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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Biografia
Projecto Literário Memorável ou simplesmente Projecto Memorével é um projecto que tem a
função de dar espaço a novos artistas de exporem os seus dotes literários, levando os leitores
a uma viagem cósmica que a escrita pode oferecer, tendo a função de motivar, ajudar,
informar e acima de tudo educar com as suas obras.
Este projecto tem como a sua primeira edição este livro, que teve a participação de seis
escritores, amadores e profissionais que juntaram as suas forças a fim de dar o seu melhor
para a diversificação da cultura literária.
Este projeto tem como o originador Jesus do Espirito Santo, que teve a ideia de fazer algo
diferente do comum, juntar artistas pera entreter os leitores com as suas magnificas escritas.
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A União e a Literatura
“AGRADECIMENTOS”
Agradeço primeiramente à Deus pela vida e pela oportunidade que me deu, e por permitir
com que esse projecto se realizasse, e em paticular agradeço ao Moisés João Dande e ao
Nicolau Chacuiva, que me deram uma enorme força e motivação para que o projeco se
concretizasse com sucesso. Agradeço também o elenco de edição e revisão que não mediram
esforços, a fim de realizar o desfeche do trabalho com sucesso. Agradeço também aos seis
escritores, que participaram nesse porjecto e que tornaram tudo numa realidade.
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A União e a Literatura
Pensamos nós que os outros nunca nos entendem, mas na verdade, nunca tivemos nós a
vontade de procurar entendê-los.
Sê sempre íntegro, até diante das mias extremas circunstâncias, e verás que as coisas estarão
ao seu favor.
Quando as coisas que fizeres na expectativa de mudares o mundo não derem certo, tenta
mudar o teu mundo primeiro.
(Nicolau Chacuiva)
Perdidos na ilusão de querer ser alguém, muitos acabam por ser ninguém.
O homem burro não é aquele que não sabe, mas sim aquele que não escuta.
Mesmo que não tenha sentido, faz por amor.
(Jesus dos Santo)
Homens grandes Conquistam impérios, reino e nações, homens ainda maiores conquistam
grandes mulheres.
A vida é como uma vela que um dia se apagará e nos esqueceremos dela.
Dou- te o meu amor agora, para que no futuro seu coração sinta a minha presença, quando a
sua mente me esquecer.
(Moisés João Dande)
(Mi Le Dji)
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A União e a Literatura
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A União e a Literatura
“A dor do Contratado”
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A União e a Literatura
“A liberdade”
Durante a minha caminhada de vida, vivi inúmeras jornadas, disputando diversas partidas.
Sem saber para onde ir, vivia aos ventos, indo para aqui e para lá, como criança guiada pelo
seu instinto de inocência, que a inocenta dos seus atos.
Vivia a vida ouvindo, faça o que eu digo e não o que eu faço, porque do que eu faço não terás
nenhuma lição sequer a aprender, e sem saber a noção, obedecia sem a mínima razão,
desprezando a lógica e a emoção, não sabia que estaria sem alma e sem coração.
Tudo é vaidade quando não se tem liberdade, e pior ainda é quando a gente se perde na nossa
liberdade.
De tantas ilusões e paixões, só tive uma realidade: “Ser livre”, sim a liberdade, implica ela
autonomia total? Não, ser livre implica viver dependendo dos meus passos, atitudes e
decisões, levando em conta a existência de Um Ser Superior existente, que nos deu de
presente esse esbelto e magnífico, do ato mais simples e irrelevante, mas o mais importante e
mortífero: O livre Arbítrio.
Liberdade é ser livre da nossa liberdade, passar além da puberdade até atingir a maturidade,
tomar as decisões que irão trilhar a nossa jornada da vida até a morte, porque ser livre da vida
é morrer.
Como um pássaro sem asas, persegue uma estrela cadente, na minha mente viajo até ao
ocidente, explorando a liberdade que me foi dada de presente.
Ser livre é amar de igual para igual, tirando o machismo que nos povoa.
Ser livre é andar e correr, fazer o que se quer quando se quer, fazer o que se pode, quando se
ter, sentir quando se quer e puder.
Ser livre é andar descalço na calada da noite sentindo a areia entre as entranhas dos dedos na
calada da noite.
Ser livre é amar, dizer o que sentes quando à amas, fazer o que podes quando deves.
