Dentro de uma sala de aula é possível ver alunos que se destacam por serem inquietos,
outros mais esforçados ou ainda tímidos. Esses traços irão depender de diversos
fatores e se vão se tornando nítidos para os professores através do convívio diário. Ao
contrário do que muitos pensam, esse perfil não é aleatório e pode até ser moldado
de acordo com a educação recebida.
Não existe uma estratégia única para tratar os casos de indisciplina, por exemplo, e,
portanto, é fundamental que o professor avalie cada situação individualmente e
perceba as singularidades entre os estudantes.
É preciso traçar estratégias que tenham uma proposta convidativa para a interação
entre o aluno e o professor. Ter um discurso que conquiste o interesse do grupo de
alunos, ajuda na construção do conhecimento e, consequentemente, na redução da
indisciplina na escola.
b) enrolação – o tempo de atenção do ser humano está relacionado a sua idade, são
90 segundos para cada ano de vida. As capacidades de conexões neurológicas são
bem maiores na infância do que no decorrer da idade, por isso nessa fase a
necessidade de estímulos é bem relevante. Mas é preciso ter cautela e saber
administrar essa aprendizagem, buscando mais do que a quantidade de saberes,
manter a qualidade desse ensino, pois quando algo é sentido como sobrecarga, o
indivíduo se vê em um momento estressante.
Por que você acredita que há motivação em apresentar esse comportamento: será
que é porque esse aluno tem dificuldades e ao iniciar a lição ele não saberá como
executá-la?
Será que esse aluno por ter certa dificuldade fica envergonhado de pedir ajuda então
ele adotou esse comportamento inadequado como uma forma de desviar a atenção
do baixo desempenho acadêmico dele, para o comportamento que ele faz?
Deste modo, é válido desenvolver uma estratégia para atender as necessidades que
seu aluno está expressando através do comportamento apresentado. Esta estratégia
envolve ajudar os alunos a encontrarem novos comportamentos que satisfaçam as
necessidades que estão sendo buscadas, ou pode envolver também o professor alterar
sua abordagem de ensino e relacionamento com esses alunos objetivando levá-
los a alcançar a realização dessas necessidades.
Foco na comunicação
É muito importante compreender o que o estudante sente e por que ele está tão
desinteressado pelos conteúdos, preferindo não respeitar as regras. Portanto,
conceder a oportunidade de fala a essas crianças é fundamental. Isso faz com que elas
se sintam valorizadas e estimula a cooperação entre professor e aluno — afinal, ambos
trabalham juntos na construção do conhecimento. Essa oportunidade de fala não deve
ficar restrita à discussão dos conteúdos escolares. Deve considerar também a voz para
falar sobre as relações entre os alunos e entre alunos e professores. Uma sugestão é
propor assembleias de classe, em que o grupo pode falar sobre as relações entre os
amigos, sobre o que incomoda na classe e sobre soluções para o cotidiano, por
exemplo. Nesses momentos, os alunos que podem parecer os mais indisciplinados em
aula, podem trazer possíveis soluções para melhorar as relações em aula, e ser
valorizado por isso. Essa valorização pode colocá-lo em outro lugar na aula. Tudo isso
serve de incentivo prático ao engajamento desses alunos, valorizando sua autonomia
e integração. Vale lembrar, por fim, que esse diálogo precisa se estender ainda aos
pais e familiares. Conversar com eles também lhe ajudará na compreensão do
problema e na busca de soluções adequadas.
Foco em tecnologia
Neste ponto, é importante deixar claro: quando falamos de foco em tecnologia, isso
não significa somente a adoção de ferramentas modernas que os estudantes já
utilizam, mas sim a adesão a iniciativas e práticas inovadoras, orientadas a tirar o
melhor proveito das novas tecnologias. Em outras palavras, trata-se de utilizar da
melhor forma o que já está disponível, mas com estratégias desafiadoras, que atraiam
o aluno para a posição de protagonista do próprio aprendizado. A gamificação é uma
ferramenta eficaz nesse sentido. Com o estímulo à solução de problemas e à
superação de etapas para chegar a um objetivo final, envolvendo storytelling
(habilidade de contar histórias utilizando enredo elaborado, narrativa envolvente, e
recursos audiovisuais) e feedbacks, os alunos podem desenvolver mais interesse e
empenho pelas atividades escolares — sem que, para isso, seja preciso abandonar a
profundidade do aprendizado.
