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Tribunal Superior Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

22/10/2022

Número: 0601634-07.2022.6.00.0000
Classe: DIREITO DE RESPOSTA
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Presidente Alexandre de Moraes - Representações
Última distribuição : 21/10/2022
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Direito de Resposta, Cargo - Presidente da República
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
COLIGAÇÃO PELO BEM DO BRASIL (REQUERENTE) ADEMAR APARECIDO DA COSTA FILHO (ADVOGADO)
EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO (ADVOGADO)
MARINA FURLAN RIBEIRO BARBOSA NETTO
(ADVOGADO)
MARINA ALMEIDA MORAIS (ADVOGADO)
TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO (ADVOGADO)
JAIR MESSIAS BOLSONARO (REQUERENTE) ADEMAR APARECIDO DA COSTA FILHO (ADVOGADO)
EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO (ADVOGADO)
MARINA FURLAN RIBEIRO BARBOSA NETTO
(ADVOGADO)
MARINA ALMEIDA MORAIS (ADVOGADO)
TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO (ADVOGADO)
COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA (REQUERIDA)
LUIZ INACIO LULA DA SILVA (REQUERIDO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
15827 21/10/2022 21:27 DR 22 mi empregos - Radio 20.10 Petição Inicial Anexa
8740
EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES
DD. PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL

COLIGAÇÃO PELO BEM DO BRASIL (PARTIDO LIBERAL,


REPUBLICANOS e PROGRESSISTAS), inscrita no CNPJ/MF sob o nº
47.508.748/0001-63, neste ato representada por seu Presidente, Sr. Valdemar Costa Neto
e JAIR MESSIAS BOLSONARO, brasileiro, Presidente da República, inscrito no CPF
nº 453.178.287-91, ambos com endereço na SHIS QI 15, Conjunto 8, Casa 10, Lago Sul,
Brasília/DF, CEP: 71365-280, por seus advogados subscritos ao final (procuração
arquivada junto a este C. TSE, nos termos do art. 13 da RES. TSE. 23.608/2019, cuja
certificação se requer), com fulcro no art. 58 da Lei nº 9.504/1997, vêm, respeitosamente,
propor

REPRESENTAÇÃO POR DIREITO DE RESPOSTA

em face da COLIGAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA, composta pela Federação


Brasil da Esperança - FE BRASIL (PT/PC do B/PV) / SOLIDARIEDADE /
Federação PSOL REDE (PSOL/REDE) / PSB / AGIR/ AVANTE / PROS, com
sede em SHIS, QL 26, conj. 1, casa 19, Lago Sul, Brasília/DF, CEP 71.665-115; por sua
Representante legal, Gleisi Helena Hoffmann e LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,
brasileiro, candidato à Presidente da República, inscrito no CNPJ sob o nº
47.453.689/0001-73, com endereço a Quadra SGAN 601 Módulo H, 2059, Asa Norte,
BRASÍLIA - DF, CEP: 70830018. o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir externados.

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I. DA SÍNTESE FÁTICA

1. No dia 20.10.2022 (quarta-feira), os representados veicularam 7


vezes inserção (2 vezes pela manhã, 3 vezes pela tarde e 2 vezes pela noite) de 30 segundos
em rádio. A propaganda apresenta fato sabidamente inverídico, ferindo o disposto no art.
13 da RES. TSE. 23.608/2019, cuja certificação se requer), com fulcro no art. 58 da Lei nº
9.504/1997

[Narração]: Agora é Lula!


[Lula]: Meus amigos e minhas amigas! Eu já senti na pele a angústia de
estar desempregado. Eu sei o que você está passando e garanto duas
coisas: o meu governo vai investir para gerar empregos e garantir um
salário mínimo forte e também vamos créditos com juros baixos para
pequenos e médios empreendedores. Foi assim que geramos 22
milhões de empregos no Brasil. Agora, vamos fazer melhor.

2. Conforme deflui da inserção, houve a veiculação da informação


inverídica de que o governo de Lula teria gerado o elevado número de 22 milhões de
empregos. Diante da inverdade, que busca incutir no imaginário do eleitorado falsas
impressões acerca do período no qual o candidato Lula governou o país, resta evidenciada
a necessidade de ajuizamento do competente pedido de Direito de Resposta, em razão da
informação chapadamente inverídica.

3. É o que cumpre sintetizar.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

4. O Direito de Resposta encontra respaldo na Constituição Federal de


1988, a Constituição Cidadã de Ulysses Guimarães, logo no início do capítulo Dos Direitos e
Deveres Individuais e Coletivos, estabelecendo que “é assegurado o direito de resposta,
proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” (art. 5º, inc. V).

