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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

FUNDAMENTOS DE MATEMÁTICA
ELEMENTAR

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

2 FUNÇÃO ................................................................................................................. 5

2.1 Funções injetoras .................................................................................................. 7

2.2 Funções sobrejetoras ........................................................................................... 7

2.3 Funções bijetoras .................................................................................................. 8

2.4 Reconhecimento através de gráfico ...................................................................... 9

3 DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DA RETA ........................................................ 10

3.1 Função afim ........................................................................................................ 11

3.2 Como determinar o valor de uma função afim? .................................................. 11

3.3 Gráfico de uma função afim ................................................................................ 12

3.4 Construção do gráfico ......................................................................................... 13

3.5 Coeficientes angular e linear de uma reta........................................................... 14

3.6 Função crescente e função decrescente ............................................................ 15

4 FUNÇÕES LINEARES .......................................................................................... 16

4.1 Função identidade .............................................................................................. 18

5 FUNÇÕES QUADRÁTICAS .................................................................................. 19

5.1 Raízes da função quadrática .............................................................................. 19

5.2 Resolução de equações de segundo grau .......................................................... 20

5.3 Representação gráfica ........................................................................................ 21

5.4 Vértice da parábola ............................................................................................. 24

5.5 Forma canônica .................................................................................................. 25

6 FUNÇÃO EXPONENCIAL..................................................................................... 26

6.1 Propriedades de uma função exponencial .......................................................... 27

6.2 Gráficos de funções exponenciais ...................................................................... 28


1
6.3 Modelos com funções exponenciais ................................................................... 30

6.4 Situações aplicadas envolvendo crescimento e decrescimento exponencial ..... 32

6.5 Crescimento exponencial .................................................................................... 32

6.6 Decrescimento exponencial ................................................................................ 34

7 FUNÇÃO LOGARÍTMICA ..................................................................................... 35

7.1 Gráfico da função logarítmica ............................................................................. 39

7.2 Relação entre função exponencial e função logarítmica ..................................... 40

8 TRIGONOMETRIA ................................................................................................ 42

8.1 Razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo ......... 42

9 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E SUAS RELAÇÕES NO CÍRCULO

UNITÁRIO..................................................................................................................45

9.1 Funções seno e cosseno .................................................................................... 45

9.2 Função tangente ................................................................................................. 49

9.3 Função secante .................................................................................................. 50

9.4 Função cossecante ............................................................................................. 51

9.5 Função cotangente ............................................................................................. 51

10 CONJUNTOS NUMÉRICOS ................................................................................. 52

10. Notação ............................................................................................................... 53

10.2 Subconjuntos ..................................................................................................... 54

10.3 Conjuntos numéricos especiais ..................................................... ...................54

10.4 Conjuntos numéricos e suas operações ........................................... .................55

11 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS....................................................... 61

11.1O que são números imaginários e números complexos? ................................... 61

11.2Forma algébrica dos números complexos .......................................................... 64

11.3 Forma trigonométrica dos números complexos ................................................. 65

2
11.4 Operações sobre números complexos .............................................................. 67

11.4.1 Adição e subtração ......................................................................................... 67

11.4.2 Multiplicação ................................................................................................... 68

11.4.3 Divisão......... ................................................................................................... 69

12 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E O ENSINO DA MATEMÁTICA .......................... 70

12.1 A educação matemática em seu contexto interdisciplinar ................................. 72

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

4
2 FUNÇÃO

O estudo da matemática é fundamental para a vida diária, escolar/acadêmica


e profissional. Dos conhecimentos matemáticos mais básicos até os mais profundos,
conceitos, terminologias, usos e aplicações podem ser diferenciais decisivos em
ambientes cada vez mais competitivos. As funções estão presentes em diversas
situações do cotidiano e podem ser utilizadas para resolver problemas em diferentes
âmbitos. A palavra função é utilizada para designar a ação de exercer uma influência,
ou seja, quando certa grandeza ou característica depende de outra. (SILVA, 2018).
Outro aspecto interessante é que as funções podem ser percebidas em
situações bem-próximas a nós, como na conta de energia elétrica que recebemos
mensalmente para pagar. O valor pago depende da quantidade de kW/h consumida
em um mês. Ou seja, nesse exemplo, há uma relação entre duas variáveis. Podemos,
ainda, pensar na cobrança que os estacionamentos de veículos fazem: em geral,
cobra-se um valor fixo e um variável que dependerá de quanto tempo o veículo
permanecerá no estacionamento.
De acordo com Hoffmann et al. (2018), a palavra função é utilizada para
designar a ação de exercer uma influência, ou seja, certa grandeza ou característica
depende de outra. Sendo assim, função pode ser definida como “uma regra que
associa a cada objeto de um conjunto A e apenas um objeto de um conjunto B. O
conjunto A é chamado de domínio da função, e o conjunto B é chamado de
contradomínio” (HOFFMANN et al., 2018, p. 2).

Fonte: https://www.superprof.com.br/
5
Basicamente, a função é uma relação entre dois elementos. Sejam dois
conjuntos, por exemplo, A e B; uma função é a relação que cada elemento de A
associa a um único elemento de B, indicadas por:

f: A → B

Hoffmann et al. (2018) destacam que, às vezes, é conveniente representar uma


relação funcional como uma equação do tipo y = f(x). Nesse contexto, x e y são
chamados de variáveis (HOFFMANN et al., 2018, p. 2).
Em particular, como o valor numérico de y é determinado pelo valor de x, y é
chamado de variável dependente, e x de variável independente. Não havendo
condições adicionais, supomos que o domínio de uma função f é o conjunto de todos
os números x para os quais f(x) existe. Além disso, para determinar o domínio de uma
função, é necessário excluir, por exemplo, os números x que resultam em uma divisão
por zero ou uma raiz quadrada de um número negativo.
Portanto, função determina uma relação entre os elementos de dois conjuntos.
Podemos defini-la utilizando uma lei de formação, em que, para cada valor de x, temos
um valor de f(x). Chamamos x de domínio e f(x) ou y de imagem da função.

Assim sendo, cada elemento do conjunto x é levado a um único elemento do


conjunto y. Essa ocorrência é determinada por uma lei de formação. A partir dessa
definição, é possível constatar que x é a variável independente e que y é a variável
dependente. Isso porque, em toda função, para encontrar o valor de y, devemos ter
inicialmente o valor de x.
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2.1 Funções injetoras

Denominamos que, a função injetora transforma diferentes elementos do


domínio (conjunto A) em diferentes conjuntos da imagem (elementos do conjunto B),
ou seja, não existe elemento da imagem que possui correspondência com mais
de um elemento do domínio. (OLIVEIRA, 2021).
Exemplos:
A função f de A = {0, 1, 2, 3} em B = {1, 3, 5, 7, 9} definida pela lei f(x) = 2x + 1
é injetora, pois dois elementos distintos de A têm como imagem dois elementos
distintos de B. Observemos que não existem duas ou mais flechas convergindo para
um mesmo elemento de B.

Fonte: MURAKAMI, 2013

para x = 0 no elemento A, tem-se f(x) = 2x + 1 = 2.0 +1 = 1 no elemento B;


para x = 1 no elemento A, tem-se f(x) = 2x + 1 = 2.1 +1 = 3 no elemento B; e
assim por diante.

2.2 Funções sobrejetoras

Uma função é sobrejetora se, e somente se, o seu conjunto imagem for
especificadamente igual ao contradomínio, Im = B. Ou seja, uma função f de A em B
é sobrejetora se, e somente se, para todo y pertencente a B existe um elemento x
pertencente a A tal que: f(x) = y (MURAKAMI, 2013).
Exemplos:
A função f de A = {1, 0, 1, 2} em B = {0, 1, 4} definida pela lei f(x) = x² é
sobrejetora, pois, para todo elemento y ∈ B, existe o elemento x ∈ A tal que y = x².
Observemos que para todo elemento de B converge pelo menos uma flecha.

7
Fonte: MURAKAMI, 2013

para x = 0 no elemento A, tem-se f(x) = x² = 0² = 0;


para x = -1 no elemento A, tem-se f(x) = x² = -1² = 1;
para x = 1 no elemento A, tem-se f(x) = x² = 1² = 1; e assim por diante.

2.3 Funções bijetoras

Uma função f de A em B é bijetora se, e somente se, f é sobrejetora e injetora.


(MURAKAMI, 2013).
Em símbolos:
f: A → B
f é bijetora ⇔ f é sobrejetora e injetora

Exemplos:
A função f de A = {0, 1, 2, 3} em B = {1, 2, 3, 4} definida por f(x) = x + 1 é bijetora

Fonte: MURAKAMI, 2013

... pois f é sobrejetora e injetora, isto é, para todo elemento y ∈ B, existe um único
elemento x ∈ A, tal que y = x + 1. Observemos que para cada elemento de B converge
uma só flecha.

8
2.4 Reconhecimento através de gráfico

Pela representação cartesiana de uma função f, podemos verificar se f é


injetora, sobrejetora ou bijetora. Para isso, basta analisarmos o número de pontos de
interseção das retas paralelas ao eixo x, conduzidas por cada ponto (0, y) em que
y ∈ B (contradomínio de f). (MURAKAMI, 2013).
1º). Se cada uma dessas retas cortar o gráfico em um só ponto ou não cortar o
gráfico, então a função é injetora. (MURAKAMI, 2013).
Exemplos:

Fonte: MURAKAMI, 2013

2º). Se cada uma das retas cortar o gráfico em um ou mais pontos, então a
função é sobrejetora. (MURAKAMI, 2013).
Exemplos:

Fonte: MURAKAMI, 2013

3º). Se cada uma dessas retas cortar o gráfico em um só ponto, então a função
é bijetora. (MURAKAMI, 2013).

9
Exemplos:

Fonte: MURAKAMI, 2013

Resumo
Dada a função f de A em B, consideram-se as retas horizontais por (0, y) com
y ∈ B:
I) se nenhuma reta corta o gráfico mais de uma vez, então f é injetora.
II) se toda reta corta o gráfico, então f é sobrejetora.
III)se toda reta corta o gráfico em um só ponto, então f é bijetora.

