnicas documentais

Pesquisa documental

A pesquisa documental é uma técnica, de base qualitativa, que tem por base a
observação e a análise de documentos já existentes que se relacionem com os
fenómenos sociais em análise. Este tipo de pesquisa pode ser efectuado em
documentos escritos (livros, imprensa, revistas, estatísticas, publicidade, etc.) ou não-
escritos (imagem e som registados no cinema, televisão, rádio, gravações, etc.) e
possibilita a formulação das hipóteses de trabalho e a sua posterior verificação
empírica.

Análise de conteúdo

A análise de conteúdo é uma técnica, de base quantitativa, que permite analisar texto
a partir do agrupamento de significações (contando o número de vezes que certas

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palavras ocorrem num texto, por exemplo). Este tipo de técnica visa captar as
informações explícitas no texto e o contexto em que foram produzidas.

É frequente ser utilizada para analisar as significações das respostas abertas dos
inquéritos por questionário.

Técnicas não documentais

Observação

É uma técnica fundamental da investigação sociológica, pois o contacto directo pode


mostrar características dos indivíduos e dos grupos impossíveis de descobrir quando
se utilizam as outras técnicas de investigação. Desta forma, a compreensão dos
comportamentos e das práticas sociais só é possível a partir da sua observação
minuciosa e sistemática.

Existem diferentes formas de observação, que dependem da integração ou não


integração do investigador no grupo em análise:

 Observação participante;
 Observação não participante.

Observação participante

Na observação participante, o investigador envolve-se diretamente com o grupo social


que estuda, participando na sua vida coletiva, o que lhe permite observar e registar
com rigor e precisão os comportamentos e os fenómenos que ocorrem na vida do
grupo. Contudo, com este envolvimento, o investigador arrisca-se a cair na
participação inobservante com uma interiorização total dos interesses e ideias do
grupo a estudar e a cair numa observação distante e fria que lhe impeça uma visão
profunda do grupo social a estudar.

Observação não participante

Na observação não participante, o investigador, embora observando o grupo em


análise de forma directa, mantém uma posição de exterioridade relativamente a ele.

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Deste tipo de observação fazem parte as técnicas de inquérito, das quais se
destacam:

Inquérito por entrevista

A entrevista é uma técnica de inquérito cuja recolha de informações utiliza sempre a


comunicação verbal, pondo face a face o investigador com o entrevistado. Este tipo de
inquérito pode assumir diversas formas, das quais se destacam as:

 Não diretivas (entrevista clínica e entrevista em profundidade) – a entrevista


não directiva é uma entrevista informal, na qual o entrevistador intervém o
mínimo possível, incentivando o entrevistado a exprimir-se livremente com
vista a que este organize o seu próprio discurso de forma livre. Este tipo de
entrevista pode ser de grande riqueza informativa e atingir um elevado grau de
profundidade.
 Semidiretivas (entrevista centrada) – a entrevista semidiretiva encontra-se num
estádio intermédio entre a entrevista não directiva e directiva. Neste tipo de
entrevista, o entrevistador dispõe de uma série de perguntas abertas ou de
tópicos a partir dos quais recolhe as informações junto do(s) entrevistado(s),
embora estes (perguntas e tópicos) sejam abordados de uma forma aleatória,
consoante o decorrer da conversa e não de uma forma previamente definida.
 Diretivas – a entrevista directiva é uma entrevista inteiramente formalizada, na
qual o entrevistador utiliza um guião com perguntas pré-determinadas de
acordo com uma ordem e lógicas precisas. Essas perguntas podem assumir a
forma de um questionário, com perguntas abertas e fechadas, que será
preenchido pelo entrevistador. Com este tipo de entrevista, os resultados
apresentam um elevado grau de padronização, sendo por isso mais fáceis de
tratar e de quantificar.

Vantagens e desvantagens da utilização de entrevistas

Vantagens

As entrevistas apresentam como grande vantagem o facto de permitirem um elevado


grau de profundidade dos elementos de análise recolhidos porque o entrevistador, ao
tentar respeitar a linguagem e os quadros de referência dos entrevistados, consegue
compreender melhor o sentido que eles dão às suas práticas sociais e às situações
com que se vêem confrontados.

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Para além disso, as entrevistas permitem também uma grande flexibilidade, na medida
em que o contacto directo permite que o entrevistador, no decorrer da entrevista, vá
alterando e explicando melhor as perguntas de acordo com os objetivos que pretende
atingir e, por sua vez, o entrevistado vá respondendo de uma forma mais clara às
mesmas.