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5. Dessa forma, em se tratando de campanha eleitoral, o art. 58 da Lei
nº 9.504/97 estabelece que “a partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de
resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou
afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer
veículo de comunicação social”.

6. JOSÉ JAIRO GOMES leciona que “a propaganda eleitoral tem o sentido de


proporcionar aos candidatos oportunidade de expor suas imagens, ideias e seus projetos, de sorte a convencer
os eleitores de que são a melhor opção e captar-lhes o voto. Está claro que não deve ser
desvirtuada, tornando-se palco de contendas pessoais, agressões morais ou de
difusão de fake news, mentiras, discursos de ódio, de terror e quejandos”1.

7. EDSON DE RESENDE CASTRO sustenta que “(...) toda ofensa ou


afirmação falsa veiculada durante a propaganda eleitoral se sujeita à reposta do
ofendido (...). É, na verdade, corolário do direito à correta informação, que se
reconhece ao eleitor. Já se havia dito que a propaganda tem como objetivo levar ao
eleitor ampla informação a respeito dos candidatos que se apresentem ao pleito. E
assa informação deve ater-se ao que corresponde à verdade da vida e das ideias dos
candidatos, a partir do que o eleitor pode decidir-se livremente”2.

8. PAULO GUSTAVO GONET BRANCO, em festejado trabalho


acadêmico firmado em parceria com o Ministro Gilmar Mendes, analisando os eventuais
(existentes) limites da liberdade de expressão, ressalta que “a informação falsa não está
protegida pela Constituição, porque conduziria a uma pseudo-operação da
formação da opinião. Assinala-se a função social da liberdade de informação de
‘colocar a pessoa sintonizada com o mundo que a rodeia (...), para que possa
desenvolver toda a potencialidade da sua personalidade e, assim, possa tomar as
decisões que a comunidade exige de cada integrante’”3.

1 Direito Eleitoral. São Paulo: Atlas, 2020, p. 646.


2 CURSO DE DIREITO ELEITORAL. Belo Horizonte: Del Rey, 2012, p. 319-320.
3 CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 280.

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9. Noutro vértice, o art. 9º, da Resolução/TSE nº 23.610/2019,
estabelece que “a utilização, na propaganda eleitoral, de qualquer modalidade de conteúdo, inclusive
veiculado por terceiras(os), pressupõe que a candidata, o candidato, o partido, a federação ou a coligação
tenha verificado a presença de elementos que permitam concluir, com razoável segurança, pela fidedignidade
da informação, sujeitando-se as pessoas responsáveis ao disposto no art. 58 da Lei nº 9.504/1997 , sem
prejuízo de eventual responsabilidade penal".

10. O art. 9º-A, por sua vez, definiu que “é vedada a divulgação ou
compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a
integridade do processo eleitoral, inclusive os processos de votação, apuração e totalização de votos, devendo
o juízo eleitoral, a requerimento do Ministério Público, determinar a cessação do ilícito, sem prejuízo da
apuração de responsabilidade penal, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação”.

11. Em outros termos, há todo um regramento jurídico eleitoral com a


finalidade específica de combater eficazmente a propaganda eleitoral voltada à desonrosa
utilização de fato inverídico - como no caso concreto, em que os Representados
veiculam informação sabida e chapadamente inverídica sobre a criação de empregos
durante o período em que o candidato Lula governou o Brasil, o que fazem por meio da
afirmação de que Lula criou 22 milhões de empregos.

12. Com a devida vênia, a informação apresentada na propaganda dos


Representados é completamente falsa. O governo do Partido dos Trabalhadores não gerou
a quantidade de empregos que divulga a inserção de rádio, conforme verificou a agência de
checagem de fatos “Fato ou Fake”, verbis:

"Quando eu governei, de 2003 a 2010, nós fizemos a maior política


de inclusão que a história deste país conheceu: nós geramos 22
milhões de empregos."

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A declaração é #FAKE. Veja por quê: De acordo com os dados da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) publicados em novembro
de 2021 (ano-base 2020), em 2002, um ano antes de Lula assumir a
Presidência da República, o número de vagas de empregos formais era de
28,6 milhões. Em 2010, último ano do candidato no cargo, o estoque de
empregos formais era de 44 milhões. Ou seja, os números indicam que
cerca de 15,4 milhões de empregos foram criados no período - SÃO
6,6 MILHÕES DE EMPREGOS A MENOS DO QUE O CITADO PELO
CANDIDATO. (destacamos)

13. Ou seja: o candidato busca auferir dividendos resultantes de uma


narrativa que, na realidade, não corresponde, nem de perto, à afirmação de Lula. O que se
busca, com a propaganda, é construir, artificialmente a ideia de que o candidato gerou
muitos empregos no passado e repetiria seu fantasioso feito.

