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Comportamento e engajamento em sala de aula

Todas as pessoas, e nisso, incluem nossos alunos, possuem um perfil psicológico e


emocional complexo, envolvendo diversas características de personalidade. É claro que
todas elas podem e provavelmente irão se transformar ao longo da vida. Ainda assim
existem alguns traços que se tornam mais marcantes em determinados momentos.
Com os tipos de alunos na escola, não é diferente.

Dentro de uma sala de aula é possível ver alunos que se destacam por serem inquietos,
outros mais esforçados ou ainda tímidos. Esses traços irão depender de diversos
fatores e se vão se tornando nítidos para os professores através do convívio diário. Ao
contrário do que muitos pensam, esse perfil não é aleatório e pode até ser moldado
de acordo com a educação recebida.

Não existe uma estratégia única para tratar os casos de indisciplina, por exemplo, e,
portanto, é fundamental que o professor avalie cada situação individualmente e
perceba as singularidades entre os estudantes.

É preciso traçar estratégias que tenham uma proposta convidativa para a interação
entre o aluno e o professor. Ter um discurso que conquiste o interesse do grupo de
alunos, ajuda na construção do conhecimento e, consequentemente, na redução da
indisciplina na escola.

Mas também é interessante que o professor se coloque no lugar do aluno em alguns


momentos. Além de planejar e contextualizar sua aula, é preciso ter ganchos de
conexão e empatia para ganhar o coração do aluno e incluir a questão do emocional
e afetivo no ensino.
Entendendo alguns fatores que favorecem a indisciplina em sala de aula

a) desorganização – existem pessoas que não aprendem com o mesmo rendimento


quando não há organização no local de estudo. A desorganização estressa não só
adultos, mas as crianças também. Essa frase faz referência à importância de um
planejamento bem elaborado, com rotinas bem estruturadas, por isso, para viver um
ambiente harmonioso é necessário manter a organização tanto ambientalmente
quanto das aulas em si.

b) enrolação – o tempo de atenção do ser humano está relacionado a sua idade, são
90 segundos para cada ano de vida. As capacidades de conexões neurológicas são
bem maiores na infância do que no decorrer da idade, por isso nessa fase a
necessidade de estímulos é bem relevante. Mas é preciso ter cautela e saber
administrar essa aprendizagem, buscando mais do que a quantidade de saberes,
manter a qualidade desse ensino, pois quando algo é sentido como sobrecarga, o
indivíduo se vê em um momento estressante.

c) observação – os alunos precisam sentir a afetividade, atenção. Afeto é uma atitude,


e não somente um sentimento, portanto a observação por si só não provoca mudança,
é necessário que transforme, podendo causar mudança não somente para o lado
positivo, mas também negativo quando as atitudes não causam sentimentos de
acolhida por parte do aluno.

d) diálogo – da mesma forma que precisam compreender, precisam ser


compreendidas;
A questão fundamental para a gestão da disciplina vem da teoria de que todo
comportamento tem uma motivação por trás dele. Apesar dos problemas de
comportamento parecerem diferentes, muitas vezes, os motivos por trás deles são um
só. Aqui estão algumas das motivações mais comuns por trás de problemas de
comportamento em sala de aula:

• Para chamar a atenção de seus colegas;


• Para chamar a atenção dos adultos;
• Para pertencer a um grupo;
• Para obter uma recompensa tangível;
• Para evitar a realização de um trabalho ou uma atividade indesejável;
• Para evitar o fracasso (por não tentar);
• Para controlar e ganhar um sentido de poder (praticando bullying, ou sendo
desafiador);
• Para auto-estimular (quando as atividades são mais lentas e o aluno está
entediado);
• Para obter o reconhecimento do grupo;

Por exemplo, se o aluno começa a apresentar determinado comportamento toda vez


que o grupo se prepara para iniciar as lições e você acredita que esse aluno apresenta
este problema de comportamento porque pretende evitar fazer as lições, então pense:

Por que você acredita que há motivação em apresentar esse comportamento: será
que é porque esse aluno tem dificuldades e ao iniciar a lição ele não saberá como
executá-la?

Será que esse aluno por ter certa dificuldade fica envergonhado de pedir ajuda então
ele adotou esse comportamento inadequado como uma forma de desviar a atenção
do baixo desempenho acadêmico dele, para o comportamento que ele faz?

