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CURSO DE
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Aluno:
AN02FREV001/REV 3.0
CURSO DE
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
MÓDULO IV
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ou uma espécie de sentimento que emerge das relações sociais que se
estabelecem entre as pessoas com deficiência e as demais, a deficiência
deixa de ser o foco da ação inclusiva, que se volta para as relações sociais.
O que interessa não é o que ocorre na pessoa, mas entre as pessoas.
[...] pode ser considerada como um dos espaços mais privilegiados das
expressões culturais, exigindo, por parte de quem executa as práticas
pedagógicas, desenvolver projetos de construção de saberes, envolvendo a
concretude democrática nas decisões e adequação dos temas que atendam
aos interesses dos atores do processo, contestando sujeitos de dominação
da história, a partir de vincular práticas de sala de aula às questões de
políticas maiores (GIROUX apud PLETSCH, 2010, p. 157).
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pressupostos básicos desses eventos, assegurando aos alunos na escola, acesso,
permanência e qualidade. São elementos comprometedores e comprometidos com
toda uma história e trama construída nas escolas ao longo dos anos, as quais, em
sua maioria, sequer haviam visto um aluno com deficiência e, nem mesmo
acreditavam que pudessem aprender e dar as respostas cognitivas da forma que a
escola espera. Por isso, as indagações:
Com quais condições ou princípios norteadores poderemos nos orientar para
que isso ocorra? Uma reflexão com apoio em Vygotsky (2003, p. 303).
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[...] o aluno é excluído do ensino regular com a justificativa de não possuir
condições para se beneficiar dessa modalidade de ensino devido a
problemas pessoais (distúrbios de aprendizagem, problemas emocionais,
entre outros), problemas de ordem familiar como a desagregação,
desorganização, falta de interesse e por ser proveniente de um meio social
pobre (carente cultural) (OLIVEIRA, 2008, p. 166).
Com isso, promover rupturas com a dominação dos saberes dos diversos
campos de atuação profissional, pelos quais foram legitimadas práticas tradicionais
cuja deficiência era olhada pelo viés das faltas, das impossibilidades, do deficit, e
pelas políticas educacionais resumidos na categoria necessidades educacionais
especiais. Na ausência de outros critérios que permitam uma definição mais precisa
da população considerada especial, surge uma ampla categoria que não nos auxilia
a resolver o impasse (JANNUZZI, 1997 apud PADILHA, 2001)
Sem contar com uma realidade escolar em que persistia o ensino para o
qual o professor era o dono do saber absoluto e o aluno o sujeito passivo à espera
dos conteúdos, sobre o que deveria manter o pleno domínio. Do contrário, o aluno
passaria a fazer parte do grupo dos alunos que não aprendiam, engrossando fileiras
do fracasso escolar, assunto que não os ajudou nas necessárias superações para o
próprio funcionamento na escola, na qual sempre foi visto como um aluno que não
demonstra, conforme as exigências da escola, condições de aprender.
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Se olharmos as análises sobre os indicadores sociais referentes ao ano de
2007 e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
setembro de 2008, oito de dez crianças que não sabem ler e escrever estão na
escola, o que equivale a 84,5% das crianças de oito a 14 anos que não sabem ler e
escrever frequentando a escola, algo correspondente a 1,1 milhões de crianças. Os
indicadores mostram que 745,9 mil vivem no nordeste. Pletsch (2010, p. 75)
comenta tal situação:
Isto mostra que, se antes a exclusão era gerada pela falta de acesso à
escola e pelas múltiplas reprovações, agora ela se funda sobre o
aprendizado ou pelo aprendizado insuficiente, o que mostra a fragilidade da
educação brasileira.
Assim, podemos afirmar que o “sentimento de inclusão” provocado pela
quase universalização da Educação Básica – 97% dos brasileiros entre 7 a
14 anos estão na escola (IBGE, 2008) – não garantiu condições para a
mobilidade social e integração no processo econômico das classes
populares, que continuam sendo excluídas do acesso aos saberes e bens
culturais historicamente produzidos, agora dentro da própria escola.
