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ARTIGO DE REVISÃO

Alterações na composição corporal em pacientes


internados em unidades de terapia intensiva
Changes in body composition in patients admitted
in Intensive Care Units

RESUMO
Ana Cláudia Leonez de Oliveira1 Objetivo: conhecer alterações da composição corporal em pacientes
Marianni Matos Pessoa do Reis1 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Simone Sotero Mendonça1

Métodos: Para realização desta revisão, foram consultadas bases ele-


trônicas de dados Medline, Bireme, Proquest, nas línguas: português e
inglês, referente à composição corporal em pacientes internados em UTI.
Descritores: avaliação nutricional, composição corporal, desnutrição
hospitalar, paciente crítico.

Resultados: Principais fatores da depleção de massa magra em pacientes


críticos são hipermetabolismo, imobilismo, má perfusão sanguínea, redu-
ção da força muscular (com atrofia das fibras musculares), ocasionando
imunossupressão, comprometimento da cicatrização, perda da função
muscular, aumento da morbimortalidade, retardo no desmame da ven-
tilação mecânica, aumento do tempo de internação e desenvolvimento
1
Programa de Residência em Nutrição de disfunção de múltiplos órgãos. Pacientes críticos apresentam caracte-
Clínica do Hospital Regional da Asa Norte rísticas que impedem avaliação adequada das alterações na composição
da Secretaria de Estado de Saúde do corporal, especialmente expansão da água corporal. A deterioração da
Distrito Federal. Brasília-DF, Brasil
massa muscular em paciente grave é causada por diminuição da síntese
de proteína e aumento da degradação protéica, causadas pelo estresse e
estado inflamatório. Prevenção da hiperglicemia estimula a síntese pro-
téica e inibe a proteólise. Pacientes críticos perdem quase 1% da massa
corporal magra diária, maior que no repouso. A depleção muscular é
maior em idosos que em adultos jovens e ocorre mesmo em pacientes
Correspondência
Simone Sotero Mendonça.
com manutenção de peso. Análise da composição corporal de pacientes
Núcleo de Nutrição e Dietética do Hospital internados mostrou aumento de massa gorda e redução de massa magra
Regional da Asa Norte. SMHN, quadra após 12 dias de internação com terapia nutricional adequada.
101, Área Especial, Asa Norte, Brasília-DF.
70710-905, Brasil
simonesotero@yahoo.com.br
Conclusão: Pacientes graves apresentam significativa perda de massa
magra durante internação na UTI e a oferta nutricional adequada, associada
aos cuidados metabólicos, não impede essa perda, apenas minimiza.

Palavras-chave: Avaliação nutricional; Composição corporal; Des-


Recebido em 25/janeiro/2012
Aprovado em 11/junho/2012
nutrição hospitalar; Paciente crítico.

Com. Ciências Saúde. 2011; 22(4):367-378 367


Oliveira ACL et al.

ABSTRACT
Objective: to know the body composition changes in patients hospita-
lized in intensive care units (ICU).

Methods: To conduct this review, have been consulted electronic da-


tabases Medline, Bireme, Proquest, languages: Portuguese and English,
related to body composition in ICU patients. Keywords: nutritional as-
sessment, body composition, malnutrition hospital, critically ill patients.

Results: Major factors depletion of lean body mass in critically ill pa-
tients are hypermetabolism, immobility, poor blood perfusion, reduced
muscle strength (atrophy of muscle fibers), causing immunosuppression,
impaired wound healing, loss of muscle function, increased morbidity
and mortality , delayed weaning from mechanical ventilation, prolonged
hospitalization and development of multiple organ dysfunction. Criti-
cally ill patients have features that prevent proper evaluation of changes
in body composition, especially the expansion of body water. The dete-
rioration of muscle mass in critically ill patients is caused by decreased
protein synthesis and increased protein degradation, caused by stress
and inflammatory state. Prevention of hyperglycemia stimulates protein
synthesis and inhibits proteolysis. Critically ill patients lose almost 1%
of lean body mass daily, more than at home. The muscle depletion is
greater in elderly than in young adults and occurs even in patients with
weight maintenance. Analysis of body composition of patients showed
an increase in fat mass and reduced lean body mass after 12 days of
hospitalization with adequate nutritional therapy.

Conclusion: Patients with severe diseases have significant loss of lean


mass during ICU stay and adequate nutritional support, associated with
metabolic care, does not prevent this loss, only minimized.

Keywords: Nutritional assessment; Body composition; Malnutrition


hospital; Critically ill patients.

INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma área cia adquirida, grandes queimaduras, insuficiência
crítica destinada à internação de pacientes graves, hepática, pancreatite aguda, síndrome do intestino
que requerem atenção profissional especializada de curto e diabetes mellitus2.
forma contínua, materiais específicos e tecnologias
necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. A UTI desempenha um papel crucial na sobrevida
Os pacientes graves são considerados aqueles que de pacientes gravemente enfermos com objetivo
apresentam comprometimento de um ou mais dos centrado na recuperação ou manutenção de suas
principais sistemas fisiológicos, com perda de sua funções fisiológicas. Neste contexto, diversas
autorregulação, necessitando de assistência con- alterações secundárias podem-se manifestar,
tínua1. destacando a desnutrição e a disfunção muscular3.
A prevalência da desnutrição nos pacientes
As principais causas de internação em UTI são: hospitalizados oscila entre 30% e 60%, sendo mais
trauma, sepse, insuficiência respiratória, injúria elevada nos pacientes críticos devido à alteração
renal aguda, câncer, síndrome da imunodeficiên- no metabolismo dos diferentes substratos e ao dé-

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Alterações na composição corporal em pacientes em UTI

ficit de nutrientes4. O processo de desnutrição é destes, 37 artigos foram selecionados para revisão,
agravado no decorrer da internação na UTI, pois sendo excluídos os trabalhos realizados com popu-
geralmente está associado ao hipermetabolismo e lação saudável ou infantil e estudos com pacientes
a mudanças significativas na composição corporal, não hospitalizados.
que incluem perda protéica e expansão da água
corporal. Dessa forma, a desnutrição associada a
essas alterações características da doença crítica Desnutrição hospitalar
pode ocasionar a síndrome de disfunção de múlti- O interesse em revisar as alterações da composi-
plos órgãos (SDMO), responsável por até 85% dos ção corporal em pacientes graves foi justificado
óbitos em UTI5. pelo fato desses pacientes serem acometidos por
alterações no metabolismo dos substratos energé-
O quadro hipermetabólico geralmente é decorrente ticos, além da inflamação e do imobilismo (restri-
do trauma, sepse ou da síndrome da resposta in- ção ao leito por tempo prolongado) ocasionando
flamatória sistêmica6. No hipermetabolismo, es- mudanças significativas na composição corporal,
tão presentes a hiperglicemia com resistência à contribuindo para a desnutrição hospitalar
insulina, a lipólise acentuada e aumento do ca- altamente prevalente nesses pacientes3.
tabolismo protéico. O impacto da combinação
destas alterações metabólicas, imobilização e falta O peso corporal se divide em dois compartimentos
de suporte nutricional adequado pode conduzir a principais: o gordo e o magro. Em indivíduos sau-
rápida e grave depleção da massa corporal magra7. dáveis, o tecido adiposo representa de 10 a 25%
do peso corpóreo para o sexo masculino e de 18
Devido às características observadas em pacientes a 30% para o sexo feminino. Teoricamente a por-
críticos como alterações metabólicas, inflamações ção restante da composição corpórea constitui a
sistêmicas, o uso de corticóides, hiperglicemia, massa corpórea magra, composta de 75 a 85% do
desnutrição, expansão do volume de água corporal peso corpóreo, englobando a água corporal9. O
e imobilização, torna-se importante definir qual compartimento magro por sua vez se subdivide
método mais adequado para proceder à avalia- em massa celular, que é metabolicamente ativa,
ção da composição corporal desses pacientes e e a massa extracelular, que inclui os espaços in-
acompanhar a evolução das alterações de seus travasculares e intersticiais, é metabolicamen-
compartimentos corporais ao longo do período te inativa e não consome oxigênio10. Tem sido
de internação8. Portanto, o objetivo desta revisão demonstrado que a desnutrição é caracterizada
de literatura foi conhecer as alterações da composi- por depleção da massa celular e expansão de
ção corporal que ocorrem em pacientes internados massa extracelular. Reduções na massa celular
em Unidades de Terapia Intensiva, assim como em pacientes desnutridos podem ser maiores que
os fatores que interferem nessas alterações e as 40% em comparação com voluntários normais,
consequências relacionadas. enquanto que as diferenças da massa extracelular
não ultrapassam 25%10.

