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MUNDO ATUAL

UNIDADE 6665 – O HOMEM E O AMBIENTE


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O Homem e o Ambiente

Índice

Introdução..........................................................................................................................................2

Resultados da Aprendizagem .........................................................................................................3

1.Principais problemas ambientais relacionados com o ar, a água, os resíduos e o ruído......4

2.A poluição e a saúde pública......................................................................................................14

3.As tecnologias verdes: custos e benefícios...............................................................................20

4.Novas fontes de energia e a sua utilização..............................................................................24

5.Relação entre a sociedade de consumo e a sociedade sustentável......................................33

6.Comportamentos favoráveis à preservação do ambiente.......................................................36

7.Protocolos e Convenções Internacionais no domínio do ambiente e do desenvolvimento


sustentável.......................................................................................................................................43

Propostas de atividade....................................................................................................................54

Bibliografia........................................................................................................................................58

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O Homem e o Ambiente

Introdução

Se fosse possível viajar no tempo, dificilmente reconheceríamos o nosso planeta, tão


grandes foram as alterações aqui produzidas.

As questões relacionadas com o ambiente constituem, na atualidade, temas de interesse e


de discussão para a sociedade em geral. A intervenção do homem tem gerado
desequilíbrios ambientais que importa considerar de forma a compatibilizar o
desenvolvimento e o equilíbrio ambiental.

A intervenção consciente no sentido desta compatibilização pressupõe uma análise crítica


dos dilemas ambientais do mundo atual.

Assim, torna-se fundamental a aquisição de uma consciência e sensibilidade em termos da


dinâmica e da problemática do ambiente; a apropriação de uma diversidade de
experiências e a compreensão global do ambiente e dos seus problemas; a apropriação de
um conjunto de valores e atitudes em relação ao ambiente, assim como a motivação para a
melhoria e defesa do ambiente; a aquisição de competências para a identificação e
resolução de problemas ambientais; o envolvimento ativo a todos os níveis na resolução
dos problemas ambientais.

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Resultados da Aprendizagem

 Caracterizar os principais problemas ambientais.


 Compreender o impacte da atividade humana no ambiente.
 Identificar os efeitos da poluição na saúde pública.
 Reconhecer a importância da alteração de atitudes e comportamentos na
preservação do ambiente.
 Compreender que nos processos de tomada de decisão sobre problemáticas
ambientais concorrem diversasperspetivas,refletindo interesses e valores diferentes.

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1.Principais problemas ambientais relacionados com o ar, a


água, os resíduos e o ruído

A evolução histórica da Humanidade mostra claramente as mudanças que ocorreram na


relação entre homem e natureza. O homem sempre modificou o ambiente natural em que
está inserido para garantir a sua sobrevivência. Porém, com o passar dos anos, essas
modificações foram sendo cada vez maiores.

Os impactes ambientais da ação humana têm vindo a tomar proporções cada vez mais
inquietantes, colocando em risco o equilíbrio do Planeta e dos ecossistemas, e desse modo,
o próprio futuro da vida humana na Terra.

Por vezes com origens ou causas bem definidas/localizadas, a degradação ambiental


multiplica-se a um ritmo mais acelerado; as suas consequências são imprevisíveis mas
estão em marcha e não deixarão de afetar todos os países sem exceção.

Com as catástrofes locais de amplas consequências percebemos que os problemas


ambientais ignoram as fronteiras nacionais,afetando vastas regiões do planeta.

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A consciencialização da globalização dos fenómenos é fundamental. O perigo da rutura


definitiva dos equilíbrios bioclimáticos é real.

Grau de interdependência entre os fenómenos locais e globais:


 Os problemas ambientais ignoram as fronteiras nacionais.
 Os problemas ambientais globais resultam do somatório de desequilíbrios
ecológicos à escala global.
 A dinâmica de funcionamento do planeta Terra distancia espacialmente a origem,
da zona ou região onde se repercutem com maior intensidade os fenómenos de
degradação ambiental.

Impacto do Homem nos subsistemas terrestres

Impacto na Hidrosfera

Contaminação das águas superficiais e subterrâneas


As atividades humanas provocam a poluição das águas dos rios e lagos, fazendo diminuir a
quantidade e a qualidade da água doce disponível:

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 Pesticidas e fertilizantes usados na agricultura, ricos em nitratos e fosfatos,


contaminam as águas subterrâneas, por infiltração, e os rios e lagos, através da
contaminação superficial.
 Efluentes industriais lançados nos cursos de água, que podem conter resíduos
tóxicos e metais pesados como o mercúrio.
 Efluentes domésticos, ricos em matéria orgânica, nitratos, fosfatos, bactérias e
vírus, contaminam os cursos de água.
 Resíduos da pecuária, semelhantes aos efluentes domésticos, poluem águas
superficiais e subterrâneas.

Os efluentes ricos em matéria orgânica, nitratos e fosfatos servem de nutrientes às plantas


aquáticas, podendo, no entanto, provocar a proliferação de algas superficiais que impedem
a penetração na água da luz solar. As algas submersas deixam de realizar a fotossíntese,
morrem e decompõem-se. Sem oxigénio e sem alimento, grande parte da fauna aquática
desaparece.

Podem, ainda, fazer diminuir as reservas de água doce:


 A salinização dos aquíferos (uma exploração excessiva permite a intrusão da água
salgada, principalmente na áreas próximas do mar).
 A desflorestação (provoca o aumento da contaminação superficial, reduzindo a
infiltração da água da chuva, diminuindo a recarga de aquíferos).

Outra forma de intervenção humana nos cursos de água é a construção de barragens que,
por um lado, permite o armazenamento de água e a regularização do caudal dos rios, mas
por outro tem impactos ambientais importantes.

Poluição dos oceanos e mares


Os oceanos são fundamentais para o equilíbrio do Planeta. Influenciam o clima, intervêm
em processos vitais como o ciclo hidrológico, absorvem poluentes como o dióxido de
carbono, além de constituírem uma importante fonte de recursos naturais.

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Apesar disso, os oceanos e mares foram considerados, durante muito tempo, como
grandes depósitos de resíduos, muitos com elevado teor de substâncias tóxicas e
radioativas. Como a sua capacidade de absorção e renovação não é ilimitada, começam
agora a surgir problemas graves.
Os derrames de petróleo e seus derivados provocados por acidentes com navios petroleiros
e por lavagens ilegais de depósitos são uma das formas mais graves de poluição marinha.
Esses acidentes afetam principalmente as áreas de maior circulação marítima.

Note-se que Portugal está na rota internacional dos petroleiros e, por isso, sujeito a
eventuais derrames de petróleo.

As marés negras desencadeadas pelos derrames de petróleo são graves catástrofes


ecológicas:
 Afetam a flora e a fauna marinhas;
 Degradam as zonas costeiras e os ecossistemas delas integrantes;
 Interferem com a vida da população que possui atividades ligadas ao mar.

Impactos humanos nas áreas costeiras


Uma grande parte da população mundial e das atividades económicas localiza-se em áreas
próximas da costa, causando um importante impacto nos ecossistemas costeiros e
marítimos.

A concentração de população mundial e a construção de grandes empreendimentos


turísticos, com todos os resíduos que geram, são causas importantes de poluição marítima
e fatores de desequilíbrio ambiental.

Outra consequência da pressão humana sobre o litoral é a erosão costeira provocada por
ações como a construção de barragens que fazem diminuir a afluência de sedimentos ao
mar, realização de obras de extração de areias, destruição de dunas e construção em locais
indevidos.

Impacto na Atmosfera

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A atmosfera é um recurso vital que influencia decisivamente as condições de vida na Terra.


Porém, quase todas as atividades humanas provocam a poluição do ar, afetando, direta ou
indiretamente, todos os seres vivos, incluindo o Homem e colocando em risco a vida dos
ecossistemas.

Como causas naturais da contaminação atmosférica podem citar-se os incêndios, as


erupções vulcânicas ou a decomposição da matéria orgânica.

Mas a principal causa da poluição do ar está na atividade humana que desencadeia ações
diversificadas, nomeadamente incêndios florestais criminosos, fumos industriais, dejetos
urbanos e pulverização de campos com pesticidas.

a) Chuvas ácidas
A combustão de carvão, petróleo e gás natural (fontes de energia mais utilizadas a nível
mundial) liberta gases como o dióxido de enxofre e o óxido de azoto.

Estes gases misturam-se com o vapor de água da atmosfera, transformando-se em ácido


sulfúrico e ácido nítrico, que são depositados na superfície terrestre, geralmente dissolvidos
na água da chuva.

