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Atividade De Direito Penal I (CIJ033)

Discente: José Carlos da Cruz Oliveira


Docente: Eduardo Viana
Turno: Noturno

01. Considere a seguinte situação hipotética: no dia 1° de janeiro de 2014, sob a vigência da
Lei Y, os indivíduos José e João sequestraram, o empresário Carlo Santiago. Durante os
meses de negociação do resgate para a consequente liberação do empresário,
precisamente no dia o dia 1° de fevereiro de 2016, entra em vigor a Lei X, na qual se
penalizou mais gravemente a conduta da extorsão mediante sequestro. Nesta situação,
e após meses de investigação, no dia 14 de fevereiro a polícia estoura o cativeiro onde
estava a vítima Carlo Santiago prendendo, em situação flagrancial, os sequestradores
José e João. Diante desta hipótese, discorra sobre a lei que deverá ser aplicada aos
sequestrados caso sobrevenha decisão condenatória. Justifique sua resposta com base
nos preceitos que disciplinam a aplicação da lei penal.

Conforme a situação hipotética descrita, estamos diante da conduta criminosa prevista no


artigo 159 do Código Penal ( Extorsão mediante sequestro). Tipo este classificado como
crime permanente. Haja vista, que nesses tipos criminais (Crimes permanente) o STF ,
através da sumula 711, adota o posicionamento que em crimes de caráter permanente e
continuado, a lei penal mais grave aplica-se, se a sua vigência é anterior a cessação da
continuidade ou da permanência, haja vista que o tipo possui uma característica especial,
a ação delituosa se prolonga no tempo, consumando-se e iniciando-se, continuamente, a
cada dia de ação . Diante disso, entende-se que no caso narrado, a lei X ainda que mais
gravosa aplica-se a João e a José, pois sua vigência se deu anteriormente a prisão
flagrancial.

02. Considere a seguinte situação fática: “Júlio Danado foi denunciado pela suposta
prática do crime de manutenção de casa de prostituição (art. 229, do CP). A
mencionada casa está situada, contudo, na zona boêmia, na zona do baixo meretrício
da cidade de Sodoma. Ela funciona, ainda, com a autorização da secretaria de
“serviços e diversões públicas da cidade”. O Supremo Tribunal Federal, em 1964,
firmou jurisprudência no sentido de que não configura o referido ilícito a
manutenção de casa de prostituição na zona do meretrício, quando tal fato é
tolerado pela polícia. Além disso, a Corte levou em consideração que o prostíbulo
era licenciado pela autoridade que concedia alvará́ para funcionamento e cobrava
impostos. Daí ́ o entendimento que não se tratava de crime contra os costumes,
mas fato tolerado e até,́ de certo modo, imposto pelos costumes (HC 40161, Rel.
Min. Ribeiro da Costa; HC 40.124, Rel. Min. Vilas Boas). O STF abandonou,
porém, mais tarde, essa orientação firme e passou a considerar que o
licenciamento policial era irrelevante (RTJ 85/487; RTJ 60/104, Rel. Min.
Antônio Neder). Júlio Danado, então, em razão do novo entendimento
jurisprudencial, foi denunciado e condenado a 5 anos de prisão pelo crime de
manutenção de casa de prostituição. Você, grande penalista, é convidado a emitir
opinião sobre essa situação.

Em relação a aplicação da pena mais gravosa ,advindas de decisões jurisprudenciais,


majoritariamente entende-se que a proteção da irretroatividade não se aplica.
Consoante a isto o STJ defende que a extra- atividade somente aplica-se as leis.
Sendo assim, a condenação de Júlio Danado torna-se ilícita, devendo ser relaxada pela
autoridade competente, haja vista que não há como aplicar a jurisprudência atual. Tal
prisão fere gravemente o princípio da segurança jurídica, visto que no momento da
conduta, o autor achava que estava praticando uma conduta atípica.

03. Considere a seguinte situação hipotética: entrou em vigor, no dia 1° de


janeiro de 2016 lei temporária que vigoraria até o dia 1° de fevereiro de 2016,
na qual se penalizou a conduta do furto qualificado (art. 155, §4° do CP) com a
reprimenda de 10 a 20 anos de reclusão e multa. Nesta situação, Pedro Alonso
praticou furto no dia 20 de janeiro de 2016, mas somente veio a ser denunciado
no dia 03 de fevereiro do mesmo ano, quando já estava em vigor nova legislação
nacional, a qual passou a prever uma reprimenda de 1 a 3 anos de reclusão para
o mesmo crime. Diante desta hipótese, discorra sobre a pena que deverá ser aplicada
para
Pedro Alonso caso sobrevenha decisão condenatória. Justifique sua resposta com
base nos preceitos que disciplinam a aplicação da lei penal.
E caso advenha nova lei penal, no curso da ação penal, prevendo agora a pena de 1
a 2 anos de reclusão para o mesmo crime, qual das leis seria aplicada ao caso?

a) Como exposto na situação hipotética, trata-se de uma lei temporária, matéria


prevista no artigo 3 do Código Penal no qual afirma que a lei temporária embora
decorrido o período de sua duração aplica-se aos fatos ocorridos durante sua
vigência. Diante disso entende-se que Pedro Alonso cometeu furto qualificado, e
portando aplicar-se-ia a pena da lei temporária. Contudo a situação descrita afirma
que após a lei temporária deixar de vigorar, surgiu uma nova legislação mais
benéfica para o mesmo crime. Entretanto, não se trata do mesmo tipo penal, as
situações fáticas que levam a ocorrência do delito são diversas. Nesse sentido
aplica-se ,na situação descrita, lei de vigência temporária, ou seja, reclusão 10 a
20 anos.
b) Caso advenha nova pena benéfica no curso da ação penal, não se aplica aos fatos
cometidos por Alonso, que continua respondendo na pena prevista na lei
temporária. Ademais a única forma de que um novo tipo penal mais benéfico
retroagisse para alcançar fatos praticados durante lei temporária, seria se a novatio
legis in mellium , expressamente fizesse referência à lei temporária, o que não
ocorre na situação hipotética descrita.

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