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No caso das teorias da aprendizagem são três as filosofias subjacentes – a
comportamentalista (behaviorismo), a humanista e a cognitivista
(construtivismo) – embora nem sempre se possa enquadrar claramente
determinada teoria de aprendizagem em apenas uma corrente filosófica
(MOREIRA, 1999, p. 13-14, grifos do autor).
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As reformas educacionais ocorridas a partir da década de noventa
modificaram a legislação educacional nos marcos do processo mais amplo
1
da reforma neoliberal do Estado . Esta última pode ser caracterizada como
um processo pelo qual se buscou reformar o Estado brasileiro por meio do
redirecionamento e da remodelagem do gasto público e do papel do estado
na economia, com implicações diretas no financiamento e no desenho das
políticas sociais – entre elas, a educação – e na definição de novos
“ganhadores” e “perdedores” na apropriação da riqueza e da renda nacional
(PLETSCH, 2010, p. 45).
1
Essas reformas foram propostas no Plano Diretor da Reforma do Estado em 1995 (apud PLETSCH,
2010, p. 45).
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trabalho pedagógico, por exemplo, o que importa aos pesquisadores envolvidos com
o entendimento dos estudos de Piaget é a compreensão de alguns termos que a
sustentam, tais como, a assimilação, a qual:
É por meio das acomodações (que, por sua vez, levam à construção de
novos esquemas de assimilação) que se dá o desenvolvimento cognitivo.
Se o meio não apresenta problemas, dificuldades, a atividade da mente é,
apenas, de assimilação, porém, diante deles, ela se reestrutura
(acomodação) e se desenvolve (MOREIRA, 1999, p. 100).
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De maneira diferente, Vygotsky (apud MOREIRA, 1999, p. 109) trata das
aquisições para o desenvolvimento cognitivo:
Parte da premissa que esse desenvolvimento não pode ser entendido sem
referência ao contexto social, histórico e cultural. Além disso, Vygotsky
focaliza os mecanismos por meio dos quais se dá o desenvolvimento,
cognitivo, não produtos do tipo estágios de desenvolvimento como propõem
Piaget e Bruner. Para ele, tais mecanismos são de origem e natureza
sociais, e peculiares ao ser humano.
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[...] os processos mentais superiores (pensamento, linguagem,
comportamento volitivo) têm origem em processos sociais; o
desenvolvimento cognitivo do ser humano não pode ser entendido sem
referência ao meio social. Contudo, não se trata apenas de considerar o
meio social como uma variável importante no desenvolvimento cognitivo.
Para ela, desenvolvimento cognitivo é a conversão de relações sociais em
funções mentais. Não é por meio do desenvolvimento cognitivo que o
indivíduo se torna capaz de socializar, é na socialização que se dá o
desenvolvimento dos processos mentais superiores (MOREIRA, 1999,
p.110).
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abordagem, “as estruturas cognitivas são reflexos das estruturas existentes, fora da
criança, no mundo físico e social, requerendo a educação uma cuidadosa exposição
a padrões desejáveis de comportamento” (MARQUES, 2001, p. 12).
E como terceira vertente o Progressivismo veio fundamentado em Dewey e
Piaget, os quais despontaram em defesa de uma educação propícia à interação da
criança com o meio, recomendando para isso, dentre outros, a apresentação de
desafios à criança, no sentido de que essa seja estimulada ativamente em seu
desenvolvimento cognitivo e moral.
Vygotsky, por outro lado, acrescentou ao sujeito e ao meio, o outro, como
elemento constitutivo das relações, das interações sociais e primordial na
construção do conhecimento (MARQUES, 2001).