Assim se formam as chuvas ácidas, que provocam graves danos nos solos, nas águas e na
vegetação, danificando também os edifícios e os monumentos. Devido à ação dos ventos,
muitas vezes as chuvas ácidas afetam áreas muito distantes daquelas onde foram
produzidos os gases que as originaram.

b) Redução da camada de ozono


A descoberta, em 1984, de um enorme buraco na camada de ozono sobre a Antártida
confirmou os temores de muitos cientistas e ecologistas que, desde o princípio dos anos
70, afirmavam que a camada de ozono podia ser danificada:
 Pela passagem de aviões supersónicos;
 Pela utilização de produtos químicos na agricultura;

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 Pela emissão de clorofluorcarbonetos (CFC’s que se utilizam principalmente como


propulsores de sprays, em solventes para a indústria eletrónica e em aparelhos de
ar condicionado e frigoríficos) que alcançam a estratosfera e destroem o ozono.

Com a redução da camada de ozono dá-se uma diminuição da proteção da superfície


terrestre em relação aos raios ultravioletas, com graves consequências:
 Aumento do risco de doenças, como o cancro da pele e as cataratas e redução das
defesas do sistema imunológico;
 Diminuição da capacidade de fotossíntese das plantas;
 Aumento do efeito de estufa, devido à maior penetração da radiação solar.

O perigo que a redução da camada de ozono representa levou 24 países a assinarem o


Protocolo de Montreal (1987) comprometendo-se a reduzir a produção de CFC’s para
metade. A ONU determinou que até 2010 se eliminasse totalmente essa produção.

No entanto, os CFC’s podem manter-se na atmosfera durante vários anos e, apesar das
restrições, só a partir do séc. XXI se verificará uma efetiva reposição da camada de ozono.

Em 2001, o buraco do ozono sobre a Antártida estendia-se por uma área semelhante à
América do Norte.

c) Aumento do efeito de estufa


Um dos impactos ambientais da atividade humana é o progressivo aumento da
concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera, o que provoca uma intensificação
da contra-radiação e um aumento da temperatura média da superfície terrestre.

Os incêndios que ocorrem elevam consideravelmente a quantidade de dióxido de carbono


na atmosfera. A intensa e descontrolada queima dos combustíveis fósseis e o derrube das
florestas têm agravado substancialmente o problema, dado que não se processa a
absorção deste gás e consequente libertação de oxigénio.

d) Alterações climáticas

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Consequências das alterações climáticas

Recursos Hídricos:
 Redução do escoamento anual;
 Concentração da precipitação nos meses de Inverno e tendência de aumento da
ocorrência de chuvadas, aumento do risco de cheias, especialmente na região do
Norte;
 Degradação da qualidade da água, sobretudo durante o Verão, no Sul;
 Aumento das necessidades de irrigação, devido ao aumento de temperatura, assim
como a diminuição generalizada dos caudais de Verão;

Zonas Costeiras:
 Erosão das zonas costeiras portuguesas devido ao aumento do nível médio das
águas do mar;

Agricultura:
 Afetação da produtividade da agricultura Portuguesa, devido à mudança climática e
alteração da concentração de CO2 na atmosfera;

Pesca:
 Aumento dos valores médios da frequência de afloramento costeiro;

Saúde Humana:
 Aumento potencial de mortes relacionadas com o calor;
 Aumento potencial de doenças transmitidas pela água e alimentos;
 Aumento potencial de problemas na saúde relacionados com a poluição
atmosférica;

Energia - Oferta:

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 Possibilidade de aumento de produção nas centrais hidroelétricas na região do


Norte e redução nas centrais do Sul;
 Aumento das perdas no transporte e distribuição de eletricidade;

Energia - Procura:
 Decréscimo das necessidades de aquecimentos em edifícios e forte aumento das
necessidades de arrefecimento;
 Pequenas mas significativa redução nos consumos de energia;

Florestas e Biodiversidade:
 Alterações na produtividade da floresta e no balanço de carbono;
 Migração e extinção de espécies florestais chave;
 Aumento da frequência de ocorrência de fogos florestais;
 Alterações na biodiversidade e áreas protegidas (dificuldades de adaptação a
alterações rápidas de clima);

Consequências globais:
 Está a ficar mais quente. A temperatura média global da atmosfera à
superfícieaumentou durante o século XX em 0.6ºC +/- 0.2ºC, tendo ocorrido a
maior parte do aquecimentodurante dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a
2000, representando a década de 1990 e oano de 1998 a década e o ano mais
quentes do século;
 O nível da água do mar está a subir, os glaciares estão a derreter(tendo já
provocado nos últimos 50 anos uma subida de 10 a 20 cm do NMM – nível médio
domar);
 As condições do tempo são mais extremas (a frequência de condiçõesextremas no
Inverno com mais tempestades e inundações nos países do Norte e períodos
deseca com incêndios florestais nos países do Sul tem aumentado);
 Aumento da intensidade e da frequência das chuvas, desencadeando o risco de
inundações;
 Maior número de tempestades, furacões, secas…;

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 Subida do nível médio das águas dos mares devido à fusão dos gelos nas áreas
glaciares;
 Expansão das doenças tropicais;
 A inundação de muitas áreas do litoral;
 a diminuição das reservas de água doce (porque as águas do mar inundam as do
rio); desaparecimento de muitos habitats.

Consequências da Desertificação

Sociais
 Abandono das terras por parte das populações mais pobres (migrações);
 Diminuição da qualidade de vida;
 Aumento da mortalidade infantil e diminuição da expectativa de vida da população;
 Desestruturação das famílias como unidades produtivas.

Económicas e institucionais
 Queda na produção e produtividade agrícolas;
 Diminuição do rendimento e do consumo das populações;
 Desorganização dos mercados regionais e nacionais;
 Desorganização do estado e inviabilização de sua capacidade de prestação de
serviços;
 Instabilidade política.

Urbanas
 Crescimento da pobreza urbana devido às migrações;
 Desorganização das cidades, aumento do desemprego e da marginalidade;
 Aumento da poluição e problemas ambientais urbanos.

Recursos naturais e clima


 Perda de biodiversidade (flora e fauna);
 Perda de solos por erosão;

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 Diminuição da disponibilidade efetiva de recursos hídricos devido ao assoreamento


de rios e reservatórios;
 Aumento das secas edáficas por incapacidade de retenção de água dos solos;
 Aumento da pressão antrópica em outros ecossistemas.

Poluição sonora
Um dos maiores problemas ambientais em todo o mundo é precisamente o ruído. Tal facto
deve-se à da proliferação de estabelecimentos; de indústrias; das atividades de lazer
ruidosas; do tráfego (ex. automóveis, motociclos, aviões, veículos pesados de passageiros
e mercadorias) e de obras (ex. betoneiras, escavadoras, martelo pneumático).

Dados da Comissão Europeia, de 1996, mostravam que já nessa altura cerca de 20% da
população europeia estava diariamente exposta a níveis de pressão sonora acima dos 56
dB, nível a partir dos quais, há geralmente perturbações do sono, na saúde e no bem-estar
dos cidadãos.

Em termos económicos, o ruído ambiental já tinha um custo para a sociedade de,


aproximadamente, 0,2 a 2% do PIB de cada Estado membro da U.E.

No caso de Portugal, acontece que o maior número de queixas relativas ao ambiente são
devidas ao ruído.

Há sempre um grau de subjetividade na perceção do som e na avaliação da incomodidade


sonora.

Mas afinal quando é que um som é considerado ruído? E o que é a poluição sonora? O
ruído é, em termos simples, qualquer som indesejado – ou porque incomoda ou porque
pode fazer mal à saúde, ou ambos.

Por definição, a poluição sonora é a produção de sons, ruídos ou vibrações que podem
acarretar vários problemas como, por exemplo:
 Redução da capacidade auditiva;

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 Perturbação do sono;
 Interferência com a comunicação;
 Interferência na aprendizagem;
 Efeitos fisiológicos – como hipertensão, taquicardia, arritmia, etc.;
 Ou simplesmente, desassossego.

Para além dos efeitos nefastos na saúde, diretos e de natureza cumulativa, a poluição
sonora pode também trazer efeitos socioculturais, estéticos e económicos e afetar de forma
adversa as gerações futuras.

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2.A poluição e a saúde pública

O Homem, agente perturbador dos ecossistemas, causa diretamente, com a suaatuação,


catástrofes, como as explosões, a guerra, o terrorismo e a poluição. Entende-se por
poluição a degradação do meio ambiente pela sociedade tecnológica.

Apesar da composição natural da atmosfera não ser muito variável durante longos períodos
de tempo, notam-se cada vez mais os efeitos dos poluentes emitidos para o ar, associados
ao desenvolvimento urbano, industrial e à crescente utilização de veículos motorizados, o
que se reflete, cada vez mais, em efeitos negativos no equilíbrio dos ecossistemas.

A principal origem da poluição do ar é a combustão, isto é, a combinação do oxigénio com


os elementos componentes das matérias combustíveis. A combustão é o princípio
fundamental de três categorias de poluição: poluição industrial, poluição devido ao
aquecimento e poluição em consequência dos veículos motorizados.

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Desta forma são enviados para a atmosfera óxidos de carbono, de azoto, de enxofre e
vapor de água. Existe também a volatilização de metais pesados presentes em certos
combustíveis (chumbo, zinco e cádmio).