Deste modo, é válido desenvolver uma estratégia para atender as necessidades que
seu aluno está expressando através do comportamento apresentado. Esta estratégia
envolve ajudar os alunos a encontrarem novos comportamentos que satisfaçam as
necessidades que estão sendo buscadas, ou pode envolver também o professor alterar
sua abordagem de ensino e relacionamento com esses alunos objetivando levá-
los a alcançar a realização dessas necessidades.

Alguns exemplos de ideias de como fazer com que o próprio problema de


comportamento aponte qual intervenção utilizar:

• Se os problemas de comportamento ajudam os alunos a chamar sua atenção,


instruí-los sobre os comportamentos adequados que podem usar para chamar
sua atenção. Defina as consequências para os problemas de comportamento
inadequados e reforce os comportamentos esperados.

• Se o problema de comportamento ajuda o aluno a esquivar-se da tarefa,


porque a atividade é indesejável, então junto da tarefa acrescente uma
recompensa desejável (selecionado pelos alunos) de modo que os instigue a
fazerem um esforço extra para obtê-la.

• Se o problema de comportamento ajuda o aluno a não realizar a tarefa (devido


ao medo do fracasso), então ensine-o a ser resiliente, motive-o a prosseguir
mesmo perante os erros, celebre e reconheça seus avanços e realizações. No
início aceite trabalhos e tarefas parcialmente concluídos.

• Se o problema de comportamento ajuda o aluno a chamar a sua atenção (do


professor), então utilize técnicas para dar ao aluno mais atenção para o
comportamento positivo e menos atenção para o problema de
comportamento (pratique a ‘’ignoração’’ planejada).

• Se o problema de comportamento faz com que o aluno nunca execute nada


dentro da sala de aula (por causa das suas dificuldades acadêmicas) então
levante dentro da escola e fora dela, em quais programas de apoio, projetos,
esse aluno poderá ser encaminhado de modo que possa ser auxiliado em suas
defasagens.
• Se o problema de comportamento do seu aluno faz com que ele ganhe uma
sensação de poder, então canalize essa predisposição de liderança para que
esse aluno possa alcançar esta mesma sensação executando atividades que
sejam positivas e proveitosas para o grupo.

• Se o problema de comportamento auxilia o aluno a obter a atenção do grupo


então possibilite outras formas em que ele possa obter esta atenção de forma
dirigida e planejada por você e não mais por ele.
Como engajar esses alunos?

Foco na comunicação

É muito importante compreender o que o estudante sente e por que ele está tão
desinteressado pelos conteúdos, preferindo não respeitar as regras. Portanto,
conceder a oportunidade de fala a essas crianças é fundamental. Isso faz com que elas
se sintam valorizadas e estimula a cooperação entre professor e aluno — afinal, ambos
trabalham juntos na construção do conhecimento. Essa oportunidade de fala não deve
ficar restrita à discussão dos conteúdos escolares. Deve considerar também a voz para
falar sobre as relações entre os alunos e entre alunos e professores. Uma sugestão é
propor assembleias de classe, em que o grupo pode falar sobre as relações entre os
amigos, sobre o que incomoda na classe e sobre soluções para o cotidiano, por
exemplo. Nesses momentos, os alunos que podem parecer os mais indisciplinados em
aula, podem trazer possíveis soluções para melhorar as relações em aula, e ser
valorizado por isso. Essa valorização pode colocá-lo em outro lugar na aula. Tudo isso
serve de incentivo prático ao engajamento desses alunos, valorizando sua autonomia
e integração. Vale lembrar, por fim, que esse diálogo precisa se estender ainda aos
pais e familiares. Conversar com eles também lhe ajudará na compreensão do
problema e na busca de soluções adequadas.

Esclarecimento dos pontos positivos

Os professores devem esclarecer quais habilidades serão desenvolvidas e quais são os


pontos positivos associados a elas, de forma a convencer os alunos acerca dos
objetivos de cada assunto e da experiência da sala de aula, como um todo. O ideal é
que isso seja aplicado a cada atividade proposta, especificamente, para que o
estudante tenha sempre clareza de onde deve chegar e dos usos efetivos daquilo que
ele está aprendendo. Dar sentido ao aprendizado.
Aplicação do conteúdo

Este tópico está relacionado ao anterior: é fundamental que as instituições foquem em


formas de fazer os estudantes lerem o próprio mundo a partir do que é ensinado em
sala de aula. Assim, tudo fica mais interessante, pois eles entendem — de forma prática
e dentro do contexto em que elas vivem — como determinado conceito ou
componente curricular é indispensável à sua formação.

