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"Quando o mundo estiver unido na busca do

conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e


poder, então nossa sociedade poderá enfim

evoluir a um novo nível."


"Para as pessoas que nunca irão se

contentar com menos do que podem ser,

fazer, compartilhar e servir."


– Tony Robbins
Sumário
Introdução
O show tem de continuar
Capítulo 01
Não julgue um livro pela capa
Capítulo 02
O que Hermione Granger e você tem em comum?
Capítulo 03
Por que a pressa?
Capítulo 04
Propósito, a Matrix da vida
Capítulo 05
Seja dono da sua história
Capítulo 06
O mundo é de quem faz
Capítulo 07
Barcelona é possível
Capítulo 08
O melhor ainda está por vir
Agradecimentos
T
odos que já subiram ao palco alguma vez na vida
sabem que, em uma peça de teatro, show ou
palestra, o começo e o fim são os dois momentos
mais importantes.
Não estou tirando o mérito de tudo que acontece entre
esse hiato, muito pelo contrário, o recheio é o que faz algo
ter valido a pena. Mas, é que esses dois momentos têm um
charme a mais, eles trabalham com o inconsciente humano,
com gatilhos mentais, com a nossa atenção.
Um começo sensacional faz com que você queira continuar
atento ao que está fazendo. Se os primeiros cinco minutos
não captarem a sua atenção, já era. Você pegará o celular,
conversará com a pessoa ao lado e ficará entediado. Isso vale
para um primeiro encontro, um novo seriado, sexo, aula,
palestra, livro e praticamente qualquer outro fato. Um
começo eletrizante mantém-no “ligado”, vira memória e lhe
dá acesso a uma das atitudes mais importantes e escassas
do mundo – a atenção das pessoas. Agora, você acabou de
ganhar mais tempo para mostrar para o que veio.
Já um final sensacional tem uma outra importância. É dele
que as pessoas se lembrarão. Eu sei, não é justo com o
começo eletrizante e muito menos com todo o “recheio”
embasado e de alta performance que foram entregues, mas a
vida é assim. Quantos seriados a que você assistiu e tiveram
as primeiras temporadas mais incríveis de todos os tempos,
porém, no final, deixaram a desejar?... Desculpe-me, Game of
Thrones*, mas dava para ser melhor.
O final carrega uma responsabilidade e tanta. De nada
adianta você caprichar em tudo e, nos últimos cinco minutos,
você “pisar na bola”, não ser marcante e decepcionar. O final
é responsável pela memória, pelo sorriso no rosto, pelo
gostinho de “quero mais”. Sem um final impactante, ninguém
se lembrará das outras coisas que você fez antes.
E são nessas duas partes que eu mais fiquei travado neste
livro – o começo e o final. Talvez seja por saber da
responsabilidade que elas carregam, talvez apenas por um
bloqueio criativo, não sei... Contudo, as duas perguntas que
ficaram na minha cabeça foram: Como posso abrir este livro
de maneira com que você queira continuar aqui comigo? E
como eu posso encerrá-lo com o intuito de que você queira
ler novamente e indicar para os amigos?
Bom, a segunda pergunta vou deixar para que você tire
suas conclusões quando terminar. Eu sei da minha
responsabilidade e sei que elevei a régua da sua expectativa.
Mas saiba que uma das coisas que iremos abordar aqui é que
um dos segredos da felicidade é ter menos expectativas, pois
expectativas demais é um dos caminhos para frustração.
Retomando a primeira pergunta – um começo impactante –
então, vamos lá.
“Alguma vez você já se sentiu sozinho?”
Eu já, inúmeras vezes. Sentir-se sozinho é diferente de
estar sozinho. Hoje, cada vez menos, estamos sozinhos! São
milhares de seguidores nas redes sociais, centenas de
mensagens para responder no WhatsApp, incontáveis e-
mails, eventos sociais e inclusive reuniões que poderiam ser
apenas e-mails. O que não faltam são compromissos sociais.
E, no meio de tudo isso, cada vez mais, nós nos sentimos
sozinhos... sentimo-nos desconectados, anestesiados e
perdidos. Seja deitado na cama, às duas da manhã, sem
saber o que estamos fazendo das nossas vidas. Seja num
happy hour da firma, rindo de uma piada sobre o novo
coronavírus ou o assunto do momento, sem saber ao certo
por que estamos lá. Seria para agradarmos ao chefe, para
nos divertirmos ou porque não conseguimos ficar a sós com
nós mesmos?
O motivo não vem ao caso aqui. Podemos nos sentir
sozinhos em meio a uma multidão ou em nossos quartos. As
obrigações do dia a dia são tantas que não temos mais
tempo de questionar o propósito dos fatos. A nova regra de
nossas vidas é correr. Pergunte para alguém como está a
vida, e a resposta, de 10 em cada 10 pessoas, será: corrida.
Estamos tentando nos destacar em nossas carreiras,
manter uma vida social, beber dois litros de água por dia, nos
exercitar, responder todas as mensagens, ser bons filhos,
acompanhar as redes sociais, ler um livro, nos manter
atualizados, sãos e felizes. Apenas isso. Apenas.
Entramos no piloto automático. Pegamos os nossos sonhos
e os transformamos em metas; elaboramos um plano de ação
e começamos a correr. Porém, não paramos para revisitar
esses sonhos. Não nos questionamos mais.
“Será que eu ainda quero um milhão antes dos trinta
anos?” “Será que eu ainda quero um corpo perfeito? Será
que essa carreira é para mim?”
A criança que existia dentro de nós, questionadora, foi
atropelada pelos boletos.
A busca pela felicidade e pelo sucesso custa caro.
“Mas quem foi que disse que você, primeiro, precisa
conquistar algo para depois ser feliz?” Quem criou esse
sistema estava completamente enganado. O sucesso,
isolado, não traz a felicidade. O êxtase da sua próxima
promoção durará o tempo de um jantar chique para
comemorar. E novamente você estará correndo. “Correndo
para onde?”
E foi esse tipo de pergunta que eu comecei a me fazer.
Perguntas difíceis, às quais não existem respostas certas...
nem existem respostas fixas. Perguntas que doem.
Na busca por essas respostas, eu encontrei um buraco sem
fim. Isso, porque foi por meio da busca dessas respostas que
eu comecei a repetir ainda mais os mesmos
comportamentos. Quando eu achava que entendia qual era
meu propósito, eu começava a trabalhar mais e mais, a
correr em direção àquilo.
Quanto mais eu buscava o sucesso e a felicidade, mais
distante parecia que eu ficava. Eu comecei a me perguntar:
“Será que é isso?” “Será que eu estou sozinho?” “Será que só
eu me sinto assim?”
Para alguém introvertido e com problemas de abrir seus
sentimentos para as pessoas, como eu, a escrita foi uma
alternativa. Não a única, junto com ela vieram novos hábitos,
como: a corrida e a bebida. Mas juro que de forma moderada,
pode ficar tranquilo.
A resposta que eu encontrei foi a de que eu não estou
sozinho. E é essa resposta que eu quero compartilhar com
você. Você pode se sentir sozinho, mas você não está.
Neste exato momento, existe um jovem indiano que está
passando pela mesma coisa que você. Ele quer conquistar
seus sonhos grandes, mas é ansioso demais, acha que está
ficando para trás, tem a impressão de que está todo mundo
avançando, menos ele. Mesmo dilema, diferente contexto.
Neste exato momento, existe uma jovem chilena que está
passando pela mesma situação que você, ela é rotulada, não
pelo valor que agrega, mas por padrões e percepções
totalmente errados. Mesmo dilema, diferente contexto.
Neste exato momento, existe um jovem espanhol que se
sente perdido, que sente que todos já sabem o que querem
fazer da vida, menos ele. Mesmo dilema, diferente contexto.
Através das minhas experiências, pude ver que uma dor
minha, poderia ser uma dor sua, de um amigo seu, de uma
pessoa de outra cidade, estado ou país. As histórias e
contextos mudam, mas a dor, muitas vezes não.
Eu quero, neste livro, mostrar-lhe que você não está
sozinho. Que existem pessoas próximas a você passando por
desafios similares e que existem pessoas do outro lado do
mundo também passando pelos mesmos desafios.
Eu quero trazer histórias de pessoas reais, não apenas
histórias daquelas que já atingiram um ultra sucesso, são
reconhecidas, milionárias e que estão na mídia o tempo todo.
É claro que elas têm seu mérito, mas isso não aproxima, não
traz empatia. “Quem disse que só quem já chegou lá, seja lá
o que for “lá”, pode compartilhar seus ensinamentos e suas
histórias?” “E quem já subiu um, dois, cinco, oito degraus?”
“Eles não têm o que ensinar?” São essas histórias que eu
quero trazer.
No entanto, não são apenas histórias, senão seria apenas
mais um livro motivacional, piegas, sem nada para agregar
de forma prática. Eu quero trazer estudos científicos, dados e
exercícios, a fim de que você olhe para dentro e consiga se
perder para se encontrar.
A jornada deste livro é sua, assim como a sua vida. Ele não
é um seriado do Netflix, você não precisa maratoná-lo. Leia
no seu tempo, um capítulo por vez. Talvez um capítulo faça
mais sentido agora do que outro, então o releia. Aprofunde-
se. Divirta-se.
Tudo que você encontrará neste livro não é meu, eu sou
apenas um canal, transmitindo o que aprendi nessa minha
curta jornada, tentando me encontrar e ser bem-sucedido. O
mérito é de todos os autores, pesquisadores, professores,
empreendedores e pessoas que tiveram coragem de colocar
seus trabalhos no mundo, para serem julgados, criticados e
aplaudidos. O mundo pertence àqueles que fazem, que
arregaçam as mangas e dão voz ao que acreditam. E eu
acredito que você seja uma dessas pessoas. E espero que
após ler este livro, você tenha certeza disso.
NADA VAI ESTRAGAR MAIS
SUA VIDA DO QUE PENSAR
QUE VOCÊ JÁ DEVERIA TÊ-
LA RESOLVIDA.
* Disponível em:< https://www.hbo.com/game-of-thrones>. Acesso em:
29.07.20
V
ocê já deve ter ouvido alguma vez esta expressão
em sua vida: “Não julgue um livro pela capa.” Eu
sempre fiquei intrigado com ela. Primeiro, já cansei
de comprar livros com uma capa linda e um conteúdo raso.
Também já comprei livros com uma capa feia e um conteúdo
maravilhoso – e, é óbvio que existe o ápice, que são os livros
com capas lindas e um conteúdo ainda mais extraordinário.
Talvez você tenha comprado este livro, porque gostou da
capa. Se esse foi o caso, espero que goste do conteúdo.
Talvez, porque alguém o recomendou. Se esse foi o motivo,
cuidado com o que lhe indicam, pois nem sempre o que é
bom para alguém, é bom para você. Aqui, a máxima da
minha avó prevalece: “Conselho, se fosse bom, a gente não
dava, a gente vendia.” Ok, parei. Já usei duas frases clichês
no começo deste capítulo. Não existe motivo maior para
alguém largar algo do que os clichês.
Tá, na verdade, existem outros motivos. Mas, se existe algo
que eu aprendi no mundo dos negócios é: a primeira
impressão é a que fica.
O meu ponto aqui é que, provavelmente, você está lendo
este livro, porque recebeu uma primeira impressão externa,
seja a capa, o título, as redes sociais, anúncios, indicação,
entre outras inúmeras razões. E, devido a isso, resolveu
comprar.
O tempo todo, nós julgamos os livros pelas capas – e, não
apenas no sentido literário.
É a forma como ele se veste, o jeito que fala, o carro que
dirige, a universidade que estudou, a orientação sexual, os
países que viajou, o corte de cabelo, os idiomas que fala, as
pessoas que conhece, o local que trabalha, e assim por
diante.
Basta um primeiro olhar, e já “sabemos” muito de uma
pessoa. Ou pelo menos achamos que sabemos.
Sem dúvida alguma, os rótulos facilitam as nossas vidas.
Os rótulos são a porta de entrada para o novo. Mas, assim
como eles nos protegem, eles podem nos prender e nos
limitar.
Eu, particularmente, apenas comecei a me incomodar com
os rótulos de alguns anos para cá. Ok, foi vago. Mais
especificamente em 2014.
Talvez eu nunca tenha me incomodado com eles, pois eu
sempre tive rótulos legais. Isso mesmo. Ou você achava que
essa armadilha chamada “rótulos” só acontece
negativamente?
Sempre fui um ótimo aluno, dedicado, orgulho da família,
bom nos esportes, querido, magro – saudades – e estudioso.
Esses rótulos reforçavam qualidades em mim, as quais me
faziam entrar em um ciclo vicioso, fazendo-me acreditar que
eu não somente era aquilo, como, cada vez mais, precisava
batalhar para manter aqueles selos. Isso me levou a me
sentir pressionado, mas também me levou a conquistar
coisas boas na vida.
A gente precisa parar de achar que a vida é binária. Preto
no branco – porque ela não é. Existe uma infinidade de
opções entre o preto e o branco. E, assim como os rótulos,
que podem ser ruins, eles também podem nos impulsionar. A
grande pergunta é: “Você sabe fazer a leitura correta dos
rótulos ou apenas deixa que eles ditem a sua vida?”
Eu confesso que é comum vivermos no piloto automático e
deixarmos concepções antigas virem à tona. Vou dar alguns
exemplos. “Você alguma vez já escutou alguma dessas
expressões?”:

“Mulher não sabe dirigir.”


“Todo japonês é inteligente.”
“Não tem como ficar rico sem roubar.”
Provavelmente já. Toda vez que escutamos algum rótulo, já
assumimos que aquela pessoa possui várias outras
características, de acordo com as nossas experiências de
vida e ambientes em que crescemos.
Desculpe-me pelos exemplos acima, eu sei que eles não
fazem sentido. Porém, existem inúmeros outros ainda piores
que eu poderia ter trazido aqui, que você escuta no dia a dia,
e são replicados muitas vezes por pessoas que você ama.
“Pesado, né?” Eu sei, mas os rótulos carregam esse peso, e
precisamos falar mais abertamente sobre eles.
E foi um desses pesos que me fez começar a querer
quebrar esses rótulos. Em 2014, estava no último ano da
faculdade e tinha acabado de ser efetivado na multinacional
que eu trabalhava – o Grupo Boticário, uma empresa
fantástica em que todos gostariam de trabalhar. “Você pode
imaginar como minha família ficou, não é mesmo?” Muito
feliz. Outro que ficou super feliz foi o meu ego.
Porém, o tempo foi passando e cada vez mais eu não me
encontrava contente, feliz e realizado. Talvez fosse o final da
faculdade. Época em que parecia que todos estavam bem
resolvidos, seguindo um caminho de sucesso. Parecia que
todo mundo tinha certeza do que queria para a vida, menos
eu.
Naquele momento, bateu a crise. Eu estava ganhando uma
identidade no mercado de trabalho, eu era conhecido como o
Léo do Boticário. É claro que isso abria muitas portas
profissionais, afinal todos queriam fazer negócio comigo,
quero dizer, com a empresa que eu representava. E aquilo
começou a me incomodar. A cada dia que passava, parecia
que esse rótulo me aprisionava mais e mais. Eu comecei a
perceber que eu não queria aquilo para mim. Não só o rótulo,
mas aquele estilo de vida.
Então me deparei com a falta de sentido. Isso alinhado à
ridícula tendência de me comparar com os outros,
transformou-se em uma bola de neve de ansiedade e
dúvidas, a qual foi parar na minha região abdominal, pois a
forma como eu lidava com tudo era comendo.
Em busca de soluções, busquei conversar com muitas
pessoas – familiares, professores, amigos, mentores, chefes
etc. Todos inflaram meus rótulos antigos, falando que eu
poderia seguir qualquer caminho que eu teria sucesso. Minha
família recomendava a opção mais segura, ficar no meu atual
trabalho. Meus professores recomendavam o mestrado. Meus
amigos recomendavam várias aventuras. Mas, no final das
contas, todos ajudaram com opiniões, porém ninguém ajudou
em nada. Pois, no final do dia, a decisão era só minha.
Naquele momento, a única coisa que eu conseguia pensar
era como a vida parecia ser mais fácil no colégio. A gente
tinha um caminho simples traçado: estudar, tirar boas notas,
passar no vestibular e arranjar um bom emprego. Esse era o
plano perfeito que os nossos pais queriam para nós. Até
então, o nosso maior desafio era passar no vestibular. Mas a
vida é muito mais complexa do que isso. Após a
adolescência, começamos a receber uma avalanche de
possibilidades. Começamos a nos conhecer mais, a testar
novos ambientes, nossas habilidades... resumindo,
começamos a experimentar a vida.
E, no meio dessa fase de tentativa e erro, vamos vendo que
os rótulos os quais nos definiam antes não fazem mais
sentido. Talvez, nenhum rótulo sozinho faça sentido.
Você já sabe um pouco da minha história, mas ainda não
me apresentei. Rude da minha parte, eu sei. Então vamos lá.
Meu nome é Leonardo Capel. Sou escritor  de  Moleskine,
graduado em Administração na Universidade Federal do
Paraná (UFPR) e com cursos de extensão em Business e
Design Thinking, na Universidade de Stanford. Eterno
calouro, guardo sempre em meu coração as experiências
vividas. Educação, viagens, tecnologia, marketing, cinema,
moda, esportes, livros, música e coisas geeks – sem medo de
dizer, Harry Potter** – são temas que sempre chamam minha
atenção.
Trabalhei durante três anos em movimentos estudantis e
voluntários, como: Movimento Empresa Júnior, AIESEC,
CHOICE e TEDx e também em grandes empresas, como a D.E
Master Blenders e o Grupo Boticário.
Participei, como Embaixador, do primeiro programa de
jovens lideranças globais, responsáveis por disseminar os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU. 
Em 2015, fundei a A+ Educação, organização não
governamental que tem como missão dar voz, recursos e
reconhecimento para os professores do mundo todo por meio
de capacitações, financiamento de projetos e prêmios.
Fui eleito Empreendedor Social do ano Brasil, pela
International Youth Foundation, em 2016, e Global, em 2018.
Fundei a agência de marketing digital focada em propósito,
Thank You Marketing, em 2017, com o objetivo de escalar o
propósito de profissionais liberais e pequenas empresas. E
sou o autor desta belezura que está em suas mãos agora.
Ufa, pronto!
“Ao ler isso, qual é o primeiro pensamento que vem a sua
cabeça?”
“Será que você realmente me conhece ao ler sobre as
coisas das quais eu gosto e que já fiz ou será que, para cada
frase que eu trouxe, você gostou mais ou menos de mim?”
Talvez você também goste de Harry Potter e se identificou
comigo. Talvez você odeie Harry Potter e tenha pensado que
eu sou infantil. Talvez você tenha participado de movimentos
estudantis e tenha se identificado comigo. Talvez você ache
perda de tempo esse tipo de atividade e ache que eu sou um
tolo por ter ficado três anos da minha vida em coisas que não
dão dinheiro.
Para cada um dos temas que eu listei acima, veio algum
pensamento na sua cabeça, bom ou ruim. Quanto maior o
número de identificações, maiores as chances de você gostar
de mim. Quanto menor o número de identificações, menores
as chances de você ir com a minha cara.
A vida é assim e os rótulos estão aí para isso. Para trazer
pré-conceitos e nos ajudar a formular opiniões iniciais sobre
as coisas.
De qualquer forma, peço que me dê uma chance, pois este
livro é a forma que eu tenho de compartilhar com você os
desafios que eu vivi nesses últimos anos. Eu quero mostrar
que você não está sozinho nesta jornada e que o seu dilema
pode ser o mesmo de alguém que mora no seu bairro ou do
outro lado do mundo. Eu quero mostrar como eles superaram
suas dúvidas e como existem infinitos caminhos e
possibilidades para você seguir.

O cérebro e os rótulos
O cérebro é um dos órgãos mais complexos e interessantes
que temos em nosso corpo, ao menos é o que ele tenta nos
convencer.
Quando ele processa as informações, a maior parte desse
processo acontece em nosso subconsciente por meio dos
rótulos. Eles funcionam basicamente como atalhos que nos
auxiliam a economizar tempo e energia. Esses rótulos em
frações de segundos se transformam naquela voz que você
escuta dentro da sua cabeça se deve ou não fazer algo
relacionado à alguma situação.
Segundo o pesquisador e PhD Wouter Van Den Berg***,
cofundador da BrainCompass, os rótulos são criados em
nossos cérebros em quatro fases distintas.
A primeira fase é constituída da fusão das células do nosso
pai com as da nossa mãe, ou seja, segundo o pesquisador,
40% a 60% do nosso comportamento está diretamente ligado
à nossa genética. “Você já ouviu aquela frase que diz que o
fruto não cai longe do pé?” Basicamente é isso. Nós
tendemos a ter comportamentos similares aos dos nossos
pais, devido, sobretudo, a possuirmos um componente
genético similar ao deles.
A segunda fase começa quando estamos sendo educados
nos estágios iniciais da vida, tendo uma grande importância
na forma como vemos nós e os outros.
Na terceira fase, nós desenvolvemos a nossa personalidade
em conjunto com as interações que temos com os nossos
amigos e familiares. É nela que desenvolvemos a tendência
de gostar de tais estilos musicais, esportes, livros, campos de
estudo etc.
Por fim, na quarta fase, já no começo de nossa vida adulta,
desenvolvemos a maneira como pensamos, conhecida como
mindset. Isso acontece, pois, com o amadurecimento e
formação completa da estrutura do cérebro, o córtex pré-
frontal se torna forte o suficiente para elaborar raciocínios
conscientes e de tomada de decisão. Por exemplo, você
decidiu que irá trabalhar nesta semana até mais tarde, pois
isso faz sentido para você chegar aonde deseja. Essa é a
quarta fase entrando em ação e criando uma narrativa que
faça sentido para aquilo que você acredita.
Se você sabe de onde os rótulos que você cria em sua
cabeça vêm, você consegue alterá-los e parar de reagir de
forma passiva e inconsciente. Quando nós nascemos, nós
somos do jeito que somos. Porém, quando crescemos, nós
somos quem pensamos que somos.
Eu, particularmente, gosto de exemplificar a forma como
nos vemos por meio da icônica imagem de um iceberg.
Na camada acima da água, estão os rótulos superficiais, ou
seja, aqueles que são percebidos por primeiro pelas pessoas.
É importante destacar que cada pessoa nos vê de alguma
forma, ou melhor, ela só vê um pedaço da ponta do iceberg,
a parte que, em determinada situação, mostramos para ela.
Podemos ser considerados queridos por algumas pessoas e
diretos por outras. Tímidos para algumas e extrovertidos para
outras. Ou até mesmo empáticos para alguns e frios para
outros.
QUANDO NÓS NASCEMOS,
NÓS SOMOS DO JEITO QUE
SOMOS. PORÉM, QUANDO
CRESCEMOS, NÓS SOMOS
QUEM PENSAMOS QUE
SOMOS.
A fórmula para alguém desenvolver um rótulo inicial sobre
nós não é simples, mas podemos simplificá-la, dizendo que é
a soma das crenças da pessoa, com as circunstâncias em que
nos conheceu, com as características que mostramos para
ela nessas primeiras interações.
Rótulos Iniciais Superficiais = Crenças internas
anteriores + Circunstâncias do ambiente em que
acontece as interações + Característica que nós
apresentamos a ela.
Como falei, essa é uma maneira simples de como podemos
formular os rótulos iniciais superficiais. As interações
humanas e sociais são muito mais complexas. Há
informações prévias que podem ter chegado até você e feito
com que construísse uma pré-opinião sobre alguém, existem
pessoas que podem ter apresentado você... e isso já o faz ver
o outro com novos olhos, e assim por diante.
Mas uma coisa é certa, raramente alguém conseguirá ver a
superfície completa do “nosso iceberg”, muito menos
enxergará com clareza o que está abaixo dela. Ou seja,
apenas nós somos capazes de conhecer todas as nossas
facetas. Quando se trata da forma como nós nos
percebemos, somente nós conseguimos ver toda a estrutura
do iceberg. Nós nos definimos através de coisas que estão
abaixo da superfície, e que as pessoas não conseguem ver de
fora.

“Pare um segundo e pense como você se define.” “Quais


são os rótulos que fazem você ser quem você é?” Talvez você
venha de uma família com um sobrenome importante, talvez
não. Talvez você se veja como engraçado, talvez como sem
graça. Talvez você se ache bonito, talvez o oposto.
“Agora pense quem lhe deu esses rótulos?” “Você sempre
se viu dessa maneira ou a forma que você se vê é o retrato
do que os outros afirmaram sobre você durante a sua vida?”
O objetivo aqui não é fazer você ficar confuso e perdido
sobre quem você é. Afinal, já estamos todos um pouco
perdidos naturalmente. A vida é uma eterna busca por
autoconhecimento e, quando começamos a achar que nos
conhecemos, acontecem experiências que mudam a forma
como vemos a vida e nós mesmos. E essa é a parte gostosa
da vida – a nossa constante evolução.
TÁ TODO MUNDO UM
POUCO PERDIDO E TÁ
TUDO BEM.
Quanto mais você usa os rótulos, mais você os incorpora,
fazendo com que a cada afirmação, você se identifique um
pouco mais com aquilo, até você acreditar que é realmente
aquilo. Porém, se essas crenças continuam a existir, e você
não começa as questionar durante a sua vida, elas ficam tão
fortes que esquecemos de que há outras maneiras de nos
vermos.
Comigo mesmo, isso já aconteceu inúmeras vezes. Eu
adorava escrever durante o colégio, minhas redações eram
sempre bem avaliadas pelos professores – o que reafirmava
não somente que eu era bom nisso, mas o meu gosto pela
escrita. Durante a faculdade, essa crença continuou
existindo. Porém, em um determinado momento após a
faculdade, algumas pessoas começaram a questionar minha
habilidade de escrita, o que fez com que eu não só parasse
de escrever, como também, toda vez que escrevia um
simples e-mail, achava que não estava bom o suficiente. Esse
reforço constante dessa crença me fez começar a duvidar de
que eu era bom nisso e me fez perder o interesse pela
escrita. Foi só quando eu parei de ter interações com essas
pessoas que eu comecei a entender que aquilo não
necessariamente era verdade, e que essas constantes
afirmações mexeram comigo.
“Quantas vezes, coisas parecidas como essa já
aconteceram com você?” “O quanto você é o que os outros
dizem que você é?” “O que acha de começar a olhar mais
para dentro e menos para fora?” Não é fácil, não é gostoso e
irá doer. Mas, no final, garanto-lhe que valerá a pena.
O verbo to be e seus
ensinamentos
Quando aprendemos inglês, já nos módulos básicos,
aprendemos a como utilizar o verbo to be. Começamos a
entender as diferenças, porque, quando e como utilizá-lo.
Conforme vamos avançando na fluência do idioma, vemos a
importância de aprender esse fundamento e como ele é
utilizado com frequência no dia a dia.
Quando falamos de rótulos, não é diferente. Afinal, o verbo
to be pode ser utilizado como “ser” ou “estar”. Muitas vezes
em nossas vidas, nós nos confundimos se “somos” ou se
“estamos”. Por exemplo, quando conhecemos alguém, e nos
pedem para nos apresentarmos, tendemos a falar o que
fazemos e onde estudamos. “Mas será que isso é quem
somos ou são os selos que demonstram onde estamos ou
estivemos?”
Gostaria de trazer a história aqui de uma pessoa que
admiro, que já foi rotulada inúmeras vezes, e eu tive a
oportunidade de conhecê-la em 2013, Bel Pesce.
Bel é formada em Administração e em Engenharia Elétrica
& Ciências da Computação (EECC), pelo MIT (Massachusetts
Institute of Technology), já estagiou na Microsoft e na Google,
escreveu quatro livros best-sellers, foi eleita, pela Revista
Época, uma das 100 brasileiras mais influentes de 2012,
eleita, pela Forbes, uma das trinta jovens mais promissoras
do Brasil e eleita, pela BBC, uma das 100 mulheres mais
inspiradoras em todo o mundo, em 2015, entre inúmeras
outras conquistas. Atualmente, está à frente da FazInova,
empresa com o objetivo de manter as pessoas sempre
atualizadas em um mundo em constante mudança,
democratizando o conhecimento sobre culturas, novas
profissões e temas comportamentais. “Na moral”, ela é
sensacional.
No entanto, nada disso representa a sua essência. Nós
temos a tendência de nos apresentamos para as pessoas,
falando das coisas que fazemos e conquistamos – facetas
diferentes do topo do “nosso iceberg”. Porém, somos muito
mais do que essas coisas.
Quem conhece a Bel, sabe que ela é uma pessoa empática,
criativa, dedicada e focada. Características essas que ela usa
e abusa nas coisas que realiza.
Ou seja, ela não “é” influenciadora, ou empresária, ou
escritora. Ela “está” influenciadora, empresária e escritora. E
aqui é que se encontra a grande diferença. Nós precisamos
quebrar essa concepção de que somos o que fazemos. Nós
somos muito mais do que isso.
Hoje a Bel está empresária e ela é criativa. Daqui a
cinco anos, ela poderá estar trabalhando na Nasa, estar com
novas empresas ou poderá estar atriz. Quem sabe? O futuro
é maravilhoso e o melhor ainda está por vir.
Quando começamos a entender essa diferença entre “ser”
e “estar”, fica muito mais fácil quebrarmos a nossa
autocrítica e os nossos próprios rótulos. Talvez você não
esteja onde deseja ainda, mas se você sabe quem é, quais
são os seus talentos e pontos de melhoria, é questão de
arriscar, experimentar e tempo para estar fazendo e
externalizando quem você é em atividades extraordinárias.
Mas, talvez você não saiba ainda quem seja, quais são os
seus talentos e pontos de melhoria. E talvez você também
não saiba direito nem aonde quer chegar. E também está
tudo bem.
O caminho se faz caminhando.
O mais importante é você entender que existe uma grande
diferença entre “ser” e “estar”. E quanto mais você entrar
em movimento, mais próximo você estará da sua essência.
Lembre-se sempre de que você não é o seu trabalho, você
não é a sua universidade, você não é as roupas que veste,
você não é nada disso. Você é muito mais do que isso.
O CAMINHO SE FAZ
CAMINHANDO.
O duelo incansável entre
gerações
Não existe como falar em rótulos sem falarmos sobre o
conflito de gerações que existe no mercado de trabalho e no
mundo.
Chega a ser engraçado como as barreiras crescem ao
rotularmos as pessoas por faixa etária. E como é difícil esses
rótulos relacionados à idade. “Dúvida?” “Você em algum
momento já encontrou uma criança de uns 10 anos e se viu
sendo chamado de “tio”?” Como isso dói. Com apenas uma
frase inocente começamos a nos perceber “velhos” e que
ainda não chegamos aonde desejamos. Vixe! Vem muita
coisa em nossa cabeça. Que criança chata!... acabou de
estragar o meu dia.
Porém, esse sentimento de faixas etárias se estende para
diversos ambientes, e o principal deles é no mercado de
trabalho. Pela primeira vez na história, possuímos cinco
gerações trabalhando em conjunto ao mesmo tempo.****
Os veteranos, nascidos entre 1925 e 1945, são conhecidos
como a Grande Geração. Viveram na época da 2ª Guerra
Mundial e foram marcados pelas crises econômicas. Eles são
conhecidos por seu auto sacrifício, respeito pela autoridade e
valorização da família. Muitos já se encontram aposentados,
mas os que ainda estão ativos no mercado de trabalho
acreditam na construção da carreira em uma mesma
empresa durante toda a sua vida.
Os Baby Boomers vieram logo após a 2ª Guerra Mundial,
nascidos entre 1946 e 1960. Essa geração passou por uma
transformação cultural devido à ascensão da TV, sendo um
influenciador na alteração do comportamento dos jovens da
época. É uma geração caracterizada pelo trabalho duro, tanto
que, é nessa época que acontece o surgimento do termo
workaholic. Eles apreciam a concorrência e uma comunicação
direta e eficaz. Atualmente, muitos estão pensando em se
aposentar, se ainda não se aposentaram. Vale destacar que
foi durante esse período que surgiram e ganharam destaques
movimentos como o Feminismo, os ideais de Liberdade e
movimentos a favor dos homossexuais e negros.
Em seguida, surgiu a Geração X, nascida entre 1961 e
1979. Essa geração é a primeira a possuir uma formação
acadêmica, o que era raro na época. Também é a geração
que teve mais divórcios do que qualquer outra anterior. Foi a
primeira geração que focou em produtos de maior qualidade
e no início de uma busca por equilíbrio entre a vida pessoal e
profissional.
E, então, veio a minha geração, conhecida como
Millennials, nascida entre 1980 e 2000. Essa geração é
conhecida por nunca ter vivido em um mundo sem que a
tecnologia não estivesse presente em casa. Nós somos
incrivelmente pragmáticos, esperançosos e determinados.
Nós achamos que vamos mudar o mundo, e, na verdade,
acredito que vamos fazer isso. Podemos ser um pouco
idealistas, às vezes, precisamos nos sentir motivados no
ambiente de trabalho e preferimos buscar experiências
diferentes a construir a carreira em uma única empresa. Nos
últimos anos, essa geração ultrapassou a Geração X como a
geração com mais pessoas trabalhando no mundo
corporativo.
E, por fim, a Geração Z, nascida a partir de 2000, e que
está ingressando no mercado de trabalho atualmente. Eles
nasceram já com a internet disseminada no mundo e fazem
da tecnologia uma extensão deles mesmos, estando sempre
conectados e antenados nas novidades.
É interessante pensar que, pela primeira vez, essas cinco
gerações estão interagindo não só em suas vidas pessoais,
mas também nas profissionais. O interessante é ver como
elas possuem dificuldades e preconceitos umas com as
outras. Basta uma busca rápida no Google e você verá uma
enxurrada de artigos e posts sobre “10 razões por que os
Millennials são a pior geração de todos os tempos.” ou “Por
que os Baby Boomers e a Geração X acabaram com o
mundo?”.
Porém, se você resolver analisar, colocar as pessoas que
nasceram em determinado período de tempo e as rotular
com tal característica é insano. Para começar, existem várias
divergências sobre qual é o ano que começa uma geração e
termina outra. Existem Millennials que se consideram da
Geração Z e Baby Boomers que se consideram da Geração X.
O ponto é que tudo isso são rótulos que nos dão a sensação
de pertencimento e facilitam ou dificultam a compreensão
das pessoas de como somos. Em segundo lugar, na minha
concepção, é muito difícil entender que uma pessoa nascida
em 1980 e outra em 1998 possuem as mesmas
características e sejam agrupadas como similares. Assim,
basicamente, estamos afirmando que uma pessoa recém-
nascida e uma de 18 anos compartilham os mesmos valores,
querem as mesmas coisas no trabalho e possuem os mesmos
estereótipos, trabalhando a favor e contra eles.
Se formos analisar o mercado de trabalho – “O que os
Millennials, minha geração, estão buscando?” – queremos
flexibilidade, autonomia, valorização, experiências
enriquecedoras e um RedBull. Mas, com exceção do Redbull,
nenhuma dessas coisas estão ligadas exclusivamente aos
Millennials. Todos esses pontos podem ser procurados no
mercado de trabalho por quem possui 24, 32, 46 ou 60 anos.
Talvez o que tenha acontecido é que as pessoas se
acostumaram com os rótulos e prefiram facilitar suas vidas,
assumindo coisas baseadas em um estereótipo. Sem dúvida
alguma, esse é o caminho mais fácil. Esquecemos que
pessoas são pessoas. Que um jovem de 25 anos pode querer
estabilidade e fazer carreira em uma empresa e que outro
jovem de 25 anos pode querer se aventurar e experimentar
diferentes oportunidades. Esquecemos que as pessoas
buscam estar em grupos, mas são indivíduos, cada um com
sua história e sua essência. Ou talvez não tenhamos
esquecido, apenas nos acostumados com as nossas zonas de
conforto, pois é muito mais fácil assumirmos coisas do que
nos sentarmos para conversar e conhecermos realmente
alguém.
Evidentemente, existem inúmeros desafios que precisamos
aprender para saber navegar neste mundo multigeracional,
onde existem tantas pessoas únicas trabalhando em
conjunto, porém, colocá-las em caixas pré-definidas não é a
solução. Você pode me chamar de um daqueles Millennials
idealistas, no entanto, eu acredito que podemos juntos
alcançar essa harmonia e não acho que estejamos tão longe.
Basta estarmos abertos para tirarmos nossos rótulos e nos
interessarmos genuinamente pelas pessoas.