3 DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DA RETA

Um dos estudos mais relevantes na área da matemática é o das funções. Em


diversas situações, sempre há uma definição que correlaciona grandezas,
determinando uma regra que associe uma variável a outra.
Ao quantificar o custo de determinado produto, calcular o espaço em função do
tempo (estabelecendo o conceito de velocidade) ou estabelecer uma relação entre
escalas termométricas, estamos criando uma função. São inúmeras as formas de se
correlacionar variáveis e, diretamente, especificar uma função. (PAES, 2018).
Muitas vezes, a forma mais interessante de representar uma função é
graficamente. Interpretações de dados, por exemplo, podem ser facilitadas por meio
de um gráfico. Nesta seção, você vai estudar o conceito de função afim, a reta que,
graficamente, é característica dessa função, bem como seus coeficientes angular e
linear.

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3.1 Função afim

Entre as funções polinomiais que existem, a função polinomial de 1º grau,


também denotada como função afim, é uma das mais conhecidas. Uma função
polinomial é do tipo:

Onde:
n = número inteiro positivo ou nulo, determina o grau do polinômio
x = variável

A função afim é a função polinomial de grau 1. Sua lei de formação é:


y = f(x) = ax + b

Onde a e b são coeficientes, x é a variável (domínio), e y é a imagem. O


conjunto do domínio e contradomínio é o conjunto dos números reais R. (PAES, 2018).
Há dois casos particulares no caso da função afim, que são conhecidos como:
 função constante, quando a função é do tipo f(x) = b;
 função linear, quando a função é do tipo f(x) = ax.

3.2 Como determinar o valor de uma função afim?

Dada uma função f = R → R, de 1° grau f(x) = ax + b, para calcular o valor de


uma função afim para determinado x, por exemplo x = x0 , basta aplicar a função:
f(x0) = ax0 + b.

Exemplo:

Dada uma função f(x) = 2x + 1, calcule f(2).


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f(x) = 2x + 1
f(2) = 2 ∙ 2 + 1
f(2) = 4 + 1
f(2) = 5

Cada ponto correspondente a x → y é chamado de par ordenado. (PAES,


2018). Um conjunto de pares ordenados descreve um gráfico. Veja que, no exemplo
anterior, x = 2 e y = 5 representam um par ordenado (2,5).

3.3 Gráfico de uma função afim

Funções podem ser representadas em forma gráfica. Muitas vezes, é a melhor


maneira de se interpretar uma dada situação. Para entendermos a construção de um
gráfico e a sua interpretação, é necessário utilizar o plano cartesiano. (PAES, 2018).
O plano cartesiano é um sistema de eixos ortogonais. O eixo horizontal é o eixo
das abscissas, onde marcamos os valores de x (comumente chamado eixo de x). O
eixo vertical é o eixo das ordenadas, onde marcamos os valores de y (comumente
chamado eixo dos y). No cruzamento dos eixos, temos a origem, o marco zero.
O plano cartesiano é dividido em quatro quadrantes:
 1° quadrante: x > 0 e y > 0;
 2° quadrante: x < 0 e y >0;
 3° quadrante: x < 0 e y < 0;
 4° quadrante: x > 0 e y < 0

Fonte: BaMic_illustrations/Shutterstock.com.
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3.4 Construção do gráfico

Para melhor entendimento, vamos construir um gráfico: dada uma função


f: A → B, cuja a lei de formação é y = 2x + 1. Sendo y = R → R, escolhendo para
exemplo x = (0,1,2,3), para determinar os pontos (x, y), calculamos y = 2x + 1, para
todos os pontos escolhidos para x. Veja o cálculo no Quadro a seguir:

Fonte: Soluções Educacionais Integradas, SAGAH.

Para gerar o gráfico, basta marcar os pontos utilizando o plano cartesiano.


Cada par ordenado (x, y) representa um ponto. O gráfico é definido por, pelo menos,
dois pontos. Veja, na Figura abaixo, o gráfico que representa a função y = 2x + 1

Fonte: Soluções Educacionais Integradas, SAGAH.

O gráfico de uma função pode ter formas variadas. A curva que descreve a
função está relacionada com o tipo de função. Observe que os pontos obtidos no
exemplo gráfico pertencem a uma mesma reta. Quanto mais pontos calcularmos,
melhor definiremos uma reta. De modo geral, o gráfico de uma função afim é uma
reta. (PAES, 2018).

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O gráfico de qualquer função constante, do tipo y = 1, será uma reta
horizontal. Observe a Figura a seguir:

Fonte: Soluções Educacionais Integradas, SAGAH.

3.5 Coeficientes angular e linear de uma reta

Na função polinomial de 1° grau y = f(x) = ax + b, os coeficientes a e b são


especiais no estudo da reta. Esses coeficientes da função afim, a e b, são chamados
de coeficiente angular e coeficiente linear, respectivamente. Uma vez conhecidos
os coeficientes de uma reta, é possível determinar o gráfico que representa a função.
(PAES, 2018).
 Coeficiente angular: com papel fundamental na equação da reta, o
coeficiente angular expressa a inclinação da reta em relação ao eixo das abscissas
(eixo dos x).
 Coeficiente linear: caracteriza o ponto onde a reta intercepta o eixo das
coordenadas (eixo dos y).
Conhecendo quaisquer dois pontos de uma reta, é possível determinar o
coeficiente angular. Dado um ponto P¹ = (x¹ ,y¹ ) e P² = (x² ,y² ), basta calcular a razão
entre a variação de y e variação de x para encontrar a inclinação (CORREA, 2012). A
variação de x é determinada por x² – x¹, a variação de y é calculada por y² – y¹.
Observe, graficamente, na Figura a seguir:

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Fonte: Adami, Dorneles Filho e Lorandi (2015).

Para determinar o coeficiente angular, basta calcular:

Para encontrar o coeficiente linear, basta calcular o ponto em que x = 0.


Em y = ax + b, quando x = 0, y = b.

3.6 Função crescente e função decrescente

Uma reta pode ser caracterizada como função crescente e decrescente. Uma
função é crescente quando o valor de x aumenta, o valor de y também aumenta
sempre (MATEMÁTICA DIDÁTICA, 2018). Uma função é dita decrescente quando,
aumentando o valor de x, o valor de y diminui.
Conhecendo a equação da reta, podemos identificar se uma reta é crescente
ou decrescente pelo sinal do coeficiente linear, que respeita a seguinte relação:

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4 FUNÇÕES LINEARES

Oliveira (2016) destaca que podemos encontrar números desconhecidos em


cálculos de matemática, física, química, biologia, assim como em problemas do nosso
cotidiano. Quando reunimos informações sobre esse valor para expressá-lo de forma
algébrica, isso resultará em uma equação. As equações lineares — ou do primeiro
grau — são aquelas em que o expoente da incógnita é um.
Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 42) formalizam a função afim da
seguinte forma: “Chama-se de função afim ou função polinomial do 1º grau a toda

função definida por onde as constantes a e b pertencem ao


conjunto dos números reais e a e b devem ser diferentes de zero.”
Ou seja, uma função do 1° grau ou função afim é definida pela lei de formação
f(x) = a.x + b, na qual a e b são reais e a ≠ 0. Mas entre a vasta gama de funções do
1° grau, existe um tipo particular de grande importância: a função linear.
A função linear é aquela em que temos b = 0, isto é, sua lei de formação é do
tipo f(x) = a.x, com a real e diferente de zero. Observe que toda função que não possui
valor para o coeficiente b é classificada como função linear e, por consequência, é
também uma função afim. Vejamos alguns exemplos de função linear e seus
respectivos gráficos

Exemplo 1: f(x) = 2x, onde f = y.


Se x for igual a 1:
f(x) = 2x
f(x) = 2. 1
f(x) = 2

Se x for igual a 2:
f(x) = 2x
f(x) = 2. 2
f(x) = 4

Ou seja, se x for igual a 1, y será igual a 2 ... se x for igual a 2, y será igual a 4
e assim por diante.

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Essa é uma função linear que pode ser classificada como crescente, uma vez
que a = 2 > 0. (GONÇALVES, 2021).
Podemos visualizar seu gráfico na imagem a seguir:

Gráfico da função f(x) = 2x


Fonte: https://brasilescola.uol.com.br

Exemplo 2: f(x) = – 2x
Se x for igual a 1:
f(x) = – 2x
f(x) = – 2. 1
f(x) = – 2

Se x for igual a 2:
f(x) = – 2x
f(x) = – 2. 2
f(x) = – 4

Ou seja, se x for igual a 1, y será igual a -2 ... se x for igual a 2, y será igual a
-4 e assim por diante.

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Essa também é uma função linear, pois seus coeficientes são a = – 2 e b = 0.
Podemos ainda dizer que essa função é decrescente, uma vez que a < 0.
(GONÇALVES, 2021).

Gráfico da função linear f(x) = – 2x


Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/

4.1 Função identidade

Entre as funções lineares, temos a função identidade. Uma aplicação f de R em


R recebe o nome de função identidade quando a cada elemento x ∈ R associa o
próprio x, isto é: f(x) = x

Fonte: MURAKAMI, 2013


18
Desta forma, todos os pares ordenados que pertencem à função identidade são
do tipo (a; a) e o gráfico que a representa contém as bissetrizes do 1º e 3º quadrantes.
A imagem da função identidade é Im = R.

5 FUNÇÕES QUADRÁTICAS

Equações em que o expoente de maior grau é 2 são chamadas de equações


do segundo grau — ou funções quadráticas. Nem sempre é possível resolver esse
tipo de equação isolando a incógnita. É importante mencionar que se chama de raiz
de uma equação o valor para o qual a equação se anula. No caso da equação do
segundo grau, ela terá de zero até duas raízes reais e pode ser escrita, de forma geral,
como y = ax² + bx + c, em que a, b e c são números reais e a ≠ 0 (OLIVEIRA, 2016).