14. Na linha da jurisprudência do TSE, “a concessão do direito de resposta


previsto no art. 58 da Lei das Eleições, além de pressupor a divulgação de mensagem ofensiva ou afirmação
sabidamente inverídica reconhecida prima facie ou que extravase o debate político-eleitoral, deve ser concedido
de modo excepcional, tendo em vista exatamente a mencionada liberdade de expressão dos atores sociais”
(Rp nº 060094769/DF, Relator (a) Min. Carlos Horbach, Publicado em Sessão, Data
27/09/2018).

15. A propaganda eleitoral, seja qual for a modalidade, pressupõe


ambiente de civilidade e de urbanidade entre os competidores, o chamado fair play eleitoral,
não se admitindo formas falsas e/ou criminosas de aproximação artificial enganosa com os
eleitores, conforme ampla lição da doutrina especializada.

16. Na linha da pacífica jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral:

ELEIÇÕES 2022. REPRESENTAÇÃO POR DIREITO DE RESPOSTA.


PARTIDO POLÍTICO. INTERNET. INFORMAÇÃO INVERÍDICA E
OFENSIVA. REMOÇÃO DO CONTEÚDO. MEDIDA LIMINAR
CONCEDIDA EM PARTE. REFERENDO.
1. Nos termos do art. 58 da Lei nº 9.504/1997, é assegurado o direito de resposta
a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por
conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente
inverídica, difundidos por qualquer veículo de comunicação social.
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2. A jurisprudência desta Corte Superior, firmada precisamente na
perspectiva do referido art. 58 da Lei nº 9.504/1997, é consolidada no
sentido da natureza absolutamente excepcional da concessão do direito
de resposta, que somente se legitima, sob pena de indevido
intervencionismo judicial no livre mercado de ideias políticas e eleitorais,
com comprometimento do próprio direito de acesso à informação pelo
eleitor cidadão, nas hipóteses de fato chapadamente inverídico, ou em
casos de graves ofensas pessoais, capazes de configurarem injúria, calúnia
ou difamação.
3. O Plenário desta Corte Superior, considerando o peculiar contexto inerente às
eleições de 2022, com "grande polarização ideológica, intensificada pelas redes
sociais", firmou orientação no sentido de uma "atuação profilática da Justiça
Eleitoral", em especial no que concerne a qualquer tipo de comportamento
passível de ser enquadrado como desinformativo e flagrantemente ofensivo (Rp
nº 0600557–60/DF, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, PSESS de
1º.9.2022; Rp nº 0600851–15, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes,
PSESS de 22.9.2022), com o que se conferiu a esta Casa um dever de filtragem
mais fino.
4. A afirmação, desacompanhada de qualquer lastro fático mínimo que a
sustente, de que "O PSOL é financiado pelo George Soros" configura hipótese
de divulgação de fato sabidamente inverídico e claramente ofensivo à agremiação
autora, até porque, nos termos do art. 31, I da Lei nº 9.096, "é vedado ao partido
político receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto,
contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de
publicidade de qualquer espécie, de entidade ou governo estrangeiros".
5. Liminar parcialmente deferida. Referendo (Referendo no Direito de Resposta
nº 060127557/DF, Relator (a) Min. Maria Claudia Bucchianeri, Publicado em
Sessão, Data 03/10/2022).

17. É dizer: a propaganda em exame, ao divulgar informação de


todo imprecisa, passa a léguas de distância do campo fértil da liberdade de
expressão, diante de clara manipulação de dados, conduta que requesta pronta
atuação da Justiça Eleitoral.

18. Nesse exato sentido, cumpre trazer à baila brilhante voto


proferido pelo Il. Min. Ricardo Lewandowski proferido na sessão de 13.10.2022, no
julgamento da RP 0601372-57, verbis:

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Ao apresentar as reportagens jornalísticas sobre o título “relembre os esquemas do
governo Lula” a matéria atribui ao candidato Lula uma série de escândalos de
corrupção que jamais foram judicialmente imputados a ele e a respeito dos
quais, por conseguinte, nunca teve a oportunidade de exercer sua defesa.
Nesse sentido, considero grave a desordem informacional apresentada e como
tal, apta a comprometer a autodeterminação coletiva, a livre expressão e a livre
formação da vontade do eleitor.
Nós estamos diante de um fenômeno absolutamente novo, o fenômeno da
desinformação, que vai além da fake news. (...)
O cidadão comum, o eleitor ordinário, no sentido gramatical da palavra, não está
preparado para receber esse tipo de desordem informacional.
Dessa maneira, penso que a veracidade do discurso deve ser tutelada na medida
em que a sua falsidade é o problema mais atual com o qual nos defrontamos e
que pode severamente comprometer a autodeterminação coletiva, promovendo
confrontação, radicalização e polarização.
O discurso falso não apenas desgasta o tecido social, mas também sufoca a expressão
do que lhe é antagônico, efeito social nocivo que esta corte não pode admitir.