Como lidar com os rótulos


A palavra resiliência vem do latim: Resilire, que significa
“voltar atrás”. Está associada à habilidade que cada pessoa
tem de lidar com seus próprios problemas diante de
situações adversas, como: traumas, tragédias, ameaças e
grandes mudanças. O termo veio da física para designar a
capacidade de que alguns materiais têm de absorver o
impacto e retornar a forma original.
Imagine uma esponja de lavar louça – esse é um bom
exemplo de um material resiliente. A esponja, mesmo após
ser utilizada, apertada, passar por água quente, fria,
resíduos, ao final, ela retorna ao seu formato original.
A resiliência***** é algo que trabalhamos durante toda a
nossa vida. Eu, particularmente, vejo que existem dois
caminhos comuns ao lidarmos com situações adversas e
rótulos que não nos sentimos à vontade. Podemos ou tentar
mudar a situação ou aprendermos a nos proteger.
Quando se trata de mudar a situação, uma das primeiras e
mais importantes coisas a se fazer é transformar a dor
daquele problema em algo menor. Quando você se depara
com alguém o rotulando, primeiro, pare um segundo e respire
fundo. Você não é capaz de controlar o que os outros pensam
sobre você e, quanto mais você tentar, mais você sofrerá e
reforçará aqueles rótulos. Após essa pausa, “Como você se
sente sendo rotulado?” “É algo que apenas o irrita ou é algo
que fere a sua autoestima?” Às vezes, o nosso cérebro tende
a nos influenciar a pensar que as coisas são mais dramáticas
e importantes do que são.
Um exemplo claro aqui é quando você estava na faculdade
e resolvia fazer uma pergunta para o professor. Pelo simples
ato de levantar a mão, você já podia sentir os olhares de
julgamento dos seus colegas caírem sobre você.
Pensamentos como: “Nossa que pergunta idiota!”, “Lá vai ele
perguntar novamente...”, “Eu querendo ir embora, e ele
perguntando!” vinham a sua cabeça. O que acontecia a
seguir era que você ficava com dificuldade de prestar
atenção na resposta do professor, com uma sensação de
estupidez e vergonha. Porém, o que realmente acontecia era
que, no final da aula, alguém o procurava para dizer que
também estava com a mesma dúvida, mas estava sem
coragem para perguntar. A sensação de alívio era
instantânea, e talvez você realmente deveria ter relaxado e
prestado atenção ao que o professor tinha a dizer.
Já, quando se trata de nos protegermos, o desafio está
totalmente em nossas mãos. Uma das principais formas de
fazermos isso é buscarmos coisas em comum com quem está
nos rotulando. Olhar para o topo do iceberg por diferentes
ângulos e ver como podemos encontrar semelhanças com
aquela pessoa. A teoria sempre é mais fácil do que a prática.
Encontrar esses pontos em comum é difícil, pois envolve
você desafiar as suas suposições sobre o outro e sobre você.
Ao fazer isso, irá ser desconfortável, mas você conseguirá ver
que existem mais coisas que nos unem do que nos dividem -
um time de futebol, pais separados, mesmo colégio que
estudou e assim por diante.
Tendo isso em mente, existem várias maneiras
comprovadas para melhorar a forma como lidamos com os
rótulos. Cada atividade a seguir não apenas nos proporciona
emoções positivas como também nos auxilia a superar os
desafios do dia a dia. Perceba:
• Tenha pessoas que lhe permitam ser quem você
realmente é. “Sabe aquele amigo ou familiar que está
sempre disponível para escutá-lo sem julgamentos, que
conhece a sua luz e a sua escuridão?” Então, é muito
difícil termos mais do que uma ou duas pessoas com esse
grau de conexão, mas é importante termos, pois ele
estará lá para ouvi-lo e fazer você enxergar a sua
essência.
• Evite ver crises como problemas insuperáveis. Você não
pode mudar o fato de que eventos altamente
estressantes acontecem, e que os rótulos surgirão, mas
você pode mudar a forma como interpreta e responde a
esses eventos. Tente olhar além do presente para como
as circunstâncias futuras podem ser um pouco melhores.
Observe quaisquer maneiras sutis pelas quais você já
possa se sentir um pouco melhor ao lidar com situações
difíceis.
• Aceite que, no mundo, existem pessoas do bem e
pessoas FDP. Existem pessoas que irão querer ver o seu
bem e existem pessoas que não irão gostar de você. E
está tudo bem. O mundo não é um conto de fadas e é
impossível agradar a todos.
• Procure oportunidades de autodescoberta. As pessoas
frequentemente aprendem algo sobre si mesmas ao fazer
coisas diferentes.
• Cultive uma visão positiva de si mesmo. Desenvolver
confiança em sua capacidade de resolver problemas e
confiar em sua intuição ajudam a construir resiliência.
• Cuide-se. Preste atenção às suas próprias necessidades e
sentimentos. Envolva-se em atividades de que você goste
e encontre momentos relaxantes. Exercite-se
regularmente. Cuidar de si ajuda a manter a sua mente e
corpo preparados para lidar com situações que exijam
resiliência.
• Evite rotular os outros. Quanto mais buscamos estar
conscientes sobre os nossos pensamentos em relação aos
outros, mais aprendemos a lidar com nós mesmos. É um
exercício que faz bem para o outro e para você.
Aqui não existe certo ou errado. O grande problema das
pessoas é que elas gostam de ler, mas não gostam de
colocar em prática. Em toda situação que você se sentir
rotulado, pare, respire e tente lidar de uma forma diferente. A
chave é colocar em prática e identificar quais formas
funcionam bem para você.

Uma pessoa livre


O problema com rótulos é que eles levam a estereótipos. E
estereótipos levam a generalizações. E generalizações levam
a suposições. E suposições nos afastam e nos levam
novamente aos rótulos.
“Alguma vez você já rotulou alguém?” “Alguma vez você já
foi rotulado?” “Algum rótulo o bloqueia até hoje e o impede
de fazer as coisas que deseja?”
Os rótulos são apenas uma camada superficial que nos
ajudam em um primeiro momento a formar pré-conceitos
sobre as coisas. Deveria ser assim, apenas em um primeiro
momento. Não para o resto da vida. Não para definir quem
você é. Você é muito mais do que apenas um rótulo.
A próxima vez que você estiver se auto rotulando e não
conseguir se livrar dessas amarras ou se sentir pressionado,
para baixo ou sem energia, pois alguém o rotulou, lembre-se
de que rótulos servem para comidas e não para pessoas. E
mesmo para comidas, existe muita comida ruim com rótulos
incríveis. E muita comida boa, sem rótulo algum.
Espero que você se lembre de que você é muito maior do
que apenas uma característica, e que ninguém conhece você
com a profundidade que você se conhece. Se nem nós
entendemos algumas coisas que fazemos, por que
deixaremos com que os rótulos que as outras pessoas
colocam em nós interfiram em nossas vidas, em nossos
sonhos e em nossas rotinas?
Mas, espero que você não aplique isso somente a você.
Lembre-se disso também ao se relacionar com as pessoas.
Isso abrirá portas, e você se colocará em situações incríveis
de empatia. Você ganha, a pessoa ganha e o mundo
também.
Então, hoje, finalizo este capítulo, como uma pessoa
criativa, empática e sonhadora que está empreendedora,
está blogueirinha e está escritora. Mas, mais importante do
que isso, finalizo este primeiro capítulo como uma pessoa
sem rótulos e querendo conhecer melhor você. “E você,
como finaliza esse capítulo?”

** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Cole%C3%A7%C3%A3o-


Harry-Potter-7-volumes/dp/8532512941> . Acesso em: 29.07.20
*** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fw_g6sOoIng>.
Acesso em:29.07.20
**** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/leah_georges_how_generational_stereotypes
_hold_us_back_at_work>. Acesso em: 28.07.20
***** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ViS4tT5yGTU>.
Acesso em: 29.07.20

Se tivéssemos dois minutos de perguntas francas, em
que máscaras e mentiras não fizessem parte, você
estaria preparado para revelar tudo?”
Foi assim que o assunto sobre a Síndrome do Impostor me
pegou.
Era o final do verão americano, estava pela primeira vez
em Washington DC, capital dos Estados Unidos. E o melhor,
estava lá com tudo pago. Isso mesmo, não tive que
desembolsar R$1,00.
Havia sido selecionado, junto a outros dezessete jovens
empreendedores sociais ao redor do mundo, como
Empreendedor Social do ano de 2018, pela International
Youth Foundation.
Você pode imaginar como eu me sentia... Era um mix de
sentimentos desde que recebi a notícia de que havia sido
escolhido. Para falar a verdade, nos primeiros meses que
antecederam a viagem, eu ainda não acreditava. Parecia algo
muito bom para ser verdade. Até que os meses foram
passando, e faltavam apenas 30 dias para a viagem.
Existiram algumas ligações para alinharmos detalhes
técnicos e começarmos a conhecer os outros vencedores ao
redor do mundo.
E foi aí que dois sentimentos chegaram fortemente em
mim.
O primeiro foi o de que eu era bem inferior aos outros
escolhidos. Dezessete jovens que estavam mudando a
realidade de seus países e continentes com negócios sociais
incríveis. Tinha o Alberto Cabanes, da Espanha, fundador do
Adopta Un Abuelo, que conecta jovens com idosos, fazendo
com que os idosos se sintam ouvidos, acompanhados e
amados, e, ao mesmo tempo, que os jovens aprendam com
suas experiências e sabedoria. Tinha a Elisa Muñoz, do
Equador, fundadora da D’Cuero, uma marca de sapatos de
couro artesanal, eticamente feitos por artesãos rurais no
Equador. A D’Cuero conecta esses pequenos produtores com
os mercados globais e expande suas vendas por meio de
lojas on-line e físicas. Tinha o Alparslan Demir, da Turquia,
fundador da Biryudumkitap, que tem como objetivo fazer as
pessoas lerem mais livros e aumentar a taxa de alfabetização
na Turquia. Atualmente, eles possuem uma plataforma on-
line em que as pessoas podem se inscrever gratuitamente e
receber histórias diárias por e-mail.
Como é que eu poderia estar no meio dessas pessoas?
Clássico complexo de vira-lata. Essa não é a primeira vez
que eu sentia isso. E sendo bem sincero, todas as vezes que
tive esse sentimento, eu me senti muito mal e impotente. O
complexo de vira-lata é um termo criado pelo escritor Nelson
Rodrigues, que o descreve como a inferioridade em que o
brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do
mundo. Esse é um sentimento muito comum, o qual já notei
em mim e em vários amigos e colegas de profissão.
Mas, para ser bem sincero, essa é a maior mentira que
existe. Se tem algum povo f***, somos nós, brasileiros.
Havia dito para mim mesmo que nessa viagem eu não
sentiria isso. Deixaria minhas dúvidas, o medo de falar inglês
e a vergonha no aeroporto. E por mais que tenha sido difícil
ter feito 100% isso, vejo que a missão foi cumprida.
Cheguei aos Estados Unidos e fui recepcionado no
aeroporto com um carro exclusivo e motorista. Coisa chique,
cena de cinema, nunca tinha vivido nada igual. Ao chegar no
hotel, tive um tempo para organizar as coisas antes do jantar
de abertura. Tomei banho, li um pouco mais sobre as pessoas
que estariam presentes no jantar e me arrumei.
Ao descer para jantar, o segundo sentimento começou a
bater. Naquela sala, havia pessoas que eram referências em
suas áreas e em posições de influência que eu nunca
imaginei conhecer. Eram líderes de empresas como Hilton
Hotéis, MasterCard, Governo Americano, entre outros. A
animação se misturava com o nervosismo e apenas uma
pergunta vinha na minha cabeça: “O que eu estou fazendo
aqui?” Para passar esse sentimento, só havia uma solução:
beber. Moderadamente, é claro. Ao final da noite, tudo havia
saído perfeitamente, conheci os outros vencedores do
prêmio, os quais passariam uma semana comigo entre
eventos e capacitações até a chegada do grande dia da
premiação.
Durante a semana de imersão com essas pessoas
extraordinárias, havia me prometido que buscaria aproveitar
ao máximo essa experiência. O que envolvia não apenas me
ater à programação oficial, como participar da não oficial.
Portanto, nada mais justo do que sair confraternizar com o
pessoal para conhecer a cidade.
Um dos erros que normalmente as pessoas cometem, e eu
já havia cometido, era o de não me permitir fazer coisas fora
do escopo programado. Experiências únicas como essa
devem ser vividas intensamente. Ou seja, a programação
oficial deve ser feita com atenção, assim como as suas
atividades profissionais e responsabilidades que ficaram em
seu país. Porém, você deve tirar um tempo para os
acontecimentos de extraprogramação, pois são neles que os
vínculos de amizade e parcerias se desenvolvem. A escolha
em um primeiro momento pode não fazer sentido. “Será que
eu descanso para mandar bem amanhã nas atividades ou
saio com o pessoal?” Em minha experiência, sair com o
pessoal valeu a pena 100% das vezes. E olha que eu adoro
descansar.
E foi em uma dessas noites, faltando dois dias para essa
experiência terminar, que a Síndrome do Impostor surgiu
novamente. Mas, dessa vez não como um sentimento, e sim
como uma conversa aberta, franca, entre amigos.
Estávamos comemorando o aniversário do Allister Fa
Chang, um dos vencedores do prêmio, fundador da Wash &
Learn Initiative, com sede nos Estados Unidos, que leva os
serviços de bibliotecas públicas para as áreas de espera das
lavanderias. O objetivo dessa empresa é proporcionar
serviços de informação e educação às famílias durante os
mais de 90 minutos que esperam as roupas delas serem
lavadas e secadas. Era um dos momentos mais incríveis
daquela semana. Estávamos quase todos os dezoito
vencedores em um terraço, no centro de Washington,
bebendo, comendo e aproveitando a vista da cidade. Então,
resolvemos fazer uma brincadeira com um jogo em que uma
pessoa é selecionada por vez para responder perguntas de
forma totalmente franca, sem filtros. As demais pessoas têm
2 minutos para perguntarem o que quiserem. É uma espécie
de metralhadora da verdade. É óbvio que esse jogo nunca
daria certo se não tivéssemos desenvolvido um vínculo de
confiança nos dias anteriores e se não tivesse álcool, é claro.
Nessa altura, você deve estar achando que eu sou uma
espécie de bêbado, sem problemas, não ligo para os rótulos.
Mas de fato não sou, longe disso, pode ficar tranquilo.
O jogo começou, rodada vai, rodada vem, várias risadas
surgiram, assim como perguntas profundas e complexas. E
foi uma dessas que fizeram na minha vez. Nunca vou
esquecer! O Allister perguntou diretamente: “Você já se
sentiu alguma vez um impostor?” Eu apenas pensei... “Como
responder isso de forma rápida?” ... “Será que eu realmente
falo a verdade ou não?” ... Eu segui as regras do jogo e
respondi que sim, várias vezes. E ele complementou que
também, o tempo todo.
Buuuuum! Não estava sozinho. Deixe-me colocar isso em
um contexto para vocês: um dos jovens vencedores, que
tinha um dos negócios mais interessantes voltados para
educação do mundo, com faturamento de milhões de dólares
e que já havia ganhado inúmeros prêmios, sentia-se assim
também.
O jogo acabou e começamos a falar mais abertamente
sobre isso. A verdade é que todos ali presentes, naquele
exato momento, não se sentiam dignos em algum momento
de suas conquistas. Um sentimento de alívio e conforto não
apenas me encontrou, como dava também para perceber,
naquela noite estrelada e agradável em Washington DC, que
tinha encontrado a todos. Alguns nunca haviam falado sobre
aquilo, apenas sentido. E, agora, com sentimentos
compartilhados, todos conseguiram perceber que muitas
vezes um dilema seu, pode ajudar o outro também. Basta nos
colocarmos em uma posição vulnerável de querer aprender e
compartilhar.

Suas conquistas importam


“Alguma vez você já teve a sensação de que as suas
conquistas são pequenas?” “Ou que você só conseguiu algo,
porque estava no lugar certo, na hora certa?” “Ou se sentiu
como não qualificado o suficiente para fazer algo que lhe
recomendaram?” “Ou teve dificuldade de aceitar o
reconhecimento de alguém, quando disseram que você fez
um bom trabalho?” “Ou se preocupou demais em atingir as
expectativas de alguém?”
Se a sua resposta foi “sim” para alguma dessas perguntas,
provavelmente você já teve a Síndrome do Impostor em
algum momento da sua vida. Se a sua resposta foi “sim” para
várias das perguntas, bem-vindo ao clube. Mas não se
preocupe, você não está sozinho, mesmo que você nunca
tenha ouvido falar disso.
A Síndrome do Impostor foi descrita, pela primeira vez, no
final dos anos 1970, por duas psicólogas clínicas, a Dra.
Pauline Rose Clance e a Dra. Suzanne Imes.****** Elas notaram
um padrão em mais de 150 mulheres altamente bem-
sucedidas, de estudantes universitárias e professoras a
profissionais e executivas. Essas mulheres, frequentemente,
descreviam se sentir como uma fraude e atribuíam seu
sucesso a coisas como: sorte ou erro. As psicólogas
escreveram, na época, um artigo para documentar esse
padrão psicológico, chamando-o de Síndrome do Impostor –
que é a sensação de que suas conquistas não são tão
importantes. Você sente uma profunda insegurança em
relação ao seu trabalho e realizações, preocupando-se
sempre se ficará bom e se irão descobrir que você realmente
não é capaz, sendo uma fraude.*******
Eu mesmo passei por isso ao escrever este livro. Espero
que ao vê-lo impresso, eu possa dar boas risadas e ver como
esse sentimento não era verdadeiro. Mas, enquanto escrevia
aqui para vocês, o medo de descobrirem que eu não sou
ninguém, de que tudo o que eu vivi não me habilita a estar
aqui compartilhando minhas histórias e de que eu não sou
capaz de escrever algo útil e sincero, atormentava-me a cada
palavra.
É impressionante como nós, seres humanos, temos o poder
e a capacidade de nos convencermos de que algo é verdade
quando de fato não é. Segundo um estudo publicado em
2007, na Chronicle of Higher Education,******** estima-se que
70% das pessoas já experimentaram ou irão experimentar a
Síndrome do Impostor pelo menos uma vez na vida.
Uma das minhas escritoras favoritas, Maya Angelou,
ganhadora de cinco Grammys e indicada para o Prêmio
Pulitzer de literatura, afirmou uma vez: “Escrevi onze livros,
mas toda vez penso, é agora, eles vão descobrir. Eu estava
jogando com todos, mas agora serei desmascarada”.
Outra profissional que admiro muito, a atriz e ativista,
Emma Watson, estrela dos filmes da saga Harry Potter,
protagonista do filme A Bela e a Fera e Embaixadora da ONU,
disse uma vez em entrevista: “Parece que quanto melhor eu
me saio, maior é o meu sentimento de inadequação, porque
penso que em algum momento vão descobrir que eu sou
uma fraude e que eu não mereço nada do que conquistei”.
Se você leu até aqui e pensou algo como: “Tá, esse capítulo
não é pra mim, eu não fiz nem atingi nada demais em minha
vida”, talvez, eu digo, talvez, você esteja passando pela
Síndrome do Impostor neste exato momento.
Peço que pare um pouco e liste todas as coisas que teve
orgulho de ter conquistado na sua vida. “Tá com dificuldade?”
Eu o ajudo. Provavelmente, ao menos uma destas conquistas
você já deve ter atingido: passar no vestibular, formar-se,
não pegar DP, ser efetivado no estágio, ser promovido,
aprender um idioma, pagar as contas em dia, ajudar em
casa, ir morar sozinho, conquistar a pessoa que ama,
comprar um carro, fazer uma viagem para um lugar dos seus
sonhos, entre outras coisas.
Após listar suas conquistas, peço que feche os olhos e
lembre-se por um momento como foi atingi-las e,
principalmente, como você se sentiu ao conquistá-las. “Você
estava sozinho ou acompanhado?” “Estava em um lugar
aberto ou fechado?” “Como estava vestido?” “Era dia ou
noite?”
Muitas vezes, na correria do dia a dia, nós nos esquecemos
de comemorar e principalmente sentir. Conquistamos,
marcamos um check em nossa lista, postamos nas redes
sociais e partimos para o próximo objetivo. Isso traz uma
sensação de que nunca nada está bom. Sugiro que, de
tempos em tempos, você comece a criar o hábito de celebrar
as pequenas conquistas, isso mudará a forma como você vê
a vida e o trará para o presente.

O Everest dos outros


Em junho de 2019, enquanto estava no processo de querer
escrever este livro, mas não me achar capaz o suficiente para
isso, convidei um amigo, Guilherme Kazuo, para fazer algo
inusitado: escalar o Morro do Anhangava, uma das
montanhas mais populares do estado do Paraná, no Brasil.
Particularmente, sempre gostei de esportes, em especial os
coletivos, porém, de uns tempos para cá, venho buscando
atividades novas, que me desafiem e que trabalhem o meu
corpo e concentração de formas diferentes.
Até então nunca havia escalado, e, quando contei para
algumas pessoas que iria fazer isso no final de semana,
quase ninguém acreditou. Sendo bem sincero, depois de
fazer o convite, eu esperava que chovesse ou o meu amigo
desistisse, mas nenhuma das coisas aconteceram, pelo
contrário, acho que foi o dia mais ensolarado do ano.
Ao chegarmos no local da escalada e estacionarmos o
carro, perguntamos ao senhor que cuidava do
estacionamento quanto tempo levaria para fazer a escalada.
O senhor nos contou que a escalada demoraria em torno de
1h30 e que a pessoa que fez o melhor tempo fez em 21
minutos a subida e em 15 minutos a descida.
Essa foi a pior e a melhor coisa que esse senhor fez por
nós.
A pior, porque o tempo todo eu ficava pensando que
tínhamos que fazer em menos de 1h30 a subida, senão seria
uma vergonha. Durante a subida, encontramos crianças de
10 anos e até mesmo um cachorro, isso só reforçava o
quanto era possível. Resumo: após muito suor, água, paradas
e quase 2h, chegamos a um dos cumes.
A melhor, pois esse foi um dos motivos que nos levou a
ficar algumas horas lá no topo, conversando sobre a vida,
sobre a Síndrome do Impostor e sobre nos compararmos
constantemente.
Essa escalada me fez refletir que eu preciso cuidar mais da
minha saúde e de que a vida pode ser comparada a subir
uma montanha. Ao analisarmos a vida como um todo,
sempre haverá alguém fazendo algo melhor do que nós, seja
um tempo melhor, seja uma montanha mais alta, seja com
mais facilidade.
O problema é quando olhamos essas conquistas sem
termos o contexto do que a pessoa fez e viveu para
conseguir aquilo e estipulamos aquilo como um objetivo para
nós.
Mais tarde, ao atingirmos esse objetivo, olhamos ao redor e
vemos que existe algo ainda maior para ser conquistado,
fazendo com o que alcançamos pareça trivial aos nossos
olhos.

Um exemplo é quando eu comecei a aprender inglês. Eu


queria aprender a conversar e me comunicar de forma clara
com as pessoas. Porém, quando eu atingi esse objetivo e
mudei de escola de idiomas, essa conquista já não parecia
mais especial. Então, o meu sentimento passou a ser de
ansiedade e de que meu nível de inglês talvez não fosse bom
o suficiente. Eu via os outros alunos e sentia que o meu
inglês não era tão bom assim, que eu precisava ter um
vocabulário ainda mais vasto, entender tudo perfeitamente e
falar sem erros.
Esse padrão de estipular um objetivo, alcançá-lo e, em
seguida, esquecê-lo imediatamente, trazendo o sentimento
de que essa conquista não era tão importante, é algo que eu
comecei a notar em várias áreas da minha vida. Talvez, isso
seja um padrão que você perceba em sua vida também. Não
há nada de errado em estabelecer metas mais difíceis. O
problema da Síndrome do Impostor é que você, ao alcançar
algo, apaga o progresso realizado, alterando seus padrões
para colocá-lo “abaixo” do que considera atualmente bem-
sucedido.

A escada da vida
Minha namorada diz que toda vez que eu vou explicar algo,
eu preciso trazer algum exemplo para ilustrar. E ela não
poderia estar mais certa. É como meu cérebro funciona. Uma
das frases de que eu gosto muito e que representa um pouco
sobre conquistas é:
“Não existe elevador para o sucesso, você tem de ir pelas
escadas”.
Ao pensarmos em qualquer área da vida, sempre existem
degraus a serem escalados para o topo do que é considerado
sucesso. Scott Young, autor do livro best-seller
Ultralearning,******** retrata muito bem esse conceito, traz a
ideia de que, Qas empresas, existem os estagiários,
analistas, coordenadores, gerentes e diretores. No mundo
acadêmico, existem os bacharéis, mestres, doutores,
professores titulares e pesquisadores premiados. Nos
esportes, existem os juvenis, juniores, atletas profissionais,
atletas olímpicos e os recordistas mundiais.
NÃO EXISTE ELEVADOR
PARA O SUCESSO, VOCÊ
TEM DE IR PELAS ESCADAS.
Essa subida tende a acontecer de forma mais rápida nos
primeiros degraus. Além disso, temos dificuldade de
enxergarmos os degraus que se encontram muito acima ou
muito abaixo de nós, fazendo com que apenas possamos ver
em detalhes os que estão em uma posição acima e abaixo.
Todos os degraus de realizações muito acima estão longe o
suficiente para que possamos basicamente ignorá-los:
autores que são mundialmente famosos; atletas que
possuem recordes ou empresários que abriram o capital de
suas empresas na Bolsa de Valores. Essas conquistas estão
tão além do que já experimentamos, que elas não causam
ansiedade.

No entanto, estamos mais conscientes das pessoas que


estão um pouco acima de nós no ranking. Quando se trata de
escrever um livro, eu me comparo a autores que venderam
mais de três mil livros em seus países. Quando se trata de
escalar montanhas, eu me comparo com pessoas que já
subiram montanhas de mais de dois mil metros. Quando se
trata de construir empresas, eu me comparo com
empresários que possuem mais de cinquenta funcionários.
O problema é que, quando subimos um degrau em nossas
escadas, o degrau logo acima aparece imediatamente.
Quando eu passei de um profissional autônomo para ter uma
equipe, imediatamente essa nova conquista se tornou a
minha base e minha comparação aumentou. O sentimento de
insegurança vem da ênfase excessiva no degrau acima, ao
invés de reconhecermos os degraus que já subimos e os
sucessos que já alcançamos.
A Síndrome do Impostor aparece aqui nos fazendo sentir
que até mesmo o nível atual pareça insustentável. A posição
que alcançamos foi por sorte, circunstância ou porque os
outros perceberam incorretamente que fizemos algo
impressionante. Portanto, há um medo constante de que
possamos voltar aos degraus anteriores ou cairmos
completamente da escada. Não deixe esse sentimento abalá-
lo, se você está onde está, foi devido a múltiplos fatores e
méritos seus, assuma e contemple o quão incrível você é.

Os cinco tipos de impostor


Ninguém sabe o que você está passando e nunca saberão.
Apenas você tem consciência do quão pesado são seus
desafios. Talvez você tenha se identificado com alguns
exemplos que eu trouxe anteriormente, mas saiba que
existem infinitas possibilidades em que você pode se sentir
desse jeito e, provavelmente, as pessoas não irão entender
quando você tentar explicar.
A fim de facilitar e compreender melhor esse sentimento,
gostaria de listar cinco formas diferentes que a Síndrome do
Impostor pode se apresentar. Essas categorias foram
descritas pela escritora Valerie Young******** em seu livro Os
pensamentos secretos das mulheres de sucesso. Vamos a
elas.

1. O perfeccionista
O perfeccionismo e a Síndrome do Impostor,
normalmente, andam lado a lado. As pessoas que
possuem esse perfil estabelecem metas excessivamente
altas e quando não conseguem atingi-las, sentem uma
frustração enorme. Elas buscam controlar cada etapa do
processo e possuem dificuldade em delegar, pois
ninguém fará tão bem feito quanto elas.
Abaixo, algumas perguntas para analisar se isso se
aplica a você:
• “Você tem necessidade de micro gerenciar as
atividades, buscando saber os mínimos detalhes de
tudo?”
• “Você possui dificuldade em delegar, e mesmo
quando você pode fazer isso, não se sente à
vontade?”
• “Você sente a necessidade de fazer tudo bem feito o
tempo todo?”
Esse perfil acredita que sempre poderia ter feito
melhor, independentemente de ter atingindo seus
objetivos ou não. Porém, esse questionamento constante
não é produtivo e nem saudável. É preciso aprender a ver
os erros como parte natural do processo. Tente parar de
planejar tanto e comece a tirar suas ideias do papel. A
verdade é que nunca haverá um momento perfeito para
começar. Quanto mais cedo você for capaz de aceitar
isso, melhor será.

2. O super-herói
O super-herói possui um alto nível de insegurança e,
para compensar isso, ele busca trabalhar muito mais do
que a maioria das pessoas, assim ele irá garantir que
consegue entregar as coisas com a qualidade esperada.
Porém, essa sobrecarga pode prejudicar não apenas a
sua saúde mental como também as suas relações com os
outros.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se
aplica a você:
• “Você normalmente é um dos últimos a ir embora do
escritório?”
• “Você acha que ficar sem fazer nada é um
desperdício de tempo?”
• “Você deixou seus hobbies de lado para focar no
trabalho?”
As pessoas com esse perfil são viciadas na validação
que vem do trabalho, não necessariamente no trabalho
em si. Comece a tentar evitar aos poucos a busca por
validação externa. Ninguém deve ter mais poder para lhe
dizer que algo ficou bom, do que você mesmo. À medida
que você se torna mais à vontade com a validação
interna, você poderá aliviar a pressão e começar a viver
melhor.

3. A criança prodígio
Young afirma que as pessoas com esse perfil sentem a
necessidade de fazer as coisas de forma rápida, eficiente
e de primeira. Esses tipos de impostores, assim como os
perfeccionistas, colocam seus níveis internos de
validação lá em cima.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se
aplica a você:
• “Você está acostumado a se destacar nas atividades
sem muito esforço?”
• “Você tirava notas boas em tudo o que fazia no
colégio?”
• “As pessoas diziam para você quando era criança que
você era muito inteligente?”
Para superar isso, tente se ver como uma pessoa
sempre em progresso. Realizar grandes coisas envolve
aprendizagem ao longo da vida e construção de
habilidades.

4. O individualista
“Sabe aquela pessoa que tem uma enorme dificuldade
em pedir ajuda?” Esse é o individualista. Assim como a
criança prodígio, ele precisa conseguir fazer tudo sozinho.
Porém, não para ser o melhor, mas porque tem medo que
sua capacidade seja questionada caso peça ajuda para
outras pessoas. Não há problema em ser independente,
mas não na medida em que você recusa assistência para
que possa provar seu valor.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se
aplica a você:
• “Você busca sempre dar um jeito com os prazos,
mesmo que isso signifique abrir mão do seu sono?”
• “Você sente que precisa realizar as coisas sozinho?”
• “Você se sente desconfortável pedindo ajuda?”
Procure descobrir quais são seus pontos fortes e fracos.
Saiba que nem mesmo o Michael Jordan, melhor jogador
de basquete de todos os tempos, era bom em tudo.
Foque naquilo em que você é realmente bom a ponto de
se tornar extraordinário e delegue as outras coisas ou
aprenda o básico. Confie nas outras pessoas, elas
também possuem talentos e, se elas estão trabalhando
ou interagindo com você, é porque elas também se
mostraram capazes de estar nesse ambiente.

5. O expert
Os experts medem suas habilidades com base em “o que”
e “quanto” sabem. Eles acreditam que nunca sabem o
suficiente e temem serem expostos como inexperientes.
Abaixo algumas perguntas para analisar se isso se aplica a
você:
• “Você está constantemente buscando cursos ou
certificações, porque acha que precisa melhorar suas
habilidades para ter sucesso?”
• “Mesmo se você estiver na sua função há algum tempo,
você tem a sensação de que ainda não sabe ‘o
suficiente’?”
• “Você não gosta quando alguém diz que você é muito
bom em uma determinada área?”
É verdade que sempre há mais para aprender. Esforçar-se
para aumentar seus conhecimentos certamente pode ajudá-
lo a crescer na carreira. Mas essa busca incansável por
conhecimento pode, na verdade, ser uma forma de medo e
procrastinação. Comece a praticar a aprendizagem just-in-
time. Isso significa adquirir uma habilidade quando você
precisar dela. Também busque compartilhar com seus
colegas o que você sabe, pois assim os estará ajudando,
trabalhando o seu marketing pessoal e aliviando esse
sentimento de impostor.
“E aí, se identificou com algum tipo de impostor?” Quando
eu os analisei, descobri que já me encaixei em vários deles
em diferentes momentos da minha vida. É natural possuir
esse sentimento, mas saiba que, se você está com essa
sensação, é porque você está cada vez mais se desafiando e
alcançando resultados melhores.