5.1 Raízes da função quadrática

Vimos que a equação do segundo grau terá de zero até duas raízes reais e
pode ser escrita, de forma geral, como y = ax² + bx + c. Assim, para resolvê-la,
utilizamos a conhecida fórmula de Bhaskara, que nos permite encontrar as raízes da
função quadrática. Para isso, vamos relembrá-la:

Para resolver essa fórmula, olhamos para a forma geral da função quadrática
e buscamos seus elementos: a, b e c.
Friedrich e Manzini (2010) lembram que a expressão b² – 4ac é conhecida
como discriminante e pode ser representada pela letra grega ∆. Portanto, podemos
reescrever a fórmula de Bhaskara como:

Nesse contexto, Friedrich e Manzini (2010, p. 65) definem a função quadrática


da seguinte forma: “A função f: R → R, definida por f(x) = ax² + bx + c, com a, b e c

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reais e a diferente de zero, é chamada de função quadrática ou função do segundo
grau”

5.2 Resolução de equações de segundo grau

Ao resolver uma equação, estamos buscando suas raízes. Dessa forma, a


função genérica f(x) = ax² + bx + c deve ser igualada a zero, de modo que se
obtenham as suas raízes, ficando da seguinte forma: ax² + bx + c = 0 (FERREIRA,
2018).
Existem diversos métodos para resolução das equações, de qualquer ordem.
Para as equações de segundo grau, abordaremos a fatoração pelo método da
fatoração e pela fórmula de Bhaskara (ou fórmula quadrática).

Exemplos:
1. Dada a equação -x² -4x +5 = 0, podemos afirmar que o conjunto de soluções dessa
equação é...
Para calcular o valor de delta, temos que:
a = - 1 b = -4 e c = 5
Δ = (-4)² -4·(-1)·5
Δ = 16 + 4 ·5
Δ = 16 + 20
Δ = 36

Agora utilizando a fórmula de Bhaskara, temos que:

Ou seja, o conjunto solução da equação é x’ = -5 e x” = 1


20
2. Determinar o conjunto solução da fórmula f (x) = x2 + 6x + 8, em que e a = 1, b = 6
e c =8.
Para calcular o valor de delta, temos que:

Δ = (6)² -4·(1)·8
Δ = 36 - 4 ·8
Δ = 36 - 32
Δ=4

Logo,
x = - b ± √ Δ / 2.a

Assim, x’ = –3 + 1 resultando em x’ = –2; e x’’ = –3 –1 resultando em x’’ = –4.

5.3 Representação gráfica

Na fórmula de Bhaskara, a expressão sob a raiz quadrada, (b2 – 4ac), é


chamada de delta, ou representada pela letra grega ∆.
Os gráficos de uma função do segundo grau são sempre uma parábola. Vamos
entender o que caracteriza a parábola com concavidade voltada para cima ou para
baixo. Oliveira (2016) mostra esses casos com exemplos gráficos, como você pode
ver a seguir.

Exemplos:

O coeficiente a diz se a concavidade da parábola está voltada para cima ou


para baixo. Lembre-se de que a lei de formação de uma função quadrática é dada por
y = ax² + bx + c.

21
1. Para entender vamos aplicar y: x² + x – 2, sendo a= 1; b = 1 e; c = -2

Δ = b² – 4ac
Δ = (1)² -4·1·(-2)
Δ=1+8
Δ=9

Logo,
x = - b ± √ Δ / 2.a
x = -1 ± √9 / 2
x = -1 ±3 / 2
x’ = -1 +3 / 2 x” = -1 – 3 / 2
x’ = 2 / 2 x” = - 4 / 2
x’ = 1 x” = -2

O coeficiente a = 1 da fórmula apresentada é positivo, portanto a parábola será


voltada para cima. O coeficiente c indica a ordenada do ponto em que o gráfico corta
o eixo y, ou seja, em (0, c (que no caso é -2)). (SILVA, 2018).
Os pontos em que as funções cortam o eixo x são as raízes ou os zeros da
função. Para encontrá-los, basta resolver a equação do segundo grau f(x) = 0.
(x’ = 1; x” = -2).

Fonte: Fonte: Oliveira (2016, p. 66–67).

22
2. Para entender vamos aplicar y: - x² - x + 2, sendo a= -1; b = -1 e; c = 2

Δ = b² – 4ac
Δ = (-1)² -4·(-1)·2
Δ=1+8
Δ=9

Logo,
x = - b ± √ Δ / 2.a
x = - (-1) ± √9 / -2
x = 1 ±3 / -2
x’ = 1 +3 / -2 x” = 1 – 3 / -2
x’ = 4 / -2 x” = - 2 / -2
x’ = -2 x” = 1

O coeficiente a = - 1 da fórmula apresentada é negativo, portanto a parábola


será voltada para baixo. O coeficiente c indica a ordenada do ponto em que o gráfico
corta o eixo y, ou seja, em (0, c (que no caso é 2)). (SILVA, 2018).
Os pontos em que as funções cortam o eixo x são as raízes ou os zeros da
função. Para encontrá-los, basta resolver a equação do segundo grau f(x) = 0.
(x’ = -2; x” = 1).

Fonte: Fonte: Oliveira (2016, p. 66–67).

23
5.4 Vértice da parábola

Uma parábola tem infinitos pontos; um deles é o vértice v (xv , yv ). O vértice


se encontra no ponto médio das raízes da equação do segundo grau e pode ser obtido

pela seguinte fórmula . Para encontrar o yv, basta substituir o valor do x

encontrado na função ou fazer (FRIEDRICH; MANZINI, 2010). Observe no


exemplo o significado do vértice da parábola.
Exemplo:
Se a > 0, o vértice é o ponto que tem o menor valor de y entre todos os pontos
da curva. Por isso, é chamado também de ponto de mínimo absoluto da função.
Assim, o ponto mínimo da função y = x² – 4x + 3 é o ponto (2, –1), como mostra a
Figura a seguir:

Vértice da parábola (com a > 0).


Fonte: SILVA, 2018

O vértice também pode ser o ponto que tem o maior valor de y entre todos os
pontos da curva. Por isso, é chamado também de ponto de máximo absoluto da
função, como mostra a figura abaixo:

24
Vértice da parábola (com a < 0).
Fonte: Friedrich e Manzini (2010, p. 69).

5.5 Forma canônica

A construção do gráfico da função quadrática y = ax² + bx + c com o auxílio de


uma tabela de valores x e y, como foi feito no item anterior, torna-se às vezes um
trabalho impreciso, pois na tabela atribuímos a x alguns valores inteiros e pode
acontecer que em determinada função quadrática os valores de abscissa (valores de
x), em que a parábola intercepta o eixo dos x ou a abscissa do ponto da parábola de
maior ou menor ordenada, não são inteiros. (MURAKAMI, 2013).
Para iniciarmos um estudo analítico mais detalhado da função quadrática,
vamos primeiramente transformá-la em outra forma mais conveniente, chamada
forma canônica.

Representando b² - 4ac por Δ, também chamado discriminante do trinômio do segundo


grau, temos a forma canônica.

25
6 FUNÇÃO EXPONENCIAL

Funções exponenciais são aquelas que trazem a variável independente, por


exemplo x, como um expoente. (STEFANI, 2018). Tendo como domínio o conjunto
dos números reais, uma função exponencial genérica pode ser descrita por:

f(x) = a˟

em que a > 0, a ≠ 1 e a ∈ R. Foi excluído o caso em que a = 1 uma vez que,


nessa hipótese, seja qual for o expoente, a função será sempre constante, com f(x) =
1, ∀x. Você pode conferir alguns exemplos numéricos de funções exponenciais a
seguir:

Em uma função exponencial,

f(x) = 8˟

a variável independente x indica quantas vezes o número 8 irá se repetir em


uma multiplicação. Por exemplo, supondo x = 3 para esta mesma função, teremos:

f(3) = 8ᶟ = 8 × 8 × 8
f(3) = 512

De maneira mais genérica, a expressão an indica que o número a será


multiplicado por ele mesmo n vezes:

an = a × a × ... × a com n fatores

Para obter o valor da função em um valor de x específico, basta colocar o


referido valor no lugar da variável independente. Por exemplo, seja a função:

f(x) = 8˟

26
Se x = 1 → f(x) = f(1) = 8¹ ; logo, para x = 1 → f(1) = 8 ou y = 8.
Se x = 5 → f(x)= f(5) = 85 ; logo, para x = 5 → f(5) = 32.768 ou y = 32.768.
E assim por diante.

Além disso, vamos ver, a seguir, algumas propriedades das funções


exponenciais.

6.1 Propriedades de uma função exponencial

Considerando os números a e b positivos e x e n ∈ R (STEFANI, 2018):

– Multiplicação de potências de mesma base:


Exemplo:

– Divisão de potências de mesma base:


Exemplo:

– Multiplicação elevada a um expoente:


Exemplo:

– Divisão elevada a um expoente:


Exemplo:

27
– Potência de potência:
Exemplo:

– Expoentes negativos:
Exemplo:

– Raízes:
Exemplo:

Inúmeros processos ou acontecimentos do nosso dia a dia podem obedecer a


padrões com características exponenciais. É muito importante conhecer e aplicar esse
tipo de função para resolver problemas aplicando esses modelos. (STEFANI, 2018).

6.2 Gráficos de funções exponenciais

Para traçar o gráfico de funções exponenciais, como ocorre em qualquer outro


tipo de função, basta atribuir valores para a variável independente. Ao substituir o valor
pretendido na função, você poderá calcular o valor correspondente da função, naquele
ponto. (STEFANI, 2018).
Outra característica importante das funções exponenciais é o crescimento, ou
decrescimento de seu gráfico.
Para a função genérica
f(n) = bn

Se b > 1 esta função é dita crescente. Se 0 < b < 1, a função é decrescente.


Observe a Figura a seguir e entenda um pouco mais este conceito.

28
Gráficos de funções exponenciais, crescente e decrescente.
Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 41)

Vamos, agora, construir o gráfico de uma função exponencial. Supondo a


função f(x) = 2˟ vamos, inicialmente, construir a tabela de valores que relacionará x e
sua correspondente f(x), conforme proposto no Quadro abaixo.

Colocando estes pares no plano cartesiano, você pode verificar na Figura a seguir:

Caso você se depare com funções do tipo f(x) = (3x + 2)x, o método de
resolução deverá seguir as regras básicas da matemática: substituir os valores de x,
resolver a expressões dentro dos parênteses e depois resolver a exponenciação.
Assim, f(3) = (3 × 3 + 2)ᶟ = 11ᶟ . (STEFANI, 2018).