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A União e a Literatura
Ser livre é ser tudo, sorrir e ser feliz voar e pairar, porque um Africano morre que o seu sorriso
morre.
Vai, corre, diz à amas, enquanto ainda és livre dos teus sentimentos, seja rápido antes que
venha a culpa e a vergonha para mancharem a tua liberdade.
Sê livre, aproveite a vida, mas tenha cuidado com a tua liberdade, para não te tornares escravo
dela. Porque cada ação nos cobra uma reação, como resultado das nossas decisões.
Nem todo passo é para ser dado, nem toda oportunidade é para agarrar, mas toda liberdade é
para viver.
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A União e a Literatura
É dor de mais
No olhar triste
Das crianças
Que morrem
Aos jovens
Donos do mundo
Meros egoístas!
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A União e a Literatura
Do meu avô
Ilustres
E nós?
Continuamos escravos
Para quê dizer que vivemos, se a única coisa que fazemos é sobreviver!
Autor: Mi Le Dji.
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A União e a Literatura
“Amar”
Respeitar o respeito
Amar é a preocupação
Amar
Pretos e distantes
Amar é amar
Acertar e errar
Ser criança
Adulto
Mostrar um sorriso
Alegre e triste
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A União e a Literatura
E viver na atuação
Coberto
Dor e tristeza
Paz e guerra.
Ter rosas
Lembrança no esquecimento
Amar é morrer
Amar é viver.
Autor: Mi Le Dji.
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A União e a Literatura
“Amor secreto”
Com medo
Autor: Mi Le Dji.
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A União e a Literatura
“Angolar”
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A União e a Literatura
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A União e a Literatura
Eu, vi-te na rua, deixada e seminua, plantada na podridão, batendo no meu portão, o que te
assolava era o medo que não te ajudava, dei-te abrigo e refúgio, mas no que havia de bom é ti
não vi nenhum vestígio, o que te serviu como um escudo, foi o meu refúgio, hoje luto porque
não te tenho, e talvez eu já esteja de luto, hoje ligo porque já faz tempo que não te vejo, e com
o tempo me esqueço de quem és, e me perco no tempo e não te vejo.
Desci até ao cais, cobrando quem me devia e, todavia não encontrei ninguém que devia, e
nesta cidade tudo é vaidade, porque apesar da serenidade já não há irmandade, cada um, é o
que é, e todo mundo é o que quer ser.
O meu ser está abalado, como que voando a nenhum lado, na tua pessoa encontrei o que me
povoa, o amor, e como prova, muitos discordam, porque dizem qua não tem sentido, mesmo
assim é o que eu tenho sentido, o amor, porque ele não tem sentido, pelas coisas que tenho
vivido.
E nos seus zumbidos, eu tenho ouvido que eles dizem que, eu tenho vivido é um amor não
correspondido, que eu ando perdido e meio que escondido.
Mas eles não entendem as palavras de um Falhado, se não é amor então o que é? O amor não
tem sentido, então as minhas ações são sem razão e sem explicação, então o que faço
simplesmente faço.
Ando sem direção, nesse mar de ficção, porque tenho tomado más decisões.
Dizem que nas palavras de um Falhado, tudo esta errado, mas eu me pergunto quem sabe? Se
estão todos cheios de aflição, trocando o quadro e a carteira com um prato de refeição. É com
tanta convicção, digo, se eles sabem ou se querem acreditar nisso.
Dizem que um Falhado sempre será um Falhado, mas eu prefiro ser um Falhado que ama, e
que tem sentimentos, do que um vitorioso sem coração e sem noção, caminhado em qualquer
direção.
O meu amor por ti é transcendente, como chamas ardentes que aquecem o que sinto.
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A União e a Literatura
Eu, sou o Falhado que ama, mas não o que sofre por amor.
As palavras de um Falhado.
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A União e a Literatura
“Catorzinha”
Catorzinha
É a miúda do bairro, a pequena da cidade, é a minha vizinha.
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A União e a Literatura
À mais de 100 anos, um português zinho abarcou com sua singela tripulação, em reinos bantus
e estes pularam de seus navios para as terras que os considerou estranhos, mas bem-vindos.
Terra esta de homens simples tal como suas vidas, suas mãos, seu tudo.