Você está no caminho certo


É interessante como nesta vida as coisas podem mudar
rapidamente. Às vezes, no mesmo dia eu vou do sentimento
de me achar incrivelmente capaz a me sentir um nada.
Acredito que isso é uma das belezas do ser humano e um
dos benefícios da Síndrome do Impostor, pois ela faz você
quebrar um pouco o seu ego, ou às vezes muito, e o leva
para uma espécie de abismo, fazendo você acreditar de que
não é merecedor das coisas. Normalmente, quando o nosso
ego******** assume o controle, tendemos a nos sentirmos
confortáveis e a evitar novos desafios, pois queremos manter
as coisas como estão. Dessa forma, quando o sentimento de
impostor bate na nossa porta, nós nos abrimos para coisas
novas, para que possamos aprimorar nossas habilidades,
experimentar e conquistar novas oportunidades.
Como tudo na vida, é mais fácil falar do que viver, por isso
abaixo listei cinco formas para que esse sentimento seja
menos frequente e intenso:
• Leia biografias — A leitura é uma excelente forma para
trazê-lo para o momento presente, limpar sua mente e
aprender algo. Ao ler biografias, você aprenderá com os
erros e acertos de pessoas extraordinárias em seus
campos de atuação e se surpreenderá com o número de
pessoas bem-sucedidas que passaram a vida inteira
lutando com dúvidas e inseguranças intensas.
• Crie uma caixa de conquistas — Separe um momento
para coletar fotos, objetos e documentos que reforçam as
suas conquistas. Ao fazer isso, dê uma olhada em tudo
que você conquistou e reflita sobre todo o trabalho que
você fez para chegar aonde está agora. Abrace o fato de
que você se colocou onde está. Você conquistou seu lugar
e suas conquistas são provas disso. Verá também que,
como já viveu experiências ricas nesta vida, você irá
relembrar os sentimentos e desafios que sentiu durante
aqueles momentos e terá um gás novo para impulsioná-lo
ao futuro.
• Tenha um mentor — Um mentor é alguém que já chegou
aonde você gostaria de chegar. As pessoas de sucesso
possuem mentores em diversas áreas de suas vidas, seja
profissional, relacionamento ou saúde. O mentor é
alguém que o ajudará a atingir os resultados de forma
mais eficiente e poderá lhe mostrar que esse sentimento
é comum, além de lhe apresentar possíveis formas que
ele utilizou para superar esses desafios.
• Pare de se comparar com os outros — Temos a tendência
de nos compararmos com os outros o tempo todo, desde
que o mundo é mundo, e as redes sociais vieram para
escancarar isso ainda mais. Tente resistir a esse desejo e,
em vez disso, reconheça que ninguém é perfeito. Confie
no seu desempenho e comemore suas conquistas. Não
deixe as redes sociais lhe fazerem mal, ninguém está
postando seus fracassos.
• Não evite esse sentimento — Uma das principais formas
para superar suas próprias inseguranças é perceber o
quão normal elas realmente são. Permita-se senti-las e
entender como elas chegaram até você. Não as evite.
Grande parte da forma de superar essa situação é
compreender as suas inseguranças e após isso, sair da
inércia e fazer as coisas acontecerem.
A ironia é que, quanto mais você progride em sua carreira,
mais oportunidades surgirão para a Síndrome do Impostor
aparecer em sua vida. Atores, artistas, escritores, atletas,
CEOs******** – as pessoas mais bem-sucedidas são aquelas com
maior probabilidade de terem essa síndrome. Se você está se
sentindo como uma fraude, acredite ou não, você está
fazendo algo certo.
O segredo é começar a entender o porquê você está
sentindo isso, entender que as suas conquistas são
verdadeiras e começar a experimentar qual a forma de lidar
funciona mais para você. Não deixe esse sentimento paralisá-
lo. É melhor ter um sentimento de impostor do que
uma vida de impostor. Você não está sozinho nessa e,
provavelmente, cada vez mais você esteja perto de novos e
grandes objetivos. Keep going.
NÃO DEIXE AS REDES
SOCIAIS LHE FAZEREM
MAL, NINGUÉM ESTÁ
POSTANDO SEUS
FRACASSOS.
****** Disponível em<https://www.youtube.com/watch?v=pOIM0i6PbOE>
. Acesso em: 10.08.20
******* Disponível em:
<https://www.scotthyoung.com/blog/2019/05/06/imposter-syndrome/ >
Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=pOIM0i6PbOE >. Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em:
<https://www.scotthyoung.com/blog/2019/05/06/imposter-syndrome/ >.
Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/40421352/the-
five-types-of-impostor-syndrome-and-how-to-beat-them>
<https://www.themuse.com/advice/5-different-types-of-imposter-
syndrome-and-5-ways-to-battle-each-one>
<https://time.com/5312483/how-to-deal-with-impostor-syndrome/ >.
Acesso em: 10.08.20
******** Disponível em:<
https://www.forbes.com/sites/carolinecastrillon/2019/01/27/why-
imposter-syndrome-is-a-good-thing/#3124a7f3472a > . Acesso em:
10.08.20
******** Disponível em: <https://www.themuse.com/advice/how-to-
banish-imposter-syndrome-and-embrace-everything-you-deserve > .
Acesso em: 12.08.20
V
ocê já deve ter escutado em algum momento que a
vida não é uma corrida de 100 metros, mas, sim,
uma maratona.
Por muito tempo, eu vivi minha vida pulando de provas de
100 metros em provas de 100 metros. E deu certo. Passei
no vestibular em uma Universidade Federal aos 18 anos, fui
efetivado em uma multinacional aos 20 anos, fiz um curso
de extensão fora do Brasil aos 22 anos, e assim por diante.
Minha atenção sempre estava no próximo obstáculo.
Algumas dessas provas eu ganhei, outras eu perdi. Para
algumas eu me preparei, outras fui na confiança. – “Vai
dizer que você nunca fez uma prova sem estudar nada,
apenas na confiança de que iria cair o conteúdo que você já
sabia?” – No entanto, todas essas experiências me
trouxeram alguma forma de conquista: dinheiro,
reconhecimento, aprendizado, inteligência emocional – você
escolhe.
Contudo, em um certo momento, eu comecei a me cansar.
Os resultados já não me satisfaziam. Os treinos já não eram
mais interessantes. Foi então que eu me deparei com
algumas perguntas: “Será que estou correndo a prova certa
na vida?” “Aonde eu quero chegar com todas essas
conquistas?” “Será que esse tipo de prova vai me levar para
voos maiores?”
Na vida, para atingirmos resultados consistentes e
grandiosos, precisamos de dedicação, persistência,
entender as etapas e compreender que os resultados não
vêm da noite para o dia.
Foi então que comecei a me preparar para mudar de
prova. No começo é muito difícil. Pergunte a qualquer
corredor se existe diferença entre uma corrida de 100
metros e uma maratona que são 42.195 metros, e eles irão
afirmar que são esportes completamente diferentes. É um
outro jogo, com outras regras, outros competidores e outro
pensamento.
No começo você acha que dá conta, afinal, era um
vitorioso nas provas de 100 metros. Sempre tirou notas
boas, deu um jeitinho de última hora e estava indo bem na
vida até então. Mas, daí você começa a treinar e vê que o
que funcionava antes, não funciona mais. Vê que quem
começou lentamente a prova, está ultrapassando-o. Você
sente dores, o seu cérebro pede para parar, você insiste e
se machuca. O seu corpo não lhe responde. O cérebro
também não. Você começa a entender que precisa mudar
algo. Vai lá e tenta novamente. E o ciclo se repete... Dói.
Você está focado no resultado, em vencer. Foi assim que
você cresceu e aprendeu. Resultados e gratificações
instantâneas. Foi bem na prova, recebe uma boa nota e
elogios. Esforçou-se no trabalho, recebe um aumento.
Assistiu a um vídeo do TED Talks (modelo de palestras
curtas e eficazes), já sente que aprendeu algo novo.
O QUE O TROUXE ATÉ AQUI
NÃO É O QUE O LEVARÁ
PARA O PRÓXIMO NÍVEL.
Porém, o que o trouxe até aqui não é o que o levará para o
próximo nível. O imediatismo da adolescência e do começo
da vida adulta não funciona mais. Você começa a entender
que a vida não é igual aos aplicativos de entrega, em que
basta alguns cliques e, em questão de pouquíssimo tempo, o
que se quer chegará até você. Começa, então, a ver que as
coisas boas e que valem a pena não acontecem em um
estalar de dedos.
Com isso, o primeiro sentimento que chega é a frustração.
Você se pega infeliz, afinal 42km são 420 provas de 100
metros. Percebe o quão frustrante é se preparar para uma
prova tão longa, sem saber se vai ganhar, sem se quer saber
se vai aguentar, sem conseguir “curtir”.
Agora você está pensando: “Eu preciso mudar algo.” “Eu
preciso melhorar, fazer diferente.” “Eu preciso voltar a sentir
prazer pelo jogo, pelo treino, pela jornada.” Concordo, e, para
aprendermos a participar desse novo jogo, precisamos ter
macro paciência e micro velocidade.******** Esse conceito foi
desenvolvido por um dos empresários mais bem-sucedidos
do Século XXI, Gary Vaynerchuck, @garyvee. Se você não o
conhece, recomendo segui-lo em suas redes sociais e
aprender todos os dias.
Precisamos parar de nos preocuparmos com os anos,
enquanto desperdiçamos os dias. A principal razão que
faz com que muitas pessoas não atinjam os seus objetivos é
a falta de paciência. Estamos focados em metas insanas que
nem sabemos o porquê as criamos. Queremos atingir o
primeiro milhão antes dos 30 anos. Queremos ser gerentes
antes dos 25 anos. Queremos, queremos, queremos. Essa
falta de paciência gera ansiedade. E isso nos consome todos
os dias.
Precisamos entender que as coisas, normalmente,
demoram mais do que imaginamos. Precisamos parar de
sermos imediatistas e começarmos a pensar a longo prazo.
Isso é macro paciência. É termos foco em nossos sonhos e
sabermos que precisamos plantar para colher.
Porém, não é porque sonhos grandes levam tempo, que
podemos ficar sentados no sofá, esperando que as coisas
aconteçam. Micro velocidade é entendermos que o que nos
fará atingir os nossos sonhos é a ação. Precisamos parar de
procrastinar. Tentar coisas novas. Errar. Aprender. Ajustar a
rota. Fazer 10x mais, pois acreditamos naquilo.
Alinhar ambos os conceitos é fundamental, porém, nada
fácil. É como Tony Robbins – escritor, coach e palestrante
internacional –, uma vez, disse: “As pessoas superestimam o
que podem fazer em um ano e subestimam o que podem
fazer em uma década.”
Na vida, precisamos da paciência de uma maratona e da
velocidade dos 100 metros. Paciência para saber que os
resultados bons demoram – mas também não é por isso que
podemos ficar parados. Velocidade para nos adaptarmos,
fazermos as coisas acontecerem e ajustarmos a nossa rota.
Independemente de qual for a sua prova, ela é apenas sua.
Você não precisa prová-la para mais ninguém. Faça no seu
ritmo: acelere... desacelere... comemore... chore... pare...
continue... e, o mais importante, divirta-se!
Vai um marshmallow aí?
Você, provavelmente, tem um primo pequeno em sua
família ou até mesmo algum outro parente. Aquela criança
adorável que todos acham fofinho até começar a ficar com
fome ou sono. “Quer saber se ele irá ser bem-sucedido?”
Então, eu sugiro que faça um pequeno teste. Dê algum doce
de que ele goste muito e fale que se ele não o comer até
você voltar, ele ganhará mais um. Porém, se comer, só terá
aquele mesmo.
Esse desafio pode parecer estranho em um primeiro
momento, porém foi através dessa linha de raciocínio, mas
de forma mais estruturada e avançada, que o professor
Walter Mischel, da Universidade de Stanford, fez uma das
principais descobertas da psicologia comportamental, no final
da década de 1960.
Durante seus estudos, Mischel e sua equipe******** realizaram
centenas de testes em crianças, a maioria com idade entre 4
e 5 anos, e revelaram o que hoje se acredita ser uma das
características mais importantes para o sucesso em áreas
como: saúde, trabalho e a vida como um todo.
Durante o experimento, uma criança por vez era levada
para uma sala privada e sentava-se em uma cadeira. Os
entrevistadores colocavam na frente da criança um
marshmallow e faziam uma proposta para elas. A proposta
era simples: o pesquisador iria sair da sala, e se a criança
não comesse o marshmallow durante o período que ele
estivesse fora, ela seria recompensada com um segundo
marshmallow. Porém, caso a criança decidisse comer antes
do pesquisador voltar, ela ficaria apenas com o primeiro.
Ou seja, comer um marshmallow agora ou dois depois.
Todo o teste foi filmado, e, como você pode imaginar, foi
uma cena melhor do que a outra. Houve crianças que não
conseguiam parar quietas na cadeira; umas olhavam
fixamente para o marshmallow; já outras não paravam de
brincar com o alimento, buscando uma forma de se
distraírem. Algumas crianças comeram o primeiro
marshmallow assim que o pesquisador saiu; outras
aguentaram alguns minutos, mas cederam à tentação; e, por
fim, um certo grupo de crianças conseguiu esperar o tempo
todo.
Talvez, eu contando não tenha tanta graça, por isso, sugiro
que veja o vídeo e se divirta com esse experimento super
fofo.
O estudo The Marshmallow
Experiment******** foi publicado em 1972 e
ficou famoso, porém não pelo experimento
em si. A parte interessante da pesquisa
aconteceu ao longo dos anos que se
passaram, com o acompanhamento e
progresso das crianças em diferentes áreas de suas vidas,
como: estudos, vida social, relacionamentos e profissão,
tendo resultados surpreendentes.
Os pesquisadores acompanharam essas crianças por mais
de 40 anos, e as que estavam dispostas a adiar a gratificação
e esperaram para receber o segundo marshmallow acabaram
tendo, repetidas vezes, maiores notas no colégio, menor
probabilidade de obesidade, melhores respostas ao estresse,
melhores habilidades sociais e melhores desempenhos em
uma série de outras áreas.
Em outras palavras, essa série de experimentos provou que
a capacidade de adiar a gratificação foi um componente
fundamental para o sucesso na vida daquelas crianças.
Portanto, se pararmos para pensar, veremos que isso
acontece em todos os lugares com nós mesmos. Se você
adiar a gratificação de comer aquela sobremesa super
calórica, você será mais saudável. Se você adiar a
gratificação de assistir a Netflix e for estudar, você será mais
inteligente. Se você adiar a gratificação de comprar mais um
sapato, você irá economizar e poderá realizar a viagem dos
seus sonhos.
Exemplos é o que não faltam. O sucesso geralmente se
resume em escolher a dor da disciplina sobre o prazer
imediato.
Isso nos leva a uma questão interessante: “Será que
algumas crianças naturalmente tinham mais autocontrole e,
portanto, estavam destinadas ao sucesso ou podemos
aprender a desenvolver essa característica?”
Pesquisadores da Universidade de Rochester decidiram
replicar o experimento do marshmallow, mas com uma nova
variável em jogo: antes de oferecer à criança o marshmallow,
os pesquisadores as dividiram em dois grupos.
O primeiro grupo foi exposto a uma série de experiências
não confiáveis. Por exemplo, os pesquisadores deram uma
caixa de giz de cera e prometeram trazer uma ainda maior,
mas não trouxeram. Depois, deram várias figurinhas e
adesivos para as crianças e prometeram trazer uma coleção
ainda maior, e também, nunca trouxeram.
Já o segundo grupo teve experiências confiáveis.
Prometeram a elas mais giz de cera, e trouxeram.
Prometeram mais figurinhas e adesivos, e as crianças
ganharam.
O impacto que essas experiências prévias tiveram no teste
do marshmallow foi gigante. As crianças do grupo em que as
promessas foram quebradas não tinham motivos para confiar
nos pesquisadores que trariam um segundo marshmallow e,
assim, não esperaram muito tempo para comer. Já as
crianças do segundo grupo que tiveram seus cérebros
treinados para entender que postergar a gratificação era algo
bom, esperaram uma média de quatro vezes mais que o
primeiro grupo.
Em outras palavras, a capacidade da criança de postergar a
gratificação e demonstrar autocontrole não era um traço
predeterminado, pois foi influenciada pelas experiências e
pelo ambiente que as rodeava. De fato, os efeitos do
ambiente foram quase instantâneos. Apenas alguns minutos
de experiência foram suficientes para impulsionar as ações
de cada criança em uma direção ou outra.
A primeira coisa que podemos aprender com esse estudo é
que não adianta você pegar um marshmallow e dar para o
seu primo e ver se ele será bem-sucedido ou não. O
comportamento humano é muito mais complexo e uma
simples escolha feita por uma criança não determinará o
resto de sua vida.
A segunda é, mesmo que você tenha dificuldade em ser
disciplinado e adiar a gratificação, você pode desenvolver e
treinar essa habilidade. No caso das crianças no estudo, isso
significava estar exposto a um ambiente confiável em que o
pesquisador prometia algo e depois cumpria.
Por fim, a terceira é que se você quer ter sucesso em
alguma área da vida, em algum momento terá que ser
disciplinado o suficiente para escolher o caminho mais difícil
ao invés do prazer imediato.
Isso tem tudo a ver com os dilemas que enfrentamos. Todos
os dias podemos escolher se iremos focar no curto ou no
longo prazo. “Sabe aquelas metas de final de ano?” “Aqueles
seus sonhos?” Eles só irão acontecer se você tiver disciplina
para fazê-los acontecerem. De nada adianta chegar mais um
dia 31 de dezembro, e você colocar como meta emagrecer,
se não estiver disposto a parar de comer um monte de
alimentos com açúcar. De nada adianta falar que irá aprender
um novo idioma, se não tiver disciplina para estudar 30
minutos por dia. De nada adianta estipular como meta que
irá economizar dinheiro, se você não sabe o quanto gasta em
diferentes categorias, como: alimentação, educação, lazer
etc.
De boas intenções, a virada de ano está cheia. Desculpas e
sonhos não faltam. Agora, pessoas com disciplina para fazer
acontecer, já não é tão simples assim.
“E você, em qual categoria vai estar, na da desculpa ou na
da disciplina?”
A DIFERENÇA ENTRE O SEU
SONHO E A REALIDADE É O
PREÇO QUE VOCÊ PAGA
TODOS OS DIAS SENDO
CONSISTENTE NAS COISAS
QUE VOCÊ SE PROPÕE A
FAZER.
Cada coisa no seu tempo
Para ser bem sincero, eu achei que seria mais fácil escrever
este capítulo. Eu demorei cerca de 10 meses entre ter a ideia
de transformar meus pensamentos e dilemas, que escrevia
no meu bloco de notas do celular, e escrever o primeiro
capítulo. De outubro de 2018 a julho de 2019, eu apenas
sonhei como seria o livro, com quem faria colaborações
especiais e até mesmo as cidades em que lançaria. “Na
moral”, eu sou muito bom em sonhar... e também em
procrastinar.
Eu comecei a ver que esse sonho era muito bom e, na
minha cabeça, vários cenários incríveis foram criados. Porém,
só faltava uma coisa, escrever. A diferença entre o seu sonho
e a realidade é o preço que você paga todos os dias sendo
consistente nas coisas que você se propõe a fazer.
Conforme os dias iam passando, eu via que a inspiração
não vinha. Então vinha constantemente na minha cabeça
aquela frase de sucesso que é postada todos os dias no
Instagram: “O segredo do sucesso é 99% transpiração e 1%
inspiração.”
Verdade. Então, sentei na frente do meu computador e
tentei escrever. Pensei comigo, uma página no Word por dia,
eu consigo. Mas tudo que eu escrevia eu achava ruim.
Passaram-se alguns dias, e o flow que eu estava em escrever
os dois primeiros capítulos foi sumindo. O sentimento de
incapacidade foi batendo, e, junto a ele foi somando-se uma
ansiedade.
Ansiedade é uma palavra que tem origem no latim –
anxietas, que significa “angústia”, “pouco à vontade”,
“apertar”, “sufocar”.
Porém, na verdade, para mim, ansiedade significa viver no
futuro – antecipá-lo na cabeça, criar cenários, e querer
controlá-lo para que aconteça da forma como imaginamos.
Após esses pensamentos, você começa a acreditar que é
possível, começa a ficar em êxtase e, logo em seguida,
começa a sentir um nervosismo, o qual é externalizado – no
meu caso, através do ato de roer as unhas. Após esses sinais,
a energia começa a baixar e junto com ela vem um
sentimento de tristeza e incapacidade.
É aí que as coisas começam a dar errado, pois todo esse
desejo de alcançar algo maior é apagado por sentimentos
negativos. É nesse momento que você resolve tomar
decisões precipitadas e que não condizem com seus sonhos.
Então, lá se vai a macro paciência de que tanto falamos...
Lá se vai a vontade de ter um corpo definido em troca de
uma batatinha do McDonalds... Lá se vai a vontade de criar o
seu projeto paralelo em troca de achar que já tem muita
gente fazendo, de que você não tem tempo ou de que não
vai dar certo.
A ansiedade está diretamente relacionada com a nossa
falta de paciência. Queremos antecipar conquistas que
demoram para acontecer. Queremos o objetivo, mas não
queremos a jornada, e esse é o nosso problema. Não nos
apaixonarmos pela jornada. Não estarmos conectados com o
real motivo que queremos.
Afinal, quem tem um “porquê” forte, aguenta
qualquer “como”. Se você sabe o porquê deseja algo, você
estará disposto a pagar o preço da jornada, da gratificação
demorada e de um possível não sucesso.
PARE DE SER IMPACIENTE,
COISAS INCRÍVEIS NÃO
SÃO CONSTRUÍDAS DO DIA
PARA
NOITE.
Contudo, mesmo tendo um porquê forte, as dúvidas vão
bater na sua porta diariamente, por isso gostaria de trazer
oito dicas de como você pode trabalhar melhor sua macro
paciência e micro velocidade.
Essas dicas, algumas eu mesmo coloquei em prática,
outras, alguns amigos. Por isso, convidei-os para relatarem
brevemente como esses exercícios funcionam para eles. São
elas:

1. Escrever sem pensar


A escrita, para mim, funcionou como uma espécie de
um diário de adolescente. Toda vez que eu estava
ansioso, impaciente ou com algum pensamento
sabotador, eu abria o bloco de notas do celular e
despejava meus pensamentos de forma totalmente
desestruturada. Apenas escrevia até parar de vir as
coisas na minha cabeça. Algumas vezes, eu relia, outras
não. Essa prática fez com que eu esvaziasse minha
cabeça e meu coração e fosse dormir mais tranquilo a fim
de acordar mais consciente e conectado com tudo que
estava fazendo.

2. Diário da Gratidão
Ser impaciente, muitas vezes, faz com que a gente seja
ingrato com as coisas que temos a nossa volta. Eu me
sinto dessa forma várias vezes na semana.
Frequentemente me questiono de como eu posso me
sentir mal por não estar onde eu quero, sendo que tenho
inúmeras oportunidades, saúde e coisas boas
acontecendo comigo.
“Não caia nessa cilada, por favor.” Primeiro, não é
porque você tem um teto, o que comer e vestir que você
não pode se sentir ansioso, frustrado ou nervoso.
Existem, sim, muitas pessoas sofrendo no mundo e é
importante você ter isso em mente, mas cada jornada é
única, evite comparações.
Apenas tente, todos os dias antes de dormir, listar dez
coisas pelas quais você é grato por terem acontecido
com você no dia. Esse exercício é muito bacana, pois as
primeiras três ou quatro coisas vêm fácil na cabeça...,
mas, quando você começa a pensar, percebe que
existem coisas simples, mas maravilhosas, que
aconteceram no seu dia. “Tente fazer esse exercício toda
noite por 21 dias e me diga o que achou.”

3. Celebrar as pequenas conquistas


Talvez as pequenas coisas sejam as grandes coisas. O
ser humano vive de grandes marcos. O título da Copa do
Mundo, o primeiro aniversário ou a primeira vez.
Esperamos a formatura, o casamento ou a capa da
revista. A virada de ano, o primeiro milhão ou o
certificado do curso.
Mas, talvez, esse não seja o segredo da vida. É
importante termos marcos para perseguir, e, mais
importante do que os perseguirmos é os celebrarmos.
Não apenas o grande momento, pois ele passa muito
rápido.
Precisamos celebrar também as nossas pequenas
conquistas. As pequenas coisas do dia a dia. Isso, porque
são elas que nos levarão a crescermos e conquistarmos
nossos sonhos. Sem estudar, quando se está cansado,
não vem a formatura. Sem uma mensagem de bom dia,
não vem o casamento. Sem as vendas, não vem a capa
da revista.
As pequenas conquistas são esquecidas na correria do
dia a dia. Tire um tempo do seu dia para apreciá-las, saia
para jantar, compre um mimo ou simplesmente envie
uma mensagem, contando a novidade para quem você
ama. Todo mundo está correndo para algum lugar, em
direção ao grande objetivo. Mas, talvez, não seja ele o
grande segredo, e, sim, as pequenas coisas.

4. Meditação, a respiração limpando


seus pensamentos
Sonal Jain, da Índia, é fundadora da Boondh Cups,
empresa que disponibiliza copos menstruais, na Índia, a
preços acessíveis, com grande qualidade, conforto e
suporte às usuárias. Ela possui o hábito de meditar para
colocar seus pensamentos em perspectiva.
Toda vez que se encontra ansiosa, Sonal utiliza-se da
meditação para esvaziar sua mente. Ela geralmente
começa observando sua respiração – sem grandes
segredos, apenas prestando atenção no ar entrando e
saindo, gradativamente, até a respiração ir se tornando
mais lenta e calma. Porém, essa tarefa não é fácil,
especialmente nos primeiros minutos, pois toda vez que
a mente oscila e recai sobre pensamentos cotidianos,
como relacionamentos ou medos, a respiração acelera. É
nesse momento que ela se lembra que não deve pensar
em nada e apenas estar presente, voltando assim a
observar sua respiração. Com o tempo, a frequência de
oscilação diminui e sua capacidade de foco se fortalece.
Sonal indica, para quem está começando, iniciar com
10 minutos de meditação, sem exigir tanto de si mesmo
na atividade. Apenas escolha um lugar calmo e que não
exista interrupções. Ao decorrer dos dias, você irá
conseguindo se conectar mais e mais consigo mesmo e
aumentar o tempo da prática.
Em dias difíceis, Sonal, normalmente, faz 30 minutos
de meditação, quando após aproximadamente o décimo
minuto, conscientemente consegue começar a direcionar
seu foco para algum pensamento singular, sendo um
problema comercial, pessoal ou existencial. Segundo ela,
as respostas que encontrou sempre a surpreenderam e
lhe deram confiança para executar, com maior
determinação, coragem e compaixão suas atividades.
Existem inúmeros aplicativos que você pode baixar
para ajudá-lo nesse processo, entre eles, um dos mais
famosos é o Headspace. Caso não queira baixar nenhum
aplicativo, a sugestão é colocar uma música calma e
instrumental, pois pode ajudar muito no processo.

5. Esportes, a endorfina a seu favor


Guilherme Martins, do Brasil, é administrador e
trabalha na área de R.H. da Nissan. Ele busca sempre
colocar seus pensamentos em perspectiva através da
prática de atividades físicas.
Guilherme sempre gostou de fazer exercícios, mas na
correria do dia a dia, às vezes, era algo que acabava
deixando de lado. Porém, foi em um momento de
extrema ansiedade e procurando cuidar da sua saúde
que ele começou a praticar Muay Thai para liberar o
estresse e relaxar. Uma aula após a outra, foi tomando
gosto pelo esporte e pela forma como se sentia. O
esporte permitia que ele estivesse em estado de
aprendizado constante, além de sempre se desafiar a
melhorar, trabalhar a sua disciplina e ter como bônus um
pico de endorfina liberado.
A prática de artes marciais foi o estalo inicial para a
entrada de outras atividades físicas em sua vida, como
aulas de funcional, desafios de esforço físico e pedalar de
bicicleta pela cidade.
A vantagem dos esportes é que eles são únicos para
cada pessoa e para o momento da sua vida, enquanto
que para alguns o prazer se encontra em ir à academia e
puxar ferro, para outros a alegria se encontra na corrida
de rua. Os esportes têm muitas nuances e
peculiaridades, eles podem ser individuais ou coletivos,
em lugares abertos ou fechados, no período da manhã ou
da noite, entre outras inúmeras características, o
importante é você testar qual funciona melhor para você.
Às vezes, você estará com uma rotina muito turbulenta
em que só terá espaço para uma aula de funcional por 30
minutos, outras vezes, você poderá fazer academia e
corrida. Independentemente de qual esporte escolha, não
foque em cumprir uma rotina perfeita, pois isso lhe trará
mais ansiedade. Duas a três vezes na semana bem feitos
já trazem ótimos resultados para sua saúde física e
mental.
Outra dica é baixar aplicativos, como o Strava, em que
você pode ver seus amigos realizando atividades físicas e
monitorar o seu desempenho, como: calorias gastas,
distância percorrida e várias outras estatísticas.

6. Procrastinar e produzir, é possível?


Matheus Cardoso, do Brasil, é fundador do Moradigna,
negócio social na área da habitação, sócio consultor da
Fábrica de Criatividade e foi reconhecido pela Forbes
como um dos jovens mais influentes do Brasil, em 2018,
na lista dos 30under30.
Ele conseguiu usar a procrastinação, um dos principais
vilões da produtividade, a seu favor. Fez isso por meio do
conceito do ócio criativo. Momentos de ócio são
importantes para, literalmente, descansarmos a mente e,
consequentemente, estarmos mais preparados para os
desafios e tarefas do nosso dia a dia. A armadilha
acontece quando alongamos muito esses períodos ou
quando não temos controle e os usamos como fuga das
nossas obrigações – a famosa procrastinação.
Para subverter essa lógica a seu favor, Matheus
começou a fazer um exercício de ócio produtivo, ou seja,
nos momentos de procrastinação, tentou mesclar
atividades que poderiam ser realizadas para relaxar com
atividades que agregariam para seu repertório de alguma
forma.
Foi assim que ele começou a ganhar micro velocidade
nas pequenas coisas do seu dia a dia. Desde descansar,
assistindo a uma série que tivesse alguma relação com o
seu mercado de trabalho, até lendo uma revista de
entretenimento, estando atento às oportunidades de
conexão com temas da sua vida, como: economia
doméstica, tecnologia e negócios sociais.
Então, de forma prática, ele desenvolveu uma lista de
tarefas em seu bloco de notas do celular com tudo que
poderia produzir quando a procrastinação batesse. Tá aí
uma coisa que ele nunca havia pensado em ver na
mesma frase: produzir e procrastinar.
Lógico que o método não é perfeito, às vezes, nós
literalmente precisamos ficar de pernas para o ar,
olhando para o nada, acompanhando o movimento de
uma mosca que passou na nossa frente. Mas, agora, toda
vez que você estiver entrando nesse ciclo de
procrastinação, pense quais atividades você pode fazer
para desligar a mente e ao mesmo tempo aumentar seu
repertório, porque, sim, é possível.

7. Disciplina para viver o presente


Lucas Schweitzer, do Brasil, é empreendedor e
fundador da LUSCH Agência, empresa focada em eventos
corporativos em todo o país e organizadora do
Empreende Brazil Conference, maior imersão em
empreendedorismo da América Latina.
Lucas teve uma infância normal e uma adolescência
com muitos desafios. Perdeu sua mãe, doente de câncer,
quando tinha 15 anos, e, logo depois, seu pai em
depressão, acabou se suicidando. Ele conta mais da sua
história no seu livro: Tinha tudo pra dar errado.
Para conseguir viver o presente e encarar a vida com
otimismo e fé, Lucas entendeu que eram necessárias
duas coisas: disciplina e consistência. Focar no hoje,
melhorou muito sua performance e trouxe a paciência
necessária para alcançar suas metas de longo prazo. Para
Lucas, é importante termos planos de longo, médio e
curto prazo, mas o mais importante, é ter a consciência
de que as coisas não acontecem por acaso, que tudo é
consequência das nossas ações e que não existe atalho.
Um grande exemplo, foi o impacto que a COVID-19 teve
em seus negócios, sendo o setor de eventos o mais
afetado, tendo todos os planos e contratos do ano
adiados ou suspensos, restou-lhe apenas uma única
opção: reinventar-se.
Quando momentos de dificuldade acontecem, existem
sempre duas opções: nos lamentarmos ou aprendermos
com isso e seguirmos em frente. Uma não exclui a outra.
Mas, o foco precisa estar em seguir em frente, e a única
coisa que pode ser feita é dar um passo de cada vez, com
consistência e disciplina.
Lucas acredita que a disciplina é o que nos permite
fazer o que precisa ser feito diariamente. Segundo ele, é
como ir para a academia e dizer: “Tá pago.” Não está
pago, porque não é dívida, está feito, porque você
decidiu fazer. Já a consistência é a soma de pequenos
esforços repetidos dia a dia, que fará com que tenhamos
sucesso. Lucas acredita que o sucesso se encontra na
rotina, nas coisas que fazemos constantemente. Há dias
que iremos acordar sem vontade de fazer as coisas. A
consistência, o hábito e a disciplina é o que nos fará
seguir em frente.
Lucas recomenda que, para desenvolver mais a sua
disciplina e conseguir viver no presente, uma atividade
muito simples, mas transformadora, é planejar o seu dia
na noite anterior e focar no seu sucesso hoje.

8. Dançando com a vida


Marina Melero, da Espanha, é dançarina e engenheira.
Estudou Engenharia Biomédica e Machine Learning e
trabalhou em projetos que combinavam dança e tecnologia.
Marina acredita que dançar é uma maneira bonita e
imediata de criar espaço para sentirmos e nos conectarmos
com nossos corpos. No final de cada dia, especialmente
quando se sente ansiosa, desconectada ou inquieta, ela para
tudo o que está fazendo, coloca uma música que gosta para
tocar e começa a dançar livremente.
Marina recomenda que você dance sem se importar com a
aparência ou os movimentos que está fazendo. Apenas
concentre sua atenção em se mover da maneira que seu
corpo quiser. Isso pode ser feito em sua cozinha, sala de
estar ou quarto. Apenas uma música de três a quatro minutos
é suficiente para liberar as emoções que você não precisa
mais carregar.
Outra dica que ela dá é que, se você está pensando demais
e não sabe como começar a dançar, concentre-se em uma
parte do seu corpo, por exemplo, nos quadris ou pulsos, e
comece a explorar maneiras diferentes de mover essa parte
do corpo em conjunto com a música. Se você ficar entediado,
sempre poderá mudar para outra parte do corpo ou tentar
descobrir novos caminhos através da mesma parte.
Dançar livremente é uma ótima maneira de deixar o corpo
falar sem o julgamento da mente. Dançando, criamos espaço
para ouvir como estamos nos sentindo, sem ter que rotular a
emoção ou inventar uma explicação. Simplesmente,
permitimos que as emoções existam, para que possam se
mover através de nós e, eventualmente, saírem da mesma
maneira que vieram.
Marina criou o hábito de dançar diariamente, o qual
começou quando passava por um período muito estressante
enquanto trabalhava e concluía seus estudos de mestrado.
Ela sempre tinha a sensação de que não estava fazendo o
suficiente e que, por mais que se dedicasse muito, sempre
havia mais a alcançar. Isso estava gerando ansiedade e a
impedindo de sentir paz e felicidade em suas atividades
diárias. Dançar todos os dias a ajudou a diminuir seus níveis
de estresse e ansiedade, melhorando seu desempenho e a
tornando mais criativa no trabalho.
Ainda hoje, mesmo quando ela não se sente estressada ou
ansiosa, ela continua dançando regularmente, pois isso a
conecta com seus sentimentos, permitindo expressá-los, não
importando se é alegria, gratidão, raiva, nostalgia, tristeza,
admiração, felicidade, amor ou uma mistura de tudo.
Cada pessoa possui uma forma de lidar com a ansiedade,
falta de paciência e dilemas. O que funciona para a Marina da
Espanha não necessariamente funcionará para você. Teste
uma, duas, três vezes. Se ao invés de ajudar, atrapalhar, vá
para a próxima. Aos poucos, você irá se conhecendo e
entendendo o que funciona na sua rotina.

Você está vivendo uma vida


corrida ou uma vida
importante?
A falta de tempo é uma das maiores desculpas do Século
XXI. A regra é ter uma vida corrida. Qualquer pessoa que
você encontra ou manda mensagem, perguntando como
está, a resposta é sempre a mesma: corrido. Se você não
está na correria, parece que você está ficando para trás.
O problema é quando o corrido lhe suga mais as energias
do que lhe fornece. Eu mesmo vivo essa cilada diariamente.
As obrigações do curto prazo, matando meus sonhos e
energia. Quando eu vejo, os meses se passaram e parece
que eu estou mais mantendo a minha vida atual do que
criando a vida que eu quero.
Eu brinco que 80% do sucesso não é dedicação e, sim,
energia, pois de nada adianta você gastar horas e horas em
algo e fazer mais ou menos. “O quanto você está colocando
de energia e coração em suas atividades?” É melhor uma
hora bem gasta, repleta de atenção plena do que dez horas
mais ou menos, pensando em outras coisas.
Precisamos aprender a monitorar nossa energia. Observar
quais as situações, pessoas e locais que a revigoram ou que
fazem com que ela suma. Pensando nisso, encontrei no
Instagram da Amber Rae (@heyamber), artista e autora do
livro Choose Wonder Over Worry********, essa matriz de energia
que poderá ajudá-lo a diferenciar o que é fonte e o que é
bloqueio de energia. No que você deve focar e do que você
deve se livrar. Veja a seguir como funciona.

Essa matriz é importante, pois há momentos ao longo de


nossas vidas – e eles ocorrem quase todos os dias – quando
vislumbramos o que somos capazes, uma faísca do que
estamos destinados a ser, ou uma sugestão do que
desejamos nos tornar. Eles são sutis e, muitas vezes, nem
percebemos. Mas, eles estão lá. Poderia ser uma explosão de
inspiração para o livro que sempre quis escrever. A vontade
de, finalmente, perder os quilinhos extras. Ou o sentimento
de insatisfação com o trabalho atual seguido do desejo de
construir algo seu.
Esses são desejos importantes e que nos chamam a
atenção o tempo todo. Mas, antes de respondermos à sua
chamada, a urgência da vida tende a aparecer. O telefone
toca, o carro está com pouca gasolina, ou o chefe solicita
uma nova apresentação com um prazo apertado. Assim,
postergamos nossos sonhos mais um dia porque precisamos
apagar mais um incêndio.
“Como podemos superar isso?” “Como podemos fazer para
começarmos a viver a vida, que é importante para nós, ao
invés de apenas respondermos às emergências cotidianas?”
Saber quais são as atividades que lhe fornecem energia e o
colocam em um estado de ação em que você não vê o tempo
passar é importante para conseguir conquistar mais coisas
na vida. Ao saber quais são esses momentos, você pode criar
espaços na sua agenda para realizá-los. O mesmo ocorre
também para as atividades e momentos que drenam sua
energia, não tem como evitá-los completamente, mas você
pode fazer com que eles não sejam tão onerosos. Por
exemplo, normalmente, entre as 16h30 e 17h30 eu tenho
uma baixa de energia, fazendo com que seja difícil me
concentrar, então eu tento marcar reuniões nesses horários,
pois o ato de conversar exige menos da minha concentração,
e eu consigo passar por essa fase do dia de maneira mais
otimizada e fluida. Ao refletir sobre isso, vem em minha
mente a frase de Peter Drucker: “Não há nada mais inútil que
fazer bem feito algo que não deveria ser feito.”
Sendo assim, a Matriz de Energia poderá ajudá-lo a
descobrir quais atividades são fonte ou bloqueio de energia.
Vamos observar:
• Quadrante 1 — “Sacrifício” — Essas são as atividades que não são
agradáveis de serem feitas, que estão fora da sua zona de conforto,
mas que, ao serem executadas, irão lhe trazer inúmeros benefícios.
• Quadrante 2 — “Alegria” — Essas são as atividades que lhe dão
prazer e que, quando você as executa, entra em estado de flow, sem
perceber o tempo passar. Ao realizá-las, você sai revigorado.
• Quadrante 3 — “Vontades do Mal” — Essas são as atividades que
você tem prazer em realizar, mas não agregam positivamente em
sua vida. Muitas vezes, estão relacionadas a maus hábitos, vícios e
fraquezas.
• Quadrante 4 — “Obrigação” — Essas são as atividades que não
agregam em nada ou muitas vezes lhe fazem mal, mas são
necessárias. “Sabe aquela tia chata que você precisa tolerar ou
aquela reunião de que precisa participar?” Então, esses são exemplos
clássicos de atividades desse quadrante.
Nada que valha a pena para nós parecerá urgente e estará
apenas no quadrante das coisas que nos dão alegria. Essa é
a natureza dos objetivos importantes. Eles não exigem
atenção agora. Eles exigem um senso de propósito, uma
direção clara e consistência a longo prazo.
Escolha uma coisa que é importante para você, defina um
objetivo específico e comece hoje mesmo. Nunca deixe seus
sonhos parados. Pare de pensar demais. Pare de ponderar.
Pare de criar planos. Pare de debater. Ninguém está pronto
para fazer nada. Não existe quase nada pronto. Só existe o
agora. Dê o primeiro passo. Agora é tão bom quanto qualquer
outro momento. E nunca esqueça: macro paciência e micro
velocidade – esse é o segredo do jogo.

******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?


v=hUFPdADL8g4&t=1s > . Acesso em: 11.08.20
******** Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=hUFPdADL8g4&t=1s >. Acesso em:10.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=QX_oy9614HQ> . Acesso em:10.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Choose-Wonder-
Over-Worry-Potential/dp/1250175259>. Acesso em: 11.08.20
P
ropósito é a palavra da moda. Parece que todo
mundo tem um. Se você não tem, está fora do
grupinho. É questionado por que faz as coisas que
faz, sobre o que o faz levantar da cama e que falta um brilho
nos seus olhos.
Não fazer parte desse grupinho das pessoas que sabem o
porquê vieram ao mundo, custa caro. Não é como no colégio,
que você quer fazer parte do grupo dos populares, ou dos
nerds, ou dos atletas, ou seja, você quer se encaixar e ter o
sentimento de pertencimento. É um outro tipo de
pertencimento, um que custa a sua sanidade, o
pertencimento ao universo.
Quanto mais você começa a ouvir das pessoas que você
tem de ter um porquê, tem de ter um sonho grande, e assim
por diante, mais você começa a ficar inquieto, questionar-se
e se sentir perdido.
Eu mesmo sinto isso todos os dias.
Dos últimos anos para cá, eu comecei a notar que todos ao
meu redor pareciam que já sabiam os seus propósitos, um
amigo que quer ser presidente do Brasil, outro que quer
viajar os 196 países do mundo, ajudando a construir escolas,
outra que quer abrir o capital da empresa e ser uma das
empresárias mais bem-sucedidas.
Quanto mais o assunto vinha à tona, mais eu reparava
nisso. “Sabe quando você está andando de carro e começa a
focar em encontrar um determinado modelo, e quando
percebe, nota que existe um em cada esquina?” É tipo isso.
Quanto mais eu focava em encontrar meu propósito, mais
parecia que todos já tinham encontrado os seus. O problema
era: o que surgia em minha frente era o assunto e não o meu
propósito.
Não espere que neste capítulo eu traga uma bela história,
de como depois de muito tempo, buscando o meu chamado,
eu, enfim, parei de procurá-lo e o encontrei. Não, não é nada
disso. Muito pelo contrário. Eu quero trazer uma nova
abordagem sobre o tema. Assuntos que eu andei buscando e
me trouxeram mais calma e menos urgência nessa busca
desenfreada do meu porquê.

