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ÁREAS COMPROMETIDAS EM ALUNOS COM DISLEXIA E SUGESTÕES DE ATIVIDADES

PARA PROFESSORES

a) Atraso no desenvolvimento psicomotor da linguagem, com perturbações nas


articulações da fala (língua presa), prejudicando aspectos da linguagem, atenção
e na conversação informal;
b) Desempenho ruim nas provas de Consciência fonológica, principalmente na
compreensão de fonemas complexos, nas rimas e aliterações. Não conseguiu
memorizar as palavras faladas e precisou de apoio visual para lembrar-se de
sílabas simples.
c) Déficit na percepção auditiva e na manipulação de sílabas, perde-se na relação
letra-som e na memória de sequência de fonemas com variáveis, demonstrando
isso na demora de respostas para a identificação dos fonemas;
d) Processamento visual e fonológico em desenvolvimento, pois ainda apresenta
grande dificuldade na leitura de palavras desconhecidas ou inventadas, na rota
visual de letras espelhadas e na conversão de letra-som; bem como em números
espelhados e em sequencias numéricas (321 pronuncia 123);
e) Se encontra na fase silábica alfabética da escrita, necessitando de compreender
a consciência fonológica dos sons que compõe a fala, para que ocorra a
correspondência grafema/fonema;
f) Escrita em letra de forma e com dificuldades na cópia e na organização espacial
e temporal;
g) Tem boa memória visual e auditiva de palavras simples, porém não entendeu e
nem conseguiu repetir as pseudopalavras do teste de memória auditiva.
Conseguiu relembrar as frases faladas e esqueceu poucos detalhes;
h) Trocou e omitiu letras nas provas de análise e síntese de palavras (soletração),
ex: na soletração de S/O/L pronunciou LOS, p/i/p/a pronunciou pita, trocou o O
por A na palavra boneca, falou baneca;
i) Na prova de memória de trabalho (on line), que precisava lembrar das palavras
soletradas, a criança obteve sucesso e conseguiu memorizar 4 das 6 palavras
ditas, demonstrando assim uma boa memória auditiva;
j) Na leitura da silabas soltas inverteu muitas letras, trocou o g por j, ci leu qui, sec
leu esc, los leu sol, ao terminar de ler cada quadro, riscava para não se confundir,
demonstrando aqui a falta de organização visuo espacial (disse-me que riscava
as palavras para elas irem embora!!!);
k) Interpretação do texto somente quando este é lido para ela. Entendeu a
mensagem e respondeu as perguntas com clareza e segurança. Até tira
conclusões criativas;
l) Raciocínio lógico matemático muito bom, apresentou noção de classificação,
seriação, ordenação e relação do número a quantidade apresentada até 100.
Respondeu com lógica e cálculos orais e consegue identificar as operações
matemáticas básicas;
m) Avaliação psicomotora do domínio manual, compatível para a idade cronológica
no controle do corpo e na coordenação dos membros superiores e inferiores.
Apresentou dificuldades na organização espacial e temporal.

4.8

Le Boulch (1992, p. 25) ressalta que a psicomotricidade ajuda a criança a


compreender o mundo, por meio de uma organização intermediada pelo
próprio corpo: “[...] A educação psicomotora deve constituir um privilégio desde
a mais tenra infância, conduzida com perseverança, permite prevenir
inadaptações difíceis de melhorar quando já estruturadas”.

7. SÍNTESE DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO


Frente as dificuldades observadas, principalmente na inabilidade de conversão da
letra/som e a manifestação de confusões visuais, podemos considerar que a criança
apresenta dislexia mista, ou seja comprometimento tanto na associação visual-verbal,
quanto na percepção auditiva.

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA - Os resultados aqui obtidos foram característicos de um


transtorno grave de leitura e escrita (DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO) do tipo
misto.
Porém, a avaliação é multidisciplinar e essa hipótese deve ser complementada
pelas avaliações neurológicas, psiconeurológica, psicodiagnóstico, pedagógicas e
outras, conforme a necessidade do indivíduo.

O resultado dessa exploração, depois de discutido em equipe leva a um ou


mais diagnósticos e serão indicados atendimentos específicos, como descrição
de estratégias para ler, reconhecer palavras escritas, valorização do contexto,
orientação pontual aos pais e a escola e por fim, a possibilidade de reavaliação e
mudanças de prioridades (Moojen, 2006. p.172).

Identificar um quadro de dislexia não é tarefa fácil. Ainda hoje, o método por
exclusão é o mais empregado. Por meio dele foi possível excluir déficit intelectual,
sensorial, orgânico, motivacional e instrucional, que poderiam ser causa de dificuldade
na aquisição da leitura. Foi possível também determinar que os erros apresentados por
Anne em leituras eram consistentes, persistentes e peculiares. Somados a estes, outras
características típicas em disléxicos foram apresentadas por ela, como: dificuldade em
memorizar sequencias, em orientação espacial-temporal e em domínio da lateralidade.

RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO PEDAGÓGICO:


 Sugere-se fazer uma avaliação com otorrinolaringologista, bem como fazer
um acompanhamento com fonoaudióloga;
 A intervenção psicopedagógica deverá ser feita 2 a 3 vezes por semana.
ATITUDES PERANTE A CRIANÇA (escola)
 1ª coisa é dar a entender ao disléxico que seu problema é conhecido e que será feito o
possível para ajudá-lo;
 Dar-lhe uma atenção especial e encorajá-lo a perguntar em caso de alguma dúvida,
Sentar perto do professor para facilitar a ajuda;
 Comprovar sempre que o material oferecido para ele ler é apropriado para seu nível de
leitor, no caso silábico com valores sonoros para vogais ainda;
 Destacar sempre os aspectos positivos em seus trabalhos e não o fazer repetir trabalhos
escritos por tê-lo feito mal;
 Evitar que tenha que ler em público. Em situações em que isso é absolutamente
necessário;
 Aceitar que se distraia com facilidade que os demais, posto que a leitura lhe exige um
superesforço;
8.1 PROPOSTA DE AÇÃO PEDAGÓGICA:
 Ensinar a resumir anotações que sintetizem o conteúdo de uma explicação;
 Permitir o uso de meios de informáticos e de corretores;
 Permitir se necessário o uso de calculadora e de gravador (celular);
 Usar materiais que lhe permitam visualizações (figuras, gráficos, ilustrações) para
acompanhar o texto impresso;
 Evitar sempre que possível a cópia de textos longos de quadro de giz, dando-lhe uma
copia
 Diminuir os deveres de casa envolvendo leitura e escrita;
 O método utilizado para alfabetização deverá ser multissensorial, onde utiliza-se vários
inputs neurológicos (canais sensoriais) que auxiliam nas habilidades cognitivas importantes
para a aquisição da leitura e da escrita.
 Para auxiliar as atividades de alfabetização sugiro o site das boquinhas:
http://www.metododasboquinhas.com.br/ExemplodeAtividadesdeBoquinhas.aspx
9 AVALIAÇÃO ESCOLAR
 LINGUA ESTRANGEIRA – considerando o esforço que os disléxicos fazem para dominar
a fonologia de sua língua materna desde o nascimento é difícil também que eles dominem
uma nova língua. Realizar sempre que possível avaliações orais – conduta válida em todos
os níveis de ensino;
 Prever tempo extra como recurso obrigatório. Como o disléxico não automatizou a leitura,
terá que ler pausadamente, com muito esforço e se apoiar nas suas habilidades mais latas
de pensamento. Ele precisa utilizar o contexto para entender o significado das palavras,
um caminho mais longo e indireto e que requer um tempo extra;
 Evitar a utilização de testes de múltiplas escolhas, que pelo fato de descontextualizarem
e reduzirem o tempo de execução, tornam-se muito difíceis para eles;
 Valorizar os trabalhos feitos pelo conteúdo e não pelos erros de escrita;
 Oportunizar um local tranquilo ou sala individual para fazer testes e avaliações para ele
focar na tarefa, qualquer barulho ou distração atrapalhará a leitura, o que interfere na
performance no teste.
PROJETO DE LEI N.º 8.489, DE 2017
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É assegurado às pessoas com dislexia ou outros transtornos funcionais específicos, comprovados
por meio de laudo médico, o direito à realização de provas em processos seletivos para acesso a emprego
ou instituição de ensino, com recursos adequados à sua condição.
Parágrafo único. Entre os recursos a que se refere o caput serão adotados:
I - maior tempo para a realização da prova, sendo no mínimo de cerca de uma hora e trinta minutos a
mais;
II - direito de ter um ledor à sua disposição nas provas, para que realize a leitura e registre a redação
mediante ditado da pessoa com dislexia.
Art. 2º Os projetos político-pedagógicos das instituições de ensino deverão assegurar às pessoas com
dislexia ou outros transtornos funcionais específicos, os meios adequados para a realização de provas e
aferição de desempenho fundada em avaliação contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período, nos termos do art. 24, inciso V,
alínea “a” da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
Conforme acentua Vicente Martins, a dislexia é a “incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o
que se lê, apesar da inteligência normal, audição ou visão normais e de serem oriundas de lares
adequados, isto é, que não passem privação de ordem doméstica ou cultural”.
O disléxico pode, inclusive, ter altas habilidades.
Assim, a prova tradicional não capta suas habilidades e passa a ser um instrumento injusto para com essa
categoria de educandos. É comum que a pontuação relativa à sua ortografia em provas de redação de
texto e correlatas seja baixa, não por fraco desempenho cognitivo, mas pela incapacidade de o teste
oferecer as condições adequadas para aferir o conhecimento dessa categoria de 3 educandos.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º É assegurado às pessoas com dislexia ou outros transtornos funcionais específicos, comprovados
por meio de laudo médico, o direito à realização de provas em processos seletivos para acesso a emprego
ou instituição de ensino, com recursos adequados à sua condição.
Parágrafo único. Entre os recursos a que se refere o caput serão adotados:
I - maior tempo para a realização da prova, sendo no mínimo de cerca de uma hora e trinta minutos a
mais;
II - direito de ter um ledor à sua disposição nas provas, para que realize a leitura e registre a redação
mediante ditado da pessoa com dislexia.
Art. 2º Os projetos político-pedagógicos das instituições de ensino deverão assegurar às pessoas com
dislexia ou outros transtornos funcionais específicos, os meios adequados para a realização de provas e
aferição de desempenho fundada em avaliação contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período, nos termos do art. 24, inciso V,
alínea “a” da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
Conforme acentua Vicente Martins, a dislexia é a “incapacidade parcial de a criança ler compreendendo o
que se lê, apesar da inteligência normal, audição ou visão normais e de serem oriundas de lares
adequados, isto é, que não passem privação de ordem doméstica ou cultural”.
O disléxico pode, inclusive, ter altas habilidades.
Assim, a prova tradicional não capta suas habilidades e passa a ser um instrumento injusto para com essa
categoria de educandos. É comum que a pontuação relativa à sua ortografia em provas de redação de
texto e correlatas seja baixa, não por fraco desempenho cognitivo, mas pela incapacidade de o teste
oferecer as condições adequadas para aferir o conhecimento dessa categoria de 3 educandos.
A Associação Brasileira de Dislexia registra que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
permite criar a possibilidade de construção de uma Proposta Pedagógica que considere o aluno disléxico,
ao propor que:
– a escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz respeito à elaboração e à execução da sua
Proposta Pedagógica;
– a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento (inciso V);
– que se permita à escola organizar a educação básica em séries anuais, períodos semestrais e ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e
em outros critérios ou por forma diversa de organização (artigo 23);
– que a avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período (artigo 24, inciso V, alínea “a”).
Segundo aponta, Maria Inez Ocanã de Luca, neuropsicóloga, credenciada pelo Centro de Avaliação e
Encaminhamento, há consenso entre as principais instituições de ensino do Brasil de que se deve dar ao
disléxico condições diferenciadas por ocasião do vestibular, sobretudo:
- maior tempo para a realização da prova (cerca de uma hora e trinta minutos a mais), condição que a
autora considera fundamental “se levarmos em conta a diferença apresentada pelos disléxicos em relação
à velocidade de trabalho (na leitura e escrita)”;
- a possibilidade de oferecer ao disléxico o direito de ter um ledor à sua disposição nas provas.
O raciocínio aqui desenvolvido para as pessoas com dislexia aplica-se a todos aqueles com quaisquer
transtornos funcionais específicos, como disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e
hiperatividade, entre outros.
A A Associação Brasileira de Dislexia registra que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
permite criar a possibilidade de construção de uma Proposta Pedagógica que considere o aluno disléxico,
ao propor que:

– a escola o faça a partir do artigo 12, inciso I, no que diz respeito à elaboração e à execução da sua
Proposta Pedagógica;
– a escola deve prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento (inciso V);
– que se permita à escola organizar a educação básica em séries anuais, períodos semestrais e ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e
em outros critérios ou por forma diversa de organização (artigo 23);
– que a avaliação seja contínua e cumulativa, com a prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período (artigo 24, inciso V, alínea “a”).
Segundo aponta, Maria Inez Ocanã de Luca, neuropsicóloga, credenciada pelo Centro de Avaliação e
Encaminhamento, há consenso entre as principais instituições de ensino do Brasil de que se deve dar ao
disléxico condições diferenciadas por ocasião do vestibular, sobretudo:
- maior tempo para a realização da prova (cerca de uma hora e trinta minutos a mais), condição que a
autora considera fundamental “se levarmos em conta a diferença apresentada pelos disléxicos em relação
à velocidade de trabalho (na leitura e escrita)”;
- a possibilidade de oferecer ao disléxico o direito de ter um ledor à sua disposição nas provas.
O raciocínio aqui desenvolvido para as pessoas com dislexia aplica-se a todos aqueles com quaisquer
transtornos funcionais específicos, como disortografia, disgrafia, discalculia, transtorno de atenção e
hiperatividade, entre outros.
A presente proposição pretende garantir o direito à educação e ao trabalho desses cidadãos brasileiros.
presente proposição pretende garantir o direito à educação e ao trabalho desses cidadãos

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