19. Em sentido complementar, cumpre trazer à baila o voto do Il.


Ministro Alexandre de Moraes na referida Representação, verbis:

Nós estamos verificando, principalmente do início da campanha eleitoral para o


segundo turno, duas modalidades de desinformação. Eu diria que a desinformação em
sua segunda geração. A primeira é a manipulação ou, como no caso em concreto que
estamos analisando, a manipulação de algumas premissas verdadeiras. Então se fala aqui
por exemplo: “escândalo dos bingos”, “dólares na cueca”, “máfia dos sanguessugas” -
você junta várias informações verdadeiras, que ocorreram, e traz uma conclusão falsa.
Ou seja, é uma manipulação de premissas.
A segunda modalidade nova de desinformação, e isso também temos aqui no Tribunal
Superior Eleitoral que ficar muito atentos, é a utilização de mídias tradicionais para
se plantar fake news. E, a partir de determinadas mídias tradicionais, que,
supostamente estariam fazendo uma matéria jornalística, estão divulgado fake
news, notícias fraudulentas.
A partir disso as campanhas replicam essas fake news dizendo “não, mas isso é
uma notícia que saiu”.
E eu já venho dizendo há muito tempo que as fake news não são uma primazia só das
redes sociais, elas também existem na mídia tradicional. O que não se pode admitir,
assim como manipulação de algumas premissas verdadeiras para se chegar às
conclusões falsas, também não se pode admitir a mídia tradicional de aluguel, a

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mídia tradicional que faz uma suposta informação jornalística absolutamente
fraudulenta para permitir que se replique isso.
São duas modalidades que já identificamos aqui no Tribunal Superior Eleitoral e que
cresceram muito a partir do início do segundo turno e que devem ser combatidas
exatamente para garantir ao eleitor a informação verdadeira, para garantir que o eleitor
possa analisar de maneira livre e consciente e partir de informações verdadeiras, escolher
em quem quer votar.

20. Tal o quadro, uma vez demonstrada que a inserção lida com
informação falsa, permeada por dados imprecisos, e prejudica o legítimo debate
político-eleitoral, imperiosa se revela a intervenção do E. Tribunal Superior Eleitoral, com
vistas à forçosa aplicação do disposto n art. 58 da Lei nº 9.504/97.

III. DOS PEDIDOS

21. Ex positis, requer-se, por medida de justiça, após o devido


processamento da medida, seja concedida a resposta constante texto anexo à presente ação,
a ser veiculada na forma de inserção em rádio, nos mesmos turnos e em igual tempo ao da
ofensa, nos termos do art. 58 da Lei das Eleições.

Termos em que, pede e espera deferimento.

Brasília, 20 de outubro de 2022.

TARCISIO VIEIRA DE CARVALHO NETO EDUARDO AUGUSTO VIEIRA DE CARVALHO


OABDF N. 11.498 OAB/DF N. 17.115

MARINA FURLAN OTMAN MARINA ALMEIDA MORAIS


OAB/DF N. 70.829 OAB/GO 46.407

ADEMAR APARECIDO DA COSTA FILHO


OAB/DF 40.989

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Texto de Resposta

• Título do início:

DIREITO DE RESPOSTA CONCEDIDO A JAIR BOLSONARO PELA


JUSTIÇA ELEITORAL

• Conteúdo:

“Estou aqui, no tempo de televisão do Lula, porque a Justiça Eleitoral julgou


ilegal a sua propaganda eleitoral que trouxe notícia falsa.
A propaganda do Lula confunde o eleitor ao dizer que seu governo criou 22
milhões de empregos. Esse número está errado, conforme apontam os dados da
Relação Anual de Informações Sociais, publicados em novembro de 2021. Agora,
chega de falar de passado. É tempo de falar do presente e do futuro. O Presidente
Jair Bolsonaro, assim como já está fazendo, criará ainda mais empregos a partir
do fortalecimento da economia. Economia forte, trabalhador feliz! Deus, Pátria
e Família”.

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