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Por sua vez, as construções pedagógicas, e a aprendizagem dos alunos
com deficiência requerem reflexão e ação calcadas em práticas inclusivas, que
apontem para outras possibilidades que levem a todos, professores e demais
profissionais que trabalham com pessoas com deficiência, criança, adolescente,
adulto e até com o idoso, a enxergarem pistas e não obstáculos, a vislumbrarem
caminhos para superações, a privilegiarem o sucesso e não o fracasso desses
alunos. Precisamos entender o que fazem as palavras na vida dos alunos com
deficiência, e evitá-las, uma vez que:
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Por sua vez, Caiado (2007, p. 211) chama nossa atenção para a seguinte
constatação:
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[...] aquela genuinamente inclusiva. Requer uma pedagogia criadora,
exercida por todos e por cada um, quando se decide caminhar com os
próprios pés. Nessa perspectiva, incluir não significa apenas colocar no
ninho o estranho que vem de fora, sequestrando-o de sua vida plena; ao
contrário, requer um sair de si e ir ao seu encontro, ofertando-lhe aquilo de
que efetivamente, necessita. Incluir significa ouvir e responder àquilo que
outro pede pela sua própria voz. Como seres humanos [...].
Além do mais, esse trecho nos induz a destacar que as concepções atuais
sobre deficiência introduzem novas reflexões que não condizem com a imobilidade
com que as pessoas com deficiência eram tratadas, especialmente no que diz
respeito à participação plena na vida comunitária, assim como, ao direito de ser
diferente. E com isso, viver como um aluno na escola que o promova e o alimente de
conhecimentos, da mesma forma como conduz o processo ensino-aprendizagem
aos demais alunos. Pletsch (2010, p. 167), alicerçada em seus estudos, os quais
foram conciliados com as observações fundamentadas nas escolas públicas no Rio
de Janeiro, nos afirma o seguinte:
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Fortemente marcada pelo embate teórico-metodológico das matrizes
epistemológicas do objetivismo e do subjetivismo do período pós-
renascentista, a prática pedagógica adentrou o século vinte mergulhada
num oceano de investigações sobre os processos de desenvolvimento e de
aprendizagem (MARQUES, 2001, p. 11).
Dentre esses, podemos citar Sacristan (1999) Ferreira (2004), Garcia (2005),
Mendes (2008), Oliveira (2008) e Pletsch (2010). Com apoio nos estudos desses
pesquisadores, então podemos dizer que as práticas pedagógicas, pauta de estudos
deste curso, são identificadas com as seguintes definições:
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Ferreira, por sua vez, apresenta significativas recomendações à maneira de
atuar na escola com vistas à aprendizagem e desenvolvimento dos alunos:
Essa autora reforça seu ponto de vista sobre práticas curriculares, dizendo:
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Tomando como base as diferentes relações e ações presentes no interior
da escola e a influência que recebe das práticas externas a ela, usaremos o
termo prática associado ao currículo. Entendemos que as práticas
curriculares são ações que envolvem a elaboração e a implementação do
currículo em suas diferentes dimensões (planejamento, metodologias,
estratégias de ensino, avaliação, tempo e espaço de aprendizagem).
Partindo de sua tese de doutorado, Mendes (2008) nos diz que as práticas
curriculares são fundamentais para “a análise do trabalho da escola diante da
deficiência”, embora nesse mesmo trabalho tenha descoberto que haveria
necessidade de compreender, concomitantemente “como de fato se estabelecem
tais práticas para todos os alunos” (2008, p. 110-111).
Da mesma forma, foi um trabalho que a ajudou a ressignificar a
compreensão da deficiência, assunto que deixou prioritário para dar lugar ao estudo
e à compreensão das “práticas curriculares diante das diferentes formas de
aprender” (MENDES, 2008, p. 112). Dessa forma, privilegiou explicitar o conceito de
prática curricular, com a finalidade de entender o trabalho desenvolvido em sala de
aula em face da diferença e do movimento de exclusão/inclusão.
Ao mesmo tempo, além do aspecto teórico que a levou à compreensão do
termo práticas curriculares, desenvolveu o estudo de campo em uma única escola,
onde realizou um estudo exploratório, tendo como critério primordial, turmas mais
heterogêneas, após o qual, foi iniciada a observação como instrumento de coletas
de dados, por meio da qual, pôde analisar o trabalho realizado em sala de aula.
Além disso, foram analisados os diversos documentos escolares, dentre eles, o
Projeto Pedagógico da Escola, bem como Planos dos Professores e outros.