Os três equívocos do
propósito
“Os dois dias mais importantes da sua vida são: o dia em
que você nasceu, e o dia em que você descobriu o porquê.” –
Mark Twain.
Você provavelmente já ouviu ou leu em alguma rede social
essa frase. Mark Twain é um dos escritores mais aclamados
de todos os tempos, e eu, particularmente, gosto muito de
várias de suas publicações. Mas desculpe, Twain, nessa eu
vou ter que discordar.
Essa frase, para mim, soa como uma versão de Hollywood
do propósito.
É como se você estivesse no filme Matrix e tivesse que
escolher entre a pílula azul ou vermelha. A azul fará com que
você volte para a sua vida superficial, dolorosa e chata. Já a
vermelha é a escolha que irá fazer com que você descubra o
seu propósito.
Sinto informar-lhe, na maioria dos casos, não é assim que
funciona. É claro que isso acontece. Mas, normalmente, esses
tipos de despertar estão relacionados a grandes choques.
Para a maioria das pessoas, não é assim. Pare de ser
enganado, de confiar em tudo que falam e de procurar a bala
de prata. Para um jovem de 20 anos, na faculdade, ou um
gerente de 32 anos, em um emprego que não faz mais os
olhos brilharem, esse tipo de busca por uma resposta
instantânea, provavelmente os levará à frustração ao invés
de significado.
John Coleman, autor do livro Passion & Purpose, em artigo
para a Revista Harvard Business Review********, trouxe dois
equívocos que as pessoas, normalmente, têm em relação ao
tema “encontrar seu propósito”. Eu aproveitei para
acrescentar um terceiro que também acho pertinente. Ei-los:

Equívoco #1: Propósito é algo que você


encontra
Propósito não é algo que você se esforça em procurar,
encontra e depois começa a viver a sua vida de forma
diferente. Todas as coisas que você faz hoje têm um motivo.
Às vezes, o motivo é besta, às vezes, é ultrapassado e, às
vezes, ele é nebuloso. Mas pode ter certeza de que ele
existe.
No entanto, eu não quero aqui discutir sobre o grau de
relevância do motivo – até porque, o que é importante para
mim, talvez não seja para você. Conseguir enxergar isso é
extremamente relevante. É por meio do ato de enxergar que
nos aproximamos do nosso propósito.
PRECISAMOS PARAR DE
PROCURAR PROPÓSITO
NAS COISAS E COMEÇAR A
COLOCAR PROPÓSITO
NELAS. PROPÓSITO É ALGO
QUE SE CONSTRÓI, NÃO
ALGO QUE SE ENCONTRA.
Precisamos parar de procurar propósito nas coisas e
começar a colocar propósito nelas. Propósito é algo que se
constrói, não algo que se encontra. É um trabalho de olhar
para dentro, estar presente e enxergar a diferença que você
está fazendo hoje.
Praticamente, todas as profissões ou coisas que você faz
possuem um propósito. Algumas delas parecem ter um ar
mais nobre que outras, mas não se engane, só você pode
dizer o que faz o seu coração pulsar. Não compare o seu
propósito com o de outras pessoas. Não tenha medo de
assumir o seu propósito.
Um motorista de aplicativo tem uma enorme
responsabilidade de cuidar de dezenas de pessoas e garantir
que elas cheguem a seus destinos e alcancem seus objetivos.
Uma enfermeira desempenha um trabalho essencial não
apenas no tratamento do paciente, mas também em auxiliá-
lo nos momentos mais difíceis da sua vida. Um vendedor
pode ser a pessoa que vai animar e transformar o dia de
alguém, muitas vezes, sendo gentil e atencioso. “Vai dizer
que você nunca foi atendido por alguém com uma energia lá
em cima e saiu com um sorriso de orelha a orelha?”
É claro que algumas profissões e atividades, naturalmente,
levam as pessoas mais facilmente a encontrarem um
significado. Mas, muitas exigem apenas que nos esforcemos
um pouco mais para construir uma razão maior de estarmos
fazendo o que fazemos.
Essa sua busca desenfreada para encontrar algo que faça
você pular da cama todos os dias, feliz, cantando e
desejando “bom dia” para todo mundo, não vem de uma
hora para outra. E, mesmo depois, ela não se mantém todos
os dias.
“Pare, observe, sinta, reflita e contemple.” “O que, hoje, no
seu dia, fez seu coração pulsar mais forte?” “O que, hoje, no
seu dia, você fez bem feito?” “O que, hoje, no seu dia, fez
com que outra pessoa se sentisse bem?”
Faça mais disso amanhã, e então depois de amanhã e
depois.
Se você não encontrou ainda o motivo de estar aqui neste
planeta, coloque propósito nas coisas que você faz, quem
sabe aos poucos ele não comece a encontrá-lo também.

Equívoco #2: Propósito é imutável


O segundo equívoco que ouço com frequência é que cada
pessoa só possui um propósito e precisa morrer com ele. Só
de escrever essa frase acima já me sinto mal. “Você
consegue sentir o peso que ela carrega?”
O peso de não poder mais ter a possibilidade de ter uma
nova chama pulsando dentro de você. De ter que continuar
na mesma rota para sempre. Para mim, isso não faz o menor
sentido.
A cada experiência que vamos somando em nossas vidas,
nós vamos nos transformando. O “você” de hoje já não é
mais o “você” de um mês atrás. E essa é a magia da vida.
“Se nós mudamos, por que o nosso propósito não pode
mudar também?”
Como já falei aqui, eu até hoje não sei dizer em uma frase
de impacto, bonitona, que eu possa pôr na biografia do meu
Instagram, qual é o meu propósito.
Porém, uma coisa eu posso lhe afirmar: quanto mais eu
testo coisas novas e ponho intenção no que eu faço, mais eu
começo a entender quais são as coisas de que eu gosto e não
gosto. E, esse é um dos caminhos que eu realmente acredito
ser o de encontrar o que nos faz brilhar os olhos.
Eu posso hoje não ter um propósito claro, mas eu tenho
várias paixões, como: educação, escrever,
autoconhecimento, marketing, esportes, moda, tecnologia,
falar em público, entre outros. Então, eu lhe pergunto: “Por
que eu não posso viver várias dessas paixões nesta vida?”
Aquele papinho que a sociedade, nossos pais e, muitas
vezes, até nós mesmos insistimos em ter antes do vestibular,
de que precisamos escolher o curso muito bem, pois é com
isso que vamos trabalhar para o resto da vida, precisa parar.
“Quem foi que falou que eu preciso escolher uma coisa e
ficar nela para sempre?” Já se foi o tempo em que o certo era
você escolher um caminho a seguir e se dedicar por toda a
vida.
Hoje eu estou motivado pela escrita. Eu já estive assim,
trabalhando com educação. Em breve, eu posso estar assim
com tecnologia. Quando eu tiver um filho, eu posso voltar
para a educação... e, assim por diante. O mundo mudou. Não
se pressione em encontrar o seu propósito, até porque talvez
quando você o encontrar, ele não seja mais seu.
“Teste, experimente e descubra suas paixões.” “O que você
faz que não vê o tempo passar?” “O que você quer fazer de
diferente neste mundo?”
Se alguma resposta veio a sua cabeça, comece a fazer, e
vá fazendo um pouco mais com o passar do tempo, mas vá
com calma, você não precisa acelerar as coisas. Já, se nada
veio a sua cabeça, comece a procurar coisas novas para
experimentar, trabalhar e se descobrir.
O importante é estar ciente de que a única constante na
vida é a mudança. E não há nada de errado você mudar e o
seu propósito também.

Equívoco #3: Ter um propósito significa só


fazer coisas que a gente gosta
Ter um propósito claro, amar o que você faz e ser bom em
algo são coisas completamente diferentes de fazer apenas
coisas de que gostamos.
Não apenas completamente diferentes, como também, em
determinados momentos, as pessoas e o mundo vão bater
tão forte em você que farão você questionar se é realmente
isso que você deseja e se você realmente é bom nisso.
Quando começamos esse trabalho de descoberta,
normalmente, caímos no romance que tudo será mil
maravilhas, vamos fazer o que gostamos e estaremos felizes
boa parte do tempo.
Ou pior, que no final do dia, mesmo tendo um dia ruim,
deitaremos com a consciência tranquila, sabendo que tudo
valerá a pena.
Sinto dizer, mas isso não existe.
Primeiro, haverá dias de “merda”. The dog’s day aren’t
over. Isso mesmo, você ainda terá dias que a negociação não
dará certo, o seu cachorro estará doente e do nada começará
a chover. Isso é inevitável. A boa notícia é que dias assim
passam e depois da tempestade, vem o sol.
Segundo, mesmo após ter um dia ruim, você não se deitará
na cama e ficará tranquilo, sabendo que você está no
caminho certo, pois seu propósito é maior que seus
problemas. Esqueça isso. Você, provavelmente, se deitará na
cama em posição fetal, com mil pensamentos e
questionamentos sobre se esse realmente é o caminho certo
que você deveria estar seguindo, e não conseguirá dormir
tão cedo. Eu lhe garanto que, nesse momento, você irá se
comparar, duvidar de si mesmo e até sonhar com outro tipo
de vida. Não existe nada de errado nisso. As dúvidas irão
sempre surgir, não importa a fase que você esteja. Deixe que
elas surjam, aprenda a lidar com elas, saiba separar o que é
insegurança do que é verdade e lembre-se de: macro
paciência e micro velocidade.
Terceiro, mesmo que os seus dias estejam indo bem, e as
coisas estejam se encaixando, você nunca fará apenas coisas
de que gosta. Mesmo assim, você precisa se acostumar com
isso e, mais do que se acostumar, você precisa entender que
fazer o que não gosta, muitas vezes, é o que o deixará ainda
mais perto do seu propósito.
Ou você acredita que o Usain Bolt, maior velocista de todos
os tempos, adorava acordar cedo todos os dias e treinar? Em
entrevista, uma vez, ele afirmou que inclusive começou a
correr provas de 100 metros, pois odiava os treinos longos
das provas de 400 metros. E por esse motivo, migrou de
prova.
Simplesmente é impossível você gostar de todas as etapas
e processos que envolvam viver o seu propósito. Por
exemplo, a Bruna Karas, uma fotógrafa talentosa que ama
viajar e tirar fotos de pessoas, ama estar atrás da lente e
captar momentos únicos, mas odeia ter de negociar,
prospectar clientes e se expor.
Ou o João Pedro Novochadlo, um empreendedor social que
ama criar soluções que deixam o mundo melhor por meio da
tecnologia, mas odeia ter de vender seus projetos.
Ou a Bibiele Teixeira, cofundadora da 49 educação, que
ama mentorar startups para que possam decolar seus
resultados, mas odeia ter de se expor e captar novos alunos.
Conforme você for construindo o seu propósito,
descobrindo seus pontos fortes e crescendo seus projetos,
você pode até buscar pessoas para complementarem suas
habilidades e fazerem coisas que você não tem tanto prazer
em fazer. Mas para cada novo degrau que você escalar em
sua história, surgirão novas atividades que demandarão um
novo você, e com elas, novas coisas prazerosas e outras nem
tanto. Se acostume a isso. Faça com que cada vez mais você
esteja próximo do que gosta de fazer, mas entenda a
importância das coisas de que não gosta. Isso facilitará muito
a sua jornada.

O caminho do propósito tem


um nome estranho: Ikigai
Você deve estar se perguntando: “Como alguém que ainda
não encontrou o seu propósito pode falar sobre isso?” Eu sei
que parece esquisito. Mas, precisamos quebrar a nossa
crença limitante de que só quem já chegou ao topo pode
falar da jornada. Isso é muito restritivo e pouco empático,
pois afasta todas as pessoas que estão no meio do caminho,
tentando.
É muito comum, atualmente, com as redes sociais,
seguirmos pessoas que possuem o estilo de vida que
desejamos e que alcançaram coisas similares às que
queremos. Porém, ao olhar a história delas, nos inspiramos
em um primeiro momento, porém, logo em seguida, nos
frustramos, pois elas estão tão distantes da fase que
estamos, que não sentimos estarmos indo para o mesmo
caminho. Outro ponto é que, muitas vezes, essas pessoas
não focam em contar como foram as suas trajetórias até lá e,
sim, mostrar as suas vidas no auge, e isso faz total sentido,
pois a trajetória quase nunca é gostosa ou possui fatos
interessantes. Majoritariamente, ela é composta de muito
trabalho duro, suor e pouco glamour. É óbvio que essas
pessoas possuem autoridade para falar sobre o assunto, pois
elas já subiram os degraus até o sucesso. Porém, e quem já
subiu um? Ou sete? Ou quinze? Não podem falar como foram
suas experiências até esse momento?
Eu não só acho que podem, como devem, pois cada
história é única e podemos aprender o tempo todo com os
desafios dos outros. Eu talvez ainda não tenha encontrado
meu propósito, mas acho válido compartilhar um pouco da
minha busca e construção dele.
Essa busca começou com um olhar para trás, me
perguntando quando foi a primeira vez que eu ouvi falar
sobre propósito. E a resposta me surpreendeu, pois não foi
nos últimos anos em que o assunto ficou cada vez mais em
voga. A primeira vez que ouvi falar a palavra propósito foi
quando eu tinha em torno de 8 anos de idade e estava
brincando com a minha irmã. Ela, em seu papel de mais
nova, no auge dos seus 3 anos, não parava de me irritar, foi
quando eu resolvi grudar meu chiclete no cabelo dela.
Evidentemente, ela foi chorando para o meu pai e disse que
eu tinha feito aquilo de propósito. O que de fato, eu tinha. E
isso resume muito bem o que seria propósito, não grudar um
chiclete, é claro, mas fazer as coisas, porque você
simplesmente quer.
Nesse caso, foi algo impulsivo e voltado pela irritação. Mas,
ao lembrar desse fato, a pergunta continuou na minha
cabeça. “Por que eu faço as coisas que eu faço?” “O que me
move?” “O que eu quero?” “Qual é o meu porquê?” Eu
precisava entender isso. Então, como um bom pesquisador,
resolvi utilizar a melhor forma de pesquisa que existe
atualmente: o Google.
Em minhas pesquisas, encontrei inúmeras metodologias,
escritores, livros, filmes, produtos e outras coisas inusitadas.
A procura pelo propósito realmente se tornou um nicho de
mercado lucrativo. Dentre todas as definições sobre propósito
que encontrei, acredito que a filosofia Ikigai foi a que mais
fez sentido para mim.
Ikigai é um termo japonês que não possui nenhuma
tradução literal para o português, mas significa, em grosso
modo, “a razão pela qual você acorda todas as manhãs”. Em
poucas palavras, abrange a ideia de que a felicidade na vida
é muito mais do que dinheiro ou um cargo chique.
A filosofia Ikigai surgiu na ilha de Okinawa, no sudoeste do
Japão, uma pequena ilha japonesa que, mesmo após ser
devastada na segunda Guerra Mundial, hoje, abriga a maior
população de idosos centenários do mundo. De acordo com
os moradores da ilha, todos nós temos um Ikigai, ou seja,
uma razão para acordarmos todos os dias com energia. Para
eles, Ikigai é muito mais do que um conceito, é um estilo de
vida – algo natural – afinal, eles cresceram nessa cultura.
Mas, para nós ocidentais, não.
Nós, ao termos contato com algo tão natural e fascinante,
precisávamos conseguir materializar, entender e extrair esse
segredo de uma vida com propósito, então o que fizemos:
criamos um modelo para tentar explicar como conseguir
viver nosso Ikigai. O conceito de Ikigai foi adaptado para o
ocidente pela International Ikigai Methodology (IIM)******** com
o objetivo de torná-lo mais próximo e aplicável em nossas
vidas.
Os escritores Hector Garcia e Francesc Miralles viajaram até
Okinawa para compreenderem melhor toda a filosofia Ikigai.
A viagem e os aprendizados se transforam no livro Ikigai - Os
Segredos dos Japoneses Para Uma Vida Longa e Feliz, no qual
eles descrevem os dez princípios que podem ajudar qualquer
pessoa a encontrar seu Ikigai. São eles:
1. Mantenha-se ativo
2. Deixe a urgência para trás e vá com calma
3. Coma apenas até que esteja 80% cheio
4. Cerque-se de bons amigos
5. Pratique atividades físicas
6. Sorria
7. Reconecte-se com a natureza
8. Seja grato
9. Viva o momento
10. Seja resiliente

É mais fácil pensarmos no Ikigai como nosso propósito.


Segundo a filosofia japonesa, conectar-nos com o nosso Ikigai
depende de nos encontrarmos na intersecção de quatro
elementos presentes na Mandala Ikigai.

O que você ama fazer?


“All you need is love, love is all you need.” – The Beatles
Como já diria a música dos Beatles: tudo de que você
precisa é amor. E de fato, para a filosofia do Ikigai esse é o
primeiro passo. Sem amor, não há motivo para ação. O amor
é representado por tudo que faz o seu coração bater mais
forte, por tudo que você faz e não vê o tempo passar, por
tudo que você pode ficar horas e horas falando sem perceber.
Sem o amor é impossível atingir a excelência, pois não há
comprometimento no longo prazo.

0 que você é bom em fazer?


“O trabalho duro supera o talento quando o talento não
trabalha duro.” – Kevin Durant.
Nossas habilidades e talentos são únicos. Talvez você não
consiga enxergar hoje qual é o seu diferencial. Mas pode ter
certeza de que cada pessoa possui um conjunto de talentos,
habilidades, personalidade e vivências únicas. Sem falsa
modéstia, o que você consegue bater no peito e falar: “Deixa
comigo que isso eu resolvo.” Esses são seus pontos fortes. É
importante reconhecermos as atividades que fazemos sem
muito esforço e entramos em estado de fluxo.
“Não sabe ainda quais são seus pontos fortes?” Então eu
sugiro dois caminhos para você se conhecer mais:
• Primeiro — anote as suas três principais competências,
aquelas que você acredita que realmente são seus
diferenciais. Logo em seguida, escolha cinco pessoas que
o conheçam bem e que sejam de diferentes círculos
sociais. Peça para elas escreverem quais são as suas três
principais qualidades e explicarem por que elas acham
isso. Caso essas características sejam similares, você já
tem uma boa noção no que é bom. Caso elas não sejam
convergentes, existem duas possíveis explicações: ou
você realmente não é bom naquilo ou você é bom, mas
não sabe comunicar. Em ambos os cenários, você precisa
parar, olhar para dentro e entender se faz sentido e como
desenvolver um maior autoconhecimento.
• Segundo — procure testes de personalidade e
competência. Existem inúmeros testes sérios e com
resultados científicos no mercado. Eu, particularmente,
recomendo o Teste de Myers–Briggs (MBTI) e o Teste de
Clifton StrengthsFinder.
O MBTI ou Tipologia de Myers-Briggs, é um instrumento
utilizado para identificar características de personalidade
e preferências pessoais. Trata-se de um indicador
desenvolvido por Katharine Cook Briggs e sua filha Isabel
Briggs Myers, durante a Segunda Guerra Mundial,
baseado nas teorias de Carl Gustav Jung sobre os Tipos
Psicológicos. O propósito das autoras foi mostrar que as
diferenças entre os seres humanos eram positivas e
complementares, ao invés de conflitantes. Com isso, elas
pretendiam ajudar as pessoas comuns a compreenderem
melhor a si próprias, reconhecendo os elementos
psíquicos que orientavam suas escolhas.
Já o teste Clifton StrengthsFinder é uma ferramenta ideal
para identificar as áreas de talentos nas quais alguém se
destaca, mostrando um caminho para a melhoria
constante. Trata-se de uma metodologia concebida pelo
psicólogo educacional norte-americano Donald Clifton,
nos anos 90. Seu objetivo era mapear as habilidades
pessoais e profissionais de seus funcionários e aproveitá-
las da melhor maneira possível. A ideia virou um teste
consolidado e relevante no meio empresarial. Além disso,
também inspirou a publicação do livro Descubra Seus
Pontos Fortes, que virou best-seller.
Ambos os testes são complementares e trazem uma
visão diferente sobre a sua individualidade. Apenas amar
o que você faz não é o suficiente para você viver daquilo.
Um exemplo que eu gosto de trazer é o de uma pessoa
que ama jogar futebol. Ela pode amar o esporte, mas não
possuir talento. Outra pessoa pode também amar e
possuir talento, porém não ter a dedicação e inteligência
emocional para lapidar esse talento. Por fim, uma terceira
pessoa, pode possuir os três pontos – paixão, talento e
dedicação – e é isso que a fará conseguir ser excelente
no que faz.
O primeiro passo é descobrir a paixão, o segundo são seus
pontos fortes e o terceiro é se dedicar a melhorar sempre.
Porém, se não houver retorno financeiro, não existe como
essa sua atividade existir por muito tempo.

O que você pode ser pago para fazer?


“Uma pessoa sábia deve ter dinheiro em sua cabeça, mas
não em seu coração.” – Jonathan Swift.
Eu sou completamente contra o discurso de largar tudo e ir
fazer o que se ama. Esse discurso é imprudente e contém
muitos riscos, entre eles o de você não conseguir viver e,
muitas vezes, nem sobreviver de sua paixão. Isso fará você
começar a perder o brilho nos olhos pelo que faz o seu
coração pulsar e se questionar sobre se, realmente, é bom
naquilo. Se você ama algo e faz muito bem, porém não ganha
dinheiro com isso, você possui um hobby e não um trabalho.
Dinheiro é algo muito importante no mundo. As pessoas
costumam confundir dinheiro com ganância, como um mal
necessário ou com algo impossível de se conseguir, fazendo
o que se ama. De fato, o tópico “dinheiro” daria um outro
livro, eu, no entanto, gosto de ver o dinheiro de uma forma
positiva.
Para mim, quando temos um propósito, quanto mais
dinheiro ganhamos, maior será nosso impacto no mundo.
Gosto muito de dizer que o dinheiro não serve para
construirmos muros maiores e nos isolarmos, mas, sim, para
construirmos mesas maiores para que mais pessoas se
sentem conosco, se juntem a nossa causa e façam o bem.
Para a maioria das pessoas, esse é o pilar mais delicado da
Mandala Ikigai. Existem pessoas que tem vergonha de
cobrar, outras que não sabem cobrar, e outras que não
valorizam o que fazem e aceitam cobrar menos ou até
trabalhar de graça, desvalorizando o seu próprio trabalho.
“Se você não dá valor para o seu trabalho, para o seu
tempo e para as coisas que faz, quem dará?” A falta de
recursos pode enfraquecer o seu propósito. Entender o valor
do que faz é fundamental para você conseguir viver uma vida
de propósito e, cada vez mais, aumentar o seu impacto
positivo no mundo.

O que é bom para o mundo?


“À medida que você envelhecer, você descobrirá que tem
duas mãos – uma para ajudar a si mesmo, e outra para
ajudar aos outros.” – Audrey Hepburn
Muitas pessoas amam o que fazem, são boas naquilo e
conseguem ganhar dinheiro, porém, em um determinado
momento, começam a sentir falta de algo. Começam a sentir
um vazio e a terem questionamentos de por que fizeram tudo
isso até aqui.
Esse é o momento de entendermos quais são as nossas
inquietações, quais são as causas que nos chamam atenção
e quais são as situações que, ao ouvirmos ou vermos, nos
sensibilizam.
Quando conseguimos alinhar nossas paixões, talentos e
remuneração com algo que realmente importa para nós e
para outras pessoas, a nossa vida começa a ganhar um
sentido ainda maior.
Contudo, não se deixe persuadir de que o que as pessoas
precisam são apenas causas gigantes e nobres, como a cura
da AIDS, a erradicação da pobreza ou o acesso à água
potável para todos. Do que se precisa não está ligado apenas
a causas sociais e ambientais, está ligado ao que
queremos colaborar genuinamente, de forma altruísta
e que faça o bem.
Com certeza, precisamos que as pessoas tenham uma vida
com significado a qual traga impacto positivo para as
pessoas com quem interagimos, e não importa o tamanho
desse impacto.
Após conhecermos esses quatro aspectos da Mandala
Ikigai, é importante entendermos que cada um dos pilares
varia em diferentes estágios de nossas vidas. Existem
momentos que vamos ter de abrir mão um pouco da parte
financeira para desenvolver uma nova habilidade. Existem
momentos em que vamos ter de abrir mão um pouco da
paixão para que possamos crescer na carreira. O nosso Ikigai,
assim como a vida, não é estático, ele muda conforme
vivemos novas experiências. Ele não apenas muda na
intensidade de cada um dos pilares, mas também ele como
um todo. Nós somos pessoas repletas de paixões, causas e
talentos – e podemos viver de várias delas.
Doze perguntas difíceis para
você se aproximar do seu
Ikigai
Logo abaixo, resolvi trazer doze perguntas******** –
desenvolvidas e inspiradas pelos autores Kiko Kislansky e
Lucas Cahet, do Instituto Próspera – três para cada um dos
pilares da Mandala Ikigai, a fim de fazer com que você se
questione e saia da sua zona de conforto.
Não responda a essas perguntas com a primeira coisa que
vier a sua cabeça. Provavelmente, essas respostas iniciais
são mentiras socialmente aceitas que você conta para si
mesmo e para as pessoas. Evite clichês também, eu sei que
a sua família e amigos são muito importantes e você faria
de tudo por aqueles que ama. Por fim, revisite essas
perguntas de tempos em tempos, pois elas não são comuns
em nosso dia a dia, e as respostas, provavelmente,
mudarão conforme você as amadurecerá em sua cabeça.
Então, vamos conhecer as perguntas dentro de cada pilar
da Mandala Ikigai:

I. O que você ama fazer


• O que você faria, se o dinheiro não existisse?
• Onde você estaria agora, se não estivesse aqui?
• Se você pudesse começar de novo, que caminho
seguiria?
II. O que você é bom em fazer
• Se seu nome fosse uma única habilidade, qual seria?
• Quais foram os seus três principais reconhecimentos
até hoje?
• Qual o elogio mais inesquecível que você já
recebeu?
III. O que você pode ser pago para fazer
• Qual o significado do dinheiro para você?
• De quanto você precisa para viver bem?
• Quais os caminhos que você pode seguir para
ganhar dinheiro?
IV. O que é bom para o mundo
• Se você não tivesse nascido, o que o mundo
perderia?
• Como você gostaria de que as pessoas se
lembrassem de você?
• Por que você tem medo de viver o seu potencial?

Uma vida com propósito é construída dia após dia e


possui três elementos sempre alinhados, que são os 3H’s -
head, heart e hands********, ou seja, a cabeça, o coração
e as mãos.
A cabeça é a clareza da sua visão – é saber o que você
quer e como navegar até lá. O coração faz com que você
entenda além da visão – é a sua intuição – é ele quem o
guia nos momentos difíceis quando a razão não traz
respostas. Você pode conseguir o que quiser da vida, mas
raramente será da maneira que deseja. Você pode ter uma
cabeça brilhante, um plano bem elaborado e uma visão de
futuro incrível. Porém, se o coração não tiver resiliência o
suficiente para aguentar as subidas e descidas da vida,
você não conseguirá tomar decisões complicadas e muito
menos viver uma vida com propósito. Já, a mão é servir –
pegar o que você tem e passar a diante – ajudar.
A sua paixão é para você, e o seu propósito é para
os outros. A sua paixão o faz feliz, mas quando você
a usa para fazer a diferença na vida de outra pessoa,
você está servindo a algo maior, ao seu chamado, e
essa é a mão.
Seja fazer o que você ama, aquilo no que você é bom, o
que dá dinheiro e o que faz o bem para o mundo; seja ter a
cabeça, o coração e a mão alinhados, o propósito sempre
será algo único e exclusivamente seu. Ele poderá mudar de
tempos em tempos, não será sempre mil maravilhas, e
assim como tudo na vida que vale a pena, você não poderá
comprá-lo e muito menos encontrá-lo, você terá que
construí-lo.

******** Disponível em:< https://hbr.org/2017/10/you-dont-find-your-


purpose-you-build-it>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.linkedin.com/company/instituto-
prospera/ >Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.linkedin.com/company/instituto-
prospera/ >. Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=GXoErccq0vw>. Acesso em:11.08.20
TUDO QUE DEU ERRADO EM
SUA VIDA, TEM TUDO A
VER COM TUDO QUE DEU
CERTO EM SUA VIDA.
Quando passamos a entender isso, nos tornamos mais
gratos pelas portas fechadas e coisas que não estão em
nosso controle.
Não estou falando que é gostoso quando algo não acontece
como desejamos. Muito pelo contrário. Na hora, é uma
“merda”. Depois, ainda é uma “merda”. Nos questionamos
onde erramos, não entendemos o porquê daquilo e até
pensamos em desistir. Mas, somos resilientes.
Quando as coisas começam a se acalmar, vemos uma nova
oportunidade. Algo melhor, que nunca nem imaginamos.
Planeje, tenha metas e as faça acontecerem. Mas, se algo
não sair como o esperado, esteja aberto ao novo.
Eu poderia trazer inúmeras histórias aqui de coisas que não
deram certo e me levaram para caminhos incríveis que eu
nem imaginava. Porém, existe uma em especial que me abriu
muitas portas, e sou muito grato por ter acontecido.
Em 2014, como contei no capítulo sobre rótulos, eu estava
no ápice dos meus questionamentos de final de faculdade,
com os rótulos acontecendo, dúvidas em minha mente e os
boletos chegando. Porém, eu continuava inquieto e em
movimento.
Durante o primeiro semestre de 2014, eu estava focado em
três coisas: não pegar nenhuma final na faculdade; ser
efetivado no Grupo Boticário e ser aceito em um programa
global de jovens lideranças, realizado pelo World Merit – que
iria acontecer em Londres, no Parlamento do Reino Unido –, e
contaria com a presença de inúmeras pessoas que eram
referências em suas áreas de atuações, entre elas, Malala
Yousafzai, ativista paquistanesa e a pessoa mais nova a ser
laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
Três focos que demandariam muita energia, mas eram
possíveis.
O primeiro deles foi o mais fácil, a faculdade no penúltimo
semestre já não exigia tanto como antigamente.
O segundo já foi o oposto, muito difícil. O ano 2014 foi
quando o Brasil estava entrando em crise, e a política da
empresa era segurar os custos e não efetivar nenhum
estagiário. Por meio de muita dedicação, com uma chefe que
acreditava em mim e um pouco de sorte, consegui ser
efetivado naquele mesmo semestre. Até hoje não entendo
muito bem como isso aconteceu.
Por fim, o terceiro era tão desafiador quanto o segundo,
pois eram apenas 24 vagas para participar do programa,
entre milhares de pessoas indicadas. Passei por várias
etapas, entrevistas e cheguei à última fase, entre os 48
selecionados. Nunca esqueço o dia da última entrevista:
eram seis horas da manhã no Brasil e nove horas da manhã
na Inglaterra. Acordei cedo, tomei banho, fiz a barba, liguei o
computador, verifiquei a câmera e o áudio, tudo funcionando.
Esperei me ligarem. Estava nervoso. Com cinco minutos de
conversa, eu comecei a me soltar, estava progredindo...
acabou a luz. A internet é sensacional, mas sem luz e wi-fi,
não tem como. Então, só me restou tentar pelo 3G da época.
Obviamente não funcionou. Aceitaram reagendar a reunião.
Realizamos a entrevista, e esperei o resultado. Resultado
esse que eles dariam duas semanas depois. Resultado esse
que saiu um dia depois de eu ser efetivado. Resultado esse
que veio com uma negativa de que havia sido aprovado.
O baque naquele momento foi grande. Era uma
oportunidade única, com tudo pago para aprender, evoluir e
conhecer referências globais em seus campos de atuação.
Junto com o retorno, veio uma devolutiva de que como eu
fiquei entre os 48 selecionados, eu teria uma vaga no
próximo programa que eles organizariam. O famoso prêmio
de consolação.
Não liguei muito na época e achei que não iria dar em
nada. O tempo passou, segui minha vida, mantive contato
com algumas pessoas da organização do evento e continuei
meus planos. No ano seguinte, em 2015, um pouco mais de
um ano depois do acontecido, a Organização das Nações
Unidas (ONU) lançou os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) – uma agenda mundial adotada pelos
países integrantes da ONU, composta por 17 objetivos a
serem atingidos até 2030. Nessa agenda, estão previstas
ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza,
segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade
de gênero, redução das desigualdades, energia, água e
saneamento, entre outras.
Um pouco após o lançamento das ODS pela ONU, recebi
um e-mail do World Merit, informando que, em parceria com
a ONU, eles haviam remodelado o programa de jovens
lideranças e que a partir daquele momento o mesmo
aconteceria em Nova York, em agosto de 2016, na sede das
Nações Unidas. O programa teria a duração de duas
semanas, contaria com palestrantes, consultores,
empresários, ativistas, músicos e pessoas influentes
internacionais e teria como objetivo formar novos líderes
alinhados com os objetivos da ONU, para que eles
aumentassem assim seus impactos locais em seus
respectivos países.
“E, quem estaria nesse programa?” Eu. Na hora, eu nem
acreditei. Já estava cético sobre esse tipo de coisa. Ia esperar
para ver se realmente isso iria acontecer mesmo.
Para minha surpresa, as coisas avançaram. Mais um ano se
passou e, em agosto de 2016, desembarquei em NY para
participar do primeiro programa de jovens lideranças em
parceria com a ONU. “Na moral”, existem coisas que não
fazem sentido. Por meio de uma porta fechada nos meus
dedos – que doeu muito, diga-se de passagem – dois anos
depois, outra porta ainda maior se abriu.
O Merit 360, nome dado ao programa, consistia em
conectar 360 jovens lideranças de 85 países diferentes para
trabalharem em conjunto nas soluções para os Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável. Ao final das duas semanas, os
grupos apresentariam seus projetos em NY para a equipe da
ONU e seus parceiros. Esses 360 jovens foram divididos em
grupos de atuação, de acordo com suas experiências e
expertises. Fui selecionado para representar o Brasil no
Objetivo 4 – Educação de Qualidade.
Durante duas semanas, a nossa rotina foi intensa, sem
muito contato com o que acontecia fora daquele ambiente
imersivo, os nossos dias basicamente começavam às seis da
manhã e iam até a meia noite, entre palestras, sessões de
team building, workshops e consultorias. Na minha equipe,
havia 22 pessoas de 15 países diferentes. “Você deve
imaginar a confusão que foi nos primeiros dias.” Porém, o
que é certo para você, dentro do contexto da sua cultura,
talvez não seja para a outra pessoa. Após muito trabalho de
empatia e construção de time, as ideias foram tomando
forma, assim como a nossa equipe foi ganhando uma
identidade.
Durante esse evento, tive a oportunidade de fazer
amizades inimagináveis com jovens referências em seus
países. Ficar em imersão, vinte e quatro horas todos os dias,
com as pessoas, faz você criar um vínculo único. Hoje posso
agradecer por ter um sofá para dormir ao redor do mundo,
basta mandar uma mensagem, e as portas estarão abertas.
Dentre essas amizades, duas pessoas se tornaram muito
minhas amigas – Marina Melero, engenheira e bailarina, da
Espanha – já mencionada anteriormente – e Deepak Ramola,
empreendedor social e palestrante, da Índia. Fizemos um
pacto de que, em todos os anos, iríamos pelo menos um de
nós nos encontrarmos e, desde então, aconteceu todas as
vezes.
Deepak foi inspirado por sua mãe, que dava conselhos
valiosos a ele, embora nunca tivesse frequentado uma
escola. A maneira como ela gerenciava as tarefas
domésticas, as finanças e as economias da família sempre o
surpreenderam. Quando ele lhe perguntava como ela
conseguia fazer tudo isso, ela sempre dizia que foi a vida que
havia ensinado tudo a ela.
Isso intrigou Deepak, fazendo com que ele começasse a
perguntar a todos que encontrava, qual era a lição que a vida
os havia ensinado. Ele perguntava e escrevia em seu diário e,
sempre que precisava, consultava esses valiosos
ensinamentos, os quais os ajudaram em diversos momentos
de dificuldade. Foi então que Deepak percebeu a necessidade
de documentar de maneira mais estruturada essas lições de
vida, pois continham muita sabedoria.
Seu negócio social, o Project FUEL, é uma plataforma para
que todos contribuam com suas preciosas lições de vida para
a sociedade, onde alguém em necessidade possa se
beneficiar. Até hoje, mais de cinquenta mil lições de vida já
foram coletadas.
Deepak possui uma metodologia própria para coletá-las, e
foi em um dos intervalos que tivemos durante a ONU que
pude aprender algo único. Era em torno das dezessete horas,
já estávamos na metade do programa e tivemos trinta
minutos, após uma sessão de várias palestras, para irmos
fazer um lanche. Evidentemente, eu, a Marina e o Deepak
fomos conversar com uma das palestrantes que havia
acabado de se apresentar.
Lisa Kristine, fotógrafa humanitária, ativista e palestrante.
Por mais de trinta anos, ela vem documentando culturas e
causas sociais em mais de 150 países. Lisa já fotografou a
escravidão nos tempos modernos em mineradoras ilegais de
ouro, em Gana, e tintureiros de seda, escravizados em vilas
Indianas para a indústria fashion. Suas fotos retratam e dão
luz a situações inimagináveis.
Após conversarmos sobre coisas superficiais e relacionadas
a trabalho, nós nos direcionamos para um gramado,
pegamos um suco, nos sentamos e continuamos o bate-papo.
Foi nesse momento que conseguimos quebrar o gelo, nos
aproximar e aprofundar a conversa. Lisa mostrou várias fotos
e compartilhou as histórias por trás da lente. Após alguns
minutos, Deepak propôs fazer algumas perguntas da sua
metodologia para coletar a lição de vida da Lisa. Nesse
momento me senti no filme do Harry Potter, quando Alvo
Dumbledore usa um feitiço para remover uma lembrança de
sua mente e guardar dentro de um frasco. Felizmente, o
nosso frasco no momento foi o gravador do celular, o qual eu
trago um dos trechos traduzidos abaixo.
“Existem mais de mil maneiras de vivermos, mas é muito
mais fácil pensarmos que nossos caminhos são limitados e
definidos. Porém, as possibilidades são infinitas.”
– Lisa Kristine.
Até hoje, em alguns momentos da minha vida, quando me
sinto perdido ou tomando decisões que eu não sei se são
para mim, eu paro e escuto o áudio desse dia.
Essa lição de vida para mim, para quem eu era naquele
momento, ressoou profundamente dentro do meu coração. A
conversa avançou e falamos um pouco mais sobre os
caminhos que normalmente escolhemos e como eles vão nos
mudando. Falamos que, normalmente, as pessoas acreditam
que existem em torno de cinco ou seis caminhos para
seguirem, pois elas não se permitem se conhecerem e
conhecerem o novo. Elas precisam se encaixar. Falamos
também sobre por que escolhemos os caminhos mais
convencionais, e que eles dificilmente fazem sentido, pois
são baseados em premissas e expectativas externas e de
outras pessoas.
A mensagem que eu levei dessa conversa é que
precisamos olhar para dentro, assumirmos o protagonismo de
nossas vidas e sermos donos da nossa história.