29
6.3 Modelos com funções exponenciais

Criar modelos matemáticos de situações e sistemas diversos pode ser muito


útil para prever o crescimento ou decrescimento de determinado evento. Funções
exponenciais têm muitas aplicações nestes modelos matemáticos. (STEFANI, 2018).
Segundo Safier (2011) alguns destes modelos já estudados são:

Juros compostos: Se temos um investimento de P Reais, a uma taxa anual


de juros r, sendo estes juros creditados na conta do investidor n vezes ao ano; o valor
resultante (A), gerado em um período t de tempo, é modelo pela função:

Juros compostos contínuos: Se temos um investimento de P Reais, a uma


taxa anual de juros r, sendo estes juros creditados na conta do investidor
continuamente; o valor resultante (A), gerado em um período t de tempo, é modelado
pela função:

Crescimento populacional ilimitado: Uma população N, com número Nᵒ de


indivíduos iniciais, sendo considerada como crescente e sem limites, em qualquer
instante t posterior, pode ser calculada por (sendo a taxa de crescimento k uma
constante a determinar):

Crescimento populacional logístico: Uma população N, com número Nᵒ de


indivíduos iniciais, sendo considerada como crescente e com limite de P indivíduos,
devido a recursos limitados, em qualquer instante t posterior, pode ser calculada por
(sendo a taxa de crescimento k uma constante a determinar):

Como exemplo, vamos observar as situações descritas a seguir:

30
Considere um capital de R$ 9.000,00 aplicado a uma taxa de 15% ao ano,
capitalizados mensalmente, durante seis anos. Ao final do período, considerando a
aplicação com juros compostos, o valor resultante gerado no período seria:

Portanto, ao final de seis anos, o valor resultante será de R$ 22.013,28. Um


pequeno país, em 1970, possuía 200.000 habitantes. Após novo levantamento, 40
anos depois, sua população era de 235.000. Qual será a população estimada em
2030? Como não há qualquer restrição ao crescimento populacional deste país,

vamos utilizar a relação . Para tanto, precisamos determinar as


constantes Nᵒ e k.
Assim,

Para definir a constante k:

31
Logo, no ano de 2030, 60 anos depois da nossa referência, a população será:

A matemática possui uma área de concentração específica de observação e


modelagem de situação e sistemas. Esta área possui aplicações em diversas ciências,
como a engenharia, medicina, biologia, educação física. A modelagem matemática é
uma área sempre muito importante. Outros exemplos do que ela pode estudar são a
absorção de determinada substância ou medicamento pelo corpo humano, a eficiência
no trabalho, o crescimento bacteriano, entre outras. (STEFANI, 2018).

6.4 Situações aplicadas envolvendo crescimento e decrescimento


exponencial

Crescimento e decrescimento exponencial é uma análise muito utilizada em


diversas situações. Podemos aplicar ao estudo do crescimento de qualquer
população, à matemática financeira calculando os juros compostos sobre uma
operação, pode-se obter níveis de radioatividade em um ambiente, resfriamento
corporal, entre outras diversas aplicações. (PAES, 2018).
A função exponencial é defendida como crescente ou decrescente, de acordo
com os valores para a base a.

6.5 Crescimento exponencial

Um exemplo clássico de crescimento exponencial é sobre a análise do número


de indivíduos de uma população. Um grupo de biólogos estudou o processo de
reprodução em uma cultura de bactérias, a partir de dados coletados em determinado
período de tempo. Foi observado que o número de indivíduos N, em função do tempo

t em horas, é dado por:


Pelo valor da base a, sendo a > 1, pode-se concluir que é uma função
exponencial crescente. Podemos determinar valores de tempo t para confirmar. Veja:

32
Para t = 0, temos:

Para t = 1, temos:

Para t = 3, temos:

Para t = 10, temos:

*Observação — Nos cálculos do número de indivíduos para t igual a 1, 2, 3 e


10, os resultados foram arredondados para se obter um número inteiro, pois não é
possível existir 0,5 indivíduo. Por exemplo, em t = 1, temos N(t) = 61,55 indivíduos, e
consideramos N(t) = 61 indivíduos. À medida que o tempo aumenta, o número de
indivíduos também aumenta, o que caracteriza uma função crescente. (PAES, 2018).
Logo, essa função representa um crescimento exponencial. Observe, na Figura
abaixo, o gráfico dessa função. Repare que o eixo vertical representa o número de
indivíduos, e o eixo horizontal representa o tempo t em horas.

Fonte: PAES, 2018

33
6.6 Decrescimento exponencial

Um estudo interessante sobre decrescimento é o cálculo de meia-vida de um


elemento radioisótopo. Alguns desses elementos são utilizados na área da saúde para
diferentes tipos de doenças. O radioisótopo iodo-131, por exemplo, é comumente
utilizado para tratamentos de câncer de tireoide. Esses elementos sofrem
desintegração, e seu tempo de vida é em função disso. O tempo de meia-vida do iodo-
131 é de 8 horas. Isso significa que, decorridas 8 horas, sua atividade será reduzida
à metade em relação ao seu valor inicial.
Uma dose de iodo-131 é administrada ao paciente. A função que relaciona
porcentagem de iodo-131 após ser administrado em t dias é representada pela
seguinte equação:

Pelo valor da base a, sendo 0 < a < 1, podemos concluir que é uma função
exponencial decrescente. Podemos determinar valores de tempo t para confirmar.
(PAES, 2018).
Veja:
Para t = 0, temos:

Para t = 8, temos:

Para t = 24, temos:

Para t = 32, temos:

34
Repare que, quando o tempo aumenta, a porcentagem do radioisótopo diminui.
Isso é característico de uma função decrescente. Logo, essa função representa um
decrescimento exponencial. A Figura abaixo traz o gráfico dessa função, onde o eixo
vertical corresponde à quantidade de iodo-131 em porcentagem presente no paciente,
e o eixo horizontal corresponde ao tempo em dias.

Fonte: PAES, 2018

7 FUNÇÃO LOGARÍTMICA

Elaborados na primeira metade do século XVII por John Napier, os logaritmos


consistem em um dispositivo de cálculo eficiente e que, apesar do uso de modernas
máquinas de calcular, ainda detêm a capacidade de relacionar diferentes fenômenos
naturais, podendo ser aplicados na matemática financeira, física, química, biologia,
geografia e até na música. (OLIVEIRA, 2018).
O logaritmo pode ser descrito como a operação inversa da exponenciação, pois
possibilita identificar o valor ao qual uma base foi elevada para gerar determinado
número. Desse modo, se a exponenciação de a elevado a x resulta em um valor y,
então, o logaritmo desse número será informado de que x é o valor do expoente da
base que fornece y.

35
Atualmente, o uso dos logaritmos como uma técnica de cálculo praticamente
desapareceu, mas o estudo das funções logarítmicas ainda é muito importante, em
razão das muitas aplicações existentes dessas funções.
Na concepção de um logaritmo, é importante destacar que a base a deve ser
sempre maior que 0 (a > 0) e diferente de 1 (a ≠ 1) para que essa dinâmica seja
possível. Safier (2011) denomina logaritmo de b na base a o expoente que se deve
dar à base a de modo que a potência obtida seja igual a b, ou seja:

Onde:
 a = base do logaritmo
 b = logaritmando
 x = logaritmo

São exemplos de logaritmos:

As operações com os logaritmos, assim como nos exponenciais, necessitam


da utilização de propriedades para facilitar o seu cálculo algébrico. (OLIVEIRA, 2018).
Nesse sentido, é de extrema importância que sejam conhecidas suas propriedades
operatórias. É possível observar essas propriedades no Quadro a seguir, que tem por
base os números reais 0 < a ≠ 1, 0 < b ≠ 1, c ≠ 0, x e y ≠ 0 < a.

36
Fonte: OLIVEIRA, 2018

De acordo com Iezzi, Dolce e Murakami (2013), uma função logarítmica pode
ser descrita como uma relação. Denotamos essa função por:

onde:
 b = base
 x = logaritmando

A função logarítmica pode ser classificada em crescente ou decrescente;


assim, a função é:
 crescente se e somente se a base for maior que 1 (b > 1) e;
 decrescente se a base for um valor maior que 0 e menor que 1 (0 < b < 1).

Assim:

Exemplos:
Classifique as funções logarítmicas em crescente ou decrescente:

a) f(x) log₉x
b) f(x) log₀¸₇₅x
37
Para classificar uma função, é necessário identificar sua respectiva base e
enquadrá-la nas categorizações possíveis, logo:

a) f(x) = log₉x → b = 9, logo, a função logarítmica é crescente, pois 9 > 1


b) f(x) = log₀¸₇₅ x → b = 0,75, logo, a função logarítmica é decrescente, pois 0
< 0,75 < 1

O domínio de uma função logarítmica reflete o comportamento da função


mediante o domínio fixado, uma vez que não é possível calcular logaritmos de um
número negativo existindo uma base positiva, qualquer base positiva sempre resulta
em um valor, também positivo. Por essa razão, o domínio da função logaritmo é o
conjunto dos número reais positivos não nulos, ou seja, D(f) = R, enquanto seu
contradomínio resume-se aos reais positivos maiores que 0 (R+ * ), logo, pode ser
descrita como: f: R→ R+ *
A imagem da função logarítmica é o conjunto dos números reais, uma vez que,
se 0 < a ≠ 1 e definida por f(x) = logₐ x, sabe-se que essa relação admite como função
inversa g de R → R + * definida por g(x) = a˟ , caracterizando f(x) como bijetora, logo,
Im = R. (OLIVEIRA, 2018).

Exemplos:
Estabeleça o domínio da função definida g(x) = logᴈ (2x – 4).
Uma das condições para a existência de um logaritmo é que o logaritmando
seja maior que 0, logo:
2x – 4 > 0
2x > 4 → x > 2

Assim, é possível concluir que o domínio da função g(x) = log3 (2x – 4) é


D = {x ∈ R|x > 2}.

O 0 de uma função logarítmica é um valor para o qual a função indicada por


uma lei de formação se anula, ou seja, é necessário determinar o valor de x para que
ocorra f(x) = 0. No caso específico de uma função logarítmica, para determinar sua
raiz, é imprescindível conhecer e dominar a concepção de logaritmo, assim como as
propriedades de potência de um número e logarítmicas.