MÉTODOS Estudo realizado por Waitzberg e colaboradores


em hospitais brasileiros, chamado de Inquérito
Foi realizado um levantamento bibliográfico de Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar
artigos científicos publicados nas bases de dados (IBRANUTRI) no qual foi utilizada a Avaliação
Medline, Bireme, Proquest. Foram revisados Nutricional Subjetivo Global (ANSG), revelou que
artigos originais e de revisão, relatos de casos e me- quase metade (48,1%) dos pacientes internados
ta-análises, com assuntos relacionados à composi- na rede pública de nosso país apresenta algum
ção corporal, massa magra, desnutrição, paciente grau de desnutrição. Entre estes pacientes desnu-
crítico e terapia intensiva, abrangendo trabalhos tridos, 12,6% eram pacientes desnutridos graves
publicados nos últimos 30 anos. A estratégia de e 35,5% eram desnutridos moderados. Entre os
busca foi definida pela combinação dos seguintes pacientes idosos 52,8% foram associados a uma
termos: avaliação nutricional, composição corporal, maior prevalência de desnutrição, comparados
desnutrição hospitalar, paciente critico, terapia com pacientes eutróficos (44,7%). O autor
intensiva, nutritional assessment, body composition, sugere que a desnutrição não era vista como
hospital malnutrition, critically ill patients, intensi- uma situação de significado clínico, ressaltando
ve care. Foram encontrados 67 artigos relacionados o desconhecimento médico em relação ao estado
com o tema, abrangendo trabalhos publicados, nutricional de seus pacientes11.

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Oliveira ACL et al.

O interesse na avaliação do estado nutricional do de todas as suas curvaturas, que se reflete sobre a
paciente hospitalizado tem aumentado com a cons- altura do indivíduo, reduzindo-a8.
tatação da grande prevalência de desnutrição entre
os pacientes internados na maioria dos hospitais, As variáveis antropométricas mais utilizadas são o
além de demonstrar uma associação entre desnu- índice de massa corpórea (IMC) e a circunferência
trição protéico-calórica (DPC) que estão sujeitos muscular do braço (CMB), que avalia a reserva de
a sua evolução clínica, o que interfere de modo tecido muscular do braço (sem correção da área
significativo no tempo de internação e incidência óssea) e é obtida através dos valores da circunfe-
das complicações12. rência do braço (CB), e a dobra cutânea triciptal
(DCT)7. A medida isolada da DCT proporciona
Portanto, a avaliação nutricional do paciente grave uma estimativa das reservas gordurosas do sub-
tem como objetivo estimar o risco de morbimor- cutâneo, a qual se relaciona com o volume de
talidade dos pacientes desnutridos, identificando gordura do organismo12. A espessura das dobras
e individualizando as suas causas e consequências, cutâneas e da circunferência do braço, utilizadas,
com indicação e intervenção mais precisa daqueles respectivamente, para estimar a gordura corporal
pacientes com maior possibilidade de benefi- e a proteína muscular, deve ser usada no paciente
ciar-se do suporte nutricional. Pressupõe, ainda, o grave como forma de monitoração da evolução,
acompanhamento e monitorização da eficácia da sem considerar os valores de referência8.
terapêutica nutricional7.
Quanto ao uso do índice de massa corporal (IMC),
este apresenta desvantagem quando utilizado
Métodos de Avaliação da Composição Corporal para avaliação corporal do estado nutricional em
Diversos métodos estão disponíveis para avalia- pacientes críticos, visto que o peso pode estar
ção da composição corporal. A seleção destes mé- significativamente modificado devido à depleção
todos deverá considerar o objetivo da avaliação, de volume ou de sua sobrecarga, como resultado
nomeadamente se é pretendida uma avaliação de grandes alterações do balanço hídrico em um
global ou de um compartimento específico, as ca- curto período de tempo. Dessa forma o IMC desses
racterísticas da população a avaliar, em particular pacientes estará superestimado ou subestimado,
a idade, a existência de padrões de referência devido à depleção15. A relação entre peso corporal
validados, e a logística inerente ao método8. e mortalidade em pacientes críticos não é clara.
Poucos estudos do IMC em pacientes críticos estão
Existem diferentes parâmetros destinados a disponíveis. Entretanto, alguns estudos sugerem
esta avaliação, como as variáveis antropométri- que a inclusão do IMC em escores preditores de
cas, marcadores bioquímicos e testes funcionais. mortalidade deveria ser considerado15. Em idosos,
Contudo, a aplicação no paciente crítico é limitada o emprego do IMC apresenta limitações em fun-
devido à interferência originária da doença aguda ção do decréscimo de estatura, acúmulo de tecido
ou das medidas terapêuticas sobre os resultados, adiposo, redução da massa corporal magra e di-
afetando assim a interpretação13. minuição da quantidade de água no organismo16.