A escada rolante da vida


Seth Godin, empreendedor e autor de mais de 17
bestseller, trouxe em seu livro What To Do When It’s Your
Turn******** a história de dois executivos que estão em uma
escada rolante quando de repente ela trava. Quando isso
acontece, os dois executivos se veem presos na escada
rolante quebrada, se sentindo incapazes de chegar até o
próximo andar. O primeiro executivo suspira frustrado,
enquanto a segunda começa a gritar por ajuda. Aqui estão
pessoas importantes, executivos, com dificuldade de chegar
aonde precisam, porque a escada rolante quebrou e não há
ninguém para consertá-la ou resgatá-los.
Tim Piper, escritor e diretor australiano, transformou essa
história em um comercial, em 2006, para uma empresa
chamada Becel. O vídeo******** viralizou, provando a visão de
Piper. Muitos de nós somos incapazes de seguirmos nossa
vida sem ser no piloto automático. As escadas estão lá, elas
fazem parte da nossa vida. Passar no vestibular, fazer
faculdade, entrar no mercado de trabalho, ser promovido,
pagar boletos, casar, ter filhos, pagar mais boletos, ser
promovido novamente e assim por diante.
Isso, até que ocorre um problema em nossa escada rolante
e ficamos sem saber o que fazer. Esse problema,
normalmente, faz com que fiquemos travado em um primeiro
momento. Em seguida, comecemos a negar tudo, a pedir por
ajuda e até mesmo culpar os outros... até
que passemos a questionar o porquê de
isso ter acontecido. O porquê de tudo que
fizemos até hoje. O porquê das nossas
escolhas.
Você começa a perceber que, muitas
vezes, as escolhas que fez não foram feitas por você. E o
pior, na maioria das vezes, nem percebeu. Pais, amigos,
familiares, professores, mídia e outras coisas mais estão
sempre nos bombardeando com padrões e expectativas, as
quais começamos a acreditar que são nossas, mas não são.
O quanto antes a nossa escada rolante travar, mais cedo
poderemos entender que não precisamos ficar lá parados,
esperando alguém vir concertá-la. Podemos simplesmente
olhar para cima e andar.
Porém, não se engane, mais cedo ou mais tarde, todas as
escadas rolantes pararão, cabe a nós escolhermos o que
faremos quando isso acontecer.
Trata-se de nós percebermos que somos os donos das
nossas histórias. E que ninguém é culpado pelas coisas que
aconteceram. Precisamos assumir a responsabilidade por
tudo que acontece conosco, mesmo não estando em nosso
controle, nós podemos controlar a forma como reagimos às
coisas.
Então, fale quando sentir vontade de falar; levante-se e vá
embora quando estiver em um ambiente que não fizer
sentido; lance um produto no mercado; faça diferente********;
desenvolva conexões; resolva um problema interessante;
escreva; crie; cante; faça perguntas; abra a porta para
alguém; seja gentil; questione as autoridades; quebre as
regras; produza um vídeo; produza um podcast; produza
alguma coisa de que se orgulhe; aprenda uma nova
habilidade; aprenda um novo idioma; aprenda a cozinhar;
ajude alguém que precisa de você.
Faça com que as pessoas sintam sua falta quando você for
embora. Esta vida como você conhece, só existe uma. E é a
sua vez de fazê-la valer a pena.
Então, pare de se importar com a opinião dos outros.
Assuma o controle da sua vida e escolha qual dos mais de mil
caminhos você deseja seguir... e, se nenhum deles o agradar,
crie um novo.
A vida é sobre oportunidades:******** a oportunidade de você
fazer a diferença em sua vida... a oportunidade de contribuir,
servir e realmente viver. O ponto é que não há uma maneira
fácil de fazer isso. Até onde eu sei, não existe como silenciar
essa voz que fica dentro da sua cabeça, não há nenhum
método comprovado para ganhar a confiança da sua família,
de amigos e do mercado – nenhuma abordagem garantida
que evite as frustrações. Isso pode não funcionar e pode não
ser divertido, mas espero que você faça mesmo assim.
Essa sua nova vida lhe custará a antiga. Para atrair coisas
melhores em nossas vidas, precisamos ser melhores. Você
não pode continuar fazendo as mesmas coisas e esperar
resultados diferentes.
Pare de culpar os outros ou o ambiente em que você está.
Claro, esses fatores podem jogar a favor ou contra. Mas não
podem determinar até onde você vai. Já está na hora de você
assumir a responsabilidade pela sua jornada. Comece a
mudar pequenas coisas, a questionar seus pensamentos,
suas palavras e seus comportamentos. Comece a mudar seus
hábitos, a queimar a ponte entre quem você é e quem você
deseja ser.
ESSA SUA NOVA VIDA LHE
CUSTARÁ A ANTIGA.
Qual é a sua música?
“Você já se pegou com uma vontade tremenda de fazer
algo, mas por vergonha, nunca fez?” Existe um vídeo********
que representa muito bem o que é ser dono da sua história.
Nesse vídeo, existe um homem no meio de um parque em
um final de semana, ele começa a dançar sozinho, no meio
de várias pessoas, simplesmente pelo fato de que ele gostou
da música e quis fazer aquilo que o seu coração mandou. Os
primeiros segundos são hilários, você pensa: “O que que esse
maluco está fazendo?” Até que mais uma pessoa se junta a
ele, mais alguns segundos se passam, e outra pessoa se
junta à dupla. Em questão de poucos minutos, todos estão
dançando.
Ser dono da sua história é exatamente
isso. É fazer o que é certo para você,
mesmo que ninguém mais acredite.
Você precisa parar de ficar triste quando
as pessoas não o apoiarem, metade delas
não apoiam nem seus próprios sonhos.
Apenas entre em movimento e, aos poucos, você começará
a atrair as pessoas certas para próximo de você. Não fique
muito fixado na sua ideia inicial ou com medo de mudar de
direção, como já falamos anteriormente, o mundo mudou e,
nesta vida, podemos viver várias das nossas paixões.
Muitas vezes não começamos algo, porque temos medo de
nos sentirmos bobos. Ninguém gosta de ser visto começando.
É difícil mesmo. Mas todo mundo em algum momento teve
de dar o primeiro passo, ajustar rotas e persistir. Veja alguns
exemplos:
VOCÊ PRECISA PARAR DE
FICAR TRISTE QUANDO AS
PESSOAS NÃO O
APOIAREM, METADE DELAS
NÃO APOIAM NEM SEUS
PRÓPRIOS SONHOS.
Laila Purim, @lailapurim, brasileira, formou-se em
administração e moda, trabalhou em uma das maiores
consultorias de negócios do mundo e resolveu mudar. Hoje
ela trabalha como consultora técnica-comportamental,
especialista nas áreas de vendas e marketing e é fundadora
do Vibe Holística, consultoria integrada focada na expansão
da consciência, Reiki e Saúde.
A Daniela Retamales, @daniretamalesg, chilena, formou-se
em engenharia industrial, em uma das melhores
Universidades do Chile, e então começou a trabalhar em uma
empresa de transações financeiras. Apesar de ter um ótimo
desempenho e relacionamento com seus chefes e colegas de
trabalho, ela começou a sentir que faltava algo, ela queria
que seu trabalho tivesse um significado diferente e que
pulsasse seu coração. Então, deixou o seu emprego e iniciou
sua jornada no terceiro setor, criando a Fundación Prótesis
3D, uma organização sem fins lucrativos que auxilia pessoas
com deficiência através do desenvolvimento de mãos
protéticas, fabricadas com impressoras 3D, com a ajuda de
jovens no sistema prisional, por meio de um programa de
inovação social.
Já o Tony Bernardini, @tonybernardini, aos 23 anos estava
tentando montar uma startup para produzir games para
mobile em Porto Alegre/RS, quando teve seu pai assassinado
e precisou voltar às pressas para o interior a fim de tocar a
empresa que seu pai deixou e garantir o sustento dele e de
sua família. Durante os primeiros anos, foi muito difícil
aprender sobre o negócio de transportes, sozinho, com pouco
apoio em um mercado extremamente competitivo e,
principalmente, sem a presença de seu mentor. No entanto,
passados sete anos, Tony “fez do limão uma limonada” e
transformou a pequena empresa de transportes em um grupo
de logística que fatura 12 milhões por ano. Ele se tornou
também um dos líderes do setor de transportes no Rio
Grande do Sul por meio da atividade sindical e associativista,
além de participar como voluntário de iniciativas, como a
Fundação Estudar.
Temos também a Bruna Brito, @brunabto, que desde
criança idealizou uma carreira de funcionária pública, visando
à estabilidade financeira e se deparou com um caminho
totalmente diferente. Após se formar, percebeu que possuía
um perfil extremamente comunicativo e resolveu fundar seu
escritório de advocacia. Num primeiro momento, foi criticada
por todas as pessoas ao seu redor, que defendiam que a
advocacia já estava saturada e que era impossível se
destacar sem ter algum familiar no ramo. Após alguns meses
de estudo para elaboração de uma tese jurídica na área do
direito desportivo, que visava assegurar o direito dos atletas,
conseguiu, juntamente com seu sócio, abordar uma
controvérsia jurídica de grande magnitude, porém pouco
explorada e que há tempos demandava solução. Com isso,
logo no início da carreira, obteve destaque e sucesso na área
jurídica, atendendo clientes em todo Brasil e tornando-se
referência no direito desportivo, como também para outros
estudantes de direito e colegas de profissão.
E, finalizando os exemplos, temos a Ester Athanásio,
@esterathanasio, que é jornalista, mestra em comunicação,
doutoranda em políticas públicas e insiste em não ser uma
coisa só. Ester não quer um rótulo, porque ela quer passear
por várias estantes, aprender e contribuir com vários
ambientes. Entrou para faculdade de jornalismo com aquele
desejo enorme de colaborar com a construção de um mundo
maior. Pensou que poderia fazer isso nos jornais, nas revistas
e na TV, mas jamais em uma assessoria de imprensa ou
empreendendo. No entanto, como a vida não é linear, o seu
propósito foi se encaminhando de uma forma que ela
percebeu que o melhor caminho para unir jornalismo e
impacto social seria empreender e prestar serviços de
assessoria de imprensa especializada em impacto social.
Tornou-se uma jornalista empreendedora. Daí vieram as
palestras, os treinamentos, os projetos educativos, as
parcerias internacionais e muito mais. A Ester é aquela
pessoa que sabe reter o que há de melhor em cada
ambiente. Já atuou como professora universitária e é
pesquisadora de humanas e, ao mesmo tempo,
empreendedora ativa no mercado. É cristã e faz questão de
manter sua fé ativa, sempre atuante em sua comunidade
religiosa, mas isso não impede que seja ativista na defesa do
direito de todas as pessoas. É feminista, casou aos vinte e
dois anos e aos vinte e nove ficou grávida. Para muita gente,
conter tudo isso dentro de uma só personalidade é uma
afronta. Afrontemos, então.
Todas essas pessoas abraçaram a oportunidade de estarem
errados, de viverem as suas paixões, de tentarem descobrir
seus propósitos.
O custo de estar errado é menor do que o custo de
não fazer nada.********
Porém, quando assumimos o protagonismo de nossas
vidas, as coisas podem não sair da forma como desejamos,
provavelmente vão demorar mais do que esperamos e talvez
não deem certo.
Então, o que tendemos a fazer? Normalmente, tendemos a
ficar parados onde estamos, pois é muito mais confortável e
seguro. Isso acontece, porque levamos a vida de forma
binária, ou deu certo ou não deu, ou eu largo tudo e foco
nisso ou nem faço. Precisamos entender que existe uma
terceira opção, a opção de estar em movimento.
A pessoa que mais erra, vence.

A arena da vida
Em maio de 2017, eu resolvi desativar todas as minhas
redes sociais. Havia passado por uma grande rasteira em
minha vida profissional a qual me fez perceber que, por mais
que você tente ser gente boa com todo mundo, sempre
existirão pessoas que irão tentar passar você para trás. E,
isso para mim foi um grande choque. Eu acreditava que todo
mundo era meu amigo e queria meu bem. Bom, não é bem
assim.
Aquilo mexeu tanto comigo que eu não somente desativei
as minhas redes sociais, como também não queria sair de
casa para não ter a chance de encontrar essas pessoas, além
de evitar passar próximo a locais que eu sabia que elas
frequentavam. A minha autoconfiança foi lá para baixo, eu já
não me reconhecia mais e duvidava se eu era de fato bom
em alguma coisa.
“7.6 Bilhões de pessoas no mundo e você deixa a opinião
de 1 atrapalhar seus sonhos?” Você é melhor que isso!
Nove meses se passaram, e eu resolvi reativar as minhas
redes sociais. Estava no processo de recuperar minha
essência e voltar para o meu eixo central. Voltei pouco a
pouco, apenas consumindo conteúdo, sem mostrar minha
cara ou postar qualquer coisa.
Aos poucos, fui ganhando confiança e voltando a postar
momentos do meu dia a dia. Até que resolvi começar a
compartilhar um pouco dos meus medos, inseguranças e
dilemas publicamente. Os primeiros conteúdos deram um
boom de adrenalina e serotonina – postei e recebi inúmeros
likes, comentários e mensagens privadas de pessoas se
identificando com o que eu havia postado. Comecei a tomar
gosto por compartilhar. Foi então que começaram a surgir
novos julgamentos, pessoas que eu tinha uma boa
proximidade começaram a me chamar de blogueirinho,
youtuber, entre outras coisas.
7.6 BILHÕES DE PESSOAS
NO MUNDO E VOCÊ DEIXA
A OPINIÃO DE 1
ATRAPALHAR
SEUS
SONHOS? VOCÊ É MELHOR
QUE ISSO!
A minha primeira reação foi de ficar triste com as
brincadeiras sem graça e pensar que não havia estudado
tanto e construído minha empresa para me chamarem de
blogueirinho. “Quem gostaria de ser chamado assim?”
Novamente, rótulos. Mas sinto informá-lo, segundo um
estudo realizado em 2018, pela Lego, com três mil crianças
com idades entre oito e doze anos********, dos Estados Unidos,
Reino Unido e China, ao serem questionadas sobre qual
profissão gostariam de seguir, três em cada dez crianças
norte-americanas e britânicas afirmaram que queriam ser
“youtubers ou vlogueiros”, sendo essa a principal resposta
das crianças entrevistadas. E, não para por aí, em outro
estudo realizado em 2019, a empresa de consultoria Morning
Consult apontou que 86% dos americanos entre 13 e 38 anos
gostariam de ser influenciadores********.
Foi só nesse momento que eu comecei a entender que o
mundo está mudando, mas as pessoas preferem julgar a
aceitar e entender essas mudanças.
Foi após a esses acontecimentos que – ao assistir à
palestra da Brené Brown, professora pesquisadora na
Universidade de Houston e autora de inúmeros best-sellers,
como A Coragem de Ser Imperfeito e Dare to Lead e, para
mim, uma das mulheres mais fabulosas que tive a
oportunidade de assistir ao vivo palestrar – eu me deparei
com um texto o qual ela citou em sua palestra que a havia
marcado muito e que, consequentemente, quando eu a ouvi,
me marcou também. Vamos a ele.
“Não é o crítico que importa, nem aquele que mostra como
o homem forte tropeça, ou onde o realizador das proezas
poderia ter feito melhor. Todo o crédito pertence ao homem
que está de fato na arena, cuja face está arruinada pela
poeira e pelo suor e pelo sangue; aquele que luta com
valentia; aquele que erra e tenta de novo e de novo; aquele
que conhece o grande entusiasmo, a grande devoção e se
consome em uma causa justa; aquele que ao menos
conhece, ao fim, o triunfo de sua realização, e aquele que na
pior das hipóteses, se falhar, ao menos falhará agindo
excepcionalmente, de modo que seu lugar não seja nunca
junto àquelas almas frias e tímidas que não conhecem nem a
vitória e nem a derrota.” – Theodore Roosevelt, em 23 de
abril de 1910.
Quando eu ouvi essa citação em sua palestra – no maior
evento de inovação do mundo, o SXSW de 2019, que
acontece em Austin no Texas – para mim, foi quando a minha
insegurança de fazer tudo que eu estava fazendo, foi
embora. Esse texto resume bem, segundo a Brené Brown, a
sua pesquisa sobre a importância da vulnerabilidade.
Vulnerabilidade não é sobre vencer, não é sobre perder, é
sobre fazer o que tem que ser feito, dar a sua cara à tapa e
ser visto sem medo.
E, é isso que eu desejo em minha vida. Eu quero criar, fazer
coisas que não existiam antes, ser um vendedor, um escritor,
um empresário. No jogo da vida, eu quero ter várias cartas
nas mãos em diferentes mesas. Eu quero construir um
mundo melhor. E, se você, assim como eu, quer buscar ser
dono da sua história, só existe uma garantia: você será muito
criticado. Porém, a maior parte das críticas não importam, e
eu digo isso como alguém que realmente gosta de receber
feedbacks e melhorar, pois, se você não está na arena, assim
como eu, construindo coisas, dando a sua cara à tapa, sendo
criticado e fazendo acontecer, me desculpa, mas eu não
estou interessado no seu feedback. Especialmente se vier
das pessoas que estão sentadas nas cadeiras baratas da
arena, longe da ação, sem colocar seus pescoços na reta.
Brené Brown, em outra palestra – desta vez em um evento
da Adobe, o 99U******** –mostrou como lidar com os críticos e
com a nossa própria dúvida, destrinchando como funciona a
arena da nossa vida, e quem sempre estará lá presente.
Imagine uma arena de batalha, estilo o imponente Coliseu
de Roma. Antes de pisarmos propriamente na arena,
normalmente existem alguns degraus nos separando dela, é
aquela escada que liga os bastidores com o palco. Esses
bastidores são os momentos que estamos estudando,
treinando e nos preparando. Esse momento, antes de
pisarmos lá e irmos atrás do que desejamos, às vezes, duram
anos e é uma forma que buscamos de nos escondermos.
Ficamos lá, sonhando de como será incrível quando as coisas
que queremos acontecerem, quando tivermos coragem de
subir aquela escada e irmos para a luta, atrás de nossos
sonhos. Porém, conforme começamos a subir os primeiros
degraus, dá aquele frio na barriga e nos questionamos se
tudo dará certo.
Segundo a autora, quando estamos prestes a entrar na
arena, sentimentos como o medo, a dúvida, a comparação, a
ansiedade e a incerteza, normalmente, aparecem. E, nesses
momentos, o que a maioria das pessoas fazem é pegar suas
armaduras e se protegerem. Mas, essa armadura é pesada e
sufocante... e o problema é que quando nos protegemos, nós
nos fechamos para os sentimentos negativos, mas também
para os positivos. Isso porque vulnerabilidade tem tudo a ver
com os sentimentos negativos, mas também tem a ver com
amor, empatia, criatividade, felicidade, confiança e inovação,
sentir-se parte de algo.
Sem vulnerabilidade, você não pode ser dono da sua
história. Na vida, não tem como ter apenas os sentimentos
bons e bloquear os ruins. Então, o que devemos fazer é
respirar fundo, subir as escadas da arena e sermos vistos. E,
quando isso acontece e avançamos para o centro da arena,
nós vemos a arena lotada e ficamos nervosos, pois sempre
focamos em alguns assentos exclusivos – os dos críticos.
A autora diz que costumava pensar que a melhor maneira
de você criar a sua história era garantindo que os críticos não
estivessem na arena. Porém, os ingressos são abertos ao
público, e nós não temos controle de quem estará lá. Então, a
melhor forma de lidar com essa situação é sabendo que eles
estarão lá e o que irão dizer.
Segundo a pesquisadora, existem algumas cadeiras que
sempre estarão ocupadas. As três primeiras são a vergonha,
a escassez e a comparação. Vergonha, sentimento universal,
aquela voz que nos diz que não somos bons o suficiente.
Escassez, aquele pensamento de que já existem milhares de
pessoas mais capacitadas, preparadas e com diploma,
fazendo isso, e quem sou para seguir esse caminho.
Comparação, sentimento de olhar para o lado e se sentir
inferior, para trás, atrasado.
O quarto assento é destinado para convidados críticos,
exclusivamente seus. Eles podem ser seus pais, um
professor, um colega de trabalho. Você sabe quem irá ocupar
esse lugar, e, com certeza, alguém veio à sua cabeça neste
exato momento. Então, ao invés de tentar evitar, inutilmente,
que esses assentos sejam preenchidos na arena, o melhor a
fazer é reservá-los antecipadamente. Olhar para quem os
ocupa e dizer, eu sei que vocês estão aí, eu consigo vê-los,
eu consigo escutá-los, mas eu vou fazer acontecer mesmo
assim.
Além desses assentos, existem outros três que precisam
sempre estar preenchidos e, ao contrário dos primeiros
assentos, esses não estarão lá se você não os convidar. O
primeiro convidado são seus valores. Você precisa ter clareza
deles, do porquê você está fazendo o que está fazendo e o
que é fundamental para que você seja sempre fiel a si
mesmo.
O segundo convite deve ir para, no mínimo, uma pessoa
em sua vida que você possa olhar quando tudo der errado e
se sentir seguro. Essa pessoa não passará a mão na sua
cabeça. Pelo contrário, ela olhará para você e dirá que,
realmente, você falhou e o que você fez não ficou bom, mas
você foi corajoso. Ela falará que agora você precisa aprender
com tudo o que aconteceu, pois ela tem certeza de que você
voltará para a arena em breve. Essa pessoa, segundo a
palestrante, é alguém que não o ama independentemente
das suas imperfeições, mas que o ama por causa delas.
Normalmente, nós esquecemos de convidá-las, pois nós
sempre achamos que elas estarão lá, mas se não as
convidarmos, elas nunca poderão ajudar. Reserve excelentes
cadeiras na arena para elas.
O terceiro e último convite, que se sentará na melhor e
mais cara cadeira que existe na arena, deve ser reservado
para o crítico que mora dentro de você. Não existe maior
crítico dentro da arena do que nós mesmos. Nesse assento
reservado, está toda a sua bagagem, de onde você veio, sua
família, como você foi educado, as suas amizades, os seus
hobbies e, principalmente, a pessoa que mais o julga, mas
que também, acredita no que você está fazendo. A pessoa
que lhe diz que sim, é assustador tudo que está por vir,
porém mais assustador ainda é chegar ao final da vida e
pensar: “E se eu tivesse feito o que meu coração dizia para
fazer?” “E se eu tivesse seguido o que minha intuição
mandava?” “E se eu tivesse tido a coragem de ser eu
mesmo?”
“E se?” ... Espero que ele não viva na sua vida para contar
a sua história.

A sua luz te dá medo


É impressionante como nós somos os nossos maiores
críticos. Falo por experiência própria. Vivo tenso, me
cobrando resultados, hábitos e entregas melhores.
Normalmente, crio metas e padrões mirabolantes, mas que
são totalmente possíveis de serem atingidos na minha
cabeça. O tempo passa, e, se o resultado não vem, me culpo
como ninguém, uma espécie de castigo, de falta de amor
próprio e carinho pela dedicação colocada no que havia me
proposto a fazer.
Também existe o cenário contrário, aquele em que o
resultado é alcançado, porém, o êxtase dura apenas poucos
segundos, acompanhado de um cansaço e uma meta ainda
maior. Afinal, não fiz mais do que minha obrigação e não há
tempo para relaxar.
Quando as pessoas passam por algum momento difícil em
suas vidas, é comum responderem de duas maneiras: ou
tendemos a nos tornar defensivos e culparmos os outros; ou
nos repreendemos. Infelizmente, nenhuma das respostas é
eficiente. Terceirizar a responsabilidade e ficar na defensiva
pode aliviar o sentimento de fracasso no momento, mas isso
acontece às custas do aprendizado. Já, ser crítico consigo
mesmo, pode fazer sentido no momento, mas pode levar a
uma avaliação imprecisa de nós mesmos e dos nossos erros,
prejudicando nosso desenvolvimento pessoal.
E se, ao invés disso, nos tratássemos como se fôssemos um
amigo em uma situação semelhante? Muito provavelmente,
seríamos gentis, compreensivos e encorajadores. Ter esse
tipo de resposta internamente, em relação a nós mesmos,
segundo Serena Chen, Professora e Pesquisadora de
Psicologia na Universidade da Califórnia, é conhecido como
autocompaixão e tem sido o foco de muitas pesquisas nos
últimos anos.
Segundo a professora, em artigo para a Revista Harvard
Business Review********, os psicólogos estão descobrindo que a
autocompaixão é uma ferramenta útil para melhorar o
desempenho em uma variedade de contextos, indo do
envelhecimento saudável à atividade física. Além disso, a
autocompaixão também possui relação direta com nosso
crescimento profissional.
Segundo Chen, a autocompaixão é um conceito menos
familiar do que a autoestima ou autoconfiança. Embora seja
verdade que as pessoas que possuem autocompaixão
tendem a ter maior autoestima, os dois conceitos são
distintos. A autoestima tende a envolver a avaliação de si
mesmo em comparação com os outros. A autocompaixão,
por outro lado, não envolve julgar a si ou aos outros, ela tem
relação com o nosso valor próprio e bem-estar.
Pessoas com altos níveis de autocompaixão demonstram
três comportamentos: primeiro, são mais gentis sobre suas
próprias falhas e erros; segundo, elas reconhecem que falhas
são uma experiência humana compartilhada; e terceiro,
adotam uma abordagem mais equilibrada sobre suas
emoções negativas, quando falham ou algo não sai como o
esperado, permitindo se sentirem mal, sem deixarem que as
emoções negativas assumam o controle.
As pessoas que são muito críticas consigo mesmas,
normalmente, costumam justificar seus comportamentos
com argumentos que fazem sentido para elas, mas
dificilmente aplicariam a outras pessoas. É uma régua com
duas medidas, sendo a medida inalcançável, sempre atrelada
a elas mesmas.
Abaixo, separei cinco situações em que, normalmente,
carregamos um fardo desnecessário e como podemos fazer
para superar essas situações. Vamos a elas:

1. Você se culpa demais por erros que no final das


contas têm consequências mínimas.
Na grande maioria das vezes, quando cometemos
erros, são pequenos e não possuem consequências
drásticas como: o final da nossa carreira,
relacionamento ou até mesmo vida. É comum nos
esquecermos de enviar um e-mail, comprar algo no
mercado ou até mesmo nos esquecermos de ligar no
aniversário de um primo. Porém, essas ações
dificilmente irão trazer consequências sérias para
você. Talvez alguém o repreenda, mas tente ser mais
leve com o que aconteceu e seguir a sua vida
normalmente.
Dica: Pense se esse erro irá comprometer a sua vida
em algum aspecto daqui a um ano. Caso não
comprometa, desculpe-se com quem errou, e
principalmente consigo mesmo, e siga a sua vida.
2. Você continua se criticando após corrigir um
erro.
Muitas vezes quando algo dá errado, ficamos pensando
naquilo o dia inteiro... “O que eu poderia ter feito de
diferente?” “Como eu pude fazer isso?” “Como eu não
vi isso antes?”
Quem aqui nunca enviou um e-mail para alguém com o
nome errado atire a primeira pedra. As pessoas,
constantemente, me chamam de Leandro. Confesso
que eu já fiquei muito incomodado com isso, afinal,
como alguém pode errar algo tão básico, o nome de
quem ela está conversando.
O fato é que coisas assim acontecem. Caímos na rotina,
no piloto automático e tentamos fazer milhares de
coisas ao mesmo tempo. Não que isso seja desculpa,
mas também não é motivo para se culpar
demasiadamente.
Eu já escrevi e-mails errados e inclusive enviei uma
carta, convidando dois professores para palestrarem
em um evento com os nomes trocados. Durante todo
o dia, após perceber o que havia feito, fiquei me
criticando, como eu pude ser tão rude e
desrespeitoso a ponto de errar o nome de alguém.
Embora isso seja verdade, eu tinha feito o possível
para arrumar a situação, então minha autocrítica
provavelmente deveria ter parado por aí.
Resumo da história, pedi desculpas para os professores,
eles aceitaram vir para o evento e demos boas
risadas no Happy Hour de confraternização.
Depois que algo aconteceu, não tem mais como voltar
atrás. Aprenda com o erro, se for possível, corrija
imediatamente e avance para a próxima etapa.
Dica: Reconheça o papel saudável da culpa, sinta-a,
fique irritado e logo em seguida a utilize para
aprender e evitar com que aconteça novamente.
Permita-se seguir em frente depois de fazer o seu
melhor para corrigi-lo.
3. Seu autocuidado é excluído frequentemente da
sua lista de tarefas a favor de outras
prioridades.
Normalmente, quem costuma se culpar muito tende a
se cobrar demais e querer agradar aos outros,
deixando a sua própria saúde física e emocional de
lado. Pare de fazer com que tudo e todos sejam
prioridade e comece a ser mais egoísta com o seu
tempo.
O trabalho sempre estará lá para você no dia seguinte.
Somente você estando bem, conseguirá
desempenhar suas atividades em sua máxima
capacidade.
É mais fácil falar do que fazer, é claro. Eu tive de
aprender da pior maneira que cuidar de nós deve ser
a nossa prioridade número um. É a famosa
mensagem que as aeromoças nos passam em todos
os voos que embarcamos: “Em caso de
despressurização da cabine, máscaras de oxigênio
cairão automaticamente. Puxe uma das máscaras,
coloque-a sobre o nariz e a boca ajustando o elástico
em volta da cabeça e respire normalmente, depois
auxilie a criança ou pessoa ao seu lado.”
Nós só conseguimos ajudar os outros se estamos bens.
Cuide da sua saúde física, mental e emocional.
Dica: Abra a sua agenda e analise seu último mês.
“Quantas reuniões e compromissos você teve?” “E
quantos desses foram relacionados a sua saúde?” Se
a resposta for próxima a zero, comece a tratar a sua
saúde como se fosse uma reunião importante,
impossível de ser desmarcada.
4. Você sempre vai além e busca entregar mais do
que necessário.
Eu sou totalmente a favor de sempre buscarmos
surpreender e entregar mais do que o esperado, mas
fazer isso constantemente é exaustivo. Se você se
esgotar, fazendo isso, provavelmente haverá
consequências negativas como resultado. Por
exemplo, você está tão ocupado sendo perfeito em
áreas relativamente sem importância que deixa
coisas importantes sem atenção.
Dica: Esse padrão está totalmente relacionado à
Síndrome do Impostor, em que você teme não ser
bom o suficiente, o que resultará na revelação de
suas falhas e não aceitação das outras pessoas. A
maneira mais fácil de quebrar esse padrão é
trabalhar esse sentimento de impostor e entender
que existem atividades que não precisam de um
esforço extra e, principalmente, que existem
atividades que sequer deveriam ser feitas.
5. Você se sente um fracasso, mesmo tendo um
histórico positivo na sua vida.
As pessoas autocríticas olham para a própria vida e
veem que ainda não estão onde desejam e, se não
aumentarem o nível de cobrança e dedicação, não
chegarão nunca aonde querem.
Elas se cobram e afirmam que foi essa dedicação e
padrões que as trouxeram até aqui e que precisam
continuar trabalhando dessa forma.
Porém, talvez seja justamente isso que o esteja
bloqueando de avançar para o próximo nível. Cada
fase de nossa vida requer uma nova versão de nós.
Aprecie tudo o que conquistou e entenda o que você
precisa fazer de diferente para dar mais um passo em
direção ao seu sonho.
Dica: Liste cinco coisas que aconteceram de forma
diferente de como você esperava. Após listá-las,
descreva como esses acontecimentos abriram novas
oportunidades e o trouxeram aonde você se encontra
hoje.

Para tentar essas estratégias, você precisa entender


primeiro de onde vem essa cobrança desproporcional. Após
isso, compreenda até que ponto ela é benéfica e a partir de
que momento ela começa a se tornar um fardo. Não se trata
apenas de se sentir melhor, ser menos autocrítico também
pode ajudá-lo a tomar decisões melhores e perder menos
tempo e energia emocional, o que, por sua vez, o tornará
mais produtivo.
Promover a autocompaixão não é complicado ou difícil. É
uma habilidade que pode ser aprendida e aprimorada.
Sempre que se sentir crítico demais, pergunte-se: “Estou
sendo gentil e compreensivo comigo mesmo?” “Reconheço
deficiências e fracassos como experiências compartilhadas
por todos?” “Estou mantendo meus sentimentos negativos
em perspectiva?” — Se isso não funcionar, sente-se e
escreva uma mensagem para si na terceira pessoa, como se
você fosse um amigo ou ente querido. Muitos de nós somos
melhores em ser bons amigos para outras pessoas do que
para nós mesmos, de modo que isso pode ajudar a evitar
espirais de autoflagelação.
As palavras mais poderosas do universo são as que você
diz para si mesmo. É isso que irá direcionar o seu
comportamento, que direcionará o seu destino e que moldará
a sua realidade.
Ao entrar na arena e olhar para todos os assentos
preenchidos, você saberá exatamente quais são os pontos
que o incomodam. Você poderá encarar todos eles e assim
chegar à última etapa para alcançar o que deseja: perder o
medo de se tornar tudo que você pode ser.
Marianne Williamson, escritora e ex-candidata à
presidência dos Estados Unidos, retratou muito bem em seu
livro Um Retorno ao Amor********, o medo do nosso potencial.
Leia um trecho dessa belíssima obra:
AS PALAVRAS MAIS
PODEROSAS DO UNIVERSO
SÃO AS QUE VOCÊ DIZ
PARA SI MESMO.
Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados.
Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que
podemos imaginar.
É a nossa luz, não a nossa escuridão, o que mais nos apavora.
Nós nos perguntamos:
Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso?
Na realidade, quem é você para não ser?
Você é filho de Deus.
Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.
Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os
outros não se sintam inseguros ao seu redor.
Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham.
Nascemos para manifestar a glória de Deus que está dentro de nós.
Ela não está apenas em um de nós, está em todos nós.
E conforme permitimos nossa própria luz brilhar, inconscientemente
damos às outras pessoas, permissão para fazerem o mesmo.
E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença,
automaticamente, liberta os outros.
É a nossa luz, não a nossa escuridão, o que mais nos
apavora. Esse trecho para mim é muito forte, pois, no fundo,
você sabe exatamente do que é capaz, mas você está preso
no medo de entrar na arena. Porém, você sabe que pode
chegar aonde deseja. Você sabe que deve chegar lá. Você
deve isso a si mesmo. Você apenas tem de estar disposto a
sacrificar os hábitos, coisas e situações que o estão
segurando para o caminho do sucesso.
Comprometa-se em ser quem você sabe que pode ser. Pare
de se sabotar e de escolher o caminho mais fácil. Por isso, eu
lhe pergunto: “Por que você tem medo do seu potencial?”

******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-


Turn-Always/dp/1936719320>. Acesso em: 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=VrSUe_m19FY>. Acesso em 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-
Turn-Always/dp/1936719320>. Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-
Turn-Always/dp/1936719320>. Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=hO8MwBZl-
Vc>. Acesso em: 14.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/What-When-Your-
Turn-Always/dp/1936719320>. Acesso em: 12.08.20
******** Disponível em:< https://olhardigital.com.br/ciencia-e-
espaco/noticia/criancas-preferem-se-tornar-youtubers-a-astronautas-
diz-estudo/88233>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-
11-05/becoming-an-influencer-embraced-by-86-of-young-americans>
Acesso em 11.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=8-
JXOnFOXQk&t=1173s>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:> https://hbr.org/2018/09/give-yourself-a-break-
the-power-of-self-compassion>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/Um-Retorno-Ao-
Amor/dp/8589362094> . Disponível em:20.08.20

Disciplina é a ponte entre seus sonhos e realizações.”
– Jim Rohn.
Não importa qual seja seu sonho, a disciplina fará
parte da sua rotina caso você queira alcançá-lo.
Normalmente, quando pensamos em disciplina,
imaginamos uma vida chata, regrada e sem diversão. Chega
de sair com os amigos. Chega de redes sociais. Chega de
assistir a seriados. Agora eu vou focar nos meus objetivos e
em ser a minha melhor versão.
O único problema é que, após três meses nesse ritmo, ou
você irá alcançar os seus objetivos ou ficará esgotado. E
minha aposta é na última opção, nada contra você, foi mal. A
razão disso é que o caminho que você estava trilhando para
alcançar seus objetivos não é sustentável.
Quem gostaria de ter uma vida onde você não é livre para
fazer o que quer? A disciplina não é o fim da liberdade. É o
caminho para a liberdade.
Para mim, disciplina significa você ter o controle, em vez de
deixar o “destino” controlar suas ações. Significa pagar o
preço hoje para colher as recompensas amanhã. Ser
disciplinado é o que fará você chegar cada vez mais perto do
seu sonho e de se tornar quem deseja ser.
A DISCIPLINA NÃO É O FIM
DA LIBERDADE. É O
CAMINHO PARA A
LIBERDADE.
Porém, ser disciplinado não é fácil, pois são necessárias
duas coisas que o ser humano é péssimo: consistência e
paciência. Ninguém quer ficar um ano malhando para
emagrecer, as pessoas querem a dieta da lua cheia, que em
21 dias fará com que percam oito quilos e arrasem no verão.
Os atalhos são sempre mais atrativos. E está equivocado
quem acha que eles não funcionam. Às vezes, funcionam
sim. Porém, eles não são sustentáveis. E nada que não é
construído de forma sólida dura muito tempo. E eu tenho
certeza de que você não quer chegar aonde deseja para ver
tudo desabar em questão de poucos segundos.
“Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência,
então, não é um ato, mas um hábito.” – Will Durant.
Ninguém é excelente ou medíocre em tudo que faz. Onde
você se encontra em sua vida é resultado dos seus hábitos. O
sucesso e a mediocridade são resultados dos nossos hábitos.
A boa notícia é que podemos ir da mediocridade à excelência
– mudando nossos hábitos.
Mas como fazemos isso?
Antes de começarmos a falar sobre hábitos, produtividade,
procrastinação e outras coisas, gostaria de deixar claro um
ponto que vejo com frequência ser difundido muito, hoje, nas
redes sociais.
Acordar às cinco da manhã, não fará você ser bem-
sucedido. Os hábitos mudam sua vida, mas não garantem o
seu sucesso. O que isso significa? Significa que eu preciso
que você pare de ler artigos como Os 9 hábitos dos
milionários e queira seguir tudo que eles fazem e está escrito
lá. Está tudo bem o Elon Musk, fundador da SpaceX, dormir
apenas duas horas por dia. Está tudo bem existir pessoas que
façam parte do 5am Clube. Está tudo bem existir pessoas
que meditam vinte minutos por dia. Isso não quer dizer que
se você fizer também, será bem-sucedido.
Esses artigos não mencionam que correlação não é
causalidade. Acordar cedo, dormir pouco e tomar banho frio
não é a causa do sucesso. Embora alguns desses hábitos
possam ser encontrados em pessoas de sucesso, somente
você pode decidir o que é um bom hábito para você.
Então, quando eu falar aqui sobre hábitos, não estou
falando sobre resultados. Estou falando sobre mudar nosso
comportamento para melhorar a qualidade de nossas vidas.
É tudo questão de tentativa e erro. O que funciona melhor
para você não necessariamente funciona para outra pessoa.
Hábitos são pequenas decisões que você toma e ações que
realiza todos os dias. Segundo pesquisadores da
Universidade Duke********, os hábitos representam cerca de
40% de nossos comportamentos em um determinado dia.
Sua vida hoje é essencialmente a soma de seus hábitos.
“Você está em forma ou fora de forma?” Resultado de seus
hábitos. “Quão feliz ou infeliz você é?” Resultado de seus
hábitos. “Quão bem-sucedido ou malsucedido você é?”
Resultado de seus hábitos.
O que você faz repetidamente, ou seja, o que você gasta
tempo, pensando e fazendo todos os dias, acaba por formar a
pessoa que você é.
Você já deve ter lido por aí sobre algum número mágico da
formação de hábitos. De uma nova dieta até um novo
caminho para o trabalho, muitos textos de lifehacks e livros
de especialistas no assunto falam em 21 dias. Já o psicólogo
Jeremy Dean, autor do livro Making Habits, Breaking Habits:
Why We Do Things, Why We Don’t, and How to Make Any
Change Stick, apresenta estudos os quais mostram que se
leva em média 66 dias para que alguém adquira um novo
hábito, ou seja, começar a fazer algo que antes não era
costume de maneira automática.
Na minha experiência, porém, o número não é a parte mais
importante – você pode tentar fazer algo por vinte e um dias,
sessenta e seis ou duzentos, mas nunca mudará se não tiver
um bom motivo. Uma das coisas que mais nos impulsionam a
mudar é a dor. É, em algum momento, você simplesmente
não conseguir suportar seu comportamento ou situação atual
e precisar fazer algo a respeito.
Ao longo dos anos, eu me encontrei nessa posição várias
vezes. Durante o processo de escrever esse livro eu estava
tentando incorporar três atividades em minha rotina com o
objetivo de fazer com que elas se tornassem hábitos –
escrever quinhentas palavras por dia para que eu pudesse
concluir e lançar esse livro, correr ou malhar por trinta
minutos por dia para que eu melhorasse a minha saúde e
atingisse oitenta e quatro quilos e publicar todos os dias no
Instagram para criar uma comunidade para o lançamento
deste livro.
Embora eu não tenha seguido à risca e feito as atividades
todos os dias conforme desejado, eu consegui no período de
dez meses em que me comprometi de fato com esses
objetivos, mesmo falhando inúmeras vezes em minha rotina,
finalizar e lançar este livro que você está lendo neste exato
momento. Também consegui perder oito quilos, pesando
oitenta e quatro quilos, diminuir meu percentual de gordura
para 16% e alcançar mais de 20 mil seguidores no Instagram.
Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho.
Quando você lê essa frase, pode ter certeza que é verdade. O
esforço necessário para você sonhar grande e sonhar
pequeno é o mesmo. Mas não para realizar.
Para realizar coisas grandes, é necessário muito mais
esforço, dedicação, recursos e trabalho... e um dos principais
fatores para você realizar seus sonhos grandes é a disciplina
e seus hábitos.