38
7.1 Gráfico da função logarítmica

A representação gráfica de uma função logarítmica indicada por logₐ x com 0 <
a ≠ 1 tem as seguintes características:
 localiza-se à direita do eixo das ordenadas (eixo y), ou seja, x > 0;
 intersecta o eixo das abscissas no ponto (1,0), pois logₐ1 = 0;
 é simétrico em relação à reta y = x do gráfico de g(x) = a˟ .

Na Figura abaixo, é possível observar as representações gráficas de uma


função logarítmica, dada a sua classificação como crescente ou decrescente, assim
como a presença da propriedade simétrica quando comparado à reta bissetriz dos
quadrantes ímpares. (IEZZI; DOLCE; MURAKAMI, 2013).

Gráfico função logarítmica.


Fonte: Adaptada de Iezzi, Dolce e Murakami (2013)

Exemplo:
Construa o gráfico da função:

Para delinear um gráfico, sugere-se recorrer a uma tabela onde serão inseridos
valores possíveis para x e calculado o respectivo valor de y:

39
De posse desses pontos, basta encontrá-los no plano cartesiano, localizando
corretamente os valores de x e seu respectivo correspondente y (OLIVEIRA, 2018),
chegando-se à seguinte curva:

Fonte: OLIVEIRA, 2018

7.2 Relação entre função exponencial e função logarítmica

Conhecidas como funções inversas, as funções exponencial e logarítmica


recebem essa característica porque, ao inverter a lei de formação de uma dada por
f(x) =a˟ , f: R → R+ *, será encontrada uma função logarítmica cuja lei de formação é
40
f(x) = logₐ x; outra característica é o fato de que o domínio e o contradomínio se
invertem quando comparados à função exponencial. (OLIVEIRA, 2018).
Essa característica é fácil de entender quando visualizada em uma
representação gráfica, onde, ao ser traçada a reta bissetriz dos quadrantes ímpares
(1° e 3°), é possível reconhecer que o gráfico da função exponencial é simétrico, ou
seja, possui distâncias proporcionais ao gráfico indicativo da função logarítmica.
Vamos construir o gráfico das funções f(x) = 3˟ e g(x) = logᴈ x, para isso, observe:

Observe que o par ordenado da tabela de f(x), por exemplo (1,3), quando
inserido na lei de formação de g(x), equivale a logᴈ 1 = 1, logo, origina o ponto (3,1).
Outra análise relevante é quanto à disposição das funções f(x) e g(x), bem
como a observação da propriedade simétrica referente à reta y = x, que corta os
quadrantes ímpares do plano cartesiano. É possível notar essa característica na
Figura abaixo, onde f(x) está indicado em vermelho, y = x, em verde, e g(x), em roxo.

41
8 TRIGONOMETRIA

A trigonometria tem origem grega e seu significado está ligado às medidas de


um triângulo (trigonos, triângulo; metrein, medidas). É a área da matemática em que
são estudadas as relações existentes entre os lados e os ângulos de um triângulo.
Um dos motivos de esse estudo surgir foi a necessidade do uso na astronomia para
calcular o tempo, e seu desenvolvimento ocorreu na geografia e na navegação. O
teorema de Pitágoras é muito conhecido e tem um papel importante no
desenvolvimento dos estudos trigonométricos, pois é por meio dele que
desenvolvemos fórmulas teóricas comumente utilizadas nos cálculos relacionados a
situações práticas cotidianas. (BENTO, 2018).

8.1 Razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo

O triângulo é a figura geométrica mais simples, mas, ao mesmo, uma das mais
importantes. Tem propriedades e definições de acordo com o tamanho de seus lados
e com a medida dos ângulos internos, sendo classificados como acutângulo,
obtusângulo e retângulo.
Todo triângulo retângulo apresenta um ângulo reto e dois agudos. O triângulo
ABC, mostrado na Figura a seguir, é um retângulo em C.

Usaremos as letras maiúsculas dos vértices para denotar também os ângulos


internos correspondentes, e as letras minúsculas a, b, c para denotar os lados opostos
aos ângulos A, B e C, respectivamente, e também as medidas dos lados. Assim,
temos C = 90° e A + B = 90°, pois a soma das medidas dos ângulos internos de
42
qualquer triângulo é igual a 180°. Os nomes cateto e hipotenusa são usados apenas
nos triângulos retângulos, no nosso caso, a hipotenusa é a, o lado oposto ao ângulo
reto, e os demais lados b e c são ditos catetos (b = cateto adjacente e c = cateto
oposto). Para os triângulos retângulos, vale o importante teorema de Pitágoras, o
qual define: “em todo triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma
dos quadrados dos catetos: a² = b² + c²”. O teorema de Pitágoras é um caso particular
da Lei dos Cossenos, utilizada em triângulos quaisquer.
Para um ângulo agudo de um triângulo retângulo, definimos as importantes
razões seno, cosseno e tangente.

As seis razões trigonométricas — seno, cosseno, tangente, cossecante,


secante e cotangente — não dependem do “tamanho do triângulo retângulo”; elas
dependem apenas da medida do ângulo. De fato, dois triângulos retângulos com um
ângulo agudo de mesma medida são semelhantes. (BENTO, 2018).
43
Como calcular as Razões Trigonométricas?
Para compreender melhor a aplicação das fórmulas, confira abaixo dois
exemplos:
Encontre os valores do seno, cosseno e tangente do ângulo do triângulo
abaixo.

Para encontrar os valores do seno, cosseno e tangente, devemos substituir a


medida de cada lado do triângulo nas respectivas fórmulas. (BENTO, 2018).
Observando a imagem, identificamos que:
 o cateto oposto mede 5 cm;
 o cateto adjacente mede 12 cm e;
 a medida da hipotenusa é igual a 13 cm.
Assim, temos:

Aplicando o Teorema de Pitágoras, temos: a² = b² + c² = 13² = 5² +12² = 169 =


25 + 144 = 169 = 169. A soma dos quadrados dos catetos tem que ser igual a medida
da hipotenusa ao quadrado.
44
9 FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS E SUAS RELAÇÕES NO CÍRCULO UNITÁRIO

9.1 Funções seno e cosseno

Considere a circunferência de raio unitário e o centro na origem do sistema


ortogonal de coordenadas, chamado de círculo trigonométrico.
Convencionaremos o seguinte: o ponto A é a origem dos arcos sobre a
circunferência, e o comprimento x de um arco é positivo quando obtido a partir de A,
deslocando-se no sentido anti-horário, e negativo, se no sentido horário.
Chama-se função seno a função f : R → R, indicada como f(x) = sen x, que
associa a cada número real x, entendido como o comprimento de um arco AB da
circunferência, a ordenada do ponto B no eixo OY. Em uma circunferência de raio r, o
comprimento x de um arco e o ângulo θ subentendido estão relacionados pela fórmula
x = θ ∙ r. (BENTO, 2018).
A função seno é uma função periódica e seu período é 2π. No círculo
trigonométrico, o sinal da função seno é positivo quando x pertence ao primeiro e
segundo quadrantes. Já no terceiro e quarto quadrantes, o sinal é negativo.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/

Além disso, no primeiro e quarto quadrantes a função f é crescente. Já no


segundo e terceiro quadrantes a função f é decrescente.
O domínio e o contradomínio da função seno são iguais a R. Ou seja, ela
está definida para todos os valores reais: Dom(sen)=R.

45
Já o conjunto da imagem da função seno corresponde ao intervalo real [-1, 1]:
-1 < sen x < 1.
Em relação à simetria, a função seno é uma função ímpar: sen(-x) = -sen(x).
O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva chamada de senoide:

Gráfico da função seno.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

A função cosseno é a função f : R→ R indicada por f(x) = cos x, que associa


a cada número real x, entendido aqui também como o comprimento de um arco AB
da circunferência unitária, a abcissa do ponto B no eixo OX. (BENTO, 2018).
A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π. No círculo
trigonométrico, o sinal da função cosseno é positivo quando x pertence ao primeiro
e quarto quadrantes. Já no segundo e terceiro quadrantes, o sinal é negativo.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/

46
Além disso, no primeiro e segundo quadrantes a função f é decrescente. Já no
terceiro e quarto quadrantes a função f é crescente.
O domínio e o contradomínio da função cosseno são iguais a R. Ou seja, ela
está definida para todos os valores reais: Dom(cos)=R.
Já o conjunto da imagem da função cosseno corresponde ao intervalo real [-1,
1]: -1 < cos x < 1.
Em relação à simetria, a função cosseno é uma função par: cos(-x) = cos(x).
O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva chamada de cossenoide:

Gráfico da função cosseno.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

Ambas as funções têm por conjunto imagem o intervalo [−1, 1]. Para todos os
valores de x ∈ R, tem-se que −1 ≤ sen x ≤ 1 e −1 ≤ cos x ≤ 1.
Sendo x o comprimento de um arco AB circunferência unitária, a ordenada e a
abcissa de B, sen x e cos x são, no máximo, 1 e, no mínimo, −1, qualquer que seja x,
como se constata examinando-se a Figura abaixo. (As funções seno e cosseno são
exemplos importantes de funções periódicas.)
Uma função f(x) é chamada de periódica quando satisfaz, para algum p, a
relação f(x) = f(x + p), qualquer que seja x ∈ Domf. O menor valor de p para o qual se
tem f(x + p) = f(x) para qualquer x ∈ R é chamado de período da função f.
As funções seno e cosseno são funções periódicas com período 2π. Isso
significa que, para todo x ∈ R, sen = (x + 2π) = sen x, cos(x + 2π) = cos x. (BENTO,
2018).
Essa propriedade segue da interpretação geométrica dessas funções.
Examinando o círculo trigonométrico, conclui-se que a extremidade C de um arco AC

47
de comprimento x + 2π coincide com o ponto B do arco AB e, portanto, B e C têm as
mesmas coordenadas.
A função cosseno é uma função par. De fato, considere o arco AB de
comprimento x > 0, como indica a Figura, e o arco AC, medido no sentido anti-horário,
cujo comprimento é também –x (isto é, AC arco-x). Os pontos B e C, portanto, têm a
mesma abcissa, de modo que cos(−x) = cos x.