Sugestão:
Um manual de direitos e deveres: cada turma irá realizar a construção conjunta entre
professor e alunos alguns combinados, acordos e contratos. Ao traçar as regras de
convivência, é fundamental que o professor estimule a participação dos alunos
envolvidos, pois isso tende a fazer com que eles entendam as normas que regem o
espaço e as relações em que estão inseridos.
Falamos de estratégias para serem feitas em sala, mas também vale a pena tentar
evitar as três estratégias a seguir. Você descobrirá uma incrível capacidade natural de
se conectar e influenciar seus alunos mais difíceis, abrindo caminho para uma melhoria
genuína e transformadora.
Intimidação
Tentar convencer os alunos a se comportarem, dizer o que eles devem pensar e sentir,
e forçar uma explicação de porque eles se comportaram mal geralmente gera
desconforto e irritação. Tirar o aluno da sala e exigir que ele fale sobre o acontecido
causa a construção de muros fortificados, atrás dos quais ele vai papaguear o que você
quer ouvir, tornar-se argumentativo e desrespeitoso, ou até calar-se completamente.
Para uma melhoria duradoura, o aluno precisa ter a oportunidade de refletir sobre o
mau comportamento, assumir a responsabilidade e resolver fazer tudo isso sozinho,
por conta própria. Seu trabalho é ser um líder o qual eles confiam, respeitam e
acreditam.
Submissão
Sonhos: conhecer os interesses, anseios e/ou o projeto de vida dos seus alunos e
apoiá-los a alcançar seus objetivos.
Tempo Integral: considerar o estudante durante todo o tempo em que está na escola
e não apenas na sua sala de aula.
Cumplicidade: conhecer as famílias de seus alunos, dialogar com elas e criar vínculos
para fortalecer o seu desenvolvimento integral.
Aprendizagem: admitir que pode errar e aprender enquanto ensina, inclusive com
seus alunos.
Tipos de professores
• Liberais – convictos (não vou reprimir) ou demissionários (vou dar aulas para
quem quiser assistir).
• Bem resolvidos – Intuitivos (Não sei o que faço, só sei que dá certo) ou
consciente (Meu trabalho é fundamentado no seguinte).
• Desesperados – (Não sei mais o que fazer) Em vias de desistir (assim não vai
dar mais).
O professor não pode esquecer que, antes de mais nada que é um agente
cultural, um pesquisador e um contínuo aprendiz. Como disse Guimarães Rosa:
“Professor é quem, de repente, aprende”, e em sua prática escolar ficam alguns
desafios, tais como:
A criança dessa idade é impulsiva e não entende o significado social do furto, ainda
mais de coisas de pouco valor, como uma borracha. Por vezes, pega algo e não sabe
como devolver. Diante disso, tendemos a usar ameaças para que o objeto seja
restituído, além de punições. Porém, essas são oportunidades para ajudar o aluno a
considerar as consequências de seus atos e desenvolver a autorregulação. Chame-o
para conversar, descreva o ocorrido e pergunte como ele se sente possuindo o objeto,
mas podendo ser visto como alguém que pega o que não é seu. Mais importante do
que castigar é usar o conflito para o aprendizado da necessidade das regras nas
relações.
Observe se o aluno está confortável com a maneira como é chamado. Nem todo
apelido deve ser evitado. Muitas vezes, a criança até prefere ser tratada daquela forma.
Se não for esse o caso, cabe intervir. Alguns estudantes têm dificuldades de identificar
os sentimentos do outro e, por isso, apelidos pejorativos são comuns. O professor não
pode ser omisso. É necessário um planejamento voltado à melhoria das relações
interpessoais, ao convívio com as diferenças e ao respeito à dignidade. Atente também
à forma como você trata a meninada, evitando zombarias e nomes pejorativos ou
jocosos.
Tendemos a minimizar o motivo do choro com expressões como "isso não é nada".