Para a estimativa da estatura em pacientes críticos, Considerando a avaliação da composição corporal


o método de menor dificuldade é a altura recum- pela antropome tria, com aferição de circunfe-
bente. Outros métodos como a envergadura dos rências e espessuras de dobras cutâneas, esta
braços e a chanfradura esternal também podem apresenta vantagens por ser de fácil execução, ter
ser utilizados, porém, podem ser inviáveis no baixo custo, ser não-invasiva, factível a beira do
paciente crítico com múltiplos acessos venosos leito, permitindo obtenção rápida de resultados
constituindo obstáculos à obtenção da medida. Já fidedignos, entretanto, desde que executada por
a utilização da altura do joelho, embora de fácil profissionais capacitados. Como desvantagem, é
obtenção, encontra limitações uma vez que há incapaz de detectar distúrbios recentes no estado
relatos de que esta seja subestimada em relação à nutricional e identificar deficiências nutricionais
estatura real dos pacientes14. Em pacientes idosos, especificas15. Logo, a variabilidade da calibração
é importante saber que a altura provavelmente é do adipômetro, inconsistência na identificação
menor do que a que ele alcançou no final de sua de local de medição (quando o ponto anatômi-
fase de crescimento. A sua coluna vertebral sofre co correto para a realização das medidas) está
encurtamento por redução da altura das vértebras muitas vezes inacessível devido a queimaduras,
e dos discos intervertebrais e também aumento compressas ou acessos venosos, além da possível

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Alterações na composição corporal em pacientes em UTI

presença de edema generalizado que limitam o integridade da membrana e preditor de massa


desempenho preciso da antropometria18. Pacientes celular corporal. Em virtude dos doentes críti-
graves (pós-trauma, cirurgia ou uma doença aguda) cos apresentarem baixos valores de ângulo de
apresentam uma tendência em reter água e as alte- fase durante o diagnóstico de sepse, o mesmo é
rações no compartimento de água do corpo podem considerado, segundo estudo, como indicador
levar a alterações no peso corporal e serem aferi- evolutivo de prognóstico e preditor de sobrevi-
das erroneamente. O percentual de massa gorda vência no acompanhamento desses doentes20. No
obtida pela medida de dobras cutâneas também entanto, limitações quanto ao uso desse método
pode estar alterado devido a esse edema19. estão relacionadas principalmente a fatores que
alteram o estado de hidratação. Em paciente com
Outros métodos para avaliação do compartimento alteração na distribuição hídrica, a bioimpedância
corporal têm sido utilizados, como apresentado não é indicada para avaliar o estado nutricional,
em um estudo com 170 idosos hospitalizados, que mas sim para acompanhar a sua evolução7. Fatores
teve como objetivo verificar associação entre a cir- como a presença de edema ou retenção hídrica
cunferência da panturrilha com outros indicadores podem prejudicar a acurácia do teste21.
antropométricos como peso, altura, dobras cutâ-
neas e circunferência do braço. A circunferência da Além dos métodos já citados, há ainda uma técnica
panturrilha foi referenciada pelos pesquisadores de avaliação com maior grau de precisão como a