Foco em tecnologia

Neste ponto, é importante deixar claro: quando falamos de foco em tecnologia, isso
não significa somente a adoção de ferramentas modernas que os estudantes já
utilizam, mas sim a adesão a iniciativas e práticas inovadoras, orientadas a tirar o
melhor proveito das novas tecnologias. Em outras palavras, trata-se de utilizar da
melhor forma o que já está disponível, mas com estratégias desafiadoras, que atraiam
o aluno para a posição de protagonista do próprio aprendizado. A gamificação é uma
ferramenta eficaz nesse sentido. Com o estímulo à solução de problemas e à
superação de etapas para chegar a um objetivo final, envolvendo storytelling
(habilidade de contar histórias utilizando enredo elaborado, narrativa envolvente, e
recursos audiovisuais) e feedbacks, os alunos podem desenvolver mais interesse e
empenho pelas atividades escolares — sem que, para isso, seja preciso abandonar a
profundidade do aprendizado.

Esclarecimento da importância das regras

Também é preciso evidenciar a importância das regras existentes na instituição. Elas


podem ser morais — as que estabelecem limites éticos para o convívio social — ou
regras de conduta, como a determinação de uniformes, por exemplo. Para todas elas
há um motivo, e o aluno precisa entendê-las para ter por que as seguir. A necessidade
de ordem é algo importante e que deve ser ensinado para as crianças, pois será exigido
ao longo da vida adulta. Inclusive, isso está relacionado à nossa primeira dica: a família
e a instituição precisam ter um diálogo aberto, para agir em conjunto no
esclarecimento dos alunos quanto aos seus direitos e deveres.

Sugestão:

Um manual de direitos e deveres: cada turma irá realizar a construção conjunta entre
professor e alunos alguns combinados, acordos e contratos. Ao traçar as regras de
convivência, é fundamental que o professor estimule a participação dos alunos
envolvidos, pois isso tende a fazer com que eles entendam as normas que regem o
espaço e as relações em que estão inseridos.

Falamos de estratégias para serem feitas em sala, mas também vale a pena tentar
evitar as três estratégias a seguir. Você descobrirá uma incrível capacidade natural de
se conectar e influenciar seus alunos mais difíceis, abrindo caminho para uma melhoria
genuína e transformadora.

Intimidação

Qualquer estratégia que busque assustar ou intimidar os alunos a se comportarem


melhor vai causar o resultado contrário que o esperado. Embora gritar, ameaçar e
repreender possa resultar em melhoria imediata, sua natureza ofensiva garantirá que
seja apenas temporária. Seu uso fará com que os alunos não gostem muito de você,
o que prejudicará seus esforços para construir relacionamentos influentes com eles.
Assim, eles não irão confiar em você, nem os ouvir e nem se importar com o que você
tem a dizer. E eles irão ter uma tendência em comportar-se mal quando você virar as
costas.
Persuasão

Tentar convencer os alunos a se comportarem, dizer o que eles devem pensar e sentir,
e forçar uma explicação de porque eles se comportaram mal geralmente gera
desconforto e irritação. Tirar o aluno da sala e exigir que ele fale sobre o acontecido
causa a construção de muros fortificados, atrás dos quais ele vai papaguear o que você
quer ouvir, tornar-se argumentativo e desrespeitoso, ou até calar-se completamente.

Para uma melhoria duradoura, o aluno precisa ter a oportunidade de refletir sobre o
mau comportamento, assumir a responsabilidade e resolver fazer tudo isso sozinho,
por conta própria. Seu trabalho é ser um líder o qual eles confiam, respeitam e
acreditam.

Submissão

Desistir dos alunos difíceis e ignorar algumas vezes comportamentos inadequados


passa a mensagem que você não se importa, que pensa que eles estão além da
esperança e que tentar ajudá-los não valem a pena. Esta é uma mensagem
devastadora que leva a um comportamento mais frequente e mais grave e a um
buraco ainda mais profundo para sair. Mantê-los em um padrão de comportamento
que eles precisam para ter sucesso na escola é a coisa mais compassiva que você pode
fazer por eles. E quando você oferece perdão de braços abertos e reconhece que eles
estão tentando mudar, é possível abrandar o mais duro dos corações.