Assim, negamos o que o pequeno sente, fazendo com que chore mais. Nesse
momento, procure acolhê-lo e reconhecer o sentimento dele descrevendo o que
aconteceu. Peça que se acalme para contar o ocorrido. É preciso ensiná-lo a se
expressar de outros modos. Quando ele faz birra, mostre que não conseguirá o que
quer, pois isso deixa os outros irritados, sem querer atendê-lo. Incentive-o a pedir
educadamente, sem gritar ou ordenar.
Existem muitas situações em que a ansiedade pode estar presente. Analise se a rotina
de aula não está contribuindo para o problema ao deixá-los muito tempo sem fazer
nada. Inclua todos no planejamento de atividades para que saibam as etapas com
antecedência. Demonstre empatia, usando linguagem descritiva: "Percebo que você
quer contar sua ideia, espere só mais um pouco. Assim que seu colega terminar, será
sua vez". Assim, os mais ansiosos identificam seus sentimentos e, aos poucos,
desenvolverem mecanismos de autocontrole. Por fim, evite rótulos e críticas, pois só
pioram a situação.
Como agir se uma criança inventa coisas que a professora teria falado?
É preciso considerar que alguns alunos são introspectivos sem que esse
comportamento interfira em seu aprendizado e sua socialização. De qualquer forma,
a criança que pouco interage precisa de intervenções construtivas. Ela considera
demais o juízo do outro, mas no íntimo quer ser valorizada e reconhecida. Evite expô-
la para que se sinta segura. Valorize as tentativas de participação, descrevendo
fatos: "Interessante, não tinha pensado nisso. Explique melhor a sua ideia". Atividades
em pequenos grupos e jogos cooperativos também ajudam na interação.
Em geral, esse aluno é mais inseguro e tem dificuldade em regular seus impulsos
quando frustrado, usando a agressividade como defesa. Portanto, o primeiro passo é
fazê-lo se sentir querido e aceito, apesar de seu comportamento. Conhecê-lo melhor
também ajuda a identificar os gatilhos dos ataques e, assim, agir para preveni-los. Se
você perceber que ele bate porque se sente injustiçado, por exemplo, procure sempre
explicar as regras de forma clara e aplicá-las com coerência. Trate todos com respeito
e evite tomar partido em situações de conflito. Caso a agressão seja decorrente da
dificuldade dele em realizar uma atividade, adeque o nível da tarefa e o acompanhe
no processo. Durante as crises, não desvalorize ou recrimine os sentimentos da criança.
Em vez disso, contenha-a e fale que você quer ouvi-la quando ela se acalmar. Também
é essencial manter o autocontrole para que ela veja em você alguém capaz de ajudá-
la. Na conversa, evite julgamentos, acusações e ironias. Sugira que pensem juntas em
outras formas de ela mostrar o que quer ou sente, sem usar a agressão. Valorize as
ocasiões em que o aluno estiver calmo passando momentos prazerosos com ele, com
jogos e conversas. Se puder contar com a família, compartilhe com ela o que está
sendo feito. Avalie a evolução dela para saber se a intervenção de um psicólogo é
necessária.
As ações das meninas são menos expansivas e agressivas do que as dos meninos. As
manifestações entre elas podem ser fofocas, boatos, olhares, sussurros, exclusão. As
garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se
sente culpada.
A exclusão é uma grande causa de conflitos nessa faixa etária. Organize grupos
pequenos de brincadeiras, inserindo a aluna excluída. Proponha jogos cooperativos e
atividades em duplas, para favorecer as interações. Nessa convivência, os sentimentos
iniciais de antipatia podem se transformar em simpatia. Reflita com a estudante sobre
as reações dela e outras formas de lidar com o problema. Trabalhe com o grupo a
importância de as brincadeiras integrarem a todos, ajudando-as a pensar em como
fazer isso.
Muitos problemas de disciplina têm relação com a falta de uma boa dinâmica escolar.