Mudando de hábitos
Charles Duhigg, autor do livro best-seller O Poder do
Hábito********, explica em seu livro que os hábitos surgem,
porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de
poupar esforço. Um cérebro eficiente nos permite parar de
pensar constantemente em comportamentos básicos, tais
como andar e escolher o que comer, de modo que podemos
dedicar nossa energia mental para atividades mais
complexas.
Em seu livro, o autor apresenta como funciona o loop do
hábito, mostrando a importância desse processo, o qual faz
com que, quando um hábito surja, o cérebro pare de
participar totalmente da tomada de decisão. Esse processo,
dentro do nosso cérebro, é um loop composto por três
estágios.
O primeiro estágio é denominado por Duhigg como “deixa”,
ou seja, é um estímulo que manda seu cérebro entrar em
modo automático, e indica qual hábito ele deve usar. O
segundo estágio é a “rotina”, que pode ser física, mental ou
emocional. Finalmente, existe o estágio da “recompensa”,
que ajuda seu cérebro a saber se vale a pena memorizar este
loop específico para o futuro. Ao longo do tempo, se este loop
— “deixa”, “rotina”, “recompensa”; “deixa”, “rotina”,
“recompensa” — fizer sentido para o seu cérebro, ele se
tornará cada vez mais automático.
Os pesquisadores descobriram que as deixas podem ser
praticamente qualquer coisa: desde um estímulo visual,
como um doce ou um comercial de TV, até um certo lugar,
uma hora do dia, uma emoção ou a companhia de pessoas
específicas.
Aprendendo a observar as “deixas” e “recompensas”
podemos mudar as nossas rotinas e, consequentemente,
nossos hábitos.
É importante notar que eu utilizei o verbo “mudar”. Isso,
porque não é possível fazer com que os hábitos desapareçam
de fato, pois eles estão codificados nas estruturas do nosso
cérebro, e essa é uma enorme vantagem para nós, porque
seria terrível se tivéssemos de reaprender a dirigir depois de
cada viagem de férias, por exemplo.
O problema é que nosso cérebro não sabe a diferença entre
os hábitos ruins e os bons, e por isso, se você tem um hábito
ruim, ele estará sempre ali à espreita, esperando as “deixas”
e “recompensas” certas aparecerem. A boa notícia é que
podemos criar novos hábitos e substituir os indesejáveis,
fazendo com que o ciclo “deixa”, “rotina” e “recompensa”
seja alterado.

Sir Isaac Newton, o rei da


produtividade
Para algumas pessoas, a dificuldade encontra-se em
começar algo, para outras encontra-se em finalizar. Eu,
definitivamente, estou no segundo grupo. A maior prova
disso é este livro. Do último capítulo para este, demorei dois
meses para começar a escrever. A procrastinação bateu
novamente, somada ao medo do julgamento, novas ideias e
projetos.
A procrastinação é algo comum tanto para aqueles que têm
dificuldade de começar como àqueles que têm dificuldade de
encerrar. Porém, para ambos os grupos, é o hábito e a
disciplina que farão chegar aonde desejam.
“Você quer assumir o controle da sua vida e ser dono da
sua história, mas não sabe por onde começar?” Talvez o Sir
Isaac Newton possa ajudá-lo.
“Você, provavelmente, já ouviu falar em algum momento
das Leis de Newton, correto?” Talvez não lembre, mas
durante o seu ensino médio, você já teve contato com o
assunto em suas aulas de física.
Em 1687, Sir Isaac Newton******** publicou seu livro
Princípios Matemáticos da Filosofia Natural que descreveu
suas três leis do movimento. Nesse livro, Newton criou as
bases para a mecânica clássica e redefiniu a maneira como o
mundo encarava a física e a ciência.
No entanto, o que a maioria das pessoas não sabe é que a
1ª Lei de Newton pode ser usada como analogia para
aumentarmos nossa produtividade. Relembre essa lei.
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de
movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja
forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre
ele.” – Sir Isaac Newton.
Ou seja, objetos em movimento tendem a permanecer em
movimento. Objetos parados tendem a permanecer parados.
Essa lei de Newton, quando aplicada aos nossos objetivos,
metas e sonhos faz todo sentido.
Vai dizer que você nunca quis ir à academia, mas ao chegar
à casa, sentou no sofá, ligou a tv e, quando viu, já eram dez
horas da noite... Ou que você sempre quis empreender, mas
tem tanta coisa para fazer que nunca conseguiu parar e dar o
primeiro passo... Ou que você nunca deixou para estudar
para a prova apenas um dia antes.
Essa ideia é reforçada também pelo jornalista e escritor
norte-americano, James Clear: “De muitas maneiras, a
procrastinação é uma lei fundamental do universo. É a
primeira lei de Newton aplicada à produtividade. Objetos em
repouso tendem a permanecer em repouso.”
Todo mundo, em algum momento, tem dificuldade de
começar algo. Nós até sabemos o que devemos fazer, mas
dar o primeiro passo é muito difícil. Isso nada mais é do que a
primeira lei de Newton aplicada à produtividade.
A boa notícia é que a lei de Newton funciona para o oposto
também. Objetos em movimento tendem a permanecer em
movimento. Quando se trata de produtividade, a ação mais
difícil, muitas vezes, é conseguir começar. Depois de
começar, é muito mais fácil se manter em movimento.
“Então, qual é a melhor maneira de começar quando você
está paralisado?”
Na minha experiência, a melhor coisa a se fazer é romper o
mais rápido possível a barreira da inércia. Ou seja, encontre
algo que leve menos de um minuto para ser feito e faça com
que isso seja a primeira coisa a ser feita. Não pense demais
na linha de chegada ou no prazo. Concentre-se em iniciar sua
ação. Comece e aja rápido. Pense na sua próxima ação e
então a faça.
Observe que você não precisa concluir sua tarefa. Na
verdade, você nem precisa trabalhar na tarefa principal. No
entanto, graças à primeira lei de Newton, muitas vezes, você
descobrirá que depois de iniciar é muito mais fácil seguir em
frente.

O poder dos ambientes


O ambiente que nos encontramos influencia nossas vidas
mais do que imaginamos.
Eu cresci em uma cidade que é conhecida como um ovo.
Todo mundo conhece todo mundo. Sabe aquela máxima de
que estamos a cinco conexões de qualquer pessoa do
mundo. Na minha cidade estamos a uma, pode ter certeza.
É praticamente impossível você sair e não encontrar um
conhecido. Vai ao shopping, alguém conhecido. Vai ao
restaurante, alguém conhecido. Vai à igreja, alguém
conhecido.
Em cidades assim, os seus rótulos, muitas vezes, vêm
antes de você. É o sobrenome da família, onde estudou, o
bairro que mora, onde trabalha, com quem já “ficou”, tudo
isso conta. Parece que todo mundo sabe um pouco de você.
Realmente, o filósofo Rousseau estava certo: “a reputação
precede o homem”.
Pelo menos é assim que eu me sentia... e, talvez, isso seja
tão verdade, que muitas vezes precisamos de mudanças
drásticas de ambiente para podermos ser nós mesmos. Sem
carregar um histórico ou um fardo. Precisamos começar uma
história nova.
Talvez, esse seja um dos motivos que me fizeram mudar
tanto de colégio. Não porque eu era um mau aluno,
aprontava... nem nada disso. Era porque aquele ambiente já
estava pequeno para mim. Não me entenda como arrogante.
Não quero dizer que somos maiores ou menores que nada.
Apenas quero dizer que nós mudamos e, com essa
transformação, precisamos buscar novos horizontes.
Talvez você esteja se perguntando em qual cidade eu
morava. Isso é indiferente. Esse relato tenho certeza de que
faz sentido para quem mora em uma cidade de cinquenta mil
habitantes, quinhentos mil ou cinco milhões.
Isso, porque não importa quão grande é onde você está. O
mundo é gigante, mas o seu mundo é reduzido, por isso
precisamos fazê-lo girar e conhecer novos horizontes. Você
vive em uma bolha, onde o seu círculo social tem vários
pontos de intersecção, por isso sempre vai parecer que onde
você está é um ovo – porque, dentro do seu universo, ele
realmente é... até você mudar de universo e o ciclo se repetir.
E isso é muito louco.
Existem ambientes que já fizeram muito sentido para você
e, hoje, não fazem mais. Existem também ambientes que só
de você entrar, você já sabe que tem algo de errado e que
aquilo não é para você. “Você já entrou em algum lugar e
sentiu um clima meio pesado?” Logo, você começa a se
sentir sufocado e precisa sair dali. Então, é isso. O ambiente
pode fazer isto com você: ou sufocá-lo ou jogá-lo para cima.
Mas, não sejamos inocentes. É claro que você também
pode fazer isso com o ambiente. É uma via de mão dupla.
Você pode ser a pessoa que vai estragar o ambiente ou
deixá-lo melhor.
Porém, mudar o ambiente requer muita energia... e isso é
desgastante. Contudo, não existem muitos caminhos para
seguirmos... Ou você pode deixar o ambiente sufocá-lo e ir
morrendo aos poucos com ele... Ou você pode não aceitar o
ambiente e sair dele... Ou você pode não aceitar o ambiente,
mas não ter opção de sair dele nesse momento e, então,
tentar mudá-lo.
As pessoas do primeiro cenário morrem aos poucos e,
quanto mais sufocadas ficam, menos têm forças para agir,
até elas se tornarem aquilo que mais temiam: as suas piores
versões.
As pessoas do segundo grupo são as que eu considero as
mais privilegiadas ou corajosas. Elas não têm problemas de
largar tudo e se mudar.
Já as pessoas da terceira opção são as mais guerreiras, pois
é necessária uma dose tremenda de esforço para você tentar
deixar o ambiente melhor. Afinal, não conseguimos mudar as
pessoas, apenas nós mesmos. Então, o primeiro passo nessa
situação é conseguir deixar o ambiente tolerável. Ganhar
tempo... oxigênio. Apenas após isso, será possível fazer
mudanças mais significativas.
Quando eu falo de ambiente, considere não apenas
ambientes como sua cidade, casa ou trabalho. Todos os
ambientes influenciam diretamente na sua ambição,
produtividade, confiança e identidade.
Antes de falarmos sobre mudar de ambiente, quero falar
sobre transformar o seu ambiente.
Não queira conquistar o mundo antes de arrumar a sua
cama. Essa eu aprendi com a minha vó. Nunca havia
entendido o porquê de sempre me obrigarem a arrumar a
cama. Para mim, era muito simples, à noite vou me deitar
nela novamente, para que ter que arrumar para depois
desarrumar? Mas, aqui está um princípio muito importante:
ao arrumarmos a cama como uma das primeiras coisas do
dia, concluímos uma tarefa e temos a sensação de dever
cumprido, de sermos úteis e assim já começamos o dia com
uma pequena conquista.
Isso pode parecer papo de coaching motivacional, mas não
é. Segundo um estudo realizado pela Best Mattress
Brand******** sobre se Arrumar a Cama de Manhã Pode te
Tornar Mais Feliz, 82% dos entrevistados dizem que têm um
dia mais produtivo depois de arrumar a cama. Outro número
que chamou atenção é que 74% das pessoas que arrumam a
cama sentem que seus dias são bons contra apenas 50% dos
que deixam suas camas bagunçadas. Além disso, o estudo
mostrou que aqueles que arrumam a cama todas as manhãs
também tendem a ter hábitos mais saudáveis, como
organização, alimentação e normalmente dormem melhor.
Em um discurso de formatura, na Universidade do Texas,
William H. McRaven, autor do livro Arrume sua cama:
pequenas atitudes que podem mudar sua vida... e talvez o
mundo, disse aos alunos que a importância de arrumar a
cama todos os dias era uma das lições mais poderosas que
ele aprendeu durante seu tempo como Navy SEAL.
Ele disse: “Se você arrumar sua cama todas as manhãs,
terá cumprido a primeira tarefa do dia. Isso lhe dará um
pequeno sentimento de orgulho e o encorajará a realizar
outra tarefa, e outra e outra. E até o final do dia em que uma
tarefa concluída terá se transformado em muitas tarefas
concluídas.”
Ou seja, se você não possui um ambiente próprio para
conseguir fazer o que tem de ser feito, você não conseguirá
iniciar sua atividade ou performá-la bem. Você não
conseguirá escrever seu livro, com a sua mesa bagunçada e
cheia de papéis; você não conseguirá emagrecer se deixar
bolachas recheadas e salgadinhos em uma altura fácil de
pegar a qualquer momento e você não irá beber dois litros de
água por dia se tiver que levantar a cada hora para pegar um
copo.
James Clear, novamente, autor do livro Atomic Habits, traz
um outro estudo de caso que mostra a importância do
ambiente em nossas escolhas. A pesquisa******** foi realizada
pela Anne Thorndike, médica de cuidados primários do
Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, na qual
acreditava que poderia melhorar os hábitos alimentares de
milhares de funcionários e visitantes do hospital sem falar
com eles. Para isso, ela e seus colegas realizaram um estudo
de seis meses para alterar a “arquitetura de escolha” da
cafeteria do hospital.
A primeira ação que eles fizeram foi alterar a forma como
as bebidas eram distribuídas na cafeteria. Inicialmente, as
geladeiras encontravam-se ao lado das caixas registradoras
da cafeteria, tendo apenas refrigerantes. Como parte do
experimento, os pesquisadores adicionaram água como uma
nova opção nas geladeiras. Além disso, eles espalharam
cestas com água ao redor de toda sala, fazendo assim com
que refrigerantes ainda estivessem nas geladeiras primárias,
mas agora havendo água disponível em vários outros locais.
A imagem abaixo mostra como era a sala antes das
mudanças (Figura A) e depois das mudanças (Figura B). As
caixas escuras indicam áreas onde garrafas de água estão
disponíveis.
Nos três meses seguintes, após o início do experimento, o
número de vendas de refrigerantes no hospital caiu 11,4%.
Enquanto isso, as vendas de água aumentaram 25,8%.
Em termos de produtividade e conquistarmos nossos
objetivos, mais do que tentarmos mudar as pessoas,
precisamos mudar o ambiente. Se conseguirmos fazer isso,
começamos a ganhar mais oxigênio, produtividade e, assim,
novas mudanças começarão a surgir para você. Em seguida,
talvez, apenas talvez, se as pessoas ao seu redor virem as
mudanças pelo seu exemplo e tiverem um ambiente
favorável, elas desejarão mudar. Mas, isso é um problema
delas. Você nunca conseguirá fazer com que as pessoas
queiram trocar o refrigerante pela água, mesmo você sendo
um exemplo e criando um ambiente propício para isso, são
elas que têm de querer.
Isso nos leva ao segundo ponto: existem momentos que,
mesmo com as mudanças, você conseguindo aceitar o
ambiente que está e até mesmo gostar, você precisará
mudar de ambiente.
Essa decisão não só pode ser difícil, como será. Afinal, foi
difícil conquistar tudo que você conquistou até aqui para
simplesmente mudar. Mas nós mudamos, e conosco vêm
novos sonhos, projetos e desejos. E você precisa andar com
pessoas que se encaixam no seu futuro, não na sua história.
Essa diferença pode parecer sutil, mas não é.
Você saberá quando precisar mudar. Preste atenção na sua
intuição, pensamentos, humor e corpo. Eles mandarão sinais,
não deixe de ouvi-los, pois o tempo passará, e se você não
mudar de ambiente, esse que você construiu e está
agradável agora, começará a sufocá-lo.
O ambiente influencia-o e você influência o ambiente.
Quem ganhará esse cabo de guerra?
VOCÊ PRECISA ANDAR COM
PESSOAS QUE SE
ENCAIXAM NO SEU
FUTURO, NÃO NA SUA
HISTÓRIA. ESSA
DIFERENÇA PODE PARECER
SUTIL, MAS NÃO É.
O presidente mais produtivo

de todos os tempos
Até hoje, não entendi por que a palavra “prioridade” tem
plural – “prioridades”. Para mim, isso não faz sentido. Se você
tem duas ou mais prioridades, uma tem de vir primeiro, ou
seja, essa é prioridade.
Papo de doido, eu sei. Mas a verdade é que a palavra
“prioridade” surgiu por volta dos anos 1400, e apenas por
volta de 1900 passou a existir no plural, mas isso nunca
deveria ter acontecido.
As pessoas, ao quererem ser mais produtivas, começaram
a definir diversas prioridades, mas na verdade deixaram de
lado a essência do conceito. “Prioridade” é singular, vem de
priori, de primeira coisa.
A prioridade é sempre aquilo que é mais importante, ou
seja, se você tem duas ou mais prioridades e, em algum
momento tiver de escolher, essa sim é a sua única
prioridade. Reflita sobre o pensamento abaixo:
“A excelência não é sobre fazer mais, mas sim sobre reduzir
o que não é essencial” – Bruce Lee.
No entanto, na prática, a vida não é assim. No dia a dia,
nós temos cinquenta e-mails na nossa caixa de entrada ainda
não lidos, mais de trinta mensagens no WhatsApp, esperando
uma resposta, inúmeros projetos sendo executados, além de
precisarmos nos manter atualizados, aprender um novo
idioma, cuidar da saúde, beber dois litros de água e ver
nossos amigos. A nossa vida requer prioridades, cada uma
em seu momento, o grande segredo é saber diferenciar
quando é a vez de cada uma entrar em ação.
Então, se você, assim como eu, possui inúmeras
prioridades na vida, tendo muitas coisas para fazer, o ex-
presidente americano, Dwight D. Eisenhower, poderá ajudá-
lo.
Eisenhower foi o 34º presidente dos Estados Unidos********,
cumpriu dois mandatos, de 1953 a 1961. Durante os seus
mandatos, desenvolveu programas que criaram diretamente
a internet (DARPA), a exploração do espaço (NASA) e o uso
pacífico de fontes alternativas de energia (Lei de Energia
Atômica).
Antes de se tornar uma das pessoas na posição mais
poderosa do mundo, ele já havia sido general de cinco
estrelas do Exército Americano, tendo comandado as Forças
Aliadas na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele
também foi presidente da Universidade de Columbia e
primeiro-comandante supremo da Organização do Tratado do
Atlântico Norte – OTAN, principal aliança militar ocidental.
Ter esses níveis de resultados provam que o ex-presidente
era uma pessoa fora de série e muito produtiva, o que
deveria exigir uma dose incrível de disciplina e um sistema
de como organizar sua rotina.
Diz a lenda******** que a matriz abaixo foi atribuída a Dwight
D. Eisenhower, que uma vez disse: “O que é importante,
raramente é urgente, e o que é urgente, raramente é
importante.”
Apesar de não sabermos ao certo se a matriz foi realmente
desenvolvida pelo ex-presidente, não há muitos
questionamentos sobre a habilidade dele em gerenciar o
tempo... e, esse é o motivo pelo qual o sistema da Matriz de
Eisenhower existe até hoje.
A Matiz de Eisenhower é um jeito fácil de definir como
priorizar suas tarefas de modo que as mais importantes não
sejam deixadas de lado pelas que aparecem de repente ou
que são urgentes.
A ideia é que todas as suas tarefas possam ser distribuídas
em quatro quadrantes, com dois eixos: um de Importância e
outro de Urgência.

Pense em todas as coisas que você precisa fazer hoje.


“Como você normalmente decide por qual começar?” “Você
tende a deixar a mais difícil por último ou prefere começar
por ela?” “Ou você é o tipo de pessoa que começa por algo
fácil para já riscar da sua lista e ter a sensação de que está
avançando?” “Será que essa tarefa rápida deveria ter sido
feita por você ou você a fez como motivo de evitar fazer o
que realmente deveria ser feito?”
A Matriz de Eisenhower poderá ajudá-lo a descobrir quais
atividades você deve gastar energia e quais você deve até
mesmo não fazer. Perceba:
Quadrante 1 – “Deve ser feito imediatamente”
Tipo: Urgente e importante
Essas são as tarefas que precisam de atenção imediata.
Elas possuem prazos curtos e um nível de importância alto.
Normalmente, esse tipo de tarefa existe por dois motivos:

A primeira razão de ela existir é porque essa


atividade sempre foi importante, mas, devido a você
ficar se enrolando, o tempo foi passando e chegou ao
momento em que: ou você fazia ou iria acontecer
algum problema.
Já a segunda razão de ela existir é devido a fatores
externos que não temos controle, tais como: é o
nosso chefe pedindo um relatório em cima da hora;
um acidente com algum familiar ou uma nova
oportunidade que acabou de surgir.

Quadrante 2 – “Decidir quando será feito”


Tipo: Importante, mas não urgente
Essa é uma seção estratégica da matriz, perfeita para o
desenvolvimento a longo prazo. Itens que se enquadram aqui
são importantes, mas não necessitam da sua atenção nesse
exato momento.
Mas, aqui é onde ocorre o maior risco e precisamos estar
sempre atentos. Normalmente, tudo que é importante em
nossas vidas, tendemos a pensar e a procrastinar demais,
fazendo com que uma coisa importante, com o passar do
tempo, torne-se: ou urgente ou um fardo.
Liste todos os seus projetos importantes, quebre-os em
pequenas atividades e reserve um tempo na sua agenda para
realizar todas essas tarefas. Não espere até o último instante
para ter de fazê-las. Se algo é importante para você, comece
hoje mesmo.
Quadrante 3 – “Delegar para outra pessoa”
Tipo: Urgente, mas não importante
Ligações, e-mails e reuniões de última hora ficam nesse
quadrante. Esses tipos de tarefas, normalmente, são as que
mais aparecem no dia a dia. Muitas vezes elas surgem como
demanda dos outros e, quanto mais as fazemos, mais novas
tarefas urgentes surgem.
Para quase todo e-mail que você envia, você receberá um
novo e-mail, o qual precisará ser respondido, exigindo de
você uma nova tarefa. O mesmo é válido para mensagens,
telefonemas e reuniões.
É neste quadrante que muitas vezes nos enganamos,
achando que estamos sendo produtivos. Ficamos a manhã
inteira entre reuniões, e-mails e mensagens, que temos a
sensação que já realizamos muitas coisas. E, talvez, em
termos de volume, isso seja verdade. Mas o ponto é que,
provavelmente, essas várias coisas feitas, não nos levarão a
alcançar os objetivos que realmente importam.
A sua prioridade neste quadrante é reduzir o maior número
possível de atividades, sem ter de fazê-las. É claro que é
impossível não ter nenhuma atividade neste quadrante, mas
quanto mais você conseguir delegar, melhor será para a
eficiência do seu dia.
Quadrante 4 – “Pode ser feita mais tarde ou não
deve ser feita”
Tipo: Não é importante, nem urgente
Atividades que entram neste quadrante são as que acabam
com o nosso tempo e não agregam nenhum valor. Eu sei que
é legal ficar vendo os stories e posts de nossos amigos no
Instagram ou ficar enviando figurinhas e memes no
WhatsApp, mas o que você está fazendo é simplesmente
procrastinar e evitar o que deve ser feito.
Gastamos muito tempo com essas atividades. Basta abrir
seu celular agora mesmo, ir até as configurações e ver
quanto tempo você passa mexendo no celular. Depois disso,
veja quanto tempo você gasta em cada aplicativo. Tenho
certeza de que você irá se surpreender. A boa notícia é que,
hoje, os celulares têm a opção de você bloquear os
aplicativos depois de quantos minutos você estipular que
seria o ideal. A má notícia é que mesmo o celular
bloqueando, com poucos cliques você consegue burlar o
sistema e estar mexendo novamente. Não que eu faça isso.
As tarefas que se encontram neste quadrante nos impedem
de realizarmos as tarefas mais urgentes e importantes dos
primeiros dois blocos. Aqui, quanto mais você conseguir
evitar e retirar esse tipo de atividade do seu dia a dia,
melhor.
Não se iluda, achando que todos os dias você irá desenhar
os quatro quadrantes em um papel e dividir suas atividades
certinho em prioridades. Isso é utópico. Você dificilmente
conseguirá fazer isso. Saiba que tudo que é grande e
importante, você irá procrastinar até virar urgente ou dar
“merda”. O que é inútil, você vai querer fazer porque lhe dará
a falsa sensação de estar avançando. E, o que precisa ser
delegado, você vai puxar para você, ou porque você acha
que ninguém conseguirá fazer tão bem quanto você ou
porque você pensará “é bem rapidinho, deixa que eu mesmo
faço”.
A Matriz de Einsehower tem a sua importância, mas o
fundamental é você conseguir dividir sua rotina entre o que é
importante e urgente, só assim você conseguirá estar mais
perto de atingir seus sonhos.

Warren Buffett, muito além


de um investidor
Se você nunca tinha ouvido falar do ex-presidente norte
americano Dwight D. Eisenhower, muito provável, você já
tenha escutado em algum momento o nome de Warren
Buffett.
Constantemente presente nas listas das pessoas mais ricas
do mundo e com um patrimônio avaliado em mais de 80
bilhões de dólares, um dos investidores mais importantes do
mercado financeiro global, Buffett, com certeza, tem muito a
ensinar sobre como gerir nosso dinheiro e, principalmente,
tempo.
Uma das estratégias de produtividade mais efetivas que já
coloquei em prática é a desenvolvida pelo investidor,
conhecida como A Estratégia das 2 Listas********. A estratégia
ficou conhecida mundialmente depois que o empresário e
fundador da organização Live Your Legend, Scott Dinsmore,
bateu um papo com Mike Flint, piloto particular de Warren
Buffett por 10 anos, e divulgou os aprendizados em seu blog.
Segundo Flint, ele estava falando sobre suas prioridades de
carreira com Buffett quando ele pediu que fizesse um
exercício composto por três etapas. São elas:

1ª Etapa: Buffett começou pedindo a Flint que


escrevesse em uma folha seus 25 principais
objetivos de carreira. Então, Flint levou alguns
minutos e anotou todos os itens que considerava
importante.
2ª Etapa: Então, Buffett pediu a Flint que analisasse
sua lista e circulasse seus 05 principais objetivos.
Mais uma vez, Flint analisou a lista e depois de alguns
minutos decidiu seus cinco objetivos mais
importantes.
3ª Etapa: Com isso, Flint ficou com duas listas. Uma
lista com os 05 principais objetivos, vamos chamá-
la de Lista A, e uma lista com os 20 itens
restantes, vamos chamá-la de Lista B.

Buffett aconselhou que Flint começasse a trabalhar nos


cinco principais objetivos. Logo em seguida, o investidor
perguntou: “O que você vai fazer com a sua Lista B? Quais
são os seus planos para essas metas?”
Flint respondeu: “Bem, os 05 principais são o meu foco,
mas os outros 20 vêm logo em seguida. Eles ainda são
importantes, por isso vou trabalhá-los conforme for
conseguindo. Eles não são urgentes, mas vou investir algum
tempo neles”.
Foi então que Buffet deu um conselho muito valioso: “Você
entendeu errado, Flint. Tudo que você não circulou se tornou
uma lista para ser evitada a todo custo. Não importa o que
aconteça, a tua Lista B jamais deve começar a ser trabalhada
enquanto a tua Lista A não estiver concluída”.
A estratégia do Warren Buffet é brilhante, pois é muito fácil
para nós ignorarmos coisas que não queremos ou que tiram
nossa atenção, o que é difícil mesmo é ignorar coisas que são
importantes para nós, mas não tanto quanto outras coisas.
Os itens seis a vinte e cinco da sua lista são importantes
para você. É muito fácil justificarmos o tempo que gastamos
com eles. Mas, quando comparamos aos nossos cinco
principais objetivos, esses itens são distrações. Gastar tempo
com prioridades secundárias é o motivo pelo qual você tem
vinte projetos semiacabados, em vez de cinco concluídos.
Precisamos ter coragem de eliminarmos ou
deixarmos de lado coisas que queremos para focarmos
nas coisas que queremos muito.
Então, pare um tempo, liste todas as coisas que você quer
alcançar nos próximos anos, ou neste ano ou até mesmo
neste mês. Faça duas listas... e, só comece a buscar a
alcançar suas novas metas, quando atingir as cinco
primeiras.

Ações valem mais do que


ouro
Você deve conhecer pessoas menos inteligentes, com
menos recursos e mais limitadas que estão conquistando
tudo o que você sempre sonhou. O que as diferencia de você
não são seus talentos, sorte ou dinheiro, são suas ações.
Pare de procrastinar, entenda quais são os seus gatilhos
para os maus hábitos e mude-os. Lembre-se de que corpos
parados tendem a permanecer parados e elimine a primeira
barreira que está evitando você de começar algo. Trabalhe
duro, mas de forma inteligente. Saiba o que é importante e o
que é urgente para você e para as outras pessoas. Priorize
projetos, você não dará conta de tudo. Ser multitarefa é um
mito. Uma atividade por vez, tenha paciência. Na dúvida
entre aprender mais um pouco e fazer – faça. Seu problema
não é a falta de conhecimento, é a falta de confiança, você já
sabe o suficiente, só falta arregaçar as mangas e começar a
pôr a mão na massa.
VOCÊ NÃO CHEGOU ATÉ
AQUI PARA DESISTIR.
******** Disponível em<https://patrikedblad.com/habits/>. Acesso
em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.amazon.com.br/poder-do-
h%C3%A1bito-Charles-Duhigg/dp/8539004119>. Acesso em: 20.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/physics-productivity>.
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://bestmattress-brand.org/making-the-
bed/>. Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/choice-architecture>.
Acesso em:11.08.20
******** Disponível em:< https://jamesclear.com/eisenhower-box>.
Acesso em:18.08.20
******** Disponível em:< https://evernote.com/blog/pt-br/trabalhe-melhor-
com-a-matriz-de-
eisenhower/#:~:text=Diz%20a%20lenda%20que%20a,Eisenhower%20
no%20gerenciamento%20de%20tempo.>. Acesso em:18.08.20
******** Disponível em<https://jamesclear.com/buffett-focus>. Acesso
em:11.08.20
T
enha metas tão grandes que façam você se sentir
desconfortável ao ter de contar para algumas
pessoas.
Antigamente, eu me sentia um peixe fora do aquário.
Quando eu era criança, meu sonho era viver do que eu mais
amava: jogar futebol. Sonho bem típico de nove em cada dez
meninos brasileiros. Eu passava todos os dias jogando
futebol. Se não fosse antes da aula, chutando a bola na
parede da casa da minha vó e driblando o meu cachorro, era
nos intervalos da aula com uma bola improvisada com folhas
de papel, ou, então, após a aula na escolinha de futebol. Isso
sem contar quando eu não ia jogar na casa dos meus amigos,
no parque aos finais de semana e nos campeonatos da
escola. Honestamente, não me lembro de algo que eu
quisesse tanto ser e que me dedicasse tanto quanto jogar
futebol. Mas, não era apenas isso. Desde criança, eu sonhava
não apenas com o futebol, mas também em jogar em
grandes clubes, como o Barcelona e defender a Seleção
Brasileira.
Sonho esse que talvez tenha sido estimulado por crescer,
assistindo a Ronaldo, Rivaldo, Kaká e Ronaldinho Gaúcho, ou
talvez pela busca de aprovação externa que uma criança,
constantemente, busca por meio de seus atos ou talvez pela
inocência de simplesmente ser uma criança e ter sonhos
audaciosos.
Acredito que uma das coisas mais puras de ser criança é
sonhar. As crianças não aceitam serem medíocres nem se
contentam com pouco. Você nunca ouvirá uma criança
dizendo que quer ser o coadjuvante de um filme de super-
heróis, todos querem ser o herói. E o melhor de tudo, sempre
há espaço para mais de uma criança ser o herói. A prova
disso: apenas as observe, brincando. Para elas, não tem
problema existirem dois Homens de Ferro, três Mulheres-
Maravilhas ou cinco Batmans. O protagonismo faz parte de
ser criança e cada uma sabe que tem dentro de si o potencial
necessário para salvar o mundo.
O problema é que, quanto mais vamos crescendo, mais
vamos aceitando o ordinário. A vida começa a mostrar que
ser jogador de futebol não é tão fácil assim... e, jogar no
Barcelona é algo muito improvável. Aquele desejo de querer
buscar ser o melhor e querer coisas grandes começa a sumir
a cada aniversário que fazemos. Você começa a se contentar
em fazer a sua obrigação, tirar boas notas na escola, ajudar
em casa e ser uma boa pessoa. E é isso.
Muitos deixam o desejo de fazer e conquistar coisas
incríveis morrerem. Alguns o deixam ali parado, anestesiado.
Já outros, bem poucos, continuam com aquela chama acessa,
mas eles a querem só para eles, não existindo outra pessoa
que possa ser o super-herói com ela e, assim, acabam se
queimando com a ganância. Por fim, existem aqueles que
também não deixam a chama apagar, mas que a
transformam em uma fogueira, e começam a trazer cada vez
mais e mais pessoas para se esquentar, pois a vontade de
fazer algo grande começa pequena, porém vai ganhando
forma com o passar do tempo.
As pessoas do primeiro grupo estão atualmente vivendo no
piloto automático. Por algum motivo, e aqui podem existir
milhares de razões, elas pararam de acreditar nelas mesmas.
Elas se contentaram em acordar, ir trabalhar e voltar para
casa. Pagar boletos, “curtir” o final de semana e tirar férias
por 30 dias. Ano após ano. Quando questionadas se a vida
está boa, a reclamação é a primeira coisa que surge. Elas não
conseguem ver alternativas para mudar isso. Os seus
horizontes estão limitados. Elas perderam a capacidade de
ver além daquilo que vivem. Quando alguém com sonhos e
projetos ambiciosos compartilha com elas, as reações são
sempre negativas. Elas questionam com um “Para que querer
tudo isso?”, ou com um comentário para diminuir seu sonho
ou com alguma história de alguém que não conseguiu. A
maior parte dessas pessoas não fazem isso por mal, elas
simplesmente estão descrentes da vida. A última vez que
elas conseguiram imaginar uma vida tão excitante foi quando
eram crianças. Depois disso, elas foram atropeladas por
deveres, responsabilidades e boletos. E não se engane que
pessoas assim têm uma idade específica, eu conheço
pessoas de quinze a oitenta e dois anos que têm esse exato
comportamento.
As pessoas do segundo grupo têm os mesmos
comportamentos das do primeiro. Porém, a diferença é que
elas têm lapsos de quererem mudar. Normalmente esses
lapsos acontecem quando elas têm contato com algo de fora
das suas rotinas, algo estimulante. Isso pode ser um filme,
uma conversa com alguém no trabalho ou uma palestra. Mas,
esses lapsos geralmente são seguidos de uma voz interna em
suas cabeças de que elas não são boas o suficiente, que a
vida é uma “merda”, e que isso não é para elas.
Pensamentos como: “Quem sou eu para querer algo assim?
Preciso focar na minha realidade”, acontecem com
frequência. E, quando essa voz não é seu próprio julgamento,
é a voz de alguém ao seu redor – um amigo, um parente ou
alguém do seu círculo social. Essas pessoas estão em um
limbo entre serem ambiciosas, acreditarem nelas, saírem de
suas zonas de conforto e aceitarem suas circunstâncias,
viverem uma vida frustrada e deixarem suas luzes apagarem.
Ainda há esperança aqui. Mas, para mudar, haverá inúmeras
batalhas... consigo mesmo, com o ambiente em que está
inserido, com as circunstâncias que a vida apresentará, com
as pessoas ao redor e muito mais.
As pessoas do terceiro grupo são aquelas que não
deixaram a chama apagar. Elas a cultivaram e fomentaram.
Essas pessoas possuem sonhos grandes e, possivelmente,
estão no caminho para alcançá-los, porém seus motivos não
são genuínos. O ego tomou conta completamente. Não existe
nada de errado em querer coisas grandes. Porém, a linha
entre a ganância e a ambição é muito tênue, sendo o
propósito o que rege a principal diferença aqui. Talvez, tanto
os gananciosos quanto os ambiciosos possam ter resultados
extraordinários e mudarem o mundo. Mas, um fará por si
próprio, e o outro fará por si e pelos outros, sendo os outros a
parte mais importante da equação.
Por fim, o último grupo são aquelas pessoas que querem
mudar o mundo, querem descobrir a cura do câncer, querem
ser presidentes, querem voos cada vez mais altos. Esse
grupo tem medo da sua luz, mas entende que está aqui para
servir e buscar algo maior. São aquelas pessoas que são
chamadas de loucas, mas não desistem, pois sabem que
loucura mesmo é não escutarem seus propósitos.
Eu quero viver e passar a maior parte do meu tempo com
as pessoas do último grupo, as que têm ambição e vontade
de fazer coisas diferentes, coisas grandes.
É claro que você pode transitar entre os grupos. Existem
pessoas brilhantes, ambiciosas e cativantes que ficaram com
depressão e estão na situação do primeiro grupo. Assim
como existem pessoas que saíram de situações assim e estão
no quarto grupo.
Outra coisa que ficou bem evidente para mim em relação à
ambição é referente à cultura em que você está inserido.
Em janeiro de 2015, eu tive a oportunidade de fazer a
minha primeira viagem internacional. Sempre tive o sonho de
viajar e conhecer o mundo. E, no dia 04 de janeiro daquele
ano, desembarquei pela primeira vez em um novo país. A
cidade que me recebeu e abriu a minha cabeça para o
mundo foi São Francisco, na Califórnia, coração do Vale do
Silício, onde ficam as principais empresas de tecnologia do
mundo.
Desembarquei nessa cidade de clima ameno, que
raramente chove, e fui recebido por uma cultura totalmente
diferente da que eu cresci no Brasil. Os primeiros dias foram
destinados a desbravar a cidade, fazia tudo a pé, para
conseguir ver e apreciar tudo aquilo que estava vivendo.
Após 4 dias de passeio, peguei um trem e me mudei para
Palo Alto, cidade próxima de São Francisco, para estudar. Eu
havia acabado de pedir demissão do Grupo Boticário e me
mudado para o Vale do Silício a fim de fazer dois cursos na
Universidade de Stanford.
Se der medo, vai com medo mesmo.
Todos os meus dias em Palo Alto foram muito marcantes. Já
no meu primeiro dia tive um tapa na cara sobre ambição. Eu
havia alugado uma cama em uma Hacker house pelo Airbnb.
Hacker house nada mais é do que um nome chique para uma
casa compartilhada por várias pessoas. No meu caso, eu
tinha uma cama em um quarto dividido com mais três
pessoas. Ao todo, eram em média umas 14 pessoas que
viviam na casa. Mas, o mais interessante é que,
semanalmente, mudavam praticamente todos os moradores,
pois eles estavam lá com algum objetivo específico e pontual.
SE DER MEDO, VAI COM
MEDO MESMO.
No meu primeiro dia, o Airbnb ia fazer algumas fotos
oficiais da casa, e os moradores que estavam lá tinham de
ficar das 17h às 19h fora de casa. Como eu havia chegado à
casa com as minhas malas fazia apenas uma hora, aceitei o
convite do pessoal para ir jantar e fui a um restaurante
italiano com eles. Conversa vai, conversa vem, eu me
apresentei e contei o porquê de estar lá, disse que iria
estudar em Stanford... todos foram se apresentando para
mim e contando também o motivo de estarem lá. E, foi
naquele momento que o primeiro choque de realidade
aconteceu. Nesse jantar, eu conheci uma jovem do Reino
Unido que estava lá para fazer uma entrevista de emprego
no Facebook, porém não sabia se aceitava o emprego ou se
seguia para seu doutorado em Cambridge; tinha um rapaz
que foi buscar investimento para sua startup, sediada em
Lyon; tinha também um PhD em física que estava lá para
entrevistas, a fim de ser professor nas principais
Universidades do mundo... e assim por diante. O nível de
conquistas dessas pessoas e objetivos futuros era algo que
eu nunca tinha visto em minha vida. De verdade, depois
daquele jantar, eu saí realmente me sentindo um “bosta” e
vendo que eu tinha muito para aprender.
No dia seguinte, eu resolvi conhecer o campus, fazer minha
carteirinha da biblioteca e comprar alguns materiais antes de
começarem as aulas. Então, mais alguns dias se passaram,
as aulas começaram e um novo grande choque aconteceu.
Nas primeiras semanas de aula, havia uma espécie de feira
de recrutamento de algumas das principais empresas do
mundo. Google, LinkedIn, Twitter e diversas outras empresas
globais estavam lá, buscando recrutar os alunos. Em uma das
conversas com os recrutadores, ficou clara a dificuldade
deles com o recrutamento. Para mim, aquilo era muito
estranho, afinal, quem não gostaria de trabalhar no Google,
em Mountain View. Mas, para a minha surpresa, muito dos
alunos não queriam. Todos tinham objetivos e ambições
aparentemente maiores do que trabalhar nas principais
empresas globais. Eles queriam fundar suas próprias
empresas, encontrar a cura do câncer e serem presidentes.
E, foi assim que, mais uma vez, eu percebi o quão o nível da
régua lá era muito mais elevado do que qualquer nível já
vivido por mim.
Uma das coisas que me chamou muito a atenção foi que lá
eles não têm nenhuma dificuldade de contar abertamente
quais são suas ideias, objetivos e planos. Lá eles acreditam
que quanto maior o número de pessoas souber sobre o que
você quer fazer, maior o número de pessoas alinhadas com
aquilo que você acredita irá atrair. Eles não têm vergonha de
contar suas ideias mirabolantes, e, embora talvez não faça
sentido para aquela pessoa, não é a ideia ou o tamanho dela
que assusta. Simplesmente só não faz sentido, porque essa
pessoa está focada em outra área de atuação. A ambição lá é
algo natural. Não intimida. É a regra. Talvez, lá, eu me
sentisse à vontade em dizer que meu sonho era jogar no
Barcelona.