como um indicador sensível de perda de massa absortometria de Raios X de dupla energia (DEXA)
magra entre os idosos. Os autores relatam que que é uma técnica baseada na atenuação de raios
a desnutrição entre pacientes idosos internados em diferentes níveis de energia e permite realizar a
é muito comum e, dependendo do grupo de mensuração corporal total e por segmentos (cabeça,
pacientes estudados, a sua prevalência pode ser tronco e membros). Teoricamente a DEXA avalia o
tão alta quanto 60%. Os idosos perdem massa corpo em 2 compartimentos: tecidos moles e ósseo.
muscular progressivamente17. Contudo, permite inferir a composição corporal
relativa a 3 componentes: massas magra, gorda e
Outra técnica ultimamente utilizada para mensura- mineral óssea. Atualmente, é considerado um mé-
ção da composição corporal é a bioimpedância (BIA), todo de boa precisão e reprodutibilidade na avalia-
um método confiável, não-invasivo, rápido e repro- ção da composição corporal, porém é equipamento
dutível, porém sua utilização na rede pública de saú- sofisticado, que necessita de um local adequado,
de se torna limitada e restrita devido o seu alto custo um avaliador treinado e apresenta custo elevado
no Brasil e burocracias do sistema, como licitações para sua utilização22.
e liberação financeira. Esse método estima o volume
dos fluidos corporais ao medir a resistência a uma Assim, é importante ressaltar que não existe um
corrente elétrica alternada de alta freqüência e baixa teste “padrão ouro” que seja sensível e específi-
amplitude (50 kHz a 500-800 mA), gerada através co para avaliar o estado nutricional do paciente
da condutibilidade dada por eletrodos específicos, crítico, pois as alterações clínicas provocadas pelo
colocados sobre a mão e punho, pé e tornozelo do estresse metabólico limitam a interpretação dos
paciente. Ao determinar a água corporal total, permite vários testes utilizados isoladamente. O ideal é
estimar a massa livre de gordura e o percentual de a combinação de diversos parâmetros na prática
gordura. A BIA pode ser conceituada como a opo- clínica, pois a detecção da desnutrição nas suas
sição total que o corpo oferece à passagem dessa fases iniciais, bem como avaliações periódicas do
corrente elétrica7. A impedância compõe-se de dois estado nutricional são fundamentais para qualquer
tipos de vetores a passagem da corrente: a resistência intervenção nutricional com resultados eficazes23.
resistiva (R) e a resistência capacitiva, denominada
reactância (Xc). Esses vetores quando aplicados em
diferentes protocolos são capazes de determinar a Alterações Metabólicas no Paciente crítico
composição corporal, sendo sensível ao grau de hi- Segundo as diretrizes da Sociedade Européia de
dratação do corpo. Nutrição Clínica e Metabolismo (European Society
for Clinical Nutrition and Metabolism - ESPEN)
Para obtenção dos resultados, utilizando o método é preconizado como paciente crítico aquele que
de bioimpedância, o ângulo de fase (AF), índice desenvolve resposta inflamatória intensa com pelo
gerado pelos vetores da BIA, reflete a contribui- menos uma falência orgânica, ou seja, pacientes
ção de fluídos e membranas celulares do corpo em doença aguda com previsão de necessitar do
humano, sendo interpretado como indicador de suporte para função orgânica por pelo menos três

