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TESTE DE AVALIAÇÃO – 12º ANO

ESCOLA______________________________________________________ DATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N.O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Leia o poema.

D. SEBASTIÃO

Esperai! Caí no areal e na hora adversa


Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

5 Que importa o areal e a morte e a desventura


Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.

Fernando Pessoa, Mensagem, Lisboa: Ática, 10.ª ed. 1972, p. 81


(disponível em http://arquivopessoa.net/textos/95)

1. Justifique o recurso à primeira pessoa do singular.

2. Comprove que D. Sebastião é apresentado na sua vertente histórica e mítica.

3. Demonstre a presença de um tom messiânico no poema, comprovando a resposta


com elementos textuais pertinentes.

4. Explicite o uso do imperativo no início do poema.


TESTE DE AVALIAÇÃO – 12º ANO

PARTE B
Leia o excerto.

Cena III
MADALENA, TELMO, MARIA

MARIA (entrando com umas flores na mão, encontra-se com Telmo, e o faz tornar para a
cena) – Bonito! Eu há mais de meia hora no eirado passeando – e sentada a olhar para o rio e
a ver as faluas e os bergantins1 que andam para baixo e para cima – e já aborrecida de
esperar... e o senhor Telmo, aqui posto a conversar com a minha mãe, sem se importar de
5 mim. – Que é do romance que me prometeste? Não é o da batalha, não é o que diz:
Postos estão, frente a frente,
Os dois valorosos campos;
é o outro, é o da ilha encoberta onde está el-rei D. Sebastião, que não morreu e que há de vir
um dia de névoa muito cerrada2... Que ele não morreu; não é assim, minha mãe?
10 MADALENA Minha querida filha, tu dizes coisas! Pois não tens ouvido, a teu tio Frei Jorge e a
teu tio Lopo de Sousa, contar tantas vezes como aquilo foi? O povo, coitado, imagina essas
quimeras para se consolar na desgraça.
MARIA Voz do povo, voz de Deus, minha senhora mãe: eles que andam tão crentes nisto,
alguma coisa há de ser. Mas ora o que me dá que pensar é ver que, tirado aqui o meu bom
15 Telmo (chega-se toda para ele, acarinhando-o), ninguém nesta casa gosta de ouvir falar em
que escapasse o nosso bravo rei, o nosso santo rei D. Sebastião. Meu pai, que é tão bom
português, que não pode sofrer estes castelhanos, e que até, às vezes, dizem que é de mais o
que ele faz e o que ele fala… em ouvindo duvidar da morte do meu querido rei D. Sebastião...
ninguém tal há de dizer, mas põe-se logo outro, muda de semblante, fica pensativo e
20 carrancudo; parece que o vinha afrontar, se voltasse, o pobre do rei. – Ó minha mãe, pois ele
não é por D. Filipe; não é, não?
MADALENA Minha querida Maria, que tu hás de estar sempre a imaginar nessas coisas que
são tão pouco para a tua idade! Isso é o que nos aflige, a teu pai e a mim; queria-te ver mais
alegre, folgar3 mais, e com coisas menos...
25 MARIA Então, minha mãe, então! – Veem, veem?... também minha mãe não gosta. Oh! essa
ainda é pior, que se aflige, chora... ela aí está a chorar... (vai-se abraçar com a mãe, que
chora). Minha querida mãe, ora pois então! – Vai-te embora, Telmo, vai-te; não quero mais
falar, nem ouvir falar de tal batalha, nem de tais histórias, nem de coisa nenhuma dessas. –
Minha querida mãe!
30 TELMO E é assim; não se fala mais nisso, e eu vou-me embora. (À parte, indo-se depois de
lhe tomar as mãos) Que febre que ela tem hoje, meu Deus! queimam-lhe as mãos... e aquelas
rosetas4 nas faces... Se o perceberá a pobre da mãe!

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa (dir. Annabela Rita), Porto, Edições Caixotim, 2004.

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Embarcações pequenas e ligeiras, de dois mastros. A crença popular era a de que D. Sebastião não teria morrido
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e regressaria numa manhã de muito nevoeiro. Divertir, distrair. Manchas avermelhadas, características da
tuberculose.
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5. Demonstre como a personagem Maria se relaciona com a crença sebastianista.

6. Justifique a atitude de D. Madalena ao tentar demover Maria das certezas/crenças


defendidas.

PARTE C

D. Sebastião é o monarca português que assume relevância quer em Mensagem quer


em Os Lusíadas.
Escreva uma breve exposição na qual apresente o modo como este rei lusitano é
perspetivado na obra de Camões e na de Fernando Pessoa.
A sua exposição deve incluir:
 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento onde demonstre, através de dois aspetos, a abordagem
diferenciada que é feita a D. Sebastião.
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II
Leia o texto.