As reações fotoquímicas da atmosfera são consideradas como fonte secundária de


poluição. Pela ação dos raios solares, os óxidos de azoto e os hidrocarbonetos existentes
na atmosfera são, assim, transformados em ozono (principal constituinte do nevoeiro
fotoquímico).

Uma outra via de poluição é a evaporação, responsável pela dispersão dos componentes
químicos do ar. É o que acontece no caso dos compostos orgânicos voláteis (por exemplo
hidrocarbonetos), que durante o armazenamento e distribuição dos carburantes se
propagam na atmosfera.

Os efeitos da poluição atmosférica são numerosos e diversos, estendendo-se dos


toxicológicos aos económicos. Materiais, plantas, animais e pessoas podem ser
indiscriminadamente molestados pelos efeitos de poluentes, quer direta quer
indiretamente.

São vários os estudos de saúde que atribuem à poluição atmosférica aumentos na taxa de
doenças ou alterações na atividade pulmonar.

Mas a poluição do ar é um fenómeno complexo, para o qual há que considerar um grande


número de parâmetros, como a natureza exata dos poluentes, as quantidades realmente
absorvidas, fatores meteorológicos, infeções bacterianas ou virais relacionadas com as
estações do ano, fatores pessoais (idade, tabagismo, estado de saúde, etc.), entre outros.

Assim, os efeitos de uma determinada concentração de poluente não se farão sentir de


igual modo em todos os indivíduos, tornando-se difícil estabelecer uma correlação entre um
poluente e a sua sintomatologia.

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Em Portugal, o aumento do consumo energético e do tráfego automóvel, registados nas


décadas de 80 e 90, levou a que principalmente as grandes zonas urbanas passassem a
sofrer de fenómenos de poluição do ar, responsáveis por patologias diversas.

Efeitos da poluição atmosférica

Os efeitos dos poluentes na saúde pública têm sido amplamente e rigorosamente


estudados. Apresenta-se informação sucinta sobre alguns poluentes atmosféricos:

Dióxido de enxofre (SO2)


 Fontes: tráfego automóvel, combustão industrial, indústria da celulose, refinarias,
etc.;
 Efeitos: contribui para as chuvas ácidas; em altas concentrações pode provocar
problemas respiratórios principalmente em pessoas sensíveis e asmáticos;
 Características: é um gás incolor e inodoro, mas em concentrações elevadas
apresenta um intenso cheiro a enxofre.

Óxidos de azoto (NOX)


 Fontes: tráfego, indústrias com queima de combustíveis a média e alta
temperatura;
 Efeitos: contribui para as chuvas ácidas; em concentrações elevadas pode provocar
problemas respiratórios principalmente em crianças e asmáticos;

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 Características: gás de cor castanha clara em baixas concentrações, mas que cria
uma brisa acastanhada (smog) quando em concentrações elevadas.

Monóxido de carbono (CO)


 Fontes: tráfego e indústrias;
 Efeitos: afeta o sistema cardiovascular e o sistema nervoso; concentrações
elevadas são suscetíveis de causar tonturas, dores de cabeça, fadiga, podendo em
concentrações extremas provocar a morte por envenenamento;
 Características: gás incolor e inodoro.

Ozono (O3)
 Fontes: é gerado através de reações químicas na presença de radiações solares;
indústria, tráfego, tintas e solventes, aterros sanitários, etc.;
 Efeitos: poderoso oxidante que afeta gravemente a vegetação e os materiais; nos
seres humanos provoca irritação do aparelho respiratório;
 Características: gás incolor.

Partículas
 Fontes: tráfego, indústria, obras de construção civil, processos agrícolas;
 Efeitos: as partículas de menor dimensão são responsáveis pela degradação do
sistema respiratório; são responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias;
danificam o património construído; afetam os seres vivos, principalmente as
plantas;
 Características: material sólido, pequenas gotículas de fumo, poeiras e vapor
condensado.

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Efeitos da poluição da água

As doenças provocadas por ingestão de água contaminada são diversas, como a


gastroenterite, as febres tifoide e paratifoide, a hepatite infeciosa, a disenteria (infeção do
intestino que se caracteriza por uma diarreia progressiva e que provoca dores abdominais,
náuseas e vómitos) e a salmonelose. Dependendo do tipo de doença que se possa estar a
desenvolver os sintomas podem ser muito diferentes.

Efeitos da poluição dos resíduos

Os resíduos muitas vezes contêm materiais químicos perigosos que põem em risco a saúde.
Quando por exemplo chove, as águas da chuva vão cair dentro do aterro, ficando em
contacto direto com os resíduos, dando origem às águas lixiviantes.

Essas águas poluídas, ao escorrer, vão contaminar águas subterrâneas – isto acontece
quando o sistema de retenção de águas do aterro não está bem feito.

Quando a queima de gases nos aterros não é feita da melhor forma, pode também
provocar problemas respiratórios na população.

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Efeitos da poluição sonora

A poluição sonora pode provocar muitos efeitos na saúde humana, desde o aumento da
pressão sanguínea, do ritmo cardíaco às contrações musculares. Pode interromper a
digestão, fluxo de saliva e a produção de suco gástrico.

Quando uma pessoa é exposta a um ruído intenso e prolongado de forma contínua pode
sofrer de mudanças fisiológicas, como por exemplo problemas cardiovasculares, ficar
facilmente irritável, ansiosa e até pode ficar com insónias.

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3.As tecnologias verdes: custos e benefícios

O Programa das Nações Unidas (ONU) para o ambiente define economia verde como uma
economia em que “o crescimento, em rendimento e emprego, é gerado por investimentos
públicos e privados que reduzem a emissão de carbono para a atmosfera e a poluição, que
melhora o uso eficiente de energia e de recursos e previne a perda de biodiversidade”.

O conceito de economia verde exige que os investimentos sejam iniciados e apoiados pela
despesa pública, reformasde políticas e alterações aos mecanismos regulatórios.

Este caminho para o desenvolvimento deve preservar, melhorar e, se necessário, restaurar


património natural como um capital económico ativo e fonte de benefícios públicos, em
especial para os mais pobres, cuja sobrevivência depende grandemente da natureza.

Em traços gerais procura-se com este modelo aumentar o investimento público e privado
em energias renováveis, em novas tecnologias, gerando novos empregos.

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As discussões em torno deste modelo também incluem calcular custos e benefícios dos
recursos naturais para que se possam proteger e preservar, assim como captar
investimentos para esse efeito.

Segundo peritos da ONU, o conceito comporta a promessa de um novo paradigma


económico amigo do ambiente e que pode contribuir para a erradicação da pobreza mas
também comporta riscos que poderão ser evitados com uma boa moldura institucional e
regulatória para o desenvolvimento sustentável, que respeite os três pilares do
desenvolvimento sustentável: económico, social e ambiental.

Um estudo do Eurobarómetro realizado em junho de 2011 concluiu que 78% dos europeus
acreditam que o combate às alterações climáticas pode estimular a economia e criar
emprego.

Tendo em conta os dados disponíveis, parece que os europeus estão certos. A Comissão
Europeia calcula que o sector das energias renováveis tenha gerado mais 220.000
empregos entre 2005 e 2009.

A proteção do ambiente deve ser para as empresas tão importante como a satisfação do
cliente, e a crescente transição para uma responsabilidade social das empresas tanto na
Europa como a nível mundial está a obrigar as empresas a rever a sua ação quer no plano
ecológico quer social.

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As empresas já estão a compreender que a adoção de tecnologias mais limpas é um meio


de reduzir os custos, promover uma melhor imageme conquistar consumidores e clientes.

Muito embora a menor utilização de energia e recursos possa reduzir os custos, as


empresas e os consumidores querem provas mais convincentes acerca dos benefícios
financeiros decorrentes dos investimentos em tecnologias verdes.

Os elevados custosalgumas fontes de energia verde, como a energia solar fotovoltaica,


podem constituir obstáculos importantes, em especial no atual contexto económico.

A sensibilização, os regulamentos e as políticas em matéria ambiental são os principais


impulsionadores da procura de serviços e tecnologias eficientes em termos energéticos por
parte dos consumidores e empregadores, e não o mercado.

A UE tem como objetivo reduzir em pelo menos 20% as emissões de gases com efeitos de
estufa face aos valores de 1990, aumentar em 20% a percentagem de fontes de energias
renováveis no consumo energético final e reduzir em 20% a utilização de energia face aos
níveis previstos para 2020.

Apesar de não serem conhecidos os números exatos, mais de um milhão de empregos


poderiam ser criados na UE caso estas metas fossem alcançadas.

As políticas que também estimulam a procura de tecnologias de energias renováveis


incluem uma tributação favorável, subsídios ou investimentos governamentais em
infraestruturas.

As campanhas de sensibilização relativas ao impacto ambiental e aos custos energéticos


das atividades empresariais influenciam igualmente o comportamento e a procura de
competências “verdes”.