As práticas curriculares, condicionadas pelo tempo e espaço de sala de aula,
agem na produção da identidade dos sujeitos envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem e na produção dos saberes trabalhados em sala de aula (MENDES,
2008, p. 131).
Para essa reflexão, apresentam-se alguns elementos resultantes da análise
realizada pela referida pesquisadora, tais como: o tempo na sala de aula,
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demarcado por disciplinas específicas, ministradas por professores das diversas
áreas de conhecimento, exceto Educação Física e Artes, embora fossem turmas de
primeira, segunda e terceira séries. Língua Portuguesa era a disciplina mais
trabalhada, seguida de Matemática e Ciências, as demais em menor escala de
prioridade.
Foi observado o isolamento e a solidão do professor nas séries iniciais e em
suas decisões curriculares, desprovido de acompanhamento pedagógico na escola,
sugerindo uma aparente autonomia ao professor, muito mais ligado em conteúdos
conceituais relacionados com as áreas consideradas clássicas do currículo,
conforme já apontado.
Em síntese, uma importante constatação:
Isso com uma forte constatação por parte dessa autora, ou seja, as práticas
realizadas contribuem para que o aluno abandone a leitura como prática social, ao
mesmo tempo em que, os conteúdos trabalhados são apresentados com base em
uma seleção de natureza pobre, desconexa, descontextualizada e sem o real
significado para os alunos, o conhecimento trabalhado em sala de aula é deslocado
do tempo e do espaço, em suma, “empobrecido, destituído de sentido, deslocado,
fragmentado e, principalmente, [...] incapaz de auxiliar na constituição de uma leitura
de mundo” (MENDES, 2008, p. 143).
O trabalho ora refletido contém infindáveis dados para serem estudados,
porém, não cabem aqui maiores aprofundamentos sobre o estudo em pauta,
todavia, ainda destacam-se o que disse a própria pesquisadora, ao constatar na
escola práticas curriculares fundamentadas em princípios homogeneizadores:
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tarefas a serem solicitadas, um modelo invariante de sequências didáticas
(MENDES, 2008, p. 146).
[...] dessa forma tudo que fugia a esse modelo era visto como diferente,
sendo o diferente, nesse caso, sinônimo de inadequado, de dificuldades ou
até mesmo de incapacidade.
Nesse sentido, a atenção voltada para essa diferença que emergia, já partia
do pressuposto de enxergar nela o menos, o obstáculo, o erro, a
impossibilidade. No entanto, na observação minuciosa, fomos percebendo
que umas “atrapalhavam” menos que as outras. Percebemos, então, que,
ainda que de forma pouco sistematizada, o professor realizava um
diagnóstico sobre os alunos e sobre a turma e esse diagnóstico o ajudava a
constituir um processo de triagem das diferenças, ou seja, existiam
diferenças que importavam segundo a lógica curricular instituída e existiam
as diferenças que não importavam (MENDES, 2008, p. 146-147).
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escrita. Não menos significativo era o número de reprovados que equivalia a 33% de
uma turma de 116 crianças.
De certa forma, o aluno teria que se enquadrar no que era determinante para
a escola: aprender a ler e escrever. E, no meio desses alunos, existiam aqueles
identificados pelo diagnóstico como deficientes mentais leves, os quais
apresentavam dificuldades semelhantes àqueles sem deficiência.
O que se considera mais preocupante com relação ao trabalho pedagógico
voltado a esses últimos alunos mencionados, diz respeito à maneira como eram
tratados na sala de aula pelos professores com algum tipo de compaixão, pois
raramente eram punidos ou corrigidos em classe, assim como pareciam estar
alijados do processo.
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Essa pesquisa foi realizada em uma escola, segundo a referida
pesquisadora, com perspectivas tradicionais, no que diz respeito à formação das
turmas, da seguinte maneira: classes formadas por alunos normais (ensino
fundamental) e classes formadas por alunos surdos (classe especial/sala de
recursos). Resultado de aparente esforço para a superação do modelo tradicional de
organização, ao procurar implementar as Novas Diretrizes da Educação Especial do
Estado de São Paulo.