Esses estrangeiros de olhos aguçados viram coisas que para a sua visão já eram coisas, mas
não para os próprios donos, e estes, nativos pouco trajados, viram também cintilar nas
pessoas do longe pacífico e se maravilharam.
No passar do dia, assim pessoalmente assumo, os brancos e negros reunidos fizeram uma
troca de interesses por iniciativa dos mais sabidos e aliciantes brancos. Os vastos abundantes
pertences dos bantus, ouro, mirra, prata, e todos os mais valiosos tesouros destes, que para si
nada valiam, por simples espelhos, peças de roupa e frutas tropicais que os brancos traziam
consigo.
Não cientes do enorme valor que seus bens tinham, os pobres homens, pobres aceitaram a
troca e com sentimento puro de vitória, nem sequer se notarem do desbalanço entre os itens
em permuta.
E assim ficou.
Uma das frases mais feias que se tem como provérbio na vida é: “A grama do meu vizinho é
mais verde que o minha”.
Mas eu pergunto-me se é total e inteiramente verdade. Ou mais, que cacos ópticos foram que
esse homem, que assim afirmou usou em seus olhos para ver tal coisa?
Porque na verdade tal como há mais de 100 anos atrás nossos ancestrais estavam
ignorantemente errados, qual nós estamos nos dias de hoje.
Tomando dos mesmos erros. Mesmo sendo mais racionais, lógicos e sábios sobre o mundo.
Embora já não trocamos objectos brilhantes por reflexos no vidro, trocamos coisa igualmente
valiosa para nós: “CULTURA”.
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A União e a Literatura
Hoje trocamos grandes valores culturais das nossas areias para adoptarmos de outras terras.
Um Kizomba, balanço de passos par à parceiro, que faz riscar a pista por um Rap e só.
Um prato de funge com três molhos divinos e saborosamente saborosos por uma massa
branca e só.
Todas as trocas que possamos imaginar da nossa terra e cultura, por outras.
Valores arrancados de nossos corpos e dia-a-dia, em negação ao passe de testemunho dos pais
de terceira idade e meia, pelo que se vê e ouve de um aglomerado de píxeis em ecrã tela
plana.
Nos dias de ontem, não foram nossos tetravós a irem buscar as coisas estrangeiras, mas hoje
somos nós que de quase algo como janela tridimencional trazemos o que é alheio para a nossa
poeira.
Foram-se as missangas e as cores no rosto. Tal como as conversas e contos de Domingo à noite
de netos e seus ídolos avós. Idem para quase todos os bons costumes da nossa dipanda,
banda, terra, pátria.
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A União e a Literatura
“Éden Ventura”
Meu nome é Éden Jorge Ventura, e eu tenho 5 horas de idade. Nasci em 2040, onde ainda não
chegaste, nem quero que chegues. Não se vive bem aqui, a estatística de 90% das guerras
mundiais serem religiosas saiu da folha, e passou por cada país, cada província, cada
município, e cada bairro, deixando óbvios sinais da sua travecia.
Se notava pelo vermelho puro e cristalino do sangue que pintava todo lugar, seu cheiro forte,
sua realidade inconfundível, sua mistura pegajosa, e também pelo grito das pessoas, em voz
alta ou bem no fundo do seu coração que batia pela última vez, ou pelo choro, transbordando
rios dos olhos dos que mais sofriam, por verem a si mesmo morrer e junto com as pessoas
mais chegadas a si, e sem poder fazer nada, nem mover o menor dos dedos da sua mão, nem
respirar, com medo de se afogar em seu sangue que lhe banhava por completo.
E eu, novo, fresco, pequeno, inofencivo e inocente, apenas dependendo da ajuda corajosa de
meu pai, Celson Ventura, que mesmo antes do meu primeiro gosto ao leite, me fez sentir
sabor salgado do lagrimar, porque havia perdido ela, minha mãe, e não consentia sua partida,
por nem ter tido o tão desejado luxo de me ter em seus braços.
Não havia muito que fazer, então me levou para um lugar onde nem me ocorria aos ouvidos os
som de fora, apenas o lamentar arrojado e suado dele. Só eu e ele estavamos ali.
Mas meu pai não me via com um possível futuro desses, nunca veria, nem eu e menos ainda
minha mãe. Por isso pôs-se firme e em pé, limpou seu rosto e deixou cair a sua última lágrima,
apontou directamente para minha cabeça, para que não tivesse de disparar duas vezes, e
gastasses mais balas em mim do que nos outros homens que depois iria atrás. E o fez. Fez tudo
para me manter distante de tudo que ele passou.