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Na realidade, constitui uma evidência o facto de estarmos a gastar energia que realmente
não precisamos, ou seja, estamos a queimar grandes quantidades de gás e petróleo e, por
essa via, a prejudicar o ambiente, de formas que nada acrescentam à nossa qualidade de
vida (a questão da utilização ineficiente da energia).

Este facto permite afirmar que a mudança no sentido da sustentabilidade poderá constituir
uma estratégia inteligente por parte da empresa, podendo representar a redução de
custos, para além de efeitos indiretos como uma melhor gestão do risco e a melhoria da
imagem da empresa no mercado.

De facto, existem inúmeros exemplos que sugerem que para a empresa a mudança pode
significar mais do que responder ao desafio global do impacto das alterações climáticas, da
perda de biodiversidade, da pobreza e da justiça social.

Essas empresas que incluíram preocupações relacionadas com o impacto ambiental na sua
agenda obtiveram resultados operacionais e económicos tangíveis, como por exemplo
custos reduzidos em termos de energia, água e resíduos, o aumento da visibilidade da sua
empresa e a abertura de novas possibilidades de negócio.

A adoção de sistemas de gestão ambiental constitui um exemplo paradigmático, no sentido


de haver cada vez mais empresas que limitam a sua base de fornecedores a empresas com
ISO 14001 (sistema de gestão ambiental).

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4.Novas fontes de energia e a sua utilização

A Energia pode ser definida como a capacidade para produzir trabalho. Manifesta-se sob
diversas formas (movimento dos corpos, eletricidade, calor, luz), transformáveis umas nas
outras de acordo com a Lei de Conservação de Energia.

Todas as formas de vida consomem e produzem energia. No entanto, atualmente, as


principais fontes de energia não são os seres vivos.

A energia é uma componente basilar no funcionamento de qualquer sociedade. O seu papel


económico é fundamental, quer pelo que representa em termos de emprego e rendimento
quer pela forma como contribui para a competitividade das restantes atividades e para a
qualidade de vida das populações, num quadro de proteção ambiental.

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As fontes de energia podem ser divididas em dois tipos:


 Não renováveis, que se esgotam à medida que vão sendoutilizadas;
 Renováveis, cuja utilização não conduz ao seu esgotamento.

Ao longo dos anos tem-se assistido a um progressivo aumento do consumo de energia,


quer pelo aumento da população mundial quer pelo alargamento dos bens consumidores
de energia (automóvel, aquecimento, iluminação) a uma maior fatia da população.

Atualmente, as necessidades energéticas da humanidade sãosatisfeitas essencialmente a


partir da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e mais recentemente o gás
natural).

No entanto, o previsto esgotamento a curto prazo destes recursos e as emissões para a


atmosfera associadas à sua queima têm conduzido à necessidade de utilização de fontes de
energia menos poluentes. Infelizmente, todas as fontes de energia têm efeitos negativos
sobre o ambiente.

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Neste sentido, o sector energético pode ser equacionado segundo duas vertentes distintas:
uma de cariz ambiental, de sustentabilidade e de valorização de recursos naturais; outra de
cariz mais económico, de competitividade e qualidade.

As energias renováveis são consideradas como energias alternativas ao modelo energético


tradicional, tanto pela sua disponibilidade (presente e futura) garantida (diferente dos
combustíveis fósseis que precisam de milhares de anos para a sua formação) como pelo
seu menor impacto ambiental.

Existem várias vantagens destas fontes, mas as principais são: o aproveitamento de


recursos naturais, o facto de estes poderem ser considerados inesgotáveis à escala
humana; de não fazerem muita poluição (sol, vento, água), pois reduzem a emissão de
CO2; conduzirem à investigação em novas tecnologias que permitam melhor eficiência
energética e reduzirem a dependência aos combustíveis fósseis.

Energias renováveis

Energia das Marés

A energia dos mares e oceanos ou maremotriz é a energia que se obtém a partir do


movimento das ondas, das marés ou da diferença de temperatura entre os níveis da água
do mar.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

A energia dos mares e oceanos pode ser produzida de duas formas:


 Através do movimento das ondas, que aciona um alternador, que
transformaenergia mecânica em energia elétrica.
 Através da construção de uma barragem, formando-se um reservatório junto
aomar.

Depois, quando a maré é alta, a água enche o reservatório, passando através de uma
turbina hidráulica, produzindo assim energia elétrica. Na maré baixa, o reservatório é
esvaziado e a água que sai do reservatório passa novamente através da turbina, em
sentido contrário, produzindo novamente energia elétrica.

Energia Hidroelétrica

A energia hídrica, hidráulica ou hidroelétrica é a energia obtida a partir de uma massa de


água, como rios e lagos.

Pode ser convertida na forma de energia mecânica, para rotação de um eixo, através de
turbinas hidráulicas ou moinhos de água.

E pode ser também convertida em energia elétrica para uma rede de energia, através de
centrais hidroelétricas que são compostas por barragens que utilizam os cursos de água
para pôr funcionar uma turbina que move um gerador elétrico.

28
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Energia da Biomassa

A energia da biomassa é a energia que se obtém durante a transformação de produtos de


origem animal e vegetal para a produção de energia calorífica e elétrica.

Na transformação de resíduos orgânicos é possível obter energia direta por meio da


combustão dos resíduos vegetais e biocombustíveis, como o biogás, etanol e o biodiesel.

Energia Solar

A energia solar é a energia obtida por qualquer tipo de captação da energia luminosa,
proveniente do Sol.

29
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

A transformação dessa energia pode ser utilizada de duas formas:


 Como energia térmica, através de coletores solares ou painéis solares
utilizadosnormalmente para aquecer a água da rede para as tarefas do dia-a-dia,
como tomarbanho, cozinhar, etc.
 Como energia elétrica, através da utilização de painéis fotovoltaicos compostospor
células fotovoltaicas que absorvem a energia solar e convertem em energiaelétrica.

Energia Eólica

A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, resulta da deslocação de
massas de ar.

A energia eólica tem sido aproveitada desde a antiguidade para mover os barcos
impulsionados por velas ou para fazer funcionar a engrenagem de moinhos, ao mover as
suas pás.

Nos moinhos de vento a energia eólica era transformada em energia mecânica, utilizada
na moagem de grãos ou para bombear água através de aeromotores (moinhos de vento
de ferro altos).

Na atualidade utiliza-se a energia eólica para mover aerogeradores – grandes turbinas


colocadas em lugares de muito vento, movimento esse que, através de um gerador,
produz energia elétrica.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Estes aerogeradores precisam de se agrupar em parques eólicos, necessários para que a


produção de energia se torne rentável, mas também podem ser usados isoladamente,
para alimentar localidades remotas e distantes da rede de transmissão.

Energia geotérmica

A energia geotérmica é a energia que pode ser obtida pelo homem através do calor
dentro da terra. A geotermia consiste no aproveitamento de águas quentes e vapores
para a produção de eletricidade e calor.

Em algumas áreas do planeta, as águas subterrâneas podem atingir temperaturas de


ebulição, e, dessa forma, servir para impulsionar turbinas para eletricidade ou
aquecimento. Como exemplo temos a central geotérmica da Ribeira Grande (Açores).

Energia do hidrogénio

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

A energia do hidrogénio é a energia que se obtém da combinação do hidrogénio


(elemento químico mais abundante no universo), com o oxigénio, e que através de pilhas
de combustível ou células de combustível, produz energia que é convertida em
eletricidade e que liberta vapor de água, eliminado assim a emissão de gases de efeito de
estufa.

O maior problema é o facto de nunca se encontrar isoladamente na natureza, pois


encontra-se sempre combinado com outros elementos: oxigénio, carbono, etc.

Exemplo disso é a água, o metanol, a gasolina, o gás natural, basicamente todos os


compostos que envolvam hidrogénio na sua constituição. É devido a este facto que a
utilização do hidrogénio se torna um pouco mais complicada.

O futuro das energias renováveis


Portugal tem boas condições para a produção de energia de fontes renováveis.

O elemento climatológico vento é talvez o de mais difícil estudo e avaliação. Contudo,


desde cedo que Portugal utiliza a energia eólica, embora os novos parques eólicos só
recentemente se comecem a multiplicar. São especialmente as áreas montanhosas e
alguns troços de litoral aqueles que revelam melhor potencial de aproveitamento da
energia eólica.

Apesar das dificuldades, foram surgindo parques, havendo mesmo planos para a
construção de alguns dos maiores projetos da Europa.

Para isso será necessário ultrapassar algumas barreiras, nomeadamente:


 Encontrar soluções para o escoamento da energia, já que muitos dos parques se
encontram em áreas remotas servidas por redes fracas,
 Compatibilizar a localização dos parques eólicos e as áreas de proteção ambiental,
 Agilizar os processos burocráticos necessários ao licenciamento dos parques.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

A energia solar como fonte de calor e de luz constitui um outro exemplo, permitindo a sua
utilização para a produção de energia elétrica (energia fotovoltaica) e energia térmica.