As duas faces da mesma


moeda
Sem dúvida alguma, ambição é um conceito que divide as
pessoas.
As origens dessa palavra e como isso ajudou as pessoas a
subirem ao topo é algo que as pessoas vêm se perguntando
há séculos. Há referências à ambição nas peças de
Shakespeare, nos textos filosóficos gregos e até na Bíblia.
Algumas pessoas acreditam que ela é responsável pelo
progresso.******** Aqueles que possuem esse forte desejo
estabelecem metas, agem e constroem coisas significativas.
Sem esse sentimento, nada seria possível. Nesse sentido,
ambição é sinônimo de visão.
Outras pessoas acreditam que ela é responsável pela
corrupção. Sendo assim, pessoas ambiciosas tiram proveito
dos outros, enganam e fazem de tudo para conseguir o que
querem. Sem ela, o mundo seria um lugar muito melhor.
Nesse sentido, ambição é sinônimo de ganância.
A ambição como chave para o sucesso no mundo dos
negócios é normalmente vista como uma característica
ocidental********, sendo cultivada em sua melhor forma nos
Estados Unidos. Já em algumas culturas asiáticas, é
comumente reprimida, e é através dela que surgiu um dos
mais famosos provérbios chineses: “o prego que se destaca é
martelado primeiro”. Porém, a ambição é a chave do sucesso
em todos os lugares, embora de formas ligeiramente
diferentes.
Eu, realmente, acredito que a ambição pode estar
envolvida tanto para o bem como para o mal. As duas faces
da mesma moeda. No entanto, vejo que o grande problema
relacionado à ambição está diretamente ligado ao nosso ego.
Scott Young cita em seu artigo, A ambição é uma coisa
boa? Reflexões sobre o esforço sem egoísmo, que pessoas
ambiciosas podem possuir algumas características – umas
boas, outras mais questionáveis – sendo as características
que mais predominam são as responsáveis sobre o tipo de
ambição que a pessoa possui, ou seja, se isso irá beneficiar
somente a ela ou o mudo ao seu redor.
A primeira característica é a confiança – ingrediente
comum em pessoas ambiciosas. Acreditar que é possível
fazer coisas grandes e difíceis é o primeiro passo para
qualquer tipo de ambição.
A segunda característica é ter uma visão do que deseja
criar ou de onde deseja chegar. Ser capaz de imaginar algo
novo ou você naquela situação é fundamental para conseguir
alcançar.
A terceira característica é a persistência. Nenhuma pessoa
que possui objetivos ambiciosos terá sucesso sem lidar com
inúmeros problemas, brigas e desafios. Esses desafios ficam
mais difíceis a cada nova etapa e, caso você pare em
qualquer obstáculo, não alcançará o que deseja.
Essas três qualidades parecem bastante positivas em
qualquer pessoa, ou pelo menos não obviamente negativas.
No entanto, a ambição também pode estar ligada a algumas
outras características.
A quarta característica é a ganância. Pessoas ambiciosas
geralmente querem mais que as outras, e isso pode ser bom
e ruim. Esse desejo de buscar cada vez mais pode levar a
boas ações, mas também pode corroer por dentro, fazendo
com que as pessoas fiquem insatisfeitas facilmente com o
que agradaria pessoas normais, levando à ganância.
A quinta característica é a imoralidade. A ambição também
pode ser vista em pessoas que estão dispostas a causar
danos aos outros ou a sacrificar outros valores para alcançar
seus objetivos. Em casos moderados, é a pessoa que
trabalha sem parar e negligência sua família. Em casos
extremos, é a pessoa que trairá um amigo ou prejudicará
pessoas inocentes para alcançar seu objetivo.
Meu sentimento é que a ambição do bem tende a promover
as três primeiras características, enquanto minimiza as duas
últimas.
Confesso que não sei se é possível obter uma motivação
100% genuína, que só pense no bem dos outros. Se pararmos
para analisar, muitos comportamentos que consideramos
virtuosos escondem um interior egoísta. Ser gentil com as
pessoas, fazer doações e ajudar as pessoas podem se
resumir a um motivo egoísta bem profundo da nossa
consciência. Afinal, quando fazemos isso, nos sentimos muito
bem.
Independentemente de ser esse o caso, acho que
definitivamente existem diferentes motivações. E, mesmo
que todas elas tenham algum fundamento egoísta, quer nós
percebamos ou não, existe uma grande diferença entre fazer
caridade no desejo inconsciente de parecer generoso e de
passar por cima dos outros para enriquecer a si mesmo.
Neel Burton,******** psiquiatra e autor do Livro Heaven and
Hell: The Psychology of the Emotions, comenta: “Em média,
pessoas ambiciosas alcançam níveis mais altos de educação
e renda, constroem carreiras de maior prestígio e relatam
níveis gerais mais altos de satisfação com a vida. Sendo
muitas das maiores realizações do homem produtos ou
acidentes de sua ambição.”
A chave é perseguir uma ambição do bem e saudável.
Burton afirma que “Pessoas com um alto grau de ambição
saudável são aquelas com resiliência e força para controlar
as forças cegas da ambição, moldando-a para que ela
corresponda aos seus interesses e ideais. Essas pessoas
utilizam-se da ambição como uma chama para fazê-las
alcançarem o que desejam sem queimá-las e também aos
que as rodeiam”.
Nessa altura, você já deve ter notado que eu sou a favor de
que você tenha ambição na vida, certo? Confesso que
sempre senti muita falta de encontrar um ambiente aberto
em que eu pudesse falar sobre isso sem medo de ser julgado
ou mal interpretado, como: arrogante, metido ou sonhador.
Nunca tive essa oportunidade em casa, na escola nem
mesmo nas multinacionais que passei. E, por mais difícil que
possa ser, encontrar pessoas que compartilhem visões de
mundo similares as suas é muito instigante. Por isso queria
listar seis características das pessoas ambiciosas que
encontrei na minha vida e que as acho fundamentais para ser
uma pessoa do quarto grupo – aquele que cultiva a chama de
quando criança dentro de si e consegue alcançar seus planos
de conquistar o mundo. Vamos entender que seis
características são essas:
1ª — Pessoas ambiciosas estabelecem metas e as
compartilham.
Evidentemente, não tem como saber se alguém é
ambicioso sem que a pessoa demonstre de alguma forma
quais são seus planos. Mas, todas as pessoas ambiciosas que
eu conheci tinham um objetivo e um propósito maior,
alinhados com metas claras no curto prazo... e entenda
“curto prazo” aqui como pelo menos um ano. Ou seja, elas
sabiam aonde queriam chegar nessa fase de suas vidas e
como mensurar se estavam avançando. Além disso, todas
elas não tinham nenhuma dificuldade de compartilhar seus
objetivos e planos de ação com as pessoas. Elas tinham claro
que, ao compartilhar, receberiam feedbacks e poderiam
surgir conexões e sinergias, fazendo com que seus objetivos
fossem atingidos de maneira mais rápida e eficiente.
2ª — Pessoas ambiciosas estão dispostas a assumir
riscos.
“Você já ouviu aquele ditado Go Big or Go Home?” Em uma
tradução para o português seria algo como “Tente Algo
Ousado ou Vá Para Casa”. Basicamente, pessoas ambiciosas
sabem que para alcançar suas visões de mundo é necessário
assumirem riscos. E, aqui, não estou falando sobre vender
seu carro, se endividar ou hipotecar a sua casa. Cada pessoa
sabe até aonde pode ir. Mas, para você alcançar o que
deseja, você sempre irá precisar estudar muito e tomar
decisões muitas vezes consideradas arriscadas. O fato é que
não concordo 100% com essa expressão. Eu acho que se
você arriscar tudo em algo a ponto de que caso não dê certo
e você saia completamente do jogo, não vale a pena arriscar.
Quando eu digo arriscar, é um risco calculado, aquele risco
em que se você ganhar – você ganha muito, mas se você
perder – você continua no jogo.
3ª — Pessoas ambiciosas se expõem a novas formas
de pensar.
Olhe ao seu redor, abra seu WhatsApp, veja seu Instagram,
olhe os últimos livros que você leu, seriados a que assistiu e
locais que frequentou. “Você vive e consome sempre o
mesmo tipo de experiência ou está buscando novas
referências?” Steve Jobs uma vez disse: “Criatividade é a arte
de conectar ideias.” Ou seja, quanto mais diferentes
experiências e interações você tiver, mais criativo você será
no seu dia a dia, tanto para coisas grandes como transformar
a educação do seu país, como para coisas do dia a dia, como
surpreender quem você ama com um café da manhã
inusitado.
4ª — Pessoas ambiciosas estão focadas na execução.
Sonhar é bom, mas não é o que paga as contas e muito
menos não é o que traz os resultados. O mundo é dos
executores. De quem arregaça a manga e faz. O seu primeiro
trabalho comparado com o seu milésimo vai parecer uma
piada. Mas se você esperar ter os recursos necessários para
começar, porque você deseja começar já no nível do
milésimo, você nunca sairá do lugar. Comece, de o primeiro
passo, ele tem que ser pequeno, mas ele tem que existir.
5ª — Pessoas ambiciosas competem apenas com elas
mesmas.
Colaboração é o nome do jogo. A única competição que
deve existir é com você mesmo. Procure pessoas para
colaborar, agregue valor para elas. Pense mais em servir e se
doar, o resultado virá para todos. Mas não foque apenas em
pessoas que já são referência, o princípio da colaboração é a
criação e troca de autoridade. Existem pessoas que estão em
etapas antes da sua que podem colaborar com você, e
ambos ganharem. Assim como existem pessoas que estão na
mesma etapa que você se encontra, e outras que estão mais
na frente. Colaborar é unir forças, é crescer.
6ª — Pessoas ambiciosas cercam-se de outras
pessoas ambiciosas.
Uma vez eu ouvi uma história do Rafa Prado, gênio do
marketing e networking, que diz que se você está em uma
festa que só tem milionário, você corre a chance de em breve
também ser um. Ou seja, se você já foi aceito naquele meio
social, ou em qualquer outro grupo de pessoas, as pessoas
por algum motivo veem valor em você. Talvez só você não
tenha ainda percebido.
“Você é a média das cinco pessoas com quem mais
convive”. Com certeza você já deve ter ouvido essa frase. Ela
é do grande empreendedor e palestrante Jim Rohn. O
ambiente em que vivemos afeta diretamente quem somos. O
conjunto de características do grupo em que estamos
inseridos influencia na maneira em que nos comportamos
como pessoas e em quem nos tornamos. Então, faça uma
auditoria interna e veja quem são as cinco pessoas que você
passou mais tempo nos últimos meses. “Elas o elevam ou o
prendem?” Essa resposta pode doer, mas no final das contas
você sabe o que tem que fazer. Águias andam com águias.
“Você sabe com quem está
falando?”
Essa é a pergunta mais arrogante que existe. E se não for,
está entre o top cinco, com toda certeza. Felizmente, não me
recordo de tê-la feito em nenhum momento de minha vida.
Não que eu seja um santo, sem ego ou nunca tenha sido um
completo babaca. Isso não existe. Mas, como já passei por
situações em que fui abordado dessa forma, sei no mínimo
que não desejo a sensação que senti para ninguém.
O fato de querer ser lembrado, de querer chegar ao topo ou
garantir o melhor para si e para sua família não faz de você
uma pessoa ruim, desde que não afete negativamente as
outras pessoas. Isso é o que nos move. Porém, precisamos
equilibrar a nossa ambição com o nosso ego.
O ex-jogador de futebol, Tony Adams, que jogou durante
toda a sua carreira no Arsenal, possui uma frase que
expressa muito bem o equilíbrio do nosso ego, “Jogue pelo
nome da frente da camisa e as pessoas irão se lembrar para
sempre do nome que está atrás”.
Para mim, isso é o que representa o que é a ambição com o
ego controlado. Você quer fazer a diferença, buscar o melhor,
mas não somente por você, e sim, por algo maior. Existe um
propósito para isso e você é apenas o canal, o meio, um dos
responsáveis por alcançar esse propósito.
Talvez você esteja transbordando ambição. Talvez tenha
acabado de se formar. Talvez tenha conseguido o emprego
dos seus sonhos. Talvez tenha assinado um contrato
importante. Talvez tenha sido promovido. Talvez tenha
ganhado seu primeiro milhão. Talvez até já tenha conquistado
o suficiente para não precisar se preocupar pelo resto da
vida. Talvez esteja em dificuldade. Talvez tenha acabado de
ser demitido. Talvez tenha chegado ao fundo do poço.
Seja qual for sua situação, o que quer que esteja fazendo,
seu pior inimigo já mora dentro de você. E ele é o seu
ego.********
O ego é uma daquelas coisas que é muito difícil de definir,
mas é fácil de identificar quando você o vê nos outros.
O autor Ryan Holiday, em seu livro O Ego É Seu Inimigo,
afirma que, em qualquer momento da vida, as pessoas
encontram-se em um de três estágios: ou estamos aspirando
a algo, ou estamos vivendo o sucesso ou estamos
fracassando. Segundo o escritor, estamos em fluxo nesses
três estágios, aspiramos até alcançarmos o sucesso, temos
sucesso até fracassarmos ou até aspirarmos mais, e, depois
que fracassamos, podemos começar a aspirar mais ou
alcançar o sucesso outra vez. E, o ego é o inimigo de cada
passo do caminho.********
O autor define o ego como a necessidade de ser “melhor
do que”, “mais do que”, “reconhecido por”, muito além de
qualquer utilidade plausível. O ego é o senso de
superioridade e de certeza que ultrapassa os limites de
autoconfiança e talento. E ele existe desde que o mundo é
mundo.********
Porém, ele nunca foi tão estimulado como é hoje, com a
tecnologia, internet e as redes sociais. Atualmente,
alimentamos nosso ego com microdoses diárias. Seja através
do número de seguidores que temos, da quantidade de likes
que recebemos ou do cargo que colocamos no LinkedIn. Se
seguimos mais pessoas do que nos seguem, achamos que
algo está errado. Se a nossa foto não atingiu o número de
likes que esperávamos, achamos que algo está errado. Se
não temos um cargo chique e em inglês no LinkedIn,
achamos que algo está errado. E, talvez você esteja
pensando... “eu não sou assim, eu tenho um perfil fechado,
eu não utilizo as redes sociais ou eu não gosto de me
expor...” A verdade é que todos alimentam de alguma forma
o ego e, talvez, você não fazer nada do descrito
anteriormente, seja simplesmente o seu ego dizendo que
você é tão importante que não precisa disso. O fato é que,
seja on-line ou off-line, alguns fazem isso mais do que outros.
Mas é apenas uma questão de intensidade.
Holiday também afirma em seu livro que precisamos ser
humildes em nossas aspirações, generosos em nossos
sucessos e resilientes em nossos fracassos.******** Porém,
existem algumas coisas que podemos fazer para diminuirmos
o ego e nos colocarmos no caminho das virtudes.
Seja sempre um aprendiz.******** É impossível
aprendermos o que pensamos que já sabemos. Quando
deixamos o ego nos dizer que já sabemos tudo, nós nos
fechamos ao novo e paramos de crescer como indivíduos. A
melhor forma de lidar com o ego aqui é aplicar a brilhante
sabedoria de Sócrates: “Só sei que nada sei”. Tenha sempre a
curiosidade de uma criança que está aprendendo, e assim
você sempre estará em um estágio inicial, em que o ego está
controlado.
Foque no esforço, não no resultado. Todo mundo gosta
de ser promovido, de passar com a nota mais alta e
conquistar algo muito difícil. Porém, o resultado não está em
suas mãos, apenas a dedicação que você coloca em tudo o
que faz. Fazer o seu melhor é o que importa. Concentre-se
nisso e a sua satisfação interna virá, mesmo que o resultado
não venha.
Pare de ficar imaginando como será e comece a
fazer. Passamos horas e horas imaginando como será
quando alcançarmos aquilo que desejamos. Contamos para
nossos amigos dos nossos planos, realizamos postagens nas
redes sociais e temos a falsa sensação que estamos
caminhando. Porém tudo isso é um vazio. Criar coisas do
zero, começar e ir atrás dos nossos sonhos não acontece na
mente, acontece no mundo real. O nosso ego tende a fazer
com que a gente ache que somos bons demais para fazer
aquilo e que as coisas já deveriam estar acontecendo como
imaginamos. Mas, quando vamos ver, o que foi de fato
trabalhado não chega nem perto do que foi sonhado.
Não busque reconhecimento. O que eu mais vejo são
profissionais escolhendo suas profissões e caminhos devido
ao reconhecimento que terão. Sabe aquela famosa escolha
de fazer medicina porque é uma profissão com prestígio e
que paga bem. Faça o trabalho, porque você acredita naquilo
e não por causa dos títulos e reconhecimentos que terá.
Pare de querer controlar tudo. O pensamento de que
ninguém fará tão bem quanto você não é nada mais do que o
seu ego falando em voz alta através das suas atitudes. Dê
espaço para que as outras pessoas criem e modifiquem
atividades que antes você fazia. Ao querer controlar todas as
coisas, você alimenta o seu ego e evita o seu crescimento e o
das outras pessoas.
Elimine suas credenciais. Para cada conquista que
vamos tendo em nossa vida, vamos ganhando credenciais –
as famosas estrelinhas que ganhávamos no jardim de
infância. Quanto mais estrelinhas, mais nos sentimos
especiais e mais difícil será para conquistarmos a nova etapa,
pois temos medo de perder o status que já alcançamos e
achamos que o sucesso é só uma questão de tempo.
Ao escrever e pesquisar um pouco mais sobre o ego, foi
inevitável ver traços do mesmo em mim. Hoje eu vejo que
muitas das coisas que eu conquistei são por causa da
ambição, sim. Mas também são por causa do ego. Ninguém
gosta de admitir que busca mais e mais e mais. Às vezes,
buscamos sem saber. Às vezes, buscamos o nosso sucesso
na validação externa. Às vezes, buscamos por estarmos
perdidos. Tentamos preencher o vazio com likes, dinheiro,
viagens, aprovações, diplomas e várias outras coisas. Mas,
após conseguirmos essas coisas, naquele exato um segundo
depois, o vazio já voltou.
“Então, talvez, a solução seja suprimir o ego, fazendo com
que ele não exista?” Infelizmente, isso também não é
possível. Por mais humilde, aberto e dedicado que você seja,
o ego sempre irá existir. Ele faz parte de você.
O importante aqui é entendermos que na vida não é um ou
outro. Nós temos ambos dentro de nós: o ego e a
humildade... o ódio e o amor... – A vida é uma dualidade.
A dualidade que nos move
“O que seria do mundo sem mim?” “Como seria a vida das
pessoas ao meu redor se eu não tivesse nascido?”
Essas são perguntas que não nos fazemos normalmente.
Muitas vezes, achamos que somos as pessoas mais
importantes do mundo. Títulos, cargos, conta bancária.
Puramente ego. Outras vezes, achamos que não somos nada.
Sem importância, um peso, um fardo. Puramente falta de
amor.
“Mas, e se formos ambos?” “E se formos tudo e nada ao
mesmo tempo?” Eu realmente acredito nisso.
Se eu morresse hoje, o mundo continuaria sem mim. Fato
doloroso acompanhado por três batidas na madeira para
isolar a má sorte. Porém, se eu não tivesse nascido, o mundo
não seria dessa forma.
Cada pequena interação nossa com o mundo e com as
pessoas torna tudo diferente. Sem o seu abraço, sem a sua
palavra, sem o seu olhar, eu não seria quem eu sou. Mas,
sem você, eu continuarei aqui crescendo. Somos tudo e
somos nada.
Sim... é essa dualidade que nos move.
Estava navegando no Netflix em uma terça-feira à noite
chuvosa, procurando um bom filme para assistir, quando me
deparei com o filme It’s a Wonderful Life (“A Felicidade não se
compra”, no Brasil). Minhas duas primeiras impressões foram
que nome clichê e a data do filme – gravado em 1946. Fazia
tempo que não assistia a um filme em preto e branco, então
resolvi dar uma chance.
E... se tem algo que mexeu comigo foi esse filme. Quem
me conhece sabe que sou sentimental... o filme me
emocionou e me fez refletir inúmeras vezes.
O enredo do filme gira em torno do personagem George
Bailey, homem admirado por todos na cidade, que abdica dos
seus sonhos durante toda a vida para ajudar as pessoas
próximas a ele. Perdido e desesperado em meio aos golpes
da vida, George acaba pensando em um ato extremo, e é
aqui que a grande mensagem acontece.
Não darei spoilers, fique tranquilo. Mas se você quer
colocar sua vida em perspectiva novamente e ser grato por
tudo o que você é e possui, inclusive os problemas, assista ao
filme. Ele retrata claramente a dualidade das nossas vidas, o
quão muitas vezes não percebemos como o mundo é grande,
tal qual nós somos.
Um exemplo que eu gosto muito de trazer e explica um
pouco do motivo de eu ter começado a minha vida
empreendedora, por meio da educação, é o da Professora
Tânia.
Eu, realmente, acredito que todo mundo teve em algum
momento um professor que mudou a sua vida. Eu mesmo
tive vários, como a professora Tânia, minha professora de
história, na quinta série, quando eu tinha 10 anos.
Na época, eu era bem nerds, e houve uma prova sobre as
civilizações Inca, Asteca e Maia. A prova valia 30 pontos, e eu
fui o único aluno de toda a quinta série que tirou 30. Nunca
me esqueço desse dia. A professora Tânia pediu para eu ficar
de pé, divulgou minha nota para a sala inteira como o único a
gabaritar a prova e todos me aplaudiram. Na época, fiquei
um pimentão, morrendo de vergonha. Porém, talvez a
professora Tânia não saiba, mas essa simples atitude, fez
com que eu cogitasse até o último ano do ensino médio
prestar vestibular para História e Jornalismo, pois eu queria
trabalhar no History Channel.
Essa história representa muito bem a dualidade de nossas
vidas. A professora Tânia, ao fazer algo simples e me
reconhecer na frente de toda a turma, fez com que eu
começasse a gostar de História, me fazendo cogitar a seguir
essa profissão anos depois do fato ocorrido. A professora
Tânia talvez nem saiba como impactou minha vida e a de
milhares de outros alunos, assim como todos os professores
que escolheram essa profissão tão linda. “Mas, a dualidade
se encontra em quê?” Se a professora Tânia não tivesse
existido ou não me dado aula, eu continuaria tendo aula de
história com algum outro professor e minha vida continuaria
normalmente. Não exatamente a mesma, mas continuaria.
Isso é que é a dualidade de nossas vidas. A professora
Tânia, assim como eu e você, somos tudo neste mundo. Cada
pequena interação que existe, e que nem imaginamos, tem
um efeito no mundo e na vida das pessoas. Porém, ao
mesmo tempo, se não estivéssemos aqui, a vida dessas
mesmas pessoas, seguiria normalmente.
Contudo, é muitas vezes essa dualidade que nos falta
entender e conseguir lidar em nossas vidas. A dualidade é
totalmente diferente da polaridade.********
Vivemos em um mundo de polaridade constante e
crescente. É tudo tão preto no branco, nós versus eles,
esquerda versus direita, certo versus errado, que nos
esquecemos de perceber que existem infinitas opções no
meio do caminho.
A polaridade é um estado em que duas ideias ou opiniões
são completamente opostas uma à outra. E você precisa
escolher de que lado você está. É tudo ou nada. Ou você está
conosco ou contra nós. Isso é polaridade.
O problema da polaridade e absolutos é que ela elimina a
nossa individualidade e isso torna contraditória à nossa
natureza humana.
Do lado oposto da polaridade, eu acredito que exista a
dualidade. A dualidade não faz com que você escolha um em
detrimento do outro. A dualidade consiste na existência
simultânea das opções.
“Você não acha que isso seja possível?” Eu conheço
cristãos que são a favor do casamento gay. Eu conheço
pessoas do exército que são contra guerras. Essas são
pessoas que eu conheço – amigos e familiares. Essa é a
maioria da sociedade. Esse é você, esse sou eu.
A questão é: “Podemos aceitar e viver nossa dualidade?”
Eu creio que sim. Eu acredito que nós somos unidos por
nossas semelhanças muito mais do que somos separados por
nossas diferenças.
Podemos ter milhares de coisas que nos diferenciam, mas
basta uma que nos aproxima para nos unirmos. O problema é
que nos esquecemos disso. Paramos de sentir. Alimentamos
mais um lado do que o outro e evitamos o diálogo.
Precisamos olhar mais para dentro e entendermos que não
precisamos escolher entre a ambição ou a humildade. Entre
nós ou os outros. Entre sermos tudo ou nada. Podemos
escolher sermos nós mesmos e optar por vivermos a nossa
história com toda a dualidade que ela traz consigo própria.

******** Disponível em:<


https://www.scotthyoung.com/blog/2019/02/19/ambition-without-ego/>.
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.bbc.com/worklife/article/20140805-
ambition-born-or-bred>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/3048722/six-
habits-of-ambitious-people>. Acesso em:11.08.20
******** (Página 17 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-
Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>. Acesso em:19.08.20
******** (Página 22 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-
Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>. Acesso em:19.08.20
******** (Página 18 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-
Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>. Acesso em:19.08.20
******** (Página 23 do Livro O Ego É Seu Inimigo)- Disponível em:<
https://www.amazon.com.br/Inimigo-Como-Dominar-Pior-
Advers%C3%A1rio/dp/8551002422>. Acesso em:19.08.20
******** Disponível em:< https://ryanholiday.net/25-ways-to-kill-the-toxic-
ego-that-will-ruin-your-life/>. Acesso em:19.08.20
******** Disponível em:< >. Acesso em:12.08.20

Em algum momento, sua mãe já falou para você
pegar um guarda-chuva por que iria chover?” “Ou
você teve aquele pressentimento que deveria fazer
um caminho diferente para o trabalho?” “Ou que deveria
seguir em uma determinada direção, mesmo os números
apontando para o outro lado?” “Ou aquela sensação
incômoda de que algo está errado?”
Então, talvez seja a sua intuição sussurrando em seu
ouvido.
No começo de 2011, eu havia acabado de ingressar em
Administração de Empresas, na Universidade Federal do
Paraná. Entrar em uma universidade pública era um sonho
para mim. Sonho esse que acompanhava uma obrigação
velada por parte da minha família.
Escolher um curso aos 17 anos é uma pressão enorme,
afinal, ele definirá com o que você trabalhará para o resto da
vida. Ao menos é o que imaginamos antes do vestibular. Mas
vale a pena dar um desconto, somos muito jovens e
ingênuos. Nunca que um curso irá definir o que você fará
para o resto da vida – não nos dias de hoje.
Durante a minha primeira semana de aula, tive uma
avalanche de palestras. Era com o coordenador do curso,
falando sobre a nota máxima na avaliação do MEC; era a
Atlética tentando recrutar espíritos festivos; eram ex-alunos,
falando de como a universidade impactou suas vidas, entre
muitas outras.
Entre essas, tinha a palestra de um negócio que nunca
havia ouvido falar: Empresa Júnior. O conceito no papel era
bacana, uma empresa gerida por alunos de forma voluntária
com o suporte técnico dos professores. Além disso, as
pessoas que já haviam passado por lá estavam em posições
de destaque no mercado de trabalho. Ou seja, eu teria a
oportunidade de aprender na prática, me aproximar dos
professores e me conectar com veteranos e ex-alunos. Só
havia um porém, eu precisava estagiar para pagar minhas
contas.
Após essa semana de palestras, as aulas começaram, junto
com os trotes e muita integração. Conversei com alguns
veteranos sobre as oportunidades na Universidade, e vários
deles me recomendaram a Empresa Júnior do meu curso: a JR
Consultoria. Resolvi então me inscrever no processo seletivo
para ver no que daria.
Durante o processo seletivo da EJ, abreviação carinhosa
para Empresa Júnior, fui me inscrevendo em outros processos
seletivos de empresas.
Além disso, meu pai conversou com um amigo que
trabalhava no mercado farmacêutico, como representante
comercial, para ver se havia a oportunidade de estágio.
Havia. Passei dois dias inteiros com ele, acompanhando
visitas em médicos, preenchimento de relatórios, técnicas de
persuasão e oratória. Tudo aquilo era muito novo para mim, e
eu achei interessante. E... o melhor: o salário como estagiário
era muito atrativo. O emprego perfeito para quem quer
entrar no mercado de trabalho.
Porém, na semana que eu tinha que dizer se eu aceitaria
estagiar na empresa farmacêutica foi a mesma semana que
saiu o resultado do processo seletivo da Empresa Júnior.
Tinha que escolher entre um salário bom, benefícios e um
plano de carreira ou uma aposta de um futuro incerto,
acompanhado de muito aprendizado e desenvolvimento.
Vale dizer que, na época, as Empresas Juniores não tinham
tanta visibilidade nem sequer informações sobre elas como
se tem hoje.
Peguei uma caneta e um papel e dividi em prós e contras
de cada uma das iniciativas. Ganhou o estágio remunerado.
Mas existia uma voz na minha cabeça dizendo que eu deveria
ficar com a Empresa Júnior. Foi o que eu fiz.
Vamos relembrar o que Steve Jobs disse em seu discurso
notório de formatura na Universidade de Stanford — “Você
não consegue ligar os pontos, olhando para frente, você só
consegue ligá-los, olhando para trás. Então você tem que
confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você
tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma,
o que for. Essa abordagem nunca me desapontou, e fez toda
diferença na minha vida.” — Se eu não tivesse entrado na JR
Consultoria, eu não teria vivido nenhuma das infinitas
experiências que vivi. Talvez eu não tivesse tanto contato
com empreendedorismo, talvez não tivesse conhecido o
conceito de negócios sociais e talvez não tivesse entrado no
Grupo Boticário.
A minha intuição falou mais alto e fez com que eu decidisse
pela opção menos óbvia, mas certa para mim, naquele
momento. E talvez a sua esteja falando com você neste exato
momento. “E você, a está escutando?”

O poder da dor de estômago


Sou formado em Administração de Empresas e estou
empreendedor desde que saí da faculdade. Hoje, o mundo
está focado cada vez mais na análise de dados, isso é tão
verdade que existe um jargão no meio corporativo que afirma
que os dados são o novo petróleo.
Nos negócios, muitas vezes, aprendemos que todas as
decisões que tomamos devem ser baseadas em números, no
entanto, algumas das principais mentes do mundo confiam
tanto na intuição quanto em fatos concretos.
Henry Ford, Walt Disney, Elon Musk, Steve Jobs, para citar
apenas alguns dos principais nomes do mundo dos negócios,
acreditavam não apenas nos números que estavam em suas
frentes, mas também tinham um sentimento profundo de que
aquilo que estavam criando iria fazer a diferença na vida das
pessoas e quem sabe mudar o mundo. Eles tinham uma
intuição forte lhes dizendo que estavam no caminho certo,
mesmo sem nenhuma evidência concreta.
Henry Ford tem uma frase icônica: “Se eu perguntasse a
meus compradores o que eles queriam, teriam dito que era
um cavalo mais rápido.”
Steve Jobs acreditava profundamente na intuição, famoso
por dizer que sua regra número um dos negócios era confiar
em seu coração e intuição.
“Mas, o que exatamente é esse sentimento?” “Realmente,
ele tem alguma utilidade e comprovação?”
Alguns atletas******** chamam de “instinto”. Os mais
“descolados” chamam de vibe. Os cientistas chamam de
“intuição”. Você e eu, provavelmente, nos referimos a isso
como um “pressentimento”. E, os mais espirituais entre nós
podem pensar nisso como um “sexto sentido”.
Segundo Osho, líder espiritual Indiano, a intuição é o mais
alto degrau da escada da consciência, que pode ser dividida
em três níveis. O primeiro nível, o mais básico, é o instinto. O
segundo, o do meio, é o intelecto. E o terceiro, o mais alto, é
a intuição. Osho também apontou que o prefixo “in-” é
utilizado nas três palavras, demonstrando que a resposta da
consciência está totalmente dentro de nós.
Existe uma expressão americana, conhecida como gut
felling, que em tradução seria como aquele sentimento que
começa no estômago. “Sabe quando você precisa tomar uma
decisão importante e embrulha a barriga?” Então, é daí que
vem a expressão.
O intestino é como se fosse o nosso segundo cérebro.
Pesquisadores descobriram uma vasta rede neural de 100
milhões de neurônios******** que revestem todo o trato
digestivo. São mais neurônios do que na medula espinhal.
Assim como nosso cérebro, o intestino está repleto de
informações. Todo mundo em algum momento já sentiu
aquele aperto no estômago enquanto avaliava uma decisão.
Esse é o intestino falando alto e claro por meio do estômago.
Como empresário, confio no meu gut feeling o tempo todo.
Seja ao falar em público e fazer uma “leitura” das pessoas
que estão me assistindo, me ajudando a adaptar o discurso e
a energia da sala. Seja para lançar um projeto piloto
rapidamente no mercado e entender de forma rápida se ele
está performando bem ou não. Seja para fechar uma
negociação e entender quais são os pontos que devo prestar
mais atenção.
Você pode se surpreender ao saber que a intuição é uma
habilidade deliberada que pode ser desenvolvida. Uma vez
aperfeiçoada, é aplicável em muitas situações, desde ajudá-
lo a escolher uma carreira até fazer julgamentos rápidos sob
pressão e muito mais. Se você tem uma pergunta a ser
respondida ou uma decisão a ser tomada, a intuição
definitivamente deve ser levada em consideração.