Ele se foi.
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E eu também.
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“Indígenas”
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A União e a Literatura
“Insensíveis”
Insensíveis
Acham-se deuses
E dolosamente tiram o que a nós pertence
Encobrindo os factos
E apagando os rastos.
Insensíveis
Ilicitamente enriquecem
Promocionam o que realmente não produzem
Desconhecem o conceito de valores
Autênticos impostores.
Insensíveis
Dominados pelo prazer, cego e impulsivo
Que nem a inocência de uma criança enxergam, feitos cegos e impulsivos
E quanto a violência, agem sem clemência
Parecem canibais, ou alguém com demência
Rejeitam o seu próprio fruto
Sangue do seu sangue, para eles é fútil.
Insensíveis
Cegos pelo poder
E quem os apoia não tem nada a dizer
Moldam soldados para ocultar os seus procederes
E feito robots, todas as falas devem reter.
Insensíveis
Prometem mudar o mundo
Mas eles não movem nem uma pedra quando o povo dá de tudo
Prometem dar alívio a quem tiver dor
Mas como? Se antes priorizam a cor!
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A União e a Literatura
Insensíveis
Tiram o sorriso a quem viveu uma eternidade de dor
E ferem o coração sensível de quem só exerce amor
Causam lágrimas de gentes, ao ponto de criarem poças
E aos corajos levaram as forças… Insensíveis!
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A União e a Literatura
“Mãe África”
Negros são os seus filhos, que muitas vezes são enfolados e empurrados no mar da pobreza.
A cor negra reflete o brilho da sua beleza, que é manifesta pela cor negra, do grão do cafê, do
amor negro da pantera para com os seus filhotes.
O seu amor, é manifesto no apoio que dás aos seus filhos quando estes são insultados por
causa da cor da sua pele.
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A União e a Literatura
“Medusa”
Em cima da ponte, está a tua irmã desaparecida, em interação com aqueles instintos suicidas,
abatida na depressão de uma história nunca esquecida, vencida por um trauma de uma
violação hostil.
Em cima da ponte, está a mulher que bombardeia, por usar a liberdade sexual tão proclamada,
abalada por tantas ofensas que vocês fraseiam, exterminada pelo nojo da àqueles que a
rodeiam.
Em cima da ponte, está Maria Conceição, vitima de uma relação e de um amor tirano, marcada
pela opressão, e traumatismos cranianos, golpeada por quase vinte anos de agressão
domestica.
Em cima da ponte, está tua vizinha acanhada, e há muito que é aniquilada por esperanças que
se esfumam, há muito que é rebaixada por ver chamas que se avolumam, embaraçada pelo
próprio corpo que todos repugnam.
Em cima da ponte, está atua mãe a pensar em tirar a vida, porque não sabe como sustentar os
filhos sem entregar o corpo que vende por migalhas, abatida pelo arrependimento que lhe faz
encarar a realidade.
Em cima da ponte, está teu irmão a pensar no que fazer, para pagar as dividas das vidas que
deveu e vendeu sem pensar em devolver.
Em cima da ponte, lá estou eu, a pensar na vida, que tudo seria melhor se não tivesse existido,
se eu não tivesse estado na tua vida, seria bem melhor, se calhar ainda estarias vivo.
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A União e a Literatura
“Memória de 1GB”
Ontem a minha Mãe, senhora de certa idade avançada, pediu-me que fosse comprar um
cartão de recarga de saldo da Unitel ou Movicel, porque para ela tanto faz, apenas queria
poder ligar a sua irmã minha tia, e mais outras pessoas para combinarem a ida aos seus
terrenos para darem uma vista de olhos.
Ela disse que o seu telefone está a dar muita maka para fazer chamadas, então, sugeriu que
carregasse no meu aparelho, no meu chip, para que nenhuma chamada falha-se-lhe.
Eu, sorrindo maquiavelicamente por dentro, só balancei a cabeça, sem mais mostrar nenhuma
expressão para não bandeirar.
Ansioso, digitei *100* e os 13 números do cartão, para assim ter saldo de voz.