Portugal possui boas condições climáticas para a instalação destes sistemas, já que recebe
anualmente, em energia solar, o equivalente a 150 milhões de GWh, ou seja, é um país
com elevados valores de radiação solar, onde se poderão produzir entre 1000 e 1500
kWh/ano, por cada kWp instalado.

Para isso será necessário ultrapassar algumas barreiras, nomeadamente:


 Encontrar soluções para o escoamento da energia, já que muitos dos parques se
encontram em áreas remotas servidas por redes fracas,
 Compatibilizar a localização dos parques eólicos e as áreas de proteção ambiental,
 Agilizar os processos burocráticos necessários ao licenciamento dos parques.

Apesar da abundância deste recurso e do desenvolvimento tecnológico, o tamanho do


mercado e das empresas especializadas constitui ainda um constrangimento.

As 5 principais barreiras que se colocam a este tipo de energia são:


 Fraca credibilidade do produto;
 Elevado investimento inicial;
 Falta de informação;
 Pouco conhecimento do público;
 Falta de iniciativa na aplicação nos edifícios.

Porém, esta energia, além de ser uma mais-valia ambiental, também contribui para a
redução da emissão de gases de efeito de estufa.

Dentro deste tipo de energia deve ainda referir-se a energia solar passiva, ou seja, a
utilizada em edifícios, cujo consumo neste sector era, em 1998, de 21% no consumo final
total do país (12% nas residências e 9% nos serviços).

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

5.Relação entre a sociedade de consumo e a sociedade


sustentável

Segundo a Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (ENDS) a


Sustentabilidade pressupõe
“a Harmonia entre
a Economia,
a Sociedade e
a Natureza,
respeitando
a biodiversidade e
os recursos naturais,
de solidariedade entre gerações e de
corresponsabilização e solidariedade entre países”.

De forma crescente a cultura tem sido apresentada como um quarto pilar do


Desenvolvimento Sustentável, traduzindo o seu papel nas formas de representação da
nossa sociedade.

34
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

A sustentabilidade implica assim


o equilíbrio entre
a economia,
a ecologia, ("Ecologia é a parte da Biologia que se preocupa com o estudo das relações
estabelecidas entre os seres vivos e destes com o meio ambiente em que vivem. É um termo
derivado do grego que foi formado a partir das junções das palavras “oikos” e “logos”, que
significam, respectivamente, casa e estudo. Assim sendo, o termo Ecologia faz uma referência ao
estudo da “casa” de cada organismo do planeta."
"A Ecologia preocupa-se com os seres vivos do planeta e suas relações entre si e com o meio. Assim
sendo, a Ecologia faz um estudo não só da parte biológica, mas também de fatores químicos e
físicos. É uma ciência complexa e ampla que nos permite entender perfeitamente o funcionamento
do planeta." - https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-ecologia.htm

Biologia: "A Biologia é uma ciência que estuda a vida em seus mais variados aspectos, importando-
se em compreender, por exemplo, o funcionamento dos organismos vivos, a relação desses seres
com o meio e seu processo de evolução. Devido a sua complexidade, a Biologia pode ser dividida
em diferentes subáreas, como Biologia Celular, Ecologia, Paleontologia, Anatomia, Fisiologia e
Evolução." https://brasilescola.uol.com.br/biologia

a igualdade social e
a vivência cultural.

O consumo sustentável está relacionado com o


nosso comportamento enquanto compradores e utilizadores de produtos e com
a forma como eliminamos os resíduos.

Para se tornar um consumidor sustentável basta ter atenção a


pequenos gestos no seu dia-a-dia que podem fazer toda a diferença.

No início da revolução industrial, quando a população era cerca de um décimo do que é


hoje, os recursos eram abundantes e pouco explorados.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Com os crescentes hábitos de consumo das sociedades modernas,


questões como
a escassez de recursos naturais,
a poluição dos solos, água e ar,
aquecimento global e
perda de biodiversidade
tornaram-se temas preocupantes que exigem uma resolução urgente.

Por outro lado,


o número reduzido de locais adequados para a deposição dos resíduos obrigou a
que fossem tomadas medidas para diminuir a quantidade de resíduos que têm como fim o
aterro.

Ao longo das últimas décadas os ambientalistas têm alertado que


as atividades económicas têm excedido os limites do planeta.

Muitos dos produtos que utilizamos diariamente apresentam um impacte significativo sobre
o ambiente, desde os materiais e energia utilizados para os produzir, aos resíduos que
criam durante a sua produção e quando se tornam obsoletos.

As empresas têm esticado estes limites com novas tecnologias: no entanto, continuamos a
exercer uma pressão cada vez maior sobre o planeta.

A Pegada Ecológica traduz


a quantidade de recursos gastos por uma pessoa ou população para
manter:
- o seu nível de vida e de consumo (de bens e serviços) e
- absorver os seus resíduos, expresso em terreno necessário.

A Pegada Ecológica da Europa é uma das maiores do mundo. Os cidadãos europeus


correspondem a menos de 10% da população mundial, contudo consomem metade da

36
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

produção mundial de carne, um quarto da produção mundial de papel e 15% da produção


mundial de energia.

Se o resto do mundo vivesse como nós seriam necessários mais de dois planetas
Terra para nos sustentar. Mas só podemos contar com este.

Neste sentido deve ser uma prioridade tornar a produção de bens e serviços e o
consumo sustentáveis para minimizar o desperdício e a quantidade de resíduos
produzida.

Consumir e produzir de forma sustentável significa utilizar os recursos naturais e a energia


com mais eficiência e reduzir os impactes negativos sobre o ambiente. Desta forma será
possível satisfazer as nossas necessidades sem comprometer as gerações futuras.

O consumo sustentável está relacionado diretamente com


o nosso estilo de vida: com o nosso comportamento enquanto compradores e
utilizadores de produtos e
com a forma como eliminamos os resíduos.

Os consumidores podem desempenhar um papel fundamental na proteção do ambiente se


se tornarem consumidores sustentáveis. Para isso basta ter atenção a pequenos gestos que
podem fazer toda a diferença.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

38
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

6.Comportamentos favoráveis à preservação do ambiente

O ambiente, tal como a paz, a economia, a sociedade e a democracia, comanda todos os


aspetos do desenvolvimento e tem um impacto sobre todos os países, independentemente
do seu grau de desenvolvimento.

Desenvolvimento e ambiente não são conceitos separados e é impossível resolver os


problemas ligados a um, sem tomar em consideração as dificuldades inerentes ao outro. O
ambiente é um recurso para o desenvolvimento e a sua preservação deve ser uma
preocupação constante, pelo que são necessárias políticas que o tenham em conta.

Preservar os recursos naturais do planeta e racionalizar o seu uso são dos problemas mais
urgentes que os indivíduos, sociedades e estados têm de enfrentar.

No campo do desenvolvimento, cada sociedade deve utilizar os seus recursos naturais,


procurando preservar o potencial que eles representam para o futuro, havendo que
encontrar um equilíbrio entre necessidades e interesses contrários e satisfazer as
necessidades económicas e sociais do momento, sem comprometer a existência desses

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

recursos a longo prazo, nem a viabilidade dos ecossistemas de que dependem as gerações
presentes e futuras.

É fundamental que cada segmento da sociedade e, em particular, cada cidadão se envolva


com as questões ambientais, tomando conhecimento dos problemas e participando nas
suas soluções.

Importa desenvolver uma relação entre o meio ambiente e a cidadania, fortalecendo a


consciência de que o ambiente é um património público comum, e a sua defesa um direito
e dever de todos os cidadãos, sendo necessário um esforço conjunto para preservar o
ambiente na Terra e garantir a melhoria da qualidade de vida das populações.

Comportamentos a adotar para um consumo mais sustentável

Pense antes de comprar.


 Compre apenas aquilo de que necessita e habitue-se a pensar no que irá acontecer
ao que comprou quando já não lhe interessar.
 Adquira produtos ecológicos, use detergentes com baixo teor de fosfato e
biodegradáveis e utilize-os nas doses recomendadas pelos fabricantes.
 Sempre que possível evite comprar produtos em embalagens descartáveis. Escolha
produtos com menos embalagens ou não embalados, recarregáveis, em
embalagens reutilizáveis ou recicláveis.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

 Leve os seus próprios sacos para transportar as compras. Um saco de plástico


demora 1 segundo a produzir, usa-se cerca de 20 minutos mas demora 500 anos a
decompor-se.
 Não use louça descartável (mesmo em piqueniques e em festas). Se pretender
louça inquebrável prefira a de plástico lavável e reutilizável.
 Evite comprar mobiliário produzido com madeiras tropicais e produtos provenientes
de espécies ameaçadas. Não compre corais ou lembranças feitas a partir de
animais, pois está a incentivar o seu comércio.

Seja sazonal.
 Compre e consuma frutos e produtos hortícolas da época, produzidos localmente.
Deste modo evita o consumo de energia e recursos necessários para os produzir de
forma intensiva ou para os transportar por longas distâncias.
 Por exemplo, comer em março um quilo de morangos produzidos em Israel e
transportados de avião significa consumir 5 litros de petróleo enquanto saborear o
mesmo peso de morangos produzidos localmente apenas implica gastar 0,2 litros.