Foi mencionado pela pesquisadora que a sala de recursos, que deveria ser
destinada aos alunos surdos ou que apresentassem outra deficiência, eram
frequentadas por alunos com outros tipos de necessidades, e tinham como
pressuposto a homogeneização, uma vez que atendiam, separadamente, “ouvintes
com ouvintes e surdos com surdos”. Quanto a essa prática, Oliveira (2008, p. 177)
afirma que a escola reinterpreta o discurso oficial, procurando criar ações
alternativas que não desestabilizem nem a sua cultura, nem a cultura dos
professores, isto é, continua pautada no princípio da homogeneização.
Outra constatação foi quanto ao descrédito sobre a aprendizagem dos
alunos surdos nas classes regulares, o que era entendido como perda de tempo,
pois acreditavam que esses alunos sairiam do ensino fundamental sem a real
concretização das aprendizagens, especialmente porque os professores não se
consideravam preparados para ensiná-los. Sobre a inclusão do aluno surdo no
ensino regular, mostravam-se totalmente contrários. A preocupação maior
manifestada pelos professores era com a possibilidade de socialização desses
alunos.
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surdos e ouvintes, em uma das aulas, ela foi retirada pelo próprio professor
da classe. Não há neutralidade nem acaso nessas ações, pois elas revelam
baixa expectativa real em relação a esses alunos, até mesmo nesse ponto,
apesar de reproduzirem, quase que mecanicamente o que veiculam. Na
própria escola e fora dela, [...] uma das professoras considerou que os
alunos da 6ª série (apesar dos 17 e 21 anos) eram incapazes de participar
da festa do folclore, servindo pratos típicos cujas receitas foram copiadas na
aula (OLIVEIRA, 2008, p. 179).
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professores são invadidos por uma sensação de fracasso ou dúvida, como
muitos se manifestaram (OLIVEIRA, 2008, p. 191).
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recaiu nas possibilidades dos alunos com deficiência em aprenderem, em detrimento
das impossibilidades, na valorização e no respeito aos alunos em suas
individualidades, no bom relacionamento, no trabalho escolar desenvolvido na
perspectiva da diversidade, na rotina organizada de forma colaborativa, na troca de
conhecimentos entre as professoras de salas de recursos e de classes comuns, no
clima de afetividade.
Expectativas positivas com relação a uma aluna de sala de recursos, busca
de alternativas e conhecimentos que possibilitassem o desenvolvimento de práticas
em benefício da participação da aluna em sala de aula, proposição de atividades
criativas, adaptadas e até aceitação das “tarefas sem maiores cobranças, mesmo
que não estivessem de acordo com a proposta desenvolvida pela turma” (PLETSCH,
2010, p. 192).
Muito embora, no trabalho desenvolvido por essa pesquisadora, tenham sido
identificadas ênfase nas dificuldades, angústias e despreparo.
Todos aprendemos, mas é preciso saber como ensinar de tal forma que
para ensinar alguma coisa a alguém devemos primeiramente pensar. ‘Quais
as possíveis formas de aprender aquilo que eu quero ensinar?’ Essa
maneira de pensar é o que chamo de aprender a aprender, o que também
implica em aprender a ensinar e está relacionado não somente a um
domínio de fórmulas, os chamados modelos de capacitação, mas
principalmente vinculado com conteúdo e criatividade, essas palavras
traduzem uma das portas mais importantes da habilidade de um professor
ou de qualquer pessoa do saber ensinar (MUSTACCHI e SALMONA, 2007,
p. 14).