Todas as três estratégias acima aprofundam a alienação e a diferença que os alunos


sentem. Elas causam ressentimento, desconfiança e uma maior compulsão por se
comportar mal.
Papel dos professores

Em uma escola de educação integral, a equipe de professores identifica as expectativas


e necessidades de desenvolvimento integral dos seus estudantes e propõe ou articula
oportunidades educativas capazes de atendê-las.

Assim, cabe ao professor:

Coerência: atuar em sintonia com o Projeto Político Pedagógico da escola,


compreendendo seu papel e cumprindo suas metas.

Integralidade: compreender o estudante de forma integral, buscando identificar suas


necessidades de desenvolvimento no nível intelectual, físico, emocional, social,
cultural.

Reconhecimento: conhecer a realidade do aluno, da sua família e da comunidade em


que a escola e estes estudantes estão inseridos.

Empatia: acolher as diferenças, reconhecendo que cada estudante é único, aprende


de uma forma diferente e vive em um contexto próprio.

Sonhos: conhecer os interesses, anseios e/ou o projeto de vida dos seus alunos e
apoiá-los a alcançar seus objetivos.

Tempo Integral: considerar o estudante durante todo o tempo em que está na escola
e não apenas na sua sala de aula.

Cumplicidade: conhecer as famílias de seus alunos, dialogar com elas e criar vínculos
para fortalecer o seu desenvolvimento integral.

Trilhas: construir roteiros educativos que integrem disciplinas tradicionais com


atividades complementares, saberes acadêmicos e populares.
Colaboração: trabalhar de forma colaborativa com outros professores da
escola, criando comunidades de aprendizagem para compartilhar desafios e propor
estratégias articuladas que respondam às demandas do desenvolvimento integral.

Relacionamento: estabelecer uma relação mais igualitária e dialógica com seus


alunos, reconhecendo seus saberes e legitimando a sua capacidade de contribuição
com seu próprio processo de desenvolvimento.

Mediação: ser um mediador, facilitador e articulador do conhecimento, provocando


o aluno a aprender a partir de seus próprios questionamentos.

Pesquisa: convidar o estudante a perceber a realidade como objeto de estudo.

Protagonismo: promover o protagonismo do aluno como autor e proponente do seu


próprio processo pedagógico.

Participação: colaborar com a equipe gestora no sentido de apontar necessidades de


infraestrutura, propor projetos e ações inovadoras e se envolver com atividades do
programa que extrapolem a sua sala de aula.

Acompanhamento: avaliar continuamente os processos de ensino-aprendizagem, em


conjunto com seus estudantes, estimulando que reconheçam o que precisam fazer
para alcançar seus objetivos individuais e coletivos.

Aprendizagem: admitir que pode errar e aprender enquanto ensina, inclusive com
seus alunos.
Tipos de professores

• Liberais – convictos (não vou reprimir) ou demissionários (vou dar aulas para
quem quiser assistir).

• Autoritários – não importa como, mas impõe ordem, mesmo em prejuízo à


aprendizagem.

• Comprometidos – Como enfrentar o problema? Como superá-lo?

• Bem resolvidos – Intuitivos (Não sei o que faço, só sei que dá certo) ou
consciente (Meu trabalho é fundamentado no seguinte).

• Acusadores – (Os pais são responsáveis. É o sistema e a direção que nada


faz.).

• Desesperados – (Não sei mais o que fazer) Em vias de desistir (assim não vai
dar mais).

O professor não pode esquecer que, antes de mais nada que é um agente
cultural, um pesquisador e um contínuo aprendiz. Como disse Guimarães Rosa:
“Professor é quem, de repente, aprende”, e em sua prática escolar ficam alguns
desafios, tais como:

• Transformar os problemas identificados nas relações com seus alunos em


condições para se trabalhar a formação da cidadania;

• Sair do lugar de autoridade detentora do saber e do poder, e aprender a lidar


com as indisciplinas presentes na sala de aula;

• Possibilitar que as relações professor-aluno e aluno-aluno sejam uma relação


de confiança que dê conta das questões afetivas que permeiam o processo
de ensino-aprendizagem;

• Realizar intervenções que propiciem aos alunos saber respeitar as diferenças,


estabelecer vínculos de confiança e uma prática cooperativa e solidária.
Situações comuns no contexto de sala de aula

Um aluno de 7 anos furta materiais de colegas e docentes. O que fazer?