Deste modo, as informações recolhidas devem ser analisadas qualitativamente,


recorrendo a técnicas apropriadas, de preferência à análise de conteúdo.

Desvantagens

A conselháveis nos estudos intensivos, permitem obter informações em profundidade,


mas não em extensão, pois é difícil efetuar um elevado número de entrevistas, o que
torna difícil proceder a generalizações. Entrevistador e entrevistado estabelecem um
contacto direto, o que poderá dar origem a que as respostas dos entrevistados sejam
condicionadas por esta situação.

Inquérito por questionário

O questionário é uma técnica de inquérito, cuja recolha de informação se baseia na


aplicação de um conjunto de perguntas estruturadas, de acordo com uma forma e uma
ordem previamente programas, a um determinado nº de indivíduos. Ao contrário da
entrevista, pode excluir a comunicação oral: nalguns casos, é preenchido pelos
próprios inquiridos – administração directa –, noutros, é o entrevistador que formula e
regista as respostas dos inquiridos – administração indireta. Neste tipo de técnica, as
perguntas podem ser de:

 Questões fechadas, cujas respostas estão previamente tipificadas pelo


inquiridor, tendo o inquirido de optar por uma delas. A informação que
fornecem não é tão vasta, mas são mais fáceis de tratar estatisticamente.
 Questões abertas, nas quais o inquirido se pode exprimir livremente utilizando
as suas próprias palavas. A informação que fornecem é mais rica, mas o seu
tratamento é bastante é bastante mais difícil, pois, muitas vezes, tem de ser
efectuada uma análise do seu conteúdo e dificilmente são codificadas,
impedindo assim o seu tratamento estatístico. Esta técnica adequa-se aos
estudos extensivos de universos muito grandes pois pode ser aplicado a uma

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amostra representativa do universo em estudo e porque os dados obtidos
podem ser tratados quantitativamente, possibilitando uma generalização para o
universo em estudo.

Tipos de administração dos inquéritos por questionário:

 Nalguns casos, o inquérito por questionário é preenchido pelos próprios


inquiridos, sem a presença do entrevistador administração direta.
 Noutros casos, é o entrevistador que formula e regista as respostas dos
inquiridos administração indireta.

Nos inquéritos por questionário não se pode improvisar. Deste modo, existem várias
fases no processo de realização dos inquéritos por questionário:

 Definição do objectivo do inquérito e das hipóteses de trabalho – após definir o


objeto de estudo e as respetivas hipóteses, o investigador tem de confirmar,
face ao primeiro, que o inquérito por questionário é de facto a técnica mais
adequada para recolher os dados que poderão validar as suas hipóteses.
Justifica-se a escolha do inquérito por questionário em estudos extensivos,
dada a sua capacidade de generalização dos resultados obtidos a partir de um
subconjunto da população. Após o recurso ao quadro teórico da Sociologia,
poderíamos formular uma hipótese explicativa do fenómeno em análise.

 Determinação do universo e construção da amostra – determina-se o universo


– população sobre a qual incide o estudo – e, face à impossibilidade de inquirir
todo o universo, há que se construir uma amostra estratificada e representativa
do universo de acordo com uma das variáveis pré-identificadas. Esta deve ser
escolhida por amostragem aleatória, de modo que todos os elementos do
universo tenham a mesma probabilidade de serem incluídos.
Para além da representatividade da amostra, na sua contrução, o investigador
também deverá:
- escolher o seu método de seleção;
- determinar o seu tamanho.

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Os métodods de selação da amostra são vários, podendo, no entanto, ser
agrupados em dois tipos: métodos de amostragem causal (probabilísticos) e
métodos de amostragem não causal (não probabilísticos).

 Redação do questionário – os objetivos do inquérito deverão ser traduzidos em


linguagem, isto é, em questões, sendo necessário refletir sobre as questões a
incluir, nomeadamente quanto:
À sua forma e ao seu conteúdo;
À sua ordem e sucessão.

A forma e o conteúdo das questões


Forma das questões
- A linguagem deverá ser acessível à população que se vai inquirir (ter em
conta as caraterísticas socioculturais do universo do estudo).
- Utilização de diversos tipos de perguntas consoante as informações que
pretendemos obter: questões fechadas, aberta e semiabertas.

Questões fechadas: por exemplo, para saber as caraterísticas da população


em estudo.
Questões abertas: quando se pretende obter informações sobre a opinião do
inquirido sobre determinado assunto.

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Questões semSemiabertas: combinação das questões abertas e fechadas.