Gráfico da função círculo unitário.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line)

A função seno é uma função ímpar, isto é, sen(−x) = (−1) sen(x). (BENTO,
2018).
As funções sen x e cos x satisfazem algumas relações, chamadas de relações
trigonométricas. Em particular, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo
retângulo Q0B, obtém-se a relação: cos² x + sen² x = 1.

Gráfico da função círculo unitário sen e cos.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).
48
9.2 Função tangente

A função f: A → R, f(x) = tg x, definida por tg x = sen x / cos x, em que A = {x ∈


ℜ | cos x ≠ 0}, é chamada de cos x função tangente. (BENTO, 2018). A função tangente
tem uma interpretação geométrica que é a seguinte: na circunferência unitária, a reta
é tangente à circunferência no ponto A, chamada eixo das tangentes, como indica a
Figura a seguir:

. Gráfico da função círculo unitário tangente.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

A função tangente é uma função periódica e seu período é π. Ela é expressa


por: função f(x) = tg x
No círculo trigonométrico, o sinal da função tangente é positivo
quando x pertence ao primeiro e terceiro quadrantes. Já no segundo e quarto
quadrantes, o sinal é negativo.

Fonte: https://www.todamateria.com.br/
49
Além disso, a função f definida por f(x) = tg x é sempre crescente em todos os
quadrantes do círculo trigonométrico.
O domínio da função tangente é: Dom(tan)={x ∈ R│x ≠ de π/2 + kπ; K ∈ Z}.
Assim, não definimos tg x, se x = π/2 + kπ. Já o conjunto da imagem da
função tangente corresponde a R, ou seja, o conjunto dos números reais.
Em relação à simetria, a função tangente é uma função ímpar: tg(-x) = -tg(-x).
(BENTO, 2018).
O gráfico da função tangente f(x) = tg x é uma curva chamada de tangentoide:

Gráfico da função tangente


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

9.3 Função secante

É a função f: A → R, indicada por f(x) = sec x, em que sec x = e;


A = {x ∈ R | cos x ≠ 0}

Gráfico da função secante.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

50
A função secante é uma função par e periódica com período 2π. Seu conjunto
imagem é Im(sec x) = (−∞, −1] ∪ [1, + ∞). (BENTO, 2018).

9.4 Função cossecante

É a função f: A → R, em que A é o conjunto dos números reais x, tais que sen

x ≠ 0, dada por f(x) = cossec x


Vejamos, agora, o gráfico da função cossecante na Figura a seguir:

Gráfico da função cossecante.


Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line).

A função cossec x é uma função ímpar, periódica com período 2π. Seu conjunto
imagem é o conjunto: Im(cos sec x) = (−∞, −1] ∪ [1, ∞).(BENTO, 2018).

9.5 Função cotangente

A função f: A → R, dada por f(x) = cotg x = cos x / sen x, em que A é o conjunto


dos números reais x, tais que sen x ≠ 0, é chamada função cotangente.
A função cotangente é uma função ímpar, periódica de período π e Im(cotg x)
= R.

51
Gráfico da função cotangente.
Fonte: Costa; Guerra (2009, documento on-line)

10 CONJUNTOS NUMÉRICOS

Os conjuntos são bastante importantes em matemática. Talvez os mais


famosos sejam os conjuntos numéricos, como os reais, os inteiros e os naturais.
Embora eles tenham muitas aplicações puramente matemáticas, muitas áreas se
beneficiam de suas teorias, como quando temos que dividir grupos que tenham
características similares ou não, ou parcialmente similares, e problemas de
reconhecimento de padrões. (FERREIRA; FERRAZ; 2018).
Um conjunto pode ser definido como uma coleção de entidades, as quais são
seus elementos. Ou seja, é uma coleção de elementos que estão relacionados
segundo alguma regra. Por exemplo, os elementos poderiam ser números, frutas,
pessoas, carros, etc. Já a regra à qual os elementos obedecem deve ser bem-definida
— por exemplo, poderíamos ter um conjunto de palavras pertencentes à língua
portuguesa.
Geralmente, são utilizadas letras maiúsculas para se especificar os conjuntos,
como A, B, W, …, e letras minúsculas para os elementos de um conjunto, como a, b,
c ,z,... Por exemplo:
g, h ∈ A,

que significa que os elementos g e h pertencem ao conjunto A. O símbolo ∈


pode ser interpretado como “é um elemento de”. Para a negativa dessa afirmação,
usa-se ∉, o que significa “não é um elemento de”.

52
10.1 Notação

Para se descrever os elementos de um conjunto, geralmente são utilizadas


chaves {} e vírgulas para separar os elementos. (FERREIRA; FERRAZ; 2018).
Por exemplo:

{–2, –1, 0, 1, 2, 3, 4, 5}.

Para conjuntos com número de elementos muito grandes, a notação acima não
seria a mais indicada, pois geraria imensas listas. Assim, uma maneira de se
descrever os conjuntos é utilizar uma letra, como x. Por exemplo:

B = {x│x é um inteiro e |x| < 6},

o qual lemos como “B é um conjunto dos elementos x, tal que x é um inteiro e


tem módulo menor que 6. Equivalentemente, podemos escrever:

B = {x│x ∈ Z, |x| < 6

Aqui, o símbolo | significa “tal que”, Z representa o conjunto dos inteiros, e a


vírgula é interpretada como “e”.

53
10.2 Subconjuntos

Suponha que tenhamos dois conjuntos, A e B. Se a ∈ A, implica que a ∈ B.


Podemos dizer que A é um subconjunto de B e, alternativamente, que A está contido
em B, A ⊆ B, ou que B contém A, B ⊇ A. Por exemplo, se P = {2, 4, 6} e S = {"inteiros
pares"}, então, temos que P ⊆ S.
Se dois conjuntos são iguais, cada conjunto está contido no outro, Assim, A =
B "se, e somente se” A ⊆ B e B ⊆ A. Para os subconjuntos, temos o seguinte teorema:
sejam A, B e C conjuntos quaisquer, então:
1. A ⊆ A;
2. Se A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B;
3. Se A ⊆ B e B ⊆ C, então A = C.

10.3 Conjuntos numéricos especiais

Alguns conjuntos são muito usados e, assim, acabaram recebendo tratamento


especial. (FERREIRA; FERRAZ; 2018). Veja a seguir.
 N: conjunto dos números naturais, ou inteiros positivos, com o zero — N =
{0, 1, 2, 3, 4, …}.
 Z: conjunto dos números inteiros, ou seja, todos os números inteiros
positivos, negativos e o zero — Z ={…, –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, …}.
 Q: conjunto dos números racionais, números reais com dígitos decimais
finitos. Números que podem ser escritos em forma de fração de números inteiros,

resultando assim em decimais com dígitos finitos – 𝑄 = .


 I: Conjunto dos números irracionais, números que não podem ser escritos
em forma de fração de números inteiros, resultando assim em decimais com dígitos
infinitos — por exemplo, raízes não exatas o número 𝜋 e o número de
Euler e.
 R: conjunto dos números reais, o qual inclui os racionais e os irracionais —
R = Q ∪ I.
 C: conjunto dos números complexos, pares (a, b) de números reais, ou seja,
números da forma z = a + bi, onde a e b são números reais e i² = –1.

54
A partir dessa descrição, podemos pensar N como uma parte de Z, Z como
uma parte de Q e Q como uma parte de R. Em Q, equações do tipo x2 – 3 = 0 ou o
cálculo da área do círculo, por exemplo, não podem ser resolvidas. Temos então um
novo conjunto, os irracionais e esse conjunto I pode ser entendido como uma parte de
R. No entanto, alguns problemas não podem ser resolvidos apenas em R, o que
motivou o desenvolvimento dos números complexos. Por exemplo, a equação x² + 1
= 0 não tem solução em R, mas, em C, veremos que ela tem solução.

10.4 Conjuntos numéricos e suas operações

De modo intuitivo, o conceito de conjunto remete à ideia de coleção,


agrupamento, classe de objetos ou entes que compartilham de uma mesma
característica. Nesse sentido, temos o conjunto das vogais, dos meses de um ano,
das cartas de um baralho de um mesmo naipe, entre tantas outras coleções ou
agrupamentos. No entanto, apesar dos inúmeros exemplos, matematicamente, pouco
nos é informado sobre a natureza de um conjunto e das operações que atuam sobre
ele. Nesse caso, faz-se necessário enunciar de modo formal um conjunto e seus
elementos.

Considere A um conjunto; além disso, considere o elemento a; caso esse


elemento pertença ao conjunto A, denota-se por x ∈ A, leia-se x é elemento de A, ou
x pertence ao conjunto A. Do contrário, caso x não seja elemento de A, denota-se por
x ∉ A, leia-se: x não pertence ao conjunto A, ou x não é elemento de A. A forma mais
simples de representar um conjunto, como demonstram Iezzi e Murakami (2019), é
por meio dos pontos interiores a uma linha fechada e não entrelaçada, como é
mostrado na Figura a seguir:

55
Conjunto A, seus elementos e os elementos não pertencentes a esse conjunto.

A partir da imagem anterior e dos conceitos já estudados, é possível afirmar


que o conjunto A contém os elementos d, e, f, g, h, ou seja, d ∈ A, e ∈ A, f ∈ A, g ∈ A,
h ∈ A, ou ainda de outra forma, A = {d, e, f, g, h}. Por outro lado, os elementos k, l, m
não pertencem ao conjunto A; dessa forma, são representados por l ∉ A, m ∉ A, k ∉
A. (IEZZI; MURAKAMI, 2019).
Agora que vimos as três primitivas básicas sobre os conjuntos, é possível
avançar com os estudos na direção das operações entre conjuntos. Cabe observar
que, até agora, trabalhamos apenas com elementos e conjunto. Essencialmente, são
três as operações entre conjuntos, a saber: união, intercessão, diferença e
complementar.
A primeira operação entre conjuntos que será apresentada é a união entre
conjuntos, também conhecida como reunião entre os conjuntos. Nesse sentido,
considere o conjunto A = {a, b, c, d} e o conjunto B = {e, f, g, h}.

A partir da formalização do conceito de união entre conjuntos, considere os


exemplos a seguir.