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Oliveira ACL et al.

dias, excluindo pacientes admitidos apenas para do desequilíbrio hormonal, da presença de hor-
monitoramento21. mônios catabolizantes, mas também das alterações
hemodinâmicas e das membranas celulares que
Os pacientes gravemente doentes são acometidos prejudicam a ligação da insulina aos receptores da
por alterações no metabolismo dos carboidratos, membrana para o transporte de glicose do sangue
lipídios e proteínas. Essas alterações promovem o para o interior das células27.
aumento das necessidades energéticas e catabo-
lismo protéico, e contribuem para alterações no O estudo NICE SUGAR comparou os efeitos
sistema imune e trato gastrointestinal. A resposta de dois métodos para controle glicêmico em
de fase aguda ao estresse é, provavelmente, pacientes críticos. Os pacientes eram aleatoriamen-
designada para produzir energia e substratos para a te designados para receber um controle intensivo
síntese protéica e reparação celular nos tecidos vis- da glicemia, com uma faixa alvo de 81 a 108 mg/
cerais (gastrintestinal, fígado, células imunes etc.) e dl, ou um controle conservador, cujo alvo era de
nos locais acometidos pela doença ou em processo 180 mg/dl ou menos. Dos 6.104 pacientes, 3.010
de cicatrização24. Ativação da proteólise muscular pacientes do grupo intensivo e 3.012 do grupo
com inibição da síntese de proteínas leva à perda conservador puderam ser avaliados, com respeito
de massa muscular e fluxo de aminoácidos livres25. ao desfecho primário, em 90 dias. Os dois grupos
tinham características semelhantes no início do
A UTI assiste aos pacientes em fase aguda de estudo. Hipoglicemia grave (glicemia ≤ 40 mg/dl)
resposta metabólica ao estresse, envolvendo foi relatada em 206 de 3.016 pacientes (6,8%) no
intenso catabolismo, mobilização de proteínas grupo do controle intensivo e 15 de 3014 (0,5%)
para reparo de tecidos lesados e fornecimento no grupo de controle convencional (p < 0,001).
de energia, sobrecarga fluida, intolerância à gli- Não houve diferença significativa entre os dois
cose entre outras alterações. Assim, nos pacientes grupos no número médio de dias em na UTI, no
graves, a depleção nutricional é característica. Os hospital, ou no número médio de dias de venti-
parâmetros antropométricos e bioquímicos sofrem lação ou terapia renal substitutiva. Concluem os
interferência das alterações de distribuição hídrica autores que um controle intensivo de glicemia
e modificação nos processos de síntese e degrada- aumentou a mortalidade entre pacientes adultos
ção de proteínas. As proteínas constitutivas, como de UTI. Um alvo de glicemia menor ou igual a
albumina, transferrina, pré-albumina, têm sua sín- 180 mg/dl foi associado com menor mortalidade
tese reduzida em prol das proteínas de fase aguda, do que outro, de 81 a 108 mg/dl28.
o que dificulta a avaliação e o monitoramento
nutricional26. O músculo esquelético guarda relação com a adap-
tação metabólica ao estresse severo. A resistência
Os pacientes críticos apresentam, como importante muscular à insulina contribui diretamente para o
alteração metabólica, a hiperglicemia induzida por aumento da glicose sanguínea em pacientes críticos.
estresse, que ocorre com freqüência e tem sido A disponinibilidade de insulina e glicose influên-
associada ao aumento de mortalidade e morbida- cia na síntese e degradação da proteína muscular
de. Os mecanismos pelos quais a hiperglicemia e na oxidação de aminoácidos, especialmente de
piora o prognóstico nesses pacientes podem ser cadeia ramificada29. Um estudo demostra que a
relacionados a efeito supressivo na função imuno- hiperglicemia está associada com catabolismo pro-
lógica e ao aumento do risco de infecção, disfun- téico muscular, apesar de uma resposta à insulina
ção endotelial, injúria mitocondrial hepatocitária endógena. Assim, a ação da prevenção do cata-
e a possível isquemia tecidual devido à acidose ou bolismo mediada por normoglicemia envolve a
inflamação24. estimulação de síntese de proteínas no músculo
esquelético e inibição de proteólise em tecidos ex-
A hiperglicemia ocorre decorrente da secreção de tramusccular29.
hormônios catabolizantes (glucagon, catecolami-
nas e glicocorticóides). Mesmo com a oxidação No entanto, observa-se que a terapia nutricional não
de glicose, ocorre um aumento da gliconeogênese é capaz de conter totalmente a depleção da proteína
para atender a demanda de energia associada à re- muscular em pacientes gravemente enfermos, mas a
sistência periférica da ação da insulina que é pouco oferta nutricional adequada, associada aos cuidados
suprimida pela presença de glicose ou infusão de metabólicos, pode minimizar o processo30. Nessa
insulina. A resistência à insulina proveniente da situação ocorre aumento no turnover protéico total,
captação inadequada de glicose surge por meio pois tanto o catabolismo quanto o anabolismo estão