Tenha uma alimentação equilibrada.


 Coma menos carne porque a sua produção consome muito mais recursos e tem
maior impacto ambiental do que a de outros produtos alimentares.
 Em substituição, consuma alimentos de níveis mais baixos da cadeia alimentar,
como cereais e vegetais, o que contribui para a redução do uso de recursos naturais
na produção alimentar.
 Evite consumir refeições pré-cozinhadas e de “fast-food” que contêm
frequentemente aditivos e outras substâncias prejudiciais à saúde.
 Prefira a água aos refrigerantes e evite comprar água engarrafada. A nossa água
canalizada é normalmente de boa qualidade. Assim, estamos a poupar ao ambiente
a agressão do fabrico e do depósito de garrafas de plástico.
 Quando possível cultive os alimentos de que precisa. Para além de poupar dinheiro
contribui para a redução da energia usada na produção e transporte comercial dos
produtos.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Poupe água.
 Não deixe a torneira aberta enquanto escova os dentes, tome duche em vez de
banho de imersão e utilize autoclismos duplos.
 Aproveite a água da chuva para regar ou lavar o carro. Não use a mangueira como
vassoura para limpar terraços ou passeios.

Poupe energia.
 Apague as luzes e desligue os eletrodomésticos e carregadores quando não os está
a utilizar.
 Não deixe a TV e outros equipamentos em stand-by porque continuam a consumir.
 Economize no aquecimento, através de um melhor isolamento da habitação e
mantendo o aquecedor no mínimo.
 Prefira a iluminação natural e utilize lâmpadas economizadoras como as
fluorescentes compactas.

Opte por fontes renováveis de energia.


 Pode gerar a sua própria eletricidade com uma turbina eólica, com painéis solares
ou células fotovoltaicas.

Utilize alternativas ao automóvel.


 Contribua para a redução dos congestionamentos de tráfego e da poluição
atmosférica provocada pelo transporte rodoviário, andando de transportes públicos,
de bicicleta ou a pé.
 Quando viaja de automóvel opte pela partilha de veículo e verifique regularmente a
pressão dos pneus. Não compre um veículo maior do que as suas necessidades.
Sempre que possível, opte pelo comboio em vez do avião.

Faça férias ecológicas.


 Adote formas de recreio e turismo com menores impactos ambientais (ecoturismo).
Passeie a pé ou de bicicleta em vez de usar veículos motorizados.

42
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

 Explore a natureza e dê passeios para observá-la. Estará a desenvolver o seu gosto


e respeito pelo ambiente através de um contacto direto e, por outro lado, contribui
para o desenvolvimento de uma região baseada na proteção dos valores naturais.
 Assegure-se de que deixa o local como o encontrou. Não colha flores, não destrua
ninhos, não corte ramos nem deixe resíduos para trás. Uma simples garrafa de
plástico leva 500 anos a degradar-se.

Elimine os seus resíduos de forma correta.


 Não deite os resíduos para o chão e não atire resíduos pela janela do carro. Separe
e elimine os resíduos de forma correta.
 Organize um caixote do lixo com espaços divididos para receber as várias categorias
de resíduos domésticos, com vista à reciclagem.
 Recicle os seus resíduos e doe as roupas, brinquedos, livros e outros bens que já
não utiliza mas ainda estão em bom estado.
 Não elimine os óleos alimentares ou produtos químicos pelo cano ou sanita. Desta
forma está a contribuir para o reaproveitamento de matérias-primas, reduzindo os
impactes negativos sobre os recursos naturais e meio-ambiente.

OS 5 R’S

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

1.REPENSAR:
 É fundamental não comprar coisas supérfluas, mas somente o absolutamente
necessário de forma a salvaguardar ao máximo os recursos naturais, para além de
reduzir muito as despesas monetárias.

2.REDUZIR:
 Não comprar produtos contendo várias embalagens;
 Não comprar ou utilizar nenhum tipo de produto descartável, utilizar lenços,
guardanapos e fraldas (etc.) de pano;
 Ao fazer compras levar sempre sacos, de tecido de preferência;
 Não comprar jornais e revistas (ou outros) de forma a diminuir a necessidade de
papel e haver menos florestas destruídas;
 Não comprar apenas porque está na “moda” ou por ser mais “giro”;
 Reduzir ao máximo a utilização de plásticos (lojas/mercados, etc.), materiais muito
prejudiciais à Natureza.

3-REUTILIZAR:
 Reutilizar sempre os sacos de plástico ou utilizar sacos de pano;
 Comprar livros, roupas, móveis, carros ou outros produtos em 2ª mão.

4- REPARAR:
 Utilizar o mais possível os aparelhos eletrónicos, reparando-os quando estes se
avariarem;
 Procurar reparar o calçado, vestuário e mobiliário que tenha ou adaptá-los a novos
estilos;
 Procurar fazer uma boa manutenção da sua viatura ou de outros equipamentos que
tenha.

5- RECICLAR:
 Reciclar todo o papel, papelão, vidro, embalagens, Tetra Pack, plásticos, lâmpadas,
esferovite, metais, pilhas, madeira, tecidos, equipamentos eletrónicos (telemóveis,

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

computadores, etc.), tinteiros e outros materiais que tiver em casa ou fora dela,
limpando e separando-os primeiro.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

7.Protocolos e Convenções Internacionais no domínio do


ambiente e do desenvolvimento sustentável

O Desenvolvimento Sustentável é, sem dúvida, um desafio global que tem por base três
pilares fundamentais: o progresso sociocultural e o desempenho ambiental, ambos aliados
ao sucesso económico.

O conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu na década de 70, tendo a sua definição


formal ficado consagrada no chamado “Relatório Brundtland”, publicado em 1987 pela
Comissão Mundial para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e que o define como:

“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que procura satisfazer as


necessidades do presente sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações
futuras.”

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

O conceito de sustentabilidade deve apresentar uma vertente ambiental. Proteger o


ambiente e preservar os recursos naturais é extremamente importante para promover a
sustentabilidade das gerações futuras.

A produção, quer de bens quer de serviços, deve respeitar as leis ecológicas para que as
atividades económicas (nomeadamente a agricultura) e o ambiente estejam em harmonia.

Deste modo, pretende-se que o Homem seja mais consciente sobre a influência que as
suas ações provocam no ambiente, com especial relevo, atualmente, na paisagem e
biodiversidade dos meios rurais, e também nos recursos – água, solo e ar.

A dimensão económica é muito importante na medida em que influencia a manutenção


da atividade e a permanência dos empresários.

No caso do sector agrário, por exemplo, a permanência dos agricultores nos meios rurais
éessencial para a proteção do ambiente e preservação da paisagem e seus recursos
naturais.

Para que isto se realize, a produção agrária, além de satisfazer a procura alimentar, deve
promover retornos apropriados para a família-exploração, minimizando a aversão de riscos,

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

reduzindo o uso de fatores de produção de origem externa, promovendo o uso mais


eficiente dos recursos disponíveis, conduzindo a sistemas autossuficientes e viáveis a longo
prazo.

A dimensão social da sustentabilidade é relativa à procura da igualdade entre os diversos


sectores sociais, no que respeita às oportunidades de emprego, no acesso aos recursos e
serviços.

A igualdade entre a sociedade deve ser promovida, essencialmente, para uma melhoria da
qualidade de vida.

As sociedades humanas que carecem de equidade económica e de justiça social são


inerentemente instáveis e não são sustentáveis ao longo do tempo. Tais sistemas podem
ser caracterizados pela ocorrência de conflitos sociais que podem causar danos irreparáveis
para os sistemas ecológicos e económicos que os suportam.

A dimensão política da sustentabilidade é relativa aos processos participativos e


democráticos, assim como com às redes de organização social e de representações dos
diversos segmentos da população.

A dimensão cultural é importante porque na dinâmica dos processos de gestão dos


sistemas é necessário que as intervenções realizadas respeitem a cultura local.

Nos processos de desenvolvimento rural, por exemplo, é preciso avaliar, compreender e


utilizar como ponto de partida os saberes, os conhecimentos e os valores locais das
populações rurais que, por sua vez, devem espelhar a “identidade cultural” das pessoas
que vivem e trabalham num dado agroecossistema.

A dimensão ética relaciona- se diretamente com a solidariedade intra e inter-geracional e


com novas responsabilidades dos indivíduos com respeito à preservação do ambiente.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Estas dimensões traduzem os seguintes pressupostos ou requisitos para o desenvolvimento


sustentável:
 A ideia da sustentabilidade está a mudar o foco do crescimento versus
desenvolvimento;
 Quaisquer perdas dos aspetos culturais e naturais no processo de desenvolvimento
condicionam as gerações futuras;
 O crescimento económico deve ser medido de forma adequada – apuramento dos
custos reais da proteção e reciclagem presentes e futuros;
 O desenvolvimento que provoque alterações consideráveis no ambiente produz,
normalmente, maior impacto nas comunidades pobres que nas ricas;
 O desenvolvimento numa região ou país pode ter impactos positivos ou negativos
noutra(s) região(ões) ou país(es);
 Verifica-se portanto a necessidade de trabalho em conjunto, de cooperação, no
sentido de obter um desenvolvimento integrado, com benefícios para todos.