Sente falta de amor?

Talvez a falta de Amor seja mesmo a “peste” do século XXI! Será que estamos também
“programados” para suprir a falta de Amor que sentimos?

Porque é que muitas pessoas continuam a pensar que sentir falta de Amor é normal e
aceitam ser pouco amadas ou mesmo muito mal-amadas, com receio e medo de perder o que
5 muitas vezes só existe mesmo na sua imaginação?
Porque existem crenças e mitos completamente obsoletos, entre os quais o de que sentir
amor próprio é vaidade e de que não existe uma bela história de Amor sem muito sofrimento!
Tudo mentiras!
O que está a acontecer com o Amor que geneticamente viemos programados para sentir
10 por nós mesmos e pelos outros, e que muitos dizem sentir por nós, mas que na “prática” é
zero?
Será que esta sociedade de consumo está a “consumir” e a “perverter” o conceito de
Amor, ou nos está a querer tentar impingir um “Amor falsificado” por nós mesmos e pelos
outros?
15 Pela minha experiência acompanhando casais, o modelo “Vale quase tudo!” tende a
predominar. Agressões verbais, físicas e constante desrespeito apresentam tendência
acentuada para serem relativizados e não interpretados como situações graves, inaceitáveis e
reveladoras de uma total falta de Amor.
A idealização do que é uma relação de Amor, as dificuldades em ter uma relação de
20 compromisso pensando que irá encontrar um “pacote melhor”, de se amar a si próprio frente
a todas as exigências que lhe são diferidas (ou que se auto impõe), o sentimento crónico de
não se sentir amado pelo companheiro e familiares e, ainda assim, não o dizer com todas as
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consequências daí advenientes… a sensação que muitas pessoas transmitem de que vivem
numa espécie de “selva dos afetos” na qual tentam sobreviver… ainda não é generalizável,
25 mas creio que para lá caminha!
A falta de Amor paira…
Será que um destes dias vamos ao supermercado e encontramos a prateleira do Amor
enlatado, chegamos a casa e comemos as referidas latas olhando para a televisão, Facebook,
Instagram, SMS e WhatsApp, tudo ao mesmo tempo?

Margarida Vieitez, in Visão online – http://visao.sapo.pt/opiniao/bolsa-de-especialistas/2018-09-30-Sente-


falta-de-Amor (acedido em 16/01/2019, com supressões).

1. Segundo a autora do texto, há convicções completamente retrógradas, como


(A) pensar-se que só se deve amar o próximo.
(B) achar que sentir Amor próprio é vaidade.
(C) ver as histórias de Amor sempre bem sucedidas.
(D) considerar-se que só existem histórias de Amor.

2. A autora põe a hipótese de a sociedade consumista estar a


(A) incutir a necessidade de se valorizar o Amor.
(B) tornar-nos cada vez mais exigentes em relação ao Amor.
(C) exigir cada vez mais de nós em relação aos sentimentos.
(D) deturpar o conceito de Amor e a valorizar um Amor falso.

3. A falta de Amor manifesta-se quando


(A) há desrespeito, agressões verbais e físicas.
(B) se supervalorizam alguns comportamentos.
(C) se considera que o Amor é para a vida toda.
(D) se valoriza excessivamente os compromissos.

4. Na frase “Será que esta sociedade de consumo está a ‘consumir’ e a ‘perverter’ o conceito
de Amor, ou nos está a querer tentar impingir um ‘Amor falsificado’ por nós mesmos e
pelos outros?” (ll. 12-14) , a conjunção “ou” tem valor
(A) disjuntivo ou de alternância.
(B) explicativo.
(C) aditivo.
(D) conclusivo.

5. A oração “que lhe são diferidas” (l. 21) classifica-se como subordinada
(A) substantiva relativa.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adverbial consecutiva.
(D) substantiva completiva.
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6. Indique a função sintática desempenhada pelo pronome “que” em

a) “que lhe são diferidas” (l. 21).

b) “que muitas pessoas transmitem” (l. 23).

7. Identifique o mecanismo de coesão assegurado pela palavra “Amor” ao longo do texto.

GRUPO III

Hoje em dia, a preocupação das pessoas centra-se nas novas tecnologias e esquecem-se
que o Amor é fundamental para se viver em harmonia, connosco e com os outros.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas e cinquenta palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre os comportamentos
atuais e as consequências que podem advir da indiferença pelo “outro”.

No seu texto:

 explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois


argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
 utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

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