Já se fazia três semanas sem ter saldo, mas durante este período usufruí de chamadas e
mensagens a cobrar. Foi então descontado 270kz do serviço “Adianta só” e 163kz do “Manda
só”, sobrando às esmolas de 6,7 utts. Lamentavelmente.
Nada poderia fazer, mesmo achando que era mais um roubo habitual dessa servidora
saqueadora.
“É da Isabel dos Santos e quem sai aos seus não desgenera” – pensei para mim
Tive que comprar uma nova recarga com o dinheiro que tinha juntado dos 30, 30 do troco do
pão, fatigando toda minha poupança.
O Maliano, dono da cantina, ficou surpreendido, pensado que eu estava rico. Não ia a sua
pequena cantina para gastar nada mais do que 200kz por vez.
Não querendo mais conversas ou acções com o telefone, dei-o à Senhora sentada nos blocos
encostados à parede, mas ela não tinha veias dotadas de carquejo sobre telefones digitais,
então me pediu que marcasse o número que ela ia ditar.
Eu, com a cara trancada pelo momento, dei meia volta para ir buscar o telefone Dela, mas Ela
disse-me que não era necessário de todo, e simplesmente começou a recitar os números.
Eu fiquei meio espantado. Já não é tão comum termos números telefónicos a ocuparem lugar
em nossas mentes. Mesmo os nossos andamos a esquecer. Nossos, “Nós jovens”. Desleixados
de uma vida inteira.
Pois bem, o número que Ela deu chamava, mas ninguém atendia. Então, para o meu novo
espanto, Ela recitou um outro da Movicel da mesma pessoa.
Eu fiquei mais surpreso. Um número de cor é mais ou menos aceitável, mas dois já é muito.
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A União e a Literatura
Debaixo daqueles cabelos de alguns fios cinzentos tinha muita coisa guardada.
Nem uma vista de olhos para fazer cábula a uma agenda nem nada.
Foram 6 terminais telefónicos de uma vez vindos da cabeça Dela para os meus ouvidos.
Cheguei então a conclusão de que “Nós” temos enchido o nosso cérebro de muita coisa, pela
enorme facilidade ao acesso à informação que se desenvolveu nos últimos anos desta era,
deixando muita coisa escapar. Coisas simples, mas muito importantes.
Então, é melhor começar a selecionar melhor o que leio, ouço ou vejo e quero guardar para
mim, para não acabar com memórias curtas de 1GB ou problemas de esquecimento.
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A União e a Literatura
Mocidade tecnológica
Que julga como se tivesse o direito, sem antes ver as coias pela lógica.
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A União e a Literatura
Vejo um futuro próspero no seu pproceder, vejo a caminhada serena de quem não tem pressa
de viver
Vejo quem almeja vencer!
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A União e a Literatura
“Negra do mato”
Descalça no campo
Sinto
O ar puro
Todos iguais
Negra do mato
Sulana
Sou do campo.
Autor: Mi Le Dji.
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A União e a Literatura
“Negritude”
E que de novo
E abster-se do vosso
Opressores do povo.
“A Raça Humana”
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A União e a Literatura
“O primeiro encontro”
Se de longos passos, passo no seu passo, devagarzinho passo, sucedendo longos passos, Eu
amo sentir esses braços!
Por favor, deixa-me roubar o seu coração, nem que for um pedaço.
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
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A União e a Literatura
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
O pai sempre quis um engenheiro, mas a mãe sempre diz que quer ter um enfermeiro, a tia
fala que esse miúdo anda perdido, mas a prima diz que ele sabe tudo.
Na rua, os vizinhos me vêem como um Falhado, na escola os prof dizem que o puto é um
grande baldas, mas os colegas vêem-me como um grande amigo maluco.
Ela diz que eu sou mulherengo, que gosta de espreitar os rabos de saia, sem saber que evito
essas miúdas, para lhe agradar.
O irmão mais velho vê-me com um dilinquente, mas o mais novo, diz-que sou um herói, e a
cassule diz que o mano já foi, e eu digo que estou sempre aqui para todos vós.
Nunca impus metas para mim mesmo, porque a família é que dita as minhas pisadas trilhando
o meu caminho, e a cada passo que dou encurto o meu caminho, porque me sinto cada vez
mais sozinho.
Os putos do bairro dizem que sou um Brother, mas as vizinhas dizem que sou um caso perdido.