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Alterações na composição corporal em pacientes em UTI

exacerbados. A degradação protéica no músculo es- com imunossupressão, comprometimento da ci-


quelético oferece suporte para o aumento na síntese catrização de feridas, perda da função muscular e,
de proteínas de fase aguda no fígado e fornecimento finalmente, disfunção de múltiplos órgãos, sendo
de aminoácidos para os tecidos e órgãos vitais. Esse que em alguns casos podem conduzir ao óbito32.
fenômeno é essencial para oferecer condições ao A análise da composição corporal é realizada
hospedeiro de suportar o processo do estresse meta- utilizando os métodos usualmente empregados,
bólico e caracteriza o balanço nitrogenado negativo, porém sua aplicação no paciente crítico é limitada
observado freqüentemente nessa situação. Durante devido às alterações na distribuição hídrica o que
o estresse prolongado e intenso, cujo catabolismo afeta a interpretação dos resultados4.
é de difícil controle, a depleção grave nos estoques
orgânicos pode prejudicar a recuperação da doença As alterações do estado nutricional podem surgir
e influenciar negativamente a morbimortalidade dos como conseqüência do inadequado aporte de nu-
pacientes30. trientes, ou como resultado de uma alteração do
metabolismo. Em qualquer um dos casos segue-se
Outro evento adverso refere-se ao desequilíbrio do a redução da massa corporal magra e a subsequen-
balanço entre o anabolismo e catabolismo (redução te perda de estrutura e função dos órgãos e tecidos
da síntese de proteínas da massa magra e acentuado que a compõem. Em ambos os casos, a meta é
catabolismo muscular) que resulta no aumento sé- prevenir que a desnutrição chegue a se converter
rico da uréia, creatinina, amônia e ácido úrico, que em um cofator importante na disfunção orgânica
são excretados, em excesso, na urina. Com a e na morbi-mortalidade9.
progressão da disfunção de múltiplos órgãos, a azo-
temia pré-renal instala-se e o catabolismo protéico A deterioração da massa muscular em paciente
muscular excede largamente o anabolismo hepático grave durante o repouso é causada tanto por di-
e muscular. Nos pacientes incapazes de manter o minuição da síntese de proteína, quanto pelo
“pool” protéico, mesmo a partir da administração de aumento da degradação protéica. As variáveis
aminoácidos exógenos, a mortalidade se apresenta que contribuem para a perda muscular durante o
de forma bastante elevada31. repouso incluem fator de necrose tumoral, glico-
corticóides, espécies reativas de oxigênio e dimi-
Já o metabolismo periférico dos triglicerídios é nuição da síntese de óxido nítrico. Este contribui
afetado em função da enzima lipase lipoprotéica e para a contratilidade e força produzida pelos mús-
da carnitina intramitocondrial, ambas diminuídas culos8. O imobilismo, geralmente presente nos
no paciente crítico. Outra característica do hiper- pacientes internados na UTI, reduz o glicogênio e
metabolismo é a perda da auto-regulação endocri- adenosina trifosfato (ATP); a resistência muscular,
nometabólica, usualmente preservada na desnutri- que pode comprometer a irrigação sanguínea com
ção prolongada. Assim, por exemplo, a infusão de consequente diminuição da capacidade oxidati-
glicose não é capaz de reduzir a neoglicogênese e va; a redução da força muscular associado à falta
a lipólise31. Essas alterações podem produzir inú- de coordenação devido à fraqueza generalizada
meras variantes clínicas, todas de elevada morbida- contribui para a atrofia das fibras musculares tipo I
de, dependendo do fator etiológico e do processo e II, o que resulta em má qualidade do movimento
desencadeante, do estado nutricional prévio do e comprometimento inclusive para desmame da
paciente, do tipo de complicação predominante ventilação mecânica3.
e da qualidade dos cuidados fornecidos. No
paciente acamado, o organismo é menos eficiente A inatividade ou imobilização promovem um
em transformar o excesso calórico em massa gorda, declínio na massa muscular, força e resistência.
principalmente em pacientes idosos, onde a com- Com a total imobilidade, a massa muscular pode
posição corporal modifica com envelhecimento, reduzir pela metade em menos de duas semanas, e
decorrente da tendência em aumentar o tecido associada à sepse, declina até 1,5kg ao dia33. Para
adiposo e a depleção de massa corporal magra13. pacientes internados na UTI é importante observar
que o estresse e hormônios associados ao cortisol,
adrenalina, e glucagon, assim como estados inflama-
Composição Corporal do Paciente Crítico tórios exacerbam a perda das proteínas musculares.
A doença crítica é caracterizada por mudanças Pacientes criticamente enfermos perdem quase 1%
significativas na composição corporal, que incluem da massa corporal magra diária, muito maior do
perda protéica e expansão da água corporal. Essas que a produzida somente pelo repouso8. A deple-
mudanças, quando persistentes, estão associadas ção de massa muscular pode ocorrer em pacientes

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Oliveira ACL et al.