Estratégia nacional para o desenvolvimento sustentável

Primeiro objetivo: Preparar Portugal para a “Sociedade do Conhecimento”


Este objetivo incorpora dois sub-objectivos cruciais: acelerar o desenvolvimento científico e
tecnológico como base para a inovação e a qualificação; melhorar as qualificações e criar
as competências adequadas para um novo modelo de desenvolvimento.

Aposta-se, assim, no desenvolvimento do capital humano nacional, que integra a


generalização da educação pré-escolar, a melhoria da qualidade dos ensinos básico,
secundário e superior, a aprendizagem ao longo da vida, a criação de novas competências
e o reforço da investigação e desenvolvimento de base científica e tecnológica, e ainda o
incentivo ao desenvolvimento cultural e artístico.

Este esforço integrado na promoção do capital humano terá repercussões no potencial de


inovação das empresas e da sociedade, bem como num cabal desempenho das tarefas de
cidadania e de defesa do ambiente, num contexto de crescente complexidade nacional e

49
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

internacional, condições indispensáveis para que se possam explorar as oportunidades


abertas pela evolução para a “sociedade do conhecimento”.

Segundo objetivo: Crescimento Sustentado, Competitividade à Escala Global e Eficiência


Energética
Pretende-se um crescimento mais rápido da economia portuguesa, potenciado pelo
desenvolvimento de um comportamento responsável por parte dos agentes económicos,
que permita retomar a dinâmica de convergência, assente num crescimento mais
significativo da produtividade associado a um forte investimento nos sectores de bens e
serviços transacionáveis.

O que, para ser compatível com a criação de emprego, exige uma mudança no padrão de
atividades do país, num sentido mais sintonizado com a dinâmica do comércio
internacional, aproveitando e estimulando as suas possibilidades endógenas.

Terceiro objetivo: Melhor Ambiente e Valorização do Património


Este objetivo visa assegurar um modelo de desenvolvimento que integre, por um lado, a
proteção do ambiente, com base na conservação e gestão sustentável dos recursos
naturais.

Pretende-se que o património natural seja evidenciado como fator de diferenciação positiva
e, por outro, o combate às alterações climáticas que, sendo em si mesmo um desafio para
diversos sectores da sociedade, deve ser encarado como uma oportunidade para promover
o desenvolvimento sustentável.

Tem-se em vista, também, a preservação e valorização do património construído.

Quarto objetivo: Mais Equidade, Igualdade de Oportunidades e Coesão Social


Este objetivo estratégico visa a garantia da satisfação das necessidades básicas na área da
saúde, educação, formação, cultura, justiça e segurança social, de modo a favorecer a
qualidade de vida num quadro de coesão, inclusão, equidade e justiça social, bem como de
sustentabilidade dos sistemas públicos de proteção social.

50
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Visa-se, também, fazer face a novos riscos de exclusão, em particular resultantes da


difusão das novas tecnologias de informação e comunicação, que deve ser acompanhada
por medidas ativas de combate à infoexclusão.

Quinto objetivo: Melhor Conectividade Internacional do País e Valorização Equilibrada do


Território
O que se pretende é mobilizar os diversos instrumentos de planeamento com efeitos
diretos no território, de modo a reduzir o impacto negativo do posicionamento periférico de
Portugal no contexto europeu, melhorando ou criando infraestruturas de acesso eficaz às
redes internacionais de transportes e de comunicações, tirando partido da conectividade
digital e reforçando as condições de competitividade nacional e regional.

Preconiza-se, também, o valorizar do papel das cidades como motores fundamentais de


desenvolvimento e internacionalização, tornando-as mais atrativas e sustentáveis, de modo
a reforçar o papel do sistema urbano nacional como dinamizador do conjunto do território.

Sexto objetivo: Um Papel Ativo de Portugal na Construção Europeia e na Cooperação


Este objetivo reafirma o compromisso de Portugal com o projeto europeu e compreende a
cooperação internacional em torno da sustentabilidade global, envolvendo o
aprofundamento do nosso relacionamento externo com algumas regiões de interesse
prioritário para a afirmação de Portugal no Mundo.

Essa cooperação visa contribuir de forma empenhada para o desenvolvimento económico e


social global, para a consolidação e aprofundamento da paz, da democracia, dos direitos
humanos e do Estado de Direito, para a luta contra a pobreza e, em geral, para a
concretização dos objetivos de desenvolvimento do Milénio, bem como para um ambiente
melhor e mais seguro à escala do planeta e, em particular, para a conservação da
biodiversidade e a sustentabilidade dos ecossistemas.

51
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Sétimo objetivo: Uma Administração Pública mais Eficiente e Modernizada


Assume-se o propósito estratégico de promover a modernização da administração pública
como elemento fundamental para uma governação qualificada e para uma maior eficiência
na prestação dos serviços aos cidadãos.

Pretende-se, assim, reforçar o contributo da Administração para o desenvolvimento do


País, adaptando-a nas suas funções e modelos organizacionais e melhorando a qualidade
dos serviços prestados aos cidadãos e às empresas, para uma sociedade mais justa e com
uma melhor regulação, bem sustentada num sistema de justiça mais eficaz.

Legislar melhor, simplificar os procedimentos administrativos, valorizar as tecnologias da


informação e comunicação, adotar boas práticas no domínio da sustentabilidade são linhas
de força essenciais no necessário processo de modernização da administração pública.

52
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Como se pode ver na Figura, estes sete objetivos respondem de forma equilibrada às três
vertentes do desenvolvimento sustentável, assentes no desenvolvimento económico,
coesão social e proteção ambiental.

Principais Marcos do Desenvolvimento Sustentável

1972
Relatório Meadows sobre os limites do crescimento.

1972
Conferência de Estocolmo, a primeira reflexão conjunta dos diferentes Estados sobre a
relação entre a proteção do ambiente e o desenvolvimento humano.

1987
Comissão Mundial sobre o Ambiente e o Desenvolvimento começou a ser popularizado o
termo “Desenvolvimento Sustentável”.

1992
Assembleia Geral das Nações Unidas - o termo “Desenvolvimento Sustentável” é adotado
pelas Nações Unidas.

53
MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

1992
Cimeira do Rio ou Cimeira da Terra. Nesta cimeira foi adotada a Agenda 21, um plano
global de ação para ser posto em prática por todos os governos e três convenções: a
convenção sobre as mudanças climáticas, a convenção sobre a diversidade biológica e a
convenção sobre a desertificação.

1995
Cimeira de Copenhaga, onde foram validados à escala europeia os três pilares do
Desenvolvimento Sustentável.

1997
Tratado de Amesterdão, onde se diz que a Comunidade Europeia tem por missão promover
o Desenvolvimento Sustentável em todo o seu espaço.

1997
O Protocolo de Quioto, que sucede à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as
alterações climáticas, é um dos instrumentos jurídicos internacionais mais importantes na
luta contra as alterações climáticas.

Integra os compromissos assumidos pelos países industrializados de reduzirem as suas


emissões de determinados gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento
planetário.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Globalmente, os Estados signatários comprometem-se, em conjunto, a reduzir as suas


emissões de gases com efeito de estufa, com vista a uma redução das emissões totais dos
países desenvolvidos em, pelo menos, 5% em relação aos níveis de 1990, durante o
período 2008-2012.

Para a realização desses objetivos, o Protocolo propõe uma série de meios:


 Reforço ou criação de políticas nacionais de redução das emissões (aumento da
eficiência energética, promoção de formas sustentáveis de agricultura,
desenvolvimento das fontes renováveis de energia, etc.);
 Cooperação com as restantes Partes contratantes (intercâmbio de experiências ou
de informação, coordenação das políticas nacionais através de licenças de emissão,
aplicação conjunta e mecanismo de desenvolvimento limpo).

O mais tardar um ano antes do primeiro período de compromissos, os Estados signatários


criarão um sistema nacional de estimativa das emissões de origem humana e da absorção
pelos sumidouros de todos os gases com efeito de estufa.

Em 31 de maio de 2002, a União Europeia ratificou o Protocolo de Quioto, que entrou em


vigor em 16 de fevereiro de 2005, após a sua ratificação pela Rússia. Vários países
industrializados recusaram-se a ratificar o Protocolo, entre os quais os EUA e a Austrália.

2000
Cimeira de Lisboa, os 15 países da União Europeia desenvolvem uma estratégia para
reforçar a coesão social.

2001
Lançamento pela Comissão Europeia do Livro Verde para promover um quadro europeu
para a responsabilidade social das empresas.

2002
Cimeira de Joanesburgo, onde foi acordado o tratamento equilibrado e de uma forma
integrada dos três pilares do Desenvolvimento Sustentável. Foi também definido um plano

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

de ação de onde se destaca, entre outros, o combate à pobreza e a gestão dos recursos
naturais.