A criança dessa idade é impulsiva e não entende o significado social do furto, ainda
mais de coisas de pouco valor, como uma borracha. Por vezes, pega algo e não sabe
como devolver. Diante disso, tendemos a usar ameaças para que o objeto seja
restituído, além de punições. Porém, essas são oportunidades para ajudar o aluno a
considerar as consequências de seus atos e desenvolver a autorregulação. Chame-o
para conversar, descreva o ocorrido e pergunte como ele se sente possuindo o objeto,
mas podendo ser visto como alguém que pega o que não é seu. Mais importante do
que castigar é usar o conflito para o aprendizado da necessidade das regras nas
relações.

É correto chamar as crianças por apelidos, em vez de pelo nome?

Observe se o aluno está confortável com a maneira como é chamado. Nem todo
apelido deve ser evitado. Muitas vezes, a criança até prefere ser tratada daquela forma.
Se não for esse o caso, cabe intervir. Alguns estudantes têm dificuldades de identificar
os sentimentos do outro e, por isso, apelidos pejorativos são comuns. O professor não
pode ser omisso. É necessário um planejamento voltado à melhoria das relações
interpessoais, ao convívio com as diferenças e ao respeito à dignidade. Atente também
à forma como você trata a meninada, evitando zombarias e nomes pejorativos ou
jocosos.

O que fazer quando uma criança chora ao ser contrariada?

Tendemos a minimizar o motivo do choro com expressões como "isso não é nada".
Assim, negamos o que o pequeno sente, fazendo com que chore mais. Nesse
momento, procure acolhê-lo e reconhecer o sentimento dele descrevendo o que
aconteceu. Peça que se acalme para contar o ocorrido. É preciso ensiná-lo a se
expressar de outros modos. Quando ele faz birra, mostre que não conseguirá o que
quer, pois isso deixa os outros irritados, sem querer atendê-lo. Incentive-o a pedir
educadamente, sem gritar ou ordenar.

Como lidar com alunos que apresentam alto grau de ansiedade?

Existem muitas situações em que a ansiedade pode estar presente. Analise se a rotina
de aula não está contribuindo para o problema ao deixá-los muito tempo sem fazer
nada. Inclua todos no planejamento de atividades para que saibam as etapas com
antecedência. Demonstre empatia, usando linguagem descritiva: "Percebo que você
quer contar sua ideia, espere só mais um pouco. Assim que seu colega terminar, será
sua vez". Assim, os mais ansiosos identificam seus sentimentos e, aos poucos,
desenvolverem mecanismos de autocontrole. Por fim, evite rótulos e críticas, pois só
pioram a situação.

Como agir se uma criança inventa coisas que a professora teria falado?

Os pequenos podem fazer isso por não entenderem o significado de verdade e


mentira ou para que um colega os obedeça. Um exemplo: "A professora disse que sou
o primeiro". Na pré-escola, a criança tem dificuldade em resolver conflitos, então usa
artifícios para que o outro faça o que ela quer. Também vale considerar a
pseudomentira, quando ela distorce a realidade sem perceber. Natural da faixa etária,
ela está próxima da imaginação e não deve ser vista como falha do caráter. Você pode
ajudar a distinguir realidade de desejo contra-argumentando: “O que tínhamos
combinado antes?"

Como agir em sala de aula com uma criança tímida?

É preciso considerar que alguns alunos são introspectivos sem que esse
comportamento interfira em seu aprendizado e sua socialização. De qualquer forma,
a criança que pouco interage precisa de intervenções construtivas. Ela considera
demais o juízo do outro, mas no íntimo quer ser valorizada e reconhecida. Evite expô-
la para que se sinta segura. Valorize as tentativas de participação, descrevendo
fatos: "Interessante, não tinha pensado nisso. Explique melhor a sua ideia". Atividades
em pequenos grupos e jogos cooperativos também ajudam na interação.

Como agir com uma criança agressiva que bate no professor?