Um palpite a qualquer hora


Muitas vezes, já me peguei confundindo intuição com
medo.******** Pode ser confuso em um primeiro momento, mas
é importante saber diferenciá-los. Afinal, não quero que você
perca uma boa oportunidade por medo, simplesmente
porque você, erroneamente, sentiu que havia um aviso
intuitivo de que não deveria seguir em determinada direção.
A intuição pode ser reconhecida como uma voz interior,
uma bússola interna. Usamos termos como “palpite”,
“pressentimento”, “sensação” e “instinto” para descrever a
maneira como a intuição influencia nosso comportamento. A
intuição leva a um caminho que nos faz sentirmos
confortáveis, mesmo que não tenhamos certeza.
Por outro lado, o medo ou a emoção negativa podem se
expressar através de uma resposta física, como:
agressividade, sudorese, adrenalina ou coração acelerado. O
medo pode nos fazer fugir, nos esconder, querer evitar algo.
Normalmente, ele está relacionado a decisões que nos fazem
sentir aliviados, como se tivéssemos sobrevivido a uma
ameaça à nossa própria existência.
A intuição também pode nos fazer sentir acelerados, mas
precisamos sempre buscar olhar para dentro e entender qual
é a razão real desse sentimento.
Geralmente, a intuição é uma ferramenta subestimada,
porém essencial, que você pode usar quando estiver
namorando, escapando de uma situação perigosa ou até
mesmo para construir sua carreira. Segundo a Associação
Internacional de Profissionais Administrativos (IAAP), em
pesquisa realizada com 3.500 profissionais administrativos e
1.300 gerentes seniores, foi constatado que 88% das
pessoas******** tomam decisões com base em sentimentos
intuitivos.
Acontece que a intuição pode se apresentar de inúmeras
maneiras para as pessoas. Em artigo publicado por Samantha
Cole, na Revista FastCompany, a autora afirma que existem
cinco tipos de intuição. Ei-las:
1ª — A intuição analítica envolve intensas pesquisas e
coleta de dados antes de tomar uma decisão. As pessoas
identificadas como analíticas preferem explorar todos os
cenários em potencial antes de fazer um julgamento.
Características como pressa, impulso e imprudência são
comumente evitados por elas.
2ª — Em seguida, temos a intuição observadora, a qual
envolve coletar pistas sobre pessoas e cenários. As pessoas
que se identificam como observadoras, geralmente, são
muito visuais. Elas são especialistas em encontrar padrões e
perceber diferenças sutis no ambiente. “Sabe aquela pessoa
que só de olhar para você já sabe se está tudo bem ou não?”
Então, as pessoas com uma intuição mais observadora são
assim.
3ª — Depois, há a intuição questionadora, que envolve
fazer julgamentos com base em evidências da vida real. As
pessoas que se identificam como questionadoras preferem
fazer inúmeras perguntas ao invés de procurarem estatísticas
antes de tomar uma decisão. Por exemplo, antes de lançar
um novo vídeo, os questionadores preferem perguntar
diretamente aos espectadores o que eles querem ver a
seguir, em vez de pesquisar o que está bombando no
momento.
4ª —Também temos a intuição empática, que envolve a
habilidade de escuta ativa para entender onde está a fonte
do problema. As pessoas que se identificam como empáticas
retêm julgamento e permitem que seus colegas e clientes
desabafem. Isso os ajuda a descobrir o que funciona melhor a
seu favor antes de tomar uma decisão. Elas geralmente
trabalham bem em equipe e são cooperativas.
5ª — E, finalmente, existe a intuição adaptativa, que é a
forma mais comum de intuição. Ela é baseada unicamente
em um sentimento de que algo deveria ser de determinada
forma. Ela é usada para nos ajudar a pensar e reagir
rapidamente em situações que exigem ação imediata.
Todos podemos utilizar, em determinado momento, algum
desses formatos de intuição, porém existem pessoas que
possuem uma pré-disposição maior para algumas do que
outras. Conhecer o seu estilo predominante de intuição faz
com que você tome consciência e pare de deixá-lo funcionar
apenas de maneira passiva, podendo fazer com que seja um
forte aliado na sua tomada de decisão.
O turbo da vida
Em um estudo publicado em 2012, no Journal of
Organizational Behavior e Human Decision Processes, pela
Boston College, Rice******** University e George Mason
University, descobriu-se que a intuição é eficaz quando
utilizada na tomada de decisão em uma área em que o
tomador possui conhecimento profundo.
Micahel Pratt, especialista em psicologia organizacional e
pesquisador desse estudo, afirmou que “A intuição é como
nitroglicerina – é melhor usada apenas em determinadas
circunstâncias”.
David Brooks,******** em seu livro intitulado O Animal Social:
A História de Como o Sucesso Acontece, apresenta como os
soldados que estiveram no Iraque e no Afeganistão, em
várias missões, chegaram a um ponto em que podiam olhar
uma rua e prever com uma precisão incrível se havia um
dispositivo explosivo. E, a parte mais interessante é que,
quando questionados como eles sabiam disso, eles não
conseguiam responder com argumentos concretos, apenas
disseram que sentiam que algo estava errado ou um calafrio.
Malcolm Gladwell, em seu livro Blink – A Decisão Num
Piscar de Olhos, trouxe a história de Vic Braden, famoso
jogador e treinador de tênis, que apenas assistindo a uma
partida de tênis na televisão era capaz de prever com quase
100% de precisão se o jogador faria uma dupla falta ou não,
mesmo antes de tocar na bola. Quando questionado de como
fazia isso, ele assistiu novamente aos lances em busca de
algum padrão que pudesse fazer sentido e não conseguiu
encontrar.
Ambos os exemplos citados são apresentados por Patrick
Schwerdtfeger, em sua palestra para o
TEDxSacramentoSalon.******** O palestrante finaliza sua
palestra, afirmando que a intuição é a combinação da
experiência com o conhecimento.
Ou seja, se você trabalha com marketing, evite confiar
100% na sua intuição em relação a finanças. Se você
trabalha com tecnologia, evite confiar sua intuição 100% em
medicina. Não é que a sua intuição não o irá auxiliar nessas
áreas de atuação que não domina, mas é que as chances são
muito menores.
Na sua vida e carreira, comece a prestar mais atenção na
sua intuição em assuntos que domina, não seja
extremamente racional, os dados acima mostram que não
temos acesso a todas as informações, e, muitas vezes, o
melhor caminho seja o que a nossa intuição está apontando.
Comece a escutá-la com mais frequência e veja os seus
resultados e a sua felicidade aumentar.

O maior assassinato da sua


felicidade
A civilização nunca foi tão rica como nos dias de hoje e
também nunca tão infeliz. Nunca tão próspera, mas também
nunca tão deprimida. A tecnologia nunca rompeu tantas
barreiras, mas também nunca isolou tanto.
Em muitos países, o número de suicídios é maior do que o
de homicídios. “Por que estamos infelizes?” Essa não é uma
pergunta simples.
QUER SER FELIZ? TENHA
ZERO EXPECTATIVAS DOS
OUTROS.
“Você lembra daquele romance de colégio, aquela menina
ou menino que você sempre quis ficar?” Após muito tempo,
noites em claro e expectativas criadas, enfim “rolou” o
primeiro beijo e foi uma “porcaria”.
Isso não aconteceu apenas com você e não foi também
apenas no primeiro beijo. A culpa não é sua e muito menos
da outra pessoa. Na verdade, a culpa é um pouco sua, sim...
no caso, das suas expectativas. As expectativas podem já ter
pregado uma peça em você com uma viagem, a primeira vez,
em ser promovido, em comprar um carro, em ganhar um
prêmio, com a estreia de algum filme, com o jantar em um
restaurante, e assim por diante.
Se tem uma coisa que o ser humano é bom é em criar
expectativas. Idealizamos tanto aquele momento que
qualquer coisa que seja inferior àquilo, gera frustrações.
Ficamos infelizes quando nossas expectativas sobre a
realidade superam nossa experiência com a realidade.
Quer ser feliz? Tenha zero expectativas dos outros.
“Quantas vezes você já deixou de “curtir” algo pelo simples
fato de não ter sido como você imaginava?” E isso vale para
metas, como: ter R$1.000.000,00 em sua conta bancária,
como também assistir ao lançamento do último Star Wars.
Falar de felicidade é falar de expectativas. Não tem como
alcançar uma sem entender a outra. Nat Were,******** em sua
palestra no TEDxKlagenfurt, traz três explicações diferentes
sobre como criamos nossas expectativas. Segundo o
palestrante, geramos expectativas com base em nossa
imaginação, nas pessoas ao nosso redor e em nossas
experiências passadas.
Os três tipos de expectativas são horríveis e as utilizamos o
tempo todo.
O primeiro tipo são as expectativas com base em nossa
imaginação que, para mim, são as mais cruéis. Em todas as
nossas escolhas, levamos em consideração todas as opções
que temos à disposição. Quando escolhemos aonde vamos
jantar, temos inúmeras opções. Quando escolhemos para
onde vamos viajar, temos inúmeras opções. Quando
escolhemos qual roupa comprar, temos inúmeras opções. E,
como tomamos a nossa decisão? Normalmente, escolhemos
a opção que acreditamos ser a melhor entre todas as outras.
Porém, nosso cérebro não sabe o que é melhor. Ele
simplesmente projeta desejos e cenários em nossa mente em
cima dos fatos que tem disponíveis e em cima do que
queremos que seja verdade ou aconteça.
Ao escolhermos um restaurante, já criamos expectativas de
que não terá fila, de que conseguiremos uma mesa boa... de
que a pessoa que jantará conosco irá amar o lugar... de que
ela não mexerá no celular... de que a comida será perfeita...
de que o preço será justo e assim por diante. Porém,
qualquer coisa que saia fora desse script que o seu cérebro
criou nos últimos dez segundos sobre o restaurante o deixará
infeliz.
Ao escolhermos para onde vamos viajar, já imaginamos as
fotos perfeitas que iremos tirar, os passeios interessantes
que faremos, que o clima estará como desejamos, os locais
que visitaremos serão iguais aos que vimos na internet e
assim por diante. Porém, qualquer coisa que saia fora desse
script que o seu cérebro criou nos últimos dez segundos
sobre a viagem o deixará infeliz.
Ao escolhermos qual roupa comprar, já imaginamos se as
outras pessoas irão gostar, se ficará boa nas fotos, se
combina com o ambiente em que vamos usar, se passa a
imagem que queremos e assim por diante. Porém, qualquer
coisa que saia fora desse script que o seu cérebro criou nos
últimos dez segundos sobre a roupa o deixará infeliz.
“Acho que você já entendeu o meu ponto, não é mesmo?”
Praticamente, para todas as coisas em nossas vidas,
criamos expectativas. E, a tecnologia, muitas vezes, piora
ainda mais a situação, pois ela faz o impossível parecer real.
Usamos Photoshop, editamos imagens e rescrevemos
histórias. O algoritmo faz questão de nos mostrar o que há de
mais belo. Essa mensagem constante em nosso cérebro faz
com que a gente crie padrões que não são reais. A tecnologia
deturpa nossa visão, distorce a realidade e faz o inexistente
parecer real.
Repare que muitos dos momentos mais incríveis que você
já viveu aconteceram quando você tinha uma baixa
expectativa do que iria acontecer ou quando você estava
aberto ao novo.
Quando o potencial ilimitado de nossa mente se depara
com a natureza restrita do mundo, ficamos desapontados e
infelizes. Expectativas e decepções, inevitavelmente, andam
lado a lado.
Essa é a lacuna da imaginação. Por causa dela, nossa
imaginação supera a realidade, ela é o primeiro grande
motivo de nossa infelicidade.
O segundo tipo de expectativa que criamos, segundo Nat
Were, ocorre quando comparamos nossa realidade com a dos
outros.
Julgamo-nos, constantemente, com base no que existe ao
nosso redor. Se você ganha R$3.000 por mês e mora em um
bairro simples, você se sente rico. Se você ganha R$30.000
por mês e mora em um bairro chique, você se sente pobre.
Infelizmente, nosso cérebro ainda insiste em nos comparar
com as outras pessoas. Colocar a felicidade em um indicador
de sucesso de outra pessoa não é algo inteligente, embora
façamos muito.
Esse tipo de expectativa sempre irá nos fazer sentirmos
inferiores. É praticamente como se tivéssemos correndo em
uma esteira sem fim, pois toda vez que alcançamos um
marco, olhamos para a esteira do lado e vemos que o nosso
marco não é tão bom assim.
  Já a terceira e última forma de expectativa é baseada em
nossas experiências passadas. É o que o autor chama de
lacuna intertemporal.
Ficamos felizes quando nossa realidade presente é melhor
que a passada.
O palestrante Were traz o exemplo de duas pessoas que
tiveram a mesma renda média durante a vida. Porém, a
renda da pessoa A diminuiu no decorrer de sua vida, e a
renda da pessoa B aumentou. As pesquisas mostram que a
pessoa B tende, normalmente, a ser mais feliz, apesar de a
média ser a mesma.
Por que isso acontece? É devido a algo que os psicólogos
chamam de ancoragem. Nós nos comparamos com o passado
e, se estamos progredindo, excedendo nossas expectativas e
avançando, geralmente, ficamos felizes.
Nossas expectativas são influenciadas pelo que
consideramos normal. E o que consideramos normal tem
base em nossa imaginação, nos outros à nossa volta e em
nosso passado.
Muitas vezes, para entendermos o que nos faz feliz,
precisamos entender o que nos faz infeliz. E sem dúvida
alguma, expectativas demais só podem nos levar a um
caminho: o da frustração.
CERTIFIQUE-SE QUE VOCÊ É
FELIZ NA VIDA REAL E NÃO
APENAS NA INTERNET.
Will Smith estava errado
Certifique-se que você é feliz na vida real e não apenas na
internet.

Nenhuma quantidade de “curtidas” pode nos fazer feliz se


não gostarmos de nós mesmos. Nenhuma quantidade de
“comentários” pode nos fazer feliz se não valorizarmos nossa
opinião. Nenhuma quantidade de “compartilhamentos” pode
nos fazer feliz se não tivermos pessoas com quem
compartilhar nossas vidas.
Felicidade na vida real vem de relacionamentos, gratidão,
experiências, tempo com nós mesmos. Quando
reconhecemos isso e começamos a investir nosso tempo na
criação de oportunidades, nossa vida começa a mudar. Nós
sentimos a diferença.
Se você perguntar a qualquer pessoa o que ela deseja da
vida, provavelmente, uma das primeiras respostas será: ser
feliz. Esse sentimento é um dos desejos mais profundos do
ser humano. É uma busca constante. “Mas, será que tem que
ser realmente uma busca?”
Eu sou completamente fascinado pelo filme À Procura da
Felicidade,******** filme inspirado na história real de Chris
Gardener. O filme conta com uma atuação fenomenal de Will
Smith, o qual atua como um vendedor em dificuldades que
assume a custódia de seu filho após a separação. Em busca
de soluções, embarca em uma oportunidade profissional que
muda sua vida.
Toda vez que assisto a esse filme, aprendo algo novo e saio
com as energias renovadas. Porém, existe uma coisa que eu
não concordo com o filme: seu título. Eu sei que um bom
título é diretamente responsável pelo sucesso de um filme, e
que existem inúmeros outros interesses relacionados à
escolha do nome. Mas eu acho que a felicidade está mais
para algo a ser construído do que buscado.
Ao invés de À Procura da Felicidade, eu acredito que o
título deveria ser algo como A Construção da Felicidade.
Porém, Hollywood estava certa, depois de escrever aqui,
ficou claro que o primeiro título é bem melhor que o segundo.
O que não muda a minha opinião de que a felicidade não é
algo que devemos procurar, mas, sim, construir.
Se você começar a observar as pessoas ao seu redor,
perceberá que a maioria age da mesma forma, acreditando
que ao se empenhar e se dedicar, o sucesso virá. E só então,
após alcançar o tão suado sucesso, poderá ser feliz.
Vivemos dessa forma vinte e quatro horas por dia. Se eu
perder mais cinco quilos, serei feliz. Se eu for promovido,
serei feliz. Se eu começar a namorar, serei feliz. Sucesso
antes, felicidade depois. O único problema é que quem criou
essa fórmula, que repetimos incansavelmente sem nos
questionar, estava equivocado.
Para Platão, por exemplo, a felicidade estava
profundamente ligada à moralidade e, para alcançá-la, ele
acreditava que teríamos de defender quatro virtudes
diferentes: sabedoria, coragem, moderação e justiça.
Para Aristóteles, moralidade e felicidade realmente se
conectaram, mas ele deu um passo adiante. Ele via a
felicidade como um produto do hábito e da prática e
argumentava que ela era adquirida ao longo do tempo, como
qualquer outra coisa.
Para Marco Aurélio, o grande estoico, era um pouco mais
simples. Nas suas próprias palavras: “A felicidade da sua vida
depende da qualidade dos seus pensamentos”.
A definição moderna está mais próxima ao prazer. Talvez
seja a influência da publicidade, ou talvez seja apenas um
mundo mais interconectado, mas parece que migramos da
associação da felicidade ao crescimento pessoal para uma
que é mais fortemente influenciada por fatores externos.
E, os fatores externos estão intimamente ligados ao
dinheiro. Que atire a primeira pedra quem não gostaria de
ganhar mais dinheiro. Inclusive, a ideia de que dinheiro não
compra felicidade foi refutada pela ciência, pelo menos até
certo ponto.
Daniel Kahneman e Angus Deaton, ambos ganhadores do
Prêmio Nobel de Economia por contribuições diferentes,
estudaram a dinâmica do dinheiro e felicidade e publicaram
seus estudos em um artigo em 2010, chamado High income
improves evaluation of life, but not emotional well-being. A
principal conclusão objetiva do estudo foi a de que, se você
tem uma renda anual em torno de 75 mil dólares, sua
felicidade não aumentará caso você passe a ganhar acima
disso.
Os níveis de felicidade das pessoas só aumentam à medida
que a renda aumenta até certo ponto, por exemplo, imagine
que você esteja ganhando apenas US$ 8.000 por ano. Você
dificilmente poderá comprar comida, muito menos pagar
aluguel e, provavelmente, ficará muito estressado ou viverá
com ajuda de outras pessoas.
Agora, imagine que você esteja ganhando US$ 80.000 por
ano.******** Você pode comprar uma casa, um carro, sair, ter
bons jantares e economizar para viajar. Mas, agora, imagine
que você ganhe US$ 800.000 por ano. Sua casa pode ser
maior e você pode voar de primeira classe em vez de
econômica, mas você está fazendo basicamente as mesmas
coisas de antes, porém está trabalhando muito mais e não
tem tanto tempo para amigos e familiares.
É claro que os números estão em dólares e a realidade no
Brasil é diferente. Mas o ponto principal do estudo é que a
busca pelo dinheiro só faz sentido e traz felicidade até certo
ponto. A partir daí, se você já tem uma espécie de kit básico,
aumentos de renda ou riqueza não levarão ao aumento da
felicidade e bem-estar.
Felicidade está mais associada à qualidade das relações,
permeadas por intimidade e conexão, aquelas em que você
pode confidenciar sem se sentir constrangido por isso. As
pessoas com as quais você se preocupa lá no fundo, e
aquelas que se preocupam com você.

O segredo da felicidade
A vida é uma eterna montanha-russa. Com altos e baixos.
Alegrias e tristezas. Medo e adrenalina.
Cada pessoa possui suas próprias montanhas-russas, as
quais ao longo da vida vão ganhando complexidade e novos
desafios. Quanto mais crescemos, mais desafiadoras as
montanhas-russas parecem. E, sozinhos, seria impossível de
as encararmos. Por isso existem os “vagões”, os quais
preenchemos com diferentes pessoas de acordo com as fases
de nossas vidas. Algumas pessoas que estavam nos níveis
mais fáceis, voltam de tempos em tempos. Várias outras
apenas participam de uma volta. E, alguns poucos o
acompanham em todas as voltas e desafios.
Nossas vidas dependem de nossos relacionamentos. Desde
o momento em que nascemos, contamos com os outros para
nos ajudar a criar e nutrir. Não importa quão independentes
ou autoconfiantes nos tornemos, sempre realizaremos mais
com a ajuda de outras pessoas.
Robert Waldinger******** é psiquiatra e atualmente dirige o
Harvard Study of Adult Development, possivelmente o estudo
mais longo sobre a vida adulta que já foi feito na história. O
estudo começou em 1938, durante a Grande Depressão
Americana. Durante setenta e cinco anos, os pesquisadores
acompanharam as vidas de 724 homens, ano após ano,
perguntando sobre seus trabalhos, vidas domésticas, saúde,
sem saber como as histórias de suas vidas seriam.
De acordo com Waldinger, em seu famoso TED Talk,
intitulado “O que faz uma vida ser boa? Lições do estudo
mais longo sobre felicidade”,******** estudos assim são
extremamente raros devido à duração, pois, normalmente, as
pessoas abandonam o estudo, ou acaba o dinheiro para a
pesquisa, ou os pesquisadores perdem o foco, ou
simplesmente morrem, e ninguém mais da sequência ao
projeto. Mas por meio de uma combinação de sorte e
persistência de várias gerações de pesquisadores esse
estudo sobreviveu.
O psiquiatra explica que os participantes do estudo foram
selecionados por meio de dois grupos. O primeiro grupo era
composto por alunos do segundo ano da Universidade de
Harvard, e o segundo grupo era composto por jovens dos
bairros mais pobres de Boston – escolhidos especialmente,
porque eram de algumas das famílias mais problemáticas e
desfavorecidas da cidade da década de 30.
Quando eles entraram no estudo, todos esses jovens
adultos foram entrevistados, fizeram exames médicos e
tiveram seus pais entrevistados. Então, esses homens se
tornaram adultos e seguiram diversos caminhos na vida, um
deles virou presidente dos Estados Unidos, outro um famoso
editor do Washington Post e muitos outros seguiram suas
vidas normalmente. A cada dois anos, a equipe de
pesquisadores se reunia com os homens do estudo para dar
sequência na pesquisa. O resultado é uma abundância de
dados sobre saúde física, mental e emocional.
“Então, quais são as lições que extraímos desse estudo
liderado atualmente por Waldinger?” Bem, as lições não são
sobre riqueza, ou fama, ou trabalhar mais e mais. O
pesquisador afirma com convicção que o principal
ensinamento desse estudo é que “Bons relacionamentos nos
mantêm mais felizes e saudáveis. Ponto final.”
“Bons relacionamentos não apenas protegem nossos
corpos, eles protegem nossos cérebros”, continuou
Waldinger.
Independentemente de qual seja a montanha-russa que
você esteja enfrentando no momento, se você está de
cabeça para baixo nela ou não, se você está assustado ou se
divertindo, dê valor às pessoas que estão no vagão com
você, pois a forma como você se relaciona com elas é um dos
principais fatores responsáveis pela sua felicidade.

O otimismo sempre vence


O melhor ainda está por vir. É uma declaração para o
futuro. É minha convicção de que mesmo o desconhecido
pode conter o maior potencial. É o que eu repito para mim
mesmo em momentos difíceis, de incerteza e que trazem
algum tipo de ansiedade.
Independentemente se você acredita em algo maior,
da sua crença, fé ou religião... O melhor está por vir.
Essa frase, lema ou como quiser chamar, é uma das coisas
mais poderosas que podem guiar a sua vida.
Se você parar de acreditar nisso, conseguirão lhe tirar
tudo... pois, o que todas as pessoas têm em comum, o que
une todos nós, o que nos faz seguir em frente é acreditar que
o futuro pode ser melhor.
Eu sei que, às vezes, essa crença desaparece... às vezes, a
vida bate muito forte. Como já diria Sylvester Stallone,
atuando como Rocky Balboa, ao seu filho em seu épico filme
Rocky, lançado em 2007: “Ninguém baterá tão forte quanto a
vida. Porém, não se trata de quão forte você pode bater,
trata-se de quão forte você pode ser atingido e continuar
seguindo em frente. É assim que a vitória é
conquistada.”********
Ele estava certo. No exato momento em que escrevia o
final deste livro, em março de 2020, a vida estava dando uma
surra em mim, em você, nos seus amigos, familiares,
empresas, cidades, nosso país e em quase todos os países do
globo.
Desta vez, a vida resolveu pegar pesado. Ela veio quieta,
silenciosa e nos derrubou rapidamente. E, o pior, nós até
tentamos nos proteger, mas não era possível vê-la se
aproximando para nos derrubar.
Nesta batalha, assim como em todas, ela se mostrou um
oponente complicado de derrotar, mas não invencível. E, isso
trouxe esperança. Como todos os desafios, no começo, nos
sentimentos impotentes, sem força, sem sabermos o que
fazer. Mas, aos poucos, vamos nos reerguendo, aprendendo,
dando nome aos problemas, lidando de frente. Esse problema
que estava tentando nos derrubar, tinha nome: Corona Vírus.
Como já diria Charles Darwin: “Não é o mais forte que
sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se
adapta às mudanças”. Tá aí outra coisa que você pensou que
não utilizaria do colégio e estamos retomando. A vida é isso,
resiliência.
Esse vírus trouxe consigo um pouco de todos os nossos
dilemas. Ele pegou tudo e intensificou.
Ele nos fez entender, mais do que nunca, o significado de
macro paciência e micro velocidade. Mostrou que precisamos
entender que as coisas boas, às vezes, demoram, mas que
precisamos todos os dias ajustar a rota, buscar novas
soluções e nos reinventar, pois o que realmente vale a pena,
está guardado, esperando por nós, desde que nós ajamos.
Ele também nos fez entender que é importante fazermos o
que amamos, o que somos bons, sermos pagos por isso e
fazermos o bem para o mundo. Mas que, em alguns
momentos, vamos ter de abrir mão de um pilar em
detrimento de outro. E não será fácil. Às vezes, podemos
escolher, às vezes, não precisamos abrir mão, mas às vezes,
somos forçados e, quando isso acontece, sempre existirá
uma mensagem maior por trás. E, a mensagem da vez foi a
de que de nada adianta sermos bem-sucedidos, estarmos
ganhando o mundo, se não existir mais mundo em breve, se
não existir com quem compartilhar tudo isso.
Ele nos fez entender que agir rápido é importante... e que a
solução se encontra em ser dono da sua história, fazer a sua
parte e ter a disciplina para escolher entre o que é fácil e o
que é certo.
Ele nos fez entender que, se continuarmos com esses
hábitos nocivos para nós e para o planeta, não existirá muita
coisa em breve.
Ele nos fez entender que a vida é uma montanha russa...
que, às vezes, o carrinho vai travar, e nós estaremos virados
de cabeça para baixo. Mas, que se não tivermos com quem
dividir o carrinho, nada valerá a pena. E, desta vez, estamos
todos na mesma montanha russa e no mesmo vagão.
Ele nos fez sermos obrigados a parar e olharmos para
dentro. E como isso é difícil, pois não estamos acostumados a
fazê-lo. Estamos acostumados a uma vida corrida. A fazer a
roda girar, a dar mais um check em nossas metas, a fazer... e
não ser.
Desta vez, a vida tentou nos derrubar silenciosamente. O
golpe, com certeza, doeu mais em uns do que em outros.
Infelizmente, a vida não é justa, não é meritocrática. Aceitar
isso não tornará as coisas mais fáceis, mas as colocará em
perspectiva.
E, ninguém falou que seria fácil. Cada um sabe aonde o
calo aperta mais. Porém, não é por isso que você não poderá
mudar a sua realidade. Isso exige maturidade, protagonismo
e otimismo.
Precisamos viver o hoje com a certeza de que o amanhã
será ainda melhor, mesmo se ele não existir.
Não sabemos qual será o nosso próximo grande desafio.
Talvez, ele seja global, e todos teremos de passar por ele
juntos, novamente. Talvez, ele seja só seu, e você tenha de
passar por isso sozinho.
Minto, sozinho não, pois sozinho não tem como
conquistarmos nada e, muito menos, sermos felizes. Isso já
foi comprovado, seja pelo Corona Vírus na prática ou por
Harvard em seu estudo lendário. Vimos que juntos somos
mais fortes.
VOCÊ SOBREVIVEU A
TODOS OS PIORES DIAS DA
SUA VIDA. LEMBRE-SE DE
COMO SAIU DELES MAIS
FORTE.
O que eu quero dizer é que nós passamos por esta
pandemia, algo nunca visto antes na história do nosso
planeta. E, esse não foi o primeiro nem o último grande
desafio que nós passaremos. E... muitos deles serão
silenciosos, chegarão pedindo espaço aos poucos e, quando
nós menos virmos, travarão novamente o nosso carrinho de
cabeça para baixo.
Quando isso acontecer, lembre-se de que você sobreviveu
a todos os piores dias da sua vida. Lembre-se de como saiu
deles mais forte.
Como o famoso escritor José Ortega uma vez disse, “Eu sou
eu e minha circunstância”. Lembre-se de que são os desafios
pelos quais você passou, as alegrias e tristezas, que o
trouxeram até aqui. Eles são responsáveis por quem você é
hoje.
Ser otimista é mais do que um papo motivacional. Eu sei
que o otimismo não paga os boletos... não põe comida na
mesa... nem nada prático. Mas o pessimismo também não.
Seja na próxima pandemia, ou se você falir, ou se for
mandado embora, ou se tomar um “pé na bunda”, ou
qualquer outra coisa que o machuque, lembre-se sempre de
que você é forte. Lembre-se de que o otimismo sempre
vence. Lembre-se de que você é merecedor de tudo que já
conquistou até aqui. Lembre-se de que você é único. Lembre-
se de que o mundo ainda continuaria sem você, e, mesmo
assim, você é importante. Lembre-se de que uma batida de
asas na China pode mudar a sua vida, assim como você pode
mudar a sua vida e a de várias pessoas. Lembre-se de que,
embora, às vezes, pareça que você esteja sozinho, você não
está.
Não guarde tudo para você. Conte comigo, com este livro,
com seus amigos e familiares. Nunca tenha medo de cair e se
levantar, pois o mundo pertence àqueles que têm coragem
de entrar na arena e lutar. O mundo pertence àqueles que
acreditam que o melhor ainda está por vir. O mundo pertence
a você!
A QUEM EU FIZ MAL,PEÇO
PERDÃO. A QUEM EU
AJUDEI, QUERIA TER FEITO
MAIS. A QUEM ME AJUDOU,
AGRADEÇO DE CORAÇÃO.
AGRADECIMENTOS

N
ada grandioso se constrói sozinho. Podemos até
irmos mais rápido, mas longe, só, juntos. Por isso eu
gostaria de fechar esse livro agradecendo a todas
as pessoas que me ajudaram de alguma forma em sua
construção. São eles que me apoiaram durante esses meses
e me fizeram acreditar que eu tinha algo de valor a
compartilhar.
Além disso, para mim, é extremamente importante deixar
claro a dívida que tenho com os muitos autores,
empreendedores e pensadores que me inspiraram ao longo
dos anos. A realização deste livro não teria sido possível sem
essas pessoas importantes e significativas em minha vida.
Todo pensamento de valor que você encontrar aqui veio
deles... não de mim.
Sou grato ao meu amor, Veridiana Stange Nichel, por
sempre acreditar nas minhas loucuras, me fazer enxergar os
caminhos obscuros e dar luz para a minha vida. Aos meus
pais, Adriana Green e Marcos Capel, por sempre apoiarem
incondicionalmente minhas ideias. Às minhas irmãs, Julianna
Green e Amanda Capel, por sempre me lembrarem de que a
vida pode ser mais leve, alegre e divertida e por resgatarem
o que há de mais puro em mim. Aos meus avós, Leoni
Tarastchuck Cordeiro e Luis Roberto Gonçalves Cordeiro, que
sempre fizeram de tudo para eu ser quem sou. Aos meus
sogros, Rosane Stange Nichel e Paulo Cesar Nichel, por
sempre serem generosos comigo e fazerem muito mais do
que eu mereço.
Sou grato também aos meus amigos e sócios, Fábio
Friedrich, Arthur Santos e Caio Quincozes, por me permitirem
viver meus talentos, me complementarem e darem espaço
para eu focar neste projeto.
Sou grato ao Deepak Ramola e Apoorva Bakshi, por serem
amigos incríveis e a faísca necessária para uma ideia se
tornar o meu primeiro livro. Ao João Pedro Novochadlo, por
acreditar no meu trabalho, me apoiar e contribuir com
inúmeras ideias. Ao Kiko Kislansky e Viviane Araújo, por
incentivarem a escrita deste livro e abrirem muitas portas
com indicações e dicas. Ao Leandro Piazza, por me mentorar
não apenas no livro como também em minha carreira.
Sou grato às minhas queridas amigas: Alana Serrano,
Carinna Corso, Danielli Yumi e Pâmela Albertini, por inúmeras
vezes lerem, revisarem e se colocarem à disposição para
auxiliar o projeto no que fosse necessário.
Sou grato a Alberto Cabanes, Allister Fa Chang, Alparslan
Demir, Bibiele Natalie, Bruna Brito, Bruna Karas, Daniela
Retamales, Elisa Muñoz, Ester Athanásio, Guilherme Kazuo,
Guilherme Neves, Laila Purim, Lucas Schweitzer, Marina
Melero, Matheus Cardoso, Sonal Jain e Tony Bernardini, por
compartilharem um pouco de suas lindas histórias, tropeços e
conquistas. Vocês me inspiram todos os dias.
Sou grato a toda equipe técnica que se envolveu com o
livro. Marisa Barreto, sem você o projeto não teria tomado
forma. Sua atenção, disposição e paciência sempre me
fizeram acreditar que tudo daria certo. Elisabete Bórmio,
obrigado por me ajudar a cortar os superlativos
desnecessários (parte deles, pelo menos) e a me manter em
uma linha narrativa coesa. Guilherme Xavier e Julia
Mantovani, obrigado pelas ilustrações, projeto gráfico e capa,
seus olhares sensíveis ajudaram a captar visualmente o que
está em palavras neste livro.
Sou grato a Cynthia dos Reis, sem você, não existiria o livro
físico, e ao Pedro Borba, sem você, o livro não teria o alcance
que tem.
Sou grato a você, que me segue, que compartilha minhas
ideias e que está com este livro em mãos. Acredito
fortemente que nada é por acaso. Se você chegou até aqui, é
porque há uma razão muito forte. Sem você, não existiria
sentido em compartilhar. E, quanto mais compartilharmos,
mais crescemos. Obrigado por me fazer um escritor,
empresário e, principalmente, uma pessoa melhor!
Por fim... “Seria errado agradecer aos meus cachorros?” Se
não for... obrigado, Cacau, Cookie e Filó, por sempre
deixarem tudo mais divertido.
Se você nunca escreveu um texto de agradecimento, tente
reservar uma manhã para fazer isso. Acabei de descobrir a
alegria e o privilégio de lembrar que somos amados e que
não fazemos nada sozinhos.
Não hesite em me mandar uma mensagem nas minhas
redes sociais e deixar sua avaliação na Amazon.
Receber feedback é importante para eu saber se estou no
caminho certo. As pessoas tendem a falar mais mal do que
bem. Você também. É só parar por um segundo e observar o
seu dia a dia. Basta uma pequena reclamação para gerar
empatia e uma roda de conversa começar. O mal sempre
vence. Mentira. O mal sempre chega primeiro, mas não
necessariamente vence. Ele só vencerá se você o deixar
vencer ou deixar que ele destrua seus sonhos.
As pessoas quando não gostam, saem contando para
todos. Não gostaram daquele restaurante, contam para todos
e avaliam com uma estrela. Não gostaram daquele passeio,
contam para todos e avaliam com uma estrela. Não gostaram
daquele hotel, contam para todos e avaliam com uma
estrela.
E, se gostou? Dificilmente tiramos um tempo para avaliar
bem e deixar cinco estrelas.
Caso não goste, fale. Caso goste, acho difícil que fale, mas
mesmo assim, se esforce para falar.
Para mim, independentemente, se você gostou ou não do
livro, você destinou o seu maior ativo nele: o seu tempo. Não
tem como voltar, e eu sou grato por isso.
Por isso, reforço meus agradecimentos a você que leu este
meu primeiro livro.
Muito obrigado.
É SÓ O COMEÇO.

VAMOS QUE VAMOS!


******** Disponível em:< https://medium.com/swlh/entrepreneurial-sixth-
sense-how-intuition-drives-stronger-decision-making-fc906624641c>.
Acesso em:20.08.20
******** Disponível em:< https://medium.com/better-humans/how-to-
make-better-decisions-by-improving-your-intuition-a5ede405d7af>.
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://medium.com/swlh/your-intuition-will-
whisper-to-you-told-you-so-67db8b206eda>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.fastcompany.com/3034677/the-5-
different-types-of-intuition-and-how-to-hone-yours>. Acesso
em:12.08.20
******** Disponível:< https://medium.com/swlh/entrepreneurial-sixth-
sense-how-intuition-drives-stronger-decision-making-fc906624641c>.
Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=_FfypyFsGhk>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=_FfypyFsGhk>. Acessoem:12.08.20
******** Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?
v=9KiUq8i9pbE>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível:< https://www.netflix.com/br/title/70044605>. Acesso
em:20.10.20
******** Disponível em:< https://www.inc.com/quora/money-wont-make-
you-happy-heres-what-will-accordin.html>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_le
ssons_from_the_longest_study_on_happiness>. Acesso em:12.08.20
******** Disponível em:<
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_le
ssons_from_the_longest_study_on_happiness/transcript?
share=1fca5bb762&language=pt>. Acesso em:20.08.20
******** Disponível em:< https://filmow.com/rocky-balboa-t6146/>.
Acesso em:20.10.20

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