Quando faço algo de errado o pai aponta o dedo e diz que não mereço, mas a mãe diz que os
homens aprendem com os erros.
A mana sempre diz que sou um bom exemplo a seguir, mas eu lhe digo para não seguir o meu
caminho.
Tens de saber que tenho metas e objectivos a cumprir nessa jornada da vida, mas a família não
quer saber disso.
Eles vêm o meu ódio, mas não sentem a minha dor. Dizem que sou a ovelha negra num
rebanho sem pastor.
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Eles sentem-se culpados quando não alcanço os seus alvos, e quando não cumpro com os seus
caprichos, sem saber que não faço propositadamente, porque também quero voar como um
pássaro preso numa gaiola e correr como um cão amarrado às cordas.
Quero simplesmente fazer o que me vem na mente e na alma, saber que não sou formado,
não deixa os velhos conformados, porque me querem ver formado.
Todos os dias da minha vida fico entre a espada e a parede, porque o pai é que controle e a
mãe é quem dita as regras.
Não quero viver a vida dos outros, deixem-me fazer o que posso, o que quero, é o que me
agrada, mesmo que vos desagrada.
Não quero ser o cozinheiro dos outros, quero ditar as minhas receitas e fazer os meus pratos,
grelhados ou cozidos até mesmo os fritos quero experimentar.
Eu só quero ser eu, ser um sentimento uma atracção e para vocês quero ser apenas uma ficção
nas vossas cabeças.
Quero estar com o controle de minha vida, ditar as minhas regas, e fazer delas a minha lei.
“Eu sei que tu, também queres fazer muitas coisas, mas as vezes as pessoas que nos rodeiam,
não ajudam, impondo regras e metas que não sejam do teu agrado e quando tudo dar errado,
já sabes para onde vão as culpas.”
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A União e a Literatura
“O teu corpo”
Imagino-me a tocar nesse corpo noite e dia, a lhe avançar Indo sempre em frente mesmo a
capotar…
Ai o teu corpo!
Ai o teu corpo!
Ai esse corpo!
Ai o teu corpo!
Ai o teu corpo!
Ai esse corpo!
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
“Partida”
Quando eu me for
Não chora
Nem grite.
Meu amor
Sorria apenas
Não me machuca
Lembra
Aqui me despeço
Isso te peço.
Autor: Mi Le Dji.
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Um jovem é de certo um ser, sem cabeça, troncos e membros, pelo menos sem a ligação lógica
e sem perfeita condenação motora de tudo.
Essa fase é marcada por muitas decisões tomadas a fio e a pressa. Tomadas tal como as
bebidas em shotes. E assim como os shotes, essas mesmas decisões de mergulho pipino
deixam ressaca no dia seguinte e nos dias seguintes ao dia seguinte, até ao “Adeus mundo”
por bater as botas.
Jovens como somos, somos meio ou inteiramente imprudentes. Deixamo-nos levar e ser
levados por muita razão instantânea, Sem segunda vaga de pensamentos, ou mesmo sem o
ponto parágrafo da primeira.
Sem terminar o “Porquê”, que é a ponte segura em passadeira do ponto onde nos
encontramos até onde queremos ir. O que nos dá estabilidade quase como o equilíbrio
perfeito do corpo em ponta dos pés e dois braços esticados. Estabilidade esta, que nos permite
até dançarmos sobre os tijolos amarelos dessa ponte, pela segurança que conseguimos
estipular e tatuar antes de dar a machadada final nas coisas..
Mas isso só se alcança pensando uma outra e outras vezes antes de fazer alguma coisa.
Grande, ínfima, pessoal, colectiva, o que for. O “Porquê” respondido em 20/20 é sempre
necessário.
Para saberes que “Se o Pedro e/ou a Ana vão à praia no convívio de reencontro da turma”, tu
não deves ir. Por causa da situação mundial actual. Por causa do Covid. Ou se “O frango saiu
agora da grelha e ainda está muito quente” não deves come-lo ainda. Deves esperar que
esfrie.
A ideia central deste texto é a cautela na hora, minuto e segundo de tomar uma decisão sem
nenhuma trepadeira sobre sua pele a atrapalhar teu raciocínio preciso.
Ou seja, ilusionismo, ansiedade, e outras sensações que te façam tomar decisões a flor da pele
devem ser podadas pela raiz à fundo, para que não tenham flores nem frutos.