Em geral, esse aluno é mais inseguro e tem dificuldade em regular seus impulsos
quando frustrado, usando a agressividade como defesa. Portanto, o primeiro passo é
fazê-lo se sentir querido e aceito, apesar de seu comportamento. Conhecê-lo melhor
também ajuda a identificar os gatilhos dos ataques e, assim, agir para preveni-los. Se
você perceber que ele bate porque se sente injustiçado, por exemplo, procure sempre
explicar as regras de forma clara e aplicá-las com coerência. Trate todos com respeito
e evite tomar partido em situações de conflito. Caso a agressão seja decorrente da
dificuldade dele em realizar uma atividade, adeque o nível da tarefa e o acompanhe
no processo. Durante as crises, não desvalorize ou recrimine os sentimentos da criança.
Em vez disso, contenha-a e fale que você quer ouvi-la quando ela se acalmar. Também
é essencial manter o autocontrole para que ela veja em você alguém capaz de ajudá-
la. Na conversa, evite julgamentos, acusações e ironias. Sugira que pensem juntas em
outras formas de ela mostrar o que quer ou sente, sem usar a agressão. Valorize as
ocasiões em que o aluno estiver calmo passando momentos prazerosos com ele, com
jogos e conversas. Se puder contar com a família, compartilhe com ela o que está
sendo feito. Avalie a evolução dela para saber se a intervenção de um psicólogo é
necessária.

O que fazer com estudantes que destroem o patrimônio da escola?

Se um dos objetivos da escola é educar para a vida em sociedade, devemos considerar


o aprendizado obtido nesses casos uma conquista bem mais valiosa do que a punição
do autor. O aluno deve perceber que é importante reparar um dano causado, mas
isso pode ser feito por meio de abordagens que tragam resultados construtivos.
Exemplos: devolver o problema para os estudantes e pedir que proponham uma
solução não punitiva; ouvir o autor do delito, deixando que apresente uma
forma de consertar ou repor o que foi quebrado (sem jamais expô-lo).

Bullying entre meninas

As ações das meninas são menos expansivas e agressivas do que as dos meninos. As
manifestações entre elas podem ser fofocas, boatos, olhares, sussurros, exclusão. As
garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se
sente culpada.

A exclusão é uma grande causa de conflitos nessa faixa etária. Organize grupos
pequenos de brincadeiras, inserindo a aluna excluída. Proponha jogos cooperativos e
atividades em duplas, para favorecer as interações. Nessa convivência, os sentimentos
iniciais de antipatia podem se transformar em simpatia. Reflita com a estudante sobre
as reações dela e outras formas de lidar com o problema. Trabalhe com o grupo a
importância de as brincadeiras integrarem a todos, ajudando-as a pensar em como
fazer isso.

Os alunos gritam, fazem fofocas e se ofendem. Como lidar com isso?

Pequenas agressões cotidianas, como ofensas, desordens e indelicadezas, são mais


comuns nas escolas do que os delitos graves. São as incivilidades, que incomodam
mais pela frequência e intensidade com que ocorrem do que por sua gravidade. Em
certos casos, elas retardam e até impedem o aprendizado, contribuindo para o
fracasso escolar. Também podem tornar tenso o clima em classe, o que favorece o
aumento dos maus-tratos entre os alunos. Os professores devem discutir e estabelecer
um consenso sobre que comportamentos consideram inadequados e como atuar de
forma coerente, coordenada e coesa diante deles. É útil elaborar um quadro com as
situações e as possíveis intervenções. Vale ressaltar que a relação que o docente tem
com os estudantes pode favorecer ou atenuar o problema. Os alunos respondem
melhor a posturas compreensivas e cooperativas do que autoritárias. Ofereça desafios
e envolva todos no planejamento e no desenvolvimento de conteúdo. Incentive-os a
escutar uns aos outros e expressar suas opiniões, reconhecendo a validade das
ideias deles. Mostre sua desaprovação às ofensas e aos abusos entre os alunos, mesmo
se disfarçados de brincadeira. Discuta nas assembleias sobre como eles querem ser
tratados e chegue a acordos que devem ser postos em prática, envolvendo-os no
debate dos problemas de convívio da sala.

Indisciplina na Educação Infantil

As crianças de 3 a 5 anos possuem intensa atividade corporal, estão aprendendo a


conviver e a usar a oralidade para explicitar seus desejos, muitas ainda possuem uma
perspectiva egocêntrica ou estão começando a considerar o outro, o sentimento do
outro, precisam de ajuda para considerar as regras convencionais e as regras da
instituição e é nosso papel ajudá-las nessa aprendizagem, como podemos querer que
já saibam como agir antes de vivenciar?