Conteúdo das questões:


As perguntas também devem estar formuladas de modo que o seu conteúdo
desperte interesse nos inquiridos. Para verificar se as perguntas estão
compreensíveis, realiza se, muitas vezes, um pré-teste.

Ordem e sucessão das questões


As perguntas devem ser ordenadas de acordo com critérios previamente
estabelecidos.
Um desses critérios poderá ser:
‒ Partir do mais simples para o mais complexo, iniciando se o questionário com
questões diretas e fáceis, por exemplo, as de identificação dos inquiridos;
‒ As perguntas de caráter mais pessoal, mais difíceis ou mais delicadas
poderão ser intercaladas com outras de compreensão mais fácil ou, então,
deixadas para o fim do questionário.

 Formação dos inquiridores e realização material do inquérito – quando é


efectuada por via indirecta, a aplicação do inquérito por questionário exige a

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constituição de uma equipa de entrevistadores. Assim, é nesta fase que se dá
formação aos elementos da equipa através da organização de sessões de
preparação com vista a que os mesmos comuniquem claramente com os
inquiridos, informando-os sobre os objetivos do estudo e formulem
corretamente as diferentes perguntas que o compõem. Uma vez constituída e
preparada a equipa de entrevistadores, passa-se à realização material do
inquérito.

 Codificação dos questionários – o investigador trata a informação manualmente


ou recorrendo a meios informáticos. Caso recorra a meios informáticos é
essencial que o investigador codifique as respostas às perguntas do
questionário, criando categorias de resposta identificadas por um número.
Após a codificação, poderá registar-se no computador o conjunto de todas as
respostas, distribuindo-as pelas categorias definidas.
As questões fechadas são codificadas facilmente, pois estão tipificadas nos
questionários.
As questões abertas e semiabertas são mais difíceis de codificar, pois são de
resposta livre.
 Tratamento das informações recolhidas – os dados são tratados tendo em vista
a comprovação das hipóteses que se estabeleceram de forma manual ou
utilizando meios informáticos. Por um lado, utilizando-se meios informáticos, os
dados são introduzidos no computador, podendo ser tratados estatisticamente
através de programas que normalmente estão instalados nos computadores
pessoais ou de programas específicos. Por outro, se os dados forem tratados
manualmente, o investigador tem de construir tabelas com o número de
inquiridos dentro dos subgrupos que responderam de forma idêntica às
perguntas que referem às variáveis.

 Validação da amostra e análise dos resultados – o investigador analisa os


dados obtidos, verificando se os resultados obtidos comprovam as hipóteses
formuladas. Caso não se confirmem as hipóteses formuladas, o estudo poderá
permitir colocar novas hipóteses e novos problemas não previstos pelo
investigador.

 Redação do relatório – redige-se uma comunicação escrita onde são


apresentados os objetivos, as hipóteses, a metodologia utilizada (construção

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da amostra, tipo de perguntas utilizadas, métodos utilizados na recolha de
dados e no tratamento da informação), os resultados obtidos e as conclusões
do inquérito por questionário.

Universo: conjunto total de sujeitos que partilham características comuns.

População: conjunto total de sujeitos da mesma área que partilham características


comuns.

Amostra: subgrupo da população em estudo que deverá ser uma cópia fiel do
universo, em termos de características e composição. Se tal não acontecer, não se
poderão generalizar as conclusões ao universo em estudo.

Método de amostragem casual (probabilística)

O método de amostragem probabilística reúne as técnicas de amostragem em que a


seleção é aleatória de tal forma que cada elemento tem igual probabilidade de ser
sorteado para a amostra, e é selecionado independentemente de qualquer outro.
Assim conhece-se a probabilidade de todas as combinações amostrais possíveis.
Trata-se da melhor recomendação que se deve fazer no sentido de se garantir a
representatividade da amostra, pois o acaso será o único responsável por eventuais
discrepâncias entre população e amostra, uma vez que permite Inferência estatística.
Esta pode, ainda, ser classificada em estratificada, por conglomerados, aleatória
simples e aleatória sistemática.