É preciso organizar a rotina de forma que os pequenos não fiquem esperando sem
fazer nada. Ofereça tarefas diversificadas, como faz de conta e pintura, e permita que
eles escolham quais realizar. Atividades coletivas, como a roda da conversa, devem ser
breves e dinâmicas; e as regras, poucas e realmente necessárias. As crianças também
não conseguem combinar normas. Então, diga claramente o que elas devem ou não
fazer. Por exemplo: "As carteiras não foram feitas para se desenhar nelas. Faça isso no
papel ou no quadro"
Por ser uma agressão em forma de brincadeira, a ironia dificulta a defesa do atingido,
pois o zombador pode acusá-lo de não ter senso de humor ou alegar que não queria
chateá-lo. Avalie se a forma como você trata os alunos incentiva essa atitude. Evite
lições de moral e use o bom humor. Caso o problema seja coletivo, discuta-o com
todos para que reflitam sobre como se sentem quando são o alvo. Se for algo
individual, esclareça que os pontos de vista do aluno são importantes, mas estão sendo
colocados de modo inadequado. Convide-o a se expressar de outra maneira.
AUTOAVALIAÇÃO
____ Conheço os diferentes tipos de alunos que tenho e levo isso em consideração
ao planejar
____ Comunico claramente minhas expectativas de Gestão de Sala de Aula aos meus
alunos.
____ Tomo medidas corretivas quando as regras de sala de aula são violadas.
____ Meus alunos sabem o que fazer quando terminam uma tarefa.
____ Não costumo perder tempo de ensino para resolver problemas de disciplina.
____ Estimulo meus alunos a resolver seus problemas interpessoais sem a ajuda do
professor.
____ Meus alunos ajudam uns aos outros a lidar com problemas.
1. Faça Perguntas
“O que aconteceu?”, “E agora, como vai resolver isso?”, “O que acha que você fez que
provocou isso?”, “O que aprendeu com isso?”. É provável que, nas primeiras vezes que
implemente esta ferramenta, as crianças contestem “não sei”, porque estão
desconcertados sobre a nova forma como você atua quando eles passam do limite.
Então, se lhe responde com um “não sei”, você simplesmente diz: “Você é bom
resolvendo problemas. Por que não pensa um momento e logo retomamos para que
me conte suas conclusões?”.
Quando o aluno estiver em negação e não fizer caso a você, evite entrar em luta de
poderes para tratar de obrigá-lo, porque isso pode ser muito desgastante e se tornar
um círculo vicioso. Em muitas ocasiões, é muito efetivo dizer-lhe o que você fará no
lugar de obstinar-se em que ele cumpra uma ordem nesse mesmo instante. Por
exemplo, “Se não juntar os brinquedos assim que brincar, tal como combinamos, eu
os recolherei e ficarão guardados por um dia.” “Se não concluir toda a atividade, irei
considerar apenas a parte que você fez’’.
“Estou muito chateada pelo que você acaba de fazer e gostaria de contar com sua
ajuda para solucioná-lo.”
Diga: “Estou seguro de que você pode pensar em uma solução útil para resolver este
problema. Confio em você.”.
5. Motive o respeito
Fomente o respeito, dizendo ao aluno: “Sei que pode dizer o mesmo de maneira
respeitosa, não responderei a esses modos”.
Aplique o tempo fora positivo dizendo: “Estou muito chateado com o que acaba de
fazer, mas como me importo com você, esperaremos até que estejamos calmos para
ser respeitosos e continuar com essa conversa”.
As crianças (e todos os indivíduos) estão mais dispostos a refletir sobre seus atos
quando lhes dão a possibilidade de tentar algo novamente, no lugar de serem
humilhados pelo que fizeram. Portanto, se o aluno faz algo que você não gosta,
convide-o a fazer algo útil para a sala como forma de se recuperar de seu erro.
11. Seja um exemplo congruente
Se o que está tratando de pedir ao seu aluno é que se acalme e reconsidere suas
ações, não poderá fazê-lo desde a raiva ou a ira que sente pelo que ele fez. Você
deverá primeiro se acalmar e pensar para saber que lhe dirá ou como agirá.
Por exemplo, depois de uma birra, já na etapa da calma, convide seu aluno para
conversar sobre o que ocorreu. Mostre-lhe quais são as formas corretas de fazer ou
de pedir as coisas. Conforme vá crescendo, incorporará essa aprendizagem.
Nesse tipo de dinâmica, o foco está no engajamento dos estudantes às regras de boa
convivência e bom funcionamento em sala de aula.
Essa dinâmica busca desenvolver empatia, solidariedade e criar redes de apoio dentro
dos grupos.