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Documento: 1020045 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 06/12/2010 Página 1 de 8
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 130.661 - MG (2009/0041579-1)
RELATÓRIO
Contra esse acórdão, foi impetrado o presente writ, pugnando-se pela fixação
da pena-base no mínimo legal.
Foram solicitadas as informações do Tribunal a quo, prestadas à fl. 43.
O Ministério Público Federal manifestou-se às fls. 54/55, opinando pela
denegação da ordem.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 130.661 - MG (2009/0041579-1)
EMENTA
VOTO
A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (Relatora):
A sentença fixou a pena-base acima do mínimo legal com base na seguinte
motivação:
"Diante de todo o exposto, julgo procedente a denúncia e condeno
nas penas do artigo 155, § 4.º, inciso IV, do Código Penal.
[...]
As circunstâncias do crime são desfavoráveis ao réu, diante do
grande volume de bens subtraídos e seu valor, conforme auto de fl. 65,
superior a R$ 1.000,00 à época do fato, o que evidencia a ousadia do réu.
Atento às circunstâncias judiciais, fixo a pena-base em 2 anos e 1 mês
de reclusão.
Não há circunstâncias atenuantes nem agravantes.
Também não incidem causas de diminuição ou aumento de pena.
Fixo a pena de multa em 15 dias-multa, valor que é definitivo.
Assim, são totais e definitivas as penas de dois anos e um mês de
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reclusão e o pagamento de 15 dias-multa, cujo valor unitário fixo no mínimo
legal.
O regime inicial de cumprimento será o aberto e o réu poderá
recorrer em liberdade.
Substituo a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de
direitos, consistentes na prestação pecuniária e na prestação de serviços à
comunidade. [...]" (fl. 15)
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Superior Tribunal de Justiça
no vedado bis in idem.
Como é cediço, o julgador deve, ao individualizar a pena, examinar com
acuidade os elementos que dizem respeito ao fato, obedecidos e sopesados todos os critérios
estabelecidos no art. 59, do Código Penal, para aplicar, de forma justa e fundamentada, a
reprimenda que seja, proporcionalmente, necessária e suficiente para reprovação do crime.
Especialmente, quando considerar desfavoráveis as circunstâncias judiciais,
deve o magistrado declinar, motivadamente, as suas razões, pois a inobservância dessa regra
implica em ofensa ao preceito contido no art. 93, inc. IX, da Constituição Federal.
Ilustrativamente:
"HABEAS CORPUS. FURTO. SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS.
POSSIBILIDADE. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. HABEAS CORPUS DE
OFÍCIO PARA RECALCULAR A PENA.
[...]
3. Esta Corte de Justiça já se posicionou no sentido de que a
personalidade do criminoso não pode ser valorada negativamente se não
existem, nos autos, elementos suficientes para sua efetiva e segura aferição
pelo julgador.
4. A sentença, no que foi ratificada pelo acórdão impugnado,
considerou como negativas as circunstâncias referentes à conduta social, à
culpabilidade, aos motivos e às consequências do crime com fundamentos
inerentes ao próprio tipo penal, já consideradas pelo próprio legislador
quando da fixação da pena abstratamente cominada, não podendo, justamente
por isso, serem novamente valoradas pelo julgador sob pena de incorrer-se no
vedado bis in idem.
5. Ordem concedida para, de ofício, redimensionar a pena imposta do
ora Paciente, nos termos do voto, e, acolhendo o pedido deduzido na
impetração, substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de
direitos, conforme as condições a serem estabelecidas pelo Juízo das
Execuções Criminais. " (HC 111204/MG, 5.ª Turma, Rel. Min. LAURITA
VAZ, DJe 13/09/2010.)
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Superior Tribunal de Justiça
evidencia-se a prescrição da pretensão punitiva estatal, na forma retroativa, ante o transcurso
do lapso prescricional de 4 anos, nos termos do art. 109, inciso V, do Código Penal.
Ante o exposto, CONCEDO a ordem para, mantida a condenação, reformar a
sentença e o acórdão, fixando a pena do Paciente em 2 anos de reclusão e 10 dias-multa, no
piso. CONCEDO habeas corpus , de ofício, a fim de reconhecer a prescrição da pretensão
punitiva estatal e declarar extinta a punibilidade quanto ao referido delito, nos termos dos
fundamentos explicitados no voto.
É o voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relatora
Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JORGE MUSSI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO XAVIER PINHEIRO FILHO
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : TARGINO FLÁVIO DA SILVA
ADVOGADO : LEONARDO CARVALHO CARREIRA - DEFENSOR PÚBLICO
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PACIENTE : TARGINO FLÁVIO DA SILVA
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Furto Qualificado
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
" A Turma, por unanimidade, deferiu o pedido e concedeu "Habeas Corpus" de ofício, nos
termos do voto da Sra. Ministra Relatora."
Os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi, Honildo Amaral de Mello
Castro (Desembargador convocado do TJ/AP) e Gilson Dipp votaram com a Sra. Ministra Relatora.
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