→ Estratificada

A amostragem estratificada consiste em especificar quantos elementos da amostra


serão retirados em cada estrato. É costume considerar três tipos de amostragem
estratificada: uniforme, proporcional e ótima. Na amostragem estratificada uniforme,
sorteia-se igual número de elementos em cada estrato. Na proporcional, o número de
elementos sorteados em cada estrato é proporcional ao número de elementos

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existentes no estrato. Evidentemente, a amostragem estratificada uniforme será, em
geral, recomendável se os estratos da população forem pelo menos aproximadamente
do mesmo tamanho; caso contrário, será em geral preferível a estratificação
proporcional, por fornecer uma amostra mais representativa da população. A
amostragem estratificada ótima, por sua vez, toma, em cada estrato, um número de
elementos proporcional ao número de elementos do estrato e também à variação da
variável de interesse no estrato, medida pelo seu desvio padrão. Pretende-se assim
otimizar a obtenção de informações sobre a população, com base no princípio de que,
onde a variação é menor, menos elementos são necessários para bem caracterizar o
comportamento da variável. Detsa forma, com um menor número total de elementos
na amostra, conseguir-se-ia uma quantidade de informação equivalente à obtida nos
demais casos. As principais dificuldades para a utilização detse tipo de amostragem
residem nas complicações teóricas relacionadas com a análise dos dados e em que,
muitas vezes, não podemos avaliar de antemão o desvio-padrão da variável nos
diversos estratos. Constituem exemplos em que uma amostragem estratificada parece
ser recomendável a estratificação de uma cidade em bairros, quando se deseja
investigar alguma variável relacionada à renda familiar; a estratificação de uma
população humana em homens e mulheres, ou por faixas etárias; a estratificação de
uma população de estudantes conforme as suas especializações, entre outros.

→ Por conglomerados

Quando a população apresenta uma subdivisão em pequenos grupos, chamados


conglomerados, é possível - e muitas vezes conveniente - fazer-se a amostragem por
meio desses conglomerados, a qual consiste em sortear um número suficiente de
conglomerados, cujos elementos constituirão a amostra. Ou seja, as unidades de
amostragem, sobre as quais é feito o sorteio, passam a ser os conglomerados e não
mais os elementos individuais da população. Esse tipo de amostragem é às vezes
adotado por motivos de ordem prática e económica.

→ Aleatória simples

Etse tipo de amostragem é equivalente a um sorteio lotérico. Nela, todos os elementos


da população têm igual probabilidade de pertencer à amostra, e todas as possíveis

Um instrumento útil para realizar o sorteio acima descrito é a tabela de números ao


acaso. Tal tabela é simplesmente constituída por inúmeros dígitos que foram obtidos
por algum processo equivalente a um sorteio.

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→ aleatória sistemática

Quando os elementos da população se apresentam ordenados e a retirada dos


elementos da amostra é feita periodicamente, temos uma amostragem sistemática.

Assim, por exemplo, numa linha de produção, podemos, a cada dez itens produzidos,
retirar um para pertencer a uma amostra da produção diária.

A principal vantagem da amostragem sistemática está na grande facilidade na


determinação dos elementos da amostra. O perigo em adotá-la está na possibilidade
da existência de ciclos de variação da variável de interesse, especialmente se o
período desses ciclos coincidir com o período de retirada dos elementos da amostra.
Por outro lado, se a ordem dos elementos na população não tiver qualquer
relacionamento com a variável de interesse, então a amostragem sistemática terá
efeitos equivalentes à causal simples, podendo ser utilizada sem restrições.

Método de amostragem não-casual (não probabilística)

As amostragens não probabilísticas servem para sondagens sem propósitos


inferenciais, nestes casos, os processos que envolvem comparações estatísticas que
usem cálculos científicos não são válidos, uma vez que permitem uma generalização
analítica. Os processos de amostragem não probabilísticos podem ser de voluntários,
por bola de neve, por quotas, por escolha racional ou acidental.

→ De voluntários

Quando os próprios componentes da população se voluntariam para participar numa


pesquisa.

→ Por bola de neve

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Escolhem-se voluntários e estes indicam "conhecidos" com o mesmo perfil para
responder a entrevistas ou a questionários e assim sucessivamente. Formam-se redes
de referência.

→ Por quotas

Consiste em procurar repetir a proporção de elementos de cada estrato da população,


na amostragem por quotas os elementos da amostra não são selecionados através de
sorteio.

→ Por escolha racional

Quando o pesquisador procura na população uma parte dela que interessa, ou seja,
os participantes são escolhidos por terem uma ou mais características específicas.

→ Acidental

Trata-se de uma amostra formada por aqueles elementos que vão aparecendo, que
são possíveis de se obter até completar o número de elementos da amostra.
Geralmente utilizada em pesquisas de opinião, em que os entrevistados são
acidentalmente escolhidos.

Novos campos de investigação

Complexificação da vida social fez surgir novos campos da investigação sociológica.

Aparecimento de Sociologias Especializadas em diferentes áreas da vida social.

‒ Não correspondem a verdadeiras divisões da Sociologia.

‒ Os saberes produzidos integram se na matriz disciplinar comum da Sociologia.

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