Muitos problemas de disciplina têm relação com a falta de uma boa dinâmica escolar.
É preciso organizar a rotina de forma que os pequenos não fiquem esperando sem
fazer nada. Ofereça tarefas diversificadas, como faz de conta e pintura, e permita que
eles escolham quais realizar. Atividades coletivas, como a roda da conversa, devem ser
breves e dinâmicas; e as regras, poucas e realmente necessárias. As crianças também
não conseguem combinar normas. Então, diga claramente o que elas devem ou não
fazer. Por exemplo: "As carteiras não foram feitas para se desenhar nelas. Faça isso no
papel ou no quadro"

Como lidar com um aluno que não gosta da disciplina e só perturba?

Proponha atividades desafiadoras e valorize o empenho do aluno dando


responsabilidades a ele. Tente se aproximar, demonstrando interesse e buscando
conhecê-lo melhor. Transmita, por meio de suas atitudes, a mensagem de que ele é
alguém de valor. Diante do mau comportamento, surpreenda-o ao reagir de forma
diferente da esperada. Conselhos e sanções só têm efeito quando o professor é
admirado e respeitado. Evite críticas, comparações, desinteresse ou atenção demais.
O aluno tende a melhorar quando o tratamos como se ele já fosse aquilo que
é capaz de se tornar.

Como agir diante de alunos que respondem com ironia ao professor?

Por ser uma agressão em forma de brincadeira, a ironia dificulta a defesa do atingido,
pois o zombador pode acusá-lo de não ter senso de humor ou alegar que não queria
chateá-lo. Avalie se a forma como você trata os alunos incentiva essa atitude. Evite
lições de moral e use o bom humor. Caso o problema seja coletivo, discuta-o com
todos para que reflitam sobre como se sentem quando são o alvo. Se for algo
individual, esclareça que os pontos de vista do aluno são importantes, mas estão sendo
colocados de modo inadequado. Convide-o a se expressar de outra maneira.
AUTOAVALIAÇÃO

Avalie a si mesmo, lendo as afirmações abaixo e respondendo com S (sim) ou N(não).

____ Conheço os diferentes tipos de alunos que tenho e levo isso em consideração
ao planejar

as aulas, as atividades ou uma excursão didática.

____ Comunico claramente minhas expectativas de Gestão de Sala de Aula aos meus
alunos.

____ Tomo medidas corretivas quando as regras de sala de aula são violadas.

____ Meus alunos sabem o que fazer quando terminam uma tarefa.

____ Minhas regras de disciplina têm certa flexibilidade a depender do aluno.

____ Não costumo perder tempo de ensino para resolver problemas de disciplina.

____ Normalmente entendo por que uma criança/adolescente finge ou não dá de si


tudo que pode.

____ Sempre trato de problemas estudantis de maneira apropriada e oportuna.

____ Uso vários métodos de intervenção.

____ Ensino meus alunos a resolver seus problemas com independência.

____ Estimulo meus alunos a resolver seus problemas interpessoais sem a ajuda do
professor.

____ Meus alunos ajudam uns aos outros a lidar com problemas.

____ Meus alunos gostam de estar em minha classe.

____ Meus alunos sentem-se seguros em minha classe.


FERRAMENTAS DE DISCIPLINA

1. Faça Perguntas

“O que aconteceu?”, “E agora, como vai resolver isso?”, “O que acha que você fez que
provocou isso?”, “O que aprendeu com isso?”. É provável que, nas primeiras vezes que
implemente esta ferramenta, as crianças contestem “não sei”, porque estão
desconcertados sobre a nova forma como você atua quando eles passam do limite.
Então, se lhe responde com um “não sei”, você simplesmente diz: “Você é bom
resolvendo problemas. Por que não pensa um momento e logo retomamos para que
me conte suas conclusões?”.