56
Exemplo 1:
Seja A = {a, b, c, d} e B = {a, b, c}, então, A ∪ B = {a, b, c, d} ∪ {a, b, c} = {a, b,
c, d}

Exemplo 2:
Seja A = {a, b} e B = {c, d, e, f, g}, então, A ∪ B = {a, b} ∪ {c, d, e, f, g} = {a, b,
c, d, e, f, g}

Exemplo 3:
Seja A = {∅} o conjunto vazio e B = {c, d, e, f, g}, então, A ∪ B = ∅} ∪ {c, d, e, f,
g} = {c, d, e, f, g}

Outra forma de representar a operação de união entre conjuntos A e B é por


meio da área hachurada do diagrama de Venn (IEZZI; MURAKAMI, 2019), como é
mostrado pela Figura a seguir:

União dos conjuntos A = {d, e, f, g, h} e B = {d, l, m, h, k}.

A operação de união entre conjuntos satisfaz um conjunto de propriedades, as


quais serão apresentadas a seguir, considerando-se os conjuntos A, B e C.
1. A ∪ A = A (idempotente)
2. A ∪ ∅ = A (elemento neutro)
3. A ∪ B = B ∪ A (comutativa)
4. (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) (associativa)

Estudados os conceitos fundamentais sobre a operação de união entre


conjuntos, prosseguimos com o estudo da operação de interseção. Assim, considere
os conjuntos A = {a, b, c, d, e} e B = {a, b, k, l, m}.
57
A interseção do conjunto A com o conjunto B consiste no conjunto formado
pelos elementos pertencentes, de modo simultâneo, ao conjunto A e ao conjunto B,
sendo matematicamente denotado por:

A ∩ B = {x|x ∈ A e x ∈ B}

No caso em que A = {a, b, c, d, e} e B = {a, b, k, l, m}, a interseção de A com B,


ou seja, A ∩ B, é dada por: A ∩ B = {a, b}
Como observam Iezzi e Murakami (2013), se o elemento x pertence à
interseção dos conjuntos A e B, ou seja, x ∈ A ∩ B, isso significa que x pertence a A
e também x pertence a B. O conectivo colocado entre as duas condições significa que
elas devem ser satisfeitas ao mesmo tempo.
A fim de consolidar os conceitos vistos até esse ponto sobre a interseção de
conjuntos, considere os seguintes exemplos.

Exemplo 1:
Seja A = {a, b} e B = {b, c, d}, então, A ∩ B = {a, b} ∪ {b, c, d} = {b}

Exemplo 2:
Seja A = {a, b} e B = {a, b, c, d}, então, A ∩ B = {a, b} ∪ {a, b, c, d} = {a, b}

Exemplo 3:
Seja A = {a, b} e B = {c, d}, então, A ∩ B = {a, b} ∪ {c, d} = ∅ A operação de
interseção entre os conjuntos A e B também pode ser representada por meio da área
hachurada do diagrama de Venn, como é mostrado pela Figura abaixo:

Interseção dos conjuntos A = {d, e, f, g, h} e B = {d, h, l, m, k}.

58
Considerando os conjuntos A, B e C, e seja U o conjunto universo, que consiste
naquele que contém todos os elementos de um dado assunto, valem as seguintes
propriedades, de acordo com Iezzi e Murakami (2013):
1. A ∩ A = A (idempotente)
2. A ∩ U = A (elemento neutro)
3. A ∩ B = B ∩ A (comutativa)
4. (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (associativa)

Os autores citados observam ainda que as operações de união e interseção


entre conjuntos se inter-relacionam e satisfazem as propriedades a seguir. Sejam A,
B e C conjuntos, considere as operações de união (∪) e interseção (∩). Então, são
válidas as seguintes operações.
1. A ∪ (A ∩ B) = A
2. A ∩ (A ∪ B) = A
3. A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
4. A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)

Além das operações entre conjuntos vistas até aqui, tem-se ainda a operação
de diferença entre os conjuntos e de complementar, as quais serão vistas nessa
ordem. A fim de compreender a diferença entre conjuntos, considere, inicialmente, o
conjunto A e o conjunto B quaisquer. A diferença entre o conjunto A e o conjunto B
consiste em todos os elementos do conjunto A que não pertencem a B, sendo
matematicamente denotada por: A – B = {x|x ∈ A ou x ∉ B}

No caso em que A = {a, b, c, d} e B = {a, b, f, e}, a diferença de A e B, ou seja,


A – B, é dada por: A – B = {c, d}.
Os exemplos a seguir auxiliarão você a consolidar esse conceito.

Exemplo 1:
Seja A = {a, b} e B = {b, c, d}, então, A – B = {a, b} – {b, c, d} = {a}

Exemplo 2:
Seja A = {a, b, c} e B = {b, d}, então, A – B = {a, b, c} – {b, d} = {a, c}

59
Exemplo 3:
Seja A = {a, b, c} e B = {a, b, c}, então, A – B = {a, b, c} – {a, b, c} = ∅

A Figura a seguir ilustra o conceito de diferença entre o conjunto A e o conjunto


B.

A diferença entre os conjuntos A = {d, e, f, g, h} e B = {d, h, l, m, k}.

Por fim, a última operação entre conjuntos estudada neste tópico será a
operação de complementaridade. Considere dois conjuntos A e B.
O complementar do conjunto B, contido no conjunto A, consiste no conjunto
formado pelos elementos pertencentes A e que não pertencem. (IEZZI; MURAKAMI,
2019). Nesse caso, é importante observar que o conjunto B está contido em A.
Matematicamente, essa operação é denotada por:

No caso em que A = {a, b, c, d, e} e B = {a, b, c}, o complementar de B em

relação a A é dado por


A seguir, a fim de consolidar esses conceitos, seguem alguns exemplos.

Exemplo 1:
Seja A = {a, b, c, d, e, f} e B = {a, b}, então, CA B = A – B = {c, d, e, f}

Exemplo 2:
Seja A = {a, b, c, d, e, f} e B = {g, h}, então, CA B = A – B = {a, b, c, d, e, f} A

A Figura abaixo demonstra uma operação de complementariedade do conjunto


A ao conjunto B:

60
Complementar do conjunto B em relação ao conjunto A.

11 CONJUNTO DOS NÚMEROS COMPLEXOS

O conjunto dos números complexos tem sido largamente utilizado em diversas


áreas não somente da matemática teórica, mas também das ciências aplicadas. Os
resultados que podem ser observados com a manipulação de elementos desse
conjunto dão suporte à modelagem de diversos problemas, os quais, de outra
maneira, não poderiam ser solucionados de forma precisa. (MACHADO, 2018).

11.1 O que são números imaginários e números complexos?

Durante os estudos da resolução de equações polinomiais, como as equações


quadráticas da forma:
ax² + bx + c = 0.

Utilizando-se a fórmula de Bhaskara:

Muitas vezes, encontra-se uma expressão negativa dentro do radical. Por


exemplo, ao aplicar a fórmula para a equação:
x2 + 1 = 0.

Tem-se:

61
Logo, as raízes seriam:

O resultado obtido indica que a equação não possui raízes no conjunto dos
números reais, já que não existe um número real associado à solução de uma raiz
com radicando negativo e índice par.
Conforme lecionam Anton e Bubsy (2006), os matemáticos do século XVIII
inventaram um artifício algébrico para resolver essa questão: foi introduzida na
matemática uma “unidade imaginária”, denotada i, com várias propriedades que
permitem o cálculo de raízes que possuem radicando negativo e índice par. Com isso,
uma nova categoria de números estava nascendo: os chamados números
imaginários.
De acordo com Lipschutz e Lipson (2011), define-se a unidade imaginária i
como possuindo as seguintes propriedades:
 i = √ -1;
 i² = –1.
Um número imaginário sempre aparece descrito com valores junto à unidade
imaginária i. Pode-se criar infinitos números imaginários, como: 3i, –2i, i√3. De forma
simplificada, um número imaginário possui a forma bi, onde b é um número real
diferente de zero.
Calcular a potência de números imaginários pode dar uma boa noção da sua
relação com o cálculo de raízes de índice par e radicando negativo. A potência de um
número imaginário é uma construção indutiva, como exemplificado a seguir.

62
Observa-se que um padrão de quatro valores possíveis se repete infinitamente
a partir das quatro primeiras potências. Assim, para calcular qualquer potência não
negativa de i, tem-se o seguinte algoritmo: divide-se o valor do expoente por 4; o resto
encontrado fica entre 0 e 3, que é a potência correspondente dos quatro primeiros
resultados (1, i, –1, –i). (MACHADO, 2018).
Agora, realizando a potência de dois de um número imaginário qualquer, temos
uma relação com a raiz quadrada de um número real negativo. Por exemplo,
calculando o quadrado de 5i:

(5i)² = 5² ∙ i² = 25 ∙ i² = 25 ∙ -1 = - 25

O fato de que (5i)² = –25 significa que 5i = √–25.


O resultado anterior também pode ser utilizado no processo de simplificação
de um número imaginário. Para a > 0, tem-se √–a = i√a. Juntando esse fato com as
propriedades algébricas sobre simplificação de radicais, potências e multiplicação,
pode-se realizar a simplificação de qualquer número imaginário.
Formalmente, de acordo com Lipschutz e Lipson (2011), um número
complexo é um par ordenado (a, b) de números reais, em que a é chamado de parte
real, e b é chamado de parte imaginária. O conjunto dos números complexos possui
operações algébricas bem definidas e duas interpretações bem importantes (algébrica
e trigonométrica) que os relacionam com os números reais.

63
O conjunto de todos os números complexos é denotado por ℂ. A Figura 1 traz
uma representação da relação de contingência entre o conjunto ℂ e os demais
conjuntos numéricos usuais. Um número complexo cuja parte imaginária é zero
corresponde a um número real; já um número complexo cuja parte real é zero
corresponde a um número imaginário. (MACHADO, 2018). Assim:
 o número real a é identificado com o número complexo (a, 0);
 o número imaginário bi é identificado com o número complexo (0, b).

Relações entre os conjuntos numéricos.