que mantiveram seu peso e a depleção de massa Ainda, para determinar as alterações na com-
magra contribui para o comprometimento do estado posição corporal após o suporte nutricional em
funcional34. Vale ressaltar que a perda de massa pacientes de uma unidade de terapia intensiva,
magra eleva o risco de infecção e de mortalidade, Phang e colaboradores realizaram um estudo
retardando o desmame da ventilação mecânica e prospectivo em 45 pacientes sob ventilação me-
sendo letal quando se aproxima de 40%3. cânica com suporte nutricional por 7 dias, e em
9 pacientes com suporte nutricional durante 3
Os pacientes críticos, em especial os sépticos, semanas ou mais. Os pacientes foram avaliados
apresentam rápidas e significativas variações no na admissão e após 7 dias e 3 semanas do início
peso corporal que pode ser superior a 20%35, atri- do suporte nutricional. Foi detectado que, após
buído principalmente à depleção de massa magra, avaliação da composição corporal pela BIA, no
em especial massa muscular esquelética36. grupo que recebeu suporte nutricional por 7 dias
ocorreu perda significativa do peso corporal e re-
Essas variações foram verificadas em um estudo dução da massa extracelular, porém sem alteração
que avaliou a quantidade de massa muscular e significativa da massa celular corporal e da massa
força perdida em idosos (com idade média de 67 de gordura. Nos pacientes com suporte nutricional
anos), após 10 dias de repouso, as quais foram de 3 semanas ou mais, as mesmas alterações foram
substancialmente maiores do que a perda em observadas36. Esses dados reforçam a idéia de Mai-
adultos jovens. Seria de se esperar que indivíduos cá e colaboradores, no contexto de que a nutrição
mais idosos reduzissem a massa muscular e que o não pode prevenir ou reverter totalmente estas al-
nível de atividade conduziria a menores perdas de terações, tendo papel de suporte em oposição ao
massa muscular. Esse achado destaca a particular papel terapêutico, podendo, contudo, lentificar o
vulnerabilidade dos pacientes idosos, criticamente processo de catabolismo protéico7.
doentes, à atrofia muscular8.
Além desses estudos, um relato de caso com 2
Pichard e colaboradores também observaram em pacientes adultos internados na UTI de um hospital
um estudo realizado no Hospital Universitário de universitário submetidos à ventilação mecânica in-
Genebra, com pacientes internados por razões mé- vasiva prolongada, objetivou-se mostrar os efeitos
dicas e cirúrgicas (n = 995) e associaram a depleção de um programa de treinamento músculo-esque-
de massa magra na admissão hospitalar ao aumento lético, tendo como parâmetros de análise a rela-
do tempo de internação. A avaliação da composição ção entre a avaliação nutricional e a musculatura
corporal foi determinada por análise de BIA, sendo esquelética. A avaliação nutricional (peso, altura,
realizada no prazo de 3 horas após a admissão e após IMC e CB) foi realizada desde a internação até a
12 dias de internação. Na análise houve aumento do alta hospitalar. Os achados evidenciaram decrés-
índice de massa gorda e redução do índice de massa cimo do peso, da CB e do IMC entre a fase de
magra, porém não houve diferença significativa no internação e alta da UTI (11 dias caso 1 e 19 dias
IMC. A diminuição da massa magra foi observada caso 2). Apenas no caso 2 houve aumento da cir-
em 37% dos pacientes hospitalizados no 1.° dia de cunferência do braço nesse período, podendo ser
internação, com aumento para 55,6% dos pacientes explicado pelo edema decorrente do acúmulo de
hospitalizados por mais de 12 dias, mostrando que líquidos, já que o mesmo apresentava doença renal
um baixo índice de massa magra está relacionado crônica, não sendo citada pelo autor a presença
com o aumento no tempo de internação34. de diálise3.

Em outro estudo, realizado por Plank e E por fim, em um estudo realizado com 45
colaboradores, foi avaliada a composição corporal pacientes hospitalizados, com objetivo de avaliar
durante 10 dias em 12 pacientes internados na alterações na composição corporal de pacientes
unidade de terapia intensiva do Hospital de Auck- idosos após 1 semana de internação por fraturas
land localizado na Nova Zelândia. Utilizando de fêmur proximal, foram aferidas área muscular
a absortometria por dupla emissão de raios-X do braço, DCT entre outras. Os dados encontrados
(DEXA), observaram uma perda de peso corporal mostraram redução das variáveis, com diferen-
importante, em média 10,2kg e uma perda de ça significativa do perímetro médio do braço
massa magra de 1,4kg. As alterações da massa (0,73cm) e espessura da DCT (1,41mm)37.
gorda não foram estatisticamente significativas.
Houve redução significativa da água corporal,
correspondendo a 8,4 ± 0,9kg32.

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Alterações na composição corporal em pacientes em UTI

CONCLUSÃO

A importância da nutrição, no paciente crítico, aumento da morbimortalidade e desenvolvimento


baseia-se no conhecimento das implicações fisio- da síndrome de disfunção de múltiplos, no entanto,
lógicas da desnutrição, manutenção do peso e a não há estudos comprovando categoricamente está
preservação da massa magra, a fim de garantir ou associação.
melhorar o seu estado nutricional com o mínimo
de complicações metabólicas. Vários são os métodos de avaliações nutricionais
utilizados na prática clínica, porém não existe um
Os principais fatores que contribuem para a de- consenso de qual mais apropriado quando se trata
pleção acentuada de massa magra são: hiperme- de paciente grave. O uso da BIA nesses pacientes
tabolismo, imobilidade, alterações na composi- necessita de estudos mais específicos para possível
ção corporal, incluindo perda protéica e expan- validação de seu uso em terapia intensiva. Neste
são da água corporal, ocasionando imunossu- contexto, faz-se necessário o desenvolvimento de
pressão, comprometimento da cicatrização de mais estudos para verificação dos métodos mais
feridas e perda da função muscular, fatores estes práticos e adequados para avaliação da composição
que parecem estar intimamente relacionados ao corporal do paciente crítico.

Com. Ciências Saúde. 2011; 22(4):367-378 375


Oliveira ACL et al.

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