2. Evite lutas de poder

Quando o aluno estiver em negação e não fizer caso a você, evite entrar em luta de
poderes para tratar de obrigá-lo, porque isso pode ser muito desgastante e se tornar
um círculo vicioso. Em muitas ocasiões, é muito efetivo dizer-lhe o que você fará no
lugar de obstinar-se em que ele cumpra uma ordem nesse mesmo instante. Por
exemplo, “Se não juntar os brinquedos assim que brincar, tal como combinamos, eu
os recolherei e ficarão guardados por um dia.” “Se não concluir toda a atividade, irei
considerar apenas a parte que você fez’’.

3. Expresse como você se sente

“Estou muito chateada pelo que você acaba de fazer e gostaria de contar com sua
ajuda para solucioná-lo.”

4. Confie no seu aluno

Diga: “Estou seguro de que você pode pensar em uma solução útil para resolver este
problema. Confio em você.”.
5. Motive o respeito

Fomente o respeito, dizendo ao aluno: “Sei que pode dizer o mesmo de maneira
respeitosa, não responderei a esses modos”.

6. Aplique o tempo fora positivo

Aplique o tempo fora positivo dizendo: “Estou muito chateado com o que acaba de
fazer, mas como me importo com você, esperaremos até que estejamos calmos para
ser respeitosos e continuar com essa conversa”.

7. Atue sem falar

Simplesmente pegue a mão da criança e mostre-lhe o que deve fazer, sendo um


mediador da situação.

8. Utilize frases amáveis e firmes

Utilize frases amáveis e firmes ao mesmo tempo: “É momento de voltarmos para a


sala, brincaremos na sala de outra forma.”.

9. Aplique a consequência lógica

Aplique a consequência lógica que se tenha estabelecido com a criança (combinados).


Fale previamente com seus alunos. Diga-lhes que passará se uma regra não se cumpra
para que saibam que suas escolhas têm consequências.

10. (Re)dirija o comportamento

As crianças (e todos os indivíduos) estão mais dispostos a refletir sobre seus atos
quando lhes dão a possibilidade de tentar algo novamente, no lugar de serem
humilhados pelo que fizeram. Portanto, se o aluno faz algo que você não gosta,
convide-o a fazer algo útil para a sala como forma de se recuperar de seu erro.
11. Seja um exemplo congruente

Se o que está tratando de pedir ao seu aluno é que se acalme e reconsidere suas
ações, não poderá fazê-lo desde a raiva ou a ira que sente pelo que ele fez. Você
deverá primeiro se acalmar e pensar para saber que lhe dirá ou como agirá.

12. Aplique a fórmula privilégio/ responsabilidade

Aplique a fórmula: “privilégio = responsabilidade / falta de responsabilidade = perda


de privilégio”. Ter coisas que nos alegram ou facilitam a vida é um privilégio. A
responsabilidade que acompanha esse privilégio é cuidá-las.

13. Considere os comportamentos desafiantes como oportunidades para adquirir


habilidades de vida

Por exemplo, depois de uma birra, já na etapa da calma, convide seu aluno para
conversar sobre o que ocorreu. Mostre-lhe quais são as formas corretas de fazer ou
de pedir as coisas. Conforme vá crescendo, incorporará essa aprendizagem.

14. Dinâmica do contrato

Nesse tipo de dinâmica, o foco está no engajamento dos estudantes às regras de boa
convivência e bom funcionamento em sala de aula.

Os alunos devem pensar em regras essenciais para o convívio e o bom


desenvolvimento da turma. A partir daí, elabora-se um contrato que deve ser assinado
por todos e guardado pelo professor.

Ao longo do ano, quando forem surgindo algumas questões ou conflitos, o contrato


pode servir de referência para as tomadas de decisão coletivas.
15. Dinâmica da Resolução dos Problemas

Essa dinâmica busca desenvolver empatia, solidariedade e criar redes de apoio dentro
dos grupos.

É pedido que cada estudante, sem se identificar, escreva em um pedaço de papel, os


problemas que eles gostariam que fossem resolvidos. Aqui, o professor também pode
colocar ‘’problemas’’ enfrentados em sala de aula, seja no comportamento dos alunos
ou outro tema pertinente.

Os papéis contendo os diversos problemas devem ser dobrados e colocados juntos


em uma caixa. Cada aluno deve ir até a caixa e ler o problema para a turma e,
coletivamente, pensam em uma possível estratégia para sua solução.

O professor atua como um mediador da tarefa, fazendo com que os integrantes da


turma troquem opiniões e reflitam sobre as melhores estratégias para a resolução das
questões.

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