Porque decidir é a tarefa mais pesada de todas para o cérebro humano, isso comprovado pela
ciência. E uma decisão mal tomada pode causar caos com as consequências e sob
consequências deste podem surgir marcas e cicatrizes de uma vida inteira.
Então, não será trabalhoso se arregaçares as mangas, enluvares-te, e podar as flores da pele.
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Uma tesoura dinossáurica e uma vassoura de cabo firme para cortares e varreres à fora todos
esses caules espinhosos que te afectam no discernimento dos teus “sim” e “Não” servirão de
certeza. Ou pequenas tesourinhas como iniciativa de autocontrole.
De resto:
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
“Presente na ausência”
Para vir?
Não pedi
Infelizmente sem ti
Tarde ou manhã onde depois dizes que foi bom, mas já passou.
Autor: Mi Le Dji.
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Somos livres de acreditar em tudo, e de defender nas nossas crenças, e eu creio que um dia
África será independente, mas como, se não temos autonomia?
Quando é que vamos ter autonomia, se tudo que usamos é importado, desde a religião à
cultura até o teu próprio nome?
Quando é que vamos ter autonomia, se ainda estamos com a mania de ficar pregados como
que amarrados no sofá a procura de um culpado, quando tudo der errado?
Quando é que vamos ter autonomia, se a lavagem cerebral acontece todos os dias, desde a
novela na TV, aos eventos da telefonia?
Quando é que vamos ter autonomia, se ainda ficamos atrás do homem, que monta e fabrica,
enquanto que só compramos e usamos?
Quando é que vamos ter autonomia, se é só para ter dinheiro que a juventude está a estudar,
porque nós não queremos inovar nem inventar ou criar?
Quando é que vamos ter autonomia, se África é selvagem aos olhos azuis?
Quando é que vamos ter autonomia, se nesse continente os estrangeiros é que mandam, têm
o emprego e o salário que querem e ainda mandam?
Quando é que vamos ter autonomia, se quando grito pela cultura, a acabo sem companhia,
lutando por Ela sozinho?
Quando é que vamos ter autonomia, se nos envergonhamos dos nossos dialectos e dos nossos
vocabulários, buscando o sotaque estrangeiro?
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#ProjectoMemorável
A União e a Literatura
Quando é que vamos ter autonomia, se tens vergonha de falar o kimbundo, uma vez que
apontas sempre o dedo para Bacongo?
Quando é que vamos ter autonomia, se não vivemos numa África independente?
Quando é que vamos ter autonomia, se África foi transformada em minas da agricultura?
Quando é que vamos ter autonomia, se somos induzidos à falsa democracia, dando tanto
poder, e por muito tempo a uma minoria? O que resulta em guerras entre partidos políticos?
Quando é que vamos ter autonomia, se nós Africanos estamos mais podres em que na altura
que obedecíamos a chicotadas?
Quando é que vamos ter autonomia, se continuamos divididos, deixando os outros melhor
reinarem, e melhorarem as estratégias para nos educarem?
Quando é que vamos ter autonomia, se o mundo é um supermercado e nós não temos nada
nas prateleiras?
Quando é que vamos ter autonomia, se quando o europeu compra uma bicicleta, depois
compra um carro e a seguir compra um avião, enquanto que, quando compramos uma
bicicleta é para todos partilharem?
Quando é que vamos ter autonomia, se vendemos o barril numa nota de cem para depois
comprarmos numa de mil?
Quando é que vamos ter autonomia, se África é selvagem aos olhos azuis? Abre o olho, e para
de se escravizar, com a cultura dos outros, lembra-se que somos povos e o problema é
comum, eu quero que levantes e caminhes gritando pela independência.
Não aponto o dedo a ninguém de tornar África escravo da opressão do inimigo, mas se vocês
americanizam ou europonizam, eu Africanizo e vivo disposto a morrer por aquilo que acredito.
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A União e a Literatura
“A voz de um poeta”
Capaz de inspirar
Possível de acreditar
Duros ou dóceis
Autor: Mi Le Dji.
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A União e a Literatura
Cá finda a nossa vigem por intermédio das letras, que, de uma forma simples e concisa
permitiu-nos mergulhar sobre distintos assuntos. Gratidão enorme a si que reservou metade
do seu precioso tempo para desfrutar da obra.
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