2012

A Conferência Rio+20 constituiu uma oportunidade fundamental para a comunidade


internacional, vinte anos após a primeira Cimeira da Terra, avançar para um caminho
credível e eficiente para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza.

Os resultados da Conferência Rio+20 visam garantir a prossecução dos direitos humanos


(incluindo os das gerações futuras), a sustentabilidade, a participação plena e igual dos
cidadãos, bem como o respeito pela transparência, responsabilização e não-regressão dos
progressos realizados.

O documento final resulta na ideia de que a agenda de desenvolvimento sustentável pode


solidamente construir uma visão e um legado positivo.

O documento final, “O futuro que queremos”, reafirma princípios e compromissos já


existentes, mas traz novidades na rota para o desenvolvimento sustentável.

Principais pontos:

Economia verde
 O documento classifica a economia verde como “um importante instrumento” para
o desenvolvimento sustentável, mas que não deve ser “um conjunto rígido de
regras”.

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O Homem e o Ambiente

Financiamento
 O texto reconhece a “necessidade de uma significativa mobilização de recursos”
para que os países em desenvolvimento possam crescer de forma sustentável. Mas
não se diz de onde vem o dinheiro, nem quanto, nem quando.

Instituições
 Será criado um fórum ministerial para o desenvolvimento sustentável, integrado no
já existente Conselho Económico e Social das Nações Unidas.
 O Programa das Nações Unidas para o Ambiente não será transformado numa
agência de facto da ONU, mas terá competências reforçadas, participação de todos
os países e financiamento estável.

Objetivos do desenvolvimento sustentável


 Serão discutidos através de um processo intergovernamental a ser agora lançado.
Todas as referências a prazos, temas e metas concretas foram eliminadas do
documento final.

Oceanos
 Há algumas novidades nas pescas e na poluição, como a necessidade de controlo
da captura acidental de peixes e do lixo no mar.
 Também ficou determinado que, dentro de três anos, será tomada uma decisão
sobre um eventual novo instrumento internacional para o uso sustentável dos
recursos no alto mar.

Água
 O direito humano à água e ao saneamento, que já tinha sido reconhecido mas
apenas por maioria dos membros da ONU, foi agora sancionado por todos os
países.

Padrões de consumo
 Foi adotado um programa a dez anos destinado a promover padrões de produção e
consumo sustentáveis, que a ONU já tentara aprovar, sem sucesso, noutro fórum.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

Propostas de atividade

Os temas relacionados com o ambiente são temas de grande atualidade, quer quando se
debatem os desequilíbrios resultantes da ação humana, quer quando se apresentam novos
conhecimentos e métodos que nos permitem compreender melhor e de forma global o
funcionamento do grande sistema Terra.

Das temáticas apresentadas, a sua concretização e aprofundamento deve ser feita de


acordo com as questões em debate no momento (recorrendo, por exemplo, aos media) e
com os problemas pertinentes para o contexto de formação.

Em termos de orientações metodológicas, a discussão de temas controversos, o debate


sobre dilemas com simulações e desempenho de papéis são recomendados.

Quando se discutem temas controversos, reais, quotidianos, com dimensões pessoais e


sociais, torna-se mais fácil mobilizar e aplicar conhecimentos e capacidades, clarificando-se
valores e atitudes individuais.

As questões ambientais com que nos debatemos no mundo atual são dilemas, isto é, são
problemas cuja perspetiva de resolução depende de diversas premissas e pontos de vista,
não existe “a” solução correta. Debater e equacionar a resolução destes problemas,
tomando uma decisão, pressupõe compreender as questões em causa e estar consciente
da existência de diferentes perspetivas e valores envolvidos. Tal pode ser explorado através
de atividades de simulação com desempenho de papéis.

A resolução de problemas (no sentido lato do termo, e não apenas no seu sentido mais
estrito e frequente, como algo negativo e difícil) deve ser desenvolvida, quer em modelos
de estudo de caso, quer em modelos de ação ambiental.

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

No estudo de caso, um problema ambiental é estudado, os fatores envolvidos são


determinados bem como as suas possíveis causas, os valores e atitudes implícitos são
clarificados e possíveis soluções são identificadas e as suas implicações consideradas.

No modelo de ação, os formandos aprendem a identificar e analisar problemas ambientais,


distinguindo problemas de temas e acontecimentos ambientais.

Posteriormente os formandos, a partir de um tema do seu interesse, abordam-no de


acordo com a metodologia de resolução de problemas, desenvolvendo e aplicando
estratégias específicas que possam contribuir para a sua resolução. A existência desta
componente de intervenção e participação é muito importante.

Exemplo de uma atividade de simulação com desempenho de papéis

Na seleção do tema para a atividade é importante que os formadores se sintam à vontade


com o contexto de simulação escolhido. O tema pode ser real ou ficcionado, contudo é
fundamental que seja atual e interessante, seja relevante para os formandos e não seja
percecionado como algo artificial. O carácter convincente da simulação não deve ser
esquecido.

Um possível contexto de simulação podem ser as sessões de esclarecimento e consulta


pública, cada vez mais frequentes no nosso quotidiano, e obrigatórias por lei para uma
variedade de empreendimentos. São exemplos recentes as estações de tratamentos de
resíduos industriais, a coincineração, o traçado de vias de comunicação, o alargamento de
portos, os planos de ordenamento, etc.

A atividade pode ser organizada de uma forma mais aberta, deixando um maior espaço
para a autonomia dos formandos, ou mais fechada e orientada pelo formador. É necessário
definir os papéis, ou seja os grupos de interesse presentes na sessão, e os argumentos que
irão apresentar.

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O Homem e o Ambiente

Na sessão de esclarecimento vão estar representantes de alguns dos grupos com


interesses no projeto que irão expor os seus argumentos ao público presente. A turma
deve assim ser dividida em grupos representando as diferentes entidades e interesses
envolvidos, como por exemplo: Governo (representante do IPAMB- Instituto de Promoção
Ambiental), Autarquia, Associações não-governamentais (por exemplo associações de
defesa do ambiente), Região de Turismo, Parques Naturais ou Áreas protegidas, Entidade
promotora do projeto.

Através do desempenho de papéis específicos os formandos devem consciencializar-se dos


problemas associados às tomadas de decisão. Assim, no final da atividade a reflexão sobre
os diferentes aspetos do processo deve ser encorajada.

Desenvolvimento da atividade:
 Introdução do tema e da atividade. Caracterização do contexto de simulação.
 Pesquisa sobre o tema com definição dos papéis.
 Divisão da turma em grupos representando as diferentes entidades e interesses
envolvidos.
 Cada grupo deve “pôr-se na pele” da entidade que representa e pensar em
argumentos que defendam os seus interesses no problema em debate,
equacionando os impactes no ambiente e as formas de os minimizar. A cada grupo
poderá ser distribuído um cartão com exemplos de argumentos a utilizar na
discussão, mas a componente de investigação deve ser privilegiada.
 Cada grupo escolhe um porta-voz para a sessão de esclarecimento e consulta
pública com a população.Os restantes elementos do grupo irão representar a
população presente na sessão.
 O representante do IPAMB dá início à sessão, explicitando quais os objetivos da
sessão e atuando ao longo da mesma como um moderador. Cada um dos porta-
vozes apresenta os seus argumentos.
 A discussão é alargada ao público presente que coloca questões e expressa as suas
dúvidas e opiniões. Também a este nível, e complexificando a atividade, se pode
pensar no desempenho de papéis ao nível da população presente (por exemplo:

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MUNDO ATUAL

O Homem e o Ambiente

imprensa local, proprietários, comerciantes, desempregados, ...). As diferentes


opiniões e sensibilidades devem ser sistematizadas.
 No final da simulação os resultados da atividade são explorados. Deverá ser
enfatizado que ao tomar-se decisões é fundamental estar-se consciente da
complexidade das diferentes perspetivas presentes e de que a solução defendida
por cada um depende dos seus valores e interesses. Deverá igualmente ser
sublinhada a crescente importância da participação de todos os cidadãos em
processos de tomada de decisão que a todos dizem respeito.

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O Homem e o Ambiente

Bibliografia

AA VV., Ambiente e energia, PRONACI – Programa de qualificação das chefias intermédias,


Ed. AEP, 2002

AA VV. Guia de Educação para a Sustentabilidade: Carta da Terra , Ministério da Educação,


Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular

AA VV. O Mundo em Mudança: Contextos Ambientais , Textos de apoio à formação,


Direcção-Geral de Formação Vocacional/ ANEFA, 2000

AA VV. Opções para um futuro mais verde: a união Europeia e o ambiente, Ed. Comissão
Europeia, 2002

ELKINGTON, J., HAILES J.,Guia do jovem Consumidor Ecológico. Ed. Gradiva, 1990

Webgrafia

Agência Portuguesa do Ambiente


http://www.apambiente.pt

Naturlink
http://www.naturlink.pt

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