Fonte: MACHADO, 2018 – Soluções Educacionais Integradas, SAGAH

11.2 Forma algébrica dos números complexos

Todo número complexo (a, b) pode ser escrito na forma:

z = a + bi

Dessa forma, a é a parte real, b é a parte imaginária e i é a unidade imaginária


(ANTON; BUSBY, 2006; LIPSCHUTZ; LIPSON, 2011; NICHOLSON, 2006). Esse
modo de escrever um número complexo é denominado forma algébrica de um
número complexo. A parte real do número complexo z será denotada Re(z), e a parte
imaginária será denotada Im(z)

64
A forma algébrica é importante, pois facilita a definição das operações de soma,
subtração e multiplicação entre dois números complexos, mas não é a única. Já que
um número complexo é um par (a, b), pode-se construir uma forma trigonométrica e
apresentar uma interpretação do número complexo sobre um plano cartesiano.
(MACHADO, 2018).

11.3 Forma trigonométrica dos números complexos

Os números complexos podem ser interpretados geometricamente como


pontos de um plano cartesiano. O plano no qual os números complexos são
representados, segundo Nicholson (2006), recebe o nome de plano complexo ou
plano de Argand-Gauss.
O plano complexo possui como reta horizontal (usualmente chamada de eixo
x) os valores da parte real do número complexo e como reta vertical (também
chamada de eixo y) os valores da parte imaginária do número complexo, conforme
representado na Figura a seguir:

65
Representação de números complexos no plano complexo.
Fonte: Nicholson (2006, p. 104).

Segundo Anton e Busby (2006), se z = a + bi é um número complexo diferente


de zero, e se ϕ é o ângulo do eixo real à semirreta induzida pelo ponto (a, b), a partir
da origem do plano complexo, então, as partes real e imaginária de z podem ser
expressas por:
a = |z| cos ϕ

e
b = |z| sin ϕ

onde (pelo teorema de Pitágoras). Assim, o número complexo z = a + bi


pode ser representado em sua forma trigonométrica (ou forma polar) como:

z = |z|(cos ϕ + i sin ϕ)

Elementos da forma trigonométrica de um número complexo.


Fonte: Anton e Busby (2006, p. 578)

66
11.4 Operações sobre números complexos

Dados dois números complexos z = a + bi e w = c + di, define-se a igualdade,


a soma, a subtração e a multiplicação como segue. (MACHADO, 2018).

11.4.1 Adição e subtração

Diz-se que z = w se, e somente se, ambos possuem as mesmas partes reais e
imaginárias, ou seja, se Re(z) = Re(w) e Im(z) = Im(w). De outra forma, a = c e b = d.
Para somar ou subtrair números complexos, somam-se ou subtraem-se distintamente
a parte real e a parte complexa:

67
Sejam os números complexos z₁ = a + bi e z₂ = c + di.
A adição e subtração são feitas entre as partes reais e as partes imaginárias
separadamente. (SILVEIRA, 2018). Dessa forma, temos:

11.4.2 Multiplicação

Para multiplicar dois números complexos, realiza-se o processo de


multiplicação de polinômios lineares, e se aplicam as propriedades de comutatividade
e distributividade (lembrando que i² = –1):

Sejam os números complexos z₁ = a + bi e z₂ = c + di. O produto entre números


complexos atende a definição de produto entre pares ordenados. Dessa forma, temos:

Outra maneira de realizar o produto é utilizando a propriedade distributiva e as


propriedades de potência da unidade imaginária. (SILVEIRA, 2018). Assim, temos:

Também é útil definir os conceitos de conjugado e valor absoluto de um número


complexo. O conjugado de um número complexo z = a + bi é denotado z – = a – bi. O

valor absoluto é denotado , para o valor da raiz quadrada não negativa.

68
11.4.3 Divisão

Para definir a divisão dos complexos, antes precisamos definir o conjugado de


um número complexo. Seja z₁ = a + bi um número complexo. Dizemos que a − bi é o
conjugado de z₁. Representamos com z₁. (SILVEIRA, 2018). Os conjugados possuem
as propriedades a seguir. O conjugado da soma é igual à soma dos conjugados:

O conjugado do produto é igual ao produto dos conjugados:

69
O produto de um número complexo pelo seu conjugado é um número real não
negativo.

que é um
número real positivo. O produto de um número complexo pelo seu conjugado é
denominado norma de um número complexo. Portanto, dizemos que um número
complexo z = a + bi foi normalizado, se ele foi escrito na forma: a² + b².
Sejam dois números complexos z₁ e z₂, sendo z₂ ≠ 0. Obter o quociente da
divisão de z₁ por z₂ significa encontrar um número complexo zᴈ. Dessa forma,
escrevendo zᴈ na sua forma algébrica, temos:
Veja o exemplo abaixo.

12 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

Até a metade do século passado, a matemática era ensinada


predominantemente com base no método. Como você sabe, uma era tecnológica
despontou após a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria. Nessa época, os
alunos frequentavam a escola a fim de se tornarem operários. A ideia era que
auxiliassem nas linhas de produção industriais pelo mundo. (SILVEIRA, 2018).
Óbvio que sempre haveria aqueles que ascenderiam e ocupariam diferentes
posições ou funções. Porém, a grosso modo, a escola era vista como uma linha de
produção. Dentro das escolas, havia excesso de rigor matemático, foco em
memorização de fórmulas e baterias de exercícios à exaustão. Não havia
preocupação com o contexto no qual o conhecimento estava inserido.
70
A partir da década de 1970, principalmente na Europa, uma série de estudiosos
começou a defender, em congressos, que a forma de se ensinar a matemática deveria
ser revista. Seus apontamentos indicavam que a metodologia puramente conteudista,
voltada para práticas tecnicistas, estava ultrapassada. Segundo eles, essa
metodologia estava produzindo uma mão de obra de autômatos, que não sabiam
como aplicar, no dia a dia, tudo o que haviam absorvido em sala de aula. Segundo Sá
(2018, documento on-line) “A Educação Matemática, que tem como patrono o
pesquisador e educador matemático Ubiratan D'Ambrosio, nasceu para corrigir as
mazelas matemáticas advindas de métodos de ensino ultrapassados, mais
conhecidos como tradicionalistas [...]”. Nas metodologias tradicionalistas, o aluno era
um personagem coadjuvante. Ou seja, era uma espécie de esponja seca que deveria
ir à escola para se encharcar com o conhecimento do professor, que seria o único
protagonista do processo de ensino e aprendizagem.
Aos poucos, esses modelos foram sendo modificados e substituídos por
dinâmicas que davam mais espaço ao aluno. Desse modo, professor e aluno
participavam de forma interativa da construção do saber. No Brasil, contudo, as
práticas tradicionalistas, mais especificamente o tecnicismo empregado ao longo do
período dos governos militares, perdurou por um pouco mais de tempo. Sua
substituição iniciou-se tardiamente, na década de 1990, após a reabertura
democrática.
A partir daí, buscando se contrapor aos métodos tradicionalistas, a educação
matemática preocupou-se em se debruçar sobre os métodos de ensino e
aprendizagem de matemática. Ela buscou, com o auxílio da psicologia, compreender
a inter-relação existente entre os conteúdos de matemática, o professor e o aluno. A
ideia era que nenhum deles fosse colocado em primeiro plano ao longo do processo.
A área de pesquisa da educação matemática são os métodos e aplicações
contextualizadas. Ela busca a constante a readaptação do método à realidade
cognitiva e social do aluno, contribuindo para facilitar o ensino de matemática.
Portanto, você deve diferenciar a educação matemática do ensino de
matemática. A educação matemática é uma área de saber, uma outra ciência. Ela se
apropria dos aspectos pedagógicos e psicológicos para estudar os métodos. Por sua
vez, o ensino de matemática consiste na aplicação dos métodos propriamente
constituídos.

71
12.1 A educação matemática em seu contexto interdisciplinar

Veja o que Galileu Galilei disse sobre a matemática:

A Filosofia está escrita neste grande livro — refiro-me ao Universo — que se


mantém continuamente aberto ao nosso escrutínio, mas que não pode ser
compreendido, a menos que primeiro se aprenda a entender a linguagem e
interpretar as letras com que foi escrito. Ele foi escrito na linguagem da
Matemática, e sua escrita são triângulos, círculos e outras figuras
geométricas, sem as quais é humanamente impossível entender uma palavra
sequer dele. Sem elas, fica-se vagando em labirinto escuro (LÍVIO, 2009, p.
271).

Como Galileu afirmou, a matemática foi a linguagem utilizada para escrever o


universo. Então, ela compõe tudo à sua volta. O que o homem fez foi criar símbolos
que a representam. Portanto, a matemática pode — e deve — ser vista dessa forma,
ou seja, como uma linguagem simbólica utilizada para expressar fenômenos naturais.
Sem ela, a sua vida não seria a mesma.
A educação matemática se encarrega dos métodos de ensino de matemática.
Além disso, ela busca o constante aprimoramento da relação entre ensino e
aprendizagem. Então, certamente deveria preocupar-se também em fazer da
matemática uma disciplina mais real e interdisciplinar, que pudesse ser vista de forma
mais palpável pelos alunos.
Em todas as tendências, conteúdos matemáticos básicos, como estatística,
podem ser foco de trabalhos e pesquisas interdisciplinares já desde os primeiros anos
do ensino fundamental. Contudo, um tema em especial pode ser explorado de forma
lúdica e rompendo as barreiras da sala de aula: o meio ambiente. Para abordar a
temática do meio ambiente, o professor pode usar largamente a razão áurea em sala
de aula, visto que ela expressa uma matemática bem concreta e visual, facilitando a
atividade de campo com alunos de qualquer idade.
Para tratar de temas diversos, atividades como palestras e apresentações de
cartazes podem ser ótimas sugestões para relacionar a matemática com outras
disciplinas. Palestras sobre saúde, por exemplo, podem vir carregadas de números e
dados estatísticos. Esses dados podem ser usados posteriormente para a aplicação
de diversos conteúdos.
Além disso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) citam a importância
da matemática para a formação cidadã. Assim, outra possibilidade de abordagem
72
interdisciplinar é o ensino da matemática voltada para a educação do consumidor. É
possível, nesse caso, relacionar temas como medidas, porcentagens, sistema
monetário, uso das funções, utilização da regra de três simples e composta, equação
de primeiro e segundo graus, gráfico de crescimento, entre outros. (BRASIL, 1996).

Fonte: https://www.coc.com.br/

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REFERÊNCIAS

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