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Pletsch (2010, p. 203-204), em suas considerações gerais sobre a pesquisa
realizada em três salas de aula, ressalta que:
Poderemos entender por tudo o que foi visto nas pesquisas mencionadas, o
envolvimento do professor com o que está posto pelos sistemas de ensino para a
organização e o funcionamento das escolas, aspectos esses que agem como
determinantes no direcionamento das ações pedagógicas, as quais devem ocorrer
consoantes com o projeto pedagógico, documento representativo das demandas de
cada unidade escolar, com a responsabilidade de intermediar a efetiva inserção e o
sucesso dos alunos na escola e, que, para isso, deve conter:
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Essa é outra questão que não pode ser desvinculada das reflexões
anteriormente realizadas. Pensar o sentido da educação na vida desses sujeitos é
dizer, além de tudo, que a educação oferece ferramentas capazes de estimular o
desenvolvimento e criatividade individual, fazendo face à pobreza, facilitando a
mobilidade social. Nessa lógica, o sentido da educação deve superar (CARVALHO,
2002, p. 62 e 63):
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No artigo 59 da mesma Lei (1996), a preparação de professores para
atuarem com alunos com deficiência foi recomendada da seguinte forma:
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pensar, às descobertas e à criatividade. E um meio educacional que mantenha o
equilíbrio entre a afetividade e a intelectualidade, privilegiando os aspectos
motivacionais, de curiosidade e concentração para as descobertas, para aprender a
solucionar os problemas e a enfrentar os desafios que surgirem.
Devemos entender, então, a pessoa com deficiência com um
desenvolvimento qualitativamente diferente e único e que, no meio social, as
relações estabelecidas podem dificultar ou facilitar os caminhos para superação dos
deficits e para as aquisições cognitivas, pessoais e sociais.
Ao professor, cabe identificar e valorizar os diferentes caminhos percorridos
por todos os alunos, os processos pelos quais chegam às diferentes aquisições,
isso, independente de terem deficiência ou não. Não existem receitas e nem
respostas prontas para nenhum tipo de aluno e, nem ao menos iguais, para o
mesmo tipo de deficiência, pois, cada aluno é único. Assim, conforme Glat (2007,
p.89) “O professor terá que valorizar seu próprio saber e criatividade, contando,
sempre que necessário, com supervisão ou suporte para o seu trabalho”.
Da mesma forma, destacamos que:
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com e sem deficiência – ação impulsionada pelo movimento da educação inclusiva
no País.
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Resta sabermos se esses conteúdos citados pela Resolução são suficientes
para darem uma formação sólida ao professor, de tal forma que assegurem um
trabalho efetivo com os alunos com necessidades educacionais especiais2. Primeiro
por se tratar de uma categoria abrangente, pois além de envolver pessoas com
deficiência, altas habilidades/superdotação, ainda se refere àqueles alunos com
dificuldades acentuadas de aprendizagem. Segundo, pela complexidade do assunto
que envolve temáticas que merecem certo aprofundamento e não devem ser
tratadas na superficialidade (BRASIL, 2001). Um pouco da Resolução que trata da
referida formação pode ser observada no artigo 6º, sobre a construção do projeto
pedagógico dos cursos de formação dos docentes.
O que aprendemos com as reflexões apresentadas neste curso extrapola
tais sentidos, pois, aprendemos que precisamos buscar adequação, criatividade e
mudança de atitude em nossas práticas docentes, sobretudo no que diz respeito à
receptividade do aluno, e, aliado a isso, receptividade à pesquisa e aos estudos,
para atualização constante de saberes.
2
Pode ser visto na Resolução do Conselho Nacional de Educação de 11 de setembro de 2001 e no
Parecer 17 sobre as diretrizes da educação especial na educação básica, com a mesma data e teor.
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objetiva e específica, tentando desenvolver e implementar uma
programação receptiva aos alunos, com recursos proporcionados pelo
próprio ambiente, pelos professores e eventuais facilitadores, muitas vezes
chamados de mediadores (MUSTACCHI; SALMONA, 2007).
Nos dias atuais, vivenciam-se outras recomendações aos sistemas de
ensino e à escola, implicadas com a educação inclusiva e as necessárias
adequações, especialmente voltadas à acessibilidade física e organizacionais, como
às modificações nas práticas pedagógicas de tal forma que todos os alunos se
beneficiem dessas mudanças e aprendam juntos sem os traumas do preconceito e
até da própria deficiência. Durante anos, a crença na impossibilidade do aluno com
deficiência aprender gerou páginas em branco que precisam ser preenchidas na sua
história acadêmica. O que pode ser superado pela mediação do professor e o apoio
de toda a escola, pois o professor pode muito em sua sala de aula, mas não pode
tudo sozinho.
FIM DO MÓDULO IV
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